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PROF. VITOR COSTA
SOCIOLOGIA
& PSICOLOGIA
DO TRABALHO
AUDITOR FISCAL DO
 TRABALHO
APOSTILA 1
APOSTILA 1
APRESENTAÇÃO
Introdução: O trabalho nas teorias sociológicas e a organização dos trabalhadores
Pontos do Edital: 
A Sociologia do trabalho e seu objeto de estudo 
1.1 O trabalho como uma categoria do pensamento sociológico.
1.2 O Conceito de Trabalho.
1.3 Trabalho: ação, necessidade e coerção.
1.4 Exploração e alienação.
1.5 Trabalho e progresso técnico.
1.6 Divisão do trabalho e distribuição de tarefas.
1.7 Processo de trabalho e organização de trabalho.
1.8 O trabalho humano e sua evolução histórica: trabalho escravizado, trabalho feudal em 
servidão, trabalho livre desprotegido.
2 Fases históricas iniciais da industrialização
2.1 Artesanato, manufatura, maquinofatura e mecanização da produção.
2.2 A Revolução Industrial e o capitalismo industrial.
2.3 Modelos de gestão e organização do trabalho: taylorismo, fordismo, toyotismo
2.3 Plataformas digitais e seus impactos no trabalhador e na sociedade. 
2.4 A organização dos trabalhadores e trabalhadoras:
2.4.1 O movimento operário.
2.4.2 Sindicalização e militantismo.
2.4.3 A ação sindical e sua tipologia.
2.4.4 A evolução do sindicalismo diante das transformações do mundo do trabalho.
2.4.5 Greves e conflitos trabalhistas. 
Caro estudante,
Seja bem-vindo a esta apostila dedicada ao estudo de algumas teorias sociológicas e 
econômicas sobre o trabalho em nossa sociedade. Vamos também ver alguns processos 
históricos relacionados a industrialização do mundo e à organização dos trabalhadores 
em sindicatos. Esses são alguns temas que “costuram” os pontos acima definidos do 
Edital para a prova de AFT do CNU. Numa prova que vai selecionar profissionais para 
atuarem no mercado de trabalho, é importante medir o conhecimento dos concorrentes 
em algumas análises fundamentais desse universo. Nesse sentido, esses pontos têm 
relevância uma vez que são temas que estarão presentes no cotidiano profissional do 
Auditor Fiscal do Trabalho. Por isso, recomendo uma atenção especial para esses temas. 
Dedique um tempo e atenção especiais a isso e creio que você não irá se arrepender. 
Destaquei com marca-texto os pontos mais importantes para você relembrar nas revisões!
Abraços e bons estudos!
Prof. Vitor Costa
A Sociologia do trabalho e seu objeto de estudo 
A Sociologia do trabalho é um campo multidisciplinar que se debruça sobre as 
complexidades das relações entre os indivíduos e as estruturas sociais dentro do contexto 
laboral. Seu objeto de estudo abarca uma ampla gama de questões, que vão desde a 
organização e a divisão do trabalho até as dinâmicas de poder, desigualdade e identidade 
no ambiente profissional.
No cerne da Sociologia do trabalho está a análise das formas como o trabalho é 
estruturado e vivenciado pelos diferentes atores sociais. Isso envolve investigar as 
relações de classe, gênero, etnia e outras formas de diferenciação social que moldam as 
experiências laborais das pessoas. Por exemplo, estudos sociológicos revelam como 
certos grupos são sistemática e historicamente excluídos de determinados setores ou 
ocupações, enquanto outros desfrutam de privilégios e acesso facilitado ao mercado de 
trabalho.
Além disso, a Sociologia do trabalho examina as transformações nas relações de 
emprego e nas condições de trabalho ao longo do tempo. Desde a Revolução Industrial, o 
mundo do trabalho passou por mudanças significativas, como a ascensão do trabalho 
assalariado, a automação, a globalização e a precarização do emprego. Esses 
fenômenos têm implicações profundas nas dinâmicas sociais, econômicas e políticas, e 
são objeto de análise e debate dentro da disciplina sociológica.
