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1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA ...................................................................................................................... 4 1. BREVE RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃOESPECIAL ................................. 5 2. EDUCAÇÃO ESPECIAL -PARADIGMAS .............................................................. 15 3. AHISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NOBRASIL .......................................... 18 4. ONUEASCONFERÊNCIASMUNDIAIS .................................................................. 26 FIQUE ATENTO ........................................................................................................................ 30 1) Deficiência: ............................................................................................................ 44 2) Discriminação contra as pessoas portadoras dedeficiência: ........................... 44 5. ALEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA EDUCAÇÃO ESPECIALE INCLUSIVA ..... 50 Art. 206 50 Art. 205 50 Art. 206 50 Art. 208 50 Art. 213 51 1989 – Lei nº 7.853/89 ............................................................................................................... 52 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90 ......................................... 52 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todo ............................................................ 52 1994 – Declaração de Salamanca ........................................................................................... 52 1994 – Política Nacional de Educação Especial .................................................................... 52 1999 – Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89 ................................................. 54 2001–DiretrizesNacionaisparaaEducaçãoEspecialnaEducaçãoBásica(Resolução CNE/CEB nº2/2001) ............................................................................................... 54 2001 – Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001 ........................................... 54 2001 – Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil peloDecreto nº 3.956/2001 .............................................................................................................. 56 2002 – Resolução CNE/CP nº1/2002 ....................................................................................... 56 2002 – Lei nº 10.436/02 ............................................................................................................. 56 2003 – Portaria nº 2.678/02 ...................................................................................................... 56 2004 – Cartilha – O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas eClasses Comuns da Rede Regular ................................................................................................... 56 2004 – Decreto nº 5.296/04 ...................................................................................................... 58 2005 – Decreto nº 5.626/05 ...................................................................................................... 58 2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos ................................................. 58 2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE ....................................................... 58 2007 – Decreto nº 6.094/07 ...................................................................................................... 58 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva daEducação Inclusiva.... 59 3 2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência ................................... 60 2008 – Decreto nº 6.571 ........................................................................................................... 60 2009 – Decreto nº 6.949 ........................................................................................................... 60 2009 – Resolução No. 4 CNE/CEB .......................................................................................... 60 2011 – Plano Nacional de Educação (PNE) ............................................................................ 60 6. AEDUCAÇÃO ESPECIAL EASTERMINOLOGIA .................................................. 63 Definição de Surdez/Deficiência Auditiva ........................................................... 65 Definição de DeficiênciaVisual ............................................................................ 65 Definição de DeficiênciaFísica ............................................................................ 67 Definição de DeficiênciaIntelectual ..................................................................... 67 Definição de Transtornos Globais doDesenvolvimento .................................... 69 Nível III para casos que exigem apoio muito substancial, com: .......................................... 71 Nível II para casos que exigem apoio substancial, com:...................................................... 71 Nível I para casos que exigem apoio. Na ausência de apoios, podem apresentar: ........... 71 Definição de Altas Habilidades ouSuperdotação .............................................. 73 7. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO –AEE .................................. 74 8. DIVERSIDADE X INCLUSÃO: CONCEITO, TEORIAE PRÁTICANAEDUCAÇÃOINFANTIL ...................................................................... 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 92 4 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 5 1. BREVE RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃOESPECIAL Os conceitos legais, históricos e conceituais serão aprofundados no decorrer do curso. Porém, consideramos importante, nessa disciplina, apresentar um breve panorama histórico, pois acreditamos que pode contribuir para minimizar os mitos existentes e ampliar, assim, a disseminação do conhecimento científico. Ao analisar os aspectos históricos relacionados ao tratamento e, posteriormente,aoatendimentoeducacionaldispensadoàspessoascomdeficiência, TGD e altas habilidades/superdotação, observamos queosconceitos de um ou de outro estão atrelados ao conhecimento científico da época. Além disso, esses aspectos históricos e o atendimento educacional estão associados às condições de vida, social e cultural, de cada povo, que estabelece as normas de convivências com aquelas pessoas que, por algum motivo, diferenciam-se das demais (RODRIGUES; LEITE,2010). Tais razões explicam, na história da organização da sociedade humana, um processocontínuodecriaçãoerecriaçãodecategorizaçãodaspessoas,elaboradoa partir de fatores econômicos, sociais, culturais e históricos (MATTOS,2002).Em linhas gerais, a evolução do conceito de deficiência na história da humanidade pode ser dividida em três períodos: O primeiro, que abrange da pré-história até a IdadeMédia; O segundo, que vai até a Revolução Industrial, que aconteceu no final do século XIXe, O terceiro, até os diasatuais. 1.1 AEducação Especial no Mundo e noBrasil A história da educação especial remonta a idade antiga onde eram comuns as práticasdeexclusãodascriançasquenasciamcomalgumadeficiência.Porexemplo, em Esparta, antiga Grécia, algumas crianças deficientes eram abandonadas em montanhas bem altas e desertas, a própria sorte, e geralmente morriam de fome ou eram devorados poranimais. Na Antiga Roma, as crianças consideradas com algum defeito, eram atiradas nos rios mais fundos, ou de penhascos bem altos. Os egípcios matavam seus 6 deficientes com marretadas na cabeça e os enterravam em urnas nos sarcófagos, 7 acreditandoqueassim,aalmasepurificariaevoltariaperfeitaembelezaeinteligência (CORREIA,1997,p.56).Registroscomprovamquevemdelongotempoaresistência à aceitação social das pessoas deficientes, e que suas vidas sempre foram ameaçadas. Na Europa, na Idade Média, os deficientes eram associados aos demônios e aos atos de feitiçaria. Por esse motivo eram perseguidos e mortos. Faziam parte da categoria dos excluídos, devendo ser afastados do convívio social ou ser sacrificado. Havia posições ambíguas: Uma seria a marca da punição divina, a expiação dospecados; Outra dizia respeito a expressão do poder sobrenatural, ou seja, o acesso as verdades inatingíveis para a maioria (FERREIRA, 1994, p. 67). Para Ferreira (1994), a história do atendimento a pessoacom Necessidades Educacionais Especiais, no mundo ocidental, começa em meados do século XVI quando a questão da diferença ou a fuga ao padrão considerado normal vai passar da órbita de influência da igreja para se tornar objeto da medicina. No século XVII e meados do século XIX, inicia-se a chamada fase de institucionalização, onde as pessoas deficientes eram segregadas e protegidas em instituiçõesresidenciais.LogonoiníciodoséculoXX,surgemasescolaseasclasses especiais dentro das escolas públicas, visando oferecer ao deficiente uma educação diferenciada. Jean Marc Itard, (1774-1838) no início do século XIX, passa a ser considerado o pai da educação especial, após desenvolver tentativas de educar um menino de 12 anos chamado Vitor, o menino lobo (menino considerado com deficiência mental profunda, criado por lobos na floresta). Esse caso ficou conhecido como o caso do Selvagem de Aveyron. Itard foi reconhecido como o primeiro estudioso a usar um método sistematizado para ensinar deficientes. Ele acreditava que a inteligência de seu aluno “retardado” era educável. Até os dias atuais ele é referência para os estudiosos (JANNUZZI, 1992). NaépocadoBrasilColônia,osdeficientesnãotinhamnenhumtipodeatenção do poder público, viviam à margem da sociedade que somente poucos foi direcionando a atenção para a situação de total desprezo na qual essas pessoas viviam. A 8 filantropia foi instituída antes que houvesse uma manifestação do poder públicodaépoca,vindoaacontecernofinaldoséculoXIXcomacriaçãodasprimeiras instituições governamentais para a educação de pessoas surdas ecegas. 