Prévia do material em texto
1 Lesões Medulares Prof. MSc. Hudson Pinheiro Medula Espinhal ÓRGÃO MAIS SIMPLES ONDE O TUBO NEURAL FOI MENOS MODIFICADO DURANTE O DESENVOLVIMENTO; É UMA MASSA CILINDRÓIDE DE TECIDO NERVOSO SITUADA DENTRO DO CANAL VERTEBRAL; NO HOMEN ADULTO MEDE APROXIMADAMENTE 45 CENTÍMETROS. CRANIALMENTE A MEDULA LIMITA-SE COM O BULBO, APROXIMADAMENTE AO NÍVEL DO FORAME MAGNO DO OSSO OCCIPTAL; O LIMITE CAUDAL DA MEDULA TEM IMPORTÂNCIA CLÍNICA E NO ADULTO SITUA-SE GERALMENTE NA 2ª VÉRTEBRA LOMBAR (L2); VIAS ASCENDENTES: FUNÍCULO POSTERIOR (TRACTO DO FASCÍCULO GRÁCIL E CUNEIFORME); FUNÍCULO LATERAL (TRACTO ESPINOTALÂMICO LATERAL E TRACTOS ESPINOCEREBELARES); FUNÍCULO ANTERIOR (TRACTO ESPINOTALÂMICO ANTERIOR). VIAS DESCENDENTES: FUNÍCULO LATERAL (TRACTO CORTICOESPINHAL LATERAL E TRACTO RUBROESPINHAL); FUNÍCULO ANTERIOR (TRACTO CORTICOESPINHAL ANTERIOR E TRACTO RETICULOESPINHAL). 2 GRÁCIL E CUNEIFORME: Propriocepção consciente: permite sem auxílio da visão, situar uma parte do corpo ou perceber o seu movimento; Tato discriminativo: permite localizar e descrever as características táteis de um objeto; Sensibilidade Vibratória: Percepção de estímulos mecânicos repetitivos (Diapasão) Esterognosia: Capacidade de perceber com as mãos a forma e o tamanho de um objeto. Vias Ascendentes do Funículo Anterior O TRATO ESPINOTALÂMICO ANTERIOR: identifica informações referentes ao tato grosseiro (tato leve) e pressão; O TRACTO ESPINOTALÂMICO LATERAL: (o tamanho desse tracto aumenta à medida que ele sobe na medula pela constante adição de novas fibras) é responsável pelas informações dolorosas e referentes à temperatura. “Em casos de dor decorrente, principalmente de câncer, aconselha-se o tratamento cirúrgico por secção do tracto espino – talâmico. O TRACTO ESPINO CEREBELAR POSTERIOR: Responsáveis por impulsos de propriocepção inconsciente originados em fusos neuro musculares e órgãos neurotendinosos; O TRACTO ESPINO CEREBELAR ANTERIOR: penetram no cerebelo, levando informações de receptores periféricos e da própria medula. CARACTERÍSITICAS DAS VIAS DESCENDENTES: DIVIDEM-SE EM DOIS GRUPOS: VIAS PIRAMIDAIS E EXTRAPIRAMIDAIS VIAS PIRAMIDAIS: Antes de penetrar na medula, passam pela pirâmides bulbares; VIAS EXTRAPIRAMIDAIS : Não passam pelas pirâmides bulbares. 3 VIAS EXTRAPIRAMIDAIS: TECTO – ESPINHAL: Tronco e musculatura proximal; VESTÍBULO – ESPINHAL: Tronco e musculatura proximal Manutenção do equilíbrio e postura básica; RETÍCULO – ESPINHAL: Tronco e musculatura proximal Manutenção do equilíbrio e postura básica; RUBRO – ESPINHAL: (Motricidade da parte distal dos membros) LESÃO MEDULAR PERDA OU REDUÇÃO IMEDIATA DAS FUNÇÕES FÍSICAS ; LESÃO COMPLETA X LESÃO INCOMPLETA; PARAPLEGIA (Paresia) X TETRAPLEGIA SÍNDROMES MEDULARES INCIDÊNCIA DE LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA COLUNA CERVICAL INFERIOR (C5-C7); COLUNA TORÁCICA MÉDIA (T4-T7); COLUNA TÓRA-LOMBAR (T10-L2). ADULTO JOVEM (30 ANOS) HOMENS (86,2%) Etiologia da lesão medular traumática Acidentes de trânsito (47,1%) - Automóvel (30,8%) - Motocicleta (9,1%) - Bicicleta (3,2%) - Atropelamento (3,9%) FPAF (18,9%) Queda de altura (16,4%) Mergulho em águas rasas (5,3%) Tumor (3,9%) FPAB (1,9%) Outros (1,9%) 4 Fisiopatologia da Lesão Medular EDEMA ESMAGAMENTO COMPRESSÃO SECÇÃO PARCIAL OU TOTAL HEMORRAGIA INFARTO 5 Fases Psicológicas da Lesão medular FASE DE CHOQUE FASE DE NEGAÇÃO FASE DE RECONHECIMENTO FASE DE ADAPTAÇÃO QUADRO CLÍNICO Choque medular Anestesia superficial e profunda Paralisia flácida Vasodilatação paralítica Anidrose Arreflexia vesical e atonia intestinal Ausência de ejaculação e ereção no homem Ausência de ereção clitoriana, lubrificação vaginal e amenorréia na mulher Pode durar por dias, semanas ou meses, sendo mais comum 3 semanas. SEGUNDA FASE: RETORNO DA ATIVIDADE MEDULAR REFLEXA Reorganização funcional das estruturas medulares localizadas abaixo do nível da lesão; Lesões completas, anestesia e paralisia persistente; Paralisia flácida por ausência do arco reflexo (NMI); Paralisia hipertônica com o arco reflexo preservado (NMS); Sinal de Babinski, reflexos cutâneo anal e bulbocavernoso são os primeiros a se manifestar; Controle vasomotor reinicia-se (SNA); Bexiga neurogênica (manifesta o comportamento futuro); Disfunção intestinal (evacuação reflexa intermitente); Alterações sexuais (funções dependem do tipo e nível de lesão) Amenorréia cede; Concepção intacta. INSTALAÇÃO DO QUADRO CLÍNICO DE ACORDO COM O NÍVEL DA LESÃO: NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR; NEURÔNIO MOTOR INFERIOR. 6 LESÃO MEDULAR ARREFLEXIA FLACIDEZ PERDA DA SENSIBILIDADE ABAIXO DA LESÃO QUADRO CLÍNICO Controle térmico: perda da capacidade de tremer, perda da resposta de vasodilatação e vasoconstrição, ausência de sudorese termorreguladora; Espasticidade; Deficiências respiratórias: irá variar dependendo do nível da lesão. Lesão de C1 a C3, perda do nervo frênico. Redução da expansão torácica comprometendo a eficácia da tosse e remoção de secreção. Padrão respiratório alterado, com achatamento e redução da expansão da parede torácica anterior e elevação epigástrica; Auterações no SNA HÁ DOIS TIPOS DE INTESTINO: INTESTINO REFLEXO: POSSUI ARCO REFLEXO PRESERVADO, PERISTALTISMO DIMINUÍDO E NÃO TÊM CONTRAÇÃO INTESTINAL (S2 A S4 RESPONSÁVEL PELO ESVAZIAMENTO INTESTINAL); INTESTINO AUTÔNOMO OU NÃO REFLEXO: PERISTALTISMO TAMBÉM ESTÁ DIMINUÍDO, MAS NÃO CONSEGUE FAZER AS FEZES DESCEREM, FORMANDO FECALOMAS. Há dois tipos de bexiga: Bexiga Neurogênica Reflexa: lesões de NMS, espástica, paredes espessas, trabeculadas e com imagem radiológica que parece um árvore de natal. Bexiga Neurogênica autônoma ou não-reflexa: lesões de NMI, flácidas (sem ação reflexa do detrusor), grande volume, retenção urinária (volume residual alto). CATETERIZAÇÃO significa introduzir um fino tubo, denominado cateter, através da uretra até a bexiga. Desta maneira, a urina acumulada na bexiga sai através deste cateter, permitindo que a bexiga se esvazie completamente, simulando o comportamento comportamento natural da mesma: 7 Úlceras de Pressão DISRREFLEXIA AUTONÔMICA É UMA COMPLICAÇÃO FREQÜENTE NAS LESÕES CERVICAIS E PODE OCORRER TAMBÉM NAS LESÕES MEDULARES ACIMA DE T6. QUALQUER ESTÍMULO QUE, NORMALMENTE, CAUSARIA DOR E DESCONFORTO NA PESSOA SEM LESÃO, NA PESSOA QUE NÃO SENTE POR CAUSA DE UMA LESÃO MEDULAR PODE CAUSAR UMA CRISE DE DISRREFLEXIA. Uma bexiga cheia ou distendida. Impactação de fezes no reto. Constipação intestinal. Infecções (bexiga, etc.). Testes e procedimentos clínicos Úlceras de decúbito. Dor traumática (cortes severos ou fratura de ossos). Temperaturas quentes ou geladas. Queimaduras de sol. Pressão nos testículos ou no pênis. Cólicas menstruais, trabalho de parto (contrações uterinas). Úlcera de estômago. Algumas drogas TROMBOSE VENOSA PROFUNDA Formação de trombo em veias periféricas Ocasionada pela imobilidade Cuidado na fase aguda pós-lesão medular. 8 OVERUSE MEMBROS SUPERIORES Propulsão da cadeira de rodas; Transferências; síndrome do túnel do carpo e síndrome do impacto; 64% de pacientes Paraplégicos relatam dor na extremidade superior Ossificação Heterotópica Neoformação óssea ao longo das cápsulas articulares; Etiologia desconhecida; Mobilização passiva vigorosa? Restrição de mobilidade anquilose; Hipercalcemia e calor; Classificação da lesão medular 1982 - ASIA publicou o livreto Standards for Neurological Classification ofSpinal Cord Injury adotando a escala de Frankel; Revisada em 1992, Frankel substituída pela AIS (Escala de Incapacidade da ASIA); Revisada em 1996 e 2000; Classificação apenas para lesões traumáticas; Definição de termos (ASIA) Nível sensitivo: último dermátomo caudal com sensibilidade preservada ao toque leve e ao palito em ambos os lados Nível motor: último músculo chave caudal com graduação 3 ou mais desde que o anterior seja 5 Definição de termos (ASIA) Nível neurológico da lesão: último segmento caudal em que ambas funções (sensitiva e motora) estão intactas Nível esquelético: o nível em que, pelo exame radiológico, é encontrado a vértebra com maior lesão 9 Definição de termos (ASIA) Lesão completa: ausência de função sensitiva e motora nos últimos segmentos sacrais (S4 – S5); Lesão incompleta: preservação da função sensitiva ou motora abaixo do nível neurológico que inclui os últimos segmentos sacrais (S4 – S5); Zona de Preservação Parcial (ZPP): usada apenas em lesões completas, corresponde ao último segmento mais caudal abaixo do nível neurológico com alguma função sensorial e ou motora; Dermátomos C2 Protuberância occiptal C3 Fossa supraclavicular C4 Topo da artic. acromioclavicular C5 Lado lateral da fossa antecubital C6 Polegar C7 Dedo médio C8 Dedo mínimo T1 fossa antecubital (medial) T2 Ápice da axila T3 3º espaço intercostal T4 Linha dos mamilos T5 5º espaço intercostal T6 nível do processo xifóide T7 7º espaço intercostal T8 8º espaço intercostal T9 9º espaço intercostal T10 cicatriz umbilical T11 11º espaço intercostal T12 Ligamento inguinal L1 Região média entre T12 e L2 L2 Região anterior da coxa L3 Côndilo medial femoral L4 Maléolo medial L5 Dorso pé nível da 3ª MTF S1 Região lateral do calcanhar S2 Linha média fossa poplítea S3 Tuberosidade isquiática S4-S5 Área perianal (um só nível) Músculos chave (miótomos) Abdutor dedo mínimoT1 Flexores dos dedos (flexores profundos) C8 Extensores do cotovelo (tríceps braquial) C7 Extensores do punho (extensores radial longo e curto do carpo) C6 Flexores do cotovelo (bíceps braquial) C5 Músculos chave (miótomos) Flexores plantares dos dedos (gastrocnemius e sóleus)S1 Extensores longo dos dedos (extensor longo do hálux) L5 Dorsiflexores do tornozelo (tibial anterior) L4 Extensores do joelho (quadríceps) L3 Flexores do quadril (iliopsoas) L2 10 Escala AIS (2000) A = Completa: Nenhuma função motora ou sensitiva é preservada nos segmentos sacrais S4 – S5; B = Incompleta: Possui sensibilidade, porém não possui função motora preservada abaixo do nível neurológico e inclui os segmentos sacrais S4 – S5; C = Incompleta: Tem função motora preservada abaixo do nível neurológico e mais da metade dos músculos chave abaixo do nível neurológico tem grau de força muscular menor que 3; Escala AIS (2000) D= Incompleta: Possui função motora preservada abaixo do nível neurológico e metade dos músculos chave abaixo do nível neurológico tem grau de força muscular 3 ou mais; E = Normal: Possui função motora e sensitiva normais; (máx 112) (máx 112) 0 = anestesia 1 = hipoestesia 2 = normal Avalie segundo a ASIA Bíceps = 5 Ext.de punho = 3 Todos abaixo = 0 Sensibilidade preservada até polegar Todos abaixo = 0 Determine: Nível sensitivo? Nível motor? Score sensitivo: Dor? Tato? Score motor? Qual a AIS? 11 ASIA Bíceps = 5 Ext.de punho = 3 Todos abaixo = 0 Sensibilidade preservada até polegar Todos abaixo = 0 Resultado: Nível sensitivo = C6 Nível motor = C6 Score sensitivo: Dor = 20 Tato = 20 Score motor = 16 AIS = A Avalie segundo a ASIA Determine: Nível sensitivo? Nível motor? Score sensitivo: Dor? Tato? Score motor? Qual a AIS? Psoas = 3 Quadríceps = 2 Todos abaixo = 2 Sensibilidade preservada (inclusive em área perineal) ASIA Resultado: N. sensitivo = S4 – S5 Nível motor = L2 Score sensitivo: Dor = 112 Tato = 112 Score motor = 72 AIS = C Psoas = 3 Quadríceps = 2 Todos abaixo = 2 Sensibilidade preservada (inclusive em área perineal) Avalie segundo a ASIA MMSS preservados Sinal de Beevor negativo Sensibilidade preservada até processo xifóíde Determine: Nível sensitivo? Nível motor? Score sensitivo: Dor? Tato? Score motor? Qual a AIS? ASIA MMSS preservados Sinal de Beevor negativo Sensibilidade preservada até processo xifóíde Resultado: Nível sensitivo = T6 Nível motor = T6 ??? Score sensitivo: Dor = 52 Tato = 52 Score motor = 50 AIS = A Síndromes Medulares Origem não traumática 12 Síndrome medular central Comprometimento mais importante da substância cinzenta cervical, que leva a fraqueza e atrofia em membros superiores, com menor envolvimento motor de membros inferiores (esses pacientes, em geral, não podem andar) e sem alteração sensitiva importante. Siringomielia; Formação de uma cavidade no canal central da medula, levando a uma destruição da substância cinzenta intermédia central; Síndrome da cauda eqüina Lesão medular abaixo de L1-L2. Há incontinência urinária e fecal; Paraparesia/ paraplegia flácida dos membros inferiores. Síndrome de Brown-Seqüard Hemissecção medular. Perda ipsilateral à lesão de motricidade e sensibilidade tátil e proprioceptiva; Contralateralmente há perda de sensibilidade à dor e a temperatura. Medular Posterior: provocada pela sífilis. Possui perda da propriocepção, tato epicrítico, marcha com os pés elevados e base de sustentação larga; Síndrome Medular anterior: Interrupção dos tractos ascendentes espino - talâmicos e dos tractos motores descendentes. Alteração da sensibilidade dolorosa e térmica e no controle motor. Objetivos Eliminar a compressão medular; Estabilidade; Manejo de bexiga, intestino e prevenção de complicações; Ativação e estabilização das funções vitais (terapia respiratória); Treinamento funcional e proprioceptivo; Manejo da flacidez/ espasticidade; Ortostatismo; Ganho de mobilidade; Fortalecimento de musculatura preservada; 13 Treinamento na Cadeira de Roda