Outro aspecto fundamental da Sociologia do trabalho é a investigação das organizações e 
instituições que moldam e regulam o mundo laboral. Isso inclui desde as hierarquias e 
estruturas de poder dentro das empresas até as políticas públicas de emprego e as 
negociações coletivas entre trabalhadores e empregadores. Compreender essas 
dinâmicas é essencial para analisar as desigualdades de classe, as lutas sindicais, os 
movimentos de resistência e as formas de solidariedade entre os trabalhadores.
1.1 O trabalho como uma categoria do pensamento sociológico.
Na Sociologia, o conceito de trabalho é essencial para compreendermos as dinâmicas 
sociais, econômicas e culturais que permeiam a vida em sociedade. Ao longo das 
décadas, os sociólogos têm explorado o trabalho como uma categoria analítica 
fundamental, examinando suas diferentes dimensões e implicações. Neste texto, 
destacaremos os principais conceitos relacionados ao trabalho na perspectiva sociológica 
e sua importância para o entendimento da sociedade contemporânea.
Divisão do Trabalho
Um dos conceitos-chave na análise sociológica do trabalho é a divisão do trabalho, 
proposta por Émile Durkheim. Ele argumentava que a especialização e a 
interdependência das funções são essenciais para o funcionamento harmonioso da 
sociedade. A divisão do trabalho não apenas organiza a produção material, mas também 
influencia as relações sociais e a coesão social. Nós aprofundaremos esse conceito 
adiante.
Relações de Classe
Outro aspecto crucial é a análise das relações de classe no contexto do trabalho. Karl 
Marx foi pioneiro nesse campo, destacando o conflito entre capital e trabalho como o 
motor principal da história. Para Marx, as relações de classe são determinadas pela 
posição dos indivíduos nos meios de produção e pela sua relação com os meios de 
subsistência. Essa abordagem permite entender as desigualdades econômicas e sociais 
geradas pelo sistema capitalista. Nós aprofundaremos mais esse conceito adiante.
Identidade e Significado do Trabalho
Além disso, a Sociologia do trabalho investiga a identidade e o significado do trabalho na 
vida das pessoas. Max Weber argumentava que o trabalho não é apenas uma atividade 
econômica, mas também uma fonte de status e reconhecimento social. Através do 
trabalho, os indivíduos constroem suas identidades e buscam significado em suas vidas, 
influenciando sua autoestima e sentido de pertencimento. Nós aprofundaremos esse 
conceito adiante.
Transformações no Mundo do Trabalho
Por fim, a Sociologia do trabalho aborda as transformações no mundo do trabalho ao 
longo do tempo. Desde a Revolução Industrial, temos testemunhado mudanças 
significativas nas formas de organização do trabalho, nas relações de emprego e nas 
condições de vida dos trabalhadores. Globalização, automação e precarização são 
fenômenos que têm impactado profundamente a estrutura e a dinâmica do mercado de 
trabalho contemporâneo.
Um bom exemplo de análise da sociologia do trabalho – Richard Sennet e a 
“corrosão do caráter”
O debate realizado por Richard Sennett sobre as transformações do mundo do trabalho e 
a corrosão do caráter é um tema central em sua obra "A corrosão do caráter: as 
consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo". Sennett examina como as 
mudanças nas estruturas e dinâmicas do mundo do trabalho contemporâneo impactam a 
formação e a identidade pessoal dos indivíduos.
Em seu livro, Sennett argumenta que as transformações econômicas, como a 
globalização, a flexibilização do emprego e a ascensão do trabalho precário, têm 
consequências profundas para os trabalhadores. Ele sugere que essas mudanças estão 
corroendo o caráter dos indivíduos, entendido como a capacidade de desenvolver 
habilidades, compromissos duradouros e uma identidade coerente ao longo do tempo.
