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GEOGRAFIA DO BRASIL PROFESSOR Dr. Roberson Miranda de Souza ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3041 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. SOUZA, Roberson Miranda de. Geografia do Brasil. Roberson Miranda de Souza. Maringá - PR.: Unicesumar, 2021. Reimpresso em 2024. 192 p. “Graduação - EaD”. 1. Geografia 2. Brasil. EaD. I. Geografia do Brasil. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Priscilla Campiolo Manesco Paixão Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Lavignia da Silva Santos Piera Consalter Paoliello Design Educacional Giovana Vieira Cardoso Revisão Textual Sarah Cocato Ilustração Natalia de Souza Scalassara Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 910.981 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-273-8 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Head de Produção de Conteúdo Franklin Portela Correia Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Dr. Roberson Miranda de Souza Possui Graduação em Licenciatura Plena em Geografia, Mestrado em Geografia (Análise Am- biental e Regional) e Doutorado em Geografia (na área de Paisagem Cultural) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Trabalhou por mais de uma década na Faculdade de Jandaia do Sul (FAFIJAN) como professor adjunto no curso presencial de Geografia, atuando nas disciplinas de Introdução ao Pensamento Geográfico, Geomorfologia, Geologia e Estágio Supervisionado em Geografia. Ministrou aulas no curso de Biologia nas disciplinas Elementos de Paleontologia e Geologia Geral. Esteve na direção da Revista Geojandaia (2011-2013). Colaborou na Pós-Gra- duação em Geografia. Trabalha como professor na Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED), desde 2005, com ensino de Geografia para o Fundamental e Médio, deste modo, dispõe de larga experiência. É revisor do periódico científico Perspectivas Contemporâneas, do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão. Possui variados artigos científicos publicados sobre Geografia, Meio Ambiente e Paisagem, apresentou trabalhos, palestras, participou de entrevistas, mesas redondas, programas e comentários na mídia, orientações e supervisões de monografias de conclusão de curso de aperfeiçoamento/especialização e iniciação científica. Participou e organizou eventos, participou de bancas de trabalhos de conclusão e foi supervisor na escola do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/UEM/2018, financiado pelo CNPq. http://lattes.cnpq.br/5994441100893973 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A GEOGRAFIA DO BRASIL A Geografia do Brasil é encantadora e, ao mesmo tempo, desafiadora. Esse livro trata dos temas centrais e básicos para quem se dispõe a compreender a dinâmica da Geografia Re- gional desse vasto território. Serão cinco unidades intencionalmente divididas para enfocar a abordagem do ciclo de aprendizagem conectado ao desenvolvimento de competências próprias da área de formação. A Unidade I tem como título “A Construção Histórica do Território Brasileiro”. Trata da for- mação da matriz étnica indígena, a chegada dos portugueses e o início da construção do território nacional. Os tratados e definição de fronteiras são abordados também. Prossegue com a independência do Brasil e os processos de consolidação da unidade territorial, com destaque para os conflitos e tensões desse importante período. Segue mostrando os reflexos da Proclamação da República e a organização dos poderes que refletiram na divisão da espa- cialidade nacional. Essa unidade se fecha ao discutir os grandes ciclos econômicos do Brasil. Na Unidade II, regionalizar é dividir para melhor administrar. O processo de regionalização brasileira será analisado. O IBGE realizou diversas regionalizações até chegar ao modelo atual. Para compreendê-las, faz-se necessário analisar a formação e a caracterização no processo histórico do uso e ocupação, as redes de infraestrutura, economia, transportes e o PIB em comparação ao quadro nacional. Para ampliar a compreensão desta abordagem, partiremos D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O das regiões geoeconômicas e os complexos regionais: Nordeste, Centro-Sul e Amazônia. Analisa-se os aspectos da economia urbano-industrial que se acha avultada na Região Su- deste desde o início da industrialização brasileira e que, atualmente, desconcentrou-se. Por fim, nessa unidade, torna-se virtuoso compreender o planejamento regional e a integração territorial e econômica. A Unidade III apresenta, de forma introdutória, as bases físicas do Brasil. Trabalha as estruturas geológicas do território brasileiro, os escudos cristalinos, as bacias sedimentares e as depres- sões. Prossegue com o entendimento da classificação do relevo brasileiro na visão de autores que são referência em variados momentos: Aroldo de Azevedo, Aziz Ab’Saber e Jurandyr Ross. Sempre procurando uma melhor compreensão das bases físicas, essa unidade mostra as principais bacias hidrográficas e o uso da água no Brasil; o clima brasileiro e a influência das massas de ar; os recursos naturais, os principais existentes no Brasil e a sua distribuição.Aliado a esse assunto, é importante conhecer as fontes de energia disponíveis no território. Na Unidade IV, os domínios morfoclimáticos do Brasil são mostrados a partir do domínio das terras baixas florestadas da Amazônia e sua grande área de ocupação, suas características e os destaques de domínio; do domínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste e toda a sua singularidade; do domínio dos chapadões que dão o caráter do Brasil central e as peculiaridades do cerrado. Ab’Saber considera o clima em destaque e a vegetação como a síntese da paisagem. Tem-se, também, o domínio dos mares de morro como marca da A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A paisagem natural da Região Sudeste; o charme e a beleza cênica do planalto das araucárias presente no Sul do país; no Rio Grande do Sul, as pradarias associadas à cultura gaúcha. Na análise dos domínios morfoclimáticos, nota-se as áreas de transição que indicam a passagem de um regime climático para outro, dado o tamanho do território. Na Unidade V, como último conteúdo abordado, mas não menos importante que os demais, trataremos da população brasileira. Essa unidade mostra as matrizes étnicas e as discussões de aspecto demográfico; a cultura e o regionalismo no Brasil; os dados da configuração eco- nômica refletida na população, IDH, Índice de Gini, as desigualdades regionais, a pobreza e a exclusão social; por fim, a desigualdade de gênero em relação às disparidades entre homem e mulher no mercado de trabalho; e as políticas públicas recentes de inclusão social, como Pronaf, Fome Zero, Jovem Aprendiz e Carteira de Trabalho Verde e Amarela. ÍCONES Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes on-line e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati- vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO 10 AS REGIÕES E A REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL 52 90 AS BASES FÍSICAS DO BRASIL 128 OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL 154 A POPULAÇÃO BRASILEIRA E A DIVERSIDADE CULLTURAL DO BRASIL 185 CONCLUSÃO GERAL 1 A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • As Grandes Navegações e o Processo de Colonização do Brasil • A Construção do Território Nacional: ocupação e povoamento • A Independência do Brasil e os Processos de Consolidação da Unidade Territorial • A Proclamação da República e a Nova Divisão Político-Administrativa do Brasil • Os Grandes Ciclos Econômicos do Brasil. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer a matriz étnica indígena e a chegada do branco europeu • Compreender os tratados de definições das fronteiras e o início da ocupação portuguesa • Identificar a relação existente entre a independência e os variados conflitos relacionados à consolidação das novas fronteiras • Conhecer a nova divisão político-administrativa baseada em estados, municípios e nos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. • Compreender a importância dos ciclos: pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro, al- godão, borracha e café. PROFESSOR Dr. Roberson Miranda de Souza INTRODUÇÃO Olá, estudante, tudo certo com você? Bem-vindo(a) aos estudos da Geografia do Brasil! Para compreendermos a complexidade do nosso território, das regiões, cultura e paisagens, é importante fazer uma retrospectiva histórica, lançar o olhar para o passado para compreender o mosaico do presente. A construção histórica do Brasil é magnífica. O processo de coloniza- ção, a ocupação e o povoamento, o processo de independência, a República e os grandes ciclos da economia: tudo isso reflete na realidade atual. De que maneira? No Brasil de hoje, encontramos áreas naturais, partes do território marcadas pela técnica, como pontes e estradas rústicas e centros financeiros, como a cidade de São Paulo, onde há muita tecnologia. No primeiro tópico, direcionamos nossa atenção para os povos pré- -colombianos, nossa matriz indígena. O que ocorreu com eles? Como está a situação atualmente? Qual é a grande contribuição desses povos para a nação? Em quais regiões os traços indígenas são mais acentuados? A construção do território brasileiro se deu por ocupação e povoamen- to. Acordos internacionais entre portugueses e espanhóis foram feitos. Você sabe a importância do Tratado de Tordesilhas? Do Tratado de Madrid? Em paralelo aos acordos, havia o sistema econômico de exploração. O que são as sesmarias? Qual é o significado de capitanias hereditárias? Por que não deu certo? O que restou disso em nossa realidade? E os bandeirantes, por que eles surgem na história? Qual é a sua real contribuição? E os jesuítas? O que eles fizeram de bom? Por fim, nessa abordagem, a introdução dos africanos, fechando a matriz: europeus, indígenas e africanos. Durante o período imperial, a terrível Guerra do Paraguai; durante a República, tratados importantes, como o de Petrópolis, definiram a configu- ração atual dos limites do mapa do Brasil. Não menos importantes, os ciclos econômicos marcaram a atividade econômica na formação do território e do povoamento. Só tem coisa interessante! Vamos lá estudar tudo isso! U N ID A D E 1 12 1 AS GRANDES NAVEGAÇÕES E O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DO BRASIL Descrição da Imagem: nesta figura, aparecem três caravelas, representando o período das Grandes Nave- gações. O mar está calmo, e o céu, parcialmente nublado. Elas estão alinhadas lateralmente e com as velas estendidas, mas não se percebe movimento. Figura 1 - As grandes navegações U N IC ES U M A R 13 As Grandes Navegações e o processo de colonização do Brasil são instigantes. Quando os colonizadores portugueses chegaram, a população indígena era com- posta por milhares de habitantes. O primeiro grupo a estabelecer contato foi o do tronco linguístico Tupi, pois viviam na costa atlântica. No entanto, havia diversas outras etnias espalhadas pelo território. Praticavam a agricultura de diversos vege- tais: mandioca, cará, urucum, amendoim, mamão, abacaxi, guaraná, entre outros. O contato com os colonizadores causou extermínio e provocou significativas mudanças no seu estilo de vida, lembrando que o elemento indígena compõe um dos troncos étnicos dos brasileiros. O censo do IBGE de 2010, disponível em https://censo2010.ibge.gov.br/, identificou, pela primeira vez, o número de etnias e línguas faladas no Brasil: 305 etnias e 274 línguas, sendo a Tikuna a mais falada. Essas etnias estão, hoje, distribuídas pelo território, com maior concentração na Região Norte. O censo de 2010 ainda nos informa que apenas 0,4% da população brasileira é composta por indígenas, um total de 800 mil vivendo no país atualmente. Se- gundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), disponível em https://www.gov. br/funai/pt-br, existem 225 povos indígenas, além das referências de 70 tribos vivendo em locais isolados e que ainda não foram contatadas. Essa história começa com a chegada dos colonizadores, a partir de 1500, o que causou inúmeros conflitos, ocorreram massacres de milhares de indígenas, provocando a escravização dessa população, além da mortecausada por doenças trazidas pelos europeus. Na contemporaneidade, há conflitos motivados pela posse das terras e dos territórios tradicionais, ocasionados pelo avanço da agro- pecuária, construção de rodovias, de hidrelétricas etc. U N ID A D E 1 14 Descrição da Imagem: a imagem mostra três índios enfileirados, vestidos com roupas típicas, usando adornos, colares e cintos coloridos por cima de saias de palha e segurando chocalhos. As cores, as pinturas, os adereços e os rituais fazem parte da identidade cultural dos grupos étnicos, como os indígenas de etnia Pataxó no Brasil. População indígena, a matriz étnica indígena A própria definição “índio” surgiu de um erro histórico, pois Colombo pensava ter chegado à Índia. O fato é que essa definição é genérica, visto que não trata de uma diversidade de povos e línguas. De acordo com Luciano (2006, p. 27), “entre os povos indígenas existem alguns critérios de auto definição mais aceitos, em- bora não sejam únicos e nem excludentes”. Esses critérios estão relacionados à continuidade histórica, como os habitantes originários do continente americano, povos pré-coloniais. São povos que valorizam seu território tradicional, possuem sistemas sociais, econômicos e políticos. A identidade se dá a partir da língua, cultura e crenças definidas e cultivadas. Eles procuram, cada vez mais, uma vin- culação ou articulação com a rede internacional dos povos indígenas. Figura 2 - Índios pataxós U N IC ES U M A R 15 O antropólogo indigenista Darcy Ribeiro é um dos defensores da matriz étnica indígena. Segundo ele, o Brasil pertence a um grupo de nações que sofreu o im- pacto das Grandes Navegações com o processo de miscigenação, dando origem aos povos-novos. O povo brasileiro nasce a partir da junção de matrizes étnicas diferenciadas: indígena, africana e europeia. Diferente dos povos transplantados (que não se misturaram) e dos povos-testemunhos (remanescentes pré-colom- bianos que não se misturaram) (RIBEIRO, 1978). Segundo esse autor, os povos-novos são uma junção da vontade dos coloni- zadores de produzir artigos de exportação. Hoje, está claro que esses povos fazem parte da composição do povo brasileiro. No entanto, é importante ressaltar que os índios não fazem parte apenas do passado, fazem parte do presente e têm muito para contribuir com o desenvolvimento social do Brasil. Os Tupinambá Esse povo vivia no litoral da Bahia. Do tronco linguístico Tupi, foram os primei- ros a ter contato com os colonizadores portugueses. Além disso, a população Tupinambá variava de 200 a 600 indivíduos por aldeia. Eles viviam em malocas, construções que comportavam, em média, seis indivíduos. Eram coletores e ca- çadores e praticavam uma agricultura rudimentar de mandioca. Ocorria uma divisão de trabalho por gênero. Os homens se dedicavam mais à caça e à pesca. A limpeza do terreno para construir a maloca também era trabalho masculino, bem como as queimadas, além dos artefatos de caça e para a guerra que também eram feitos pelos ho- mens. Já a agricultura era praticada pelas mulheres tupinambás, assim como a construção de utensílios domésticos e a preparação dos alimentos que também ficava a cargo delas. U N ID A D E 1 16 Descrição da Imagem:na figura, observamos uma grande cabana, feita com troncos de árvores e coberta com palha ou tronco de palmeira. Nos troncos de sustentação, amarram-se redes de dormir. Figura 3 - Modelo de maloca indígena Fonte: Brasil ([2020], on-line). A chegada do branco europeu, escravização e ex- termínio Os povos indígenas foram os primeiros a serem escravizados. Existiu, durante muitas décadas, o grande equívoco de se afirmar que “o índio não se deu bem ao trabalho”. Equívoco porque a escravidão não é algo a que se adapte. Trabalha-se devido à submissão pela violência e força do colonizador. Os povos que aqui vi- viam “possuíam outro estilo de vida e de trabalho, estavam em seu território, por esse motivo, ao fugir, o índio se camuflava na mata, não era possível recuperá-lo” (LUCIANO, 2006, p. 14). U N IC ES U M A R 17 O aprisionamento gerava respostas dos povos da floresta, guerrilhas, inviabi- lizava o processo de escravidão. Tudo isso fez com que os portugueses achassem outra fonte de mão de obra no continente africano. Houve uma considerável redução dessa população devido ao contato, à invasão das terras e à dominação europeia. A vida mudou radicalmente para eles. Lévi-Strauss, antropólogo fran- cês, afirma que além das doenças trazidas pelos europeus, os massacres foram responsáveis pela grande queda na população indígena. Houve o extermínio de comunidades inteiras “da costa do Atlântico ao Amazonas, os portugueses come- teram um monstruoso genocídio”, que significa o extermínio total ou parcial de um povo (LÉVI-STRAUSS, 1994, p. 13). Alguns conheceram o extermínio somente em meados do século XX, como no Paraná, onde os Xetás foram descobertos na década de 1950, quando a colo- nização chegou às suas terras. De um grupo de duzentos indivíduos, restaram poucos, segundo Fernanda Maranhão no site do MUPA — Museu Paranaense (MARANHÃO, 2020). O índio na contemporaneidade É preciso superar uma visão estereotipada dos indígenas e, não raro, preconcei- tuosa. Analisando a trajetória da sociedade brasileira e mesmo o que é ensinado nas escolas, percebe-se que algumas ideias devem ser questionadas e revistas. Para isso, sigo o manual produzido pela Superintendência da Educação/PR (PARANÁ, 2018) no trabalho Os Índios de Ontem e os Indígenas de Hoje. Para superar esse estigma ligado à identificação, muitos autores evitam falar em índio, por ser um termo genérico. Na verdade, tratam-se de variadas etnias. No lugar de índio, você pode falar indígenas, que remete a essa diversidade. A cultura indígena não é atrasada, pelo contrário, é riquíssima. Tomamos como exemplo a língua: os linguistas sustentam que qualquer língua é capaz de expressar ideias e sentimentos e considerar uma língua superior a outra não passa de preconceito. Outro grande equívoco é considerar os povos indígenas como culturas congeladas, estanques no tempo. Há o mito de que se usar celular, calça jeans ou estudar deixará de pertencer à sua etnia. U N ID A D E 1 18 Descrição da Imagem:a figura mostra um índio contemporâneo, com pinturas pelo corpo, usando colar, brinco, cocar com penas. Ele está de perfil, ajeitando a maquiagem da face. Segura um pequeno espelho. Ao fundo, aparece uma fotógrafa registrando o momento. Ailton Krenak (2018) defende a ideia de que o encontro entre as civiliza- ções não ocorreu de forma única, localizada e em uma data específica. Ela foi ocorrendo lentamente, e as várias etnias foram sofrendo os im- pactos, a perda de território, o extermínio e a escravização. Segundo ele, há, ainda, povos indígenas que fogem do contato com os brancos, cada vez, adentram mais para a Floresta Amazônica, evitando qualquer contato. conecte-se Figura 4 - Índio contemporâneo Esse é um erro que muitos cometem em relação a esses povos, bem como achar que os povos indígenas pertencem ao passado. Eles fizeram parte do passado sim, mas integram o presente com grande contribuição e estão incluídos no futuro da nação. Acolher essa diversidade, construir uma nação que tenha unidade e, ao mesmo tempo, respeite a diferença é um grande desafio e uma virtuosa oportuni- dade, afinal diversidade é riqueza. De que maneira o ensino, a escola e a educação, de modo geral, podem contribuir com isso? Eis a questão. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3899 U N IC ES U M A R 19 Descrição da Imagem: em um galpão de cana-de-açúcar, vários escravos negros trabalham, carregando canas para moagem. Carro de bois rodam o engenho, conduzidos por outros escravos negros. Figura 5 - Trabalho escravo no engenho de açúcar Fonte: Calixto ([2020], on-line). 2 A CONSTRUÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL: OCUPAÇÃO E POVOAMENTO U N ID A D E 1 20 Descrição da Imagem: na figura,observa-se um planisfério com símbolo medievais, aparecem duas pessoas na parte superior uma virada de frente para outra com vestes do período clássico. No centro o planisfério com contornos diferentes dos atuais, trata-se do mundo conhecido na época pelos europeus. Doze quadrados menores se juntam para formar a moldura total desse mapa antigo. Os Tratados de Definições das Fronteiras Como o Brasil chegou à definição de fronteiras e ao atual território? Foram vários momentos, certo? Vamos as respostas: Quando os portugueses chegaram, eles não tinham a real dimensão do tamanho do território. Primeiro, chamaram-no de Ilha de Vera Cruz; depois, de Terra de Santa Cruz; depois, de Brasil. O primeiro acordo com os espanhóis pela partilha do Novo Mundo foi o Tratado de Torde- silhas; em seguida, o Tratado de Madri; e, depois, vários acordos pontuais que serão discutidos a seguir. O Tratado de Tordesilhas Tudo teve início com as Grandes Navegações, em que Portugal e Espanha saíram à frente dos demais países europeus. No século XV, tivemos como resultado a conquista de novas terras, e, para cessar tensões e eventuais conflitos, selou-se um acordo em 7 de junho de 1494, conhecido como o Tratado de Tordesilhas. Figura 6 - Mapa antigo em que aparece o continente americano Fonte: Wikipedia ([1507], on-line). U N IC ES U M A R 21 Sobre o Tratado de Tordesilhas, ele descrevia uma linha imaginária que passava 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde (África). As terras localizadas a oeste seriam de domínio espanhol, enquanto as terras situadas a leste pertence- riam a Portugal. Esse planisfério, recentemente reconhecido, estava dividido entre espanhóis e portugueses. De acordo com esse Tratado, o território do Brasil seria do estado do Pará até Santa Catarina (município de Laguna). O Tratado de Madri Esse tratado, praticamente, garantiu as dimensões atuais. Segundo Lima (2016), foi muito importante porque o Brasil alcançava uma dimensão muito parecida com a atual. Ele foi assinado em 1750, anulou o acordo anterior e passou a valer a posse da terra, “uti possidetis”, que significa que, para possuir a terra, esta de- veria ser ocupada. As terras ocupadas por Portugal passariam a lhe pertencer, e, da mesma forma, com as terras ocupadas pela Espanha na América. Com isso, áreas que, hoje, são Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Rondônia, Pará, Amapá passaram para o domínio português. Sesmarias, capitanias hereditárias e as atividades econômicas As sesmarias foram a primeira maneira de acesso às terras e foram adotadas de 1530 até 1822. Já as capitanias hereditárias tinham por objetivo dividir e organizar o território para a administração colonial. Foram criadas pela Coroa portugue- sa em 1534, no entanto, duraram apenas dezesseis anos. “O território do Brasil, pertencente a Portugal, foi dividido em faixas de terras e concedidas aos nobres de confiança do rei D. João III (1502-1557)” (BEZERRA, [2020], on-line). Nesse momento, a economia colonial era primária, voltada a atender as necessidades de Portugal. Desenvolveram-se atividades próximas à costa do Atlântico voltadas para a exportação. A madeira foi o primeiro ciclo econômico. O pau-brasil, árvore nativa, tinha grande interesse dos colonizadores; dele, era retirado um corante para tecidos, com mercado garantido na Europa. Depois, a cana-de-açúcar foi introduzida pelos portugueses no solo fértil massapê da Zona da Mata Nordestina. Assim, a U N ID A D E 1 22 grande demanda na exportação de açúcar fez o negócio prosperar, transformando o Nordeste na principal região econômica brasileira até o início do século XVIII. Bandeirismo Em sua maior parte, descendentes de portugueses, de primeira ou segunda ge- ração, os sertanistas e bandeirantes tiveram importante papel na entrada para o interior do Brasil dos séculos XVI ao XVIII (FRANCO, 1989). Os primeiros exploradores organizavam expedições à procura de ouro, diamantes e apresa- mento de indígenas. Eles reconheciam o território e adentravam o interior. As “bandeiras” ou “sertanismo de prospecção” eram expedições de grupos que se embrenharam para o interior em busca de riquezas. A Companhia de Jesus A Companhia de Jesus, ou Ordem dos Jesuítas, é uma ordem religiosa fundada por Inácio de Loyola, em 1534, e que atua até os dias atuais em diversos países (O’MALLEY, 2017). Seus religiosos introduziram uma missão no Brasil, assim como em várias partes do mundo. Tinham como objetivo catequizar os indígenas, assim contribuíram com a educação e auxiliaram durante epidemias, entre outras atribuições humanitárias e religiosas. Dentre os jesuítas mais conhecidos na História do Brasil, estão Padre José de Anchieta, S. Francisco Xavier, Pe. Antônio Vieira, Manuel da Nóbrega e Leonardo Nunes. Os jesuítas foram expulsos do Brasil em 1759, no período de Marquês de Pombal, por divergências ideológicas e questões políticas. U N IC ES U M A R 23 Descrição da Imagem: Escravos africanos aprisionados por brancos europeus entrando no porão do navio. Eles estão enfileirados e com as mãos presas para trás. O primeiro desce a escada para o porão, outros três estão logo atrás. Um homem branco empurra o último negro, outro branco abaixado mexe nas correntes do tornozelo do escravizado. Ao fundo dois homens brancos observam, atrás destes homens um grupo de negros presos e abaixados dentro do convés do navio negreiro. Povos africanos Figura 7 - A escravidão do negro africano Ao pensar na construção do espaço brasileiro, não se pode deixar de marcar o processo de colonização a partir do litoral. As benfeitorias feitas pelos portugueses — no início, com o trabalho escravo dos índios e, depois, com a introdução dos africanos — muda a paisagem do novo território de ocupação, com os portos, as estradas rústicas, as primeiras residências, comércios, igrejas e catedrais, além do modo de produção, a lavoura, o garimpo e o engenho de açúcar. Quando você visita uma cidade histórica, hoje, você consegue ver a marca da cultura africana cristalizada na paisagem? Na maior parte das cidades históricas brasileiras, é importante esse olhar. O negro, assim como o índio, não faz parte apenas do passado, eles fazem parte do presente, e suas contribuições, desde o início da nação, são incontestáveis. U N ID A D E 1 24 3 A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E OS PROCESSOS DE CONSOLIDAÇÃO DA UNIDADE TERRITORIAL Descrição da Imagem: Dom Pedro I é retratado como um grande líder responsável pela Independência do Bra- sil junto a Portugal, essa é a ideia presente nesta figura. O imperador no centro montado em um cavalo branco, com um chapéu que lembra o de Napoleão, ovacionado por crianças e adultos com música e palmas. Ao fundo, os soldados comemoram. A cena é de comemoração como se tivessem ganhado uma grande batalha. Figura 8 - A Proclamação da Independência Fonte: Moreaux ([1844], on-line). U N IC ES U M A R 25 Descrição da Imagem: tropa brasileira alinhada. Na frente, os oficiais montam cavalos. É uma área de campo, e, ao fundo, aparece o topo do acampamento. É interessante como o Brasil já era um país continental em meados do século XVIII com o Tratado de Madrid. Só que o processo de expansão não termina aí. Você sabe como o Brasil chegou à atual configuração? Para isso, é preciso compreender os ajustes, anexações e ganho de território após 1750. Nos acordos entre a Coroa portuguesa e os espanhóis, o “uti possidetis” foi muito convenien- te para os portugueses. Outros acordos posteriores definiram a fronteira atual. Esse processo histórico se desenrolou por mais de três séculos. O maior conflito que a América do Sul experimentou no período imperial e que tem a ver com o território foi a Guerra do Paraguai. Principais conflitos e revoltas do período que con- solidaram novas fronteiras Figura 9 - Guerra do Paraguai Fonte: Wikipedia ([1868], on-line). U N ID A D E 1 26 A Guerra do Paraguai durou seis anos, entre1864 a 1870, e envolveu o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Foi o maior conflito entre esses países. Sobre a origem desse conflito, os estudiosos se dividem. A explicação clássica está rela- cionada ao imperialismo britânico e o Paraguai despontando como um entrave aos seus interesses. Estudos mais recentes mostram a própria geopolítica interna da América do Sul e o processo de expansão e interesses dessas nações vizinhas como a grande causa da guerra. É importante destacar a questão geoestratégica nesse assunto? Com certeza! Quando se trata de guerra, a Geografia se destaca. O Mato Grosso do Sul, em 1884, logo no início da guerra, foi invadido por tropas paraguaias (FURTADO, 2000). Como o acesso a essa parte do território era de difícil interiorização, a melhor opção seria conseguir a soberania do rio Paraguai. Neste contexto, surge a batalha de Riachuelo, entre a Tríplice Aliança (Argentina, Uruguai e Brasil) e o Paraguai. A Marinha do Brasil se destacou com a vitória da Tríplice Aliança, o domínio do rio da Prata foi retomado, e os paraguaios, confinados em seu terri- tório. O terreno pantanoso, inóspito e cheio de jacarés dificultou muito a entrada de tropas, o conflito se prolongou por seis anos. Caso o Brasil tivesse perdido essa guerra, como seria nosso território? Com certeza, não teríamos essa configuração atual. Teríamos perdido território. U N IC ES U M A R 27 Descrição da Imagem: tropas do exército reunidas em uma praça. Oficiais à cavalo e disparos de canhão. É uma celebração militar à Proclamação da República. Ao fundo, os prédios, e, mais ao fundo, aparecem morros. Figura 10 - Proclamação da República Fonte: Calixto ([1893], on-line). 