9 Entende- secomomarcohistóricodaeducaçãoespecialnoBrasiloperíodofinaldoséculoXIX,comacr iaçãodoInstitutodosMeninosCegos,em1854,sobadireçãodeBenjaminConstant,eoInstit utodosSurdos- Mudos,em1857,(JANNUZZI,1985,2004;MAZZOTTA,2005).Em1874écriadonaBahiao HospitalJulianoMoreira, dando início a assistência médica aos indivíduos comdeficiênciaintelectual, e em 1887, é criada no Rio de Janeiro a “Escola México” para oatendimentode pessoascomdeficiênciasfísicaseintelectuais(JANNUZZI,1992;MAZZOTTA,2005).Algu ns médicos foram os primeiros a estudar os casos decriançascomprejuízosmaisgravesecriaraminstituiçõesparacriançasjuntoasanatórios psiquiátricos.Locaisondeascriançasrecebiamtratamentosespecíficos,porémainda institucionalizados. Helena Antipoff (1892-1974) pesquisadora, estudou psicologia na França, na Universidade de Sorbonne, chegando ao Brasil criou o Laboratório de Psicologia Aplicada na Escola de Aperfeiçoamento de Professores, em Minas Gerais, em 1929. Iniciouumapropostadeorganizaçãodaeducaçãoprimárianaredecomumdeensino baseado na composição de classes homogêneas. Classes essas que a autora acreditava ser possível colocar crianças com alguma deficiência junto às crianças normais.HelenaAntipoffem1932criouaSociedadePestalozzideMinasGerais,que mais tarde a partir de 1945, iria se expandir no país. A primeira escola com o nome “Pestalozzi” foi criada em Canoas, Rio Grande do Sul, em 1927.A autora e pesquisadora participou de muitas outras iniciativas entre elas implantação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais- APAE, em1954. A igualdade de oportunidades passou a significar a obrigatoriedade e gratuidade do ensino, ao mesmo tempo em que a segregação daqueles que não atendiam as exigências escolares, passou a ser justificada pela adequação da educação que lhes seria oferecida. No período de 1961, a história da educação especial, passou por um período de ampliação das instituições especializadas. Estas instituições surgiram, portanto, 10 em resposta ao silêncio do poder público e ao descaso social com as pessoas consideradas deficientes, explica Romero (2006, p. 21) que: [...] as iniciativas privadas configuraram-se nesse período como a própria expressão do atendimento implantado. Embora o modelo institucionalizado possa ser considerado segregacionista, pois mantinha as pessoas com deficiências distantes dos espaços regulares de ensino, é preciso levar em conta que esse modelo, em certa medida, propunha-se a responder às 11 necessidades educacionais específicas dos diferentes tipos de deficiência. Por outro lado, cumpre considerar também que a existência dessas instituições contribuiu em grande medida para que o poder público tenha se isentado desse compromisso no sentido de inviabilizar ou até mesmo dificultaroingressoeapermanênciadaspessoascomdeficiênciasnaescola regular. Em 1964, instala-se a primeira unidade assistencial da APAE, o Centro Ocupacional Helena Antipoff, tendo como objetivo oferecer habilitação profissional a adolescentesdeficientesmentaisdosexofeminino.Aprimeiraunidademultidisciplinar integrada para prestação de assistência a deficientes mentais e formação de pessoal técnico especializado foi o Centro de Habilitação de Excepcionais inaugurado no dia 22 de maio de 1971 na APAE de São Paulo (MAZZOTTA,1996). Na década de 1950, contava-se em torno de 190 estabelecimentos de ensino especial, sendo sua grande maioria públicos e em escolas. (JANNUZZI, 1992). Em 1954, é criada a primeira escola especial da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais-APAE,noRiodeJaneiro,sobinfluênciadocasaldenorte-americanos Beatrice Bemis e George Bemis, membros daNationalAssossition for Children e aatual Nationalassociation for RetardedeCitizens-NARCH. No final da década de setenta, são implantados os primeiros cursos de formaçãodeprofessoresnaáreadeeducaçãoespecialaoníveldoterceirograueos primeiros programas de pós-graduação a se dedicarem à área de educação especia Na atualidade, em relação a formação de docentes, no contexto da educação inclusiva, surgiu a necessidade de complementação nos currículos dos cursos de FormaçãodeDocentesedeoutroscursosdeprofissionaisedisciplinasqueinterajam com os alunos com necessidades educacionais especiais (NUNES,et al, 1999; BUENO, 2002). Segundo Mazzota (1980), autor explica que a década de 1980 ficou marcada peloiníciodasuperaçãodavisãoassistencialistaedasperspectivasdebenevolência, através de ações que comemoraram em 1981, o Ano Internacional dasPessoas com Deficiência, apoiado pela Organização das Nações Unidas - ONU, onde defendeu o desdobramentos que culminaram na elaboração de dois planos: Plano de Ação da 12 Comissão Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da Ação Conjunta para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência(1985). Mendes(2006)apontaqueosdebatessobreinclusãonoBrasilganharamforça nadécadade1990porcontadapenetraçãodaculturaamericanaemnossa 13 sociedade, considerando que os movimentos de reforma no sistema educacional como a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (BRASIL, 1990) e a Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994). A partir desses documentos norteadores, surge com força total, a Resolução CNE/CPnº1/2002,comouminstrumentolegalqueestabeleceasDiretrizesNacionais para a formação de Professores da Educação Básica, a determinação legal de que sejaprevistanoscurrículosdoscursosofertadospelasinstituiçõesdeensinosuperior a formação docente que atenda à diversidade, abordando conhecimentos referentes às diferentes especificidades dos alunos com alguma necessidade educacional especial. Percebe-se que houve incremento de disciplinas nos currículos de faculdades e Universidades, em especial de Pedagogiacomo: Libras; Fundamentos da Educação EspecialInclusiva. Onde são abordados temas históricos e contextos dos mais variados, entre eles, tipos de deficiências, leis e direitos que permeiam o aluno especial, mas é necessário rever as cargas horárias que por vezes são insuficientes para dar conta dos assuntos tratados, impossibilitando melhor aprofundamento teórico. Nodia9dejaneirode2001foiinstituídaaLeinº10.172,quetratadaEducação Especial no Plano Nacional de Educação. Esse documento estabeleceu como meta principal: [...]a formação de recursos humanos com capacidade de oferecer o atendimentoaoseducandosespeciaisnascreches,pré-escolas,centrosdeeducação infantil, escolas regulares de ensino fundamental, médio e superior, bem como instituições específicas e outras. Instituições específicas (BRASIL, 2001, p.80) Emrelaçãoaolocalondeoatendimentoeducacionalespecializadodeveserrealizado é especificado no Artigo 5ºque: [...]prioritariamente,nasaladerecursosmultifuncionais,daprópriaescolaou em outra escola de ensino regular de turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito 14 Federal ou Municípios (BRASIL, 2009,p.1). 15 2. EDUCAÇÃO ESPECIAL -PARADIGMAS Figura 1:Períodos históricos da evolução na educação especial Fonte: (MANZINI, 2010). Figura 2:Evolução na educação especial - Etapas 16 Fonte: (MANZINI, 2010). 17 2.1 Segregação Institucionalização: Fundamenta-se na ideia e na concepção de que o estudante da Educação Especial não é produtivo e estaria bem cuidado se mantido em ambiente segregado. Expansão de institutos, hospitais, manicômios etc. 2.2 Integração Serviços: Caracteriza-se pela oferta de serviços, organizados em três etapas: avaliaçãoporumaequipedeprofissionais,intervençãoeencaminhamentoparaavida nacomunidade. Expansão das escolas especiais, das entidades assistenciais e dos centros de reabilitação. 2.3 Suporte Parte-se do pressuposto que o estudante da Educação Especial tem direito à convivêncianãosegregadaeaoacessoimediatoecontínuoaosrecursosdisponíveis aos demaiscidadãos. Expansão da disponibilidade de suportes materiais e humanos, melhoria de estrutura física (acessibilidade) de forma que o acesso de todos os estudantes a quaisquer recursos da comunidade seja garantido. 18 3. AHISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NOBRASIL 3.1 MarcosFundamentais Criação do Instituto dos Meninos Cegos (atual Instituto Benjamin Constant – IBC), em 1854. Criação do Instituto dos Surdos-Mudos (atualmente, Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES) em 1857, na cidade do Rio de Janeiro. Miranda(2003)descrevequeambosforamcriadospelaintercessãodeamigos ou de pessoas próximas ao Imperador, fato que configura a prática do favor e da caridade,oqueeracomumnaquelaépocatambémnasrelaçõescomaspessoascom deficiência. Tal tipo de relação corroborou o caráter assistencialista, que balizou a atenção à pessoa com deficiência e à Educação Especial, em particular, desde seu início. Caráter assistencialista se refere a ações que não transformam a realidade social da pessoa necessitada de algo, pois atende apenas às necessidades individuais e emergentes por serem pontuais sem promover mudanças estruturais efetivaseduradouras.Umexemplosãoasdoaçõesqueacontecemesporadicamente ou sob solicitação sem um caráter de projetos em longo prazo que resultem em mudanças. Mesmo que sem um objetivo coletivo, a fundação desses dois Institutos representou(eaindarepresenta)umaconquistaparaoatendimentodaspessoascom deficiência, abrindo espaço para a conscientização da educação de surdos e cegos. Todavia,“[...] 1872-Jáhaviaumapopulaçãode15.848cegose11.595surdosnopaís,mas eram atendidos apenas 35 cegos e 17 surdos” (MAZZOTTA, 1996, p.29). 3.2 Após a Proclamação daRepública Profissionais que haviam ido estudar na Europa começaram a retornar 19 entusiasmados com a ideia de modernizar o país. Em 1906, as escolas públicas começaram a atender os estudantes com deficiência intelectual, no Rio de Janeiro. 20 Em 1911, foi criado o Serviço de Higiene e Saúde Pública do Estado de São Paulo, instituindo o serviço de inspeção médico-escolar, que viria trabalhar conjuntamente com o Serviço de Educação, na defesa da Saúde Pública. Entre 1912 e 1913 foi criado o chamado Laboratório de Pedagogia Experimental ou Gabinete de Psicologia Experimental, na Escola Normal de São Paulo (atual Escola Caetano de Campos). Em 1917, dando continuidade à providência anterior, foram estabelecidas as normasparaaseleçãode“anormais”,jáquenaépocaprevaleciaapreocupaçãocom aeugeniadaraça,sendoomedodedegenerescênciasetarasumaquestãodesaúde pública (JANNUZZI, 1992; PESSOTTI,1984). Entre as décadas de 1930 e 1940, várias foram as mudanças na educação brasileira, principalmente em relação à expansão da educação básica. A preocupação, porém, versava sobre as reformas na educação do estudante sem deficiência, enquanto que as discussões sobre educação das pessoas com deficiências continuavam, ainda, semespaço. As propostas da Educação Especial, na época, baseavam-se em duas vertentes: MÉDICO-PEDAGÓGICA:caracterizava pela preocupação higienizadoraetevecomoconsequênciasainstalaçãodeescolasemhospitais, o que promoveu maior segregação de atendimentos aos estudantes com deficiência PSICOPEDAGÓGICA:buscava a educação dos “anormais”, que eram identificadospormeiodeescalaspsicológicaseescalasdeinteligência.Mesmo tendo como objetivo a educação do estudante com deficiência, essa vertente também revelou um caráter segregatório, dando origem às classes especiais públicas (JANNUZZI, 1992; MENDES,1995). Em1945foicriadaaSociedadePestalozzidoBrasile,em1954,aAssociação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Nessa fase, observa-se a criação de escolas especiais beneficentes. A expansão dessas instituições privadas e filantrópicas desobrigava o poder público do atendimento educacional a essa parcela da 21 populaçãoestudantil. Assim, a necessidade de educação para as pessoas com deficiências, com “atendimento especial”, “material especial” e “professor especial”, começou a ser 22levada em consideração. Nesse período, surgem as escolas especiais e, mais tarde, as classes especiais dentro de escolas comuns. O sistema educacional brasileiro cria dois subsistemas: EducaçãoComum; EducaçãoEspecial. Ambas com objetivos aparentemente iguais, ou seja, “formar o cidadão para a vida em sociedade e no trabalho”. “ Nesse momento, pode-se dizer que as escolas especiais se constituíram como instituições revolucionárias, pois ofereciam ensino para quem sequer o tinha como direito.” Até a década de 1950 - Em algumas deficiências, observou-se, no Brasil, o mesmopadrãodedesenvolvimentodoatendimentoocorridoemoutrospaíses,ainda que com muitos anos de atraso, como o atendimento às pessoas com deficiência auditiva e visual. No geral, observa-se que a fase de negligência e omissão e, principalmente, exclusão social, no Brasil, foi estendida por mais tempo, provavelmenteatéessadécada.”OatendimentonaEuropa,porsuavez,foiinstituído nofinaldoséculoXIX,comacriaçãodeclasseseescolascujoobjetivoeraescolarizar crianças com deficiência, em especial aquelas com deficiência intelectual.