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TEORIA DO CRIME 
1 - CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL: 
➢ ENFOQUE FORMAL: Infração penal consiste na prática de uma conduta descrita em 
uma normal penal incriminadora; em outras palavras, é aquilo que está rotulado em 
uma norma penal incriminadora com ameaça de pena. – 
➢ ENFOQUE MATERIAL: Infração penal é o comportamento humano, causador de uma 
lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pelo Estado. – 
➢ ENFOQUE ANALÍTICO: Infração penal é o fato típico, ilícito e culpável (teoria 
tripartite). 
2 - DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO: 
➢ Existe diferença substancial entre crime e contravenção? Inicialmente deve ser 
registrado que o legislador adotou um critério para a distinção entre eles. Assim, no 
art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro 
de 1941), temos a seguinte definição: Art. 1º Considera-se crime a infração penal a 
que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer 
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração 
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa, ou ambas, 
alternativa ou cumulativamente. 
➢ Na verdade, não há diferença substancial entre contravenção e crime. O critério de 
escolha dos bens que devem ser protegidos pelo Direito Penal é político, da mesma 
forma que é política a rotulação da conduta como contravencional ou criminosa. O 
que hoje é considerado crime amanhã poderá vir a tornar-se contravenção e vice-
versa. 
➢ Obs: Infração Penal é gênero, portanto crime e contravenção penal são espécies. 
 
 SUJEITO ATIVO: 
➢ Sujeito ativo é a pessoa que realiza direta ou indiretamente a conduta criminosa, seja 
isoladamente, seja em concurso. Autor e coautor realizam o crime de forma direta, ao 
passo que o partícipe e o autor mediato o fazem indiretamente. 
 
SUJEITO PASSIVO: 
 
• É o titular do bem jurídico protegido pela lei penal violada por meio da conduta 
criminosa. 
OBJETO DO CRIME: 
 
• É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa. Pode se jurídico ou 
material. Objeto jurídico é o bem jurídico, isto é, o interesse ou valor protegido pela 
norma penal. No art. 121 do Código Penal, a título ilustrativo, a objetividade jurídica 
recai na vida humana. Objeto material, de seu turno, é a pessoa ou a coisa que suporta 
a conduta criminosa. No homicídio, exemplificativamente, é o ser humano que teve 
sua vida ceifada pelo comportamento do agente. 
 
FATO TÍPICO 
1 - CONCEITO E ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
➢ O fato típico é uma ação ou omissão humana que se adequa a um modelo descrito em 
uma norma penal incriminadora. Há uma subsunção de um fato a uma norma penal 
incriminadora. 
➢ SÃO ELEMENTOS DO FATO TÍPICO: 
• Conduta; 
• Resultado; 
• Nexo causal; 
• Tipicidade. 
CONDUTA: 
➢ A CONDUTA TEM COMO ELEMENTOS: 
1. Comportamento voluntário psiquicamente dirigido a um fim; 
2. Exteriorização da vontade 
A partir desses elementos, se não houve qualquer deles, não haverá conduta e, por 
essa razão, não haverá crime. 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: 
➢ SÃO CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: 
1. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR: a doutrina diverge, mas são conceituados como 
eventos imprevisíveis ou impossíveis de se evitar ou de se impedir. 
2. ESTADO DE INCONSCIÊNCIA COMPLETA: trata-se de uma involuntariedade do agente; 
3. MOVIMENTOS REFLEXOS: também é o caso de involuntariedade do agente, que ocorrerá 
quando o sujeito age por meio de reações automáticas. Não se confunde com as ações em 
curto-circuito, pois nestas hipóteses o agente age impulsivamente, dotado de dolo e vontade, 
sabendo o que faz. 
4. COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL: neste caso, não haverá conduta, pois foi empregado contra o 
sujeito a vis absoluta, sendo impossibilitado de exercer seus movimentos. 
 
FORMAS DE CONDUTA: 
• Dolosa 
• Culposa 
• Preterdolosa 
 
➢ Também poderá ser: 
• Comissiva por ação 
• Comissiva por omissão 
 
 
 
DOLO 
➢ ELEMENTOS: COGNITIVO E VOLITIVO 
• O dolo é composto por consciência e vontade. A consciência é seu elemento 
cognitivo ou intelectual, ao passo que a vontade desponta como seu elemento 
volitivo. Tais elementos se relacionam em três momentos distintos e 
sucessivos. Em primeiro lugar, opera-se a consciência da conduta e do 
resultado. Depois, o sujeito manifesta sua consciência sobre o nexo de 
causalidade entre a conduta a ser praticada e o resultado que em decorrência 
dela será produzido. Por fim, o agente exterioriza a vontade de realizar a 
conduta e produzir o resultado. Basta, para a verificação do dolo, que o 
resultado se produza em conformidade com a vontade esboçada pelo agente 
no momento da conduta. 
• O dolo deve englobar todas as elementares e circunstâncias do tipo penal. Se 
restar constatada a sua ausência acerca de qualquer parte do crime, entra em 
cena o instituto do erro de tipo. Assim, no crime de homicídio, é necessário 
que o agente possua consciência. A conduta humana que interessa ao Direito 
Penal só pode ocorrer de duas formas: ou o agente atua dolosamente, 
querendo ou assumindo o risco de produzir o resultado, ou, culposamente, dá 
causa a esse mesmo resultado, agindo com imprudência, imperícia ou 
negligência. Dessa forma, somente podemos falar em conduta dolosa ou 
culposa. 
Obs: A ausência de conduta dolosa ou culposa faz com que o fato cometido 
deixe de ser típico, afastando-se, por conseguinte, a própria infração penal 
cuja prática se quer imputar ao agente. 
 
