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1 
 
ÍNDICE 
 
 
1. TEORIA GERAL DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS.......................................................2 
 
2. AÇÕES POSSESSÓRIAS................................................................................................4 
 
3. INVENTÁRIO E PARTILHA.........................................................................................13 
 
4. EMBARGOS DE TERCEIRO.........................................................................................18 
 
5. OPOSIÇÃO................................................................................................................25 
 
6. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA......................................32 
 
7. DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO CONSENSUAIS...................................................................37 
 
8. INTERDIÇÃO.............................................................................................................51 
 
9. AÇÃO MONITÓRIA...................................................................................................62 
 
10. CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.............................................................................70 
 
11. PROCEDIMENTO DA LEI DE LOCAÇÕES (8.245/91)....................................................72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
TEORIA GERAL DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
QUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
A doutrina hoje tem convicção de que os procedimentos especiais integram o processo de 
conhecimento. O processo de conhecimento engloba um procedimento padrão, denominado 
de procedimento comum, e procedimentos que são fogem a esse padrão, pois são diferentes 
do comum, denominados procedimentos especiais. O NCPC, inclusive, reuniu em um mesmo 
Livro – Livro I – o procedimento comum (Título I) e os procedimentos especiais (Título III), em 
contraponto aos CPCs anteriores que tinham um livro autônomo sobre procedimentos 
especiais. 
 Procedimentos especiais são procedimentos do processo de conhecimento distintos 
do procedimento comum. O NCPC se preocupa em regular o procedimento comum de forma 
detalhada e, ao regular os procedimentos especiais, ele menciona apenas aquilo que esses 
procedimentos têm de diferente em relação ao procedimento comum. Portanto, não precisam 
ser regulados em todos os seus detalhes, pois se aplica subsidiariamente o procedimento 
comum. 
 Os procedimentos especiais podem estar regulados no próprio CPC ou em legislação 
extravagante. A mera previsão de um procedimento que contenha alguma diferença, ainda 
que mínima, em relação ao procedimento comum já faz com que estejamos diante de um 
procedimento especial. Ex. Ação popular – a única diferença é o prazo para contestar de 20 
dias prorrogáveis por mais 20. 
 
Por que os procedimentos especiais são criados? 
Duas razões podem levar à criação de um procedimento especial. 
 1ª. Para atender alguma peculiaridade do direito material 
Há conflitos de direito material que seriam submetidos ao Judiciário que não têm no 
procedimento comum o meio adequado para resolvê-las. As vias ordinárias não solucionariam 
a lide. Surge, então, a necessidade de criar um procedimento diferenciado que se apresente 
como meio adequado para dar solução àquele litígio específico. 
 
Ex1. Conflito sobre pagamento de uma dívida: “eu sou devedor e quero pagar, procuro o 
credor e este, por alguma razão, se recusa a receber o pagamento”. O CC/02, nessa hipótese, 
determina que o devedor deve consignar o pagamento em juízo (suponha-se que não é 
dinheiro, pois caberia também depósito extrajudicial). O procedimento comum resolveria o 
litígio? Não, pois no procedimento comum não há previsão de depósito. Portanto, criou-se um 
procedimento especial que trouxesse essa figura. 
Ex2. Conflito sobre demarcação de terras: “Há duas áreas de terras contíguas. A propõe ação 
demarcatória em face de B, dizendo na inicial que não há definição precisa dos limites dos 
imóveis e, por isso, quer a demarcação.”. A e B divergem quanto à linha demarcatória. Se a 
sentença julgar procedente a ação e esta transitar em julgado, poderá ainda haver problemas 
com a colocação da cerca. Não há como executar o vizinho que perdeu e obrigá-lo a construir 
uma cerca, pois não há fonte para essa obrigação. Logo, é necessário um procedimento 
especial, o qual prevê a demarcação real por um terceiro, auxiliar do juiz. Trata-se de ato de 
execução denominado “trabalho de campo”. Neste procedimento, há duas sentenças: uma 
determinando a demarcação (da qual cabe apelação com efeito suspensivo) e outra 
homologando a demarcação realizada (da qual cabe apelação sem efeito suspensivo). 
 2ª. Por razões políticas 
 Quem cria o procedimento especial é a lei e o Poder Legislativo é constitucionalmente 
autorizado a fazer opções políticas. Por vezes, criam-se procedimentos especiais porque 
pareceu ao Legislativo que era politicamente conveniente criá-los, embora o litígio pudesse ser 
 
 
3 
 
resolvido pelo procedimento comum. Ex. procedimento dos Juizados Especiais; do mandado 
de segurança; da ação monitória. 
 Nos casos em que o procedimento especial é criado em razão de alguma peculiaridade 
do direito material, a sua utilização é obrigatória. O procedimento especial será a única via 
processual adequada para resolver o litígio. Se adotar outra via, cabível extinção do processo 
sem resolução do mérito por falta de interesse. 
Nos casos em que o procedimento especial é criado por opção política do legislador, o 
procedimento comum também é adequado e, portanto, o demandante pode escolher, sendo o 
procedimento especial de utilização facultativa. Exceção: Juizados Especiais Federais – a 
própria lei obriga a utilização do procedimento especial e boa parte dos doutrinadores 
questiona a constitucionalidade desse dispositivo. 
 
 
São procedimentos especiais de jurisdição contenciosa: 
 
(a) ação de consignação em pagamento (arts. 539-549); 
 
(b) ação de exigir contas (arts. 550-553); 
 
(c) ações possessórias (arts. 554-568); 
 
(d) ação de divisão e de demarcação de terras particulares (arts. 569-598); 
 
(e) ação de dissolução parcial de sociedade (arts. 599-609); 
 
(f) inventário e partilha (arts. 610-673); 
 
(g) embargos de terceiro (arts. 674-681); 
 
(h) oposição (arts. 682-686); 
 
(i) habilitação (arts. 687-692); 
 
(j) ações de família (arts. 693-699); 
 
(k) ação monitória (arts. 700-702); 
 
(l) homologação do penhor legal (arts. 703-706); 
 
(m) regulação de avaria grossa (arts. 707-711); 
 
(n) restauração de autos (arts. 712-718). 
 
Na verdade, sendo una a jurisdição, como poder do Estado, uno também deve ser o direito de 
a ela se recorrer. O que variam são apenas as maneiras de exercitar esse mesmo direito, 
conforme a diversidade dos atos reclamados para adequar a forma à substância do direito 
subjetivo litigioso. O uso de expressões como “ação de consignação”, “ação de exigir contas” 
etc., denota apenas reminiscência do anacrônico e superado conceito civilístico de ação, 
segundo o qual a cada direito material corresponderia uma ação para protegê-lo na 
eventualidade de sua violação. Na verdade, porém, o que hoje se admite são procedimentos 
 
 
4 
 
variados para deduzir pretensões relativas a certos direitos materiais, pelo que o correto seria 
dizer “procedimento da consignação em pagamento”, “procedimento da exigência de contas” 
etc. em lugar de “ação de consignação em pagamento”, “ação de exigir contas” etc. 
Comparado o elenco do Código novo com o do Código de 1973, constata-se a exclusão do rol 
de procedimentos especiais das ações de depósito, de anulação e substituição de títulos ao 
portador, de nunciação de obra nova, de usucapião e de vendas a crédito com reserva de 
domínio. Todas passam, por isso, a se sujeitar ao procedimento comum, sem embargo de 
reclamarem pequenas adaptações no tocante ao pedido e às citações necessárias, para se 
adequarem a peculiaridades do direito material. 
(THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito ProcessualCivil – Volume II, 
Procedimentos Especiais) 
 
 
 
AÇÕES POSSESSÓRIAS 
 
São conhecidas como interditos possessórios. Eles têm a finalidade de proteger a posse (arts. 
1196 a 1224 do CC). 
O possuidor não se confunde com o proprietário. Proprietário é aquele que possui o domínio 
da coisa e, portanto, é titular de todos os atributos da propriedade – usar, gozar e dispor da 
coisa –, podendo cedê-los. Difere do possuidor que tem direito de usar e gozar, mas não tem 
direito de dispor da coisa. Ex. Locador (proprietário) e locatário (possuidor). 
O possuidor pode se valer das ações possessórias, bem como o proprietário quando 
possuidor. O autor terá que provar a posse como requisito da inicial das ações possessórias 
(art. 927, I, do CPC/73 e 561, I, do NCPC). 
Questão: E o detentor (fâmulo da posse)? O detentor não tem tecnicamente a posse (arts. 
1198 e 1208 do CC) e, portanto, não pode se valer de uma ação possessória (ex. caseiro, 
zelador). 
As ações possessórias se escoram, muitas vezes, no direito social à moradia (art. 6º da CF). O 
que o legislador quis proteger foi aquele que detém a melhor posse e não a propriedade. Isso 
implica duas conclusões: 
 
▪ Nas ações possessórias, se veda a discussão sobre o domínio (art. 923 do 
CPC/73 e 557 do NCPC). O domínio será discutido em ação própria (ação 
petitória ou de reconhecimento de domínio). 
▪ É possível, portanto, o ajuizamento de ação possessória contra o 
proprietário, pois o que vale é a posse. Ex. O locador quer despejar o locatário, 
mas o contrato de locação está em vigor. Logo, para obrigar o locatário a sair 
ele corta a luz. O locatário está tendo sua posse turbada e pode mover ação 
possessória em face do locador. 
 