“ Nessemomento,pode-sedizerqueasescolasespeciaisseconstituíramcomo instituições revolucionárias, pois ofereciam ensino para quem sequer o tinha como direito. Nadécadade1960,ocorreuamaiorexpansãononúmerodeescolasdeensino especial já vista nopaís. Em 1969, havia mais de 800 estabelecimentos de ensino especial para estudantes com deficiência intelectual, cerca de quatro vezes mais do que a quantidade existente no início da década. Concomitantemente, aumentaram as classes especiais que funcionavam nas escolas públicas, em especial aquelas direcionadas aos estudantes com deficiência intelectual (JANNUZZI, 1992). Na década de 1970 - O conceito de integração, que se caracterizava pela escolarização das crianças com deficiências em ambientes o menos segregados possível, junto com seus pares de idade cronológica, e com a oferta de apoios necessários a cada estudante. Esse modelo se opunha aos modelos desegregação 23 e defendia-se a ideia de possibilitar às pessoas com deficiência condições de vida o mais normal possível. 1980–Décadamarcanteparaaspropostasdedefiniçãodaspolíticaspúblicas da educação especial. Foram norteadas pelos princípios da normalização e da integração, o que se observou foram ações voltadas para a retirada de estudantes das classes comuns. Esses estudantes, colocados nas classes especiais, deveriam ser preparados para o retorno à classe comum, o que demonstra um equívoco no entendimento do princípio. Ou seja, nesse período, acreditava-se que o estudante é quem deveria se adaptar à escola, sendo predominante o caráter de integração à educação dos estudantes da EducaçãoEspecial. A partir de 1990, o Brasil aderiu aos movimentos mundiais pela educação inclusiva, que versavam sobre ações políticas, culturais, sociais e pedagógicas, desencadeadas em defesa do direito de todos os estudantes de aprenderem juntos, sem discriminação. De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008, p.1): […] constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga a igualdade e diferença como valores indissociáveis, que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora daescola. . Muitos foram os movimentos de organizações internacionais que propuseram diretrizes para a inclusão da pessoa com deficiência. O Brasil, em diferentes governos, comprometeu-se em assumi-las. Tais atos resultaram na elaboração de decretoseleisquepassaramagarantirapresençadoestudantecomdeficiênciano sistema regular deensino. As leis anteriores culminaram na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que traz uma mudança na terminologia. As necessidades educativas especiais passam a ser denominadas deficiências, transtornos globais do desenvolvimento (que substitui o termo condutas típicas) e altas habilidades/superdotação. A atual política considera, ainda, a Educação Especial como modalidade de 24 educação escolar e como campo de conhecimento, buscando o entendimento do 25 processo educacional de estudantes da Educação Especial. Presente em todas as etapas dos níveis básicos ao superior de ensino, ela passa a ser complemento da formação desses estudantes, perdendo sua condição de substituir o ensino comum, curricular em escolas e classes especiais (BRASIL, 2008). A partir de então, observamos um crescente número de alunos da Educação Especial em todo território nacional. 26 4. ONUEASCONFERÊNCIASMUNDIAIS Vimos as diferentes formas de convivência do deficiente com a sociedade até ofinaldoséculopassado.Comisso,percebeuqueavisãosobreadeficiênciaésocial e historicamente construída, porque, em cada época, os homens dispõem de informações, recursos, conhecimentos, crenças e valores próprios daquele momento dahistória. Pode-se perceber até aqui que o caminho percorrido pelos deficientes até chegarem à condição de serem escolarizados foi longo e muitas vezes cruel. No entanto, e felizmente, o mundo mudou, os conhecimentos foram se ampliando, a Medicina evoluiu e as tecnologias chegaram para facilitar o cotidiano das pessoas. Contudo, ainda hoje há barreiras de diferentes naturezas a serem transpostas no convívio da sociedade com o deficiente. Entre as atuais dificuldades, está o desafio de tornar universal o acesso à educação, à saúde, à segurança e ao emprego. NocampodaEducaçãoEspecial,nemtodasasalternativaserespostasforam encontradas para os impasses da convivência social. Entretanto, o percurso até aqui sófoipossívelporque,noséculopassado,algunsdocumentosinternacionaisgerados em diferentes momentos tornaram-se marcos históricos e nortearam as conquistas em diversos campos, tanto para as pessoas de uma maneira geral, como particularmente para aquelas com necessidadesespeciais. Destacam-se, dentre esses marcos históricos: Declaração Universal dos Direitos do Homem pela ONU(1948); Convenção sobre os Direitos da Criança(1989); Conferência Mundial Educação para Todos (1990), com a Declaração Mundial de Educação para Todos(1990); Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: acesso e qualidade, com a Declaração de Salamanca(1994); Convenção de Guatemala (1999) e a Carta do Terceiro Milênio (1999). Vamos ver, então, com mais detalhe, cada um dessesacontecimentos. 27 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU): Fundada após a Segunda Guerra Mundial, em 24 de outubro de 1945, com apromulgaçãodaCartadasNaçõesUnidas,assinadaporrepresentantesde 51 países, inclusive o Brasil. Nela são apresentados os objetivos que norteiam e pautam essa instituição: manter a paz mundial; proteger os Direitos Humanos; promover o desenvolvimento econômico e social das nações; estimular a autonomia dos povos dependentes; reforçar os laços entre todos os estados soberanos. A carta vem selar o compromisso da comunidadeinternacionaldezelarpelapazmundialepelacordialidadeentre os povos do planeta. Atualmente a ONU conta com a participação de 192 países e é o mais respeitado fórum de discussões e encaminhamentos dos problemasmundiais.SeisórgãosprincipaisconstituemaONU:aAssembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de Justiça e o Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova York, com exceçãodo Tribunal, que fica em Haia, naHolanda. 4.1 DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos(1948) O primeiro, e talvez o mais importante, acontecimento da história no campo dosdireitosdoserhumanofoiaDeclaraçãoUniversaldosDireitosHumanosadotada pelaOrganizaçãodasNaçõesUnidas(ONU),nodia10dedezembrode1948.Apesarde não constituir uma lei, esse documento é utilizado para nortear boa parte das decisõestomadaspelacomunidadeinternacional.Éumtextodereferênciaética,que estabelece os direitos naturais de todos os seres humanos, independentemente de nacionalidade, cor, sexo, orientação religiosa e política (TONELLO,2001). 28 A primeira declaração do gênero de que se tem notícia foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, na França. Com dezessete artigos, esta declaração foi promulgada na primeira fase da Revolução Francesa, cujo lema era Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Inspirada nas ideias iluministas, esta fase da história foi fértil na reflexão sobre os princípios da condição humana e sobre as relações de poder entre os homens. Esta declaraçãotambémserviudefontedeinspiraçãopara a Declaração que vigorahoje. Antes de destacar os trechos mais importantes da Declaração, é necessário contextualizarosfatos,asreivindicaçõeseacompreensãodehomemedesociedade daquele tempo. O mundo vivia o pós-guerra em 1948. Cerca de 50 milhões de pessoasmorreramemcombate,pertode6milhõesdejudeusforamexterminadosem campos de concentração nazistas, e um sem-número de pessoas mutiladas e deficientes voltavam para seus países de origem. Nessa época, essas pessoas que, por diferentes motivos, se sentiam prejudicadas na convivência em sociedade, começaram a reivindicar seus direitos (TONELLO,2001). A Declaração surge, então, da união dos governos para a criação de mecanismos capazes de “proteger o homem contra o homem, as nações contra as nações e sempre que homens e nações se arroguem o poder de violar direitos” (BRASIL, 1990, p. 7). Este documento garante a educação para todos, indistintamente, quaisquer que sejam as origens ou condição social. É dentro desse contexto da Declaração Universal dos Direitos Humanos que a Secretaria de Educação Especial do MEC (Seesp/MEC), desde 1994, destaca e tem sempre presente em suas decisões os seguintes princípios dessa Declaração: Todo ser humano é elemento valioso, qualquer que seja a idade, sexo, 29 NÍVEL MENTAL, condições emocionais e antecedentes culturais que possua, ougrupoétnico,nívelsocialecredoaquepertença.Estevaloréinerenteasua natureza e às potencialidades que traz emsi. 30 Todo ser humano, em todas as suas dimensões, é o centro e o foco de qualquer movimento para a sua promoção. O princípio é válido tanto para as pessoas normais e para as ligeiramente afetadas como, também, para as gravementeprejudicadas,queexigemumaaçãointegradaderesponsabilidade e de realizaçõespluridirecionais. Todo ser humano conta com possibilidades reais, mínimas que sejam, de alcançar pleno desenvolvimento de suas habilidades e de adaptar-se positivamente ao ambientenormal. Todo ser humano tem direito de reivindicar condições apropriadas de vida, aprendizagem e ação; de desfrutar de convivência condigna e de aproveitar as experiências que lhes são oferecidas para desempenhar sua função social como pessoa e membro atuante de umacomunidade. Todo ser humano, por menor contribuição que possa dar à sociedade, deve fazer jus ao direito de igualdade de oportunidades, que lhe assiste como integrante de umasociedade. Todo ser humano, sejam quais forem as suas condições de vida, tem direito de ser tratado com respeito e dignidade (BRASIL, 1995, p.7-8). FIQUE ATENTO Importantes aspectos abordados na Declaração Universal dos Direitos Humanos: O Art. XXIV da Declaração Universal dos DireitosHumanos prevê quetodapessoatemdireitoaorepousoelazer(...);OArt.XXVdaDeclaração Universal dos Direitos do Homem prevê que toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitações, cuidados médicos e serviços sociais indispensáveis (...); O Art. XXV.2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê que toda maternidade e infância têm direito a cuidados e assistência especiais(...) 4.2 Convenção Sobre os Direitos da Criança(1989) Outro marco histórico internacional foi a Convenção sobre os Direitos da Criança,de20denovembrode1989,adotadapelaAssembleiadasNaçõesUnidase ratificada pelo Brasil em 24 de setembro de1990. 