4 A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E A NOVA DIVISÃO POLÍTICO- ADMINISTRATIVA DO BRASIL U N ID A D E 1 28 Depois da Proclamação da República, em 1889, como ficou a situação? Pois bem, com a República, tratados importantes (Figura 11) foram acertados. Qual é a diferença entre o mapa do Brasil no final do Império e o atual? A resposta está nos tratados durante a República (GOES FILHO, 2013). Tratados territoriais durante a República 1903 Tratado de Petrópolis O Acre é incorporado ao Brasil, que paga in- denização de 2 milhões de libras à Bolívia e se compromete a construir a ferrovia Madeira-Ma- moré. Em 1907, outro Tratado com a Bolívia define a parte ocidental do Mato Grosso (MOU- RA, [2020]). 1904 O Tratado de Limites Assinado em 6 de maio entre Brasil e Equador, define a linha Tabatinga-Apapóris como marco divisório em área ainda disputada com o Peru. Parte do Estado do Amazonas (ALVES, 2005). 1907 Tratado de Limites entre o Brasil e a Colômbia Usou como base de demarcação, entre outras, a linha Tabatinga-Apapóris. Parte do Estado do Amazonas (IBGE, [2020]). Quadro 1 - Tratados territoriais durante a República Fonte: o autor. Estes tratados territoriais posteriores foram importantes. O Brasil tem uma es- tratégia como influência regional para resolver as questões por via diplomática. Percebemos que a Amazônia se constitui foco de interesse e litígios internacio- nais. O cuidado com a Amazônia, ainda hoje, é uma questão delicada e constante. U N IC ES U M A R 29 Descrição da Imagem: mapa do Brasil orientando os tipos de tratados acontecidos no Brasil durante a Re- pública. O mapa está em preto e branco e traz, em partes azuis, a sinalização dos tratados realizados com as áreas cedidas ao Brasil, indicando o lugar onde eles ocorreram. Também, há uma parte amarela, sinalizando a área cedida pelo Brasil para a Bolívia. Figura 11 - Redefinição de fronteiras posteriores ao Tratado de Madri Fonte: adaptada de Souza (1987). O IBGE organiza a divisão regional do Brasil a partir da divisão dos Estados. E o que significa essa divisão? Pois bem, um país de dimensões continentais precisa ser dividido para ser melhor administrado. A divisão do IBGE considera muito os aspectos naturais e tem por objetivo o desenvolvimento social e econômico de partes vastas do território. Também, é chamada de divisão regional e administrati- va, divisão do IBGE ou regiões geográficas. Em 1940, apareciam as regiões Norte, Nordeste, Centro, Leste e Sul. Em 1970, tem-se Norte, Nordeste (bem maior), Sudeste (sai a Região Leste), Sul e Centro-Oeste. Em 2014, com a criação do Es- tado de Tocantins (incorporado à Região Norte), ocorre uma última atualização. BRASIL Área cedida pelo Brasil Área cedida ao Brasil Brasil: anexação de território (1903 a 1909) Equador T. Capricórnio Tratado com a Bolívia (1903) Tratado com a Bolívia (1909) Tratado com a Bolívia (1907) Tratado com a Colômbia (1907) Tratado com o Equador (1904) 0 450 900Km W N O S U N ID A D E 1 30 O ponto crítico dessa divisão do IBGE é justamente que os limites dos Estados não coincidem sempre com as características naturais e sociais. Por esse motivo, surgiu uma outra divisão interessante: as regiões geoeconômicas. Essas regiões geoeconômicas serão detalhadas na próxima unidade de estudo. O Estado do Ma- ranhão apresenta a parte leste parecida com o Nordeste, e a oeste, com a Região Norte. O norte de Minas Gerais se assemelha mais com a Região Nordeste do que com o Sudeste, e, por fim, o Mato Grosso em sua parte norte mais se parece a Região Norte do que com o Centro-Oeste. As regiões geoeconômicas são: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul, também chamadas de complexos regionais. Não considera a divisão dos estados, e sim características socioeconômicas e o processo histórico de ocupação. Será que a diminuição de cinco regiões para apenas três complexos regionais é positivo? Essa divisão é muito bem aceita pelos estudiosos, no entanto, é bem generalizante, dado o tamanho do território. Qualquer estudo e dimensionamento da escala depende do objetivo em questão. U N IC ES U M A R 31 Descrição da Imagem: na figura, aparece a Floresta Tropical, chamada de Mata Atlântica. Em destaque, uma rocha cercada de vegetação. Ao fundo, serras cobertas pela floresta. Aparecem picos em camadas no horizonte, formando um conjunto natural. Figura 12 - Mata Atlântica 5 OS GRANDES CICLOS ECONÔMICOS DO BRASIL U N ID A D E 1 32 Observar a ocupação a partir do Atlântico é interessante, porque, nessa faixa, a 200 km do litoral, estão grandes cidades e indústrias alterando significativamente o espaço. Você conhece esse bioma brasileiro — a Mata Atlântica? pensando juntos As atividades econômicas foram fundamentais para a fixação, uso e domínio do território. O caráter de uma região é construído a partir de sua história, de seus atributos e da tradição. O uso dos recursos, atração de população e as transfor- mações na paisagem são o resultado de atividades econômicas. Os ciclos que se destacam como os maiores são: o pau-brasil, as drogas do sertão, o ouro, a cana- -de-açúcar e o café. Além dessas, houve outras atividades importantes, como a introdução do gado no Nordeste e no Rio Grande do Sul, a Erva Mate no Sul do país, o cacau na Bahia, o algodão e tabaco no Nordeste. O ciclo do pau-brasil Quando os portugueses iniciaram a exploração do território brasileiro, ela se deu pela fachada atlântica. O pau-brasil foi extremamente explorado, tanto que quase se exauriu. Você já viu uma árvore dessas na paisagem brasileira? É muito raro encontrar essa espécie na Mata Atlântica atual. A partir da madeira, retira-se um corante vermelho altamente apreciado pelas tinturarias. Para se comercializar tecidos, a floresta foi devastada desde o século XVI. As empresas que atuavam com as grandes navegações eram empresas comerciais, os portugueses queriam, no início, comercializar produtos. Esse material corante tinha uma boa procura, a ponto de corsários franceses também explorarem o pau-brasil nessas novas terras. A exploração era bastante rudimentar, uma ati- vidade de coleta. Faziam uso de mão de obra indígena em troca de quinquilha- rias. Nesse primeiro ciclo, os indígenas participaram de formaativa e eficiente, segundo registros históricos. O ciclo do pau-brasil era de alto risco, devido aos ataques de piratas e a uma margem de lucro não muito significativa. Esse extrativismo logo deu lugar a ou- tras oportunidades de lucro imediato. A extração de pau-brasil não provocou um boom de povoamento e urbanização. U N IC ES U M A R 33 Você sabia que o látex já foi o carro chefe da economia brasileira? O chamado ciclo da borracha aconteceu entre 1879 e 1912 e foi o primeiro ciclo. Realmente, de 1890 até 1920, cidades como Manaus, Belém e Porto Velho prosperaram por causa da bor- racha (LIMA, 2016). Com a Revolução Industrial, ocorreu uma grande demanda pela matéria-prima para a construção de pneus e demais produtos, como sola de sapatos, mangueiras, correias etc. pensando juntos As drogas do sertão Desde o início da colonização, a floresta amazônica chama a atenção, primeiro, com as “drogas do sertão”: várias plantas, frutas e raízes que compunham a nos- sa vegetação; depois, com a borracha. A seringueira (Hevea brasiliensis) é uma espécie nativa da floresta amazônica. Dessa planta, extrai-se um líquido branco chamado látex. Com o boom da borracha, veio o progresso nas capitais: energia elétrica, esgoto, hotéis de luxo e até teatro de grande porte. Atraiu trabalhadores em massa, prin- cipalmente, nordestinos, o que aumentou o povoamento da Região Norte. A área onde hoje é o Estado do Acre pertencia à Bolívia. Olha que situação complicada! Uma área com recursos naturais, que pertence à Bolívia, ocupada por brasileiros! Como resolver esse problema? Simples: o governo brasileiro adquiriu o Acre em 1903, mediante o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, e construiu uma ferrovia para escoar os produtos (LIMA, 2016), a ferrovia Madeira-Mamoré — em funcionamento de 1912 até 1972. O primeiro ciclo termina porque mudas de seringueiras foram contraban- deadas, e a produção na Malásia quebrou a brasileira. Durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1942 a 1945, o Brasil firmou um contrato com os Estados Unidos para suprimento de borracha durante o conflito. No entanto, após a Segunda Guerra, a introdução da borracha sintética derivada do petróleo reduziu a im- portância desse produto, que ainda é explorado, mas não com a mesma opulência do passado. U N ID A D E 1 34 Como era a participação dos indígenas nessa atividade econômica? A região amazônica é desafiadora até em nossos dias, imagina no século XVII? Eles tiveram uma participa- ção importante, embora tenham sido deixados de lado por muitos historiadores. Veja o que mostra o fragmento de texto a seguir: “ Anualmente, durante a segunda metade do século XVIII, confor- me os níveis do rio baixavam, uma média de 1.500 tripulantes indígenas partia de cerca de cinquenta aldeias para as florestas remotas do sertão amazônico. Pelos próximos seis a oito meses, conforme procuravam por cacau, salsaparrilha, castanhas ou ovos de tartaruga, eles podiam passar por todo tipo de dificuldade – epi- demias, ataques de povos indígenas, fome, motins ou a perda da canoa da aldeia e sua carga, para indicar apenas algumas (ROLLER, 2013, p. 203). As expedições de coletas relatadas mostram o esforço dos indígenas para buscar seu espaço autônomo, inserido no processo. Eles têm a vantagem de conhecer o território, estar mais habituado ao ambiente e veem, nesse processo de coleta, a oportunidade econômica. explorando Ideias Descrição da Imagem: tem-se uma lavoura de cana-de-açúcar. Em destaque, uma lavoura mecanizada, com uma estrada rural cortando-a ao meio. Aparecem linhas de árvores cercando as propriedades. Ao fundo, aparecem resquícios de vegetação arbórea. Cana-de-açúcar na Zona da Mata Figura 13 - Lavoura de cana-de-açúcar U N IC ES U M A R 35 Você sabia que o Brasil é, ainda hoje, um dos grandes produtores mundiais de cana-de- -açúcar? Brasil, Índia e China são os maiores produtores. Como vimos, em nosso país, existe uma antiga relação entre a cana-de-açúcar e o desenvolvimento econômico. pensando juntos O ciclo da cana-de-açúcar foi fator de ocupação e desenvolvimento inicial no Brasil. Na Região Nordeste, estava a capital do Brasil, Salvador. Do século XVI até o século XVIII, destacam-se os estados da Bahia e Pernambuco. Foi, com certeza, a região prioritária para a Coroa portuguesa. Segundo Nocelli et al. (2017, p. 13), “a cana-de-açúcar, Saccharum officina- rum L., é uma gramínea (Poaceae)”, resultado do cruzamento de outras espécies. Original do Sudeste Asiático, o seu cultivo remonta à pré-história. Foi trazida ao Brasil pelos portugueses. O clima europeu não é adequado para o cultivo de cana-de-açúcar em larga escala. Introduzida no Nordeste, na Zona da Mata, onde ocorre o solo massapê, essa cultura prosperou (PRADO JUNIOR, 1970). O açúcar tinha uma grande procu- ra na Europa, assim era um negócio muito lucrativo para Portugal. Latifúndio, monocultura e mão de obra escrava, produção voltada para a exportação: esse era o modelo econômico. Esse ciclo entrou em declínio quando os holandeses produziram açúcar de boa qualidade nas Antilhas. A região Nordeste prosperou durante o ciclo da cana-de-açúcar, alcançou seu auge entre os séculos XVI e mais da metade do século XVII. Favoreceu o comér- cio, surgiram núcleos urbanos e cidades importantes, como Salvador, Recife e João Pessoa. Consolidou-se no Nordeste em torno dessa atividade, uma tradição oligárquica com forte influência política, monocultura e mão de obra escrava. Com o declínio da atividade açucareira, toda a Região Nordeste entra em declínio e começa a perder em importância econômica e política para o Sudeste. Em 1763, a capital federal foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. U N ID A D E 1 36 Descrição da Imagem: casario no estilo português, com janelas de madeira e portas que dão acesso direto à rua. Ao fundo, aparece uma bela capela colonial. Mesas na rua demonstram o caráter turístico do local. O calçamento da rua é feito com pedras irregulares do período áureo. Jazidas são grandes depósitos naturais. O mineral se transforma em minério quando tem valor econômico para exploração. Em Minas, foram encontradas jazidas de ouro e estabelecida lavra, local de onde se extrai minérios. conceituando Ouro Figura 14 - Cidade histórica de Ouro Preto Esse imenso território tem riquezas que, ao longo da história, são descobertas. No século XVII, inicia-se o ciclo do ouro. É uma fase mineradora, na qual também se descobriram jazidas de diamantes (PRADO JUNIOR, 1970). A ocupação do interior do Brasil se intensifica: Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Surgiram novas cidades. As grandes jazidas foram divididas em forma de lavras (lotes au- ríferos para exploração, a exemplo das sesmarias latifundiárias de monocultura). U N IC ES U M A R 37 A descoberta de jazidas em Minas Gerais proporciona esperança para Portugal, que passa a priorizar essa região. A atração populacional foi grande: fundação e desenvolvimento de cidades, do comércio; do ponto de vista intelectual, houve a chegada de iluministas vindos da Europa. Economicamente, a necessidade de produção de alimentos e o aparecimento de pequenas manufaturas tornam a área mais rica e produtiva de toda a colônia. Nesse momento histórico, ocorre um interessante processo de integração econômica entre o Sul do Brasil e o Sudeste, o tropeirismo. Os rebanhos de gado eram trazidos do Rio Grande do Sul até Sorocaba, de lá, comercializados para abastecer à área de extração de ouro em Minas Gerais. Muitas cidades foram fundadas ao longo desse trajeto pelos tropeiros, por exemplo, Lapa (PR), Castro (PR), Resende (RJ), Sorocaba (SP), entre outros. Havia muito trabalho escravo e altos impostos eram cobrados das Casas de Fundição — em que Portugal, com seu selo, controlava todo o negócio do ouro. Todo o abuso e pressão por parte da Coroa teve consequências, a mais importante foi a Inconfidência Mineira. As principais minasde ouro se esgotaram no final do século XVIII. Com isso, parte significativa da população se deslocou em busca de melhores condições de vida. Parte dessa população foi para o interior, onde atividades com gado co- meçam a ganhar força. Outra corrente migratória se movimenta para o Vale do Paraíba, onde começam a plantar as primeiras lavouras de café. U N ID A D E 1 38 Descrição da Imagem: lavoura de café organizada em linhas curvas uniformes. Ao fundo, há casas, galpões e uma pequena infraestrutura. Aparecem três postes de energia elétrica. Ao fundo, vegetação de porte arbóreo. O café Figura 15 - Cafezal Fonte: Pixabay (2020, on-line). Entre 1800 e 1930, o café foi o carro chefe da economia brasileira. No Vale do Paraíba, cidades como Taubaté, Jacareí e Pindamonhangaba se desenvolveram (PRADO JUNIOR, 1970). Devido às condições ecológicas e à demanda, a cultura se expandiu para o interior paulista e para outros estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná. Como o Brasil possuía a maior oferta do produto, controlava os preços e exportava em larga escala. Para transportar o produto até os portos, investiu-se muito em ferrovias. Ao longo das ferrovias, ocorreu o processo chamado “Marcha do Café”: onde passa- va o trilho do trem, novas lavouras eram implantadas e cidades surgiam, como Ribeirão Preto, Rio Preto, São João da Boa Vista, entre muitas outras. U N IC ES U M A R 39 Então, estudante, chegamos ao final desta unidade. Desejo que tenha compreen- dido essas primeiras discussões. Geografia do Brasil é um tema amplo e teremos uma visão panorâmica, mas sempre dando ênfase ao que é importante e neces- sário para a formação de um bom professor. O Brasil é uma construção histórica. Quando os europeus chegaram, não havia Brasil, havia um vasto território que já era habitado. Compreender como ocorreu essa ocupação, mistura de povos, cultura e tradições é muito interessante. Não é apenas poesia, existem grandes desafios que perduram até hoje e precisam ser superados. Devido à ocupação a partir do Atlântico, há muita disparidade no desenvolvimento regional, na ocupação deste imenso território. A colonização deixou suas marcas, e nem tudo são flores: há preconceito, desigualdade, áreas prioritárias e áreas decadentes. Paisagens lindas e degrada- das. Áreas com economia pujante e áreas empobrecidas. Tudo isso é o Brasil. As muitas partes refletem o todo, e, para compreender o todo, temos de estudar as muitas partes que chamamos de regiões brasileiras. O clima, o uso, a ocupação e os recursos naturais resultaram em diferentes pa- drões de uso da terra, perfil das cidades, paisagens diferentes, comidas e sotaques particulares. O Brasil é colorido, o Brasil é rico em diversidade, o Brasil é enorme, estudar e compreender essa grandeza é o papel do professor de Geografia. E, depois, explicá-la. Faz sentido para você? Vamos juntos caminhar pelas outras unidades, crescendo sempre! Porque o saber nos motiva e muda nossa visão de mundo, no caso, nossa visão sobre nosso próprio território. 40 na prática 1. Analise a figura a seguir. Descrição da Imagem: nesta figura, aparecem ruas e construções da área urbana da cidade de Porto Velho-RO. No centro da imagem, o rio Madeira. Do outro lado da margem, tem-se a vegetação natural. Como vimos nesta unidade, para incorporar ao Brasil a área onde hoje é o Acre, foi necessário pagar uma indenização, na época, de 2 milhões de libras, à Bolívia, que, em troca, assumiria o compromisso da construção da ferrovia Madeira-Mamoré. A partir da análise da imagem, podemos afirmar que estamos nos referindo a qual tratado? a) Tratado com a Bolívia. b) Tratado de Madrid. c) Tratado de Tordesilhas. d) Tratado do Acre. e) Tratado de Petrópolis. 41 na prática 2. Os ciclos econômicos foram períodos da nossa história em que determinados pro- dutos se destacaram nas exportações, os lucros que mantinham aceso o interesse da metrópole Portugal nesta colônia de exploração. Sobre os ciclos econômicos do Brasil, analise as sentenças a seguir. I - Desde o início da colonização, a Floresta Amazônica chama a atenção, primeiro, com as “drogas da floresta”: várias plantas, frutas e raízes que compunham a nossa vegetação; depois, com a borracha. II - O ciclo da cana-de-açúcar foi fator de ocupação e desenvolvimento inicial. Na Região Nordeste, estava a capital do Brasil em Salvador. Do século XVI até o século XVIII, no Nordeste, destacam-se os estados da Bahia e de Pernambuco. III - Em 1763, a capital federal foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, no Sudeste. No século XVII, inicia-se o ciclo do ouro. É uma fase mineradora. Tam- bém, descobrem-se jazidas de diamantes. IV - Devido às condições ecológicas e à demanda, a cultura do café se expandiu para o interior paulista e para outros estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná. V - O açúcar tinha uma grande procura nos Estados Unidos, um negócio muito lu- crativo para Portugal. Usava-se latifúndio, monocultura e mão de obra escrava. A produção era voltada para a exportação. É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) II e III. c) I, II e III. d) II, III e IV. e) III, IV e V. 42 na prática Descrição da Imagem: índios formando casais, vestidos à caráter, dançando em roda dentro de uma construção de madeira e palha. Um índio toca um tambor. 3. Considere a fotografia a seguir: Fonte: PXHERE. [Sem título]. 2017. 1 fotografia. Disponível em: https://pxhere.com/pt/pho- to/1254860. Acesso em: 7 dez. 2020. As cores, as pinturas, os adereços, as danças e os rituais fazem parte da identidade cultural dos grupos étnicos. O povo brasileiro nasce a partir da junção de matrizes étnicas diferenciadas: indígena, africana e europeia. De acordo com as informações e com a fotografia, considere verdadeiro (V) ou falso (F) para as afirmações que seguem. ( ) Muito dos nosso hábitos, da nossa gastronomia e de nossas palavras vêm da cultura indígena. Os habitantes pré-colombianos possuíam conhecimentos tra- dicionais que, aos poucos, foram assimilados pelos outros povos, no entanto, muita coisa se perdeu. ( ) As chamadas matrizes étnicas deram origem ao que chamamos de miscige- nação, a mistura de povos. Os japoneses contribuíram com sua cultura. Por exemplo, o pastel de feira foi introduzido no país por esse povo. 43 na prática ( ) Os índios perderam seu território tradicional. Ainda hoje, eles lutam pelo direito às suas terras e por manter a sua cultura. Os povos indígenas não fazem parte apenas do passado, fazem parte do presente do Brasil. ( ) Os italianos, inseridos como mão de obra para substituir os negros libertos da escravidão, eram mais instruídos. Muitos já tinham experiência em meio urbano, possuíam profissão e tornaram-se empreendedores no Brasil. ( ) A contribuição dos negros africanos para a construção da nação brasileira está presente. Diferente do índio, o negro não conhecia o território, foi colocado aqui e se tornou parte constituinte do Brasil do presente. ( ) Os chineses não fazem parte da nossa matriz étnica, mas sua contribuição, atualmente, é muito grande, devido à importância da China no mercado mundial de manufaturados. A sequência correta é: a) V, F, V, F, V, F. b) F, F, V, F, F, F. c) V, V, V, V, V, F. d) F, F, F, V, V, V. e) V, V, V, F, F, F. 44 na prática 4. É interessante como o Brasil, em meados do século XVIII, já era um país continental com o Tratado de Madrid de 1750. Só que o processo de expansão não termina aí. Você sabe como o Brasil chegou à atual configuração? Para isso, é preciso com- preender os ajustes, anexações e ganho de território após 1750. Nos acordos entre a coroa portuguesa e os espanhóis, o uti possidetis foi muito conveniente para os portugueses. Acordos posteriores definiram a fronteira atual. Um processo histórico por mais de três séculos. Assim, disserte sobre o Tratado de Petrópolis, destacando o motivo pelo qual tantosbrasileiros se fixaram na Bolívia e o interesse do governo do Brasil naquele território. 5. A implantação de engenhos de açúcar no Nordeste é, sem dúvida, um período signi- ficativo na história econômica brasileira. A cana inserida pelos portugueses em nosso território, a mão de obra escrava, a monocultura e a exploração configuram esse momento. Explique a relação existente entre a produção açucareira dos engenhos nordestinos e a importância econômica dessa região durante o século XVI e XVIII. 45 aprimore-se A agricultura e, em especial, a cafeicultura, tem histórica relevância geopolítica e econômica no Brasil, tendo moldado as diversas formas de apropriação e uso do imenso patrimônio natural tropical e subtropical que formam o País. Araújo (2006) chama atenção para o fato de que o Brasil engatou no Século XVI no velho movimento de internacionalização do capital comercial como colônia de exploração, dentro de um processo que deixa sua marca até os dias atuais. Desse modo, pedaços do território brasileiro foram articulados nesse movimento, mon- tando bases produtivas e estruturas socioculturais diferenciadas que, ainda hoje, marcam nossas distintas regiões. A estrutura espacial nas primeiras décadas do Século XIX, ainda refletia, contudo, um País de ocupação concentrada na faixa litorânea, cuja base econômica agrária, espacialmente descontínua e comandada pelo mercado externo, era marcada por dinâmicas pontuais que se reproduzem em diferentes áreas de seu território, de forma desintegrada, conforme as condições naturais reagiam à participação do Bra- sil no mercado internacional enquanto produtor de bens primários diferenciados. Nesse contexto, as principais atividades econômicas, desenvolvidas desde o iní- cio da colonização, estiveram ligadas a produtos agrícolas ou de caráter extrativo, como pau-brasil, cana-de-açúcar, fumo, algodão, café, borracha e cacau. Dentre elas, a atividade cafeeira assume papel relevante na economia nacional, ao induzir, em parceria com o Estado, o desenvolvimento dos setores industrial, co- mercial e financeiro, diferenciando e influenciando até os dias atuais a configuração territorial de São Paulo. Além disso, o cultivo do café no Brasil esteve historicamente associado ao deslo- camento espacial de sua produção consagrando a narrativa de sua “marcha pionei- ra” (MONBEIG, 1957) sobre o território fluminense em direção ao planalto paulista em meados do Século XIX. 46 aprimore-se Com efeito, a cafeicultura constitui uma das mais antigas explorações agrícolas do Brasil e sua expansão, a partir do último quarto do Século XIX, que se prolonga e se consolidaram ao longo das três primeiras décadas do Século XX, eleva essa cultu- ra à condição de principal exportação do País, assumindo, portanto, a posição antes desfrutada pelas economias açucareira e algodoeira. Tal posição se deu, portan- to, a partir de uma conjunção de fatores favoráveis, tanto internos, como externos (ATLAS..., 2011). No plano interno, a disponibilidade de terras férteis e de mão de obra, rema- nescente das lavouras algodoeira e açucareira, logo engrossada pela imigração de colonos europeus e mais tarde de japoneses, resultou na expansão da cultura pela Região Sudeste, estendendo-se mais tarde pela Região Sul, enquanto, no plano ex- terno, a quebra da safra nos principais Países produtores e o incremento do consu- mo nos mercados europeu e norte-americano, alçou o Brasil à condição de maior produtor mundial de café. Nunca é demais lembrar que a cafeicultura teve papel central tanto na estru- turação do sistema colonial, pautado no binômio plantation/escravidão, como na questão da migração europeia e asiática que marcou a agenda política e o processo de povoamento do Brasil no Século XIX. 47 eu recomendo! A Fazenda: São Luiz da Boa Sorte e o Ciclo do Café Autor: Liliana Rodriguez Editora: Senac Editora Sinopse: prosperidade, luxo, prestígio político. O Vale do Paraíba representou tudo isso no século XIX, com a ascensão econômica do Brasil. As estradas, as ferrovias e os portos que levavam café para a Europa e os Estados Unidos traziam cristais da Boêmia, porcelanas inglesas, azulejaria portuguesa, mobiliário francês. As sedes das pro- priedades cafeeiras exibiam orgulhosamente a sofisticação de uma nova nobreza, que recebia as figuras mais representativas do Império. livro Toda Matéria: esse site traz os conteúdos escolares para alunos e professores. Apre- senta bastante coisa de Geografia: Geografia Geral e do Brasil. Vale a pena dar uma conferida. https://www.todamateria.com.br/geografia/ conecte-se A Missão Ano: 1986 Sinopse: produção britânica de 1986 dirigida por Roland Joffé e com trilha sonora do maestro Ennio Morricone. No final do sécu- lo XVIII, Rodrigo Mendoza é um mercador de escravos espanhol que faz da violência seu modo de vida, e ele mata o próprio irmão na disputa pela mulher que ama. Porém, o remorso leva-o a jun- tar-se aos jesuítas nas florestas brasileiras. Lá, ele fará de tudo para defender os índios que antes escravizara. O elenco conta com Robert De Niro, Jeremy Irons e Liam Neeson, e o filme se tornou um dos grandes clássicos sobre a temática da colonização na América. filme https://www.todamateria.com.br/geografia/ gabarito 48 1. E. 2. D. 3. C. 4. Espera-se que o aluno seja capaz de explicar que o território onde hoje é o Estado do Acre pertencia à Bolívia e foi adquirido pelo Brasil devido ao ciclo da borracha. Nessa área que pertencia à Bolívia, ocorreu uma grande concentração de brasileiros, devido à atração populacional relacionada ao ciclo da borracha. Para resolver esse problema de forma diplomática e evitar um conflito armado, firmou-se o Tratado de Petrópolis, em que o Brasil compra essa área. 5. Espera-se que o aluno seja capaz de explicar a importância do ciclo do açúcar no pe- ríodo colonial. Dentro do pacto colonial, a função do Brasil era fornecer matéria-prima para Portugal. O negócio em torno dos engenhos de açúcar prosperou e, com isso, o Nordeste ganhou importância para a Coroa portuguesa. Graças a esse ciclo, surgiram cidades, investimentos nos negócios, escravos foram trazidos, e ele era o carro chefe da economia para os colonizadores. referências 49 ALVES, F L. e A. O Tratado de Petrópolis: Interiorização do conflito de fronteiras. Revista de Informação Legislativa: Brasília, n. 166, 2005. BEZERRA, J. Capitanias Hereditárias. Toda Matéria, [2020]. Disponível em: https://www.to- damateria.com.br/capitanias-hereditarias/. Acesso em: 9 dez. 2020. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Modo de Vida dos Tupinambás ou Tupis. Brasil 500 Anos, [2020]. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasilei- ro-e-povoamento/historia-indigena/modos-de-vida-dos-tupinamba-ou-tupis. Acesso em: 24 nov. 2020. CALIXTO, B. 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Acesso em: 15 dez. 2020. 2 AS REGIÕES E A REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL PROFESSOR Dr. Roberson Miranda de Souza PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • As Divisões Regionais do Brasil • Divisão Política e Administrativa Atual do Território Brasileiro • As Regiões Geoeconômicas e as Desi- gualdades Regionais • A Economia Urbano-Industrial Brasileira • Planejamento Regional e a Integração Territorial e Econômica do Brasil. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer as regiões e a regionalização do Brasil • Compreender a divisão política e administrativa atual do território brasileiro • Apreender as regiões geoeconômicas e as desigualdades regionais • Identificar os principais aspectos geográficos da economia urbano-industrial brasileira • Compreender do arquipélago econômico até a fase atual da economia brasileira nos aspectos mais relevantes. INTRODUÇÃO Olá, estudante! Tudo certo com você? O Brasil possui cinco regiões admi- nistrativas. O que isso significa? Para que serve essa divisão? Como eram as propostas de regionalização anteriores? Como essas regiões se diferenciam na infraestrutura, transporte, economia e PIB? Essas e outras questões di- recionarão o nosso trabalho nesta Unidade 2. Regionalizar significa dividir. Divide-se o território para conhecê-lo melhor e facilitar o planejamento e a ação do Estado nas políticas públicas. Existem três divisões que estudaremos: as regiões geográficas do IBGE; a divisão em regiões geoeconômicas de Pedro Pinchas; e os quatros Brasis do professor Milton Santos. Quando se analisam as regiões geoeconômicas, fica evidente a dispa- ridade regional entre Nordeste, Centro-Sul e Amazônia. As regiões têm particularidades e níveis de desenvolvimento econômico e social diferen- tes. Também, as características físicas regionais dão suporte a variados seg- mentos de uso dos recursos naturais e da indústria regional. Outro fator de diferenciação relevante é a concentração ou desconcentração da população e a cultura regional. A economia urbano-industrial se iniciou com uma forte concentração na Região Sudeste. Atualmente, já ocorreu uma significativa desconcen- tração industrial, no entanto, existem áreas densamente industrializadas, com uma economia forte, e áreas com uma baixa densidade industrial no território brasileiro. O Sudeste ainda é o coração econômico do país. O processo de ocupação do território, que foi visto na Unidade I, gerou o chamado “arquipélago econômico”. Para solucionar esse panorama, foram criados programas de integração nacional e construção de uma malha ro- doviária pelo território. A partir da década de 1930, ocorreu a Revolução Industrial brasileira, tardia e com dependência externa. Veremos esses assuntos, essenciais e intrigantes, a partir de agora! Va- mos lá! U N ID A D E 2 54 1 AS DIVISÕES REGIONAIS DO BRASIL Descrição da Imagem: nesta imagem, aparece o contorno do mapa do Brasil. Todo o território está preen- chido com pessoas diversas. Essas pessoas vestem roupas de variadas cores, destacando o multiculturalismo brasileiro. Figura 1 - Mapa do Brasil U N IC ES U M A R 55 Descrição da Imagem: à direita, a figura do rio Pinheiros, com a Ponte Estaiada, prédios nas duas margens refletem na água do rio. À esquerda, temos casas simples de alvenaria, muitas palmeiras e ruas sem asfalto, apresenta vegetação e um grande reservatório natural de água. Regiões são porções do território com características naturais, históricas e so- ciais próprias. Qualquer parte do globo terrestre pode ser estudado e dividido a partir de critérios específicos de acordo com o objetivo daquele que faz o estudo. Essa técnica é chamada de regionalização. Os elementos particulares que carac- terizam uma região e a diferenciam das outras pode ser o predomínio de rios e de uma floresta, como a região Amazônica, ou grandes aglomerados urbanos e uma agricultura moderna, como o Sudeste. Qual é a identidade de uma região? O que distingue o Rio Grande do Sul, no Centro-Sul, do Rio Grande do Norte, no Nordeste? Essa é a ideia. A identidade regional inclui, também, os aspectos culturais e os estilos de vida que caracterizam uma determinada parte do país. Figura 2 - Cidade de São Paulo, na Região Sudeste, e, ao lado, Lençóis Maranhenses, na Região Nordeste As propostas de regionalização e as divisões regio- nais do IBGE Após a criação do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1938, as regionalizações se tornaram oficiais. Um vasto território como o do Brasil representa um grande desafio para administrar e conhecer as suas grandes di- ferenças. Em 1942, regularizou-se a primeira divisão do IBGE. O Brasil foi divi- dido em cinco macro regiões, um ou mais critérios naturais, como clima, relevo, vegetação, estruturaram essa divisão. U N ID A D E 2 56 Descrição da Imagem: nesta figura, tem-se o mapa do Brasil com as cinco regiões atuais do IBGE destacadas. Cada região apresenta uma cor diferente: o Norte está em verde; o Nordeste, em azul; o Sudeste, em vermelho; o Sul, em roxo; e o Centro-Oeste, em laranja. Em 1945, novamente, o IBGE reformulou a divisão, reforçando os aspectos das zonas fisiográficas. Os aspectos naturais e socioeconômicos, bem como a localização, foram levados em consideração. Aumenta para sete o número de regiões. Em 1960/1970, com as políticas de integração nacional e desenvolvimento, uma nova divisão foi elaborada, dessa vez, valorizando as regiões homogêneas. Nesse critério, além da natureza, consideram-se os elementos sociais e econô- micos da área, e tem-se, novamente, cinco regiões (Figura 3). Nesse sentido, foi possível identificar as menos desenvolvidas para combater a desigualdade regio- nal. Por fim, houve mudanças que resultaram na divisão atual de ordem políti- co-administrativa. PARÁAMAZONAS RONDÔNIA ACRE MATO GROSSO GOIÁS BAHIA MATO GROSSO DO SUL PARANÁ RIO GRANDE DO SUL SANTA CATARINA SÃO PAULO PIAUÍ CEARÁMARANHÃO ALAGOAS SERGIPE PERNAMBUCO RIO GRANDE DO NORTE PARAÍBA MINAS GERAIS RIO DE JANEIRO ESPÍRITO SANTO Figura 3 - A regionalização do IBGE da atualidade Fonte: adaptada de Polon (2019, on-line). U N IC ES U M A R 57 Descrição da Imagem: nesta figura, aparece um edifício em construção. Colunas de aço, lajes e três pisos. Ao fundo, um trabalhador uniformizado. O uso dessa divisão feita pelo IBGE é amplo e variado: empreender políticas públicas de saúde, educacionais; priorizar obras com retorno econômico de acor- do com as necessidades e potencialidades regionais; reconhecer áreas urbanas e rurais; arrecadação de impostos; geração de empregos. As regiões são muito importante para o planejamento governamental (Figura 4). Por exemplo, quando se pensou em instalar a Zona Franca de Manaus, um dos objetivos era diminuir as desigualdades regionais na instalação de indústrias. Figura 4 - Regionalizar é estratégico para saber quais as prioridades de cada parte do território: onde é preciso mais investimentos e infraestrutura, fica evidente a necessidade de regionalizar o território / Fonte: Pxhere (2017, on-line). U N ID A D E 2 58 2 DIVISÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA ATUAL DO TERRITÓRIO BRASILEIRO Descrição da Imagem: nesta figura, aparece o interior da Estação da Luz, seus trilhos, o metrô, as escadas rolantes, postes de iluminação com luzes esféricas e várias pessoas que utilizam esse serviço e infraestrutura de mobilidade urbana. Figura 05 - Estação da Luz, em São Paulo: infraestrutura para mobilidade urbana U N IC ES U M A R 59 Descrição da Imagem: nesta figura, tem-se o mapa do Brasil. Em todo o território, os Estados estão repre- sentados com cores diferentes para demonstrar a desigualdade. Em destaque, o Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, na cor mais escura, com 32,35 de participação no PIB nacional em 2017. Em seguida, RS, PR, MG, com valores entre 6,01 e 12,00. Depois, os estados de SC, BA e o Distrito Federal, com valores entre 3,01 e 6,00. Um grande grupo de Estados se encontra entre 1,01 e 3,00: MS, GO, MT, AM, PA, MA, CE, PE, ES. Por fim, com os piores índices, entre 0,17 e 1,00, os estados AC, RR, AP, PI, TO,RO RN, PB, AL, SE. O território brasileiro não é homogêneo em relação ao desenvolvimento, ocorrem disparidades regionais: problemas ligados ao desenvolvimento, indústrias, renda, acesso ao trabalho e à educação, mobilidade urbana, entre outros. Desse modo, a divisão administrativa é estratégica para compreender melhor essa desigualdade dentro do país. Quando visualizamos um mapa com a renda por Estados, a par- ticipação no PIB, fica evidente essa desigualdade. Um aspecto importante em relação à formação e à caracterização das divisões do IBGE diz respeito aos critérios ligados às redes de infraestrutura, economia, transporte e ao PIB em comparação com o quadro nacional. Por exemplo, o in- vestimento em rodovias no Nordeste e portos no Sul do Brasil, procurando des- centralizar o desenvolvimento econômico localizado historicamente no Sudeste. Figura 6 - Desigualdade entre os estados e regiões brasileiras no PIB Fonte: adaptado de Rio Grande do Sul ([2017], on-line). U N ID A D E 2 60 Existe uma clara disparidade regional. Para isso, o governo organiza políticas de desenvolvimento regional. Nesse contexto, pode-se observar particularidades de cada região. Por exemplo, a rede de comunicação na Região Norte tem se in- tensificado com o aumento das cidades de porte médio. Anteriormente, havia a concentração seguindo as redes fluviais. Essa característica se mantém, acrescidas das redes de cidade que acompanham as recentes vias terrestres. A economia na Região Norte se destaca em dois períodos: anterior a 1960, quando havia um predomínio da exploração da floresta utilizando as vias fluviais; e posterior a 1960, com os grandes projetos de mineração e, consequentemente, o crescimento urbano e as rodovias (SOUZA, 2000). Nas últimas décadas do século XX, as correntes migratórias, com origem na região Sul e Nordeste, e as malhas rodoviárias promoveram um boom de urba- nização acima da média nacional (MATOS, 2005). A busca por terras baratas, extração de madeira e instalações agropecuárias promoveram uma significativa mudança na paisagem. Principalmente, na área que extrapola a Região Norte, na chamada Amazônia Legal, por exemplo, no Norte do Mato Grosso. Uma hierar- quia de cidades se estabeleceu, com características distintas das outras regiões do país em relação às dinâmicas socioeconômicas, espacial e demográfica. Com forte influência governamental, os grandes projetos agropecuários e de mineração foram incentivados a partir de 1960, assim como o projeto de colo- nização dessa área de fronteira agrícola (BECKER, 1990). Na Região Norte, as atividades econômicas que se destacam são: o turismo, a indústria, a agropecuária e a mineração. De acordo com o IBGE de 2020, o Norte se destacou nas últimas décadas no crescimento econômico. Passou de 4,7%, em 2002, para 5,3%, em 2010. De acordo com o Censo de 2010, o PIB da Região Norte é de R$ 320 bilhões. A Região Norte ocupa 45% do território nacional. Faz divisa com Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e a Guiana Francesa. Quanto à população, está à frente apenas da Região Centro-Oeste. Com uma densidade demográfica de 4,72 hab./km². U N IC ES U M A R 61 Descrição da Imagem: nesta figura, aparece o mapa do Brasil dividido nos três complexos regionais enume- rados: 1 - Amazônia, em verde; 2 - Centro-Sul, em vermelho; e 3 – Nordeste, em amarelo. Os complexos regionais brasileiros A partir do modelo centro-periferia, baseado principalmente nas questões se- gundo a organização da economia, em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger dividiu o Brasil em três complexos regionais: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul (Figura 7). Figura 07 - Regiões geoeconômicas Fonte: adaptado de Abreu (2006, on-line). Um critério interessante que a diferencia da divisão do IBGE são os limites dos estados que não delimitam os complexos regionais. Por exemplo, o norte do Mato Grosso passa a pertencer à Amazônia, bem como a área ocidental do Ma- ranhão. Isso em razão da similaridade econômica. U N ID A D E 2 62 Descrição da Imagem: nesta figura, aparece o mapa do Brasil em destaque na América do Sul, regionalizado em quatro “Brasis”, são eles: Amazônia, em verde; Centro-Oeste, em amarelo;Região Concentrada, em ver- melho; e Nordeste, em laranja. Os quatro “Brasis” do professor Milton Santos Essa divisão foi elaborada pelo geógrafo e professor Milton Santos e baseada no conceito de Meio Técnico-Científico e Informacional. Não existe uma homoge- neidade na concentração das finanças, da informação e da tecnologia ao englobar todo o território nacional. Ela é fortemente baseada na ideia de que o Brasil é muito desigual quanto ao desenvolvimento. Análise interessante, não acha? Desse modo, a Região Amazônica tem baixa densidade técnica; a Região Nordeste é de ocupação antiga e com uma agricultura com menor incremento de tecnologia; a Região Centro-Oeste, de ocupação mais recente, tem agricultura intensiva e mecanizada; a Região Concentrada concentra o Capital, a Bolsa de Valores, tecnologia e as áreas urbanas, com forte presença do Meio Técnico-Científico e Informacional (Figura 8). Figura 8 - Os quatro “Brasis” Fonte: adaptado de Oliveira (2019). U N IC ES U M A R 63 Descrição da Imagem: por uma abertura superior da caldeira, sai uma pequena cascata de metal derretido incandescente. Em seguida, ele escorre por uma canaleta para ser depositado em formas. O local apresenta fumaça e um trabalhador com capacete de segurança observa o processo. 3 AS REGIÕES GEOECONÔMICAS E AS DESIGUALDA DES REGIONAIS Figura 9 - A indústria tem uma importância significativa no PIB brasileiro U N ID A D E 2 64 Qual é a importância dos três complexos regionais: Amazônia, Nordeste e Cen- tro-Sul? Quando se fala em complexo, é justamente porque uma análise da com- posição é necessária para se entender o todo. Então, essa abordagem — o Brasil dividido em três partes considerando o desenvolvimento econômico — é muito interessante. Veremos os três complexos, a começar pela Amazônia. Região geoeconômica da Amazônia Nas regiões geoeconômicas, o foco de atenção será nas particularidades e nos traços de homogeneidade ligados aos aspectos socioeconômicos e históricos que se destacam em macroáreas do território. A Amazônia apresenta clima equatorial e uma densa floresta equatorial, drenada pela imensa bacia hidrográfica do rio Amazonas. Apresenta baixa densidade demográfica, segundo dados do IBGE (2010), de 2,62 habitantes por quilômetros quadrados. Na economia, tem maior presença o setor agropecuário. Por exemplo, as grandes fazendas, lideradas por sólidos grupos financeiros, receberam incentivos governamentais para investir na região a partir da década de 1970 (BECKER, 2007). Outra atividade econômica de peso é o extrativismo vegetal. O extra- tivismo de madeira nativa da floresta equatorial é incessante, apesar das me- didas de preservação e da fiscalização dos órgãos oficiais. O mogno, madeira muito apreciada devido à sua qualidade para a indústria moveleira e da cons- trução, voltadas para a exportação, está ameaçado de extinção. O manejo da indústria madeireira não é sustentável em sua maioria. Primeiro, pinça-se as espécies de maior valor, a madeira de lei. Em seguida, derruba-se toda a flo- resta (Figura 10). Árvores sem qualidade para as serrarias são queimadas. A seguir, formam-se pastagens e grandes fazendas agropecuárias (HUERTAS, 2009). U N IC ES U M A R 65 Descrição da Imagem: troncos de árvores cortados de modo uniforme. Eles estão empilhados, e se percebe que o diâmetro é irregular: alguns são grossos, e outros, mais finos. Figura 10 - Extrativismo vegetal A mineração tem preponderância na Amazônia. No Pará, o destaque é para a empresa mineradora Vale do Rio Doce. No início, a Vale do Rio Doce era uma es- tatal, foi privatizada e, atualmente, é uma das maiores empresas de mineração do mundo. Ela domina a exploração em Carajás, a grande jazida de ferro, manganês, cobre, bauxita e ouro da Amazônia. A região também é rica em ouro e diamantes. O garimpo ilegal provoca conflitos com os indígenas naturais da floresta e polui mananciais com mercúrio, metal pesado etc., que envenenam a água e os animais. A indústria se concentra em Manaus (Figura 11), onde o governo criou a Zona Franca de Manaus (ZFM). O objetivo da ZFM é, a partir da redução de impostos, incentivar a industrialização. A indústria de geladeiras, fogão, TVs, relógios, máquinas de lavar roupas, entre outras se concentra na ZFM e distribui os produtos para todo o país. Foi uma estratégia para desconcertar a industriali- zação do Centro-Sul do país (SATHLELR; MONTE-MOR; CARVALHO, 2009). U N ID A D E 2 66 Descrição da Imagem: nesta fotografia aérea da área portuária de Manaus, aparece o grandioso rio Amazo- nas. No porto, estão ancoradas várias embarcações. No fundo, há construção urbana. No céu, há uma grande concentração de nuvens. Figura 11 - Manaus apresenta grande produção industrial devido à Zona Franca Região geoeconômica do Centro-Sul Nessa região, está o maior PIB e a maior concentração de habitantes de todo o território, chegando 110 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE (2020), uma densidade demográfica superior a 20 hab./km2. Historicamente, é a parte do Brasil que mais recebe imigrantes, principalmente, da Região Nordeste e, também, do exterior, mais recentemente, bolivianos, venezuelanos, haitianos e população do continente africano. O Centro-Sul representa 1/3 do território brasileiro. É o complexo regional mais desenvolvido economicamente. Nele, concentra-se a sede dos bancos, o mercado de capitais e a sede nacional das empresas transnacionais. O setor secun- dário e terciário são fortes; o circuito do comércio e dos serviços especializados se destacam, assim como institutos, laboratórios e universidades. Nesse sentido, é uma região extremamente urbanizada, ao concentrar três grandes regiões metro- politanas do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (SPOSITO, 1997). U N IC ES U M A R 67 Descrição da Imagem: na figura, aparecem o oceano, a praia, uma infraestrutura com quadra de areia, quiosques, canteiros com árvores, carros estacionados e prédios ao fundo. A agricultura do Centro-Sul é moderna (ELIAS, 2003), mecanizada, intensiva e com grande investimento de capital. O complexo sucroalcooleiro do Estado de São Paulo, a produção de soja e de gado no regime confinado atestam bom rendimentos e um padrão que se assemelha ao de países desenvolvidos. Região geoeconômica do Nordeste Figura 12 - Praia do Nordeste (Maceió/AL) U N ID A D E 2 68 Na Região Nordeste, a tradicional Zona da Mata Nordestina e o litoral concen- tram as grandes cidades. O setor turístico é muito forte no Nordeste, servido por um cenário natural, praias e todo um complexo hoteleiro de lazer, preparado para receber turistas do Brasil e do exterior, atraídos pelas paisagens (Figura 12), pelo clima e pela cultura nordestina. As usinas de açúcar e álcool comandam o setor secundário. A produção de sal em Mossoró é um dos destaques do Rio Grande do Norte. Na região do Agreste, predominam as pequenas e médias propriedades mo- nocultoras. A indústria têxtil tem destaque nas áreas metropolitanas. No Sertão Nordestino, a pecuária é extensiva, com bovinos, caprinos e muares. A agricul- tura é bem precária, devido à escassez hídrica (CARVALHO, 1998). Nas áreas próximas ao rio São Francisco, nas áreas beneficiadas pela sua transposição e em outros casos que contam com irrigação, ocorre agricultura de melhor qualidade, com a produção de frutas tropicais, visando à exportação de melão, laranja, uvas, abacaxi, melancia, entre outras. Nas áreas mais úmidas do Meio Norte, ocorre o extrativismo e existem peque- nas propriedades policultoras de milho, feijão, pepino, mandioca, que se associam, também, à criação. Nas Veredas, destaca-se a carnaúba (Copernicana prolifera), uma palmeira que fornece matéria-prima para cestarias, que pertence à família Acerácea, é endêmica (isto é, só ocorre ali) do semiárido da Região Nordeste do Brasil. O Estado do Ceará adotou a carnaúba como árvore que a representa, um símbolo do Estado. U NIC ES U M A R 69 4 A ECONOMIA URBANO- INDUSTRIAL BRASILEIRA Descrição da Imagem: na imagem, vemos a Avenida Paulista, um viaduto. Há luzes coloridas, com tons de vermelho e branco, que representam o fluxo de veículos. A avenida está cercada por grandes edifícios. Entre a avenida e os prédios, estão as calçadas com arborização. Figura 13 - Avenida Paulista U N ID A D E 2 70 Além de possuir muitas indústrias, o Centro-Sul se caracteriza pelo incremento de tecnologia de ponta nas redes de informação, nos meios de transportes e no processo de informatização e automação das empresas. Tudo isso contribui para que a produção seja mais dinâmica, bem como a circulação dos produtos. É a região que mais concentra população nos setores secundário e terciário e, tam- bém, a produção de conhecimento acadêmico e científico e da área de tecnologia (CARLOS, 1990). A caracterização do parque industrial do Centro-Sul passa pela indústria de base, como a petroquímica e a siderúrgica; as indústrias de bens duráveis, como as de eletrodomésticos e automobilística; e, por fim, as de bens de consumo não duráveis, como a de alimentos, têxteis, de calçados e de vestuário. É um parque industrial, no geral, muito diversificado (SANTOS, 2002). Em decorrência do processo histórico, principalmente, do ciclo cafeeiro, as regiões que se destacam é a área metropolitana de São Paulo (Figura 13), do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Apesar da industrialização se concentrar nos grandes centros, existe uma tendência à interiorização, como no interior de São Paulo e no sudeste de Minas Gerais. Nas últimas décadas, outras áreas industriais vêm ganhando relevância, como a região metropolitana de Porto Alegre, Santa Catarina, Paraná e Goiás, com destaque para a agroindústria (óleos vegetais, de suco, laticínios, frigoríficos, viní- colas) e as indústrias de calçados, têxteis e metalmecânica (SANTOS; SILVEIRA, 2000). A desconcentração industrial é uma tendência. Nos grandes centros, como São Paulo, questões como o preço do terreno ou aluguel, o preço da mão de obra, o trânsito caótico e o pagamento de impostos fazem com que muitas empresas prefiram outras áreas. Ocorrem incentivos por parte de outros estados, como a redução de impostos, a infraestrutura e o treinamento da mão de obra local. Em um contexto de globalização da economia, a mudança no cenário mun- dial afeta, também, a produção interna. As indústrias de tecnologia ganham des- taque, como a aeroespacial, naval, de informática, microeletrônica, de telecomu- nicações e de biotecnologia. A produção de petróleo, principalmente na Bacia de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, incentivou a indústria petroquímica. U N IC ES U M A R 71 Descrição da Imagem: edifícios da cidade de Campinas em uma paisagem noturna, com luzes coloridas, variando de amarelo a azul. Apresenta muitos prédios e ruas, nestas, aparecem palmeiras ornamentais. É a região geoeconômica com a maior rede de transportes, como aeropor- tos, rodovias, ferrovias, terminais rodoferroviários, portos, hidrovias, com uma infraestrutura de transporte intermodal moderna, apesar de ainda estar muito centrada no modal rodoviário e possuir gargalos, como a demora nos portos para escoar a produção, o que aumenta o custo no Brasil. Por essa infraestrutu- ra, circulam pessoas, mercadorias e energia. A comunicação imaterial também é sofisticada, com sistemas de fibra óptica e satélites de comunicação, por onde circulam informação e capital. Há, também, cidades com tecnopolos (Figura 14). Figura 14 - Campinas, cidade onde ocorre investimento em tecnologia e a criação de tecno- polos Fonte: iStock (2019, on-line). U N ID A D E 2 72 5 PLANEJAMENTO REGIONAL E A INTEGRAÇÃO TERRITORIAL E ECONÔMICA DO BRASIL Como já estudamos, o Brasil é um país com um grande território. O nosso modelo de colonização de exploração não privilegiou um povoamento e desenvolvimento igualitário. Com o ciclo do café, houve a construção das estradas de ferro, cuja preocupação principal era escoar a safra. No entanto, com a industrialização do país, o desenvolvimento do comércio interno associado ao desenvolvimento industrial e econômico fez com que o poder público investisse em políticas de integração nacional. A principal via foi a construção de grandes rodovias. A evolução desde o arquipélago econômico à eco- nomia atual A exploração do território a partir do século XVI ocorreu de forma espacial descontínua. Não existia interesse por uma integração nacional. As atividades econômicas eram desconexas: drogas do sertão na Amazônia, mineração em Minas, café em São Paulo, gado no Sul. Segundo Celso Furtado, essa dinâmica deu origem ao arquipélago econômico, várias “ilhas” de produção desconexas (FURTADO, 1970). U N IC ES U M A R 73 Para você conhecer mais sobre a rede do sistema rodoviário brasi- leiro, sugiro que visite conecte-se Após 1930, no século XX, a economia do Brasil passou por mudanças sig- nificativas: assume características urbano-industriais e deixa de ser totalmente agrária. Ocorre que o modelo de industrialização brasileira era de substituição de importações, o que valorizava o mercado interno. Para isso, as indústrias pre- cisavam fazer seus bens circularem. O modelo de “arquipélago econômico” não funcionava mais, e surgia o período de integração nacional. A Era Vargas, passan- do pelo período desenvolvimentista de JK, e, posteriormente, o milagre brasileiro no período militar mudaram a estrutura de transporte e comunicação do país. As políticas de industrialização a partir da década de 1930 (Era Vargas) A Era Vargas é marcada pela retirada do poder das antigas oligarquias agrárias. Ocorreu uma revolução em 1930 e se instalou o chamado Estado Novo (LIMA, 1970). Nesse momento da história nacional, associada à industrialização brasi- leira, houve uma crise internacional, que tem como símbolo a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929. Desse modo, estava aberta a oportunidade para substituir as importações pela produção nacional. O café, produto mais lucrativo até o momento, deixa de ser o carro chefe da economia. Também, uma considerável parcela do capital nacional foi investida no setor urbano-industrial. Somando-se a isso tudo, outros fatores convergem e influenciam as mudanças: o intenso êxodo rural, a construção de ferrovias, a chegada de levas de imigrantes europeus e, principalmente, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). http://antigo.infraestrutura.gov.br/ U N ID A D E 2 74 O governo de Getúlio Vargas construiu as bases para a industrialização do país. Uma indústria pesada, como a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, e a Vale do Rio Doce. Investiu, também, na geração de energia, com a construção da Hidrelétrica do São Francisco. Fundou, ainda, a Petrobras, buscan- do a produção nacional de petróleo e a diminuição da dependência externa. No entanto, a contribuição essencial foi a restrição de importações, o que valorizava a indústria nacional. Inaugurou o BNDE — Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (atualmente, BNDES) justamente para estimular a atividade privada nacional. A expansão dos investimentos estrangeiros e a construção de Brasília no governo JK Ao contrário de Getúlio Vargas, que restringia a entrada de capital externo, Jus- celino Kubistchek (1956-1961) instalou o parque industrial das multinacionais no país. Com seu Plano de Metas, visava o desenvolvimento acelerado: cinquenta anos em cinco. Com isso, houve grandes investimentos em geração de energia, em transportes — com destaque para a construção de rodovias —, alimentos, telecomunicações, e continuou investindo na indústria de base. Nesse período, vieram, para o Brasil, as grandes empresas automobilísticas, montadoras e toda uma rede industrial baseada no capital externo que domi- naria o mercado brasileiro. Termina a política de substituição de importação, e a indústria nacional fica impossibilitada decrescer — um exemplo clássico é a indústria de automóveis brasileiros, que desaparece. A indústria automotiva se desenvolveu tanto no Brasil que atividades esportivas ganham espaço no gosto brasileiro, como corrida de Fórmula 1, um símbolo da globalização, em que se têm as grandes marcas multinacionais patrocinando e ligadas a esses eventos. U N IC ES U M A R 75 Descrição da Imagem: carro de competição de Fórmula 1, da Ferrari, em uma pista, com listras que a separam de outra pista lateral. Ao fundo, tem-se o muro. Apesar dos investimos para a interiorização, como a construção de Brasília, em 1960, a política de JK acentuou a industrialização e concentração no Centro-Sul. Isso fez com que aumentasse a desigualdade regional. Nesse período, ocorre um grande fluxo migratório do Nordeste para São Paulo, inflando, de forma acelera- da, o crescimento da capital paulista. Para amenizar e combater esse problema de desigualdade regional, criaram- -se, nesse período, as agência Sudene — Superintendência para o Desenvolvi- mento do Nordeste. Depois, no período militar, criaram-se a Sudam — Superin- tendência para o Desenvolvimento da Amazônia, Sudeco — Superintendência para o Desenvolvimento do Centro-Oeste e Sudesul — Superintendência para o Desenvolvimento do Sul. Algumas delas foram extintas, outras, extintas e re- criadas, como a Sudam e Sudene. Figura 15 - Nas propagandas, aparecem as multinacionais, muitas delas presentes no Brasil U N ID A D E 2 76 Ao finalizar essa unidade, estudante, gostaria que você pensasse sobre o apren- dizado desta unidade: o que lhe acrescentou? Trata-se do conteúdo, mas não apenas o conteúdo, procuramos interpretar o significado das regiões. O termo que surgiu com os romanos, regere, que significava reger, dominar. Esse termo foi ressignificado pelas escolas de Geografia. Atualmente, é um conceito básico da Geografia, sendo, portanto, uma categoria analítica. Para o uso administrativo, a regionalização é funcional e muito útil. Ela serve para dividir, de forma prática, o território. Essa objetividade é fundamental para o planejamento estratégico, levantamento de dados, ações públicas. As várias regionalizações realizadas pelo IBGE demonstram as mudanças ocorridas na divisão política do país. Compreender e explicar as diferenças entre as porções do território foi nosso objetivo nesta Unidade 2. Na divisão feita pelo IBGE, valorizam-se os aspectos naturais e os limites dos Estados. Na divisão dos complexos regionais ou regiões geoeconômicas, valorizam-se os aspectos socioeconômicos, e não se prende aos limites dos Estados. Na proposta de Milton Santos, o Sul, Centro-Oeste e, prin- cipalmente, o Sudeste formam uma região com maiores qualidades inerentes à globalização, tecnologia, informação distribuídas no espaço geográfico, nas instituições de ensino, nas empresas, no comércio e nos serviços. Tudo isso nos mostra que os critérios de regionalização estão ligados aos objetivos do observa- dor. Em dado momento, um pode ser mais útil do que o outro. O que fica claro é a diferenciação de macroáreas no território nacional, que são conhecidas melhor a partir dessa categoria de análise. Estudamos a evolução do inicial e desconexo “arquipélago econômico” para o atual território com integração nacional. O período do café deixou o legado das ferrovias. Posteriormente, valorizaram-se as rodovias, como a BR 116, a BR 101, a Belém Brasília, a Transamazônica. Já as hidrovias são muito utilizadas na Região Norte. O setor aéreo cresce e concentra, na Região Centro-Sul, a maior parte dos voos, pontes áreas, ponto de conexões e de acesso dos voos internacionais. 