CULPA 
• De acordo com o art. 18, II, do código penal, diz-se culposo o crime quando o 
agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Essa 
definição, contudo, não é suficiente para que possamos aferir com precisão se 
determinada conduta praticada pelo agente pode ser ou não considerada 
culposa. Na lição de Mirabete, tem-se conceituado o crime culposo como “a 
conduta humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado 
antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que 
podia, com a devida atenção, ser evitado. ” 
 
ESPÉCIES DE DOLO: 
➢ DOLO DIRETO: 
 O agente "quer a produção do resultado" (CP, art. 18, 1, 1ª parte). 
 
➢ Subdivide-se em: DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU: 
O agente tem a consciência (representação) que sua conduta causará um resultado, 
bem como a vontade de praticar a conduta e produzir o resultado. O dolo abrange a 
produção do fim em si. Refere-se ao fim proposto e aos meios escolhidos. Exemplo: A 
efetua disparo de arma de fogo (conduta consciente e voluntária) em direção a 'B', 
pretendendo produzir a sua morte (resultado consciente e voluntário). 
 
➢ DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU (DOLO DE CONSEQUÊNCIAS NECESSÁRIAS): 
Previsão dos efeitos colaterais (resultado típico) como consequência necessária do 
meio escolhido. A prática dos elementos objetivos do tipo não é a intenção do agente, 
mas este representa a sua realização como um efeito colateral inevitável, vale dizer, 
como consequência necessária do meio escolhido para atingir um resultado 
proposto. Ou seja, o sujeito prevê o delito como consequência inevitável para atingir 
um fim proposto. Exemplo: o agente, para matar seu inimigo (fim proposto), coloca 
uma bomba no avião em que ele se encontra, vindo a matar, além de seu inimigo (dolo 
direto de primeiro grau), todos os demais que estavam a bordo como consequência 
necessária do meio escolhido (dolo direto de segundo grau). Assim, em relação aos 
demais passageiros, tem-se o dolo direto de segundo grau, uma vez que a intenção do 
agente não era a morte deles, embora tenha previsto que inevitavelmente isso iria 
ocorrer. Desse modo, a morte dos passageiros encontra-se no âmbito de vontade do 
sujeito. 
➢ DOLO ALTERNATIVO (MUITO CRITICADO): é o que se verifica quando o agente deseja, 
indistintamente, um ou outro resultado. Sua intenção se destina, com igual 
intensidade, a produzir um entrevários resultados previstos como possíveis. É o caso 
do sujeito que atira contra o seu desafeto, com o propósito de matar ou ferir. Se 
matar, responderá por homicídio. Mas, e se ferir, responderá por tentativa de 
homicídio ou por lesões corporais? Em caso de dolo alternativo, o agente sempre 
responderá pelo resultado mais grave. Justifica-se esse raciocínio pelo fato de o Código 
Penal ter adotado em seu art. 18, I, a teoria da vontade. E, assim sendo, se teve a 
vontade de praticar um crime mais grave, por ele deve responder, ainda que na forma 
tentada. 
➢ DOLO EVENTUAL: é a modalidade em que o agente não quer o resultado, por ele 
previsto, mas assume o risco de produzi-lo. É possível a sua existência em decorrência 
do acolhimento pelo Código Penal da teoria do assentimento, na expressão “assumiu o 
risco de produzi-lo”, contida no art. 18, I, do Código Penal. 
Obs: Para esse postulado, há dolo eventual quando o agente diz a si mesmo: “seja 
assim ou de outra maneira, suceda isto ou aquilo, em qualquer caso agirei”, revelando 
a sua indiferença em relação resultado. 
➢ DOLO GENÉRICO: consciência e vontade de realizar os elementos objetivos descritos 
no tipo penal. Trata-se do dolo (art. 18, i, do CP – I – Doloso, quando o agente quis o 
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo). 
➢ DOLO ESPECÍFICO: conforme já mencionado, ao lado do dolo, alguns tipos são 
constituídos por elementos subjetivos especiais, que são denominados pela doutrina 
clássica de dolo específico. Porém, apesar da ampliação da esfera subjetiva do tipo; 
esse fim especial não integra o dolo, mas o tipo subjetivo. 
➢ DOLO GERAL (HIPÓTESE DE ERRO SUCESSIVO): Fala-se em dolo geral (dolus generalis), 
segundo Welzel, “quando o autor acredita haver consumado o delito quando na 
realidade o resultado somente se produz por uma ação posterior, com a qual buscava 
encobrir o fato”, ou, ainda, na definição de Hungria, “quando o agente, julgando ter 
obtido o resultado intencionado, pratica segunda ação com diverso propósito e só 
então é que efetivamente o dito resultado se produz. ” Exemplificando, os insignes 
juristas trazem à colação caso do agente que após desferir golpes de faca na vítima, 
supondo-a morta, joga o seu corpo em um rio, vindo esta, na realidade, a falecer por 
afogamento. A discussão travada na Alemanha cingia-se ao fato de que, com a 
primeira conduta, o agente não havia alcançado o resultado morte, razão pela qual 
deveria responder por um crime tentado; em virtude de seu segundo comportamento, 
isto é, o fato de jogar o corpo da vítima num rio, afogando-a, seria responsabilizado 
por homicídio culposo. Rejeitando essa conclusão, ou seja, de duas ações distintas com 
duas infrações penais também distintas, Welzel se posicionava no sentido de que o 
agente atuava com o chamado dolo geral, que acompanhava sua ação em todos os 
instantes, até a efetivação do resultado desejado ab initio. Dessa forma, se o agente 
atuou com animus necandi (dolo de matar) ao efetuar os golpes na vítima, deverá 
responder por homicídio doloso, mesmo que o resultado morte advenha de outro 
modo que não aquele pretendido pelo agente (aberratio causae), quer dizer, o dolo 
acompanhará todos os seus atos até a produção do resultado, respondendo o agente, 
portanto, por um único homicídio doloso, independentemente da ocorrência do 
resultado aberrante. 
MODALIDADES E ESPÉCIES DE CULPA: 
➢ ELEMENTOS DO TIPO CULPOSO: 
a) CONDUTA VOLUNTÁRIA: 
➢ No delito culposo o agente possui vontade de praticar a conduta (ação ou 
omissão), mas o resultado é causado involuntária, mente. Não se deve confundir a 
voluntariedade da conduta com a voluntariedade ou não em relação ao resultado. 
No crime culposo, a conduta não é dirigida para um fim ilícito. Ela é geralmente 
dirigida para uma finalidade sem qualquer relevância penal, mas, entretanto, é 
mal dirigida. Exemplo: ao dirigir imprudentemente seu veículo (ex.: com 
velocidade acima do permitido) o agente possui consciência e vontade de praticar 
essa conduta, mas não possui a finalidade de produzir um resultado danoso (ex.: 
atropelamento e morte de pedestre). 
b) INOBSERVÂNCIA DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO (DESVALOR DA AÇÃO): 
➢ Na vida em sociedade o homem possui o dever de praticar condutas com as 
cautelas necessárias a fim de evitar a causação de danos a terceiros. Assim tem o 
dever de observar certas regras de agir. (normas de cuidado) e modo a evitar 
lesões a bens jurídicos. Essas normas podem ser jurídicas, profissionais ou se 
basearem em pautas de condutas oriundas da experiência. No entanto, nem 
sempre o dever de cuidado é observado, como ocorre nas hipóteses de 
imprudência, negligência e imperícia. Exemplo (dados de experiência): uma 
cozinheira, ao utilizar o fogão para esquentar água, deve evitar que uma criança se 
aproxime caso a panela esteja ao seu alcance. Esse dever de cuidado não está 
escrito em nenhuma norma jurídica, mas se trata de um dever baseado na 
experiência comum. Exemplo (norma jurídica): um motorista de veículo automotor 
deve observar as normas de segurança do tráfego descritas no Código de Trânsito 
Brasileiro. Em alguns casos, a não observância de certa norma pode caracterizar a 
infringência do dever de cuidado. Exemplo (regra profissional): um engenheiro, ao 
realizar um cálculo estrutural, deve seguir as regras técnicas de sua profissão. Não 
o fazendo, poderá ter deixado de observar o dever de cuidado. No delito culposo 
deve haver uma relação entre a inobservância do dever de cuidado com a lesão ao 
bem jurídico (desvalor do resultado). Ou seja, não basta que a conduta tenha 
violado o dever de cuidado. É necessário que o resultado causado esteja vinculado 
com essa não observância. Trata-se da chamada relação de determinação ou 
conexão interna. 
 