31 Trata-se de um documento que enuncia um amplo conjunto de direitos fundamentais – direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais – de todas as crianças, assim como as respectivas disposições para que sejam aplicadas. Os Estados Partes presentes na convenção, considerando os princípios fundamentaisdasNaçõesUnidaseasdisposiçõesprecisasemdiferentestratadosde direitos humanos e outros textos pertinentes, reafirmam o fato de as crianças, devido a sua vulnerabilidade, necessitarem de proteção e de atençãoespecial. ParaaConvenção,sãoquatroospilaresfundamentaisqueestãorelacionados com todos os outros direitos dascrianças: A não discriminação: que significa que todas as crianças têm o direito a desenvolver todo o seu potencial – todas as crianças, em todas as circunstâncias, em qualquer momento, em qualquer parte domundo; O interesse superior da criança: deve ser uma consideração prioritária em todas as ações e decisões que lhe digamrespeito; Asobrevivênciaeodesenvolvimento:sublinhamaimportânciavitalpara a garantia de acesso a serviços básicos e à igualdade de oportunidades para que as crianças possam desenvolver-seplenamente; A opinião da criança: que significa que a voz das crianças deve ser ouvida e tida em conta em todos os assuntos que se relacionem com os seus direitos (UNICEF,2009). A Convenção sobre os Direitos da Criança tem 54 artigos, que podem ser divididos em quatro categorias: Os direitos à sobrevivência – por exemplo, o direito a cuidados adequados; Os direitos relativos ao desenvolvimento – por exemplo, o direito à educação; Osdireitosrelativosàproteção –porexemplo,odireitodeserprotegida contraexploração; Osdireitosdeparticipação–porexemplo,odireitodeemitirsuaopinião (UNICEF,2009). 32 Em seu Artigo 1º, a Convenção define criança como todo ser humano menor de 18 anos de idade, salvo se, nos termos da lei que lhe for aplicável, a maioridade for alcançada mais cedo. 33 O quinto princípio dessa Convenção explicita os direitos dos portadores de necessidades especiais, levando os educadores, em geral, a assumirem a responsabilidade de valorizá-los como indivíduos e como seres sociais. O Artigo 23, da referida Convenção, prescreve que: OsEstadosPartesreconhecemàcriançamentalefisicamentedeficiente o direito de desfrutar de uma vida plena e decente, em condições que garantam sua dignidade, favoreçam sua autonomia e facilitem sua participação ativa na comunidade. Os Estados Partes reconhecem à criança deficiente o direito de se beneficiar de cuidados especiais. Eles também, de acordo com os recursos disponíveis e sempre que a criança ou seus responsáveis reúnam as condições requeridas, estimularão e assegurarão a prestação da assistência solicitada. Esta deve ser adequada ao estado da criança e às circunstâncias de seus pais ou das pessoas encarregadas de seuscuidados. Atendendo às necessidades particulares da criança deficiente, a assistência fornecida, conforme disposto no parágrafo 2º do presente artigo, será gratuitasemprequepossível,levando-seemconsideraçãoasituaçãoeconômicados paisoudaspessoasquecuidemdacriança,evisaráasseguraràcriançadeficienteo acesso efetivo à educação, à capacitação, aos serviços de saúde, aos serviços de reabilitação, à preparação para o emprego e às atividades recreativas, e que ela se beneficie desses serviços de forma a assegurar uma integração social tão completa quanto possível e o desenvolvimento pessoal, incluindo os domínios cultural e espiritual. Os Estados Partes promoverão,com o espírito de cooperação internacional, um intercâmbio adequado de informações nos campos da assistência médica preventiva e do tratamento médico, psicológico e funcional das crianças deficientes, inclusive a divulgação de informações a respeito dos métodos de reabilitação e dos serviços de ensino e formação profissional, bem como o acesso a essa informação, a fim de que os Estados Partes possam aprimorar sua capacidade e seus conhecimentos e ampliar sua experiência nesses campos. Nesse sentido, serão levadas especialmente em conta as necessidades dos países em 34 desenvolvimento (UNICEF,2009). Para a Convenção, a criança deficiente tem direito a cuidados especiais, educação e formação adequada, que lhe permitam ter uma vida plena e decente, em 35 condições de dignidade, e atingir o maior grau de autonomia e integração social possível (UNICEF, 2009). 4.3 Conferência Mundial de Educação Para Todos(1990) Quarenta anos depois que as nações do mundo afirmaram na Declaração Universal dos Direitos Humanos que toda pessoa tem direito à educação, ainda na década de 1990, mais de 100 milhões de crianças não tinham acesso ao ensino primário,960milhõesdeadultoseramanalfabetosemaisdeumterçodosadultosno mundo não tinham acesso ao conhecimento impresso e às novastecnologias. Uma década antes do terceiro milênio, enquanto nos países mais desenvolvidos o crescimento econômico permitiu financiar a educação, mesmo considerando que ainda milhões de pessoas continuassem a viver na pobreza e analfabetas, nos países menos desenvolvidos o acesso à educação foi dificultado ainda mais por inúmeros problemas. O acesso às informações disponíveis no mundo, importante para a sobrevivência e bem-estar das pessoas, continua crescendo em um ritmo acelerado, e nossa capacidade em comunicar é fundamental para levar a informação de forma que os conhecimentos sobre qualidade de vida estejam disponíveis. A pesquisa e as experiências acumuladas em inovações, reformas e nos progressos alcançados em educação, em muitos países, fazem com que a meta de educação básica para todos – pela primeira vez na história – seja uma meta viável (Preâmbulo da Declaração Mundial da Educação para Todos – satisfação das necessidades básicas de Aprendizagem). Nesse cenário mundial, em março de 1990, em Joimtien, Tailândia, os participantes reunidos para a Conferência Mundial sobre Educação para Todos relembram que a educação pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro e que é de importância fundamental para o progresso pessoal e social e, entre outras constatações, proclamam a Declaração Mundial sobre Educação para Todos – satisfação das 36 necessidades básicas de Aprendizagem. Os 10 artigos da Declaração tratam de: satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem; expandir o enfoque no sentido das práticas correntes; universalizar o acesso à educação e promover a equidade; concentrar a atenção naaprendizagem; 37 ampliar os meios e o raio de ação da educação básica; propiciar um ambiente adequado à aprendizagem; desenvolver uma política contextualizada de apoio; mobilizar recursos e fortalecer a solidariedade internacional. Portanto, a Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990) ratifica o direito de toda criança à educação, direito esse proclamado desde a Declaração de Direitos Humanos em 1948. 4.4 Conferência Mundial Sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade(1994) Essaconferênciafoioutroacontecimentoimportantenocenáriointernacionale aconteceu em Salamanca, Espanha, entre os dias 7 e 10 de junho de1994. Nessa oportunidade, os delegados representantes dos 92 governos e de 25 organizações internacionais reafirmaram, por meio de um documento denominado “Declaração de Salamanca”, o compromisso com a Educação para Todos, reconhecendo a necessidade e a urgência de ser o ensino ministrado, no sistema comum de educação, a todas as crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais e apoiaram a Linha de Ação para as Necessidades Educativas Especiais,cujoespíritorefletidoemsuasdisposiçõeserecomendaçõesdeveorientar organizações e governos. 4.4.1 Declaraçãode Salamanca(1994) A Declaração de Salamanca é, portanto, o documento resultante da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. E, por isso, ela é outro marco internacional no contexto da garantia dos direitos das pessoas com necessidades educacionais especiais e deficiência. EssaDeclaraçãounificaosprincípios,apolíticaeaspráticasdaintegraçãodas pessoas com necessidades educativas especiais. O documento da Declaração de Salamanca (1994) proclamaque: 38 Todas as crianças têm direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível adequado deconhecimentos. Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe sãopróprias. 39 Ossistemaseducativosdevemserprojetadoseosprogramasaplicados de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e necessidades. As pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso à escola regular, que deverá integrá-las numa pedagogia centrada na pessoa, capaz de atender a essasnecessidades. As escolas regulares, com essa orientação inclusiva, constituem os meios mais eficazes de combater as atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos, além de proporcionar uma educação efetiva à maioria das crianças e melhorar tanto a eficiência como a relação custo-benefício de todo o sistema educacional (BRASIL,1995). A Declaração de Salamanca traz, ainda, novas ideias sobre necessidades educativas especiais e diretrizes de ação no Plano Nacional, que incluem: A política e as formas deorganização. Os aspectosescolares. A formação do pessoaldocente. Osserviçosexternosqueservirãodeapoio.EducaçãoEspecial|Marcos históricos internacionais da Educação Especial até o século XX 80 CEDERJ – As áreas prioritárias (educação pré-escolar, preparação para a vida adulta, educação continuada de adultos e demeninas). A participação da comunidade e os recursosnecessários. Este documento se torna, no Brasil, um referencial que sinaliza um novo momento para a Educação Especial, que passa a difundir a filosofia da Educação Integradora.Assimchamadainicialmente,aEducaçãoIntegradorarecebe,maistarde, o nome de Educação Inclusiva. Antes não havia nada tãoespecífico. A Declaração orienta as práticas da educação para todos e que as escolas, agora integradoras, devem acolher as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas. Essa Declaração advoga a pedagogia centrada na criança. 40 Pedagogiacentradanacriançaéaquelacapazdeeducarcomsucessotodos os alunos, inclusive os que sofrem de deficiências graves. O mérito dessas escolas não está só na capacidade de dispensar educação de qualidade a todas as crianças; com sua criação, dá-se um passo importante para tentar mudaratitudesdediscriminaçãoecriarcomunidadesqueacolhematodosem 41 sociedades integradas. A pedagogia centrada na criança contribui, inclusive, para evitar desperdícios de recursos e frustração de esperanças, consequências frequentes da má qualidade do ensino (BRASIL, 1994). AlgumasdasideiasaseguirmostrarãooalcancedaDeclaraçãodeSalamanca naorientaçãoeprocedimentosemdiferentesaspectosnaáreadaEducaçãoEspecial. O Direito da Criança- Toda criança com deficiência tem o direito de manifestar seus desejos quanto a sua educação, na medida de sua capacidade de estar certadisso. Princípio Fundamental -As escolasdevem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas oumarginalizadas. NecessidadesEducativasEspeciais:Talexpressãorefere-seatodas as crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade ou de suas dificuldades de aprendizagem. Em algum momento de sua escolarização, muitas crianças têm dificuldades de aprendizagem e, portanto, necessidades educativas especiais. Um exemplo é aquela criança que, por ter baixa visão, necessita de um determinadotipodeampliaçãodemateriaispedagógicosparaquepossalererealizar as atividades da mesma forma que as outras crianças. Nesse caso, a escola deve oferecer todo o apoio adicional necessário à educação da criança, podendo fazê-lo em salas de recursos, no contraturno – no outro período da escola regular ou, em alguns casos, até mesmo em escolasespecializadas. Escola Integradora:É a escola cujo desafio é desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de educar com sucesso todos os alunos, inclusiveosquesofremdedeficiênciasgraves.Umexemploéaqueatendeacriança que necessita de uma atenção diferenciada e orientada de forma que se adapte aos diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e que assegure, a ela, um ensino de qualidade. 