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1 GESTÃO DE PÓS-VENDAS 2 Sumário 1 - Introdução à Gestão de Pós-vendas --------------- 3 2 - Indústria de Reposição ---------------------------- 14 3 - O Pós-vendas em uma concessionária OEM ---- 20 4 - A tríade do Pós-vendas --------------------------- 30 5 - Previsão de demanda ----------------------------- 46 6 - Marketing no Pós-Venda -------------------------- 51 7 - Sistemas de Informação --------------------------- 66 8 - KPI´s e ferramentas para o negócio -------------- 74 9 - Gestor de Serviços ------------------------------- 106 10 - Tendências para o setor de Pós-vendas ------ 113 Introdução à Gestão de Pós-vendas Você compra um produto, o produto quebra e você precisa levar para consertar. O que você busca? Preço, disponibilidade, agilidade... Você compra um produto, e não sabe configurar. O que você precisa? Suporte técnico, ajuda, agilidade, conforto... Você compra um produto que, de tempos em tempos, precisa de suporte, atualização e assistência. Quem você procura? 3 O grande segredo para formar um relacionamento longo e lucrativo com seus clientes passa também pelo setor de Pós-Vendas da empresa. É começando aqui que se forma a base sólida para construir essa relação de fidelização. E é justamente aqui, no Pós-Vendas que muitas empresas falham, não dando a devida importância para seu cliente depois de efetuar sua venda, abandonando qualquer chance de transformá-lo em um comprador leal. De acordo com pesquisas recentes, pouco mais de 50% das empresas que fazem negócios online, investem no pós-venda para garantir a fidelização de seus clientes e percebem um aumento real em sua lucratividade ao focar em clientes antigos tanto quanto em novos clientes. O que é bastante importante é perceber que a outra metade não investe nesse setor, sendo obrigada a focar constantemente na captação de novos clientes e perdendo a oportunidade de fidelizar seus consumidores. 4 Os dados acima são relevantes para entendermos a importância do pós-vendas em um comparativo direto de um mercado onde somente parte das empresas possui essa prática. No caso do mercado de veículos automotores, o nosso foco de estudo, não há a possibilidade de uma empresa não praticar o pós-vendas para a manutenção de seus produtos. Justamente por perceber a importância do Mercado de Reparação, vamos falar sobre o que é pós-venda, sua importância e como muitas empresas perdem ao investir muito em novos compradores, mas ignoram aqueles que já são seus consumidores. 5 Praticam Pós-Vendas Empresas de vendas online Todas as atividades que envolvem continuar em contato e nutrir o relacionamento com um cliente que já comprou com sua empresa, seja para tirar uma dúvida. realizar manutenção preventiva ou corretiva se caracterizam como pós-venda. Quando as atividades de uma empresa são percebidas por seus clientes como de qualidade, a empresa se mostra atenciosa, e os consumidores entendem que estão sendo oferecidas soluções para suas necessidades, não somente as chances de que esse cliente volte a comprar com a empresa aumentam consideravelmente, como também ele passa a ser um potencial anunciante de seus produtos, dando início à forma mais eficaz de marketing conhecida, boca-a-boca. 6 O Pós-venda A energia investida no pós-venda, portanto, deve ser tão grande quanto a investida em novas vendas, senão ainda maior. Ao manter um relacionamento após o fechamento da compra, a percepção de seriedade será transmitida à sua marca e sua credibilidade aumentará. Não adianta ter produtos de ponta e divulgar sua marca em massa para milhares de potenciais compradores se o seu cliente se sentir desassistido e até mesmo insatisfeito após finalizar a compra. A experiência do cliente é um fator muito valioso e precisamos investir para que seja positiva em todas as etapas. 7 A propagação do boca-a-boca é muito grande seja para elogiar ou reclamar de um produto e serviço UM ÚNICO CLIENTE tem potencial grande de alcance A manutenção da imagem de uma marca está diretamente relacionada ao número de vendas, tanto para novos clientes como para os clientes já fidelizados. Captar um novo comprador é um processo muito mais trabalhoso e caro do que transformar um comprador já cadastrado em cliente fiel. Segundo pesquisas, o custo de aquisição de cliente pode ser até oito vezes maior que o custo de manutenção do cliente. 8 A Importância do Pós-venda O simples ato de se colocar à disposição para esclarecer dúvidas ou enviar um e-mail de agradecimento pela compra pode contribuir com a percepção de seu cliente, que deixará de se sentir apenas um número e passará a se sentir especial em sua loja. Quanto mais tempo o cliente passar em contato com seus produtos, mais encantando ele ficará, criando confiança e conforto que o farão totalmente engajado com a sua marca e, eventualmente, fará novas compras. Somado a todos os benefícios já listados, há ainda mais um ponto a ser levado em consideração: um cliente que tem uma experiência memorável com uma marca, positiva ou negativamente, sempre dividirá com sua rede de contatos a sua percepção sobre a marca e isso afetará diretamente a sua capacidade de captar novos compradores, guiados pela confiança já estabelecida com seu cliente satisfeito. O marketing boca-a-boca é extremamente efetivo e muito barato, sendo portanto, uma das melhores apostas de sua empresa para aumentar seus lucros. Ao executar uma boa ação de pós-venda, o cliente deixa de ser apenas um comprador e passa a agir por conta própria como um promotor de sua marca, influenciando por seus gostos e opiniões a seu favor. 9 - Melhorar a experiência do consumidor com o seu produto; - Fidelizar o seu cliente; - Garantir um aumento exponencial na receita de sua empresa; - Influenciar direta e indiretamente na opinião de potenciais novos clientes. Ações de Pós-venda tem um impacto crucial em: Existem fundamentalmente dois formatos de pós-venda e , entender a distinção entre os dois é importante para que possamos formar processos que nos permitam utilizar o máximo de seus potenciais. Apesar de dois formatos distintos, seu objetivo é um só: manter o cliente satisfeito através de percepções positivas com seus produtos/serviços e sua marca. 10 Tipos de Pós-venda - Pós-venda ATIVO - Pós-venda RECEPTIVO O Pós-vendas receptivo é o formato mais comum de ações de pós-vendas. As empresas disponibilizam diversos canais de contato para que o seu cliente possa entrar em contato e então tirar suas dúvidas, submeter sugestões ou mesmo busque novas compras. Manter um histórico atualizado de cada comunicação estabelecida com seu cliente é muito importante para reduzir qualquer tipo de ruído e garantir a assertividade ao estabelecer uma nova venda para esse cliente. Quanto mais souber sobre o seu cliente, melhor vai entender suas necessidades e poderá atender com excelência. 11 As ações de Pós-vendas receptivas são ótimas ferramentas para avaliar seu processo de venda, utilizando a opinião de seu cliente como métrica que aponta quais alterações podem ser feitas para alcançar uma taxa de conversão de clientes potenciais maior. - Pós-venda RECEPTIVO O Pós-vendas ativo é a forma mais direta de exercer uma boa influência em seu cliente. Nesse caso a empresa entrará diretamente em contato com o comprador, comumente poucos dias após a compra, e avalia o grau de satisfação em relação ao atendimento recebido. Baseado nas respostas de seus consumidores, a empresa poderá traçar um plano de ataque apurado, podendo identificar desde correções em seus produtos até o potencial mercadológico de seu produto determinando novos perfis de clientes em potencial, sempre levantando o que precisa ser melhorado e o que já funciona perfeitamente. Esta mesma ocasião é uma ótima oportunidade para se colocar à disposição para esclarecer toda e qualquer dúvida que tenha surgido desse primeiro contatode seu cliente com o seu produto, demonstrando seriedade e confiança e, caso seja oportuno e realmente do interesse de seu cliente, oferecer novos produtos e serviços. 12 - Pós-venda ATIVO 13 1. O cliente merece o melhor atendimento 2. Demonstre interesse no problema do cliente 3. Você nunca está ocupado demais para o seu cliente 4. Entenda a necessidade de seu cliente 5. Sempre cumpra o prometido para o cliente 6. Nem sempre o cliente tem razão. 7. Nunca passe o problema para a frente 8. Seus funcionários também são clientes 9. O cliente sempre merece o melhor atendimento 10. Nem sempre o cliente está errado As 10 lições efetivas de pós-venda: Para saber mais: Indústria de Reposição 14 O pós-vendas é tão antigo quanto a fabricação de veículos e, enquanto o primeiro carro chega ao Brasil (um Peugeot) em 1.891 trazido pelo aviador Santos Dumont, a primeira ‘grande oficina’ fazia propaganda poucos anos depois dando visibilidade ao mercado de reposição que já vinha sendo praticado. A Indústria de Reposição é responsável pelo abastecimento de peças, produtos e serviços que assistem o Mercado Automotivo. Segundo dados da AUTODATA, mesmo durante o cenário de pandemia, essa Indústria movimentou cerca de R$ 110 Bi ao longo de 2020.