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Ações Possessórias = Interditos possessórios (Procedimento Especial de Jurisdição Contenciosa) Art. 1.210 CC Arts. 554 a 568 CPC Art. 1.210, CC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2 o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 3 tipos a depender da agressão que a posse sofreu: · REINTEGRAÇÃO DE POSSE → esbulho: pressupõe que a vítima seja desapossada do bem, que o perca para o autor da agressão. É o que ocorre quando há uma invasão e o possuidor é expulso da coisa; Posse injusta = obtida de forma violenta (expulsa o possuidor), clandestina (na calada da noite, às escondidas) ou precária (com abuso de confiança) · MANUTENÇÃO DE POSSO → turbação: pressupõe a prática de atos materiais concretos de agressão à posse, mas sem desapossamento da vítima. Por exemplo: o agressor destrói o muro do imóvel da vítima; ou ingressa frequentemente, para subtrair frutas ou objetos de dentro do imóvel; · INTERDITO PROIBITÓRIO → ameaça: não há atos materiais concretos, mas o agressor manifesta a intenção de consumar a agressão. Se ele vai até a divisa do imóvel, e ali se posta, armado, com outras pessoas, dando a entender que vai invadir, há ameaça. Nem sempre fácil de distinguir nos casos concretos. Ex.: o agressor invadiu o terreno da vítima e a desapossou de uma pequena parte, permitindo que permanecesse no restante: esbulho ou turbação? Uma pessoa se posta na entrada de um imóvel, e ameace as pessoas que queiram ingressar. Haverá apenas ameaça? Mas, se ela for de tal ordem que nem o proprietário consiga entrar, não haverá esbulho? Por tal razão → própria lei considera as 3 ações fungíveis entre si (o juiz pode conceder uma proteção possessória mesmo se outra foi postulada e, ainda, se a natureza da ameaça mudar no curso da ação) CAPÍTULO III - DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS: Seção I - Disposições Gerais (arts. 554 a 567) Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. [FUNGIBILIDADE] Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. [CUMULAÇÃO DE PEDIDOS] Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; II - indenização dos frutos. [INSTRUMENTOS DE PREVENÇÃO, inclusive com cominação de multa] Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: I - evitar nova turbação ou esbulho; II - cumprir-se a tutela provisória ou final. O réu pode reconvir, mas apenas para que o réu formule pretensões distintas daquelas enumeradas no art. 555 (Ex.: para que o réu formule pedido de anulação de um contrato) [NATUREZA DÚPLICE, sem reconvir. Ex.: divisas entre imóveis não muito claras. Aqui também poderá cumular pedidos cf art. 555, mas não pode pedir liminar – exclusividade do autor] Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. [RECONHECIMENTO DE DOMÍNIO - Com o CPC vigente o juiz não poderá pronunciar-se a respeito da propriedade nas ações possessórias] Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. [Desde o ajuizamento das possessórias, não se admite ações de reconhecimento de domínio entre as partes da possessória] Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. [FORÇA NOVA (ação proposta dentro de ano e dia do esbulho ou turbação = procedimento especial – possui liminar própria) E FORÇA VELHA (após ano e dia do esbulho ou turbação = procedimento comum) POSSUEM PROCEDIMETOS DIFERENTES] Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. [No caso de violência ou clandestinidade → ano e dia começam a contar da sua cessação: Art. 1.208, CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. No caso de precariedade → o prazo de ano e dia corre a partir do momento em que o esbulhador evidencia a mudança de ânimo em relação à coisa, quando passa a não reconhecer a obrigação de restituí-la] ATENÇÃO: · O procedimento especial é cabível quando houver força nova (ano e dia após a agressão à posse) · O diferencial do procedimento ocorre em relação ao seu início → fase de liminar, que pode ser deferida de plano ou após a audiência de justificação. A partir daí, segue pelo procedimento comum COMPETÊNCIA: Objeto da ação possessória bem móvel → competência do domicílio do réu (art. 46 do CPC) bem imóvel→ competência do foro de situação da coisa (art. 47, § 2º) LEGITIMIDADE ATIVA: Do possuidor que alega ter sido esbulhado, turbado ou ameaçado (O proprietário não terá legitimidade, a não ser que também seja o possuidor) LEGITIMIDADE PASSIVA: Aquele que cometeu a agressão à posse (ou seja, a quem se imputa a qualidade de autor do esbulho, turbação ou ameaça) Art. 554, § 1º No caso de muitos invasores Ação deve ser proposta contra todos