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Determinação do N ível de Renda e Produto Nacionais: O Mercado de Bens c Serviços 257 Figura 10.6 Como se trata de um modelo básico, cujo objetivo é mostrar como se dá o equilíbrio macroeconômico e como chegar a ele, algumas relações são sim plificadas, de forma que o modelo seja matematicamente determinado ou con sistente (ou seja, que contenha um mesmo número de equações e de variáveis a serem determinadas). Gradativamente, ao longo do capítulo, essas hipóteses simplificadoras serão removidas. 4.1 FUNÇÃO CONSUMO Uma das principais contribuições de Keynes foi estabelecer que o Consumo Agregado é uma função crescente no nível de renda nacional (y). c= / (y ) Por simplificação, supõe-se que o consumo é uma função linear da renda nacional (Figura 10.6): C = a + by onde: a = consumo autônomo, independente da renda (é o intercepto); b = propensão marginal a consumir (é o coeficiente angular, declividade). Função consumo agregado. A propensão marginal a consumir (PMgC ) é o acréscimo de consumo, dado um acréscimo na renda nacional: PMgC = b = 2 5 8 Economia M icro e Macro • Vasconcellos Segundo a chamada Lei psicológica fundamental de Keynes, a PMgC é positiva, mas inferior a um: 0 < PMgC < 1 Significa que, dado um aumento de renda (Dy), as pessoas reservam certa parcela para poupança, de forma que o aumento de consumo (DC) é sempre menor do que o aumento de renda, em termos agregados. O intercepto a (consumo autônomo) representa a parcela do consumo que não depende da renda, mas de outros fatores (riqueza, renda futura etc.). Ou seja, mesmo quando y = 0, então C = a (as pessoas não deixarão de consu mir). O conceito de propensão marginal a consumir é calculado com base em variações da renda e do consumo. Um outro conceito, a propensão média a consumir (PMeC), é o nível de consumo sobre o nível de renda: PMeC = — y 4.2 FUNÇÃO POUPANÇA Como vimos em Contabilidade Nacional, a Poupança S é a parcela da renda nacional não consumida, em dado período de tempo: S = y - C Como C = a + by, segue que: S = y - (a + by) = y - a - b y S = - a + ( l - b ) y onde (1 - b) = propensão marginal a poupar, que é o acréscimo da poupança agregada, dado um acréscimo na renda nacional, isto é: PMgS = 1 - b = — Ay Graficamente (Figura 10.7): w r atlas Determinação do N íve l de Renda e Produto Nacionais: O Mercado de Bens e Serviços 259 Figura 10.7 Função poupança agregada. Como PMgS = 1 - PMgC, segue que: PMgS + PMgC = 1 Analogamente ao conceito de propensão média a consumir, temos tam bém o conceito de propensão média a poupar, que é medido com base em um dado nível de poupança, sobre um dado nível de renda: y - c y c c Como S = y - C, PMeS = ------ = — - — = 1 ----- y y y y Assim, PMeS = 1 - PMeC PMeS + PMeC = 1 Exemplo numérico: Suponhamos que a função consumo seja dada C = 10 + 0,8y Sabemos, então, que a função poupança é o complemento da função consumo S = - 10 + 0,2y e, portanto, PMgC = 0,8 PMgS = 0,2 2 6 0 Economia M icro e Macro • Vasconcellos Htfcn Figura 10.8 Graficamente (Figura 10.8): Função consumo e função poupança agregadas. Enquanto PMgC e PMgS no presente modelo são constantes em relação à renda (supondo funções lineares), PMeC e PMeS dependem do particular nível de renda. Por exemplo: • no nível de renda y = 100, segue que C = 10 + 0,8 (100) = 90 S - - 10 + 0,2 (100) = 10 90 10 PMeC = ^ = 0 , 9 e PMeS = ^ - = 0,1 • no nível de renda y - 200, C = 10 + 0,8 (200) = 170 e S = y - C = 200- 170 = 30 Neste caso, PMeC = ^ = 0,85 e PMeS = = 0, i 5 A observação empírica revela que países mais pobres apresentam propen- sões médias e marginais a consumir maiores que os países mais ricos; o contrá rio ocorre com as propensões a poupar, pelo fato de que, dado o nível de renda mais baixo, a maior parcela é gasta com consumo de subsistência da popula ção, restando uma pequena proporção para poupança. Determinação do N ível de Renda c Produto Nacionais: O M ercado de Bens c Serviços 261 4.3 FUNÇÃO INVESTIMENTO O Investimento Agregado talvez seja a mais importante variável ma croeconômica, tanto no modelo keynesiano, devido à influência das expectati vas, tipicamente de curto prazo, como nos modelos de crescimento e desenvolvi mento econômico, em que é o principal determinante do crescimento do produ to e do emprego. Ele desempenha duplo papel na teoria macroeconômica, que deve ser cla ramente entendido: a) investimento visto como elemento da demanda agregada: é a fase em que apenas se gasta com instalações, equipamentos etc., antes de o investimento maturar e resultar em acréscimos da pro dução, ou seja, nos refletimos ao curto prazo; b) investimento visto como elemento de oferta agregada: ocorre quando aumenta a capacidade produtiva, após a maturação do investimento, ou seja, quando redunda em aumentos da produ ção. Hipóteses sobre o Investimento, no modelo keynesiano básico de determinação da renda 1- hipótese: a curto prazo, o investimento afeta apenas a demanda agregada. O investimento como elemento de OA só comparece em modelos de cresci mento econômico de longo prazo, em que a oferta agregada também varia, pela maior disponibilidade de recursos, evolução tecnológica etc. 2a hipótese: o investimento é autônomo ou independente da renda nacional. T ou I */(y) Graficamente (Figura 10.9): / I Figura 10.9 Investimento agregado independente da renda nacional.