(1) (1) https://www.autodata.com.br/noticias/2020/10/27/setor-de-autopecas-esti ma-faturamento-21-maior-em-2021/32330/#:~:text=Caso%20registre%2C%2 0de%20fato%2C%20o,5%2C50%2C%20algo%20que%2C http://www.lexicarbrasil.com.br/garage-fiat/ https://www.autodata.com.br/noticias/2020/10/27/setor-de-autopecas-estima-faturamento-21-maior-em-2021/32330/#:~:text=Caso%20registre%2C%20de%20fato%2C%20o,5%2C50%2C%20algo%20que%2C https://www.autodata.com.br/noticias/2020/10/27/setor-de-autopecas-estima-faturamento-21-maior-em-2021/32330/#:~:text=Caso%20registre%2C%20de%20fato%2C%20o,5%2C50%2C%20algo%20que%2C https://www.autodata.com.br/noticias/2020/10/27/setor-de-autopecas-estima-faturamento-21-maior-em-2021/32330/#:~:text=Caso%20registre%2C%20de%20fato%2C%20o,5%2C50%2C%20algo%20que%2C Players do Mercado 15 Quando abordamos montantes tão expressivos como estes, é necessário a compreensão do cenário amplo que envolve o mercado de reposição onde está inserido a gestão de pós-vendas. O Setor de Peças e Serviços corresponde a uma fatia significativa da indústria de reposição e se divide em segmentos especializados caracterizado pelo tipo de serviço que será prestado. Cada segmento possui sua característica específica em relação ao tipo de serviço prestado e consequentemente ao perfil de cliente que frequenta cada um desses estabelecimentos. No Brasil, até 2019, existiam mais de 100 mil oficinas independentes, caracterizadas principalmente por profissionais autônomos ou oficinas mecânicas e funilarias de pequena estrutura com até 5 funcionários. Este modelo de negócio é normalmente enquadrado como comércio de bairro, fora das vias de grande fluxo e procurado pelos moradores da própria região que buscam comodidade, confiança e preços acessíveis em comparação com concessionárias associadas a montadoras de veículos. 16 Considerando sua proximidade de áreas residenciais e estrutura menos elaborada, as oficinas independentes tendem a executar serviços de reparo, tanto mecânico quanto de funilaria, e sua principal ferramenta de marketing é a recomendação dos clientes da região. - Oficinas independentes A receita de postos de combustíveis é dividida basicamente em três grandes grupos: - Venda de Combustível, principal atividade desse tipo de negócio; - Produtos de conveniência como o refrigerante gelado e lanches rápidos e - Serviços automotivos: este se enquadra no segmento de Pós-vendas com vendas de peças e serviços e é caracterizado pela oferta de assistência preventiva, principalmente a troca de óleo, venda de aditivos e acessórios. 17 Considerando a baixa complexidade do serviço prestado, o apelo comercial é realizado com base na venda ativa do frentista, estrutura agradável para espera e custo de oportunidade associado a uma eventual sorte do veículo estar no momento de troca de óleo. - Postos de Gasolina Estruturas de maior porte com capacidade para atendimento de diversos veículos simultaneamente e a diversidade de serviços prestados são as principais características dos auto center e redes de oficinas. Este modelo de negócio atende principalmente clientes com veículos que não estão mais em período de garantia, mas que necessitam de equipamentos para manutenção especializada. Neste modelo de negócio a recomendação de clientes se faz presente, contudo começa a se valer também de outras formas de marketing que serão exploradas mais a frente, principalmente aproveitando do maior poder de investimento que a empresa possui para essas ações estando em muitas vezes associadas a fabricantes de autopeças ou marcas prestadoras de serviços para o consumidor final como marcas de seguros, por exemplo. 18 - Auto Centers e Redes de Oficinas OEM vem do termo Original Equipment Manufacturer ou Fabricante de Equipamentos Originais. A concessionária OEM é parte da rede oficial de distribuição e pós-vendas de cada fabricante de veículos. Esse tipo de negócio costuma ter a mesma estrutura dos auto centers, são habilitados a praticamente todos os tipos de serviços, contudo são especializados em sua marca ‘mãe’, não praticando serviços em veículos de outras marcas por mais que possuam estrutura, capacidade e conhecimento para isso. 19 - Concessionárias OEM Seu maior fluxo de clientes se concentra em proprietários de veículos em período de garantia, seja para manutenção corretiva ou para preventiva, e possuem grande responsabilidade na fidelização dos clientes da marca no momento da troca do veículo por um veículo novo. Como estratégia de marketing principal se valem das ações de marketing da montadora e se apresentam como os maiores especialistas e representantes oficiais da marca, O Pós-vendas em uma concessionária OEM 20 O foco da nossa discussão neste curso é tratar da gestão do pós-vendas, mas é de suma importância entendermos que esse não é a única fonte de receita de uma concessionária. Gerenciar diversos negócios dentro de um mesmo ambiente é uma tarefa desafiadora e conhecer cada um de seus processos no detalhe é a melhor forma de aproveitar as oportunidades de vendas e com o máximo de rentabilidade. É fácil assumir que o maior faturamento de uma concessionária venha da venda de veículos novos e usados considerando principalmente o montante de dinheiro movimentado em cada venda, contudo ao olharmos da perspectiva de margens, o negócio de Pós-vendas passa a ter um peso muito mais representativo. 21 22 O pós-vendas é, em muitos casos, a principal fonte de margem de contribuição dentro de uma concessionária OEM e alguns temas devem ser observados como fatores críticos de sucesso pelo gestor de pós-vendas sob a perspectiva financeira: - Gestão de estoque Vimos anteriormente que, em parte, os serviços da concessionária são alavancados pela expectativa do cliente em encontrar mão-de-obra especializada, peças disponíveis e reparo rápido do veículo. Imagine que o cliente se dispõe a levar o veículo na concessionária com alta expectativa e a peça necessária está em falta no estoque. Tudo que está presente no almoxarifado da concessionária é resultado de investimento, que em outras palavras quer dizer dinheiro parado. Quando administrado de forma correta é parte fundamental para o sucesso da operação. A quebra de expectativa do cliente pode ocasionar em muita insatisfação e até mesmo na desistência do cliente em fazer o reparo de seu veículo nesta concessionária. Em contrapartida se, para evitar a falta de peças em estoque, o gestor comprar peças demais ou peças com pouca saída e baixo giro, corre o risco de ficar com peças obsoletas em estoque sem nunca chegar a utilizá-las. Essa obsolescência significa dinheiroparado pelo investimento na sua aquisição e custo de armazenagem, pois ocupa espaço de outras peças que poderiam ter vendas maiores. Dentre as boas práticas de gestão de estoque, vale destacar: 23 - Ter um estoque confiável e atualizado: controlar entrada e saída de produtos com o máximo de detalhamento possível e realizar de forma recorrente inventários verificando se todas as peças que estão registradas estão presentes no almoxarifado; - Organizar o espaço físico adequadamente: por mais simples que pareça essa dica, é importante entender onde as peças estão dispostas, ter sinalização de apoio, não manter caixas empilhadas, manter itens de alto giro mais próximos da porta. Essas medidas ajudam na produtividade pelo ganho de tempo para encontrar os itens; 24 - Manter um bom relacionamento com fornecedores: muitas vezes os fornecedores são vistos apenas como a loja onde você adquire produtos para revenda porém o bom relacionamento com estes pode gerar prioridades na entrega de mercadorias, facilidades em se desfazer de itens obsoletos, além de gerar análises conjuntas de entendimento do seu estoque; - Evitar compras em excesso: a compra de itens em volume pode acarretar em descontos na aquisição, porém pode também virar um pesadelo tanto para estocagem quanto para o fluxo de caixa da empresa. Por isso é importante ter uma boa previsão de demanda que será abordada mais à frente; - Possuir software de gestão: por fim, mas não menos importante, é ter um software que facilite e agilize esses processos de lançamento e administração de estoque para que toda empresa possa ter visibilidade da informação mais atualizada. 25 Profissionais com boa qualificação técnica são fundamentais em dois aspectos: - Qualificação Técnica - Redução de custos: uma análise técnica correta contribui na gestão de estoque, evita retrabalho com aplicação de peças erradas e usa apenas o tempo necessário de reparo, liberando espaço físico para novos clientes; - Aumento de faturamento: através de diagnósticos corretos, serviços de qualidade e informação precisa, o cliente ganha confiança não apenas para aprovação do orçamento como dá abertura para a venda de serviços agregados que são grandes fontes de receita para as concessionárias. 