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capa_curvas.pdf 1 06/10/14 16:23 UnisulVirtual Palhoça, 2014 Universidade do Sul de Santa Catarina Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Sebastião Salésio Herdt Vice-Reitor Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Luciano Rodrigues Marcelino Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos Valter Alves Schmitz Neto Diretor do Campus Universitário de Tubarão Heitor Wensing Júnior Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual Fabiano Ceretta Campus Universitário UnisulVirtual Diretor Fabiano Ceretta Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) - Educação, Humanidades e Artes Marciel Evangelista Cataneo (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços Roberto Iunskovski (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria Diva Marília Flemming (articuladora) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social Aureo dos Santos (articulador) Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos Moacir Heerdt Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão Roberto Iunskovski Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos Márcia Loch Gerente de Prospecção Mercadológica Eliza Bianchini Dallanhol Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2014 Designer instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Janete Elza Felisbino Livro Didático Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2014 Professora conteudista Janete Elza Felisbino Designer instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald Projeto gráfico e capa Equipe UnisulVirtual Diagramador(a) Noemia Mesquita Revisor(a) Letra de Forma ISBN 978-85-7817-678-5 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 658.42 F35 Felisbino, Janete Elza Fundamentos do empreendedorismo em saúde : livro didático/ Janete Elza Felisbino; design instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald. – Palhoça: UnisulVirtual, 2014. 110 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-678-5 1. Empreendedor. 2. Saúde – Administração. I. Moellwald, Marina Cabeda Egger. II. Título. Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 Dimensões do empreendedorismo na área da saúde | 9 Capítulo 2 Processos legais das estratégias empreendedoras | 25 Capítulo 3 Estratégias empreendedoras na área da saúde | 51 Capítulo 4 Estratégias de Marketing | 65 Capítulo 5 Tecnologias da Informação | 83 Considerações Finais | 97 Referências | 99 Sobre a Professora Conteudista | 109 Introdução O estudo deste livro didático pretende auxiliar você a se inserir no mundo do “empreendedorismo em saúde”, ao oportunizar a aproximação a um conteúdo cujas reflexões e discussões remetem às possibilidades de empreender, de tornar-se um empreendedor. Seja qual for a área de estudos de sua formação, no contexto da saúde, você poderá vislumbrar possibilidades de tornar-se um empresário ou prestador de serviços. Para tanto, terá de esquadrinhar um território colocado à sua disposição. Empreendedorismo é um processo no qual indivíduos ou grupos integram recursos e competências para explorar oportunidades no ambiente, agregando valor em qualquer contexto organizacional, com resultados que incluem novos empreendimentos, produtos, processos, mercados e tecnologias. E você é ou será este empreendedor, profissional capaz de inovar, de criar novos produtos e serviços ao ser humano em determinado contexto do conhecimento. No contexto do mundo atual, a sociedade se vê forçada a buscar e formar pensadores e lideranças que possam trazer ideias novas para satisfazer necessidades e resolver os problemas contemporâneos, tornando-se um desafio para as instituições formadoras e os educadores deste século. Neste sentido, você deve ser preparado para atuar em situações e espaços com capacidade criativa, arrojada e empreendedora para que possa usufruir das oportunidades que aparecerem a sua volta; eis aí o grande desafio da Universidade! Este livro didático pretende levá-lo(a) a compreender as dimensões, os processos legais, as estratégias empreendedoras, as tecnologias da informação e estratégias de marketing na área da saúde, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades e competências na área do empreendedorismo de maneira tal que você possa identificar as dimensões, os princípios e as características do profissional empreendedor. Desejo que nesta trajetória você se torne capaz de propor novas estratégias empreendedoras na área da saúde, fazendo a diferença no contexto onde está inserido. Lembre-se: tudo é possível, basta acreditar! Bom estudo! 9 Habilidades Seções de estudo Capítulo 1 Dimensões do empreendedorismo na área da saúde Seção 1: Dimensões do empreendedorismo Seção 2: Características do profissional empreendedor Por meio da leitura e do estudo deste capítulo, você será capaz de identificar as dimensões do empreendedorismo, assim como as características do profissional empreendedor. 10 Capítulo 1 Seção 1 Dimensões do empreendedorismo Ao iniciar nossos estudos, considera-se pertinente e necessária uma contextualização histórica e conceitual sobre empreendedorismo e empreendedor. Os autores identificados como pioneiros no campo do empreendedorismo foram Cantillon (1755) e Say (1803). Entretanto, foi Schumpeter (1949) o primeiro a oferecer clara concepção da função empreendedora como um todo. Neste sentido, ele foi considerado como um visionário criativo e com capacidade de fazer sucesso por meio de suas constantes inovações, introduzindo, na literatura, em torno dos anos 1950, conceitos e outros conhecimentos sobre empreendedorismo e o processo de empreender. (SAUERBRONN, 2012). Mas o que significa empreendedorismo? A palavra empreendedorismo foi utilizada pelo economista Joseph Schumpeter como sendo a característica de uma pessoa com criatividade, capaz de fazer sucesso com inovações. As reflexões e informações sobre empreendedorismo permitem aqueles que possuem sonhos de autonomia profissional descortinar novas oportunidades de negócio a partir dos recursos que se encontram disponíveis nos diversos segmentos da sociedade. Empreendedorismo não trata apenas de pequenas empresas e novos empreendimentos. Não aborda apenas a criação de novos produtos ou serviços, mas, sim, inovações em todos os âmbitos do negócio – produtos, processos, negócios, ideias – enfim, uma grande variedade de aplicações inovadoras que ainda estão longe de serem esgotadas. (CHIAVENATTO, 2007, p. 261). A palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo ou inovador. Para Schumpeter (1952), é uma pessoa capaz de destruir a ordem econômica existente introduzindo novos produtos e serviços, criando diferentes formas de organização e explorando outros materiais. Derivada do latim imprehendere e traduzida da palavra inglesa entrepreneurship. 11 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Segundo Hisrich e Peters (2004, p. 27): A função do empreendedor é reformar ou revolucionar o padrão de produção, explorando uma invenção ou, de modo mais geral, um método tecnológico não experimentado, para produzir um novo bem ou um bem antigo de uma maneira nova abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais, ou uma nova comercialização, para produtos, e organizando um novo setor. Os conhecimentos adquiridos em uma área específica de formação para o empreendedor são significativos no desenvolvimento de ideias que permitirão a estes sujeitos dimensionar novos mercados e oportunidades de atuação, a partir da compreensão adequada dos significados de empreendedorismo e do processode empreender. A oferta de novos produtos e serviços no mercado está na dependência de indivíduos que enxergam, na realidade circundante, diferenciais e potenciais que se apresentam como espaços a serem construídos para a geração de riquezas a partir do conhecimento de cada área específica. Na área da saúde, são muitas as possibilidades de inovar na oferta de novas tecnologias a serviço do cidadão e da sociedade. O conceito sobre empreendedorismo está associado à economia, como fator impulsionador do desenvolvimento e crescimento econômico. Nesta linha de raciocínio, entende-se que a atividade empreendedora tornou-se central para o desenvolvimento dos países. No que diz respeito ao empreendedorismo, pesquisa realizada pela Endeavor Brasil (2013), com o apoio do Ibope teve como o objetivo principal identificar perfis empreendedores na sociedade brasileira. Vejamos alguns desses resultados: • os empreendedores brasileiros, em sua maioria, são homens (61%); • a idade média do empreendedor é de 38 anos; • quanto à escolaridade, 11% dos empreendedores cursaram o Ensino Superior, 35% cursaram até o Ensino Médio e 46% somente até o Ensino Fundamental. Essa deficiência é explicada pela baixa escolaridade do empreendedor sem funcionários e também daquele que não enxerga sua atividade como um negócio. O empreendedor com funcionários possui o maior nível de escolaridade entre todos os brasileiros. Isso reforça a opinião de que é importante, sim, investir na educação empreendedora. 12 Capítulo 1 Foi constatado que: • 76% dos entrevistados prefeririam ter um negócio próprio a ser empregado ou funcionário de terceiros; • 90% acreditam que empreendedores são geradores de emprego e que empreender é colocar a mão na massa, sendo uma forma de alcançar mais autonomia e satisfação. Por outro lado, três em cada 4 quatro brasileiros gostaria de empreender, porém apenas 19% acham muito provável abrir um novo negócio nos próximos cinco anos. É que, no Brasil, diferentemente de outros países, dinheiro é sempre um problema para o brasileiro, especialmente quando se fala em investir em um negócio próprio. Por esse motivo, 66% dizem que a falta de recursos financeiros é a principal razão, se constituindo, assim, num dos maiores índices do mundo. A educação aparece como fator importante para aqueles que desejam empreender, uma vez que 4% da população brasileira possuem maior sucesso profissional; estes também são os mais escolarizados. Além de terem iniciado negócios por oportunidade e sonharem grande, apresentam maiores rendas e acesso a bens de consumo e informação. Entre eles, 24% completaram o Ensino Superior. Por acreditarem que os empreendedores já nascem com este diferencial, poucos se preparam e priorizam treinamento. Neste sentido, sabe-se que todo conhecimento pode ser adquirido e desenvolvido, possibilitando àqueles que o detém maiores possibilidades de inovação e produção de mudanças. Os empreendedores brasileiros possuem um grande déficit de conhecimento para empreender, incluindo aqueles de nível maior de escolaridade. Os maiores problemas para gerenciar seus negócios dizem respeito à gestão de pessoas, ao fluxo de caixa e à própria administração. [...] mesmo que 76% da população queira empreender e a maioria abra negócios por enxergar oportunidades, existem 19% que preferem ser empregados a ter o próprio negócio. A principal razão para a preferência por ser funcionário é a estabilidade que o emprego proporciona, seguida pelo direito ao Seguro Social e outros benefícios e, em terceiro lugar, a possibilidade de evitar incertezas do mercado de trabalho quando empregado (chamada de “Renda fixa garantida” na comparação internacional). (ENDEAVOR BRASIL, 2013, p. 29). 13 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Neste cenário, a Endeavor Brasil (2013) faz algumas recomendações para impulsionar o empreendedorismo no Brasil, com o objetivo de expor as características do empreendedor que se deseja no país: • que sonhe, inove, seja ético e tenha capacidade de transformar problemas em soluções; • que mostre o que é empreender na prática; • que promova capacitações que habilitem os brasileiros a empreender; • que proporcione a desburocratização do processo de abrir e fechar empresas; e • que adote e divulgue propostas de apoio a empreendedores diversificados. O empreendedorismo nos países em desenvolvimento representa a oportunidade de geração de emprego e renda, assim como produção e concentração de riquezas, sendo propulsor da economia e gerador de melhores condições de vida à população. Por esta razão, deve haver investimentos, por parte dos governos, àqueles que desejam empreender, criar novos negócios ou fortalecer os já existentes, estimulando estes sujeitos ao enfrentamento dos riscos na geração de novos produtos e serviços. Empreendedorismo é um fator importante para a geração de empresas e para elevar os crescimentos econômicos sustentáveis, em países emergentes com a formação de novas empresas gerando empregos, distribuição de renda e criação de oportunidades para toda a sociedade. Os empreendedores tornam-se exemplos por assumir riscos, transformar as empresas, produtos e serviços e estimular outras pessoas através de suas conquistas e determinações. (SALES et al., 2008, p. 168). No contexto da saúde, há muito a se conquistar. Atualmente, há um panorama em que ainda se presta cuidado às doenças ao invés de promover a saúde. Os brasileiros estão vivendo mais e, portanto, é uma população que a cada dia tem procurado recursos e tecnologias que possam prolongar a longevidade e que permitam um envelhecimento saudável. Aqueles que buscam novas alternativas de cuidado muitas vezes se frustram por não encontrarem as opções que gostariam para suprir as suas necessidades, justamente por viver em uma sociedade culturalmente voltada para o cuidado da doença, necessitando provocar uma inversão destes valores, tão fortemente cristalizados. 14 Capítulo 1 [Os profissionais de saúde têm] o papel essencial para o desenvolvimento de uma ciência implementadora onde aplicações tecnológicas têm grande repercussão no desenvolvimento na área da saúde. [...] Há necessidade de formação de profissionais que sejam capazes de transformar o conhecimento técnico-científico, gerando grandes empreendimentos com intenção de revolucionar a área [da saúde] com aplicações a empreender novas idéias e oportunidades de relevância. (SALES et al., 2008, p. 168). Nos estudos sobre empreendedorismo, surgiram três dimensões abordadas por três pensadores que ilustram vertentes distintas, porém complementares, de explicações sobre a natureza do empreendedorismo, quais sejam: • visão econômica de Schumpeter; • visão comportamental de McClelland; e • visão administrativa de Drucker. Para exposição destas dimensões, optou-se por apresentá-las de acordo com a visão de Sauerbronn (2012). A primeira vertente deste pensamento é a visão econômica do empreendedorismo, que foi desenvolvida por Joseph Schumpeter. Conforme exposto, este teórico é reconhecido na literatura como autor de uma importante contribuição para o entendimento da ação empreendedora. A partir de considerações preliminares sobre a natureza dos fatos da vida humana, Schumpeter entende que estes nunca são pura ou exclusivamente econômicos, e que sempre existem outros aspectos em geral mais importantes, mas que aqueles que buscam empreender quase sempre têm a intenção de maiores ganhos econômicos, ou seja, o empreendedorismo é dirigido à aquisição de bens para melhorar ganhos financeiros e pouco relacionados com ganhos sociais ou satisfação de necessidades emocionais de realização pessoal ou profissional. De acordo com Sauerbronn (2012, p. 23), [...] para Schumpeter, o desenvolvimento se dá por meio de descontinuidades no sistema econômico que causam o deslocamento de seu ponto de equilíbrio. Para melhor entendimento dessa noção, contrastao desenvolvimento econômico com o crescimento que é entendido como o processo interno, ou seja, controlado pelo próprio sistema, de ajustes contínuos. Para Schumpeter, o novo não é alcançável a partir do antigo mediante passos infinitesimais. Na visão do autor, o novo surge na esfera empresarial quando, por meio da ação de indivíduos, surgem alterações na produção. Produção significa combinar materiais e forças que estão ao alcance do indivíduo, enquanto que empreendedorismo se manifesta quando novas combinações são desenvolvidas, ou seja, quando surgem novas formas de produção. 15 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A segunda dimensão, proposta por David McClelland, foi a visão comportamental do empreendedorismo. Sendo psicólogo, desenvolveu estudos focados no comportamento empreendedor. Tal comportamento deveria ser visto como propulsor do desenvolvimento econômico, porém seu foco de desenvolvimento é a questão das razões que fazem com que alguns indivíduos se envolvam em empreendimento, enquanto outros não. Conforme Sauerbroon (2012), McClelland aponta a questão do comportamento humano em relação a assumir papéis e que o comportamento empreendedor ou a função empreendedora seria um entre diferentes papéis que o indivíduo assume na vida social. Ao assumir o papel de empreendedor, o indivíduo concentra suas energias para alcançar o que ele denominou necessidade de realização. E, assim, esta necessidade é vista como um traço de personalidade em que o indivíduo se diferencia dos demais em função da sua motivação para o êxito, para a excelência e busca de conquista dos resultados em relação à satisfação de seu desejo de vencer, de ter sucesso. Em seus estudos, McClelland procurou evidências da associação entre alta necessidade de realização e desenvolvimento econômico. Em suas pesquisas concluiu que as pessoas com alta necessidade de realização, em geral, procuram assumir responsabilidade na busca de soluções para problemas, tomando iniciativas por vontade própria; necessitam feedback rápido sobre seu desempenho e costumam estabelecer metas desafiadoras e, nesse sentido, assumem riscos moderados em ações nas quais julgam ter controle sobre a possibilidade de sucesso. (SAUERBRONN, 2012, p. 24). Para McClelland, os indivíduos com comportamento empreendedor utilizam o dinheiro para avaliação do alcance de resultados, incluindo, em sua concepção de empreendedorismo, relações econômicas no processo de empreender. Entretanto, afirma que a ação empreendedora é motivada pela necessidade de realização e o resultado econômico é orientado pela necessidade que o indivíduo possui de obter feedback concreto sobre resultados de suas ações. Como terceira vertente, surge a visão administrativa do empreendedorismo de Peter Drucker. Para este autor, o empreendedorismo é uma disciplina do conhecimento humano e, portanto, está disponível para todos aqueles que queiram adquiri-lo, seja na forma individual ou organizacional. Neste sentido, em função de que as qualificações para empreender podem ser adquiridas, trata-se de um comportamento e não de um traço de personalidade ou de característica inata (SAUERBRONN, 2012). 16 Capítulo 1 Entende que a inovação é o instrumento específico do empreendedorismo, possibilitando construir uma teoria da economia e da sociedade, cuja tarefa principal é fazer algo novo. Para tanto, o empreendedor precisa desenvolver competências para buscar a mudança, responder aos requisitos que deem resposta a ela e transformá-la em uma oportunidade. A inovação sistemática deve ser o foco do que Drucker denomina Administração Empreendedora cuja aplicação pode ser feita em empresas existentes, na administração de serviços públicos ou em novas empresas. Para isso, é necessária a definição de políticas empreendedoras que envolvem ações relacionadas à: (1) liderança da obsolescência dos produtos; (2) percepção do novo como oportunidade e não ameaça; (3) trabalho no presente nos produtos que farão um amanhã diferente; (4) estímulo às práticas empreendedoras com autonomia; (5) foco da visão administrativa em oportunidades; (6) mensuração do desempenho inovador; e (7) criação de uma estrutura que permita a inovação. (SAUERBRONN, 2012, p. 25). As contribuições dos autores supracitados remetem às questões de maior significado ao processo de empreender, que apresenta como ponto de maior relevância a inovação. Resumidamente, podemos dizer que Schumpeter centrou seus estudos na estruturação do empreendedorismo como uma função econômica. McClelland entende que, entre os muitos papéis que desenvolvemos em nosso viver, o espírito empreendedor é um comportamento daquele indivíduo que busca realizar suas metas, mantém o foco para realizar seus sonhos. Drucker defende o empreendedorismo como uma disciplina do conhecimento humano, podendo ser adquirido de forma individual ou organizacional. No contexto do empreendedorismo, sujeitos empreendedores são capazes de detectar uma oportunidade e, a partir desta, incrementar ações que atendam a determinados fins, como a criação de empresas, tecnologias, produtos e serviços. Neste sentido, ideias empreendedoras significam solução de problemas a partir da detecção pelo empreendedor de uma oportunidade de negócio. Da mesma forma, o empreendedor deve se atentar para as ameaças que acompanham as oportunidades. Identificar as ameaças e transformá-las em oportunidade é um talento que deve ser desenvolvido por aqueles que empreendem, a partir da análise dos pontos fortes e fracos, adoção das medidas corretas para o enfrentamento destas situações, a partir da elaboração adequada de um plano de negócios, o qual será abordado no contexto deste livro. 17 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A exemplo disso, é muito comum, no contexto das relações de trabalho, a resistência dos pares em relação às mudanças necessárias à implementação de inovações, a qual representa uma ameaça. Neste sentido, deve ser feito um trabalho, que possibilite a tais resistências se transformarem em interesse, corresponsabilidade, adesão, cooperação e engajamento, para contribuição no processo das transformações necessárias à evolução do todo empreendimento. A esse respeito, Chiavenatto (2007, p. 128), de fácil compreensão, esclarece: [...] na realidade, você não estará só no mundo dos negócios, mas muito bem acompanhado por ameaças e oportunidades que aparecem intempestivamente e sem nenhum aviso prévio [...] você deverá fazer com que as ameaças se tornem oportunidades para o seu negócio. Como? Usando seu talento e intuição para transformar cada limão em uma boa limonada [...] o que representa uma ameaça para uns pode significar oportunidades para outros. Uma guerra significa uma ameaça para quem sofre a represália, mas uma oportunidade para quem fabrica tanques e canhões. Tudo depende da maneira como você encara a questão. Com se pode observar, as ameaças e oportunidades são situações que podem significar inovações e oportunidade de negócio, dependendo da forma como os sujeitos às interpretam. Pode-se tomar a decisão de se esconder das ameaças ou transformá-las em novas oportunidades de negócio, fazendo uso da proatividade. Da mesma forma, é preciso ver nas oportunidades o momento certo para ativar sua criatividade, inovar ou reorientar um negócio. Stephen R. Covey, em 1989, escreveu um livro sobre o sete hábitos das pessoas altamente eficazes, que continua batendo record de vendas. Diz o autor que “vencer é um hábito, assim como fracassar”. (COVEY, 1989, p. 2). Obstinado, Stephen R. Covey, com larga experiência como consultor empresarial, escritor de sucesso, por meio de reflexões e pesquisa, se convenceu de que pessoas que possuem os seguintes hábitos, respectivamente, se tornam mais felizes, saudáveis e bem-sucedidas do que as demais: • proatividade; • liderança pessoal; • administração pessoal; • liderança interpessoal; • comunicação empática; • corporaçãocriativa; e • autorrenovação equilibrada. 