Sennett destaca que, no novo capitalismo, as relações de trabalho são cada vez mais 
fluidas e instáveis, dificultando a construção de vínculos sólidos entre os trabalhadores e 
seus empregadores. Isso leva a umafragmentação da experiência profissional e pessoal, 
impedindo o desenvolvimento de uma identidade robusta e significativa.
Além disso, Sennett argumenta que as pressões do mercado de trabalho contemporâneo, 
como a busca constante por eficiência e produtividade, acabam por reduzir o valor do 
trabalho humano a meras transações comerciais. Isso resulta em uma perda de sentido e 
propósito no trabalho, contribuindo para a alienação e o desencanto dos trabalhadores em 
relação às suas ocupações.
1.2 O Conceito de Trabalho.
O conceito de trabalho evoluiu ao longo da história, refletindo as mudanças nas 
sociedades e nas relações econômicas. Desde as civilizações antigas até os dias atuais, 
o significado e o valor atribuído ao trabalho têm variado consideravelmente.
Civilizações Antigas
Nas sociedades antigas, como a egípcia, mesopotâmica e grega, o trabalho era 
frequentemente associado à servidão e à escravidão. A mão de obra era geralmente 
utilizada para a realização de tarefas agrícolas, construção de monumentos e outros 
trabalhos braçais. Nesse contexto, o trabalho era visto como uma obrigação imposta 
pelos governantes e muitas vezes não era valorizado em termos de dignidade ou 
realização pessoal.
Idade Média
Durante a Idade Média, especialmente na Europa feudal, o trabalho estava estritamente 
ligado à estrutura de classes. Os camponeses trabalhavam nas terras dos senhores 
feudais em troca de proteção e segurança. Nesse período, havia uma distinção clara 
entre trabalho manual, considerado inferior, e trabalho intelectual, reservado às elites 
educadas.
Renascimento e Revolução Industrial
Com o Renascimento e o surgimento do capitalismo, houve uma valorização crescente do 
trabalho como fonte de riqueza e desenvolvimento. No entanto, durante a Revolução 
Industrial, o trabalho nas fábricas era frequentemente associado a condições desumanas, 
exploração e jornadas exaustivas. Nesse contexto, o conceito de trabalho começou a ser 
debatido não apenas como uma atividade econômica, mas também como uma questão 
social e política.
Século XIX
No século XIX, surgiram diferentes perspectivas sobre o trabalho. Karl Marx, por exemplo, 
via o trabalho como a fonte fundamental de valor econômico e argumentava que a 
exploração da classe trabalhadora pelo capital era o cerne do sistema capitalista. Por 
outro lado, pensadores como Max Weber exploraram a relação entre trabalho e ética 
religiosa, destacando como a ética protestante influenciava o desenvolvimento do 
capitalismo.
Século XX
No século XX, com o crescimento dos movimentos trabalhistas e a consolidação do 
Estado de bem-estar social em muitos países, o trabalho passou a ser visto como um 
direito e uma fonte de identidade e realização pessoal. No entanto, as transformações 
econômicas recentes, como a globalização e a automação, trouxeram novos desafios, 
como o desemprego estrutural e a precarização do trabalho.
Debate Etimológico
O debate etimológico sobre a palavra "trabalho" remonta ao latim "tripalium", que 
originalmente se referia a um instrumento de tortura composto por três estacas. Essa 
associação sugere uma concepção inicialmente negativa do trabalho como uma atividade 
árdua e dolorosa. No entanto, ao longo do tempo, o significado da palavra evoluiu para 
incluir uma variedade de atividades produtivas e criativas realizadas pelos seres 
humanos.
1.3 Trabalho: ação, necessidade e coerção.
O tema do trabalho é central na sociologia e tem sido abordado por diversos pensadores 
ao longo da história. Entre os três clássicos da sociologia – Karl Marx, Émile Durkheim e 
Max Weber – encontramos diferentes perspectivas sobre o trabalho, destacando suas 
características como ação, necessidade e coerção.