26 A qualificação dos profissionais técnicos possui apoio de escolas de ensino profissionalizante, porém a maior parte dos profissionais que atuam na área aprendem diretamente na prática com profissionais mais experientes. O mercado não exige formação superior e nos anúncios de trabalho é possível entender que a exigência é em relação ao nível de experiência. Um desafio mútuo das montadoras e concessionárias é qualificar e reter os profissionais técnicos da linha de frente das concessionárias, levando em consideração que estes são peças fundamentais e o custo de preparar um profissional novo é muito alto em qualquer segmento. Não é incomum vermos empresas que, em períodos de crise, mantém seu quadro de funcionários técnicos buscando resguardar o capital intelectual da empresa. 27 Possuir as ferramentas e equipamentos adequados, associado ao seu correto uso auxiliam na produtividade da concessionária e permitem não danificar as peças e os veículos no momento da montagem. Montadoras, visando fomentar o atendimento dos veículos dentro de sua rede credenciada, investem, muitas vezes, em peças que necessitam de ferramental específico para manutenção dificultando para os auto centros e reparadores independentes terem acesso a esse ferramental. - Ferramentas e Equipamentos Equipamentos de ponta para uma excelência em reparos exigem um alto investimento e dependendo da estrutura necessária podem facilmente passar de centenas de milhares de reais, assim sua correta manutenção e uso diminuem custos para a empresa além de impactar diretamente no tempo que um veículo fica parado para reparo. 28 Apesar de entendermos que a estrutura física de uma concessionária não gera faturamento adicional ou eliminação de custos de forma direta, ainda assim é importante na recomendação do cliente, que pode considerar o espaço pouco satisfatório e não se sentir confortável gerando indicações negativas em relação ao local. - Estrutura Física Em estruturas de venda de serviço, onde não há um produto tangível para entregar ao cliente, o ambiente acaba sendo um componente de forte influência, pois é parte da recordação que o cliente terá do momento que recebeu seu veículo da manutenção. 29 Com toda certeza a experiência de um cliente em sua jornada depende de diversos fatores, entre eles o atendimento e empatia da/do recepcionista, qualidade do serviço, forma de pagamento. Deixe todos esses fatores de lado e reflita, qual oficina mecânica teria sua recomendação considerando apenas as fotos abaixo? Qual deve ter um melhor serviço? Qual possivelmente deixará você mais satisfeito? https://www.oficinabrasil.com.br/noticia/em-foco/feira-do-empre endedor-organizada-pelo-sebrae-sp-conta-com-oficina-de-sucesso https://slideplayer.com.br/slide/1362731/ Por mais que a pergunta possa parecer preconceituosa esses aspectos devem ser considerados pois fazem parte da experiência do cliente. https://www.oficinabrasil.com.br/noticia/em-foco/feira-do-empreendedor-organizada-pelo-sebrae-sp-conta-com-oficina-de-sucesso https://www.oficinabrasil.com.br/noticia/em-foco/feira-do-empreendedor-organizada-pelo-sebrae-sp-conta-com-oficina-de-sucesso https://slideplayer.com.br/slide/1362731/ A tríade do Pós-vendas 30 Exploramos até aqui um pouco do dia a dia e dos desafios das concessionárias, contudo para avançarmos é necessário entender três grandes forças que regem esse segmento de negócio, tendo grande influência nas decisões estratégicas da empresa. Entender esta dinâmica e os anseios de cada um desses pilares facilita o trabalho do gestor de pós-venda e é a base de uma relação ganha-ganha entre todas as partes. 31 - Montadora Apesar da dependência que a montadora possui das vendas das concessionárias, essa dependência é mútua pois a concessionária precisa dos produtos, peças e da força de marketing fornecida pela montadora. Esse relacionamento é regulamentado pela Lei Ferrari de 1.979 que determina dentre outras coisas que: - A concessionária possui o direito de venda de produtos com exclusividade dentro de sua área de atuação, contudo possui o dever de prestar manutenção; - O contrato entre as partes pode vedar ou não a comercialização e representação de modelos de outros fabricantes; - Cabe a concessionária escolher se irá participar ou não das ações de venda promovidas pela montadora; - Somente em casos determinados a montadora pode realizar a venda direta ao cliente final, caso contrário, exclusivamente via concessionária; Lei Ferrari na íntegra http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6 729.htm#:~:text=LEI%20No%206.729%2C% 20DE,Art%20. 32 - O consumidor está livre para comprar e realizar serviço na concessionária de sua escolha; - O concessionário é obrigado a adquirir ao menos 75% das compras anuais de componentes diretamente do seu concedente; - A fabricante pode exigir que o concessionário mantenha estoque proporcional à rotatividade dos produtos novos; - A lei estabelece igualdade de preço de venda de peças e veículos a todos concessionários, contudo o preço de mercado praticado junto ao cliente é livre e decidido estrategicamente por cada concessionário; - Em caso de rescisão de concessão por parte da montadora, o concedente é obrigado a recomprar todo estoque de materiais do concessionário; - Se o contrato for rompido pelo concessionário é aplicada multa de 5% sobre o valor de todos produtos adquiridos nos últimos quatro meses. 33 Acima notamos alguns ítens da Lei Ferrari e conseguimos entender um pouco da rigidez que ela traz para o segmento, sendo criticada por muitos e indicada como principal responsável pelo atrasodo modelo de negócio quando comparado com outros segmentos, contudo é defendida por muitos e serve de base para acordos Montadora/Concessionária em vários países. Essa relação é conflituosa de longa data pois apesar de ambas terem como foco o atendimento do consumidor, as concessionárias fazem parte dos indicadores internos das montadoras, sendo submetidas à metas de vendas tanto de veículos como componentes. Alguns indicadores comuns cobrados das concessionárias pelas montadoras: - Sell In: aquisição de componentes para o estoque da concessionária - Sell Out: venda de componentes para o cliente final 34 - Efetividade: cada montadora pode chamar a sua maneira o indicador, contudo é importante entender se o cliente teve seu veículo reparado na primeira visita, ou se gerou recorrência; - Satisfação: NPS, Nota média, CSI são exemplos de formas de calcular a satisfação do cliente e indiferente do indicador, é sempre primordial entender a avaliação do seu cliente. Para auxiliar o concessionário a chegar nas metas das montadoras, estas apoiam os concessionários com consultorias e ferramentas de gestão, programas de bônus e incentivos tanto para as lojas quanto para os profissionais que lá atuam e investem em marketing e ações promocionais. - Cliente Essa é, sem dúvida, a ponta mais importante da nossa tríade. A partir da necessidade do cliente é que podemos formular toda a estratégia da empresa e preparar a estrutura de negócios para o atendimento correto. 35 O papel do cliente é tão importante em qualquer organização que Kotler sugere uma perspectiva invertida do organograma tradicional das empresas, colocando o cliente como ponto mais alto da organização e como parte fundamental da tomada de decisão. Colocar o cliente como ponto alto na discussão é mais fácil quando a empresa já nasce com esse propósito como em muitas startups, contudo ainda assim é possível mudar a cultura da organização para que se possa ter essa perspectiva disseminada. De Para 36 Entender a expectativa do cliente ao comprar um veículo novo já é desafiador por si só, e ter essa compreensão é fundamental para o processo de vendas. No entanto, entender a expectativa do cliente num ambiente de pós-vendas é ainda mais complexo, pois esse serviço só é procurado quando o cliente tem algum problema que precisa de solução, estando portanto, em um estado de espírito mais negativo se comparado ao de compra de um veículo novo. A afirmação acima é muito comum se olharmos que levamos o veículo em uma concessionária apenas quando o veículo quebra/sofre colisão ou para realizar uma manutenção preventiva, o que geralmente é um gasto de difícil compreensão para o consumidor, porém antes de entrarmos na expectativa de cada cliente, é preciso entender qual o perfil de veículos que frequenta concessionárias e os demais segmentos do mercado de reparação: O Cliente de Pós-vendas da concessionária 37 - Composição de Frota Brasileira (2019) Distribuição por ano de fabricação (1) Recall - convocação por parte de fabricante ou distribuidor para que determinado produto lhe seja levado de volta para substituição ou reparo de possíveis ou reais defeitos. Veículos com até 3 anos: necessidade de manutenção preventiva, veículos em garantia, revisões na concessionária, atendimentos de Recall(1) Veículos acima de 4 anos: alguns poucos casos de revisão preventiva mas o grande foco é corretiva sendo o maior público dos auto centros e oficinas independentes dependendo do tipo de serviço prestado; 38 Veículos a partir de 30 anos abrem um novo segmento no mercado de veículos os ‘placas pretas’ para manutenção especializada Conhecendo um pouco o tamanho e o perfil da frota de veículos conseguimos imaginar as necessidades dos clientes em alguns segmentos diante do tipo de serviço e veículo que possui. Pense nas seguintes situações: Cliente de carro popular dentro da garantia leva para fazer revisão Pensamento do cliente: mal necessário Expectativa: Baixo custo Cliente de carro popular dentro da garantia leva para fazer manutenção corretiva Pensamento do cliente: carro novo e já quebrado Expectativa: Serviço rápido e sem custo 39 Cliente de moto antiga leva para manutenção corretiva Pensamento do cliente: Veículo antigo quebra mesmo Expectativa: Qualidade, atenção Cliente de caminhão leva para manutenção corretiva Pensamento do cliente: Preciso do caminhão logo Expectativa: Serviço rápido (de preferência sem que o cliente tenha que sair da concessionária) Para cada cenário podemos entender quem é o cliente, qual veículo que ele possui, qual o uso que faz do veículo, se possui um segundo veículo ou não entre outras informações. Quanto mais você conhecer do seu cliente, com certeza, mais assertivo será na compreensão de suas necessidades e nas estratégias para alcançar sua satisfação. 