18 Capítulo 1 Seção 2 Características do profissional empreendedor O desenvolvimento econômico é dependente de quatro fatores críticos que devem ser analisados para a compreensão do processo de empreender. São eles: • talento (pessoas); • tecnologia (ideias); • capital (recursos); e • conhecimento (know how). O processo de empreender inicia-se quando surgem fatores externos, ambientais e sociais aliados às aptidões pessoais do empreendedor, possibilitando iniciar um novo negócio. Os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios. Fornecem empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento econômico. Não são simplesmente provedores de mercadorias ou de serviços, mas fontes de energia que assumem riscos inerentes em uma economia em mudança, transformação e crescimento. (CHIAVENATO, 2007, p. 4). O empreendedor é aquele que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades. Transforma ideias em realidade para o benefício próprio e da comunidade. O empreendedor é a essência da inovação no mundo, tornando obsoletas as antigas maneiras de fazer negócio. Três características básicas identificam o empreendedor de sucesso: • necessidade de realização; • disposição para assumir riscos; e • autoconfiança. O empreendedor é alguém que define, por si mesmo, o que vai fazer e em qual contexto. Ao definir o que fará, ele leva em conta seus sonhos, desejos, suas preferências e o estilo de vida que deseja ter. Dessa forma, consegue dedicar-se intensamente, pois seu trabalho se confunde com o prazer. É uma pessoa que sabe efetuar escolhas, responsabilizando-se por suas ações. 19 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Podemos considerar um empreendedor alguém que cria uma empresa, a pessoa que forma uma associação ou um empregado que introduz inovações em sua empresa. Se o empreendedor estiver em um meio que o estimule, terá motivação para criar o seu próprio negócio. Caso contrário, terá de investir mais energia e traçar o seu próprio caminho e saber como enfrentar os obstáculos, pois o ambiente tende a impedi-lo a alcançar o que deseja. Observa-se, no cotidiano do trabalho, que o profissional valorizado pelo mercado é aquele que tem iniciativa, toma decisões e busca alternativa e soluções para os problemas. Se você faz a gestão do seu trabalho de forma efetiva, provavelmente terá condições de lidar melhor com as situações, ou seja, de maneira proativa. [A proatividade] significa muito mais do que tomar a iniciativa. Implica que nós, como seres humanos, somos responsáveis por nossas próprias vidas. Nosso comportamento resulta de decisões tomadas, e não das condições externas. Temos a capacidade de subordinar os sentimentos aos valores. Possuímos iniciativa e responsabilidade suficiente para fazer com que as coisas aconteçam. (COVEY, 1989, p. 43). O empreendedor tem muitas características que o diferencia dos demais sujeitos, entre elas, a busca constante de novos caminhos e soluções por ter um espírito criativo e pesquisador. Sua intenção é buscar, constantemente, o atendimento das necessidades das pessoas ou solucionar problemas que se apresentam nos diversificados ambientes. O que se vê, normalmente, são pessoas que se queixam de suas dificuldades e fracassos – “tudo é muito difícil”, dizem , enquanto o empreendedor busca enxergar oportunidades em todas as situações, inclusive nas dificuldades. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae/RS, por solicitação do Jornal Zero Hora e conduzida pelo psicólogo da Universidade de Harvard (EUA), David McClelland, indica se os aspirantes a empreendedores possuem perfil para lidar com os desafios da criação de uma empresa. Os resultados apontam que independentemente das condições econômicas, riqueza do país, sexo, idade e formação acadêmica, as pessoas que chegaram ao sucesso empresarial têm traços semelhantes e a mesma forma de agir que os levam a obter sucesso e aqueles que não apresentam tais traços, dificilmente irão empreender. (POTENCIAL, 2000-2014). 20 Capítulo 1 Nesta pesquisa, foram apontadas dez características que se encontram nas pessoas com perfil empreendedor: 1. busca de oportunidade e iniciativa; 2. risco calculado; 3. exigência de qualidade e eficiência; 4. persistência; 5. comprometimento; 6. busca de informações; 7. estabelecimento de metas; 8. planejamento e monitoramento sistemático; 9. persuasão e rede de contatos; e 10. independência e autoconfiança. A busca de oportunidade e iniciativa é explicada como uma habilidade para enfrentar problemas e buscar a solução, caracterizada como uma capacidade de identificar uma oportunidade de negócio. É a antena do empreendedor: um empresário de sucesso está sempre atento às oportunidades de negócio no mercado. Entende que os problemas precisam ser solucionados e que essas soluções normalmente rendem lucros aos que se propõem a praticá-las. Significa a habilidade de encarar o desconhecido. Para fisgar as oportunidades presentes no mercado, o empreendedor de sucesso rompe os paradigmas vigentes, inovando. (POTENCIAL, 2000-2014). O traço risco calculado é inerente à capacidade de avaliar as alternativas disponíveis para os encaminhamentos que possam permitir a tomada da melhor decisão frente aos desafios que se apresentam para atingir às metas desejadas. É a característica que faz com que os empreendedores avaliem as alternativas antes da ação. Quem tem esse traço é capaz de enfrentar desafios sem colocar tudo a perder, agindo de forma impensada. Os empreendedores avaliam o que podem ganhar e perder nas alternativas que se apresentam para depois tomar uma decisão. Dentre as várias alternativas de que dispõem, avaliam detalhadamente cada uma e optam por aquelas em que os desafios são moderados, isto é, necessitam de esforço para superá-los, mas trazem possibilidade real de conquista. (POTENCIAL, 2000-2014). 21 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A característica exigência de qualidade e eficiência está relacionada com a capacidade do empreendedor em tornar sua criação/oportunidade de negócio cada vez mais eficaz, eficiente e lucrativa. Os empresários de sucesso procuram sempre uma forma de melhorar o que fazem diminuir o tempo de entrega ou reduzir o custo de produção. Exigir qualidade significa estar constantemente preocupado em melhorar seu produto para atender ao desejo do cliente. E sendo eficiente, é possível entregar a qualidade exigida pelo cliente a preço e prazo menores do que o da concorrência. (POTENCIAL, 2000-2014). A persistência é a capacidade de não desistir de uma ideia, mesmo quando encontra, em seus caminho, ameaças e dificuldades, buscando opções que possam resolver tais problemas. Esta característica é o combustível dos empreendedores: eles sempre buscam formas diferentes de alcançar os objetivos, parecem incansáveis quando querem alguma coisa e continuam suas jornadas quando muitos preferem desistir. A característica confere ao empreendedor a capacidade de agir quando obstáculos surgem em seu caminho rumo às metas - é o motor do empreendedor, que o leva a buscar alternativas para chegar ao ponto desejado. (POTENCIAL, 2000-2014). O traço comprometimento diz respeito à capacidade de cumprir compromissos assumidos, fazendo o que for necessário para fornecer aos seus parceiros, pares e clientes o que foi combinado ou acordado. Esta característica é a que confere aos empreendedores o compromisso em cumprir o que prometem ou o que se propõem. Isso significa que um bom empreendedor entrega o que anuncia. Para isso, está disposto, se necessário, a fazer um sacrifício pessoal, esforço extraordinário e até “colocar a mão na massa”. São fiéis a tudo ao que foi combinado e à sua palavra. (POTENCIAL, 2000-2014). A busca de informações é a forma que os empreendedores encontram parabalizar seus projetos em bases sólidas, juntando todas as informações necessárias para que seus empreendimentos tenham mais possibilidade de sucesso. É o alicerce de uma construção sólida. Os empreendedores buscam informações e dados antes de iniciar um projeto ou tomar decisões. Isto proporciona ações concretas, sólidas e duradouras [...]. Estão sempre interagindo com o mercado. 22 Capítulo 1 Busca de informação é a base de toda atividade exitosa. Todas as decisões do empreendedor são baseadas no conjunto de informações que ele obtém. (POTENCIAL, 2000-2014). O traço de estabelecimento de metas faz do empreendedor um sujeito que estabelece metas e persegue o cumprimento destas para alcançar a imagem objetivo desejada. Só existe sentido em fazer algo quando se está indo em alguma direção. Os empreendedores de sucesso são pessoas que registram tudo o que querem fazer, sabe para onde querem ir e não andam a esmo. É a partir da definição das metas que o empreendedor se mobiliza, usando as demais características para atingir seus objetivos. Para isso, define pequenas metas que, quando atingidas, assemelham-se a um degrau em direção ao um objetivo maior. (POTENCIAL, 2000-2014). O planejamento e monitoramento sistemático é uma característica que leva o empreendedor a acompanhar, passo a passo, a implementação de seu empreendimento. Cada fase é avaliada cuidadosamente de tal forma que, se houver necessidade, a trajetória é retomada e as estratégias podem ser mudadas, tendo em vista a meta a ser alcançada. Para chegar aonde se quer, é preciso desenhar o mapa de como chegar lá. Para isso, o empreendedor planeja, desenha as etapas que devem ser cumpridas e acompanha sistematicamente se as coisas estão ocorrendo dentro do planejado. Caso não ocorram, por algum imprevisto, ele pode alterar o caminho traçado, mas nunca se afastando da meta. (POTENCIAL, 2000-2014). A persuasão e rede de contatos significa ter a capacidade de envolver e fazer com que outras pessoas desenvolvam atividades para atingir os objetivos desejados, demonstrando o importante papel de cada um nesta trajetória, criando laços de valorização e confiança. Característica das pessoas que têm a capacidade de convencer outros a fazer coisas para ajudar a alcançar um objetivo. De forma sempre transparente, o empreendedor se vale de estratégias previamente pensadas para convencer as pessoas do que projeta para a empresa. A transparência é o valor que faz com que as pessoas tenham a possibilidade de optar por segui- lo ou não e depositem confiança na sua liderança. (POTENCIAL, 2000-2014). 23 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Por fim, as características de independência e autoconfiança são adquiridas a partir do momento em que o empreendedor passa a ver os resultados do seu trabalho e o seu potencial de liderança frente aos demais, fazendo com que acredite, ainda mais, na sua capacidade de atingir metas e objetivos, à medida que ganha experiência a partir de resultados exitosos. Esta característica seria a consequência de todas as outras, pois ocorre a partir dos resultados atingidos e de o empreendedor perceber que é capaz de realizar coisas com êxito. A partir dos resultados que obtém, ele vai ganhando confiança na sua capacidade de produzir resultados e segurança em relação aos demais. Desta forma, não se intimida ao expressar sua opinião, pois ela vem fundamentada na experiência. (POTENCIAL, 2000-2014). Com base nessas características, podemos pensar no empreendedor como um sujeito proativo, capaz de enxergar uma oportunidade, decidir o que fazer, traçar metas de acordo com as dimensões de sua capacidade e recursos, dedicar-se intensamente à concretização do resultado que deseja obter e responsabilizar-se por seus atos, com alta capacidade de liderança. 25 Habilidades Seções de estudo Capítulo 2 Processos legais das estratégias empreendedoras Seção 1: Empresas de auditoria e consultoria Seção 2: As organizações sociais Seção 3: Estratégias empreendedoras na área da saúde Diferenciar os processos legais, de organização e de funcionamento das estratégias empreendedoras na área da saúde. 26 Capítulo 2 Seção 1 Empresas de auditoria e consultoria Para iniciar a nossa conversa sobre auditoria e consultoria, considero relevante a introdução do conceito de agência. Conforme Jensen e Meckling (1976 apud ALMEIDA, 2011), agência é uma relação de contrato sobre o qual uma ou mais pessoas delega(m) a outra a realização de algum serviço que envolve tomada de decisão, transferindo autoridade ao agente. Nesse tipo de relação, existe um principal que estabelece um contrato e um agente que deve aceitar ou rejeitar esse contrato. 1.1 Empresas de auditorias A empresa de auditoria e consultoria tem atuação mediante contrato em que a contratante transfere ao contratado poderes para emitir relatórios sobre determinadas situações ou processos que permitam a tomada de decisão pelo contratante com maior segurança. [...] Historicamente [...] um dos primeiros passos para o reconhecimento da necessidade da auditoria independente ocorreu na Inglaterra, com a promulgação da Lei para companhias registradas, em 1862. Essa lei requeria a auditoria independente das demonstrações financeiras de companhias abertas, fortalecendo a profissão de auditoria. [...] o crescimento da profissão de auditoria, bem como a crença nos auditores que a desempenham, foi um fenômeno de mercado (WATTS; ZIMMERMAN, 1983 apud ALMEIDA, 2011 p. 25). Neste sentido, a auditoria externa ou independente surgiu como parte da evolução do sistema capitalista. No início, as empresas eram fechadas e pertenciam a grupos familiares. Com a expansão do mercado e o acirramento da concorrência, houve a necessidade de a empresa ampliar suas instalações fabris e administrativas, investir no desenvolvimento tecnológico e aprimorar os controles e procedimentos internos em geral, principalmente visando a redução de custos, tornando mais competitivos seus produtos no mercado. Para tal situação, as empresas precisavam buscar pessoas interessadas em investir os seus recursos e assumir os riscos dos negócios como alternativa pela busca de capital de terceiros, como bancos. Para dar credibilidade à aplicação de recursos na empresa, pelo investidor, tornou-se obrigatória a manifestação de opinião formada por meio de um parecer de auditoria independente, alegando que as informações publicadas refletiam, em todos os seus aspectos relevantes, a posição patrimonial da empresa (ALMEIDA, 2011). 27 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde O exame de auditoria engloba a verificação documental, os livros e registros com características controladoras, a obtenção de evidências de informações de caráter interno e externo que se relacionam com o controle do patrimônio e a exatidão dos registros e as demonstrações deles concorrentes. (ATTIE, 2009, p. 5). A auditoria independente é uma técnica desenvolvida com o objetivo de testar se as informações contidas nas demonstrações contábeis divulgadas pelas empresas são condizentes com a realidade de suas operações. Serve, ainda, para avaliar demais processos e serviços que as empresas desejarem. No Brasil, a auditoria independente passou a ser obrigatória para as Companhias de capital abertas apenas no ano de 1976, quando promulgada e divulgada a Lei no 6.404, posteriormente batizada de Lei das S/As, o que está explícito em seu artigo 177 (BRASIL, 1976). 1.2 Empresas de consultoria A consultoria remonta às origens das relações humanas, ou seja, trata-se do ato de conferência para deliberação de qualquer assunto que requeira prudência. Constitui-se na reflexão em busca de uma resposta através do mais adequado conselho ou de forma mais complexa, porém menos objetiva, de um parecer. Foi somente no início do século XX que a consultoria passou a ganhar os moldes da atividade, hoje bem definida e caracterizada. Especialmente nas décadas de1940 e 1950, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, ocorreram importantes avanços na sistematização do trabalho de consultoria, com vinculação eminentemente técnica e científica aliada à experiência e fundamentada em teorias, sempre com foco nas soluções práticas. A consultoria pode ser entendida como um processo interativo de um agente externo à empresa, disposto a provocar mudanças a partir do auxílio prestado aos executivos e profissionais da referida empresa na tomada de decisões. Importante salientar que o consultor é um proponente, não tendo o poder de decisão direto sobre a situação (OLIVEIRA, 2005). Portanto, a consultoria é um serviço de apoio aos gestores ou empresários para auxiliar nas tomadas de decisões estratégicas que possam causar grande impacto sobre os resultados atuais e futuros da organização. O foco da consultoria é definir a melhor alternativa de ação num ambiente de negócios repleto de incertezas, riscos, competição e possibilidades desconhecidas, que representam para os gestores da empresa um problema complexo e de grande importância. 28 Capítulo 2 No que diz respeito às questões legais, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da Instrução no 308, de maio de 1999, estabelece os critérios para registro e exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores mobiliários, além de definir os deveres e as responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes (CVM, 1999). A instrução CVM no 308, de 14 de maio de 1999, proíbe aos auditores externos a prestação de serviços para um mesmo cliente, por prazo superior a cinco anos consecutivos, exigindo-se um intervalo mínimo de três anos para a sua recontratação. Além disso, a instrução veda a prestação de outros serviços, que não auditoria, que possam caracterizar a perda da objetividade e independência, como consultoria. Essa instrução estabelece como obrigatória a divulgação do valor total dos honorários contratados de outros serviços e o seu percentual em relação aos honorários relativos aos de serviços de auditoria externa. No Brasil, o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), órgão independente instituído por auditores e contadores, tem o objetivo de manter a confiança da sociedade na atividade de auditoria independente e a relevância da atuação profissional, salvaguardando e promovendo os padrões de excelência em contabilidade e em auditoria independente. A produção técnica desse órgão é reconhecida por órgãos reguladores, como a Superintendência de Seguros Privados e Banco Central do Brasil (Susep). Entre as atribuições do Ibracon está a colaboração com o processo de harmonização das normas brasileiras às normas internacionais de auditoria. Em relação à auditoria nos serviço de saúde, Caleman, Moreira e Sanches (1998, p. 4) entendem que a auditoria (audit), termo proposto por Lambeck em 1956, tem como premissa a “avaliação da qualidade da atenção com base na observação direta, registro e história clínica do cliente.” As atividades da auditoria concentram-se nos processos e resultados da prestação de serviços e pressupõem o desenvolvimento de um modelo de atenção adequado em relação às normas de acesso, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Consistem em controlar e avaliar o grau de atenção efetivamente prestada pelo sistema, comparando-a a um modelo definido. A auditoria é um conjunto de atividades desenvolvidas tanto para controle – auditoria operacional – quanto para avaliação de aspectos específicos e do sistema – auditoria analítica. 29 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Não existe relato, na literatura, a respeito do início da auditoria no campo da saúde pública no Brasil, mas há evidências da utilização da mesma pelo extinto Instituto Nacional de Assistência da Previdência Social – INAMPS. A importância dessa ferramenta foi reconhecida através do Decreto nº 809 (BRASIL,1993), que, ao aprovar a Estrutura Regimental do INAMPS, em seu art. 3º, define que esse instituto terá em sua estrutura básica órgãos de assistência direta e imediata ao presidente, compostos pela Procuradoria- Geral e Auditoria. (MELO; VAITSMAN, 2008, p. 153). O Sistema Nacional de Auditoria (SNA) como um mecanismo de controle técnico e financeiro, sob competência do SUS e em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os municípios. Está previsto na Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, a qual regula as ações e os serviços de saúde em todo o território nacional (BRASIL, 1990). O SNA é regulamentado pelo Decreto no 1.651, o qual define auditoria como a “[...] análise prévia, concomitante ou subsequente da legalidade dos atos da administração orçamentária, financeira e patrimonial, bem como a regularidade dos atos técnico-profissionais, praticados por pessoas físicas e jurídicas.” (BRASIL, 1995). A auditoria no campo da saúde, na perspectiva do SNA, enfatiza a necessidade de “[...] mudanças de paradigmas no que concerne à percepção do auditor em relação ao SUS, em sua responsabilidade de apoiar a gestão, de manter uma conduta permanente de vigilância aos indicadores de saúde e aos resultados das ações.” (BRASIL, 2011). Nesta lógica, estabelece como principais diretrizes: a. capilaridade, descentralização e integração para garantir atuação em todo o território nacional, com divisão e definição de tarefas específicas de cada esfera de gestão do SUS; b. integração com outros órgãos das estruturas gestoras do SUS, como planejamento, controle e avaliação, regulação e vigilância em saúde e outros órgãos integrantes do sistema de controle interno e externo; c. foco na qualidade das ações e serviços e nas pessoas, com ênfase na mensuração do impacto das ações de saúde, na respectiva aplicação dos recursos, na qualidade de vida e na satisfação do usuário. 30 Capítulo 2 Ainda conforme o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), a auditoria pode ser operacionalizada de acordo com essas três formas, conforme a natureza do auditor: • direta, ou interna – realizada por técnicos ou profissionais da própria instituição ou empresa; • integrada, ou compartilhada – realizada por profissionais da empresa e externos, em conjunto; • indireta, ou externa – realizada por auditores que não pertencem ao quadro de profissionais da empresa ou instituição. Quanto ao tipo de auditoria, ela pode ser: • de conformidade; ou • operacional. Ela é de conformidade ao examinar a legalidade dos atos de gestão dos responsáveis sujeitos a sua jurisdição, quanto ao aspecto assistencial, contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial. A auditoria é operacional quando avalia os sistemas de saúde, observando aspectos de eficiência, eficácia e efetividade (BRASIL, 2011). Em relação à natureza a auditoria, pode ser: • regular ou ordinária; ou • especial ou extraordinária. A auditoria é regular ou ordinária quando examina as ações inseridas no planejamento anual de atividades e especial ou extraordinária, quando se propõe a buscar informações não inseridas no planejamento, em função da necessidade de atender a alguma demanda específica ou apurar denúncias. Independente de suas diversas modalidades, a auditoria envolve um processo sistemático, crítico e contínuo, que analisa as ações e decisões de pessoas e instituições que prestam serviços na área de saúde, visando à otimização da gestão administrativa, através da verificação e controle dos processos e resultados. Ela tem por objetivo assegurar maior benefício, menor risco e maior eficiência possível. Visa, ainda, verificar se os benefícios estão de acordo com as disposições planejadas, normas e legislações vigentes. (MELO; VAISTMAN, 2008, p. 159). 