Karl Marx
Para Marx, o trabalho é uma atividade fundamentalmente humana, através da qual os 
indivíduos transformam a natureza e produzem os meios de subsistência. Ele concebe o 
trabalho como uma relação social e histórica, na qual os trabalhadores, ao produzirem 
mercadorias, estabelecem relações de produção com os meios de produção capitalistas. 
Nessa perspectiva, o trabalho é uma ação criativa, mas também é marcado pela 
alienação, pela exploração e pela coerção capitalista. Marx enfatiza a necessidade de 
superar as contradições do sistema capitalista, buscando uma sociedade na qual o 
trabalho seja livre, coletivamente controlado e capaz de satisfazer as necessidades 
humanas.
Émile Durkheim
Durkheim aborda o trabalho sob a perspectiva da coesão social e da solidariedade. Ele 
argumenta que o trabalho é uma força unificadora na sociedade, pois proporciona aos 
indivíduos um senso de pertencimento e integração social. Para Durkheim, o trabalho é 
uma necessidade social que contribui para a coesão e o funcionamento harmonioso da 
sociedade. No entanto, ele reconhece que, em determinadas circunstâncias, o trabalho 
pode se tornar uma fonte de anomia e desintegração social, especialmente quando as 
condições de trabalho são precárias ou quando há uma falta de regulação social eficaz.
Max Weber
Weber analisa o trabalho dentro do contexto do desenvolvimento do capitalismo e da 
racionalização da sociedade moderna. Ele destaca a relação entre o trabalho e a ética 
protestante, argumentando que as crenças religiosas influenciaram a formação de uma 
mentalidade favorável ao trabalho árduo, à acumulação de riqueza e ao desenvolvimento 
do capitalismo. Weber também discute o conceito de "coerção legal-racional", referindo-se 
ao controle exercido sobre os trabalhadores por meio de regras e regulamentos 
burocráticos nas organizações modernas. Assim, o trabalho, para Weber, pode ser uma 
fonte de realização pessoal, mas também está sujeito a formas de coerção e dominação 
institucional.
1.4 Exploração e alienação.
A análise de Karl Marx sobre o mundo do trabalho é uma das contribuições mais 
fundamentais da teoria sociológica. Ao adotar uma abordagem materialista dialética, Marx 
oferece uma perspectiva única e profunda sobre as dinâmicas sociais, econômicas e 
políticas que permeiam as relações de trabalho. Neste trecho, vamos explorar os 
conceitos de materialismo dialético e luta de classes na análise marxista do mundo do 
trabalho.
Materialismo Dialético
Para Marx, o materialismo dialético é uma ferramenta analítica que busca compreender 
as transformações sociais e históricas a partir das contradições e conflitos inerentes ao 
próprio desenvolvimento das forças produtivas. Ele argumenta que as relações de 
produção – ou seja, a forma como os meios de produção são organizados e controlados – 
são determinantes na estruturação da sociedade.
Essa abordagem materialista implica uma compreensão do trabalho como uma atividade 
fundamentalmente humana, através da qual os indivíduos transformam a natureza e 
produzem os meios de subsistência. No entanto, no contexto do capitalismo, as relações 
de produção assumem uma forma específica, caracterizada pela exploração dos 
trabalhadores pelos proprietários dos meios de produção, os capitalistas.
Luta de Classes
A análise marxista do mundo do trabalho também enfatiza a importância da luta de 
classes na dinâmica social. Marx argumenta que a história da sociedade até o presente é 
a história da luta de classes, onde diferentes grupos sociais com interesses antagônicos 
competem pelo controle dos meios de produção e pela distribuição da riqueza.