40 - Concessionária Após refletirmos sobre as expectativas de clientes e montadoras, é necessário situar a sua própria empresa nessa relação e para isso, temos que entender um passo antes, qual a estratégia adotada pela empresa. Para Kotler cada unidade de negócio precisa definir sua missão específica dentro da missão da empresa para então desenhar sua estratégia de atendimento. Consideremos, como exemplo, a missão corporativa do Grupo Sinal, uma dos maiores grupos de concessionárias do Brasil, representando marcas como FIAT, RENAULT, HYUNDAI, HONDA entre outras: ‘Comercializar automóveis e prestar serviços para o mercado consumidor de bens automotivos, investindo constantemente em nossa equipe de colaboradores, buscando a satisfação de nossos clientes, com comprometimento no relacionamento comercial e no resultado final.’ https://www.gruposinal.com.br/sobre#:~:text=Comercializar%20autom%C3%B3veis%20e %20prestar%20servi%C3%A7os,comercial%20e%20no%20resultado%20final. https://www.gruposinal.com.br/sobre#:~:text=Comercializar%20autom%C3%B3veis%20e%20prestar%20servi%C3%A7os,comercial%20e%20no%20resultado%20final https://www.gruposinal.com.br/sobre#:~:text=Comercializar%20autom%C3%B3veis%20e%20prestar%20servi%C3%A7os,comercial%20e%20no%20resultado%20final 41 A própria missão já traz orientações importantes para a gestão de pós-vendas como a orientação para a satisfação do cliente por meio da capacitação do time no exemplo acima. Isso por si só, já remete a aberturas para que o gestor busque formação e capacitação de sua equipe, além do que, deve ter em mente que os indicadores de satisfação do cliente são KPI’s importantes para o monitoramento da estratégia da empresa. Além das declarações organizacionais como a missão é importante ter o entendimento da estratégia organizacional que provê vantagem competitiva à empresa. Vantagem competitiva, segundo Porter, se trata da empresa apresentar ao menos um item cujo desempenho o concorrente não consegue alcançar. Ele ressalta ainda que qualquer vantagem competitiva pode ser enquadrada dessa forma apenas se conseguir ser notada como vantagem pelo cliente. 42 O Mercado Livre, apresentado no estudo de caso, apenas pôde ser considerado como vantagem competitiva pois o prazo de entrega era um atributo de valor para o cliente, caso contrário não seria um diferencial de mercado da empresa junto aos concorrentes. Existem três estratégias básicas para alcançar vantagem competitiva: Liderança em custos - a empresa é tão eficiente em seus processos de produção ou serviços que seus custos são muito menores do que os concorrentes, o que permite que a empresa transfira o benefício ao cliente por meio de um preço muito mais competitivo ou aumentando a oferta de valor ao cliente agregando novos produtos, serviços e novos benefícios; Diferenciação: essa vantagem é alcançada quando a empresa produz um produto ou serviço diferente dos concorrentes e notado pelos clientes. Uma vez que note um diferencial em relação ao mercado e que isso gere valor, o cliente pode inclusivepagar mais por essa aquisição saindo da eterna disputa por preço. 43 Foco: geralmente adotada por pequenas empresas devido a limitação de recursos, essa estratégia pede que a empresa foque em poucos segmentos porém que provisione solução completa para seus clientes. Porter ressalta que, uma vez definido o foco, a empresa deve derivar sua estratégia para uma das duas soluções apresentadas anteriormente. Voltando a aplicação no mercado de veículos, com concessionárias as definições de estratégia não são diferentes das mostradas acima. O alinhamento dos três pilares é fundamental para que se possa desenhar a melhor implementação das estratégias. Ter o melhor preço não significa nada se a expectativa do cliente é um tratamento diferenciado, exclusivo ou se a necessidade é um atendimento focado em carros esportivos. Tenha em mente sempre que a oferta a ser realizada deve ser montada com base sempre no valor esperado pelo cliente. 44 Gestão Estratégica de Pós-vendas Nos próximos capítulos conheceremos algumas ferramentas que auxiliam tanto na definição de estratégia quanto no conhecimento mais aprofundado dos clientes, contudo, com os insumos acima conseguimos entender onde o gestor precisa se dedicar para equilibrar os três pilares apresentados. No caso a gestão estratégica não trata apenas de definir a estratégia mas sim entender qual a melhor forma de implementá-la e principalmente como acompanhá-la para termos certeza de sua eficácia. A implementação da estratégia para o gestor de pós-vendas passa pelas definições de: - Estrutura física: além do padrão visual, que é definido pela montadora, é de responsabilidade da concessionária definir a capacidade de atendimento, quantidade de postos de trabalho e fluxo de veículos dentro da oficina; 45 - Equipe: qual o perfil do profissional necessário para o atendimento, qual a qualificação necessária, quantas pessoas e quais funções devem exercer; - Estoque: dentro da expectativa de demanda, quais as peças devem estar disponíveis logo na abertura do negócio; - Sistemas: quais as informações necessárias para a gestão do dia a dia; - Processos: estabelecer os processos que nortearão as rotinas de trabalho, documentá-las e providenciar o treinamento das equipes; - Fontes de receita: além do propósito principal da empresa que, no caso, é a reparação de veículos, o gestor deve, sempre que possível, gerir fontes agregadas de receita como serviços adicionais de polimento, locação de veículos quando possuir, venda de acessórios e produtos de boutique, podendo estes fazer também parte da estratégia da empresa. Previsão de demanda 46 Um dos componentes importantes do plano de vendas e viabilidade de qualquer negócio, incluindo o pós-vendas, é estimar corretamente qual a demanda por produtos e serviços que a concessionária poderá ter. Existem diversas técnicas e métodos que auxiliam na previsão de demanda porém, para facilitar a compreensão. usualmente elas são agrupados em duas categorias. Os métodos qualitativos se baseiam nas experiências e julgamentos de quem está participando da elaboração da previsão. Tem uma carga grande de subjetividade e juízo de valor dos participantes, porém são muito eficientes para interpretar fatores que aparentemente não se relacionam matematicamente. - Métodos Qualitativos 47 Outras formas de se realizar previsão de demanda a partir de métodos qualitativos é pesquisa de vendas, perguntando e trazendo a percepção do vendedor para o modelo. Esse formato pode ser repetido com clientes, executivos e quaisquer outros públicos que tenham conhecimentos que agreguem na previsão. - Métodos Quantitativos São métodos que se baseiam em dados históricos e métodos estatísticos para entender padrões de comportamento do mercado no passado e projetar os movimentos do futuro. Esses métodos costumam ser mais assertivos que os métodos qualitativos pois eliminam o viés de eventuais julgamentos errados e interferências, contudo ao mesmo tempo costumam levar mais tempo para serem preparados e dependendo do método utilizado, não existem séries históricas e/ou projetadas que ajudem a compor o seu modelo de previsão. 48 Como técnicas mais conhecidas vale destacar a média móvel que apesar de simples é bem usual para previsões de curto prazo. Por exemplo, se uma concessionária atendeu nos últimos 3 meses respectivamente 320, 305 e 332 clientes, podemos esperar para o mês seguinte cerca de 319 atendimentos. Média = 320 + 305 + 332 / 3 Além desse modelo, Regressão Linear Simples e Regressão Multivariada também são muito utilizadas e tem por intenção estabelecer uma fórmula matemática onde a partir de algumas variáveis é possível simular a previsão de futuro. Todos os cálculos e conceitos acima ajudam a entender o formato da concepção da previsão de demanda e são, cada qual com sua particularidade, efetivos, porém do ponto de vista prático pode ser bem mais simples montar o seu próprio modelo usando um pouco de cada conceito descrito. - Método Misto de Previsão 49 Algumas perguntas que ajudarão a guiar o caminho: - Quantos atendimentos foram realizados nos últimos 3 meses? E por dia? - Desses clientes, qual o tipo de serviço? Mecânica? Revisão? Funilaria? - Quantos veículos novos a área de vendas vendeu nos últimos 3 anos? Qual a previsão para esse ano? - Qual o perfil de clientes que frequentou a oficina? Clientes em garantia ou fora dela? - Qual a quantidade de clientes fora da garantia que visitaram a concessionária? 