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Edição 2024.1
Revisada
Atualizada
Ampliada
Direito
Processual Civil
PROCESSO DE EXECUÇÃO e PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 1 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 3 
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 9 
TUTELA PROVISÓRIA ...................................................................................................................... 10 
1. TUTELAS PROVISÓRIAS NA DOUTRINA ............................................................................... 10 
1.1. TUTELA ANTECIPADA (SATISFATIVA PROVISIONAL DE URGÊNCIA) ....................... 10 
1.2. TUTELA CAUTELAR (CONSERVATIVA PROVISIONAL DE URGÊNCIA) ...................... 10 
1.3. TUTELA DE EVIDÊNCIA (SATISFATIVA PROVISIONAL) ............................................... 10 
2. TUTELAS PROVISÓRIAS E O CPC/15 .................................................................................... 10 
3. PRINCIPAIS QUESTÕES .......................................................................................................... 11 
3.1. FIM DAS CAUTELARES EM ESPÉCIE E DO LIVRO III DO CPC/73 ............................... 11 
3.2. SUMARIEDADE DA COGNIÇÃO ....................................................................................... 12 
3.3. URGÊNCIA OU PREVENTIVIDADE .................................................................................. 12 
3.4. REVERSIBILIDADE ............................................................................................................ 13 
3.5. INEXISTÊNCIA DE COISA JULGADA MATERIAL ............................................................ 13 
3.6. FUNGIBILIDADE ................................................................................................................. 13 
3.7. RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR DANO PROCESSUAL....................................... 14 
3.8. RETIRADA DO EFEITO SUSPENSIVO DA APELAÇÃO .................................................. 14 
3.9. RECURSO CABÍVEL DA DECISÃO SOBRE A TUTELA PROVISÓRIA .......................... 15 
4. TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE.................................................................................. 15 
4.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 15 
4.2. INICIAL SUMARIZADA ....................................................................................................... 16 
4.3. DECISÃO E ADITAMENTO/EMENDA NOS MESMOS AUTOS ....................................... 16 
4.4. ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE ...................................... 17 
4.4.1. Funcionamento da técnica de estabilização no Brasil ................................................ 17 
4.4.2. Extinção e honorários .................................................................................................. 17 
4.4.3. Hipóteses de não cabimento da estabilização ............................................................ 18 
4.4.4. Condições para não ocorrência da estabilização ....................................................... 18 
4.4.5. Revisão, reforma ou invalidação da tutela antecedente estabilizada ......................... 19 
4.4.6. Prazo para ação revisional .......................................................................................... 19 
4.4.7. Coisa julgada e cabimento de ação rescisória ............................................................ 19 
5. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE ..................................................................................... 20 
5.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 20 
5.2. INICIAL SUMARIZADA ....................................................................................................... 21 
5.3. PROCEDIMENTO ............................................................................................................... 21 
5.4. FORMULAÇÃO DO PEDIDO PRINCIPAL ......................................................................... 22 
6. TUTELA DA EVIDÊNCIA ........................................................................................................... 23 
6.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 23 
6.2. PETIÇÃO INICIAL ............................................................................................................... 24 
6.3. HIPÓTESES DE CABIMENTO ........................................................................................... 24 
6.4. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO LIMINAR ................................................................... 24 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ....................................................................................................... 25 
1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ................................................................................................. 25 
2. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO ........................................................................ 26 
2.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 26 
2.2. CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL .................................................................................... 27 
2.2.1. Requisitos da consignação extrajudicial ..................................................................... 27 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 2 
 
 
 
2.2.2. Procedimento da consignação extrajudicial ................................................................ 28 
2.3. COMPETÊNCIA .................................................................................................................. 29 
2.4. LEGITIMIDADE ................................................................................................................... 29 
2.5. OBJETO DA DEMANDA CONSIGNATÓRIA ..................................................................... 29 
2.6. PROCEDIMENTO ............................................................................................................... 31 
2.7. COMPLEMENTAÇÃO DO DEPÓSITO .............................................................................. 33 
2.8. CONSIGNAÇÃO EM PRESTAÇÕES SUCESSIVAS ........................................................ 34 
2.9. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO FUNDADA NA DÚVIDA REFERENTE À TITULARIDADE DO 
CRÉDITO ....................................................................................................................................... 35 
2.10. CONSIGNATÓRIA DE ALUGUÉIS E OUTROS ENCARGOS LOCATÍCIOS ................... 36 
3. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS ...................................................................................................... 39 
3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 39 
3.2. CONDIÇÕES DA AÇÃO ..................................................................................................... 41 
3.3. NATUREZA DÚPLICE ........................................................................................................ 42 
3.4. COMPETÊNCIA .................................................................................................................. 42 
3.5. PROCEDIMENTO ............................................................................................................... 43 
3.6. PROCEDIMENTO ............................................................................................................... 43 
4. AÇÕES POSSESSÓRIAS.......................................................................................................... 48 
4.1. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA ............................................................................................. 48 
4.2. FUNGIBILIDADE .................................................................................................................útil 
do processo. 
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem 
natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303. 
 
a) Lide e seu fundamento, indicação do pedido principal. 
b) Exposição sumária do direito - probabilidade (fumus boni iuris). 
c) Risco ou perigo de dano ou ao resultado útil do processo: urgência (periculum in mora). 
d) Valor da causa do pedido principal - o recolhimento de custas ocorrerá aqui, conforme art. 
308, parte final. 
5.3. PROCEDIMENTO 
Regulado nos arts. 306 e 307 do CPC. Vejamos: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 22 
 
 
 
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido 
e indicar as provas que pretende produzir. 
 
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor 
presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá 
dentro de 5 (cinco) dias. 
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o 
procedimento comum. 
5.4. FORMULAÇÃO DO PEDIDO PRINCIPAL 
No regime do CPC/73, deferida a cautelar a ação principal deveria ser proposta em 30 dias. 
Com o CPC/15, o pedido principal é feito na própria cautelar. Não há o ajuizamento de uma 
nova ação. 
Imagine, por exemplo, que o juiz conceda o arresto antecedente. A parte terá 30 dias para 
transformar, através de aditamento ou emenda, o pedido de arresto em execução. Assim, não há o 
ajuizamento de uma nova ação, mas sim a transformação da cautelar antecedente no próprio pedido 
principal. 
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado 
pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos 
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo 
do adiantamento de novas custas processuais. 
 
Destaca-se que o prazo de trinta dias úteis é contado da data da efetivação da medida 
cautelar. 
Além disso, há exceções lógicas que impedem o curso do prazo de trinta dias, quais sejam: 
• Indeferimento da cautelar 
• Casos de cautelares conservativas de créditos ainda não vencidos (CPC, art. 786). 
Aqui, há um impedimento para o exercício da cautelar conservativa, portanto, o prazo de 
trinta dias só será contado ao fim do impedimento. Não havendo a aditamento, haverá a extinção 
sem análise do mérito e eventual cautelar concedida será cassada. 
Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se: 
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal; 
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; 
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou 
extinguir o processo sem resolução de mérito. 
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é 
vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento. 
 
Por fim, não atendido o prazo legal de 30 dias para formulação do pedido principal em tutela 
cautelar requerida em caráter antecedente, a medida concedida perderá a sua eficácia e o 
procedimento de tutela antecedente será extinto sem exame do mérito. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 23 
 
 
 
Deferido o pedido de concessão de tutela cautelar requerido em caráter 
antecedente, o autor deverá adotar as medidas necessárias para que a tutela 
seja efetivada dentro de 30 dias, sob pena de cessar a sua eficácia (art. 309, 
II, do CPC/2015). Após a sua efetivação integral, o autor tem a incumbência de 
formular o pedido principal no prazo de 30 dias, o que deverá ser feito nos 
mesmos autos e independentemente do adiantamento de novas custas 
processuais (art. 308 do CPC/2015). O prazo de 30 (trinta) estabelecido no art. 
308 do CPC/2015, diferentemente do que ocorria no CPC/1973, não é mais 
destinado ao ajuizamento de uma nova ação para buscar a tutela definitiva, 
mas à formulação do pedido principal no processo já existente. Desse modo, a 
formulação do pedido principal é um ato processual, que produz efeitos no 
processo em curso. Consequentemente, esse prazo tem natureza processual, 
devendo ser contado em dias úteis (art. 219 do CPC/2015). Desatendido o 
prazo legal, a medida cautelar concedida perderá a sua eficácia (art. 309, I, do 
CPC/2015) e o procedimento de tutela cautelar antecedente será extinto sem 
exame do mérito. STJ. 3ª Turma. REsp 2.066.868-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 20/6/2023 (Info 780)1. 
6. TUTELA DA EVIDÊNCIA 
6.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES 
Está disciplinada no art. 311 do CPC e nos procedimentos especiais (liminar de reintegração 
de posse, de busca e apreensão). 
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da 
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, 
quando: 
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito 
protelatório da parte; 
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente 
e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula 
vinculante; 
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada 
do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do 
objeto custodiado, sob cominação de multa; 
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos 
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar 
dúvida razoável. 
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir 
liminarmente. 
 
1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não atendido o prazo legal de 30 dias para formulação do pedido 
principal em tutela cautelar requerida em caráter antecedente, a medida concedida perderá a sua eficácia e 
o procedimento de tutela antecedente será extinto sem exame do mérito. Buscador Dizer o Direito, Manaus. 
Disponível em: 
. 
Acesso em: 02/04/2024 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 24 
 
 
 
 
Não há na tutela da evidência a necessidade de urgência, em virtude disso possui altíssima 
probabilidade do direito do autor, aliada à ausência de seriedade ou possibilidade de êxito da 
defesa. 
Trata-se de tutela satisfativa que dispensa a ocorrência do periculum in mora. 
6.2. PETIÇÃO INICIAL 
A petição inicial deve ser completa, com a formulação do pedido principal. Por isso, afirma-
se que tutela de evidência só pode ser requerida de forma incidental. Consequentemente, não há 
tutela de evidência antecedente. 
6.3. HIPÓTESES DE CABIMENTO 
São quatro hipóteses, sem prejuízo das demais previstas em procedimentos especiais, quais 
sejam: 
• Abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório; 
Há autores que chamam de tutela de evidência sanção. 
• Alegações puderem ser comprovadas por documentos ou houver tese baseada em 
julgamento de casos repetitivos, bem como em súmula vinculante; 
• Ação de depósito – visa obrigar o depositário a entregar a coisa; 
• Inicial com prova documental suficiente dos fatos. 
Não cabe liminar. O juiz poderá julgar antecipadamente o mérito (art. 355, I) e, sem prejuízo, 
conceder na sentença a tutela da evidência, pois a apelação não terá efeito suspensivo (art. 1.012, 
§ 1º, V). 
Há discussão acerca possibilidade de ampliação ou de interpretação extensiva dos incisos 
do art. 311 do CPC, autorizando a tutela da evidência, ao menos, nas hipóteses previstas no art. 
927 do CPC (precedentes vinculantes). De acordo com inúmeras vozes da doutrina, caberia tutela 
da evidência em qualquer situação em que houvesse prova documental e precedente do art. 927 
do CPC. Portanto, não precisaria ser apenas casos repetitivos ou súmula vinculante (CPC, art. 311, 
II). 
6.4. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO LIMINAR 
Apenas nos casos dos incisos II e III do art. 303 do CPC/15 é possível que seja concedida 
de forma liminar. 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 25 
 
 
 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
1.ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
Antes de iniciar o estudo dos procedimentos especiais, é preciso evidenciar quais são os 
procedimentos especiais a serem abordados. Procedimento especial, em síntese, é todo 
procedimento diferente do procedimento comum, disposto no Código de Processo Civil (CPC). 
Nesse sentido, é possível separar os procedimentos especiais previstos no CPC daqueles 
previstos na legislação extravagante. Salienta-se, a priori, que aqui serão abordados os 
procedimentos especiais elencados no CPC. 
Ainda inseridos no CPC, é possível dividir os procedimentos especiais em procedimentos 
especiais de jurisdição contenciosa e os procedimentos especiais de jurisdição voluntária. 
Novamente, ressalta-se que serão estudados somente os procedimentos especiais de jurisdição 
contenciosa, uma vez que são os mais relevantes tanto para a prática forense, quanto para a 
preparação em concursos. 
Em continuidade, também é importante destacar as principais diferenças referentes aos 
procedimentos especiais constantes no CPC de 1973 versus o atual CPC de 2015, especialmente 
aqueles que deixaram de existir e os que foram inseridos: 
CPC DE 1973 CPC DE 2015 
Consignação em pagamento Consignação em pagamento 
Ação de depósito X 
Ação de anulação e substituição de títulos ao 
portador 
X 
Ação de prestação de conta Ação de exigir contas 
Ações possessórias Ações possessórias 
Ação de nunciação de obra nova X 
Ação de usucapião de terras particulares X 
Ação de divisão e demarcação de terras particulares Ação de divisão e demarcação de terras particulares 
Inventário e partilha Inventário e partilha 
Embargos de terceiro Embargos de terceiro 
Habilitação Habilitação 
Restauração de autos Restauração de autos 
Vendas a crédito com reserva de domínio X 
Ação monitória Ação monitória 
X Ação de dissolução parcial de sociedade 
X Oposição 
X Ações de família 
X Homologação de penhor legal 
X Regulação de avaria grossa 
 
No que se refere à exclusão da ação de depósito, salienta-se que havia nela a previsão da 
prisão civil do depositário infiel. Ocorre que a edição da Súmula Vinculante 25 pelo STF, a única 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 26 
 
 
 
prisão civil aceitável no ordenamento jurídico brasileiro se tornou a prisão do devedor de alimentos, 
razão pela qual a ação de depósito deixou de existir. 
Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que 
seja a modalidade de depósito. 
 
Outrossim, a também excluída ação de anulação e substituição de títulos ao portador se 
referia a um procedimento especial que tinha pouca utilização prática. A especialidade do referido 
procedimento era a de que havia necessidade da publicação de editais para dar oponibilidade a 
terceiros. No entanto, o legislador verificou que não seria necessário um procedimento especial 
complexo para tanto, bastando apenas a criação da possibilidade de publicação de editais no CPC: 
Art. 259. Serão publicados editais: 
II - na ação de recuperação ou substituição de título ao portador. 
Em continuidade, a ação de prestação de conta – que corresponde à ação de cobrança 
comum pelo procedimento comum – deixou de existir, restando somente a ação de exigir contas, 
que de fato exige a existência de um procedimento especial, conforme será visualizado 
posteriormente. 
A excluída ação de nunciação de obra nova, por sua vez, era uma espécie de ação 
possessória com hipóteses de cabimento bastante específicas. O que se buscava com o referido 
procedimento especial – suspender a execução de construções – atualmente é possível se de 
alcançar pelo procedimento comum. 
Por fim, a ação de usucapião de terras particulares continha especificidades concernentes 
à publicação de editais e citação pessoal dos confrontantes, disposições essas que, hodiernamente, 
estão previstas no art. 259, I, CPC e no art. 246, § 3º do CPC, respectivamente: 
Art. 259. Serão publicados editais: 
I - na ação de usucapião de imóvel; 
 
Art. 246. A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no prazo 
de até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos 
endereços eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder 
Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça. 
§ 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados 
pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio em 
condomínio, caso em que tal citação é dispensada. 
2. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
2.1. INTRODUÇÃO 
A consignação em pagamento é um fenômeno jurídico de Direito Material, regulamentado, 
inclusive, no Código Civil. Trata-se de uma forma atípica de extinção da obrigação, pois consiste 
em um direito do devedor de quitar sua obrigação, evitando, assim, as consequências prejudiciais 
da mora. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 27 
 
 
 
Desse modo, a consignação ocorre quando o devedor deseja cumprir a obrigação mas 
encontra os seguintes empecilhos: 
1) O pagamento não pode ser realizado em virtude da recusa do credor em recebê-lo ou 
em dar quitação. Ex.: o credor não quer entregar o recibo de pagamento ao devedor; 
2) Quando existir um obstáculo fático ou jurídico alheio à vontade do dever que impossibilite 
o pagamento eficaz. Ex.: o devedor não sabe a quem pagar. 
2.2. CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL 
Está prevista no art. 539 do CPC: 
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, 
com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. 
Trata-se de uma possibilidade aberta (opção/faculdade) ao devedor para que ele consiga 
resolver o seu problema sem necessitar do Poder Judiciário. 
A consignação extrajudicial é viável para qualquer tipo de consignação, inclusive a 
consignação de valores oriundos da relação locatícia (que segue o procedimento especial previsto 
na Lei de Locações). 
2.2.1. Requisitos da consignação extrajudicial 
A consignação extrajudicial deve preencher os seguintes requisitos: 
1) Consignação de dinheiro; 
Obs.: apesar de a consignação extrajudicial exigir a consignação de 
dinheiro, especialmente porque o devedor se valerá de instituição 
financeira, é importante ressaltar que existe a possibilidade de 
consignação em pagamento para entrega de coisa. 
2) Existência no local do pagamento (sede da comarca) de estabelecimento bancário oficial 
ou particular, preferindo-se o primeiro quando existirem ambos; 
3) Conhecimento do endereço do credor, em razão da necessidade de tal informação para 
que se realize a notificação; 
4) Credor conhecido, certo, capaz e solvente, o que afasta a consignação nos casos de: 
a) Não se conhecer o credor (dúvida sobre a identidade física); 
b) Dúvida a respeito de quem é o credor (dúvida sobre a condição jurídica); 
c) Devedor incapaz, que não pode validamente receber ou dar quitação; 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 28 
 
 
 
d) Credor insolvente ou falido, hipóteses nas quais o crédito deve ser destinado às 
respectivas massas; 
e) Existência de demanda judicial que tenha como objeto a prestação devida. 
2.2.2. Procedimento da consignação extrajudicial 
Realizado o depósito perante a instituição financeira, o credor será cientificado pelo 
estabelecimento bancário por meio de carta com Aviso de Recebimento (AR) no prazo de 10 dias 
úteis. 
Obs.: o termo inicial de contagem do prazo de 10 dias é o retorno do 
AR, conforme disposto no art. 539, § 2º do CPC. 
Art. 539, § 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser 
depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar 
do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, 
assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. 
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, 
sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da 
obrigação, ficandoà disposição do credor a quantia depositada. 
A partir do momento que o credor receber o AR, ele poderá adotar 4 posturas distintas: 
1) Comparecer à agência bancária e levantar o valor, ato que extingue a obrigação; 
2) Comparecer à agência bancária e levantar o valor fazendo ressalvas quanto à sua 
exatidão, quando poderá cobrar por vias próprias a diferença, conforme definido pelo 
STJ: 
CONSIGNAÇÃO EXTRAJUDICIAL. CREDOR QUE LEVANTA A QUANTIA 
DEPOSITADA, OPONDO RESSALVAS QUANTO AO MONTANTE DO 
DÉBITO. INEXISTÊNCIA DEEXTINÇÃO DA DÍVIDA, PODENDO A 
DIFERENÇA RECLAMADA SER DISCUTIDA EMVIA PRÓPRIA. O 
levantamento da quantia depositada pelo credor, com ressalvas, não 
significa, por si só, extinção do total da dívida. É possível ao credor 
discutir, em via própria, a diferença por ele alegada. Recurso especial 
conhecido e provido. (STJ - REsp: 189019 SP 1998/0069229-0, Relator: 
Ministro BARROS MONTEIRO, Data de Julgamento: 06/05/2004, T4 - 
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 02/08/2004 p. 395). 
3) Silenciar, entendendo-se que nesse caso houve aceitação tácita, de forma que a 
obrigação será reconhecida como extinta, ficando o valor depositado à espera do 
levantamento do credor; 
4) Recusar o depósito mesmo sem qualquer motivação, hipótese em que o depositante 
poderá levantar o dinheiro ou utilizar o depósito já feito para ingressar com a ação 
consignatória no prazo de 30 dias, instruindo a petição inicial com a prova do depósito e 
da recusa, nos termos do § 3º do art. 539 do CPC: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 29 
 
 
 
Art. 539, § 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento 
bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, 
instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa. 
Ressalta-se o prazo de 30 dias serve tão somente para que o devedor não sofra os efeitos 
da mora. Assim, ultrapassado o referido prazo, o depósito extrajudicial perderá os seus efeitos, de 
modo que o autor deverá realizar um novo depósito, mas atualizado com correção monetária e juros 
moratórios desde o inadimplemento, em conformidade com o § 4º do art. 539 do CPC: 
Art. 539, § 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o 
depósito, podendo levantá-lo o depositante. 
2.3. COMPETÊNCIA 
A competência é o foro do lugar do pagamento, conforme definido no art. 540 do CPC: 
Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para 
o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for 
julgada improcedente. 
A depender da natureza da obrigação, a dívida pode ser de natureza quesível ou de natureza 
portável. No primeiro caso, o foro será o domicílio do autor-devedor. Já no segundo, será no foro 
de domicílio do réu-credor. 
É importante salientar que se trata de uma regra de competência relativa, eis que a 
competência pode ser alterada entre as partes mediante cláusula de eleição de foro. 
2.4. LEGITIMIDADE 
O legitimado ativo natural da demanda consignatória é o devedor (que deseja cumprir a 
obrigação), podendo também ser os seus sucessores. 
Também podem ser legitimados ativos terceiros estranhos à relação jurídica estabelecida 
entre credor e devedor, sendo que: 
1) No caso de terceiro juridicamente interessado ocorrerá sub-rogação, de modo que esse 
terceiro, extinta a obrigação por consignação, assume os direitos e ações do credor 
satisfeito frente ao devedor; 
2) No caso de terceiro não interessado, não ocorre a sub-rogação, subentendendo-se que 
a consignação é mera liberalidade deste em favor do devedor. 
O legitimado passivo, por sua vez, é o credor. Havendo dúvida a respeito de quem seja o 
credor, caberá a formação de litisconsórcio passivo entre os possíveis credores. Ademais, caso o 
réu seja desconhecido, haverá citação por edital. 
2.5. OBJETO DA DEMANDA CONSIGNATÓRIA 
 
 
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A demanda consignatória tem como objetivo permitir a extinção de uma obrigação sempre 
que o devedor não consegue realizar o pagamento, seja por resistência do credor em recebê-lo, 
seja em razão de obstáculo alheio à sua vontade. Assim, o objeto será ou o dinheiro, na hipótese 
de obrigação de pagar quantia certa, ou a coisa, em caso de obrigação de entregar coisa. 
O pedido do autor tem natureza meramente declaratória, apontando para a correção e 
suficiência do depósito realizado, sendo objeto de debate na demanda judicial justamente a 
correção de tal depósito. 
Em se tratando de obrigação de entregar coisa, o devedor não pode consignar o valor 
correspondente à coisa, uma vez que tal conduta modificaria a natureza da obrigação, consoante 
entendimento adotado pelo STJ: 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. 
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 334 E 335, I DO NOVO CÓDIGO 
CIVIL; 535 E 890 DO CPC E DISSÍDIO PRETORIANO. PRETENSÃO DE 
DEPOSITAR DINHEIRO NO LUGAR DE COISA DEVIDA: SACAS DE SOJA. 
IMPOSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. [...]. 3. 
Celebrado contrato entre as partes para a entrega de 372 sacas de soja 
de 60kg, a US $9,00 cada uma, sem estipulação de outra forma alternativa 
de cumprimento dessa obrigação, não é possível o uso da ação de 
consignação em pagamento para depósito em dinheiro daquilo que o 
devedor entende devido. 4. A consignação exige que o depósito judicial 
compreenda o mesmo objeto que seria preciso prestar, para que o pagamento 
possa extinguir a obrigação, pois "o credor não é obrigado a receber a 
prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa" (art. 313 do 
NCC) 5. Recurso especial não-provido. (STJ - REsp: 1194264 PR 
2010/0086419-0, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de 
Julgamento: 01/03/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 
04/03/2011). 
Assim sendo, somente a consignação da coisa devida é apta para liberar o credor da sua 
obrigação. 
Outrossim, na obrigação de pagar, apesar de parcela da doutrina entender que a certeza e 
liquidez da obrigação são imprescindíveis para o cabimento da ação consignatória, os Tribunais 
Superiores têm entendido que não é preciso ter valor líquido, sendo permitida, inclusive, a revisão 
incidental de cláusulas contratuais no âmbito da demanda de consignação em pagamento, de 
acordo com o julgado abaixo colacionado do STJ: 
Direito civil e processual civil. Contrato de financiamento imobiliário. Carteira 
hipotecária. Juros remuneratórios. Capitalização mensal de juros. Taxa 
referencial. Incidência. CDC. Incidência. Compensação. Prequestionamento. 
Ausência. Ação de consignação em pagamento. Revisão de cláusulas 
contratuais. Possibilidade. [...]. Na ação de consignação em pagamento, é 
possível ampla discussão sobre o débito e o seu valor, inclusive com a 
interpretação da validade e alcance das cláusulas contratuais. 
Precedentes. - Recurso especial a que se dá parcial provimento. (STJ - REsp: 
436842 RS 2002/0058022-5, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 31 
 
 
 
Julgamento: 08/03/2007, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 
14/05/2007 p. 279). 
2.6. PROCEDIMENTO 
1) Petição inicial 
A peça exordial deve seguir os requisitos estabelecidos nos arts. 319 e 320 do CPC (juízo a 
que é dirigida, identificação, fatos e fundamentos, pedido, valor da causa, etc). 
Nos termos do art. 542 do CPC, deve haver pedido de depósito da quantia devida pelo autor 
no prazo de 5 dias: 
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá: 
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 
(cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º. 
Caberá ao juiz analisar a regularidade formal da petição inicial. Ultrapassada essa fase 
procedimental, procederá com a intimação do autor para depósito em 5 dias. Segundo 
posicionamento do STJ, trata-se de um prazo impróprio, isto é, que não gera preclusão temporal 
imediata, podendo oautor depositar após o referido prazo, mas desde que antes da extinção 
terminativa do processo: 
[...]. Na ação de consignação em pagamento, o depósito extemporâneo 
pelo devedor-consignante não é causa de extinção do processo sem 
julgamento do mérito, devendo ser aproveitado. Precedente. [...]. (STJ - 
REsp: 702739 PB 2004/0160923-1, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data 
de Julgamento: 19/09/2006, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 
02/10/2006 p. 266). 
Assim, caso o autor não realize o depósito, o processo será extinto sem resolução do mérito. 
Por outro lado, havendo depósito, o processo seguirá para a citação do réu. 
2) Citação do réu 
Há a citação do réu para levantar o depósito ou contestar, nos termos do inciso II do art. 542 
do CPC, in verbis: 
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá: 
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. 
 
Obs.: ressalta-se que não há designação de audiência de conciliação 
ou mediação prevista no art. 334 do CPC. 
Realizada a citação do réu, este poderá, no prazo de 15 dias: 
a) Apresentar contestação, com fulcro no art. 544 do CPC, havendo, no entanto, limitação 
das matérias de mérito alegáveis, quais sejam: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 32 
 
 
 
• Que não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; 
• Justeza na recusa. Ex.: o devedor queria cumprir a obrigação em local diverso do 
contratado; 
• Que o depósito não se efetuou no prazo ou lugar do pagamento; 
• Que o depósito não foi integral. 
No que tange à alegação de insuficiência de depósito, o réu deve indicar precisamente o 
valor que entende devido. 
Salienta-se que a parcela incontroversa da obrigação poderá ser levantada, havendo prazo 
de 10 dias para complementação, de acordo com o art. 545 do CPC: 
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, 
em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento 
acarrete a rescisão do contrato. 
 
Obs.: em que pese o art. 544 do CPC limite as possibilidades de 
matérias de mérito alegáveis, o réu ainda pode se valer das demais 
defesas processuais previstas no art. 337 do CPC, a exemplo da 
convenção de arbitragem. 
b) Apresentar reconvenção, ocasião no qual o procedimento especial se converterá em 
procedimento comum, conforme preleciona Humberto Theodoro Junior. 
c) Tornar-se revel. 
Ressalta-se que nem sempre haverá presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor 
em caso de revelia, conforme posicionamento do STJ: 
Processual civil. Recurso especial. Ação de consignação em pagamento. 
Revelia. Procedência do pedido. Relativização. Na ação de consignação em 
pagamento, quando decretada a revelia, não será compulsória a 
procedência do pedido se os elementos probatórios constantes nos 
autos conduzirem à conclusão diversa ou não forem suficientes para 
formar o convencimento do juiz Recurso especial não conhecido. (STJ - 
REsp: 769468 RJ 2005/0122042-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data 
de Julgamento: 29/11/2005, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 
06/03/2006 p. 386). 
d) Requerer o levantamento da quantia depositada. 
Trata-se do reconhecimento jurídico do pedido. 
Nesse momento, apesar de realizar o levantamento do valor, o réu também pode apresentar 
contestação. Nesse caso, o objetivo é evitar o pagamento de verbas sucumbenciais, na tentativa 
de comprovar, por exemplo, a justeza na recusa. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 33 
 
 
 
Após a citação, o processo seguirá o procedimento comum, de forma que nenhuma 
especialidade existe após o momento procedimental inicial, seguindo-se ao momento de defesa do 
réu o saneamento do processo, instrução probatória e decisão por meio de sentença, recorrível por 
apelação a ser recebida no duplo efeito. 
3) Sentença 
Em regra, trata-se de sentença declaratória. No acolhimento do pedido do autor, haverá 
declaração e extinção da obrigação em razão da idoneidade e suficiência do depósito realizado. Já 
na rejeição do pedido, haverá a declaração de que o depósito realizado não é apto a extinguir a 
obrigação. 
Nesse sentido, a sentença, excepcionalmente, também terá natureza condenatória quando 
o réu alegar insuficiência do depósito e o autor não completá-lo em 10 dias, caso em que o juiz irá 
condená-lo a pagar a diferença apurada, de acordo com o § 2º do art. 545 do CPC: 
Art. 545, § 2º A sentença que concluir pela insuficiência do depósito 
determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título 
executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, 
após liquidação, se necessária. 
2.7. COMPLEMENTAÇÃO DO DEPÓSITO 
Em caso de acolhimento da alegação de insuficiência de depósito pelo réu, haverá a 
improcedência do pedido do autor. 
No entanto, a fim de efetivar o princípio da economia processual, o juiz possibilitará ao autor 
o direito à complementação do depósito no prazo de 10 dias. 
De acordo com o art. 544, parágrafo único, do CPC, reitera-se que é necessário que o réu 
indique o valor que entende devido: 
Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que: 
IV - o depósito não é integral. 
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível 
se o réu indicar o montante que entende devido. 
A necessidade de indicação do valor devido desempenha 2 funções: 
1) Permitir ao autor analisar a conveniência de realizar o depósito complementar; 
2) Permitir a condenação do autor no valor da diferença, na hipótese de não ser feito o 
complemento do depósito. 
Isto posto, constatada a possibilidade de o autor ser condenado a pagar a diferença apurada 
entre o valor do depósito e do valor devido, sem a necessidade de qualquer pedido do réu nesse 
sentido, demonstra-se claramente a natureza dúplice da ação de consignação em pagamento. 
Sobre o tema, importante verificar julgado do STJ que evidencia a natureza dúplice da ação 
consignatória: 
 
 
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AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. CARÁTER DÚPLICE. A ação 
de consignação em pagamento, não obstante ajuizada no interesse do 
autor, aproveita imediatamente ao réu, que pode, desde logo, levantar a 
quantia depositada, ainda que insuficiente, servindo-lhe também de modo 
mediato porque a sentença proporcionará um título executivo para a 
cobrança do saldo remanescente (CPC, art. 899, §§ 1º e 2º). Recurso 
especial conhecido e provido. (STJ - REsp: 886823 DF 2006/0200626-7, 
Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de Julgamento: 17/05/2007, T3 - 
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 25/06/2007 p. 236RSTJ vol. 209 
p. 307). 
Destaca-se, por fim, o disposto no art. 545, § 1º, do CPC: 
Art. 545, § 1º No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia 
ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, 
prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. 
Trata-se de medida de tutela antecipada em favor do réu, ocasião na qual há o levantamento 
imediato do valor consignado por ser incontroverso. 
2.8. CONSIGNAÇÃO EM PRESTAÇÕES SUCESSIVAS 
Está prevista no art. 541 do CPC: 
Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode 
o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, 
as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados 
da data do respectivo vencimento. 
A referida previsão legal está fundada no princípio da economia processual, buscando evitar 
uma inadequada multiplicidade de demandas consignatórias (cada qual com uma prestação 
depositada) que, pela conexão, seriam de qualquer maneira reunidas para julgamento conjunto. 
Em síntese, pode-se elencar as seguintes especificidades da consignação em prestações 
sucessivas: 
1) Prazo de 5 dias do vencimento da prestação; 
2) Pedido implícito, isto é, não há necessidade de realizar um pedido expresso na petição 
inicial de realizaçãode consignações futuras; 
3) Não há abertura de prazo de defesa a cada novo depósito realizado, mas o réu deve ser 
intimado, com o intuito de se garantir a ciência e o direito ao contraditório da parte 
adversa. 
Ressalta-se, todavia, que a não realização da consignação de prestação vincenda impede 
que o autor continue a se utilizar da demanda já interposta para a consignação de parcelas 
subsequentes, sendo indispensável nesse caso a propositura de uma nova demanda consignatória. 
 
 
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No que se refere ao termo final da consignação incidental de prestações vincendas em 
demanda já existente, salienta-se que existe intenso debate jurisprudencial e doutrinário. Assim, é 
possível elencar as seguintes hipóteses do termo final: 
1) Até a prolação da sentença, com aplicação analógica do art. 67, III, da Lei 8.245/1991: 
Art. 67. Na ação que objetivar o pagamento dos aluguéis e acessórios da 
locação mediante consignação, será observado o seguinte: 
III - o pedido envolverá a quitação das obrigações que vencerem durante a 
tramitação do feito e até ser prolatada a sentença de primeira instância, 
devendo o autor promover os depósitos nos respectivos vencimentos. 
Neste caso não se admite a realização de consignações incidentais após a sentença, mesmo 
que haja contra a sentença apelação pendente de julgamento. 
2) Até o trânsito em julgado da sentença, conforme entendimento do STJ: 
Processo civil. Recurso especial. Ação de consignação em pagamento. 
Procedência do pedido reconhecida em sentença. Recurso de apelação 
recebido em duplo efeito. Continuidade de consignação em juízo das parcelas 
após a prolação da sentença. Possibilidade. [...]. A conferência das 
prestações consignadas após a publicação da sentença deverá ser 
realizada pelo Juízo de primeiro grau, após o trânsito em julgado da 
decisão. (STJ - REsp: 439489 SP 2002/0064674-0, Relator: Ministro CARLOS 
ALBERTO MENEZES DIREITO, Data de Julgamento: 10/12/2003, S2 - 
SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 19/04/2004 p. 151). 
3) Após a prolação da sentença, a depender do teor do ato decisório diante do pedido 
elaborado pelo autor. 
Trata-se de uma terceira corrente doutrinária defendida por Humberto Theodoro Junior. 
Assim, tem-se que: 
a) Limitando-se às prestações já consignadas, não se admitirá a continuação das 
consignações incidentais após a prolação da sentença; 
b) Constando da sentença expressamente a possibilidade de consignações supervenientes 
à sua prolação (eficácia condicional do julgado), os depósitos serão admitidos até o 
trânsito em julgado. 
2.9. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO FUNDADA NA DÚVIDA REFERENTE À 
TITULARIDADE DO CRÉDITO 
Geralmente, existem as seguintes dúvidas que impedem a identificação do credor e, por 
consequência, ensejam a necessidade de ajuizar demanda consignatória em razão da existência 
de dúvida referente à titularidade do crédito: 
1) Não saber a quem deve. Ex.: o devedor tinha conhecimento de quem era o credor, mas 
este faleceu e não se tem notícias de eventuais herdeiros ou inventário. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 36 
 
 
 
Neste caso, a providência processual adequada em caso de réu desconhecido é a citação 
por edital, com fulcro no art. 256, I, do CPC: 
Art. 256. A citação por edital será feita: 
I - quando desconhecido ou incerto o citando. 
2) Dúvida a respeito de qual dos pretendentes é realmente o credor. 
No caso, deve-se ajuizar ação de consignação em pagamento e inserir todos os possíveis 
credores no polo passivo da demanda judicial. 
Diante do litisconsórcio passivo necessário, há diferentes reações que podem ser adotadas 
pelos réus: 
1) Nenhum dos réus comparece → A revelia de todos é declarada → Há procedência do 
pedido autoral → Procede-se com a arrecadação da quantia ou a coisa como bem de 
ausente. 
2) Somente uma das partes comparece, alegando ser o credor → O juiz deve analisar os 
fundamentos da alegação e, convencendo-se, proferirá sentença de procedência do 
pedido do autor, determinando o levantamento do depósito em favor do réu que se 
manifestou → Caso o juiz não seja convencido, há arrecadação como bem de ausente. 
3) Todos os réus comparecem no processo, afirmando a titularidade do crédito → Há 
extinção da obrigação e exclusão do autor do processo, permanecendo somente os réus 
para disputar a titularidade do crédito. 
Ressalta-se que neste caso, o valor dos encargos de sucumbência será retirado do depósito, 
considerando-se a procedência do pedido do autor. 
4) Todos os réus comparecem ao processo e, além de afirmarem a titularidade do crédito, 
apresentam alguma outra matéria defensiva → Ação segue normalmente. 
2.10. CONSIGNATÓRIA DE ALUGUÉIS E OUTROS ENCARGOS LOCATÍCIOS 
Possui previsão no art. 67 da Lei 8.245/2011: 
Art. 67. Na ação que objetivar o pagamento dos aluguéis e acessórios da 
locação mediante consignação, será observado o seguinte: 
I - a petição inicial, além dos requisitos exigidos pelo art. 282 do Código de 
Processo Civil, deverá especificar os aluguéis e acessórios da locação 
com indicação dos respectivos valores; 
II - determinada a citação do réu, o autor será intimado a, no prazo de vinte 
e quatro horas, efetuar o depósito judicial da importância indicada na 
petição inicial, sob pena de ser extinto o processo; 
III - o pedido envolverá a quitação das obrigações que vencerem durante a 
tramitação do feito e até ser prolatada a sentença de primeira instância, 
devendo o autor promover os depósitos nos respectivos vencimentos; 
 
 
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IV - não sendo oferecida a contestação, ou se o locador receber os valores 
depositados, o juiz acolherá o pedido, declarando quitadas as obrigações, 
condenando o réu ao pagamento das custas e honorários de vinte por cento 
do valor dos depósitos; 
V - a contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, 
ficará adstrita, quanto à matéria de fato, a: 
a) não ter havido recusa ou mora em receber a quantia devida; 
b) ter sido justa a recusa; 
c) não ter sido efetuado o depósito no prazo ou no lugar do pagamento; 
d} não ter sido o depósito integral; 
VI - além de contestar, o réu poderá, em reconvenção, pedir o despejo e a 
cobrança dos valores objeto da consignatória ou da diferença do 
depósito inicial, na hipótese de ter sido alegado não ser o mesmo integral; 
VII - o autor poderá complementar o depósito inicial, no prazo de cinco 
dias contados da ciência do oferecimento da resposta, com acréscimo de 
dez por cento sobre o valor da diferença. Se tal ocorrer, o juiz declarará 
quitadas as obrigações, elidindo a rescisão da locação, mas imporá ao autor-
reconvindo a responsabilidade pelas custas e honorários advocatícios de vinte 
por cento sobre o valor dos depósitos; 
 
VIII - havendo, na reconvenção, cumulação dos pedidos de rescisão da 
locação e cobrança dos valores objeto da consignatória, a execução desta 
somente poderá ter início após obtida a desocupação do imóvel, caso 
ambos tenham sido acolhidos. 
Parágrafo único. O réu poderá levantar a qualquer momento as 
importâncias depositadas sobre as quais não penda controvérsia. 
Trata-se de um procedimento especial, com certas particularidades, mas mesmo não 
havendo na lei qualquer referência expressa nesse sentido, devem-se aplicar subsidiariamente a 
este as regras do procedimento da consignação em pagamento previsto no CPC. 
Inicialmente, frisa-se que a competência da ação consignatória de aluguéis e encargos da 
locação é no lugar da situação da coisa, desde que não exista cláusula de eleição de foro, conforme 
determina o art. 58, inciso II, da Lei 8.245/1991: 
Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas 
ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da 
locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar-se- á o 
seguinte: 
II - é competentepara conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação 
do imóvel, salvo se outro houver sido eleito no contrato. 
Significa dizer que as partes poderão livremente acordar a respeito da comarca ou da seção 
judiciária competente para demanda e que, somente na ausência desse acordo expresso em 
cláusula escrita de eleição de foro, será competente o foro do local da coisa locada. 
A petição inicial deve seguir os parâmetros elencados no art. 319 do CPC. No entanto, ela 
possui alguns aspectos intrínsecos, quais sejam: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 38 
 
 
 
1) A especificação dos alugueres e acessórios da locação com a indicação dos respectivos 
valores que o autor entender corretos, conforme determinado no inciso I do art. 67 da 
Lei 8.245/1991; 
2) O valor da causa será igual a 12 meses de aluguel, sendo irrelevantes as prestações 
consignadas no início da demanda judicial, nos termos do art. 58, III, da Lei 8.245/1991: 
Art. 58, III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na 
hipótese do inciso II do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do 
ajuizamento. 
3) O depósito deve ser realizado no prazo de 24 horas do deferimento da petição inicial. 
Em continuidade, a citação do réu se dá por meio de carta com Aviso de Recebimento (AR). 
Obs.: é possível a citação por telex ou fax (atualmente, e-mail, 
conforme entendimento do Daniel Assumpção) quando o réu for 
pessoa jurídica ou firma individual e tal forma de citação estiver 
expressamente prevista em contrato. 
Sendo o réu citado, evidencia-se que há, ainda, limitação de matérias defensivas a serem 
apresentadas em sede de contestação, elencadas no inciso V do art. 67 da 8.245/1991: 
1) Não ter havido recusa ou mora em receber a quantia devida; 
2) Ter sido justa a recusa; 
3) Não ter sido efetuado o depósito no prazo ou no lugar do pagamento; 
4) Não ter sido o depósito integral. 
Outrossim, ressalta-se que existe a possibilidade de o réu se utilizar da reconvenção para 
pedir o despejo e a cobrança de valores que tenham sido objeto da consignatória ou da diferença 
do depósito inicial (art. 67, VI, da Lei 8.245/1991). Por questão de economia processual, o legislador 
entendeu por bem criar uma limitação ao objeto da reconvenção, sendo inadmissível que tenha 
outras prestações que não sejam objeto da consignatória. 
Nesse sentido, indaga-se: é possível reconvir com fundamento que não seja a falta de 
pagamento? Ex.: despejo para uso próprio. 
O art. 343 do CPC prevê que: 
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar 
pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da 
defesa. 
Verificado o disposto no referido dispositivo normativo, salienta-se que para Daniel 
Assumpção não é possível, uma vez que o pedido de despejo para uso próprio em sede de 
reconvenção não geraria conexão com a ação principal da demanda consignatória cujo fundamento 
 
 
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é o pagamento do aluguel, devendo o art. 67, VI, da Lei 8.245/1991 ser utilizado em paralelo com o 
disposto no CPC, haja vista que há aplicação subsidiária do CPC à referida legislação extravagante. 
Por fim, destaca-se que sempre que a alegação defensiva do réu for a insuficiência do 
depósito inicial, o autor será intimado para que, querendo, complemente o depósito. O direito de 
complementação está previsto no art. 67, VII, da Lei 8.245/1991 e deve ocorrer conforme os 
seguintes parâmetros: 
1) Prazo para complementação de 5 dias; 
2) Ao valor da complementação será acrescido 10% sobre o valor da diferença; 
3) A complementação acarreta o julgamento de procedência do pedido, mas o autor será 
condenado ao pagamento das verbas de sucumbência, sendo expressamente previsto 
que no tocante aos honorários advocatícios a condenação será de 20% sobre o valor 
dos depósitos. 
3. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS 
3.1. INTRODUÇÃO 
Consoante Daniel Assumpção, sempre que a administração de bens, valores ou interesses 
de determinado sujeito seja confiada a outrem, haverá a necessidade de prestação de contas, ou 
seja, da relação pormenorizada das receitas e despesas no desenvolvimento da administração. 
A ação de exigir contas, portanto, se refere a uma relação jurídica de Direito Material 
complexa que gera sucessivas operações de crédito e débito. Ex.: investimentos, pagamento de 
impostos. 
Assim, é natural que nem sempre haja a necessidade de intervenção jurisdicional para que 
as contas sejam prestadas, mas sempre que existir um conflito entre os sujeitos que participam da 
relação jurídica de direito material, a demanda adequada para a solução do conflito por meio do 
acertamento econômico definitivo entre eles é a ação de prestação de contas. 
Em continuidade, é importante salientar que a prestação de contas não possui como objetivo 
final apenas o acertamento das receitas e despesas na administração de bens, valores ou 
interesses, considerando-se que a discussão das contas será realizada de forma incidental somente 
como meio para se definir a responsabilidade de pagar do devedor. 
Desse modo, a doutrina entende que a ação de exigir contas possui natureza condenatória, 
uma vez que os pedidos cumulados na petição inicial têm essa natureza: 
1) Condenação do réu à apresentação/prestação das contas (obrigação de fazer); 
2) Condenação do réu ao pagamento do saldo pendente/residual (obrigação de pagar). 
 