77 na prática 1. “Imagine uma sala de aula com 40 alunos que você, como professor(a), deseja conhe- cer melhor! Para isso, faz uso da seguinte estratégia: quantos alunos têm 15 anos? Quantos têm 16? Quantos têm 17 anos? Quantos usam o cabelo curto? Quantos usam o cabelo comprido?” Essa mesma lógica vale para o território: a regionalização é muito útil para se conhecer, planejar e administrar um território. Sobre o processo de regionalização, é correto afirmar que: a) A partir do que a nossa visão consegue abarcar, divide-se o território. b) Caracteriza-se a partir das fronteiras e da soberania nos limites municipais, divi- sas de Estados e nas fronteiras internacionais. c) Tudo o que é externo ao homem: as rochas, a hidrografia, o solo etc. d) É a divisão de áreas homogêneas com o objetivo de facilitar o planejamento. e) É o local onde ocorre a interação e contato entre as pessoas, como a rua, o mercado e o shopping. 78 na prática Descrição da Imagem: na imagem, pessoas atravessam a faixa de pedestres. Ônibus aguardam a travessia de pe- destres. Há prédios tecnológicos e com paredes de vidro. Edifícios formam o fundo da imagem de um lado ao outro. 2. Considere a figura a seguir: O Brasil não é um país homogêneo sob o ponto de vista econômico, social e cultu- ral. As regiões brasileiras possuem características identitárias de clima, população e da própria diversidade econômica. Existe uma relação entre os recursos naturais e a produção de matéria-prima e na agropecuária. Sobre esses aspecto de nosso território, analise as sentenças a seguir. 79 na prática I - O Centro-Sul é a região geoeconômica do Brasil com maior concentração de capital e população. Devido ao processo histórico de industrialização, possui um amplo e diversificado parque industrial. II - No Nordeste, a agricultura irrigada é beneficiada pela abundância de água da bacia Amazônica. A produção de frutas tropicais, principalmente cítricas, tem muita aceitação no mercado externo. III - A produção agropecuária do Centro-Sul é baseada na agricultura moderna, com entrada intensiva de capital e mecanização. Esse processo gerou uma agroin- dústria associada muito forte e importante para a economia regional. IV - A agricultura da Amazônia se concentra em pequenas propriedades policultoras, com destaque para o café. Os rios são os principais canais de exportação das safras. É correto o que se afirma em: a) Apenas I e II. b) Apenas I e III. c) Apenas I. d) Apenas II, III e IV. e) Apenas I, II e IV. 80 na prática 3. A industrialização brasileira é considerada tardia: ocorreu a partir da primeira me- tade do século XX. Neste período de desenvolvimento, o poder público teve um papel preponderante nas políticas de industrialização e desenvolvimento. Sobre esse assunto, analise as sentenças e considere verdadeiro (V) ou falso (F). ( ) A Era Vargas é marcada pela retirada do poder das antigas oligarquias agrárias. Ocorreu uma revolução em 1930 e se instalou o chamado Estado Novo. ( ) O governo de Getúlio Vargas construiu as bases para a industrialização do país. Uma indústria pesada como a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Re- donda, e a Vale do Rio Doce. Investiu, também, na geração de energia, como a construção da Hidrelétrica do São Francisco. ( ) Ao contrário de Getúlio Vargas, que restringia a entrada de capital externo, Jus- celino Kubistchek (1956-1961) instalou o parque industrial das multinacionais no país. ( ) No governo militar, de 1964 até 1985, houve uma grande abertura econômica e parceria com a China. ( ) Durante o governo de Juscelino Kubitschek, ocorreu muito investimento público, mas o país não cresceu, e a inflação disparou, sendo a classe trabalhadora a mais afetada. Assinale a alternativa correta: a) V, V, F, F, F. b) F, F, V, F, F. c) V, F, V, F, F. d) F, F, F, F, F. e) V, V, V, F, F. 81 na prática 4. Considere os versos da canção a seguir: Paratodos, de Chico Buarque “O meu pai era paulista Meu avô, pernambucano O meu bisavô, mineiro Meu tataravô, baiano Meu maestro soberano Foi Antonio Brasileiro…” Letras ([2020], on-line). O processo de desenvolvimento econômico brasileiro se iniciou, fortemente, pelo Sudeste. Esta região é considerada, até hoje, o “coração econômico” do país. Nela, concentram-seos escritórios das grandes empresas de nível nacional, agências bancárias, e há um grande desenvolvimento dos setores industriais e de serviços. São Paulo recebeu, historicamente, milhares de imigrantes de outras Regiões menos favorecidas em busca de oportunidades de trabalho e de um futuro melhor. Sobre essa mobilidade da população, influenciada por fatores regionais, produza um texto dissertativo de 10 a 15 linhas. 82 na prática Descrição da Imagem: A imagem apresenta um mapa com a taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais. À esquerda da imagem, temos a legenda, com o título “Taxa de Analfabetismo (15 anos ou mais)”, a meta para 2015, que é de 6,5%, e o Brasil em 2017, com 7,0%. Abaixo desses dados, tem-se “Atingiram a meta”, em verde, para 2015 e “Não atingiram a meta”, em laranja, para 2017. Atingiram a meta dos estados do Amazonas 6,2%, Roraima 6,0 %, Amapá 5,0 %, Mato Grosso 6,5 %, Mato Grosso do Sul 5,0, Goiás 5,9%, Distrito Federal 2,5%, Minas Gerais 6,0%, São Paulo 2,6%, Paraná 4,6%, Santa Catarina 2,6%, Rio Grande do Sul 3,0%. Não atingiram a meta os estados do Pará 8,6%, Maranhão 16,7%, Piauí 16,2%, Tocantins 10,2%, Ceará 14,2%, Rio Grande do Norte 13,5%, Paraíba 16,5%, Pernambuco 13,4%, Alagoas 18,2%, Sergipe 14,5%, Bahia 12,7%, Acre 12,1%, Rondônia 7,2%. 5. Analise a figura a seguir: Fonte: NETO, J. Analfabetismo cai em 2017, mas segue acima da meta para 2015. Agência IBGE, 18 maio 2018. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-a- gencia-de-noticias/noticias/21255-analfabetismo-cai-em-2017-mas-segue-acima-da-meta-pa- ra-2015. Acesso em: 26 nov. 2020. A desigualdade entre as regiões brasileira ocorre devido a um processo histórico. O Nordeste é de ocupação mais antiga e apresenta sérios problemas socioeconômicos. A Região Sudeste concentra a produção industrial e passou por um processo de urbanização e metropolização acelerado. A Amazônia é de ocupação mais recente, porém com desafios econômicos e ambientais. Sobre essa disparidade regional, produza um texto dissertativo de 10 a 15 linhas. 83 aprimore-se EM ANO DE PERDAS NA ECONOMIA COM A COVID-19, SAFRA DEVE SER RECORDE EM 2020 Diferente dos outros indicadores da economia que acumulam perdas em razão da pandemia da Covid-19, a safra nacional de grãos deve bater novo recorde e chegar a 247 milhões de toneladas em 2020, segundo a estimativa de abril do Levanta- mento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado hoje (12) pelo IBGE. Isso corresponde a um aumento de 0,8% em relação à previsão de março e de 2,3% na comparação com a colheita de 2019, uma diferença de 5,5 milhões de toneladas. De acordo com o analista Agropecuária do IBGE, Carlos Antônio Barradas, esse aumento na comparação anual deve-se, principalmente, ao crescimento da estima- tiva de 6,7% para a soja (mais 121 milhões de toneladas) e de 3,5% para o arroz (mais 10,6 milhões de toneladas). “O clima beneficiou bastante a soja, com a exceção do Rio Grande do Sul. Além disso, como os preços da soja estão bons, os produtores ampliaram a área de plan- tio”, disse o pesquisador. “Por outro lado, o Rio Grande do Sul teve uma boa safra de arroz, o que elevou as estimativas de produção para este ano”. Barradas destaca ainda decréscimo de 3,4% na safra do milho (97,1 milhões de toneladas). “Principalmente no milho de segunda safra (-5,4%). No ano passado, o clima ajudou muito, houve uma janela de plantio maior. Neste ano a janela de plan- tio foi mais restrita”, disse o pesquisador, acrescentando que soja, arroz e milho representam 92,6% da estimativa da produção e 87,4% da área a ser colhida. 84 aprimore-se Já na comparação com o mês de março, a variação de 0,8% da safra resulta do crescimento das estimativas de colheita do trigo (mais 1,4 milhão de toneladas) e da soja (mais 322 mil toneladas), principalmente. A cevada (mais 42,6 mil toneladas) e a aveia (mais 64,8 mil toneladas), que integram junto com o milho os grãos de inverno, também subiram no comparativo mensal. “O aumento na cotação do dólar favoreceu o preço do trigo e, com isso, o produ- tor deve plantar uma área maior”, disse Barradas. “O mesmo aconteceu com a soja. A medida que foi colhendo o grão, o produtor se deparou com um rendimento um pouco melhor, o que resultou em alta de 0,3% na estimativa de colheita”. Mato Grosso estima colher quase 35 milhões de toneladas de soja em 2020 Em 2020, o Mato Grosso deve seguir como maior produtor nacional de soja. O estado deve responder por 28,7% do volume do grão a ser produzido no país, um volume estimado de 34,7 milhões de toneladas. Já Paraná, segundo maior produtor de soja, com o fechamento da colheita da primeira safra, revisou o rendimento médio da cultura, registrando decréscimo de 0,3%, o que impactou na redução de 61,2 mil toneladas de grãos, na comparação com a produção levantada no mês de março. Ainda assim, a produção deve alcançar 20,7 milhões de toneladas este ano, novo recorde para o estado. Fonte: Barros (2020, on-line). 85 eu recomendo! Brasil: uma história Autor: Eduardo Bueno Editora: Leya Sinopse: a história do Brasil como você nunca viu antes! Há mais de cinco séculos, diz-se que o Brasil é o país do futuro. O pro- blema é que nunca chegamos lá. Procurando sanar esse proble- ma, Eduardo Bueno tira a História da prisão das salas de aula e a leva para as ruas. Transforma-a em conversa de mesa de bar, a leva para favelas, esquinas, ruas, shoppings, estádios de futebol. Em Brasil: uma história, Eduardo Bueno atualiza seu famoso livro, incluindo fatos como a posse de Dilma Roussef e o julgamento do Mensalão. livro Documentário produzido pela Agência Nacional sobre as cidades localizadas ao longo da Rodovia Belém-Brasília. Brasil Hoje n° 97 (1975). Arquivo Nacional. Fundo Agência Nacional. https://www.youtube.com/watch?v=IWBDqgxcNFM conecte-se https://www.youtube.com/watch?v=IWBDqgxcNFM 86 eu recomendo! Getúlio Ano: 2014 Sinopse: agosto de 1954. O jornalista de oposição e dono de jor- nal, Carlos Lacerda, sofre um atentado à bala na porta da sua casa, em Copacabana. O pistoleiro erra o tiro e mata o Major da Aeronáutica Rubens Vaz, que fazia a segurança de Lacerda. O pre- sidente da República, Getúlio Vargas é acusado de mandar matar o maior inimigo político do seu governo. Getúlio passa a ser pres- sionado por lideranças militares e pela oposição para renunciar ao mandato. As investigações mostram que a ordem para o atentado saiu de dentro do Palácio do Catete. O tenente Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente e seu homem de confiança há anos, é acusado. Ao lado da filha, Alzira Vargas, seu braço direito na presidência, e colaboradores fiéis, como Tancredo Neves e o ge- neral Zenóbio da Costa, Getúlio tenta se manter no poder e provar sua inocência. Diante das ameaças que pedem a deposição imediata do presidente, o presidente comete um ato extremo. filme gabarito 87 1. D. 2. B. 3. E. 4. Espera-se que o estudante seja capaz de relacionar os fatores naturais e sociais que influenciam a vida das pessoas. Como estudamos, ocorre, no Brasil, uma considerável desigualdade entre várias regiões brasileiras. O texto da canção identifica a mobilida- de da população, as raízes nordestinas do autor. Historicamente, o Nordeste forneceu muita população para o Sudeste, atraída, principalmente, pelo forte crescimento ur- bano da cidade de São Paulo e a demanda por mão de obra. Os conceitos de dispa- ridade regional, concentração industrial e desenvolvimento econômico regional são básicos para responder a essa questão da mobilidade regional brasileira. 5. Espera-se que o estudante seja capaz de articular os conceitos trabalhados, como re- gião geoeconômica, e associar aos dados do IDH. O mapa sugere um dos indicadores, que é a educação. Nesse mapa, a disparidade regional está representada, e seria in- teressante que o aluno interpretasse esse detalhe. Nota-se que osestados da Região Nordeste e alguns da Região Norte não alcançaram ainda, em 2017, os objetivos de melhora na qualidade do ensino propostas para 2015. Por outro lado, os estados da Região Sudeste, Sul e Centro-Oeste conseguiram alcançar. Fica evidente a disparida- de regional na educação. referências 88 ABREU, R. L. de. [Sem título]. 2006. 1 mapa. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Di- vis%C3%A3o_geoecon%C3%B4mica_do_Brasil#/media/Ficheiro:Brazil_Geoecons.svg. Acesso em: 25 nov. 2020. BARROS, A. Em ano de perdas na economia com a Covid-19, safra deve ser recorde em 2020. Agência IBGE Notícias, 12 maio 2020. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/ agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/27650-em-ano-de-perdas-na-economia- -com-a-covid-19-safra-deve-ser-recorde-em-2020. Acesso em: 26 nov. 2020. BECKER, B. Amazônia – Geopolítica na virada do III milênio. São Paulo: Garamond, 2007. BECKER, B. Amazônia. São Paulo: Ática, 1990. CARLOS, A. F. A. Espaço e Indústria. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1990. CARVALHO, O. de. A economia política do Nordeste: seca, irrigação e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998. ELIAS, D. Globalização e agricultura. São Paulo: Edusp, 2003. FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. 10. ed. Rio de Janeiro: Nacional, 1970. HUERTAS, D. M. 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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer as estruturas geológicas do território brasileiro e identificar a classificação do relevo brasileiro • Conhecer a hidrografia e o uso da água no Brasil • Conhecer a classificação climática e as massas de ar que atuam no Brasil • Compreender os solos do Brasil • Identificar os recursos naturais e fontes de energia renováveis e não renováveis do território. INTRODUÇÃO Olá, estudante! Nesta unidade, veremos a estrutura física do Brasil. O que isso sig- nifica? As rochas, o clima, a hidrografia, o relevo, o solo. Imagine que você faz uma viagem para outro continente, e as pessoas de lá te perguntam: “conte-nos sobre o Brasil! Como é a paisagem? Como é o clima lá?”. Definir o Brasil não é simples, dado o seu tamanho. Um cantor e compositor popular brasileiro, chamado Jorge Ben Jor, canta, em uma de suas músicas, “moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. O Brasil é um país tropical? Sim, a maior parte do território apresenta o clima tropical, mas, em algumas áreas, ocorrem geadas e cai até neve. Em outras, chove muito mais do que numa região tropical típica. O clima é o fator mais importante para imprimir o caráter da paisagem. Além do clima, existe a combinação de outros variados fatores. Por qual motivo não há montanhas no Brasil, como no Chile? Por que nossas praias são cordões arenosos? O que diferencia a estrutura geológica da classi- ficação do relevo? Afinal, o que define uma planície, um planalto e uma depressão? Em qual parte do relevo ocorrem os depósitos minerais? Em quais partes ocorrem jazidas fósseis, como petróleo, carvão e gás mineral? Qual é a importância dos recursos? A produção de energia é um desafio atual. Quais são os recursos mais significativos que o país possui? Qual é a nossa base energética? O que são recursos naturais renováveis e não renováveis? Esses assuntos são estraté- gicos para a economia do país. Um dos grandes recursos naturais que o território nacional abriga é a água. Nossas grandes bacias hidrográficas têm grande valor para diversos usos: navegação, irrigação, abastecimento urbano, produção de energia, pesca, lazer. Na natureza, as geleiras são grandes reservatórios de água doce, assim como os lagos, rios e aquíferos. Como no Brasil não ocorrem geleiras nem lagos de grande proporções, nossos grandes reservatórios de água doce são os rios e os aquíferos. Quais são os maiores aquíferos do Brasil? Essas perguntas serão respondidas e servem como ponto de partida para os seus estudos. Desejo uma boa leitura, reflexão, e vamos caminhar juntos! U N ID A D E 3 92 1 AS ESTRUTURAS GEOLÓGICAS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO E A CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO Descrição da Imagem: nesta imagem, aparece, em primeiro plano, uma vegetação de campo com um arbusto com flores amarelas. Ao fundo, uma serra com grande elevação preenche a imagem de um lado ao outro da imagem. Figura 1 - As serras são um destaque todo especial na paisagem U N IC ES U M A R 93 Dobramentos modernos são estruturas formadas por rochas afetadas por forças tectô- nicas durante o período geológico mais recente. Por exemplo, as cadeias de montanhas como Andes, Himalaia, Alpes. conceituando Descrição da Imagem: nesta figura, aparece uma estrutura para extração de petróleo chamada cavalo de pau. Ao lado, há uma torre de aço, com cabos de aço sustentando-a. No entorno, galões de metal e armações de ferro estendidas no chão. Embasamento cristalino Você já se perguntou como são formados os morros e as serras, como a Serra do Mar? O Monte Roraima? O Pico da Bandeira? São formados por rochas muito antigas. Essas estruturas são chamadas de escudo cristalino ou crátons. No nosso território, existem muitas dessas rochas antigas, que afloram em alguns locais, por exemplo, nas ilhas litorâneas, nas serras, morros, nos maciços cristalinos. No Brasil, não ocorrem dobramentos modernos. As serras, como a Serra do Mar,são antigas montanhas muito desgastadas. Essas rochas ocupam cerca de 36% do território nacional. Nesse terrenos do éon arqueozoico e proterozoico, ocorrem jazidas minerais de ferro, manganês, bauxita, cobre, ouro, entre outros minerais. Bacias sedimentares Figura 2 - Extração de petróleo U N ID A D E 3 94 As bacias sedimentares foram formadas na Era Paleozoica, Mesozoica e Cenozoi- ca, são, portanto, mais recentes e correspondem às partes geológicas rebaixadas. Em eras passadas, viveram animais marinhos, vegetais e animais invertebrados, vertebrados e com carapaças de calcário. Desse modo, em algumas dessas rochas, podem ser encontrados vestígios desses animais (Figura 3) e combustíveis fósseis (Figura 2). Também, no caso do Brasil, podem ser encontrados grandes reserva- tórios de água subterrânea, os aquíferos. Esses reservatórios ocupam vastas áreas do território. Assim, as bacias sedimentares estão divididas em grandes e pequenas bacias, e as principais são a Amazônica, do Parnaíba e a bacia sedimentar do Paraná. Figura 3 - Fósseis de trilobitas / Fonte: Pixabay (2013, on-line). Descrição da Imagem: nesta figura, aparecem vários fósseis de trilobitas incrustrados nas rochas. Ao centro, há um fóssil maior e bem formado, cercado por outros menores e parciais na figura. U N IC ES U M A R 95 A classificação do relevo brasileiro Aquífero Alter do Chão é o maior reservatório de água do planeta O aquífero Alter do Chão já era conhecido dos cientistas. Eles só não sabiam que era tão grande. Em nenhum outro lugar ela é tão farta. Tirando as geleiras, um quinto da água doce existente no mundo está na Amazônia. Parece muito, mas os rios e lagos do lugar con- centram só a parte visível desse tesouro. Debaixo da terra existem lagos gigantes, de água potável, chamados aquíferos. Até agora, o maior do planeta era o Guarani, que se espalha pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Mas um grupo de pesquisadores acaba de revelar que o aquífero Alter do Chão, que se estende pelo Amazonas, Pará e Amapá, é quase duas vezes maior. Fonte: Jornal Floripa (2019, on-line). explorando Ideias Figura 4 - O relevo brasileiro é antigo e bastante desgastado Descrição da Imagem: nesta figura, um homem sentado observa a paisagem. Ele está em um planalto, cer- cado por rochas escarpadas, e observa a paisagem mais baixa à sua frente. Carrega nas costas uma mochila e segura um bastão de alpinismo. U N ID A D E 3 96 Neste tópico, trabalharemos as três principais classificações do relevo brasileiro: de Aroldo de Azevedo, de Aziz Ab’Saber e de Jurandy Ross. A primeira classifica- ção do relevo brasileiro foi organizada, em 1940, pelo professor da Universidade de São Paulo — USP Aroldo de Azevedo. Nessa classificação, ele empregou os termos geomorfológicos “planaltos” e “planícies”. Azevedo utilizou o critério de altimetria (200m) para diferenciar planaltos (200m acima do mar) e planícies (até 200m em relação ao nível do mar). Figura 5 - Pico da Bandeira, o ponto mais alto da Região Sudeste Fonte: Pixabay (2017, on-line). Descrição da Imagem: na imagem, há serras ao fundo e, à frente, um alpinista com hastes de apoio nas mãos, mochila nas costas, usando boné e óculos. Está em uma área elevada, ao fundo, as serras apresentam vários picos, e o céu está parcialmente nublado. A segunda classificação é a do professor Aziz Nacib Ab’Saber, de 1960. Ele utili- zou o critério morfoclimático e, desse modo, ampliou a classificação anterior de Aroldo de Azevedo. Na classificação de Ab’Saber, planaltos são superfícies onde predominam os agentes de erosão, são áreas que cedem sedimentos (Figura 5). Planícies são superfícies que recebem sedimentos, em que predomina a deposi- ção. Nessa classificação, o território brasileiro apresenta dez unidades de relevo (AB’SABER, 2006). U N IC ES U M A R 97 Figura 6 - Praia do Forte (Bahia), um exemplo de planície costeira Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma praia do litoral atlântico e uma cidade costeira. O oceano é azul, com ondas quebrando na praia. Em primeiro plano, na planície costeira, aparece um parque aquático e vários resorts. Muita vegetação forma um mosaico com o teto das construções nesta fotografia aérea. Em 1989, Jurandyr Ross propôs uma nova divisão. Essa classificação é mais de- talhada, devido ao avanço técnico e científico da cartografia digital, ao sensoria- mento remoto, à aerofotogrametria e às imagens de satélites. São considerados planaltos, planícies e depressões, sendo que os planaltos são formas residuais, isto é, resistentes à erosão. As planícies são áreas onde predominam as erosões recen- tes, do Quaternário (Figura 6, as praias). Já as depressões são áreas rebaixadas e formadas, em grande parte, na Era Cenozoica, por processos erosivos na borda das bacias sedimentares (ROSS, 2005). U N ID A D E 3 98 2 A HIDROGRAFIA DO BRASIL As principais bacias hidrográficas e o uso de água no Brasil Figura 7 - Relevo do Brasil: a diferença de altitude é evidenciada pelas cores Fonte: IBGE (2007, on-line). Descrição da Imagem: na imagem, temos um mapa com parte da América do Sul, uma porção do Oceano Pacífico (a oeste) e o Oceano Atlântico (a leste). Em destaque, o mapa de altimetria do relevo brasileiro. U N IC ES U M A R 99 Nesse mapa físico, é possível analisar como o território é rico em cursos d’águas (Figura 7). O Brasil, devido ao seu clima, não apresenta geleiras, e nossa riqueza hídrica se concentra nas bacias fluviais e nos aquíferos subterrâneos. O território brasileiro possui um grande conjunto de bacias hidrográficas, mas existem distin- ções entre elas. Na Amazônia, a água é abundante, com a maior bacia hidrográfica do mundo, a bacia Amazônica, e um grande reservatório subterrâneo, o aquífero Alter do Chão. Quanto à classificação, os rios podem ser: perenes ou permanentes, tempo- rários ou intermitentes e efêmeros. Rios permanentes ou perenes têm água o ano inteiro. Os rios de regime temporário ou intermitente secam parte do ano e são comuns na zona do semiárido nordestino (MENDONÇA, 2011). Os rios efêmeros ocorrem durante as chuvas e logo cessam. Para estudar os rios, é importante conhecer o conceito de bacia hidrográfi- ca. O conjunto de todos os canais de um rio formam a bacia hidrográfica. Esse conjunto converge para um rio principal. Os rios tributários são chamados de afluentes e subafluentes. Quanto à classificação, existem diversos tipos de bacias hidrográficas, e elas são determinadas pelo relevo associado ao clima. As partes mais altas onde ocorre o divisor de água são chamadas de interflúvio. Nesse sentido, os canais se estendem e se conectam, formando uma grande área de drenagem. O Brasil apresenta doze grandes bacias hidrográficas. Essas são as principais: Bacia do Amazonas, Bacia do Nordeste, Bacia do Tocantins-Araguaia, Bacia do Paraguai, Bacia do Paraná, Bacia do São Francisco, Bacia do Sudeste-Sul, Bacia do Uruguai. U N ID A D E 3 100 De modo geral, a classificação em rios de planícies e de planaltos