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CRIAÇÃO DE bRAND EQUITy | cAPÍtuLo 11 349348 pARTE 4 | CONSTRUÇÃO DE MARCAS fORTES Figura 11.7 Método de avaliação da marca da Interbrand Impulsionadores de demanda Lucratividade da marca Taxa de desconto da marca Benchmarking competitivo Segmentos de mercado Valor da marca (valor presente líquido de lucros futuros da marca) Análise �nanceira Ganhos econômicos Papel do branding Força da marca Gerenciamento de brand equity Visto que as respostas dos consumidores à atividade de marketing dependem do que sabem e lembram sobre uma marca — como sugere a cadeia de valor da marca —, as ações de marke- ting de curto prazo, que modificam o conhecimento sobre ela, necessariamente aumentam ou diminuem o sucesso de futuras ações de marketing. reforço da marca Como um ativo fundamental e duradouro da empresa, uma marca precisa ser cuidadosamente gerenciada para que seu valor não sofra depreciação.62 Muitas marcas líderes de 70 anos atrás permanecem líderes até hoje — Wrigley’s, Coca-Cola, Heinz e Campbell —, mas isso só foi pos- sível graças à batalha ininterrupta em busca do aperfeiçoamento de bens, serviços e marketing. O brand equity pode ser reforçado por ações de marketing que transmitam com coerência o significado da marca para os clientes no tocante a (1) quais produtos ela representa, quais van- tagens principais oferece e quais necessidades satisfaz; e (2) como a marca torna esses produtos superiores e quais associações fortes, favoráveis e exclusivas devem existir na mente dos consu- midores.63 A Nivea, uma das marcas mais fortes da Europa, expandiu seu escopo deixando de ser uma marca de cremes para pele para se tornar uma marca de tratamento de pele e cuidados pessoais. Isso graças a extensões de marca criteriosamente desenvolvidas e implementadas, que reforçavam a promessa da marca de ‘suavidade’, ‘delicadeza’ e ‘cuidado’. Para reforçar o brand equity, é preciso que a marca esteja sempre avançando na direção correta e com novas e persuasivas ofertas e canais de venda. Em praticamente toda categoria de produto, marcas outrora proeminentes e admiradas nos Estados Unidos — como Circuit City, Fila, Polaroid e Slim-Fast — perderam liderança em tempos de crise ou até mesmo saíram do mercado.64 Vejamos a situação difícil pela qual passou uma marca antes superior, a Nokia.65 BOOK_KOTLER_OK.indb 348 05/12/18 18:42 CRIAÇÃO DE bRAND EQUITy | cAPÍtuLo 11 349 nokiA Por 14 anos, a nokia dominou as vendas de celulares como a líder mundial do setor antes de ser superada pela Samsung em 2012, marcando o fim de uma era. no passado, tida como o orgulho da finlândia, a empresa viu-se ultrapassada pela concorrente inclusive em sua terra natal. como uma mar- ca tão bem-sucedida pôde cair por terra? em poucas palavras, ela não conseguiu inovar e permanecer relevante. A nokia não reagiu ao grande sucesso do iPhone — e às subsequen- tes mudanças na demanda dos consumidores — por considerá-lo muito caro de produzir e não estar à altura de seus próprios padrões de produto. o iPhone teria falhado no ‘teste de queda’ da nokia, no qual um aparelho é larga- do de uma altura de 1,5 metro em diferentes ângulos. A empresa finlandesa havia gasto uS$ 40 bilhões em P&d na década anterior e era pioneira do smartphone, mas optou por não investir em aparelhos que antecipassem o que o iPhone acabou representando. Sem os novos produtos certos, a nokia começou a ser associada pelos consumidores a uma era diferente da tecnologia, um golpe fatal no mercado acelerado e tecnologicamente inten- sivo de smartphones. Ao deixar de inovar o suficiente e permanecer relevante, a nokia perdeu rapidamente a liderança de mercado. c ré di to s: © k um ar s ris ka nd an /a la m y. Uma parte importante do reforço de marca consiste em prover um suporte de marketing coe- rente. Coerência não significa uniformidade e imutabilidade: embora haja pouca necessidade de se desviar de um posicionamento bem-sucedido, muitas modificações táticas podem ser necessárias para manter o impulso e o direcionamento estratégicos da marca. Quando uma modificação é real mente necessária, as fontes de brand equity devem ser preservadas e protegidas a todo custo. É importante reconhecer as trocas compensatórias entre as atividades de marketing que fortale- cem a marca e reforçam seu significado, tal como uma melhoria de produto bem recebida ou uma campanha publicitária criativa, e aquelas que alavancam ou se valem de um brand equity preexis- tente para obter alguma vantagem financeira.66 Em algum momento, o fracasso em reforçar a marca diminuirá seu reconhecimento e enfraquecerá sua imagem. Confira o que aconteceu com a Sears.67 seArs uma empresa norte-americana clássi- ca, a Sears foi uma das mais fortes marcas de loja de departamento por mais de 100 anos, associada a mercadorias de alta qualidade e atendimento ao cliente receptivo. Ao enfren- tar dificuldades financeiras no início dos anos 2000, a empresa começou a agressivamente vender ativos e cortar custos para manter suas metas de receita. como resultado de gastos de apenas uS$ 2 a uS$ 3 por pé quadrado em manutenção anual e reparo de suas lojas, muito inferior aos uS$ 6 a uS$ 8 despendido pelos concorrentes target e Walmart, a Sears começou a ouvir reclamações de clientes sobre vendedores desatentos, prateleiras desorgani- zadas e lojas em condições precárias. como observou