 
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Excepcionalmente pode haver somente pedido de condenação ao pagamento do saldo 
residual, quando o dever de prestar as contas for decorrência de expressa previsão legal, como 
ocorre, por exemplo, com o inventariante. 
Destaca-se, por fim, que as hipóteses de cabimento da ação de exigir contas lembradas pela 
doutrina são meramente exemplificativas, bastando que exista uma relação jurídica complexa que 
gere operações de crédito e débito para ser cabível a ação ora analisada. 
Obs.: não cabe prestação de contas e revisão contratual na ação exigir 
contas, segundo posicionamento do STJ: 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. AÇÃO DE 
PRESTAÇÃO DE CONTAS. SEGUNDA FASE. CONTRATO DE ABERTURA 
DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE. JUROS REMUNERATÓRIOS E 
CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DOS 
ENCARGOS CONTRATUAIS, QUE DEVEM SER MANTIDOS NOS TERMOS 
EM QUE PRATICADOS NO CONTRATO BANCÁRIO SEM PREJUÍZO DA 
POSSIBILIDADE DE AJUIZAMENTO DE AÇÃO REVISIONAL. 1. Tese para os 
efeitos do art. 543-C do Código de Processo Civil de 1973: Impossibilidade de 
revisão de cláusulas contratuais em ação de prestação de contas. 2. O titular 
da conta-corrente bancária tem interesse processual para propor ação de 
prestação de contas, a fim de exigir do banco que esclareça qual o destino do 
dinheiro que depositou, a natureza e o valor dos créditos e débitos efetivamente 
ocorridos em sua conta, apurando-se, ao final, o saldo credor ou devedor. 
Exegese da Súmula 259. 3. O rito especial da ação de prestação de contas 
não comporta a pretensão de alterar ou revisar cláusula contratual, em 
razão das limitações ao contraditório e à ampla defesa. 4. Essa 
impossibilidade de se proceder à revisão de cláusulas contratuais diz respeito 
a todo o procedimento da prestação de contas, ou seja, não pode o autor da 
ação deduzir pretensões revisionais na petição inicial (primeira fase), conforme 
a reiterada jurisprudência do STJ, tampouco é admissível tal formulação em 
impugnação às contas prestadas pelo réu (segunda fase). 5. O contrato de 
conta-corrente com abertura de limite de crédito automático (cheque especial) 
é negócio jurídico complexo. Se o cliente não utiliza o limite de crédito, não há 
dúvida de que o banco está empregando o dinheiro do correntista na 
compensação dos cheques, ordens de pagamento e transferências por ele 
autorizadas. Havendo utilização do limite do cheque especial, concretiza-se 
contratode empréstimo, cuja possibilidade era apenas prevista no contrato de 
abertura da conta. 6. A taxa de juros do empréstimo tomado ao banco não diz 
respeito à administração dos recursos depositados pelo autor da ação. Ela 
compreende a remuneração do capital emprestado e flutua, conforme as 
circunstâncias do mercado e as vicissitudes particulares, em cada momento, 
da instituição financeira e do cliente. A taxa de juros em tal tipo de empréstimo 
é informada por meios diversos, como extratos, internet e atendimento 
telefônico. 7. Não se sendo a ação de prestação de contas instrumento 
processual adequado à revisão de contrato de mútuo (REsp. 
1.293.558/PR, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC/1973, relator Ministro 
Luís Felipe Salomão), da mesma forma não se presta esse rito especial para a 
revisão de taxas de juros e demais encargos de empréstimos obtidos por meio 
de abertura de limite de crédito em conta-corrente. 8. O contrato bancário que 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 41 
 
 
 
deve nortear a prestação de contas e o respectivo julgamento - sem que caiba 
a sua revisão no rito especial - não é o simples formulário assinado no início 
do relacionamento, mas todo o conjunto de documentos e práticas que 
alicerçaram a relação das partes ao longo dos anos. Esse feixe de obrigações 
e direitos não cabe alterar no exame da ação de prestação de contas. [...]. (STJ 
- REsp: 1497831 PR 2014/0094926-2, Relator: Ministro PAULO DE TARSO 
SANSEVERINO, Data de Julgamento: 14/09/2016, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, 
Data de Publicação: DJe 07/11/2016). 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(Docas-PB - Advogado - VUNESP - 2022): Mariana, médica, foi aprovada em 
processo seletivo para fazer sua especialização de seis meses na Turquia. 
Considerando que ficaria ausente do país neste período, decidiu nomear, pelo 
prazo de seis meses, sua prima, Marcela, como sua procuradora, com poderes 
gerais para representá-la nos atos da vida civil. Terminado o prazo, Mariana 
volta ao país e procura Marcela, que a informa que não foi necessário praticar 
nenhum ato em seu nome. Contudo, ao verificar sua conta corrente percebeu 
um saldo devedor no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) resultantes de uma 
movimentação realizada por Marcela. Questionada, Marcela vem se 
esquivando de qualquer resposta. Mariana procura um advogado que informa 
que neste caso, o mais correto seria propor uma ação de exigir contas. Correto. 
3.2. CONDIÇÕES DA AÇÃO 
Qualquer um dos sujeitos que participe da relação de administração dos bens, valores ou 
interesses tem legitimidade para ajuizar ação de exigir contas. 
O legitimado ativo é o dono do patrimônio que teve seus bens, valores ou interesses 
administrados, ao passo que o legitimado passivo é aquele que administra o patrimônio. 
O autor da demanda de exigir as contas deverá demonstrar que houve recusa na prestação 
extrajudicial das contas ou em caso de divergência quanto ao valor apurado, sob pena de extinção 
do processo sem resolução do mérito por carência de ação (ausência de interesse de agir). Quando 
a própria lei exige a prestação de contas em juízo, como ocorre, por exemplo, com o inventariante, 
tutor e curador, naturalmente o interesse de agir é presumido. 
Ressalta-se, todavia, que os sócios que não têm a administração de uma sociedade 
empresária têm legitimidade ativa para propor ação de prestação de contas contra o sócio gerent7, 
mas, uma vez tendo ocorrida a aprovação das contas pelo órgão interno apontado pelo estatuto ou 
contrato social, não se admitirá a demanda judicial. Exatamente o mesmo raciocínio aplica-se na 
relação entre cooperado e cooperativa, e ao condômino em condomínio de propriedade vertical, 
quando acertadamente aponta a falta de interesse de agir. 
Importante evidenciar, por fim, o disposto no Informativo 427 do STJ, no sentido de que o 
mandato é contrato personalíssimo por excelência, e sendo o dever de prestar contas uma das 
obrigações do mandatário perante o mandante, também ele tem natureza personalíssima, sendo 
parte legítima para figurar no polo passivo da demanda somente a pessoa a quem incumbia tal 
encargo por lei ou contrato: 
 
 
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RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS - MORTE DO 
MANDATÁRIO - TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO AO ESPÓLIO - 
INVIABILIDADE - AÇÃO DE CUNHO PERSONALÍSSIMO - EXTINÇÃO DA 
AÇÃO SEM O JULGAMENTO DO MÉRITO - MANUTENÇÃO - 
NECESSIDADE - ARTS. 1323 E 1324 DO CC/1916 - AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO - INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 211 DA 
SÚMULA/STJ - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - O mandato é contrato 
personalíssimo por excelência, tendo como uma das causas extintivas, nos 
termos do art. 682, II, do Código Civil de 2002, a morte do mandatário; II - 
Sendo o dever de prestar contas uma das obrigações do mandatário perante o 
mandante e tendo em vista a natureza personalíssima do contrato de mandato, 
por consectário lógico, a obrigação de prestar contas também tem natureza 
personalíssima; III - Desse modo, somente é legitimada passiva na ação de 
prestação de contas a pessoa a quem incumbia tal encargo, por lei ou contrato, 
sendo tal obrigação intransmissível ao espólio do mandatário, que constitui, na 
verdade, uma ficção jurídica; IV - Considerando-se, ainda, o fato de já ter sido 
homologada a partilha no inventário em favor dos herdeiros, impõe-se a 
manutenção da sentença que julgou extinto o feito sem resolução do mérito, 
por ilegitimidade passiva, ressalvada à recorrente a pretensão de direito 
material perante as vias ordinárias; V - As matérias relativas aos arts. 1323 e 
1324 do Código Civil de 1916 não foram objeto de prequestionamento, 
incidindo, na espécie, o teor do Enunciado n. 211 da Súmula/STJ; V - Recurso 
especial improvido. (STJ - REsp: 1055819 SP 2007/0094448-5, Relator: 
Ministro MASSAMI UYEDA, Data de Julgamento: 16/03/2010, T3 - TERCEIRA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 07/04/2010). 
3.3. NATUREZA DÚPLICE 
A natureza dúplice, de acordo com Daniel Assumpção, é uma constante nos procedimentos 
especiais. 
Isto posto, a natureza dúplice da prestação de contas no tocante à pretensão condenatória 
a pagar o saldo devedor apurado pelas contas prestadas é inegável, sendo reconhecida pela 
unanimidade da doutrina. 
Significa dizer, portanto, que o bem da vida objeto da demanda – dinheiro resultante do saldo 
devedor – irá obrigatoriamente ficar com uma das partes. Uma vez apurada a existência de saldo 
devedor em favor do autor da ação, será o réu condenado a pagar. No entanto, verificado que o 
credor é o réu, o autor da demanda será condenado a pagar ao réu o saldo devedor. 
Segundo Daniel Assumpção, justamente em razão de sua natureza dúplice não cabe ao réu 
fazer qualquer pedido no sentido de condenar o autor ao pagamento do saldo devedor, sendo essa 
condenação consequência natural a ser gerada na hipótese de reconhecimento de crédito em favor 
do réu. O réu, portanto, somente se defende, e o juiz em sua sentença apenas enfrenta o pedido 
do autor: acolhido, condena o réu ao pagamento; rejeitado, condena o próprio autor. Assim, não há 
interesse no oferecimento de reconvenção porque a simples defesa do réu, uma vez acolhida, já é 
suficiente para lhe entregar o bem da vida em disputa. 
3.4. COMPETÊNCIA 
 
 
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A competência é do foro do lugar do ato ou fato para a ação em que o réu for o administrador 
ou gestor dos negócios alheios, conforme previsão do art. 53, IV, alínea b, do CPC: 
Art. 53. É competente o foro: 
IV - do lugar do ato ou fato para a ação: 
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios. 
Trata-se de competência relativa, razão pela qual é admissível a sua prorrogação por 
conexão, ausência de exceção de incompetência e cláusula de eleição de foro. 
Há, contudo, exceção à regra da competência relativa no que tange à competência absoluta 
(funcional)do juízo que tiver nomeado o administrador – que atuará na função de auxiliar do juízo 
como inventariante, tutor, curador ou depositário – para julgar as ações de prestação de contas 
propostas contra ele. 
Salienta-se, em continuidade, haverá autuação em apenso aos autos do processo principal, 
conforme determina o art. 553 do CPC: 
Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de 
qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do 
processo em que tiver sido nomeado. 
3.5. PROCEDIMENTO 
A ação de exigir contas é proposta pelo sujeito que alega ter seus bens, valores ou interesses 
administrados por outrem justamente contra o responsável por essa administração. 
Na petição inicial, que será elaborada de acordo com os arts. 319 e 320 do CPC, haverá 
cumulação sucessiva de pedidos pelo autor. Primeiro o autor pede que o réu seja condenado a 
prestar contas e, sucessivamente, pleiteia que o réu seja condenado a pagar o saldo devedor a ser 
apurado. Trata-se de 2 fases procedimentais sucessivas e eventuais porque se o primeiro pedido 
de prestação de contas for julgado improcedente, o segundo pedido de pagamento perderá o objeto. 
Cada fase será decidida por uma sentença, o que torna essa demanda de conhecimento 
singular, pois o mérito será necessariamente decidido em 2 momentos distintos. São 2 as 
sentenças, mas a petição inicial é uma só, daí a necessidade de se fazer a cumulação de pedidos 
já referida (cumulação sucessiva). 
Em continuidade, na inicial também deve haver uma especificação detalhada das razões do 
pedido e documentos comprobatórios (art. 550, § 1º, do CPC): 
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a 
citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 
(quinze) dias. 
§ 1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas 
quais exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa 
necessidade, se existirem. 
3.6. PROCEDIMENTO 
 
 
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Conforme apontado no art. 550 do CPC, ocorrerá a citação do réu para que este preste as 
contas ou ofereça contestação no prazo de 15 dias. Assim, no prazo de resposta de 15 dias, o réu 
poderá adotar uma série de reações: 
1) Apresentar contestação no prazo de 15 dias; 
2) Apresentar contas e não contestar, havendo, portanto, o reconhecimento jurídico do 
primeiro pedido condenatório do autor à prestação das contas. 
O art. 551 do CPC estabelece a forma adequada em que as contas devem ser apresentadas, 
com especificação de receitas, da aplicação das despesas e investimentos, in verbis: 
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, 
especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se 
houver. 
Com o reconhecimento jurídico do pedido, de acordo com Daniel Assumpção, é 
imprescindível que seja prolatada uma decisão, nos termos do art. 487, III, do CPC: 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na 
reconvenção. 
Ademais, em razão da não apresentação de contestação pelo réu, haverá aplicação do art. 
550, § 4º do CPC: 
Art. 550, § 4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 
355. 
 
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com 
resolução de mérito, quando: 
I - não houver necessidade de produção de outras provas; 
II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver 
requerimento de prova, na forma do art. 349. 
3) Apresentar as contas e contestar; 
Apesar de não ser essa espécie de reação prevista expressamente no art. 550, caput, do 
CPC, não existe dúvida (segundo Marcato, Marinoni e Humberto Theodoro Junior) de que, havendo 
divergência não quanto ao dever de prestar contas, mas com relação ao seu conteúdo, é lícito ao 
réu apresentar as contas nos termos do art. 551 do CPC, com o que reconhece juridicamente seu 
dever em prestá-la, e apresentar contestação para impugnar eventual divergência referente ao 
conteúdo das contas. 
Ressalta-se, ainda, que o objetivo do réu ao contestar também é evitar o pagamento das 
verbas de sucumbência, uma vez que tal hipótese normalmente ocorre quando o réu contesta o 
interesse de agir do autor, eis que este nunca havia solicitado a prestação de contas 
extrajudicialmente e, portanto, jamais houve recusa em prestá-las. 
 
 
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4) Contestar e não apresentar as contas; 
Caso não concorde com o alegado dever de prestar as contas suscitado pelo autor, caberá 
ao réu apresentar contestação alegando a inexistência desse dever e pedir a rejeição do pedido 
(art. 487, I, do CPC). Poderá também alegar todas as matérias defensivas processuais em 
preliminar de contestação, juntamente com a alegação de mérito de que não tem dever de prestar 
as contas ou isoladamente. 
5) Não contestar e nem apresentar as contas, hipótese na qual será decretada a revelia 
e prosseguir-se-á com o julgamento antecipado do mérito, com fulcro no art. 355, inciso 
II, do CPC, caso o juiz presuma como verdadeiros os fatos referentes ao dever de prestar 
contas apresentados pelo autor. 
Tratando-se de presunção relativa, mesmo ocorrendo revelia é possível ao juiz determinar 
ao autor a especificação de provas tendentes a demonstrar a veracidade das alegações de fato 
constitutivas de seu direito. 
Além disso, sendo necessário, serão produzidas provas, inclusive a prova oral no âmbito de 
Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ). 
Após o momento procedimental de reação do réu, o procedimento sofrerá variação conforme 
a espécie de reação adotada no caso concreto. Proferida a sentença, extinguindo o processo sem 
a resolução do mérito ou rejeitando o pedido do autor, caberá recurso de apelação, e sendo 
definitiva a decisão, naturalmente não haverá segunda fase procedimental. Na hipótese de 
acolhimento do pedido do autor, o juiz condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 dias, 
sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar, nos termos do art. 550, § 5°, do 
CPC: 
Art. 550, § 5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a 
prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito 
impugnar as que o autor apresentar. 
É importante verificar o que dispõe o Informativo 414 do STJ, que trata da desnecessidade 
de intimação pessoal do réu acerca da decisão condenatória/de procedência na ação de exigir 
contas, de modo que o réu será intimado por seu advogado da sentença: 
Processo Civil. Recurso Especial. Ação de prestação de contas. Sentença que 
julga procedente o pedido. Desnecessidade de nova intimação pessoal. A 
intimação da sentença que julga procedente o pedido de exigir contas, de 
que trata o art. 915, § 2º, do CPC, deve ser realizada ao advogado, de modo 
que é desnecessária a intimação pessoal da parte. Recurso especial a que 
se nega provimento. (STJ - REsp: 913411 SP 2006/0276836-2, Relator: 
Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 03/11/2009, T3 - TERCEIRA 
TURMA, DJe 23/11/2009). 
Por fim, no que tange à natureza da decisão prevista no § 2º do art. 550 do CPC (que julga 
a primeira fase da ação de exigir contas), indaga-se: trata-se de decisão interlocutória ou sentença? 
 
 
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Há grande divergência doutrinária a respeito da natureza da decisão prevista no § 2º do art. 
550 do CPC, havendo aqueles que defendem sua natureza de sentença, recorrível por apelação 
(Marcato, Didier), e outros que a entendem como decisão interlocutória de mérito, sendo, portanto, 
recorrível por agravo de instrumento e não por apelação (Marinoni, Humberto Theodoro Junior). 
Com o intuito de pacificar a divergência no âmbito jurisprudencial do STJ, desde 2019 o 
Tribunal Superior defendeque: 
[...]. Fixadas essas premissas e considerando que a ação de exigir contas 
poderá se desenvolver em duas fases procedimentais distintas, condicionando-
se o ingresso à segunda fase ao teor do ato judicial que encerra a primeira 
fase; e que o conceito de sentença previsto no art. 203, § 1º, do CPC/15, aplica-
se como regra ao procedimento comum e, aos procedimentos especiais, 
apenas na ausência de regra específica, o ato judicial que encerra a primeira 
fase da ação de exigir contas possuirá, a depender de seu conteúdo, 
diferentes naturezas jurídicas: se julgada procedente a primeira fase da 
ação de exigir contas, o ato judicial será decisão interlocutória com 
conteúdo de decisão parcial de mérito, impugnável por agravo de 
instrumento; se julgada improcedente a primeira fase da ação de exigir 
contas ou se extinto o processo sem a resolução de seu mérito, o ato 
judicial será sentença, impugnável por apelação. [...]. (STJ - REsp: 1746337 
RS 2018/0137312-9, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de 
Julgamento: 09/04/2019, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 
12/04/2019 RSTJ vol. 254 p. 709). 
Portanto, se julgada procedente a primeira fase da ação de exigir contas, o ato judicial será 
decisão interlocutória com conteúdo de decisão parcial de mérito, impugnável por agravo de 
instrumento; se julgada improcedente a primeira fase da ação de exigir contas ou se extinto o 
processo sem a resolução de seu mérito, o ato judicial será sentença, impugnável por apelação. 
Corroborando com o entendimento já pacificado, em recente decisão de 2023, o STJ reiterou 
o posicionamento que já havia adotado anteriormente, salientando, inclusive, que incorre em erro 
grosseiro quando da interposição de um recurso ao invés de outro, não havendo que se falar em 
aplicação do princípio da fungibilidade recursal: 
[...]. 1- Ação ajuizada em 23/05/2021. Recurso especial interposto em 
15/06/2022 e atribuído à Relatora em 14/03/2023. 2- Os propósitos recursais 
consistem em definir: (i) se houve decisão surpresa a respeito do não 
conhecimento da apelação por não ser esse o recurso cabível; e (ii) se cabe 
agravo de instrumento ou apelação contra a decisão que julga a primeira fase 
da ação de exigir contas e se, na hipótese, aplica-se o princípio da fungibilidade 
recursal. [...]. 4- Na doutrina que se construiu após a entrada em vigor do 
CPC/15, há divergência a respeito da natureza do pronunciamento 
jurisdicional que julga a primeira fase da ação de exigir contas e do 
recurso cabível - se se trata de decisão interlocutória impugnável por 
agravo de instrumento ou se se trata de sentença impugnável por 
apelação. 5- Diante do dissenso doutrinário e também jurisprudencial, esta 
Corte firmou posição, por intermédio de ambas as Turmas de Direito Privado, 
no sentido de que: (i) se o julgamento na primeira fase da ação de exigir 
contas for de procedência do pedido, o pronunciamento jurisdicional terá 
 
 
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natureza de decisão parcial de mérito e será impugnável por agravo de 
instrumento com base no art. 1.015, II, do CPC/15; e (ii) se o julgamento 
da primeira fase da ação de exigir contas for de improcedência do pedido 
ou de extinção do processo sem resolução de mérito, o pronunciamento 
jurisdicional terá natureza de sentença e será impugnável por apelação. 
Precedentes. 6- Conquanto a divergência até então existente autorizasse a 
aplicação do princípio da fungibilidade recursal, verifica-se que, passados 
quase 04 anos do momento em que a jurisprudência desta Corte se 
formou, por intermédio de ambas as Turmas de Direito Privado, no 
mesmo sentido, e dado que o referido entendimento se mantém estável, 
íntegro e coerente, não há mais que se falar em aplicação do princípio da 
fungibilidade recursal na hipótese em exame. 7- Ainda que remanesça 
dissenso doutrinário, não é mais razoável invocar a existência de 
divergência nesta Corte, eis que a jurisprudência se firmou e se 
consolidou no mesmo sentido desde 10/06/2019, data em que publicado 
o acórdão do REsp 1.680.168/SP, julgado pela 4ª Turma no mesmo 
sentido de anterior precedente desta 3ª Turma (REsp 1.746.337/RS, com 
acórdão publicado no DJe 12/04/2019), tratando-se, pois, do marco 
temporal que separa a dúvida objetiva até então existente do erro 
grosseiro superveniente à pacificação. 8- Na hipótese, o ato judicial 
impugnado por apelação foi proferido em 12/11/2021, ou seja, mais de 02 anos 
após a consolidação da jurisprudência desta Corte no sentido de ser cabível o 
agravo de instrumento, razão pela qual é inaplicável o princípio da 
fungibilidade recursal sob a ótica da imprecisão ou falta de técnica do 
legislador. [...]. (REsp 2055241/SP, Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, 
Data do Julgamento: 13/06/2023, Data da Publicação: 16/06/2023). 
Em continuidade, com a sentença condenatória que resolve a primeira fase, dá-se início à 
segunda fase do procedimento, no qual se tem como objeto a determinação de eventual saldo a ser 
aferido nas contas apresentadas e julgadas. O desenvolvimento do procedimento dessa segunda 
fase procedimental dependerá da postura a ser adotada pelo réu condenado. Assim, tem-se que: 
1) Caso o réu apresente as contas no prazo legal de 15 dias, terá o autor o prazo de 15 
dias para se manifestar sobre elas. 
Sendo necessário, haverá produção de prova pericial, com fulcro no art. 550, § 6º do CPC: 
Art. 550, § 6º Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5º, seguir-
se-á o procedimento do § 2º, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo 
de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame 
pericial, se necessário. 
2) Não as apresentando no prazo legal, caberá ao autor fazê-lo no prazo de 15 dias, não 
podendo o réu impugnar as contas apresentadas pelo autor. 
Trata-se de medida de sanção processual ao réu que não cumpriu sua obrigação de 
apresentar as contas no prazo legal. 
Entretanto, ainda que exista previsão expressa dessa sanção processual, o próprio art. 550, 
§ 6°, do CPC, prevê que o juiz, sempre que entender necessário, determinará a produção da prova 
 
 
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pericial, de forma que a sanção processual não impede que o juiz determine de ofício a produção 
de prova pericial contábil referente às contas apresentadas pelo autor. 
A referida medida também encontra respaldo na jurisprudência do STJ, no sentido de que o 
juiz pode determinar de ofício a produção de prova pericial contábil, eis que se trata de uma proteção 
ao réu que pode ser prejudicado quando da apresentação de contas incorretas e/ou inconsistentes 
pelo autor. Assim segue: 
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO 
ESPECIAL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. VIOLAÇÃO AO 
ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. 
PRAZO. 48 HORAS. REAPRESENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 
PRECLUSÃO. - Se não havia defeito a ser sanado, não incorre em ofensa ao 
art. 535 do CPC o acórdão que rejeita os embargos declaratórios. - Se o réu 
não presta contas no prazo de 48 horas (CPC, Art. 915, § 2º) as que o autor 
apresentar serão julgadas segundo o prudente arbítrio do juiz que poderá, 
se considerar necessário, determinar a realização de perícia contábil 
(CPC, Art. 915, § 3º, segunda parte). - Não há previsão de reabertura do prazo 
para reapresentação de contas se a própria lei prevê as consequências para o 
descumprimento do comando da sentença. (STJ - AgRg no Ag: 718903 RS 
2005/0183154-9, Relator: Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Data 
de Julgamento: 25/09/2007, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 
15.10.2007 p. 257). 
4. AÇÕES POSSESSÓRIAS 
4.1. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA 
A tutela da posse desenvolve-se por meio de 3 diferentes espécies de ações, chamadas de 
interditos possessórios: 
1) Reintegração de posse: cabível diante de um esbulho, em caso de perda total do 
exercícioda posse. 
2) Manutenção de posse: cabível quando ocorre a turbação, em caso de perda parcial da 
posse (limitações em seu pleno exercício). 
3) Interdito proibitório: cabível em caso de ameaça de efetiva ofensa à posse. Trata-se 
de uma ação possessória inibitória, dada a sua natureza preventiva, que tenta evitar a 
realização do ato ilícito. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MP-PA - Promotor - CESPE - 2023): O procedimento de manutenção de 
posse é cabível na hipótese de turbação, em que há esbulho parcial, ou seja, 
perda de algum dos poderes fáticos sobre a coisa, mas não da totalidade da 
posse. Correto. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 49 
 
 
 
Quando a demanda versar sobre o domínio da coisa, terá natureza petitória, não se 
aplicando a ela as regras previstas no procedimento especial das ações possessórias. Desse modo, 
a principal característica da ação possessória é a tutela de um possuidor contra um fato que ofenda 
a sua posse, de forma que são excluídas do âmbito das ações possessórias as demandas em que 
se alegue a existência de relação jurídica que dê ao autor direito à posse, tais como a imissão de 
posse e a ação de nunciação de obra nova. 
Ex.: João comprou um imóvel financiado pelo Sistema Financeiro da Habitação e parou de 
pagar, tornando-se inadimplente. O banco financiador alienou extrajudicialmente o imóvel para 
quitar o saldo devedor. Daniel comprou o imóvel do banco. A partir do momento que Daniel se 
tornou proprietário do imóvel, ele passou a ter direito à posse. Assim, se João não sair 
espontaneamente do imóvel, Daniel deverá ajuizar ação de imissão na posse (seguindo o 
procedimento comum), eis que ele nunca teve a posse do imóvel anteriormente. 
Outrossim, os embargos de terceiro tutelam a posse, mas, nesse caso, a ofensa deriva de 
ato judicial, o que é suficiente para a distinção entre essa ação e as ações possessórias. 
4.2. FUNGIBILIDADE 
A fungibilidade entre as tutelas possessórias se encontra expressamente prevista no art. 554 
do CPC: 
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não 
obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal 
correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. 
Isto posto, é lícito ao juiz conceder uma tutela possessória diversa daquela expressamente 
pedida pelo autor, não ocasionando a nulidade da sentença, pois não se trata de decisão ultra/extra 
petita. 
Existem 3 diferentes razões para que a fungibilidade tenha razão de existir: 
1) A função das ações possessórias é sempre a mesma, qual seja, a tutela da posse, sendo 
eventual equívoco processual do autor irrelevante; 
2) A situação possessória pode facilmente ser modificada na constância da demanda; 
3) É inegável a dificuldade que se encontra em determinadas hipóteses para se definir com 
exatidão qual espécie de violação à posse está caracterizada no caso concreto. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-SP - Juiz - VUNESP - 2023): A propositura de uma ação possessória em 
vez de outra não impede que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção 
legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. A lei, 
assim, regula expressamente a fungibilidade das ações possessórias. Correto. 
4.3. AÇÃO DÚPLICE 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 50 
 
 
 
O art. 556 do CPC dispõe que: 
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua 
posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos 
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. 
O referido dispositivo normativo prevê expressamente a admissibilidade do pedido de 
proteção possessória do réu na própria contestação, razão pela qual existe amplo posicionamento 
doutrinário, especialmente de Nery e Marcato, a defender a natureza dúplice das ações 
possessórias. 
Para Daniel Assumpção, todavia, o fato de réu ter que pedir a tutela possessória prevista no 
art. 556 demonstra que a natureza da ação não é dúplice. 
Para o doutrinador, sempre que inexistir predeterminação das legitimações, de forma que 
qualquer dos sujeitos envolvidos na relação jurídica material conflituosa possa ser o autor da 
demanda judicial, a ação será dúplice. A conclusão é que na ação dúplice não existe qualquer 
necessidade de o réu formular expressamente pedido contra o autor, já que pela própria natureza 
do direito material debatido, a improcedência do pedido levará o réu à obtenção do bem da vida 
discutido. 
Assim, Daniel Assumpção defende que nas ações dúplices, a defesa propriamente dita é 
que, se acolhida, entregará automaticamente o bem da vida ao réu, sem a necessidade de pedido 
expresso e sem a preocupação com eventual afronta ao princípio da inércia da jurisdição. Conclui-
se que na ação dúplice, tal pedido, mais do que desnecessário, será incabível. 
Ressalta-se, contudo, que há precedente do STJ no sentido de que a ação possessória tem 
natureza dúplice, mas a mera improcedência não concede tutela ao réu, que depende de pedido 
expresso deste, in verbis: 
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ORDEM 
JUDICIAL DE IMISSÃO DO ARREMATANTE NA POSSE DO IMÓVEL 
ARREMATADO, EM EXECUÇÃO FISCAL. ÁREA OBJETO DE DISCUSSÃO 
EM AÇÃO POSSESSÓRIA JULGADA IMPROCEDENTE. INEXISTÊNCIA DE 
PEDIDO CONTRAPOSTO DO RÉU. POSSE DESTE NÃO CONVALIDADA. 
QUALIDADE DA POSSE. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. 
INCOMPATIBILIDADE COM A VIA MANDAMENTAL. LEGALIDADE DO ATO 
ATACADO. I - A ação possessória julgada improcedente não tem o condão 
de convalidar a posse do réu se este assim não requereu expressamente 
em sede de contestação. Caráter dúplice da ação possessória. Inteligência 
do artigo 922 do Código de Processo Civil. II - Legalidade do ato judicial que, 
em paralelo processo executivo fiscal, determina a imissão do arrematante no 
bem litigioso, sobretudo se o terceiro interessado, réu daquela ação 
possessória, intimado dos leilões designados, manifestou desinteresse sobre 
a questão. III - Inviável, em sede de mandado de segurança, dilação probatória 
para verificação da qualidade da posse alegada, não comprovada de plano. 
Nego provimento ao recurso. (STJ - RMS: 20626 PR 2005/0145847-0, Relator: 
Ministro PAULO FURTADO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/BA), 
Data de Julgamento: 15/10/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de 
Publicação: --> DJe 29/10/2009). 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 51 
 
 
 
 
Obs.: deve-se adotar o posicionamento do STJ em provas objetivas, 
cabendo a discussão da natureza dúplice das ações possessórias 
apenas na fase discursiva e oral. 
4.4. COMPETÊNCIA 
Em regra, é da Justiça Estadual a competência para o julgamento das ações possessórias. 
Excepcionalmente, a competência será da Justiça do Trabalho, em caso de reintegração de 
posse de imóvel concedido em comodato em razão de contrato de trabalho rescindido, e também 
da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, CF/88: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal 
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, 
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça 
Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 
No tocante à competência territorial para as ações possessórias, a norma aplicável 
dependerá de ser o bem móvel ou imóvel. 
As ações possessórias sobre bem móvel seguem o foro comum, isto é, o domicílio do réu, 
com fulcro no art. 46 do CPC: 
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis 
será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. 
Trata-se de regra de competência relativa, admitindo-se a sua prorrogação no caso concreto. 
Já as ações possessórias que versam sobre bem imóvel, aplica-se o art. 47, § 2º, do CPC, 
sendo competente o foro do local do imóvel: 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente49 
4.3. AÇÃO DÚPLICE .................................................................................................................. 49 
4.4. COMPETÊNCIA .................................................................................................................. 51 
4.5. LEGITIMIDADE ................................................................................................................... 52 
4.6. EXCEÇÃO DE DOMÍNIO .................................................................................................... 54 
4.7. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS .............................................................................................. 56 
4.8. PROCEDIMENTO ............................................................................................................... 56 
4.8.1. Reintegração e manutenção de posse ........................................................................ 56 
4.8.2. Interdito proibitório ....................................................................................................... 61 
5. AÇÃO DE DEMARCAÇÃO E DIVISÃO DE TERRAS PARTICULARES .................................. 61 
5.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 61 
5.2. PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE DEMARCAÇÃO ............................................................ 62 
5.3. PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE DIVISÃO........................................................................ 65 
6. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE ............................................................. 67 
6.1. CABIMENTO ....................................................................................................................... 67 
6.2. PRETENSÕES VEICULÁVEIS ........................................................................................... 70 
6.3. LEGITIMIDADE ................................................................................................................... 70 
6.4. PROCEDIMENTO ............................................................................................................... 71 
7. AÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA ...................................................................................... 73 
7.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 73 
7.2. CUMULAÇÃO DE INVENTÁRIOS ...................................................................................... 76 
7.3. INVENTÁRIO NEGATIVO ................................................................................................... 76 
7.4. COMPETÊNCIA E UNIVERSALIDADE DO FORO SUCESSÓRIO .................................. 77 
7.5. QUETÕES DE “ALTA INDAGAÇÃO” ................................................................................. 78 
7.6. ADMINISTRADOR PROVISÓRIO ...................................................................................... 79 
7.7. INVENTARIANTE ................................................................................................................ 80 
7.8. ARROLAMENTO SUMÁRIO............................................................................................... 83 
7.9. ARROLAMENTO COMUM ................................................................................................. 86 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 3 
 
 
 
7.10. PROCEDIMENTO DO INVENTÁRIO ................................................................................. 88 
7.11. PARTILHA ........................................................................................................................... 92 
7.11.1. Desconstituição da sentença de partilha ..................................................................... 94 
8. EMBARGOS DE TERCEIRO ..................................................................................................... 96 
8.1. CONCEITO .......................................................................................................................... 96 
8.2. LEGITIMAÇÃO .................................................................................................................... 97 
8.2.1. Legitimidade ativa ........................................................................................................ 97 
8.2.2. Legitimidade passiva ................................................................................................. 100 
8.3. COMPETÊNCIA ................................................................................................................ 101 
8.4. PRAZO .............................................................................................................................. 102 
8.5. PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 103 
9. OPOSIÇÃO ............................................................................................................................... 105 
9.1. CONCEITO ........................................................................................................................ 105 
9.2. PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 106 
9.3. DEMANDA BIFRONTE ..................................................................................................... 108 
10. HABILITAÇÃO ...................................................................................................................... 109 
10.1. CABIMENTO ..................................................................................................................... 109 
10.2. PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 109 
11. DAS AÇÕES DE FAMÍLIA .................................................................................................... 111 
11.1. CABIMENTO ..................................................................................................................... 111 
11.2. ASPECTOS PROCEDIMENTAIS ..................................................................................... 111 
11.2.1. Incentivo às formas consensuais do conflito ............................................................. 111 
11.2.2. Audiência de mediação e conciliação ....................................................................... 112 
11.2.3. Ministério Público ....................................................................................................... 112 
11.2.4. Depoimento pessoal do incapaz ............................................................................... 113 
12. AÇÃO MONITÓRIA .............................................................................................................. 113 
12.1. CONCEITO ........................................................................................................................ 113 
12.2. ADMISSIBILIDADE ........................................................................................................... 114 
12.3. FAZENDA PÚBLICA ......................................................................................................... 117 
12.4. PROPOSITURA ................................................................................................................ 118 
12.5. CITAÇÃO ........................................................................................................................... 119 
12.6. REAÇÕES DO RÉU .......................................................................................................... 119 
12.7. NATUREZA JURÍDICA DOS EMBARGOS AO MANDADO MONITÓRIO ...................... 120 
12.8. PROCEDIMENTO DOS EMBARGOS .............................................................................. 121 
13. HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL ............................................................................. 122 
13.1. CONCEITOo 
foro de situação da coisa. 
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, 
cujo juízo tem competência absoluta. 
 
Conforme própria disposição normativa, a regra é de competência absoluta, não se 
admitindo que a demanda tenha andamento em outro foro. 
Excepciona-se à referida regra de competência absoluta a hipótese de recuperação judicial 
em trâmite, que exercerá vis actrativa, conforme posicionamento do STJ: 
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DE 
DIREITO E JUÍZO FEDERAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. AÇÃO DE 
REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DAS 
AÇÕES E EXECUÇÕES. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL. PRECEDENTES DO STJ. 1. "A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao 
sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 52 
 
 
 
de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, 
concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os 
créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas." 
(CC 98.264/SP, Rel. Ministro Massami Uyeda) 2. Conflito conhecido para 
declarar a competência do Juízo de Direito da 4ª Vara Empresarial da Comarca 
da Capital do Estado do Rio de Janeiro/RJ. (STJ - CC: 106768 RJ 
2009/0146476-0, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de 
Julgamento: 23/09/2009, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: --> DJe 
02/10/2009). 
 