50 A partir das respostas acima já é possível traçar uma linha básica de previsão de demanda para o ano. Ao cruzarmos a previsão de demanda com a capacidade de atendimento, expectativa de contribuição do pós-vendas no faturamento e voz do cliente começamos a traçar o planejamento da área para o ano entendendo se a previsão de demanda já satisfaz as metas financeiras, se existe capacidade ociosa suficiente para aproveitar as oportunidades de faturamento e até se é necessário buscar novos clientes ou novas formas de receita incremental. 51 Marketing no Pós-Venda Marketing é o processo de comunicar e entregar valor para o cliente, tanto de produtos quanto de serviços, focando no propósito da venda destes. Este processo pode estar organizado em um departamento ou descentralizado, dentro das áreas comerciais. Indiferente de sua estrutura dentro da organização, sua função é vital em qualquer mercado, buscando sempre assegurar a demanda dos produtos e serviços da empresa. Ao falarmos do Marketing de venda é popular o termo “4P’s” definido por Kotler como: Produto - é o item que satisfaz a demanda dos clientes. Como concepção deve abordar questões como Variedade de produtos, Qualidade, Design, Características, Nome de Marca, Embalagem, Tamanhos, Serviços, Garantias, Devoluções e quaisquer outros itens ligados diretamente ao bem principal; 52 Promoção - o guarda-chuva de promoção engloba Propaganda, Comunicação, Relações Públicas, Força de Vendas, Promoção de Vendas e seus derivados; Preço - é ligado diretamente a quantidade que o cliente desembolsa pelo produto/serviço. Essa é uma definição altamente estratégica pois a partir do preço chegamos a composição das margens de lucro da empresa. Dentro deste tópico se englobam as estratégias de Preço de Lista, Políticas de Descontos, Concessões, Prazo de pagamento e Condições de Financiamento; Praça ou Ponto de Venda - tão importante quanto os demais está associado a forma de distribuição dos produtos e serviços, considerando Canais, Cobertura, Locais, Estoque, Transporte, etc. Em uma adaptação ao mercado de serviços, Ott adapta os 4P’s para o anagrama SIVA: 53 De Produto para SOLUÇÃO - na concepção de um serviço a entrega da empresa não é tangível, assim fatores como design, embalagem, tamanho não são características possíveis de mensuração, assim o que se deve fazer é agregar valor ao cliente pormeio da solução que será ofertada; De Promoção para INFORMAÇÃO - um produto físico é possível ser comparado por meio das características e na maioria das vezes você pode adquirir exatamente o mesmo produto em diversas lojas, cabendo a promoção estabelecer uma diferenciação e motivação para a escolha de sua empresa. No caso de serviços por mais que duas empresas se proponham a oferecer a mesma solução, muitas vezes os métodos, qualificação técnica e ferramentas são diferentes, assim a base da oferta é a informação. Informar o cliente sobre os processos que serão realizados, o diferencial técnico da empresa, as vantagens em relação aos concorrentes é o fator de sucesso deste componente do mix de Marketing; 54 De preço para VALOR - o fator preço de um serviço não pode ser desconsiderado pois toda empresa tem seus custos e precisa estabelecer um preço mínimo que satisfaça suas necessidades internas. É necessário o monitoramento da concorrência pois o mesmo serviço em locais diferentes não deveria ter uma assimetria muito grande desde que se justifique a diferença, e que o cliente entenda que vale a pena pagar mais por isso. Esse ‘valer a pena pagar mais’ é justamente a melhor definição de Valor. Valor é uma questão intrínseca de cada cliente e o que vale pagar mais para um cliente, não necessariamente vale para outro, pedindo assim que cada empresa conheça e escolha a melhor oferta de valor para seu público-alvo; 55 De praça para ACESSO - por algumas vezes nos capítulos anteriores falamos sobre a importância da conveniência do serviço ao cliente e nesse aspecto tão importante quanto ter uma concessionária bem estruturada é prover acesso aos serviços para seus clientes, assim, importam quesitos como localização, possibilidade de ‘leva-e-traz’, serviço no local do cliente, entre outras soluções que facilitem o acesso ao serviço prestado. Para completar o conceito do mix de marketing de serviços, são incluídos mais “4 p’s” na lista de componentes a serem contemplados na estratégia de um pós-vendas efetivo: Processo - garantir que todo cliente possa ter a mesma qualidade na execução de seu serviço é obtida por meio da padronização dos fluxos, procedimentos e metodologia. Apenas garantindo o processo se pode garantir a assertividade e precisão do resultado final; 56 “Palpabilidade” ou Evidência Física - como um serviço não é visível o cliente projeta a qualidade do serviço pelo que ele pode ver: organização, limpeza e conforto do ambiente da prestação de serviços, apresentação pessoal dos funcionários, cartão de visitas entre outros; Pessoas - a principal matéria-prima do serviço é sua força de trabalho e assim, é fundamental um time qualificado, treinado, capacitado e motivado para a execução dos serviços. Dentre todos os aspectos de satisfação do cliente, o principal impacto vem justamente da experiência com os profissionais que o atendem; Produtividade - este conceito está ligado diretamente a capacidade de maximizar recursos e minimizar custos, além de aplicar os serviços no melhor tempo possível. A busca por produtividade é quem garante a maior rentabilidade do negócio. 57 Comunicação em Pós - Vendas É indiscutível o poder da mídia de massa como rádio e televisão, mas não é comum vermos nos dias atuais ofertas de pós-vendas nestes meios de comunicação principalmente pela relação custo-benefício deste investimento. Uma vez tendo uma estratégia clara elaborada, contemplando todo o mix de serviço é necessário comunicar da melhor forma possível aos clientes. Estabelecer o formato de comunicação está em função não apenas do tipo de cliente que quer alcançar mas também do dinheiro disponível para investimento. Do final da década de 80 ao início dos anos 2000 a Dpaschoal, um dos maiores auto centers da América Latina, se fez valer muito da mídia de massa com propagandas icônicas consolidando a marca como uma referência no mercado automotivo. 58 No exemplo abaixo a Dpaschoal usa o apelo do PREÇO através da condição de pagamento facilitada além de focar na inconveniência que é ter um carro quebrado durante uma viagem em família. https://www.youtube.com/watch?v=AQzE5H_6R0I A Porto Seguro, gigante de seguros, possui também sua rede de auto centers e na propaganda abaixo explora os pilares de INFORMAÇÃO, SOLUÇÃO e PALPABILIDADE para atrair clientes. https://www.youtube.com/watch?v=AQzE5H_6R0I 59 https://www.youtube.com/watch?v=isSsbsrvCvs Dentro do universo de concessionárias as propagandas podem ser realizadas de maneira mais abrangente pelas montadoras ou por concessionárias, cada qual com seu propósito mas fomentam o apelo a INFORMAR o cliente sobre a importância de levar seu veículo para manutenção preventiva, ressaltam a PALPABILIDADE e suas PESSOAS altamente qualificadas. Abaixo dois exemplos de serviços em concessionárias, uma elaborada a partir da própria concessionária da rede CHEVROLET e a outra uma campanha dirigida pela montadora FIAT. https://www.youtube.com/watch?v=isSsbsrvCvs 60 A FIAT criou o mascote Gino Passione para abordar de forma sentimental o tema Pós-vendas e sensibilizar o público. https://www.youtube.com/watch?v=cykyLXBrU2o O Grupo NOVA, concessionária da CHEVROLET acrescenta um apelo de PREÇO além das demais mensagens pois, além de buscar trazer o cliente dos auto centers e oficinas para sua loja, ainda concorre com demais concessionárias CHEVROLET da região. https://www.youtube.com/watch?v=cykyLXBrU2o 61 https://www.youtube.com/watch?v=Sr-98CS3u-k Fugindo da mídia de massa onde as cifras investidas são elevadas, empresas com menor recurso investem ainda em panfletagem com distribuição em ruas e farol próximos a sua localização. https://www.youtube.com/watch?v=Sr-98CS3u-k 62 As mídias acima apresentam um investimento desproporcional entre elas, porém com o avanço da digitalização das empresas e mudança de hábitos dos consumidores migrando cada vez mais para o ambiente online, empresas de todos os portes conseguiram um campo de batalha mais justo: a internet. A presença da empresa em mídias sociais nos dias atuais é praticamente obrigatória e é o novo formato do marketing mais efetivo de todas as épocas, o boca-a-boca. A recomendação sempre foi a melhor e mais efetiva forma de marketing, tanto para o bem quanto para o mal e para o mercado de serviços o poder dessa ferramenta é ainda maior, uma vez que é difícil avaliar a qualidade prévia de um prestador de serviço sem ter vivenciado a experiência. As mídias sociais exercem um novo papel de boca-a-boca e não mais apenas da recomendação de alguém próximo a você, mas sim da experiência de diversos clientes que já passaram pela experiência que você está considerando. 