um analista, “eles não estavam cumprindo sua promessa. os consumidores são muito sofisticados e entravam nas lojas para encontrar o mesmo velho lugar... sem o frescor, o entusiasmo ou a interatividade da experiência”. de acordo com o índice de sa- tisfação do cliente da AcS, em 2012, a Sears foi classificada em 10º lugar entre 11 lojas de departamento e de desconto, e as vendas nas lojas já existentes apresentavam um declínio prolongado de seis anos. reviTalização da marca Qualquer fato novo no ambiente de marketing pode afetar o sucesso de uma marca. Entretan- to, várias marcas conseguiram se recuperar de forma impressionante nos últimos anos.68 Após passar por um período de dificuldades no mercado automobilístico, Cadillac, Fiat e Volkswagen obtiveram êxito na retomada de seu sucesso em diferentes graus. BOOK_KOTLER_OK.indb 349 05/12/18 18:42 CRIAÇÃO DE bRAND EQUITy | cAPÍtuLo 11 351350 pARTE 4 | CONSTRUÇÃO DE MARCAS fORTES O resgate pela General Motors de seu Cadillac em declínio foi turbinado por uma revisão com- pleta de sua linha de produtos com novos modelos que redefiniram seu visual e estilo, como é o caso do crossover SRX, dos sedãs XTS e CTS, do SUV Escalade e do novo sedã esportivo ATS. Uma boa dose de marketing inovador, como o primeiro uso de uma música do Led Zeppelin em propaganda, também ajudou.69 De modo geral, a primeira coisa a ser feita para revitalizar uma marca é compreender quais eram as fontes de brand equity. As associações positivas estão perdendo sua força ou singulari- dade? As pessoas passaram a associar coisas negativas à marca? Em seguida, é necessário tomar decisões sobre a manutenção de um posicionamento existente ou a criação de um novo, e, se for o caso, qual posicionamento adotar.70 Às vezes, a fonte do problema é o programa de marketing não cumprir a promessa da marca. Nesse caso, uma estratégia de ‘retorno às origens’ pode ser adequada. Como vimos anteriormente, a Harley-Davidson reconquistou sua liderança de mercado atendendo melhor às expectativas dos clientes quanto ao desempenho de seus produtos. A Pabst Brewing Company fez isso voltando às raízes e alavancando sua embalagem e imagem icônicas e uma percepção de autenticidade. Porém, em outros casos, o antigo posicionamento deixa de ser viável e uma estratégia de ‘rein- venção’ torna-se necessária. A Mountain Dew teve a imagem de sua marca completamente reno- vada e virou uma potência em refrigerantes. Como sua história revela, muitas vezes é mais fácil reavivar uma marca ainda em circulação, mesmo que estejaum tanto quanto esquecida. A Old Spice é outro exemplo de uma marca que transcende suas raízes como um kit clássico de pós-barba e colônia, que os baby boomers davam de presente no Dia dos Pais, para se identificarem positiva- mente com os produtos contemporâneos de cuidados masculinos para o público mais jovem da geração Y. Para revitalizar a Old Spice, a P&G recorreu à inovação de produto e a comunicações cômicas que enfatizavam a ‘experiência’ da marca.71 Obviamente, as estratégias de revitalização formam um continuum, que vai desde o puro ‘re- torno às origens’ até a pura ‘reinvenção’ e várias combinações intermediárias. O desafio é, muitas vezes, mudar o suficiente para atrair novos clientes, mas não a ponto de afastar os antigos. Seja qual for a estratégia adotada, quase toda revitalização de marca começa com o produto.72 Vejamos como a Burberry deu a volta por cima.73 BurBerry A Burberry tem uma incrível histó- ria de mais de 160 anos. os clássicos trench- coats ingleses da empresa foram usados por soldados britânicos na Primeira guerra mun- dial; Sir ernest Shackleton usou um Burberry durante sua expedição à Antártida; e a marca foi designada como fornecedora oficial da famí- lia real. em 2006, no entanto, o padrão xadrez característico da marca não era mais conside- rado descolado; havia sido usado em muitos produtos e copiado por muitos falsificadores. A nova ceo, Angela Ahrendts, que crescera no meio-oeste dos estados unidos, ficou choca- da ao descobrir que, apesar do status icônico do trenchcoat, o casaco representava apenas 20% dos negócios globais da Burberry. Apesar de uma desconfiança geral, decidiu “reforçar nosso legado, nosso espírito britânico, enfati- zando e ampliando nossos principais produtos de luxo, inovando-os e mantendo-os no cora- ção de tudo o que fizemos”. Visando ao cliente de luxo do futuro, Angela retirou de 90% dos produtos o padrão xadrez excessivamente usa- do. um novo czar do design global, christopher Bailey, deu à marca uma sensibilidade mais unificada e contemporânea, resultando na criação de mais de 300 tipos de casacos, des- de capas e jaquetas até trenchcoats clássicos em uma variedade de cores e estilos. novas lojas foram abertas em locais desejáveis, e o treinamento para representantes de vendas foi intensificado. o site foi redesenhado para ser mais atrativo à geração Y, exibindo conteúdo emotivo inspirado na marca — como músicas, filmes, legados e histórias — e incluindo trans- missões simultâneas de desfiles da Burberry. A Burberry revitalizou sua marca concentrando-se nos produtos principais e retomando o foco em seu legado e estilo. c ré di to s: © c am er a pr es s lt d/ al am y. BOOK_KOTLER_OK.indb 350 05/12/18 18:43 Administração de marketing Parte 4: Construção de marcas fortes Capítulo 11 – Criação de brand equity Gerenciamento de brand equity