são úteis nos estudos geográficos, porque definem sua relação com a sociedade. Os rios de pla- nícies, por não apresentarem grandes desníveis, queda d’água e corredeiras, são adequados para a navegação (CUNHA, 2003), nascem e desembocam em locais planos e relativamente baixos. Como exemplo, temos o gigantesco rio Amazo- nas e outros grandes rios pertencentes à sua bacia hidrográfica. O rio Paraguai é muito utilizado para navegação. Uma característica de rios de planícies podem ser os meandros. Um meandro é uma curva acentuada de um rio que corre em sua planície aluvial e que muda de forma e posição com as variações de maior ou menor energia e carga fluviais durante as várias estações do ano. Figura 8 - Rio Amazonas Descrição da Imagem: nesta figura, aparece uma embarcação navegando no rio Amazonas. As águas estão tranquilas; no fundo da imagem, aparecem as margens do rio. Ocorrem nuvens no céu, e, pormeio delas, raios do sol se manifestam. U N IC ES U M A R 101 Figura 9 - O rio São Francisco com suas água azuis. Por outro lado, os rios de planalto têm como características rupturas de declive e vales encaixados. Isso é o que lhes confere um alto potencial para a geração de energia elétrica. Encachoeirados e com muitos desníveis entre a nascente e a foz, os rios de planalto apresentam grandes quedas d’água e corredeiras. No Brasil, os principais rios de planalto são o Rio São Francisco (Figura 9) e o Rio Paraná. Devido ao seu perfil não regular, prejudica e limita a navegação, porém, em alguns trechos, é possível navegar. Outra característica é que, devido às usinas hidrelétricas, ocorrem lagos nos reservatórios. Ocorrem, também, eclusas, que são passagem para os desníveis e servem às embarcações. Descrição da Imagem: nesta figura, aparecem, em destaque, as águas do Rio São Francisco e, ao fundo da fotografia, a margem alta com vegetação baixa. U N ID A D E 3 102 3 O CLIMA BRASILEIRO Devido à sua grande extensão no sentido norte-sul e aos fatores geográficos, como altitude, maritimidade e continentalidade, o Brasil possui uma variedades de climas (Figura 10). Veremos, nesta unidade, a classificação climática no Brasil e as massas de ar que aqui atuam. U N IC ES U M A R 103 Figura 10 - Climas do Brasil Fonte: adaptado de IBGE (2002, on-line). Descrição da Imagem: na imagem, temos um mapa de climas do Brasil. Ao lado, esquerdo temos um mapa de climas zonais ou genéticos, dividido por cores de clima. Ao centro, temos o mapa do Brasil, dividido em três cores, indicando tipos de clima no Brasil. Por fim, ao lado direito, temos a legenda desse mapa. U N ID A D E 3 104 Estudar os climas do Brasil associados às bacias hidrográficas é a maneira de com- preender a desigualdade hídrica do território. Como é o clima de sua cidade? pensando juntos O clima equatorial ocorre na região Amazônica, na parte setentrional do Mato Grosso do Sul, e, na parte ocidental do estado do Maranhão, ocorre a ação da massa de ar equatorial continental. Ele apresenta as seguintes características: quente e úmido. As temperaturas médias estão entre 25 °C a 27 °C. Chove muito nessa parte do território: cerca de 2.000 mm anuais. Essa pluviosidade é bem distribuída ao longo do ano. Durante o inverno, a massa polar atlântica fica mais forte e atinge a Amazônia na parte oeste, isso provoca um fenômeno chamado “friagem”, em que a temperatura cai muito. Figura 11 - Rio Xingu: perene devido ao clima úmido da região Descrição da Imagem: nesta figura, estão, em destaque, as águas tranquilas do leito do rio Xingu, cercado por vegetação natural nas duas margens. No céu, algumas nuvens, que são refletidas nas águas. U N IC ES U M A R 105 O clima tropical atinge toda a porção central do Brasil, a região oeste do Ma- ranhão, parte do Piauí e o leste do estado da Bahia e de Minas Gerais. Ocorre, também, em Roraima. Ele manifesta temperaturas altas: entre 18 °C e 28 °C, com grande amplitude térmica, que varia em torno de 5 °C e 7 °C. O verão é quente e úmido; já o inverno, suave e com menos chuvas. O índice pluviométrico fica em torno de 1.500 mm anuais. Devido à maior influência da massa equatorial continental no verão, essa época é mais chuvosa. O clima tropical de altitude está associado à altitude e ocorre entre 500 m e 1000 m no Planalto Atlântico Sudeste. Abarca extensões dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A massa de ar que atua nessa área é a tropical atlântica. Ele ocasiona um verão chuvoso, com temperaturas na casa de 18 °C e 26 °C. A amplitude térmica varia entre 7 °C e 9 °C. A massa polar atlântica provoca geadas durante o inverno nessa região. O clima tropical atlântico se alonga pela planície costeira do estado do Ceará até o litoral de São Paulo. Atua, nessa área, a massa de ar tropical atlântica, quente e úmida. Chove bastante durante todo o ano, e a temperatura oscila entre 18 °C e 26 °C. Subtropical é o clima do Sul do Brasil, devido ao fator geográfico latitude. Além dos estados do Sul, ocorre em uma porção do estado de São Paulo e na parte meridional do Mato Grosso do Sul. Há atuação da massa de ar polar atlântica, e a temperatura média é de 18 °C, com elevada amplitude térmica, na casa de 10 °C, em média. A pluviosidade varia entre 1.000 mm a 2.000 mm anuais, bem distri- buída ao longo do ano. As geadas são frequentes no inverno. Na região serrana, eventualmente, no inverno, pode ocorrer precipitação de neve. U N ID A D E 3 106 Figura 12 - Curitiba, a capital mais fria do país Descrição da Imagem: nesta figura, aparece uma rua revestida com paralelepípedos. Em ambos os lados da rua, há casario histórico. Nesta imagem, ocorre uma feira livre, pessoas com roupas de frio e com guarda- -chuvas se protegem do frio e da chuva. O clima semiárido ocorre no interior dos estados nordestinos. Essa região, tam- bém conhecida como Polígono das Secas, é influenciada pela massa de ar tropical atlântica. Devido a fatores geográficos, o Planalto da Borborema ocasiona pre- cipitações orográficas, desse modo, a massa de ar chega com pouca umidade ao Sertão Nordestino. Apresenta altas temperaturas, em média, 27 °C. A pluviosidade é baixa, cerca de 500 mm por ano, mal distribuída, incerta e irregular. As secas são frequentes (Figura 13). U N IC ES U M A R 107 Figura 13 - Solo seco e rachado do Nordeste Descrição da Imagem: nesta fotografia, aparece um solo nu, vermelho, seco e com rachaduras. Suas formas são irregulares em pequenos blocos expostos. O que caracteriza o clima de uma região são as médias durante um período de 30 anos. Como já foi demonstrado, o território brasileiro apresenta vários tipos climáticos. Isso ocorre devido a fatores geográficos — latitude, altitude, maritimi- dade, continentalidade, albedo — e a fatores climáticos — umidade, temperatura, pressão, atuação das massas de ar (ALVARES et al., 2013). U N ID A D E 3 108 4 OS SOLOS DO BRASIL Descrição da Imagem: na imagem, temos um mapa de potencialidade agrícola do Brasil. Apresenta parte do mapa da América do Sul, com o Brasil em destaque. Ao lado direito, temos a legenda desse mapa, com zoom abaixo. U N IC ES U M A R 109 Figura 14 - Potencialidade agrícola do Brasil Fonte: adaptado de IBGE ([2020], on-line). Os solos do Brasil Acesse o mapa de solos e descubra as características de cada uma das classes de solos presentes no Brasil navegando pelos itens (EMBRAPA, 2011, on-line): conecte-se Uma das marcas do nosso país é, sem dúvidas, a força do agronegócio. Isso não seria possível sem solos agricultáveis. Nesse sentido, esse recurso natural tão im- portante deve ser usado com sustentabilidade. Por exemplo, o norte do Paraná se desenvolveu no início de sua colonização graças ao solo Terra Roxa, originado das rochas basálticas, esse solo é rico em nutrientes, apresenta grande concentração de argila, o que o torna resistente à erosão. No Nordeste do Brasil, ocorre o solo Massapê, que tem importância histórica no uso e ocupação do espaço, excelente para a agricultura da cana-de-açúcar. A formação do solo depende de fatores como o clima, o tipo de rocha, o relevo, a matéria orgânica e a ação de organismos. Leva-se muito tempo para a natureza construir o solo, e é possível perdê-lo rapidamente com o manejo errado. Esse mapa mostra o grande potencial dos solos brasileiros (Figura 14). De acordo com a Embrapa, o território brasileiro apresenta variados tipos de solos. O SiBCS — Sistema Brasileiro de Classificação de Solos apresenta treze classes de solos. Para saber mais, consulte o site indicado a seguir (EMBRAPA, 2011). https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/4005 U N ID A D E 3 110 Figura 15 - Lavoura mecanizada Descrição da Imagem: nesta imagem, aparece, em destaque, uma lavoura de trigo maduro e amarelo. Parte da lavoura foi colhida por uma colheitadeira,e, dentro da cabine dela, um trabalhador executa o trabalho. U N IC ES U M A R 111 Você sabe quais são os principais recursos naturais existentes no Brasil? Nosso território é rico em fontes de energia, tanto não renováveis como renováveis. Como você já deve saber, as fontes não renováveis são o petróleo, o gás, o carvão e o urânio. Por outro lado, as fontes renováveis que o Brasil dispõe em abundân- cia são a hídrica, a eólica, a energia solar e a biomassa. A demanda por energia cresce a cada dia no país. Para isso, constrói-se, ao longo do tempo, toda uma rede logística de energia. 5 RECURSOS NATURAIS E FONTES DE ENERGIA U N ID A D E 3 112 Fontes de energia não renováveis Toda fonte de energia que se exaure pelo uso, ou seja, é esgotável mesmo que seja a longo prazo, pertence ao grupo não renovável. Elas não ocorrem numa distri- buição uniforme. Em algumas regiões do planeta, podem ser abundantes, como o petróleo no Oriente Médio, e ser escasso em outras, por exemplo, no Japão. Por esse motivo, esses recursos são causa de grandes disputas entre nações, empresas e interesses diversos. Muitos conflitos ocorrem devido à concorrência pelos recur- sos naturais não renováveis. Outra questão importante é que eles estão associados a problemas ambientais, porque são retirados da natureza e, muitas vezes, causam degradação na extração, no transporte e no consumo (LEITE, 2007). Figura 16 - Logística de energia do Brasil Fonte: IBGE (2015, on-line). Descrição da Imagem: nesta figura, aparece parte da América do Sul. Em destaque, há um mapa do Brasil sobre a logística de energia. Várias linhas coloridas indicam a malha de infraestrutura que se concentra mais no sudeste e sul do território. U N IC ES U M A R 113 As fontes renováveis de energia Os recursos renováveis são aqueles que nunca se exaurem, fontes de energia ines- gotáveis. São recursos naturais usados para a geração de energia que a natureza torna a fornecer. A força motriz da água (hídrica), o vento (eólica), a energia do sol (solar), a biomassa e a energia nuclear são exemplos abundantes no território brasileiro (ISHIGURO, 2002). Para saber mais sobre a importância dos recursos naturais, principalmen- te, para a indústria, visite o link indicado. “Diesel, óleos brutos de petróleo, minério de ferro e automóveis são os quatro produtos mais importantes da indústria brasileira” (ESTATÍSTICAS ECONÔMICAS, 2019, on-line) conecte-se Descrição da Imagem: nesta figura, uma pessoa abastece o veículo na bomba de combustível de um posto. Figura 17 - O petróleo ainda é a principal fonte de combustível para o transporte no Brasil https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/4009 U N ID A D E 3 114 Energia solar é uma energia limpa e renovável. É um recurso bastante produzido pelo Brasil. Imagine se o nosso país resolver implementá-la em larga escala. pensando juntos Figura 18 - Placas solares fotovoltaicas Energia eólica A energia eólica é produzida a partir da força do vento, que se transforma em energia cinética por meio de equipamento. O vento é usando como fonte de energia desde a antiguidade para mover barcos a vela e para mover moinhos. No Brasil, o Rio Grande do Norte é um grande produtor de energia eólica, e isso se deve a um fator natural estratégico: os Ventos Alísios. Esses ventos são contínuos, o que é importante para a produção de energia não cessar. Descrição da Imagem: nesta figura, sobre uma estrutura semelhante a um telhado, dois trabalhadores desenvolvem seu ofício, instalando placas solares. U N IC ES U M A R 115 Figura 19 - Energia eólica é uma opção de energia limpa e renovável Descrição da Imagem:nesta figura, temos um aerogerador com três pás em destaque, sustentadas por sua haste. Ao fundo, o céu está azul e parcialmente nublado. Etanol e biomassa O Brasil é um dos pioneiros na produção do etanol a partir da cana-de-açúcar. Ele pode ser obtido, também, do cultivo de outras plantas, como a beterraba, a mandioca e o milho. É uma eficiente fonte de energia para automóveis — e energia limpa. A biomassa se constitui da matéria orgânica, por exemplo, a palha do milho, o bagaço da cana, a casca do coco etc. Pode ser usada na produção de energia. U N ID A D E 3 116 Figura 20 - O etanol brasileiro é produzido a partir da cana-de-açúcar Figura 21 - Itaipu, a maior hidrelétrica do Brasil, localizada no Rio Paraná Descrição da Imagem: nesta figura, temos a hidrelétrica instalada em Itaipu. Nela, aparecem afloramentos de rochas nas duas margens. Ao centro, o curso d’água desliza logo após a grande estrutura da barragem montada, que aparece de uma lado ao outro da figura. Descrição da Imagem: oito exemplares de cana-de-açúcar sobre as folhas em uma superfície de madeira. Hidrelétricas Qual é a importância da energia hídrica para nosso país? É, simplesmente, a mais importante fonte de energia do Brasil. As hidrelétricas são o primordial meio para fornecer energia elétrica e produzem cerca de 90% de toda a energia elétrica do Brasil. Outros 10% são produzidos pelas termelétricas e pelas usinas termonucleares (ANEEL, 2020). U N IC ES U M A R 117 Se você se interessa pelo tema de energia hidráulica e quer saber mais sobre o caminho da água para produção de eletricidade, a geração de energia elétrica no mundo por tipos de combustíveis, o que é a energia hidrelétrica com mais detalhes e o potencial de geração hidrelétrica do Brasil, eu convido você a visitar o site da Aneel, descrito a seguir. conecte-se Muito bem, estudante! Chegamos ao final de mais uma unidade! Então, se você fosse viajar para um país distante e tivesse que descrever sua pátria, como a des- creveria? O Brasil é muito grande e formado por variadas paisagens que, no con- junto, formam esse lindo mosaico natural. O complexo de todas as partes forma o todo! Áreas úmidas, áreas semiáridas, áreas com o relevo saliente, em outras, o predomínio de depressões e planícies... Em última análise, para explicar o relevo brasileiro, é de suma importância conhecer a estrutura geológica e a classificação do relevo. Não há dobramentos modernos em nosso território. O Brasil é um país de planaltos, depressões e pla- nícies: o Planalto Central, o Planalto das Guianas, os planaltos do Sul do país; a Planície Amazônica — que, nas antigas classificações, era predominada por pla- nícies, mas, graças às novas geotecnologias e classificações, sabe-se que é formada por pequenos platôs e depressões, e a parte de planície, que acompanha os rios, chega ao percentual de, aproximadamente, 1% apenas. O país é rico em recursos naturais e energéticos. A extração de petróleo e gás natural se concentra na bacia sedimentar da plataforma continental. A Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, concentra a maior produção. Nos estados do Sul, ocorre a extração de carvão mineral, com destaque para Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Brasil depende muito da hidreletricidade. As hidrelétricas se concentram mais no Sul e Sudeste e atendem à região mais urbanizada do país. A região Norte tem hidrelétricas grandes, como Tucuruí e Belo Monte. Elas produzem energia limpa, mas causam impactos em sua implantação, alongando uma grande área devido à formação do lago reservatório. Espero que você tenha aproveitado esse módulo introdutório. Os assuntos explorados aqui serão aprofundados no decorrer do curso. Continue firme e bons estudos! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/4010 118 na prática 1. O território brasileiro apresenta um padrão de relevo antigo, bastante desgasta- do. No Brasil, não ocorrem dobramentos modernos, desse modo, não há grandes montanhas como os Andes e o Himalaia. Sobre o assunto, é correto afirmar que: a) Os Inselbergs são comuns na Região Sul do Brasil, devido ao clima subtropical e ao intemperismo químico acelerado. b) A Chapada Diamantina é uma região de depressões devido ao clima Equatorial. A atuação da massa de ar equatorial úmida faz com queos rios sejam perenes. c) Os mares de morros são arredondados devido à região do semiárido propor- cionar o intemperismo. São recobertos pela vegetação nativa, a floresta tropical. d) A estrutura geológica do Brasil demonstra um relevo muito antigo. No período pré-cambriano, ocorreram dobramentos modernos. Agora, apenas dobramentos antigos, por exemplo, a Serra do Mar. e) Com o movimento neotectônico, em breve, teremos cadeias de montanhas mo- dernas no Brasil. 119 na prática 2. Sobre a hidrografia do Brasil, analise a imagem a seguir. Fonte: IBGE. Área de Recarga dos Principais Sistemas Aquíferos. In: BRASIL. Atlas Nacional do Brasil. [S. l.]: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, [2020]. 1 mapa. Disponível em: http:// geoftp.ibge.gov.br/atlas/nacional/atlas_nacional_do_brasil_2010/2_territorio_e_meio_ambien- te/atlas_nacional_do_brasil_2010_pagina_81_area_de_recarga_dos_principais_sistemas_aquife- ros.pdf. Acesso em: 30 nov. 2020. Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma porção da América do Sul, em destaque, temos o mapa do Brasil com seus aquíferos. http://geoftp.ibge.gov.br/atlas/nacional/atlas_nacional_do_brasil_2010/2_territorio_e_meio_ambiente/atlas_nacional_do_brasil_2010_pagina_81_area_de_recarga_dos_principais_sistemas_aquiferos.pdf http://geoftp.ibge.gov.br/atlas/nacional/atlas_nacional_do_brasil_2010/2_territorio_e_meio_ambiente/atlas_nacional_do_brasil_2010_pagina_81_area_de_recarga_dos_principais_sistemas_aquiferos.pdf http://geoftp.ibge.gov.br/atlas/nacional/atlas_nacional_do_brasil_2010/2_territorio_e_meio_ambiente/atlas_nacional_do_brasil_2010_pagina_81_area_de_recarga_dos_principais_sistemas_aquiferos.pdf http://geoftp.ibge.gov.br/atlas/nacional/atlas_nacional_do_brasil_2010/2_territorio_e_meio_ambiente/atlas_nacional_do_brasil_2010_pagina_81_area_de_recarga_dos_principais_sistemas_aquiferos.pdf 120 na prática O Brasil apresenta abundância em cursos d’água na maior parte do seu vasto terri- tório. As bacias hidrográficas têm variados usos: navegação, produção de energia, irrigação, abastecimento urbano, lazer, pesca, entre outros. Sobre esse assunto, analise as sentenças a seguir: I - O território nacional é rico em recursos naturais. A água é abundante e se con- centra unicamente nas grandes bacias hidrográficas. II - A hidrovia é um modal de transporte muito eficiente, principalmente, na Região Norte do Brasil, dada as características e dimensão da bacia Amazônica. III - No Sudeste e Sul do país, a configuração do relevo favorece a instalação de hidrelétricas. No rio Iguaçu, no Paraná e no rio Tietê, no Estado de São Paulo ocorrem a instalação de hidrelétricas. IV - A principal matriz para produção de energia elétrica no Brasil é o petróleo, dada a ausência de potencial hídrico na região mais urbanizada do país. É correto o que se afirma em: a) Apenas I e II. b) Apenas II e III. c) Apenas I. d) Apenas II, III e IV. e) Apenas I, II e III. 121 na prática 3. Considere a figura a seguir: A infraestrutura e a produção de energia são temas estratégicos e essenciais para o desenvolvimento econômico e social. Para crescer e continuar crescendo, o país precisa garantir a oferta de energia. O Brasil apresenta variados recursos com potencial energético. Sobre os recursos energéticos, analise as sentenças e consi- dere verdadeiro (V) ou falso (F): ( ) No território brasileiro, existem muitos recursos não renováveis, como minério de ferro, bauxita, cassiterita, urânio e manganês. ( ) Recurso natural renovável é aquele que não finda. Por exemplo, em uma hidrelé- trica, faz-se uso da força motriz sem diminuição do recurso. A energia solar pode ser usada sem risco de exauri-la. ( ) Biomassa é o material retirado de animais e vegetais. Ocorre que, muitas vezes, os resíduos da indústria podem ser reaproveitados. Por exemplo, o bagaço da cana-de-açúcar que, durante muito tempo, foi inutilizado até que se percebeu um grande potencial calorífico nele. ( ) Petróleo é um combustível fóssil não renovável. Ainda, é a principal fonte de energia para o transporte no Brasil. Assinale a alternativa correta: a) V, V, F, F. b) F, F, V, V. c) V, F, V, V. d) F, F, F, F. e) V, V, V, V. Descrição da Imagem: nessa imagem, aparece uma mão humana segurando uma lâmpada acesa. 122 na prática 4. Considere a imagem a seguir: O relevo é um fator que influencia na vida das pessoas, na construção civil, nas obras de infraestrutura, como hidrelétricas e rodovias. Devido à configuração do relevo, existem áreas de risco de inundação e áreas de riscos de movimentos de massas. Esse problema ambiental associado ao relevo pode trazer grandes prejuízos am- bientais e humanos. Sobre a relação existente entre o relevo e a sociedade humana, produza um texto de 10 a 15 linhas. 5. O clima semiárido do Sertão Nordestino faz com que alguns cursos d’água sejam intermitentes. Esse regime tem grande impacto nas populações que habitam essa área. Disserte sobre o impacto das secas na vida das pessoas do Nordeste. Descrição da Imagem: veículo parado em rodovia interditada. Deslizamento de encosta, solo e grandes blocos de rocha na pista. 123 aprimore-se CLIMA Mais carros nas ruas, maior consumo de energia, desmatamento e práticas agrí- colas inadequadas. A atividade humana gerou um desequilíbrio que, segundo pes- quisas científicas, pode elevar a temperatura média na Terra. Para combater e se adaptar a essas mudanças, o Brasil desenvolve uma série de ações a nível nacional. A principal delas é a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), instituída pela Lei nº 12.187, de 2009. A partir da legislação, o Ministério do Meio Ambien- te (MMA) define estratégias e propõe políticas relacionadas ao monitoramento e à implementação dos planos setoriais de mitigação e adaptação. O MMA promove, ainda, a cooperação técnica e científica com entidades relacionadas ao tema para que o país alcance os compromissos voluntários de redução de emissões de gases de efeito estufa. O MMA atua no combate ao desmatamento na Amazônia e em outros biomas e na eliminação de substâncias destruidoras da Camada de Ozônio, que protege a Terra dos raios ultravioletas. Além disso, o MMA, em conjunto com outros órgãos de governo, articula acordos com a comunidade internacional, assim como apoia e desenvolve estudos e projetos relacionados com a preservação do meio ambiente. Todos os anos, representantes de 195 países reúnem-se na Conferência das Partes, a COP, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). Nessas reuniões, são discutidas medidas relacionadas à governança climática global, responsáveis por expressivos resultados como o Protocolo de Quioto, que estabeleceu metas de redução de emissões para países desenvolvidos. Em dezembro de 2015, foi assinado o Acordo de Paris, que une esforços das nações signatárias para adotar uma economia de baixo carbono até o fim deste século. O Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e apresentou o indicativo de redução de 43%, até 2030. Ambos são comparados aos níveis de 2005. Entre outras medidas, o Acordo de Paris tem o objetivo de manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e de garantir esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. Fonte: Ministério do Meio Ambiente, [2020]. 124 eu recomendo! Geografia do Brasil Autor: Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Jurandyr Luciano San- ches Ross Editora: EdUSP Sinopse: este livro de Geografia do Brasil para o segundo grau faz parte de um projeto da Universidade de São Paulo de valorização da qualidade de Ensino Médio no Brasil. Assim sendo, este traba- lho foi, desde o início, pensado e desenvolvido por uma equipe de professores do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, com o objetivo básico de produzir um livro de conteúdo renovadoe que pudesse levar aos professores e alunos do segundo grau aquilo que se tem de mais atualizado no âmbito dessa disciplina e que não se caracteriza como mais um simples livro didático. Apesar da necessária simplificação da linguagem, em função dos fins a que se destina, esta obra apresenta um conteúdo geográfico que deverá redirecionar o ensino da Geografia no segundo grau livro “Matéria de Capa | Amazônia em Chamas | 01/09/2019 A destruição provocada pelos incêndios na Amazônia vai muito além do que a vista alcança. A extensão destruída entre janeiro e metade de agosto de 2019 equivale a quase 4 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. O fogo mata as árvores, os ani- mais e provoca o desequilíbrio em todo o ecossistema da região. O impacto chega a milhares de quilômetros de distância. Na região sudeste, por exemplo, a falta de chuvas está relacionada com a perda de áreas florestais. Você entende mais sobre as consequências negativas das queimadas na Amazônia nesta edição do Matéria de Capa”. Web: https://www.youtube.com/watch?v=gMwvf6huApo conecte-se https://www.youtube.com/watch?v=gMwvf6huApo gabarito 125 1. D. 2. B. 3. E. 4. Espera-se que o aluno seja capaz de analisar o relevo como fator que influencia na economia, na maneira de apropriação do espaço e na vida em geral das pessoas. Há necessidade de estudá-lo e compreender sua dinâmica e estrutura. A relação entre o relevo e a população humana pode ser verificada no cotidiano quando temos notícias sobre deslizamentos que destroem casas, interditam rodovias e, muitas vezes, ceifam vidas. O uso e ocupação do espaço precisa de planejamento, esse planejamento pas- sa pela identificação do relevo, suas características e como manter a segurança das pessoas frente às mudanças naturais. 5. A seca se relaciona com os impactos na economia e na vida das pessoas. Gera perdas financeiras e patrimoniais, é um problema ambiental lento e causa migrações força- das da população nordestina. Muitas famílias de pequenos produtores são obrigados a abandonar sua propriedade e seguir migrando para regiões mais úmidas. Muitos nordestinos, ao longo das décadas, deixaram sua região e migraram para São Paulo em busca de melhores condições de vidas. Verdadeiros refugiados ambientais. Ao menor sinal de melhora, muitos deles retornaram. referências 126 AB’SABER, A. N. Brasil, paisagens de exceção. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006. ALVARES, C. A. et al. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitsch- rift, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2013. ALVES, E. D. L. MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Texto, 2007. 206 p. Sociedade & Natureza, v. 22, n. 3, 2011. ANEEL. Atlas de energia elétrica do brasil. Serviço público de transmissão. 1 Ed, 2002. Dis- ponível em: https://www.aneel.gov.br/transmissao5. Data: 1 jun. 2020. CUNHA, S. B. da; GUERRA, A. J. T. (org.). Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. EMBRAPA. Solos Brasileiros. [2020]. Disponível em: https://www.embrapa.br/tema-solos-bra- sileiros/solos-do-brasil. Acesso em: 9 dez. 2020. ESTATÍSTICAS ECONÔMICAS. Diesel, óleos brutos de petróleo, minério de ferro e automó- veis são os quatro produtos mais importantes da indústria brasileira. Agência IBGE, 6 jun. 2019. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-a- gencia-de-noticias/releases/24738-diesel-oleos-brutos-de-petroleo-minerio-de-ferro-e-auto- moveis-sao-os-quatro-produtos-mais-importantes-da-industria-brasileira. Acesso em: 1 jun. 2020. IBGE. Logística de Energia. 2015. 1 mapa. Disponível em: http://geoftp.ibge.gov.br/organi- zacao_do_territorio/redes_e_fluxos_geograficos/logistica_de_energia/mapa_LogEnergia2015_ 5mi.pdf. Acesso em: 27 nov. 2020. IBGE. Mapa de Clima do Brasil. 2002. 1 mapa. Disponível em: http://geoftp.ibge.gov.br/infor- macoes_ambientais/climatologia/mapas/brasil/Map_BR_clima_2002.pdf. Acesso em: 27 nov. referências 127 2020. IBGE. Mapa Físico do Brasil. 2007. 1 mapa. Disponível em: https://geoftp.ibge.gov.br/car- tas_e_mapas/mapas_do_brasil/fisico/brasil_fisico5000k_2007.pdf. Acesso em: 27 nov. 2020. IBGE. Solos. In: BRASIL. Atlas Nacional do Brasil. [S. l.]: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, [2020]. 