Existe um meio extrajudicial de defesa da posse que, na verdade, é tido como uma autotutela 
permitida pela lei, qual seja o desforço imediato da posse (art. 1210, §1º, do CC). A lei 
determina que o desforço deve ser imediato, ou seja, é autorizado o uso da força para 
proteção da posse desde que seja feito logo (no calor dos acontecimentos) (Enunciado 495 do 
CJF). Se não for feito logo, deve recorrer às vias judiciais. O detentor, muito embora não seja 
possuidor, pode se valer do desforço imediato da posse (Enunciado 493 do CJF). 
 
Espécies de Ações Possessórias 
 
 
5 
 
Existem três espécies de ações possessórias: 
▪ Esbulho (perda da posse) → ação de reintegração de posse; 
▪ Turbação (embaraço no exercício pleno da posse) → ação de manutenção de 
posse, ex. vizinho que toda noite afasta a cerca 1 cm, que coloca material de 
obra perto da sua garagem, que corta árvores de sua propriedade (art. 926 do 
CPC/73 e 560 do NCPC). 
▪ Ameaça da posse → interdito proibitório (art. 932 e 933 do CPC/73 e 567 e 
568 do NCPC), ex. vizinho que diz que vai invadir sua casa no sábado que vem. 
Busca-se obter uma tutela jurisdicional para que aquela pessoa não cometa 
aquele ato, sob pena de multa. Resume-se a uma obrigação de não fazer. 
 
Características 
 1ª. Fungibilidade: art. 920 do CPC/73 e 554 do NCPC. Não se dá valor ao nomen iuris 
nem ao pedido mencionados pelo autor na inicial da ação possessória.Há uma zona cinzenta 
entre esbulho/turbação/ameaça, podendo tal situação se alterar da noite pro dia. O juiz não 
está adstrito ao pedido formulado pelo autor, sendo, portanto, uma exceção ao princípio da 
congruência. Ele não precisa abrir prazo para emenda à inicial. A lei autoriza que ele mesmo 
outorgue a proteção possessória que julgar viável. Trata-se da ideia de máximo 
aproveitamento dos atos processuais. Se houver uma alteração da espécie de agressão à posse 
no curso do processo, basta comunicar ao juiz, sendo desnecessário retificar a inicial ou ajuizar 
novo processo. 
 2ª. Cumulatividade: art. 921 do CPC/73 e 555 do NCPC. É possível a cumulação de 
pedidos sem perder as regras especiais do procedimento (ex. liminar sem periculum in mora na 
ação possessória de força nova). O art. 292, §2º, do CPC/73 e 327, §2º, do NCPC, autorizam a 
cumulação de pedidos, mas desde que siga o rito comum. Estes parágrafos, contudo, não se 
aplicam às ações possessórias. 
 3ª. Duplicidade: art. 922 do CPC/73 e 556 do NCPC. As ações possessórias são dúplices. 
Nas ações dúplices, o réu pode ganhar o bem jurídico mesmo sem formular pedido próprio 
para tanto, ou seja, sem reconvir ou sem fazer pedido contraposto, em decorrência do direito 
material posto em causa. Nas possessórias, não importa muito quem é autor e réu. Ex. A entra 
com ação de reintegração em face de B ao argumento de que B invadiu seu terreno. B se 
defende, dizendo que só retomou a posse que A lhe havia retirado. Caso o juiz entenda que 
assiste razão à B, ele pode lhe outorgar a proteção possessória, ainda que ele não tenha 
pedido. Só o pedido possessório é dúplice. 
▪ É possível que o réu formule pedido contraposto (de condenação em perdas e 
danos, cominação de pena para caso de nova turbação/esbulho etc. – art. 555 
do NCPC). 
▪ É possível que o réu formule reconvenção para incluir pedidos que envolvam 
outros fatos, alheios ao procedimento da possessória (≠ do art. 555), tal qual o 
de rescisão contratual (STJ, REsp 119.775/SP). 
 
4º. Prevalência das questões possessórias sobre as questões dominiais (art. 923 do CPC/73 e 
573 do NCPC). É vedado discutir quem tem o melhor título de propriedade nas ações 
possessórias. Só se analisa quem tem a melhor posse. Logo: 
▪ Enquanto se discute a posse, é vedado o ajuizamento de ações para discutir 
propriedade. Nelson Rosenvald diz: “No transcurso da ação possessória, da 
citação ao trânsito em julgado, incidirá uma espécie de condição suspensiva ao 
ajuizamento de qualquer ação fundada no domínio, ante a absoluta separação 
dos juízos em comento”. 
▪ É vedado ao réu alegar em defesa a propriedade sobre o bem. 
 
 
6 
 
 
 Usucapião. A usucapião é uma ação correlata à posse. Para usucapir, é necessária a 
posse mansa e pacífica por um prazo determinado (posse ad usucapionem). Na usucapião, 
obtém-se uma sentença com eficácia retroativa. A despeito disso, a usucapião envolve 
discussão de domínio e é tida como um pleito petitório. Depois de consumada a prescrição 
aquisitiva por A, B entra com ação possessória em face de A. 
Pode B alegar a usucapião como defesa? Sim, conforme entendimento da Súmula 237 do STF. 
Isso resultará na improcedência da possessória, mas essa sentença não vale para fins de 
alteração da titularidade do imóvel no registro público (razão pela qual não se exige a 
intervenção do MP – art. 994 do CPC/73). A ação de usucapião exige uma formalidade rígida 
que não é suprida na ação possessória (ex. juntar planta do imóvel, citar vizinhos, intervenção 
do MP etc.). 
O Estatuto da Cidade, contudo, prevê uma regra de que a usucapião urbana possa gerar título 
de propriedade quando alegado em sede de defesa (art. 13 da Lei 10.257/01). Nelson 
Rosenvald e Cristiano Chaves entendem que, nessa hipótese, deve o juiz se preocupar com o 
preenchimento dos requisitos formais da ação de usucapião. Seria como permitir um pedido 
reconvencional de usucapião na ação possessória em nome da instrumentalidade do processo. 
procedimento 
competência 
 Em se tratando de ação possessória imobiliária, o legislador trouxe uma regra 
específica no art. 47, §2º, do NCPC. Ação possessória envolve posse e a posse não está 
incluída no rol dos direitos reais do art. 1225 do CC, contudo, a despeito de se tratar de direito 
pessoal, a lei lhe deu tratamento de direito real quanto à fixação de competência, sendo 
competente o foro da situação do imóvel (art. 95 do CPC/73 c/c 47, §2º, do NCPC). Trata-se de 
competência absoluta. 
 Em se tratando de ação possessória mobiliária, segue-se a regra do art. 46 do NCPC 
(antigo art. 94 do CPC/73) que prevê como competente o foro do domicílio do réu. 
duplicidade de procedimentos 
 O legislador fez uma separação dos procedimentos a depender do tempo que o autor 
demorou a ajuizar a ação possessória. 
▪ Se ele entrar com ação dentro de ano e diada data da turbação/esbulho, 
chama-se ação possessória de força nova, seguindo o rito especial do art. 558 
do NCPC (art. 924, CPC/73). Comprova-se a data por qualquer meio de prova 
admitido em direito (ex. prova testemunhal). 
 
Obs. 1. Se for violência, o prazo conta-se da data da violência. 
Obs. 2. Havendo esbulho por clandestinidade, conta-se da data em que se tomou 
conhecimento do esbulho. 
 
▪ Se ele entrar com ação depois de ano e dia, chama-se de ação possessória de 
força velha, a qual seguirá o rito comum, embora se mantenham as 
características das ações possessórias. 
Há ainda uma terceira via para as ações possessórias – os Juizados. É possível levar aos 
Juizados uma ação de reintegração/manutenção de posse se o bem for de valor até 40 salários 
mínimos (art. 3º, IV, da Lei 9.099/95). 
procedimento especial da ação de força nova 
petição inicial 
 A petição inicial deve preencher os requisitos do art. 319. Contudo, se a petição inicial 
não trouxer todos os elementos necessários, tal qual a identificação completa do agressor da 
posse, mas for possível citá-lo, ela não será indeferida, nos termos do art. 319, §2º, do NCPC. 
 
 
7 
 
Em se tratando de ações possessórias em que figurem no pólo passivo um grande número de 
pessoas, como ocorre nos casos de invasão por sem terra, deve haver a citação pessoal dos 
ocupantes que se encontrarem no local e citação por edital dos demais, sendo intimado o MP 
e a DP (se houver pessoas hipossuficientes), conforme prevê o art. 554, §1º, do NCPC. 
liminar 
 Na ação possessória de força nova, o art. 928 do CPC/73 e o art. 562 do NCPC trazem a 
possibilidade da concessão de uma liminar inaudita altera parte, ou seja, sem ouvir o réu, 
expedindo-se desde logo mandado de manutenção e reintegração. 
 O deferimento dessa liminar não exige o periculum in mora. É tutela antecipada, 
porque obtém desde logo a satisfação da pretensão que só seria obtida ao final, mas não é 
uma tutela de urgência, pois o periculum in mora é dispensado. Exige-se apenas a prova dos 
requisitos do art. 561 do NCPC (art. 927 do CPC/73). 
 Essa liminar não é possível em ação em face do Poder Público, por força da previsão 
do parágrafo único do art. 562 do NCPC. 
 Se o juiz não estiver convencido somente pelos elementos contidos na petição inicial, 
ele deve designar audiência de justificação, na qual o autor tentará provar ao juiz os 
fundamentos para o deferimento da tutela provisória. 
 Nas ações possessórias de força velha, que segue o rito comum, não há direito a essa 
liminar. Contudo, a jurisprudência permite que o autor pleiteie uma medida liminar comum, 
genérica, prevista no CPC, caso em que terá que provar o periculum in mora (STJ, REsp 
1194649/RJ e Enunciado 238 do CJF). Alexandre Câmara diz que, muito provavelmente, não 
haverá periculum in mora, visto que não há urgência se o autor demorou mais de ano e dia 
para entrar com a ação. Contudo, em situações excepcionais, a liminar pode se justificar (ex. o 
autor estava levando na maciota, porque o vizinho só estava colocando material de 
construção; contudo, depois de ano e dia, ele posiciona um trator em frente a sua casa). 
citação 
 Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor deve 
promover a citação do réu nos 5 dias subseqüentes. 
Contestação 
 Se não houve a audiência de justificação, porque o juiz deferiu a liminar, o réu deve 
contestar a ação no prazo de 15 dias contados de sua citação. 
 Se houve a audiência de justificação, o réu participa da audiência, mas sua contestação 
não será oferecida naquele momento. Depois de realizada a audiência, o juiz deverá deferir ou 
não a medida liminar. O prazo para contestar será contado da intimação dessa decisão. 
 
 
Em se tratando de litígio coletivo pela posse de um imóvel, ajuizados depois de ano e dia 
(força velha), o legislador optou por nomear a audiência prévia como audiência de 
mediação, em que o mediador irá tentar compatibilizar os interesses dos litigantes (art. 565 
do NCPC). 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente 
público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de 
demonstração da posse. STJ. Corte Especial. EREsp 1.134.446-MT, Rel. Min. Benedito 
Gonçalves, julgado em 21/03/2018 (Info 623). 
 
 
 
8 
 
Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via 
municipal (bem público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. Ex: a 
empresa começou a construir uma indústria e a obra está invadindo a via de acesso (rua) que 
liga a avenida principal à uma comunidade de moradores locais. Os moradores possuem 
legitimidade para ajuizar ação de reintegração de posse contra a empresa alegando que a rua 
que está sendo invadida representa uma servidão de passagem. STJ. 3ª Turma. REsp 1582176-
MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016 (Info 590). 
 
Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente 
público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração 
da posse. STJ. Corte Especial. EREsp 1134446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
21/03/2018 (Info 623). 
 
- Competência ação possessória imobiliária: Art. 47. (...)§ 2o A ação possessória imobiliária 
será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta” 
 
 
SÚMULA 487 STF: Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base 
neste for ela disputada. 
 
OBSERVAÇÃO: POSSE DE BEM PÚBLICO: O STJ pacificou o entendimento de que em se 
tratando de bem público, não há que se falar em posse, mas mera detenção, de natureza 
precária, o que afasta, por conseguinte, o direito de retenção por benfeitorias, ainda que à luz 
de alegada boa-fé (AgRg no REsp 1470182/RN, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe 10/11/2014). 
 
 
Enunciado 495 do CJF: No desforço possessório, a expressão "contanto que o faça logo" deve 
ser entendida restritivamente, apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da 
turbação, cabendo ao possuidor recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses 
 
- Ação de Reintegração de Posse – cabível em caso de esbulho (perda da posse). - Ação de 
Manutenção da Posse – cabível em caso de (per)turbação, embaraço da posse, inclusive no 
caso de descumprimento de contrato em que haja desdobramento da posse. Ex.: atraso na 
restituição de bem dado em comodato. - Interdito Proibitório - cabível em caso de ameaça da 
posse. 
 
 
OBSERVAÇÃO: Para Maria Helena Diniz, Washington de Barros Monteiros e Orlando Gomes, 
são também ações possessórias: - Ação de Imissão na Posse – ação de procedimento ordinário 
para obtenção da posse a quem dela não dispõe faticamente, isso com fundamento no direito 
de propriedade. - Ação de Dano Infecto – ação cominatória em virtude de obra vizinha que 
possa causar dano. - Ação de Nunciação de Obra Nova – ação relacionada ao direito de 
vizinhança, direito condominial e às posturas públicas. Tem por objetivo a paralisação da obra. 
- Embargos de Terceiro – CPC - art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição 
ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível 
com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de 
embargos de terceiro. § 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive 
fiduciário, ou possuidor. OBSERVAÇÃO: Christiano Chaves, afirma que essas ações diferem das 
 
 
9 
 
ações possessórias, uma vez que possuem por objetivo principal a proteção preventiva e 
reparatória da posse 
 
AÇÃO DE FORÇA NOVA X AÇÃO DE FORÇA VELHA: As ações possessórias que forem ajuizadas 
em menos de ano e dia da turbação ou esbulho (ações de força nova) submeter-se-ão ao 
procedimento especial previsto na legislação processual pertinente (artigo 558 do CPC). Assim, 
as ações possessórias que forem ajuizadasem mais de ano e dia, submeter-se-ão ao 
procedimento comum ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório 
 
 
Enunciado 238: Ainda que a ação possessória seja intentada além de "ano e dia" da turbação 
ou esbulho, e, em razão disso, tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário (CPC, art. 
924), nada impede que o juiz conceda a tutela possessória liminarmente, mediante 
antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos autorizadores do art. 273, I ou II, bem 
como aqueles previstos no art. 461-A e parágrafos, todos do Código de Processo Civil. 
(Comentários: Os artigos se referem ao CPC/73, mas o entendimento ainda é válido) 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS: 
 
1. (FGV – 2022 – TJAP – Juiz de Direito) André, domiciliado em Macapá, ajuizou ação de 
reintegração de posse de imóvel de sua propriedade, situado em Laranjal do Jari, em face de 
Paulo, domiciliado em Santana. 
 
Considerando que a demanda foi intentada perante juízo cível da Comarca de Macapá, o 
magistrado, tomando contato com a petição inicial, deve: 
 
A) declinar, de ofício, da competência em favor do juízo cível da Comarca de Laranjal do Jari; 
B) declinar, de ofício, da competência em favor do juízo cível da Comarca de Santana; 
 
C) determinar a citação de Paulo, já reconhecendo que a competência é do juízo cível da 
Comarca de Macapá; 
 
D) determinar a citação de Paulo e, caso este suscite a incompetência, ordenar a remessa dos 
autos ao juízo cível da Comarca de Santana; 
 
E) reconhecer a incompetência do juízo cível da Comarca de Macapá e extinguir o feito, sem 
resolução do mérito. 
 
Gabarito: Alternativa A 
 
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação 
da coisa. 
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não 
recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de 
nunciação de obra nova. 
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem 
competência absoluta. 
 
 
 
10 
 
 
2. (FCC – 2021 - DPE-AM - Defensor Público) Considere as assertivas I e II a respeito das ações 
possessórias: 
 
I. É lícita a cumulação de pedidos pelo autor com o objetivo de requerer a tutela possessória 
cumulada com pedido de condenação do réu em perdas e danos e indenização dos frutos. 
 
PORQUE 
 
II. Em regra, na pendência de ação possessória, é vedado tanto ao autor quanto ao réu, propor 
ação de reconhecimento do domínio, salvo se a pretensão for deduzida em face de terceira 
pessoa. 
 
Sobre as asserções acima: 
 
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. 
 
B) A asserção I é uma proposição verdadeira, a II é uma proposição falsa e não é uma 
justificativa correta da I. 
 
C) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. 
 
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
 
E) As asserções I e II são proposições falsas. 
 
 
GABARITO: A 
Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I - condenação em perdas e danos; 
II - indenização dos frutos. 
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor 
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira 
pessoa. 
 
 
3. (FAUEL – 2018 – Município de São José dos Pinhais/PR - Advogado) Assinale a alternativa 
INCORRETA, a respeito das ações possessórias. 
 
A) No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, 
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por 
edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver 
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 
 
B) No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na 
petição inicial houver ocorrido há menos de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de 
concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 
(trinta) dias. 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/dpe-am
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fcc-2021-dpe-am-defensor-publico
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/fauel
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/prefeitura-de-sao-jose-dos-pinhais-pr
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fauel-2018-prefeitura-de-sao-jose-dos-pinhais-pr-advogado
 
 
11 
 
C) O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá 
requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório 
em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. 
 
D) Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado 
na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas 
e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou 
fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte 
economicamente hipossuficiente. 
 
E) É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de condenação em perdas e danos. 
 
A) Correta 
CPC, art. 554, § 1º: No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número 
de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a 
citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se 
envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 
B) Incorreta 
CPC, art. 565: No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação 
afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o 
pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se 
em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º. 
C) Correta 
CPC, art. 567: O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse 
poderá 
requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório 
em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. 
D) Correta 
CPC, art. 559: Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou 
reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, 
responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer 
caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a 
impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. 
E) Correta 
CPC, art. 555: É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I - condenação em perdas e danos; 
II - indenização dos frutos. 
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada 
para: 
I - evitar nova turbação ou esbulho; 
II - cumprir-se a tutela provisória ou final. 
 
 
4. (CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-AP - Promotor de Justiça Substituto) Luciano propôs uma 
ação judicial em desfavor de Pedro, para a defesa da posse de um imóvel localizado na cidade 
de São Paulo. Em contestação, o requerido apresentou a preliminar de ilegitimidade ativa, 
alegando que o autor não é proprietário do bem imóvel objeto da lide, mas tão somente 
inquilino. 
Tendo como referência a situação hipotética precedente, as disposições do CPC e o 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/cespe-cebraspe
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/mpe-ap
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-cebraspe-2021-mpe-ap-promotor-de-justica-substituto
 
 
12 
 
entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta, acerca das condições da ação 
e das regras que regulamentama ação possessória. 
 
A) O CPC adota expressamente a teoria da asserção, segundo a qual a análise das condições da 
ação é feita pelo juiz com base nas alegações apresentadas na petição inicial. 
 
B) Na qualidade de inquilino, Luciano não tem legitimidade para promover a referida 
demanda. 
 
C) Nessa espécie de ação, a participação de cônjuge do autor ou do réu é sempre 
indispensável. 
 
D) Na pendência da ação possessória proposta por Luciano, nem ele, nem Pedro podem 
formular nova ação de reconhecimento de domínio, salvo em desfavor de terceira pessoa. 
 
E) Não é lícita ao autor a cumulação de pedido possessório com condenação em perdas e 
danos e indenização aos frutos, devido à natureza especial do procedimento. 
 
O art. 557 do CPC e o art. 1.210, §2º, do CC estabelecem a vedação da exceção de domínio. Há 
uma separação absoluta entre os juízos petitório, baseado na propriedade, e o juízo 
possessório, baseado na posse. 
Isso porque a posse é fenômeno fático-social digno de tutela, sendo totalmente autônomo e 
distinto da propriedade. Um dos efeitos da posse é justamente a sua proteção através da 
tutela estatal. 
Portanto, havendo uma ação possessória em curso, não é cabível o ajuizamento de ação 
petitória ou a discussão a respeito da propriedade. 
Ademais, a vedação à exceção de domínio não deve ser compreendida como limitação aos 
direitos constitucionais de propriedade ou de ação, seja porque a propriedade deve obedecer 
à sua função social, seja porque o não debate sobre o domínio nas ações possessórias 
representa apenas uma condição suspensiva no exercício do direito de ação fundada na 
propriedade. 
A ação de imissão na posse, apesar do nome, não se baseia na posse, mas sim na propriedade, 
sendo uma ação petitória. É a ação cabível para o proprietário obter a posse que nunca teve. 
Assim, havendo uma ação possessória em curso, caso seja ajuizada a ação de imissão na posse, 
esta deverá ser extinta sem resolução de mérito, ante a falta de pressuposto negativo de 
constituição e desenvolvimento válido do processo, qual seja, a ausência de ação possessória 
pendente sobre o bem como requisito para o manejo de ação petitória. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1909196-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info 701). 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É vedado o ajuizamento de ação de imissão na posse, de 
juízo petitório, na pendência de ação possessória sobre o mesmo bem. Buscador Dizer o 
Direito, Manaus. Disponível em: <>. Acesso em: 08/11/2021 
 
 
5. FCC - 2021 - DPE-BA - Defensor (A) Público (A) Sobre a ação possessória em que figure no 
polo passivo grande número de pessoas, 
 
A) a intervenção da Defensoria Pública como custos vulnerabilis representa os interesses dos 
ocupantes citados por edital. 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/dpe-ba
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fcc-2021-dpe-ba-defensor-a-publico-a
 
 
13 
 
B) a citação pessoal dos ocupantes poderá ser realizada na pessoa do representante ou líder 
comunitário local. 
 
C) de acordo com o Código de Processo Civil, deve o oficial de justiça realizar a tentativa de 
citação pessoal dos ocupantes por duas vezes, de modo que os não encontrados no local serão 
citados por edital. 
 
D) quando o esbulho afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, antes 
da apreciação do pedido liminar, o juiz deverá designar audiência de mediação para tentativa 
de solução pacífica do conflito. 
 
E) nas hipóteses em que não for autor da demanda, a intervenção do Ministério Público é 
dispensável por envolver direitos disponíveis. 
 
Gabarito: D! 
Conforme dispõe o CPC sobre o tema: 
“Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz 
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos 
estejam provados. 
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, 
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por 
edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver 
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no 
local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. 
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 
1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal 
ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. 
(...) 
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado 
na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de 
concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 
30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º. 
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública 
será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça. 
(...) 
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou 
do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados 
para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência 
de possibilidade de solução para o conflito possessór 
 
 
INVENTÁRIO E PARTILHA 
Primeiramente, é preciso verificar em qual situação se amolda o caso para que se possa 
verificar se o procedimento de inventário e partilha será aplicado: 
1º. Se houver testamento, tem que necessariamente observar o procedimento de inventário e 
partilha (NCPC, art. 610, caput). 
2º. Se não houver testamento, mas algum herdeiro for incapaz, tem que obedecer o 
procedimento de inventário e partilha (NCPC, art. 610, caput). 
https://www.qconcursos.com/usuario/perfil/ea038a7f
https://www.qconcursos.com/usuario/perfil/ea038a7f
 
 
14 
 
3º. Se não houver testamento e todos os herdeiros forem capazes, temos que fazer uma 
distinção: 
▪ Se houver litígio, adota-se o procedimento de inventário e partilha; 
▪ Se não houver litígio, ou seja, todos os herdeiros estão de acordo quanto ao 
modo de partilhar a herança, há a possibilidade de o inventário e a partilha 
ocorrerem na via extrajudicial (NCPC, art. 610, §1º). É um contrato de 
inventário e partilha, feito por instrumento público em um Ofício de Notas, em 
que os herdeiros, necessariamente capazes, assistidos por advogado ou 
defensor público, partilham os bens (art. 610, §2º). 
 
Questão: A via extrajudicial é facultativa ou obrigatória? É uma discussão que havia no 
CPC/73 e permanece no NCPC. Alguns autores, como Fredie Didier, com base na redação literal 
do art. 610, §1º, do NCPC, defendem que há uma faculdade em optar pelo inventário 
extrajudicial. Já outros, como Cristiano Chaves de Farias, sustentam que, se há a possibilidade 
legal de se proceder ao inventário extrajudicial, logo não há necessidade de ir a juízo, razão 
pela qual falta interesse de agir ao inventário judicial, sendo obrigatória a utilização da via 
extrajudicial. O CNJ, em sua Resolução nº 35, diz que a via extrajudicial é facultativa. Contudo, 
até quem diz que ela é facultativa, não usa a Res. 35 como argumento, uma vez que o CNJ não 
tem competência para disciplinar tal questão (matéria objeto de reserva legal da União). 
 
1ª fase: inventário 
legitimidade 
Segundo o art. 615 do NCPC, tem legitimidade para demandar o inventário e partilha aquele 
que de fato estiver na posse e na administração do espólio. Deverá instruir o requerimento 
com a certidão de óbito do autor da herança. Além dele, há outros legitimados concorrentes, 
constantes do art. 616 do NCPC: 
I - o cônjuge ou companheiro supérstite; 
II - o herdeiro; 
III - o legatário; 
IV - o testamenteiro; 
V - o cessionáriodo herdeiro ou do legatário; 
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; 
VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; 
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; 
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do 
cônjuge ou companheiro supérstite. 
 
 
Prazo 
O art. 611 do NCPC prevê um prazo de dois meses a contar da abertura da sucessão para que 
se instaure o procedimento especial de inventário e partilha. Esse prazo pode ser prorrogado 
pelo juiz de ofício ou a pedido da parte. 
A inobservância deste prazo não gera qualquer consequência processual. Somente gerará 
consequência em matéria tributária, posto que incidirá multa sobre o valor do imposto de 
transmissão causa mortis. 
No CPC/73, se o inventário não fosse requerido no prazo pelos legitimados, o juiz poderia dar 
início de ofício. No NCPC, a instauração de inventário de ofício pelo juiz não é mais possível. 
Prevê a lei ainda, no mesmo art. 611, que o inventário deve se encerrar em 12 meses. 
Contudo, não é o que ocorre na prática, sendo este um prazo impróprio. 
 
 
15 
 
inventariante 
Instaurado o processo, o juiz precisa nomear um inventariante, cuja função é auxiliar o juiz na 
administração do espólio. O art. 617 do NCPC dispõe quem será o inventariante, 
estabelecendo uma ordem que deve ser necessariamente seguida. 
O inventariante, depois de nomeado, prestará o compromisso de cumprir bem o seu encargo 
(art. 617, p.ú). Ele tem uma série de incumbências, elencadas nos arts. 618 e 619: 
▪ Art. 618: são os atos do próprio ofício do inventariante, razão pela qual pode 
praticá-los normalmente, independentemente de comunicação aos demais 
interessados/autorização judicial. 
▪ Art. 619: são atos que podem ser praticados pelo inventariante, desde que 
ouvidos os demais interessados e que tenha sido expedido alvará judicial para 
tal. 
 
Primeiras Declarações 
As primeiras declarações são as declarações de herdeiros e de bens, ou seja, o inventariante 
dirá para o juiz quem são os sucessores (herdeiros e legatários), a que título são sucessores e o 
quinhão de cada um, bem como quais são os bens objeto do inventário (NCPC, art. 620). 
 
Citação 
Segundo o art. 626, apresentadas as primeiras declarações, o juiz mandará citar o cônjuge, o 
companheiro e os sucessores que ainda não façam parte do processo (porque não 
participaram do requerimento). 
O juiz mandará ainda intimar Fazenda Pública, MP (havendo herdeiro incapaz ou ausente) e 
testamenteiro (se houver testamento). 
manifestação das partes 
Feitas as citações, as partes terão o prazo comum de 15 dias para se manifestar sobre as 
primeiras declarações (ex. faltou herdeiro, faltou bem, o bem foi descrito erroneamente) 
(NCPC, art. 627). 
 
Avaliação dos Bens 
Se não houver nenhuma impugnação ou já houver sido decidida, o juiz mandará avaliar os 
bens. Quem faz essa avaliação é o avaliador judicial. Se não houver avaliador judicial na 
comarca, o juiz nomeia um perito (NCPC, art. 630). 
Vindo o laudo de avaliação, as partes são ouvidas em 15 dias (NCPC, art. 635), podendo 
impugnar o referido laudo. 
últimas declarações 
Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações, o inventariante apresentará as últimas 
declarações. Nelas, o inventariante ratifica ou retifica as primeiras declarações. 
Não há falar em sonegação por parte do inventariante antes das últimas declarações, 
conforme dispõe o art. 621 do NCPC, pois é nesse momento que ele poderá retificar as 
primeiras declarações, incluindo novo bem. Se, mesmo após esse momento, ele esconder 
algum bem, há sonegação. 
cálculo do tributo 
Apresentadas as últimas declarações, as partes são ouvidas no prazo de quinze dias e, em 
seguida, o juiz determina que se faça o cálculo do tributo. No processo de inventário e partilha, 
quem calcula o valor do ITCMD a ser pago é o contador judicial, chamado pelo NCPC de 
contabilista judicial. 
As partes são ouvidas sobre o cálculo no prazo de 5 dias (NCPC, art. 638), podendo impugná-lo. 
O juiz, então, julga o cálculo do imposto, ou seja, declara correto o cálculo do imposto. Essa 
 
 
16 
 
decisão tem natureza de decisão interlocutória e dá fim à 1ª fase do procedimento – 
inventário – para dar início à 2ª fase – partilha. 
 
2ª fase: partilha 
I - Procedimento 
A 2ª fase começa com um despacho do juiz. Ele determinará as partes que formulem seus 
pedidos de quinhão no prazo de 15 dias (NCPC, art. 647). 
O juiz profere uma decisão de deliberação da partilha, resolvendo o pedido das partes. Ele, 
então, nesse mesmo ato, determina a remessa dos autos ao partidor, o auxiliar da justiça 
especializado em fazer partilha. 
O partidor deverá fazer um esboço da partilha, atendendo a decisão de deliberação da 
partilha e obedecendo à ordem legal (NCPC, art. 651). 
As partes têm 15 dias para se manifestar sobre esse esboço (NCPC, art. 652). Resolvidas 
eventuais impugnações, o juiz manda o partidor lançar a partilha nos autos (“passar a limpo” o 
esboço de partilha). 
 
A partilha é dividida em duas partes: 
1º. Auto de orçamento: quem é o falecido, o inventariante, o cônjuge/companheiro, os 
herdeiros e legatários etc.; o ativo, o passivo e o líquido partível; o valor de cada quinhão (e 
não os bens que o compõe) (NCPC, art. 653, I). 
2º. Folhas de pagamento: o partidor faz uma folha de pagamento para cada parte, que deve 
ser compatível com o valor do quinhão de cada herdeiro contido no auto de orçamento. 
Lançada a partilha nos autos, os interessados terão que comprovar o pagamento do ITCMD e 
juntar certidão negativa de dívida com a Fazenda Pública. Débitos de outros tributos que não o 
ITCMD não impedem o julgamento da partilha, desde que haja bens suficientes para garantir o 
pagamento desses outros tributos (NCPC, art. 654, p.ú). 
Comprovado o pagamento do tributo, o juiz profere sentença julgando a partilha (NCPC, art. 
654). Quando a sentença transitar em julgado, vai ser preciso produzir um documento, 
denominado formal de partilha. É o documento que o sucessor vai usar para a prática de 
certos atos necessários à regularização desses bens (NCPC, art. 655). 
 
Partilha Amigável 
Se as partes conseguirem fazer um acordo, pode haver partilha amigável, conforme art. 657 e 
659 do NCPC, a qual será homologada pelo juiz. 
 
Sobrepartilha 
Mesmo depois de encerrado o procedimento, pode haver uma sobrepartilha, ou seja, uma 
partilha depois da primeira partilha, nas hipóteses previstas no art. 669 do NCPC: bens 
sonegados, bens descobertos após a partilha, bens litigiosos ou de liquidação difícil ou morosa 
e bens situados em lugar distante. 
 
Cumulação de Inventários 
É quando em um mesmo processo se cumulam inventários para a partilha de heranças de 
pessoas diversas. É possível nas hipóteses do art. 672 do NCPC. 
 
Art. 672. É lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas 
diversas quando houver: 
 
I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; 
II - heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros; 
 
 
17 
 
III - dependência de uma das partilhas em relação à outra. 
 
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver 
outros bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse 
das partes ou à celeridade processual. 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS: 
 
1. (Banca Própria - 2021 - MPE-PR - Promotor de Justiça Substituto) Sobre o processo de 
inventário, nos termos do Código de Processo Civil, assinale a alternativa correta: 
 
A) É obrigatória a tramitação judicial do inventário somente para os casos em que há 
interessado incapaz. 
 
B) Após o decurso de dois anos, a decisão que nomeou inventariante preclui e este encargo 
não pode mais ser atribuído a outra pessoa. 
 
C) Havendo testamento do falecido, impõe-se a intervenção do Ministério Público nos autos 
de inventário. 
 
D) O prazo para aquele que se julgar preterido no inventário tem como momento processualúltimo para requerer sua admissão no processo a apresentação das primeiras declarações. 
 
E) Cabe ao inventariante administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência 
que teria se seus fossem. 
 
 
GABARITO LETRA E. 
 
A - INCORRETA. Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao 
inventário judicial. 
 
B - INCORRETA. Não há referida previsão legal. A propósito, o art. 622 do CPC enumera as 
hipóteses de remoção do inventariante, de ofício ou a requerimento, e não elenca essa 
limitação temporal de 2 anos. 
 
C - INCORRETA. Art. 626. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos 
do inventário e da partilha, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários e intimar a 
Fazenda Pública, o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o 
testamenteiro, se houver testamento. 
Havendo testamento, não necessariamente haverá intervenção do Ministério Público. Este 
atuará apenas nas hipóteses de haver herdeiro incapaz ou ausente. 
 
D - INCORRETA. Art. 628. Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no 
inventário, requerendo-a antes da partilha. 
 
E - CORRETA. 
Art. 618. Incumbe ao inventariante: 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/mpe-pr
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/mpe-pr-2021-mpe-pr-promotor-de-justica-substituto
 
 
18 
 
II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus 
fossem; 
 
 
2. (FGV – 2021 - TJ-PR - Juiz Substituto) Acerca do procedimento de inventário, é correto 
afirmar que: 
 
A) podem as partes arguir qualquer matéria em sua manifestação sobre as primeiras 
declarações; 
 
B) o credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, não pode requerer habilitação no 
inventário; 
 
C) a partilha, depois de transitada em julgado a sentença, somente pode ser alterada por meio 
de sua rescisão; 
 
D) é lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas diversas, quando 
houver identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; 
 
E) caso seja necessária a sobrepartilha, esta seguirá procedimento especial simplificado. 
 
 
GABARITO: D 
a) ERRADO: Art. 627. Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo 
prazo comum de 15 (quinze) dias, para que se manifestem sobre as primeiras declarações, 
incumbindo às partes: I - arguir erros, omissões e sonegação de bens; II - reclamar contra a 
nomeação de inventariante III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de 
herdeiro. 
b) ERRADO: Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer 
habilitação no inventário. 
c) ERRADO: Art. 656. A partilha, mesmo depois de transitada em julgado a sentença, pode ser 
emendada nos mesmos autos do inventário, convindo todas as partes, quando tenha havido 
erro de fato na descrição dos bens, podendo o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, a 
qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões materiais. 
d) CERTO: Art. 672. É lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas 
diversas quando houver: I - identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os 
bens; 
e) ERRADO: Art. 670, Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do 
autor da herança. 
 
 
EMBARGOS DE TERCEIRO 
Possui natureza de processo de conhecimento, que vai ter como premissa fundamental a ideia 
da constrição judicial sobre bem de terceiro ou de parte a ele equiparada. Objetivo: desfazer e 
ou evitar a constrição judicial. 
 
A finalidade dos embargos de terceiro é liberar o bem do terceiro quando atingido por ato de 
apreensão judicial oriundo de processo alheio. 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/tj-pr
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fgv-2021-tj-pr-juiz-substituto
 
 
19 
 
O fundamento que a doutrina coloca para o ajuizamento dos embargos de terceiro é a 
responsabilidade patrimonial. Basicamente, o terceiro vai alegar que o suposto devedor não é 
ele, razão pela qual seu bem não pode responder patrimonialmente pela dívida de outrem 
(art. 591 CPC/73 e 789 NCPC). 
Pressupostos 
 
Qualidade de terceiro 
Tradicionalmente definido pela doutrina brasileira como aquele que não é parte. É o 
legitimado ativo para promover embargos de terceiro em processo no qual não é autor nem 
réu. Ele intervém no feito alheio na qualidade de embargante. 
Apreensão judicial (ou ameaça de). É uma constrição judicial que recai sobre o bem do 
terceiro. Enquanto o art. 1.046 do CPC/73 falava “apreensão judicial em casos como sequestro, 
penhora, arresto...”, trazendo um rol exemplificativo dos gravames que podem cair sobre o 
bem, o NCPC optou simplesmente pelo termo genérico constrição de bens. A jurisprudência já 
entendia que não era necessária uma efetiva constrição judicial, bastando que houvesse uma 
ameaça de constrição (STJ, REsp 1019314/RS), o que foi positivado pelo art. 674 do NCPC. Há 
previsão atualmente dos embargos de terceiro preventivos, que dá aplicação ao art. 5º, XXXV, 
da CF (“lesão ou ameaça de lesão a direito” – tutela reparatória + tutela inibitória). Ex. A 
simples indicação do bem a penhora legitima embargos de terceiro preventivos. 
 
Existência de um processo pendente 
É usual que os embargos de terceiro sejam ajuizados em havendo prévio processo de 
execução, pois normalmente é na execução que se realizam atos de constrição, como a 
penhora. Vale frisar, contudo, que não se impede embargos de terceiro que tenham como 
processo principal um processo de conhecimento ou um processo cautelar (ex. ação cautelar 
de arresto em que há averbação do arresto em um bem de terceiro). 
 
Legitimidade 
I – Ativa 
 O embargante é o terceiro, definido nos arts. 674, §§1º e 2º, do NCPC. 
§1º - Proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor – o NCPC manteve a proteção do 
possuidor, ainda que não tenha o nome registrado no cartório competente; 
§2º, I - Cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, 
ressalvado o disposto no art. 843 – incluiu-se o companheiro por força do art. 226, §3º, da CF. 
Faz às vezes do art. 1.046, §3º, do CPC/73. Nesse mesmo sentido, a Súmula 134 do STJ. 
Penhorado bem imóvel de pessoa casada, o cônjuge deve ser intimado, cf. art. 655, §2º, do 
CPC/73 e 842 do NCPC, salvo em caso de separação absoluta de bens. O cônjuge aqui não é 
executado, mas terceiro, que pode se valer dos embargos de terceiro para defender sua 
meação. A jurisprudência atual permite que o cônjuge também entre com defesa comum à 
execução, qual seja impugnação ao cumprimento de sentença (se o título for judicial) ou 
embargos à execução (se o título for extrajudicial), se o objetivo do cônjuge nesta defesa é 
discutir a própria causa debendi da execução, defendendo o patrimônio como um todo na 
qualidade de litisconsorte passivo (STJ, REsp 740331/RS). 
 §2º, II – O adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da 
alienação realizada em fraude à execução – esse inciso foi incluído pelo NCPC. O terceiro que é 
atingido por uma decisão, por exemplo, que reconhece uma fraude à execução e torna ineficaz 
a alienação que lhe foi feita pelo devedor da execução (sem que tivesse ciência desta), pode se 
valer dos embargos de terceiro. Ele deve ser intimado para fazê-lo em 15 dias (arts. 790, V e 
792, §4º, do NCPC). 
 
 
20 
 
§2º, III – Quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da 
personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte – instaurado o incidente, o sócio será 
intimado para proceder ao que for cabível, sendo dado a ele o direito de prévio contraditório 
(NCPC, art. 135). O sócio de determinada pessoa jurídica, que não tenha feito parte do 
incidente processual que levou à desconsideração da personalidade jurídica (que não foi 
intimado na forma do art. 135), pode, para proteger os seus bens pessoais, se valer dos 
embargos deterceiro. Atualmente, o incidente processual de desconsideração de 
personalidade jurídica é considerado uma intervenção de terceiro. 
§2º, IV – O credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real 
de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios 
respectivos – tem previsão no art. 1.047, II, do CPC/73. O fato de determinado bem ter sido 
dado em garantia, tal qual em hipoteca, não impede sua penhora posterior. Suponha-se que 
tenha sido feito a penhora de bem hipotecado. Tem que ter intimação prévia do credor 
hipotecário (arts. 615, II, 619 e 698, CPC/73 e arts. 799, II, 804, 889, V, NCPC). Uma vez 
intimado da penhora, poderá exercer sua preferência. Se não exercê-la, há a extinção da 
garantia, por força do art. 1499, VI, do CC. Contudo, se o credor com garantia real não foi 
oportunamente intimado para exercer sua preferência, ele poderá se valer dos embargos de 
terceiro. 
O art. 675, p.ú, do NCPC demonstra a preocupação com a comunicação de qualquer terceiro 
interessado, em atenção ao princípio do contraditório. 
Art. 675, Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em 
embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente. 
passiva 
 Quem pode ser embargado? Não havia previsão no CPC/73. O art. 677, §4º, do NCPC, 
contudo, diz que se considera embargado aquele a quem o ato de constrição aproveita 
(princípio do interesse), assim como o seu adversário no processo principal quando for sua a 
indicação do bem para a constrição judicial. 
A doutrina já vinha abordando que este dispositivo firmou a situação de um litisconsórcio 
passivo necessário nos embargos de terceiro. Quem indica bens à penhora em regra é o 
credor, mas nada impede que o devedor indique bens (NCPC, art. 829, §2º). Se o exequente 
indica bens à penhora e, por engano, indica bem de terceiro, a princípio, ele não ia constar do 
pólo passivo, pois a constrição aproveitou ao executado, pois sua dívida está sendo paga por 
bem que não é seu. Acontece que também há um proveito ao credor, na medida em que a 
dívida será satisfeita. Portanto, ambos constarão do pólo passivo, o que valoriza o 
contraditório. 
 
Questão: Quem arca com a sucumbência nos embargos de terceiro? A linha de raciocínio é 
quem deu causa à constrição indevida (princípio da causalidade) (Súmula 303 do STJ). 
Portanto, ainda que haja litisconsórcio passivo necessário, somente será atingido o réu que 
tenha dado causa à constrição. Ex. Se o executado indicou bem que não era seu, inclusive 
prejudicando o exequente, somente ele arcará com os honorários. 
 Se o oficial de justiça faz penhora portas adentro, não adota as cautelas devidas e acaba 
penhorando bem de terceiro, não tendo o embargado/credor encampado o ato praticado pelo 
OJ, não responderá pela sucumbência (STJ, REsp 828.519/MG). Não haveria, portanto, 
condenação em sucumbência. 
Se há a venda de um bem de A para B, sem que B tenha registrado o título translativo no 
cartório, pode ser que um credor de A, verificando que este bem ainda se encontra no 
patrimônio de A, indique este bem à penhora. Uma vez operada a constrição, B se vale de 
embargos de terceiro. O bem será liberado, mas B será condenado nos encargos 
 
 
21 
 
sucumbenciais, uma vez que sua inércia em registrar o título foi que deu causa à constrição 
indevida (Súmula 84 do STJ). 
 
 
PROCEDIMENTO 
 
1º. Distribuição por dependência 
A lei fala que os embargos de terceiro são distribuídos por dependência ao processo principal 
(arts. 1.049 do CPC/73 e 676 do NCPC) e autuados em apartado. É correto falar que os 
embargos de terceiro constituem uma ação acessória/incidental, uma vez que um de seus 
pressupostos é existir um processo principal pendente. Isso mostra que a natureza jurídica dos 
embargos de terceiro é de ação (guarda certa autonomia, pois é autuada em apartado). 
 
2º. Citação dos embargados 
Os embargados serão citados mediante intimação do seu advogado constituído nos autos para 
oferecer defesa (art. 1.050, §3º, do CPC/73 e 677, §3º, do NCPC). A citação só será pessoal se 
não houver procurador constituído. 
 
3º. Contestação dos embargos 
Questão: Aplica prazo em dobro para litisconsortes com advogados distintos (embargados)? 
Não se aplica o art. 191 do CPC/73 nem o art. 229 do NCPC, porque a lei estipula um prazo 
específico para a defesa em seu art. 679 do NCPC. O art. 679 altera o art. 1.073 do CPC/73 para 
aumentar o prazo de 10 para 15 dias úteis. 
Em se tratando de embargos promovidos pelo credor com garantia real na forma do art. 674, 
§2º, IV, do NCPC, o embargado somente poderá alegar as matérias contidas no art. 680 do 
NCPC: 
▪ Que o devedor comum é insolvente; 
▪ Que o título é nulo ou não obriga a terceiro; 
▪ Que outra é a coisa dada em garantia. 
 
4º. Instrução, se necessária 
 
5º. Sentença (NCPC, art. 681) 
▪ Se os embargos de terceiro forem acolhidos, ocorrerá a desconstituição do ato 
de constrição. A sentença tem aqui caráter desconstitutivo. 
▪ Se os embargos de terceiro forem rejeitados, manter-se-á a constrição judicial 
sobre o bem. Portanto, a sentença será meramente declaratória da validade 
do ato constritivo. 
Embargos de terceiro x Oposição 
 Na oposição, também há um terceiro que manifesta pretensão em juízo por meio de 
petição inicial contra os litigantes. Contudo, há algumas diferenças. 
1º. O terceiro embargante não se opõe ao objeto principal do processo, mas pretende apenas 
a liberação do bem apreendido judicialmente. Já na oposição, o autor se opõe ao objeto 
principal do processo. 
2º. Nos embargos de terceiro, não há relação de prejudicialidade. O fato de os embargos de 
terceiro serem acolhidos não faz com que a ação principal perca o objeto (o processo 
prossegue até que o credor ache outros bens do próprio devedor). Na oposição, há relação de 
prejudicialidade. Acolhida a oposição, a ação originária é extinta (se o bem é daquele que 
moveu a oposição, não se discute mais a titularidade daqueles que compõem a ação principal). 
 
 
22 
 
3º. A oposição é restrita ao processo de conhecimento, o que não ocorre nos embargos de 
terceiro (que, inclusive, são mais comuns já na fase de execução, podendo figurar ainda no 
processo cautelar). 
embargos de terceiro x ações possessórias 
 1ª. Nos embargos de terceiro, a violação da posse decorre de ato judicial (“esbulho 
judicial”). Nas ações possessórias, o ato de agressão à posse pode decorrer de um particular, 
sem excluir a própria Administração Pública (NCPC, art. 562, p.ú. – possibilidade de ajuizar 
ação possessória contra o Poder Público). 
 2ª. Os proprietários, ainda que desprovidos da posse, também podem se valer dos 
embargos de terceiro. Nas ações possessórias, só o possuidor ou o proprietário que seja 
possuidor podem se valer das referidas ações. 
 3ª. Os embargos de terceiro protegem a posse de maneira reflexa, já que seu pleito é 
direcionado de forma direta a desconstituir a constrição judicial indevida. Já nas ações 
possessórias, a posse é objeto direto da proteção. 
 
Nos embargos de terceiro cujo pedido foi acolhido para desconstituir a constrição judicial, os 
honorários advocatícios serão arbitrados com base no princípio da causalidade, 
responsabilizando-se o atual proprietário (embargante), se este não atualizou os dados 
cadastrais. Os encargos de sucumbência serão suportados pela parte embargada, porém, na 
hipótese em que esta, depois de tomar ciência da transmissão do bem, apresentar ou insistir 
na impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi transferido 
para terceiro. Ex.: Pedro adquiriu uma casa por meio de contrato de promessa de compra e 
venda. Ocorre que não foi até o Registro de Imóveis para providenciar a transcrição do título. 
O antigo proprietário do imóvel estava sendo executado e o credor, após consulta no cartório, 
indicou a referida casa para ser penhorada, o que foi aceito pelo juiz. Pedro foi informado da 
penhora e apresentouembargos de terceiro na execução provando que o referido imóvel foi 
por ele adquirido. O juiz acolheu os embargos e determinou o levantamento da penhora. A 
parte embargada não se opôs a isso. Na sentença dos embargos, o juiz deverá condenar Pedro 
a pagar honorários advocatícios em favor da parte embargada. STJ. 1ª Seção. REsp 1452840-
SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 591) 
 
São admissíveis embargos de terceiro em ação cautelar. O pressuposto para o cabimento dos 
embargos de terceiro é a existência de uma constrição judicial que ofenda a posse ou a 
propriedade de um bem de pessoa que não seja parte no processo, nos termos do art. 1.046 
do CPC 1973 (art. 674 do CPC 2015). STJ. 4ª Turma. REsp 837546-MT, Rel. Min. Raul Araújo, 
julgado em 1º/10/2015 (Info 571). 
 
 
É possível a oposição de embargos de terceiro preventivos, isto é, antes da efetiva constrição 
judicial sobre o bem. STJ. 3ª Turma. REsp 1726186/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 
08/05/2018. 
 
 
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS: 
 
1. (CESPE/CEBRASPE - 2022 - DPE-PI - Defensor Público) Determinado indivíduo, 
hipossuficiente sob o ponto de vista econômico, compareceu à defensoria pública e 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/dpe-pi
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-cebraspe-2022-dpe-pi-defensor-publico
 
 
23 
 
demonstrou, por prova documental, em procedimento judicial de cumprimento de sentença 
movido em face de microempresa, ter sofrido constrição judicial de bem próprio. Demonstrou, 
ainda, que a constrição decorrera de medida de desconsideração de personalidade jurídica, de 
cujo incidente não participou. 
Nessa hipótese, de acordo com regra expressamente prevista no CPC, a medida processual a 
ser tomada para o desfazimento do ato de constrição judicial será o oferecimento de 
 
A) impugnação ao cumprimento de sentença. 
 
B) tutela da evidência na forma antecedente. 
 
C) reintegração de posse. 
 
D) embargos de terceiro. 
 
E) oposição. 
 
GABARITO: D 
Art. 674. Quem, NÃO sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição 
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, 
poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. [...] 
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos: [...] 
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade 
jurídica, de cujo incidente NÃO fez parte; 
 
 
2. CESPE / CEBRASPE - 2021 - PGE-MS - Procurador do Estado) Em 2020, Geraldo adquiriu 
um veículo de Samuel pelo valor de R$ 50.000. Na oportunidade o adquirente pagou o valor 
pactuado e assumiu a posse do veículo, mas não procedeu a sua transferência junto ao 
departamento de trânsito. No início do ano de 2021, a procuradoria do estado de Mato Grosso 
ingressou com uma ação indenizatória contra Samuel, com pedido de tutela antecipada de 
arresto de bens de Samuel, entre outros, do aludido veículo. O juízo considerou preenchidos 
os pressupostos legais e concedeu a liminar pretendida, através da qual determinou o arresto 
do veículo e o seu recolhimento ao depósito público. Em decorrência desse fato, Geraldo 
ajuizou ação de embargos de terceiro com o objetivo de livrar o veículo da constrição judicial. 
 
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta. 
 
A) O instrumento jurídico utilizado está adequado, haja vista Geraldo ser possuidor de um bem 
que sofreu constrição judicial indevidamente. 
 
B) A medida proposta deve ser rejeitada liminarmente, já que a constrição judicial se deu em 
decorrência da liminar concedida em processo de conhecimento, fato esse que inviabiliza o 
processamento da ação de embargos de terceiro. 
 
C) A medida proposta está inadequada, uma vez que Geraldo é mero possuidor do veículo e, 
nessa condição, deveria propor ação de reintegração de posse. 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/pge-ms
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-cebraspe-2021-pge-ms-procurador-do-estado
 
 
24 
 
D) A medida proposta deve ser rejeitada, pois o instrumento jurídico apropriado seria 
unicamente a interposição de recurso de agravo de instrumento. 
 
E) Geraldo não possui legitimidade para propor qualquer ação judicial para liberar o veículo, 
visto que o referido bem encontra-se registrado em nome de terceiro e, por esse motivo, a 
ação proposta por Geraldo deve ser extinta sem resolução de mérito. 
 
GABARITO: A 
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição 
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, 
poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. 
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor. 
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de 
conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de 
sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação 
por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva 
carta. 
Súmula 84-STJ: é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de 
posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do 
registro. 
Esse entendimento se aplica mesmo que o imóvel, adquirido na planta, ainda esteja em fase 
de construção. 
Assim, a Súmula 84 do STJ pode ser aplicada mesmo quando ainda não houve a entrega das 
chaves ao promitente comprador. 
É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do 
compromisso de compra e venda, ainda que desprovido de registro, de imóvel adquirido na 
planta que se encontra em fase de construção. STJ. 3ª Turma. REsp 1.861.025/DF, Rel. Min. 
Nancy Andrighi, julgado em 12/05/2020 (Info 672). 
 
3. (UFMT - 2017 - Prefeitura de Cáceres - MT – Advogado) O Código de Processo Civil (Lei nº 
13.105/2015) restringe a matéria de defesa do embargado quando os embargos de terceiro 
forem opostos por 
 
A) cônjuge ou companheiro para defesa de sua meação. 
 
B) adquirente de bens atingidos por decretação de fraude à execução. 
 
C) quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade 
jurídica. 
 
D) credor com garantia real. 
 
GABARITO: D 
CPC. Art. 380. Incumbe ao terceiro, em relação a qualquer causa: 
I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento; 
II - exibir coisa ou documento que esteja em seu poder. 
Parágrafo único. Poderá o juiz, em caso de descumprimento, determinar, além da imposição 
de multa, outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias. 
 
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/prefeitura-de-caceres-mt
 
 
25 
 
 
OPOSIÇÃO 
A oposição para o CPC/73 era uma intervenção de terceiros, mas agora é um procedimento 
especial do processo de conhecimento. 
A oposição tem natureza jurídica de ação (arts. 57 do CPC/73 e 683 do NCPC) e envolve a 
figura do opoente e dos opostos. O terceiro – opoente – entra com uma ação contra autor e 
réu da ação originária – opostos – que formaram um litisconsórcio necessário passivo por força 
de lei no pólo passivo da oposição. 
Trata-se de ação incidental, uma vez que, para a sua propositura, é necessário que haja um 
processo pendente, junto ao qual será distribuída por dependência (arts. 253, p.ú, do CPC/73 e 
286, p.ú, do NCPC). 
O sentido da oposição encontra-se no art. 56 do CPC/73 e 682 do NCPC: 
Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem 
autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. 
 O opoente é do contra, ou seja, ele é contra o autor e o réu em relação à titularidade 
de determinado direito ou coisa. O opoente intervémvoluntariamente para dizer que não é do 
autor nem do réu, mas dele. 
 Questão: Há um momento limite para propor a oposição? A ideia da oposição é 
abreviar o prazo da litigância. Se não existisse a oposição, possivelmente as causas seriam 
reunidas para julgamento conjunto em razão da conexão. O marco final para a oposição é até 
ser proferida a sentença. A oposição não é possível depois de transitada em julgado (pois 
nesse caso a ação deve ser movida somente em face daquele que foi o vencedor) nem em grau 
recursal (pois implicaria supressão de instância). 
▪ Se a oposição foi apresentada antes da AIJ, ela será apensada ao processo 
originário e com ele julgada conjuntamente na mesma sentença (arts. 59, 
CPC/73 e 685, caput, NCPC). Quando o julgamento é simultâneo, o juiz 
conhece da oposição primeiro (NCPC, art. 686). Isto porque, a depender do 
resultado da oposição, a ação originária perderá seu objeto. 
▪ Se a oposição foi apresentada após a AIJ, preveem os arts. 60 do CPC/73 e 685, 
p.ú, do NCPC, que não há necessidade de apensamentos dos autos e de 
julgamento conjunto, muito embora a oposição seja distribuída para o mesmo 
juízo da ação originária. Se o juiz perceber que é possível o julgamento 
conjunto, ele pode suspender o curso da ação originária. Se entender que não, 
ele julga de forma separada. 
Diferente dos embargos de terceiro, a oposição é uma ação autônoma. É uma ação incidental, 
pois deve existir um processo pendente, mas não é acessória. Há duas ações principais – uma 
originária e uma oposicional, superveniente ou secundária (vide art. 59 do CPC/73 ≠ art. 685 
do NCPC). 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
 
Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente 
público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de 
demonstração da posse. 
STJ. Corte Especial. EREsp 1134446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
21/03/2018 (Info 623). 
 
 
 
 
26 
 
Comentários 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João ajuizou ação de reintegração de posse alegando que Pedro invadiu o seu sítio. 
Foi, então, que o INCRA (autarquia federal) apresentou oposição alegando que nenhum dos 
dois tinha direito. Isso porque o terreno em discussão pertenceria a ele (INCRA), de forma que 
os particulares em questão não teriam a posse sobre o bem. 
O juiz não admitiu a intervenção do INCRA no processo alegando que, em ação possessória 
não se admite oposição, mesmo que se trate de bempúblico, porque nesse tipo de demanda 
discute-se a posse do imóvel, de forma que o INCRA não poderia intervir discutindo o domínio 
(propriedade). 
O magistrado invocou, como fundamento legal, o art. 557 do CPC/2015: 
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor 
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira 
pessoa. 
 
O argumento utilizado pelo magistrado é aceito pela jurisprudência atual do STJ? 
NÃO. 
Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente 
público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de 
demonstração da posse. 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.134.446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
21/03/2018 (Info 623). 
 
Acesso à justiça 
O STJ afirmou que, neste caso, não se deve aplicar o art. 557 do CPC/2015, sob pena de o 
Poder Público ficar sem ter como defender sua propriedade, o que violaria a garantia 
constitucional de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, da CF/88). 
Não se poderia conceber que o Poder Público, sendo titular do bem público, possa ser 
impedido de postular em juízo a observância do seu direito simplesmente pelo fato de que 
particulares seanteciparam e estão discutindo entre eles a posse. 
 
Oposição discute também posse e, apenas incidentalmente, o domínio do bem público 
Quando se trata de bens públicos, não se pode exigir do Poder Público que demonstre o poder 
físico sobre o imóvel, para que se caracterize a posse sobre o bem. Esse procedimento é 
incompatível com a amplitude das terras públicas, notadamente quando se refere a bens de 
uso comum e dominicais. 
A posse do Estado sobre seus bens deve ser considerada permanente, independendo de atos 
materiais de ocupação, sob pena de tornar inviável conferir aos bens do Estado a proteção 
possessória. 
Disso decorre que a ocupação dos bens públicos por particulares não significa apenas um ato 
contrário à propriedade do Estado, mas também um verdadeiro ato de esbulho contra a posse 
da Administração Pública sobre esses bens. 
Desse modo, se dois particulares estão discutindo a posse de um bem público e há a oposição 
do Poder Público, este também estará discutindo a posse do Estado sobre a área. 
 
Não significa que o proprietário irá vencer 
Não se está a afirmar que o proprietário haverá de se sagrar sempre vencedor da demanda 
possessória. Tanto assim que o parágrafo único do art. 557 do CPC/2015 veio a disporque “Não 
 
 
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obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou deoutro direito 
sobre a coisa”. 
Com efeito, a tutela possessória há de ser concedida àquele quetenha melhor posse, que 
poderá ser não o proprietário, mas o arrendatário, o cessionário, o locatário, o depositário etc. 
 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Ação possessória entre particulares e possibilidade de 
oposição do ente público. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/927e838a450e2fe6225e
dfc3d12e2463>. Acesso em: 13/03/2022 
 
 
 
Oposição julgada depois da demanda principal não gera nulidade 
 
 
Não configura nulidade apreciar, em sentenças distintas, a ação principal antes da oposição, 
quando ambas forem julgadas na mesma data, com base nos mesmos elementos de prova e 
nos mesmos fundamentos. Novo CPC: importante lembrar que o CPC/2015 não previu mais a 
figura da oposição como intervenção de terceiros. Trata-se agora de procedimento especial. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1221369-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/8/2013 (Info 531). 
 
 
Comentários 
 
Oposição 
A oposição ocorre quando um terceiro ingressa em um processo afirmando que a ele pertence 
o direito ou o bem que está sendo disputado pelo autor e pelo réu. 
 
Exemplo: 
João ajuizou ação reivindicatória contra Pedro afirmando que é o proprietário de determinado 
imóvel. 
Carlos, por sua vez, tendo notícia da existência dessa demanda, apresenta oposição alegando 
que, na verdade, ele é quem é dono do bem. 
 
Previsão 
A oposição estava prevista no art. 56 do CPC/1973: 
Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem 
autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. 
 
Agora, encontra-se disciplinada no art. 682 do CPC/2015: 
Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem 
autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos. 
 
Oposição interventiva 
Se a oposição for ajuizada até a data de realização da audiência de instrução, será chamada de 
“oposição interventiva” e terá natureza de incidente do processo. 
Neste caso, a oposição será distribuída por dependência e autuada em apenso ao processo já 
existente. 
A partir daí, a oposição e a ação originária tramitarão conjuntamente e serão decididas em 
uma mesma sentença. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/927e838a450e2fe6225edfc3d12e2463
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/927e838a450e2fe6225edfc3d12e2463
 
 
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Julgamento da oposição deve ocorrer antes da demanda principal 
Diz-se que a oposição é prejudicial à ação principal. O que significa isso? Ora, se o pedido do 
opoente for procedente, a demanda entre autor e réu fica prejudicada, perde interesse, 
considerando que não adianta discutir a situação do autor e do réu, já que o titular do direito é 
um terceiro. 
Em nosso exemplo, se o

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