Ante o exposto, havendo recuperação judicial em trâmite, eventual ação possessória que 
verse sobre bem da sociedade empresária em processo de soerguimento empresarial deve tramitar 
perante o juízo da recuperação judicial. 
Por fim, estando o imóvel situado em mais de um foro, qualquer um deles será competente 
para conhecer a demanda. Segundo o art. 60 do CPC, determinar-se-á nesse caso o foro 
competente por prevenção, o que significa dizer que, havendo mais de uma demanda possessória 
sobre o mesmo imóvel em foros diferentes, aplica-se o art. 59, do CPC, determinando-se a 
prevenção do juízo em que foi registrada ou distribuída a petição inicial. 
Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção 
ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-
á sobre a totalidade do imóvel. 
4.5. LEGITIMIDADE 
O possuidor é parte legítima à propositura das ações possessórias, sendo que na hipótese 
de posse direta (locação, usufruto, comodato), a defesa da posse pode ser realizada em juízo tanto 
pelo possuidor direto como pelo indireto, que podem inclusive litigar em conjunto em litisconsórcio 
facultativo. 
Segundo o art. 1.197 do CC, na hipótese de posse direta (locação, comodato, usufruto), a 
legitimidade ativa é tanto do possuidor direto como do indireto: 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, 
de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse 
contra o indireto. 
Existe, portanto, uma legitimidade concorrente disjuntiva, uma vez que a presença de 
qualquer um dos legitimados no polo ativo da demanda já é suficiente, de maneira que os dois 
também podem se unir para propor a demanda. 
No entanto, o simples detentor da coisa, que a ocupa por mera permissão ou tolerância do 
possuidor, não tem legitimidade para propor ação possessória, o mesmo ocorrendo com o sujeito 
que conserva a posse da coisa sob ordens ou instruções do possuidor. Ex.: caseiro. 
Há, contudo, precedentes do STJ no sentido de entender como legitimado ativo invasor de 
terra pública contra outros particulares (que invadiram posteriormente a mesma terra pública), 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 53 
 
 
 
porque reconhece que, nesse caso, o animus domini é evidente, apesar de ser juridicamente 
infrutífero. Nesse sentido: 
PROCESSUAL CIVIL. ÁREAS PÚBLICAS DISPUTADAS ENTRE 
PARTICULARES. POSSIBILIDADE DO SOCORRO ÀS DEMANDAS 
POSSESSÓRIAS. 1. A ocupação de área pública, sem autorização expressa e 
legítima do titular do domínio, não pode ser confundida com a mera detenção. 
2. Aquele que invade terras e nela constrói sua moradia jamais exercerá 
a posse em nome alheio. Não há entre ele e o proprietário ou quem assim 
possa ser qualificado como o que ostenta jus possidendi uma relação de 
dependência ou subordinação. 3. Ainda que a posse não possa ser oposta 
ao ente público senhor da propriedade do bem, ela pode ser oposta 
contra outros particulares, tornando admissíveis as ações possessórias 
entre invasores. 4. Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 1484304 DF 
2014/0252641-1, Relator: Ministro MOURA RIBEIRO, Data de Julgamento: 
10/03/2016, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/03/2016). 
Isto posto, para o Tribunal Superior, o invasor de terra pública anterior tem direito a requerer 
a posse do invasor posterior. 
Além disso, o STJ também possui precedente que reconhece a possibilidade de cabimento 
de ação possessória entre particulares sobre bens públicos dominicais (de uso comum do povo): 
[...]. 6. O Código Civil de 2002 adotou o conceito de posse de Ihering, segundo 
o qual a posse e a detenção distinguem-se em razão da proteção jurídica 
conferida à primeira e expressamente excluída para a segunda. 7. 
Diferentemente do que ocorre com a situação de fato existente sobre 
bens públicos dominicais - sobre os quais o exercício de determinados 
poderes ocorre a pretexto de mera detenção -, é possível a posse de 
particulares sobre bens públicos de uso comum, a qual, inclusive, é 
exercida coletivamente, como composse. 8. Estando presentes a 
possibilidade de configuração de posse sobre bens públicos de uso 
comum e a possibilidade de as autoras serem titulares desse direito, deve 
ser reconhecido o preenchimento das condições da ação. 9. Recurso 
especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. (STJ - REsp: 
1582176 MG 2012/0031046-3, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de 
Julgamento: 20/09/2016, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 
30/09/2016 RJTJRS vol. 302 p. 157 RJTJRS vol. 303 p. 109 RT vol. 975 p. 
541). 
Para melhor compreensão, imagina-se que um particular utiliza frequentemente um bem 
público dominical de uso comum (ex.: praça). Todos os dias o indivíduo comparece à praça. Certo 
dia, quando o particular chegou na praça, percebeu que ela havia sido invadida por um grupo, que 
se apossou da área. Segundo o STJ, esse particular (frequentador habitual da praça) tem 
legitimidade ativa para ingressar com ação de reintegração de posse em face dos invasores da 
praça. 
O polo passivo é o sujeito responsável pelo ato de moléstia/violação à posse. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 54 
 
 
 
Ocorre que quando o ato de moléstia à posse é praticado por multidão de pessoas, a natural 
dificuldade e/ou impossibilidade de se individualizar todos os agressores à posse faz com que a 
demanda seja proposta contra réus incertos. 
Há, portanto, uma multidão de pessoas legitimadas a compor o polo passivo da demanda 
(litisconsórcio necessário), em que se sabe quem são os réus, mas não é possível indicá-los. Sobre 
o tema, importante visualizar o disposto no art. 554 do CPC: 
Art. 554, § 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo 
grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes 
que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, 
determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver 
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará 
os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem 
encontrados. 
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da 
ação prevista no § 1º e dos respectivos prazos processuais,podendo, para 
tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes 
na região do conflito e de outros meios. 
Por fim, no que se refere aos cônjuges e companheiros, apesar de o art. 47 do CPC 
reconhecer a natureza de direito real do direito possessório, o art. 73, § 2º do CPC, tem tratamento 
expresso a respeito do litisconsórcio entre eles nas ações possessórias. De acordo com o referido 
dispositivo, o litisconsórcio somente necessário nas hipóteses de composse ou de ato praticado por 
ambos, in verbis: 
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que 
verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de 
separação absoluta de bens. 
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu 
somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por 
ambos praticado. 
4.6. EXCEÇÃO DE DOMÍNIO 
Segundo o art. 557, caput, do CPC, na pendência de ação possessória, é vedado, tanto ao 
autor como ao réu dessa demanda, propor ação petitória na qual se discute a propriedade do bem 
cuja posse já se discute na ação possessória, exceto se a pretensão for deduzida em face de 
terceira pessoa: 
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto 
ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for 
deduzida em face de terceira pessoa. 
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a 
alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa. 
Ex.: se João e Maria estão envolvidos em uma ação possessória, eles não podem (um contra 
o outro) propor uma ação reivindicatória sobre o mesmo bem enquanto durar a ação possessória. 
É possível, no entanto, que João discuta com José (terceiro). 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 55 
 
 
 
Ressalta-se, nesse liame, que parte da doutrina defende que a referida disposição normativa 
não retira da parte o direito de ação, atuando a ação possessória como uma condição suspensiva 
do exercício desse direito. 
Sendo a posse um direito autônomo, distinto da propriedade, podendo ser inclusive oposto 
contra o próprio proprietário, a vedação legal imposta pelo art. 557 do CPC busca proteger o 
possuidor contra o proprietário que esbulha, turba ou ameaça molestar sua posse. No mesmo 
sentido é a previsão do art. 1210, § 2º, do Código Civil, que prevê não obstar a reintegração ou 
manutenção a alegação em sede de defesa do direito de propriedade: 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver 
justo receio de ser molestado. 
2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de 
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 
Significa, portanto, que no âmbito das ações possessórias, o réu não poderá alegar em sua 
defesa a propriedade sobre o bem, porque se assim não fosse, todo proprietário poderia tomar para 
si a posse, ainda que de forma ilegítima, alegando em ação judicial ser o proprietário e por isso 
fazer jus à principal consequência jurídica desse direito, que é a posse. Ex.: locador que, sabendo 
que o locatário saiu para viajar no final de semana, retoma de forma ilegal a posse do imóvel. 
Ressalta-se, entretanto, que nas ações em que as partes disputam a posse com base na 
alegação de propriedade, ou seja, quando ambas as partes se valem do argumento de que são 
proprietárias para daí terem direito à posse, será não só permitida, mas como necessária, a 
discussão a respeito do direito de propriedade. Todavia, Daniel Assumpção alerta que é preciso ter 
cuidado na análise de tais ações, porque a jurisprudência dos Tribunais Superiores aponta para a 
sua natureza de ação possessória, abrindo-se uma exceção à proibição da “exceção de domínio” 
como matéria defensiva: 
Súmula 487 do STF: Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o 
domínio, se com base neste for ela disputada. 
RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - 
ALEGAÇÃO DE DOMÍNIO - INOCORRÊNCIA DAS EXCEÇÕES ADMITIDAS 
- IMPOSSIBILIDADE - REEXAME DE PROVAS - INVIABILIDADE - SÚMULA 
7/STJ. 1. A teor da jurisprudência desta Corte, em se tratando de ação 
possessória, descabe discussão sobre domínio, exceto se os litigantes 
disputam a posse alegando propriedade ou quando duvidosas ambas as 
posses suscitadas. Inocorre, no caso, ambas as hipóteses. Assim, 
incensurável o v. acórdão que julga carecedor de ação - por falta de adequação 
do pedido autoral à providência requerida - o proprietário que invoca a proteção 
possessória fundada em título dominial. 2. De outro lado, a pretensão do 
recorrente de reexame das provas, sob o argumento de não terem sido 
devidamente analisadas pelas instâncias ordinárias, encontra óbice na Súmula 
7/STJ. 3. Recurso não conhecido. (STJ - REsp: 755861 SE 2005/0089953-0, 
Relator: Ministro JORGE SCARTEZZINI, Data de Julgamento: 16/08/2005, T4 
- QUARTA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 05/09/2005 p. 434). 
Salienta-se, contudo, que os doutrinadores Nery, Câmara e Humberto Theodoro Junior 
apontam para a natureza real de tais ações (ação petitória), nas quais a disputa da posse se dá 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 56 
 
 
 
com base no domínio, sendo por essa razão cabível decidir em dar a posse à parte que demonstrar 
ser o proprietário. 
4.7. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS 
Estabelece o art. 555 do CPC que: 
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I - condenação em perdas e danos; 
II - indenização dos frutos. 
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida 
necessária e adequada para: 
I - evitar nova turbação ou esbulho; 
II - cumprir-se a tutela provisória ou final. 
O pedido de condenação por perdas e danos deve estar amparado em fundamentação 
suficiente que demonstre as razões pelas quais o autor entende devidas tais verbas. A indenização 
não é consequência natural do acolhimento do pedido de proteção possessória, de forma que se 
exige do autor a narração da causa de pedir própria do pedido de indenização. 
No inciso II está previsto entre os pedidos cumuláveis com o pedido possessório a 
indenização de frutos, hipótese aplicável para a situação de o bem gerar frutos que sejam 
apossados pelo agressor possessório. 
No que se refere às disposições do parágrafo único, tem-se que as medidas necessárias e 
adequadas que dependem de pedido do autor para serem concedidas são voltadas a evitar uma 
nova agressão possessória, porque para aquela versada na própria ação possessória tais medidas 
serão aplicadas de ofício pelo juiz para efetivar sua decisão, provisória ou definitiva. Assim, as 
medidas adequadas que dependem de pedido expresso do autor não têm como objetivo pressionar 
psicologicamente o réu a cumprir a obrigação reconhecida em sentença, mas sim convencê-lo a 
não praticar novos atos de agressão possessória. 
4.8. PROCEDIMENTO 
4.8.1. Reintegração e manutenção de posse 
O procedimento da reintegração e manutenção de posse está disposto nos arts. 560 a 566 
do CPC, in verbis: 
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 
turbação e reintegrado em caso de esbulho. 
Art. 561. Incumbe ao autor provar: 
I - a sua posse; 
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; 
III - a data da turbação ou do esbulho; 
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a 
perda da posse, na ação de reintegração. 
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem 
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de 
 
 
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reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o 
alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. 
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será 
deferida a manutenção ou a reintegraçãoliminar sem prévia audiência dos 
respectivos representantes judiciais. 
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir 
mandado de manutenção ou de reintegração. 
Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de 
reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a 
citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) 
dias. 
Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para 
contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida 
liminar. 
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a 
turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o 
juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá 
designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que 
observará o disposto nos §§ 2º e 4º. 
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, 
a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de 
mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo. 
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a 
Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de 
gratuidade da justiça. 
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença 
se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional. 
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da 
União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área 
objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se 
manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de 
possibilidade de solução para o conflito possessório. 
§ 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel. 
Art. 566. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum. 
Trata-se de procedimento especial que somente ocorrerá quando se estiver diante da posse 
nova (agressão recente, cujo ato de violação à posse ocorreu a menos de ano e dia da propositura 
da ação) de bens imóveis. Assim, em se tratando de posse velha, seguirá o procedimento comum. 
Obs.: Daniel Assumpção afirma que é um falso procedimento 
especial, pois a partir da decisão liminar, o procedimento especial 
transforma-se no procedimento comum, conforme estabelecido pelo 
art. 566 do CPC. 
No que se refere à previsão de liminar, trata-se de uma tutela de evidência (provisória e 
satisfativa) e, nos termos do art. 561 do CPC, incumbe ao autor provar: 
1) Sua posse; 
2) A turbação ou esbulho praticado pelo réu; 
3) A data do ato de agressão à posse; 
 
 
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4) Continuação da posse turbada ou perda da posse esbulhada. 
Além disso, a petição inicial deve estar devidamente instruída com prova (pré-constituída) 
documental ou documentada. 
Assim sendo, constata-se que a liminar será concedida sempre que 2 requisitos forem 
preenchidos no caso concreto, sendo dispensada no caso concreto a demonstração de periculum 
in mora: 
1) Demonstração de que o ato de agressão à posse deu-se há menos de ano e dia; 
2) Instrução da petição inicial que, em cognição sumária do juiz, permita a formação de 
convencimento de que há probabilidade de o autor ter direito à tutela jurisdicional. 
Ressalta-se que em caso de posse velha (que segue o procedimento comum), cabe tutela 
antecipada, de acordo com posicionamento do STJ: 
Ação de reintegração de posse. Tutela antecipada. 1. Embora possível, a 
tutela antecipada em ação de reintegração de posse deve ser indeferida 
quando as circunstâncias do caso concreto indicam que não estão preenchidos 
todos os requisitos do art. 273 do Código de Processo Civil, levando-se em 
consideração a situação do detentor da coisa. 2. Recurso especial não 
conhecido. (STJ - REsp: 555027 MG 2003/0094211-9, Relator: Ministro 
CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, Data de Julgamento: 27/04/2004, 
T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 07/06/2004 p. 223). 
Em continuidade, segundo o art. 562 do CPC, não estando a petição inicial devidamente 
instruída, o juiz poderá designar audiência de justificação prévia, com a devida citação do réu para 
comparecer à referida audiência, in verbis: 
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem 
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de 
reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique 
previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que 
for designada. 
É importante salientar que a designação da audiência de justificação prévia independe de 
pedido expresso do autor e ocorre com a objetivo de produção de provas, a fim de que o juiz, na 
situação de dúvida sobre a concessão da liminar, possa ouvir testemunhas do autor e afastar o 
estado de incerteza. 
Ressalta-se que o réu, por meio de advogado, pode participar ativamente na oitiva das 
testemunhas do autor (contraditar, fazer perguntas), mas não poderá arrolar/levar testemunhas, 
conforme posicionamento de Marcato e Marinoni. 
Realizada a audiência de justificação prévia, o juiz poderá ou não conceder a liminar 
requerida pelo autor. Havendo a concessão da liminar, o réu será intimado na própria audiência, 
ainda que não se encontre presente e nem se faça presente por advogado devidamente constituído. 
Como previsto no art. 564 do CPC, independentemente da concessão da liminar, o réu será 
intimado em audiência para se defender no prazo legal, desde que a decisão sobre a liminar seja 
 
 
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proferida na audiência. Pode o juiz chamar os autos a conclusão e proferir decisão em cartório, 
hipótese na qual o réu será devidamente intimado. 
Desse modo, considerando que o réu será intimado em audiência para se defender no prazo 
legal, infere-se que a ausência de intimação é causa de nulidade, não se considerando iniciado o 
prazo de resposta do réu, de acordo com posicionamento do STJ: 
AÇÃO REINTEGRATÓRIA DE POSSE. AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO. 
PRAZO PARA CONTESTAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 930, 
PARÁGRAFO ÚNICO DO CPC. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. A ciência 
que se dá ao réu acerca da audiência de justificação, prevista no artigo 928, 
não corresponde a citação para os fins do artigo 213 do CPC, mas 
chamamento para acompanhar a assentada de justificação. 2. Realizada a 
audiência de justificação, concedida ou não a liminar, o autor promoverá a 
citação do réu para contestar, sendo que o prazo só terá início a partir da 
juntada aos autos do mandado de intimação da decisão que deferir ou 
não a liminar, nos termos do artigo 930, parágrafo único do CPC. 
Precedentes desta Corte. 2. Recurso especial provido para anular a sentença 
e o acórdão. (STJ - REsp: 890598 RJ 2006/0213883-1, Relator: Ministro LUIS 
FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 23/11/2010, T4 - QUARTA TURMA, 
Data de Publicação: DJe 26/11/2010). 
Ante o exposto, segundo Daniel Assumpção, pode-se afirmar que a audiência de justificação 
funciona como termo inicial da contagem do prazo de 15 dias para apresentação de contestação 
pelo réu. 
Insta verificar, ainda, outra especialidade procedimental prevista no art. 562, parágrafo único 
do CPC. Trata-se da previsão protetiva à Fazenda Pública, que determina a impossibilidade de 
concessão da liminar antes da oitiva das pessoas jurídicas de direito público: 
Art. 562, Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não 
será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia 
audiência dos respectivos representantes judiciais. 
Há, portanto, uma vedação à concessão de liminar inaudita altera pars. 
Conforme mencionado, o réu não será intimado para comparecer a audiência de conciliação 
prevista no art. 334 do CPC. Há uma citação para que o réu apresente contestação no prazo de 15 
dias: 
Art. 564. Concedido ou nãoo mandado liminar de manutenção ou de 
reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do 
réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. 
Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para 
contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida 
liminar. 
A partir da contestação, o procedimento será comum. Ressalta-se que para Daniel 
Assumpção, até mesmo a reconvenção é expressamente admitida, considerando que o art. 556 do 
CPC permite ao réu em sua própria contestação formular pedidos de proteção possessória e de 
indenização pelos prejuízos sofridos. 
 
 
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Outrossim, no art. 559 do CPC é mantida a exigência de caução – real ou fidejussória –
contida no revogado art. 925 do CPC/1973 caso o autor, provisoriamente reintegrado ou mantido 
na posse, careça de idoneidade financeira para responder às perdas e danos do réu caso a tutela 
provisória seja revogada e sua efetivação tenha gerado prejuízo ao réu. Todavia, a parte será 
liberada da prestação de caução se comprovar ser economicamente hipossuficiente. 
Por fim, é importante visualizar o que dispõe o CPC acerca da manutenção e da reintegração 
de posse no que tange ao litígio coletivo pela posse de imóvel, estando previsto no art. 565 do 
CPC: 
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a 
turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o 
juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá 
designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que 
observará o disposto nos §§ 2º e 4º. 
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, 
a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de 
mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo. 
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a 
Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de 
gratuidade da justiça. 
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua 
presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional. 
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da 
União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área 
objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se 
manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de 
possibilidade de solução para o conflito possessório. 
§ 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel. 
Daniel Assumpção defende que a liminar prevista no caput do art. 565 não é a liminar 
possessória, porque o esbulho ou turbação ocorrido há mais de ano e dia corresponde à posse 
velha. Trata-se, portanto, de tutela de urgência (e não de evidência, como no caso de posse nova), 
ocasião na qual o autor deverá comprovar a situação de periculum in mora. 
Se a liminar não for executada no prazo de 1 ano a contar da data de distribuição da 
demanda – independentemente do motivo (ex.: desídia do autor, imposição de dificuldades pelo 
réu) – o juiz designará audiência de mediação. 
Nesse caso, proceder-se-á com a intimação do Ministério Público para comparecer à 
audiência e, havendo parte beneficiária da gratuidade da justiça, da Defensoria Pública. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(DPE-PA - Defensor - CESPE - 2022): De acordo com as regras 
procedimentais estabelecidas no Código de Processo Civil para as ações 
possessórias coletivas de força velha, será obrigatória a designação de 
audiência de mediação, no prazo indicado em lei, antes da apreciação de 
pedido de concessão de medida liminar. Correto. 
 
 
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4.8.2. Interdito proibitório 
A ação de interdito proibitório possui natureza inibitória, uma vez que visa evitar que a 
ameaça de agressão à posse se concretize, isto é, objetiva-se evitar a prática do ato ilícito 
consubstanciado no esbulho ou na turbação possessória. 
Ressalta-se que há aplicação subsidiária dos regramentos procedimentais das ações de 
reintegração e manutenção de posse, com base no art. 568 do CPC: 
Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo. 
É natural que exista pedido de proteção liminar no interdito proibitório, considerando que a 
sua própria razão de ser é a existência de um perigo iminente de moléstia à posse. Caberá ao juiz 
concedê-lo – com ou sem justificação prévia, conforme o caso – desde que o autor consiga 
comprovar sumariamente a efetiva e real ameaça de que sua posse corre risco de ser esbulhada 
ou turbada. 
Isto posto, Daniel Assumpção afirma que a liminar em sede de interdito proibitório também 
se utiliza do art. 561 do CPC, tratando-se, pois, de uma tutela de evidência. No entanto, os requisitos 
para concessão da tutela devem ser adaptados (ex.: evidenciar a ameaça de agressão à posse, 
mediante a narrativa adequada), em que pese não seja preciso comprovar o periculum in mora. 
Evidencia-se, por fim, que o art. 567 do CPC traz uma previsão de multa cominatória ao réu 
no âmbito da ação de interdito proibitório: 
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado 
na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho 
iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu 
determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. 
Trata-se de medida de execução indireta (astreintes). 
5. AÇÃO DE DEMARCAÇÃO E DIVISÃO DE TERRAS PARTICULARES 
5.1. INTRODUÇÃO 
É importante frisar, a priori, que a divisão e demarcação de terras públicas seguem o 
procedimento da ação discriminatória, prevista na Lei 6.383/1976. 
Ressalta-se que mesmo diante de um conflito tipicamente resolvido pela ação de divisão e 
da demarcação de terras particulares nem sempre será necessária a propositura de ação judicial. 
Nos termos do art. 571 do CPC, a demarcação e a divisão poderão ser realizadas por escritura 
pública, desde que maiores, capazes e concordes todos os interessados, observando-se, no que 
couber, os dispositivos procedimentais referentes à matéria previstos no diploma processual. Ex.: 
irmãos que são coproprietários de uma fazenda e desejam delimitar a área específica que cada um 
possui. 
 
 
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Há, entretanto, tutelas jurisdicionais distintas para o procedimento de divisão e o 
procedimento de remarcação, segundo o art. 569 do CPC: 
1) Cabe ação de demarcação ao proprietário para obrigar o confinante (proprietário da 
área vizinha) a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou 
aviventado-se os já apagados. Ex.: existe dúvida a respeito dos limites entre uma área 
e outra; 
2) Cabe a ação de divisão ao condômino para obrigar os demais consortes a partilhar o 
bem comum. 
Em ambos os casos se tem um processo de conhecimento com procedimento especial que 
veicula pretensão de direito real, e sendo o direito de dividir e demarcar potestativo, o que afasta a 
aplicação de prazos prescricionais para as demandas ora analisadas, e não havendo em lei prazo 
decadencial, a qualquer momento poderá a parte interessada ingressar com a ação de divisão e 
demarcação de terras. 
A ação de divisão e demarcação de terras tem natureza dúplice, porque, 
independentemente de pedido do réu nesse sentido, o resultado do processo lhe será favorável se 
suas alegações defensivas, contidas na contestação, forem acolhidas pelo juiz. 
É importante evidenciar, em continuidade, que a ação demarcatória não se confunde com a 
ação reivindicatória. Ao passo que na ação reivindicatória o autor tem certeza da extensão daquilo 
que se reivindica, na ação demarcatória a certeza da extensão somente é obtida por meio de 
sentença. 
No mesmo sentido, também se distinguem a ação possessóriae a ação demarcatória, eis 
que possuem natureza distintas. A ação possessória, como o próprio nome evidencia, discute a 
posse. A ação demarcatória, por outro lado, tutela a propriedade. 
O art. 570 do CPC dispõe sobre a eventualidade da cumulação dos 2 pedidos das ações, 
de demarcação e de divisão, pelo autor: 
Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-se 
primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os 
confinantes e os condôminos. 
Conforme apontado no dispositivo acima, ocorre antes a demarcação e depois a divisão. 
Para Daniel Assumpção, trata-se, na realidade, de cumulação de procedimentos em caráter 
sucessivo em um mesmo processo, e não propriamente uma cumulação de pedidos. 
5.2. PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE DEMARCAÇÃO 
O procedimento da ação de demarcação está disposto nos arts. 574 a 587 do CPC. 
Segundo o art. 575 do CPC, qualquer condômino é parte legítima para promover a 
demarcação do imóvel comum, requerendo a intimação dos demais para, querendo, intervir no 
processo. Assim, pode-se afirmar que a legitimidade ativa é do proprietário da área que busca a 
demarcação. 
 
 
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A competência absoluta é do foro do local do imóvel, nos termos do art. 47 do CPC: 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o 
foro de situação da coisa. 
A petição inicial deve seguir os arts. 319 e 320 do CPC. 
O art. 574 do CPC prevê, ainda, os documentos indispensáveis à propositura da demanda 
– os títulos de propriedade – que demonstram a legitimidade ativa do autor (condição da ação): 
Art. 574. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-
se-á o imóvel pela situação e pela denominação, descrever-se-ão os limites 
por constituir, aviventar ou renovar e nomear-se-ão todos os confinantes da 
linha demarcanda. 
Conforme supramencionado, como causa de pedir, na elaboração da peça inicial, o autor 
deve: 
1) Indicar a situação e denominação do imóvel; 
2) Descrever os limites por construir, aviventar ou renovar; 
3) Nomear todos os confinantes (réus) da linha demarcanda. 
O revogado art. 953 do CPC/1973 previa que os réus que fossem residentes na comarca na 
qual tramitava o processo seriam citados pessoalmente, ao passo que os réus residentes nas 
demais comarcas seriam citados por edital. Atualmente, a citação, de acordo com o art. 576 do 
CPC, ocorre preferencialmente pelos correios (mas pode ser por oficial de justiça, por exemplo) ou 
edital, no caso do art. 259, III, parágrafo único, do CPC. Assim segue: 
Art. 576. A citação dos réus será feita por correio, observado o disposto no art. 
247. 
Parágrafo único. Será publicado edital, nos termos do inciso III do art. 259. 
O prazo comum de contestação é de 15 dias, não incidindo no caso o art. 229 do CPC (prazo 
em dobro, desde que atendidos os requisitos), de acordo com o art. 577 do mesmo dispositivo: 
Art. 577. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 15 (quinze) dias 
para contestar. 
 
Obs.: não cabe alegação de incompetência relativa em sede de 
contestação em razão da natureza absoluta da competência de foro. 
No que se refere à reconvenção, Daniel Assumpção defende que para o pedido 
demarcatório não cabe reconvenção em razão da nítida e indiscutível natureza dúplice dessa ação, 
mas a reconvenção é admissível caso o réu pretenda cumular pedidos de proteção possessória e 
de indenização por perdas e danos, por uma questão de isonomia, uma vez que é possível ao autor 
promover tais pedidos. Entretanto, Marinoni e Marcato são contra, pois entendem pelo não 
cabimento da reconvenção. 
 
 
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Após a contestação, o processo seguirá o procedimento comum, conforme preconizado pelo 
art. 578 do CPC: 
Art. 578. Após o prazo de resposta do réu, observar-se-á o procedimento 
comum. 
Em razão da necessidade de instrução probatória, antes da prolação da sentença, haverá 
nomeação pelo juiz de um ou mais peritos, a fim de realizar o traçado da linha demarcanda, ocasião 
na qual deverá(ão) apresentar(em) um laudo pericial, nos termos do art. 580 do CPC: 
Art. 580. Concluídos os estudos, os peritos apresentarão minucioso laudo 
sobre o traçado da linha demarcanda, considerando os títulos, os marcos, os 
rumos, a fama da vizinhança, as informações de antigos moradores do lugar e 
outros elementos que coligirem. 
Após essa fase probatória pericial, o juiz sentenciará a demanda, sendo que na sentença de 
procedência determinará o traçado da linha demarcanda, nos termos do art. 581 do CPC, além de 
condenar o réu ao pagamento dos honorários advocatícios e custas processuais, o que também 
fará na hipótese de sentença de improcedência. O parágrafo único do dispositivo legal prevê que a 
sentença proferida na ação demarcatória determinará a restituição da área invadida, se houver (e 
caso não tenha sido determinada através de liminar), declarando o domínio ou a posse do 
prejudicado, ou ambos. 
Havendo o trânsito em julgado da decisão, dá-se início à segunda fase do processo, por 
meio da qual será efetivado concretamente o direito reconhecido em sentença, prevendo os arts. 
582 a 587 do CPC a forma dos atos a serem praticados pelo perito e juiz no caso concreto: 
Art. 582. Transitada em julgado a sentença, o perito efetuará a demarcação 
e colocará os marcos necessários. 
Parágrafo único. Todas as operações serão consignadas em planta e 
memorial descritivo com as referências convenientes para a 
identificação, em qualquer tempo, dos pontos assinalados, observada a 
legislação especial que dispõe sobre a identificação do imóvel rural. 
 
 Art. 583. As plantas serão acompanhadas das cadernetas de operações 
de campo e do memorial descritivo, que conterá: 
I - o ponto de partida, os rumos seguidos e a aviventação dos antigos com os 
respectivos cálculos; 
II - os acidentes encontrados, as cercas, os valos, os marcos antigos, os 
córregos, os rios, as lagoas e outros; 
III - a indicação minuciosa dos novos marcos cravados, dos antigos 
aproveitados, das culturas existentes e da sua produção anual; 
IV - a composição geológica dos terrenos, bem como a qualidade e a extensão 
dos campos, das matas e das capoeiras; 
V - as vias de comunicação; 
VI - as distâncias a pontos de referência, tais como rodovias federais e 
estaduais, ferrovias, portos, aglomerações urbanas e polos comerciais; 
VII - a indicação de tudo o mais que for útil para o levantamento da linha ou 
para a identificação da linha já levantada. 
 
 
 
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Art. 584. É obrigatória a colocação de marcos tanto na estação inicial, dita 
marco primordial, quanto nos vértices dos ângulos, salvo se algum desses 
últimos pontos for assinalado por acidentes naturais de difícil remoção ou 
destruição. 
 
Art. 585. A linha será percorrida pelos peritos, que examinarão os marcos 
e os rumos, consignando em relatório escrito a exatidão do memorial e da 
planta apresentados pelo agrimensor ou as divergências porventura 
encontradas. 
 
 Art. 586. Juntado aos autos o relatório dos peritos, o juiz determinará que as 
partes se manifestem sobre ele no prazo comum de 15 (quinze) dias. 
Parágrafo único. Executadas as correções e as retificações que o juiz 
determinar, lavrar-se-á, em seguida, o auto de demarcação em que os limites 
demarcandos serão minuciosamente descritos de acordo com o memorial e a 
planta. 
 
 Art. 587. Assinado o auto pelo juiz e pelos peritos, será proferida a sentença 
homologatória da demarcação. 
Após a realização dos trabalhos, o perito apresentará um lado, que será assinado pelo juiz, 
momento no qual este proferirá a sentença homologatória da demarcação. Há, portanto, 2 
sentenças dividindo as especialidades procedimentais na ação de demarcação de terras 
particulares. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-AP- Juiz - FGV - 2022): João, pretendendo aviventar a linha divisória entre 
o terreno de sua propriedade e o de seu confinante José, uma vez que esta foi 
apagada por causa de uma enchente, propôs ação de demarcação de terras, 
cujo procedimento é bifásico, com o objetivo de restaurar a linha original entre 
os imóveis. Caso o julgador entenda que assiste razão ao requerente, agirá 
corretamente se prolatar sentença de procedência, sujeita ao recurso de 
apelação. Após, com o trânsito em julgado, se inicia a segunda fase do 
procedimento, que 
5.3. PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE DIVISÃO 
A ação de divisão está prevista nos arts. 588 a 598 do CPC, havendo aplicação subsidiária 
dos arts. 575 a 587 do mesmo dispositivo normativo, conforme expressamente previsto no art. 598 
do CPC. 
A legitimidade é do condômino, tanto no polo ativo quando no polo passivo. 
Assim como na ação de demarcação, a petição inicial deve seguir os parâmetros dos arts. 
319 e 320 do CPC. Todavia, o art. 588, caput, do CPC prevê como documento indispensável à 
instrução da petição inicial os títulos de propriedade do autor, exigindo em seus incisos que a petição 
inicial contenha em sua causa de pedir: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 66 
 
 
 
1) A indicação da origem da comunhão e a denominação, a situação, os limites e as 
características do imóvel cuja propriedade se pretende dividir; 
2) O nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os condôminos, 
especificando-se os estabelecidos no imóvel com benfeitorias e culturas; 
Trata-se de repetição incompleta do art. 319, II, do CPC, que deve ser aplicado 
subsidiariamente, exigindo-se do autor a indicação do estado civil dos réus, porque, tratando-se de 
ação de direito real, o réu casado será demandado em litisconsórcio necessário com seu cônjuge. 
3) As benfeitorias comuns. 
Em continuidade, de acordo com o art. 589 do CPC, a citação do réu deve seguir os 
parâmetros dispostos no art. 576 do CPC (preferencialmente pelos correios). Também há prazo 
comum de 15 dias para apresentação de defesa. 
A partir do referimento momento, o processo seguirá conforme o procedimento comum, nos 
termos do art. 578 do CPC. 
Sendo julgado procedente o processo, tem-se início à segunda fase do processo, que possui 
natureza executiva, consoante Daniel Assumpção – uma vez que ocorrem os atos de efetivação da 
decisão que determinou a divisão – estando o procedimento da segunda fase disposto nos arts. 590 
a 597 do CPC. 
A doutrina majoritária, no entanto, defende que a segunda fase do processo de divisão segue 
o procedimento comum. Nesse sentido, a sentença de procedência, para essa parte da doutrina, 
tem natureza constitutiva. 
Nos termos do art. 590, caput, do CPC, o juiz nomeará um ou mais peritos para promover a 
medição do imóvel e as operações de divisão. O parágrafo único do dispositivo legal prevê que o 
perito deverá indicar as vias de comunicação existentes, as construções e as benfeitorias, com a 
indicação dos seus valores e dos respectivos proprietários e ocupantes, as águas principais que 
banham o imóvel e quaisquer outras informações que possam concorrer para facilitar a partilha. 
Obs.: o CPC de 1973 não trazia a previsão de perito, mas sim de 
arbitrador e agrimensor. 
Em seguida, os peritos proporão em laudo fundamentado a forma de divisão, atendendo às 
especificidades elencadas no art. 595 do CPC: 
Art. 595. Os peritos proporão, em laudo fundamentado, a forma da divisão, 
devendo consultar, quanto possível, a comodidade das partes, respeitar, 
para adjudicação a cada condômino, a preferência dos terrenos 
contíguos às suas residências e benfeitorias e evitar o retalhamento dos 
quinhões em glebas separadas. 
Após apresentação do laudo, haverá oitiva das partes no prazo de 15 dias sobre o cálculo e 
o plano de partilha, em conformidade com o art. 596, caput, do CPC. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 67 
 
 
 
Obs.: no que se refere ao cálculo, este pode se fazer necessário em 
virtude de eventuais adequações a serem realizadas. Ex.: é possível 
que um condômino tenha que pagar a outro determinada quantia com 
o fim de fazer um balanceamento equalitário sobre a perspectiva 
econômica do bem dividido. 
Em sequência, o juiz deliberará sobre a partilha. Trata-se de uma decisão interlocutória de 
mérito (recorrível, portanto, por agravo de instrumento), conforme expresso no parágrafo único do 
art. 596 do CPC: 
Art. 596. Ouvidas as partes, no prazo comum de 15 (quinze) dias, sobre o 
cálculo e o plano da divisão, o juiz deliberará a partilha. 
Parágrafo único. Em cumprimento dessa decisão, o perito procederá à 
demarcação dos quinhões, observando, além do disposto nos arts. 584 e 585, 
as seguintes regras: 
Após a deliberação judicial, o perito procederá com a demarcação dos quinhões, observados 
os requisitos dos incisos do parágrafo único do art. 596 do CPC, quais sejam: 
1) As benfeitorias comuns que não comportarem divisão cômoda serão adjudicadas a um 
dos condôminos mediante compensação; 
2) Instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis em favor de uns quinhões sobre 
os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de 
servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente; 
3) As benfeitorias particulares dos condôminos que excederem à área a que têm direito 
serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição; 
4) Se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e as reposições serão feitas 
em dinheiro. 
Finalizada a demarcação, o perito organizará o memorial descritivo, nos termos do art. 597 
do CPC: 
Art. 597. Terminados os trabalhos e desenhados na planta os quinhões e as 
servidões aparentes, o perito organizará o memorial descritivo. 
Por fim, com a assinatura do auto de divisão – que deve seguir os requisitos formais previstos 
no § 3° do art. 597 do CPC – pelo juiz e pelo perito, que será acompanhado de uma folha de 
pagamento para cada condômino, será proferida a sentença homologatória da divisão. 
6. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE 
6.1. CABIMENTO 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 68 
 
 
 
De acordo com Daniel Assumpção, a dissolução parcial da sociedade é gerada por qualquer 
ocorrência que leve a uma extinção parcial do contrato de sociedade. Há, portanto, uma alteração 
da estrutura societária que decorre da “saída” de um sócio. 
Na dissolução parcial da sociedade haverá a ruptura de apenas uma parcela dos vínculos 
societários, de forma que resolvida a crise jurídica, a sociedade continua a existir. Diferentemente 
do que ocorre na dissolução total, na qual todos esses laços são rompidos e a sociedade é extinta. 
Nesse caso, o procedimento a ser observado será o comum. 
Frisa-se, a priori, que a extinção parcial do contrato de sociedade empresária pode ocorrer 
em razão das seguintes hipóteses: 
1) Falecimento do sócio; 
2) Exclusão do sócio; 
3) Exercício do direito de retirada ou recesso do sócio. 
No que se refere à sociedade anônima de capital fechado, ressalta-se que quando 
demonstrado, por acionista ou acionistas que representem 5% ou mais do capital social, que a 
sociedade anônima não pode preencher o seu fim, é possível o ajuizamento de uma ação de 
dissolução parcial de sociedade, consoante o art. 206, II, b, da Lei das Sociedades Anônimas, bem 
como o art. 599, § 2º do CPC: 
Art. 599, § 2º A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também por 
objeto a sociedade anônima de capital fechado quando demonstrado, por 
acionista ou acionistas que representem cinco por cento ou mais do capital 
social, que não pode preencher o seu fim. 
Ademais, o STJ já admitia a ação de dissolução parcial de sociedade nas sociedades 
anônimas familiares em que a pessoa do sócio é essencial, quando rompido o affectio societatis: 
 
[...]. III - É inquestionável que as sociedades anônimas são sociedades de 
capital(intuito pecuniae), próprio às grandes empresas, em que a pessoa dos 
sócios não têm papel preponderante. Contudo, a realidade da economia 
brasileira revela a existência, em sua grande maioria, de sociedades anônimas 
de médio e pequeno porte, em regra, de capital fechado, que concentram na 
pessoa de seus sócios um de seus elementos preponderantes, como sói 
acontecer com as sociedades ditas familiares, cujas ações circulam entre os 
seus membros, e que são, por isso, constituídas intuito personae. Nelas, o fator 
dominante em sua formação é a afinidade e identificação pessoal entre os 
acionistas, marcadas pela confiança mútua. Em tais circunstâncias, muitas 
vezes, o que se tem, na prática, é uma sociedade limitada travestida de 
sociedade anônima, sendo, por conseguinte, equivocado querer generalizar as 
sociedades anônimas em um único grupo, com características rígidas e bem 
definidas. Em casos que tais, porquanto reconhecida a existência da 
affectio societatis como fator preponderante na constituição da empresa, 
não pode tal circunstância ser desconsiderada por ocasião de sua 
dissolução. Do contrário, e de que é exemplo a hipótese em tela, a ruptura 
da affectio societatis representa verdadeiro impedimento a que a 
companhia continue a realizar o seu fim, com a obtenção de lucros e 
distribuição de dividendos, em consonância com o artigo 206, II, b, da Lei 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 69 
 
 
 
nº 6.404/76, já que dificilmente pode prosperar uma sociedade em que a 
confiança, a harmonia, a fidelidade e o respeito mútuo entre os seus 
sócios tenham sido rompidos. A regra da dissolução total, nessas hipóteses, 
em nada aproveitaria aos valores sociais envolvidos, no que diz respeito à 
preservação de empregos, arrecadação de tributos e desenvolvimento 
econômico do país. À luz de tais razões, o rigorismo legislativo deve ceder lugar 
ao princípio da preservação da empresa, preocupação, inclusive, da nova Lei 
de Falências - Lei nº 11.101/05, que substituiu o Decreto-lei nº 7.661/45, então 
vigente, devendo-se permitir, pois, a dissolução parcial, com a retirada dos 
sócios dissidentes, após a apuração de seus haveres em função do valor real 
do ativo e passivo. A solução é a que melhor concilia o interesse individual dos 
acionistas retirantes com o princípio da preservação da sociedade e sua 
utilidade social, para evitar a descontinuidade da empresa, que poderá 
prosseguir com os sócios remanescentes. Embargos de divergência 
improvidos, após rejeitadas as preliminares. (STJ - EREsp: 111294 PR 
2002/0100500-6, Relator: Ministro CASTRO FILHO, Data de Julgamento: 
28/06/2006, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 10/09/2007 p. 
183). 
 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE 
ANÔNIMA DE CARÁTER FAMILIAR E FECHADO. REQUISITO DA QUEBRA 
DA AFFECTIO SOCIETATIS AFIRMADO SUFICIENTE PELOS ACÓRDÃOS 
EXPOSTOS COMO PARADIGMAS. ACÓRDÃO EMBARGADO QUE JULGOU 
NO MESMO SENTIDO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 168/STJ. 1.- O Acórdão ora 
embargado, firmando, como único requisito à dissolução parcial da sociedade 
anônima familiar fechada a quebra da affectio societatis, julgou exatamente no 
mesmo sentido dos Acórdão invocados como paradigmas pretensamente 
divergentes, de modo que não cabem Embargos de Divergência, nos termos 
da Súmula 168/STJ. 2.- Subsistência da orientação constante do Acórdão 
embargado: "A 2ª Seção, quando do julgamento do EResp n. 111.294/PR (Rel. 
Min. Castro Filho, por maioria, DJU de 10.09.2007), adotou o entendimento de 
que é possível a dissolução de sociedade anônima familiar quando 
houver quebra da affectio societatis (EResp 419.174/SP, Rel. Min. ALDIR 
PASSARINHO, DJ 04.08.2008)". 3.- Embargos de divergência não conhecidos. 
(STJ - EREsp: 1079763 SP 2009/0213367-7, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, 
Data de Julgamento: 25/04/2012, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: 
DJe 06/09/2012). 
Não somente, o STJ também consolidou entendimento no sentido de que o simples 
rompimento da affectio societatis como causa de exclusão de sócio, por ser ato de extrema 
gravidade, exige não apenas sua alegação, mas a demonstração de uma justa causa, ou seja, de 
alguma violação grave dos deveres sociais imputável ao sócio que tenha acabado por gerar esse 
rompimento e, consequentemente, que justificasse a exclusão. Assim segue: 
 
CIVIL E COMERCIAL. RECURSO ESPECIAL. DISSOLUÇÃO PARCIAL 
DESOCIEDADE. EXCLUSÃO DE SÓCIO. QUEBRA DA AFFECTIO 
SOCIETATIS.INSUFICIÊNCIA. [...]. 5. Para exclusão judicial de sócio, não 
basta a alegação de quebrada affectio societatis, mas a demonstração de 
justa causa, ou seja, dos motivos que ocasionaram essa quebra. 6. 
Recurso especial a que se nega provimento. (STJ - REsp: 1129222 PR 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 70 
 
 
 
2009/0051257-8, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 
28/06/2011, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/08/2011). 
 