31 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde De acordo com Melo e Vaistman (2008), um processo de auditoria, no campo da saúde, tem cinco etapas básicas, quais sejam: • planejamento dos objetivos com delineamento das atividadese determinação dos recursos necessários e das áreas críticas; • exame e avaliação da informação; • apresentação dos resultados; • divulgação desses resultados; e • adoção de ações para a melhoria do serviço auditado. O conjunto dessas etapas baseia-se em processos já efetivados e reconhecidos, em dados epidemiológicos que orientem o planejamento específico de cada serviço e em um processo de avaliação estruturado para atingir a dimensão social e técnica, de modo que a transformação da gestão pública aconteça a serviço do cidadão. Os papéis de trabalho e da documentação de auditoria de que trata a Resolução CFC no 828/1998 compreende um conjunto de formulários e documentos que constituem o suporte do trabalho desenvolvido pelo auditor para o registro de todas as informações utilizadas, as verificações a que procedeu e as conclusões a que chegou, formando a evidência do seu trabalho. No seguinte quadro, podemos visualizar os tipos de papéis de trabalho. Quadro 2.1 – Papéis de trabalho PAPÉIS DE TRABALHO Papéis de trabalho como instrumento de apoio São utilizados na execução da auditoria e também se constituem em registros permanentes do trabalho efetuado pelo auditor, dos fatos e informações obtidas, bem como das conclusões sobre os exames realizados. Ofício de comunicação O órgão de auditoria deverá, por meio de seu responsável, encaminhar ofício informando ao gestor que será realizada auditoria em seu estado/município/unidade de serviço. Nessa ocasião, poderá ser encaminhado ao gestor o Comunicado de Auditoria. Comunicado de auditoria (CA) O CA é um instrumento utilizado para solicitar oficialmente a disponibilização de documentos, justificativas e esclarecimentos, notificar pendências não atendidas e solicitar providências. Deverá ser enviado previamente para que a documentação solicitada seja providenciada com antecedência, ou ser emitido sempre que houver necessidade durante a ação de auditoria. Assim, o ofício de comunicação e o comunicado de auditoria podem anteceder a fase analítica da auditoria. 32 Capítulo 2 Roteiro/Protocolo Considerando o foco da auditoria e as informações obtidas na fase analítica, deverá ser elaborado um roteiro/protocolo para orientar os procedimentos durante a visita in loco, contendo os passos a serem executados e a definição das técnicas de auditoria a serem aplicadas para desenvolvimento do trabalho de campo, pertinentes ao caso. Fonte: Brasil (2011, p. 21). De acordo com Brasil (2011), a auditoria se constitui em duas fases, quais sejam: • a analítica; e • a operativa. Na fase analítica, a equipe de auditoria verifica os documentos, os dados disponíveis, informações locais que devem ser solicitados aos respectivos setores e disponibilizados por eles, permitindo realizar o diagnóstico do objeto da auditoria, definição das atividades in loco e elaboração de relatório desta fase diagnóstica, encaminhando a entidade, instituição ou empresa que será auditada as necessidades para a fase operacional do processo. Na fase operativa, o auditor busca as evidências que fundamentam os resultados do trabalho de auditoria, por meio do exame direto de fatos e situações para confirmar ou não o atendimento às normas e leis, bem como a adequação, conformidade, eficiência e eficácia do processo de trabalho em saúde. No contexto das instituições de saúde, a auditoria configura-se como uma importante ferramenta na transformação dos processos de trabalho que vêm ocorrendo em hospitais e operadoras de planos de saúde, os quais estão buscando se reestruturar para manter a qualidade do cuidado prestado e ao mesmo tempo garantir uma posição competitiva no mercado de trabalho (DIAS et al., 2011). Por outro lado, a busca constante pela melhoria do desempenho das organizações leva as empresas a depender e buscar cada vez mais prestadores de serviços mais eficazes e eficientes. Neste cenário, surge como alternativa a contratação de consultores independentes, que possam aconselhar ou prestar serviços que proporcionem melhoria do desempenho e aumentar a competitividade da organização ou instituição. A empresa, absorvida em alcançar seus objetivos, não dispõe de tempo e massa crítica para elaborar a revisão de seus processos. Além disto, a revisão interna é sempre comprometida com o status quo e com a cultura da organização. Daí a importância da consultoria externa: o exame isento, de fora, sem comprometimentos, dos processos. 33 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde O agente da consultoria tem, além disto, conhecimento de novos métodos de trabalho e de organização, de experiências bem ou mal sucedidas, de dificuldades encontradas na implantação de vários projetos, quer dizer, tem conhecimento acumulado [...]. (HELOU, 2008, p. 65). A Consultoria é um serviço que pode ser prestado em qualquer área de conhecimento por pessoas que detenham este conhecimento. Existem dois tipos de consultoria: • a interna; e • a externa. O consultor que se dedica totalmente a uma organização é chamado consultor interno, normalmente empregado desta, mas, dependendo do plano de cargos e remunerações, poderá ter outra nomenclatura. O consultor externo pode ser um profissional autônomo ou uma pessoa jurídica, trabalhando em equipe com outros consultores de outras especialidades em uma empresa de consultoria. A consultoria pode ser dividida de quatro formas diferentes, de acordo com: • o serviço ou produto oferecido; • sua estrutura; • sua abrangência; ou, ainda, • a forma de relacionamento adotada. A consultoria, quando categorizada de acordo com sua estrutura, é determinada e dividida por fatores como o grau de flexibilidade, a metodologia, a adequação à realidade do cliente, o tempo para contratação e o nível de aceitação. Importante salientar as seguintes características que devem ser inerentes ao profissional consultor, conforme Grocco e Guttmann (2005): • independência e qualificação, imparcialidade na atuação, que esteja plenamente capacitado e fortemente embasado para fazer as suas recomendações; • política, organização, procedimentos e métodos; • conhecimento profissional e habilidades relevantes para as necessidades da empresa; • capacidade de recomendação e aconselhamento para tomada de melhor decisão pelo contratante. 34 Capítulo 2 Em relação à qualidade e integridade das recomendações pelo consultor, estas constituem o enfoque básico do processo de consultoria, devendo respeitar o momento das pessoas e da empresa-cliente; não exercendo controle direto sobre a situação ou sobre a decisão tomada. Trata-se de um processo interativo que significa um conjunto estruturado de atividades sequenciais que apresentam uma relação lógica entre si, com a finalidade de atender e superar as expectativas e necessidades dos clientes internos e externos. Interação é a ação recíproca exercida entre duas ou mais pessoas, áreas ou atividades. Como agente de mudanças, o consultor é o profissional capaz de desenvolver comportamentos, atitudes e processos que possibilitem à empresa o desenvolvimento de uma ação pró-ativa em relação aos diversos fatores do ambiente empresarial, fazendo impulsionar suas ações, seus serviços ou produtos. O consultor ainda precisa saber reconhecer que a autoridade ou liberdade da tomada de decisão cabe exclusivamente ao cliente (GROCCO; GUTTMANN, 2005). Importante enfatizar neste ponto as questões éticas que envolvem os serviços de auditoria e consultoria, uma vez que estes princípios são adquiridos ao longo da vida e também estão inseridas nos códigos de ética profissional da maioria das profissões e, em muitas situações, ensinadas nos cursos específicos, lembrando que todas as nossas ações são regidas por princípios éticos, sendo um tema complexo por abranger princípios básicos que devem ser respeitados. 1.3 Ética e moral Ética e moral se relacionam como uma ciência específica e seu objeto, nesse caso, diz respeito à relaçãoque o sujeito deve ter consigo mesmo, à maneira como o indivíduo deve se constituir, como um sujeito moral de suas próprias ações. Moral do latim mos ou mores: “costume” ou “costumes”, no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. Ética, em grego ethos, analogamente “modo de ser” ou “caráter” enquanto forma de vida também adquirida ou conquistada. (VÁZQUEZ, 2006). Foucault (2004) enfatiza que a palavra “moral” pode significar um conjunto de valores e de regras de conduta propostas aos indivíduos e aos grupos por intermédio de vários aparelhos prescritivos (família, escolas, igrejas, entre outros), o que caracteriza o código moral. A responsabilidade ética é aquela que, não estando expressa nas leis e normas gerais de uma sociedade, define-se como normativa específica de cada profissão, representando a conduta esperada, as obrigações ou deveres (no sentido positivo de dirigir e promover), ou indicando proibições (no sentido negativo de evitar/inibir o desvio ou má conduta). 35 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Os requisitos éticos previstos para os auditores, de acordo com Almeida (2011), compõem o Código de Ética emitido pelo International Ethics Standards Board for Professinal Countants (Iesba). Esse código estabelece os princípios éticos fundamentais para condução da atividade de auditoria sobre demonstrações financeiras e proporciona uma metodologia para aplicação desses princípios. São princípios fundamentais requeridos pelo código de ética do Iesba, a que estão subordinados os auditores independentes: a. integridade; b. objetividade; c. competência profissional; d. confidencialidade; e e. profissionalismo. O Código de Ética do Iesba estabelece que o auditor deve ser independente de seu cliente. A independência da auditoria, conforme definida por esse órgão, em linha com as normas de auditoria emitidas pelo CFC em 2010, compreende dois estados: • independência da mente; e • independência de fato ou na aparência. A independência assegura a habilidade do auditor de formar uma opinião sem ser influenciado, fortalecendo sua capacidade de agir com integridade, objetividade e profissionalismo. A auditoria independente e a consultoria empresarial são atividades distintas e que apresentam o mesmo grau de independência, ou imparcialidade, pois nenhuma tem poder de agir ou tomar decisões, e sim simplesmente orientar os administradores, seus clientes quanto às correções, aos pontos fracos identificados nos mecanismos internos de controle. Quanto à ética que envolve as duas atividades, com certeza o sigilo das informações é um dos princípios básicos e jamais poderão ser divulgadas sem o consentimento do contratante (BONATO, 2009). O primeiro ponto a ser considerado na análise do perfil do auditor é a evidência direta do estado mental, definido como independência de fato. A objetividade é uma atitude mental não enviesada que possibilita ao auditor prestar o serviço de auditoria sem comprometimento da qualidade. Esse princípio requer que o auditor não subordine seu julgamento a outros. O segundo ponto reconhece que o estado mental geralmente pode ser avaliado somente através da observação de fatores externos. 36 Capítulo 2 Ante ao exposto, entende-se que o auditor deve possuir as seguintes características: • ser reconhecido profissionalmente; • ter capacidade de organização e planejamento; • ser flexível; • ser capaz de resistir à pressão; • ser imparcial e justo; • ser claro e objetivo; • estar fundamentado nos critérios de avaliação; • ser habilidoso no trato com as pessoas; • ter capacidade de negociação; • ter facilidade de comunicação escrita e verbal; • ter familiaridade com a área auditada; • ser ético e não se aproveitar de informações privilegiadas. Na visão de Grocco e Guttmann (2005), as características do auditor estão relacionadas a certas premissas de independência, automotivação, perícia escrita e verbal, capacidade analítica, autenticidade e ética, deve possuir conhecimentos, habilidades e atitudes, valores, capacidade de se comunicar dentro da empresa de forma produtiva, porém tranquila, deixando claro a todos os colaboradores que está comprometido com seu trabalho, que acredita no que faz, e está disposto a ajudar a empresa. As habilidades do consultor devem estar focadas preferencialmente nos métodos e instrumentos utilizados, no compartilhamento de ideias e informações sobre a empresa, na criação de um clima favorável, na gestão dos recursos disponíveis e na motivação. Seção 2 As organizações sociais Importante iniciar a apresentação desta seção chamando a atenção para o fato de que nenhuma organização nasce como uma “Organização Social”. Ela precisa atender a vários critérios para ser qualificada dessa forma. Vejamos o que é uma Organização Social: Organizações Sociais (OS) é um modelo de organização pública não estatal destinado a absorver atividades publicizáveis mediante qualificação específica. Trata-se de uma forma de propriedade pública não estatal, constituída pelas associações civis sem fins lucrativos, que não são propriedade de nenhum indivíduo ou grupo e estão orientadas diretamente para o atendimento do interesse público. (BRASIL, 1997, p. 13). 37 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A entidade, depois de qualificada como organização social (OS), estará apta a formalizar contratos e habilitada a receber recursos financeiros e a administrar bens e equipamentos do Estado. Por outro lado, as OS deverão cumprir todas as metas e propostas de ações de forma segura e com qualidade, conforme celebrado em contrato de gestão, assegurando a qualidade e a efetividade dos serviços prestados ao público. Importante salientar que a implantação e o funcionamento de uma OS têm seu processo acompanhado pelo Congresso Nacional e, por esta razão, será avaliada com rigor e transparência. Assim, quando uma OS é aprovada, outra congênere integrante da administração pública é extinta. A decisão sobre a extinção de uma entidade cabe ao Congresso Nacional. Extinta uma Organização Estatal, a OS, que foi qualificada para substituí-la, assumirá suas atividades, adotando a denominação e os símbolos da extinta. A Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovada no Congresso Nacional deverá prever as dotações orçamentárias para a execução de contratos de gestão entre a OS e o Estado (BRASIL, 1997). Assim, a Organização Social (OS) é um título que a administração pública concede a uma entidade privada, sem fins lucrativos, para que ela possa receber determinados benefícios do Poder Público, como dotações orçamentárias, isenções fiscais etc., para a realização de seus fins, que devem ser necessariamente de interesse da comunidade. Na condição de entidades de direito privado, as Organizações Sociais tenderão a assimilar características de gestão cada vez mais próximas das praticadas no setor privado, o que deverá representar, entre outras vantagens: a contratação de pessoal nas condições de mercado; a adoção de normas próprias para compras e contratos; e ampla flexibilidade na execução do seu orçamento. (BRASIL, 1997, p. 14). As organizações sociais são um modelo de parceria entre o Estado e a sociedade. O Estado continua fomentando e controlando, estrategicamente, as atividades. Isso significa que o Estado estabelece metas e cobra resultados. Algumas organizações governamentais contratam organizações sociais (OS) que são organizações não governamentais (ONG) para gestão dos serviços de saúde. Ao celebrar contratos de gestão com o Poder Público, as organizações sociais são fiscalizadas de acordo com a lei, a qual prevê, também, suas normas de funcionamento. 38 Capítulo 2 Quando realizados estes contratos, é nomeada uma Comissão Especial para Acompanhamento dos Contratos de Gestão. Esta comissão monitora mensalmente os indicadores de qualidade e desempenho, os procedimentos, as ações e os serviços de saúde prestados pelas Unidades e elaborao relatório semestral de monitoramento de cada Contrato de Gestão com a OS. A fiscalização também é feita pelo Ministério da Saúde, Tribunal de Contas do Estado, pela Controladoria Geral do Estado, Procuradoria Geral do Estado, pelo Ministério Público Estadual e Federal, pela Agência de Regulação, além da Assembleia Legislativa. A Lei no 9.637, de 15 de maio de 1998, dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras providências (BRASIL, 1998). A lei que trata das organizações sociais determina expressamente que aquisições e contratações com recursos públicos para a execução do contrato de gestão sejam feitos por meio de procedimentos próprios estabelecidos em regulamento. A norma estabelece que, obrigatoriamente, devem ser observados os princípios constitucionais aplicáveis à licitação. As Organizações Sociais de Saúde (OSS) são instituições do setor privado, sem fins lucrativos, que atuam em parceria formal com o Estado e colaboram de forma complementar para a consolidação do Sistema Único de Saúde, conforme previsto em sua lei orgânica – Lei no 8080/90 (BRASIL, 1990). Como ilustração da implementação de administração se serviços públicos por OS, em 1998, o Governo do Estado de São Paulo sancionou uma lei específica para a qualificação de Organizações Sociais – Lei no 846/98, com atividades dirigidas à Saúde e à Cultura, baseada na Lei Federal no 9.637/98. A lei estadual especifica que apenas as organizações sem fins lucrativos podem ser qualificadas com organização social e, no caso da Saúde, necessitam comprovar serviço próprio há mais de cinco anos. No modelo de gestão em parceria com OSS, o governo planeja o serviço a ser executado, define as metas de produção e de qualidade, garante os recursos orçamentários para o custeio dos serviços e cobra os resultados previamente definidos em contrato. No governo de São Paulo, a Secretaria de Saúde negocia e firma, anualmente, contratos de gestão com cada uma da OSS que gerenciam os serviços, empenhando recursos orçamentários do tesouro estadual, em troca de resultados de desempenho específicos. A responsabilidade direta pela administração da unidade é das Organizações Sociais, mas o serviço de saúde continua sendo público, com os seus bens, mobiliários e equipamentos pertencendo ao Estado. Impessoalidade, isonomia, publicidade, economicidade e eficiência. 39 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Os resultados alcançados são supervisionados e avaliados por uma comissão específica, integrada, entre outros, por representantes da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e representantes do Conselho Estadual de Saúde, que verifica o cumprimento das metas estipuladas no contrato de gestão. Além disso, os hospitais sob gerenciamento de OSS devem publicar anualmente as suas contas no Diário Oficial do Estado, para a revisão do Tribunal de Contas do Estado, que deve aprovar a sua execução. A auditoria hospitalar do SUS e a avaliação fiscal pela Secretaria da Fazenda completam o quadro na forma de avaliação e controle. Os serviços de saúde gerenciados por OSS em São Paulo, através de contrato de gestão, incluem Hospitais, Ambulatórios Médicos de Especialidade (AME), Centro de Referência do Idoso (CRI), Centros de Reabilitação da Rede Lucy Montoro, Centros Estaduais de Análises Clínicas (CEAC), Serviços de Diagnóstico por Imagem (SEDI), Centro de Armazenamento e Distribuição de Insumos de Saúde (CEADIS) e Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (CROSS). O crescimento vertiginoso dos custos de assistência à saúde tem gerado diversas propostas de mudança na organização de equipamentos de saúde financiados com recursos públicos. A parceria com OSS aqui relatada é uma alternativa concreta à obtenção de maior qualidade e produtividade com menores custos. Nesse modelo, a contratação de serviços, avaliação e controle é atribuição exclusiva do Estado, que deve prestar contas de forma transparente e permanente, permitindo o indispensável controle social, em benefício do atendimento das necessidades da população usuária do Sistema Único de Saúde. Na condição de entidades de direito privado, as organizações sociais tenderão a assimilar características de gestão cada vez mais próximas das praticadas no setor privado, o que deverá representar, entre outras vantagens: • contratação de pessoal nas condições de mercado; • adoção de normas próprias para compras e contratos; e • ampla flexibilidade na execução do seu orçamento. Não é correto, contudo, entender o modelo proposto para as organizações sociais como um simples convênio de transferência de recursos. Os contratos e as vinculações mútuas serão mais profundos e permanentes, porque as dotações destinadas a essas instituições integrarão o Orçamento da União, cabendo a elas um papel central na implementação das políticas sociais do Estado. O modelo institucional das Organizações Sociais apresenta vantagens claras sobre outras formas de organizações estatais atualmente responsáveis pela execução de atividades não exclusivas. Do ponto de vista da gestão de recursos, as Organizações Sociais não estão sujeitas às normas que regulam a gestão de recursos humanos, orçamento e finanças, compras e contratos na Administração Pública. (BRASIL, 1998, p. 15). 