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ESTÁGIO I – PROF. BRUNO MORAES NOTA DE AULA 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1.1. PEÇA E PETIÇÃO 1.2. ENDEREÇAMENTO 1. Use sempre maiúsculas (caixa alta; caps lock). 2. Evite abreviações (não há necessidade delas). 3. Usar o morfema de gênero é permitido: EXCELENTÍSSIMO(A); 4. Ao juiz estadual = EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO; 5. Ao juiz federal = EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL; 6. Quando não souber qual é a vara destinatária, ponha um espaço subscrito _____. Ajuda a, depois de impresso, preencher com caneta. 7. Identifique a competência da vara respectiva (se é cível ou criminal), somente se houver competência específica. 8. Vara estadual = DA COMARCA; 9. Vara federal = DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA; 10. É possível também endereçar a peça “ao juízo”, em vez de ao juiz. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SOBRAL-CE EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE 1.3. CABEÇALHO NOME COMPLETO DO AUTOR, nacionalidade, estado civil, profissão, endereço físico, endereço eletrônico, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, [VERBO DA PEÇA] a presente [IDENTIFICAÇÃO DA PEÇA] em face de NOME COMPLETO DO RÉU, pessoa jurídica de direito público/privado, registrada sob o CNPJ n° XXXX, com sede no endereço XXXX, com fundamento nos arts. XXX do Código YYY, pelas razões de fato e de direito a seguir narradas: 1.3.1. VERBOS DAS PEÇAS • Petição Inicial: Ajuizar; propor; • Contestação: Oferecer; apresentar; • Recursos: Interpor; • Embargos: Opor; • Remédios Constitucionais: Impetrar. 1.4. CORPO DO TEXTO 1.4.1. EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO DE TESES 1. Do direito à justiça gratuita (formal); 2. Da inversão do ônus da prova (formal); 3. Da competência do presente juízo (formal); 4. Do direito constitucional à propriedade (mérito); 5. Da ocorrência de ato ilícito pelo réu (mérito); 6. Do dano material provocado por culpa do réu (mérito); 7. Do dano moral decorrente da recusa do pagamento (mérito); 1.4.2. COMO NOMEAR OS SEUS TÓPICOS Cada tópico precisa de um título autoexplicativo. O melhor título é justamente aquele que se adequa bem ao caso e passa perfeitamente a ideia que será exposta em seu conteúdo. Exemplos de bons títulos: • Do direito à justiça gratuita; • Da inocorrência de dano moral por parte do réu; • Da inversão do ônus da prova em desfavor do réu; • Dos danos materiais causados pelo autor; • Da incompetência do juízo federal para processamento da presente demanda; Exemplos de maus títulos: • Do entendimento doutrinário; • Da jurisprudência do TJ-CE; • Do mérito; • Do Supremo Tribunal Federal; 1.4.3. O “MÉTODO DOS CINCO PASSOS” 1) Introdução; Passa a noção básica do que será exposto. 2) Citação: Apresenta o detalhe que dá autoridade ao seu argumento. 3) Explicação: Explica com suas próprias palavras o que foi citado. 4) Adequação: Adequa o que está na citação àquilo que está no caso concreto. 5) Conclusão: Encerra o argumento proposto. DA JUSTIÇA GRATUITA INTRODUÇÃO Assim diz o Código de Processo Civil sobre a possibilidade de beneficiar-se com a justiça gratuita: CITAÇÃO Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. EXPLICAÇÃO Com efeito, o legislador brasileiro garantiu a qualquer pessoa que não tenha como pagar as custas processuais a possibilidade de se beneficiar com a gratuidade judiciária. ADEQUAÇÃO No presente caso, o autor é pobre na forma da lei, conforme declaração em anexo (doc. 3), uma vez que não recebe renda suficiente para arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento. CONCLUSÃO Assim sendo, o benefício da justiça gratuita deve ser concedido ao autor, por ser medida de direito. DA PRÁTICA DE ATO ILÍCITO PELO RÉU INTRODUÇÃO Assim diz o Código Civil sobre o ato ilícito: CITAÇÃO Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. EXPLICAÇÃO Como se percebe, o legislador brasileiro descreveu como ato ilícito a prática de ação ou omissão que viole direito a alguém e lhe gere dano. ADEQUAÇÃO No presente caso, o réu colidiu na traseira do veículo do autor por sua direção imprudente, o que gerou os prejuízos demonstrados no orçamento em anexo (doc. 6). CONCLUSÃO Assim sendo, conclui-se que o réu cometeu um ato ilícito. 2.4. Da prática de ato ilícito pelo réu Assim diz o Código Civil sobre o ato ilícito: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Como se percebe, o legislador brasileiro descreveu como ato ilícito a prática de ação ou omissão que viole direito a alguém e lhe gere dano. No presente caso, o réu colidiu na traseira do veículo do autor por sua direção imprudente, o que gerou os prejuízos demonstrados no orçamento em anexo (doc. 6). Assim sendo, conclui-se que o réu cometeu um ato ilícito. 2.5. Do dever de reparar o dano (Desordenado) (3. Explicação) Determina o código civil brasileiro que aquele que, por ato ilícito, causar dano a alguém é obrigado a reparar esse dano, ainda que se trate de dano meramente de ordem moral. (1. Intodução) Vejamos: (2. Citação) Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. (4. Adequação) No presente caso, o réu praticou ato ilícito que gerou inúmeros prejuízos ao autor, (5. Conclusão) motivo pelo qual fica obrigado a reparar todos esses danos ocasionados. 