c) PREVISIBILIDADE: 
➢ Previsível é o que se pode prever, ou seja, é a possibilidade de representação do 
resultado (como consequência da conduta) nas circunstâncias em que o agente se 
encontrava. Não se deve confundir previsível com previsto. Previsto é o que se 
previu, ao passo que previsível é o que pode ser previsto. No crime culposo, em 
regra, não há previsão/representação/consciência do resultado, mas sim 
previsibilidade. Apesar da ausência de previsão do resultado (na culpa 
inconsciente), é exigível que o resultado seja previsível. Exemplo: é previsível, pelo 
conhecimento comum, a causação de um acidente por quem dirige em excesso de 
velocidade em uma pista molhada e escorregadia. Justamente por ser previsível o 
resultado (acidente), o dever de cuidado nesse caso concreto seria diminuir a 
velocidade. 
d) RESULTADO NATURALÍSTICO INVOLUNTÁRIO: 
➢ Para que ocorra um crime culposo é necessário que a conduta cause um resultado 
naturalístico, isto é, deve haver a modificação do mundo exterior. Entretanto, esse 
resultado é causado de forma involuntária. Lembre-se que o agente não quer nem 
assume o risco da produção do resultado. 
e) NEXO CAUSAL: 
➢ É o vínculo que relaciona o ato ou fato á consequência provocada por ele. 
f) TIPICIDADE: 
➢ Adequação do fato com a lei penal. Em regra, os crimes são dolosos. o tipo penal 
culposo deve estar previsto em lei de forma expressa. 
MODALIDADES DE CULPA: 
a) IMPRUDÊNCIA: A imprudência consiste em uma atitude precipitada, sem a devida 
ponderação, de forma perigosa. Trata-se de um fazer indevido. Exemplo: dirigir com excesso 
de velocidade. 
b) NEGLIGÊNCIA: A negligência refere-se a uma inatividade material; ausência de precaução; é 
o deixar de fazer o devido. Exemplo: deixar arma de fogo próxima a uma criança. 
c) IMPERÍCIA: A imperícia relaciona-se com a inaptidão para o exercício de arte ou profissão. É 
necessário que o fato seja praticado pelo sujeito no exercício de sua atividade profissional. Não 
deve ser confundida com o erro profissional, como no caso do médico que, após empregar os 
conhecimentos normais de sua área,não consegue concluir de forma correta o diagnóstico. 
Nesse caso, não há culpa do médico, mas sim ausência de conhecimento científico acerca da 
doença. 
ESPÉCIES DE CULPA: 
CULPA INCONSCIENTE (culpa ex ignorantia): O agente, ao praticar a conduta, não prevê o 
resultado, nem mesmo representa a sua possibilidade, não tem consciência do perigo gerado. 
Embora não tenha sido previsto pelo agente, o resultado deve ser previsível para o homem 
médio. 
• CULPA CONSCIENTE (CULPA EX LASCÍVIA): O agente representa a possibilidade 
de ocorrer o resultado, mas não assume o risco de produzi-lo, pois confia 
sinceramente que não ocorrerá. Ou seja, o resultado causado foi previsto pelo 
sujeito, mas este esperava leviana e sinceramente que não iria ocorrer ou que 
poderia evitá-lo. Ressalte-se que, no dolo eventual, o resultado também é 
previsto, mas o agente assume o risco de sua produção. 
 