1 mapa. Disponível em: geoftp.ibge.gov.br/atlas/nacional/atlas_nacional_ do_brasil_2010/2_territorio_e_meio_ambiente/atlas_nacional_do_brasil_2010_pagina_79_po- tencialidade_agricola.pdf. Acesso em: 27 nov. 2020. ISHIGURO, Y. A energia nuclear para o Brasil. São Paulo: Makron Books, 2002. JORNAL FLORIPA. Aquífero Alter do Chão é o maior reservatório de água do planeta. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, 15 mar. 2019. Disponível em: ht- tps://www.ana.gov.br/noticias-antigas/aquafero-alter-do-chapso-a-c-o-maior-reservata- 3rio.2019-03-15.3692202018. Acesso em: 18 jul. 2020. LEITE, M. Brasil: paisagens naturais. São Paulo: Ática, 2007. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Clima. Governo Federal, [2020]. Disponível em: https://www. mma.gov.br/publicacoes/clima/category/188-portugu%C3%AAs.html. Acesso em: 19 jul. 2020. PIXABAY. [Sem título]. 2013. 1 fotografia. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/anti- gos-animal-biologia-evolu%C3%A7%C3%A3o-165001/. Acesso em: 27 nov. 2020. PIXABAY. [Sem título]. 2017. 1 fotografia. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/pico- -da-bandeira-trilha-trekking-2448585/. Acesso em: 27 nov. 2020. Ross, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2005. 4 OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL PROFESSOR Dr. Roberson Miranda de Souza PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O Domínio das Terras Baixas Florestadas da Amazônia • O Domínio das Depressões Interplanálticas Semiáridas do Nordeste • O Domínio dos Chapadões Centrais, Recobertos por Cerrados, Cerradões e Campestres • O Domínio dos Mares de Morros Florestados • Domínio dos Planaltos de Araucárias, o Domínio das Pradarias, as Áreas de Transição e as Mudanças Ambientais. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer o domínio das terras baixas florestadas da Amazônia • Compreender o domínio das depres- sões interplanálticas semiáridas do Nordeste • Identificar o domínio dos chapadões centrais recobertos por cerrados, cerradões e campestres • Conhecer o domínio dos mares de morros florestados • Com- preender o domínio dos planaltos de araucárias e identificar as áreas de transição. INTRODUÇÃO Olá, estudante! Nesta unidade, veremos os domínios morfoclimáticos do Brasil. Devido ao tamanho do território brasileiro, defini-lo nem sempre é simples, considerando que uma parte do território está no clima subtro- pical, com geadas no inverno e até neve! Considerando que a Amazônia está no clima equatorial, mais úmido que o tropical; e a caatinga, com clima semiárido. Uma maneira interessante de estudar o espaço natural brasileiro é, justamente, pelas seis grandes áreas de domínios morfoclimáticos. Seguindo esse raciocínio, devemos ressaltar que o mentor dessa abor- dagem foi o geógrafo Aziz Ab’Saber, para o qual o clima é o definidor do relevo, da hidrografia e da vegetação. Nessa perspectiva, o clima é o ele- mento mais importante a ser considerado, uma vez que, a partir dele, você compreende a paisagem. Ele influencia na Geomorfologia, nos processos e formas dos relevos. Influencia no regime dos rios. Ele molda o caráter da vegetação, que o autor chama de síntese da paisagem. Então, uma grande área do território onde predomina um determi- nado tipo de clima, com padrões de temperatura e umidade que moldem o relevo e a vegetação, é chamada de domínio morfoclimático. Iremos, a partir de agora, conhecer melhor esses domínios, suas particularidades, seu endemismo e sua paisagem. Convido você a ficar atento aos conceitos, às dicas, às imagens e a todos os elementos desta unidade. Nosso “fio condu- tor” será o raciocínio: como definir o Brasil? Uma vez que ele é grandee diversificado, o conjunto dessas variadas paisagens formam o todo, com- plexo e sistêmico. As áreas de transição são parte dessa análise. Os domínios não passam de um para o outro de forma abrupta. Não existe um limite em forma de linha, como as divisas de estados no mapa. Desse modo, é importante refletir e aprender: o que é uma área de transição? Onde e por que elas ocorrem? Como diferenciar um domínio de uma área de transição? Vamos lá, hora de estudar! U N ID A D E 4 130 1 O DOMÍNIO DAS TERRAS BAIXAS FLORESTADAS DA AMAZÔNIA Sobre o domínio amazônico, Ab’Saber o considera um macrodomínio O que caracteriza o relevo da Amazônia? São as terras baixas com platôs e acom- panhado o leito dos rios as planícies. Além disso, é uma paisagem caracterizada pelo clima equatorial, quente e úmido, com temperaturas que variam entre 24 ºC a 27 ºC, e precipitação durante o ano todo, a quantidade de chuvas, em média, é de 2300 mm anuais. Quando pensamos na Amazônia, vem à nossa mente a grande bacia hidro- gráfica do rio Amazonas, a maior bacia hidrográfica do mundo em volume de água. A água é um recurso precioso, e o Brasil tem uma grande concentração de água doce nessa bacia. O solo da Amazônia é rico em matéria orgânica, formado por latossolos e argissolos. Deste modo, a fertilidade desse solo depende muito da floresta. O solo da Região Amazônica apresenta baixa fertilidade quando retirada a vegetação, se exposto a queimadas e a manejo incorreto. U N IC ES U M A R 131 Descrição da Imagem: tem-se a Floresta Amazônica; no centro, aparecem o rio Javari e, na extremidade, uma parte da casa de um ribeirinho em uma área desflorestada. O céu se apresenta parcialmente nublado. Figura 1 - Floresta Amazônica às margens do rio Javari As matas de igapó são aquelas formadas dentro do rio e submersas constante- mente, por exemplo, a Vitória Régia, que ocorre no leito do rio. Já as matas de várzeas são de inundação, organicamente adaptadas à variação do nível do rio, sua mudança é sazonal de cheias e vazante. Por fim, as matas de terras firmes ca- racterizam a composição caráter do domínio, com árvores grandes, como a casta- nheira. As matas de terras firmes, como o próprio nome diz, nunca são inundadas. A floresta apresenta, na maior área, porte arbóreo, diversificado, com folhas perenes e latifoliadas. Divide-se a vegetação em três tipos: as matas de igapó, as matas de várzeas e as matas de terras firmes. U N ID A D E 4 132 Descrição da Imagem: nesta figura, aparece o mapa do Brasil. Está dividido pelos domínios morfoclimáticos e morfoestruturais. Os domínios morfoestruturais estão indicados com as cores amarelo, para os depósitos sedimentares quaternários; verde claro, para bacias e coberturas sedimentares fanerozóicas; roxo, para cinturões móveis neoproterozóicos; e rosa, para crátons neoproterozóicos; e os domínios morfoclimáticos estão indicados com rachuras. Figura 2 - Domínios morfoestruturais Fonte: IBGE ([2020], on-line). U N IC ES U M A R 133 Para Ab’Saber, conforme resenha de Silva (2012), a grandeza da Amazônia deve ser con- siderada tanto na biodiversidade como na extensão de seu território. A autora afirma que o estudioso, “ [...] enfatiza a Amazônia como um macrodomínio destacando sua alta biodiversidade biológica, a exuberância de suas florestas, sua rede hidrográfica e suas pequenas variações ecossistêmicas. Estes fatos estão diretamente ligados a sua posição geográfica, que pos- sibilita elevadas taxas de luminosidade (entrada de energia) em associação às permanentes massas de ar úmido condicionam altos índices de precipitação anual entre 1.600 a 3.000 mm, em uma área espacial de aproximadamente 4,2 milhões de quilômetros quadra- dos. É um domínio caracterizado por feições hidrológicas que cons- tituem labirintos hidrográficos. (SILVA, 2012, p. 255). Realmente, a Amazônia faz parte de nosso patrimônio ambiental, não só do Brasil. Com o problema das mudanças climáticas, esse bioma tem chamado a atenção do mundo. A Amazônia está sempre nos noticiários, infelizmente, muitas vezes, ligada a fatos negativos: as queimadas, o garimpo ilegal e a invasão de terras indígenas. U N ID A D E 4 134 2 O DOMÍNIO DAS DEPRESSÕES INTERPLANÁLTICAS SEMIÁRIDAS DO NORDESTE É interessante como Ab’Saber procura compreender essa região. O Sertão Nordestino tem toda uma particularidade. É interessante comparar suas características naturais com outras. O que se destaca, nessa análise, é o fator climático e como ele é definidor da paisagem. “ [...] as causas da existência de uma região semiárida em um conti- nente de grandes e contínuas extensões de terras úmidas a partir de uma análise dos fatores climáticos e morfológicos, que contribuem para um déficit prolongado de precipitações com duração, em geral de seis a sete meses. Esse caráter desigual das precipitações, que em média no Nordeste seco está entre 268 e 800 mm, fez com que o autor comparou os índices de precipitações do semiárido nordes- tino com o domínio dos Cerrados, a Zona da Mata nordestina e a Amazônia, destacando as disparidades (SILVA, 2012, p. 256). Este domínio morfoclimático, também conhecido como domínio da caatinga, apresenta um relevo formado por uma grande depressão. As temperaturas são médias elevadas, entre 25 ºC e 30 °C, ultrapassando os 42 ºC nos dias mais quen- tes. Devido ao clima semiárido, a precipitação é escassa e varia em torno de 300 mm a 800 mm anuais. Os períodos de estiagem podem se prolongar por mais de um ano, e as secas são recorrentes. U N IC ES U M A R 135 Descrição da Imagem: nesta figura, aparece uma rocha nua com fraturas, onde crescem três cactos. Ao fundo, há vegetação verde de porte arbustiva, típica do Sertão Nordestino. Devido ao clima, os rios podem ser temporários ou intermitentes, como, no Ceará, o Jaguaribe. Por atravessar a região semiárida, as populações constroem açudes para garantir o abastecimentos durante o ano todo. Também devido ao clima, o solo é muito ressecado, mas rico em nutrientes — não ocorre uma inten- sa lixiviação, que é a lavagem do solo —; apresenta grande concentração de sal, devido à forte evaporação; quando irrigados, são altamente produtivos. A caatinga se divide em três tipos: de porte arbóreo, que varia de 8 a 12 metros; de porte arbustivo, entre 2 a 5 metros; de porte herbáceo, vegetação rasteira e abai- xo de 2 metros. A caatinga consegue se adaptar às condições ecológicas vigentes. Durante a seca, as folhas ficam brancas, porém, após um curto período úmido (três dias com chuva), elas ficam verdes. Plantas como o juazeiro, a carnaúba e o cactos são adaptadas ao clima. Figura 3 - Cactos, vegetação xerófila adaptada ao clima semiárido do Sertão Nordestino U N ID A D E 4 136 3 O DOMÍNIO DOS CHAPADÕES CENTRAIS, RECOBERTOS POR CERRADOS, CERRADÕES E CAMPESTRES Este domínio, assim como os demais, apresenta particularidades. A paisagem dos chapadões é identitária. Uma das marcas do domínio do cerrado são os chapa- dões. Quando analisa o domínio dos cerrados, Ab’Saber ressalta: “ [...] os conjuntos topográficos do Planalto Central, a rede de de- pressões interplanálticas e os enclaves de cerrados no domínio das caatingas. Ab’Saber alerta para a necessidade de conciliar desenvol- vimento e proteção dos patrimônios genéticos (SILVA, 2012, p. 257). O que caracteriza o relevo do domínio do cerrado são os chapadões, um relevo de planaltos, com altitude entre 300 a 600 metros, um relevo plano com sutis ondulações. O clima tropical sazonal apresenta uma estação seca e outra úmida. A média é de 22 ºC de temperatura. Durante a estação seca, podem ocorrer quei- madas, que são importantes para a renovação da vegetação do cerrado. U N IC ES U M A R 137 Calagem é a correção da acidez do solo com aplicação de calcário, deste modo, eleva os teores de cálcio e magnésio e provoca a neutralização do alumínio trivalente. conceituando No planaltocentral, ocorre a nascente de grandes bacias hidrográficas do Brasil: São Francisco, Araguaia, Tocantins. Nas nascentes, formam-se uma mata de galeria, com árvores maiores e exuberantes devido à umidade. Já o solo do cerrado é ácido e, durante muito tempo, foi considerado improdutivo. A Embra- pa desenvolveu um processo de correção do solo por meio de calagem. Desse modo, o agronegócio da soja avançou para essa área. O relevo plano facilitou a mecanização. Por esse motivo, é uma área bastante antropizada e a maior pro- dutora de soja do país. O latossolo é bem desenvolvido e rico em nutrientes, já o solo podzólico é mais pobre em nutrientes e mais suscetível a processos erosivos. O cerrado é dividido em campos limpos, caracterizado por vegetação rasteira, campos sujos, vegetação rasteira com arbustos esparsos e o cerradão, mais fecha- do, com árvores de até 15 metros, e pode englobar a mata de galeria, com espécies esclerófilas e xeromórficas. U N ID A D E 4 138 4 O DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS FLORESTADOS A fachada do Atlântico é linda. No verão, com o sol e o céu azul, o mosaico for- mado pelo verde das florestas é o que se pode chamar de paisagem cênica, que encanta pela beleza, um verdadeiro cartão postal. A floresta, também conhecida como Mata Atlântica, é rica em biodiversidade e intensamente devastada, pro- tegida em áreas de preservação remanescentes. Em relação à Floresta Atlântica, Ab’Saber a considera uma área maior do que a de mares de morros: “ As florestas atlânticas possuem uma estruturação espacial azonal de caráter longitudinal nor-nordeste e sul-sudoeste, estendendo-se do sudeste do Rio Grande do Norte ao sudeste de Santa Catarina. A partir desta ressalva distingue-se a existência de subáreas topo- gráficas diferenciadas dentro do domínio tropical atlântico. Estas subáreas podem ser observadas pelos tabuleiros da Zona da Mata nordestina, as escarpas tropicais das Serras do Mar e Mantiqueira, e os ‘mares de morros’ (SILVA, 2012, p. 255). O clima é quente e úmido, em sua maior parte, tropical litorâneo, com média de temperatura mínima de 16 °C, e a média anual é de 36 °C. Pode ocorrer, também, o clima tropical de altitude, devido às características do relevo. A Serra do Mar e o conjunto de outras serras e morros formam esse domínio morfoclimático. Os morros arredondados, chamados por Ab’Saber (2003) de “mamelonares” ou U N IC ES U M A R 139 Descrição da Imagem: morros florestados com a Mata Atlântica dão a impressão de camadas naturais. No centro, uma área sem vegetação. meia laranja, florestados são o caráter dessa paisagem. O clima tropical úmido, com influência do oceano, controla a morfodinâmica. Esse clima apresenta altos níveis de precipitação. São áreas com relevo declivoso suscetíveis a movimento de massas. As áreas urbanizadas, como o Rio de Janeiro, são áreas de risco para ocupação. Podem ocorrer deslizamentos com consequências terríveis, perdas patrimoniais e humanas. Os rios são perenes, e duas grandes bacias hidrográficas se destacam nesse do- mínio morfoclimático: a do rio São Francisco e a do rio Paraná. Inúmeros outros rios de menor comprimento nascem nas serras e desaguam no oceano Atlântico. Devido à fachada atlântica ser largamente ocupada e urbanizadas, muitos desses rios apresentam sérios problemas de degradação ambiental e poluição. O solo transportado, aluvial, rico em matéria orgânica e irrigado naturalmente é fértil, principalmente, o histórico solo massapê no Nordeste, que é argiloso e um dos melhores do Brasil. A floresta ombrófila densa, ou, simplesmente, Mata Atlântica, é o mais rico bioma em biodiversidade do território brasileiro. Figura 4 - Mata Atlântica no Estado de Santa Catarina Nesse domínio morfoclimático, justamente pela presença dos planaltos, bacias hidrográficas, sistemas de mangues e matas intermediárias, ocorrem vários sub- sistemas ecológicos. Estima-se que apenas 7% da Mata Atlântica seja remanescen- te. É uma área bastante ameaçada, com espécies endêmicas em risco de extinção, por exemplo, o pau-brasil, o jacarandá e o cedro. Sem falar da fauna ameaçada, como a onça-pintada e a anta. U N ID A D E 4 140 5 O DOMÍNIO DOS PLANALTOS DE ARAUCÁRIAS, O DOMÍNIO DAS PRADARIAS, AS ÁREAS DE TRANSIÇÃO E AS MUDANÇAS AMBIENTAIS A parte meridional do território nacional chama a atenção devido ao clima subtropical e, nos aspectos naturais, aos “bosques” de araucária. Extremamente explorada pela indústria madeireira, a floresta está longe da situação original, mas, ainda, há resquícios dessa majestosa paisagem sulina. Os domínios dos planaltos de araucárias e pradarias mistas chamam bastante a atenção de Ab’Saber, dada a sua diferença em relação aos outros: “ [...] destaca-se as particularidades deste domínio, onde aborda a relativa perda de tropicalidade, principalmente em relação às tem- peraturas médias. Esta característica foi fator condicionante para a presença de um complexo vegetacional extratropical de araucárias, sub-bosques e um mosaico de bosquetes de pinhais. A singular originalidade ecológica torna este cenário, totalmente diferente da paisagem dos cerrados e das florestas de matas (SILVA, 2012, p. 256). O domínio das araucárias é caracterizado por planaltos, forte declividade, terrenos de serras. A paisagem cênica é formada por processo morfodinâmi- cos, de alternância entre períodos secos e úmidos e erosão diferencial ao longo das eras geológicas. O planalto meridional apresenta altitudes entre 500 a 1300 metros. U N IC ES U M A R 141 Descrição da Imagem: nesta figura, aparece um campo de pradarias. Está cercado, e, na extremidade, ape- nas uma árvores se destaca. Ao fundo, o relevo formado por morros preenche a figura de um lado ao outro. Em sua maior parte, o clima é subtropical, com temperaturas médias variando entre 14 ºC e 30 ºC. Afetado pela massa de ar polar, ocorrem geadas ao longo do ano, e o inverno é rigoroso. Os verões costumam ser úmidos e quentes. A pre- cipitação varia entre 1500 a 1800 mm anuais, bem distribuída ao longo do ano. Quanto à hidrografia, apresenta rios perenes e encaixados. Típicos de planaltos, são largamente utilizados para implantação de usinas hidrelétricas, como, por exemplo, o rio Iguaçu e o rio Paraná. As principais bacias hidrográficas são a do Uruguai e a do rio Paraná. Neste domínio, ocorre o fértil solo Terra Roxa. Esse solo, originado das rochas basálticas, tem cor vermelha, é argiloso e rico em nutrientes. Os domínios das pradarias Figura 5 - Paisagem típica das pradarias sulinas U N ID A D E 4 142 Descrição da Imagem: nesta figura, no centro, em destaque, está o curso d’água que reflete o céu azul. As margens são florestadas, com capim e vegetação de porte arbóreo. Para Ab’Saber (2003), o que caracteriza esse domínio morfoclimático, o domínio das pradarias, é o conjunto do relevo de coxilhas, o clima subtropical e a vegeta- ção de campos naturais. Recebe outras denominações, como campos sulinos e Campanha Gaúcha. Com colinas com fraca declividade, entre 5% e 8%, é muito favorável, desde os tempos da colonização, para a agropecuária. Apresenta bacias hidrográficas perenes, como a do rio Ibicuí, a do rio Uru- guai e a do rio Santa Rosa. A drenagem mais significativa converge para a bacia hidrográfica do rio Uruguai. O solo rico em húmus tem coloração escura, neste espaço, também ocorrem lavouras intensivas mecanizadas. A vegetação de pra- darias é formada por associações vegetais herbáceas, gramíneas rasteiras, com alturas que variam entre 10 e 50 cm. Áreas de Transição As áreas de transição são verdadeiros “tesouros paisagísticos”, isso porque reúne as características de dois ou mais domínios. A passagem de um domínio morfocli- mático para outro não ocorre de forma abrupta, as áreas limites são chamadas de faixas de transição, diferente da área core (AB’SABER, 2003). O que isso significa? Nesse caso, o clima vai mudando e deixa sua marca navegetação. Por exemplo, veremos, agora, duas áreas de transição. Elas não têm apenas as características de um domínio, ocorre uma mistura de associação vegetal. Também, pode ocorrer algo inédito, como veremos, as matas de cocais. Figura 6 - Pantanal mato-grossense U N IC ES U M A R 143 Descrição da Imagem: nesta figura, um conjunto de palmeiras se destaca em uma área limpa; ao fundo, a mata dos cocais densa; e, depois, uma serra preenche a imagem de um lado ao outro. Pantanal A faixa de transição do Pantanal é um rico mosaico heterogêneo, bonito e com- plexo: cerrados, florestas, campos, charcos inundáveis. Existem ambientes aquá- ticos, canais, lagoas. Parte do ano, há cheias; parte do ano, há canais riquíssimos em diversidade animal: répteis, aves, peixes e mamíferos. Os terraços, são áreas mais altas do relevo onde ocorre à pecuária, uma importante atividade econômica (AB’SABER, 2006). Mata dos Cocais Figura 7 - Paisagem típica da Mata dos Cocais A Mata dos Cocais é a faixa de transição do clima semiárido do nordeste para o clima úmido amazônico. Nessa área, nem caatinga, nem o cerrado e nem floresta dominam. A mata é de transição com espécies como as palmeiras, o babaçu, o buriti, a oiticica e a carnaúba. Ocorre no Tocantins, Ceará, Piauí e, principalmente, no Maranhão. U N ID A D E 4 144 Como você percebeu, caro(a) estudante, a relação entre a sociedade e a natureza desafia nossa geração! A degradação da natureza é um proble- ma real, não deve ser desconsiderado. Veja mais neste podcast sobre o domínio amazônico e os riscos ambientais. Vamos lá! conecte-se Mudanças ambientais causadas pela sociedade nos domínios morfoclimáticos As mais significativas mudanças ambientais atuais têm a ver com a retirada da ve- getação original para a urbanização e a agropecuária. Ab’Saber (2003) considera a vegetação a síntese da paisagem, e ela representa o domínio morfoclimático, que está cada vez mais descaracterizado. Por exemplo, o domínio das araucárias so- freu grande impacto da indústria madeireira. A vasta floresta, hoje, existe apenas em áreas de preservação, parques e bosques protegidos. Na Região Amazônica, o garimpo compromete a qualidade dos rios devido ao uso de mercúrio. O avanço da agropecuária para o cerrado modificou muito a paisagem e os aspectos naturais desse domínio em sua síntese. Desse modo, Ab’saber (2003), em suas análises, lança um olhar ambiental para a expansão das cidades de modo desordenado, a atividade agrícola imediatista e não sustentável, a extração de madeira e minério e a poluição das bacias hidrográficas. Área core: em Biogeografia, é o termo que designa as características de um bioma: fau- na, flora e outros aspectos dele. A área core do estado do Amazonas é caracterizada, em sua maioria, por florestas pluviais tropicais. Ab’Saber utiliza esse conceito para se referir à parte mais representativa do domínio morfoclimático. conceituando https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3042 U N IC ES U M A R 145 Muito bem, estudante, chegamos ao final de mais uma unidade, na qual apren- demos um pouco mais sobre os domínios morfoclimáticos. Essa classificação do território brasileiro leva em consideração os aspectos geomorfológicos, climáticos e botânicos. O domínio das terras baixas florestadas da Amazônia é gigantesco e rico em patrimônio genético. Esse domínio se destaca pela exuberante vegetação e a densa rede de drenagem, com destaque para o rio Amazonas. O domínio das depressões interplanálticas semiáridas do nordeste é uma área muito original no território brasileiro. A caatinga, adaptada ao clima semiárido, apresenta vegetação de xerófilas e relevo com pediplanação. O domínio dos chapadões centrais recobertos por cerrados, cerradões e cam- pestres formam uma paisagem com cenários muito bonitos. É um domínio mor- foclimático com regime climático sazonal e uma vegetação que foi substituída, em sua grande maioria, pela expansão da agropecuária. O domínio dos mares de morros florestados é formado por uma floresta úmida, com serras e morros mamelonares. Essa área passou por muitas trans- formações antrópicas, é bastante modificada e conta com espécies ameaçadas de extinção, como o pau-brasil. O domínio dos planaltos de araucárias sobre a formação Serra Geral, na parte meridional do território, é de clima subtropical. A floresta das araucárias foi largamente devastada, existindo resquícios em bosques e áreas de proteção ambiental. É uma paisagem muito original e distinta das outras. Áreas de transi- ção configuram enclaves e uma diversidade considerável de espécies dos vários domínios que as compõe. 146 na prática 1. Os domínios morfoclimáticos também são chamados de domínios paisagísticos. Desenvolvidos por Aziz Ab’Saber, reúnem características que, em conjunto, formam um domínio, são eles: a) Geomorfológicos, climáticos e botânicos. b) Hidrográficos, geológicos e climáticos. c) Pedológicos, paisagísticos e botânicos. d) Geomorfológicos, climáticos e econômicos. e) Econômicos, paisagísticos e humanos. 2. A Floresta Tropical Amazônica é muito grande e extrapola as fronteiras do Brasil. Estende-se por países vizinhos, onde domina o clima equatorial. Sobre a Amazônia, analise as sentenças a seguir. I - Entre as cidades ribeirinhas, destaca-se a presença de arquitetura do século XIX devido à força da economia nesse período, resultado do ciclo da borracha. Um ícone é o Teatro de Manaus. II - Na bacia amazônica, ocorrem rios com potencial hidrelétrico, no entanto, os impactos ambientais podem ser grandiosos. III - O rio Amazonas tem potencial geomorfológico para a instalação de hidrelétricas, basta construir eclusas para a navegação. IV - A Floresta Amazônica é rica em recursos minerais, no entanto, sua preservação é importante devido à diversidade biológica. Desse modo, é muito importante o desenvolvimento sustentável. É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) II e III. c) I. d) I, II e IV. e) II, III e IV. 147 na prática 3. O Brasil apresenta uma diversidade paisagística considerável devido a variados aspectos naturais que se complementam. O geógrafo Aziz Ab’Saber organizou a interpretação dessa diversidade, considerando os fatores climáticos, do relevo e vegetação, nos chamados domínios morfoclimáticos. Sobre eles, analise as questões e considere-as como verdadeiras (V) ou falsas (F). ( ) O domínio mares de morro recebe esse nome justamente porque sua aparência é de morros arredondados, e sua dimensão lembra o oceano. ( ) As pradarias, ou vegetação rasteira do clima subtropical, não ocorrem no Brasil. Trata-se de vegetação herbácea e arbustiva, comum na América do Norte. ( ) Uma das riquezas do Pantanal está no fato de ser uma área de transição. Por esse motivo, ocorre uma grande biodiversidade, com espécies da Floresta Ama- zônica, do cerrado e do Chaco. ( ) O clima só deve ser considerado como fator determinante dos domínios mor- foclimáticos nas regiões úmidas. Nas áreas secas, as mudanças não são signi- ficativas. ( ) A vegetação natural não deve ser considerada como a síntese da paisagem natural, porque houve uma grande mudança no espaço geográfico com a im- plantação de lavouras. Assinale a alternativa correta: a) V, V, F, F, F. b) F, F, V, F, F. c) V, F, V, F, F. d) F, F, F, F, F. e) V, V, V, F, F. 4. A partir do que estudamos sobre os domínios morfoclimáticos, faça uma síntese sobre o domínio amazônico e o domínio da caatinga. Evidencie, em sua síntese, as diferenças de clima e relevo, explicando como essas diferenças aparecem na paisagem. 148 na prática Descrição da Imagem: nesta figura, aparecem, no centro, troncos de árvores cortados e empilhados em dois grandes montes. Os troncos estão em uma área descampada. Ao fundo, há uma área de floresta. 5. Considere a figura a seguir. Nos estudos sobre domínios morfoclimáticos, Ab’Saber se mostra preocupado com as ações da sociedade e as mudanças ambientais provocadasnestes domínios. O extra- tivismo vegetal na Região Amazônica tem provocado o desflorestamento de grandes áreas, destruição de habitats, invasão de terras indígenas e degradação ambiental. So- bre o extrativismo ambiental na Amazônia, produza um texto dissertativo de 10 a 15 linhas. 149 aprimore-se ANA INSTITUI PROGRAMA MONITOR DE SECAS PARA ESTENDER MONI- TORAMENTO DO FENÔMENO PARA TODO O BRASIL Garantir a continuidade do Monitor de Secas, promover sua expansão para todo o Brasil e fortalecer a cooperação com instituições parceiras. Com estes objetivos, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) publicou a Resolução nº 31/2020 no Diário Oficial da União de 16 de julho, que institui o Programa Monitor de Secas. O novo documento, o qual produzirá efeitos a partir de 3 de agosto, define os papéis das instituições parceiras do Monitor de Secas e prevê a possibilidade de assinatura de Termo de Adesão para que elas, de forma voluntária, formalizem as parcerias já existentes para o funcionamento do Monitor nos estados. De acordo com a Resolução ANA nº 31/2020, o Monitor de Secas é um processo de acompanhamento regular e sistemático da situação de seca no País, com classi- ficação do grau de severidade e impactos associados ao fenômeno em escala regio- nal, além de sua evolução com o passar do tempo. O trabalho é desenvolvido por meio da atuação coordenada de instituições federais e estaduais com atribuições relacionadas à seca nas áreas de previsão, monitoramento, pesquisa ou preparação e resposta aos efeitos do fenômeno. Além disso, o Monitor tem o objetivo de uniformizar a metodologia de monito- ramento de secas no País de forma que todas as instituições estaduais parceiras sejam, ao mesmo tempo, produtoras e usuárias da informação. Também busca pro- mover a integração das bases de dados relativos à seca das instituições envolvidas no Programa, assim como gerar um histórico de impactos associados a cada catego- ria de seca indicada pelo Mapa do Monitor de Secas. 