40 Capítulo 2 Assim, entende-se que o regime de OS permite maior agilidade na administração de recursos humanos, seja na seleção, contratação, manutenção ou no desligamento de funcionários, por trabalharem em regime celetista (CLT), sujeitos ao plano de cargos e salários, regulamentos e normas de cada organização social, diferente do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos, concurso público, tabela salarial do setor público, a que as organizações estatais estão sujeitas. Verifica-se também nas Organizações Sociais um expressivo ganho de agilidade e qualidade nas aquisições de bens e serviços, uma vez que seu regulamento de compras e contratos não se sujeita ao disposto na Lei nº 8.666 e ao SIASG. Esse ganho de agilidade reflete, sobretudo, na conservação do patrimônio público cedido à Organização Social ou patrimônio porventura adquirido com recursos próprios. (BRASIL, 1998, p. 16). Uma questão relevante a ser apontada é a gestão orçamentária da Organização Social, que se diferencia da gestão orçamentárias da gestão pública. Os recursos para a execução de contratos de gestão destinados à OS, consignados no Orçamento Geral da União, estão sujeitos a regulamento e processos próprios destas organizações, não tendo que se submeter aos ditames da execução orçamentária, financeira e contábil governamental e sua legislação pertinente, tornando os processos de contratações de recursos humanos, materiais e de equipamentos mais acessíveis e ágeis. Em defesa da gestão organizacional de serviços públicos por OS, é apontado o estabelecimento de mecanismos de controle sobre as ações finalísticas, ao contrário da administração pública, que é focada no controle de mecanismos processualísticos. Entende-se por ação finalística aquela que proporciona bem ou serviço para atendimento direto às demandas da sociedade. Mecanismos processualístcos dizem respeito ao modelo burocrático do Estado, autorreferido, ineficiente, centrado no processo, sem avaliação tanto de gestão, quanto dos servidores. Ao contrário, as Organizações Sociais são avaliadas de acordo com as metas que foram estabelecidas no contrato de gestão, cujo cumprimento é condição para a continuidade das ações, enquanto nas empresas estatais não existem mecanismos de acompanhamento da execução de metas, existe controle da prestação de contas que estão sujeitas a auditorias e análise do Tribunal de Contas da União, caso seja identificada anomalia em seu processo, não se inspecionando o cumprimento real da meta estabelecida. Nesteponto cabe questionar: como se inicia o processo de implementação de uma Organização Social? 41 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Para responder a esta questão, é necessário compreender duas ações governamentais para a implementação de uma OS: • a primeira diz respeito à publicização de determinadas atividades que seriam executadas por entidades estatais, mas que, agora, serão extintas; e • a segunda, é a determinação pelo órgão governamental de que estas atividades serão repassadas a entidades privadas, qualificadas como OS, depois de firmado contrato de gestão. Por outro lado, é importante esclarecer que as entidades estatais não se transformam em OS, elas são extintas após a publicização de suas atividades. Publicização refere-se à produção não estatal de bens públicos, por entidades situadas no âmbito do denominado terceiro setor. O projeto OS baseia-se na publicização de atividades relacionadas à produção de bens públicos realizados por entidades estatais, ou seja, permitir sua absorção por entidades não estatais orientadas para certas políticas públicas. Após contrato de gestão com entidades estatais, as OS devem estabelecer planejamento adequado ao objeto contratado baseado nas políticas e diretrizes públicas com a finalidade de manter um acompanhamento permanente das metas estabelecidas e avaliação constante das ações realizadas e a satisfação daqueles que recebem os serviços prestados, nas condições em que são ofertados. Um planejamento que confira consistência à atuação da instituição deve se iniciar com as definições estratégicas e fechar o seu primeiro ciclo com a definição de metas claras e específicas, que traduzam as aspirações institucionais em ações práticas, que lhe permitirão caminhar, de fato, na direção desejada. A partir desse primeiro ciclo de definições, é preciso rever periodicamente o ambiente, as ameaças e as oportunidades que se apresentam, de forma a poder prever situações que possam vir a interferir no que foi planejado, o que possibilitará a revisão, tanto de estratégias, quanto de ações. (BRASIL, 1998, p. 20). De acordo com Brasil (1998), existem requisitos mínimos que devem ser rigorosamente respeitados relativos aos procedimentos de constituição e registro e, mais especificamente, às disposições referentes à gestão de uma Organização Social. Setor de serviços não orientado para o lucro. 42 Capítulo 2 Para a formação de uma OS, é necessário que um grupo de pessoas, os sócios fundadores, se reúna em assembleia para fundar uma entidade de direito privado (fundação ou associação), discutir e aprovar seu estatuto e eleger uma diretoria provisória, entre os sócios fundadores, e um representante legal para efeito dos registros da entidade e que será, também, o primeiro representante dos sócios junto ao conselho de administração. Todos os procedimentos de criação deverão ser lavrados em ata de fundação. Posteriormente, deverá ser aprovado o estatuto em assembleia, por meio de uma ata, que deverá obrigatoriamente conter os itens do seguinte quadro: Denominação Nome da fundação ou associação. Sede Social Local onde a entidade está situada e realiza suas atividades administrativas. Fins Devem ser claros e objetivos. Procure expressar claramente as finalidades sociais; deve ficar expressa a finalidade não lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades. A natureza social de seus objetivos deve ser pertinente com a área de atuação do Poder Público cujas atividades serão publicizadas; deve ser expressa a neutralidade política da entidade, sendo vedado o apoio ou a oposição a partido político ou a candidato a cargo eletivo. Fundo Social Deverá ser declarado, quando houver. Duração O prazo de duração será indeterminado. Administração O estatuto deverá trazer consignado o modo pelo qual a entidade será administrada. Os requisitos estatutários para qualificação de entidades como Organizações Sociais estão contidos na Medida Provisória n° 1.591 e no Estatuto- Padrão da entidade, ambos em anexo. Representação Deverá constar do estatuto que a entidade será representada judicialmente e extrajudicialmente, ativa e passivamente, pelo dirigente máximo. 43 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Forma de Estatuto Deverá constar do estatuto que ele é reformável no tocante à administração, por deliberação do conselho de administração, especialmente convocado para esse fim, mediante maioria de dois terços dos membros. Responsabilidade dos Sócios Deverá constar do estatuto que os sócios não se responsabilizam subsidiariamente pelas obrigações sociais. Destino do Patrimônio No estatuto deve constar o destino do patrimônio social no caso de dissolução da entidade. Condições de Extinção de Pessoa Jurídica Declarar as condições da extinção da entidade, competindo tal deliberação ao conselho de administração, especialmente convocado para esse fim, mediante maioria de dois terços dos membros. Registro O representante legal da entidade (geralmente o dirigente máximo, no caso de entidades constituídas, ou o representante legal dos sócios fundadores) deverá formular requerimento dirigido ao Oficial da Serventia, solicitando o registro ou alteração de registro da entidade. Eleição do Conselho e da Diretoria Definitiva O conselheiro representante dos sócios solicita a indicação dos representantes natos do conselho de administração, tanto do Poder Público, quanto da sociedade civil. Contrato de gestão O contrato de gestão, como instrumento-chave que regula o relacionamento entre ministérios e entidades (estatais ou não estatais) executoras de atividades sob sua supervisão, destina-se, principalmente, a: clarificar o foco da instituição, interna e externamente; oferecer uma base para se proceder à comparação entre o atual desempenho da instituição e o desempenho desejado; definir níveis de responsabilidade e responsabilização; possibilitar o controle social, por resultados e por comparação com outras instituições. 44 Capítulo 2 Depois de concluídas as avaliações de desempenho das atividades realizadas pelas OS, os resultados devem ser tornados públicos, permitindo o acompanhamento da eficácia e eficiência no atendimento das metas estabelecidas no contrato de gestão por parte da entidade, a transparência e o acesso por parte do ministério supervisor, da sociedade, do legislativo e do judiciário. Como instrumento de acompanhamento, o contrato de gestão permitirá a definição e a adoção de estratégias de ação que se mostrem necessárias para oferecer à instituição melhores condições para o atendimento dos objetivos e metas acordados. Além disso, o acompanhamento do desempenho institucional pelo contrato de gestão permitirá que se redefinam os objetivos e metas pactuados, caso as circunstâncias em que atua a instituição sofram alterações que justifiquem uma redefinição. Por outro lado, o contrato também se prestará à avaliação do desempenho dos gestores da instituição. (BRASIL, 1998, p. 37). O processo de monitoramento, fiscalização e avaliação de desempenho das Organizações Sociais de Saúde é realizado pela Coordenadoria de Gestão de Contratos de Serviços da Saúde da Secretaria Estadual da Saúde, que “[...] adota como referência as metas contratualizadas para produção de procedimentos, considerando o volume de gastos realizados e a satisfação do usuário.” (BARBOSA, 2005, p. 116). Os relatórios de prestação de contas e de indicadores de acompanhamento apresentam o volume de atendimento realizado pela organização naquele determinado período, possibilitando avaliar se o objeto contratual atinge o fim a que se destina, com eficácia e qualidade requeridas. O responsável por apresentar os dados é a Organização Social, mas, como existe a possibilidade de omissão ou “maquiagem” dessas informações, cabe à contratante acompanhar e realizar visitas periódicas para certificar-seque os serviços são prestados em conformidade com o contratado. Esse é o grande avanço que o modelo das organizações sociais trouxe para o Poder Público. No contrato de gestão, já são estipuladas metas que a Organização Social deverá cumprir e, com esses dados, é possível ter o acompanhamento efetivo do serviço prestado, flexibilidade administrativa, possibilita terceirizar atividade-meio (recepção, limpeza, entre outros), investir no treinamento constante de funcionário, criar política de gestão por desempenho, enfim, gerenciar uma organização de saúde, reduzir custos, melhorar a qualidade do serviço e ampliar a satisfação do usuário final. 45 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde As Organizações Sociais de Saúde dispõem de mais facilidades para modificar sua força de trabalho, visando atender às necessidades da população, pela possibilidade direta de contratar, demitir e adquirir bens. Podem existir casos em que a oferta de serviços não esteja adequada às necessidades da população e, quando se trata de um hospital da administração direta, esta adequação é mais difícil e demorada, pela necessidade de mudar o perfil dos trabalhadores, adquirir ou dispor de bens, entre outros fatores (OLIVEIRA, 2007). As principais críticas ao modelo de Organização Social, que podem ser consideradas um retrocesso à gestão da saúde são as seguintes: • inexistência de controle social; • privatização do SUS; e • o fato dos resultados da OSS serem melhores do que os da administração direta, porque estas recebem mais recursos. Em função da delegação da administração de hospitais públicos para organizações sociais, houve a privatização do SUS, porque quem efetivamente atende à população, com recursos públicos, é uma entidade social. No entanto, [...] toda a produção é realizada para o SUS (o atendimento é totalmente público) e todos os recursos auferidos pela entidade, devem ser aplicados no próprio serviço, não sendo permitidas retiradas de lucros ou qualquer outra vantagem, pelos diretores da entidade. (BARATA; MENDES, 2006, p. 8). Além disso, toda estrutura e equipamentos são patrimônios públicos. A Organização Social é responsável por realizar o atendimento e manter a estrutura, mas, quando é necessário comprar novos aparelhos, é responsabilidade do Estado. Com relação à comparação entre OSS e administração direta, existem vários estudos que comprovam que realmente a produção é maior, mas a diferença não é muito grande. A produção da OSS poderia ser maior se o Estado efetivamente realizasse a funções de fiscalizador das ações da entidade. 46 Capítulo 2 Seção 3 Estratégias empreendedoras na área da saúde Como vimos, o empreendedor é o profissional capaz de identificar uma oportunidade de negócio. Com sua forma de agir, transforma uma ideia em empreendimento concreto em benefício à comunidade e/ou a si mesmo. Ao criar algo que não existia ou transformar e inovar a realidade, provoca mudanças significativas em algo mal-estruturado ou inexistente em algo bem-sucedido no mercado. O empreendedorismo é a identificação de novas oportunidades de negócios, que tenham valor, que sejam inovadoras e que o mercado valorize. Vive-se em um cenário econômico social em que o futuro do emprego está ameaçado. Alguns estudos mostram que há tendência, inclusive, do desaparecimento de algumas profissões em função das novas tecnologias e capacidades desenvolvidas por sistemas computadorizados e aparecimento de outras para suprir demandas emergentes. Uma das maiores potências mundiais, os Estados Unidos, comprovaram esta tendência, em números. Uma pesquisa realizada neste país, entre 2004 e 2009, registrou queda de 31% na atividade de operador de computadores, tendo perdido 42 mil trabalhadores. Estatísticas facilmente compreensíveis: computadores mais sofisticados requerem, cada vez menos, operadores de terminais e servidores. De acordo com Cerqueira (2011), a Agência de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Statistics) dos EUA listou uma série de atividades fadadas ao fracasso, entre estas: • artistas performáticos; • triagem de serviço postal; • terapeutas holísticos; • assistente administrativo; • telemarketing; • vendedores de porta em porta; • funcionários de laboratório fotográfico; • costureiras; • operadores de rádio; • carpinteiros, entre outros. 47 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde No Brasil, que caminha a passos mais curtos em relação aos EUA, para os avanços tecnológicos, esta é uma forte tendência para um futuro não muito distante. De acordo com o economista José Farias, as mudanças no mercado de trabalho serão muitas no Nordeste, a julgar pela composição da mão de obra, que remonta ao início do século. Algumas atividades agrícolas deverão desaparecer. O natural é que apenas 5% da população empregada esteja na agricultura, como ocorre na Europa. Porém, no Nordeste esse percentual é de 15%. Com relação aos serviços, ele diz que essa participação deve ficar entre 60% e 70%. Os empregos na área de serviços estão em expansão (ANDRADE, 2000). Por outro lado, falta mão de obra especializada em diversos setores de produção e serviços. Um estudo britânico, denominado “The shape of jobs to come” (“Os tipos de trabalhos que virão”), realizado pela consultoria de tendências FastFuture aponta para profissões que estarão em alta no futuro. A empresa ouviu mais de 486 especialistas de 58 países, em cinco continentes. Nanomédicos, cirurgiões que ampliam a memória, policiais do clima e guias turísticos espaciais estão entre as 107 profissões do futuro. Neste contexto, o empreendedor busca responder às demandas do mercado, criando novas opções que possam se adequar e suprir os gargalos apresentados e levá-lo ao sucesso profissional (ANDRADE, 2000). O caminho para empreender requer de seus empreendedores conhecimento dos avanços, tendências e desafios na área em que deseja empreender. Os principais caminhos para empreender na área da saúde estão relacionados com consultórios, consultorias, auditorias, empresas prestadoras de serviços e organizações não governamentais. Nas seções anteriores, foram apresentadas e discutidas as características e bases legais das atividades de consultoria, auditoria e organizações não governamentais. No que diz respeito ao consultório de atendimento em saúde por profissionais autônomos de acordo com sua formação específica, estes são regulamentados por seus respectivos conselhos profissionais, que são autarquias federais criadas para legislar e fiscalizar as profissões, zelando pelo adequado exercício profissional ou estão previstos em leis federais que definem as funções e atividade de cada profissão ou ocupação profissional. Importante salientar que todas as profissões ou ocupações profissionais são matéria regulamentada por lei ou decretos federais. 48 Capítulo 2 O serviço, de acordo com Ramaswamy (1996 apud CUNHA; HERZMANN; SOARES, 2011, p. 3), pode ser entendido como “[...] as transações de negócios que acontecem entre um provedor (prestador do serviço) e um receptor (cliente) a fim de produzir um resultado que satisfaça o cliente.” A empresa prestadora de serviços é compreendida como aquela que executa um trabalho contratado por terceiros, ou seja, uma pessoa, empresa ou comunidade. Os serviços são caracterizados por um processo de produção e uso simultâneo que pode não consistir necessariamente na posse de um bem, e, neste sentido, os serviços não podem ser estocados. A prestação de serviços no Brasil é responsável por aproximadamente 60% do PIB e por empregar um grande número de pessoas no nosso país, entretanto há uma grande carência na incorporação de medidas que possam tornar compatível a qualidade e a importância dos serviços (GASPARETTO, 2012). As bases legais para a abertura de uma empresa dependem do tipo de empreendimento desejado, tendo em vista os diferentes órgãos de legislação e fiscalização das profissões e serviçosno país. No caso da saúde, o empreendedorismo está em grande medida relacionado à prestação de serviços de qualidade. Serviço é uma ação ou um desempenho de uma tarefa que pode ser oferecido à pessoa física ou jurídica, que é intangível, que não pode ser armazenado e, portanto, não inclui posse ou propriedade. No dizer de Kotler (1998), os serviços possuem quatro características que os diferem dos produtos, quais sejam: • intangibilidade; • inseparabilidade; • variabilidade; e • perecibilidade. O entendimento dessas características específicas do serviço possibilita uma maior compreensão do desenho dos processos das empresas. Quando se trata da intangibilidade, os serviços não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados antes de serem comprados. Na inseparabilidade, os serviços são produzidos e consumidos ao mesmo tempo. Na variabilidade, os serviços têm elevada variação de resultado, pois dependem de quem os executa e de onde são realizados. Por fim, quando falamos em perecibilidade, queremos dizer que esses serviços não podem ser armazenados. 49 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde No contexto da prestação de serviços, deve-se considerar as razões que levam os indivíduos a escolher este ou aquele produto/serviço e não outro. Diz respeito ao valor agregado de um produto ou serviço. No nosso cotidiano, verifica-se claramente que as pessoas têm mecanismos próprios ao fazer suas escolhas, dependendo de suas preferências pessoais, nível econômico social, entre outros fatores. Na maioria dos casos, o valor para o cliente, ao adquirir um produto ou serviço, está associado aos benefícios, preço, qualidade, acessibilidade, às vantagens que este lhe proporcionará, devendo o empreendedor usar adequadamente esta ferramenta. Ao finalizar esta seção, cabe informar que a participação do setor de serviços na economia americana está próximo aos 80%, na França é de 77% e, na Alemanha, 70%. Para a Organização Mundial do Comércio, estas nações intensificaram as atividades categorizadas como serviços porque elas agregam mais valor ao produto final por envolverem capital intelectual. Quanto mais exigente fica o consumidor, mais aumentam as necessidades e mais serviços são solicitados (COUTINHO, 2007). Conforme Costa, Cericato e Melo (2005), o fenômeno da globalização vem transformando o mundo dos negócios, provocando mudanças no ambiente organizacional, onde o mercado e a competitividade exigem das organizações resultados mais eficazes, assim como o repensar de práticas administrativas. As transformações ocorridas nas organizações e na sociedade desde o século passado ensejam que o terceiro milênio se caracteriza como um ambiente propício à inovação, à criatividade, fazendo prosperar, no âmbito organizacional, a figura do empreendedor corporativo. De acordo com Coutinho (2007), esta tendência mundial também diz respeito ao Brasil. Nas últimas décadas configura-se um quadro de mudança estrutural, na qual a maior força vem do setor de serviços. Dados do IBGE apontam que, em 2006, o setor de serviços respondeu por 64% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto o setor industrial obteve 30% e o setor agrícola foi responsável por 6%. 51 Habilidades Seções de estudo Capítulo 3 Estratégias empreendedoras na área da saúde Seção 1: Perspectivas em saúde Seção 2: Sistemas público e privado na área da saúde Ao ler este capítulo, você será capaz de reconhecer as estratégias empreendedoras na área da saúde e, então, propor novas estratégias. 52 Capítulo 3 Seção 1 Perspectivas em saúde Muitos profissionais de saúde desejam ter seu próprio negócio, ser autônomos, bem-sucedidos como empresários e alcançar o reconhecimento profissional. É importante ter sonhos e, principalmente, buscar estratégias adequadas para alcançá-los, torná-los realidade. Mas como iniciar esta jornada? O que fazer? Sabemos que não existem formulas mágicas, por isso é preciso desenvolver estratégias que permitem percorrer o caminho rumo à imagem objetivo desejada. Para início de conversa, é preciso conhecer as tendências e perspectivas do mercado atual e futuro na área da Saúde e outras afins. Fiorentino et al. (2012) apontam oito grandes tendências de crescimento até 2020, quais sejam: 1. mais um bilhão de consumidores; 2. infraestrutura antiga, novos investimentos; 3. militarização após industrialização; 4. aumento crescente da produção primária; 5. desenvolvimento do capital humano; 6. manutenção da saúde dos mais ricos; 7. tudo igual, mas melhor; 8. preparação para a próxima grande novidade. Neste contexto, duas perspectivas apontadas pelo autor são de interesse da área da Saúde, as quais serão abordadas mais detalhadamente: • desenvolvimento do capital humano; e • manutenção da saúde dos mais ricos. No que diz respeito ao desenvolvimento do capital humano em busca de novas oportunidades, a população do campo procurou migrar para cidades maiores, alterando, significativamente, a economia, em especial aquelas de crescimento rápido. Entretanto, a velocidade de melhorias na infraestrutura, para dar conta deste processo migratório, não conseguiu evoluir na mesma proporção. 