indistintamente, sem que se identifique um a um A citação deve ser pessoal daqueles que se encontrarem no local, e por edital, dos demais Art. 554 (...) § 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. § 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. § 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. PETIÇÃO INICIAL: Art. 319 CPC Cuidado → indicar com precisão o bem objeto da pretensão para que seja possível cumprir o mandado de reintegração ou manutenção de posse; descrever com clareza em que consiste a posse e de que maneira se verificou o esbulho, turbação ou ameaça VALOR DA CAUSA → o do bem reclamado Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. [Requisitos da liminar] Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. LIMINAR → elemento que diferencia as ações possessória Tem naturezade verdade verdadeira tutela antecipada, eis que concedida no início do processo, o que só seria concedido ao final. Contudo, não é tutela antecipada genérica, mas específica, própria das ações de força nova Não é tutela de urgência, pois não exige risco de dano irreparável ou de edifício reparação. Decorre do direito material de reaver a coisa de imediato, independentemente da existência de perigo O juiz examinará se os quesitos do art. 561 estão preenchidos. Em caso positivo o réu não terá oportunidade de manifestar-se (cognição sumária) É a possibilidade do juiz determinar, de plano, a reintegração ou a manutenção de posse, ou ainda, fixar multa preventiva, no caso do interdito proibitório Pode haver necessidade de audiência de justificação: Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Na audiência de justificação: O réu não poderá arrolar suas testemunhas A liminar será examinada sem a ouvida do réu, ainda que tenha sido designada audiência de justificação O réu pode apenas assistir a audiência para participar da ouvida das testemunhas do autor, formular perguntas e oferecer contradita Poderá também apresentar documentos comprovando que fez benfeitorias necessárias e úteis na coisa (o que lhe daria o direito de retenção) Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração. Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar. Caso a liminar seja concedida na audiência de justificação o prazo fluirá a partir de então] Recurso para impugnação da liminar: agravo de instrumento Caso deferida → é possível o pedido de efeitos suspensivo; Caso negada → o autor pode pedir o efeito ativo É lícito ao juiz exercer o juízo de retratação e modificar sua decisão, deste que venham aos autos novos elementos Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º. § 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo. § 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça. § 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional. § 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório. § 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel. Art. 566. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum. Seção III - Do Interdito Proibitório Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo. Atividade Prática de Metodologia Ativa Luciana é proprietária de uma pequena casa situada na cidade de São Paulo, residindo no imóvel há cerca de 5 anos, em terreno constituído pela acessão e por um pequeno pomar. Pouco antes de iniciar obras no imóvel, Luciana precisou fazer uma viagem de emergência para o interior de Minas Gerais, a fim de auxiliar sua mãe que se encontrava gravemente doente, com previsão de retornar dois meses depois a São Paulo. Luciana comentou a viagem com vários vizinhos, dentre os quais, João Paulo, Nice, Marcos e Alexandre, pedindo que “olhassem” o imóvel no período. Ao retornar da viagem, Luciana encontrou o imóvel ocupado por João Paulo e Nice, que nele ingressaram para fixar moradia, acreditando que Luciana não retornaria a São Paulo. No período, João Paulo e Nice danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena “pirata” de televisão a cabo, o que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocou graves infiltrações no imóvel, gerando um dano estimado em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Além disso, os ocupantes vêm colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar, causando um prejuízo estimado em R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) até a data em que Luciana, 15 dias após tomar ciência do ocorrido, procura você, como advogado. Na qualidade de advogado(a) de Luciana, elabore a peça processual cabível voltada a permitir a retomada do imóvel e a composição dos danos sofridos no bem. (Valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.