DISTINÇÃO ENTRE DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE: 
➢ Na culpa consciente, o agente, embora prevendo o resultado, acredita 
sinceramente na sua não ocorrência; o resultado previsto não é querido ou 
mesmo assumido pelo agente. Já no dolo eventual, embora o agente não queira 
diretamente o resultado, assume o risco de vir a produzi-lo. Na culpa consciente, o 
agente, sinceramente, acredita que pode evitar o resultado; no dolo eventual, o 
agente não quer diretamente produzir o resultado, mas, se este vier a acontecer, 
pouco importa. 
 
ITER CRIMINIS 
➢ Trata-se do caminho percorrido pelo crime. Conjunto de fases que se sucedem 
cronologicamente no desenvolvimento do delito (doloso). 
ATOS DE COGITAÇÃO, PREPARAÇÃO E EXECUÇÃO 
➢ COGITAÇÃO: É a ideação do crime. A fase da cogitação é impunível 
(desdobramento lógico do princípio da materialização do fato ou exteriorização do 
fato). Atenção: querer punir a cogitação é fomentar direito penal do autor. O 
Ordenamento Jurídico Brasileiro adotou o direito penal do fato. Cuidado: a 
cogitação não implica, necessariamente, premeditação. 
➢ PREPARAÇÃO: é a fase dos atos preparatórios, também denominado de “conatus 
remotus”. O agente procura criar condições para a realização da conduta 
idealizada. Atenção: os atos preparatórios, em regra, são impuníveis. Existem 
hipóteses em que os atos preparatórios que são puníveis. Os atos preparatórios, 
em regra, são impuníveis. Excepcionalmente, todavia, merecem punição, 
configurando delito autônomo. Exceções (atos preparatórios puníveis): 1º - 
associação criminosa (Art. 288, Código Penal); 2º - Organização Criminosa (Lei 
12.830); 3º - petrechos para falsificação de moeda (art. 291, CP). 
➢ EXECUÇÃO: Atos executórios. Traduzem a maneira pela qual o agente atua 
exteriormente para realizar o crime idealizado. Em regra, o interesse de punir 
depende do início da execução, isto porque, excepcionalmente, temos casos de 
atos preparatórios puníveis, conforme exposto no item acima. Em regra, a 
conduta humana só será punível quando iniciada esta fase. 
CONSUMAÇÃO E EXAURIMENTO. 
➢ CONSUMAÇÃO: é o instante da composição plena do fato criminoso. Aníbal Bruno, 
conceitua consumação nos seguintes termos “é o momento em que o agente realiza 
em todos os seus termos o tipo legal da figura delituosa, e em que o bem jurídico 
penalmente protegido sofreu a lesão efetiva ou a ameaça que se exprime no núcleo do 
tipo” Previsão legal: art. 14, I, CP. Cuidado: Crime Consumado não se confunde com 
Crime Exaurido (crime esgotado plenamente). O exaurimento vem em sequência da 
consumação. Desse modo, diz-se crime exaurido (ou esgotado plenamente) o 
acontecimento posterior ao término do iter criminis. 
➢ TENTATIVA (CONATUS): De acordo com o que foi dito anteriormente, dado o princípio 
da legalidade somente a conduta que perfeitamente se amolde no tipo descrito na lei 
penal (tipicidade formal) poderá ser objeto de sanção pelo direito penal. Porém, uma 
vez que o legislador, via de regra, descreve a consumação do delito no tipo penal, 
como adequar a tentativa (em que não há consumação) aos respectivos tipos? Para se 
evitar que as condutas restem impunes, foram criadas as NORMAS DE EXTENSÃO, tais 
como a prevista no inciso II, do art. 14 (II- tentado, quando, iniciada a execução, não 
se consuma por circunstancias alheias à vontade do agente), que funcionam fazendo 
com que se amplie a figura típica, de modo a abranger situações não previstas 
expressamente pelo tipo penal. Assim, quando não é o próprio tipo quem prevê 
expressamente a tentativa, como no artigo 352, do CP (evadir-se ou tentar evadir-se o 
preso ou individuo submetido a medida de segurança...), OCORRE UMA ADEQUAÇÃO 
TÍPICA DE SUBORDINAÇÃO INDIRETA, OU MEDIATA, pois será necessária a ação de 
uma norma de extensão prevista na lei. 
REQUISITOS: 
➢ Para que haja tentativa, são necessários três requisitos: 
• Conduta dolosa; 
• Prática de atos de execução; 
• Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
➢ CONDUTA DOLOSA – não existe dolo da tentativa, o agente não age com o objetivo de 
tentar, mas de conseguir. Desde o início da execução até a interrupção de seus atos 
seu dolo não se modifica. 
➢ NÃO CONSUMAÇÃO POR CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À VONTADE DO AGENTE – não 
importa se o resultado não foi alcançado porque o agente interrompeu os atos 
executórios ou se, mesmo se utilizando de todos os meios disponíveis no momento, 
não ocorreu o resultado pretendido, a consequência será a mesma 
CONTRAVENÇÃO PENAL E TENTATIVA: 
➢ Art. 4º LCP: Não é punível a tentativa de contravenção. Cuidado: A contravenção 
penal, de fato, admite tentativa, porém não é punível. 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
➢ Quem desiste de prosseguir na execução desiste de perseguir a consumação, 
evidentemente. O iter criminis, como já se viu, possui quatro fases: cogitação, 
preparação, execução e consumação. A distinção entre desistência voluntária e 
arrependimento eficaz reside, exatamente, na realização das fases do delito. Para a 
primeira, o agente, voluntariamente, cessa a prática dos atos executórios, deixando 
de perseguir o resultado inicialmente desejado. No segundo caso, arrependimento 
eficaz, o agente pratica todos os atos de execução, passando, nesse momento, a 
buscar o impedimento do resultado. Exemplo típico é o do agente que cogita e se 
prepara para envenenar a vítima e, no momento em que esta vai, desavisadamente, 
ingerir a substância letal, o sujeito ativo impede que o fato ocorra (desistência 
voluntária). Pode ocorrer, todavia, que a vítima sorva o veneno e o agente, 
imediatamente, por ato voluntário, ministre-lhe um antídoto, impedindo o resultado 
morte (arrependimento eficaz). Em ambos os casos o agente só é responsável pelos 
atos já praticados. 
Para que se possa falar em desistência voluntária é necessário que o agente já tenha 
ingressado na fase dos atos de execução. Na desistência voluntária, o agente 
interrompe, voluntariamente, os atos de execução, impedindo, por ato seu, a 
consumação da infração penal, razão pela qual a desistência voluntária é também 
conhecida por TENTATIVA ABANDONADA. Com a desistência voluntária, o agente só 
responde pelos atos já praticados, ficando afastada sua punição pela tentativa da 
infração penal por ele pretendida inicialmente. 
 
