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AFECÇÕES DA VESÍCULA E VIAS BILIARES DOCENTE: Dr Matheus Serapião DISCENTE: Bruna Silva Gomes Carneiro FACULDADE ESTÁCIO DE ALAGOINHAS INTERNATO DE CLÍNICA CIRÚRGICA Alagoinhas-BA 2024 D. HEPÁTICO COMUM D. CÍSTICO COLEDOCO D. PANCREÁTICO PRINCIPAL (D. DE WIRSUNG) PAPILA DE VATER ODDI Artéria cística Artéria hepática direita Vasos linfáticos Linfonodo do ducto cístico Foto operatória de triângulo de Calot. Este linfonodo (seta) é útil para a identificação da localização comum da artéria cística. HISTOLOGIA Mucosa Lamina própria Túnica fibromuscular Camada muscular Camada adventícia Serosa A VESICULA BILIAR NÃO POSSUI CAMADA SUBMUCOSA E CAMADA MUSCULAR DA MUCOSA! Fotografia laparoscópica da vesícula biliar in situ. A vesícula biliar é suspensa pelo fundo para expor o infundíbulo FISIOLOGIA DA BILE Secretada pelo fígado: 600 a 1000 mL/dia; Osmolaridade= semelhante ao plasma (300); Secreção estimulada por NEUROGÊNICA, HUMORAL E BIOQUÍMICA Composição da bile: água, eletrólitos, proteínas, lipídios (colesterol e fosfolipídeos), sais biliares; bilirrubina Funções da bile: Auxilia na emulsificação das grandes partículas de gordura Formam micelas, auxiliando na absorção de ácidos graxos, colesterol e outros lipídios Excreção de produtos do sangue FISIOLOGIA DA VESÍCULA BILIAR Funções da vesícula biliar: PRINCIPAL: concentrar e armazenar a bile; Reabsorção de água, sódio e cloro pela mucosa. COLELITÍASE COLELITÍASE Estase biliar Colesterol Mais comum Associados a DOENÇAS HEMOLÍTICAS Bilirrubinato de cálcio Secundário a dismotilidade biliar Infecção bacteriana População: asiáticos EPIDEMIOLOGIA Prevalência: 10-20% 80-85% ASSINTOMÁTICOS: 2-3% ao ano Aproximadamente 10% desenvolverão sintomas nos primeiros 5 anos FATORES DE RISCO Sexo FEMININO (FEMALE) População CAUCASIANA (FAIR – claro) Obesidade (FATTY – gordo) Gestações prévias (FERTILE – fértil) Idade ≥ 40 anos (FORTY – quarenta) CLÍNICA ASSINTOMÁTICOS Sintomas de dor ou desconforto no abdome superior Cólica biliar, dor em HCD, transitória ( <6 HR); Náuseas, vômitos e distensão abdominal; História de alimentação gordurosa; NÃO HÁ ICTERÍCIA, FEBRE OU LEUCOCITOSE. COMO INVESTIGAR? Você está em um pronto-socorro e dá entrada na sua sala de atendimento a Dona Janete, paciente do sexo feminino, em torno de uns 45 anos, ligeiramente acima do peso, com dor de forte intensidade em hipocôndrio direito, iniciada após ter comido um X-tudo, referindo náuseas, e dizendo que não é a primeira vez que ela sente essa dor... Quais exames eu devo solicitar para o diagnóstico? DIAGNÓSTICO USG de vias biliares imagens hiperecogênicas diâmetros variáveis no interior da vesícula biliar com sombra acústica posterior EXAMES LABORATORIAIS Úteis nos DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS! Presença de Leucocitose = pensar em COLECISTITE Se dor abdominal intensa, náuseas e vômitos: lembrar de PANCREATITE = solicitar AMILASE, LIPASE Aumento de transaminases (TGO/AST e TGP/ALT) e enzimas canaliculares (FA e GGT) = lembrar de COLEDOCOLITÍASE Aumento da BILIRRUBINA DIRETA = OBSTRUÇÃO DA VIA BILIAR ou COLECISTITE COMO TRATAR? COLECISTECTOMIA ELETIVA! Existe outra opção NÃO CIRÚRGICA? Indicar SOMENTE SE O PACIENTE NÃO TIVER CONDIÇÕES CIRÚRGICAS! Lisotripsia extra-corpórea = pedra única, de 0,5 a 2,0 cm/ recorrência 20% Ursadiol – taxa de sucesso entre 30-50% TODA COLELITÍASE TEM INDICAÇÃO CIRÚRGICA? SE SINTOMÁTICA; RISCOS DE COMPLICAÇÕES GRAVES. INDICAÇÕES NÃO SINTOMÁTICO: Cálculos pretos (hemólise) Vesícula em porcelana