150 aprimore-se O Monitor vem sendo utilizado para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessado tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos Android e iOS. O serviço é coordenado pela ANA, com o apoio da Fundação Cearen- se de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 13 estados a cada mês vencido. Iniciado em 2014 cobrindo somente a Região Nordeste, o Monitor de Secas tem uma presença cada vez mais nacional, abrangendo os nove estados do Nordeste, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Tocantins. Neste mês, o Distrito Fe- deral e Goiás serão incluídos no Mapa do Monitor pela primeira vez, ampliando a abrangência do serviço para o Centro-Oeste, o que marca a presença do serviço em mais da metade das unidades da Federação. Essa ferramenta realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores de seca e nos impactos causados pelo fe- nômeno em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes nos últimos um a seis meses. Para secas acima de 12 meses, os impactos são de longo prazo. O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensal- mente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração. O Monitor de Secas foi concebido com base no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica uma seca relativa – às categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região – ou a ausência do fenômeno. Fonte: Alves (2020, on-line). 151 eu recomendo! Brasil: paisagens de exceção – o litoral e o Pantanal mato- -grossense: patrimônios básicos Autor: Aziz Ab Sáber Editora: Ateliê Editorial Sinopse: este volume aborda duas paisagens brasileiras ricas em biodiversidade e beleza natural. A primeira delas é o Panta- nal mato-grossense, analisado em detalhes na primeira parte do livro. A segunda parte, por sua vez, contém uma síntese dos elementos geomor- fológicos de nossa extensa região litorânea. Os textos aqui reunidos, de leitura universitária, têm uma linguagem concisa e atual. Imagens de satélite, mapas e encartes ilustram a obra. livro Caminhos da Reportagem | Pobreza no Brasil O Caminhos da Reportagem revela a pobreza no Brasil. A equipe da TV Brasil foi em busca de famílias no semi-árido nordestino e nas favelas das grandes cidades, e encontrou histórias de vidas muito sofridas. Confira cada uma delas e saiba o que pode ser feito para reverter essa situação. Web: https://www.youtube.com/watch?v=TkEYL7L4tuI conecte-se https://www.youtube.com/watch?v=TkEYL7L4tuI gabarito 152 1. A. 2. D. 3. C. 4. Espera-se que o aluno seja capaz de comparar a partir dos parâmetros: clima, relevo e vegetação. O fator climático é determinante. Na Floresta Amazônica, ocorre um gran- de percentual de umidade, gerando uma densa e rica floresta. Por outro lado, o clima semiárido apresenta baixa umidade, refletindo na vegetação que, segundo Ab’Sa- ber, é a síntese da paisagem. A vegetação da Amazônia é diferente da vegetação do nordeste nos aspectos relativos à adaptação ao clima. Enquanto a Floresta Amazô- nica apresenta seu clímax num ambiente de clima úmido e superúmido, a caatinga está adaptada ao clima semiárido. Em relação ao relevo, o intemperismo químico na Amazônia é acelerado, e o domínio de relevo plano é florestado; por outro lado, segundo Ab”Saber, os inselberg são comuns no clima do sertão nordestino devido ao clima semiárido, devido a uma evolução com pouca umidade e com rocha exposta. 5. Espera-se que o estudante seja capaz de explicar a importância dos recursos natu- rais e a relevância do uso sustentável desses recursos. A Região Amazônica é rica em florestas que têm sido devastadas pela indústria madeireira. As características naturais devem ser consideradas na hora de implantar empreendimentos agropecuários, projetos de mineração e retirada da vegetação. O manejo inadequado e a retirada da floresta de modo indiscriminado pode fazer com que ocorra grande prejuízo na qualidade da água, do ar, extinção de espécies. Para garantir o desenvolvimento sustentável dessa vasta área, é preciso, além de fiscalização e monitoramento, alter- nativas para o desenvolvimento local e alternativas de trabalho e crescimento econô- mico sem depender, única e exclusivamente, da floresta. INTRODUÇÃOreferências AB’SABER, A. N. Brasil: paisagens de exceção – o litoral e o Pantanal mato-grossense: patrimônios básicos. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006. AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. ALVES, R. ANA institui Programa Monitor de Secas para estender monitoramento do fenômeno para todo o Brasil. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, 17 jul. 2020. Disponível em: https://www.ana.gov.br/noticias/ana-institui-programa- -monitor-de-secas-para-estender-monitoramento-do-fenomeno-para-todo-o-brasil. Acesso em: 8 dez. 2020. IBGE. Domínios morfoestruturais e morfoclimáticos - compartimentos de relevo. In: BRASIL. Atlas Nacional do Brasil. [S. l.]: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, [2020]. 1 mapa. Disponível em: http://geoftp.ibge.gov.br/atlas/nacional/atlas_nacio- nal_do_brasil_2010/2_territorio_e_meio_ambiente/atlas_nacional_do_brasil_2010_pagina_74_dominios_morfoestruturais_e_morfoclimaticos_compartim.pdf. Acesso em: 7 dez. 2020. SILVA, A. K. de O. Ab’Saber, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: potenciali- dades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. Revista de Geografia (UFPE), v. 29, n. 1, p. 252-258, 2012. 5 A POPULAÇÃO BRASILEIRA E A DIVERSIDADE culltural do Brasil PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • As Matrizes Étnicas e a Distribui- ção Geográfica da População Brasileira • Aspectos Culturais e Regionais do Brasil • Pobreza e Exclusão Social no Brasil • A Desigualdade por Gênero no Brasil. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer a relação existente entre as matrizes étnicas e a distribuição geográfica da população brasi- leira • Compreender os aspectos culturais e regionais do Brasil • Identificar as particularidades regionais: Nordeste, Norte, Sudeste, Sul e Centro-Oeste • Conhecer aspectos da pobreza e exclusão social no Brasil • Identificar a desigualdade por gênero no Brasil. PROFESSOR Dr. Roberson Miranda de Souza INTRODUÇÃO Olá, estudante! Tudo certo com você? Esta unidade é muito especial por tratar da população brasileira. A população brasileira tem uma diversidade cultural incrível! É importante pensarmos: a que se deve essa diversidade? Tem a ver com as matrizes étnicas simplesmente? Tem a ver com o tama- nho do território? Tem a ver com a distribuição da população? Os aspectos culturais regionais são evidentes. No nordeste, com toda a riqueza, assim como as demais regiões, expressa-se por meio das tradições, festas diversas, comidas típicas, dialetos, costumes, vestimentas, entre ou- tros. Convido você para uma análise a partir de dois conceitos da Geografia Cultural: a identidade e a paisagem caráter. O que é ser nordestino? O que é ser gaúcho? Tem influência histórica? Sim, com certeza! Tem a influência da agricultura? Do clima? Dos produtos disponíveis em cada região? Sim, com certeza! Veremos essas particularidades. Quando analisamos a população brasileira, não podemos deixar de en- xergar o que é bonito: nosso patrimônio cultural espalhado pelo território. Por outro lado, é importante analisar nossos pontos fracos sociais, como a pobreza e a exclusão social. Em partes específicas do território, elas são mais salientes. Neste tópico, apoiar-nos-emos em dados estatísticos oficiais: não é um mero discurso vazio, apoia-se em evidências e indicadores sociais. O Brasil é um país rico, mas parte de sua população vive em absoluta miséria. O que mostram os índices de desemprego? E a desigualdade social? Verifi- caremos os dados do índice de Gini. Você sabe o que é isso? Quando falamos em exclusão, é interessante, também, verificar a desigual- dade no acesso. Como é o acesso de pessoas ao mercado de trabalho por nível de instrução? Como é a diferença no rendimento entre homens e mulheres? Por que isso existe? E o trabalho informal, quais são suas prin- cipais características? Esses são os assuntos, essas são as grandes questões tratadas nesta unidade. Então vamos lá, boa leitura! U N ID A D E 5 156 1 AS MATRIZES ÉTNICAS E A DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA da População Brasileira Nosso país é riquíssimo nos aspectos culturais. São vários os fatores combinados das matrizes europeia, indígena, africana e, posteriormente, de imigrantes asiáti- cos, vindos do Japão. As particularidades do clima regional, da religião, da econo- mia regional, do turismo: todos esses elementos misturados proporcionam uma grande diversidade cultural espalhada pelo território — cores, aromas, sabores, costumes, tradições, festas, datas, arquitetura, monumentos e lugares. O Brasil é incrível nesse aspecto cultural! Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a estimativa da população brasileira, em julho de 2019, era de 210.147.125 pessoas. O mapa de 2010 (Figura 1, último censo) apresenta uma população de 190 milhões de pessoas, o que demonstra o crescimento nesses nove anos. O importante, aqui, é observar a distribuição da população pelo território. Percebe-se que o Brasil é um país populoso, mas com grandes áreas pouco povoadas. Essa distribuição irregular da população se deve, como já estudamos, ao pro- cesso de colonização. As grandes aglomerações urbanas se encontram relativa- mente próximas ao Atlântico: Porto Alegre, Curitiba, a área metropolitana de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Natal, São Luís, Belém, entre outras. Um padrão de ocupação que não se repete para o interior do país. Na década de 1960, durante o governo de Juscelino Kubitschek, ocorreu um processo de interiorização com a construção de Brasília. Houve um incentivo para negócios U N IC ES U M A R 157 e uma maior atração da população. Esse processo de interiorização tem muito a ver com o perfil da população. O sul do Brasil tem forte influência de imigrantes alemães e italianos. Com a marcha da soja, houve uma entrada para o Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins. A região de São Paulo exporta capital, investimentos. Os nordestinos tiveram levas de imigração para o sudeste e para a Região Norte. O estado de Roraima foi o que mais recebeu imigrantes nos últimos anos. Em 2018, teve um aumento de 5% devido à instabilidade política no país vizinho, a Venezuela. Entraram levas de imigrantes venezuelanos como refugiados políticos e econômicos. No norte, destaca-se o elemento indígena. De acordo com o antropólogo Darcy Ribeiro, o Brasil é um país fortemente miscigenado. Uma característica marcante do Nordeste, principalmente da Bahia, são os afrodescendentes. A influência africana nas pessoas e na cultura é marcante. Descrição da Imagem: a figura ilustra o mapa do Brasil, que está dividida em cinco cores. Acima, à direita, temos a legenda das cores, mostrando os habitantes por quilômetro quadrado. Logo abaixo, temos a legenda da escala da projeção policônica. Por fim, abaixo desta escala, ainda à direita do mapa, temos a legenda sobre a evolução da densidade demográfica por habitantes por quilômetro quadrado. Figura 1 - Mapa sobre a distribuição da população brasileira em 2010 Fonte: IBGE (2018, p. 112). U N ID A D E 5 158 2 ASPECTOS CULTURAIS E REGIONAIS do Brasil Dize-me o que comes e direi que Deus adoras, sob qual latitude vives, de qual cultura nasceste, e em qual grupo social te incluir. A leitura da cozinha é uma fabulosa viagem na consciência que as sociedades têm delas mesmas, na visão que elas têm de sua iden- tidade. Fonte: Oderich; Ruiz (2019). conceituando Quando viajamos para uma área turística do Brasil, por exemplo, Maceió, em Alagoas, faz parte do roteiro conhecer as paisagens das praias e provar as comidas típicas, por exemplo, o cuscuz de camarão. O povo da Região Nordeste é um povo alegre. A economia depende muito do turismo. As tradições e festas oferecem atrativos durante o ano todo. As principais são o Carnaval, o cavalo piancó, o bumba meu boi e as festas juninas. Na litera- tura, temos grandes nomes, como Gilberto Freire, Gonçalves Dias, Graciliano Ramos, Jorge Amado. Na música, ritmos quentes, como o baião, frevo (Figura 2), tropicalismo e o axé music. U N IC ES U M A R 159 Na culinária, são destaques icônicos o mungunzá, bolo de rolo, acarajé e vatapá, a carne de sol e o baião de dois. A religião é riquíssima, com certo sincretismo religioso. As principais são a católica, o candomblé e o tambor de mina. “ Quando se fala em cozinha nordestina, por exemplo, não podemos deixar de considerar que há, na região, pelo menos duas cozinhas distintas: uma do litoral e outra do interior. A primeira, originária da civilização do açúcar do século XVI, tem como fundamento as contribuições dos grupos sociais presentes no litoral nordestino (destacando-se a contribuição do africano, escravo, e do português, senhor de engenho, dono de plantações, funcionário da Coroa ou comerciante). Seu contato mais intenso com a Europa,por meio do comércio de açúcar, também deve ser considerado, quando es- tudamos as características de sua culinária. As receitas tradicionais do vatapá, do acarajé, do caruru – que utilizam condimentos pro- venientes da África para sua elaboração – revelam não só a forte presença africana na culinária dessa parte do Brasil, mas também a intensa troca comercial de produtos realizados entre o Brasil e o continente africano no período colonial. A segunda, originária da atividade de criação bovina e caprina e economicamente baseada na pecuária extensiva, foi marcada pelo clima semiárido e pela es- cassez de rios perenes. Além disso, o peso da escravidão foi muito menor que no litoral, e, como consequência, a influência indígena foi mais forte, ao lado da portuguesa. A significativa presença da carne-de-sol, cuja técnica de conservação foi trazida pelos portu- gueses, bem como da farinha de mandioca, marca da influência indígena na alimentação do brasileiro, são os elementos basilares da alimentação no interior do Nordeste. A paçoca de carne-de-sol é exemplo emblemático dessa combinação: carne-de-sol mesclada à farinha de mandioca (BOTELHO, 2013, p. 64). U N ID A D E 5 160 Figura 2 - Desfile de frevo Na Região Norte, as características indígenas, a cultura ligada ao rio e à floresta são destaques. As principais festas são o Círio de Nazaré, cavalo piancó e o festival de Parintins. Nas danças, destacam-se o camaleão, dança do maçarico, desfeiteira, marambiré, lundu, marajoara, marujada, dança do siriá, samba do cacete, retum- bão, jacundá e carimbo. Na culinária, delícias como o pato no tucupi — um prato popular da Região Norte, composto por pato, jambu e tucupi (líquido extraído da mandioca brava) —, caldeirada, pirarucu à casaca, mujica de peixe, tacacá (Figura 3), caruru paraense, gurijuba e maniçoba. “ A Região Norte, por sua vez, tem como base de sua culinária os peixes e a mandioca, além dos frutos típicos, como o açaí e a casta- nha-do-pará, fartamente usados. A ubiqüidade da rede hidrográfica na região e a forte presença da cultura indígena explicam, em par- te, suas particularidades. O tucupi, por exemplo, é elemento típico da culinária paraense. Elaborado a partir da mandioca brava, bem como do jambu, verdura típica que possui propriedade anestésica, causa uma leve sensação de tremor na língua. O tucupi e o jambu estão presentes em duas iguarias típicas: o tacacá (prato a base de camarão) e o pato no tucupi” (BOTELHO, 2013, p. 64). Descrição da Imagem: nesta figura, aparece uma rua onde um grupo de pessoas vestidas a caráter desfilam dançando frevo e com muita alegria. Eles usam roupas coloridas, e, em destaque, tem-se uma moça com maquiagem marcante. Um detalhe importante é o guarda-chuva que ela segura na mão direita, um dos símbolos do frevo. U N IC ES U M A R 161 Figura 3 - Tacacá, prato típico da Região Norte O Sudeste tem as maiores cidades e uma economia forte. A cidade do Rio de Janeiro explora muito o turismo internacional. O Carnaval carioca (Figura 4) é conhecido pela tradição e altos investimentos. As principais festas que tam- bém ocorrem no Sudeste além do Carnaval são a Festa do Senhor Bom Jesus de Pirapora, bumba meu boi (Campo dos Goytacazes), Festa do Caiapó, Festa da Cavalhadas (Minas Gerais), Festa do Congado, Festa do Divino, Festa de Iemanjá, Festa do Peão de Boiadeiro. “ A culinária típica do Sudeste do Brasil revela, também, grande di- versidade. No Espírito Santo, por exemplo, a base tradicional são os peixes e os frutos do mar, sendo a moqueca capixaba seu pra- to mais conhecido. Já a cozinha característica mineira e paulista sofreram forte influência da atividade comercial interna exercida por sua população no período colonial, sendo o feijão-tropeiro sua mais conhecida expressão. Feijão misturado a farinha de mandioca, Descrição da Imagem: nesta figura, aparece, em cima de uma superfície de granito, uma panela com camarão em molho verde. Entre a superfície e a panela, há uma proteção de artesanato trançado. Dentro da panela, um molho verde, com folhas verdes e seis camarões vermelhos compõem o conteúdo da panela. U N ID A D E 5 162 torresmo, lingüiça, ovos, alho, cebola e tempero era alimento básico dos condutores de tropas de mulas, responsáveis pelo fluxo comer- cial entre a região central do País, o litoral do Rio de Janeiro, e o Sul, tradicional fornecedor de gado em pé ou charque. O uso de legumes, frutos e tubérculos nativos é marcante na culinária mineira, bem como o da carne bovina, suína e de aves. Já a culinária fluminense é marcada pela influência portuguesa, acusada pela presença do ba- calhau. Outro ponto forte da cozinha fluminense é a feijoada com- pleta, que se tornou um dos pratos de exportação, simbolizando a própria cozinha brasileira” (BOTELHO, 2013, p. 64). A culinária típica é ótima: feijoada, bacalhau, pão de queijo, feijão tropeiro, tutu de feijão, frango com quiabo, doces mineiros e pizza. Na música, destaca-se a bossa nova, o pagode, samba, choro, funk e lundu. Descrição da Imagem: nesta figura, há um carro alegórico com andares em um desfile de Carnaval. Nesses andares, pessoas fantasiadas dançam e cumprimentam os público. Ao fundo, aparece uma grande arquiban- cada, onde as pessoas assistem ao desfile. Figura 4 - Desfile de escolas de samba no Carnaval carioca U N IC ES U M A R 163 A Região Sul tem uma cultura toda particular: o regionalismo do gaúcho, as peculiaridades que a imigração trouxe e os produtos típicos, como o pinhão. O elemento histórico e cultural se une na culinária em pratos típicos, como o chur- rasco, arroz carreteiro, a paçoca de pinhão com carne assada, churrasco gaúcho (Figura 5), barreado, polenta, ambrosia, sagu com creme, papo de anjo e chi- marrão. Destaque para o evento cultural Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (ENART), que tem por finalidade a preservação, valorização e divulgação das artes, tradições e cultura popular do Rio Grande do Sul. “ Já a Região Sul do Brasil revela, em sua culinária, o quadro humano que caracterizou sua ocupação: a presença portuguesa no extremo sul e no litoral, a alemã e italiana na área serrana centro-norte, bem como a eslava no estado do Paraná. No extremo sul, fronteira norte da região pampeana, denominada por Fernand Braudel de “civiliza- ção da carne”, a atividade pecuária extensiva determinou o consumo generalizado da carne bovina sob a forma de churrasco. As origens portuguesas no litoral do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Para- ná podem ser detectadas nos pratos a base de peixe e frutos do mar e no barreado, típico do litoral paranaense, que consiste em uma carne cozida, por longo tempo, em panela de barro, servida com arroz e farinha de mandioca. Na região serrana de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, o clima subtropical e a presença de imigrantes alemães e italianos garantiram a presença não só do vinho e do trigo na cozinha local, mas também de receitas originárias da Europa (BOTELHO, 2013, p. 65). Nas festas, as principais são a do Divino, Festa da Uva, o Natal gaúcho e a Okto- berfest (de raiz alemã). U N ID A D E 5 164 Figura 5 - O típico churrasco gaúcho, alegria do Sul do país Por fim, mas não menos importante, a Região Centro-Oeste apresenta as festas: Cavalhada — que é a festa mais conhecida da região —, o fogaréu, siriri e cururu — nas festas religiosas, é cantado e dançado apenas por homens. “ A cozinha do Centro-Oeste, por sua vez, revela as influências dos fluxos populacionais que se encontraram nessa região, quase sempre originários de outras partes do país e que se mesclaram com os elementos regionais. Pode-se perceber a influência da culinária mineira e paulista em Goiás, a da nor- destina e nortista no Tocantins e a da paulista no Mato Grosso do Sul” (BOTELHO, 2013, p. 64). Na culinária, tem destaque o arroz com pequi — que é uma árvore do cerrado muito utilizada em alguns pratos —; o bolo de arroz — quepode ser encontrado em Goiás e, também, é bastante comum em Cuiabá —; a capivara de caçarola; o empadão goiano; a galinhada; a mojica; e a pamonha. Destaca-se, no Centro-Oeste, a capital Descrição da Imagem: a carne de costela de boi está fixada ao chão por espetos em uma roda, com madeira em brasa dentro e no seu entorno. Um gaúcho vestido a caráter mexe no fogo. Ao fundo, um córrego com águas cristalinas e uma pequena mata ciliar. Depois, uma campina com duas casas e árvores. U N IC ES U M A R 165 Você conhece o prato típico de nossa capital federal, Brasília? Segundo o professor Mar- cos Lélis, esse prato nunca foi criado! Instigante, não é? Para saber essa história, leia este artigo: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/quem-sao-os-brasilienses- -o-prato-tipico-do-distrito-federal conecte-se sua originalidade arquitetônica Descrição da Imagem: nesta figura, está a Catedral em forma de funil invertido, com colunas brancas. Há carros estacionados e em movimento. Ao lado da rua, aparece um gramado. federal: Brasília (Figura 6) teve obras projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Dessa maneira, forma uma paisagem com um caráter único, é identitária. Figura 6 - A Catedral de Brasília é uma das paisagens que identifica a capital federal, dada a https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/quem-sao-os-brasilienses-o-prato-tipico-do-distrito-federal https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/quem-sao-os-brasilienses-o-prato-tipico-do-distrito-federal U N ID A D E 5 166 3 ASPECTOS DA POBREZA E EXCLUSÃO social do Brasil Para analisar os aspectos da pobreza e exclusão social no Brasil, apoiamo-nos em dados estatísticos do IBGE (2018). Para compreender a condição de vida da população brasileira, apoiamo-nos em três indicadores sociais de referência: o mercado de trabalho, o padrão de vida e a distribuição de renda e educação. Tam- bém, procuramos enxergar as desigualdades de gênero, cor e raça. A comparação temporal de alguns fatores revela aspectos importantes desses temas. Variação em volume do Produto Interno Bruto per capita e do consumo das famílias — Brasil: 2007- 2017 A taxa de variação do PIB per capita (Figura 7) é útil para verificar a renda gerada por habitantes, e a taxa de variação de consumo das famílias é como se verifica as despesas. O país apresenta variações periódicas, alguns anos de crescimento, por exemplo, em 2014, e quedas, em 2016, são movimentos cíclicos de crise e crescimento ao qual o brasileiro já está acostumado, infelizmente. Essa oscilação e, principalmente, o decréscimo da economia causa desemprego e informalidade. Milhões de brasileiro estão nessa situação, conforme demonstram os dados. U N IC ES U M A R 167 “ A menor geração de renda implicou na menor produção de bens e serviços, o que tornou mais difícil a colocação dos trabalhadores no mercado, obrigando-os a buscarem ocu- pações informais, ou a se tornarem desocupados, ou ainda a se retirarem da força de trabalho. Tal fenômeno ampliou não só as taxas de desocupação e a proporção de trabalhadores informais no total, mas também impactou negativamente os rendimentos dos trabalhadores, assalariados ou autônomos, assunto também desenvolvido na seção seguinte (IBGE, 2018, p. 13). A renda serve como indicador para qualificar o nível de desenvolvimento social de uma nação. O Brasil apresenta sérios problemas de desigualdade e pobreza. Neste gráfico, é possível analisar, de forma comparativa, o PIB per capita, o con- sumo das famílias e a maneira como a flutuação do PIB reflete nas condições de consumo das pessoas. Descrição da Imagem: tem-se um gráfico em colunas comparando o PIB per capita com o consumo das famí- lias. Uma coluna está ao lado da outra, e são onze duplas de colunas. Elas variam a partir de zero para cima, quando positivo, e para baixo, quando negativo. Os anos estão dispostos embaixo e vão de 2007 até 2017. 