➢ Fórmula de FRANK A fórmula serve para distinguir a desistência voluntária dá não 
consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Funciona assim: se o 
agente disser: - “posso prosseguir, mas não quero” = DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA; - 
“quero prosseguir, mas não posso” = TENTATIVA. Responsabilidade do agente 
somente pelos atos já praticados. 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR: 
➢ REQUISITOS: 
A) CRIME COMETIDO SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA. Obs.1: a 
violência contra uma coisa, não impede o benefício. Obs.2: crimes culposos, mesmo 
que violentos, admitem o benefício. 
B) REPARAÇÃO DO DANO OU RESTITUIÇÃO DA COISA: A reparação deve ser integral. 
Se parcial,admite-se o benefício desde que presente a concordância da vítima. 
C) ATÉ O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA Segundo ensina Rogério Sanches, 
o RECEBIMENTO da inicial é o termo final para o arrependimento posterior. Caso a 
reparação do dano ocorra depois da denúncia ou queixa, mas antes do julgamento 
(sentença), deverá ser reconhecida a circunstância atenuante do art. 65, III, b, in fine, 
do Código Penal. 
D) (NÃO SE EXIGE ESPONTANEIDADE). Não é necessário que o ato seja espontâneo. 
 
➢ CONSEQUÊNCIAS: Uma vez atendidos todos os requisitos previstos em lei, a reparação 
do dano ou restituição da coisa tem como consequência a redução de 1/3 a 2/3 da 
pena do agente. A diminuição se opera na terceira fase de aplicação da sanção penal e 
terá como parâmetro a maior ou menor presteza (celeridade e voluntariedade) na 
reparação da restituição. 
 
CRIME IMPOSSÍVEL 
➢ Crime Impossível - tentativa inidônea; quase crime; crime oco. Não se pune a 
tentativa quando, por ineficácia do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é 
impossível consumar-se o crime. Previsão legal: art. 17, CP. 
ELEMENTOS DO CRIME IMPOSSÍVEL: 
A) INÍCIO DA EXECUÇÃO; 
B) A NÃO CONSUMAÇÃO POR CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS A VONTADE DO AGENTE; 
C) DOLO DE CONSUMAÇÃO; 
D) RESULTADO ABSOLUTAMENTE IMPOSSÍVEL DE SER ALCANÇADO. 
➢ Duas são as formas de crime impossível: 
o Crime impossível por INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO; Ex.: João para 
matar Antônio, se vale sem saber de uma arma de brinquedo. 
o 2) Crime impossível por IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO; 
Ex.: João tenta praticar aborto em mulher que imagina estar grávida. 
ILICITUDE 
➢ CONCEITO 
Ilicitude, ou antijuridicidade, é a relação de antagonismo, de contrariedade entre a 
conduta do agente e o ordenamento jurídico. Se essa contrariedade do fato se fizer 
em relação a uma norma de matéria penal, tornar-se-á uma ilicitude penal. 
 