53 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A ampliação do acesso à educação e a melhoria da sua qualidade nos próximos dez anos serão fatores-chave para esses países realizarem com sucesso a transição para uma economia de indústria e serviços de maior valor agregado e baseado em tecnologia. Da mesma maneira, a construção de um sistema de saúde básico e de uma rede de segurança social mais forte absorverá uma proporção muito maior de investimentos do que no passado. Sua contribuição estimada ao PIB global em 2020 é de dois trilhões de dólares. (FIORENTINO et al., 2012, p. 4). Neste contexto, cabe aos profissionais de saúde se preparar para atender a esta demanda, oferecendo serviços de saúde básica e especializada de maior qualidade. Da mesma forma, o setor público terá de se preparar para atender a esta população, criando novas oportunidades de trabalho e renda, com grandes possibilidades de empreendedorismo na área de capacitação de recursos humanos para manter e qualificar os serviços prestados. Nas economias desenvolvidas, a escassez de talentos significará mais e melhores oportunidades de carreira para os profissionais de idade mais avançada e para os recém-graduados, cuja maioria é hoje formada por mulheres. (FIORENTINO et al., 2012, p. 25). Em relação à manutenção da saúde dos mais ricos, observa-se que a longevidade está aumentando a cada censo realizado, uma vez que o país tem se desenvolvido e oportunizado melhor qualidade de vida e atendimento à saúde ampliado, especialmente para aqueles que estão dispostos a pagar por esses serviços. Por outro lado, a legislação específica protege e promove o atendimento diferenciado à população que está envelhecendo. Com a população das economias desenvolvidas envelhecendo, surgirão mais e melhores tratamentos médicos, além de mudanças nos sistemas de pagamento para elevar a eficiência do gasto com saúde. Tudo isso estimulará, nos governos, a inovação e as reformas. Sua contribuição estimada ao PIB global em 2020 é de quatro trilhões de dólares. (FIORENTINO et al., 2012, p. 5). Nesta perspectiva, a próxima década premiará negócios criativos e que inovarem ao transformar produtos e serviços existentes em atrativos aos consumidores. As possibilidades de criação de algo novo são tão grandes quanto à imaginação dos inovadores e podem englobar de alimentos e eletrodomésticos até transporte e entretenimento. Também são visíveis em recreação, lazer e serviços pessoais, e até mesmo em utilidades públicas, onde a desregulamentação está criando boas chances para que as corporações diferenciem seus serviços em outros aspectos além do preço. 54 Capítulo 3 Inovações sutis podem ser ainda mais poderosas quando se inter-relacionam com as grandes inovações, como no casoda telefonia móvel e das redes sociais, por exemplo. Quase toda empresa precisará investir em inovações sutis, atendimento ao cliente e outras técnicas que contribuem com o processo de criação de novidades. Caso contrário, será superada pela concorrência. No caso do Brasil, o aumento substancial da classe média e a elevação do PIB per capita observado nos últimos dez anos dão confiança para um cenário positivo na próxima década. O modelo econômico deverá evoluir, com mais ênfase em investimentos e produtividade, por isso as perspectivas são positivas. O país hoje já representa 45% da economia da América Latina e é o quinto mercado consumidor do mundo. Dentre os emergentes, o Brasil apresentará o terceiro maior crescimento esperado de consumo até 2020, ficando atrás apenas de China e Índia. Estimado em 650 bilhões de dólares, tal crescimento continuará criando grandes oportunidades para empresas de todos os tamanhos e setores. (FIORENTINO et al., 2012, p. 7). No Brasil, atualmente 68% da população se encontra em idade ativa, fato que representa uma vantagem competitiva, uma vez que a tendência é que esta população continue crescendo em ritmo acelerado nos próximos anos em relação à população total, proporcionando fatores desencadeantes de aceleração das taxas de crescimento econômico em atendimento às demandas desta faixa populacional. Apesar do aumento nos investimentos sociais e das melhorias alcançadas na saúde, educação, nutrição e assistência social, o país ainda tem uma grande lacuna a ser preenchida em comparação com as economias desenvolvidas. Essa situação cria importantes chances de negócios para as empresas desses setores. (FIORENTINO et al., 2012, p. 7). O trabalho em Saúde deve atender às necessidades individuais e coletivas do ser humano, no contexto histórico e social em que vive. Neste sentido, o trabalho em Saúde deve ser sistematizado a partir do conhecimento de cada área de atuação e transformado em produto ou serviço colocado à disposição da população para atendimento às suas necessidades, emoções, desejos, aspirações e sentimentos que compõem a sua subjetividade e individualidade. Por subjetividade entende-se o processo pelo qual algo se torna constitutivo e pertencente ao indivíduo de modo singular. É o processo básico que possibilita a construção do psiquismo. A individualidade se refere à herança biológica do indivíduo, sendo a base (mas não apenas ela) para o desenvolvimento da personalidade, que é o sistema psicológico integrado que possibilita a formação do eu. (SILVA, 2009, p. 2). 55 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde No contexto da empresa prestadora de produtos ou serviços de saúde, são as pessoas que fazem um negócio funcionar. A empresa pode estar dotada dos melhores recursos materiais, incluindo-se instalações tecnológicas, estrutura física moderna, equipamentos de última geração, entre outros recursos físicos, mas sabemos que todos estes aparatos não fazem a empresa funcionar e atingir seus objetivos. São as pessoas com conhecimento de como fazê-las funcionar que desencadeiam a possibilidade de atendimento com qualidade, inteligência, dinamismo, dando vida ao negócio. São as pessoas que proporcionam a excelência, a produtividade e a competitividade da empresa. Portanto, devem estar devidamente capacitadas para corresponder aos objetivos da empresa de Saúde, no que diz respeito à satisfação do cliente e ao desenvolvimento do espírito de equipe. A tendência atual é que as pessoas trabalhem em equipe. As empresas bem-sucedidas adotaram medidas para juntar as pessoas, em ambientes socializados e integrados, proporcionando uma comunicação eficaz e eficiente e disseminação rápida de ideias e informações. O conceito de cargo está sendo substituído pelo de equipe. O cargo é uma composição de todas as atividades desempenhadas por uma pessoa – o ocupante – que podem ser englobadas em um todo unificado e que figura em certa posição formal do organograma da empresa. Assim, para desempenhar as suas atividades, a pessoa que ocupa um cargo deve ter uma posição definida no organograma. (CHIAVENATO, 1999, p. 160). O trabalho em equipe pode ser definido como um conjunto de comportamentos que são, simultaneamente, desconhecidos e difíceis de colocar em prática, cotidianamente. Entretanto, ele contribui para o alcance dos resultados organizacionais à medida que potencializa a capacidade de inovar e solucionar problemas por meio de atitudes colaborativas entre seus membros (GUERRA, 2002). Neste contexto, pode-se dizer que uma única pessoa usando práticas de melhoria da qualidade pode fazer uma grande diferença em uma organização. Mas raramente uma única pessoa possui conhecimento ou experiência suficiente para compreender tudo o que está envolvido em um processo. Portanto, importantes aumentos de produtividade e qualidade resultam, geralmente, de equipes que reúnem habilidades, talentos e conhecimento com treinamento adequado, para resolver problemas complexos e crônicos, descobrindo soluções eficazes e permanentes (SCHOLTES, 1992). 56 Capítulo 3 Gerenciar equipe é uma das tarefas mais importantes para o empreendedor, principalmente porque cada pessoa é única e, nesse sentido, para desenvolver seu potencial, ela deve estar colocada no lugar certo. Quando as pessoas fazem o que gostam, produzem mais e com maior qualidade. Para empreender, é importante também a elaboração de um plano de negócios, essencial para o sucesso de qualquer tarefa. Planejar significa formular metas, objetivos e estabelecer orientações para o futuro de uma empresa ou oportunidade de negócio. Do inglês Business Plan, o plano de negócios, também chamado “plano empresarial”, é um documento resultante de uma metodologia de planejamento que define o ponto de partida e os objetivos da empresa e traça o percurso que ela deve seguir. Este documento especifica, em linguagem escrita, um negócio que se quer iniciar ou que já está iniciado (DORNELAS, 2005). O Plano de negócios é a descrição, por escrito, dos passos que são necessários para a criação de um serviço ou produto. O processo de criação de um negócio envolve a determinação dos objetivos, as estratégias e ações para o alcance destes e, ainda, a previsão dos riscos e das incertezas presentes no caminho a ser percorrido. Esse planejamento é um desafio que exige de seus executores pesquisa de mercado e persistência, pois demanda trabalho duro e criatividade. Ao se colocar uma ideia no papel, de forma clara e calculando todos os detalhes de sua implementação, é possível identificar os riscos e restringir erros ainda no plano, evitando que estes sejam cometidos posteriormente, quando já inserido no mercado. Com se pode observar, o plano de negócios é um planejamento que projeta as estratégias operacionais e prevê os passos que determinam a inserção de um negócio no mercado, capaz de prever, inclusive, os resultados financeiros da proposta, seja de um produto ou um serviço na área da Saúde. A estratégia de inserção no mercado talvez seja a tarefa mais importante e crucial do planejamento de novos negócios. 57 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A seguinte figura apresenta um diagrama com os passos a serem desenvolvidos no processo de empreender: Figura 3.1 – Diagrama ao processo de empreender O Processo empreendedor Fatores Pessoais Fatores Pessoais Fatores Sociológicos Fatores Pessoais Fatores Organizacionais Ambiente Ambiente Ambiente » realização pessoal » assumir riscos » valores pessoais » educação » experiência » assumir riscos » insatisfação com o trabalho » ser demitido » educação » idade » networking » equipes » influência dos pais » família » ser demitido » modelos de sucesso (pessoas) » empreendedor » líder » gerente » visão » equipe » estratégia » estrutura » cultura » produtos » oportunidade » criatividade » modelos pessoais de sucesso » competição » recursos » incubadoras» políticas públicas » competidores » clientes » fornecedores » investidores » bancos » advogados » recursos » políticas públicas inovação evento inicial implementação crescimento Fonte: Dornelas (2005, p. 41). Como vemos, o processo de empreender inicia-se quando uma ideia ou um evento gera o um novo negócio. Este novo negócio pode ser despertado em função da inovação tecnológica associada a fatores pessoais relacionados com a vontade de realização pessoal, a capacidade de assumir riscos, valores pessoais, educação e experiência em determinada área. Os fatores do ambiente se apresentam como uma oportunidade de negócio criativo e modelo promissor ou de sucesso. Da mesma forma, o evento inicial para despertar uma oportunidade de negócio está na dependência de características pessoais do empreendedor, como a capacidade de assumir riscos, insatisfação com o trabalho, demissão que faz com que procure um novo caminho de sobrevivência, influência dos pais, idade, formação, aliadas a fatores ambientais favoráveis ao desenvolvimento de um negócio. 58 Capítulo 3 A implementação de um negócio exige que a pessoa seja empreendedora, exerça liderança, tenha capacidade de gerência e visão do negócio, e saiba buscar no ambiente externo competitividade, recursos, experiência de negócios semelhantes e políticas públicas favoráveis. O crescimento de um empreendimento requer a escolha de uma equipe talentosa, estratégica, estrutura para suportar as necessidades do negócio, cultura organizacional e produtos e serviços de qualidade, competência para enfrentar a concorrência, estratégia para buscar novos e reter clientes, bons fornecedores, possíveis investidores, recursos financeiros e políticas públicas favoráveis. Como se pode observar, o processo de empreender exige a execução de algumas etapas essenciais ao seu planejamento: ideia da oportunidade de um negócio, elaboração do plano com quantificação de recursos e mecanismos à sua obtenção e o gerenciamento do negócio. Para o Sebrae (2009, p. 8), Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos de um negócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados, diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite identificar e restringir seus erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado. De acordo com Dornelas (2005), dependendo do público-alvo do plano de negócios, a estrutura deverá se adequar à entidade ou organização solicitante, podendo ser diversa da que será apresentada a seguir. Optou-se pelo roteiro sugerido por Dornelas (2005, p. 101), por considerá-lo de fácil compreensão e execução para aqueles que desejarem elaborar um plano de negócios. Modelo de Roteiro Adaptação de Dornelas (2005, p. 101) • Capa e sumário A capa é uma das partes mais importantes do plano de negócios uma vez que é a primeira parte a ser visualizada por quem tem acesso ao plano, devendo ser clara e objetiva com as informações necessárias e pertinentes. O sumário deve conter o título de cada seção do plano de negócios e a página respectiva, bem como os principais assuntos de cada seção, o que facilita ao leitor encontrar rapidamente as partes que mais lhe interessam. 59 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde • Sumário executivo O sumário executivo é a principal seção do plano de negócios, pois será por meio dele que o leitor decidirá se continua ou não a ler o plano de negócios. Portanto, atenção especial deve ser dada a essa parte; o texto deve ser revisado várias vezes, mantendo-o mais atrativo possível. Deve ainda ser dirigido ao público-alvo do plano de negócios e explicitar qual seu objetivo. Por exemplo: requisição de financiamento junto a bancos, capital de risco, apresentação da empresa para potenciais parceiros ou clientes etc. O sumário executivo deve ser a última seção a ser escrita, pois depende da finalização de todas as outras seções do plano para ser elaborada com precisão. • Análise Estratégica Nesta seção, são definidos a visão, a missão da empresa, a situação atual, as potencialidades, as ameaças externas, suas forças, suas fraquezas, seus objetivos e metas de negócio, se revelando a base para as demais ações descritas no plano. • Descrição da empresa Nesta seção, deve-se descrever o empreendimento, seu histórico, crescimento, faturamento dos últimos anos, razão social, estrutura organizacional, localização, parcerias, serviços terceirizados etc. Em caso de empresa já constituída, descrever também seu crescimento/faturamento dos últimos anos, sua razão social e impostos. • Produtos e serviços Descrever quais são os produtos e serviços, como são produzidos, ciclos de vida, fatores tecnológicos envolvidos, o processo de pesquisa e desenvolvimento, principais clientes atuais, se detém marca e/ou patente de algum produto etc. Quando disponível, pode ser incluída a pesquisa de satisfação do cliente. • Plano Operacional Apresentar as ações que a empresa está planejamento em seu sistema produtivo e o processo de produção, indicando o impacto destas ações em seus parâmetros de avaliação de produção. • Plano de Recursos Humanos Descrever os planos de desenvolvimento e educação permanente de pessoal da empresa. Estas informações indicam a meta de crescimento da empresa, considerada um fator estratégico de competitividade dependendo do ramo se atuação da empresa. 60 Capítulo 3 • Análise de mercado Deve-se deixar claro que se conhece muito bem o mercado consumidor do produto/serviço (através de pesquisas de mercado): como está segmentada, a característica do consumidor, a sua localização, análise da concorrência, a participação de mercado do empreendimento e a dos principais concorrentes, os riscos do negócio, e sua participação no mercado. • Estratégia de marketing Nesta seção, deve-se mostrar a pretensão de venda do produto/serviço e conquistar seus clientes, manter o interesse deles e aumentar a demanda. Deve abordar seus métodos de comercialização, diferenciais do produto/serviço para o cliente, política de preços, projeção de vendas, canais de distribuição e estratégias de promoção/comunicação e publicidade. • Plano financeiro A seção de finanças deve apresentar, em números, todas as ações planejadas de seu empreendimento e as comprovações, através de projeções futuras (quanto necessita de capital, quando e com que propósito), de sucesso do negócio. Deve conter demonstrativos como fluxo de caixa com horizonte de três anos, balanço patrimonial, análise de ponto de equilíbrio, necessidades de investimento, demonstrativo de resultados, análise de indicadores financeiros do negócio, como faturamento entre outras informações. • Anexos Esta seção deve conter todas as informações que você julgar relevantes para o melhor entendimento de seu plano de negócios. Por isso, não tem um limite de páginas ou exigências a serem seguidas. A única informação que não pode deixar de ser incluída é a relação dos currículos dos sócios ou dirigentes da empresa. Pode-se anexar informações como fotos de produtos, plantas da localização, roteiro e resultados completos das pesquisas de mercado que foram realizadas, material de divulgação do negócio, folders, catálogos, estatutos, contrato social da empresa e planilhas financeiras detalhadas. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2009) é a entidade que tem por missão promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo. O plano de negócio é o instrumento ideal para traçar um retrato fiel do mercado, do produto e das atitudes do empreendedor, o que propicia segurança para quem quer iniciar uma empresa com maiores condições de êxito ou mesmo ampliar ou promover inovações em seu negócio. 61 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Seção 2 Sistemas público e privado na área da saúde Esta seção tem como foco uma aproximação com algumasdas mudanças em curso no Sistema Único de Saúde, focalizando, especificamente, o setor privado prestador de serviços de saúde, que vem mantendo, ao longo das últimas décadas, peso decisivo na condução da política de saúde. Nesse sentido, importa mapear as diferentes modalidades sob as quais se insere a iniciativa privada na prestação de serviços de Saúde, mostrando as mudanças mais significativas na relação entre o setor público e o privado. Algumas dessas modalidades se constituem, na verdade, de uma intensificação ou consolidação de padrões e tendências presentes desde os anos1970, como o setor que integra as seguradoras de saúde e as empresas de medicina de grupo. Outras como a atuação das cooperativas médicas junto ao setor público, se mostram como tendências em expansão numa conjuntura de crise fiscal do estado e regressividade dos investimentos no campo social. No caso brasileiro, estão em curso mudanças substantivas que têm como marco não só o cenário internacional da reforma e redução das funções do estado e de controle do gasto público, como também fatores internos, potencializados pela dinâmica do setor e decorrentes da implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). O processo de descentralização, uma das principais diretrizes do SUS – considerado desde o início da década, estratégia adequada, tanto para a administração e o controle dos gastos e, portanto, como para uma distribuição mais eficiente do escasso orçamento público, e visto também como caminho virtuoso para a redemocratização do sistema e a incorporação da participação popular, sem dúvida, introduz por si só mudanças significativas. (SOUZA; BODSTEIN, 2002, p. 2). Sob uma perspectiva mais ampla, a noção de público e privado, bem como a relação entre as duas categorias, assume uma grande variabilidade de significados sociais. O que é público pode ser visto e ouvido por todos e tem a maior divulgação possível. Privado, por sua vez, se identifica com aquilo que se diz ou se faz num restrito círculo de pessoas. Ora, a esfera do público, como esfera do poder político, pode não coincidir com a esfera do público enquanto local onde se dá o controle do poder político por parte do público. Como pensar essa dicotomia e a articulação entre os dois termos na sua apropriação no campo da Saúde, especificamente no Brasil? 62 Capítulo 3 Como ponto de partida, assumindo uma carac terística geral da modernidade, parece mais profícuo falar da relação entre os dois termos do que pensá-los de forma separada, na medida em que se inter-relacionam mutuamente, apesar de uma opacidade dessa relação na grande maioria das análises e no debate em torno da Saúde (SANTOS; AMARANTE, 2010). Várias análises identificam uma tendência comum em todos os países da América Latina no sentido da “privatização” da saúde. Apesar de o termo “privatização” ser usado de forma imprecisa, podendo assumir diferentes significados, em linhas gerais significaria a ampliação do setor privado em detrimento do estatal e sua emergência como setor hegemônico em um contexto em que a lógica mercantil teria se tornado o elemento ordenador da área da saúde (LAURELL, 1995). As diferentes modalidades de privatização teriam como denominador comum a transformação da saúde de um direito de cidadania a uma mercadoria e derivariam de uma dupla necessidade: • favorecer as políticas de ajuste; e • impulsionar a mercantilização dos setores rentáveis dos serviços de atenção à saúde. No caso do Brasil, o crescimento do setor privado é anterior ao movimento de valorização do mercado, fruto das reformas econômicas dos anos 1990 no país, e, portanto, não pode ser visto como uma simples resposta às pressões e mudanças geradas na conjuntura nacional e internacional. Os movimentos contraditórios que formataram a política de saúde atual se expressaram na legislação e também no processo de implantação recente, pois, apesar das restrições, o SUS foi se institucionalizando, inclusive pelo reconhecimento público do direito à saúde. Nesse processo, outros atores se constituíram e passaram a disputar espaço na arena da saúde, particularmente os gestores municipais e estaduais e os conselhos paritários formados nos três níveis de governo, como exigência da legislação e em um movimento de ampliação da “esfera pública”. De acordo com Santos e Amarante (2010), a mobilização em torno da viabilização financeira da assistência pública mostrou a visibilidade e a importância política que ela assumira, bem como a rede de instituições e atores em torno do SUS, inclusive os prestadores privados e profissionais de saúde, cujos interesses são diretamente afetados pela política de saúde. Duas lógicas operam na política de saúde: Traduzido tanto na prestação de serviços por unidades privadas quanto na existência de formas privadas de financiamento, gestão e acesso a serviços de saúde. 63 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde • uma publicista, no sentido de viabilizar o SUS – processo que, de certa forma, se tornou irreversível –; e • outra privatista, no sentido de ampliar a cobertura por planos e seguros de saúde, constituindo ou consolidando dois segmentos diferenciados, que se traduzem em duas estruturas institucionais e em um sistema de saúde dual. O setor privado de saúde no Brasil integra as seguradoras de saúde, as cooperativas médicas e as empresas de medicina de grupo. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea, 2010), o setor compreende mais de mil empresas, movimenta cerca de US$14,8 milhões por ano, o que equivale a (2,6% do PIB) e cobre aproximadamente 27% da população do país. Em suma, a regulação da assistência privada não significou um movimento deliberado de privatização, mas a oficialização do sistema segmentado da assistência à saúde no Brasil. Seguindo essa política, o Ministério da Saúde, como o espaço institucional de formulação e execução da política de saúde, de forma direta ou indireta por intermédio da Agência Nacional de Saúde (ANS), passa a ser a instância reguladora de dois sistemas de assistência não apenas díspares, do ponto de vista conceitual e jurídico, mas completamente independentes – pelo menos formalmente – e com coberturas, clientelas e qualidade bastante diferenciadas: • um deles, o SUS, fundamentado na concepção do direito à saúde – portanto, de caráter universal e igualitário; • o outro, baseado na lógica do mercado em que a participação é desigual, embora formalmente livre, sendo os planos de saúde, vistos como produtos a serem registrados e controlados quanto à qualidade e ao preço, mas também como quantidade variável de produtos a serem consumidos. Nesse sentido, a política regulatória tem como consequência a fragilização do projeto SUS do ponto de vista político-ideológico, além de reforçar as crenças cognitivas a respeito dos dois sistemas (SANTOS; AMARANTE, 2010). Isso significa que o Estado, ao mesmo tempo em que assume novas funções de regulador, não abandonou suas ações intervencionistas e continua sendo responsável por um sistema nacional de saúde que oferece cobertura ampla para cerca de 75% da população. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) passou a incorporar a agenda do governo federal como uma das prioridades na reorientação do modelo de organização da atenção à saúde no país, no interior de uma nova proposta de oferta de serviços e de financiamento da atenção básica à saúde. 64 Capítulo 3 A partir de então, o Ministério da Saúde tem adotado estratégias articuladas, procurando criar mecanismos indutores para que os municípios passem a assumi-la com prioridade no conjunto de suas responsabilidades para com a saúde. Nesse caso, entram no jogo decisório novos atores e instituições públicas e privadas, com o propósito de dar cabo às possibilidades gerenciais, demandando um necessário processo de governança para dar conta dos interesses públicos (BRASIL, 2006). Em virtude da tendência crescentede parcerias público-privada surge o debate da governança, como a ênfase na boa interação entre governo, sociedade civil e setor privado. A dificuldade de estabelecer resultados objetivos na Estratégia de Saúde da Família coloca para o setor público o papel de liderança na definição de mecanismos de contratualização e controle das ações a serem desenvolvidas, bem como a capacidade de mobilização dos distintos atores envolvidos na criação de instrumentos de gestão interorganizacionais e definição de prioridades e processos. Neste contexto, o setor público (estatais), setor privado (empresas) e o terceiro setor (organização privada sem fins lucrativos) interagem mediante celebração de convênios e contratos para gerenciar e/ou prestar serviços ao setor público. Estas relações permitem aos empreendedores novas oportunidades de negócio. 65 Habilidades Seções de estudo Capítulo 4 Estratégias de Marketing Seção 1: Estratégia de Marketing no relacionamento com o cliente Seção 2: Técnica de negociação, estratégias de comunicação interna e externa Aplicar estratégias de marketing na área da saúde. 66 Capítulo 4 Seção 1 Estratégia de Marketing no relacionamento com o cliente Ao iniciar esta seção, considera-se importante lembrar a trajetória trilhada até aqui. Passou-se pela discussão: • dos princípios do empreendedorismo; • das características do profissional empreendedor; • dos processos legais de organização; • do funcionamento das estratégias empreendedoras na área da saúde; e • das tendências e inovações que podem ser implementadas na área da saúde, culminando no plano de negócios para o desenvolvimento de uma ideia empreendedora. É chegada a hora de entender sobre o processo de divulgação de um negócio e como atrair e manter clientes potenciais. É através da área de Marketing que as empresas se relacionam com o mercado, podendo, assim, conhecer e atender às necessidades e desejos dos consumidores, a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais. Segundo Kotler (1998, p. 37), o conceito de: [...] marketing assume que a chave para atingir as metas organizacionais consiste em ser mais eficaz que as concorrentes para integrar as atividades de marketing, satisfazendo, assim as necessidades e desejos dos mercados-alvos. Atualmente, o desenvolvimento de estratégias de retenção de clientes é prática comum na maioria das empresas, uma vez que ao marketing de relacionamento estão associadas vantagens, especialmente no que diz respeito: • ao aumento do volume de negócios; • à redução de custos devido à diminuição da rotatividade dos clientes; e • ao aumento da frequência nas relações negociais e de clientes que podem se tornar ativos, a partir das relações estabelecidas. 67 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Nesta ótica, o Marketing parte de uma perspectiva de fora para dentro, ou seja, começa com um mercado bem definido, focaliza as necessidades dos consumidores, as atividades que a afetarão e a produção de lucro por meio da satisfação deles. Uma empresa pode definir seu mercado-alvo, mas pode falhar em conhecer as necessidades dos clientes. O marketing profissional para uma empresa fundamenta-se em atender às necessidades reais dos consumidores melhor do que qualquer de seus concorrentes. No caso da área da saúde, estamos nos referindo à prestação de serviços e de produtos. De acordo com Kotler (1998, p. 412), “[...] serviço é qualquer ato ou desempenho que uma parte possa oferecer a outra e que seja essencialmente intangível e não resulte na propriedade de nada”, ou seja, o cliente recebe o serviço e isto não significa que resultou em objeto concreto da ação. O cliente recebe uma massagem terapêutica na região do tórax para alívio de dor e tensões. Terminada a massagem, resta ao cliente a satisfação do alívio da dor e o relaxamento muscular. Esse exemplo demonstra que não há aquisição de bens. Kotler (1998) define quatro características desse tipo de serviço: • intangibilidade; • inseparabilidade; • variabilidade; e • perecibilidade. Vejamos um pouco mais sobre cada uma dessas características. A intangibilidade se refere ao fato de que os serviços não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados antes de comprados ou adquiridos e efetivamente realizados. Para reduzir essa incerteza, os compradores procuram sinais da qualidade do serviço. Para se certificar da qualidade dos serviços ou produtos a serem adquiridos, o cliente busca a localização, funcionários, equipamentos, material de comunicação, símbolo e preço disponíveis no mercado, como base para definição dessa qualidade. Segundo Kotler (1998, p. 414), “[...] a tarefa do fornecedor é administrar a evidência, tangilizar o intangível”. A inseparabilidade está relacionada à questão dos serviços serem produzidos e consumidos simultaneamente, o contrário do que acontece com bens físicos que são fabricados, guardados, distribuídos pelos vendedores e, mais tarde, consumidos por quem os adquire. 68 Capítulo 4 A pessoa que presta o serviço já faz parte dele. A interação fornecedor-cliente é uma característica do Marketing de serviços, pois o cliente está presente enquanto o serviço é produzido, ambos determinando o resultado final do serviço oferecido. Quando os serviços são de entretenimento e pessoais, geralmente os compradores estão interessados em um fornecedor específico. Há clientes que têm preferência por certo fornecedor. Neste caso, não se importam com o preço do serviço prestado, mas valorizam os laços de confiança e fidelização incorporados. A característica da variabilidade se refere ao fato de que os serviços possuem diferenças que estão associadas aos executores e aos locais onde são prestados. Por esta razão, ao buscar determinado serviço, é comum aos interessados, ou seja, aos potenciais compradores, buscar várias alternativas de oferta do serviço desejado antes da definição do fornecedor. Empresas prestadoras de serviços devem buscar formas de melhorar a qualidade do que ofertam. A utilização de mecanismos possibilitará detectar a satisfação do cliente e os pontos fracos que precisam ser melhorados e corrigidos. A perecibilidade, no dizer de Kotler (1998, p. 416) se refere à característica de que: [...] os serviços não podem ser estocados. A perecibilidade dos serviços não é um problema quando a demanda é estável. Mas quando a demanda é instável as empresas de serviços enfrentam problemas difíceis. Esses problemas dizem respeito ao fato de que os profissionais disponíveis para atendimento poderão ficar ociosos ou sobrecarregados, sendo necessária a definição de um processo de trabalho que determine o que fazer nestas situações. Neste contexto, a empresa busca formas de dar conhecimento à sociedade de seu negócio e serviços, tentando diferenciá-los de seus concorrentes. De acordo com Martins (2006, p. 80), o marketing de relacionamento corresponde a: [...] uma filosofia de administração empresarial baseada na aceitação da orientação para o cliente e para o lucro, por parte de toda empresa, e no reconhecimento de que se deseja buscar novas formas de comunicação para estabelecer um relacionamento profundo e duradouro com os clientes, prováveis clientes, fornecedores e todos os intermediários como forma de obter vantagem competitiva sustentável. Como a educação permanente de seu pessoal, a criação de protocolos ou normas que padronizem a prestação dos serviços, a análise comparativa de mercado, a avaliação dos serviços pelos consumidores. 69 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Assim, empreendedores buscam atender às necessidades de sua clientela aperfeiçoando constantemente suas estratégias de divulgação e comercialização de produtos e serviços, na intenção de fidelizar seus clientes. Kotler (1999) afirma que uma estratégia bem-sucedida no desenvolvimento da fidelidade não pode ser estática, devendo, ao contrário, serconstantemente atualizada, aperfeiçoada e corrigida à medi da que as condições e as pessoas se modificam ao longo do tempo. Assim, o segredo de uma empresa de sucesso centra-se na capacidade de tornar seus clientes fiéis e fortes por meio de um processo gradativo de conquista pela qualidade dos serviços prestados. As empresas devem focar seus esforços em atrair e manter clientes lucrativos, sem deixar de ter a perspectiva de vendedora de produtos e serviços. Para atingir seus objetivos, os empreendedores buscam nas ferramentas de marketing, caminhos para tornar seus produtos e serviços reconhecidos pelos clientes. Conforme Kotler (1998), McCarthy criou e popularizou quatro ferramentas que as empresas podem usar para atingir seus objetivos de marketing no mercado-alvo, chamadas de 4 Ps. 1. Produto. 2. Preço. 3. Praça. 4. Promoção. Vejamos um pouco mais sobre cada um dos 4 Ps. O produto é qualquer coisa que atenda a uma necessidade, seja de alguma forma valorizada por atender a esta necessidade e possa ser trocado. O desafio de tomar decisões sobre os seus produtos envolve os seguintes elementos: atributos ou características do produto, marca, embalagem, rótulo e serviços de apoio, sempre com a intenção de atender as necessidades e materializar o desejo dos consumidores. Para ajudar na tomada de decisão sobre produtos e adotar políticas mais adequadas é necessário melhor conhecer o seu produto, classificando-o em termos de facilidade de comercialização (SAUERBRONN, 2008, p. 88). Também conhecido por “marketing mix” ou “composto de marketing” por serem variáveis controláveis e de possível flexibilização. 70 Capítulo 4 Trata-se da ferramenta básica, a oferta tangível da empresa para o mercado, que carrega consigo os seguintes aspectos: • qualidade; • design; • característica; • marca; • embalagens; • tamanhos; • serviços; • garantias; e • devolução. Esses serviços de apoio, que compõem o produto, geralmente fornecem vantagens em um mercado globalmente competitivo e atender aos desejos do consumidor. O preço de um produto é definido a partir de seu custo até o consumidor final, ou seja, o comprador. A pergunta que se faz é: como calcular o preço adequado de um produto? Para Sauerbronn (2008), o preço deve responder a algumas variáveis para ser considerado adequado, quais sejam: • que a empresa recupere seus custos fixos e variáveis aplicados; • que o comprador fique satisfeito como produto ou serviço; • que aquele que vende ou revende tenha ganhos de acordo com sua expectativa; e • que não se constitua em prática comercial desleal que ameace a concorrência. O preço é a ferramenta crítica na medida em que deve ser compatível com o valor percebido da oferta; se não houver essa compatibilidade, os compradores procurarão produtos concorrentes. Se assim for, é importante garantir que o preço final ao consumidor tenha condições de concorrer com similares em oferta no mercado. 71 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A decisão de fixação de preços, apesar de bastante frequente, é extremamente difícil porque envolve vários atores e a necessidade de conciliar, na medida do possível, todos os interesses em torno do preço final do produto, descontos e promoções. Deve-se pensar sobre a fixação de preços em temos de quanto o consumidor está disposto a pagar pelo produto (precificação pela demanda) ou em termos dos preços que os concorrentes estão praticando (precificação pela concorrência). (SAUERBRONN, 2008, p. 88). Cabe ainda dizer que o processo de fixação de preço de um produto ou serviço não se trata de tarefa fácil, o contrário exige o envolvimento de vários atores e a conciliação de vários fatores na definição do preço final, e ainda os descontos possíveis e a ocorrência de promoções, se for conveniente. A praça, ou distribuição, inclui várias atividades assumidas pela empresa para tornar o produto acessível e disponível aos consumidores, ou seja, o produto deve ser condizente ao perfil da população a que se destina, da forma mais conveniente possível. Deve-se levar em conta: • os pontos de venda mais adequados ao perfil da clientela; • a forma como será realizado o processo de compra e venda, ou seja, as relações entre produtor, os intermediário e os consumidores finais; e • a melhor estratégia de distribuição dos produtos ou serviços, determinando a maior cobertura aos potencias clientes. Por fim, o último P, da promoção diz respeito a todas as atividades desempenhadas pela empresa para comunicar e promover seus produtos no mercado específico a que se direciona. Tornar o produto conhecido do público a quem se destina é essencial a sua comercialização ou colocação no mercado. De maneira geral, o Marketing de relacionamento envolve uma ação proativa para construir uma aproximação com clientes potenciais na busca de torná-los permanentes ou duradouros de forma a contribuir para a sustentabilidade da empresa. É uma estratégia que proporciona a organização do relacionamento com o cliente, devendo se inicar pela localização e escolha do cliente, identificação suas necessidades, busca dos melhores produtos e serviços a serem ofertados e a determinção do perfil profissional para atendê-los. 72 Capítulo 4 Para administrar o relacionamento com o cliente, é necessário conhecê-lo e se antecipar às suas necessidades, o que é considerado uma vantagem competitiva importante em relação aos concorrentes no mercado de trabalho. Não se deve esquecer que a segurança que a organização demonstra determina a confiança e a credibilidade do cliente em seus produtos e serviços. As organizações estão fazendo parcerias com seus clientes e fornecedores, buscando, nesses relacionamentos, a principal arma para sobreviverem num mercado cada vez mais competitivo. É importante conquistar a satisfação do cliente externo por meio de produtos e serviços de qualidade, que ofereçam a eles benefícios. Dessa forma, a oferta de produtos e serviços pode se tornar o diferencial que determina a vantagem competitiva em relação a outras empresas (COBRA, 2009). [...] muitos administradores pensam que fidelizar clientes é aumentar os gastos da empresa com a distribuição de brindes e descontos, porém isso constitui um efeito em curto prazo e não prolonga a permanência dos clientes na organização. Fidelizar é encantar o cliente, é surpreendê-lo com o diferencial no atendimento, ou seja, a forma de atuar estrategicamente, armazenando informações referentes aos clientes. (MARQUES, 2013, p. 41). O relacionamento com o cliente é peça fundamental para qualquer empresa, a qual deve programar estratégias eficientes para manter seus clientes. Os custos na busca de novos clientes são sempre maiores do que aqueles gastos em sua manutenção, devendo, portanto, se constituir em foco de qualquer empresa prestadora de serviço. Por outro lado, tal afirmação não significa que a empresa, ao programar seu marketing de relacionamento, deva deixar de lado estratégias para conquistar novos clientes. Essa é uma ação que também deve ser constante. Ao finalizar esta seção, é importante reiterar, de acordo com Kotler (2005, p. 42), que a “[...] satisfação consiste na sensação de prazer ou desapontamento de uma pessoa resultante da comparação entre o desempenho (ou resultado) percebido de um produto e suas expectativas.” As organizações devem despertar no cliente sensação de prazer e satisfação em relação aos produtos e serviços ofertados, respondendo às suas expectativas. Essa deve ser uma atitude permanente. 73 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Seção 2 Técnica de negociação, estratégias de comunicação interna e externa A elaboração do Plano de Marketing requer a construção de várias etapas, conhecimentos específicos sobre as ferramentas e estratégias de marketing e pesquisa. O objetivo desta seção é fornecer as informações necessárias para auxiliar na organização e no desenvolvimento das etapasdo Plano de Marketing para sua empresa. Para facilitar a visualização geral do processo, o Sauerbronn (2008) desenvolveu um diagrama que mostra as principais etapas para a elaboração de um plano de marketing, como pode ser observado na seguinte figura: Figura 4.1 - Descrição das principais etapas do Plano de Marketing ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MARKETING 1. Análise do Ambiente Interno 2. Análise do Ambiente Externo 3. Análise da Concorrência 4. Oportunidades de Mercado 5. Comportamento do Consumidor 6. Segmentação de Mercado 7. Posicionamento de Mercado 8. Objetivos Estratégicos de Marketing 9. Programa de Marketing 10. Avaliação e Controle Fonte: Adaptação de Sauerbronn (2008, p. 80). 74 Capítulo 4 A partir desse diagrama, serão apresentados, mais detalhadamente, os dez passos para a elaboração de um Plano de Marketing. 2.1 Análise do ambiente interno O primeiro passo é a análise do ambiente interno ou microambiente de negócios. Significa dizer que serão analisados a empresa, seus concorrentes, os fornecedores, intermediários entre empresa e outros segmentos, clientes e distribuidores. É necessário, portanto, definir planos de atuação a partir do conhecimento e interação entre estes componentes. O Plano de Marketing vai depender do objetivo definido pela empresa. Vamos supor que o objetivo seja chamar a atenção dos clientes para os produtos ou serviços da empresa. O profissional de marketing vai focar seu plano no perfil do cliente, procurando adequar seu produto ou serviço às suas características, para corresponder às suas necessidades. Este procedimento é possível em função dos famosos 4 Ps do Marketing, citados na seção anterior. 2.2 Análise do ambiente externo A análise do ambiente externo, ou macroambiente de negócios, permite conhecer de forma sistematizada a realidade do mercado onde a empresa se encontra inserida e definir as suas potencialidades e os meios de enfrentar as dificuldades encontradas. No macroambiente de negócios, de acordo com Sauerbronn (2008), podemos encontrar seis variáveis incontroláveis, denominadas desta forma porque no microambiente não podem ser diretamente controladas pelas empresas. A análise de cada uma destas das seguintes variáveis é fundamental para o conhecimento do ambiente em que a empresa atua, para que seja possível o planejamento de suas atividades: • política; • economia; • demografia; • cultura; • tecnologia; e • natureza. 75 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Vejamos, a seguir, o que nos diz Sauerbronn (2008, p. 82) sobre cada uma das seis variáveis: Política: Esta força pode impactar diretamente a regulação da concorrência, da produção de produtos/serviços e até as finanças internas da empresa, ao estipular tributação específica em algumas áreas. Economia: Variações na taxa de juros, nos índices de inflação e tantos outros eventos regidos pela economia que influenciam diretamente o poder de compra do mercado consumidor, a oferta de linhas de crédito, os índices de inadimplência e até mesmo o humor do nosso consumidor. Economias muito retraídas, com altas taxas de juros podem desestimular compradores, especialmente os das classes médias e baixas. Demografia: esta força inclui várias informações muito importantes como crescimento vegetativo, distribuição da população, movimentos populacionais, distribuição etária, por gêneros, classes sociais, renda, formação. Afinal, tudo que sirva para descrever numericamente como a população se distribui, ou seja, estatísticas populacionais, muito importantes para empresas que visam atingir grupos demograficamente determinados: mulheres, crianças, a terceira idade, classes C-D-E, entre outros. Cultura: A cultura está ligada aos hábitos e tradições de um povo, influenciando diretamente como vemos o mundo. Assim sendo, a cultura tem enorme influência sobre todas as experiências relacionadas a consumo, por mais simples que sejam. Por exemplo: em países de maioria católica é grande o consumo de peixe durante a semana santa, ao passo que as vendas de carne vermelha caem consideravelmente. Tecnologia: A tecnologia foi responsável pela mudança — e até extinção — de muitos modelos de negócio. No mercado musical, por exemplo, pode-se comprar um produto físico como CD e DVD ou um virtual, como arquivo MP3. A própria distribuição deste produto mudou: ao invés de entrar fisicamente em uma loja, o sujeito pode comprar pela internet um disco ou apenas uma canção. Natureza: sabemos que a produção de alguns produtos é fortemente dependente das condições da natureza. Produtos agrícolas, por exemplo, entram nesta categoria. Essas variantes fazem parte da análise do ambiente externo. 