 Salienta-se, por fim, que a ação de dissolução parcial de sociedade não é ação necessária, 
porque é possível que haja ruptura parcial dos vínculos societários sem que seja proposta a ação 
ora analisada. 
 No caso de morte do sócio, há 3 situações previstas nos incisos do art. 1028 do Código Civil 
que dispensam a ação judicial: 
1) Se o contrato dispor pela não liquidação da quota do sócio falecido; 
2) Se os sócios remanescentes optarem pela dissolução total; 
3) Se os sócios remanescentes celebrarem acordo com os herdeiros para a substituição do 
sócio falecido. 
Outrossim, tratando-se de direito patrimonial disponível, as partes podem celebrar 
convenção de arbitragem para que a lide na qual estão ou estarão envolvidas seja resolvida sem a 
intervenção jurisdicional. 
6.2. PRETENSÕES VEICULÁVEIS 
De acordo com o art. 599, incisos I a III do CPC, há 2 pedidos formulados isoladamente ou 
em cumulação na ação de dissolução parcial de sociedade. São eles: 
1) A resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio falecido, 
excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; 
2) A apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada 
ou recesso; 
3) Somente a resolução ou a apuração de haveres. 
6.3. LEGITIMIDADE 
A legitimidade ativa está prevista no art. 600 do CPC, que estabelece que a ação de 
dissolução parcial de sociedade pode ser proposta: 
1) Em caso de falecimento do sócio: 
 
a) Pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na 
sociedade; 
b) Pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido; 
c) Pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou 
dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato 
social. 
Obs.: o cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união 
estável ou convivência terminou, poderá requerer a apuração de seus 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 71 
 
 
 
haveres na sociedade, que serão pagos à conta da quota social 
titulada por este sócio. 
2) Pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, 
pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, 
depois de transcorridos 10 dias do exercício do direito; 
3) Pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial (arts. 1030, 
1004 e 1085, todos do Código Civil); 
4) Pelo sócio excluído, em ação voltada a apuração de haveres, até porque se o sócio 
excluído quiser discutir a legalidade de sua exclusão deverá fazê-lo por processo que 
seguirá o rito comum. 
No que se refere à legitimidade passiva, tem-se que os sócios e a sociedade serão citados 
para, no prazo de 15 dias, concordarem com o pedido ou apresentarem contestação, nos termos 
do art. 601, caput, do CPC. 
Ressalta-se que a sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, mas ficará 
sujeita aos efeitos da decisãoe à coisa julgada, consoante previsto no parágrafo único do art. 601 
do CPC e com base no entendimento adotado pelo STJ: 
 
Art. 601. Os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de 15 (quinze) 
dias, concordar com o pedido ou apresentar contestação. 
Parágrafo único. A sociedade não será citada se todos os seus sócios o forem, 
mas ficará sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada. 
 
PROCESSUAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. SÓCIO. SOCIEDADE - 
AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL. CITAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. 
Acórdão que afirma serem inconfundíveis a pessoa do sócio e sociedade por 
ele integrada. Tal aresto não diverge de outro que, em ação de dissolução 
parcial de sociedade, dispensa a citação da pessoa jurídica, sob o 
fundamento de que todos seus sócios cotistas integraram o processo 
alcançou, na hipótese, o escopo visado pela citação da pessoa jurídica. 
(STJ - EREsp: 332650 RJ 2002/0119592-0, Relator: Ministro HUMBERTO 
GOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 07/05/2003, CE - CORTE 
ESPECIAL, Data de Publicação: --> DJ 09/06/2003 p. 165). 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
 
(TJ-SP - Juiz - VUNESP - 2021): Caio, Abel e Adão são os únicos sócios de 
uma sociedade anônima de capital fechado, detendo, respectivamente, 40%, 
30% e 30% das ações. Por entender que a sociedade não pode mais preencher 
o seu fim, Caio propõe ação de dissolução parcial de sociedade cumulada com 
apuração de haveres em face de Abel e Adão, não incluindo a sociedade. A 
demanda é julgada procedente e apurados os haveres em R$ 1.000.000,00. 
Considerando essa situação, é correto afirmar que apesar de não incluída no 
polo passivo a sociedade sofre os efeitos da decisão e da autoridade da coisa 
julgada. Correto. 
6.4. PROCEDIMENTO 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 72 
 
 
 
Reitera-se que o pedido de dissolução parcial de sociedade vem geralmente cumulado com 
pedido de apuração de haveres, de forma que o referido procedimento especial terá 2 fases 
procedimentais consecutivas: dissolução e apuração de haveres. As especialidades 
procedimentais, no entanto, estão reservadas à segunda fase procedimental. 
Nos termos do art. 599, § 1°, do CPC, a petição inicial será necessariamente instruída com 
o contrato social consolidado. Por analogia, no caso de sociedade de capital aberto, deve ser 
instruída a petição inicial com cópia do estatuto social. 
Realizadas as citações nos termos do art. 601 do CPC, é possível que exista manifestação 
expressa e unânime pela concordância da dissolução, hipótese descrita pelo art. 603, caput, do 
CPC. Nesse caso, o juiz decretará a dissolução, passando-se imediatamente à fase de liquidação. 
É possível, ainda, que a ação de dissolução parcial de sociedade não tenha pedido de 
apuração de haveres, hipótese em que a decisão do juiz decretando a dissolução terá natureza de 
sentença de mérito. 
Isto posto, verifica-se que a primeira fase da ação de dissolução parcial de sociedade será 
resolvida por uma sentença, recorrível através do recurso de apelação, conforme posicionamento 
do STJ: 
 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE. 
EXCLUSÃO DE SÓCIO. DECISÃO QUE HOMOLOGA TRANSAÇÃO. 
NATUREZA JURÍDICA DE SENTENÇA. RECURSO CABÍVEL. APELAÇÃO. 
ERRO GROSSEIRO. NÃO AUTORIZADA A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
FUNGIBILIDADE. 1. Ação ajuizada em 22/2/2012. Recurso especial interposto 
em 30/6/2020. Autos conclusos ao gabinete da Relatora em 28/7/2021. 2. O 
propósito recursal consiste em definir o recurso cabível contra decisão que, em 
ação de exclusão de sócio, homologa transação quanto à saída da sociedade 
e fixa critérios para apuração dos haveres. 3. Estando cumulados pedidos de 
dissolução parcial de sociedade e de apuração de haveres, a ação engloba 
duas fases distintas: na primeira, é apreciado se é o caso ou não de se decretar 
a dissolução; na segunda, são apurados os valores devidos ao sócio retirante 
ou excluído, de acordo com o procedimento de liquidação específica previsto 
nos artigos 604 a 609 do CPC/15. 4. A decisão que decreta a resolução do 
vínculo societário em relação a um sócio, como na espécie, encerrando a 
primeira fase da ação de dissolução parcial, possui natureza de sentença. 
Doutrina. 5. Hipótese concreta em que o juízo de origem julgou extinto o 
processo com resolução de mérito em virtude de as partes terem acordado 
acerca da retirada da recorrente da sociedade e da recíproca prestação de 
contas. 6. O pronunciamento judicial que homologa transação (art. 487, III, b 
do CPC/15), pondo fim à fase cognitiva do processo com resolução de mérito, 
possui natureza jurídica de sentença, conforme disposto expressamente no art. 
203, § 1º, da lei adjetiva, desafiando, portanto, recurso de apelação. 7. A 
interposição de agravo de instrumento contra sentença que homologa 
transação e extingue o processo com julgamento de mérito consiste em 
erro grosseiro, não admitindo a aplicação do princípio da fungibilidade. 
RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. (STJ - REsp: 1954643 SC 
2021/0140048-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 
15/02/2022, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/02/2022). 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 73 
 
 
 
De acordo com o posicionamento do Tribunal Superior, não se aplica o princípio da 
fungibilidade recursal, eis que a interposição de agravo de instrumento ao invés do recurso de 
apelação configura erro grosseiro. 
Salienta-se, ademais, que há uma especialidade diferenciada prevista no § 1º do art. 603 
do CPC, pois independentemente da espécie de decisão que dissolve a sociedade diante da 
expressa anuência dos réus, não haverá condenação em honorários advocatícios de nenhuma das 
partes e as custas serão rateadas segundo a participação das partes no capital social. 
Já na segunda fase do procedimento especial, na apuração de haveres, caberá ao juiz fixar 
a data da resolução da sociedade, que será determinada com base no art. 605 do CPC: 
1) No caso de falecimento do sócio, a do óbito; 
2) Na retirada imotivada, o 60º dia seguinte ao do recebimento, pela sociedade, da 
notificação do sócio retirante; 
3) No recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio dissidente; 
4) Na retirada por justa causa de sociedade por prazo determinado e na exclusão judicial 
de sócio, a do trânsito em julgado da decisão que dissolver a sociedade; 
5) Na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da reunião de sócios que a tiver 
deliberado. 
Após a determinação da data da resolução, caberá ao juiz definir o critério de apuração dos 
haveres à vista do disposto no contrato social. 
Em caso de omissão do contrato social, ou se houver anulação do critério anteriormente 
estabelecido, o juiz definirá, como critério de apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em 
balanço de determinação, tomando-se por referência a data da resolução e avaliando-se bens e 
direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a ser apurado 
de igual forma, de acordo com o art. 606 do CPC. 
Para a apuração de haveres, o art. 604, III, do CPC prevê que cabe ao juiz a indicação de 
um perito que, segundo o parágrafo único do art. 606, será preferencialmente um especialista em 
avaliação de sociedades. 
Por fim, com fulcro no art. 604, § 1°, do CPC, o juiz determinará à sociedade ou aos sócios 
que nela permanecerem que depositem em juízo a parte incontroversa dos haveres devidos. Tal 
depósito poderá ser, desde logo, levantado pelo ex-sócio, pelo espólio ou pelos seus sucessores (§ 
2°). E no caso de o contrato social estabelecer o pagamento dos haveres, será observado o que 
nele se dispôs no depósito judicial da parte incontroversa (§ 3°). 
7. AÇÃO DE INVENTÁRIO E PARTILHA 
7.1. INTRODUÇÃO 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 74 
 
 
 
Segundo previsão do art. 1784 do Código Civil, com a morte da pessoa natural, seus bens 
transmitem-seaos sucessores legítimos e testamentários, por meio do fenômeno jurídico conhecido 
por “saisine”, que configura, em síntese, a transmissão dos bens com a morte da pessoa natural. 
Constituindo-se o patrimônio do de cujus uma universalidade jurídica de bens, será 
necessária a definição do que exatamente o compõe, além da individualização do que cabe a cada 
um dos sucessores na hipótese de existir mais de um sujeito nessa condição. 
Desse modo, pode-se traçar a seguinte classificação: 
1) Inventário: busca-se identificar o patrimônio, com a indicação dos bens (móveis e 
imóveis), créditos, débitos e quaisquer outros direitos de natureza patrimonial que 
compõem o acervo hereditário. 
2) Partilha: divide-se o acervo entre os sucessores, com o estabelecimento e a 
consequente adjudicação do quinhão hereditário a cada um deles. 
Com a Lei 11.441/2007, passou-se a prever a possibilidade de realização de inventário e 
partilha extrajudicialmente, realizado em cartório. Os requisitos do inventário e partilha extrajudicial 
estão previstos no art. 610 do CPC. São eles: 
1) Todos os sucessores devem ser capazes; 
2) Existência de acordo com a divisão dos bens; 
3) Não existir testamento. 
Ressalta-se que a existência de um testamento não é fator impeditivo para o inventário e a 
partilha extrajudicial, desde que seja realizado o registro judicial do testamento ou se obtenha 
autorização do juízo competente, conforme posicionamento do STJ: 
 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSO CIVIL. SUCESSÕES. 
EXISTÊNCIA DE TESTAMENTO. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL. 
POSSIBILIDADE, DESDE QUE OS INTERESSADOS SEJAM MAIORES, 
CAPAZES E CONCORDES, DEVIDAMENTE ACOMPANHADOS DE SEUS 
ADVOGADOS. ENTENDIMENTO DOS ENUNCIADOS 600 DA VII JORNADA 
DE DIREITO CIVIL DO CJF; 77 DA I JORNADA SOBRE PREVENÇÃO E 
SOLUÇÃO EXTRAJUDICIAL DE LITÍGIOS; 51 DA I JORNADA DE DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL DO CJF; E 16 DO IBDFAM. 1. Segundo o art. 610 do 
CPC/2015 (art. 982 do CPC/73), em havendo testamento ou interessado 
incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. Em exceção ao caput, o § 1º 
estabelece, sem restrição, que, se todos os interessados forem capazes e 
concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a 
qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para 
levantamento de importância depositada em instituições financeiras. 2. O 
Código Civil, por sua vez, autoriza expressamente, independentemente da 
existência de testamento, que, "se os herdeiros forem capazes, poderão fazer 
partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou 
escrito particular, homologado pelo juiz" (art. 2.015). Por outro lado, determina 
que "será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim como se 
algum deles for incapaz" (art. 2.016) - bastará, nesses casos, a homologação 
judicial posterior do acordado, nos termos do art. 659 do CPC. 3. Assim, de 
uma leitura sistemática do caput e do § 1º do art. 610 do CPC/2015, c/c os 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 75 
 
 
 
arts. 2.015 e 2.016 do CC/2002, mostra-se possível o inventário 
extrajudicial, ainda que exista testamento, se os interessados forem 
capazes e concordes e estiverem assistidos por advogado, desde que o 
testamento tenha sido previamente registrado judicialmente ou haja a 
expressa autorização do juízo competente. 4. A mens legis que autorizou o 
inventário extrajudicial foi justamente a de desafogar o Judiciário, afastando a 
via judicial de processos nos quais não se necessita da chancela judicial, 
assegurando solução mais célere e efetiva em relação ao interesse das partes. 
Deveras, o processo deve ser um meio, e não um entrave, para a realização 
do direito. Se a via judicial é prescindível, não há razoabilidade em proibir, 
na ausência de conflito de interesses, que herdeiros, maiores e capazes, 
socorram-se da via administrativa para dar efetividade a um testamento 
já tido como válido pela Justiça. 5. Na hipótese, quanto à parte disponível 
da herança, verifica-se que todos os herdeiros são maiores, com interesses 
harmoniosos e concordes, devidamente representados por advogado. 
Ademais, não há maiores complexidades decorrentes do testamento. Tanto a 
Fazenda estadual como o Ministério Público atuante junto ao Tribunal 
local concordaram com a medida. Somado a isso, o testamento público, 
outorgado em 2/3/2010 e lavrado no 18º Ofício de Notas da Comarca da 
Capital, foi devidamente aberto, processado e concluído perante a 2ª Vara 
de Órfãos e Sucessões. 6. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1808767 
RJ 2019/0114609-4, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de 
Julgamento: 15/10/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 
03/12/2019). 
Frisa-se, por fim, que o procedimento extrajudicial cartorário de inventário e partilha deve 
seguir os arts. 11 a 32 da Resolução 35/07 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
Ainda que os requisitos previstos no art. 610 do CPC estejam presentes, Humberto Theodoro 
Junior, Marinoni e Tartuce defendem a facultatividade do procedimento de inventário e partilha 
extrajudicial. Nesse liame, não se trata de procedimento de observância obrigatória, de maneira que 
será cabível a ação judicial se essa for a vontade dos sucessores. 
Obs.: o juiz não pode extinguir a ação de inventário e partilha que 
preenche os requisitos para ser extrajudicial por falta de interesse de 
agir das partes, uma vez que o procedimento extrajudicial, conforme 
apontado, não é obrigatório. 
No âmbito do inventário extrajudicial, o formal de partilha será realizado por meio de escritura 
pública, que servirá como documento hábil para qualquer ato de registro (não somente para o 
registro imobiliário) e para levantamento de importância depositada em instituições financeiras, 
conforme preconizado pelo § 1º do art. 610 do CPC: 
Art. 610, § 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha 
poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para 
qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância 
depositada em instituições financeiras. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 76 
 
 
 
Na hipótese de não cabimento ou pela opção de seguir o processo judicial, tem-se o 
inventário judicial, que seguirá a forma ordinária ou será realizado por arrolamento, que poderá ser 
sumário (art. 659 do CPC) ou comum (art. 664 do CPC). 
Ressalta-se, por fim, que há 2 hipóteses de dispensa de inventário, bastando apenas o 
pedido de expedição de alvará judicial: 
1) Percepção das vantagens econômicas deixadas pelo de cujus no FGTS e PIS-Pasep; 
2) Levantamento pelos dependentes de restituição de imposto de renda, tributos, saldos 
bancários, cadernetas de poupança e fundos de investimento de valor não superior a 
500 ORTN (Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional). 
7.2. CUMULAÇÃO DE INVENTÁRIOS 
De acordo com o art. 672 do CPC, é lícita a cumulação de inventários para a partilha de 
heranças de pessoas diversas quando houver: 
1) Identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; 
2) Heranças deixadas pelos 2 cônjuges ou companheiros; 
3) Dependência de uma das partilhas em relação à outra. 
Ocorre, por exemplo, no caso em que o pai de 3 filhos morre e, logo em seguida, a mãe 
também falece. Trata-se de hipótese de cumulação de inventários. 
Obs.: com relação ao terceiro requisito, se a dependência for parcial, 
por haver outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se 
melhor convier ao interesse das partes ou à celeridade processual. 
Desse modo, o juiz pode desconstituir a cumulação dos inventários. 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-PR - Juiz - FGV - 2021): Acerca do procedimento de inventário, é correto 
afirmar que é lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças de 
pessoas diversas, quando houver identidade de pessoas entre as quais devam 
ser repartidosos bens. Correto. 
7.3. INVENTÁRIO NEGATIVO 
Há presunção de que quando o de cujus não deixa patrimônio, naturalmente nada haveria a 
inventariar e muito menos a partilhar. Seria possível supor que, diante dessa situação patrimonial 
do de cujus, o inventário e partilha se tornariam desnecessários. 
Ocorre, entretanto, que a ausência de inventário e partilha, mesmo nessas situações, gera 
algumas consequências jurídicas que podem ser evitadas com a realização do chamado “inventário 
negativo”, que é necessário mesmo diante da ausência de patrimônio nas seguintes hipóteses: 
1) Art. 1523, I, do Código Civil: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 77 
 
 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer 
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. 
Isto posto, não pode casar o viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido enquanto não 
fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros, mesmo diante da inexistência de 
patrimônio. 
Todavia, mesmo havendo casamento, o art. 1641, I, do Código Civil prevê que: 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: 
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas 
da celebração do casamento. 
Assim, se o inventário não for aberto e o ex-cônjuge se casar novamente, o casamento 
ocorrerá pelo regime obrigatório de separação de bens. 
Obs.: o inventário negativo também interessa aos herdeiros sempre 
que o de cujus não deixar bens, mas deixar dívidas, visto que os 
herdeiros só responderão por tais dívidas nos limites da herança. 
Quando se faz um inventário negativo, a decisão que o encerra configura uma decisão 
declaratória de ausência do patrimônio, cuja declaração tem eficácia inter partes. Nesse liame, 
quando um indivíduo morre, os seus herdeiros passam a ser os legitimados passivos para o 
cumprimento das obrigações do de cujus. No entanto, apenas o acervo hereditário deste que 
responde pelas suas dívidas, em razão do benefício do inventário, conforme prelecionam Câmara 
e Marcato. 
Em continuidade, evidencia-se que o inventário negativo pode ser feito extrajudicialmente 
(desde que preenchidos os requisitos do art. 610 do CPC) ou de maneira judicial. 
No âmbito do inventário judicial, o requerente que assume a condição de inventariante 
(dispensado o compromisso) pleiteia junto ao juízo competente para a ação de inventário e a partilha 
a tomada por termo de suas declarações, provando o óbito. Em seguida, procede-se com a 
intimação do Ministério Público e da Fazenda Pública. Havendo divergência, o juiz a resolverá; não 
havendo, o juiz extinguirá o processo com a declaração, por sentença, da inexistência de bens a 
partilhar. 
Salienta-se que há divergência doutrinária a respeito da natureza jurídica do processo de 
inventário negativo. Para Câmara, possui natureza contenciosa (havendo eventual conflito entre os 
herdeiros), ao passo que para Daniel Assumpção e Humberto Theodoro Junior, é de natureza 
voluntária. 
7.4. COMPETÊNCIA E UNIVERSALIDADE DO FORO SUCESSÓRIO 
A Justiça brasileira é a única competente para julgar as ações de inventário e partilha de 
bens situados em território nacional, de acordo com o art. 23, inciso II, do CPC: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 78 
 
 
 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer 
outra: 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento 
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o 
autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do 
território nacional. 
Trata-se, portanto, de uma competência internacional exclusiva, pois somente pode ser 
decidida pela jurisdição nacional. 
Há, ainda, o foro especial previsto no art. 48 do CPC: 
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente 
para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições 
de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para 
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no 
estrangeiro. 
Por fim, na hipótese de o de cujus não ter domicílio certo, a competência será do foro: 
1) Da situação dos bens imóveis; 
2) Havendo mais de um foro com bem imóvel, a competência será concorrente; 
3) Não havendo bens imóveis, a situação de qualquer dos bens do espólio. 
7.5. QUETÕES DE “ALTA INDAGAÇÃO” 
Havia o entendimento de que questões de “alta indagação” não poderiam ser apreciadas em 
sede de inventário e partilha, devendo ser resolvidas em ação própria, tais como: 
1) Definição do acervo hereditário; 
2) Identificação dos herdeiros do de cujus; 
3) Divisão do acervo entre os herdeiros. 
Nesse sentido, editou-se o art. 612 do CPC, estabelecendo que questões de fato que 
dependem de prova não documental exigem um novo processo, não cabendo, portanto, ao juízo do 
inventário e partilha a decisão sobre questões fundadas em provas não documentais, in verbis: 
Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos 
relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias 
ordinárias as questões que dependerem de outras provas. 
Ressalta-se, todavia, que a complexidade da questão jurídica é irrelevante, não sendo 
considerada para a configuração desse tipo de questão, devendo o juiz enfrentá-la e decidi-la por 
mais complexa que seja, de acordo com posicionamento do STJ: 
 
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7. JUÍZO DO INVENTÁRIO. 
COMPETÊNCIA. - A pretensão de simples reexame de prova não enseja 
recurso especial. - Pretensão de herdeiros que dispensa alta indagação e 
novas provas deve ser deduzida perante o juízo do inventário. - Questões de 
 
 
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direito - mesmo complexas - resolvem-se no processo de inventário. O 
mesmo ocorre com as questões de fato documentadas nos autos. (STJ - 
AgRg no Ag: 855543 RS 2007/0001445-0, Relator: Ministro HUMBERTO 
GOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 21/06/2007, T3 - TERCEIRA 
TURMA, Data de Publicação: DJ 01.08.2007 p. 470). 
A complexidade, portanto, diz respeito à necessidade de produção de prova não documental 
num processo autônomo para a sua solução, como ocorre na alegação de vício em testamento, que 
só poderá ser reconhecido em processo constitutivo negativo que invalide o testamento ou em 
dissolução parcial de sociedade com apuração de haveres do de cujus. 
Infere-se, por fim, que a doutrina (Marinoni e Humberto Theodoro Junior) é pacífica no 
entendimento de que o pronunciamento judicial pelo qual o juiz do inventário se nega a decidir a 
questão, remetendo as partes às vias ordinárias, é uma decisão interlocutória, recorrível por agravo 
de instrumento. 
7.6. ADMINISTRADOR PROVISÓRIO 
Sempre existirá certo período de tempo entre o falecimento, que representa a abertura da 
sucessão, e a prestação de compromisso do inventariante, sendo certo que durante esse lapso 
temporal a herança, que é transmitida imediatamente aos herdeiros com o falecimento, deverá ser 
administrada por alguém. 
Segundo o art. 613 do CPC, surge nessa situação a figura do “administrador provisório”, 
responsável pela administração da herança até que o espólio passe a ser representado pelo 
inventariante: 
Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o espólio 
na posse do administrador provisório. 
Nesse liame, pode-se inferir que administrador provisório é o sujeito que já se encontra na 
administração dos bens por ocasião da abertura da sucessão, de forma que a sua designação 
independe de decisão judicial. Trata-se de uma condição factual, e não jurídica. 
O administrador provisório possui os seguintes encargos: 
1) Administrar a herança; 
2) Representar o espólio ativa e passivamente, dentro e fora do juízo; 
3) Levar ao acervo os frutos........................................................................................................................ 122 
13.2. HOMOLOGAÇÃO EXTRAJUDICIAL ................................................................................ 123 
13.3. AUTOTUTELA ................................................................................................................... 123 
13.4. PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 123 
14. REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA .................................................................................. 125 
14.1. CABIMENTO ..................................................................................................................... 125 
14.2. PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 125 
14.2.1. Declaração de abertura de avaria grossa ................................................................. 125 
14.2.2. Oferecimento de garantias ........................................................................................ 126 
14.2.3. Impugnação à declaração de abertura de avaria grossa .......................................... 126 
14.2.4. Levantamento de valores para o pagamento das despesas da alienação .............. 126 
14.2.5. Apresentação de documentos ................................................................................... 126 
 
 
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14.2.6. Apresentação do regulamento de avaria grossa ...................................................... 126 
14.2.7. Impugnação ............................................................................................................... 127 
14.2.8. Sentença homologatória ............................................................................................ 127 
15. AÇÃO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS ............................................................................. 127 
15.1. CABIMENTO ..................................................................................................................... 127 
15.2. LEGITIMIDADE ................................................................................................................. 128 
15.3. COMPETÊNCIA ................................................................................................................ 129 
15.4. PROCEDIMENTO ............................................................................................................. 129 
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO ................................................................................................... 132 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 132 
2. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA TUTELA EXECUTIVA .................................................. 132 
2.1. FASE PROCEDIMENTAL EXECUTIVA ........................................................................... 132 
2.2. PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO .................................................................... 133 
3. FORMAS EXECUTIVAS .......................................................................................................... 134 
3.1. EXECUÇÃO POR SUB-ROGAÇÃO (DIRETA) ................................................................ 134 
3.2. EXECUÇÃO POR PRESSÃO PSICOLOGIA OU POR COERÇÃO (INDIRETA) ........... 134 
3.2.1. Prisão civil .................................................................................................................. 135 
3.2.2. Astreintes ................................................................................................................... 136 
4. ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO EXEQUENDA ........................................................................... 140 
4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................ 140 
4.2. EXECUÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA .................................................................... 140 
4.3. EXECUÇÃO DE ENTREGAR COISA .............................................................................. 142 
4.4. EXECUÇÃO DE FAZER/NÃO FAZER ............................................................................. 142 
5. PRINCÍPIOS EXECUTIVOS .................................................................................................... 143 
5.1. NULLA EXECUTIO SINE TITULO .................................................................................... 143 
5.2. NULLA TITULUS SINE LEGES ........................................................................................ 143 
5.3. PATRIMONIALIDADE ....................................................................................................... 143 
5.3.1. Salário ........................................................................................................................ 145 
5.3.2. Bem de família ........................................................................................................... 146 
5.4. DESFECHO ÚNICO .......................................................................................................... 146 
5.5. DISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO................................................................................ 147 
5.6. MENOR ONEROSIDADE ................................................................................................. 148 
5.7. LEALDADE E BOA-FÉ PROCESSUAL ............................................................................ 148 
6. PARTES NO PROCESSO DE EXECUÇÃO ............................................................................ 149 
6.1. ATIVA ................................................................................................................................ 149 
6.2. PASSIVA ........................................................................................................................... 150 
6.3. LITISCONSÓRCIO E CUMULAÇÃO DE DEMANDAS .................................................... 151 
6.4. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS .................................................................................... 151 
7. COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL .......................................... 152 
7.1. EXECUÇÃO CIVIL ............................................................................................................ 152 
7.2. EXECUÇÃO FISCAL......................................................................................................... 153 
7.3. CONEXÃO ......................................................................................................................... 153 
8. REQUISITOS PARA REALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO ............................................................. 154 
8.1. INADIMPLEMENTO .......................................................................................................... 154 
8.2. TÍTULO EXECUTIVO ........................................................................................................ 154 
9. CARACTERES DO TÍTULO EXECUTIVO .............................................................................. 155 
9.1. CERTEZA .......................................................................................................................... 155 
9.2. LIQUIDEZ .......................................................................................................................... 156 
 
 
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9.3. EXIGIBILIDADE................................................................................................................. 156 
EXECUÇÃO TÍTULO EXTRAJUDICIAL ......................................................................................... 158 
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................... 158 
1.1. CRITÉRIO PARA ELEIÇÃO..............................................................................................que recebeu durante o período de administração; 
4) Responder pelo dano que, por culpa ou dolo, der causa aos herdeiros; 
5) Prestar contas de sua administração, que pode ser feita no próprio processo de 
inventário e partilha. 
Por outro lado, possui também direitos, como o de reembolso de todas as despesas 
necessárias e úteis à boa manutenção do acervo hereditário. 
Na hipótese de herança jacente, não existirá a figura do administrador provisório, aplicando-
se o art. 739 do CPC, que prevê a indicação de um curador que terá o encargo de guardar, 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 80 
 
 
 
conservar e administrar a herança até a sua entrega aos sucessores legalmente habilitados ou até 
a declaração de vacância da herança: 
Art. 739. A herança jacente ficará sob a guarda, a conservação e a 
administração de um curador até a respectiva entrega ao sucessor legalmente 
habilitado ou até a declaração de vacância. 
7.7. INVENTARIANTE 
Trata-se de um auxiliar especial do juízo tem a principal função de administrar o acervo e 
representar o espólio. O inventariante exerce no processo um múnus público, de modo que se faz 
necessária a formalidade de prestação de compromisso, nos termos do art. 617, parágrafo único 
do CPC: 
Art. 617, Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, 
dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar 
a função. 
Em continuidade, destaca-se que há 2 espécies de inventariança: a legítima (regra) e a 
dativa. 
A inventariança legítima é aquela exercida pelo sujeito que tem alguma relação com o de 
cujus ou com o acervo hereditário. Nesse sentido, há diversos legitimados ativos, que devem seguir 
a ordem de preferência estabelecida no art. 617 do CPC: 
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: 
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo 
com o outro ao tempo da morte deste; 
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se 
não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem 
ser nomeados; 
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na 
administração do espólio; 
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; 
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou 
se toda a herança estiver distribuída em legados; 
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VII - o inventariante judicial, se houver; 
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial. 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MPE-SC - Promotor - CESPE - 2021): Herdeiro menor de idade pode ser 
nomeado inventariante, uma vez que é possível o suprimento da incapacidade. 
Correto. 
A inversão da ordem de preferência é medida excepcional, admitida somente em casos 
específicos, quando o juiz tiver fundadas razões para tanto, de acordo com posicionamento do STJ: 
 
Direito processual civil. Sucessões. Recurso especial. Nomeação de 
inventariante. Regra do art. 990 do CPC. Caráter não absoluto. Convicção do 
 
 
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Juízo formada a partir dos elementos fáticos do processo. Vedado o reexame 
na via especial. - A ordem de nomeação de inventariante, prevista no art. 
990 do CPC, não apresenta caráter absoluto, podendo ser alterada em 
situação de fato excepcional, quando tiver o Juiz fundadas razões para 
tanto, forte na existência de patente litigiosidade entre as partes. Evita-
se, dessa forma, tumultos processuais desnecessários. - Se o Tribunal de 
origem atesta a ocorrência de situação de fato excepcional consubstanciada 
na existência de animosidade entre as partes, admite-se o temperamento da 
ordem legal de nomeação de inventariança, conforme firme convicção do Juiz 
que repousa na ponderada análise dos elementos fáticos do processo. - 
Esquadrinhar o convencimento motivado do Juízo calcado em circunstâncias 
fáticas constantes dos autos é procedimento vedado na via especial. Recurso 
especial não conhecido. (STJ - REsp: 1055633 SP 2008/0099095-1, Relator: 
Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 21/10/2008, T3 - TERCEIRA 
TURMA, Data de Publicação: 20090616 --> DJe 16/06/2009). 
Já a inventariança dativa é aquela em que ocorre a indicação de qualquer sujeito capaz e 
idôneo que seja estranho ao acervo hereditário. 
A inventariança dativa pode acontecer em 3 hipóteses: 
1) Diante da inexistência dos legitimados previstos no art. 617 do CPC; 
2) Quando um sujeito anterior do art. 617 do CPC for removido da inventariança (causas 
previstas no art. 622 do CPC); 
3) Quando um sujeito do art. 617 do CPC não puder, por justa causa, assumir o encargo. 
Frisa-se que a diferença prática entre uma inventariança legítima e uma inventariança dativa 
é que com o inventariante dativo, os sucessores deverão ser intimados no processo no qual o 
espólio seja parte, com fulcro no art. 75, § 1º do CPC, in verbis: 
Art. 75, § 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido 
serão intimados no processo no qual o espólio seja parte. 
Nesse caso, os sucessores ingressam no processo como assistentes litisconsorciais do 
espólio. 
Os encargos do inventariante estão dispostos no rol exemplificativo do art. 618 do CPC. 
São eles: 
1) Representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando-se, 
quanto ao dativo, o disposto no art. 75, § 1º; 
2) Administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus 
fossem; 
3) Prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente ou por procurador com 
poderes especiais; 
4) Exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos 
ao espólio; 
5) Juntar aos autos certidão do testamento, se houver; 
6) Trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído; 
 
 
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7) Prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar; 
8) Requerer a declaração de insolvência. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MPE-PR - Promotor - MPE-PR - 2021): Cabe ao inventariante administrar o 
espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus fossem. 
Correto. 
Ainda sobre os encargos do inventariante, é mister visualizar julgado do STJ no sentido de 
que na vigência do CPC/2015, remanesce o interesse de agir do inventariante na ação de 
prestação de contas, mantido o caráter dúplice da demanda: 
 
O inventariante não pode encerrar seu mister sem que antes apresente as 
contas de sua gestão. Essa prestação de contas é, portanto, uma atribuição 
imposta pela lei ao inventariante, razão pela qual possui interesse de agir para 
ajuizar a presente ação autônoma de prestação de contas. Vale ressaltar, 
inclusive, que esse interesse de agir é presumido. STJ. 4ª Turma. REsp 
1707014/MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/03/2021 (Info 687). 
No que se refere às limitações do inventariante, pode-se destacar: 
1) Atos de disposição de direito exigem manifestação de todos os herdeiros; 
2) O inventariante depende do consentimento dos herdeiros para alienar bens, pagar 
dívidas e fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos bens 
do espólio. 
Obs.: salienta-se que o juiz pode autorizar a prática dos atos, se a 
resistência por parte dos herdeiros for injustificável. 
Outrossim, as causas de remoção do inventariante estão dispostas no art. 622 do CPC: 
Art. 622. O inventariante será removido de ofício ou a requerimento: 
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações; 
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas 
infundadas ou se praticar atos meramente protelatórios; 
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados 
ou sofrerem dano; 
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de 
cobrardívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para 
evitar o perecimento de direitos; 
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas; 
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. 
 
Obs.: trata-se de um rol meramente exemplificativo, uma vez que 
qualquer conduta desleal, ímproba ou viciada de qualquer forma pode 
ser causa de remoção do inventariante, de acordo com o entendimento 
do STJ: 
CIVIL E PROCESSUAL. INVENTARIANÇA. REMOÇÃO. NOMEAÇÃO DE 
INVENTARIANTE DATIVO. BELIGERÂNCIA ENTRE AS PARTES. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 83 
 
 
 
POSSIBILIDADE DE INVIABILIZAÇÃO DO PROCESSO. SÚMULA N. 7-STJ. 
CONTROVÉRSIA AFETA EM PARTE À COMPETÊNCIA DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO INTERPOSTO. 
SÚMULA N. 126-STJ. I. A remoção do inventariante, substituindo-o por 
outro, dativo, pode ocorrer quando constatada a inviabilização do 
inventário pela animosidade manifestada pelas partes. II. "A pretensão de 
simples reexame de prova não enseja recurso especial" - Súmula n. 7-STJ. III. 
Pretensão de reforma do julgado que ademais se sustenta na violação de 
dispositivos constitucionais sem que tenha sido interposto o recurso 
competente. IV. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 988527 RS 
2007/0219976-1, Relator: Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, Data de 
Julgamento: 24/03/2009, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: 
20090511 --> DJe 11/05/2009). 
É importante salientar que o procedimento para remoção do inventariante deve seguir as 
etapas abaixo elencadas: 
1) Requerimento de qualquer interessado; 
2) Processamento em autos apensos; 
3) Intimação do inventariante com prazo de 15 dias para apresentação de defesa; 
4) Decisão interlocutória recorrível por agravo de instrumento. 
Caso a remoção se dê em virtude de decisão do juiz, o STJ possui posicionamento no 
sentido de que há exigência do contraditório, razão pela qual o inventariante deve ser intimado a se 
manifestar: 
 
Remoção de inventariante. Ausência de cerceamento de defesa. 1. Não se 
configura o cerceamento de defesa no caso de remoção de inventariante 
quando está presente o contraditório, e pode o Juiz, constatado qualquer 
dos vícios do art. 995 do Código de Processo Civil, promover de ofício a 
remoção. 2. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 539898 MA 
2003/0064408-8, Relator: Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, 
Data de Julgamento: 29/03/2005, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de 
Publicação: --> DJ 06/06/2005 p. 318, --> DJ 06/06/2005 p. 318). 
 
Com o inventariante removido, deve ocorrer a entrega imediata dos bens do espólio ao 
substituto. Caso não o faça, caberá busca e apreensão e imissão na posse, além da aplicação de 
multa a ser fixada pelo juiz em montante não superior a 3% do valor dos bens inventariados. 
Ademais, há também o cabimento de astreintes, com fulcro no art. 139, IV, do CPC: 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: 
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou 
sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem 
judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária. 
 