➢ CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO OU DESCRIMINANTES (ARTIGO 23 DO CÓDIGO PENAL). 
São também denominadas cláusulas de exclusão da antijuridicidade, justificativas ou 
descriminantes. São condições especiais em que o agente atua que impedem que elas 
venham a ser antijurídicas. O rol do artigo 23 do Código Penal não é taxativo. Ex.: 128 
e 146, §3º, do Código Penal. 
ESTADO DE NECESSIDADE 
➢ Nos termos do artigo 24 do Código Penal, "Considera-se em estado de necessidade 
quem pratica o Jato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, 
nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas 
circunstâncias, não era razoável exigir-se”. 
REQUISITOS 
a) PERIGO ATUAL: O perigo atual aparece como primeiro requisito da situação de necessidade. 
Cuida-se do risco presente, real, gerado por fato humano, comportamento de animal (não 
provocado pelo dono) ou fato da natureza, sem destinatário certo. 
b) QUE A SITUAÇÃO DE PERIGO NÃO TENHA SIDO CAUSADA VOLUNTARIAMENTE PELO 
AGENTE: Não pode invocar estado de necessidade aquele que "provocou por sua vontade" o 
perigo. De acordo com as lições da maioria, a expressão "voluntariamente" é indicativa 
somente de dolo, não abrangendo a culpa em sentido estrito. Assim, diante do perigo gerado 
por incêndio, o seu causador doloso não pode invocar a descriminante, mas o negligente pode. 
c) SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO O estado de necessidade se configura quando o 
agente, diante da real situação de perigo, busca salvar direito próprio {estado de necessidade 
próprio) ou direito alheio (estado de necessidade de terceiro). 
d) INEXISTÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO. Conforme preceitua o §I º do 
artigo 24 do Código Penal: "Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal 
de enfrentar o perigo". Quer o dispositivo se referir a pessoas que, em razão da função ou 
ofício, têm o dever legal de enfrentar a situação de perigo (desde que possível de ser 
enfrentado), não lhes sendo lícito sacrificar bens alheios para a defesa do seu próprio direito. 
OBS.: Parcela da doutrina entende por dever legal .1penas aquele derivado de mandamento 
legal (art. 13, § 2°, "a", do CP). A maioria, contudo, atenta a Exposição de Motivos do Código 
Penal, discorda, tomando a expressão (dever legal) no seu sentido amplo, abarcando, assim, o 
conceito de dever jurídico (art. 13, § 2°, "a", "b" e "c", do CP). 
e) INEVITABILIDADE DO COMPORTAMENTO LESIVO O comportamento deve ser 
absolutamente inevitável para salvar o direito próprio ou de terceiro diante da concreta 
situação de perigo. É preciso que o único meio para salvar o direito próprio ou de terceiro seja 
o cometimento do fato lesivo, sacrificando-se bem jurídico alheio. O caso concreto dirá se o 
comportamento lesivo era ou não inevitável. Assim, mostrando-se viável a fuga do boi bravio 
que se encaminha para o ataque, esta opção deve ser escolhida, inexistindo estado de 
necessidade caso o agente resolva matar o animal. Quanto ao terceiro que sofre a ofensa, o 
estado de necessidade classifica-se em: DEFENSIVO, quando o agente, ao agir em estado de 
necessidade, sacrifica bem jurídico do próprio causador do perigo; e AGRESSIVO, quando o 
bem sacrificado é de terceiro que não criou ou participou da situação de perigo. 
f) INEXIGIBILIDADE DE SACRIFÍCIO DO INTERESSE AMEAÇADO: No estudo do fato necessitado, 
impõe-se a análise da ponderação de bens, leia-se, a proporcionalidade entre o bem protegido 
e o bem sacrificado. 
g) CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO JUSTIFICANTE. Aos requisitos objetivos acima 
enunciados, a doutrina acrescenta um de caráter subjetivo, justamente o conhecimento da 
situação de fato justificante (consciência e vontade de salvar direito próprio ou alheio). 
LEGÍTIMA DE DEFESA 
➢ Quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual 
ou iminente, a direito seu ou de outrem, justifica a sua conduta pela legítima defesa, 
segundo preceitua o artigo 25 do Código Penal. 
REQUISITOS 
a) INJUSTA AGRESSÃO: Agressão é a ameaça humana de lesão de um interesse juridicamente 
protegido. Mas não basta que haja uma agressão para justificar a legítima defesa. Tal agressão 
deve ser também injusta, ou seja, não pode ser de qualquer modo amparada por nosso 
ordenamento jurídico. Não é preciso que a conduta praticada seja um crime para que possa ser 
reputada como injusta. Ex.: furto de uso, defesa de bem de valor irrisório. 
b) MEIOS NECESSÁRIOS: São meios necessários todos aqueles EFICAZES e SUFICIENTES à repulsa 
da agressão que está sendo praticada ou que está prestes a acontecer. Embora alguns autores 
definam meio necessário como sendo o que a vítima dispõe no momento da agressão, podendo 
ou não ser proporcional ao ataque, o autor discorda do posicionamento, entendendo que a 
proporcionalidade do contra-ataque é essencial para a configuração da necessidade do meio. Se 
o agente tiver à sua disposição vários meios aptos a ocasionar a repulsa à agressão, deverá 
sempre optar pelo meio menos gravoso, sob pena de ser considerado desnecessário, afastando 
a legítima defesa. 
c) MODERAÇÃO NO USO DOS MEIOS NECESSÁRIOS: Além de eleger o meio necessário à repulsa 
da agressão, o agente deve utilizá-lo de forma moderada, sob pena de incorrer no chamado 
excesso. Não se pode tomar como critério para a averiguação da moderação do meio a simples 
quantidade de golpes, ou de tiros, ou seja, lá do que se tratar. Pode ocorrer, por exemplo, de o 
agressor, ainda que levando 5 tiros, continue caminhando em direção ao ofendido, e só venha 
a parar com o disparo do 6o tiro. Nesse caso, não se pode dizer que houve excesso. É preciso, 
portanto, que haja um marco, qual seja, o momento em que o agente consegue fazer cessara a 
agressão que contra ele era praticada. Tudo o que fizer após esse marco será considerado 
excesso. 
d) ATUALIDADE E IMINÊNCIA DA AGRESSÃO: Quanto à atualidade da agressão, maiores 
considerações são dispensáveis, mas quanto à sua iminência, quando podemos dizer quea 
agressão está prestes a ocorrer? Para o autor, agressão iminente é a que, embora não esteja 
acontecendo, irá acontecer quase que imediatamente. Deve haver uma relação de proximidade. 
Se a agressão é remota, futura, não se pode falar em legítima defesa. Se o agente age para 
repelir agressão que, embora não seja iminente, é certa e futura, age não amparado pela 
justificante legítima defesa, mas pela EXCULPANTE INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. 
e) DEFESA DE DIREITO PRÓPRIO OU DE TERCEIRO: O agente pode defender direito próprio 
(legítima defesa própria) ou direito de terceiro (legítima defesa de terceiros). Aqui, destaca-se o 
elemento subjetivo da legítima defesa. O agente deve agir querendo defender direito de 
terceiro. Se mata seu desafeto sabendo que este estava prestes a matar outrem, não pode ser 
beneficiado pela justificante se a intenção real era pôr fim ao desafeto, e não defender o 
terceiro. Não cabe, ainda, a defesa de terceiros quando o bem for considerado disponível. Neste 
caso, o agente só poderá intervir para defender o bem caso haja autorização do seu titular. Caso 
contrário, sua intervenção será considerada ilegítima. 
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL 
REQUISITOS: 
➢ DEVER LEGAL – é preciso que exista um dever legalmente imposto ao agente. 
Geralmente, esse dever é dirigido aos que fazem parte da Administração Pública. 
➢ ESTRITO CUMPRIMENTO – o dever legal deve ser cumprido dentro dos exatos termos 
impostos pela lei, não podendo em nada ultrapassá-los. O policial não pode, na 
situação em que ocorre fuga de presos, atirar contra os mesmos no intuito de matá-
los sob o fundamento de que cumpre o dever legal de evitar a fuga dos prisioneiros. 
 