Cálculo > 2,5 cm Microcálculos (RISCO BAIXO) Anomalias congênitas Pólipo + cálculo Pólipo isolado se (> 1 cm, >50 – 60 anos e crescimento) Pacientes que serão submetidos a cirurgia de by-pass gástrico ou gastrectomias COLECISTITE AGUDA Migrou e obstruiu o Cístico Obstrução -> inflamação -> infecção COLECISTITE AGUDA Inflamação da vesícula Secundária 90%: Obstrução calculosa duradoura do ducto cístico e irritação da musoca local; Bile contida = proliferação bacteriana; Inflamação local + sintomas sistêmicos; Isquemia e necrose da vesícula -> colecistite gangrenosa Infecção por germes anaeróbicos (formação gasosa) -> colecistite enfisematosa Colecistite sem a presença de cálculos -> alitiásica QUADRO CLÍNICO Febre; Dor/defesa em HCD > 6hrs; Cólica biliar de repetição; Hipersensibilidade a palpação; Sinal de Murphy positivo; Anorexia e vômitos; Irradiação para região interescapular/ombro direito. SINAL DE MURPHY PORTO, CC Exame clinico. 7aed. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Koogan, 2012. 544p. Ponto cístico (rebordo costal direito, linha hemiclavicular) DIAGNÓSTICO Anamnese + exame físico; Exames laboratoriais: Leucocitose com desvio a esquerda ( +/-) Aumento das enzimas hepáticas secundária a inflamação local Geralmente não há aumento das bilirrubinas- (excessão síndrome de mirizzi) DIAGNÓSTICO Exame de imagem: MELHOR EXAME: USG de vias biliares (S85% - E95%) espessamento da parede da vesícula (>4-5mm) Coleção pericolecística Sombra acústica + distensão sinal de Murphy ultrassonográfico PADRÃO- OURO: Cintilografia DIAGNÓSTICO Ultrassom com colecistite aguda e parede da vesícula espessada DIAGNÓSTICO Ultrassom do fluido pericolecístico. O espessamento da parede da vesícula com fluido pericolecístico (seta) indica colecistite aguda. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO Colangiografia Trans-Hepática Percutânea (CTP) – visão radioscópica TRATAMENTO Internação; Hidratação; ATB amplo espectro (quadro leve – 24 horas); Sintomáticos; Colecistectomia videolaparoscópica IDEAL < 72H; Colecistectomia videolaparoscópica ( <7 dias); > 7 dias = esfriar o processo ( ATV -> CVL em 8 semanas); Risco cirúrgico proibitivo: drenagem percutânea da vesícula (colecistectomia em até 6 meses). TOKYO GUIDELINE (TG-18) Clínica, laboratório e imagem A: sinais de inflamação local -> Murphy +, dor em QSD, massa B: Sinais de inflamação sistêmica -> Febre, leucocitose, PCR C: Achados USG Suspeita diagnóstica: A+B Diagnóstico: A+B+C TOKYO GUIDELINE (TG-18) Classificação: GRAU III (GRAVE): disfunção orgânica GRAU II (MODERADA): sem disfunção + algum dos achados Leucocitose > 18.000 Massa palpável e dolorosa em QSD Evolução > 72 horas Sinais de complicação local GRAU I (LEVE): ausência de critérios para moderada e grave TOKYO GUIDELINE (TG-18) Tratamento: GRAU III (GRAVE): conservador até correção da disfunção GRAU II (MODERADA): CVL em centro especializado GRAU I (LEVE): CVL + ATBP 24 HORAS COMPLICAÇÕES COLECISTITE ENFISEMATOSA Presença de gás na parede da vesícula biliar Maior gravidade -> diabéticos e idosos (clostridium perfringes) Melhor exame: TC de abdome COMPLICAÇÕES COLECISTITE ALITIÁSICA Obstrução funcional Estase biliar + isquemia NPT, grande queimado, VM e instável Maior gravidade -> UTI + FEBRE + LEUCOCITOSE INEXPLICADA Melhor exame: USG Estável: colecistectomia Instável: colecisTOSTOMIA percutânea COMPLICAÇÕES FÍSTULA BILIAR Sindrome de mirizzi - Obstrução do ducto hepático comum por cálculo no infundíbulo COMPLICAÇÕES FÍSTULA BILIAR Sindrome de mirizzi Obstrução do ducto hepático comum por cálculo no infundíbulo Icterícia progressiva -> colangite de repetição CPRE ou CTP -> dilatação intra-hepática acima do ponto cístico Tratamento: CLASSIFICAÇÃO DE CSENDES COMPLICAÇÕES FÍSTULA BILIAR Sindrome de mirizzi - Tratamento: CLASSIFICAÇÃO DE CSENDES I- compressão extrínseca SEM fístula II- fístula até 1/3 III- fístula até 2/3 IV- fístula > 2/3 V- Fístula colecistoentérica COMPLICAÇÕES FÍSTULA BILIAR Sindrome de mirizzi - Tratamento: CLASSIFICAÇÃO DE CSENDES I- compressão extrínseca SEM fístula -> Colecistectomia + colangiografia II- fístula até 1/3 -> rafia + dreno de KEHR III- fístula até 2/3 -> coledocoplastia IV- fístula > 2/3 -> derivação biliodigestiva V- Fístula colecistoentérica ->colecistectomia +/- enteroctomia COLEDOCOLITÍASE Oligossintomáticos Dor semelhante a de cólica biliar Síndrome colestática EXAME LABORATORIAIS Alteração nas transaminases – elevação de TGO/AST e TPG/ALT Alteração nas enzimas canaliculares – Gama-GT: mais sensível; FA: mais específica Elevação na bilirrubina – fração DIRETA EXAME DE IMAGEM O EXAME INICIAL PARA INVESTIGAÇÃO DE ICTERÍCIA OBSTRUTIVA É A ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL Baixa sensibilidade e alta especificidade Identificação do cálculo no colédoco Dilatação do colédoco > 6 mm ou > 8 mm > 10 mm nos pacientes pós-colecistectomia Dilatação da árvore biliar extra-hepática COLANGIORRESSONÂNCIA Sensibilidade: 95%; Especificidade: 89% Falha de enchimento Possível avaliar dilatação da via biliar COLANGIOPANCREATOGRAFIA RETRÓGRADA ENDOSCÓPICA (CPRE) Sensibilidade: 99%; Especificidade: 99% Diagnóstico e Terapêutico Falha de enchimento Possível avaliar dilatação da via biliar Por que não utilizamos mais a CPRE? Pancreatite – ocorre em até 10% dos casos Infecção da via biliar / Colangite Perfuração COLANGIOPANCREATOGRAFIA RETRÓGRADA ENDOSCÓPICA (CPRE) CPRE com coledocolitíase. Com injeção retrógrada decontraste, um defeito de preenchimento notado no lúmen do ducto comum biliar (seta) identifica coledocolitíase. A CPRE também pode ser utilizada para remover cálculos via esfincterotomia e balões ou cestos. COLANGITE AGUDA Principal causa: coledocolitiase Clínica: coledocolitiase + colecistite SEM SINAL DE MURPHY (infecção) = colangite Tríade de charcot: icterícia, febre e dor no QSD Geralmente não associada a sensibilidade abdominal; <50% apresentam as três manifestações simultâneas Pentade de Reynolds: alteração do estado mental e hipotensão DIAGNÓSTICO Clínica sugestiva + exame físico; Exames laboratorias: FFA/GGT+ Hiperbilirrubinemia DIRETA + Leucocitose c/ desvio à esquerda Exames de imagem: USG abdominal CPRE/CPRM TRATAMENTO Tríade de charcot: icterícia, febre e dor no QSD -> ATBterapia + CPRE eletiva Pentade de Reynolds: alteração do estado mental e hipotensão -> ATBterapia + CPRE imediata TOKYO GUIDELINE (TG-18) DIAGNÓSTICO: clínica + laboratório + imagem A: Sinais de inflamação sistêmica -> febre, achados laboratoriais B: Colestase -> icterícia, alteração da função hepática C: Imagem -> dilatação ou evidencia de obstrução (cálculo, tumor, estenose) SUSPEITA DIAGNÓSTICA: A+ B OU C DIAGNÓATICO: A+B+C TOKYO GUIDELINE (TG-18) Classificação: GRAU III (GRAVE): disfunção orgânica GRAU II (MODERADA): sem disfunção + > ou = dois achados Leucócitos > 12.000 ou <4.000 Febre > 39ºC HIPERBILIRRUBINEMIA: BT> ou = 5mg/dl Hipoalbunemia GRAU I (LEVE): ausência de critérios para moderada e grave TOKYO GUIDELINE (TG-18) Classificação: GRAU III (GRAVE): ATB + drenagem de emergência GRAU II (MODERADA): ATB + drenagem de urgência (8/12horas) GRAU I (LEVE): ATB + drenagem** QUESTÕES UNICAMP Mulher, 62a, é atendida na Unidade Básica de Saúde apresentando queixa de dor abdominal em hipocôndrio direito associada a febre e icterícia há três dias. Tem diagnóstico de colelitíase com indicação de cirurgia eletiva, porém não conseguiu ser operada devido à pandemia de SARS-CoV-2. A ASSOCIAÇÃO DESTES TRÊS SINTOMAS É DENOMINADA QUESTÕES 2022 IAMSPE Quanto ao exame acima, realizado em paciente ictérico, é CORRETO afirmar que o (a): Diagnóstico provável é o de tumor periampular. Injeção de contraste foi com bastante pressão. C) Gadolínio utilizado pode levar à colangite. D) Diagnóstico de coledocolitíase é o mais provável. E) CA 19.9 nessa situação pode não ser decisivo na elucidação diagnóstica. QUESTÕES 2022 HSL - SP Uma mulher de 38 anos vem ao pronto-socorro com dor no epigástrio irradiada para o hipocôndrio direito, que se iniciou algumas horas após o jantar. Diz que já teve alguns episódios semelhantes, que se resolviam em poucas horas. No entanto, agora a dor não passa. Diz ter tido febre (não mediu) e um episódio de vômito não bilioso. Qual é a causa mais provável da dor desta senhora? A) Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (peri-hepatite gonocócica). B) Pancreatite aguda. C) Coledocolitíase. D) Colecistite aguda. E) Apendicite aguda. QUESTÕES 2022 SUS - SP Uma mulher de 45 anos de idade, obesa e diabética, fez ultrassonografia de rotina, que mostrou um cálculo de 1 cm na vesícula biliar. É totalmente assintomática. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta a melhor conduta para a paciente. repetir a ultrassonografia em seis meses B) tomografia computadorizada de abdome C) ressonância nuclear magnética de abdome D) colecistectomia E) observação clínica e procurar o cirurgião caso se torne sintomática QUESTÕES 2022 SUS - BA Paciente, sexo feminino, 34 anos de idade, procura o pronto socorro com queixa de dor em abdome superior há 12 horas. Refere náuseas, vômitos, hiporexia e piora da dor abdominal após alimentação. Relata, também, quadros prévios de dor abdominal após libação alimentar. Ao exame físico, bom estado geral, corada, Temperatura axilar: 38,2°C, FC: 92bpm, PA: 122x78mmHg, FR: 18imp; ausculta cardíaca e respiratória sem alterações; abdome globoso às custas de panículo adiposo, flácido e com dor de forte intensidade à palpação de hipocôndrio direito. Diante desse caso clínico, Indique a conduta terapêutica adequada para essa paciente. A) Usar inibidor de bomba de próton e tratar H. pylori, se presente. B) Fazer antibiótico e colecistectomia. C) Manter observação e tratamento sintomático. D) Internar em UTI e preescrever nutrição parenteral REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Townsend, C. M. et al. Sabiston Textbook of Surgery: The Biological Basis of Modern Surgical Practice, Elsevier Saunders, 2017. . BRUNICARDI, F. C. et al. Schwartz's Principles of Surgery, 10th edition, McGraw-Hill Education, 2014. Manual de cirurgia, acesso rápido, sanar. OBRIGADO (A)! image1.jpeg image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.jpeg image9.png image10.png image11.png image12.png image13.png image14.png image15.jpeg image16.png image17.png image18.png image19.png image20.png image21.png image22.png image23.jpeg image24.png image25.png image26.png image27.png image28.png image29.png image30.png image31.png image32.png image33.png image34.png image35.png image36.jpeg image37.png image38.jpeg image39.png image40.jpeg image41.png image42.png image43.png image44.png image45.jpg image46.png image47.jpeg