No contexto do capitalismo, a luta de classes se manifesta entre a classe trabalhadora, 
que vende sua força de trabalho em troca de salário, e a classe capitalista, que detém os 
meios de produção e busca maximizar seus lucros. Essa luta é marcada por conflitos e 
contradições, que podem se manifestar de diversas formas, incluindo greves, protestos e 
movimentos revolucionários
Exploração
O debate de Marxsobre exploração é central em sua teoria crítica do capitalismo. Uma 
das principais contribuições de Marx para esse debate é o conceito de mais-valia, que 
desempenha um papel fundamental na análise da dinâmica econômica e social do 
sistema capitalista. Neste texto, exploraremos detalhadamente o conceito de mais-valia e 
seus tipos.
Mais-Valia
A mais-valia refere-se à diferença entre o valor criado pelo trabalho de um trabalhador e o 
valor do salário que ele recebe em troca desse trabalho. Em outras palavras, é o valor 
excedente gerado pelo trabalhador além do valor pago a ele como compensação por seu 
trabalho. Esse valor excedente é a fonte do lucro para os capitalistas no sistema 
capitalista.
Marx identifica dois principais tipos de mais-valia: a mais-valia absoluta e a mais-valia 
relativa.
Mais-Valia Absoluta
A mais-valia absoluta é obtida pela extensão da jornada de trabalho. Os capitalistas 
podem aumentar o tempo de trabalho dos trabalhadores sem aumentar 
proporcionalmente o salário pago a eles. Isso significa que os trabalhadores produzem 
mais valor do que recebem em troca, gerando um excedente que é apropriado pelos 
capitalistas como lucro.
Mais-Valia Relativa
A mais-valia relativa, por outro lado, é obtida através do aumento da produtividade do 
trabalho. Os capitalistas buscam meios de aumentar a eficiência e reduzir o tempo 
necessário para a produção de mercadorias. Isso pode ser alcançado através da 
introdução de novas tecnologias, da divisão do trabalho e da intensificação do controle 
sobre o processo de produção. Com a mesma quantidade de tempo de trabalho, os 
trabalhadores produzem mais mercadorias, aumentando assim o excedente de valor que 
é apropriado pelos capitalistas.
Alienação
A alienação, por sua vez, refere-se ao distanciamento dos trabalhadores em relação ao 
produto de seu próprio trabalho, aos processos de produção e a si mesmos como seres 
humanos. Marx identifica várias formas de alienação no capitalismo:
Alienação do produto: Os trabalhadores não têm controle sobre o que produzem nem 
sobre como é utilizado o produto final de seu trabalho. O produto do trabalho pertence ao 
capitalista, não ao trabalhador, o que leva a uma sensação de estranhamento em relação 
ao próprio trabalho.
Alienação do processo de trabalho: No capitalismo, o processo de produção é 
organizado de forma a maximizar a eficiência e o lucro, muitas vezes à custa da qualidade 
do trabalho e do bem-estar dos trabalhadores. Isso resulta em uma perda de autonomia e 
significado no trabalho, fazendo com que os trabalhadores se sintam como simples peças 
de uma máquina.
Alienação da própria natureza humana: Marx argumenta que o trabalho é uma 
atividade fundamentalmente humana, através da qual os indivíduos se realizam e 
expressam sua criatividade. No entanto, no capitalismo, o trabalho se torna uma atividade 
alienante, na qual os trabalhadores são tratados como meros recursos produtivos, 
privados da capacidade de se desenvolverem plenamente como seres humanos.
1.5 Trabalho e progresso técnico.
No pensamento de Karl Marx, a relação entre trabalho e progresso técnico é um tema 
crucial para compreender as dinâmicas do capitalismo. Marx argumenta que o 
desenvolvimento tecnológico não ocorre de forma neutra, mas está intrinsecamente ligado 
às relações de produção capitalistas e tende a beneficiar os interesses dos capitalistas 
em detrimento dos trabalhadores. Neste trecho, exploraremos como o progresso técnico 
afeta o trabalho e o desenvolvimento, segundo a perspectiva de Marx.