7.8. ARROLAMENTO SUMÁRIO 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 84 
 
 
 
O art. 659, caput, do CPC prevê o cabimento do arrolamento sumário quando todos os 
herdeiros forem capazes e existir acordo entre eles quanto à partilha, in verbis: 
Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da 
lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a 663. 
O § 1º do art. 659 prevê o mesmo procedimento para a hipótese de existir somente um 
herdeiro, caso em que os bens que compõem a herança serão a ele adjudicados. 
Assim, diante da ausência de conflitos de interesses em razão da convergência de vontades 
dos herdeiros ou no caso de herdeiro único, Greco e Marcato defendem que o arrolamento sumário 
constitui procedimento de natureza de jurisdição voluntária. 
De acordo com o art. 660 do CPC, no prazo de 2 meses, caberá ao herdeiro ou ao herdeiro 
único na petição inicial o(a): 
1) Requerimento ao juiz da nomeação do inventariante que já vem indicado na própria 
petição inicial, não havendo necessidade de aplicação da ordem legal do art. 617 do 
CPC; 
2) Declaração dos títulos dos herdeiros e os bens do espólio, nos termos do art. 630 do 
CPC; 
3) Atribuição do valor dos bens para fins de partilha, com fulcro no art. 660, III, do CPC; 
4) Havendo dívidas, caberá a indicação na petição inicial dos bens reservados ao seu 
pagamento. 
Obs.: a existência de credores do espólio não impede a homologação 
da partilha em razão da reserva no valor indicado na petição inicial. 
Assim, procede-se com a intimação do credor para se manifestar 
sobre os bens reservados. Havendo divergência/impugnação, o juiz 
deve decidir qual seria o valor correto (art. 663, parágrafo único, do 
CPC). 
Ressalta-se que no arrolamento sumário não se admite a apreciação de questões relativas 
ao lançamento, pagamento ou quitação de taxas judiciárias e de tributos incidentes sobre a 
transmissão da propriedade dos bens do espólio (art. 662 do CPC). A discussão a respeito dessas 
matérias se desenvolve em outro processo, administrativo ou judicial, que suspende o arrolamento 
sumário enquanto não for decidido. 
Nos termos do § 2º do art. 659 do CPC, o fisco será intimado para lançamento administrativo 
do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a 
legislação tributária, somente depois de transitada em julgado a sentença de homologação de 
partilha ou de adjudicação e da lavratura do formal de partilha ou da elaboração de carta de 
adjudicação: 
Art. 659, § 2º Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou 
de adjudicação, será lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de 
adjudicação e, em seguida, serão expedidos os alvarás referentes aos bens e 
às rendas por ele abrangidos, intimando-se o fisco para lançamento 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 85 
 
 
 
administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura 
incidentes, conforme dispuser a legislação tributária, nos termos do § 2º do art. 
662. 
No que se refere ao pagamento de tributos, o STJ fixou entendimento no sentido de que no 
arrolamento sumário, a homologação da partilha ou da adjudicação, bem como a expedição do 
formal de partilha e da carta de adjudicação, não se condicionam ao prévio recolhimento do imposto 
de transmissão causa mortis, devendo ser comprovado, todavia, o pagamento dos tributos relativos 
aos bens do espólio e às suas rendas, a teor dos arts. 659, § 2º, do CPC e 192 do Código Tributário 
Nacional: 
 
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 
2015. APLICABILIDADE. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO 
SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE QUAISQUER 
BENS E DIREITOS - ITCMD. ARROLAMENTO SUMÁRIO. ART. 659, CAPUT, 
E § 2º DO CPC/2015. HOMOLOGAÇÃO DA PARTILHA OU DA 
ADJUDICAÇÃO. EXPEDIÇÃO DOS TÍTULOS TRANSLATIVOS DE DOMÍNIO. 
RECOLHIMENTO PRÉVIO DA EXAÇÃO. DESNECESSIDADE. PAGAMENTO 
ANTECIPADO DOS TRIBUTOS RELATIVOS AOS BENS E ÀS RENDAS DO 
ESPÓLIO. OBRIGATORIEDADE. ART. 192 DO CTN. I - Consoante o decidido 
pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime 
recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional 
impugnado. Aplica-se, no caso, o Estatuto Processual Civil de 2015. II - O 
CPC/2015, ao disciplinar o arrolamento sumário, transferiu para a esfera 
administrativa as questões atinentes ao imposto de transmissão causa mortis, 
evidenciando que a opção legislativa atual prioriza a agilidade da partilha 
amigável, ao focar, teleologicamente, na simplificação e na flexibilização dos 
procedimentos envolvendo o tributo, alinhada com a celeridade e a efetividade, 
e em harmoniacom o princípio constitucional da razoável duração do processo. 
III - O art. 659, § 2º, do CPC/2015, com o escopo de resgatar a essência 
simplificada do arrolamento sumário, remeteu para fora da partilha amigável as 
questões relativas ao ITCMD, cometendo à esfera administrativa fiscal o 
lançamento e a cobrança do tributo IV - Tal proceder nada diz com a incidência 
do imposto, porquanto não se trata de isenção, mas apenas de postergar a 
apuração e o seu lançamento para depois do encerramento do processo 
judicial, acautelando-se, todavia, os interesses fazendários - e, por 
conseguinte, do crédito tributário -, considerando que o Fisco deverá ser 
devidamente intimado pelo juízo para tais providências, além de lhe assistir o 
direito de discordar dos valores atribuídos aos bens do espólio pelos herdeiros. 
V - Permanece válida, contudo, a obrigatoriedade de se comprovar o 
pagamento dos tributos que recaem especificamente sobre os bens e 
rendas do espólio como condição para homologar a partilha ou a 
adjudicação, conforme determina o art. 192 do CTN. VI - Acórdão submetido 
ao rito do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015, fixando-se, nos termos no art. 
256-Q, do RISTJ, a seguinte tese repetitiva: No arrolamento sumário, a 
homologação da partilha ou da adjudicação, bem como a expedição do 
formal de partilha e da carta de adjudicação, não se condicionam ao 
prévio recolhimento do imposto de transmissão causa mortis, devendo 
ser comprovado, todavia, o pagamento dos tributos relativos aos bens do 
espólio e às suas rendas, a teor dos arts. 659, § 2º, do CPC/2015 e 192 do 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 86 
 
 
 
CTN. VII - Recurso especial do Distrito Federal parcialmente provido. (STJ, 
REsp 1896526/DF, Ministra Regina Helena, DJe: 28/10/2022). 
7.9. ARROLAMENTO COMUM 
De acordo com Daniel Assumpção, mesmo havendo divergência entre os herdeiros, o 
inventário poderá seguir a forma de arrolamento, mas nesse caso o processo será de jurisdição 
contenciosa e a simplicidade constante do arrolamento sumário não estará presente em sua 
inteireza. 
Os requisitos do arrolamento comum estão dispostos no art. 664 do CPC: 
Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 (mil) 
salários-mínimos, o inventário processar-se-á na forma de arrolamento, 
cabendo ao inventariante nomeado, independentemente de assinatura de 
termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a atribuição de 
valor aos bens do espólio e o plano da partilha. 
Isto posto, constata-se que o procedimento do arrolamento comum será cabível somente 
quando: 
1) Houver existência de divergência entre os herdeiros; 
2) Os bens que compõem o espólio não tiverem valor superior a 1000 salários-mínimos; 
3) É possível a presença de incapaz, desde que com a intimação do Ministério Público para 
participar do processo. 
Em continuidade, é importante destacar que o arrolamento comum segue as seguintes fases 
procedimentais: 
1) Designação do inventariante com respeito à ordem legal do art. 617 do CPC. Neste caso, 
o inventariante será dispensado de prestar compromisso; 
2) Apresentação das declarações pelo inventariante já com a atribuição do valor dos bens 
do espólio e o plano de partilha (art. 664, caput, do CPC); 
3) Citação dos herdeiros; 
Neste momento, os herdeiros podem: 
a) Concordar com os termos sugeridos pelo inventariante, ocasião na qual o formal de 
partilha será imediatamente expedido, com aplicação do art. 662 do CPC; 
b) Apresentar impugnação. 
Havendo impugnação por qualquer uma das partes ou pelo Ministério Público (na hipótese 
de atuação como fiscal da lei), o juiz nomeará um avaliador que terá um prazo de 10 dias para 
oferecer laudo a respeito do valor dos bens que compõem o espólio, em consonância com o art. 
664, § 1º, do CPC. 
Após a apresentação do laudo, o juiz designará uma audiência, na qual decidirá todas as 
questões atinentes à demanda, determinando a partilha e dando solução aos pedidos de pagamento 
da dívida do espólio (art. 664, § 2°, do CPC). 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 87 
 
 
 
No que se refere aos tributos, no arrolamento comum o julgamento da partilha depende da 
prova de quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, de acordo com o art. 
664, § 5° do CPC: 
Art. 664, § 5º Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e 
às suas rendas, o juiz julgará a partilha. 
Ressalta-se que a homologação da partilha depende da apresentação de certidões ou 
informações negativas de dívida ativa perante a Fazenda Pública, de acordo com entendimento 
jurisprudencial do STJ: 
 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FALTA DE 
PREQUESTIONAMENTO. ARROLAMENTO. DISCUSSÃO SOBRE O 
PAGAMENTO DE IMPOSTOS. IMPOSSIBILIDADE. SUSPENSÃO. 
EXPEDIÇÃO DO FORMAL DE PARTILHA. QUITAÇÃO DOS TRIBUTOS. 
PRECEDENTES. 1. O prequestionamento dos dispositivos legais tidos como 
violados constitui requisito indispensável à admissibilidade do recurso especial. 
Incidência das Súmulas n. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. 2. O 
Superior Tribunal de Justiça, interpretando o art. 1.034 do CPC, firmou 
entendimento de que não é possível a discussão de questões relativas a 
lançamento, pagamento e quitação de tributos no âmbito do arrolamento 
sumário. 3. A teor do que dispõe o art. 1.031, § 2º, do CPC, somente após 
a juntada aos autos da prova do pagamento dos tributos é que o juiz 
homologará e expedirá o formal de partilha. 4. Recurso especial 
parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (STJ - REsp: 434483 SP 
2002/0055428-7, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de 
Julgamento: 03/08/2006, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 
18/08/2006 p. 362). 
Além disso, basta comprovar o pagamento dos tributos, de modo que discussões a respeito 
da correção do pagamento devem ocorrer por outra via, conforme posicionamento do referido 
Tribunal Superior: 
 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ARROLAMENTO SUMÁRIO. 
IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS. HOMOLOGAÇÃO DE 
PARTILHA. ENTREGA DE DOCUMENTOS À RECEITA ESTADUAL. 
INEXIGIBILIDADE. 1. No processo de arrolamento sumário, processado com 
base nos arts. 1.031 e seguintes do CPC, cabível quando todos os herdeiros 
forem maiores e capazes e estiverem de acordo com a partilha, somente é 
possível examinar se o inventariante comprovou a quitação dos tributos 
relativos aos bens do espólio e às suas rendas. 2. Para a homologação da 
partilha pelo juiz são dispensadas certas formalidades exigidas no 
inventário, entre elas a intervenção da Fazenda Pública para verificar a 
correção do pagamento dos tributos devidos pelo espólio. Assim, a 
discussão de supostas diferenças pagas a menor deverão ser resolvidas 
na esfera administrativa, a teor do disposto no art. 1.034 do CPC. 3. Feito 
o pagamento do imposto e juntado o comprovante aos autos, não pode o juiz 
condicionar a homologação da partilha em processo de arrolamento sumário à 
entrega de documentos à Receita estadual necessários ao cálculo do imposto. 
Ainda que o pagamento não esteja completo ou tenha o inventariante 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 88 
 
 
 
calculado mal o imposto, essas questões não podem ser tratadas e 
discutidas em arrolamento sumário. 4. Recurso especial não provido. (STJ 
- REsp: 927530 SP 2007/0035257-7, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data 
de Julgamento: 12/06/2007, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 
28/06/2007 p. 897RT vol. 865 p. 170). 
7.10. PROCEDIMENTO DO INVENTÁRIO 
Segundo o art. 611 do CPC, o processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro do 
prazo de 2 meses a contar da abertura da sucessão, in verbis: 
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 
2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) 
meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a 
requerimento de parte.Conforme apontado no dispositivo normativo acima, há um prazo de 12 meses subsequentes 
para encerramento do inventário. Trata-se de um prazo impróprio, de forma que o seu não 
cumprimento não gerará consequências processuais. Além disso, de acordo com o STF, não existe 
sanção prevista no dispositivo legal para o descumprimento do prazo de abertura do inventário, 
cabendo a cada Estado-membro da federação a previsão da multa: 
 
Súmula 542 do STF: Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-
membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do 
inventário. 
Em continuidade, os arts. 615 e 616 do CPC regulamentam a legitimidade ativa para a 
propositura da ação de inventário: 
Art. 615. O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver 
na posse e na administração do espólio, no prazo estabelecido no art. 611. 
Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor 
da herança. 
 
Apesar de ser em regra proposto pelo administrador provisório, trata-se de espécie de legitimidade 
concorrente e disjuntiva, eis que qualquer dos sujeitos indicados abaixo pode indistintamente dar 
início ao processo: 
 Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: 
I - o cônjuge ou companheiro supérstite; 
II - o herdeiro; 
III - o legatário; 
IV - o testamenteiro; 
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; 
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; 
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; 
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da 
herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite. 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 89 
 
 
 
Obs.: o art. 989 do CPC/73 permitia ao juiz determinar, de ofício, o 
início do inventário, caso nenhuma das pessoas legitimada requeresse 
dentro do prazo legal. Atualmente, na vigência do CPC de 2015, não 
existe mais essa possibilidade, de modo que não há mais exceção ao 
princípio da inércia da jurisdição no âmbito da legitimidade ativa para 
propor abertura do inventário. 
A petição inicial deve seguir os requisitos do art. 319 do CPC. A certidão de óbito ou 
declaração judicial que a substitua é documento indispensável, nos termos do art. 615, parágrafo 
único, do CPC. 
Estando regular a petição inicial, o juiz nomeará o inventariante, que deverá prestar 
compromisso de bem e fielmente cumprir a inventariança por termo a ser lavrado nos autos. Da 
data em que prestar o compromisso, o inventariante tem prazo de 20 dias para apresentar as 
primeiras declarações, nos termos do art. 620, caput, do CPC. Segundo Marinoni, trata-se de um 
prazo dilatório, sendo possível apresentar pedido de prorrogação de prazo ou mesmo prorrogado 
de ofício pelo juízo. 
Após as primeiras declarações serão citados o cônjuge ou companheiro, os herdeiros, os 
legatários e, havendo o finado deixado testamento, do testamenteiro (previsto no art. 626 do CPC), 
que formarão um litisconsórcio necessário. 
Obs.: há uma legitimidade híbrida, porque tais pessoas têm tanto a 
legitimidade para propor a demanda quanto a legitimidade para ficar 
no polo passivo caso não tenham proposto. 
Importante salientar que não há existe mais a regra de citação por edital de pessoas 
domiciliadas em outra comarca (como estava previsto no art. 999, § 1º do CPC de 1973). 
Atualmente, o art. 626, § 1º do CPC prevê que: 
Art. 626. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos 
do inventário e da partilha, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os 
legatários e intimar a Fazenda Pública, o Ministério Público, se houver herdeiro 
incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se houver testamento. 
§ 1º O cônjuge ou o companheiro, os herdeiros e os legatários serão citados 
pelo correio, observado o disposto no art. 247, sendo, ainda, publicado edital, 
nos termos do inciso III do art. 259. 
As citações serão acompanhadas de cópia das primeiras declarações (§ 3º do art. 626 do 
CPC), incumbindo ao escrivão a remessa de cópias à Fazenda Pública, ao Ministério Público, ao 
testamenteiro, se houver, e aos advogados, se a parte já estiver representada nos autos (§ 4º do 
art. 626 do CPC). 
A Fazenda Pública e o Ministério Público, havendo herdeiro incapaz ou ausente, deverão 
ser intimados na pessoa de seu representante legal, e não citados como prevê o art. 626, caput, do 
CPC, bem como receberão cópias das primeiras declarações. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 90 
 
 
 
(MPE-PR - Promotor - MPE-PR - 2021): Havendo testamento do falecido, 
impõe-se a intervenção do Ministério Público nos autos de inventário. Errado, 
pois o Ministério Público atuará apenas nas hipóteses de haver herdeiro 
incapaz ou ausente. 
Após os atos de comunicação, procede-se com a abertura de prazo de 15 dias para 
manifestação dos réus sobre as primeiras declarações (art. 627 do CPC), incumbindo às partes: 
1) A alegação de erros, omissões e sonegações de bens; 
Exemplo de erro seria a hipótese de inclusão de bens que não faziam mais parte do 
patrimônio do de cujus na ocasião de seu falecimento. Sonegação, por outro lado, ocorre quando 
um herdeiro maliciosamente oculta um bem do inventário, ato que naturalmente gera um prejuízo 
aos demais herdeiros. 
Nesse caso, procede-se com a determinação de retificação das declarações. 
2) Reclamação contra a nomeação do inventariante; 
Nessa hipótese deve haver a nomeação de outro inventariante, respeitando-se a ordem 
legal. 
3) Contestação da qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro. 
Por fim, nesse caso, é necessária a resolução de controvérsia a respeito da qualidade de 
herdeiro, remetendo as partes às vias ordinárias se a questão exigir prova não documental, com o 
sobrestamento do inventário. 
Obs.: a decisão interlocutória que resolve qualquer controvérsia neste 
momento processual é recorrível por agravo de instrumento. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-PR - Juiz - FGV - 2021): Podem as partes arguir qualquer matéria em sua 
manifestação sobre as primeiras declarações. Errado, as partes devem alegar 
as matérias elencadas no art. 627 do CPC. 
Segundo o art. 629 do CPC, no prazo de 15 dias após o decurso do prazo do art. 627, caput, 
do CPC, caberá à Fazenda Pública informar ao juízo o valor dos bens de raiz descritos nas primeiras 
declarações, o que fará tomando como base os dados que constam de seu cadastro imobiliário. 
A manifestação tem interesse nitidamente fundado no cálculo de impostos, e por tal razão a 
melhor doutrina entende pela sua natureza imprópria, de forma que mesmo não havendo 
manifestação nesse momento procedimental a Fazenda Pública poderá divergir posteriormente do 
valor indicado pelas partes ou obtido em avaliação. 
Superada a primeira fase procedimental, com a solução de qualquer oposição porventura 
oferecida, o juiz nomeará um perito para avaliar os bens do espólio, dando-se preferência ao 
avaliador judicial nas comarcas em que existir (art. 630 do CPC). O trabalho pericial tem como 
objetivo mensurar corretamente o valor da herança e dos quinhões cabíveis aos herdeiros, além do 
eventual cálculo de imposto causa mortis. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 91 
 
 
 
A nomeação do perito é dispensada na hipótese de serem todos os herdeiros maiores e 
capazes e quando: 
1) A Fazenda Pública concordar expressamente com os valores indicados nas primeiras 
declarações, nos termos do art. 633 do CPC, eis que não havendo controvérsia, não há 
necessidade de produção de prova; 
2) Os sucessores concordarem com os valores indicados pela Fazenda Pública. 
Obs.: sendo a divergência parcial, a perícia terá como objeto somente 
a parcela controvertida, de acordo com o art. 634 do CPC. 
Realizada a avaliação, as partes serão intimadas para manifestação no prazo comum de 15 
dias,sendo a previsão do art. 635, caput, do CPC, de que tal prazo corre em cartório por ser comum 
às partes aplicáveis somente aos processos que tramitam em autos físicos, em que é possível a 
carga dos autos. 
O § 1º do art. 635 do CPC prevê que versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, 
o juiz a decidirá de plano, à vista do que constar dos autos. O dispositivo legal sugere que versando 
a impugnação sobre outra matéria não caberá a decisão de plano, cabendo antes de sua prolação 
a oitiva das demais partes e do próprio perito para se manifestarem sobre a impugnação. Sendo a 
impugnação acolhida o juiz determinará, nos termos do § 2º do art. 635 do CPC, a retificação da 
avaliação. 
Art. 635. Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que as partes se 
manifestem no prazo de 15 (quinze) dias, que correrá em cartório. 
§ 1º Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz a decidirá 
de plano, à vista do que constar dos autos. 
§ 2º Julgando procedente a impugnação, o juiz determinará que o perito 
retifique a avaliação, observando os fundamentos da decisão. 
Aceito o laudo de avaliação ou resolvidas as impugnações, caberá ao inventariante prestar 
as últimas declarações, que poderão aditar, complementar ou emendar as primeiras declarações. 
Nas últimas declarações restará configurada definitivamente a herança a ser partilhada entre os 
herdeiros. 
Em sequência, as partes serão intimadas para manifestação em 15 dias (art. 637 do CPC), 
cabendo ao juiz a solução de plano de eventuais controvérsias, por meio de decisão interlocutória 
recorrível por agravo de instrumento. 
Após a oitiva das partes a respeito das últimas declarações, proceder-se-á ao cálculo do 
imposto de transmissão causa mortis com base no valor dos bens na data da avaliação. Realizado 
o cálculo, abrir-se-á um prazo de 5 dias sucessivo para as partes e depois para a Fazenda Pública. 
Destaca-se, por fim, que o art. 647, parágrafo único, do CPC, de acordo com Daniel 
Assumpção, inovou ao prever expressamente que o juiz poderá, em decisão fundamentada, deferir 
antecipadamente a qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de usar e fruir de determinado 
bem, com a condição de que, ao término do inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro. E 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 92 
 
 
 
ainda prevê que, desde o deferimento do exercício dos direitos de usar e fruir do bem, cabem ao 
herdeiro beneficiado todos os ônus e bônus decorrentes do exercício daqueles direitos. 
Não resta dúvida a respeito da natureza interlocutória, recorrível por agravo de instrumento 
(art. 1015, parágrafo único, do CPC), dessa decisão, mas sobram dúvidas a respeito de qual 
espécie de julgamento versa o dispositivo legal ora comentado. Não se trata de julgamento parcial 
de mérito porque o herdeiro recebe apenas o exercício dos direitos de usar e usufruir do bem, e não 
sua propriedade. Por outro lado, embora se assemelhe a tutela provisória (da evidência, porque a 
lei não prevê o periculum in mora como requisito para sua concessão), parte da certeza de que o 
bem integra a cota do herdeiro beneficiado pela concessão da tutela, o que contraria o juízo de 
mera probabilidade típico das tutelas provisórias. 
7.11. PARTILHA 
Após o encerramento da fase procedimental correspondente ao inventário, em regra passa-
se à fase que corresponde à partilha, com procedimento regulado nos arts. 647 a 658 do CPC. 
Excepcionalmente não haverá a fase de partilha, considerando-se a possibilidade de existir 
um único titular ao recebimento da herança, hipótese na qual os bens lhe serão imediatamente 
adjudicados ao final do inventário. 
É importante evidenciar que existem 3 espécies de partilha, conforme classificação do 
doutrinador Daniel Assumpção: 
1) Amigável: ocorrerá sempre que existir acordo entre todos os sucessores, podendo ser 
realizada administrativamente ou por acordo extrajudicial levado à homologação judicial. 
2) Judicial: resolve-se por sentença quando existe divergência entre os sucessores, 
cabendo analisar o seu procedimento. 
3) Em vida: não pode prejudicar a legítima dos herdeiros necessários. 
Segundo previsão do art. 647, caput, do CPC, encerrada a fase de inventário, o juiz intimará 
as partes para que formulem pedido de quinhão no prazo comum de 15 dias. Nesse momento cabe 
às partes indicarem os bens que mais lhes interessam para fazerem parte de seu quinhão. Ex.: um 
herdeiro que já residia na fazenda deseja permanecer nela e, por isso, deseja o bem para si. 
Transcorrido esse prazo, com ou sem a manifestação das partes, proferirá o juiz a decisão 
de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devem 
constituir o quinhão de cada herdeiro e legatário, levando sempre em conta 3 regras/critérios 
objetivos para a partilha: 
1) A maior igualdade possível, seja quanto ao valor, quanto à natureza e à qualidade dos 
bens, em regra já prevista no art. 2017 do Código Civil; 
2) A prevenção de litígios futuros; 
3) A maior comodidade dos coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso, nos 
termos do art. 648, considerando-se o status quo ante. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 93 
 
 
 
Caberá ao juiz nesse momento procedimental decidir sobre a necessidade de alienação de 
bens para pagamento de dívidas do espólio ou para a partilha do preço na hipótese de bens 
insuscetíveis de divisão cômoda e não comportáveis no quinhão do sucessor ou do cônjuge 
sobrevivente. Nesse caso, admite-se que um dos interessados adjudique o bem, repondo aos 
demais em dinheiro o valor que exceder sua cota, havendo licitação quando existir mais de um 
interessado na adjudicação. 
Com base na manifestação das partes e no projeto de partilha definido após o 
pronunciamento judicial, os autos serão encaminhados ao partidor do juízo (avaliador especializado 
em partilha) para organizar o esboço da partilha de acordo com a decisão de deliberação da partilha, 
observando nos pagamentos a seguinte ordem lógica (art. 651, do CPC): 
1) Dívidas atendidas; 
2) Meação do cônjuge; 
3) Meação disponível; 
4) Quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. 
Aduz o art. 652 do CPC que as partes serão intimadas para se manifestarem sobre o esboço 
da partilha no prazo comum de 15 dias. Sem reclamações, a partilha será lançada nos autos. 
Havendo reclamações, o juiz as decidirá e lançará a partilha nos autos. Trata-se de decisão 
interlocutória recorrível por agravo de instrumento em ambos os casos. 
Da partilha constarão um auto de orçamento e uma folha de pagamento para cada parte, 
nos termos do art. 653 do CPC. 
Conforme previsão do art. 654 do CPC, sendo provada a inexistência de débitos tributários 
(juntada aos autos de certidão ou informação negativa da dívida para com a Fazenda Pública), em 
especial a prova de pagamento de imposto de transmissão a título de morte, o juiz julgará a partilha, 
em sentença de natureza constitutiva, uma vez que cria uma nova situação jurídica dos bens 
pertencentes à herança, fazendo cessar a indivisão patrimonial decorrente da morte do de cujus. 
A sentença é recorrível por apelação e após o trânsito em julgado os herdeiros receberão 
os bens e o formal de partilha, com fulcro no art. 655 do CPC: 
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654 , receberá 
o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão 
as seguintes peças: 
I - termo de inventariante e título de herdeiros; 
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; 
III - pagamento do quinhão hereditário; 
IV - quitação dos impostos; 
V - sentença. 
Salienta-se que o formal de partilha é título suficiente para a transcrição no Registro 
Imobiliário, valendo também como título executivo judicial entre os herdeiros, sucessores e 
inventariante (art. 515, IV, do CPC) para exigir o cumprimento de obrigações de pagare entregar 
coisa. Na hipótese de bens de pequeno valor, considerados pelo parágrafo único do art. 655 do 
CPC como aqueles que não excederem a 5 vezes o salário-mínimo, não haverá expedição de formal 
de partilha, mas de mera certidão, que terá os mesmos efeitos materiais do formal. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 94 
 
 
 
Com o trânsito em julgado da sentença da partilha o espólio será extinto, também sendo 
extinta a figura do inventariante, cabendo a cada herdeiro defender em juízo e fora dele apenas os 
bens pertencentes a seu quinhão. 
Mesmo depois de transitada em julgado a sentença da partilha, o art. 656 do CPC disciplina 
que é possível a sua emenda para corrigir erro de fato na descrição dos bens, desde que com isso 
concordem todos os herdeiros: 
Art. 656. A partilha, mesmo depois de transitada em julgado a sentença, pode 
ser emendada nos mesmos autos do inventário, convindo todas as partes, 
quando tenha havido erro de fato na descrição dos bens, podendo o juiz, de 
ofício ou a requerimento da parte, a qualquer tempo, corrigir-lhe as 
inexatidões materiais. 
Ressalta-se, entretanto, que consoante posicionamento do STJ, a emenda para corrigir erro 
de fato na descrição dos bens e inexatidões materiais da sentença da partilha não pode gerar 
alteração substancial de seu conteúdo, em respeito ao trânsito em julgado: 
 
INVENTÁRIO. PARTILHA. COLAÇÃO DE BEM DOADO A DETERMINADOS 
HERDEIROS PELO DE CUJUS. ASSERTIVA DE CONTRARIEDADE AO ART. 
1.028 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. - Impertinência da invocação 
feita ao art. 1.028 do CPC no caso, visto não se cuidar de erro de fato na 
descrição do bem ou de inexatidão material. Inexistência, ademais, de 
concordância de todos os interessados. Recurso especial não conhecido. 
(STJ - REsp: 109188 SP 1996/0060994-2, Relator: Ministro BARROS 
MONTEIRO, Data de Julgamento: 21/03/2002, T4 - QUARTA TURMA, Data de 
Publicação: --> DJ 26/08/2002 p. 221 LEXSTJ vol. 157 p. 88). 
7.11.1. Desconstituição da sentença de partilha 
Seguindo as previsões dos arts. 657 e 658 do CPC, a doutrina entende que a ação cabível 
para a desconstituição da sentença de partilha já transitada em julgado depende da espécie de 
partilha. Sendo assim, a desconstituição pode ocorrer de 2 formas: 
1) Tendo sido partilha amigável, a sentença meramente homologatória do acordo de 
vontade das partes será desconstituída por meio de ação anulatória, nos termos do art. 
657 do CPC: 
Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo 
nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, 
pode ser anulada por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz, 
observado o disposto no § 4º do art. 966. 
Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 
(um) ano, contado esse prazo: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessou; 
II - no caso de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato; 
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. 
O prazo para o ingresso da ação anulatória é de 1 ano. Sendo o direito de anular a sentença 
um direito potestativo, é indiscutível a natureza decadencial desse prazo. Todos os sujeitos que 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 95 
 
 
 
participaram do processo de inventário e partilha têm legitimidade para a ação anulatória, devendo 
formar um litisconsórcio passivo necessário entre todos os demais sujeitos que participaram de tal 
processo e foram contemplados pela partilha, sendo o cônjuge sobrevivente parte ilegítima para 
esse processo porque a meação não integra a herança propriamente dita. 
2) Tendo sido a partilha judicial, a sentença que homologou a partilha será desconstituída 
após o trânsito em julgado por meio de ação rescisória, de acordo com o art. 658 do 
CPC: 
Art. 658. É rescindível a partilha julgada por sentença: 
I - nos casos mencionados no art. 657; 
II - se feita com preterição de formalidades legais; 
III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-PR - Juiz - FGV - 2021): A partilha, depois de transitada em julgado a 
sentença, somente pode ser alterada por meio de sua rescisão. Errado, uma 
vez que a partilha pode ser emendada nos mesmos autos do inventário de 
acordo com o art. 656 do CPC. 
Um outro processo que pode vir a afetar a partilha realizada é a ação de petição de 
herança, proposta por herdeiro que não participou do processo. Ela acarreta a nulidade da partilha 
realizada, com a consequente desconstituição da sentença, mesmo que transitada em julgado. 
O herdeiro que não tenha participado do processo de inventário e partilha não está sujeito à 
coisa julgada, tendo prazo prescricional de 20 anos para ingressar com ação de petição de herança, 
que uma vez julgada procedente gerará uma retificação da partilha já realizada, segundo 
entendimento do STJ: 
 
Direito civil e processual civil. Recurso especial. Ação de investigação de 
paternidade c/c petição de herança e anulação de partilha. Decadência. 
Prescrição. Anulação da paternidade constante do registro civil. Decorrência 
lógica e jurídica da eventual procedência do pedido de reconhecimento da nova 
paternidade. Citação do pai registral. Litisconsórcio passivo necessário. - Não 
se extingue o direito ao reconhecimento do estado de filiação exercido com 
fundamento em falso registro. - Na petição de herança e anulação de partilha 
o prazo prescricional é de vinte anos, porque ainda na vigência do CC/16. 
- O cancelamento da paternidade constante do registro civil é decorrência 
lógica e jurídica da eventual procedência do pedido de reconhecimento da nova 
paternidade, o que torna dispensável o prévio ajuizamento de ação com tal 
finalidade. - Não se pode prescindir da citação daquele que figura como pai na 
certidão de nascimento do investigante para integrar a relação processual na 
condição de litisconsórcio passivo necessário. Recurso especial parcialmente 
conhecido e, nessa parte, provido. (STJ - REsp: 693230 MG 2004/0138750-1, 
Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 11/04/2006, T3 - 
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 02/05/2006 p. 307 RNDJ vol. 
79 p. 94). 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 96 
 
 
 
Na hipótese de sobrepartilha, não haverá anulação da partilha já realizada, mas uma nova 
partilha, a ser realizada no mesmo processo da anterior. Segundo o art. 669 do CPC, ficam sujeitos 
à sobrepartilha: 
1) Bens sonegados (escondidos); 
2) Bens desconhecidos ao tempo da partilha; 
3) Bens litigiosos ou de liquidação difícil ou morosa; 
4) Bens situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário. 
Mesmo tendo sido a partilha concretizada judicialmente, é cabível a realização de 
sobrepartilha extrajudicialmente, desde que sejam respeitados os requisitos legais, nos termos do 
art. 610 do CPC. Havendo acordo entre todos os herdeiros a respeito da sobrepartilha, caberá ao 
juiz simplesmente homologar o acordo de vontades. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-PR - Juiz - FGV - 2021): Caso seja necessária a sobrepartilha, esta seguirá 
procedimento especial simplificado. Errado, pois ela correrá nos autos do 
inventário do autor da herança. 
8. EMBARGOS DE TERCEIRO 
8.1. CONCEITO 
Os embargos de terceiro são ação de conhecimento de rito especial sumário, de que dispõe 
o terceiro ou a parte a ele equiparada, sempre que sofra uma constrição de um bem do qual tenha 
posse (como senhor ou possuidor) em razão de decisão judicial proferida num processo do qual 
não participe. 
O objetivo da ação de embargos de terceiro é desconstituir a constrição judicial com a 
consequente liberação do bem. 
Obs.: por constrição judicial entende-se o ato judicial por meio do qual 
o terceiro sofre alguma espécie de restrição de algum bem de seu 
patrimônio. 
 A referida ação possui natureza preventiva e reconstitutiva, eis que podeser utilizada para 
evitar que a constrição ocorra, bem como desfazê-la caso já tenha sido realizada, conforme 
expressa previsão do art. 674, caput, do CPC: 
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça 
de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito 
incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou 
sua inibição por meio de embargos de terceiro. 
 
A responsabilidade patrimonial, como regra geral, recai sobre as partes que participam da 
relação jurídica processual, sendo apenas de forma excepcional permitido ao juiz que determine a 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 97 
 
 
 
constrição patrimonial daquele que não participou do processo (art. 790 do CPC). Sempre que a 
regra geral for desrespeitada e não se verificar um dos casos de exceção, ou seja, não ser parte 
tampouco ter qualquer responsabilidade pelo cumprimento da obrigação, o terceiro poderá 
ingressar com a ação de embargos de terceiro com o exclusivo objetivo de afastar a constrição 
judicial. 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TRF-3 - Juiz - TRF-3 - 2022): Os embargos de terceiro são modalidade de 
intervenção de terceiros coata, na qual o terceiro se vê obrigado a ingressar no 
processo por força de constrição realizada sobre o seu patrimônio. Errado. 
 
(DPE-SE - Defensor - CESPE - 2022): O embargo de terceiro é um instrumento 
processual que visa proteger a posse ou a propriedade de bens daquele que 
não sendo parte no processo sofre constrição ou ameaça de constrição judicial, 
seja em tutela cognitiva provisória, ou definitiva, seja na execução. Correto. 
8.2. LEGITIMAÇÃO 
8.2.1. Legitimidade ativa 
Aduz o art. 674, caput, do CPC que a legitimidade ativa dos embargos de terceiro é do 
terceiro – entendido como o sujeito que não faz parte da relação jurídica processual tampouco tem 
responsabilidade patrimonial – que sofra constrição ou ameaça de constrição sobre bens que 
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, in verbis: 
Art. 674, § 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive 
fiduciário, ou possuidor. 
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos: 
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de 
sua meação, ressalvado o disposto no art. 843; 
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a 
ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; 
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração 
da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; 
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de 
direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos 
atos expropriatórios respectivos. 
No que tange ao § 2º do art. 674, importante tecer as seguintes observações acerca de cada 
um dos incisos: 
1) Inciso I: legitimidade ativa do cônjuge ou companheiro quando defende a posse de bens 
próprios ou de sua meação. 
Salienta-se que os embargos de terceiro nesse caso têm uma importante singularidade: não 
retiram a constrição judicial sobre o bem, que será normalmente alienado judicialmente, pois o que 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 98 
 
 
 
se obtém pelos embargos de terceiro é somente metade do valor da avaliação do bem após sua 
alienação. 
Assim, se um bem for avaliado em R$ 500.000,00 e vendido por R$ 400.000,00, o cônjuge 
terá direito a R$ 250.000,00 (50% do valor da avaliação). Por outro lado, se for avaliado em R$ 
500.000,00 e vendido por R$ 600.000,00, o cônjuge terá direito a R$ 300.00,00, uma vez que 
quando o valor da venda é superior ao valor da avaliação, deve-se repartir em porcentagens iguais 
de 50% do valor da venda, conforme apontado por Daniel Assumpção. 
Destaca-se que essa é a única hipótese de legitimidade ativa prevista pelo § 2º do art. 674 
do CPC de sujeito que, apesar de ser parte – o cônjuge ou companheiro intimados da penhora do 
imóvel passam a ser litisconsortes passivos ulteriores do cônjuge ou companheiro devedor – tem 
legitimidade para ingressar com embargos de terceiro. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(DPE-CE - Defensor - FCC - 2022): Maria, casada com Aguinaldo sob regime 
de comunhão parcial de bens, procurou atendimento na Defensoria Pública de 
Fortaleza. Aguinaldo é devedor de pensão alimentícia de filho que já tinha 
antes de se casar com Maria e está respondendo pela dívida alimentar em 
cumprimento definitivo de sentença, no qual foi penhorada a casa adquirida na 
constância da união com Maria. Eles estão separados de fato, de maneira que 
Maria está residindo com a sua genitora. Com o objetivo de garantir os direitos 
de Maria em relação ao imóvel, caberá embargos de terceiro para resguardar 
os direitos de sua meação. Correto. 
2) Inciso II: adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a 
ineficácia da alienação realizada em fraude à execução. 
O § 4º do art. 792 do CPC prevê que, antes de ser declarada a fraude à execução, o juiz 
deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 
15 dias. O referido inciso II do art. 674 apenas confirma a legitimidade nesse caso para viabilizar o 
cumprimento do art. 792, § 4º do CPC, mas não resta muita dúvida de que o adquirente de bem em 
fraude à execução é um terceiro, porque o juiz não o intimará para se manifestar no processo sobre 
o pedido de fraude à execução, o que o tornaria parte no processo, e sim para a oposição de 
embargos de terceiro com natureza preventiva. 
3) Inciso III: sujeito que sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração 
da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte. 
 Nesse caso o sujeito será um terceiro tanto em relação ao processo em que se deu a 
constrição judicial quanto naquele em que houve a desconsideração da personalidade jurídica. 
Desse modo, se o sujeito não fez parte do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, 
não teve responsabilidade patrimonial secundária reconhecida, não pode ter bens de seu patrimônio 
constritos judicialmente. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MPE-RS - Promotor - MPE-RS - 2021): Considera-se terceiro, para 
ajuizamento dos embargos, quem sofre constrição judicial de seus bens por 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 99 
 
 
 
força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente fez parte. 
Errado. 
4) Inciso IV: credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito 
real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios 
respectivos. 
Apesar de o bem gravado por garantia real ser penhorável, existem algumas condições 
específicas que visam proteger o credor hipotecário ou pignoratício, em razão de sua preferência 
sobre o credor quirografário. Segundo a previsão legal contida no art. 799, I, do CPC, o credor com 
garantia real deve ser intimado da penhora que incide sobre o bem objeto da hipoteca, penhor ou 
anticrese. Uma vez intimado da penhora, o credor – terceiro em relação à execução – pode evitar 
a expropriação do bem dado em “garantia real” por meio da interposição dos embargos de terceiro. 
Nos embargos do credor com garantia real existe uma limitação nas matérias defensivas, de 
acordo com o art. 680 do CPC. Assim, o embargado somente poderá alegar que: 
1) O devedor comum é insolvente; 
Obs.: de acordo com Daniel Assumpção, o termo “insolvência”, 
utilizado no dispositivo legal, não se condiciona exclusivamente à 
sentença de falência ou de insolvência civil, bastando para tanto a 
comprovação de não existirem outros bens para satisfazer o direito do 
credor. 
2) O título é nulo ou não obriga a terceiro; 
3) Outra é a coisa dada em garantia. 
Infere-se que a melhor doutrina e jurisprudência entendem que a única forma de o credorhipotecário ou pignoratício impedir a execução alheia sobre sua garantia real é comprovar que 
existem outros bens que possam responder pela obrigação quirografária. 
 Por fim, destaca-se que de acordo com entendimento do STJ, se há uma promessa de 
compra e venda de um imóvel e ocorre ato de constrição sobre o bem, o promitente comprador do 
imóvel, mesmo que o contrato não tenha sido registrado em cartório, tem legitimidade para 
embargar de terceiro. Nesse sentido: 
 
Súmula 84 do STJ: É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados 
em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, 
ainda que desprovido do registro. 
 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JUÍZO DE 
ADMISSIBILIDADE. OFENSA À SÚMULA. EMBARGOS DE TERCEIRO. 
COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA NÃO REGISTRADO. POSSE 
INDIRETA. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 84/STJ. - Ofensa à Súmula de 
Tribunal não autoriza interposição de recurso especial arrimado na alínea a do 
permissivo constitucional. - Inúmeros precedentes afirmam ser possível o 
oferecimento de embargos de terceiro com base em posse indireta. O artigo 
1.046 do Código de Processo Civil não exclui a possibilidade do credor de bem 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 100 
 
 
 
dado em garantia, com posse indireta, pela tradição ficta, como convencionado 
no termo próprio, ajuizar embargos de terceiro. - Nessa linha de precedentes, 
é admissível, inclusive, a oposição de embargos de terceiro fundados em 
alegação de posse indireta advinda do compromisso de compra e venda 
de imóvel, ainda que desprovido do registro. Eventual má-fé, quando 
constatada, deverá ser adequadamente combatida pelo Poder Judiciário, o que 
não ocorre na hipótese sob exame. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 
908137 RS 2006/0263649-4, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de 
Julgamento: 20/10/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 
17/11/2009 REPDJe 20/11/2009). 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
 
(PGE-RS - Procurador - CESPE - 2023): No curso de ação de execução, o 
credor requereu a penhora de dois motores de retroescavadeiras que se 
encontravam no depósito da empresa executada, avaliados em R$ 350.000. O 
juízo da causa deferiu a penhora dos motores e determinou sua remoção bem 
como a entrega ao exequente, que ficaria como seu fiel depositário. Todavia, 
os referidos motores tinham sido adquiridos pelo poder público estadual 
(DER/ES), com o objetivo de recuperar duas máquinas de sua propriedade, 
que estavam danificadas. Nessa situação hipotética, o estado do Espírito Santo 
tem interesse jurídico e possui legitimidade ativa para propor ação de 
embargos de terceiro com o objetivo de liberar a constrição judicial recaída 
sobre os objetos penhorados. Correto. 
 