2.3 Análise da concorrência Seguimos, agora, ao terceiro passo, o da análise da concorrência, que tem como objetivo compreender como a concorrência se comporta. Por esta razão, é essencial, em qualquer Plano de Marketing, verificar os produtos e serviços oferecidos pela empresa em relação àqueles similares ofertados no mercado pelos concorrentes. 76 Capítulo 4 Depois dessa análise, é possível adotar estratégias para agregar valor ao produto ou serviço, distinguindo-os da concorrência. Ao conhecer as fraquezas e potencialidades dos adversários, é possível conseguir uma colocação melhor no mercado e defender-se de ataques da concorrência. Ao coletar informações sobre o que orienta o concorrente, deve-se refletir sobre o fato do concorrente estar satisfeito, ou não, com sua situação atual e com seus resultados financeiros. Desta forma, pode-se chegar a uma probabilidade de que ele venha a alterar o rumo de sua estratégia corrente pela análise das metas futuras dos concorrentes. Por exemplo, um concorrente que vem praticando preços baixos com uma estrutura de custos pesada pode estar insatisfeito com seus resultados financeiros, o que significa uma probabilidade mais elevada deste estabelecer metas de aumentos de preços num futuro próximo. Toda empresa opera com um conjunto de hipóteses sobre a sua situação. A forma com uma empresa vê a si mesma guia a maneira como se comporta e como reage aos acontecimentos. Por exemplo: uma empresa que se vê como o fabricante com o custo mais baixo, poderá tentar disciplinar um concorrente que reduz preços reagindo com cortes nos seus próprios preços. É claro que o levantamento de hipóteses sobre o futuro da empresa e seus concorrentes indica tendências que possa não se confirmar. Por outro lado, se pensarmos sobre o que o concorrente está fazendo será possível mapear a estratégia corrente. Isto significa identificar as políticas operacionais básicas em cada área funcional, ou seja, relacioná-las à administração do composto de marketing e a maneira como as estratégias estão inter-relacionadas. O passo final é a identificação das capacidades de cada concorrente. Ou seja, identificar os pontos fortes e fracos que determinarão a capacidade de iniciar ou reagir a movimentos estratégicos. (SAUERBRONN, 2008, p. 83). 2.4 Oportunidades de mercado Para análise das oportunidades de mercado, é recomendada a utilização da matriz SWOT, considerada o primeiro e mais antigo modelo utilizado. Sigla aos termos ingleses Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças), metodologia popular no âmbito empresarial. (FEIL; HEINRICHS, 2012). 77 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A análise SWOT tem como objetivo identificar os fatores internos e externos das organizações e buscar reconhecer em que medida tais fatores representam uma vantagem competitiva, tendo em vista o conhecimento das oportunidades que se apresentam no ambiente e a forma de minimizar ou moderar os impactos de seus pontos fracos ou ainda corrigi-los. O objetivo desta ferramenta é identificar o grau em que as forças capitalizam oportunidades no ambiente e como as fraquezas podem ser minimizadas frente ao mercado de produtos e serviços.Os pontos fortes constituem as forças propulsoras da empresa que facilitam o alcance dos objetivos organizacionais, enquanto os pontos fracos constituem as limitações e forças restritivas que dificultam ou impedem o alcance daqueles objetivos. (CHIAVENATO, 1987 apud FEIL; HEINRICHS, 2012, p. 6). A análise SWOT permite que o profissional de marketing crie estratégias para as empresas de produtos e serviços, definindo prioridades a serem adotadas e formulação de planos estratégicos a partir das forças e oportunidades que precisam ser exploradas e maximizadas e as fraquezas e ameaças que devem ser revertidas, minimizadas ou evitadas (SAUERBRONN, 2008). Apresenta-se, no Quadro 4.1, uma ilustração da Matriz SWOT. Quadro 4.1 – Distribuição dos conceitos da Matriz SWOT para análise do ambiente interno e externo Ambiente Interno Pontos Fortes (Strengths) Pontos Fracos (Weaknesses) Ambiente Externo Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threats) Fonte: Adaptação de Sauerbronn (2008). A ferramenta SWOT é considerada excelente para analisar as forças e fraquezas internas de uma organização, e as oportunidades e ameaças externas que surgem como consequência do contexto onde está inserida (FEIL; HEINRICHS, 2012). 2.5 Comportamento do consumidor O conhecimento do comportamento do consumidor é o próximo passo do plano de marketing. É necessário detalhar com clareza quem são os nossos consumidores, ou seja, quem são as pessoas para as quais serão ofertados os produtos e serviços da empresa. Nesta linha, é importante responder a questões específicas que levem ao reconhecimento do cliente potencial, a quem se destina, como será usado, como será descartado, qual a frequência de compra, quem compra e quem usa este produto ou serviço? (SAUERBRONN, 2008). 78 Capítulo 4 O comportamento do consumidor deve contribuir e determinar ações a serem desencadeadas para agradá-lo sempre mais e superar suas expectativas em relação ao produto ou serviço a ser consumido, agregando características que ainda não possuía. O produto ou serviço deve ser disponibilizado ao cliente de acordo com os locais frequentados por eles de forma adequada às suas necessidades. Da mesma forma, é importante saber qual o papel desempenhado pelo sujeito na compra e uso do produto: comprador, usuário ou influenciador. Por exemplo: o público-alvo de biscoitos recheados é composto por crianças, mas os pais têm importantes papéis como influenciadores e compradores do produto. Desta forma, as informações nutricionais de produtos infantis (o famoso “vale por um bifinho”) são dirigidas não aos usuários, mas aos seus pais, que detêm o poder de compra. (SAUERBRONN, 2008, p. 85). As características dos consumidores devem ser descritas em detalhes claros, como: sexo, idade, estado civil, renda, razões que os levam a consumir determinados produtos ou serviços, preferências e valor atribuído ao produto ou serviço oferecido pela empresa. 2.6 Segmentação de mercado A segmentação de mercado é o esquadrinhamento do território onde a empresa está inserida ou possui abrangência para identificar a localização dos grupos de compradores potenciais que apresentem semelhanças entre si em relação às necessidades, aos desejos e comportamentos de compra. A segmentação de mercado pode ser realizada nos seguintes termos, conforme Sauerbronn (2008, p. 85): Geográficos: É o processo de dividir o mercado com base na localização e outros critérios geográficos, como densidade populacional ou clima. Demográficos: significa dividir o mercado com base em características da população, a partir de variáveis como sexo, faixa etária, etnia, renda, classe social, ocupação, nível de instrução, profissão, nacionalidade e composição da família. Estilos de vida: implica em dividir o mercado com base em como as pessoas conduzem sua vida, incluindo suas atividades, interesses e opiniões. Comportamento: é o processo de subdividir os consumidores quanto aos benefícios que desejam no produto ou serviço, situações de uso, nível de utilização ou lealdade. 79 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde A segmentação de mercado proporciona benefícios para as empresas, pois possibilita atender às necessidades de consumidores com mais detalhe e sofisticação uma vez que permite compreender como os clientes se relacionam com o produto ou serviço e, assim, pode atendê-los melhor e de forma específica ou, no caso dos serviços, individual ou coletiva. O empreendedor tem a oportunidade de compreender como o mercado se divide para atender às necessidades dos consumidores, reduzindo as possibilidades de não agradar a determinado segmento. Com a segmentação de mercado, guardadas as características de cada grupo específico, são identificadas lacunas ou oportunidades em segmentos não atendidos, proporcionando as empresas desenvolver novos produtos ou serviços. E ainda fornece maiores subsídios para enfrentar a concorrência (SAUERBRONN, 2008). 2.7 Posicionamento competitivo O posicionamento competitivo no mercado serve para construir imagem positiva dos produtos e serviços prestados aos consumidores em relação aos concorrentes, aos demais produtos, serviços e marcas. Uma das formas de obter tal imagem é a diferenciação em relação aos concorrentes. São várias as fontes de diferenciação, de acordo com Sauerbronn (2008, p. 87): Produto: forma, características, desempenho, conformidade, durabilidade, confiabilidade, facilidade de reparo, estilo, design. Serviços: facilidade de pedido entrega instalação, treinamento, orientação ao cliente, manutenção e reparo, serviços diversos. Pessoal: competência, cortesia, credibilidade, confiabilidade, capacidade de resposta, comunicação. Distribuição: cobertura, especialidade, desempenho. A liderança de custo é outra forma de obter uma vantagem competitiva no mercado. Para diminuir custos, a empresa busca enxugar a estrutura e diminuir suas despesas, incidindo em menor custo final do produto. Desta forma, coloca no mercado produtos similares aos da concorrência, porém, com custos menores. Este processo pode ainda dar retorno financeiro maior, mesmo quando há muitos concorrentes. 2.8 Objetivos estratégicos Finalizado o diagnóstico da situação, é o momento da definição dos objetivos estratégicos de marketing. Os objetivos devem ser elaborados de forma clara e resumidos para evitar interpretações diversas ou contrárias ao que se deseja como resultado final. 80 Capítulo 4 Para cada objetivo elaborado, você deve associar uma meta a ser alcançada. Por exemplo: Aumentar as vendas do produto na região sudeste em 30%. Mas cuidado, as metas devem ser factíveis! De nada adianta estipular uma meta impossível de ser alcançada, isto só contribuirá para a frustração dos profissionais envolvidos. A cada objetivo, um prazo deverá ser associado. Desta forma, o objetivo citado anteriormente ficaria completo assim: aumentar as vendas do produto na região sudeste em 30%, no prazo de seis meses. (SAUERBRONN, 2008, p. 87-88). 2.9 Programa de marketing No programa de marketing, são detalhados os objetivos em termos do “marketing mix”, ou “composto de marketing”. É neste momento que são envolvidos os Ps do marketing que tratam de produto, preço, praça e promoção, citados neste capítulo. 2.10 Avaliação e controle Para finalizar, a elaboração do Plano de Marketing deve contemplar avaliação e controle, para garantir o alcance dos objetivos e metas propostos. O mundo hoje está envolto em rápidas mudanças e por isto, é natural que um planejamento sofra modificações. É importante lembrar que um plano de marketing é uma ferramenta de trabalho, cuja função é auxiliar o empresário. Para que um plano continue a ser útil ao longo do tempo, é possível que tenha que ser modificado em alguns pontos. Quando isto for necessário, volte aos passos iniciais e verifique quais são as modificações necessárias. (SAUERBRONN, 2008, p. 91). A avaliação pode ser realizada por meio de vários fatores,entre eles: • a quantidade de vendas; • o lucro obtido; e, se possível, • a criação de algum mecanismo para monitorar a resposta de satisfação do cliente. Cabe ao empresário, de acordo com o produto ou serviço oferecido, determinar a melhor forma de avaliação, tendo sempre em mente os objetivos e as metas a serem atingidos. A avaliação permite o feedback do alcance das metas e objetivos, para projetar planejamentos futuros. 81 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Ao finalizar o Plano de Marketing, Sauerbronn (2008) considera essencial a revisão de todas as etapas através checklist, revisando cada passo, para garantir que todas as informações pertinentes e importantes foram contempladas. Para facilitar esta revisão, apresenta um checklist com perguntas em cada uma das etapas do plano que deve ser respondidas de forma objetiva, permitindo identificar lacunas que possam ser preenchidas, o que resulta numa reescrita do plano, quando for o caso. Quadro 4.2 - Checklist para elaboração do plano estratégico de marketing ETAPA PERGUNTA 01 • Quais são seus fornecedores, concorrentes e distribuidores? • Quais são as principais características de cada um deles? 02 • Quais são os aspectos políticos, econômicos, tecnológicos, demográficos, naturais e culturais que podem afetar o seu negócio? 03 • O que orienta seus concorrentes? • Quais são os pontos fortes e fracos de cada concorrente? • Como eles reagem às variáveis incontroláveis do macroambiente? 04 • Quais as oportunidades e ameaças que você identifica no ambiente externo? • Quais são as forças e fraquezas da sua empresa? 05 • Quem é o seu consumidor-alvo (sexo, idade, região onde vive, classe social, comportamento e estilo de vida)? • Como ele compra, utiliza e descarta o seu produto? 06 • A qual(is) segmento(s) seu produto se destina? • A segmentação foi definida com base em fatores geográficos, demográficos, de estilo de vida e de comportamento? 07 • Como seu produto se posiciona frente aos concorrentes? • De que forma ele se diferencia dos demais existentes no mercado? É por produto, serviços,pessoal, distribuição ou imagem? 08 • Dadas as oportunidades de mercado, que objetivos deverão ser alcançados após a implantação deste plano? • Os objetivos são claro? As metas são viáveis? Os prazos são suficientes? 09 • Quais as estratégias desenhadas em função dos 4 Ps de marketing? • Como você vai trabalhar marca, embalagem e serviços de apoio? • Qual a política de preços que será adotada? • Qual a política de distribuição? • Como você vai comunicar, promover e vender o seu produto? 10 • Quais são os mecanismos de avaliação da qualidade do seu plano? • Quais os mecanismos de controle dos resultados pretendidos? Fonte: Adaptação de Sauerbronn (2008, p. 91-92). 82 Capítulo 4 Ao finalizar o seu Plano de marketing, uma vez que já tem a visão geral dos passos de todo o processo, elabore – com esmero e atenção - um sumário executivo, que serve para fornecer uma visão ampla do seu conteúdo, suas principais informações, devendo, portanto, ser elaborado com esmero e atenção. 83 Habilidades Seções de estudo Capítulo 5 Tecnologias da Informação Seção 1: Tecnologias, gerenciamento e aplicabilidade da informação Ao ler este capítulo, você aprenderá a associar as Tecnologias da Informação (TI) às práticas na área da saúde 84 Capítulo 5 Seção 1 Tecnologias, gerenciamento e aplicabilidade da informação Nesta seção serão apontados os caminhos que levam: • à construção das informações de interesse para a área da saúde; • à aplicação destas informações; • às tecnologias que integram estes processos; e • às formas de gerenciamento destas informações. A informação atualmente ocupa uma posição estratégica ante aos desafios impostos a um país continental como o Brasil, especialmente as informações destinadas a garantir acesso, qualidade e humanização na Atenção à Saúde, com controle social. A produção e disseminação das informações podem estar a serviço de um maior monitoramento da diversidade dos problemas de saúde a depender de sua gestão democrática, considerando a Informação em Saúde um bem público, patrimônio da sociedade, direito de cidadania e dever do Estado, sua democratização. (DELATORRE, 2011, p. 4). A qualidade da informação depende da sua produção, ou seja, é necessário que as fontes de informação sejam seguras e corretas. Essas informações são importantes para melhorar a qualidade das variáveis sociais nas bases de dados da saúde, como ocupação e local de moradia, bem como tentar garantir, junto ao IBGE, que os dados sejam disponibilizados de forma adequada às necessidades das análises da situação de saúde, do planejamento e da execução das ações de saúde. Isso significa ter acesso às bases cartográficas e tabelas de logradouros, informações dos setores censitários. Precisa-se conhecer a população a ser atendida e suas características para que as ações sejam adequadas às realidades de cada região do país. Conforme Galvão, Ricarte e Daura (2011), o termo “informação” está associado a uma exposição da linguagem compreensível àquele que é o receptor da mensagem. Por exemplo, tomar uma medicação prescrita pelo médico ou seguir as orientações de educação em saúde como portador de Diabetes. 85 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde O termo “tecnologia” está associado aos meios que produzem, organizam, disseminam a informação, ou seja, não significa a mesma coisa que informação. O campo da informação é denominado ciência da informação e o campo da tecnologia é denominado informática ou computação (GALVÃO; RICARTE; DAURA, 2011). A informação é necessária em qualquer situação em que se deseja criar ou implantar serviços de saúde, sejam eles de promoção, proteção ou tratamento e reabilitação da saúde. E, ainda, para aqueles que visam dar à população a oportunidade de cuidados de estética e beleza. Da mesma forma, o IBGE deveria orientar os usuários quanto ao manuseio das informações de pesquisas realizadas em amostras populacionais complexas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), disponibilizando não apenas os dados, mas também o desenho amostral da pesquisa, conforme Delatorre (2011). Tal informação fornece dados concretos sobre a população de determinada área, como vivem, rendimentos, do que adoecem, entre outras. Importante lembrar que a produção da informação foi revolucionada pelo advento dos computadores. Antes disso, a comunicação da informação era realizada em formatos de memorandos, planilhas e tabulações, todas datilografadas e distribuídas por meio de malotes aos funcionários. O processo de tratamento das informações foi possível com a informatização do sistema, em redes de computadores. Os avanços aconteceram de forma surpreendente e os recursos de Tecnologia da Informação (TI) se tornaram essenciais ao mundo dos negócios e à tomada de decisão das empresas. O avanço tecnológico associado à informação em saúde contribui para a criação de melhorias para a gestão da saúde e facilidades para o cidadão, mas também traz riscos no que se refere à garantia de sua privacidade. O Brasil pouco avançou frente à criação de salvaguardas éticas e jurídicas que garantam a segurança da inviolabilidade da identificação do cidadão em qualquer base de dados existente. Os padrões de segurança a serem adotados devem garantir: [...] a integridade da informação; [...] a privacidade do cidadão e [...] a confidencialidade da informação, tendo por referência o princípio do consentimento informado, ou seja, deve-se garantir que o indivíduo tenha pleno conhecimento sobre a finalidade das informações que está fornecendo e tenha a liberdade de concordar ou não com o armazenamento das informações em bancos de dados de domínio público. (DELATORRE, 2011, p. 6). 86 Capítulo 5 A área da saúde, em função de suas especificidades, especialmente aquelas relacionadas com os indicadores epidemiológicos e cadastramentoda população em projetos e programas, desenvolveu várias ferramentas de informação, chamadas de instrumentos padronizados para monitoramento e coleta de dados, com o objetivo de construir bases de dados para pesquisas e planejamento de ações de saúde e subsidiar a tomada de decisão nas esferas federal, estadual e municipal. As informações geradas por estes instrumentos permitem melhor análise dos problemas de saúde, oportunizando adotar medidas para corrigir ações de saúde para o alcance de metas estabelecidas, a exemplo dos seguintes sistemas: • Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); • Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC); • Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN); • Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), entre outros. A era da informação não deixou a área da saúde à margem. De fato, a tecnologia ultrapassou o processamento-padrão de dados para funções administrativas comuns em todas as organizações, tais como recursos humanos, folhas de pagamento, sistemas de contabilidade, entre outros, e agora desempenha um papel fundamental tanto no cuidado ao paciente, na interpretação do eletrocardiograma, como em escalas de trabalho, prescrição, relatório de resultados e sistemas de prevenção. (PINOCHET, 2011, p. 382). A Tecnologia da Informação (TI) pode ser entendida como “[...] um conjunto de ferramentas e recursos tecnológicos que permitem administrar ou armazenar variadas quantidades de informações” (TECNOLOGIA, 2013), se constituindo no conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos de computação que visam permitir: • produção; • armazenamento; • transmissão; • acesso; • segurança; e • uso das informações. “Vale ressaltar que esses sistemas inteligentes não são necessariamente software ou hardware, podendo abranger também um conhecimento estratégico ou de planejamento dentro da empresa.” (TECNOLOGIA, 2013). 