Trabalho e Desenvolvimento para Marx
Para Marx, o trabalho é a essência da atividade humana, através da qual os indivíduos 
transformam a natureza e produzem os meios de subsistência. No entanto, no contexto 
do capitalismo, o trabalho assume uma forma alienada e explorada, onde os 
trabalhadores são submetidos a condições desumanas e à extração de mais-valia pelos 
capitalistas.
O desenvolvimento tecnológico, embora possa aumentar a produtividade do trabalho e 
contribuir para o crescimento econômico, também intensifica a exploração e a alienação 
dos trabalhadores. Isso ocorre de várias maneiras:
Alteração da relação a favor do capitalista
A introdução de novas tecnologias tende a beneficiar os capitalistas, uma vez que 
aumenta a eficiência e reduz os custos de produção. No entanto, os trabalhadores muitas 
vezes não compartilham dos benefícios desse aumento de produtividade, pois são 
submetidos a ritmos de trabalho mais intensos e precarização do emprego.
Aumento da alienação
O progresso técnico pode intensificar a alienação dos trabalhadores, separando-os ainda 
mais do produto de seu próprio trabalho e do controle sobre o processo de produção. Isso 
ocorre à medida que os trabalhadores se tornam meros executores de tarefas repetitivas 
e desprovidas de significado, reduzindo sua autonomia e satisfação no trabalho.
Separação do trabalho da força de trabalho
O avanço tecnológico muitas vezes resulta na substituição da mão de obra humana por 
máquinas e automação. Isso pode levar ao desemprego estrutural e à marginalização de 
vastas camadas da população trabalhadora, aumentando assim a exclusão social e as 
desigualdades econômicas.
Aumento da mais-valia
A introdução de novas tecnologias pode aumentar a capacidade dos capitalistas de extrair 
mais-valia dos trabalhadores. Isso ocorre à medida que os trabalhadores, apesar de 
produzirem mais mercadorias em menos tempo, não veem um aumento proporcional em 
seus salários. O excedente de valor gerado pelo aumento da produtividade é apropriado 
pelos capitalistas como lucro, aumentando assim a exploração dos trabalhadores.
Além das questões relacionadas ao trabalho e ao desenvolvimento tecnológico segundo a 
perspectiva de Marx, é importante considerar também as reestruturações produtivas e o 
conceito de revolução passiva, conforme proposto por Antônio Gramsci, filósofo marxista 
do séc. XX.
Reestruturações Produtivas
As reestruturações produtivas referem-se às mudanças na organização e na gestão da 
produção que ocorrem em resposta às transformações econômicas e tecnológicas. No 
contexto do capitalismo contemporâneo, essas reestruturações são impulsionadas pela 
globalização, pela automação e pela busca por maior flexibilidade e eficiência.
Essas mudanças afetam profundamente o mundo do trabalho, alterando as relações de 
emprego, as condições de trabalho e as habilidades necessárias para o mercado de 
trabalho. Por um lado, as reestruturações produtivas podem levar à precarização do 
emprego, ao desemprego estrutural e à intensificação da exploração dos trabalhadores. 
Por outro lado, também podem abrir espaço para novas formas de resistência e 
organização dos trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho e de vida.
Revolução Passiva
O conceito de revolução passiva, desenvolvido por Antonio Gramsci, refere-se a um 
processo de transformação social no qual as classes dominantes mantêm sua hegemonia 
através de uma combinação de coerção e consentimento. Ao contrário da revolução 
política clássica, que envolve uma ruptura abrupta com o status quo, a revolução passiva 
ocorre de forma gradual e indireta, através da manipulação das instituições e da cultura.
No contexto das reestruturações produtivas, a revolução passiva pode ser observada na 
forma como as elites econômicas e políticas respondem às mudanças nas relações de 
produção. Por exemplo, elas podem promover políticas neoliberais que visam enfraquecer 
os direitos trabalhistas e fortalecer o poder das empresas, ao mesmo tempo em que 
buscam construir consenso em torno dessas medidas através de uma hegemonia cultural 
e ideológica.

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