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Marcas são elementos de identificação visual, como logomarcas, que representam empresas e produtos. Elas surgiram durante a Revolução Industrial como uma forma de diferenciar produtos no mercado e facilitar a identificação de quem os produziu. Inicialmente, serviam apenas para distinguir produtos, mas evoluíram para incluir identidade e personalidade próprias. A identidade de uma marca é composta por elementos como logotipo, nome, slogan, jingle e mascote, que ajudam a criar uma imagem distinta e reconhecível. Além disso, marcas se apropriam de características humanas para se conectar emocionalmente com os consumidores, criando personalidades que se comunicam diretamente com seu público-alvo. Essa personificação pode ser exemplificada por garotos- propaganda que representam a marca de maneira a refletir sua identidade. Por exemplo, marcas voltadas para jovens utilizam influenciadores jovens para estabelecer uma conexão. As marcas têm evoluído de simples identificadores para entidades complexas que engajam emocionalmente os consumidores, aumentando a fidelidade e incentivando a promoção da marca por parte dos clientes. As empresas investem em marcas fortes e valiosas para colher benefícios como a lealdade do cliente e a capacidade de competir de maneira eficaz no mercado. Enquanto produtos são físicos e estão presentes em prateleiras e estoques, as marcas vivem na mente e no coração dos consumidores. Elas simbolizam mais do que produtos e serviços; representam valores e promessas. O valor financeiro de uma marca aumenta conforme cresce a percepção de seu valor pelo público, abrangendo aspectos racionais (como durabilidade e funcionalidade) e emocionais (como status e responsabilidade social e ecológica). Quanto maior a valorização de uma marca pelo consumidor, mais forte é o vínculo emocional e menor a probabilidade de troca por concorrentes. Para isso, uma marca precisa de um posicionamento diferenciado e uma identidade bem definida. Algumas marcas são tão valorizadas que evocam imediatamente atributos positivos e valores. A personalidade de uma marca é formada por suas ações de comunicação, design e comportamento social. As escolhas de marcas pelos consumidores são baseadas em uma mistura de decisões racionais e emocionais, como empatia, afinidade e desejo. Quando uma marca estabelece uma relação sólida com o consumidor, ela se torna um símbolo de confiança. A tabela a seguir apresenta a relação do consumidor com o produto e a marca. Brand equity A diversidade de opções de comunicação, bem como a complexidade das ofertas, aumentou muito nos últimos anos, o que vem impondo novos desafios aos profissionais que cuidam da imagem e da estratégia das marcas. Um conceito de Marketing que vem sendo utilizado, cada vez mais, nas estratégias de marcas é o de branding e, por conseguinte, o de brand equity. Branding é o processo de construção e fortalecimento de uma marca, indo além de simples logotipos ou etiquetas. Envolve a transferência de valores agregados e promessas associadas à marca para os produtos, diferenciando-os no mercado. Consumidores tendem a preferir produtos de marcas conhecidas devido à confiança e credibilidade que estas inspiram, mesmo quando os produtos são idênticos. Um branding eficaz gera vantagem competitiva ao fazer com que os consumidores escolham produtos com base na marca, não apenas no preço. Para isso, é crucial desenvolver uma identidade de marca clara e diferenciada que gere uma conexão emocional com os consumidores, promovendo a fidelidade. Elementos de branding, como logotipos e garotos-propaganda, são essenciais para personificar a marca e estabelecer essa conexão. A escolha de garotos-propaganda pode ter um impacto profundo, pois eles podem influenciar a percepção do consumidor e, em casos extremos, levar consumidores a seguir uma marca concorrente. Portanto, branding é fundamental para marcar e diferenciar produtos, atribuindo-lhes o valor agregado da marca. Fazer branding é gerir uma marca com o objetivo de transformá- la em algo desejado e admirado pelo consumidor, algo que desperte sentimentos positivos em sua mente. O termo "branding" refere-se à gestão de uma marca, focando não apenas na concorrência, mas principalmente no consumidor. Segundo Luciano Montelatto (2016), essa gestão é sustentada por três pilares principais: 1. Detalhamento do público-alvo: Baseado em segmentação e pesquisas. 2. Posicionamento da marca: Definição da identidade e personalidade da marca. 3. Construção multissensorial: Exploração dos cinco sentidos do consumidor na experiência com a marca. A Revista HSM (2019) discute o branding como uma abordagem que vai além do Marketing tradicional. Seus efeitos são profundos, envolvendo tanto a atração de novos clientes quanto a retenção dos atuais. Branding não se trata apenas de conquistar clientes, mas também de entender por que eles são perdidos. Kotler e Keller (2012) definem o branding como o processo de dotar bens e serviços com o poder de uma marca, criando diferenças e ensinando aos consumidores sobre o produto. O objetivo é estruturar o conhecimento dos consumidores, facilitando sua tomada de decisão e gerando valor para a empresa. A gestão da imagem de uma empresa através do branding deve produzir uma sensação positiva no consumidor, aumentando o valor percebido dos produtos/serviços (brand equity), o que se reflete em como os consumidores