2007 2008 2009 2007 2007 2007 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017(1) PIB per capita Consumo das famílias 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 -2,0 -4,0 -6,0 4,9 6,4 4,0 6,5 6,5 6,2 4,5 3,0 5,0 1,0 3,5 2,1 3,6 2,3 -0,3 -4,4 -3,2 -1,2 0,3 1,4 -3,8 -4,1 (%) IBGE, Sistema de Contas Nacionais 2007-1017 (1) Resultados preliminares dos Sistemas de Contas Trimestral. Inclui o consumo das instituições sem �ns lucrativos à serviço das famílias.Figura 7 - Variação em volume do Produto Interno Bruto per capita e do consumo das famílias – Brasil: 2007-2017 / Fonte: adaptada de IBGE (2018). As nuances na economia brasileira afetam, principalmente, os que estão em si- tuação de vulnerabilidade. Os mais pobres passam por grandes necessidades. U N ID A D E 5 168 Existe uma forte conexão entre as crises econômicas e o trabalho informal. Como você percebe essa relação entre a economia e a informalidade? Você verifica isso no local em que vive? Há muitas pessoas que desistiram de procurar emprego com carteira assinada? É interessante refletir sobre isso. pensando juntos Para compreender a economia do Brasil, faz-se necessário analisar o panorama da economia mundial. Quando ocorre um aquecimento e aumento das exportações brasileiras, as atividades econômicas internas são beneficiadas. Quando ocorre uma crise internacional, como em 2008, isso pode nos afetar. Nessa caso de 2008, houve uma política de estímulo interno, com aumento dos salários, elevação de créditos e investimentos públicos diversos. O mercado de trabalho está relacionado às variações econômicas. Quando a economia aquece, principalmente, no setor secundário e terciário, melhora o acesso a empregos. A demanda do comércio e dos serviços absorve grande parcela da população que está procurando emprego. “ Os resultados da PNAD Contínua, de 2012 a 2017, evidenciam que, até 2014, o mercado de trabalho brasileiro apresentou incremento da ocupação, sobretudo do emprego formal; re- dução da desocupação, que atingiu sua menor taxa na série; e aumento dos rendimentos do trabalho. Nos três anos se- guintes, entretanto, tais resultados positivos foram parcial ou completamente revertidos (IBGE, 2018, p. 19). Para conhecer melhor como vive a população brasileira, é preciso analisar o merca- do de trabalho e identificar a distribuição dos trabalhadores por segmento. É impor- tante notar a diferenciação na remuneração. A partir dessa consideração, pode-se acompanhar os impactos sociais nos variados setores. É preciso chamar a atenção para políticas estratégicas para melhoria da qualidade de vida das pessoas. Para melhorar o acesso ao mercado de trabalho, há a necessidade de se levar em conta a força de trabalho, a qualificação da mão de obra e as políticas de rendimentos. U N IC ES U M A R 169 População ocupada por cor ou raça segundo os grupos de atividade - 2017 O IBGE (2018) faz uma análise em que classificam as pessoas por cor ou raça (Figura 8). Na população brasileira, os que se declaram brancos têm um percen- tual de 45,8%, e negros ou pardos, de 53,2%. Quando analisamos a distribuição de ocupações por atividades, percebe-se nitidamente que, ainda hoje, ocorre a persistência da segregação racial no mercado de trabalho. Na agropecuária, a presença dos negros ou pardos é de 60,9%; na construção civil, de 63%; e, nos serviços domésticos, de 65,9%. Ocorre uma grande concentração justamente nas atividades que possuem menores rendimentos. Descrição da Imagem: um gráfico em colunas traz as informações sobre a comparação da população bran- ca em uma coluna e a população negra em outra coluna ao lado. Embaixo da coluna, as áreas de trabalho: agropecuária, indústria, construção, comércio e reparação, administração pública, educação, saúde, serviços sociais, serviços domésticos e demais serviços. Branca Preta ou parda (mil pessoas) 14 000 12 000 10 000 8 000 6 000 4 000 2 000 0 Agropecuária Indústria Construção Comércio e reparação Demais serviços Serviços domésticos Educação, saúde eserviços sociais Adminis- tração pública IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017. Nota: Consolidado de primeiras entrevistas. Figura 8 - População ocupada por cor ou raça segundo os grupos de atividade - 2017 Fonte: adaptada de IBGE (2018). U N ID A D E 5 170 As atividades de educação, saúde e serviços sociais são as que possuem, em 2017, a maior participação de pessoas brancas: 51,7% (IBGE, 2018, p. 17). Observando-se, em nível nacional, a espacialização dessa desigualdade, fica evidente a disparidade regional também nos rendimentos. “ As desigualdades entre os rendimentos do trabalho se verifi- cam também regionalmente, o que reflete a distribuição espa- cial das atividades econômicas pelo território brasileiro. Em 2017, os rendimentos médios das pessoas ocupadas nas Re- giões Norte e Nordeste eram equivalentes a, respectivamente, 77,0% e 69,1% da média nacional (IBGE, 2018, p. 20). Tanto a Região Norte como a Região Nordeste apresentam uma economia menos desenvolvida do que as demais do território. A disparidade regional já foi mais acentuada historicamente e precisa ser corrigida e combatida com políticas eco- nômicas de desenvolvimento regional. U N IC ES U M A R 171 4 A DESIGUALDADE POR GÊNERO no Brasil Pesquisas demonstram que mulheres, mesmo estudando, ganham menos que homens empregados. Elas gastam mais tempo fazendo tarefas domésticas e cui- dando dos filhos. Para conciliar as tarefas, as mulheres procuram trabalhos mais flexíveis, com horários mais convenientes para suas responsabilidades extras. Considerando-se o rendimento médio por hora trabalhada, ainda assim, as mu- lheres recebem menos do que os homens (86,7%), o que pode estar relacionado com a segregação ocupacional (Figura 9) a que as mulheres estão submetidas no mercado de trabalho (MUNIZ, 2018). População ocupada por sexo segundo os grupos de atividade - 2017 No Brasil, ocorre distinção na distribuição do trabalho entre homens e mulheres. Isso fica claro quando observamos o gráfico a seguir. U N ID A D E 5 172 Figura 9 - População ocupada por sexo segundo os grupos de atividade - 2017 Fonte: adaptada de IBGE (2018). Tradicionalmente, o setor de construção civil emprega mais homens. Por outro lado, na educação, ocorre um predomínio da mão de obra feminina. Na agropecuária, a maior parte é masculina, bem como na indústria. Na administração pública, existe um equilíbrio, mas a maioria são homens. Na área de serviços domésticos, a mão de obra feminina é predominante, e essa é justamente uma das atividades que tem pior remuneração. Todos esses dados estatísticos comprovam a desigualdade de gênero, não como um discurso vazio, mas como dados que precisam ser superados. Na família moderna, a mulher trabalha, desenvolve sua carreira com plane- jamento e busca melhores colocações no mercado de trabalho. No entanto, isso não é uma realidade na maior parte da população. Ainda há muito preconceito e costumes que dificultam a vida da mulher, por exemplo, a dupla jornada, tra- balhar fora e cuidar da casa. Homens Mulheres (mil pessoas) 14 000 12 000 10 000 8 000 6 000 4 000 2 000 0 Agropecuária Indústria Construção Comércio e reparação Demais serviços Serviços domésticos Educação, saúde e serviços sociais Adminis- tração pública IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017. Nota: Consolidado de primeiras entrevistas. 16 000 Descrição da Imagem: tem-se um gráfico em colunas, que compara a quantidade de homens, em colunas azuis, com a quantidade de mulheres, em colunas laranjas. Abaixo das colunas, estão assinaladas as atividades de ocupação: agropecuária, indústria, construção, comércio e reparação, administração pública, educação, saúde e serviços sociais, serviços domésticos e demais serviços. U N IC ES U M A R 173 Indice de Gini da distribuição do rendimento real efetivo domiciliar per capita segundo as Grandes Regiões – Brasil: 2016-2017 O coeficiente de Gini serve para medir a desigualdade. No Brasil, ela é alta. Ele consiste em um número entre 0 e 1, em que 0 corresponde à completa igualdade (no caso do rendimento, por exemplo, toda a população recebe o mesmo salário) e 1 corresponde à completa desigualdade (em que uma pessoa recebe todo o rendimento, e as demais nada recebem). “ Tratando especificamente da distribuição de renda, um indi- cador clássico para medir desigualdade de rendimentos é o índice de Gini, apresentado para o Brasil e Grandes Regiões. Entre 2016 e 2017, o Gini do rendimento domiciliar per ca- pita oscilou de 0,546 para 0,549 em nível nacional. Dentre as regiões se destaca a Região Sul, que apresentou índice consi- deravelmente menor que as demais, 0,477 em 2017. Em um maior aprofundamento em nível das Unidades de Federação, observa-se que Santa Catarina apresentou o menor índice, 0,421. Por outro lado, Amazonas (0,604) e Distrito Federal (0,602) apresentaram os maiores valores (IBGE, 2018, p. 44). O coeficiente de Gini ainda evidencia a desigualdade regional. Os índices na Região Sul são os melhores nos últimos anos. O Estado do Amazonas e o Distrito Federal apresentam números ruins. Quando analisamos a população, tem que se ter em mente que não são apenas números, mas pessoas, vidas. Isso é algo sério a se pensar enquanto nação. O Brasil é um país que apresenta grandes desigualdades, deste modo, observe este gráfico do índice de Gini e identifique a desigualdade presente nas várias regiões. U N ID A D E 5 174 Figura 10 - Índice de Gini da distribuição do rendimento real efetivo domiciliar per capita segundo as Grandes Regiões – Brasil: 2016-2017 / Fonte: adaptada de IBGE (2018). CONSIDERAÇÕES FINAIS Então, estudante, chegamos ao final desta unidade! Estudar a população brasileira é muito interessante: a diversidade da cultura com suas cores, valores, odores, gostos, os sons, as paisagens, as pessoas. O Brasil é um país lindo, tanto seu ter- ritório quanto a sua gente. Os aspectos culturais regionais vistos aqui são apenas uma introdução para instigar sua curiosidade. Para se compreender melhor é interessante se apro- fundar mais nas particularidades regionais, na importância das festas, tanto no sentido econômico como no sentido cultural . No conjunto da obra, o país apre- senta uma literatura rica e diversa, com forte caráter regional em certos autores. A música, a culinária e as religiões fazem do Brasil um país único, com profunda singularidade e grandes desafios. A identidade cultural está presente nas tradições, nas instituições, por exem- plo, os centros de tradições gaúchas, que estão espalhados pelo território, é onde se toma chimarrão e se come um bom churrasco gaúcho; o tacacá é um prato típico do norte, com cheiro e paladar único, dadas as especiarias regionais. 2016 1017 IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016-2017. Nota: 1. Consolidado de primeiras entrevistas. 2. Rendimentos de�acionados para reais médios do próprio ano. Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 0,546 0,549 0,539 0,544 0,555 0,567 0,528 0,529 0,473 0,477 0,523 0,536 Descrição da Imagem: tem-se um gráfico em colunas. Uma coluna se refere ao Índice de Gini em 2016, e, ao lado, outra coluna se refere ao Índice de Gini em 2017. A primeira coluna trata do Brasil, e as outras, das cinco regiões: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que estão listadas logo abaixo das colunas (Figura 10). U N IC ES U M A R 175 A diversidade de climas, biológica e de uso e ocupação faz com ocorram pai- sagens culturais típicas. Essas paisagens são identitárias e ditam o caráter de uma região. Apenas olhando uma fotografia, pode-se dizer se é o Sertão Nordestino ou uma vinícola no Sul. Impregnadas de história e significado, símbolos regionais que em conjunto formam a grande nação brasileira. Outro assunto importante que vimos diz respeito ao fato do Brasil ser um país rico, mas com sérios problemassociais. Fizemos nossa análise baseados em estatísticas do IBGE, baseado no censo agropecuário do final da década. As nuances da economia brasileira afetam o mercado de trabalho: a oferta de empre- gos ora se expande, ora se retrai. Quando ocorrem as crises, milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade são afetadas. O coeficiente de Gini revela um país com grandes desigualdades, que precisam, ainda, ser superadas. É preciso pensar e realizar ações que promovam a educação, a ciência, a cidadania, o desenvolvi- mento econômico sustentável e a cidadania. Esse é o grande desafio. 176 na prática 1. “O fato de tantas pessoas serem impedidas de acessar os mercados, impedidas de responderem às suas próprias necessidades, trava o investimento, trava o crescimento econômico, trava o desenvolvimento. Creio que há cada vez mais governantes que compreenderam isso, e estão disponíveis para lutar contra as tendências que inevita- velmente fazem as desigualdades aumentam. Guterres (o chefe da ONU ) afirmou que a globalização teve aspectos positivos do ponto de vista do crescimento econômico e do aumento da riqueza no nível mundial, mas também contribuiu para o recrudes- cimento das desigualdades entre os países e dentro deles. Nesse sentido, a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma “verdadeira carta contra as desigualdades”. A agenda, acordada pela comunidade internacional em 2015, é um conjunto de metas que inclui desde a erradicação da pobreza e da fome até a proteção do meio ambiente e ações de combate às mudanças climáticas. “Há todo um conjunto de situações de vulnerabilidade que exige uma resposta determi- nada em favor da igualdade. E essa é a campanha que fazemos junto de todos os governos, mas também junto do setor privado, da sociedade civil, porque é essencial que todos assumam suas responsabilidades”, disse Guterres. “Estamos agora no início de uma nova década, que chamamos Década de Ação para acelerar a concretização dessa Agenda 2030. Muitos países adotaram esse programa como seu próprio progra- ma de desenvolvimento. E hoje o próprio setor privado, a sociedade civil têm aderido cada vez mais essa perspectiva, que é a perspectiva de combate à desigualdade”. Fonte: ONU ([2020]). Disponível em: https://nacoesunidas.org/desigualdade-e-obsta- culo-para-o-desenvolvimento-diz-secretario-geral-da-onu /. A partir do texto anterior, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I - A fome e os problemas aumentaram no mundo. No Brasil, ocorre muita desigual- dade social, e muitas pessoas estão à margem do desenvolvimento tecnológico. PORQUE II - O avanço da globalização proporcionou uma maior divulgação e acesso à tec- nologia ao consumo de produtos que facilitam a vida das pessoas, por outro lado, a desigualdade também se agravou e precisa ser combatida com ações conjuntas dos países. 177 na prática A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 2. Analise a figura a seguir. Fonte: adaptada de IBGE (2018). Descrição da Imagem: tem-se um gráfico de proporcionalidade, como uma pizza cortada em pedaços. Abaixo do círculo, é indicada a legenda. O percentual em cima de cada “fatia” é indicada no corpo do gráfico. 178 na prática As constantes e desgastantes crises da economia brasileira fazem com que milhões de brasileiros optem por trabalhar sem carteira assinada. O trabalho informal no Brasil é significativo em percentual. Sobre isso, considere as afirmações que seguem. I – Nos últimos anos, o trabalho informal voltou a crescer no país, com a ampliação das ocupações sem carteira de trabalho assinada e por conta própria, relati- vamente, acima das demais. Este indicativo de aumento da informalidade no mercado de trabalho brasileiro é reforçado quando se observam as categorias definidas estritamente como trabalho informal. II – O gráfico mostra a configuração do perfil do trabalho informal em 2017, com o registro de 43,2% de participação relativa para os trabalhadores por conta própria que não contribuem e de 36,1% para os empregados sem carteira de trabalho assinada. III - Quanto à desagregação por sexo, a proporção de homens e mulheres em trabalhos formais e informais é semelhante, embora registre pesos distintos nas categorias de trabalho informal. Enquanto os homens apresentam maior participação de empregados sem carteira e em trabalhadores por conta própria, as mulheres são superiores no trabalho auxiliar familiar e compõem quase que integralmente o trabalho doméstico sem carteira. IV - O gráfico se refere às condições de vida da população brasileira, levando em consideração a renda para avaliar o bem-estar da população. V - De acordo com o gráfico, os indivíduos têm acesso aos meios necessários para garantir um padrão de vida digno, em consonância com os direitos estabelecidos na Constituição Federal e acordos internacionais firmados. É correto o que se afirma em: a) Apenas I e II. b) Apenas II e III. c) Apenas I. d) Apenas II, III e IV. e) Apenas III, IV e V. 179 na prática 3. Considere a imagem a seguir. O Brasil é um país multicultural e multirracial. Nossa colonização deixou traços culturais que, muitas vezes, manifestam-se de diferentes maneiras nas regiões brasileiras. Sobre isso, analise as sentenças a seguir: I. As festas juninas, também chamadas de arraial, são heranças coloniais que de- monstram a tradição religiosa e alegre do povo brasileiro. II. No nordeste, ocorrem grandes festivais relacionados às festas juninas com ele- mentos regionais típicos, como o forró e a gastronomia. III. Na Região Sul do Brasil, a cultura gauchesca é marcante. Danças como o vane- rão, com roupas típicas, são acompanhadas de churrasco e chimarrão, o que identifica essa região. Descrição da Imagem: Estrutura para fogueira de São João tendo um mastro no centro. Desse mastro saem para todas as direções cordões de bandeirinhas coloridas. Ao lado um rancho rústico coberto com palha e barracas típicas de festa junina. 180 na prática IV. No sudeste, devido ao grande avanço urbano e industrial, as festividades tradi- cionais foram extintas. V. No Paraná, devido à forte imigração japonesa, ocorre um festival nipo-brasileiro. É correto apenas o que se afirma em: a. I, II, III e V. b. I, II. c. II, III, IV e V. d. I, III, IV e V. e. I, II, IV e V. 4. O coeficiente de Gini serve para avaliar o grau de desigualdade de um país. O Brasil é um país de contrastes com grandes desigualdades. Assim, produza um texto dis- sertativo argumentativo sobre onde é possível perceber as desigualdades sociais no Brasil. 5. Analise o excerto a seguir: “Ao passarmos os olhos por um livro de receitas de cozinha brasileira, logo per- cebemos a diversidade regional expressa nas distintas receitas típicas de suas culinárias. São exemplos dessa diversidade: o barreado e o arroz de carreteiro na Região Sul; a moqueca (capixaba, de banana da terra), o tutu de feijão, a feijoada, o feijão-tropeiro na Região Sudeste; a tapioca, a carne-de-sol com baião-de-dois, a paçoca de carne-seca, a buchada de bode, a galinha à cabidela, o bobó de ca- marão, o sarapatel, o vatapá e o acarajé na Região Nordeste; o pato no tucupi, a maniçoba, o tacacá na Região Norte; o arroz com pequi, o tutu com lingüiça, a gua- riroba, a mojica e o pacu assado na Região Centro-Oeste” (BOTELHO, 2013, p. 62). Parte da riqueza cultural brasileira se expressa na diversidade gastronômica representada nos pratos típicos regionais. Uma maneira de conhecer melhor uma região brasileira é experimentar um de seuspratos típicos, um importante aspecto regional. Produza um texto dissertativo, entre 10 e 15 linhas, sobre os pratos típicos das regiões brasileiras e sua importância para a identidade regional. 181 aprimore-se ONU MULHERES APOIA ITABIRA NA IMPLEMENTAÇÃO DOS OBJETIVOS GLOBAIS COM PERSPECTIVA DE GÊNERO E RAÇA Itabira, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), é a primeira cidade na América Latina a implantar o Projeto Cidade 50-50, desenvolvido pela ONU Mulhe- res para apoiar governos municipais na implementação dos 17 Objetivos de Desen- volvimento Sustentável (ODS) a partir da perspectiva de gênero e raça. O Projeto Cidade 50-50: Itabira é a efetivação de uma expectativa da Prefeitura do município somada ao conhecimento da ONU Mulheres em desenvolver ações para a promoção da igualdade de gênero, como afirma a vice-prefeita da cidade, Dalma Barcelos. “Queremos eliminar a desigualdade de gênero, porque isso corrói a sociedade. Essa desigualdade de salário, de oportunidades, está sempre presente na nossa história, às vezes veladas, às vezes não.” Barcelos considera que o projeto impulsiona o desenvolvimento da cidade, con- tribuindo para uma maior participação das mulheres na política e reduzindo desi- gualdades de renda e no mercado de trabalho. “A igualdade de oportunidades e a participação ativa das mulheres, na sua diver- sidade, juntamente com os homens, no desenvolvimento social e econômico são cruciais para a eficácia e a sustentabilidade das iniciativas de desenvolvimento mu- nicipal”, afirma a representante da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya. “As necessidades e as prioridades das mulheres devem ser atendidas e devem estar no centro e não nas margens dos processos de desenvolvimento.” Desde a implantação do projeto, em agosto de 2019, aconteceram na cidade uma série de ações com o objetivo de transformar a realidade local, aproximando as mulheres, poder público e sociedade civil. Entre elas há destaque para a oficina de planejamento, que envolveu mais de 100 participantes e foi realizada no primeiro semestre deste ano. “Quando nós fize- mos aquele encontro, a gente pôde ver e perceber várias mulheres naquele espaço, mulheres que não se encontravam e que, por causa desse seminário, foram partici- par”, conta Lia Andrade, agente social na cidade de Itabira. 182 aprimore-se A construção de propostas levantadas na oficina sustenta ações prioritárias para serem executadas e apoiadas em Itabira, com o suporte de assessoria especializada. Este exercício motivou a posição de revisão de planos e ações da Secretaria de De- senvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Inovação e Turismo de Itabira para incorporação perspectiva de gênero. Além da oficina, foram realizadas mais de 45 reuniões, com diferentes segmen- tos da sociedade. Foi constituído o Comitê Cidade 50-50, que será responsável por propor estratégias de promoção da igualdade de gênero a partir das secretarias municipais, e realizará em agosto um curso voltado para mulheres interessadas na disputa eleitoral. Políticas públicas e participação das mulheres Desde a sua fundação, a cidade de Itabira não teve mulheres ocupando o cargo de prefeita. Foi apenas na atual gestão que o município passou a ter uma vice-prefeita. Na história da cidade, apenas duas mulheres foram presidentes da Câmara Munici- pal e, no último pleito, todos os representantes eleitos são homens. “A desigualdade entre mulheres e homens na vida social, econômica e política geralmente surge de uma falha nas estratégias de desenvolvimento para atender adequadamente às necessidades específicas das mulheres e aproveitar as experiên- cias e habilidades das mulheres. Portanto, o exemplo do município de Itabira, que facilita a participação plena das mulheres no desenvolvimento municipal, é inspira- dor”, considera a representante da ONU Mulheres Brasil. 183 aprimore-se Dalma Barcelos foi a responsável em promover a parceria com a ONU Mulheres e tomou para si a liderança de fazer com que a Itabira seja uma “cidade amiga das mulheres”. Para a vice-prefeita, “é a partir do empoderamento feminino e a promo- ção da participação das mulheres em todas as instâncias que é possível chegar em uma cidade, que promove o desenvolvimento sustentável”. As secretarias do município seguem alinhadas com esse compromisso. Desde que o início do projeto, a maneira de elaborar políticas públicas se transformaram. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Inovação e Turismo, por exemplo, passou a determinar que em todas as suas ações a parida- de de gênero seja priorizada. “O que mudou no pensar e agir da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Turismo, é que não temos só o compromisso de desenvolver e implan- tar políticas públicas, mas o de desenvolver e implantar políticas públicas levando em consideração a proporcionalidade 50-50, entre mulheres e homens. Acredito que evoluímos no conceito de uma nova ótica de igualdade de direito para todas e todos,” enfatiza o secretário municipal José Don Carlos. Quem vive e cresceu na cidade, espera que as mudanças aconteçam. Lia An- drade, cidadã itabirana e agente social da Cáritas Diocesana de Itabira, espera que a cidade seja mais inclusiva para as mulheres e principalmente dê espaço para o desenvolvimento, a partir da participação das mulheres em sua diversidade, em es- paços de construção de políticas públicas. Fonte: Nações Unidas Brasil (2020, on-line). 184 eu recomendo! Geografia dos Sabores: ensaio sobre a dinâmica da cozinha brasileira Autor: Adriano Botelho Editora: EDUSP Sinopse: a culinária de um país é parte do gênero de vida de seu povo. Exprime não só os fatores físicos de sua geografia, como também seus aspectos humanos, econômicos, sociais e culturais. Podemos, por meio de um processo de “engenharia reversa”, “desconstruir” uma receita para encontrarmos os produtos agrícolas e as técnicas de cultivo, os tem- peros utilizados e o tipo de pecuária dominantes em uma região, mas o prato não se resume a seus aspectos materiais. livro Cidade de Deus Ano: 2002 Sinopse: nas favelas do Rio de Janeiro dos anos 1970, dois rapa- zes seguem caminhos diferentes. Buscapé é um fotógrafo que registra o cotidiano violento do lugar, e Zé Pequeno é um ambi- cioso traficante que usa as fotos de Buscapé para provar como é durão. filme 185 conclusão geral conclusão geral Finalmente, estudante, após ler todas as unidades, espero que sua compreensão sobre o Brasil seja mais ampla. Deixo claro que esse é um ponto de partida. Existem muitos mais conceitos, assuntos e temas relevantes para discutir sobre a Geografia do Brasil, e você continuará estudando ao longo do curso. As regiões e a regionalização são um assunto relevante na Geografia. Quando analisamos as propostas de regionalização, há várias possibilidades de se regionali- zar o território pelo olhar geográfico, mas também administrativo. As cinco regiões administrativas do IBGE têm uma função clara de levantamento de dados e inter- pretação para uso pelo governo. Não é possível concluir e exaurir o tema economia urbano-industrial. Esse nem foi o nosso objetivo aqui. É um tema instigante e fundamental para a compreensão do nosso país, assim como a industrialização na Era Vargas, o período desenvolvi- mentista e, depois, o período militar até os dias atuais. Nosso território possui patrimônio mineral e combustíveis fósseis, além disso, possui um grande potencial para produção de energia sustentável e limpa, menos poluidora do que o petróleo. As fontes de energia não-renováveis, como petróleo, carvão mineral e gás natural, precisam ser usadas, mas, como política estratégica e pensando no planeta e nas futuras gerações, faz-se necessário desenvolver energia sustentável. Um tema importante são os domínios morfoclimáticos do Brasil. Procuramos nos aprofundar na análise deAb’Saber, o criador dessa proposta. Baseado no clima, relevo e botânica, ele regionaliza a paisagem brasileira em seis grandes domínios morfoclimáticos. Em relação à população brasileira no aspecto social, nossa abordagem serve como início de uma reflexão das ciências humanas. Procuramos analisar quantos são e como vivem os brasileiros, tendo como base indicadores oficiais. Não susten- tamos nossa análise em discursos vazios, meramente ideológicos, mas em dados de desemprego, desigualdade por gênero e por nível de instrução. gabarito 186 1. A. 2. A. 3. A. 4. Espera-se que o aluno seja capaz de argumentar que o coeficiente de Gini do Brasil acima de 0,5 demonstra sérias desigualdades sociais, fáceis de perceber nos contras- tes entre ricos e pobres e na vulnerabilidade de grande parcela da população, que não tem acesso aos serviços e com um consumo limitado. Desse modo, é possível perceber as desigualdades nas cidades? Os bairros são iguais? O padrão de consumo das famílias se equivale? E no campo? A situação é de igualdade nas condições eco- nômicas? E quando comparamos as regiões brasileiras, é possível ver desigualdade entre a economia do Nordeste e a economia do Sudeste? 5. Espera-se que os alunos sejam capazes de explicar que os pratos típicos são impor- tantes para incrementar a cultura regional. A culinária brasileira é riquíssima por se basear na diversidade cultural brasileira e, ao mesmo tempo, um reflexo dela. Os aspectos naturais das variadas regiões proporcionam a oferta de matéria-prima para diversos pratos regionais, como o vatapá, a maniçoba e tacacá. Os pratos típicos são elementos de identidade cultural. Para conhecer uma região e conhecer um pouco mais sobre suas tradições, uma opção é apreciar a gastronomia típica. A culinária depende, dentre outros aspectos, também da geografia, os fatores ecológicos influen- ciam a economia e a oferta de produtos para preparar esses pratos. referências 187 BOTELHO, A. Geografia dos Sabores: ensaio sobre a dinâmica da cozinha brasileira. Textos do Brasil: Sabores do Brasil, São Paulo, n. 13, 2013. IBGE. Censo 2010. [2020]. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br. Acesso em: 9 dez. 2020. IBGE. Atlas Geográfico Escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. 224 p. Disponível em: ht- tps://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101627.pdf. Acesso em: 8 dez. 2020. IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasi- leira. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. 151 p. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza- cao/livros/liv101629.pdf. Acesso em 9 dez. 2020. MACIEL, M. E. Uma cozinha à brasileira. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 33, 2004. MUNIZ, M. A desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho e na vida. CUT Brasil, 7 mar. 2018. Disponível em: https://www.cut.org.br/noticias/a-desigualdade-entre-ho- mens-e-mulheres-no-mercado-de-trabalho-e-na-vida-ce54. Acesso em: 9 dez. 2020. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. ONU Mulheres apoia Itabira na implementação dos objetivos globais com perspectiva de gênero e raça. 12 ago. 2020. Disponível em: https://brasil. un.org/pt-br/node/87279. Acesso em: 9 dez. 2020. ODERICH , C; RUIZ, Eliziane Nicolodi Francescato. Comer Viajante: Uma Incursão Pela Alimen- tação Em Diferentes Países. Iluminuras: Porto Alegre, v. 20, n. 51, p. 117-144, 2019. Disponí- vel em: https://seer.ufrgs.br/iluminuras/article/download/97329/pdf#:~:text=Dize%2Dme%20 o%20que%20comes,Bessis%2C%201995%3A%2010). Acesso em: 13 dez. 2020. ONU. Desigualdade é obstáculo para o desenvolvimento, diz secretário-geral da ONU. [2020]. Disponível em: https://brasil.un.org/. Acesso em: 13 dez. 2020. SINIMBU, F. Quem são os brasilienses: o prato típico do Distrito Federal. Agência Brasil, Bra- sília, 17 abr. 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-04/ quem-sao-os-brasilienses-o-prato-tipico-do-distrito-federal. Acesso em: 9 dez. 2020. anotações anotações anotações anotações anotações _tyjcwt _17dp8vu _3rdcrjn _lnxbz9 A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO AS REGIÕES e a REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL AS BASES FÍSICAS DO BRASIL OS DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL A POPULAÇÃO BRASILEIRA E A DIVERSIDADE culltural do Brasil conclusão geral _GoBack _arp5txp2jfpo _yr3apxy42nv5 _wrvhar1b50v3 _gern9blne8rg _fdt4vcpt92yh _s1vk518vo2p _r5rxw1ww4e4s _8cx55070bhxl _7cwwcjntyllq _jcp94ev7zqxi _pnq7a0egmdjp _u6jzqbvukul4 _v18mgpiu1h10 _1s93y8hs0zy7 _dickcw31gzil _n8x7nmyrlrmn _uyv2dfawk230 _e1r8betfnhq9 _3n74pgulppxk _2ttxnk9tg6w6 _s5mpaz59yeuy _ryoltuvrwbvs _taff9kuhkifu _79r8eflak33y _3sjvo0nnwqnb _uopnmqhkebrg _sousz4f80x1u _oz3xe710rq1c _9nlhlzhzwfhi _GoBack _pm4oap6ft4r5 Botão 4: Botão 1: Botão 2: Botão 3: