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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QUÍMICA ANALÍTICA EXPERIMENTAL I RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA ANDRIELLY ESTEVES DIAS (13471974) BÁRBARA ROCHA MOREIRA DA SILVA (11216467) JOÃO HENRIQUE STEMPKOSKI DA ROSA (12562323) Determinação de Cr e Mn em aço inox RIBEIRÃO PRETO 18/04/2023 1 INTRODUÇÃO O aço inox é uma liga metálica de ferro e cromo, contendo no mínimo 10,5% de cromo (em massa), além de pequenas quantidades de outros metais como manganês, níquel e carbono, que influenciam na resistência do aço; essa liga é altamente utilizada pela sua grande resistência a corrosão, impacto, durabilidade e aparência. A alta quantidade de cromo presente é o que previne a corrosão desta liga, pois o cromo e o oxigênio atmosférico interagem rapidamente formando uma camada passivadora de óxido de cromo (CrO2) que recobre toda a superfície do metal e impede as reações de óxido-redução entre os metais da liga e o ar/umidade. Esta liga inoxidável é aplicada em diversos campos, sendo utilizada em construções civis, indústria automotiva, indústria alimentícia, indústria de biomateriais e de aparatos para laboratório; por exemplo, o aço é utilizado para próteses que reforçam ou substituem tecidos rígidos (como uma prótese para quadril), devido a sua resistência mecânica à tensão e compressão (PIRES et al, 2015). Outro exemplo é a utilização do aço inox na fabricação das colunas utilizadas em cromatografia gasosa, uma vez que as colunas devem suportar altas temperaturas e pressões elevadas e não devem interagir com os elementos da fase estacionária ou móvel; isso é possível pois o aço inox pode também ser desativado quando se é necessário que a coluna seja inerte (ou seja, não reage) ao gás (CONING & SWINLEY, 2019). Outro importante atrativo do aço inox é sua capacidade de ser 100% reciclado sem perdas significativas em sua composição, não importando o número de vezes que é reciclado. Em 2009, 60% do aço inoxidável produzido provinha de conteúdo reciclado e 40% consistia em matéria prima adicionada durante a produção (OLIVEIRA, 2009). 2 MATERIAIS E MÉTODOS Para as análises pertinentes, realizou-se a abertura de uma amostra de aço em ácido nítrico e clorídrico (gotas) a quente até completa dissolução e eliminação dos íons cloreto (Cl-) com a secura quase total. Após isso, a amostra foi dissolvida em água (proporção 2:1) deionizada e resfriada. Alíquotas da solução foram utilizadas para um spot test em placa de três poços contendo tiocianato de potássio (KSCN) e dimetilglixima (DMG) (equações 1 e 2). (Equação 1) (Equação 2) O íon cloreto, quando não eliminado totalmente, pode dificultar a oxidação de Mn2+ e Cr3+ e, consequentemente, sua determinação. O tiocianato pode ser utilizado para a identificação de Fe3+ em uma reação cujo produto é um complexo vermelho ([Fe(SCN)6]3-) (não é possível identificar Fe2+ por esta técnica) (equação 1). Já a dimetilglioxima, pode ser utilizada para identificar Ni2+, também apresentando cor vermelha (equação 2) em meio básico; a acidificação do meio desfaz o complexo formado. Realizou-se por fim a determinação manganês e cromo na amostra pela medição da absorbância em 440 e 546 nm, foi feito com uma alíquota diluída da solução de aço (proporção de 1,8 vezes); então adicionou-se ácido fosfórico concentrado e periodato de potássio, esta combinação seguida de aquecimento permite que haja formação de permanganato (reação 10) e dicromato, permitindo a identificação simultânea de ambos os metais (Cr e Mn). A análise de componentes principais (PCA) foi utilizada para determinação das concentrações dos componentes por cálculo matricial (equação 3). A curva padrão apresentada na Figura 1 foi aplicada no tratamento matemático. (Equação 3) Sendo: ; ; ; . A lei de Lambert-Beer (equação 4) foi aplicada para a relação entre absorbância e concentração. (Equação 1) Sendo: ; ; ; . Figura 1 – Curvas padrão de absorbância versus concentração de permanganato de potássio e dicromato de potássio em 440 e 546 nm. Fonte: Próprio autor, 2023. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O procedimento de abertura da amostra se mostrou visualmente eficiente, uma vez que todo analito foi consumido e não houve formação de nenhum precipitado. O spot test aplicado à amostra verificou a presença de Fe3+ pela reação com o SCN-, formando um complexo vermelho (Figura 2a) e a presença de níquel (Ni2+) pela formação do complexo [Ni(DMG)2] em meio básico (Figura 2b). A Figura 2c mostra a adição de DMG em meio ácido. Observou-se uma variação de coloração para o vermelho no poço (a), evidenciando a presença de Fe3+ no meio. O poço (c) não demonstrou reação pela inatividade do DMG como complexante de Ni2+ em meio ácido. Apesar disso, a adição de DMG e tampão amônio (NH4OH/NH4Cl) no poço (b) demonstrou uma leve alteração da coloração tendendo ao rosa. A partir disso, é possível perceber a presença do cátion na solução teste. Figura 2 – Spot Test da solução contendo amostra de aço inox analisada; (a) reação entre Fe3+ e SCN-; (b) reação entre DMG e Ni2+; (c) ausência da complexação de Ni2+ com DMG pela acidez do meio. (a) (b) (c) Fonte: Próprio autor, 2023. A quantificação de Mn e Cr na amostra analisada foi realizada por espectrofotometria de absorção molecular em 440 e 546 nm. Calculou-se a concentração na amostra diluída por PCA (equação 3; tabela 1). A tabela 2 mostra as concentrações determinadas de Mn2+ e Cr3+ na amostra analisada da solução-estoque. Os valores de concentração descritos na tabela 1 correspondem aos ânions dicromato e permanganato, enquanto a tabela 2 relaciona a dosagem de seus metais (a concentração de Cr corresponde ao dobro da concentração do ânion dicromato). Tabela 1 – Relação entre absortividades molares dos ânions permanganato e dicromato em 440 e 546 nm, absorbância da amostra nos mesmos comprimentos de onda e a concentração dos ânions em solução calculada por PCA (equação 3). Comprimento de onda (nm) Ɛ MnO4- (L.mol-1.cm-1) Ɛ Cr2O72- (L.mol-1.cm-1) Absorbância (solução aço) Concentração (solução aço) (mol.L-1) 440 111,27 615,46 0,59 0,0000089 MnO4- 546 2422,41 11,01 0,032 0,0009570 Cr2O7- Fonte: Próprio autor, 2023. Tabela 2 – Concentração molar, número de mol, massa em miligramas e percentual de manganês (II) e cromo (III) na amostra analisada. Mn2+ Cr3+ Concentração (mol.L-1) 0,000008860 0,001914 N° mol 0,0000008860 0,+0001914 Concentração inicial (mol.L-1) 0,00003544 0,007656 N° mol inicial 0,000003544 0,0007656 Massa na amostra (mg) 0,194697219 39,80972033 Percentual na amostra 0,22% 44,73% Fonte: Próprio autor, 2023. Observou-se uma grande concentração de Cr3+ frente a uma menor dosagem de Mn2+. A literatura (figura 3) descreve a composição da liga analisada (AISI 304; SAE 30400) contendo [Crmáx] e [Mnmáx] de 2,00% e 18,00-20,00%, respectivamente. Dessa forma, é possível concluir que o experimento foi impreciso e inexato na dosagem dos metais de interesse. Nesse caso, diversas fontes podem contribuir com o aumento dos erros, como o processo de amostragem impreciso, relacionado aos erros de diluição e pipetagem, adição em excesso de reagentes e a falta de controle na remoção dos íons cloreto durante a abertura da amostra. A realização de réplicas de leitura de absorção também poderia auxiliar a encontrar uma melhor medida e diminuição dos erros. Figura 3 – Composição de diferentes tipos de aço classificados por SAE e AISI. Fonte: CAMPOS, 2023. Evidencia-se, portanto, que o processo utilizado é bastante limitado, uma vez que se mostra trabalhoso e não há controle dos subprodutos formados durante a preparação da amostra, diminuindo a precisão dos resultados. 