2.5. Do dever de reparar o dano (Ordenado) (1. Introdução) Vejamos o que diz o código civil brasileiro sobre o dever de reparar o dano: (2. Citação) Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. (3. Explicação) Determina o código civil brasileiro, então, que aquele que por ato ilícito causar dano a alguém é obrigado a reparar esse dano, ainda que se trate de dano meramente de ordem moral. (4. Adequação) No presente caso, o réu praticou ato ilícito que gerou inúmeros prejuízos ao autor. (5. Conclusão) Por este motivo, fica o réu obrigado a reparar todos esses danos ocasionados. 1.5. UTILIZAÇÃO DE DOUTRINA Quando usar? Sempre que a legislação for omissa ou confusa de maneira a induzir o hermeneuta a erro. Pode ser usada também quando a tese que se pretende defender não exista na lei, mas somente em teorias doutrinárias. Como usar? Sempre utilize doutrina usando as referências completas no rodapé. No word, clique em Referências > Inserir nota de rodapé1. Outras dicas: Atenção ao ano da obra. Tente utilizar obras mais recentes, pois o entendimento que você está usando na peça pode ter mudado. 1.6. UTILIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA Quando usar? Sempre que a legislação for omissa ou ambígua de maneira a induzir o hermeneuta a erro. Pode ser usada também sempre que houver um entendimento jurisprudencial que não encontra paralelo na legislação. Como usar? Sempre faça a referência completa da jurisprudência. A jurisprudência precisa apresentar número do processo, ementa, data de julgamento, data de publicação, nome do relator e identificação do tribunal. Preferências Sempre dê preferência a jurisprudências de tribunais superiores (STF, STJ, TSE, TST); Em segundo lugar, dê preferência a jurisprudências de tribunal LOCAL (TJCE, TRF-5,TRT-7); Esteja sempre atento ao entendimento jurisprudencial ATUAL. É considerada uma jurisprudência atual aquela que não for mais antiga do que 2 anos. 1 SOBRENOME, Nome. Título da obra. Edição. Local, Editora. Ano. 1.7. ARGUMENTOS DE URGÊNCIA É mais estratégico, na organização, deixar argumentos de urgência no final de suas teses. Ou seja, organizar primeiro teses formais e genéricas, depois teses de mérito e específicas e, por fim, teses de urgência como • Tutela antecipada; • Tutela cautelar; • Concessão de segurança. Porque o juiz tende a se convencer que deve conceder essas tutelas após já ter lido todo o mérito que já foi exposto. 1.8. PEDIDOS 1) Sempre comece fazendo uma breve introdução: “Diante de todo o exposto, é a presente para requerer o que segue:”; 2) Organize os pedidos em itens ou números: “a., b., c., d.,” ou “1., 2., 3., 4.”; 3) Organize os pedidos em ordem cronológica: Desde a primeira coisa que o juiz deve fazer até a última; 4) É interessante negritar a parte central de cada pedido: Isso acelera a leitura por parte do juiz. EXEMPLO: III. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, é a presente para requerer o que segue adiante: a) Seja a presente peça recebida e processada nos termos do art. 319 e ss do CPC; b) Seja concedido o benefício da justiça gratuita ao autor, nos termos do art. 98 do CPC; c) Seja citado o réu no endereço informado para que tome ciência da ação; d) Seja designada audiência de conciliação, por se tratar a demanda de direito disponível e fácil composição; e) Não havendo acordo, seja desde já designada audiência de instrução para que sejam produzidas as provas ao final referidas; f) Ao final, seja o réu condenado a pagar uma indenização por danos materiais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais); g) Seja, ainda, o réu condenado a pagar uma indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais); h) Por fim, seja o réu condenado a pagar custas processuais e honorários de sucumbência, uma vez que deu causa à presente ação. 1.9. PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR Não há necessidade de uma seção separada para as provas. Elas podem ser posicionadas abaixo dos pedidos em forma de único parágrafo. Nem toda peça falará sobre as provas que pretende produzir. Em verdade, na maioria das vezes isso só haverá nas petições iniciais. “Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, em especial por depoimento pessoal do autor, pelas provas documentais acostadas em anexo, bem como pela oitiva das testemunhas ao final arroladas.” 1.10. VALOR DA CAUSA Toda petição inicial e reconvenção necessariamente terão valor da causa, de acordo com o art. 292 do CPC; • Ações com valor pecuniário bem definido: Ações que pedem indenizações etc, ou seja, ações com um valor muito bem definido, precisam obedecer alguns critérios para o cálculo do valor da causa. Use sempre os critérios estabelecidos no art. 292 do CPC para averiguação do valor da causa. • Ações sem valor financeiro evidente: Algumas ações não possuem valor financeiro evidente, como adoção, regulamentação de visitas, retificação de registro civil. Nestes casos, o CPC recomenda que o próprio peticionante atribua valor fictício para a petição. “Dá-se à causa o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), ‘meramente para fins fiscais’”. PARCELAS VENCIDAS E VINCENDAS • Parcelas vencidas: São prestações, normalmente numa obrigação de natureza contínua, cujos vencimentos já passaram. • Parcelas vincendas: São prestações, normalmente numa obrigação de natureza contínua, cujos vencimentos ainda acontecerão. Você precisa sempre calcular o valor da causa quando houver parcelas vencidas e vincendas. Se houver apenas parcelas vencidas, calcula-se somente em cima delas. Se houver apenas parcelas vincendas, calcula-se somente em cima delas. As parcelas vencidas são sempre calculadas como a soma de sua totalidade. As parcelas vincendas são calculadas de duas formas diferentes: 1. Caso a totalidade das prestações vincendas seja menor que um ano, calcula-se a soma de todas as prestações. 2. Caso a totalidade das prestações vincendas seja maior que um ano ou por tempo indeterminado, calcula-se por meio de 12x o valor da prestação. Exemplo 2: Digamos que a ação em questão tenha o objetivo de pedir uma aposentadoria no valor de R$ 2 mil. Pela data de entrada no requerimento, o cliente tem direito a 10 parcelas vencidas. • Parcelas vencidas → 10 x R$ 2 mil = R$ 20 mil (juros + correção monetária); • Parcelas vincendas (afinal, a aposentadoria durará para o resto da vida) → 12 x R$ 2 mil = R$ 24 mil. • Valor da causa total → R$ 20 mil (+juros e correção) + R$ 24 mil = R$ 44 mil. Exemplo 2: Digamos que a ação em questão tenha o objetivo de pedir um auxílio doença no valor de R$ 3 mil mensal. Pela data de entrada no requerimento, o cliente tem direito a 4 parcelas no total, tendo 2 delas já vencido. • Parcelas vencidas → 2 x R$ 3 mil = R$ 6 mil (juros + correção monetária); • Parcelas vincendas (há apenas mais 2 parcelas) → 2 x R$ 3 mil = R$ 6 mil. • Valor da causa total → R$ 6 mil (+juros e correção) + R$ 6 mil = R$ 12 mil. 1.11. CUMPRIMENTOS DE ESTILO Pela tradição, usa-se um pequeno texto ao final das petições: “Nestes termos, Pede e espera deferimento.” Normalmente, põe-se isso de forma centralizada na página. 1.12. ELEMENTOS FINAIS Tudo que precisa ser colocado ao final da petição. LOCAL E DATA “Sobral-CE, aos 15 de fevereiro de 2021” NOME E ASSINATURA “TÍCIO DA SILVA SILVEIRA Advogado OAB/CE n° 12.345” Atenção: No exame da ordem as peças não podem ser identificadas. Então não coloque seu nome nem nome de qualquer personagem fictício. Em vez disso, escreva assim: “ADVOGADO OAB/UF n° XXXXX” ROL DE TESTEMUNHAS Ponha um número e um espaço para nome e documentos da testemunha: “1. Nome: _______________________ RG/CPF: _____________________ Endereço: ____________________” LISTA DE ANEXOS Na OAB, esta lista não é exigida. Mas nesta disciplina é fundamental aprender quais são os documentos indispensáveis para a propositura da ação. 1. Documentos de permissão em caso de pessoa física ou jurídica • Procuração Ad Judicia ou substabelecimento • Declaração de pobreza (quando houver hipossuficiência); • Comprovante das custas processuais pagas (quando não for caso de gratuidade); 2. Documentos de identificação em caso de pessoa física • Cópia simples do RG; • Cópia simples do CPF; • Cópia simples de comprovante de residência (preferencialmente uma conta de água ou luz em nome do autor); 3. Documentos de identificação em caso de pessoa jurídica • Cópia simples do Contrato Social da empresa (Atos Constitutivos); 4. Provas • Documentos em geral; • Fotos; • Notas fiscais; • Conversas de mídias sociais; • Troca de e-mails; • Protocolos de atendimento; • Gravação de áudio; Muito cuidado e muita atenção: o ônus da prova, em regra, cabe a quem acusa. Logo, ao autor (Art. 373, I, do CPC)! Caso, ao final do processo, o juiz fique em dúvida, essa dúvida favorecerá o réu! 1.13. DICAS EXTRAS PEDIDOS CUMULATIVOS, ALTERNATIVOS E SUBSIDIÁRIOS Existe a possibilidade de realizar mais de um pedido em uma petição. Quando há muitos pedidos, eles podem ser cumulativos, alternativos e subsidiários: • Pedidos cumulativos: São todos desejados pelo autor, de forma conjunta. Ex: ao pedir indenizações por danos morais e danos materiais, o autor faz pedidos cumulativos. Neste caso, o valor da causa precisa corresponder à soma de todos eles. • Pedidos alternativos: Aqui, o autor não deseja todos, mas apenas um deles. Ex: o autor pede um notebook novo, em perfeitas condições de uso, ou a restituição do valor pago pelo notebook danificado. Nestecaso, valor da causa deve considerar apenas o valor do pedido mais alto; • Pedidos subsidiários: Aqui, o autor tem uma preferência entre os pedidos. Porém, para evitar o risco de não receber nada, expõe ao juiz um pedido “reserva”, que deve ser concedido somente na impossibilidade de concessão do pedido principal. Ex: o autor pede para seu cliente uma aposentadoria por invalidez (pedido principal). Porém, caso o juiz entenda que o cliente não tem direito à aposentadoria, pede que seja restabelecido o benefício de auxílio-doença anterior (pedido subsidiário). Neste caso, o valor da causa deve considerar apenas o valor do pedido principal. A MENSURAÇÃO DO DANO MATERIAL E DO DANO MORAL Como medir o dano material? Lembre-se: dano material = danos emergentes + lucros cessantes. • Danos emergentes = tudo que a parte efetivamente (precisa ser provado) perdeu. • Lucros cessantes = tudo que a parte razoavelmente (não pode “forçar a barra”) deixou de lucrar. Neste ponto é estratégico criar tabelas que expliquem detalhadamente os valores que correspondem aos prejuízos. Exemplo: Prejuízo Valor Matrícula no curso fraudulento R$ 2.000,00 18 mensalidades do curso fraudulento R$ 18.000,00 Pagamento do diploma falso R$ 4.000,00 TOTAL R$ 24.000,00 Como medir o dano moral? Não existe na lei uma regra para determinar valores de indenização por danos morais. A maior parte dessas noções está contida na doutrina. Existem 3 critérios principais para estipular o dano moral: 1. Não pode ser um valor baixo demais a ponto de se tornar vantajoso para o réu continuar praticando o mesmo ato ilícito; 2. Não pode ser um valor alto demais a ponto de gerar enriquecimento ilícito à parte lesada; 3. No final, o valor deve servir para reparar os danos. O dinheiro não apaga a dor, mas serve para minimizá-la. Dica 1: Observe eventual dano material envolvido no caso. Recomenda-se que o valor do dano moral não seja muito distante do valor do dano material. Dica 2: Observe quais foram os bens jurídicos ofendidos. Bens disponíveis (patrimônio, honra, privacidade), quando violados, geram indenizações inferiores à violação de bens indisponíveis (vida, liberdade, integridade física). Dica 3: Atenção à capacidade econômica das partes. Pedir uma indenização de um milhão contra um empregado doméstico é completamente sem sentido. Por outro lado, esse valor pode ser irrisório se for pedido contra Mark Zuckerberg. Dica 4: A jurisprudência pode ser muito útil para estipular noções de valor de indenização a pedir. Atente-se para os valores aproximados das condenações em casos semelhantes. Não esqueça: independentemente do valor que for requerido a título de danos morais, é necessário explicar o valor pretendido. Quando se pode dizer que houve dano moral? Somente em casos em que há a violação a algum direito da personalidade (honra, privacidade, liberdade, nome, imagem etc). EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE ENRICO RICARDO CORDEIRO PASSOS, brasileiro, casado, autônomo, portador de RG 200428673891 SSP/CE e de CPF n° 201.235.678-42, com endereço eletrônico enricorcp@yahoo.com.br, residente e domiciliado na Rua Portal de Alencar, 332, Centro, Sobral-CE, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, ajuizar a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO c/c PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Em face de PIM/SA, pessoa jurídica de direito privado registrada sob o CNPJ n° 49.024.632/0001-84, com sede na Av. Moreira Dias, n° 3333, Centro, São Paulo – SP, com fundamento nos arts. 319 e ss do CPC, bem como dos arts. 6º e ss do CDC e arts. 186 e 927 do CC, pelas razões de fato e de direito a seguir narradas: I. DOS FATOS O autor foi, em 15/01/2019, até o Banco PNG, para obter empréstimo no valor de R$ 5.000,00, para comprar as ferramentas necessárias para uma pequena oficina de máquinas de costura. Depois das exigências do Banco, onde o autor já havia superado todas, foi surpreendido com a negativação da concessão do numerário almejado. Ao indagar, junto à gerência, o motivo de o Banco não liberar o empréstimo, mais uma vez foi surpreendido com a informação de que em seu nome havia restrição junto ao Serviço de Proteção ao Crédito. Pediu ao funcionário do Banco que lhe desse tal informação por escrito, pois tinha certeza de que não devia nada a ninguém, senão seria desprovido de vergonha em querer um empréstimo, sabendo das normas do Banco, e em seguida passar por uma vergonha sem valores para o respeito, que até então havia conquistado junto àquela instituição. mailto:enricorcp@yahoo.com.br O documento, que o autor recebeu do Banco, traz a informação de que seu nome consta no rol dos inadimplentes por atraso no pagamento de conta telefônica, datada de 03/03/2018 e com valor facial de R$ 434,50, como empresa a parte ré. Ocorre que o autor nunca ficou devendo nenhuma conta para a ré, e que ao buscar explicações junto à empresa ré foi informado que houve um erro de comunicação junto ao órgão de proteção ao crédito, porém que caberia a ele providenciar a retirada do seu nome do rol dos inadimplentes. Indignado, o autor exigiu que retirassem seu nome daquela lista, obtendo a resposta de que fariam, mas isto levaria tempo. Assim o autor teve seu nome negativado, sem dever nada a ninguém, por um período de trinta e cinco dias, e neste período teve prejuízos incalculáveis para a sua realidade econômica. É o relato. Passemos à análise jurídica. II. DO DIREITO 2.1. Do pedido de justiça gratuita Assim diz o Código de Processo Civil sobre a possibilidade de beneficiar-se com a justiça gratuita: Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. Com efeito, o legislador brasileiro garantiu a qualquer pessoa que não tenha como pagar as custas processuais a possibilidade de se beneficiar com a gratuidade judiciária. No presente caso, o autor é pobre na forma da lei, conforme declaração em anexo (doc. 3), uma vez que não recebe renda suficiente para arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento. Assim sendo, o benefício da justiça gratuita deve ser concedido ao autor, por ser medida de direito. 