63 A concessionária CODEMA, por exemplo, possui 619 comentários de clientes (1) que foram atendidos pela empresa com uma avaliação média de 4,6 sendo 5,0 a maior avaliação. Com isso podemos afirmar que a maior parte dos clientes tiveram uma boa experiência, ajudando no boca-a-boca da empresa. (1) Informação apurada em fevereiro/2021 Esses comentários podem ser detalhados ainda para entender se de fato é o que você espera quanto ao atendimento de uma concessionária conforme exemplo abaixo. 64 Entender que um cliente teve uma experiência boa e recomendou a oficina/concessionária endossa a indicação e leva o cliente que procura um atendimento a considerar esta como uma opção que mereça sua confiança. Como regras fundamentais para a presença em mídias online podemos considerar: - Crie acessibilidade para seus clientes, entenda quais mídias mais relevantes para seu público e esteja presente; - Publique conteúdo relevante para manter o relacionamento com o público, lembre-se que a motivação principal é estar sempre na cabeça do cliente potencial; - Estabeleça ofertas de valor para conversar com seus clientes (isso não significa necessariamente dar descontos, e sim entendero que o cliente valoriza e gostaria de ver nas redes sociais); 65 - Tenha certeza que o atendimento que você diz ter no online é representado da mesma forma no offline (por exemplo o hambúrguer que é visto no comercial x hambúrguer que de fato é comprado na loja); - Se o cliente interagir com você, procure estar pronto para responder, absorver e saber lidar com as críticas, caso aconteçam. Existem diversos treinamentos voltados para para gerenciamento de mídias sociais, criação de conteúdo e técnicas de foto e criação de vídeos. Caso esse seja um caminho que opte por seguir, se prepare, pois o boca-a-boca pode alavancar ou afundar uma empresa. 66 Sistemas de Informação Imagine a rotina do responsável pelas compras de peças de uma concessionária, ele deve saber exatamente o que tem no inventário, a frequência de saída de cada item entre outras informações para determinar o que será comprado e quando. Imagine que trabalho ele teria se tivesse que contar todo final de dia o estoque? E se o responsável financeiro precisasse contabilizar manualmente todo o faturamento da oficina, peça a peça, serviço a serviço? Agora, e se for necessário fazer uma ação de marketing focada em clientes que passaram nos últimos 6 meses na oficina com veículos com mais de 5 anos de fabricação? 67 Assim como existem inúmeras montadoras e concessionárias, existem inúmeros fornecedores de Sistemas de Gestão para os mais diversos segmentos e não apenas concessionárias. Por isso é importante escolher com cuidado qual a ferramenta mais adequada à necessidade da sua empresa, qual a experiência o fornecedor possui com seu segmento de atuação, qual a forma que ele atenderá sua necessidade. Lembre que apesar do software ser um produto, o ponto forte de um Sistema de Gestão é sua customização, logo ele será ofertado como um serviço e devemos ter os mesmos cuidados que citamos antes sobre oferta de serviço, na escolha de seu fornecedor. Existem sistemas para todos os bolsos, vendidos como produtos de prateleira e sem qualquer customização ou preparados sob encomenda, com suporte ou sem, vendidos completos para toda a empresa ou em módulos e, é nesse ponto que a comparação fica difícil pois do outro lado da mesa sempre há um vendedor pronto a oferecer a solução mais completa possível. 68 - Apoio na tomada de decisão Um ponto muito importante ao abordarmos o Sistemas de Gestão é entender qual o suporte que pode ser dado à tomada de decisão da empresa. Nesse momento o mais adequado é o apoio dos gestores de cada área na construção das ferramentas gerenciais. Em sistemas desenvolvidos apenas pela área de TI da empresa, é comum vermos queixas como ‘essa informação não existe no sistema’, ‘existe mais não é possível extrair a informação’, ou ainda ‘está desatualizada’. Isso acontece pois os especialistas em TI são especialistas em sistemas e não nas necessidades do negócio. Algumas informações que o gestor de pós-vendas precisa ter sempre em mãos para uso quando necessário ou como prática diária de acompanhamento e que o sistema de gestão deve prover facilmente são: 69 - Faturamento; - Quantidade de atendimentos; - Ocupação da oficina e previsão de finalização dos serviços abertos; - Agendamentos realizados para os próximos dias; - Posição de estoque (itens críticos com baixo estoque e itens de baixo giro); - Produtividade por técnico; - Escala de trabalho; - Base de clientes com a possibilidade de consulta pelos critérios que julgar necessário para ações de marketing. - A importância do CRM na gestão do Pós-Venda Um módulo muito importante e pouco explorado no pós-vendas é o CRM (Customer Relationship Management) ou gestão de relacionamento com o cliente em tradução direta. Quando a empresa é bem estruturada costuma contar com um departamento de marketing apoiando todo relacionamento com cliente e fazendo o processo de gestão. 70 Mesmo as empresas que não possuem pessoas dedicadas à função podem exercer essas atividades uma vez que tenham a compreensão de seus clientes e do processo adequado. O CRM eficaz deve prover informações suficientes para todas as etapas do funil de pós-vendas abaixo e a missão de fidelizar esse cliente é compartilhada pelos departamentos de marketing e de pós-vendas. Conforme citamos anteriormente o custo de captar um novo cliente é muito maior do que manter esse cliente fidelizado, daí a importância de termos ferramentas adequadas a gestão do relacionamento. 71 O papel do gestor de pós-vendas dentro do funil está bem evidente no âmbito operacional, contudo este é o papel do CRM tático e operacional. Existe um papel não praticado regularmente que é o CRM estratégico onde o gestor irá explorar todo seu conhecimento do negócio com a base de clientes para gerar insights de novas ações que possam tanto ajudar a fidelizar os clientes quanto a ter ofertas mais assertivas para a captação de novos clientes. - CRM “sem investimento” Se você trabalha em uma concessionária ou auto center, muito provavelmente você deve ter o mínimo possível de ferramentas de sistema para trabalhar, o que deve facilitar muito o trabalho no dia a dia, agora, se você é um profissional independente, trabalha em uma oficina pequena ainda assim é possível você contar com um CRM sem grandes investimentos. 72 Quando abordamos esse tema, a menção no investimento refere-se a contratação de um sistema próprio para gestão de clientes, porém o mínimo de investimento deverá ser realizado seja na aquisição de um computador e uma ferramenta de planilhas como Excel ou Google Sheets e algum tempo e dedicação. O mínimo de informações necessárias para se iniciar a gestão de relacionamento com seu cliente são: - Dados do cliente: nome, cpf, telefone, email, endereço - Dados do veículo: marca, modelo, versão, ano de fabricação, quilometragem - Dados do orçamento: data do orçamento, descrição dos serviços, preço ofertado, forma de pagamento - Dados do serviço: dia de entrada do veículo, detalhes do serviço realizado, detalhamento por peça que sofreu manutenção, preço unitário e total; 73 - Se possível informações adicionais para relacionamento: média mensal de quilômetros rodados e informações que julgar interessantes para relacionamento posterior, exemplo mandar os parabéns na data do aniversário. Cuidado com a LGPD A Lei Geral de Proteção de Dados entrou em vigor visando proteger os clientes contra o uso indevido de seus dados e toda empresa independente do seu tamanho deve estar preparada para não sair da linha. No link você encontra um resumo dos principais impactos no seu dia a dia: https://www.youtube.com/watch?v=-ziciyDjxDI https://www.youtube.com/watch?v=-ziciyDjxDI 74 KPI´s e ferramentas para o negócio Nos capítulos anteriores observamos os fundamentos para a criação de um negócio ligado ao pós-vendas e quais as principais áreas de gestão a serem observadas. Neste capítulo apresentamos os indicadores a serem observados e algumas ferramentas que você pode usar imediatamente para estudo ou na empresa que atua. - KPI’s Segundo William Deming, guru da melhoria de processos: “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, não há sucesso no que não se gerencia.” 