4 CONCLUSÕES Observou-se uma grande variação dos resultados obtidos em relação ao descrito na literatura a respeito da composição de cada tipo de aço. Assim, percebe-se que a determinação simultânea de metais em amostra de aço por espectrofotometria de absorçãomolecular, embora sugerida pela literatura como uma análise consistente, possui uma série de limitações que dificulta sua aplicação frente a outras técnicas já conhecidas. No entanto, a melhoria da experimentação com procedimentos que garantam uma análise quantitativa é de grande-valia para um bom desempenho. 2 REFERÊNCIAS BLANCO, M. et al. A simple method for spectrophotometric determination of two-components with overlapped spectra. Journal of chemical education, v. 66, n. 2, p. 178, 1989. CAMPOS, M. L. A. M. Problema 2: como identificar diferentes tipos de aço? Roteiro de aula prática. Ribeirão Preto. 2023. LINGANE, J. J.; COLLAT, J. W. Chromium and manganese in steel ferroalloys. Analytical chemistry, v. 22, n. 1, p. 166–169, 1950. OLIVEIRA, Raphael G. Produção e reciclagem de aços inoxidáveis, Trabalho de Conclusão de Curso, UFRJ, 2009. PIET DE CONING; SWINLEY, John. GC columns for gas analysis, Elsevier eBooks, p. 205 246, 2019. PIRES, A. L. R.; BIERHALZ, A. C. K.; MORAES. A. M., BIOMATERIAIS: TIPOS, APLICAÇÕES E MERCADO, Química Nova, 2015. KMnO4 - 440 nm 0 4.0000000000000002E-4 2.9999999999999997E-4 2.0000000000000001E-4 1E-4 8.0000000000000007E-5 5.9999999999999995E-5 4.0000000000000003E-5 0 4.7E-2 3.5000000000000003E-2 2.5999999999999999E-2 1.4999999999999999E-2 1.4999999999999999E-2 8.9999999999999993E-3 7.0000000000000001E-3 KMnO4 - 546 nm 0 4.0000000000000002E-4 2.9999999999999997E-4 2.0000000000000001E-4 1E-4 8.0000000000000007E-5 5.9999999999999995E-5 4.0000000000000003E-5 0 0.97 0.73599999999999999 0.495 0.24399999999999999 0.19500000000000001 0.14299999999999999 0.11799999999999999 K2Cr2O7 - 440 nm 0 2E-3 1E-3 8.0000000000000004E-4 5.9999999999999995E-4 4.0000000000000002E-4 2.00000000000000 01E-4 0 1.232 0.73699999999999999 0.60299999999999998 0.46600000000000003 0.29899999999999999 0.158 K2Cr2O7 - 546 nm 0 2E-3 1E-3 8.0000000000000004E-4 5.9999999999999995E-4 4.0000000000000002E-4 2.0000000000000001E-4 0 2.1999999999999999E-2 1.0999999999999999E-2 8.0000000000000002E-3 6.0000000000000001E-3 3.0000000000000001E-3 3.0000000000000001E-3 Concentração (mol.L-1) Absorbância image2.jpeg image3.jpeg image4.png image1.png UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QUÍMICA ANALÍTICA EXPERIMENTAL I RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA ANDRIELLY ESTEVES DIAS (13471974) BÁRBARA ROCHA MOREIRA DA SILVA (11216467 ) JOÃO HENRIQUE STEMPKOSKI DA ROSA (12562323) DETERMINAÇÃO DE C r E M n EM AÇO INOX RIBEIRÃO PRETO 1 8 /0 4 /2023 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA QUÍMICA ANALÍTICA EXPERIMENTAL I RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA ANDRIELLY ESTEVES DIAS (13471974) BÁRBARA ROCHA MOREIRA DA SILVA (11216467) JOÃO HENRIQUE STEMPKOSKI DA ROSA (12562323) DETERMINAÇÃO DE Cr E Mn EM AÇO INOX RIBEIRÃO PRETO 18/04/2023