42 Pressupostos:Todas as diferenças humanas são normais e a aprendizagem deve, portanto, ajustar-se às necessidades de cada criança, e não ao contrário. Assim, a escola e os professores devem favorecer a aprendizagem e não esperarqueoalunoseajusteàescola.Agoracabeàescolaseorganizaresepreparar 43 para receber a todos. Uma pedagogia centrada na criança é válida para todos os alunos e, consequentemente, para toda a sociedade. Assim, as escolas que centralizamoensinonacriançasãoabaseparaaconstruçãodeumasociedadeque respeita tanto a dignidade quanto as diferenças de todos os seres humanos e possibilita a todos condições de aprendizagem mais adequadas à necessidade de cadaum. 4.5 Convenção de Guatemala(1999) Um outro acontecimento importante, ainda no final do século XX, foi a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, que aconteceu na Guatemala em maio de 1999, conhecida como Convenção de Guatemala. Essa Convenção foi promulgada pelo Brasil, por meio do Decreto n. 3.956/2001, que afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas e define discriminação com base na deficiência toda diferenciação, exclusão ou ainda restrição que possa impedir ou anular os direitos humanos e suas liberdades fundamentais. A importância desse Decreto, para a educação, é que ele exige uma reinterpretação da educação especial compreendida no contexto da diferenciação e orienta procedimentos no sentido de tomar medidas de caráter legislativo, social, educacional, trabalhista e de qualquer outra natureza no sentido de eliminar a discriminação e proporcionar a integração da pessoa com necessidades especiais à sociedade. Guatemala é um país situado a oeste da América Central, marcado pela oposição entre os indígenas de origem maia, que exercem forte influência na cultura nacional – metade da população, e a elite de origem espanhola, que controla a economia e o poder político. 44 4.5.1 Convenção deGuatemala OsEstadosPartesreafirmaramqueaspessoasportadorasdedeficiênciatêm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que essesdireitos,inclusiveodireitodenãosersubmetidasàdiscriminaçãocombasena deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano. AindaosEstadosPartesdediferentesregiõeseorganizações,presentesnessa convenção,combaseemváriosdocumentosinternacionais,doperíodoentreosanos de1975a1996,concordaramemumasériedeaçõeseencaminhamentostraduzidos em 14 artigos. Alguns merecem destaque, pois tratam dedefinições: Artigo I: Para os efeitos desta Convenção, entende-se por: 1) Deficiência: O termo “deficiência” significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social. 2) Discriminação contra as pessoas portadoras dedeficiência: A expressão “discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência” significa toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiênciapresenteoupassada,quetenhaoefeitooupropósitodeimpedirouanular oreconhecimento,gozoouexercícioporpartedaspessoasportadorasdedeficiência de seus direitos humanos e suas liberdadesfundamentais. (...) Dos objetivos e formas para alcançá-los: Artigo II: Convenção tem por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a sua plena integração à sociedade. Artigo III: Para alcançar os objetivos desta Convenção, os Estados Partes comprometem-se a: 45 Tomarasmedidasdecaráterlegislativo,social,educacional,trabalhista,oude qualquer outra natureza, que sejam necessárias para eliminar a discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a sua plena integraçãoà 46 sociedade, entre as quais as medidas abaixo enumeradas, que não devem ser consideradas exclusivas: Medidas das autoridades governamentais e/ou entidades privadas para eliminar progressivamente a discriminação e promover a integração na prestação ou fornecimento de bens, serviços, instalações, programas e atividades,taiscomooemprego,otransporte,ascomunicações,ahabitação, o lazer, a educação, o esporte, o acesso à justiça e aos serviços policiais e às atividades políticas e deadministração; Medidasparaqueosedifícios,osveículoseasinstalaçõesquevenhamaser construídos ou fabricados em seus respectivos territórios facilitem o transporte,acomunicaçãoeoacessodaspessoasportadorasdedeficiência; Medidas para eliminar, na medida do possível, os obstáculos arquitetônicos, de transporte e comunicações que existam, com a finalidade de facilitar o acesso e uso por parte das pessoas portadoras de deficiência;e Medidas para assegurar que as pessoas encarregadas de aplicar esta Convenção e a legislação interna sobre esta matéria estejam capacitadas a fazê-lo. 2) Trabalhar prioritariamente nas seguintesáreas: Prevenção de todas as formas de deficiência que possam ser prevenidas; Detecção e intervenção precoce, tratamento, reabilitação, educação, formação ocupacional e prestação de serviços completos para garantir o melhor nível de independência e qualidade de vida para as pessoas portadoras de deficiência; Sensibilização da população, por meio de campanhas de educação, destinadas a eliminar preconceitos, estereótipos e outras atitudes que atentam contra o direito das pessoas a serem iguais, permitindo desta forma o respeito e a convivência com as pessoas portadoras de deficiência. Por exemplo, campanhas veiculadas na mídia como “Ser diferente é normal” (CONVENÇÃO INTERAMERICANA, 1999). Atualmente, para além do aspecto educacional, de certa forma nos é familiar começar a pensar na remoção de barreiras arquitetônicas e atitudinais com vistas à acessibilidade da pessoa com necessidades especiais ou com alguma deficiência. A mídiaimpressaetelevisivaatodomomentoexploraessamensagem,mas,háquinze, vinte anos esse enfoque não existia. Assim, a Convenção de Guatemala (1999)acrescentouaosdocumentosanterioresanecessidadedesepreveniredeseeliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas com necessidades especiais e propiciar sua plenaintegração. 47 4.6 Cartado Terceiro Milênio(1999) Quase na virada do século passado, os Estados Membros, certos e determinados de que os direitos humanos de qualquer pessoa, em qualquer 48 sociedade, deveriam ser reconhecidos e protegidos, aprovaram a Carta do Terceiro Milênio em 9 de novembro de 1999, em Londres, Grã-Bretanha, pela Assembleia Governativa da Rehabilitation International. Noterceiromilêniotem-seadeterminaçãodequeosdireitoshumanosdecada pessoa, em qualquer sociedade, devem ser reconhecidos e protegidos. Essa Carta é proclamada para transformar essa visão em realidade. Segundo o documento, os direitos humanos básicos são rotineiramente negados a segmentos inteiros da população mundial, nos quais se encontram muitosdos 600 milhões de crianças e mulheres e homens que têm deficiência. O documento destaca: No texto ainda consta que: Busca-se um mundo onde oportunidades iguais para pessoas com deficiência se tornem consequência natural de políticas e leis que apoiem o acesso e a plena inclusão em todos os aspectos da sociedade. O progresso científico e social no século XX aumentou a compreensãosobreovalorúnicoeinvioláveldecadavida.Contudo,a ignorância, o preconceito, a superstição e o medo ainda dominam grande parte das respostas da sociedade à deficiência (CARTA..., 1999). As estatísticas dão conta de que pelo menos 10% da população de qualquer sociedade já nasce com, ou adquire, uma deficiência e aproximadamente uma em cada quatro famílias possui uma pessoa com deficiência. No Brasil, segundo ocenso demográficodoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística(IBGE,2000)24milhões de brasileiros apresentam algum tipo de incapacidade (limitação para atividade) ou deficiência,oquesignifica14,4%dapopulaçãobrasileira.ParaoséculoXXI,portanto, combasenaCartadoTerceiroMilênio(1999)“precisamosaceitaradeficiênciacomo parte comum da variada condiçãohumana”. 49 Figura 3:Orientações sobre deficiência para o terceiro milênio Fonte: (MANZINI, 2010). UmadasorientaçõesmaisimportantesparaoTerceiroMilênioestánohomem, e, por extensão, na sociedade: a de “aceitar a deficiência como parte comum da variada condição humana”. Assim talvez seja possível garantir a todo ser humano dignidade, independentemente de sua condição, e estimular a solidariedade entre todas as pessoas doplaneta. 50 5. ALEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA EDUCAÇÃO ESPECIALE INCLUSIVA 1988 – Constituição da República Federativa do Brasil Estabelece“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV). Define, ainda, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Art. 206 Inciso I, estabelece “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208). Art. 205 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,seupreparoparaoexercíciodacidadaniaesuaqualificaçãoparaotrabalho. Art. 206 O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Art. 208 O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular deensino; IV - Atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos deidade. 51 Art. 213 Os recursos públicos serão destinados às escolas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: 52 I – Comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação. 1989 – Lei nº 7.853/89 Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social.Definecomocrimerecusar,suspender,adiar,cancelarouextinguiramatrícula deumestudanteporcausadesuadeficiência,emqualquercursoouníveldeensino, sejaelepúblicoouprivado.Apenaparaoinfratorpodevariardeumaquatroanosde prisão, maismulta. 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90 O artigo 55 reforça os dispositivos legais supracitados ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. 1990 – Declaração Mundial de Educação para Todo Documentos internacionais passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva. 1994 – Declaração de Salamanca Dispõe sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educacionais especiais. 1994 – Política Nacional de Educação Especial Em movimento contrário ao da inclusão, demarca retrocesso das políticas pública ao orientar o processo de “integração instrucional” que condiciona o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que “(…) possuem condições de acompanharedesenvolverasatividadescurricularesprogramadasdoensinocomum, no mesmo ritmo que os alunos ditosnormais”. 53 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96No artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível 54 exigido para a conclusão do ensino fundamental em virtude de suas deficiências e; a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “(…) oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). Em seu trecho mais controverso (art. 58 e seguintes), diz que “o atendimento educacional especializado será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular”. 1999 – Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89 Dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência,defineaeducaçãoespecialcomoumamodalidadetransversalatodosos níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensinoregular. 