pensam, sentem e agem em relação à marca, assim como nos preços, participação de mercado e lucratividade. O conceito de "branding equity" (ou valor da marca) refere-se ao valor agregado que uma marca tem na percepção do consumidor. Isso não é determinado apenas pelas ações da empresa, mas pela maneira como o consumidor percebe essa marca. Para criar branding equity, uma empresa deve se concentrar em como o consumidor percebe o valor da marca e não apenas nas ações da organização. Um exemplo clássico é o caso da Coca-Cola. Mesmo quando experimentando produtos como Pepsi, os consumidores podem ainda preferir Coca-Cola devido à força da marca. Pesquisas recentes, como aquelas envolvendo ressonância magnética cerebral, demonstram que a Coca-Cola ativa áreas do cérebro relacionadas à tomada de decisão, sugerindo que a marca influencia fortemente nas escolhas dos consumidores. Portanto, o branding equity é um processo que pode durar anos, exigindo consistência e conexão da marca com o consumidor. Uma marca forte pode criar uma conexão emocional e influenciar as decisões dos consumidores, tornando-se um ativo valioso para a empresa. Em seu estudo sobre brand equity, Sampaio define o conceito como o valor adicional que uma marca proporciona tanto ao consumidor quanto à empresa, em termos de diferenciação e experiência. Ele ressalta que o brand equity para o consumidor é o valor adicional que ele está disposto a pagar devido à experiência positiva acumulada com a marca, enquanto para a empresa, é a soma do valor de mercado, refletindo a preferência dos consumidores e o quanto eles estão dispostos a pagar acima do custo do produto ou serviço. O caso clássico da Coca-Cola exemplifica bem esse conceito. A tentativa da Coca-Cola de alterar sua fórmula para competir com a Pepsi resultou em um fracasso, pois os consumidores rejeitaram a nova fórmula, percebendo a marca como algo mais do que apenas um refrigerante. A marca Coca-Cola tem um significado cultural e emocional, sendo vista como um ícone americano, e a reação negativa dos consumidores mostrou que a empresa perdeu de vista o que a marca representa para eles. Este caso da New Coke é citado como um exemplo emblemático dos erros em pesquisa de mercado e estratégia de branding. Após a rejeição da nova fórmula e o relançamento da Coca-Cola Classic, a marca entendeu que sua força reside não apenas nos ingredientes ou na qualidade do produto, mas na conexão emocional e cultural queela tem com os consumidores. A partir deste exemplo, Keller e Machado (2006) ressaltam a importância de garantir que os clientes tenham experiências positivas com a marca e seus produtos para construir um brand equity positivo. O brand equity baseado no cliente busca analisar o impacto dessas experiências na percepção do consumidor e na sua escolha em relação à marca. Recentemente, em 2019, a Coca-Cola relançou a New Coke como parte de uma estratégia para fortalecer sua presença na mente dos consumidores, conectando a marca ao contexto nostálgico da série Stranger Things. A ação não visou dar uma segunda chance à fórmula, mas sim reforçar o brand equity com base no cliente, destacando como a marca pode manter um impacto cultural e emocional significativo mesmo em edições limitadas ou ações especiais. Em resumo, o brand equity é essencial para a gestão estratégica de uma marca, pois reflete a influência que a marca tem na decisão do consumidor e como ela é percebida em termos culturais e emocionais. De acordo com Kotler e Keller (2012), existem três componentes na definição de um brand equity positivo ou negativo: 1. Diferença na resposta do consumidor: Se o produto não se diferencia pela marca, ele é considerado commodity, com concorrência focada no preço. 2. Conhecimento da marca pelo consumidor: Este é resultado da experiência do consumidor com a marca, incluindo crenças, pensamentos e imagens associadas a ela. 3. Reações a partir do marketing da marca: Incluem percepções e comportamentos relacionados à comunicação da marca. O case de Knorr exemplifica como a empresa trabalha o brand equity ao utilizar storytelling em sua estratégia de comunicação para destacar o sabor como diferencial. A marca tem uma coleção de produtos que, à primeira vista, têm pouco apelo, mas ela enfatiza o sabor e cria narrativas emocionais para reforçar a conexão com os consumidores. Para construir uma marca forte, algumas etapas são importantes neste processo (KELLER; MACHADO, 2006): • Criar identificação da marca Buscar uma associação da marca com uma categoria específica ou com alguma necessidade do cliente. • Criar um significado para a marca Estabelecer um vínculo da marca na mente do cliente, criar um conjunto de associações que façam a marca ter um significado singular para o consumidor. • Estimular respostas à marca Provocar respostas adequadas a essa identificação e significados que atribuem à marca. • Conversão em relacionamento Fazer com que a resposta à marca se transforme em fidelidade de marca. A partir desse modelo, entende-se que a construção de uma marca pressupõe a estruturação de um amplo e profundo conhecimento da marca, cujo relacionamento com o cliente é harmonioso e próximo, com alto de grau de fidelidade e compartilhamento dessa experiência positiva. Ao proporcionar experiências únicas e memoráveis para o cliente, as empresas estabelecem com eles relações duradouras e posicionam suas marcas entre as favoritas pelo mercado consumidor.