(MPE-SC - Promotor - CESPE - 2021): O adquirente de coisa litigiosa, ainda 
que ciente do fato, é parte legítima para opor embargos de terceiros, posto que 
essa via processual é adequada àquele que, não sendo parte no processo, 
tenha por propósito afastar a contrição judicial que recaia sobre o bem do qual 
seja titular. Errado. 
8.2.2. Legitimidade passiva 
Dispõe o § 4º do art. 677 do CPC que: 
Art. 677, § 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição 
aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for 
sua a indicação do bem para a constrição judicial. 
A regra fundamental para a determinação da legitimação passiva é aquela que indica o polo 
ativo da demanda de onde surgiu a apreensão judicial, levando-se em consideração que a ordem 
do juiz para a constrição judicial ocorre ou deriva de uma satisfação do direito do autor/exequente 
(conhecimento e execução) ou de garantia dessa satisfação do requerente (cautelar). 
Verifica-se, entretanto, que em determinadas situações a apreensão judicial é resultado 
direto da indicação de bem feita pelo sujeito que compõe o polo passivo da demanda. É o caso, por 
exemplo, de uma execução na qual o executado oferece bem de terceiro à penhora, não podendo 
ser o exequente responsabilizado sozinho pela constrição advinda de tal pedido. Nesse caso, a 
legitimidade será tanto do executado (responsável pela individualização do bem) como do 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 101 
 
 
 
exequente (responsável pelo pedido de constrição), formando-se no polo passivo dos embargos de 
terceiro um litisconsórcio necessário, de acordo com Marcato e Câmara. 
8.3. COMPETÊNCIA 
A competência está expressa no art. 676 do CPC, in verbis: 
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que 
ordenou a constrição e autuados em apartado. 
Trata-se, portanto, de regra de competência absoluta (funcional) do juízo que realizou a 
constrição judicial. 
Obs.: estando em trâmite a demanda perante o segundo grau de 
jurisdição, a competência para interposição dos embargos de terceiro 
continua a ser do primeiro grau, conforme posicionamento de Araken 
de Assis, uma vez que não cabe criação de ação e competência 
originária do tribunal sem previsão legal, bem como porque os atos 
materiais de constrição judicial são realizados no primeiro grau. 
Tramitando a ação principal perante a Justiça Estadual e sendo interpostos os embargos de 
terceiro por qualquer dos entes federais previstos no art. 109, I, da CF/88, a competência para o 
julgamento dos embargos de terceiro passa a ser da Justiça Federal. O STJ possui entendimento 
no sentido de que a competência da ação principal continua a ser da Justiça Estadual, devendo tal 
demanda executiva ser suspensa até o julgamento dos embargos de terceiro como forma de evitar 
decisões contraditórias: 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL 
E JUSTIÇA FEDERAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO AJUIZADA PERANTE A 
JUSTIÇA ESTADUAL. EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS PELA CAIXA 
ECONÔMICA FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE CONEXÃO. AÇÃO DE 
EXECUÇÃO SOBRESTADA NA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. 
EMBARGOS DE TERCEIRO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. I. A 
reunião de processos por conexão, como forma excepcional de modificação de 
competência, só ocorre quando as causas supostamente conexas estejam 
submetidas a juízos, em tese, competentes para o julgamento das duas 
demandas. II. É competente a Justiça Federal para o julgamento dos 
embargos de terceiro opostos pela Caixa Econômica Federal, devendo 
ser sobrestada na Justiça Estadual, a ação de execução, até julgamento 
dos referidos embargos, pela Justiça Federal, para evitar prolação de 
decisões conflitantes. Conflito de competência conhecido declarando-se 
competente para o julgamento dos embargos de terceiro o Juízo Federal da 
24ª Vara da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais, ora suscitante. (STJ 
- CC: 93969 MG 2008/0040722-0, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de 
Julgamento: 28/05/2008, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 
05/06/2008). 
Em continuidade, importante visualizar o que dispõe o parágrafo único do art. 676 do CPC: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 102 
 
 
 
Art. 676, Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, 
os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo 
juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta. 
Sendo expedida a carta precatória para a constrição de determinado bem, servindo o juízo 
deprecado apenas para efetivar tal apreensão, a competência para os embargos de terceiro será 
do juízo deprecante, responsável pela indicação do bem a ser constrito. Já no caso de uma 
constrição, em que o juízo deprecante apenas expede carta precatória para que sejam constritos 
tantos bens quantos necessários para a garantia do juízo (ex.: penhora), a escolha de quais bens 
servirão de objeto da constrição patrimonial deve ser feita pelo juízo deprecado, sendo esse 
competente para conhecer dos embargos de terceiro. 
8.4. PRAZO 
O prazo para propositura dos embargos de terceiro está estabelecidono art. 675 do CPC: 
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de 
conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no 
cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias 
depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da 
arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta. 
Trata-se, destarte, de um prazo decadencial. 
Segundo o referido dispositivo normativo, se a apreensão ocorrer no curso do processo de 
conhecimento (ou fase procedimental), o terceiro pode opor embargos enquanto não ocorrer o 
trânsito em julgado da sentença. 
Obs.: o terceiro não está vinculado à coisa julgada material de 
demanda da qual não participou (art. 506 do CPC), de forma que 
poderá depois do trânsito em julgado reivindicar o bem constrito pelas 
vias ordinárias, havendo restrição tão somente à utilização dos 
embargos de terceiro. O prazo é meramente preclusivo, não afetando 
o direito material do terceiro. 
Se a apreensão se verificar no trâmite do processo de execução, a oportunidade para a 
propositura da demanda se exaure no prazo de 5 dias depois da adjudicação, da alienação por 
iniciativa particular ou da arrematação, mas nunca após a assinatura da respectiva carta. Havendo 
alienação por iniciativa particular, o prazo também será de até 5 dias após a alienação judicial do 
bem. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MPE-RS - Promotor - MPE-RS - 2021): Os embargos de terceiro podem ser 
opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não 
transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no 
processo de execução, até 10 (dez) dias depois da adjudicação, da alienação 
por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da 
respectiva carta. Errado. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 103 
 
 
 
8.5. PROCEDIMENTO 
A petição inicial, a ser distribuída para o mesmo juízo no qual tramita a ação principal, deve 
seguir as regras gerais do art. 319 do CPC. 
O art. 677 do CPC estabelece também a necessidade de o embargante fazer prova sumária 
de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e indicando o 
rol de testemunhas. Além disso, o § 1º do art. 677 ressalta que é facultada a prova da posse em 
audiência preliminar designada pelo juiz. Segundo Daniel Assumpção, trata-se da mesma audiência 
de justificação preliminar para a produção da prova da posse prevista nas ações possessórias. 
Salienta-se que há preclusão da produção de prova testemunhal caso o autor não apresente 
o rol de testemunhas na inicial, de acordo com o entendimento do STJ: 
 
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. 
ROL DE TESTEMUNHAS. PRECLUSÃO. ART. 1.050 DO CPC. 1. De acordo 
com o art. 1.050 do Código de Processo Civil, na ação de embargos de 
terceiro, o rol de testemunhas deve ser entregue juntamente com a 
petição inicial, sob pena de preclusão. 2. Recurso especial provido. (STJ - 
REsp: 362504 RS 2001/0139726-6, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE 
NORONHA, Data de Julgamento: 04/04/2006, T2 - SEGUNDA TURMA, Data 
de Publicação: --> DJ 23/05/2006 p. 135). 
Recebida a petição inicial e estando suficientemente provada a posse do embargante, o juiz 
deferirá os embargos e ordenará liminarmente (tutela de urgência satisfativa) a suspensão das 
medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos de terceiro preventivo ou 
expedição de mandado de manutenção ou restituição do bem objeto da apreensão judicial em favor 
do embargante se a constrição já tiver ocorrido, de acordo com o art. 678 do CPC: 
Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a 
posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens 
litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração 
provisória da posse, se o embargante a houver requerido. 
Em seguida, destaca-se que pode haver a necessidade de prestação de caução, nos termos 
do art. 678, parágrafo único, do CPC: 
Art. 678, Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção 
ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, 
ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. 
Conforme apontado, procede-se com dispensa da prestação da caução quando a parte for 
economicamente hipossuficiente. 
No caso de o embargante não prestar a caução, que pode ser real ou fidejussória, o bem 
objeto dos embargos ficará sequestrado até o julgamento final da ação, figurando alguém (pode ser 
inclusive o embargante) como depositário fiel do bem, consoante entendimento do STJ: 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 104 
 
 
 
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. DEFERIMENTO 
LIMINAR. ART. 1.051 DO CPC. CAUÇÃO. NÃO EXIGIDA OU NÃO 
PRESTADA. BEM RECEBIDO EM DEPÓSITO JUDICIAL. PRECEDENTE. 
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. - Se a caução prevista no art. 1.051 do CPC não é 
exigida ou não puder ser prestada pelo embargante, o objeto dos 
embargos de terceiro fica sequestrado e quem o recebe assume o cargo 
de depositário judicial do bem, nos termos do art. 148 do CPC. - Se aquele 
que recebe liminarmente o bem o objeto dos embargos de terceiro, sem prestar 
caução, nega a sua qualidade de depositário judicial, para esquivar-se da 
devolução do bem ou mesmo da sua prisão civil, quebra o dever de lealdade 
processual exigido pelo art. 14 do CPC, incorre em litigância de má-fé e, por 
isso, pode ser condenado de acordo com o disposto nos arts. 17 e 18, ambos 
do CPC. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 754895 MG 
2005/0089032-3, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 
25/09/2006, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 09/10/2006 p. 
291). 
No que se refere à citação, tem-se que: 
Art. 677, § 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador 
constituído nos autos da ação principal. 
Isto posto, constata-se que a citação do embargado deverá ser feita na pessoa de seu 
advogado, o que prestigia o princípio da economia processual, sendo solução também adotada em 
outras ações incidentais como a oposição e a reconvenção. 
Em continuidade, no que tange às respostas do réu, o art. 679 do CPC estabelece o 
seguinte: 
Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) 
dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum. 
Salienta-se que o embargado não pode alegar fraude contra credores em sede de defesa, 
eis que o meio processual adequado para se obter a anulação de ato jurídico por fraude a credores 
não é a resposta aos embargos de terceiro, mas a ação pauliana, conforme entendimento sumular 
do STJ: 
 
Súmula 195 do STJ: Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por 
fraude contra credores. 
Outrossim, de acordo com Marinoni e Araken de Assis, bem como o posicionamento do STJ, 
não se admite cumulação de pedidos estranhos à natureza constitutivo-negativa dos embargos de 
terceiro (incluindo a reconvenção): 
 
RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CUMULAÇÃO DE 
PEDIDOS. CANCELAMENTO DA RESTRIÇÃO DO VEÍCULO DA AUTORA, 
ALÉM DA CONDENAÇÃO DA RÉ EM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 
IMPOSSIBILIDADE. COGNIÇÃO LIMITADA. FINALIDADE TÃO SOMENTE 
DE EVITAR OU AFASTAR A CONSTRIÇÃO JUDICIAL INJUSTA SOBRE 
BENS DE TERCEIROS. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 105 
 
 
 
RECURSO DESPROVIDO. 1. Os embargos de terceiro, a despeito de se 
tratar de ação de conhecimento, tem como única finalidade a de evitar ou 
afastar a constrição judicial sobre bens de titularidade daquele que não 
faz parte do processo correlato. 2. Dessa forma, considerando a cognição 
limitada dos embargos de terceiro, revela-se inadmissível a cumulação de 
pedidos estranhos à sua natureza constitutivo-negativa, como, por 
exemplo, o pleito de condenação a indenização por danos morais. 3. Recurso 
especial desprovido. (STJ - REsp: 1703707RS 2017/0264895-1, Relator: 
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 25/05/2021, T3 - 
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/05/2021). 
 
Após a apresentação da contestação, o procedimento dos embargos de terceiro será o 
comum (art. 679 do CPC). 
9. OPOSIÇÃO 
9.1. CONCEITO 
Ressalta-se, a priori, que a ação de oposição, na vigência do CPC de 1973, tinha natureza 
de intervenção de terceiros. 
Atualmente, de acordo com Daniel Assumpção, configura-se oposição a ação por meio da 
qual um terceiro ingressa com processo pleiteando o direito ou coisa sobre que controvertem autor 
e réu. Significa dizer que por meio da oposição o autor busca obter para si o direito ou a coisa objeto 
de disputa entre as partes em processo já instaurado. 
O conceito está legalmente previsto no art. 682 do CPC: 
Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que 
controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer 
oposição contra ambos. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-MS - Juiz - FCC - 2020): A oposição é manifestada por aquele que, 
denunciado da lide ou chamado ao processo, impugna sua condição de 
responsável pela obrigação contratual ou extracontratual. Errado. 
Há possibilidade de apresentar oposição total ou parcial. Ex.: a ação principal discute a 
titularidade de 2 imóveis, mas o opoente apresenta oposição informando ser o proprietário de 
apenas um deles. 
Ressalta-se, por conseguinte, que a apresentação da ação de oposição está sujeita à 
preclusão temporal, podendo ser oferecida até ser proferida a sentença. 
Obs.: não se perde o direito de ação do opoente. Este apenas deverá 
se valer de ação pelo procedimento comum para questionar a 
titularidade do direito ou coisa. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 106 
 
 
 
É importante frisar, por fim, que são inconfundíveis os embargos de terceiro e a oposição, 
considerando-se que na oposição o terceiro ingressa em demanda já formada entre autor e réu 
buscando obter para si o direito ou a coisa discutida, excluindo assim a pretensão de ambas as 
partes do processo principal. A característica marcante desse procedimento especial é a 
necessidade que o opoente tem de discutir o direito material objeto da ação principal, já que 
somente assim convencerá o juiz de suas razões. 
Na oposição, a opoente tem um necessário interesse na solução da demanda principal, visto 
que busca demonstrar que nenhum dos sujeitos (autor e réu) merece receber a tutela jurisdicional 
invocada. Já nos embargos de terceiro o embargante não tem nenhum interesse na solução final 
da ação principal, visto que para ele pouco importa quem é o titular do direito material debatido em 
tal ação. 
A vitória do autor ou do réu é simplesmente indiferente para o embargante, que não objetiva 
com os embargos de terceiro discutir o direito material que é objeto da ação principal, mas 
exclusivamente retirar a constrição judicial ilegal. Ex.: autor e réu discutem sobre uma dívida de 100 
mil reais. O executado defende que não deve nada. O terceiro vai ajuizar embargos de terceiro 
apenas para informar que a penhora realizada recaiu sobre um bem dele que não responde pela 
dívida, requerendo apenas a liberação da constrição judicial realizada. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
 
(DPE-SP - Defensor - FCC - 2023): Em um determinado processo de 
conhecimento, Jonatas e Tibério disputam o domínio de um determinado bem 
móvel. Ocorre que Lúcia, que não faz parte da relação processual e não foi 
citada, ficou sabendo da existência da demanda e entende que na verdade o 
objeto litigioso é de sua propriedade, e não de qualquer das partes da 
demanda. O processo está em andamento e, até o presente momento, ainda 
não consta qualquer decisão judicial a respeito do bem litigioso. Nesse caso, 
Lúcia deverá se valer de embargos de terceiro porque este é o meio adequado 
para terceiro que pretenda, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que 
controvertem autor e réu. Errado, pois Lúcia deverá se valer da ação de 
oposição. 
 
(DPE-PI - Defensor - CESPE - 2022): Determinado indivíduo, hipossuficiente 
sob o ponto de vista econômico, compareceu à defensoria pública e 
demonstrou, por prova documental, em procedimento judicial de cumprimento 
de sentença movido em face de microempresa, ter sofrido constrição judicial 
de bem próprio. Demonstrou, ainda, que a constrição decorrera de medida de 
desconsideração de personalidade jurídica, de cujo incidente não participou. A 
medida processual a ser tomada para o desfazimento do ato de constrição 
judicial será o oferecimento de oposição. Errado, uma vez que o indivíduo 
deverá ajuizar embargos de terceiro. 
9.2. PROCEDIMENTO 
Assim como nos demais procedimentos, a petição inicial deve seguir os parâmetros do art. 
319 do CPC. A principal diferença é que ocorre a distribuição por dependência da ação de oposição 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 107 
 
 
 
(competência funcional e, portanto, absoluta do juízo), nos termos do parágrafo único do art. 683 
do CPC: 
Art. 683. O opoente deduzirá o pedido em observação aos requisitos 
exigidos para propositura da ação. 
Parágrafo único. Distribuída a oposição por dependência, serão os opostos 
citados, na pessoa de seus respectivos advogados, para contestar o pedido no 
prazo comum de 15 (quinze) dias. 
Nessa petição inicial já se encontrará formado um litisconsórcio no polo passivo entre autor 
e réu do processo já em trâmite em que se discute a coisa ou direito que é objeto da oposição. 
Trata-se de litisconsórcio: 
1) Passivo: porque autor e réu da ação originária deverão, obrigatoriamente, ser réus na 
ação de oposição desde a propositura desta. 
2) Inicial: pois no momento em que a oposição for proposta já deve estar formado. 
3) Necessário: uma vez que está expressamente em lei a obrigatoriedade de sua 
formação. 
4) Simples: de acordo com o art. 684 do CPC, se um dos réus reconhecer juridicamente o 
pedido, a oposição seguirá apenas contra o outro, de modo que o juiz não está obrigado 
a decidir da mesma forma para ambos os litisconsortes. 
Obs.: de acordo com Daniel Assumpção, configura-se litisconsórcio 
simples em razão da aplicação da regra da autonomia dos 
litisconsortes (art. 117 do CPC), que permite que o ato de disposição 
de direito praticado por um dos litisconsortes gere seus regulares 
efeitos mesmo sem a anuência e coparticipação dos demais 
litisconsortes, sendo tal regra aplicável exclusivamente ao 
litisconsórcio simples. Caso se tratasse de litisconsórcio unitário, o 
reconhecimento jurídico do pedido por somente um dos litisconsortes 
não geraria nenhum efeito no processo. 
 
Estando em ordem a petição inicial e não havendo nenhum vício, procede-se com a citação 
dos réus, na pessoa de seus advogados, para apresentar contestação em 15 dias, de acordo com 
o art. 683 do CPC: 
Art. 683. O opoente deduzirá o pedido em observação aos requisitos exigidos 
para propositura da ação. 
Parágrafo único. Distribuída a oposição por dependência, serão os opostos 
citados, na pessoa de seus respectivos advogados, para contestar o pedido no 
prazo comum de 15 (quinze) dias. 
 
Obs.: o réu sem advogado na ação principal será citado 
pessoalmente. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 108 
 
 
 
Ainda que os opostos necessariamente tenham advogados diferentes – pois são adversários 
na demanda originária – não se aplicará a regra de contagem do prazo em dobro do art. 229 do 
CPC (mesmo que preenchidos os requisitos para tanto). A regra específica prevalece nesse caso 
sobre a regra geral. 
Nos termos do art. 685 do CPC, admitido o processamento, a oposição será apensada aos 
autos e tramitará simultaneamente à ação originária, sendo ambas julgadas pela mesma sentença. 
Segundo o parágrafo único do art. 685 do CPC, caso a oposição seja proposta após o início da 
audiência de instrução, o158 
1.2. TÍTULOS ABERTOS E TÍTULOS FECHADOS ................................................................ 158 
1.3. 7.1.3. ROL EXEMPLIFICATIVO ....................................................................................... 158 
1.4. TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS ILÍQUIDOS ......................................................................... 159 
1.5. TÍTULO EXTRAJUDICIAL ESTRANGEIRO ..................................................................... 159 
1.6. POSSIBILIDADE DE MANEJO DA AÇÃO DE CONHECIMENTO .................................. 159 
1.7. CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ..................................................................................... 159 
2. TÍTULOS EM ESPÉCIE ........................................................................................................... 160 
2.1. TÍTULOS DE CRÉDITO .................................................................................................... 161 
2.1.1. Previsão legal ............................................................................................................. 161 
2.1.2. Letra de câmbio ......................................................................................................... 161 
2.1.3. Nota promissória ........................................................................................................ 161 
2.1.4. Duplicata .................................................................................................................... 162 
2.1.5. Debênture................................................................................................................... 162 
2.1.6. Cheque ....................................................................................................................... 162 
2.2. ESCRITURA PÚBLICA OU DOCUMENTO PÚBLICO ASSINADO PELO DEVEDOR .. 163 
2.3. DOCUMENTO PARTICULAR ASSINADO POR DUAS TESTEMUNHAS ...................... 163 
2.3.1. Eficácia executiva do contrato de abertura de crédito em conta corrente ............... 163 
2.4. INSTRUMENTO DE TRANSAÇÃO REFERENDADO ..................................................... 164 
2.5. CONTRATOS GARANTIDOS POR GARANTIA REAL OU PESSOAL ........................... 164 
2.6. CONTRATO DE SEGURO DE VIDA EM CASO DE MORTE ......................................... 167 
2.7. CRÉDITO DECORRENTE DE FORO E LAUDÊMIO ...................................................... 167 
2.8. CRÉDITO DECORRENTE DE ALUGUEL DE IMÓVEL E ENCARGOS ......................... 167 
2.9. CRÉDITO DE CONDOMÍNIO EDILÍCIO APROVADO EM CONVENÇÃO OU 
ASSEMBLEIA ............................................................................................................................... 167 
2.10. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA ......................................................................................... 168 
2.11. CERTIDÃO DE SERVENTIA NOTARIAL ......................................................................... 168 
2.12. CRÉDITO DECORRENTE DE SEGURO-GARANTIA ..................................................... 168 
3. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ................................................................................... 169 
3.1. REGRAS GERAIS ............................................................................................................. 169 
3.1.1. Responsabilidade é do devedor ................................................................................ 169 
3.1.2. Responsabilidade é patrimonial................................................................................. 170 
3.2. TODOS OS BENS DO DEVEDOR RESPONDEM À EXECUÇÃO? ............................... 170 
3.3. BENS DE TERCEIROS PODEM RESPONDER À EXECUÇÃO? ................................... 171 
4. REGIME JURÍDICO.................................................................................................................. 174 
5. PROCEDIMENTO EXECUTIVO POR QUANTIA .................................................................... 175 
5.1. PETIÇÃO INICIAL ............................................................................................................. 175 
5.1.1. Requisitos................................................................................................................... 175 
5.1.2. Causa de pedir ........................................................................................................... 175 
5.1.3. Valor da causa ........................................................................................................... 176 
5.2. ADMISSIBILIDADE ........................................................................................................... 176 
5.3. CITAÇÃO ........................................................................................................................... 177 
5.4. REAÇÕES DO EXECUTADO ........................................................................................... 178 
5.4.1. Pagamento ................................................................................................................. 178 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 6 
 
 
 
5.4.2. Parcelamento ............................................................................................................. 178 
5.4.3. Inércia ......................................................................................................................... 178 
5.4.4. Defesas ...................................................................................................................... 179 
5.5. PENHORA, DEPÓSITO E AVALIAÇÃO ........................................................................... 180 
5.5.1. Bens não encontrados: .............................................................................................. 180 
5.5.2. Bens encontrados ...................................................................................................... 180 
5.6. FORMALIZAÇÃO E AVERBAÇÃO DA PENHORA.......................................................... 181 
5.7. INTIMAÇÃO DA PENHORA ............................................................................................. 182 
5.8. ATOS DE EXPROPRIAÇÃO............................................................................................. 182 
5.9. SATISFAÇÃO DO CRÉDITO E CONCURSO .................................................................. 182 
5.10. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO............................................................................................. 183 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ................................................................................................... 184 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 184 
2. TIPOS DE SENTENÇA E EXEQUIBILIDADE ......................................................................... 184 
2.1. DECLARATÓRIA .............................................................................................................. 184 
2.2. CONSTITUTIVA/DESCONSTITUTIVA/CONSTITUTIVA NEGATIVA ............................. 184 
2.3. CONDENATÓRIA ............................................................................................................. 184 
3. REGIME JURÍDICO.................................................................................................................. 185 
3.1. OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER ........................................................................ 185 
3.2. OBRIGAÇÃO DE DAR/ENTREGAR................................................................................. 186 
3.3. OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA................................................................................ 186 
4. EXECUÇÃO E AUTONOMIA ................................................................................................... 189 
4.1. SENTENÇA PARAESTATAL/PARAJUDICIAL ................................................................ 189 
4.2. SENTENÇA QUE RECONHECE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ........................................juiz suspenderá o curso do processo ao fim da produção das provas, salvo 
se concluir que a unidade da instrução atende melhor ao princípio da duração razoável do processo. 
Julgando-se a oposição e a ação originária numa mesma sentença, o juiz resolverá antes a 
oposição (art. 686 do CPC), em razão de evidente prejudicialidade em relação à ação originária: 
julgada procedente a oposição, a ação principal perde o objeto, porque, sendo o direito ou coisa do 
opoente, não tem sentido discutir se tal direito ou coisa é do autor ou do réu da ação originária. Por 
outro lado, sendo julgada improcedente a oposição, o juiz passa à análise da ação principal para 
decidir se a coisa ou direito é do autor ou do réu da ação originária. 
Sobre o tema, é importante destacar que o STJ possui julgado no sentido de que a oposição 
para substituir parte na demanda principal não é cabível, mas pode ser aproveitada por conexão, in 
verbis: 
[...]. 1. Controvérsia de fundo pertinente à titularidade do direito a indenização 
do seguro habitacional por vícios construtivos, na hipótese em que o imóvel foi 
cedido a terceiro, tendo havido ação indenizatória ajuizada pelo cedente, e 
oposição ajuizada pela cessionária. 2. Nos termos do art. 682 do CPC/2015, 
"quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que 
controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer 
oposição contra ambos". 3. Descabimento do procedimento da oposição na 
hipótese em que a opoente deduz pretensão não prejudicial à demanda 
principal, pretendendo, em verdade, suceder o opoente no polo ativo desta 
demanda. Doutrina e julgado desta Corte Superior. 4. Caso concreto em que a 
oposição não seria cabível, pois não se verifica a mencionada relação de 
prejudicialidade, tendo havido apenas sucessão no polo ativo da lide principal. 
5. Possibilidade de aproveitamento da oposição como ação conexa à principal, 
aplicando-se ao caso o princípio da instrumentalidade das formas. Doutrina 
sobre o tema. [...]. (STJ - REsp: 1889164 SC 2018/0131291-2, Data de 
Julgamento: 21/06/2022, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 
23/06/2022). 
Por fim, considerando que a oposição e o processo que tenha como objeto a mesma coisa 
ou direito pretendido pelo opoente serão necessariamente julgadas pela mesma sentença, não resta 
dúvida de que o recurso cabível será a apelação. 
9.3. DEMANDA BIFRONTE 
Em caso de a ação de oposição transitar em julgado antes da ação principal, Daniel 
Assumpção defende que podem ocorrer 2 hipóteses: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 109 
 
 
 
1) A improcedência não afetar ação principal; 
2) A procedência gerar a perda superveniente de objeto da ação principal. 
Por outro lado, em caso de a ação principal transitar em julgado antes da oposição, o 
derrotado na ação principal será excluído da oposição, que continuará somente contra o outro 
oposto. 
10. HABILITAÇÃO 
10.1. CABIMENTO 
O objetivo da ação de habilitação é regularizar a sucessão processual quando ocorre a morte 
de qualquer das partes. 
Apesar da omissão legal, pode-se inferir que o processo de habilitação possui limitação às 
partes na demanda, e não às partes no processo, de forma que, ocorrendo o falecimento do 
assistente, do amicus curiae, ou do membro do Ministério Público que atue no processo, não será 
cabível o processo de habilitação. 
Desse modo, a sucessão processual decorrente de ato inter vivos não demanda um 
processo de habilitação, de acordo com o art. 109 do CPC: 
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título 
particular, não altera a legitimidade das partes. 
 
Outrossim, frisa-se que não cabe sucessão processual em caso de morte da parte titular de 
direito material intransmissível (que se extingue com o falecimento do titular). Ex.: em uma ação de 
divórcio, se um dos cônjuges falecer, o processo será extinto, pois não há motivos para que eventual 
filho se habilite no processo. Nesse caso, trata-se de hipótese de extinção terminativa do processo 
sem resolução do mérito, segundo o art. 485, IX, do CPC: 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por 
disposição legal. 
 
 Infere-se, por conseguinte, que a ação de habilitação possui natureza contenciosa, 
considerando-se que a pretensão dos autores dessa demanda de alterar a relação jurídica 
processual é potencialmente conflituosa. A sentença tem natureza constitutiva porque cria uma 
nova situação jurídica decorrente da alteração da relação jurídica processual. 
 Destaca-se, por fim, que a habilitação será processada nos autos do processo principal, em 
conformidade com o art. 689 do CPC. 
10.2. PROCEDIMENTO 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 110 
 
 
 
A habilitação pode ser requerida pela parte, em relação aos sucessores do falecido; e pelos 
sucessores do falecido, em relação à parte, consoante o art. 688 do CPC: 
Art. 688. A habilitação pode ser requerida: 
I - pela parte, em relação aos sucessores do falecido; 
II - pelos sucessores do falecido, em relação à parte. 
 
Trata-se, portanto, de procedimento especial de natureza dúplice, uma vez que quaisquer 
dos sujeitos descritos no dispositivo legal podem ser tanto autores como réus da demanda. 
Além disso, é importante salientar que não cabe instauração do processo de habilitação de 
ofício pelo juiz e, diante da inércia dos legitimados, deve-se extinguir sem resolução de mérito o 
processo que exige a sucessão processual, conforme posicionamento de Marcato e Câmara. 
Obs.: por outro lado, é cabível a notícia do óbito de ofício pelo juízo no 
processo, caso tenha conhecimento do falecimento da parte. 
A competência para o julgamento do processo de habilitação é do juízo do processo em que 
ocorrerá a sucessão processual, tratando-se de competência absoluta, de natureza funcional. 
Em continuidade, evidencia-se que a propositura da habilitação é causa de suspensão do 
processo, nos termos do art. 689 do CPC, que só retomará seu andamento após o trânsito em 
julgado da sentença que julga a habilitação (art. 692 do CPC). 
Conforme previsão do art. 690 do CPC, recebida a petição inicial, o juiz ordenará a citação 
dos réus para contestar a ação no prazo de 5 dias, sendo limitada a matéria de defesa do réu às 
questões processuais e à ausência de qualidade de sucessor do autor. A citação só será pessoal 
se não houver advogado constituído no processo principal. Não é cabível reconvenção diante da 
evidente natureza dúplice da ação. 
Não sendo o pedido do autor impugnado, o juiz sentenciará imediatamente a habilitação. 
Havendo impugnação e sendo a prova necessária ao julgamento exclusivamente documental, o 
julgamento também será imediato e nos próprios autos do processo principal. 
No entanto, sendo necessária prova não documental – o que demanda dilação probatória – 
o pedido será autuado em apenso, conforme disposto no art. 691 do CPC: 
Art. 691. O juiz decidirá o pedido de habilitação imediatamente, salvo se este 
for impugnado e houver necessidade de dilação probatória diversa da 
documental, caso em que determinará que o pedido seja autuado em apartado 
e disporá sobre a instrução. 
 
Na prática, o juiz determinará o desentranhamento da petição inicial e da impugnação, 
formando autos que serão autuados em apartado, nos quais será determinada a produção da prova 
não documental. 
Outrossim, o CPC não prevê o procedimento a partir do momento de resposta dos 
requeridos, dando a entender pela aplicação do procedimento comum, inclusive com cabimento de 
apelação contra a sentença a ser proferida. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 111 
 
 
 
Obs.: nos Tribunais Superiores o procedimento da ação de habilitação 
é regulamentado pelos arts. 288 a 296 do Regimento Interno do 
Supremo Tribunal Federal e pelos arts. 283 a 287 do Regimento 
Interno do SuperiorTribunal de Justiça. 
Por fim, nos termos do art. 692 do CPC, a suspensão do processo dura até o trânsito em 
julgado da sentença de habilitação, quando ela será juntada aos autos respectivos. 
11. DAS AÇÕES DE FAMÍLIA 
11.1. CABIMENTO 
O CPC criou um capítulo para regulamentar o procedimento das chamadas “ações de 
família”, mais precisamente as ações que seguem o procedimento comum e, por previsão legal, 
têm dentro do procedimento comum a adoção de determinadas técnicas diferenciadas. São elas: 
1) Divórcio; 
2) Separação; 
3) Reconhecimento e extinção de união estável; 
4) Guarda; 
5) Visitação; 
6) Filiação. 
Ressalta-se que há aplicação subsidiária na ação de alimentos e na que versar sobre 
interesse de criança ou adolescente, que continuarão a observar o procedimento previsto em 
legislação específica – Lei 5.478/1968 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – aplicando-
se, no que couber, as disposições do capítulo “das ações de família”. 
11.2. ASPECTOS PROCEDIMENTAIS 
11.2.1. Incentivo às formas consensuais do conflito 
O CPC prestigia de forma significativa os meios de solução consensual dos conflitos, sendo 
nesse sentido o art. 694, caput, ao prever que nas ações de família todos os esforços serão 
empreendidos para a solução consensual da controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de 
profissionais de outras áreas de conhecimento para a mediação e conciliação. 
A intenção do legislador é, portanto, a valorização da solução consensual do conflito. 
Nesse sentido, o parágrafo único do art. 694 do CPC prevê que, a requerimento das partes, 
o juiz pode determinar a suspensão do processo enquanto os litigantes se submetem a mediação 
extrajudicial ou atendimento multidisciplinar. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 112 
 
 
 
Obs.: o CPC não prevê um prazo para a suspensão do processo, 
podendo tal suspensão perdurar por prazo indeterminado, ou seja, 
pelo tempo que for necessário às partes chegarem a uma solução 
consensual do conflito. 
11.2.2. Audiência de mediação e conciliação 
A primeira importante especialidade procedimental das ações de família está prevista nos 
parágrafos do art. 695 do CPC, já que em seu caput há regra geral de citação do réu para 
comparecer à audiência de mediação e conciliação após o recebimento da petição inicial e a tomada 
de providências referentes à tutela provisória, se for o caso. 
No procedimento comum, a audiência de conciliação e mediação pode não ocorrer quando 
ambas as partes se opuserem à sua realização. Nas ações de família, entretanto, o silêncio do art. 
695 do CPC, segundo Daniel Assumpção, permite a conclusão de que nessas ações a audiência é 
obrigatória, independentemente da vontade das partes. 
Em continuidade, o réu será citado mas não receberá cópia da petição inicial, sendo 
assegurado ao réu, entretanto, o direito de examinar seu conteúdo a qualquer tempo (art. 695, § 
14). 
A partes devem estar acompanhadas de seus advogados ou defensores públicos na 
audiência (art. 695, § 4º). Assim, conforme defende Daniel Assumpção, se o advogado não 
comparecer à audiência, será designado um defensor para assistir a parte. 
Ao permitir que a audiência de mediação e conciliação seja dividida em tantas sessões 
quantas necessárias para viabilizar a solução consensual, sem prejuízo de providências 
jurisdicionais para evitar o perecimento do direito, o art. 696 do CPC reforça mais uma vez a 
valoração às formas consensuais de resolução de conflito, permitindo que ela seja buscada em 
mais de uma sessão de audiência. 
Obs.: não se aplica o limite temporal de 2 meses previsto no art. 334, 
§ 2º, do CPC. 
Segundo o art. 697 do CPC, não realizado o acordo, passarão a incidir, a partir de então, as 
normas do procedimento comum, observado o art. 335. Resta evidente, portanto, que a 
especialidade procedimental se limita ao início do procedimento, mais precisamente a forma e as 
técnicas para a tentativa de obtenção da solução consensual do conflito em audiência. 
11.2.3. Ministério Público 
A intervenção do Ministério Público nas ações de família, conforme previsão do art. 698 do 
CPC, limita a sua participação como fiscal da ordem jurídica a 3 situações distintas: 
Art. 698. Nas ações de família, o Ministério Público somente intervirá quando 
houver interesse de incapaz e deverá ser ouvido previamente à 
homologação de acordo. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 113 
 
 
 
Parágrafo único. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas ações 
de família em que figure como parte vítima de violência doméstica e 
familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da 
Penha). 
 
 
 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MPE-PE - Promotor - FCC - 2022): O Ministério Público sempre intervirá 
quando houver interesse de incapaz, sendo ele parte ou não no processo. 
Correto. 
 
(MPE-PE - Promotor - FCC - 2022): O Ministério Público, a despeito de não 
figurar incapaz em um dos polos da ação, intervirá se houver como parte vítima 
de violência doméstica e familiar. Correto. 
11.2.4. Depoimento pessoal do incapaz 
O art. 699 do CPC prevê que, quando o processo envolver discussão sobre fato relacionado 
a abuso ou a alienação parental, o juiz, ao tomar o depoimento do incapaz, deverá estar 
acompanhado por especialista. 
A Recomendação 33/2010 do CNJ aconselha a realização de depoimento pessoal especial, 
que deverá ser realizado em ambiente separado da sala de audiências, com a participação de 
profissional especializado, devendo estar os participantes do ato capacitados para o emprego de 
técnica do depoimento pessoal, usando os princípios básicos da entrevista cognitiva, também 
chamada de depoimento sem danos. 
O objetivo é construir um ambiente acolhedor, de forma que o incapaz se sinta à vontade 
para narrar fatos relevantes de sua vida, ainda que somente indiretamente relacionados ao objeto 
da demanda. 
12. AÇÃO MONITÓRIA 
12.1. CONCEITO 
De acordo com Daniel Assumpção, a característica principal do procedimento monitório é a 
oportunidade concedida ao credor de, munido de uma prova literal representativa de seu crédito, 
abreviar o iter processual para a obtenção de um título executivo. 
Assim, aquele que possui uma prova documental de um crédito, sem eficácia executiva, 
pode ingressar com a demanda monitória e, se verificada a ausência de manifestação defensiva 
por parte do réu – embargos monitórios – obterá seu título executivo em menor tempo do que o 
exigido pelo processo de conhecimento. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 114 
 
 
 
Trata-se, portanto, de uma espécie de tutela diferenciada, que por meio da adoção de 
técnica de cognição sumária (para a concessão do mandado monitório) e do contraditório diferido 
(permitindo a prolação de decisão antes da oitiva do réu), busca facilitar em termos procedimentais 
a obtenção de um título executivo quando o credor tiver prova suficiente para convencer o juiz, em 
cognição não exauriente, da provável existência de seu direito. 
Salienta-se que no Brasil foi adotada a ação monitória documental, cuja mera alegação 
exige ação de conhecimento, e não a ação monitória pura, adotada na Alemanha, em que a simples 
afirmação de ser credor já é suficiente para o juízo expedir o mandado monitório. 
É importante ressaltar, por fim, que a propositura de ação monitoria pelo credor é uma mera 
faculdade, porque ele pode livremente optar por cobrar sua dívida por meio de ação de 
conhecimento pelo rito comum. Todavia, optando pela ação monitoria, passa a ser aplicável a regra 
de que o procedimento especial tem aplicação cogente, de forma que o procedimento previsto nos 
arts. 700 a 702 do CPC será obrigatoriamente aplicado ao caso concreto. 
12.2. ADMISSIBILIDADE 
Qualquer espécie de obrigação inadimplida pode ser objeto de ação monitória, consoante o 
art. 700, incisos I a III do CPC: 
Art. 700. A ação monitóriapode ser proposta por aquele que afirmar, com base 
em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do 
devedor capaz: 
I - o pagamento de quantia em dinheiro; 
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel; 
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. 
§ 1º A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida 
antecipadamente nos termos do art. 381. 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(DPE-RS - Defensor - CESPE - 2022): A vedação de decisões surpresas 
encontra exceções nos casos de exame de tutela provisória de urgência, em 
hipóteses de apreciação de tutela de evidência, bem como na análise, em sede 
de ação monitória, do pedido de expedição de mandado de pagamento, de 
entrega de coisa ou para a execução de obrigação de fazer ou não fazer. 
Correto. 
Conforme apontado no caput do dispositivo normativo acima, há necessidade de existência 
de uma prova escrita literal (pré-constituída, documental ou documentada) sem eficácia de título 
executivo. 
Obs.: é importante destacar que há possibilidade de se optar pela 
ação monitória mesmo havendo título executivo extrajudicial como 
prova literal do crédito, em conformidade com o disposto no art. 785 
do CPC: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 115 
 
 
 
Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de 
optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial. 
 
Ademais, imperioso evidenciar que a prova escrita do mencionado art. 700 NÃO é um “título 
monitório”, já que cabe sua valoração pelo juiz em cognição sumária para somente depois expedir 
o mandado monitório. 
Nesse sentido, de acordo com posicionamento do STJ, não existe um modelo predefinido 
de prova escrita, bastando que seja hábil a convencer o juiz da pertinência da dívida: 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. EMBARGOS MONITÓRIOS. 
PROVA ESCRITA SEM EFICÁCIA DE TÍTULO EXECUTIVO. DOCUMENTOS 
NÃO APTOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DÍVIDA. 1. A 
teor do disposto no artigo 1.102-A do Código de Processo Civil, a prova escrita 
apta a respaldar a demanda monitória deve apresentar elementos 
indiciários da materialização de uma dívida decorrente de uma obrigação 
de pagar ou de entregar coisa fungível ou bem móvel. 2. No caso dos autos, 
os bilhetes que instruíram a inicial não são aptos a demonstrar a presença da 
relação jurídica entre credor e devedor, o que afasta a existência da própria 
dívida, de modo que não se ajustam ao conceito de "prova escrita sem eficácia 
de título executivo" de que trata a legislação de regência. 3. Recurso especial 
provido. (STJ - REsp: 866205 RN 2006/0125982-3, Relator: Ministro RICARDO 
VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 25/03/2014, T3 - TERCEIRA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 06/05/2014 RSTJ vol. 234 p. 289). 
 
Desse modo, no procedimento monitório caberá ao juiz a análise da prova juntada pelo autor, 
verificando-se inclusive, ainda que de forma sumária, a existência do direito alegado na petição 
inicial e corroborado com a prova que a instrui. No processo de execução, a simples presença do 
título executivo dispensa qualquer espécie de pesquisa do juiz a respeito da efetiva existência do 
direito exequendo. Essa abstração presente no título executivo NÃO existe na prova literal que 
legitima a tutela monitória. 
Além disso, existem os “ex-títulos executivos” que podem ser utilizados como prova para o 
ajuizamento da ação monitória, a exemplo do cheque prescrito (Súmula 299 do STJ); do contrato 
de abertura de crédito em conta-corrente acompanhado do demonstrativo do débito (Súmula 247 
do STJ) e da nota fiscal acompanhada de prova de recebimento da mercadoria ou da prestação: 
Súmula 299 do STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque 
prescrito. 
 
Súmula 247 do STJ: O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, 
acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o 
ajuizamento da ação monitória. 
 
[...]. 4. A nota fiscal, acompanhada da prova do recebimento da 
mercadoria ou prestação do serviço, pode servir como lastro à ação 
monitória. Precedentes. 5. Somente se submetem ao controle do STJ os 
honorários advocatícios fixados por equidade quando irrisórios ou exorbitantes. 
6. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no AREsp: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 116 
 
 
 
432078 RS 2013/0379385-3, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, 
Data de Julgamento: 20/02/2014, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: 
DJe 06/03/2014). 
 
Segundo posicionamento de Nery e Talamini, algumas provas documentais não escritas – 
como gravações, filmagens, fotografias – apesar de não satisfazerem a exigência legal do art. 700 
do CPC, ainda se mostram capazes de convencer sumariamente o juiz acerca da probabilidade de 
o direito de crédito alegado efetivamente existir. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-MS - Juiz - FCC - 2020): A ação monitória será proposta por aquele que 
afirmar, com base em prova oral ou escrita sem exequibilidade, ter direito de 
exigir do devedor capaz o pagamento de valor em dinheiro ou a entrega de 
coisa fungível ou infungível, ou de bem móvel ou imóvel. Errado, pois a prova 
oral deve estar documentada, d 
Para Daniel Assumpção, qualquer espécie de prova, desde que esteja documentada, pode 
servir para a instrução da petição inicial, como ocorre com a prova testemunhal ou pericial produzida 
em outro processo e que pode servir como prova emprestada na demanda monitória a fim de se 
comprovar o direito de crédito do autor. 
Além da exigência de uma prova documentada por escrito, é posicionamento defendido por 
Dinamarco, Nery e Daniel Assumpção que a prova que instruirá a ação monitória não pode ser 
produzida unilateralmente pelo autor, exigindo-se alguma participação do réu na sua formação. 
Para o STJ, no entanto, é possível que seja produzida unilateralmente, sendo admitido, 
inclusive, e-mail como prova documental, desde que convença sumariamente o juiz das alegações 
do autor. Assim segue: 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. A 
DOCUMENTAÇÃONECESSÁRIA PARA A ADMISSIBILIDADE TEM QUE SER 
IDÔNEA. APTA ÀFORMAÇÃO DO JUÍZO DE PROBABILIDADE ACERCA DO 
DIREITO AFIRMADO, APARTIR DO PRUDENTE EXAME DO MAGISTRADO. 
1. A prova hábil a instruir a ação monitória, a que alude o artigo 1.102-A 
do Código de Processo Civil não precisa, necessariamente, ter sido 
emitida pelo devedor ou nela constar sua assinatura ou de um 
representante. Basta que tenha forma escrita e seja suficiente para, 
efetivamente, influir na convicção do magistrado acerca do direito 
alegado. 2. Dessarte, para a admissibilidade da ação monitória, não é 
necessário que o autor instrua a ação com prova robusta, estreme de dúvida, 
podendo ser aparelhada por documento idôneo, ainda que emitido pelo próprio 
credor, contanto que, por meio do prudente exame do magistrado, exsurja o 
juízo de probabilidade acerca do direito afirmado pelo autor. 3. A Corte local, 
após minucioso exame da documentação que instrui a ação, apurou que 
os documentos são "mais que suficientes para atender aos requisitos da 
legislação processual para cobrança via ação monitória, pois servem 
como início de prova escrita" e que, "em cotejo com as duplicatas 
apresentadas, demonstram a liquidez e certeza da obrigação, 
independentemente do aceite", sendo correta "a conclusão do Juízo de 
1º grau de que serviços foram prestados", só se concebe a revisão da 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 117 
 
 
 
decisão recorrida por meio do reexame de provas, vedado em sede de recurso 
especial (Súmula 7/STJ). 4. Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 
925584 SE 2007/0015368-5, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data 
de Julgamento: 09/10/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 
07/11/2012). 
 