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: 
 
O exercício regular de direito não foi definido pelo Código, ficando a definição a cargo 
da doutrina e da jurisprudência. 
➢ DIREITO – esse “direito” que se exige pode surgir de situações expressas nas 
regulamentações legais em sentido amplo, ou até mesmo nos costumes. Diz respeito 
a todos os tipos de direito subjetivo, seja oriundo de norma codificada ou 
consuetudinária. 
➢ EXERCÍCIO REGULAR – o limite do lícito termina necessariamente onde começa o 
abuso, posto que aí o direito deixa de ser exercido regularmente, para mostrar-se 
abusivo, caracterizando sua ilicitude. 
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO 
➢ O consentimento do ofendido, no estudo do crime, pode ter dois enfoques com 
finalidades diferentes: 
• Afastar a tipicidade; 
• Excluir a ilicitude. Seja com o efeito de afastar a tipicidade ou a 
antijuridicidade, o fato é que o consentimento do ofendido não encontra 
amparo expresso em nosso Direito Penal objetivo, sendo considerado, 
portanto, CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE. Para que o 
consentimento seja válido e produza seus efeitos “excludentes”, devem ser 
cumpridos alguns requisitos: 
➢ 1º) a concordância deve ter sido manifestada de forma livre, sem coação, fraude ou 
outro vício de vontade; 
➢ 2º) o ofendido deve, no momento da aquiescência, ser capaz, ou seja, estar em 
condições de compreender o significado e as consequências de sua decisão – somente 
o PENALMENTE IMPUTÁVEL (mais de 18 anos) poderá consentir; 
➢ 3º) o bem jurídico lesado deve ser disponível – bem disponível é aquele 
exclusivamente de interesse privado; 
➢ 4º) o consentimento deve ser dado antes da prática do ato típico e a prática do ato nos 
estritos limites do consentimento. 
EXCESSO NAS JUSTIFICANTES 
➢ O Código Penal, logo depois de anunciar as causas justificantes da conduta típica, 
alerta: "O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso 
doloso ou culposo" (art. 23, parágrafo único). 
 