2001– DiretrizesNacionaisparaaEducaçãoEspecialnaEducaçãoBásica(Resolução CNE/CEB nº2/2001) Determinam que os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais (art. 2º), o que contempla, portanto, o atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à escolarização. Porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular,acaba por não potencializar a educação inclusiva prevista no seu artigo2º. 2001 – Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001 Destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir 55 seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”. 56 2001– Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil peloDecreto nº 3.956/2001 Afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. 2002 – Resolução CNE/CP nº1/2002 Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de ProfessoresdaEducaçãoBásica,definequeasinstituiçõesdeensinosuperiordevem prever em sua organização curricular formação docente voltada para a atenção à diversidadeequecontempleconhecimentossobreasespecificidadesdosalunoscom necessidades educacionaisespeciais. 2002 – Lei nº 10.436/02 Reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de apoiar seuusoedifusão,bemcomoainclusãodadisciplinadeLibrascomoparteintegrante do currículo nos cursos de formação de professores e defonoaudiologia. 2003 – Portaria nº 2.678/02 Aprova diretriz e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto da Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo o território nacional. 2004 – Cartilha – O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas eClasses Comuns da Rede Regular OMinistérioPúblicoFederaldivulgaodocumentocomoobjetivodedisseminar os 57 conceitos e diretrizes mundiais para ainclusão. 58 2004 – Decreto nº 5.296/04 Regulamenta as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida (implementação do Programa Brasil Acessível). 2005 – Decreto nº 5.626/05 RegulamentaaLeinº10.436/02,visandoàinclusãodosalunossurdos,dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no ensinoregular. 2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Lançado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, pelo Ministério da Educação,peloMinistériodaJustiçaepelaUNESCO.Objetiva,dentreassuasações, fomentar, no currículo da educação básica, as temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na educaçãosuperior. 2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE Traz como eixos a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, a implantação de salas de recursos multifuncionais e a formação docente para o atendimento educacional especializado. 2007 – Decreto nº 6.094/07 Estabelece dentre as diretrizes do Compromisso Todos pela Educação a garantiadoacessoepermanêncianoensinoregulareoatendimentoàsnecessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas. 59 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva daEducação Inclusiva Traz as diretrizes que fundamentam uma política pública voltada à inclusão escolar, consolidando o movimento histórico brasileiro. 60 2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência AprovadapelaONUedaqualoBrasilésignatário.EstabelecequeosEstados Parte devem assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino. Determina que as pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamentalgratuitoecompulsório;equeelastenhamacessoaoensinofundamental inclusivo,dequalidadeegratuito,emigualdadedecondiçõescomasdemaispessoas na comunidade em que vivem(Art.24). 2008 – Decreto nº 6.571 Dá diretrizes para o estabelecimento do atendimento educacional especializado no sistema regular de ensino (escolas públicas ou privadas). 2009 – Decreto nº 6.949 Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com DeficiênciaeseuProtocoloFacultativo,assinadosemNovaYork,em30demarçode 2007. Esse decreto dá ao texto da Convenção caráter de norma constitucional brasileira. 2009 – Resolução No. 4 CNE/CEB Institui diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, que deve ser oferecido no turno inverso da escolarização, prioritariamente nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular. O AEE pode ser realizado também em centros de atendimento educacional especializado públicos e em instituições de caráter comunitário, confessional ou filantrópico sem fins lucrativos conveniados com a Secretaria de Educação (art.5º). 2011 – Plano Nacional de Educação (PNE) Projeto de lei ainda em tramitação. A Meta 4 pretende “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos: 61 Atendimento escolar aos estudantes comdeficiência; Transtornos globais dodesenvolvimento; Altas habilidades ou superdotação na rede regular deensino. 62 Dentre as estratégias, está: Garantir repasses duplos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) a estudantesincluídos; Implantar mais salas de recursosmultifuncionais; Fomentar a formação de professores deAEE; Ampliar a oferta doAEE; Manter e aprofundar o programa nacional de acessibilidade nasescolas públicas; Promover a articulação entre o ensino regular e oAEE; Acompanhar e monitorar o acesso à escola de quem recebe obenefício de prestaçãocontinuada. 2012 – Lei nº 12.764 Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno doEspectroAutista;ealterao§3ºdoart.98daLeinº8.112,de11dedezembro de1990. 63 6. AEDUCAÇÃO ESPECIAL EASTERMINOLOGIA Tendo em vista a diversidade de termos utilizados no que se refere Educação Especial, foi propôs-se que se padronize a nomenclatura referente a este tema. Taliniciativatemextremarelevânciatendoemvistaquedesignaçõesdiferentes para os mesmos serviços, profissionais e recursos dificultam a compreensão e propiciamequívocosnasproposiçõesdediretrizesepolíticas,tomadasdedecisõese orientações técnicas, tanto ao Poder Judiciário quanto das instânciasinternas. Desse modo, apresenta-se a seguir o contexto da terminologia mais aspectos relevantes que justificam tal proposição. 6.1 Pessoa comDeficiência Tendo em vista que essa questão não existe somente em âmbito paulista, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONAD, subordinadoàSecretariaEspecialdeDireitosHumanos,publicou,em2009,oParecer CONAD 21/09, que trata especificamente sobre esse tema. No citado Parecer, fica estabelecido, em suaanálise: “As terminologias para designar pessoas com deficiência foram sendo modificadas durante os períodos históricos, tendo os vocábulos acompanhado as mudanças ocorridas a partir de diferentes paradigmas sociais vigentes. O atual contexto dos direitos das pessoas com deficiência está baseado no modelosocialdedireitoshumanos,cujopressupostoédereconhecimentodepessoa com deficiência como pessoa humana em primeiro lugar, titular de direitos e liberdades fundamentais, independentemente de sua limitação funcional. Nesse sentido, não se porta uma deficiência como se fosse uma bolsa que se retira em seguida para no momento posterior recolocá-la. Por isso a expressão pessoa portadora de deficiência não é uma boa expressão para identificar o segmento. Pessoas com necessidades especiais também não identifica de fato sobre que grupo está-se referindo se considerarmos que todos têm algumanecessidade especial. Com o advento da 64 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, juntamente com seu Protocolo Facultativo, por intermédio da promulgação do DecretoLegislativonº186,de09dejulhode2008,aprovadacomequivalênciaformal aumaemendaconstitucionalumaveztendoseguido,tantonaCâmarados 65 Deputados quanto no Senado Federal, o quórum qualificado determinado e na forma definidapelo§3º,doart.5º,daConstituiçãoFederal,omaisnovoparâmetrovalorativo do ordenamento jurídico brasileiro é a positivação da expressão traduzida para o português como pessoa com deficiência. Noâmbitodalegislaçãobrasileira,oconceitolegalpormenorizadoencontra-se no Decreto5.296/2004.” Portanto, não se deve utilizar: Necessidadesespeciais; Portador ou pessoaportadora; Aluno ou pessoaespecial; Deficiente. A expressão adequada é pessoa com deficiência e suas variações, tais como: aluno com deficiência, mulher com deficiência, jovem com deficiência, pessoa com deficiência visual/auditiva/intelectual, autismo etc. As deficiências se apresentam definidas nos Decretos Federais nº 3.298/1999 e 5.296/2004, conforme segue: Definição de Surdez/Deficiência Auditiva Segundo a alínea "b", do §1º, do artigo 5º, do Decreto Federal nº 5.296, de 02 dedezembro,de2004,sãoconsideradaspessoascomsurdez/deficiênciaauditivaas queapresentamperdaauditivabilateral,igualouacimadequarentaeumdecibéis(41 dB) ou mais, aferida por audiometria na média das frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. Esta perda pode estar ou não associada a outrasdeficiências. Definição de DeficiênciaVisual Segundo a alínea "c", do §1º, do artigo 5º, do Decreto Federal nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004, são consideradas pessoas com deficiência visual as que apresentam: 66 1.1 - Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correçãoóptica; 1.2 -Baixavisão,quesignificaacuidadevisualentre0,3e0,05nomelhorolho, com a melhor correçãoóptica; 67 1.3 -Oscasosnosquaisasomatóriadamedidadocampovisualemambosos olhos for igual ou menor que60o; 1.4 - A ocorrência simultânea de quaisquer das condiçõesanteriores. Definição de DeficiênciaFísica Segundo a alínea "a", do §1º, do artigo 5º, do Decreto Federal nº 5.296, de 02 de dezembro de 2004, são consideradas pessoas com deficiência física aquelas que apresentam alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a formadeparaplegia,paraparesia,monoplegia,monoparesia,tetraplegia,tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, à exceção das deformidades estéticas e das que não produzam dificuldades para o desempenho defunções. SegundooMEC,“DeficiênciaFísicaserefereaocomprometimentodoaparelho locomotorquecompreendeoSistemaOsteoarticular,oSistemaMusculareoSistema Nervoso.AsdoençasoulesõesqueafetamquaisquerdessesSistemasisoladamente ou em conjunto podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades variáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesãoocorrida.” Definição de DeficiênciaIntelectual Segundo a alínea" d", do §1º, do artigo 5º, do Decreto Federal nº 5.296, de02 de dezembro de 2004, são consideradas pessoas com deficiência intelectual as que apresentam: o Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoitoanos; o Limitaçõesassociadasaduasoumaisáreasdehabilidadesadaptativas, tais como: • Comunicação; 68 • Cuidadopessoal; • Habilidadessociais; • Utilização dos recursos dacomunidade; • Saúde esegurança; 69 • Habilidadesacadêmicas; • Lazer;e • Trabalho. Ainda, segundo a Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento - AAIDD: "Deficiência intelectual é uma incapacidade caracterizada por limitações significativas tanto no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizado, resolução de problemas) quanto no comportamento adaptativo, que cobre uma gama de habilidades sociais e práticas do dia a dia. Esta deficiência se origina antes da idade de 18." Definição de Transtornos Globais doDesenvolvimento O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-IV (APA, 2002) utiliza o termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) para caracterizar os quadros com prejuízos nas habilidades de interação social, de comunicação e de comportamento, e com presença de interesses e atividades estereotipados. Os TGD englobam o Transtorno Autista, o Transtorno de Rett, o Transtorno Desintegrativo