87 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Em função de sua capacidade de armazenar e tratar dados, não é fácil determinar com precisão todas as funções que exercem nas empresas e instituições os recursos de TI, não sendo concebível, atualmente, pensar qualquer sistema produtivo – seja de produtos ou serviços – sem contar com tal ferramenta. É a área de informática que trata a informação; faz sua organização e classificação de forma a permitir a tomada de decisão pelos gestores para o alcance das metas e dos objetivos de uma empresa ou de um empreendimento. As ações de uma empresa – tanto em nível estratégico, tático ou operacional – são influenciadas pelas informações geradas pela TI, que repercutem em toda a estrutura organizacional, se constituindo em um recurso valioso para o sucesso da empresa. Podemos pensar essa relação em diferentes níveis. No nível de relações com os clientes, permite um maior envolvimento com a sua satisfação e atendimento às suas necessidades, que pode ser traduzido, posteriormente, no alcance das metas previamente determinadas. Nos níveis tático e operacional, a TI tem papel importante na eficiência, pela identificação de opções estratégicas que podem dar à organização foco no essencial. Muitas das ações estratégicas identificadas pela TI estabelecem um conjunto de ações que fazem com que a empresa tenha resultados em todos os níveis de operação. No campo da saúde, o desenvolvimento da TI causou grandes e significativas transformações, como as seguintes: • maior rapidez diagnóstica; • inovações terapêuticas; • gerenciamento dos serviços; • redes de atenção, exigindo dos profissionais de saúde maior competência; e • habilidade neste campo, exigindo investimentos na educação permanente. E, assim, a Tecnologia da Informação tem contribuído para a melhoria da qualidade de produtos e prestação dos serviços na área da saúde, exigindo habilidades e competências dos profissionais envolvidos, especialmente no que se refere à Realidade Virtual Avançada (RVA). Neste campo, a Realidade Virtual Avançada] (RVA), definida 88 Capítulo 5 como a inserção de objetos virtuais no ambiente físico, mostrada ao usuário, em tempo real, com o apoio de algum dispositivo tecnológico, vem trazendo novas possibilidades para criação, modelagem, visualização, interação e simulação tridimensional de imagens, proporcionando interfaces avançadas capazes de gerar a imersão do usuário em ambientes com os quais pode interagir e explorar. (KIRNER, 2008 apud FERNANDES et al., 2012, p. 2). Ainda, conforme Nunes (2011 apud FERNANDES et al., 2012, p. 2): A Realidade Virtual Avançada (RVA) é uma área tipicamente multidisciplinar que envolve conceitos provenientes de diversos segmentos, com aplicação em várias áreas ou campos específicos da vida econômica, social e cultural. Por permitir uma interação humano-computador mais natural em ambiente tridimensional (3D) e possibilitar a reprodução de situações reais, torna-se um recurso de amplo potencial. São muitas as ferramentas que podem ser desenvolvidas para aplicação RVA desde que escolhidas corretamente para cada caso. Para tanto, é necessário conhecimento e domínio acerca da aplicação e da disponibilidade de recursos de hardware e de software. Importante apresentar, antes de seguirmos, o significado de duas áreas relacionadas com as novas gerações de interface do usuário, que facilitam e potencializam as aplicações computacionais: a Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA). Conforme Kirner (2007 apud FERNANDES et al., 2012, p. 2), Realidade virtual (RV) é uma interface avançada para aplicações computacionais, que permite ao usuário navegar e interagir, em tempo real, com um ambiente tridimensional gerado por computador, usando dispositivos multissensoriais. E a Realidade Aumentada? O que seria? Para Tori (2006 apud FERNANDES et al., 2012, p. 2), Realidade aumentada (RA) é a ampliação da percepção sensorial por meio de recursos computacionais, gerando a mistura dos mundos reais e virtuais em algum ponto da realidade/ virtualidade contínua, que conecta ambientes completamente reais a ambientes completamente virtuais. 89 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Em pesquisa realizada por Fernandes et al. (2012), a área que mais utiliza essas tecnologias é a Medicina direcionada à Educação, simulação de cirurgias, treinamento e diagnóstico. Foi verificado, também, que, apesar de inúmeras tecnologias desenvolvidas nesta área, a transferência delas para as práticas de saúde ainda é incipiente. Existem muitos desafios a serem enfrentados para que as aplicações de RVA sejam adotadas no cotidiano dos profissionais no atendimento à saúde da população. É interessante destacar que a RA tem se apresentado como preferência de uso em diversas áreas. O que se observa, é a menor demanda em termos de requisitos de equipamentos para a utilização da RA diante da RV. Apenas com uma câmera e acesso a internet, é possível utilizar um aplicativo em RA. O público atingido é obviamente maior quando se compara à RV que necessita de equipamentos especiais (óculos estereoscópicos e computador com placa gráfica, por exemplo). Portanto, observa- se que a evolução constante da tecnologia está impulsionando a saúde e a vida para novos rumos, enfatizando a utilização de novas ferramentas e propiciando progressos visíveis no processo de qualidade de vida e longevidade da população mundial. (FERNANDES et al., 2012, p. 15). São muitas as tecnologias emergentes na área da saúde. Pinochet (2011) cita algumas, conforme segue: • prontuário eletrônico do paciente; • Business Inteligence (BI); • Cartões Inteligentes (Smart cards); • tecnologia sem fio e computação móvel; • certificação digital; • sistema de imagem digital; • internet; e • telemedicina. A área de Tecnologia da Informação (TI) de uma empresa é fundamental na gestão de qualquer projeto. Por esta razão, deve ter uma equipe que acompanhe as discussões e decisões estratégicasda empresa, promovendo estudos para viabilizar as necessidades apontadas por seus diretores. Neste sentido, as ações a serem implantadas nas instituições, tanto em relação à infraestrutura, quanto à automação de algum processo, necessitam do apoio da TI, que atua em todas as áreas estratégicas das instituições ou empresas. 90 Capítulo 5 Os sistemas de informação [...] automatizam todos os processos dos profissionais de saúde [...]. Além disso, eles contemplam inteligência e apoiam a decisão destes profissionais. Por exemplo, a prescrição feita eletronicamente pelo profissional de saúde é implantada com inteligência da interação medicamentosa, que alerta o profissional de saúde se existe alguma incompatibilidade entre os medicamentos prescritos. Um sistema de informação consegue ter e cruzar em seu banco de dados milhares de informações que não caberiam na memória de um ser humano. Os sistemas de informação conseguem, por exemplo, [...] no momento da administração de um medicamento a um paciente [determinar] se é: o paciente certo, o medicamento certo, o horário certo, a dose certa e o profissional de saúde certo. (CAMARGO, 2014. p. 46). E os sistemas podem errar? De acordo com Camargo (2014), esse é o maior desafio dos Sistemas de Informação (SI), uma vez que são construídos por seres humanos e estão sujeitos a erros. Para assegurar a menor margem de erro possível, a área de TI precisa trabalhar com metodologia, disciplina e assertividade. Como são construídos por seres humanos, eles não são infalíveis, mas cabe todo o cuidado e atenção, todas as metodologias e organizações possíveis para minimizar os erros e garantir que o paciente receba o tratamento mais seguro possível, no caso. Conforme a Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (BRASIL, 2010), a utilização dos recursos de TI no Brasil na área da saúde, que geram portarias e resoluções com a finalidade de nortear a adoção das tecnologias e a gestão da informação, vem sendo incentivada através: • Da Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde (PNGTS); • da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS); • do Ministério da Saúde; e • de alguns órgãos ligados ao Ministério da Saúde, como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e Conselho Federal de Medicina (CFM). A PNGTS vem sendo discutida desde o ano de 2005 e sua última versão, publicada pela Portaria 2.690, tem como princípio a garantia do uso adequado de tecnologias seguras e eficazes para o SUS. 91 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde Esta política ainda defende que não basta saber os benefícios que a tecnologia oferece; é preciso planejar e garantir que os recursos financeiros sejam bem aplicados, que não ocorram prejuízos, e que as informações promovidas pelo sistema sejam por direito universalizadas e com qualidade. A Política Nacional de Informação e Informática em Saúde - PNIIS, tem como referência o conceito de governo eletrônico, o qual se subentende como um vetor privilegiado para promoção de mecanismos de governança, tanto no que se refere ao incremento da capacidade cívica e de capital social, quanto no que tange à promoção do desenvolvimento econômico, à eficiência governamental e à transparência entre governo e sociedade civil. (RUEDIGER, 2003 apud BRASIL, 2012b, grifo nosso). A PNIIS, como política governamental, intenciona alcançar uma interação de qualidade nas informações entre o Ministério da Saúde e as entidades, setores e serviços a ele vinculados, estados e municípios para gestão estratégica de políticas públicas na área da saúde. Tal integração de informações seria capaz de formar uma base de dados única para dar sustentabilidade à transparência das ações governamentais e fornecer subsídios seguros à formação de ações estratégicas pelo governo. A governança de TI está diretamente relacionada às metodologias e indicadores que permitem aos gestores estabelecer objetivos, monitorar os resultados e verificar, de forma concreta, o modo e a real possibilidade de atingimento das metas estabelecidas. Por tudo isso, a governança da informação e das tecnologias a ela aplicadas passou a desempenhar um papel vital para a longevidade e sustentabilidade das políticas públicas na área da saúde, uma vez que o conhecimento exato das decisões que devem ser tomadas e monitoradas são condições imprescindíveis para a sustentabilidade dos contratos em TI. (BRASIL, 2012b). Essas políticas também refletem em ações junto a órgãos vinculados ao Ministério da Saúde, como dito anteriormente. A ANS é uma agência reguladora responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. Foi criada pela Lei no 9961 (BRASIL, 2000) e possui a função de criar normas, controlar e fiscalizar as operadoras de saúde em prol do interesse do público. É a ANS que controla as informações referentes aos atendimentos assistenciais das instituições conveniadas através de sistemas de informação criados pela agência ou adotados pelas instituições, e por padrões informatizados para troca de informações; como exemplo tem-se o padrão de Troca de Informações na Saúde Suplementar conhecido como TISS e estabelecido pela Resolução Normativa no 305 de 9 de outubro de 2012 (BRASIL, 2012a). 92 Capítulo 5 O Departamento de Informática do SUS, o DATASUS, é um órgão ligado à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, instituído pelo Decreto no 7530 (BRASIL, 2011), e possui a função de: • desenvolver; • regulamentar; • avaliar; e • fiscalizar os sistemas de informação em saúde, seguindo as diretrizes das políticas citadas. O DATASUS também assessora a implantação desses recursos de TI junto às instituições de assistência ao SUS, e mantém a base de dados advinda das instituições a fim de promover pesquisas, a gestão do Sistema Único de Saúde junto aos Estados, Municípios e o Distrito Federal, e a disponibilização da informação à sociedade. Além dos órgãos ligados ao Ministério da Saúde, há o CFM, um órgão não governamental, instituído pelo Decreto-Lei no 7.955 (BRASIL, 1945), que possui autonomia administrativa e financeira, representado por membros com jurisdição ao direito público. Atualmente, as ações do CFM estão atreladas à garantia do sigilo e privacidade da informação determinados pelo Código de Ética Médica, onde as instituições da área da saúde devem tratar esta questão quando da adoção de recursos informatizados, conforme determinado pela Resolução CFM no 1639 de 10 de julho de 2002 (CFM, 2002). O CFM vem atuando, também, na certificação do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) juntamente com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS). Esse recurso foi regulamentado pela Resolução CFM no 1821 (BRASIL, 2007), possibilitando a utilização do registro eletrônico dos atendimentos ao paciente em meio digital (CFM, 2007). Conforme a Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (BRASIL, 2012b), e diante da complexidade deste contexto, é possível entender que estes órgãos geram decretos e portarias criando novas regras e diretrizes a serem seguidas pelas instituições de saúde, desencadeando ações que impactam na infraestrutura de TI das instituições e que se expressam como: • implantação de novas regras de negócio; • adequação da segurança e integridade das informações; • replanejamento da capacidade de armazenamento de informação; • implantação de novos processos de TI; e • investimentos em novos recursos de TI. 93 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde De acordo com Godoy et al. (2012), historicamente, no contexto das instituições da área da saúde, os recursos de TI foram utilizados para atender funções administrativas independentes. Depois, foram sendo incorporadas aos sistemas funcionalidades operacionais ligadas: • à admissão; • ao processo de transferência e alta; • à solicitação de exames; e • às informações clinicas. Essas funcionalidadeseram registradas por meio de impressos manuais anexados ao prontuário do paciente. Cavalcante, Silva e Ferreira (2011) complementam que os Sistemas de Informação serviam para atender ao controle de folha de pagamento, inventário e estatísticas médicas. Foi somente a partir dos anos 1990 é que surgiu a implantação de sistemas de informação para atender à área assistencial. Atualmente, com o advento da redução nos valores dos recursos para investimento em computadores, foi possível às empresas e instituições realizar novos investimentos, permitindo ampliar o acesso de diversas áreas aos sistemas computadorizados de informação. É visível a evolução no uso de sistemas de informação, caracterizados na área da saúde como Sistemas de Informação em Saúde (SIS) que integram, por meio dos bancos de dados, informações dos atendimentos assistenciais, promovem o controle dos processos hospitalares e geram informação a todos os setores e profissionais envolvidos no atendimento do paciente (MARIN, 2010). [...] os Sistemas de Informação em Saúde promovem a geração da informação de forma ágil e segura aos diversos profissionais, facilitando a tomada de decisão e atendendo à necessidade de informações dos pacientes da organização, possibilitam ainda a troca de informações com as organizações parceiras localizadas a distancia através dos meios digitais e melhoram a qualidade assistencial. (AZEVEDO, 2013, p. 25). Várias aplicações do SISaúde foram sendo incorporadas pelos hospitais, como, o Sistema de Informação Hospitalar (SIH). O SIH é utilizado nas instituições hospitalares com o objetivo de aperfeiçoar e integrar os processos de negócio, envolvendo as áreas assistenciais, administrativas e de apoio que compõem o complexo hospitalar. Também conhecido por Sistema Integrado de Gestão ou Enterprise Resource Planning (ERP). 94 Capítulo 5 Outra aplicação também utilizada nos hospitais é o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) que faz interface com os dados do SIH, possibilitando a integração dos dados administrativos com os dados clínicos (PEREIRA et. al., 2012). A TI é um importante mecanismo de registro de informações clinicas dos pacientes, que não só foi criado para substituir o prontuário papel, mas também para promover organização, agilidade, segurança e melhorar a qualidade da assistência à saúde (BRASIL et al., 2007). Mas isso não quer dizer que o prontuário não seja mais útil: ele ainda é um recurso que promove importante fonte de informação a todos os setores da assistência, do administrativo, da tomada de decisão e da pesquisa e do ensino, sendo um mecanismo de interface de base de dados a outros sistemas, além do SIH, como os sistemas de apoio à pesquisa e sistemas de apoio à decisão. Há, também, os sistemas de digitalização de imagens – conhecidos como Sistemas de Comunicação e Armazenamento de Imagem ou, em inglês, Picture Archiving and Communication Systems (PACS) – utilizados para capturar, armazenar e disponibilizar as imagens médicas geradas pelos equipamentos de imagem que realizam esses exames. Esses sistemas são integrados, por meio de base de dados, aos recursos dos Sistemas de Informação em Radiologia – em inglês, Radiology Information System (RIS) – do hospital por um protocolo de comunicação chamado Digital Imaging and Communication in Medicine (DICOM) que possibilita a visualização das imagens na tela do computador (CARITÁ et al., 2008). O aperfeiçoamento desta tecnologia vem gerando a adoção deste recurso pelos hospitais, que perceberam que as vantagens são significativas; como as aplicações de Telessaúde e Telemedicina, nas quais hospitais utilizam a infraestrutura de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), com sistemas de vídeo e webconferência, visando a disponibilidade de serviços à distância (SILVEIRA, 2013). Telemedicina e Telessaúde dizem respeito à oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde nos casos em que a distância é um fator crítico, ampliando a assistência e também a cobertura desses serviços. Tais serviços são fornecidos por profissionais da área da saúde, usando TICs para o intercâmbio de informações válidas para promoção, proteção, redução do risco da doença e outros agravos e recuperação. Possibilita uma educação continuada em saúde de profissionais, cuidadores e pessoas, e facilita pesquisas, avaliações e gestão da saúde, sempre no interesse de melhorar o bem-estar e a saúde das pessoas e de suas comunidades (LOPES et al., 2005). Por exemplo: a tomografia computadorizada. 95 Fundamentos do Empreendedorismo em Saúde O Programa Telessaúde Brasil Redes é uma ação nacional que busca melhorar a qualidade do atendimento e da atenção básica no Sistema Único da Saúde (SUS), integrando ensino e serviço por meio de ferramentas de tecnologias da informação, que oferecem condições para promover a Teleassistência e a Teleducação. (HISTÓRIA, [200-]). Neste contexto, percebe-se que o uso de tecnologias da área de TI se fazem presentes na área da saúde. Entretanto, ressalta-se a importância de se adotar políticas de segurança, definir procedimentos e tratar a conscientização para a inserção dos dados nos sistemas, a fim de garantir credibilidade no uso destas tecnologias e qualidade na gestão da informação, sendo esses alguns desafios para a área de TI, em conjunto com a gestão das outras áreas (PEREIRA et al., 2012). A relevância dos sistemas de informação como apoio à gestão do trabalho em saúde, seja na área clínica assistencial ou na administrativo-burocrática e de gestão, torna- se inegável. Todas as áreas e/ou campos de conhecimentos que venham a trabalhar com saúde, podem vir a usufruir as informações contidas nos sistemas, utilizando-as como uma ferramenta de auxílio no seu processo de trabalho, na medida em que aceleram a efetividade do processo de identificação dos problemas individuais e coletivos, potencializando a resolução das necessidades e/ou situações que venham a surgir nos diversos cenários e/ou ambientes de trabalho em saúde (BENITO; LICHESKI, 2009). Os sistemas que disponibilizam as informações, de forma organizada e de fácil acessibilidade, tornam-se recursos tecnológicos capazes de potencializar a busca, o acesso e, principalmente, a efetividade das ações dos profissionais de saúde, tornando-se uma ferramenta de apoio às atividades, auxiliando na tomada de decisão e aquisição de conhecimento, e como resultado, formando profissionais mais capacitados, criativos, capazes de mudar a realidade e qualificar o atendimento dos serviços de saúde através de ações de inovação de processos de saúde potencializando assim suas competências pessoais e coletivas no trabalho em saúde (BENITO; LICHESKI, 2009). Medicina, Enfermagem, Odontologia, Fisioterapia, Psicologia, Fonoaudiologia, Serviço Social, Educação Física, Engenharia, Administração, entre outros. 97 Considerações Finais Ao concluir nossos estudos, espera-se que o empenho na elaboração das atividades formativas e informativas tenha permitido a compreensão e assimilação do perfil, habilidade e qualidades do empreendedor e do processo de empreender, com o objetivo de qualificá-los à elaboração inicial de um plano de negócios para prestação de serviços ou produtos na área da saúde. Espero que a leitura relacionada aos princípios de empreendedorismo, às tecnologias da informação na área da saúde, às estratégias de marketing e estratégias empreendedoras, aos processos legais, de organização e de funcionamento das estratégias empreendedoras na área da saúde, tenham instrumentalizado vocês para a construção de ideias inovadoras. Muitos são os avanços na prática empreendedora, porém, há, ainda, muito a ser conquistado: novas oportunidades e possibilidades estão aguardando para serem desveladas. Espera-se que este processo de aprendizagem tenha como resultado inovações que gerem novos produtos e serviços à sociedade e que atendam às muitas demandas e expectativasdos clientes potenciais na área da saúde. A expectativa é que o estudo deste livro didático tenha permitido a compreensão sobre os princípios do empreendedorismo e as características essenciais ao profissional empreendedor, tornando-o apto a desenvolver o seu potencial criativo. Também espero que o conhecimento colocado à disposição sobre os processos legais, de organização e de funcionamento de uma empresa na área da saúde, tenha gerado a compreensão da possibilidade econômica sustentável, em países emergentes com a formação de novas empresas gerando empregos, distribuindo renda e criando oportunidades para toda a sociedade, tornando-o(a) capaz de propor uma nova estratégia empreendedora na área da saúde, podendo ser uma nova ferramenta, produto ou serviço a determinado segmento populacional. É interessante que as ferramentas de marketing e as estratégias de comunicação com os clientes potenciais para a divulgação e comercialização de seus produtos sejam utilizadas de forma racional e ética. Por fim, as ferramentas de gestão aqui apresentadas podem e devem contribuir para uma trajetória profissional empreendedora e de sucesso! 98 Universidade do Sul de Santa Catarina 99 Referências ALMEIDA, Fabiana Lucas de. Prestação de serviços de consultoria por auditores independentes: há reflexos no gerenciamento de resultados em empresas brasileiras de capital aberto? 2011. 195 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011. Disponível em: <www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/ bitstream/handle/1843/BUOS-8M3H8J/disserta_ao_fabiana_lucas_de_almeida. pdf?sequence=1>. Acesso em: 4 jul. 2014. ANDRADE, Ines. Mercado de Trabalho: Profissões ameaçadas de extinção. JC OnLine. 6 ago. 2000. Disponível em: <www2.uol.com.br/JC/_2000/0608/ec0608n. htm>. Acesso em: 0 jul. 2014. ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Atlas. 2009. AZEVEDO, Eliane Ferraz Young de. O papel estratégico da Tecnologia da Informação na área da saúde. Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 2013. 103 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão de Redes de Telecomunicações) - PUC, Campinas, 2013. 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Atualmente, é professora titular da UNISUL, nas áreas de Empreendedorismo, Gestão em Saúde Coletiva, Trabalho de Conclusão de Curso e Experiência Complementar em Enfermagem. É Conselheira Regional de Enfermagem do COREN/SC, desde 2008, ocupando, atualmente, o cargo de Secretária e coordenadora da Câmara Técnica. Representa o COREN/SC no Conselho Municipal de Saúde de Tubarão/SC e no Conselho Estadual de Saúde de Santa Catarina. Atua como assessora/consultora na área de Projetos, Planejamento Estratégico, Empreendedorismo e Eventos na área da saúde. capa_curvas.pdf 1 06/10/14 16:23 Introdução Capítulo 1 Dimensões do empreendedorismo na área da saúde Capítulo 2 Processos legais das estratégias empreendedoras Capítulo 3 Estratégias empreendedoras na área da saúde Capítulo 4 Estratégias de Marketing Capítulo 5 Tecnologias da Informação Considerações Finais Referências Sobre a Professora Conteudista