75 A sigla KPI (Key Performance Indicator) significa Indicador-chave de Performance e é atribuída aos principais indicadores que você deve gerenciar, seja para o sucesso do negócio ou para mensuração de um processo. O conceito pode ser aplicado a qualquer tipo de negócio e em qualquer área, o desafio é identificar o que de fato pode ser considerado como indicador ‘CHAVE’. Tudo pode ser medido e você pode ter o acompanhamento de todos indicadores que quiser, contudo é importante não cair na tentação de tentar gerenciar indicadores demais e se perder no meio de tanta informação dificultando a tomada de decisão. A prática diz que,como KPI, o recomendado é que cada gestor tenha no máximo seis indicadores para acompanhamento de sua área. Ter um número limitado de indicadores-chave de performance não significa que você não possa ter outros indicadores de performance para dar suporte na análise. 76 Por exemplo, se sua oficina tem queda de faturamento e sua oficina está cheia, pode-se observar qual ticket médio para entender se estão perdendo oportunidades de vendas. Abaixo uma lista de indicadores comuns na gestão de pós-vendas que usualmente são utilizados como KPI: Eficiência = Horas Vendidas / Horas Trabalhadas Motivo: verificar se os técnicos alocados estão gastando apenas as horas que de fato foram orçadas ou se estão gastando mais horas que o necessário. Utilização = Horas Trabalhadas / Horas disponíveis Motivo: verificar se a área possui capacidade ociosa ou excesso de trabalho. 77 Produtividade = Horas Vendidas / Horas disponíveis Motivo: verificar se o pós-vendas está rentabilizando ao máximo o negócio, vendendo ao máximo o tempo disponível. Ticket Médio = Faturamento / Quantidade de Clientes Atendidos Motivo: verificar qual o valor médio de faturamento por cliente. O objetivo é sempre maximizar o faturamento por cliente para aumentar a rentabilidade do negócio. Quando o pós-vendas vende horas trabalhadas, o valor da hora não costuma ter alteração entre clientes, porém pode-se aumentar o ticket médio através de vendas de peças e serviços agregados ou por meio do aumento da eficiência, deixando o técnico livre para o próximo reparo. 78 Índice de Retorno = Quantidade de clientes que voltaram com o mesmo problema após o reparo / quantidade de atendimentos Motivo: verificar a qualidade do serviço prestado. Propõe identificar não conformidades no processo para auxiliar na tratativa. Um índice alto de retorno, além de impactar na perda de clientes, ocupa a oficina impactando na eficiência. Costuma ser um indicador adicional na análise do indicador de eficiência. Qualidade de atendimento (NPS) = % de Clientes Promotores - (menos) % de Clientes Detratores Motivo: verificar a satisfação e o poder de recomendação dos clientes. Abaixo mostraremos de forma mais detalhada a metodologia do NPS, porém existem várias formas de calcular a satisfação como por exemplo a nota média de satisfação ou o Top 2 Box que é a quantidade de clientes que dão notas 9 ou 10 para o atendimento. 79 Giro de estoque = Volume de vendas / Volume médio de estoque Motivo: verificar qual a frequência de renovação do estoque em um determinado período, evitando sua obsolescência. Geralmente é calculado por ano e pode ser realizado por meio de quantidades, para entender o giro de um produto específico ou em valor para se calcular o giro total de estoque. Estoque com giro baixo tende a ter uma grande obsolescência futura, deixando dinheiro investido parado. Cobertura de Estoque = Estoque / Média diária de vendas Motivo: prever a demanda do estoque para que não falte peças no momento da venda. O resultado da fórmula é expresso em dias de estoque, por exemplo, se você tem 60 peças em estoque de um dado item e vende em média 3 itens desse por dia, sua cobertura de estoque seria 60/3 = 20 dias de estoque. Em outras palavras, você ficará sem estoque dessa peça em aproximadamente 20 dias. 80 Ferramentas Para facilitar a compreensão de ferramentas e seus usos, separamos em três grandes blocos para fins didáticos, porém, ferramentas de gestão podem normalmente servir para mais de um grupo sem qualquer problema. Outra dica importante é que, apesar de existirem literatura, templates e até mesmo certificação para algumas destas, você pode adaptar os conceitos da maneira que melhor se adeque a sua necessidade. - Modelagem de negócios As ferramentas presentes neste grupo norteiam a fase de planejamento seja para a concepção de um novo negócio ou revisão do modelo atual, incluindo análise de ambiente e concorrentes. 81 - CANVAS Objetivo: Visualizar de maneira holística o seu negócio para planejar como atingir o potencial máximo de retorno sobre o investimento; Tipo: planejamento estratégico, desenvolver e esboçar modelos de negócios, tanto os que já existem quanto os novos; Funcionalidades: a entrega é um quadro com quatro grandes blocos - Infraestrutura (todos os recursos, parcerias e atividades da empresa), Oferta (o que será ofertados para o cliente com suas opções e diferenciais), Cliente (Públicos que pretende atingir, qual o canal de vendas e o relacionamento que será aplicado ao cliente) e Finanças (quais custos de operação e quais as fontes de receita). Os segmentos são de fácil compreensão para preenchimento e dividem-se da seguinte forma: 82 ● Parcerias Principais, ● Atividades Principais, ● Recursos Principais, ● Proposta de valor, ● Relacionamentos com Clientes, ● Canais, ● Segmentos de Clientes, ● Estrutura de Custos, e ● Fontes de Receita. O quadro abaixo ajuda a orientar o preenchimento e dar uma visão macro do negócio. Este é o template padrão da ferramenta.. Fonte: https://sitebemfeito.com.br/blog/como-criar-um-plano-de-negocios-n o-canvas/ https://sitebemfeito.com.br/blog/como-criar-um-plano-de-negocios-no-canvas/ https://sitebemfeito.com.br/blog/como-criar-um-plano-de-negocios-no-canvas/ 83 - CUSTOMER JOURNEY (JORNADA DO CLIENTE) Objetivo: Mapear todas as interações da empresa com o cliente para entender quais processos devem ser revistos ou automatizados, quais as oportunidade melhorar a satisfação de forma geral do cliente; Tipo: planejamento tático e melhorias de processo, revisar qual caminho o cliente percorre desde sua intenção de compra até o pós-entrega; Funcionalidades: é uma ferramenta que pode ser usada como melhoria de processo para entender quais atividades agregam ou não valor ao cliente, porém agrupamos em modelagem de negócio pois é muito importante que um negócio novo já seja criado com esse foco. A ferramenta não possui um template padrão, mas a ideia é que o resultado seja apresentado em um mapa único que passe por todas as áreas que interagem com o cliente ou que suportam de alguma forma o processo. 84 Este mapa é vivo, pode ser mudado sempre que necessário, e uma empresa pode ter quantos mapas julgar necessários. O exemplo abaixo mostra o caso de um consumidor de snack saudável e mostra sua jornada em uma loja virtual. Interessante ver que no exemplo a jornada do cliente é agrupada em alguns tópicos para facilitar a compreensão porém, a única etapa que de fato é comum independente do template que você utilize é de fato a Jornada (Journey no exemplo): Stage (Estágio) - toda a jornada do cliente, do descobrimento ao pós-vendas Persona (Personagem) - foi criado um personagem fictício para facilitar a compreensão do processo e o passo a passo deste; Goals (Objetivos) - cada estágio do processo tem um objetivo específico; 85 Journey (Jornada) - aqui é o ponto comum de qualquer exemplo que se aplique, o mapeamento da jornada do cliente, neste caso começa acessando o portal e assinando uma newsletter e se encerra no passo 10 com o envio de um e-book com receitas e 15% de desconto na próxima compra; Tactics (Táticas) - para cada etapa da jornada foi estabelecida uma tática diferente para interação com o cliente. Extraído de: http://blog.whereoware.com/map-the-customer-journey/2015/07/ http://blog.whereoware.com/map-the-customer-journey/2015/07/ 86 Objetivo: Identificar as principais oportunidades que a empresa pode aproveitar em relação à concorrência e onde estão suas principais forças e, se proteger das ameaças de mercado identificando seus principais pontos fracos para melhoria do processo; Tipo: planejamento estratégico e tático, auxilia no mapeamento do cenário antevendo futuros problemas e fortalecendo os pontos em que se destaca no mercado; Funcionalidades: é uma ferramenta usada para identificar quatro aspectos específicosda sua empresa e mercado com perspectivas do ambiente interno (Forças e Fraquezas) e ambiente externo (Ameaças e Oportunidades). Possui um template que pode ser aplicável de imediato conforme abaixo: - SWOT (strengths, weaknesses, opportunities, threats) 87 Extraído de: https://movimentoimpactoglobal.com.br/matriz-swot/m atriz-analise-swot-como-fazer-uma-figura-01-2/ Após ter completado sua SWOT, a recomendação é que use ferramentas de plano de ação, como por exemplo a 5W1H que será apresentado mais abaixo para mitigar cada Ameaça, minimizar cada Fraqueza, aumentar cada Força e aproveitar cada Oportunidade. https://movimentoimpactoglobal.com.br/matriz-swot/matriz-analise-swot-como-fazer-uma-figura-01-2/ https://movimentoimpactoglobal.com.br/matriz-swot/matriz-analise-swot-como-fazer-uma-figura-01-2/ 88 - PESTEL Objetivo: Identificar os principais movimentos do mercado que podem acarretar em ameaças e oportunidades; Tipo: planejamento estratégico e tático, auxilia no mapeamento do cenário antevendo futuros problemas e fortalecendo os pontos em que se destaca no mercado; Funcionalidades: é uma ferramenta muito próxima do que se propõe a SWOT, contudo é complementar ao seu uso, sendo focada no ambiente externo. Normalmente é utilizada de forma combinada com a SWOT. Como orientação, preencha a PESTEL sempre se perguntando em cada pilar qual o fator que afeta o seu negócio. Todos os itens mapeados devem virar ameaças ou oportunidades na sua SWOT, daí a relação entre as ferramentas. 