2.2. Da aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor Assim versa o Código de Defesa do Consumidor quanto à sua aplicabilidade: Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Como se percebe, o legislador determinou a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor a todo caso que envolva relação de consumo. No presente caso, há claramente uma relação de consumo, uma vez que o autor se encaixa na descrição de consumidor dada pelo art. 2º acima colacionado. Portanto, conclui-se que o Código de Defesa do Consumidor é plenamente aplicável à presente lide. 2.3. Da inversão do ônus da prova em desfavor do réu Sobre a possibilidade de inversão do ônus da prova, assim versa o CDC: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Como se percebe, desde que se trate de relaçãode consumo, havendo hipossuficiência de informações por parte do consumidor ou mesmo verossimilhança em suas alegações, pode o juiz inverter o ônus da prova em desfavor do réu. É o presente caso. O autor não dispõe das informações cadastrais dele no próprio sistema da empresa, o que torna imperioso que a parte ré comprove o inadimplemento que alega por meio dos contratos supostamente em aberto. Assim, deve o ônus da prova ser invertido em desfavor do réu. 2.4. Do ato ilícito praticado pelo réu Sobre o ilícito civil, assim dispõe o Código Civil: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Como se percebe, o legislador brasileiro conceituou como ato ilícito a ação ou omissão praticada por alguém com o objetivo de gerar dano a outrem ou, mesmo sem o objetivo, quando, por culpa, também for causada lesão a alguém – mesmo que se trate de lesão moral. No presente caso, a parte ré expôs o nome do autor no rol de maus pagadores mesmo isso sendo uma grande inverdade, uma vez que, como já foi dito, todas as dívidas que o autor teve com a ré estão devidamente quitadas (comprovantes de pagamento em anexo). Logo, o ato praticado pela ré causa imenso dano à imagem do autor, motivo pelo qual pode ser identificado como ato ilícito. 2.5. Dos danos morais sofridos pelo autor Todo dano precisa de reparação, inclusive o dano moral. Assim diz o CC acerca da reparação dos danos: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Como se percebe, o legislador determina a necessidade de reparar os danos causados por ato ilícito, ainda que sejam exclusivamente morais. No presente caso, houve evidente dano moral, uma vez que a imagem e a reputação do autor foram violados, ambos direitos de personalidade. Sequer seria necessário comprovar o dano moral, uma vez que negativação indevida é considerada pela jurisprudência dominante hipótese de dano moral in re ipsa. Assim sendo, resta apenas informar o montante adequado para a reparação dos danos morais sofridos. Obedecendo os critérios impostos pela doutrina como dosadores da reparação moral, entende este causídico que o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) é suficiente e adequado a título de indenização. Isto porque o valor mencionado é alto o bastante para criar desestímulo à conduta da parte ré, sem possuir patamar exagerado a ponto de gerar enriquecimento ilícito, e pode ser avaliado como adequado para mitigar os danos e a angústia sofridos pelo autor. Portanto, a título reparatório dos danos morais sofridos, é imperioso que a parte ré seja condenada a pagar o montante informado. 2.6. Da tutela de urgência: necessidade de concessão de tutela antecipada Assim versa o Código de Processo Civil sobre a concessão de tutela de urgência: Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. (...) § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. Como se percebe, nas situações em que o direito for bastante provável e houver alto perigo de dano ou risco ao resultado final do processo, é admissível a concessão de tutela de urgência em caráter liminar. No presente caso, a continuidade da negativação no nome do autor está constantemente causando-lhe danos à imagem, piorando a situação a cada dia. Isso confirma o perigo de dano, cada vez maior. A probabilidade do direito, por sua vez, é confirmada por todos os comprovantes de pagamento das contas anexados à presente. Portanto, é imperioso que Vossa Excelência imponha, a título de medida liminar, a antecipação parcial dos efeitos da tutela a fim de que a parte imediatamente retire o nome do autor do rol de inadimplentes. III. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, é a presente para requerer o que segue: a) Seja recebida e processada a presente ação pelo procedimento comum, nos termos do art. 319 e ss do CPC; b) Seja concedido o benefício da justiça gratuita ao autor, por ser este pobre na forma do art. 98 do CPC; c) Seja concedida, inaudita altera pars, a título de medida liminar, tutela de urgência antecipada obrigando-se a parte ré à imediata retirada do nome do autor do rol de inadimplentes, nos termos do art. 300 do CPC; d) Seja a parte ré citada no endereço informado para que tome ciência da ação e possa se manifestar, nos termos da lei; e) Seja designada audiência de conciliação, por se tratar a demanda de matéria de fácil composição e de direito disponível; f) Não havendo composição amigável, seja desde já designada audiência de instrução, para que possam ser produzidas as provas ao final mencionadas; g) Ao fim, seja a parte ré condenada ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por danos morais, pelos motivos já expostos; h) Seja ainda a parte ré condenada ao pagamento das custas processuais e dos honorários sucumbenciais, na forma da legislação vigente. Pretende provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, em especial pelas provas documentais acostadas à presente, pelo depoimento pessoal do autor, pela confissão do réu e pela oitiva das testemunhas ao final arroladas. Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Nestes termos, Pede e espera deferimento. Sobral-CE, aos 15 de fevereiro de 2021. ADVOGADO OAB/UF n° XXXXX Rol de testemunhas: 1. ________________________ 2. ________________________ Lista de documentos anexos: 1. Procuração ad judicia; 2. Declaração de pobreza; 3. Cópia simples do RG do autor; 4. Cópia simples do CPF do autor; 5. Cópia simples de comprovante de endereço do autor; 6. Consulta do CPF do autor com a negativação; 7. Cópia simples dos comprovantes de pagamento das contas; 8. Comunicado do banco negando o empréstimo por causa da negativação; 9. Protocolo de todos os telefonemas para a parte ré; 2. ESPELHOS DE CORREÇÃO – PETIÇÃO INICIAL CASO 1B – MARIANO x SPROW • Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE • Autor: MARIANO ROSA MENDONÇA, (qualificação), neste ato representado por seu genitor, ABDIAS RIPARDO MENDONÇA, (qualificação); • Réu: SPROW COMÉRCIO DE BRINQUEDOS LTDA, (qualificação); • Identificação da Peça: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTES DE FATO DO PRODUTO; • Fundamento legal: Art. 319 do CPC; Arts. 186 e 927 do CC; Art. 12 do CDC; • Fundamento jurídico 1 – Da aplicabilidade do CDC: Trata-se de uma relação de consumo; A criança é consumidora nos termos do art. 17 do CDC; • Fundamento jurídico 2 – Inversão do Ônus da Prova: Por ser uma relação de consumo, pode-se pedir a inversão do ônus da prova com base no art. 6º, VIII, do CDC; • Fundamento jurídico 3 – Da inocorrência de prescrição: O autor é menor impúbere, contra quem não corre a prescrição, nos termos do art. 198, I, CC; • Fundamento jurídico 4 – Responsabilidade por fato do produto: Art. 12 do CDC; Danos à saúde; • Fundamento jurídico 5 – Indenização por danos materiais: R$ 2.500,00 dos tratamentos médicos; • Fundamento jurídico 6 – Indenização por danos morais: ~R$ 50.000,00 pelos transtornos fisiológicos e principalmente psicológicos; violação a direitos de personalidade, nos termos do art. 12 CC; • Valor da causa: Soma do dano material + dano moral; R$ 52.500,00; Lista de anexos: - Procuração - Custas processuais - RG, CPF e comprovante de residência do autor - Nota fiscal do produto - Laudo médico - Prontuário dohospital - Rótulo do produto CASO 1C – LUIZ ANTÔNIO x ADÃO SANTOS • Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE • Autor: LUIZ ANTÔNIO SILVA, (qualificação); • Réu: ADÃO SANTOS, (qualificação); • Identificação da Peça: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS • Fundamento legal: Art. 319 do CPC; Arts. 186 e 927 do CC; Art. 28 do CTB; • Fundamento jurídico 1 – Da competência do foro: Art. 53, V, do CPC; • Fundamento jurídico 2 – Ato ilícito praticado pelo réu: Art. 186 e 927 do CC; Arts. 34 e 44 do CTB; • Fundamento jurídico 3 – Da inocorrência de prescrição: O autor é menor impúbere, contra quem não corre a prescrição, nos termos do art. 198, I, CC; • Fundamento jurídico 4 – Dos danos materiais: Art. 402 do CC; R$ XXXXX • Fundamento jurídico 5 – Indenização por danos morais: Art. 5º, V, CF; Art. 944 do CC; ~R$ 10.000,00; • Valor da causa: Soma do dano material + dano moral; R$ XXXXXXX; Lista de anexos: - Procuração - Custas processuais - RG, CPF e comprovante de residência do autor - DUT do veículo - Relatório de avarias por autoridade policial - Orçamento do conserto do automóvel - Auto de infração de trânsito - Fotos do acidente - Vídeo das câmeras de segurança CASO 1D – RICARDO x VIOLETA • Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE • Autor: RICARDO ERICK CORDEIRO PASSOS, (qualificação); • Ré: VIOLETA GENTIL ABRAVANEL, (qualificação); • Identificação da Peça: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS • Fundamento legal: Art. 319 do CPC; Arts. 186 e 927 do CC; Art. 252, V, do CTB; • Fundamento jurídico 1 – Ato ilícito praticado pelo réu: Art. 186 e 927 do CC; Art. 252, V, do CTB; • Fundamento jurídico 2 – Dos danos materiais: Art. 402 do CC; R$ 10.000,00 • Fundamento jurídico 3 – Indenização por danos morais: Art. 5º, V, CF; Art. 944 do CC; R$ 10.000,00; • Valor da causa: Soma do dano material + dano moral; R$ 20.000,00; Lista de anexos: - Procuração - Custas processuais - RG, CPF e comprovante de residência do autor - DUT do veículo - Boletim de Ocorrência n° 17569185 - Orçamento do conserto do automóvel - Fotos do acidente - Vídeo das câmeras de segurança CASO 1E – LUIZ ANTÔNIO SILVA x VIATUR E VOEBEM • Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE • Autor: LUIZ ANTÔNIO SILVA, (qualificação); • Réus: VIATUR, (qualificação); VOEBEM, (qualificação); • Identificação da Peça: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS • Fundamento legal: Art. 319 do CPC; Arts. 186 e 927 do CC; Art. 737 do CC; Art. 20 do CDC; • Fundamento jurídico 1 – Do litisconsórcio passivo: Ambas as empresas eram responsáveis pelo pacote; • Fundamento jurídico 2 – Da aplicabilidade do CDC: Trata-se de uma relação de consumo; Arts. 2º e 3º do CDC; • Fundamento jurídico 3 – Inversão do Ônus da Prova: Por ser uma relação de consumo, pode-se pedir a inversão do ônus da prova com base no art. 6º, VIII, do CDC; • Fundamento jurídico 4 – Dos danos materiais: Art. 402 do CC; Requer um ressarcimento proporcional, já que o autor gozou de apenas 6 dos 10 dias contratados; requer 40% do valor contratado como reembolso; R$ 1.800,00 (+correção monetária + juros); • Fundamento jurídico 5 – Indenização por danos morais: Dano moral in re ipsa; Uso de jurisprudência; Art. 5º, V, CF; Art. 944 do CC; R$ 10.000,00; • Valor da causa: Soma do dano material + dano moral; R$ 11.800,00; Lista de anexos: - Procuração - Custas processuais - RG, CPF e comprovante de residência do autor - Recibo do valor pago - Carnê das prestações do pacote - Flyer com as informações da promoção - Check-in e check-out do hotel - Passagens aéreas CASO 1F – ANTÔNIO AUGUSTO x MAXTV • Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE • Autor: ANTÔNIO AUGUSTO, (qualificação); • Réu: MAXTV, (qualificação); • Identificação da Peça: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTE DE VÍCIO DO PRODUTO • Fundamento legal: Art. 319 do CPC; Arts. 186 e 927 do CC; Art. 18 do CDC; • Fundamento jurídico 1 – Da aplicabilidade do CDC: Trata-se de uma relação de consumo; Arts. 2º e 3º do CDC; • Fundamento jurídico 2 – Competência do juízo: Art. 101, I, do CDC; • Fundamento jurídico 3 – Inversão do Ônus da Prova: Por ser uma relação de consumo, pode-se pedir a inversão do ônus da prova com base no art. 6º, VIII, do CDC; • Fundamento jurídico 4 – Responsabilidade por vício do produto: Art. 18 do CDC; • Fundamento jurídico 4 – Dos danos materiais: Art. 402 do CC; R$ XXXXX de prejuízo de todos os aparelhos danificados; • Fundamento jurídico 5 – Indenização por danos morais: Art. 5º, V, CF; Art. 944 do CC; R$ 10.000,00; • Valor da causa: Soma do dano material + dano moral; R$ XXXXXX; Lista de anexos: - Procuração - Custas processuais - RG, CPF e comprovante de residência do autor - Nota fiscal do produto - Ordem de serviço dos produtos avariados - Fotos da explosão CASO 1G – EDUARDO FRANCISCO x RONALDO CARNEIRO • Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOBRAL-CE • Autor: EDUARDO FRANCISCO, (qualificação); • Réu: RONALDO CARNEIRO, (qualificação); • Identificação da Peça: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS • Fundamento legal: Art. 319 do CPC; Arts. 186 e 927 do CC; Art. 28 do CTB; • Fundamento jurídico 1 – Gratuidade judiciária: Art. 98 CPC; • Fundamento jurídico 2 – Ato ilícito praticado pelo réu: Arts. 186 e 927 do CC; Art. 28 do CTB; • Fundamento jurídico 3 – Dos danos materiais: Art. 402 do CC; R$ 4.000,00 (+ juros e correção); • Fundamento jurídico 4 – Indenização por danos morais: Art. 5º, V, CF; Art. 944 do CC; R$ 50.000,00, vez que o autor ficou aposentado por invalidez em decorrência do fato; • Valor da causa: Soma do dano material + dano moral; R$ 54.000,00; Lista de anexos: - Procuração - Declaração de hipossuficiência - RG, CPF e comprovante de residência do autor - DUT da moto - Boletim de ocorrência - Fotos do acidente - Notificação extrajudicial 3. CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO Contestação: Serve para realizar a defesa de mérito contra o ataque feito pelo autor. Reconvenção: Serve para demonstrar que há um dano a ser reparado em nome do próprio réu. 3.1. CONTESTAÇÃO Fundamento legal: Art. 335 do CPC; Prazo: 15 dias a contar da audiência de conciliação ou da manifestação em desfavor da ocorrência da audiência de conciliação. Atenção: como há prazo processual, é sempre interessante usar o tópico da tempestividade dentro do Direito da contestação. Cabimento: Quando for necessário fazer defesa de mérito contra uma petição inicial; Endereçamento: Ao juiz incumbido de julgar aquele processo; Instrumentalidade: Nos autos do processo; Verbo: Apresentar; oferecer; Valor da causa: Não tem; somente em petições iniciais e reconvenções; é possível, contudo, impugnar o valor da causa no direito, caso o valor apresentado pelo autor seja incompatível; 3.1.1. ESTRATÉGIAS DE CONTESTAÇÃO