da Infância, o Transtorno de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação. Atualmente, a Associação Americana de Psiquiatria lançou o DSM-5 que discute critérios clínicos diferenciados e a elaboração de uma nova categoria diagnóstica para incluir o autismo. Propõe excluir da condição de TGD o Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Rett. Deacordocomoparágrafo1º,doartigo1º,daLeiFederalnº12.764/2012,que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do EspectroAutista, "§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II: 70 I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível dedesenvolvimento; 71 II -Padrõesrestritivoserepetitivosdecomportamentos,interesseseatividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos efixos. § 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais” Assim, especificamente em relação à legislação e às orientações para a modalidade, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo irá utilizar a denominação Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com o DSM-5, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é subdividido em três níveis: Nível III para casos que exigem apoio muito substancial, com: a) graves déficits na capacidade de comunicação social, verbal e nãoverbal; b) gravesprejuízosnofuncionamento,muitolimitadoemdarinícioainterações sociais, resposta mínima às propostas sociais deoutros; c) inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos repetitivos/restritos que interferem significativamente no funcionamento, em todas asesferas; d) grande sofrimento/ dificuldade em alterar o foco ouação. Nível II para casos que exigem apoio substancial, com: a) déficits acentuados das habilidades de comunicação social, verbal e não verbal; b) prejuízos sociais aparentes, mesmo comapoio; c) limitação em dar início a interações sociais e respostas reduzidas ou anormais a aberturas sociais deoutros; d) inflexibilidade de comportamento, dificuldade em lidar com a mudança, ou outros comportamentosrepetitivos/restritos; e) sofrimento e/ou dificuldade em alterar o foco ouação. Nível I para casos que exigem apoio. Na ausência de apoios, podem apresentar: a) déficits na comunicação social, causando prejuízosvisíveis; 72 b) dificuldade em iniciar interações sociais e exemplos claros de resposta atípica ou mal sucedida de incursõessociais dosoutros; c) interesse reduzido em interaçõessociais; d) inflexibilidade decomportamento; 73 e) dificuldade em alternaratividades; f) problemas de organização e planejamento são obstáculos àindependência. Definição de Altas Habilidades ouSuperdotação Segundo a Resolução SE nº 81/2012, que dispõe sobre o processo de aceleração de estudos para alunos com altas habilidades/superdotação na rede estadual de ensino, a definição desses alunos se estabelece, em seu Artigo 1º: "São considerados alunos com altas habilidades/superdotação, aqueles que apresentam potencial elevado e grande envolvimento com áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas, tais como as áreas intelectual, acadêmica, psicomotora, de liderança e de criatividade, associados a um alto grau de motivação para a aprendizagem e para a realização de tarefas em assuntos de seu interesse." 74 7. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO –AEE No que se refere a recursos e profissionais, há legislações e documentos nacionais que estabelecem as denominações que devem ser utilizadas. Seguem alguns exemplos: NaConstituiçãoFederaldoBrasil,de1988,bemcomonaResoluçãoCNE/CEB 04/09,estabelece-se: Atendimento Educacional Especializado (AEE) - Essa expressão se refere ao atendimento que se oferece aos alunos público-alvo da Educação Especial, tal como preconizam os Artigos 1º e 2º da Resolução CNE/CEB 04/09: “[...] os sistemas de ensino devem matricular os alunos com deficiência, transtornosglobaisdodesenvolvimentoealtashabilidades/superdotaçãonas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem finslucrativos. Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. Parágrafo único. Para fins destas Diretrizes, consideram-se recursos de acessibilidadenaeducaçãoaquelesqueasseguramcondiçõesdeacessoaocurrículo dos alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, promovendo a utilização dos materiaisdidáticosepedagógicos,dosespaços,dosmobiliárioseequipamentos,dos sistemas de comunicação e informação, dos transportes e dos demaisserviços.” Na Secretaria de Educação de São Paulo, segundo a Resolução SE nº 61/14, esse tipo de atendimento é denominado Atendimento Pedagógico Especializado (APE). No entanto, o CAESP/CAPE já utiliza a expressão AEE em seus documentos epareceresatéqueaResoluçãoSE61/14sejaatualizadaeaexpressãoAtendimento Educacional Especializado (AEE) substitua o Atendimento PedagógicoEspecializado (APE). 75 Dessa forma, para se referir ao atendimento realizado pelo professor especializado na sala de recursos e em outros ambientes escolares, deve-se utilizar ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE. 76 7.1 Profissional deApoio AsSecretariasdeEducaçãoeSaúdedeSãoPauloassinaramcomoMinistério Público um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que prevê a presença de um profissional cuidador nas escolas, que tem comodefinição: “[...] CUIDADOR – é o profissional ou prestador de serviços, devidamente capacitado, que proporciona o atendimento e apoio necessários a alunos com deficiência, cujas limitações lhes acarretem dificuldade de caráter permanente ou temporário no cotidiano escolar, e que não conseguem, com independência e autonomia, realizar, dentre outras, atividades relacionadas à alimentação, higiene bucal e íntima, utilização de banheiro, locomoção, administração de medicamentos constantes de prescrição médica (mediante autorização escrita dos responsáveis, salvo na hipótese em que esta atividade for privativa de enfermeiro, nos termos da legislação).” Nanormatizaçãonacional,esseprofissionaltemadenominaçãodeprofissional de apoio. Essa expressão está presente nas Notas Técnicas nº 19/10 e nº 24/12 da SECADI-SecretariadeEducaçãoContinuada,Alfabetização,DiversidadeeInclusão, subordinada ao MEC, e na Lei Federal 13.146/15, dentre outrosdocumentos. Portanto, o CAESP/CAPE propõe que o termo Cuidador seja substituído por Profissional de Apoio para seguir as orientações nacionais acerca desse profissional. 7.2 ProfessorInterlocutor O profissional que realiza, na sala de aula regular, a interpretação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) aos alunos com deficiência auditiva que fazem uso dessa Língua são denominados, na Secretaria de Educação, de professores interlocutores. NãosãochamadosdeintérpretesdeLIBRASporteremsuasfunçõesvoltadas à interpretação de conteúdos pedagógicos, ou seja, são professores que realizam uma mediação didática. Portanto, não basta que saibam LIBRAS, mas precisam ter uma 77 formação na área da docência. Dessa forma, a Secretaria de Educaçãoacredita oferecer um atendimento mais qualificado aos alunos com deficiência auditiva que utilizam a LIBRAS como forma decomunicação. 78 A Resolução SE nº 08/16 preconiza, em seu Artigo 1º:“Artigo 1º - Serão atribuídas aulas a docente para atuar, como interlocutor da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, na unidade escolar que contar com alunos matriculados em ano/ série do ensino fundamental ou médio, inclusive na Educação de JovenseAdultos-EJA,comdeficiênciaauditiva,surdosousurdocegoseque utilizem a LIBRAS como forma de comunicação, observado o disposto na presente resolução.” Portanto, a atuação desse docente é específica, não podendo ser, somente, de interpretação sem nenhum caráter pedagógico. Além disso, esse profissional pode atuar junto a alunos com surdocegueira, caso tenham formação paraisso. 79 8. DIVERSIDADE X INCLUSÃO: CONCEITO, TEORIAE PRÁTICANAEDUCAÇÃOINFANTIL 8.1 Inclusão: Aspectos Legais eConceituais A inclusão escolar prevista pela Lei de Diretrizes e Bases (LDBeN), N° 9394, de 20 de dezembro de 1996, e pela Constituição Federal, foi um marco histórico, conquistado após anos de questionamentos e reflexões de diversas categorias profissionais, em especial a pedagogia, sobre o tema. Sabemos que a lei é um instrumento importante na garantia da inclusão, pois busca equipar e superar dificuldades maiores que os demais alunos com a mesma idade, em virtude dessa singularidade, esses alunos precisam de estratégias pedagógicas e métodos próprios para sua aprendizagem. Apropostaemetodologiadeensinotalqualdescritanaletradalei,sugereuma forma de educar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, com professores capacitados para atender as necessidades de todos os alunos, qualquer que seja o nível de educação. Porém além de questão política educacional faz se necessário comprometimento e motivação dos profissionais para integrar esses alunos nas classesregulares. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) classifica e categoriza o aluno com necessidades especiais em diversos tipos de deficiência, no entanto não trata especificamente de outras subjetividades as quais os alunos também necessitam de um apoio e mediação de profissional capacitado para promover a inclusão e respeito a diversidade. Dentre esta diversidade nem sempre falamos de pessoas com deficiência, mas pessoas diferentes e que devem conviver de forma ética e solidária, respeitando as diferenças, tratando como igual. Namesmalinhadainclusãodealunoscomdeficiência,tambémsepercebeumacerta urgênciadenovasideiassobrenecessidadesdascrianças,emespecialnaEducação infantil. O trabalho das instituições deve estar amparado pelaLDB(1990),noqueserefereaooferecimentoderecursosaosalunossegundosuasnec80 essidades.Postoissooqueseobservaéumanecessidadedeatençãoafatoresescolares, comoaflexibilidadeesensibilidadedosprofessores,agestãoescolar,aproduçãode informaçãoepesquisa,aformaçãodepessoaldocente,aofertadeserviçosexternos deapoioeetc;bemcomoanecessidadedeumamaiordisponibilidadederecursos 81 para a construção de escolas inclusivas e reflexivas e maior participação da comunidade escolar – interna e externa. Ainclusão,queédecorrentedaintegração,sediferencioudessaporsugerirquenãos ãoascriançasquedevemseajustarasexigênciasdaescola,eraosistemadeeducaçãoqued everiaserrevistoparaatendertodososalunosindependentedesuascondiçõespoiséodeve rdaescolaserofacilitadornaintegraçãosocialdoaluno.Oconceitodeintegração,segundo Mazotta(1982)deveenvolveroespaçoeotempo de convivência no mesmo ambiente. Assim quanto maior aoportunidadedeconvivênciamelhorosresultados,desdequeaescolaeoambientesejam preparados adequadamente para uma integração de forma “gradativa”. No entanto o que percebemos nas produções e práticas atuais é que vivemos um momento de valorização da igualdade e de inclusão nas sociedades atuais. Diversos grupos e minorias buscam possibilidades de valorização pessoal e social, e mesmonãotendoaconsciênciadalutapelosdireitos,ascriançascontamcomatores e militantes em busca da inclusão e da convivênciasocial. A segregação vivenciada historicamente pela pessoa com deficiência, hojeem dia se configura em socialização e todas as leis criadas corroboram para a garantia desses direitos. Ainda um desafio posto nos espaços de inclusão refere-se aquestão da integração Social da pessoa com deficiência, ou seja, o processo de integração, participação ativa dos grupos, e com toda a comunidadeescolar. A educação inclusiva aponta para uma possibilidade legal de educação para todos,istoéaeducaçãoquevisareverteropercursodaexclusão,aocriarcondições, estruturas e espaços para uma diversidade de educandos. Desta forma buscamos o ideal de uma escola inclusiva que possa transformar não apenas a estrutura física, masaspectossubjetivoscomoasatitudeseamentalidadedoseducadoresedetodos os atores da comunidade escolar, para aprender a lidar com asdiferenças. A Educação Especial é de responsabilidade de todos, sem exclusividade ou exclusão dos poderes públicos e particulares. A partir das trocas e interações, as criançasampliamsuaschancesdeseapropriarcommaisqualidadedomundoaoseu redor. 82 Elas são seres sociais por natureza, e podem aprender desde cedo a coexistir sem maioresconflitos. Asociedadesóseráinclusivasepudermosidentificarcontradições,paradoxos epromoverrupturas.Enfrentarpesadelos,superaroconformismoenãodesistirda 83 utopiadaeducaçãoinclusivacomoumparadigmaeducacionalbuscandorompercom as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora daescola. A Educação Inclusiva, em especial na educação infantil, supõe uma atenção individualizada e ao mesmo tempo social, sem preconceitos ou discriminações, respeitando e ofertando uma atenção de qualidade para todos os alunos, em seus diferentes ritmos de aprendizagem, cultura e estilos. As limitações encontradas no sistema educacional são inúmeras para uma educaçãodequalidadeapessoascomnecessidadesespeciais,entretantoépossível reverter o quadro, ou seja, reconhecer a diversidade existente nos espaços de socialização das crianças, em especial nos espaços escolares, é fazer socialização um meio de transformação, valorização da diferença e da singularidade de cada pessoa, tenha ela deficiência ou não. Nesse sentido existe o desafio de incluir, com sucesso, todas as crianças no processo de ensino-aprendizagem o que exige que as escolassejamverdadeiramenteinclusivas,eabertasàdiversidade.Háquesereverter o modo de pensar, e de fazer educação nas salas de aula, de planejar e de avaliar o ensino e de formar e aperfeiçoar o professor, especialmente os que atuam nos primeiros anos de ensino bem como no ensino fundamental. É importante a inclusão dentro e fora da escola, nesse sentido, é coerente a ideia de Ferrera e Guimarães (2003,p.117). “A inclusão é uma força cultural para a renovação da escola, mas, para ter sucesso, as escolas devem torna-se comunidades conscientes. Sem esse sentidode comunidade, os esforços para alcançar resultados expressivos são inoperantes.” Portanto, é imprescindível dominarmos bem os conceitos exclusivistas para que possamos ser participantes ativos na construção de uma sociedade que seja realmente para todas as pessoas, independentemente de cor, idade, gênero, tipo de necessidade, deficiência especial e qualquer outro atributo pessoal. Muitos caminhos ainda devem ser percorridos, barreiras a serem derrubadas, no que diz respeito aos aspectos técnicos, materiais, políticos e humanos, mas é preciso considerar os avanços alcançados, é preciso valorizar as competências coletivamente construídas em um período tão curto, que vêm proporcionando a 84 promoção da Educação Inclusiva. O papel da escola se apresenta, portanto, como uma instituição que promove e entende uma educação com qualidade, a educação que respeita a diversidade e amplia cada vez mais os recursos necessários para a aprendizagem dos sujeitos 85 como cidadãos, ou seja, um campo aberto essas probabilidades ou possibilidadesde real inclusão escolar esocial. Para que estes paradigmas da educação tradicional seja ressignificados, é necessário, além da flexibilidade e adaptações dos planos de ensino, metodologias e recursos; que os processos de avaliação sejam adequados ao desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades especiais, sendo relevante pensar também a oferta de serviços de apoio especializado (pedagógico, psicológico e de outras áreas afins), realizado nas classes comuns, valorizando os professores especializados em educação especial. O segredo do sucesso na inclusão é a disposição para trabalhar e construir uma rede que se adapte e pense em estratégias que superem as limitações dos profissionais e possa de verdade dar apoio a todos. Todos os alunos, independentemente de deficiência, querem se sentir incluídos, fazer amizades e conviver de maneira saudável. A integração também é um direito que deve ser garantido a todas as crianças e mediada pelo profissional envolvido na educação das crianças com ou sem necessidadesespeciaisouespecíficas.Emumaperspectivamaisampla,aintegração contémformulaçõesquepermitemainclusãodealgunsalunoscomasmaisdiferentes especificidades no do sistema regular deeducação. Devemoslevaremconsideraçãoqueumapropostadeatendimentointegrativa necessita de investimentos e comprometimento, embora algumas escolas já tenham feito as adaptações necessárias como rampas, elevadores, banheiros, sinalizações, para todos (braile e sinais), mas estamos muito aquém do necessário. Não só no aspecto estrutural, mas em nível de consciência social epolítica. No Brasil, apesar de mais tardiamente que em outros países, contamos com um dispositivolegalemdefesaaoatendimentoeducacionalàspessoascomdeficiências, asaber,aConstituiçãoFederalde1988,emseuartigo208eaLDBEN9394/96,mas foi nos últimos anos que se intensificou na prática a política educacionalinclusiva. A escola é um sistema submetido não só aos termos legais, mas também aos valores sociais e culturais dominantes. Não basta a organização escolar estar 86 adaptada a letra da Lei, se não houver maturidade do profissional em educação na busca de um trabalho efetivo, de uma vivência para a construção do conhecimento, com capacidade de desenvolver recursos nos alunos para lidar com a frustração das possibilidades de insucessos. E para que esse profissional possa atingir todas essas 87 metas desafiantes, precisa ser incluído nos planos governamentais de capacitação e apoio constantes, garantindo assim,maiores possibilidades de real atendimento a Educação Inclusiva. Criançascomaautoestimaelevadasãoasquesedesenvolvemmaissegundo pesquisas feitas através de observações em sala de aula. Geralmente elas surgem defamíliasestruturadas,queporsuaveztemafunçãodeformarocaráter,deeducar para os desafios davida. A educação de pessoas com deficiência surge de forma solidária, contudo ainda de maneira segregada e excludente. Apresentava caráter assistencialista e terapêuticopelapreocupaçãoemespecialdaigrejaedereligiososnaEuropa.Depois de alguns anos, surgiram na América do norte, programas de cuidados básicos a saúde, alimentação, educação e moradia, para uma parcela da população, até então abandonada pelasociedade. Estudantes com necessidades especiais eram aqueles que possuíam dificuldades maiores que os demais alunos com a mesma idade, em virtude dessa singularidade,essesalunosprecisamdeestratégiaspedagógicasemétodospróprios para suaaprendizagem. Esse método de ensino, compreendido como educação especial, não era oferecidonarederegulardeensino,nemhaviaprofessorescapacitadosparaatender essealuno,emnívelmédioousuperior,eprofessorescomespecializaçãoadequada, para integrar esse aluno nas classesnormais. Toda essa nova perspectiva e problematização das novas metodologias foram embasadasnosmovimentosinternacionaisafavordainclusãosãocomoConferência Mundial sobre Educação para Todos (Tailândia, 1990) Declaração de Nova Délhi (Índia, 1993) e Declaração de Salamanca (Espanha, 1994). O Brasil foi convidado, mas não participou, contudo, influenciado por esses movimentos, reformula seus marcos legais como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), passando a classificar o aluno com necessidades especiaiscomo: Criançascomdeficiência:alunosqueapresentamdeficiênciamental,física, 88 auditiva, visual oumúltipla; Crianças com condutas típicas:alunos com comportamentos de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos, ou psiquiátricos que afetam o desenvolvimento e envolvimento social;Criançasdealtorisco:alunosquetemoseudesenvolvimentodebilitadopo r causa de fatores da gestação inadequada, alimentação imprópria, nascimento prematuroetc; 89 Portadoresdealtashabilidades:ossuperdotados,poisapresentamgrande nívelintelectual,aptidãoacadêmicaespecífica,capacidadecriativaprodutiva, altaperformanceemliderança,elevadacapacidadepsicomotora,talentopara asartes. AConstituiçãoFederal,emseuartigo206,estabeleceodireitodosalunoscom necessidades educacionais especiais de frequentarem os serviços de atendimento educacional especializado (BRASIL, 1988). Porém ainda necessitamos de maiores esclarecimentoseadequaçõesdasinstituiçõesparaquedefatoasdiferençaspossam sertrabalhadas. As necessidades especiais educacionais tratam-se de toda dificuldade que o sujeito tem em aprender, a escola precisa achar um método de ensinar todas as crianças e jovens, incluindo aqueles que possuem inferioridade física e intelectual para que eles possam obter êxito em seu desenvolvimento educacional. É necessário que aconteça algumas mudanças na rede de ensino, reconhecer e valorizar é o princípio para uma educação que atenda as diversidades com a garantiadesucesso,compreendendoasváriasformasdesernaheterogeneidadedo ser humano. A inclusão, que é decorrente da integração, se diferenciou dessa por sugerir que não são as crianças que devem se ajustar as exigências da escola, era o sistema de educação que deveria ser revisto para atender todos os alunos independente de suas condições, pois é o dever da escola ser o facilitador na integração social doaluno. O conceito de integração, segundo Mazzota, (1982) apresentavam as seguintes dimensões: Integração Física:envolve o espaço e o tempo de convivência no mesmo ambiente. Assim quanto maior fosse a oportunidade de convivência melhor seriam os resultados, desde que a escola e o ambiente fossem preparados adequadamente e a integração ocorresse de forma“gradativa”. Integração Funcional: supõe a utilização dos mesmos recursos educacionais disponíveis no ensinocomum. Integração Social:Diz respeito ao processo de integração com omeio, àcomunicaçãoeàinter-relaçãopormeiodaparticipaçãoativadosgrupos,naescola e 90 nacomunidade. PortantoaEducaçãoInclusivavemganhandoforçanoBrasildesdemeadosda décadade1990,eampliasuaconcepçãodeeducaçãoespecial,tendoafinalidade 91 de permitir a todos os alunos os mesmos direitos daqueles que não possuem nenhuma deficiência ou que não sofram nenhum tipo de preconceito, a ter o direito a educação, possibilitando a matrícula nas escolas de ensino regular, concedendo, àqueles que necessitarem, atendimento pedagógico especializado. Para a criança em desenvolvimento, é importante a manifestação de afetividade,esolidariedade,sepretendidoosensoinclusão.Estemovimentodeveser não apenas educacional, mas também social e político no que se refere aestratégias deintervençãoconscienteeresponsável,nocontextoeducacional,paraquenofuturo as crianças venham também, defender o direito de todos os alunos desenvolverem e concretizarem as suaspotencialidades. 92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MADUREIRA,G.H.(2016).AtendimentoDeAlunosComNecessidadesEducacionaisEsp eciais. Cengage, 2016.São Paulo –SP. 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