CULPABILIDADE 
Como observado, o delito, analiticamente, é a ação ou a omissão típica, ilícita e culpável. Isso, 
vale dizer: uma ação adequada a um tipo de injusto, não justificada e censurável ao agente. 
➢ A culpabilidade, em termos jurídico-penais, pode ser conceituada como a reprovação 
pessoal pela realização de uma ação ou omissão típica e ilícita em determinadas 
circunstâncias em que se podia atuar conforme as exigências do ordenamento 
jurídico. 
➢ A culpabilidade constitui o fundamento e o limite da pena. Com isso, não se quer 
dizer que a culpabilidade seja o único fundamento da pena. 
CONCEITO MATERIAL DE CULPABILIDADE 
➢ Deve-se insistir na concepção de culpabilidade compatível com a própria dignidade 
humana e com a verificação de que a própria norma penal só tem razão de existir se o 
indivíduo, seu destinatário, é juridicamente considerado livre para aderir ao seu 
comando ou violá-la, submetendo-se à consequência jurídica correspondente. 
Ademais, a lei penal é taxativa ao exigir a imputabilidade pessoal como base da 
responsabilidade penal. 
➢ Por último, cabe acrescentar que a culpabilidade é sempre o fundamento e o limite da 
pena, e como juízo de reprovação constitui tão somente um dos fundamentos da 
pena, que, além disso, deve ser justa e necessária. 
ELEMENTOS DA CULPABILIDADE 
➢ IMPUTABILIDADE: 
É a plena capacidade (estado ou condição) de culpabilidade, entendida como 
capacidade de entender e de querer, e, por conseguinte, de responsabilidade criminal 
(o imputável responde pelos seus atos). 
Costuma ser definida como o “conjunto das condições de maturidade e sanidade mental que 
permitem ao agente conhecer o caráter ilícito do seu ato e determinar-se de acordo com esse 
entendimento”. Essa capacidade possui, logo, dois aspectos: cognoscitivo ou intelectivo 
(capacidade de compreender a ilicitude do fato); e volitivo ou de determinação da vontade 
(atuar conforme essa compreensão). Contrario sensu, o Código Penal define os inimputáveis 
como aqueles que carecem de capacidade de culpabilidade: quando, por anomalia mental, são 
incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse 
entendimento (art. 26, caput, CP). 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA IMPUTABILIDADE 
a) DOENÇA MENTAL 
b) DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO 
c) MENORIDADE 
d) EMBRIAGUEZ ACIDENTAL COMPLETA (art. 28, II, §1.º, CP) e EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA 
COMPLETA (art. 26, caput, CP) 
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
➢ Trata-se do elemento volitivo da reprovabilidade, consistente na exigibilidade da 
obediência à norma. Para que a ação do agente seja reprovável, é indispensável que se 
lhe possa exigir comportamento diverso do que teve. Isso significa que o conteúdo da 
reprovabilidade repousa no fato de que o autor devia e podia adotar uma resolução de 
vontade de acordo com o ordenamento jurídico, e, não, uma decisão voluntária ilícita. 
CAUSAS DE EXCLUSÃO DE EXGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA (INEXIGIBILIDADE DE 
CONDUTA DIVERSA): 
➢ A lei brasileira dispõe de modo expresso: “Art. 22. Se o fato é cometido sob coação 
irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior 
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem”. 
a) COAÇÃO MORAL IRRESITÍVEL (art. 22, 1.ª parte, CP) – constitui a coação moral 
irresistível uma causa de inculpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa, e nisso 
difere da coação física irresistível (vis absoluta), que exclui a ação, por inexistência de 
vontade. Trata-se a coação moral da grave ameaça (vis compulsiva), em que a vontade 
do coacto não é livre, mas viciada, sendo punível o autor da coação (autoria mediata). 
Desse modo, é possível sustentar que na coação moral, diferentemente da coação 
física, existe espaço para a vontade, mas se mostra de tal modo viciada, 
comprometida, que não se pode exigir do agente um comportamento conforme os 
ditames do ordenamento jurídico. 
REQUISITOS: 
➢ IRRESTIBILIDADE DA COAÇÃO: significa que o constrangimento deve ser impossível de 
ser vencido pelo coagido. O mal de que é ameaçado deve ser grave, certo e inevitável, 
de modo a não permitir que se conduza conforme o Direito. Observe-se que o ponto 
de referência da coação moral é ohomo medius – não se trata nem do herói e 
tampouco do covarde ou do indivíduo que tem o medo à flor da pele. A coação moral 
é irresistível quando não pode ser superada, senão mediante o emprego de 
extraordinária energia, o que é, por óbvio, juridicamente inexigível. Importa destacar 
que, sendo a coação moral resistível, beneficia o coacto a circunstância atenuante (art. 
65, III, c, CP); 
➢ COATOR, COACTO E VÍTIMA: através da coação moral irresistível, o coator obriga o 
coacto a praticar um delito contra um terceiro (a vítima), lhe suprimindo a capacidade 
de resistência pela ameaça. Registre-se que a ação ou omissão perpetrada pelo coacto 
é ilícita, podendo dar lugar à legítima defesa por parte da vítima. Resta excluída 
apenas a culpabilidade do coacto, porque “o ato volitivo se desenrolou de maneira 
anormal, sob a pressão moral e psicológica do coator”. 
 
b) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (art. 22, 2.ª parte, CP) – dentre todas as formas de 
obediência (política, doméstica, espiritual etc.), a única capaz de excluir a culpabilidade 
do agente é a obediência hierárquica, entendida como a conduta do subordinado que 
“obedece mandado procedente de superior hierárquico, quando este ordena no 
círculo de suas atribuições e na forma requerida pelas disposições legais”. Assim, em 
princípio, essa causa de inculpabilidade ampara toda conduta típica realizada por força 
de uma obrigação de obediência, preenchidas as exigências específicas de lei. O 
subordinado só será responsabilizado se percebe que a ordem constitui um ato ilícito, 
diante das circunstâncias por ele conhecidas. Quando o subordinado não se dá conta 
da ilegalidade da ordem, mas está em condições de fazê-lo, não será abarcado por 
essa causa de inculpabilidade, desde que presentes indícios suficientes que lhe 
permitiriam suspeitar da ilicitude do mandado. Na hipótese em que o 
descumprimento causa sérias consequências negativas ao subordinado, pode este 
beneficiar-se de uma circunstância atenuante (art. 65, III, c, 2.ª parte, CP). 
c) ESTADO DE NECESSIDADE EXCULPANTE – A situação de estado de necessidade só 
existe quando preenchidos os termos do artigo 24 do Código Penal. Essa modalidade 
de estado de necessidade decorre da teoria diferenciadora objetiva ou dualista, 
conforme já analisado nas causas de justificação.

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