Conteste, preferencialmente, TODOS OS TÓPICOS que foram apresentados na petição inicial. Se autor na petição inicial expôs o direito em 5 tópicos, por exemplo, você tem potencialmente 5 tópicos para contestar; Cada argumento SEMPRE pode ter um contra-argumento – ainda que seja meramente formal. Argumento do Autor Contra-argumento do Réu Da justiça gratuita Impugnação à justiça gratuita – autor não é pobre na forma da lei Da inversão do ônus da prova Da improcedência da inversão do ônus probatório – ausência de verossimilhança no alegado Da improcedência da inversão do ônusprobatório – autor não é hipossuficiente Da ocorrência de prescrição Da inocorrência de prescrição – causa interruptiva de prazo Da ocorrência de ato ilícito por parte do réu Da excludente de ilicitude – exercício regular de direito Do dano material sofrido pelo autor Da ausência de nexo causal entre conduta do réu e dano do autor Do dano moral sofrido pelo autor Da ausência de dano moral – mero aborrecimento do autor Da inexistência de violação a direito de personalidade [Tese subsidiária] Valor da indenização exageradamente alto Da tutela de urgência antecipada Da ausência dos requisitos para concessão de tutela antecipada 3.1.2. COMO DIFERENCIAR UM PEDIDO DE CONTESTAÇÃO DE UM PEDIDO DE RECONVENÇÃO Em regra, o pedido de reconvenção por si só autorizaria ajuizar uma ação contra o autor. Observação: É possível pedir condenação por litigância de má-fé na Contestação (art. 80 do CPC); Isso não é Reconvenção!! 3.1.3. O QUE ESCREVER NA CONTESTAÇÃO? Da mesma forma que, numa peça adutória (em que se aduz alguma coisa), você pode traçar o caminho argumentativo em 5 passos (introdução, citação, explicação, adequação e conclusão), numa peça contestatória (em que se contesta alguma coisa), o caminho argumentativo que se segue possui 8 passos. Os passos da argumentação negativa (método dos 8 passos): 1. Introdução do argumento a refutar 2. Citação do argumento a refutar 3. Negação do argumento 4. Introdução do argumento a defender 5. Citação do fundamento do argumento a defender 6. Explicação da citação do argumento a defender 7. Adequação da citação ao caso concreto 8. Conclusão EXEMPLO 1 1. Introdução do argumento a refutar Diz o autor que é pobre na forma da lei e que por isso deve ser beneficiado com a justiça gratuita. Assim diz o autor em sua petição inicial: 2. Citação do argumento a refutar “O autor é pobre na forma da lei, uma vez que é incapaz de custear o processo sem prejuízo seu e de sua família” (p. 3) 3. Negação do argumento Ocorre, Excelência, que tal alegação não poderia ser mais descabida. O autor é, na verdade, vereador na presente cidade, e, assim, não pode alegar pobreza. 4. Introdução do argumento a defender Em relação à possibilidade de impugnação da justiça gratuita, assim diz o CPC: 5. Citação do fundamento do argumento a defender “Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso.” 6. Explicação da citação do argumento a defender Como se percebe, o legislador abriu espaço para a parte contrária se pronunciar sobre o pedido de gratuidade judiciária do autor. 7. Adequação da citação No presente caso, é o que se impõe, uma vez que, como informado, o autor não é hipossuficiente nos termos da lei. 8. Conclusão Assim sendo, conclui-se que deve ser revogado o direito à justiça gratuita ao autor. EXEMPLO 2 1. Introdução do argumento a refutar Diz o autor que o réu praticou ato ilícito, conforme se demonstra adiante 2. Citação do argumento a refutar “Percebe-se, Excelência, que o réu portanto praticou ato voluntário que violou direito do autor e causou- lhe danos consideráveis, o que configura, nos termos do artigo mencionado, um ato ilícito indenizável” (p. 4) 3. Negação do argumento Ocorre, Excelência, que o autor convenientemente parece ter esquecido um mandamento importante da legislação cível. 4. Introdução do argumento a defender Assim diz o Código Civil sobre as hipóteses de exclusão da ilicitude: 5. Citação do fundamento do argumento a defender “Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;” 6. Explicação da citação do argumento a defender Como se percebe, o legislador brasileiro previu como excludente de ilicitude qualquer ato que esteja previsto no ordenamento como direito da parte. 7. Adequação da citação No presente caso, o réu limitou-se a inscrever o nome do autor no rol de inadimplentes, o que é um direito amplamente permitido quando da hipótese de inadimplemento contratual. 8. Conclusão Não há, portanto, qualquer ilicitude no comportamento da parte ré, uma vez que age amparada por excludente de ilicitude. 3.2. RECONVENÇÃO Fundamento legal: Art. 343 do CPC; Prazo: O mesmo da contestação (afinal, é protocolado junto com ela); Cabimento: Quando houver pretensão do réu a satisfazer; Endereçamento: Ao mesmo juiz incumbido de julgar aquele processo; Instrumentalidade: Nos autos do processo, junto com a contestação, na mesma peça; Verbo: Os mesmos da contestação; Valor da causa: Mesma lógica da petição inicial (Art. 292 do CPC). É necessário recolher custas. Dicas: A reconvenção se assemelha muito à petição inicial;