Como o tema foi cobrado em concurso?(DPE-PR - Defensor - Instituto AOCP - 2022): Conforme jurisprudência 
amplamente majoritária do Superior Tribunal de Justiça, a simples cópia do 
título executivo não é documento hábil a ensejar a propositura de ação 
monitória. Errado. 
Em continuidade, também se exige que a prova literal indique o valor líquido, eis que a 
iliquidez gerará o processamento pelo procedimento comum. 
Por fim, também é importante salientar que pela interpretação do caput do art. 700 do CPC, 
pode-se constatar que não cabe ação monitória contra devedor incapaz. 
12.3. FAZENDA PÚBLICA 
A Fazenda Pública é legitimada para a propositura de ação monitória, ainda que em algumas 
hipóteses seja discutível o interesse por esta demanda considerando-se a possibilidade de a 
Fazenda Pública criar seus próprios títulos executivos (certidão da dívida ativa). 
Obs.: nem todo crédito em favor da Fazenda Pública dará ensejo à 
inscrição em dívida ativa, limitando-se tal circunstância aos créditos 
pecuniários de natureza fiscal. Dessa forma, haverá interesse da 
Fazenda Pública no oferecimento da monitória para a entrega de coisa 
móvel e os créditos pecuniários não fiscais. 
É tema controvertido em sede doutrinária a presença da Fazenda Pública no polo passivo 
da ação monitória. Apesar da divergência doutrinária, o § 6º do art. 700 do CPC estabelece que: 
Art. 700, § 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública. 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-DFT - Juiz - CESPE - 2023): Não é cabível ação monitória contra a fazenda 
pública, em virtude da simplicidade do seu procedimento. Errado. 
A principal discussão, todavia, se encontra na possibilidade de a Fazenda Pública – 
ocupando o polo passivo da demanda monitória – se manter omissa. 
Geralmente, quando o juiz expede o mandado monitório, é porque ele se convenceu 
sumariamente do direito de crédito do autor e da condição de devedor do réu. Nesse caso, se o réu 
for omisso, o mandado monitório, de pleno direito, constituirá um título executivo judicial. Por outro 
lado, não sendo inerte, o réu se defenderá com apresentação de embargos monitórios. 
Assim, segundo o art. 701, § 4º do CPC: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 118 
 
 
 
Art. 701, § 4º Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos 
previstos no art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a 
seguir, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial. 
 
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito 
senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: 
 
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas 
respectivas autarquias e fundações de direito público; 
 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. 
Isto posto, sendo omissa a Fazenda Pública e por essa razão se constituindo o mandado monitório 
de pleno direito em título executivo judicial, será cabível o reexame necessário dessa decisão. 
12.4. PROPOSITURA 
Assim como nos demais procedimentos especiais, a petição inicial deve seguir os arts. 319 
e 320 do CPC. No entanto, além dos requisitos formais exigidos, o art. 700, § 2º, do CPC dispõe 
que também é dever do autor indicar: 
Art. 700, § 2º Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso: 
I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; 
II - o valor atual da coisa reclamada; 
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico 
perseguido. 
 
Ademais, segundo o § 3º do art. 700, o valor da causa deverá corresponder à importância 
prevista no § 2º, incisos I a III. 
No que se refere à causa de pedir, Fidelis dos Santos argumenta que diferente do que ocorre 
na ação de execução, não basta ao autor da monitória fazer uma simples remissão à prova literal 
que instrui a petição inicial, sendo exigido que descreva os fatos referentes ao surgimento da dívida 
e o fundamento jurídico. 
O STJ, entretanto, defende ser dispensável a alegação fática que fundamenta o direito 
alegado pelo autor com base no contraditório diferido, consoante os julgados abaixo colacionados: 
Súmula 531 do STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada 
contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente 
à emissão da cártula. 
 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE 
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA 
EM CHEQUE PRESCRITO. DISPENSA DA MENÇÃO À ORIGEM DA DÍVIDA. 
1. Para fins do art. 543-C do CPC: Em ação monitória fundada em cheque 
prescrito, ajuizada em face do emitente, é dispensável menção ao negócio 
jurídico subjacente à emissão da cártula. 2. No caso concreto, recurso 
especial parcialmente provido. (STJ - REsp: 1094571 SP 2008/0215442-5, 
Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 04/02/2013, 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 119 
 
 
 
S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 14/02/2013 RSSTJ vol. 44 
p. 475). 
 
Por conseguinte, é imperioso ressaltar que a petição inicial pode apresentar vícios 
procedimentais sanáveis, sendo nesse caso hipótese de emenda da petição inicial, nos termos do 
art. 321 do CPC. 
Além das hipóteses gerais que levariam a petição inicial de qualquer demanda a ser 
emendada, há previsão especificamente destinada à ação monitória no § 5º do art. 700 do CPC. 
Segundo o dispositivo, havendo dúvida quanto à idoneidade de prova documental apresentada pelo 
autor, o juiz intimá-lo-á para, querendo, emendar a petição inicial, adaptando-a ao procedimento 
comum. 
O juiz poderá indeferir a petição inicial, nos termos do art. 330 do CPC, ou quando não 
atender às exigências dos incisos do § 2º do art. 700 do CPC. O indeferimento se dá por meio de 
sentença recorrível por apelação. 
Não obstante, o art. 701, caput, do CPC prevê que, sendo evidente o direito do autor, caberá 
ao juiz o deferimento de plano de expedição do mandado monitório. 
Segundo Daniel Assumpção, na concessão do mandado monitório verifica-se uma cognição 
sumária acerca do direito material alegado, mas exauriente no tocante ao direito à tutela monitoria, 
consubstanciada na adequação da prova trazida na inicial à pretensão monitoria de obter a 
satisfação da obrigação e subsidiariamente a formação de título executivo. 
12.5. CITAÇÃO 
Expedido o mandado monitório, o réu será citado para integrar o processo e tomar 
conhecimento da existência e teor da demanda contra ele proposta, bem como intimado para a 
interposição de embargos ao mandado monitório no prazo de 15 dias. 
Todas as formas de citação são admitidas, nos termos do art. 700, § 7º, do CPC, inclusive 
as formas de citação ficta (hora certa e edital). 
12.6. REAÇÕES DO RÉU 
Após a citação, o réu poderá adotar no prazo de 15 dias o réu uma das 4 posturas abaixo: 
1) Satisfazer a obrigação; 
2) Não reagir; 
3) Ingressar com embargos ao mandado monitório; 
4) Aderir ao pagamento parcelado, com base nos seguintes termos: 
Art. 701, § 5º Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916. 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 120 
 
 
 
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e 
comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido 
de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe 
seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas 
de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. 
 
Sendo cumprido o mandado no prazo legal, há 2 consequências: 
1) O réu ficará isento do pagamento das custas processuais (art. 701, § 1º, do CPC). 
Trata-se de medida de execução indireta, indutiva, que exerce uma pressão psicológica para 
que o réu cumpra a sua obrigação de pagar a quantia cobrada ou entregar a coisa demandada. 
2) O réu pagará 5% do valor da causa a título de honorários advocatícios (art. 701, caput, 
do CPC). 
Constata-se, portanto, que a previsãolegal dá um desconto de 50% do percentual mínimo 
legal de 10%. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-SP - Juiz - VUNESP - 2023): Sendo evidente o direito do autor, o juiz 
deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para 
execução de obrigação de fazer ou não fazer, com prazo de 15 (quinze) dias 
para o cumprimento. Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e 
honorários advocatícios. Errado, eis que o pagamento de honorários 
advocatícios de 5% do valor atribuído à causa. 
Por fim, a omissão do réu em apresentar tempestivamente os embargos ao mandado 
monitório faz com que este se converta de pleno direito em título executivo judicial, segundo 
previsão do art. 701, § 2º, do CPC. A previsão legal determina que, independentemente de qualquer 
manifestação judicial que declare a formação do título executivo judicial, transcorrido o prazo de 
defesa do réu sem a interposição dos embargos ao mandado monitório, estará formado o título 
executivo judicial. 
12.7. NATUREZA JURÍDICA DOS EMBARGOS AO MANDADO MONITÓRIO 
Para Daniel Assumpção, Dinamarco e Humberto Theodoro Junior, os embargos monitórios 
têm natureza de ação. Já para a parte minoritária da doutrina, eles têm natureza de contestação. 
Assim, insta evidenciar que aqueles que adotam o entendimento de que os embargos ao 
mandado monitório possuem natureza de contestação utilizam como fundamento a Súmula 292 do 
STJ, que prevê o seguinte: 
Súmula 292 do STJ: A reconvenção é cabível na ação monitória, após a 
conversão do procedimento em ordinário. 
 
Também encontram amparo no art. 702, § 6º do CPC, cuja redação dispõe que na ação 
monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de reconvenção à reconvenção. 
 
 
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De acordo com Daniel Assumpção, é natural que para os defensores da referida tese o réu 
da ação monitória, ao embargar e transformar o procedimento em comum, poderá se valer da 
reconvenção, bem como de outras formas de resposta, tais como denunciação da lide e 
chamamento ao processo. Por outro lado, a parcela da doutrina que defende a natureza de ação 
dos embargos aponta para a impossibilidade de reconvenção, considerando-se que o réu da 
demanda monitória é o autor dos embargos, e autor não pode ingressar com reconvenção. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-MS - Juiz - FGV - 2023): Ajuizada uma ação monitória objetivando o 
adimplemento de uma obrigação de fazer estabelecida em contrato firmado 
entre as partes, o réu se defendeu alegando exceção de contrato não cumprido 
e ofereceu reconvenção visando à condenação do autor ao pagamento da 
multa contratual. Diante dessa situação hipotética, é correto afirmar que a 
reconvenção deve ser julgada extinta, pois a ação monitória não admite o 
oferecimento de reconvenção. Errado, em razão do disposto no art. 702, § 6º 
do CPC. 
Ocorre que o STJ, seguindo o posicionamento doutrinário minoritário, possui julgados no 
sentido de que os embargos monitórios têm natureza de contestação, in verbis: 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. 
EMBARGOS MONITÓRIOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, 
CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. [...]. 5. Os embargos 
apresentados na ação monitória, pelo réu, não possuem natureza de ação 
- como ocorre em relação aos embargos do devedor na execução -, mas 
sim natureza de contestação, que admite ampla defesa do réu, sem 
restrições quanto à matéria. [...]. 9. Recurso especial conhecido e 
parcialmente provido." (REsp 1.713.099/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 9/4/2019, DJe 12/4/2019). 
12.8. PROCEDIMENTO DOS EMBARGOS 
Tratando-se de ação incidental, os embargos ao mandado monitório exigem o oferecimento 
de uma petição inicial, nos termos dos arts. 319 e 320 do CPC, seguindo-se o procedimento comum, 
sendo, ainda, admissível a alegação de qualquer matéria de defesa (art. 702, § 1º do CPC). 
Os §§ 2º e 3º do art. 702 do CPC tratam da alegação de defesa de excesso na cobrança: o 
primeiro dispõe que, quando o réu alegar que o autor pleiteia quantia superior à devida, cumprir-
lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e 
atualizado da dívida, enquanto o segundo prevê que, não apontado o valor correto ou não 
apresentado o demonstrativo, os embargos serão liminarmente rejeitados, se esse for o seu único 
fundamento e, se houver outro fundamento, os embargos serão processados, mas o juiz deixará de 
examinar a alegação de excesso. 
Conforme expressa previsão do art. 702, caput, do CPC, os embargos independem de prévia 
segurança do juízo para que possam ser opostos. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 122 
 
 
 
A interposição dos embargos ao mandado monitório suspende a eficácia do mandado inicial, 
nos termos do art. 702, § 4º do CPC e, havendo a interposição de embargos parciais, a parcela do 
mandado não impugnada converte-se de pleno direito em título executivo, nos termos do art. 702, 
§ 7º do CPC. 
Além disso, a critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais, 
constituindo-se de pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela incontroversa (§ 7º 
do art. 702 do CPC). 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(TJ-MS - Juiz - FGV - 2023): A critério do juiz, os embargos serão autuados 
em apartado, se parciais, constituindo-se de pleno direito o título executivo 
judicial em relação à parcela incontroversa. Correto. 
 
(DPE-SE - Defensor - CESPE - 2022): No embargo monitório em que se 
impugna parcialmente a pretensão monitória, a parte impugnada poderá ser 
autuada em apartado, e a parte não impugnada constitui título executivo judicial 
passível de execução nos próprios autos da ação monitória. Correto. 
O juiz poderá determinar a emenda da petição inicial na hipótese de vício sanável (art. 321 
do CPC) ou ainda a indeferir de plano havendo vícios insanáveis, em decisão recorrível por 
apelação. Sendo regular a petição inicial, o juiz determinará a intimação do réu na pessoa de seu 
advogado, que poderá adotar as reações típicas do demandado. 
Por fim, é importante evidenciar que os embargos ao mandado monitório são decididos por 
sentença recorrível por apelação. 
13. HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL 
13.1. CONCEITO 
O penhor é instituto de direito material, previsto nos arts. 1431 e seguintes do Código Civil. 
De acordo com o art. 1434 do CC, o penhor é constituído pela transferência efetiva da posse 
que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de 
uma coisa móvel, suscetível de alienação. 
Nesse sentido, o art. 1467 do CC prevê as hipóteses de penhor legal, afirmando serem 
credores pignoratícios, independentemente de convenção: 
1) Os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, 
joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas 
respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito; 
2) O dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino 
tiver guarnecendo o mesmo prédio, na hipótese de não pagamento dos aluguéis – bem 
como os encargos acessórios – ou rendas. 
 
 
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Ressalta-se que somente bens móveis poderão ser objeto de penhor, desde que suscetíveis 
de alienação. Assim sendo, pode-se afirmar que não cabe penhor legal de bens impenhoráveis. 
13.2. HOMOLOGAÇÃO EXTRAJUDICIAL 
Segundo o § 2º do art. 703 do CPC, o credor poderá, desde que preenchidos os requisitos 
para a propositura da ação judicial, optar pelo procedimento de homologação de penhor legal 
extrajudicial, a ser realizado perante o notário de sua escolha. Não há, portanto, regra de 
competência territorial. 
Recebido o requerimento, o notário promoverá a notificação extrajudicial (por meio de cartaAR) do devedor para, no prazo de 5 dias, pagar o débito ou impugnar sua cobrança, alegando por 
escrito uma das causas legais de defesa, hipótese em que o procedimento será encaminhado ao 
juízo competente para decisão. 
Obs.: o termo inicial do prazo de 5 dias é a data da assinatura do aviso 
de recebimento pelo devedor (art. 231, § 3º do CPC). 
Isto posto, pode-se constatar que se trata de um processo judicial que não se dá por iniciativa 
do interessado, mas sim do próprio notário, sem a existência de uma petição inicial. 
Outrossim, o § 3° do art. 703 do CPC trata da hipótese de ausência de defesa do devedor, 
o que também inclui a possibilidade de defesa intempestiva. Sendo omisso o devedor ou 
respondendo após o vencimento do prazo de 5 dias, o notário formalizará a homologação do penhor 
legal por escritura pública. 
13.3. AUTOTUTELA 
Salienta-se, a priori, que a autotutela é a forma de solução de conflito realizada 
unilateralmente por uma das partes envolvidas no conflito de interesses pelo exercício da força, 
sendo de aceitação excepcional no sistema jurídico pátrio, conforme definição de Daniel 
Assumpção. 
O penhor legal pode funcionar como forma de autotutela por parte dos sujeitos descritos no 
art. 1467 do CC que, intitulando-se credores, poderão por “mão própria” reter bens móveis do 
pretenso devedor inadimplente, servindo o procedimento previsto nos arts. 703 a 703 do CPC para 
a regularização do penhor, nos termos do art. 1471 do CC. 
Tendo ocorrido a autotutela, o art. 1471 do CC exige do tomador do penhor, em ato contínuo, 
o pedido de homologação judicial, que é condição de existência e eficácia da proteção conferida 
pelo penhor legal. 
13.4. PROCEDIMENTO 
Como todo processo, a homologação de penhor legal tem o seu início por meio da petição 
inicial apresentada pelo autor. No tocante aos documentos indispensáveis à propositura da 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 124 
 
 
 
demanda, o art. 703, caput, do CPC prevê a necessidade de juntada do contrato de locação – basta 
a juntada de cópia – ou da conta pormenorizada das despesas, tabela de preços e a relação dos 
objetos retidos. 
Ressalta-se que a juntada de conta pormenorizada das despesas e tabelas de preços 
somente se aplica aos credores descritos no art. 1467, I, do CC, de forma que o locador e/ou 
arrendador estão dispensados dessa exigência, de acordo com posicionamento de Humberto 
Theodoro Junior. 
O réu será citado para pagar ou alegar defesa na audiência preliminar a ser designada, 
sendo esse o aspecto procedimental diferenciado que torna a homologação do penhor legal um 
procedimento especial, segundo entendimento de Daniel Assumpção. 
Sendo realizado o pagamento, haverá reconhecimento jurídico do pedido, que deve ser 
homologado pelo juiz. Por outro lado, tendo sido tomada a posse por ato unilateral do credor, os 
bens deverão ser devolvidos por este, que a partir do pagamento os manterá com posse injusta, 
podendo até se configurar a figura penal da apropriação indébita. 
Por conseguinte, destaca-se que há uma limitação das matérias alegáveis em sede de 
contestação, nos termos do art. 704 do CPC: 
1) Nulidade do processo, compreendidas aqui as questões formais do procedimento; 
2) Extinção da obrigação, que poderá ter ocorrido por qualquer forma prevista na lei 
material. Ex.: pagamento, remição, novação. É também admissível a alegação de 
prescrição; 
3) Não estar a dívida compreendida em lei (não é hipótese de cabimento do penhor legal) 
ou não estarem os bens sujeitos a penhor legal (devem ser bens móveis alienáveis); 
4) Alegação de haver sido oferecida caução idônea rejeitada pelo credor. 
Obs.: são alegáveis também as matérias de ordem pública, que o juiz 
pode conhecer de ofício, o que permite a defesa processual fundada 
em pressupostos processuais e/ou condições da ação. 
Após a contestação, a ação seguirá o procedimento comum, nos termos do art. 705 do CPC. 
Sendo acolhido o pedido do autor, em sentença de natureza constitutiva, consolidar-se-á a 
posse do autor sobre o objeto; sendo rejeitado o pedido, em sentença de natureza declaratória, o 
objeto será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de cobrar a dívida pelo procedimento 
comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da obrigação prevista no art. 704, II, do CPC. 
Por fim, salienta-se que existe divergência doutrinária no sentido de ser a sentença de 
procedência desse processo um título executivo, o que já admitiria o ingresso de cumprimento de 
sentença para o pagamento da quantia assegurada pelo penhor, conforme corrente defendida por 
Greco. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 125 
 
 
 
No entanto, ainda que exista corrente doutrinária que defenda a possibilidade de execução 
dessa sentença, Daniel Assumpção segue o entendimento de que essa execução é inviável, 
cabendo ao autor ingressar com um processo judicial de conhecimento para a cobrança de seu 
crédito, eis que na homologação de penhor legal não se discute o valor da dívida. 
14. REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA 
14.1. CABIMENTO 
Trata-se de ação de procedimento especial mais utilizada no âmbito do Direito Marítimo. 
Importante visualizar, a priori, que existem 2 tipos de avaria: 
1) Avaria grossa ou comum: é toda e qualquer despesa ou dano extraordinário decorrente 
de um ato intencional ou voluntário, sendo que a despesa visa a segurança do navio e 
de suas cargas, em uma situação de perigo real e iminente, com o intuito de evitar um 
mal maior à expedição marítima. 
Ex.: houve um acidente com o navio de carga e foi necessário se desfazer de metade dos 
containers que o navio transportava para que ele não afundasse. 
Nessa avaria as despesas são divididas proporcionalmente entre os proprietários das cargas 
embarcadas e navio. 
2) Avaria simples ou particular: é aquela avaria ocorrida somente no navio ou na carga 
durante o tempo dos riscos. 
A avaria simples afeta somente o armador ou o dono da mercadoria avariada, sendo que os 
danos são suportados por uma só pessoa. 
14.2. PROCEDIMENTO 
14.2.1. Declaração de abertura de avaria grossa 
Apesar de o art. 708, caput do CPC prever que cabe ao regulador – expert na área – a 
declaração justificada de quais danos são passíveis de rateio na forma de avaria grossa, excluindo, 
portanto, as avarias simples, tradicionalmente no comércio marítimo essa declaração é feita pelo 
transportador, que em regra é o maior interessado na regulação das avarias grossas. Dessa forma, 
cabe ao regulador apenas confirmar essa declaração. Na sua ausência, o regulador deverá fazer a 
declaração. 
Seja confirmando a declaração apresentada pelo transportador ou a elaborando, o regulador 
se valerá em sua tarefa dos documentos fornecidos pelo transportador, sendo interessante que 
nesse momento inicial do procedimento seja dada oportunidade de manifestação às demais partes 
no processo, interessadas na regulação. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 126 
 
 
 
14.2.2. Oferecimento de garantias 
Após confirmar ou elaborar as declarações, cabe ao regulador exigir das partes envolvidas 
a apresentação de garantias idôneas para que possam ser liberadas as cargas aos consignatários. 
Essa exigência de prestação de garantias é obrigatória, prestando-se a aumentar a probabilidade 
de ressarcimento dos valores sacrificados. A garantia pode ser real ou fidejussória, desde que seja 
idônea e suficiente. 
Nos termos do § 2º do art. 708 do CPC, se o consignatário não apresentar garantia idônea 
a critério do regulador, este fixará o valor da contribuição provisória com base nos fatos narrados e 
nos documentos que instruírem a petição inicial, que deverá ser caucionada sob a forma de depósito 
judicial ou de garantia bancária. Significa dizer que a não apresentação de garantia no prazo legal 
faz com que o consignatório perca o direito de escolher a forma de garantia, que passa a ser exigida 
nos exatos termos dalei. 
Caso nenhuma garantia seja prestada ou a prestada não seja aceita, o regulador requererá 
ao juiz a alienação judicial de sua carga, na forma dos arts. 879 a 903 do CPC. 
14.2.3. Impugnação à declaração de abertura de avaria grossa 
Sendo apresentada a declaração pelo regulador, as partes serão intimadas no prazo a ser 
fixado pelo juiz, e na ausência de indicação no prazo geral de 5 dias, tendo assim o direito de se 
manifestar sobre ela. Caso haja discordância, esta deverá ser justificada e limitada à declaração de 
abertura da avaria grossa, até porque a regulação ainda não foi realizada 
14.2.4. Levantamento de valores para o pagamento das despesas da alienação 
De acordo com o art. 708, § 4º, do CPC, é permitido o levantamento, por alvará, das quantias 
necessárias ao pagamento das despesas da alienação a serem arcadas pelo consignatário, 
mantendo-se o saldo remanescente em depósito judicial até o encerramento da regulação, ou seja, 
depois do trânsito em julgado da decisão. 
14.2.5. Apresentação de documentos 
Apesar de o art. 709 do CPC sugerir que a intimação das partes para a apresentação dos 
documentos necessários à regulação da avaria grossa seja realizada após a apresentação da 
declaração inicial pelo regulador e a prolação de decisão judicial sobre eventuais impugnações, 
nada impede que as partes, no momento em que são citadas, já sejam intimadas para a 
apresentação dos documentos em juízo. 
O prazo é judicial, ou seja, deverá ser fixado pelo juiz no caso concreto, podendo o 
magistrado seguir a indicação de prazo do regulador ou fixar qualquer outro. 
14.2.6. Apresentação do regulamento de avaria grossa 
A partir da data da juntada do último documento aos autos pela parte, de forma voluntária 
ou coercitiva, o regulador terá o prazo de 12 meses para apresentar o regulamento da avaria grossa 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 127 
 
 
 
(havendo possibilidade de prorrogação), que deverá conter a massa ativa, a massa passiva e a taxa 
de contribuição. 
14.2.7. Impugnação 
Apresentado em juízo o regulamento da avaria grossa, as partes terão, nos termos do § 1º 
do art. 710 do CPC, um prazo comum de 15 dias de vista dos autos, podendo esse prazo ser 
prorrogado pelo juiz, de ofício ou a requerimento, nos termos do art. 139, VI, do CPC. 
A impugnação trará todas as matérias de defesa alegáveis, desde a impugnação a respeito 
das avarias grossas indicadas pelo regulador, passando por críticas à formação da massa ativa e 
passiva, até a alegação de matérias processuais de ordem pública. 
14.2.8. Sentença homologatória 
Caso o regulamento não seja impugnado, fazendo-se presumir que as partes concordam 
com o trabalho apresentado pelo regulador, o art. 710, § 1º, do CPC prevê a prolação de sentença 
homologatória. Segundo Daniel Assumpção, trata-se de sentença condenatória, já que nela haverá 
condenação ao pagamento do rateio e da taxa de contribuição. 
Art. 710, § 1º Oferecido o regulamento da avaria grossa, dele terão vista as 
partes pelo prazo comum de 15 (quinze) dias, e, não havendo impugnação, o 
regulamento será homologado por sentença. 
15. AÇÃO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS 
15.1. CABIMENTO 
Antes de adentrar no estudo da ação de restauração de autos, é importante distinguir os 
conceitos de processo e autos. Ao passo que o processo é um procedimento animado por uma 
relação jurídica em contraditório, os autos representam o conjunto de escritos que exteriorizam os 
atos processuais, documentando a existência física (ainda que virtual) do processo. 
Nesse sentido, a ação com procedimento regulado pelos arts. 712 a 718 do CPC tem como 
objetivo a restauração dos autos – físicos ou eletrônicos – que por algum motivo tenham 
desaparecido. 
Existem variados motivos de desaparecimento dos autos, desde fenômenos naturais que 
deteriorem os autos, tais como incêndios e alagamentos, traças e cupins, até os atos humanos, 
como a perda desmotivada dos autos em arquivos desorganizados, o desvio e/ou destruição dolosa 
etc. Nos processos eletrônicos, os autos podem estar sujeitos a falhas de cibersegurança, como a 
um ataque hacker, de modo que a restauração de autos eletrônicos também é uma realidade atual. 
 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 128 
 
 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(Prefeitura de Carmo do Paranaíba - MG - Advogado - Objetiva - 2022): O 
procedimento de restauração de autos não é cabível no caso de 
desaparecimento dos autos eletrônicos. Errado. 
O desaparecimento dos autos em decorrência de má-fé encarará sanções em todas as 
esferas possíveis: 
1) Processualmente devem ser condenadas nas penas de litigância de má-fé (sanção 
processual aplicável às partes e aos seus patronos); 
2) Civilmente serão responsabilizadas pelos danos causados; 
3) Penalmente responderão pelo crime de supressão de documento público, conforme 
previsão do art. 305 do Código Penal; 
4) Administrativamente serão sancionadas nesse âmbito (como ocorre com serventuários 
da justiça e/ou advogados). 
Ante o exposto, pode-se afirmar que o objetivo imediato do referido procedimento especial 
é a reconstrução dos escritos que exteriorizam os atos processuais e, como objetivo mediato, a 
continuação do processo. 
Obs.: de acordo com o art. 313, IV, do CPC, o desaparecimento dos 
autos é causa de força maior apta a implicar a suspensão do processo, 
que somente retomará seu regular andamento ao final do processo de 
restauração de autos. 
Ressalta-se, por fim, que a existência de autos suplementares (cópia integral dos autos 
principais) dispensa a ação de restauração por falta de interesse de agir, nos termos do art. 712, 
parágrafo único, do CPC. 
15.2. LEGITIMIDADE 
Aduz o art. 712, caput, do CPC que: 
Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não, pode o 
juiz, de ofício, qualquer das partes ou o Ministério Público, se for o caso, 
promover-lhes a restauração. 
 
Isto posto, qualquer das partes poderá ingressar com ação de restauração de autos, 
naturalmente se referindo às partes do processo que era representado documentalmente pelos 
autos desaparecidos. Também o Ministério Público tem legitimidade ativa, por expressa previsão 
do dispositivo supramencionado. Excepcionalmente, até mesmo um terceiro terá legitimidade ativa, 
qual seja o terceiro juridicamente interessado. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 129 
 
 
 
Para parcela majoritária da doutrina, o juiz não terá legitimidade para a instauração do 
processo de ofício (Humberto Theodoro Junior e Câmara), em razão do princípio da inércia da 
jurisdição. 
No entanto, segundo Daniel Assumpção, constatado o desaparecimento dos autos e não 
sendo proposta por qualquer dos interessados a sua restauração, não haverá alternativa ao juiz que 
não dar início de ofício a restauração dos autos, porque sem estes nem mesmo uma sentença 
terminativa poderá ser proferida, por ausência de suporte material para tanto. Para o doutrinador, 
há respaldo, inclusive, no princípio do impulso oficial. 
No polo passivo são legitimados todos os sujeitos que participam do processo como parte e 
que não estejam no polo ativo da ação de restauração de autos. Trata-se de litisconsórcio passivo 
necessário, considerando que a formação de novos autos e a consequente continuidade do 
processo obrigatoriamente atingirão a todos os seus sujeitos. 
15.3. COMPETÊNCIA 
A ação de restauração de autos deve ser proposta no mesmo juízo em que tramita o 
processo cujos autos desapareceram. 
Obs.: trata-se de competência funcional de caráter absoluto. 
Em caso de desaparecimento dos autos no tribunal, o processo de restauração será 
distribuído, sempre que possível, ao relator do processo, nos termos do art. 717 do CPC: 
Art. 717. Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido no tribunal, o processo 
de restauração será distribuído, sempre que possível, ao relator do processo. 
§ 1º A restauração far-se-á nojuízo de origem quanto aos atos nele 
realizados. 
§ 2º Remetidos os autos ao tribunal, nele completar-se-á a restauração e 
proceder-se-á ao julgamento. 
 
Conforme apontado no dispositivo acima, estando o processo em grau recursal, a 
competência não será do juízo de primeiro grau, que ficará limitado a cumprir carta de ordem 
expedida pelo tribunal para praticar atos materiais que auxiliem na restauração, tais como a 
repetição de oitiva de testemunha, depoimento pessoal ou prova pericial. 
15.4. PROCEDIMENTO 
A petição inicial deve seguir o art. 319 do CPC. 
De acordo com o art. 713 do CPC, na instrução da petição inicial o autor deve apresentar: 
1) Certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde haja 
corrido o processo; 
2) Cópia das peças que tenha em seu poder; 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 130 
 
 
 
3) Qualquer outro documento que facilite a restauração, o que pode significar praticamente 
a juntada de cópias “capa-a-capa” quando o advogado da parte mantém em seus 
arquivos ao cópias ao menos dos atos processuais principais. 
Em seguida, procede-se com a citação do réu, que terá um prazo de 5 dias para contestar 
o pedido, cabendo a ele exibir as cópias, contrafés e mais as reproduções dos atos e documentos 
que estiverem em seu poder, com fulcro no art. 714 do CPC. 
Cumpre salientar que a matéria alegável em sede de defesa se limita a questões processuais 
e aquelas atinentes à necessidade e adequação da restauração, sendo vedada a alegação de 
matérias que só interessam ao processo principal, de acordo com entendimento de Luiz Fux e 
Humberto Theodoro Junior. 
Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o respectivo auto que, assinado pelas 
partes e homologado pelo juiz, suprirá os autos desaparecidos (art. 714, §§ 1º e 2º do CPC). 
Havendo contestação ou se a concordância for parcial, deve-se seguir o procedimento comum. 
Na hipótese de restauração quando o desaparecimento dos autos ocorrer após a produção 
de prova no processo principal, o art. 715 do CPC estabelece que: 
Art. 715, § 1º Serão reinquiridas as mesmas testemunhas, que, em caso de 
impossibilidade, poderão ser substituídas de ofício ou a requerimento. 
§ 2º Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre 
que possível pelo mesmo perito. 
§ 3º Não havendo certidão de documentos, esses serão reconstituídos 
mediante cópias ou, na falta dessas, pelos meios ordinários de prova. 
§ 4º Os serventuários e os auxiliares da justiça não podem eximir-se de 
depor como testemunhas a respeito de atos que tenham praticado ou 
assistido. 
§ 5º Se o juiz houver proferido sentença da qual ele próprio ou o escrivão 
possua cópia, esta será juntada aos autos e terá a mesma autoridade da 
original. 
 
No que se refere ao § 1º, haverá dispensa da reinquirição das testemunhas sempre que 
existir cópia da ata de audiência de instrução juntada aos autos do processo de restauração de 
autos. 
Além disso, com relação ao § 2º, há decisão do STJ no sentido de não aplicar o dispositivo 
legal na hipótese de existir cópia de sentença em ação de prestação de contas que reproduziu a 
essencialidade da prova técnica. Assim segue: 
[...]. III. Reproduzida a essencialidade da prova técnica na sentença que 
julgou procedente a ação de prestação de contas, é de ser abrandado o 
rigor do art. 1.066, § 2º, do CPC, por se revelar desnecessária, pela 
peculiaridade da espécie, a juntada de cópia do laudo pericial, consoante 
a conclusão do Tribunal estadual, soberano na apreciação da matéria de 
fato. IV. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso 
especial." (Súmula n. 7/STJ) V. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 
302527 RJ 2001/0010782-6, Relator: Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 131 
 
 
 
Data de Julgamento: 12/12/2006, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: 
DJ 12/02/2007 p. 262). 
 
O processo de restauração de autos deve ser extinto por meio de sentença, e no caso de 
aparecimento superveniente dos autos originais, a extinção deverá ocorrer por meio de sentença 
terminativa fundada na perda superveniente do interesse de agir, cabendo o processo principal 
prosseguir nos autos originais, sendo os autos da restauração apensados, nos termos do art. 716, 
parágrafo único do CPC. 
A sentença de procedência, que em razão da singeleza procedimental não precisa seguir o 
formalismo do art. 489, § 1º do CPC (segundo entendimento do STJ), tem natureza constitutiva, 
criando uma nova situação jurídica decorrente da criação de novos autos e substituição por esses 
dos autos originais desaparecidos. 
RESTAURAÇÃO DE AUTOS. ART. 458, I E II, DO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. FUNDAMENTO INATACADO. SÚMULA 
283/STF. 1. Tratando-se de restauração de autos, considerou o acórdão 
recorrido que seria dispensável o rigorismo do art. 458 do Código de 
Processo Civil e, ainda, que a ausência das formalidades legais previstas 
em tal dispositivo não acarretara prejuízos ao autor, ora recorrente, 
fundamento que o especial não considerou. 2. Aplicação da Súmula 
283/STF, do seguinte teor: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a 
decisão recorrida assente em mais de um fundamento suficiente e o recurso 
não abrange todos eles." 3. Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 
322140 SC 2001/0051316-6, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de 
Julgamento: 08/11/2005, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJ 
20/02/2006 p. 258). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 132 
 
 
 
TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
A tutela jurisdicional executiva visa resolver a crise de satisfação. Desta forma, qualquer 
atividade jurisdicional voltada a satisfação do direito é uma tutela executiva. 
Por muitos anos, a tutela executiva foi chamada de execução, mas, com o passar dos 
tempos, a legislação (especialmente o CPC/15) passou a utilizar outras terminologias: 
• Efetivação da tutela provisória (art. 297, parágrafo único do CPC), significa satisfazer o 
direito que foi reconhecido na tutela provisória. Por exemplo, se a tutela provisória foi 
concedida para uma busca e apreensão, a crise de satisfação é resolvida quando o bem 
efetivamente chega; 
• Cumprimento de sentença (Parte Especial, Livro I, Título II) – execução de título 
judicial. 
Obs.: Na prática forense, a linguagem 
execução/efetivação/cumprimento de sentença não possui grande 
relevância. Contudo, em provas discursivas e orais, utilize o termo 
legal. Assim, para se referir a uma execução da tutela provisória, utilize 
efetivação; para se referir a execução de título judicial, utilize 
cumprimento de sentença. 
2. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA TUTELA EXECUTIVA 
A tutela executiva possui diferentes sistemas processuais, podendo ser um processo 
autônomo de execução ou uma fase procedimental executiva. 
2.1. FASE PROCEDIMENTAL EXECUTIVA 
É consequência do processo sincrético, em que há apenas um processo que possui fase 
de conhecimento, sentença e cumprimento de sentença (fase executiva). Em suma, há apenas um 
processo com duas fases processuais sucessivas, a primeira de conhecimento e a segunda de 
execução. 
 
 
 
Fase de conhecimento Fase executiva S 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 133 
 
 
 
É utilizado para os títulos executivos judiciais, não importando se decorrente de 
procedimento comum ou de procedimento especial. 
O rol de títulos executivos judiciais está previsto no art. 515 do CPC, dispondo ainda que se 
tratando de sentença penal condenatória transitada em julgado, sentença arbitral, homologação de 
sentença estrangeira e de decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta 
rogatória do STJ, será necessária a citação do executado. Trata-se de uma exceção, uma vez 
que na fase executivaprocedimental não há citação do executado, mas sim a sua intimação. 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo 
com os artigos previstos neste Título: 
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de 
obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; 
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; 
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer 
natureza; 
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao 
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; 
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou 
honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; 
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; 
VII - a sentença arbitral; 
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; 
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à 
carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; 
X - (VETADO). 
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o 
cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 2º A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e 
versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo. 
 
Embora não esteja previsto, a citação nos títulos mencionados deve ser antecedida por uma 
petição inicial, ocorre que a petição inicial e a citação são atos processuais próprios do processo e 
não do cumprimento de sentença (inicia com requerimento e intimação). Em razão disso, o STJ 
entendeu que se trata de uma forma híbrida, isto porque a partir da citação do executado será 
adotado, até o final, o cumprimento de sentença. 
2.2. PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO 
Decorre da autonomia da ação, parte-se da premissa de que a tutela de conhecimento e a 
tutela executiva possuem diversidade de procedimentos e de objetivos, tendo em vista que as 
espécies de crises jurídicas resolvidas por cada tutela são diferentes. 
 
 
 
PROCESSO DE 
CONHECIMENTO 
PROCESSO DE 
EXECUÇÃO 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 134 
 
 
 
Obs.: Nos títulos executivos extrajudiciais (formados fora da 
atividade jurisdicional) a tutela executiva representa a primeira 
oportunidade de participação do Poder Judiciário naquele conflito. 
Portanto, a execução dependerá sempre de um processo 
autônomo, não será uma mera fase procedimental. 
Vale salientar que a execução contra devedor insolvente, conforme prevê o art. 1.052 do 
CPC, deve ser regulada por lei própria. Enquanto, a lei não for editada, continuam-se aplicando as 
regras do CPC/73, que prevê um processo autônomo de execução, mesmo se tratando de um 
título executivo judicial. 
CPC - Art. 1.052. Até a edição de lei específica, as execuções contra devedor 
insolvente, em curso ou que venham a ser propostas, permanecem reguladas 
pelo Livro II, Título IV, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 . 
3. FORMAS EXECUTIVAS 
3.1. EXECUÇÃO POR SUB-ROGAÇÃO (DIRETA) 
Na execução por sub-rogação, também chamada de direta, verifica-se o caráter 
substitutivo da jurisdição. Isto porque o Estado-juiz satisfaz o direito (cumprimento da obrigação) 
substituindo a vontade de resistência do executado. Logo, a satisfação do direito independe da 
colaboração do executado, a exemplo da busca e apreensão, penhora/expropriação. 
3.2. EXECUÇÃO POR PRESSÃO PSICOLOGIA OU POR COERÇÃO (INDIRETA) 
Na execução indireta não existe o caráter substitutivo. O Estado-juiz pressiona 
psicologicamente o executado para que faça uma adequação entre a sua vontade e a satisfação 
do direito, cumprindo voluntariamente a obrigação. 
Obs.: Na execução indireta haverá um cumprimento voluntário da 
obrigação, mas não espontâneo, tendo em vista que decorre de 
pressão psicológica. 
Existem duas formas de execução indireta: 
a) Ameaça de piora na situação (por exemplo, astreintes); 
b) Oferta de uma melhora na situação (por exemplo, art. 827, §1º do CPC). Também 
chamada indevidamente de “sanção premial ou premiadora”. 
Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários 
advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado. 
§ 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos 
honorários advocatícios será reduzido pela metade. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 135 
 
 
 
3.2.1. Prisão civil 
A prisão civil é a medida mais severa de execução indireta, ameaça à liberdade de 
locomoção do executado, cabível apenas na execução de alimentos genuínos (casamento, união 
estável e parentesco). 
Será cabível tanto nas execuções de títulos executivos judiciais (cumprimento de sentença) 
quanto extrajudiciais (processo autônomo de execução), nos termos do art. 528, §3º e 911, 
parágrafo único, ambos do CPC). 
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de 
prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a 
requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, 
em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade 
de efetuá-lo. 
§ 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, 
o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1º, 
decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. 
 
Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha 
obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, 
efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que 
se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de 
fazê-lo. 
Parágrafo único. Aplicam-se, no que couber, os §§ 2º a 7º do art. 528 . 
 
Vale salientar que a prisão civil não se confunde com a prisão penal (sanção), por isso seu 
cabimento não depende do trânsito em julgado. Além disso, a prisão não exime o pagamento da 
dívida alimentar. 
CPC Art. 528, § 5º O cumprimento da pena não exime o executado do 
pagamento das prestações vencidas e vincendas. 
 
Para que ocorra a prisão civil, o credor deve fazer requerimento expresso. Trata-se de uma 
exceção aos poderes executivos do juiz que estão, em regra, dentro do impulso oficial. 
Art. 528, § 8º O exequente pode optar por promover o cumprimento da 
sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, 
Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, 
recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à 
impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância 
da prestação. 
 
A prisão civil é sempre determinada por meio de uma decisão interlocutória, isto porque o 
devedor de alimentos é preso durante o procedimento, é recorrível por agravo de instrumento. 
Contudo, como restringe a liberdade de locomoção a jurisprudência aceita a interposição de 
habeas corpus. 
A Lei de Alimentos (art. 19) prevê que a prisão civil terá o prazo máximo de 60 dias, havendo 
pagamento integral da dívida a prisão deixa de ser aplicada. O CPC, entretanto, prevê o prazo de 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 136 
 
 
 
um a três meses. Diante da divergência, o STJ pacificou o entendimento de que deve prevalecer 
a regra do CPC. 
Art. 528, § 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não 
for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma 
do § 1º, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. 
 
Aplica-se o regime fechado, separado dos presos comuns (art. 528, §4º do CPC). 
Por conta da pandemia da COVID, a jurisprudência do STJ oscilou entre a determinação de 
cumprimento da prisão civil do devedor de alimentos em regime domiciliar, a suspensão 
momentânea do cumprimento da prisão em regimefechado e a possibilidade de escolha, pelo 
credor, da medida mais adequada à hipótese, se diferir o cumprimento ou cumprir em regime 
domiciliar. Atualmente, diante dos avanços da vacinação, não mais subsistem as razões de 
natureza humanitária e de saúde pública que justificaram a suspensão do cumprimento das prisões 
civis de devedores de alimentos em regime fechado. 
A prisão do devedor justifica-se somente em relação às três parcelas anteriores a ação e as 
vincendas. Não significa que o credor terá que esperar o atraso de 3 parcelas. 
Art. 528, § 7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o 
que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da 
execução e as que se vencerem no curso do processo. 
 
Por fim, é possível que uma mesma execução tenha prisões sucessivas. Obviamente, não 
serão pela mesma dívida. 
3.2.2. Astreintes 
Trata-se de uma multa coercitiva que pode ser aplicada pelo juiz de ofício, podendo ser por 
dia, semanal, mensal e, até mesmo, fixa. Devendo ser concedido um prazo razoável para que a 
obrigação seja cumprida. 
 Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada 
na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de 
execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se 
determine prazo razoável para cumprimento do preceito. 
 
Vale salientar que não há na lei um parâmetro para a fixação do valor da astreinte, deve-se 
analisar as circunstâncias do caso concreto, não podendo ser irrisório e nem exorbitante. 
O STJ entende que não existe correlação imediata entre o valor da obrigação e o da multa 
que pode, inclusive, ter um valor maior do que a obrigação principal. 
PROCESSUAL CIVIL. OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR COISA CERTA. 
MEDICAMENTOS. ASTREINTES. FAZENDA PÚBLICA. MULTA DIÁRIA 
COMINATÓRIA. CABIMENTO. NATUREZA. PROVEITO EM FAVOR DO 
CREDOR. VALOR DA MULTA PODE ULTRAPASSAR O VALOR DA 
PRESTAÇÃO. NÃO PODE INVIABILIZAR A PRESTAÇÃO PRINCIPAL. NÃO 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 137 
 
 
 
HÁ LIMITAÇÃO DE PERCENTUAL FIXADO PELO LEGISLADOR. 1. A 
obrigação de fazer permite ao juízo da execução, de ofício ou a requerimento 
da parte, a imposição de multa cominatória ao devedor, ainda que seja a 
Fazenda Pública, consoante entendimento consolidado neste Tribunal. 
Precedentes: AgRg no REsp 796255/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeiro Turma, 
13.11.2006; REsp 831784/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, 
07.11.2006; AgRg no REsp 853990/RS, Rel. Ministro José Delgado, Primeira 
Turma, DJ 16.10.2006; REsp 851760 / RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 
Primeira Turma, 11.09.2006. 2. A multa processual prevista no caput do artigo 
14 do CPC difere da multa cominatória prevista no Art. 461, § 4º e 5º, vez que 
a primeira tem natureza punitiva, enquanto a segunda tem natureza coercitiva 
a fim de compelir o devedor a realizar a prestação determinada pela ordem 
judicial. 3. Os valores da multa cominatória não revertem para a Fazenda 
Pública, mas para o credor, que faz jus independente do recebimento das 
perdas e danos. Consequentemente, não se configura o instituto civil da 
confusão previsto no art. 381 do Código Civil, vez que não se confundem na 
mesma pessoa as qualidades de credor e devedor. 4. O legislador não 
estipulou percentuais ou patamares que vinculasse o juiz na fixação da multa 
diária cominatória. Ao revés, o § 6º, do art. 461, autoriza o julgador a elevar ou 
diminuir o valor da multa diária, em razão da peculiaridade do caso concreto, 
verificando que se tornou insuficiente ou excessiva, sempre com o objetivo de 
compelir o devedor a realizar a prestação devida. 5. O valor da multa 
cominatória pode ultrapassar o valor da obrigação a ser prestada, porque a sua 
natureza não é compensatória, porquanto visa persuadir o devedor a realizar 
a prestação devida. 6. Advirta-se, que a coerção exercida pela multa é tanto 
maior se não houver compromisso quantitativo com a obrigação principal, 
obtemperando-se os rigores com a percepção lógica de que o meio executivo 
deve conduzir ao cumprimento da obrigação e não inviabilizar pela bancarrota 
patrimonial do devedor. 7. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 
n. 770.753/RS, relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 
27/2/2007, DJ de 15/3/2007, p. 267.) 
 
Importante consignar que as astreintes não estão limitadas a 40 salários-mínimos nos 
Juizados Especiais. 
FONAJE ENUNCIADO 144 (Substitui o Enunciado 132) – A multa cominatória 
não fica limitada ao valor de 40 salários-mínimos, embora deva ser 
razoavelmente fixada pelo Juiz, obedecendo ao valor da obrigação principal, 
mais perdas e danos, atendidas as condições econômicas do devedor. 
 
RECLAMAÇÃO. JUIZADOS ESPECIAIS. COMPETÊNCIA PARA EXECUTAR 
SEUS PRÓPRIOS JULGADOS. VALOR SUPERIOR A 40 SALÁRIOS-
MÍNIMOS. ASTREINTES. DESCUMPRIMENTO DE LIMINAR. REDUÇÃO DO 
QUANTUM DA MULTA DIÁRIA. RECLAMAÇÃO PARCIALMENTE 
PROCEDENTE. 1. Nos termos do artigo 3º, § 1º, I, da Lei n. 9099/2005, 
compete ao Juizado Especial a execução de seus julgados, inexistindo, no 
preceito legal, restrições ao valor executado, desde que, por ocasião da 
propositura da ação, tenha sido observado o valor de alçada (RMS 33.155/MA, 
Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, DJe 29/08/2011) . 2. O fato 
de o valor executado ter atingido patamar superior a 40 (quarenta) salários-
mínimos, em razão de encargos inerentes à condenação, não descaracteriza 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 138 
 
 
 
a competência do Juizado Especial para a execução de seus julgados. 3. A 
multa cominatória prevista no art. 461, §§ 4º e 5º, do Código de Processo Civil 
não se revela como mais um bem jurídico em si mesmo perseguido pelo autor, 
ao lado da tutela específica a que faz jus. Sua fixação em caso de 
descumprimento de determinada obrigação de fazer tem por objetivo servir 
como meio coativo para o cumprimento da obrigação. 4. Dessa forma, deve o 
juiz aplicar, no âmbito dos juizados especiais, na análise do caso concreto, os 
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, além de não se distanciar dos 
critérios da celeridade, simplicidade e equidade que norteiam os juizados 
especiais, mas não há limite ou teto para a cobrança do débito acrescido da 
multa e outros consectários. 5. No caso concreto buscou-se, na fase de 
cumprimento de sentença, o recebimento de valor a título de astreintes no 
montante de R$ 387.600,00 (o que corresponde, em valores atualizados até a 
presente data e com juros de mora a R$ 707.910,38), quando o valor da 
condenação principal - danos morais - ficou em R$3.500,00. 6. Sopesando o 
fato de o valor fixado a título de astreintes revelar-se, na hipótese, 
desarrazoado ao gerar o enriquecimento sem causa, com a gravidade da 
conduta da reclamante ao manter o nome da autor em cadastro restritivo por 
mais de dois anos, sem justificativa razoável, o valor da multa deve ser 
reduzido para R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 7. Reclamação parcialmente 
procedente. (Rcl n. 7.861/SP, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda 
Seção, julgado em 11/9/2013, DJe de 6/3/2014.) 
 
É possível que o juiz de ofício altere o valor e a periodicidade da multa vincenda. Para o 
STJ, também é possível a diminuição do valor consolidado (inclusive de ofício) nos casos em que 
for exorbitante, a fim de evitar o enriquecimento sem causa e preservar a boa-fé processual (duty 
to mitigate the loss). 
 Art. 537, § 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou 
a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que: 
I - se tornou insuficiente ou excessiva; 
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou 
justa causa para o descumprimento. 
 
O beneficiado pela multa é sempre a parte contrária. 
As astreintes também podem ser fixadas contra a Fazenda Pública. 
Obs.: O agente189 
5. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL .............................................................................................. 192 
5.1. GENERALIDADES ............................................................................................................ 192 
5.2. DECISÃO QUE RECONHECE OBRIGAÇÃO .................................................................. 193 
5.3. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE AUTOCOMPOSIÇÃO ........................................... 193 
5.4. FORMAL OU CERTIDÃO DE PARTILHA ........................................................................ 193 
5.5. CRÉDITO DO AUXILIAR DA JUSTIÇA HOMOLOGADO ................................................ 194 
5.6. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO .......................... 194 
5.7. SENTENÇA ARBITRAL QUE RECONHEÇA OBRIGAÇÃO ........................................... 194 
5.8. SENTENÇA/DECISÃO ESTRANGEIRA HOMOLOGADA............................................... 195 
6. COMPETÊNCIA ....................................................................................................................... 196 
6.1. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA ......................................................................................... 196 
6.2. COMPETÊNCIA DO JUIZ DE PRIMEIRO GRAU ............................................................ 197 
6.2.1. Legais ......................................................................................................................... 197 
6.2.2. Voluntárias ................................................................................................................. 197 
6.2.3. Jurisprudenciais ......................................................................................................... 198 
6.3. COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO ............................................................................ 198 
7. EXECUÇÃO PROVISÓRIA ...................................................................................................... 198 
7.1. CONCEITO E FUNDAMENTOS ....................................................................................... 199 
7.2. CABIMENTO ..................................................................................................................... 199 
7.2.1. Título judicial sujeito a recurso sem efeito suspensivo ............................................. 199 
7.2.2. Tutela provisória......................................................................................................... 199 
7.3. REGIME JURÍDICO .......................................................................................................... 200 
7.3.1. Responsabilidade objetiva ......................................................................................... 200 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 7 
 
 
 
7.3.2. Reestabelecimento das partes ao estado anterior .................................................... 200 
7.3.3. Caução para levantamento de dinheiro e atos de alienação .................................... 201 
7.3.4. Multa e honorários ..................................................................................................... 201 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE PAGAR QUANTIA .............................................................. 202 
1. REQUERIMENTO DO EXEQUENTE ...................................................................................... 202 
2. CÁLCULO EXECUTIVO ........................................................................................................... 202 
3. INTIMAÇÃO PARA O CUMPRIMENTO .................................................................................. 203 
4. PRAZO PARA PAGAMENTO .................................................................................................. 204 
5. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ÀS AVESSAS.................................................................... 205 
6. MULTA ...................................................................................................................................... 205 
6.1. NATUREZA JURÍDICA ..................................................................................................... 205 
6.2. PERCENTUAL FIXO ......................................................................................................... 206 
6.3. INCIDÊNCIA ...................................................................................................................... 206 
6.4. NÃO INCIDÊNCIA ............................................................................................................. 206 
6.5. PAGAMENTO PARCIAL ................................................................................................... 206 
6.6. PARCELAMENTO DO DÉBITO ....................................................................................... 207 
6.7. DEPÓSITO PARA IMPUGNAR ........................................................................................ 207 
7. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ........................................................... 207 
7.1. DEFESAS DO EXECUTADO............................................................................................ 209 
7.2. NATUREZA JURÍDICA ..................................................................................................... 209 
7.3. REQUISITOS .................................................................................................................... 209 
7.4. 7.4. PRAZO E TERMO INICIAL ........................................................................................ 209 
7.5. CABIMENTO ..................................................................................................................... 210 
7.6. MATÉRIA ........................................................................................................................... 210 
7.6.1. Excesso de execução ................................................................................................ 210 
7.6.2. Inexigibilidade ............................................................................................................ 211 
7.7. EFEITOS DO RECEBIMENTO DA IMPUGNAÇÃO ......................................................... 212 
7.8. CONTRADITÓRIO ............................................................................................................ 212 
7.9. SUCUMBÊNCIA ................................................................................................................ 212 
7.10. ARGUIÇÃO DE FATOS SUPERVENIENTES .................................................................. 213 
7.11. RECURSO ......................................................................................................................... 213 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE FAZER, NÃO FAZER E DAR ............................................ 214 
1. ASPECTOS COMUNS ............................................................................................................. 214 
1.1. TUTELA REPARATÓRIA x TUTELA ESPECÍFICA ......................................................... 214 
1.2. TUTELA ESPECÍFICA CONTRA O PODER PÚBLICO ................................................... 214 
1.3. DEFESA DO DEVEDOR ................................................................................................... 214 
1.4. REGIME JURÍDICO .......................................................................................................... 215 
1.5. APLICAÇÃO A DEVERES NÃO OBRIGACIONAIS ......................................................... 215 
2. CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER .......................................... 215 
2.1. TUTELA ESPECÍFICA x RESULTADO PRÁTICO EQUIVALENTE ................................ 216 
2.1.1. Distinção ..................................................................................................................... 216 
2.1.2. Obtenção do resultado prático equivalente ............................................................... 216 
2.1.3. Não cabimento do resultadopúblico ser sancionado com a multa (STJ – RESp. 
679.048/TJ). 
FGTS. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONTAS VINCULADAS. ARTIGO 29-
B DA LEI Nº 8.036/90. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 
DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO RECURSAL. SÚMULAS N.ºS 282 E 
283 DO STF. ASTREINTES. OBRIGAÇÃO DE FAZER DE NATUREZA 
PERMANENTE; VALE DIZER, PASSÍVEL DE SER DESFEITA. INCIDÊNCIA 
DO MEIO DE COERÇÃO. 1. A interposição do recurso especial impõe que o 
dispositivo de Lei Federal tido por violado, como meio de se aferir a admissão 
da impugnação, tenha sido ventilado no acórdão recorrido, sob pena de 
padecer o recurso da imposição jurisprudencial do prequestionamento, 
requisito essencial à admissão do mesmo, o que atrai a incidência do 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 139 
 
 
 
enunciado n.° 282 da Súmula do STF. 2. O manejo do recurso especial pela 
alínea "c" exige do recorrente a comprovação do dissídio jurisprudencial, 
cabendo ao mesmo colacionar precedentes jurisprudenciais favoráveis à tese 
defendida, comparando analiticamente os acórdãos confrontados, nos termos 
previstos no artigo 541, parágrafo único, do CPC. 3. In casu, o juízo a quo fixou 
prazo de 10 (dez) dias para cumprimento da obrigação de fazer pela CEF, qual 
seja, correção de contas vinculadas ao FGTS quanto aos planos Verão e Collor 
I, sob pena de multa diária a incidir sobre a pessoa do gerente. Trata-se de 
hipótese de incidente da execução quanto ao cumprimento do julgado, sendo 
certo que o juízo limitou-se a fixar as astreintes. 4. Tratando-se de figuras 
distintas, vale dizer: meio de coerção visando o cumprimento da obrigação 
(astreintes) e sanção de múltiplas consequências (art. 14, V, do CPC), impõe-
se a exclusão do "gerente", posto não partícipe da relação processual que 
gerou a imposição da medida de apoio coercitiva, sob pena de grave violação 
do due process of law e do contraditório. 5. Destarte, o art. 14, parágrafo único, 
do CPC refere-se ao "responsável" pelo embaraço à execução do julgado, e 
este somente surge no processo satisfativo, por isso que quando da emissão 
do provimento autoexecutável e mandamental o juízo não podia, 
antecipadamente, presumir atentado à jurisdição. 6. A função das astreintes é 
vencer a obstinação do devedor ao cumprimento da obrigação, e incide a partir 
da ciência do obrigado e da sua recalcitrância. 7. A valoração do quantum das 
astreintes revela-se matéria cujo conhecimento é inviável por esta Corte 
Superior, porquanto inequívoca operação de cunho fático, vedada à cognição 
do E. STJ (Súmula n.º 07). 8. Recurso especial parcialmente conhecido e, 
nesta parte, provido, para excluir o gerente da condenação, mantida a CEF. 
(REsp n. 679.048/RJ, relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 
3/11/2005, DJ de 28/11/2005, p. 204.) 
 
Na vigência do CPC/73, havia o entendimento sumulado de que a cobrança da multa deveria 
ser feita por intimação pessoal. O CPC/15, em seu art. 513, caput e §2º, I, trouxe a possibilidade de 
a intimação ser feita na pessoa do advogado. O STJ foi chamado para se manifestar sobre o tema 
e manteve o entendimento sumulado. Logo, se houver astreintes a intimação deve ser feita 
pessoalmente. 
Súmula 410 - A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição 
necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de 
fazer ou não fazer. 
 
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, 
observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto 
no Livro II da Parte Especial deste Código. 
§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença: 
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; 
 
A executabilidade da multa é imediata, ficando o levantamento do seu valor condicionado 
ao trânsito em julgado. 
Art. 537, § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, 
devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o 
trânsito em julgado da sentença favorável à parte. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 140 
 
 
 
 
Obs.: As normas que regulamentar a tutela coletiva (art. 12, §2º, 
LACP; art. 213, §3º, ECA; art. 83, §32º Estatuto da Pessoa Idosa) 
preveem que a execução das astreintes será após o trânsito em 
julgado. 
4. ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO EXEQUENDA 
4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
As espécies de obrigações exequendas (pagar, fazer, não fazer e entregar) relacionam-se 
com as formas procedimentais vistas acima (cumprimento de sentença, processo autônomo de 
execução, execução por sub-rogação e execução indireta). 
A definição da forma procedimental (processo autônomo ou fase procedimental) 
independe da espécie de obrigação, considera-se a natureza do título executivo (judicial ou 
extrajudicial). Por exemplo, tratando-se de título executivo judicial será executado por cumprimento 
de sentença (fase procedimental) pouco importando a espécie de obrigação; o mesmo 
entendimento aplica-se ao título executivo extrajudicial cuja execução será por processo autônomo. 
Em relação à execução por sub-rogação e à execução indireta, é importante analisarmos a 
espécie de obrigação exequenda. 
4.2. EXECUÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA 
A execução de pagar quantia certa pode ocorrer por sub-rogação (penhora/expropriação). 
Também é possível a execução indireta, a exemplo da prisão civil (execução de alimentos) e do 
processo de execução (art. 827, §1º, do CPC). 
Além disso, há duas previsões de execuções indiretas típicas: 
a) Protesto da sentença 
Gera uma ciência erga omnes da situação de devedor do executado. 
Conforme o art. 517 do CPC, é uma medida de execução indireta que só poder ser utilizada 
no cumprimento de sentença definitivo e após o decurso do prazo de 15 dias para o pagamento. 
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, 
nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário 
previsto no art. 523. 
 
O protesto só será levantado se houver o pagamento ou se o processo for extinto por 
alguma razão. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 141 
 
 
 
Será cabível no cumprimento provisório da sentença de alimentos, mas se o devedor 
justificar o inadimplemento a sentença não será protestada. 
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de 
prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a 
requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, 
em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade 
de efetuá-lo. 
§ 1º Caso o executado, no prazo referido no caput , não efetue o pagamento, 
não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de 
efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no 
que couber, o disposto no art. 517 . 
 
b) Inclusão do nome do devedor em cadastros de inadimplentes 
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos 
executivos, e o oficial de justiça os cumprirá. 
§ 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do 
executado em cadastros de inadimplentes. 
§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, 
se for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro 
motivo. 
§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título judicial. 
 
Assim como no protesto, visa dar ciência erga omnes da situação do devedor, dificultando o 
seu acesso ao crédito. Igualmente, depende do trânsito em julgado, salvo no caso de execução de 
alimentos. 
A anotação será baixada quando houver o pagamento, a extinção do processo ou a 
penhora (aqui se diferencia do protesto) que funciona como uma garantia do juízo. 
Em relação à multa pelo não pagamento em 15 dias (art. 523, §1º, do CPC), não há na 
doutrina consenso sobre ser uma espécie de execuçãoprático equivalente ...................................................... 216 
2.2. PERDAS E DANOS .......................................................................................................... 216 
2.2.1. Requerimento do credor ou última opção ................................................................. 216 
2.2.2. Perdas e danos como última opção .......................................................................... 217 
2.2.3. Procedimento de apuração ........................................................................................ 217 
2.2.4. Sem prejuízo de multa ............................................................................................... 217 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 8 
 
 
 
2.3. MULTA/ASTREINTE ......................................................................................................... 217 
2.3.1. Natureza jurídica ........................................................................................................ 217 
2.3.2. Destinatário ................................................................................................................ 217 
2.3.3. Momento da incidência .............................................................................................. 218 
2.3.4. Intimação do devedor para cumprimento .................................................................. 218 
2.3.5. Momento para execução ........................................................................................... 218 
2.3.6. Inaplicabilidade .......................................................................................................... 218 
2.3.7. Reforma da decisão cuja cumprimento a multa pretendia tutelar ............................ 218 
2.3.8. 2.3.8. Hipótese de não cabimento ............................................................................. 219 
2.3.9. 2.3.9. Valor da multa .................................................................................................. 219 
2.3.10. 2.3.10. Possibilidade de adequação superior da multa ............................................ 219 
2.3.11. 2.3.11. Periodicidade ................................................................................................. 219 
2.3.12. 2.3.12. Cumulação com outras multas ...................................................................... 219 
2.4. 2.4. MEDIDAS DE APOIO ................................................................................................ 219 
2.4.1. 2.4.1. Rol exemplificativo ........................................................................................... 220 
2.4.2. Natureza das medidas ............................................................................................... 220 
2.4.3. Cumulação com as astreintes ................................................................................... 220 
2.5. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E DESOBEDIÊNCIA ................................................................. 220 
3. CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE ENTREGA ................................................................ 220 
3.1. REGIME GERAL ............................................................................................................... 220 
3.2. APLICAÇÃO A OBRIGAÇÕES DE ENTREGAS NÃO OBRIGACIONAIS ...................... 220 
3.3. FIXAÇÃO DE PRAZO RAZOÁVEL PARA CUMPRIMENTO ........................................... 221 
3.4. 3.4. COISA INCERTA ....................................................................................................... 221 
3.5. INEXISTÊNCIA DE RESULTADO PRÁTICO EQUIVALENTE ........................................ 221 
3.6. INDENIZAÇÃO E RETENÇÃO DE BENFEITORIAS ....................................................... 221 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 9 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. A grande maioria dos concurseiros possui o hábito de 
trocar o material de estudo constantemente, principalmente, em razão da variedade de materiais 
disponíveis, cada dia surge algo novo. Porém, o ideal é você utilizar sempre a mesma fonte, fazendo 
a complementação necessária, pois quanto mais contato temos com nosso material de estudos, 
mais familiarizados ficamos, o que se torna primordial na hora da prova. 
O Caderno Sistematizado de Direito Processual Civil – Parte 3 aborda os temas 
Execução, Tutela Provisória e Procedimentos Especiais, mesclamos as aulas dos Professores 
Daniel Assumpção, Fredie Didier e Fernando Gajardoni. 
Com o intuito de deixar o material mais completo, utilizados as seguintes fontes 
complementares: a) Manual de Direito Processual Civil, 2023 (Daniel Assumpção); b) Curso de 
Direito Civil, Volume 5, 2022 (Fredie Didier). 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de 
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). 
Destacamos que é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da 
semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma 
boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 10 
 
 
 
TUTELA PROVISÓRIA 
1. TUTELAS PROVISÓRIAS NA DOUTRINA 
A tutela provisória é aquela que não se estabiliza pela coisa julgada, ou seja, pode ser 
mudada. 
1.1. TUTELA ANTECIPADA (SATISFATIVA PROVISIONAL DE URGÊNCIA) 
É uma tutela provisória, na medida em que pode ser mudada/ reformada/ mantida/ cassada. 
Caracteriza-se por seu caráter satisfativo somado a possibilidade de, caso não seja 
concedida, causar um risco ou um dano irreparável a parte. Por isso, o bem da vida (a proteção) é 
entregue ao autor no início da demanda. 
Ex.: concessão de remédios. 
1.2. TUTELA CAUTELAR (CONSERVATIVA PROVISIONAL DE URGÊNCIA) 
É uma tutela provisória também fundada na urgência. 
Possui caráter conservativo, uma vez que não satisfaz o direito da parte, apenas conserva-
o para que, oportunamente, o direito seja satisfeito. 
Ex.: arresto, separação de corpos. 
1.3. TUTELA DE EVIDÊNCIA (SATISFATIVA PROVISIONAL) 
Também é uma tutela provisória, assemelha-se à tutela antecipada, pois é satisfativa, mas 
não possui o requisito de urgência. 
Assim, pode-se afirmar que é uma espécie de tutela antecipada sem urgência. São casos 
em que o direito do autor é tão evidente que, mesmo sem urgência, concede-se de forma 
antecipada. 
Ex.: busca e apreensão de bens alienados fiduciariamente. 
2. TUTELAS PROVISÓRIAS E O CPC/15 
Ao disciplinar a temática, o CPC abarca as três espécies de tutelas vistas acima. 
Ressalta-se que a tutela provisória estará presente tanto no processo de conhecimento 
quanto na execução, por isso está alocada na parte geral. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 11 
 
 
 
 
 
Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. 
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode 
ser concedida em caráter antecedente ou incidental. 
 
Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do 
pagamento de custas. 
 
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, 
mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. 
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória 
conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para 
efetivação da tutela provisória. 
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas 
referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. 
 
Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela 
provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso. 
 
 Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando 
antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. 
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência 
originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão 
jurisdicional competente para apreciar o mérito. 
3. PRINCIPAIS QUESTÕES 
3.1. FIM DAS CAUTELARES EM ESPÉCIE E DO LIVRO III DO CPC/73 
No CPC/73 havia dois grandes grupos de tutelas cautelares: 
• Cautelares típicas – previstas no CPC, que trazia seus requisitos 
• Cautelares atípicas – não possuíam previsão legal, mas podiam ser concedidas com 
base no poder geral de cautela do juiz. 
Perceba que era desnecessária a tipificação das cautelares diante do poder geral de cautela 
do juiz. Por isso, o CPC/15 acabou com as cautelares em espécie, abarcando-as no Poder Geral 
de Cautela (301 CPC). 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que 
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado 
útil do processo. 
 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 12 
 
 
 
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante 
arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação 
de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. 
 
Doutrina minoritária sustenta que duas cautelares típicas continuam existindo, são elas: o 
atentado e a produção antecipada de provas. Contudo, a maioria da doutrina entende que não há 
mais, uma vez que o atentado virou ato atentatório contra à dignidade da justiça e a antecipação de 
provas virou meio de prova, perdendo ambos a sua natureza cautelar. 
3.2. SUMARIEDADE DA COGNIÇÃO 
As três espécies de tutela provisória, por conta da provisoriedade, trabalham com um juízo 
de cognição sumária (vertical). Ou seja, não é possível afirmar que o autor possui razão, mas seja 
pela urgência ou pela evidência, opta-se por proteger provisoriamente determinado bem. 
Acerca dos graus de probabilidade das tutelas provisórias, há na doutrina três correntes: 
1ª C – Não existe grau de probabilidade. Sendo provável, o juiz irá conceder a cautelar, a 
antecipada ou a de evidência. Sendo improvável, nenhuma tutela provisória é concedida. 
2ª C – Há grau de probabilidade entre a tutela de evidência e a tutela de urgência (cautelar 
ou antecipada). O grau de probabilidade na tutela de evidência é maior, pois é tutelada uma situação 
que não necessita de urgência, sendo quase um juízo de certeza. Ademais, entre a cautelar e a 
antecipada não há diferença de grau de probabilidade, ambas são baseadas na urgência. É a 
posição que prevalece na doutrina, com base no art. 300 do CPC que trata das duas tutelas de 
urgência (cautelar e antecipada) no mesmo dispositivo. 
3ª C – Há diferença de grau de probabilidade entre a tutela de evidência (altíssima 
probabilidade), a tutela antecipada (alta probabilidade) e a tutela cautelar (probabilidade). 
3.3. URGÊNCIA OU PREVENTIVIDADE 
Como visto, a urgência (periculum in mora) e a preventividade são características das tutelas 
antecipadas e cautelares (tutelas de urgência), não estando presentes na tutela de evidência. 
A seguir elaboramos um quadro com a diferença na urgência da tutela antecipada e tutela 
cautelar. 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 13 
 
 
 
 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que 
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado 
útil do processo. 
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, 
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra 
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte 
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. 
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação 
prévia. 
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando 
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. 
3.4. REVERSIBILIDADE 
As três espécies de tutelas provisórias são precárias e mutáveis, por isso podem ser 
revertidas, revogadas. 
Ressalta-se que em determinadas situações, pelo menos do ponto de vista fático, são 
irreversíveis, o que não impede que sejam concedidas. Como exemplo, tutela antecipada para 
concessão de medicamento, será dado para o autor. Caso depois fique provado que não possuía o 
direito, a reversibilidade pode ser em pecúnia, ou seja, ele irá pagar o valor do medicamento. 
3.5. INEXISTÊNCIA DE COISA JULGADA MATERIAL 
As tutelas provisórias, em regra, não formam coisa julgada material, possuem cognição 
sumária (juízo de probabilidade), em que há celeridade e baixa segurança. Contudo, na cautelar a 
decisão que reconhecer a ocorrência de decadência ou de prescrição, por questão de economia 
processual, fará coisa julgada. 
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o 
pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do 
indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição. 
3.6. FUNGIBILIDADE 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 14 
 
 
 
Apesar do art. 305 do CPC afirmar que a tutela cautelar pode ser transformada em tutela 
antecipada, quando o juiz assim entender, é pacífico na jurisprudência que a tutela antecipada 
também pode ser convertida em tutela cautelar, já que ambas tutelam a urgência. 
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em 
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do 
direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil 
do processo. 
 
Destaca-se que na tutela de evidência, conforme entendimento dominante, não há como 
aplicar a fungibilidade, já que há ausência de urgência. 
3.7. RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR DANO PROCESSUAL 
Embora esteja previsto no Capítulo da Tutela Provisória de Urgência, o art. 302 do CPC, que 
trata da responsabilidade objetiva por dano processual, é aplicado à tutela de evidência. 
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte 
responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte 
adversa, se: 
I - a sentença lhe for desfavorável; 
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios 
necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias; 
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; 
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do 
autor. 
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver 
sido concedida, sempre que possível. 
 
Salienta-se que a responsabilidade objetiva será apurada nos próprios autos ou em 
liquidação de sentença. 
3.8. RETIRADA DO EFEITO SUSPENSIVO DA APELAÇÃO 
O art. 1.012, §1º, V do CPC prevê que a decisão do juiz que confirma, revoga ou concede a 
tutela provisória na sentença suprime o efeito suspensivo da apelação. Desta forma, o indivíduo 
que possui uma tutela provisória de qualquer natureza (antecipada, cautelar, de evidência) e ganha 
a ação poderá fazer cumprimento provisório da sentença (art. 520). 
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. 
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos 
imediatamente após a sua publicação a sentença que: 
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
 
Art. 520. O cumprimento provisório dasentença impugnada por recurso 
desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o 
cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime: 
 
 
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3.9. RECURSO CABÍVEL DA DECISÃO SOBRE A TUTELA PROVISÓRIA 
Da decisão de primeiro grau, nos termos do art. 1.015, I do CPC, caberá agravo de 
instrumento. 
Da decisão do relator (art. 932), caberá agravo interno, conforme disposto no art. 1.021 do 
CPC. 
Da decisão de primeiro grau, concedida em sentença, caberá apelação, nos termos do art. 
1.012, V do CPC. 
4. TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE 
4.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES 
Está disciplinada nos arts. 303 e 304 (estabilização) do CPC/15: 
 
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da 
ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à 
indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se 
busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. 
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: 
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua 
argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de 
tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; 
II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação 
na forma do art. 334 ; 
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na 
forma do art. 335 . 
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo, 
o processo será extinto sem resolução do mérito. 
§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo dar-se-á nos 
mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais. 
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de 
indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela 
final. 
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do 
benefício previsto no caput deste artigo. 
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela 
antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em 
até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem 
resolução de mérito. 
 
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se 
estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. 
§ 1º No caso previsto no caput , o processo será extinto. 
 
 
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§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, 
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput . 
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, 
reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata 
o § 2º. 
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em 
que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se 
refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida. 
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 
2º deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão 
que extinguiu o processo, nos termos do § 1º. 
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade 
dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou 
invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2º 
deste artigo. 
 
 
 
 
 
 
 
Como já mencionado, a tutela antecipada pode ser concedida antes do início do processo 
(antecedente), bem como no curso da ação principal. 
O pedido antecedente de tutela antecipada poderá ser feito com base em: 
• Urgência extrema; 
• Estratégia processual. 
4.2. INICIAL SUMARIZADA 
A inicial da tutela antecipada antecedente possui seis requisitos. Vejamos: 
a) Deixar claro, na petição inicial, que se trata de tutela antecipada antecedente; 
b) Deixar claro qual é o pedido final; 
c) Expor a lide principal; 
d) Deixar claro o direito que se busca realizar (fumus bonis iuris); 
e) Demostrar o perigo de dano (periculum in mora); 
f) Dar a causa o valor do pedido principal, a fim de não recolher custas novamente. 
4.3. DECISÃO E ADITAMENTO/EMENDA NOS MESMOS AUTOS 
Após o recebimento, o juiz irá decidir pelo: 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 17 
 
 
 
• Deferimento da TA (§ 1º): competirá ao autor, no prazo de 15 dias, promover o 
aditamento da inicial, a fim de transformá-la em pedido principal. 
• Indeferimento da TA (§ 6º): o autor deverá emendar, no prazo de 5 dias, a fim de 
transformá-la em uma ação principal. 
Caso não seja aditada/emendada, haverá a extinção do processo sem análise de mérito. 
4.4. ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE 
4.4.1. Funcionamento da técnica de estabilização no Brasil 
A técnica da estabilização foi inspirada no direito francês. 
Imagine, por exemplo, que o indivíduo ajuíze uma ação pedindo apenas a tutela antecipada. 
Há o deferimento pelo juiz. Perceba que há a satisfação para o autor. Caso réu se conforme com a 
concessão, haverá a estabilização. Assim, havendo concordância (ainda que tácita) tanto do autor 
quanto do réu, não faz sentindo que o processo prossiga. 
Em regra, ao conceder a tutela antecipada, caso as partes não se manifestem, haverá a 
estabilização. Não será necessária a confirmação por meio de sentença definitiva. 
O art. 304 do CPC afirma que a tutela antecipada tornar-se-á estável caso não seja 
interposto recurso. Contudo, nada impede que seja apresentado um pedido, através de ação 
revisional, a fim de desfazer a tutela antecipada. 
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se 
estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. 
§ 1º No caso previsto no caput , o processo será extinto. 
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, 
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput . 
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, 
reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata 
o § 2º. 
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em 
que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se 
refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida. 
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 
2º deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão 
que extinguiu o processo, nos termos do § 1º. 
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade 
dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou 
invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2º 
deste artigo. 
 
4.4.2. Extinção e honorários 
 
 
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Nos termos do art. 304, § 1º do CPC, uma vez estabilizada a tutela antecipada, o juiz 
extinguirá o processo. Observe: 
Art. 304, § 1º: No caso previsto no caput, o processo será extinto. 
 
Contudo, não há menção se a extinção ocorrerá com a resolução de mérito ou sem a sua 
análise. Há três posições sobre a natureza jurídica da decisão do art. 304, § 1º, vejamos: 
1ª C – Trata-se de hipótese de extinção sem mérito não prevista no art. 485 do CPC. O juiz 
não avança na análise das questões do processo, já que houve estabilização da tutela antecipada. 
É a que prevalece. 
2ª C – é hipótese de extinção com mérito, nos termos do art. 487 do CPC. O processo seria 
resolvido com mérito, ainda que analisado provisoriamente (cognição sumária), porque é inegável 
que o juiz enfrenta a questão. 
3ª C - Trata-se de uma nova categoria de sentença, no que se refereao conteúdo. 
Destaca-se que o advogado do autor, diante da estabilização da tutela antecipada 
antecedente, tem direito de receber honorários. Deve-se aplicar o art. 701, do CPC, por analogia. 
 Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de 
mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação 
de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o 
cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do 
valor atribuído à causa. 
4.4.3. Hipóteses de não cabimento da estabilização 
A estabilização cabe apenas para a tutela antecipada antecedente. Desta forma, não existe 
estabilização de tutela antecipada incidental. 
Além disso, a tutela cautelar antecedente não pode ser estabilizada, pois não há previsão 
legal, uma vez que o art. 304 do CPC não consta na parte geral das tutelas de urgência (cautelar e 
antecipada). Ademais, a tutela cautelar não é satisfativa, o que inviabiliza a estabilização. 
Igualmente, não existe estabilização da tutela de evidência, pois, o art. 304 do CPC faz 
referência expressa apenas à tutela antecipada, ao mencionar o art. 303. 
Por fim, não há impedimento para que se estabilize uma tutela antecipada contra o Poder 
Público. 
4.4.4. Condições para não ocorrência da estabilização 
De acordo com o art. 304, do CPC, apenas quando houver recurso não ocorreria a 
estabilização. A dificuldade que surgiu na doutrina é sobre sentindo da expressão “recurso”, há dois 
posicionamentos: 
 
 
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1ª corrente: Apenas a interposição de agravo de instrumento contra a decisão antecipatória 
dos efeitos da tutela requerida em caráter antecedente é que se revela capaz de impedir a 
estabilização, nos termos do disposto no art. 304 do Código de Processo Civil. STJ. 1ª Turma. REsp 
1797365-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. Acd. Min. Regina Helena Costa, julgado em 03/10/2019 
(Info 658). 
2ª corrente: A tutela antecipada antecedente (art. 303 do CPC) somente se torna estável se 
não houver nenhum tipo de impugnação formulada pela parte contrária, de forma que a mera 
contestação tem força de impedir a estabilização. Apesar de o caput do art. 304 do CPC/2015 falar 
em “recurso”, a leitura que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação 
sistemática e teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver 
qualquer tipo de impugnação pela parte contrária. O caput do art. 304 do CPC disse menos do que 
pretendia dizer, razão pela qual a interpretação extensiva mostra-se mais adequada ao instituto, 
notadamente em virtude da finalidade buscada com a estabilização da tutela antecipada. STJ. 3ª 
Turma. REsp 1760966-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/12/2018 (Info 639). 
4.4.5. Revisão, reforma ou invalidação da tutela antecedente estabilizada 
De acordo com o disposto nos §2º a 4º do art. 304 do CPC, uma vez estabilizada a tutela 
antecipada antecedente, não há impedimento para que as partes requeiram a revisão, a reforma ou 
a invalidação da decisão. 
rt. 304, 
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, 
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput . 
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, 
reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata 
o § 2º. 
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em 
que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se 
refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida. 
 
Salienta-se que o pedido é feito em autos apartados, bem como que a competência será do 
juízo em que houve a estabilização. 
4.4.6. Prazo para ação revisional 
Nos termos do art. 304, §5º, o prazo para reforma, revisão ou invalidação é de 02 anos 
(decadencial), contado da intimação da sentença. 
Há autores que entendem que não há existência de prazo para revisão. Partem da ideia de 
que a cognição exauriente é uma garantia constitucional. Como a tutela antecipada foi estabilizada 
em uma decisão provisória, a qualquer tempo pode ser revista. 
4.4.7. Coisa julgada e cabimento de ação rescisória 
 
 
CS - PROCESSO CIVIL 3: 2024.1 20 
 
 
 
Após o prazo de dois anos para reforma, invalidação ou revisão, há a formação de coisa 
julgada? 
1ªC (Marinoni): Não faz e, portanto, não cabe rescisória. Sempre cabe revisional, em 
qualquer prazo. 
2ªC (ENFAM): Não faz e não cabe rescisória, cabe ação revisional no prazo de 02 anos – 
enunciado 27 da ENFAM. 
3ªC (Gajardoni): Faz coisa julgada, findo o prazo de 02 anos da revisional (casos do art. 
966). 
5. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE 
5.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES 
O CPC/15 nos arts. 305 a 310 disciplina as tutelas cautelares. 
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em 
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do 
direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil 
do processo. 
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem 
natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303 . 
 
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido 
e indicar as provas que pretende produzir. 
 
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor 
presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá 
dentro de 5 (cinco) dias. 
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o 
procedimento comum. 
 
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado 
pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos 
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo 
do adiantamento de novas custas processuais. 
§ 1º O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de 
tutela cautelar. 
§ 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido 
principal. 
§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência 
de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334 , por seus advogados ou 
pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu. 
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na 
forma do art. 335 . 
 
 
 
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Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se: 
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal; 
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; 
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou 
extinguir o processo sem resolução de mérito. 
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é 
vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo fundamento. 
 
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o 
pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do 
indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição. 
 
Inicialmente, salienta-se que a tutela cautelar possui natureza conservativa. Ou seja, visa 
conservar o resultado útil do processo que está por vir. 
Como exemplos, pode-se citar: 
• Separação de corpos (vida), 
• Arresto (bens) 
• Exclusão do nome do devedor do rol dos maus pagadores (anulação do título). 
Ademais, o CPC somente disciplina a tutela cautelar antecedente, pois a incidental usa a 
própria estrutura do pedido principal formulado. 
5.2. INICIAL SUMARIZADA 
Nos termos do art. 305 do CPC, são quatro requisitos. Observe: 
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em 
caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do 
direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado

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