89 Extraído de: https://blog.operand.com.br/como-fazer-planejame nto-estrategico-para-agencias/ Melhoria de Processos Esse grupo de ferramentas traz aplicações para revisão e melhoria dos processos internos. https://blog.operand.com.br/como-fazer-planejamento-estrategico-para-agencias/ https://blog.operand.com.br/como-fazer-planejamento-estrategico-para-agencias/ 90 - PDCA Objetivo: Auxiliar na implementação de um plano de ação para qualquer área. Pode ser usado para aumentar vendas, minimizar custos, mitigar ameaças, entre outras aplicações; Tipo: planejamento operacional, desenvolver e acompanhar planos de ação; Funcionalidades: gerir de forma eficiente as ações da empresa, padronizando sua execução, entradas e documentação. O PDCA é a orientação de um ciclo que nos leva a planejar e implementar as ações, porém permitindo revisitarmos o fluxo melhorando o plano de ação e verificando sua eficácia. Extraído de: https://medium.com/@CrysFaby/ciclo-pdca-f0d37bc260e2 https://medium.com/@CrysFaby/ciclo-pdca-f0d37bc260e2 91 - 5W1H Objetivo: Desenvolver e implementar o plano de ação; Tipo: planejamento operacional, desenvolver e acompanhar planos de ação, e atividades a serem realizadas; Funcionalidades: orientar o plano de ação por meio de seis perguntas de resposta direta e simples, facilitando o desenvolvimento das atividades necessárias. As atividades são desenvolvidas com base nas respostas das seguintes perguntas: ● What? (O que?) – definir o objetivo do plano de ação; ● Why? (Por que?) – justificar o motivo da necessidade do plano; ● Where? (Onde?) – identificar o local onde será aplicado o plano; 92 ● When? (Quando?) – definir o tempo gasto para execução do plano; ● Who? (Quem?) – atribuir a equipe envolvida; ● How (Como?) – detalhar qual a forma de implementação do plano. Eventualmente pode ser utilizado uma sétima questão, transformando a ferramenta em 5W2H: ● How much? (Quanto custa?) – definir o investimento necessário caso haja. - 5 PORQUÊS Objetivo: Identificar causa raíz dos problemas mapeados; Tipo: planejamento operacional, auxilia na identificação de ‘What?’ no processo de 5W1H e o quinto porque é a resposta necessária na questão ‘Why?’; 93 Funcionalidades: traz assertividade para os planos de ação a serem desenvolvidos. Extraído de: https://www.siteware.com.br/blog/metodologias/metodologia-5-porques/ https://www.siteware.com.br/blog/metodologias/metodologia-5-porques/ 94 - Diagrama de Ishikawa (Espinha de peixe) Objetivo: Identificar causa raíz dos problemas mapeados; Tipo: planejamento operacional, auxilia na identificação de ‘Plan’ no PDCA. Se propõe a levantar hipóteses das razões dos problemas; Funcionalidades: Identifica dentro dos processos quais as causas raíz de um problema. Pode ser associado a metodologia dos 5 Porquês para para melhor aproveitamento. O nome espinha de peixe é dado pelo formato de seu template e sua proposta é separar as possíveis razões do problema em seis espinhas principais de acordo com sua origem: Mão-de-obra, Material, Meio Ambiente, Método, Medição e Máquina. As causas identificadas por meio dos porquês são distribuídas como partes das espinhas principais e são as causas de um problema ou efeito principal. 95 Extraído de: https://blog.luz.vc/como-fazer/5-usos-do-diagrama-d e-ishikawa-que-voce-nunca-imaginou/ Ferramentas de Gestão O último grupo, que atribuímos o nome de ferramentas de gestão, traz algumas ferramentas que podem trazer facilidade no dia a dia da operação e tomada de decisões operacionais. https://blog.luz.vc/como-fazer/5-usos-do-diagrama-de-ishikawa-que-voce-nunca-imaginou/ https://blog.luz.vc/como-fazer/5-usos-do-diagrama-de-ishikawa-que-voce-nunca-imaginou/ 96 - 5S Objetivo: Auxiliar na organização do ambiente de trabalho (operacional e administrativo); Tipo: ferramenta de gestão; Funcionalidades: Auxilia no aumento de produtividade, redução de custos, motivação da equipe, aumento de segurança e melhoria da qualidade dos serviços. É uma ferramenta que teve origem no Japão na década de 50 pós 2ª Guerra Mundial, e foi amplamente difundida nas indústrias de todo o mundo, sendo a base dos processos de qualidade e parte fundamental do Sistema Toyota de Produção que é referência em qualidade. 97 A proposta é organizar o ambiente de trabalho respeitando os 5S que é o acrônimo de 5 palavras japonesas, cada qual pedindo atenção a um tema diferente respeitando sua ordem de realização: Para Saber Mais: Sistema Toyota de Produção é a referência de produção enxuta e eficiente sendo replicada por diversas montadoras e empresas de diversos segmentos Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Toyota_de_Produ%C3%A7%C3%A3o Extraído de: https://ferramentasd aqualidade.org/5s/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Toyota_de_Produ%C3%A7%C3%A3o 98 - KANBAN Objetivo: Gerenciar o fluxo de trabalho; Tipo: ferramenta de gestão; Funcionalidades: Auxilia no aumento de produtividade por meio de um sistema funcional. KANBAN é mais uma das técnicas presentes no Sistema Toyota de Produção e difundidas para diversas empresas e significa ao pé da letra ‘Cartão’, onde as atividades são demonstradas por meio da movimentação de cartões de progresso. Ele nasceu originalmente organizando as atividades da produção em três status de tarefas: ‘A Fazer’, ‘Em Progresso’ e ‘Finalizadas’. Essas colunas podem ser adaptadas conforme a necessidade do modelo de gestão necessário, como por exemplo em uma concessionária podemos ter o seguinte modelo: 99 Note que, por exemplo, cada área da funilaria tem a identificação de quais carros estão sob sua responsabilidade e é possível perceber quais os gargalos e qual quantidade de trabalho esperada para cada etapa. Nesse exemplo cada responsável deve, ao terminar sua atividade, passar o cartão do veículo para o próximo quadro, entregando para a próxima etapa do processo e dando continuidade a gestão visual do status do veículo. - NPS ( Note Promoter Score Objetivo: Medir a satisfação do cliente; Tipo: ferramenta de gestão de clientes; 100 Funcionalidades: Entender a satisfação dos clientes e auxiliar na elaboração de planos de ação de melhoria de satisfação e fidelização. A abordagem do NPS propõe entender a satisfação do cliente por meio de uma única pergunta elaborada por Fred Reichheld, Rob Markey em seu livro ‘A Pergunta Definitiva’: “Numaescala de 0 a 10, qual é a probabilidade de você nos recomendar (ou recomendar o produto/serviço) a um amigo ou colega?” O princípio se baseia em que você apenas indica para um amigo um produto/serviço que você confia e realmente gosta. A partir dessa pergunta os dados são tabulados e de acordo com a seguinte escala: 101 PROMOTORES (Notas 9 e 10): representam os clientes que estão realmente satisfeitos e tem a probabilidade de indicar a experiência a um amigo; NEUTROS (Notas 7 e 8): representam os clientes que não tiveram problemas, estão relativamente satisfeitos mas não tiveram uma experiência que motive uma recomendação; DETRATORES (Notas de 0 a 6): representam os clientes que estão insatisfeitos com o atendimento e a chance de criticarem o serviço frente a um colega é grande. O Cálculo do indicador é realizado a partir da diferença do percentual de respondentes Promotores e Detratores, entendendo que quanto maior o índice, maior a satisfação de seus clientes. Qualidade de atendimento (NPS) = % de Clientes Promotores - (menos) % de Clientes Detratores 102 A pesquisa pode ser aplicada a partir de formulário físico na concessionária/oficina, por meios digitais ou por telefone. O questionário pode ser formado apenas pela pergunta definitiva citada acima ou ainda trazer questões adicionais pedindo que o cliente justifique sua nota para que dê profundidade nas análises. Em linhas gerais você pode comparar o NPS com a seguinte escala para tomada de ação: ● NPS Excelente – entre 75 e 100 ● NPS Muito bom – entre 50 e 74 ● NPS Razoável – entre 0 e 49 ● NPS Ruim – entre -100 e -1 Uma vez que você pergunta para o cliente qual a sua satisfação, é importante ter em mente que ele cria uma expectativa de atenção, assim, se der uma nota ruim é fundamental que você esteja preparado para procurar o cliente, entender a insatisfação e procurar tratá-la tanto na perspectiva do cliente para conquistar sua fidelidade quanto em processo, entendendo o que aconteceu e revisando o processo para que o erro não se repita. 103 - Curva ABC Objetivo: Identificar os itens do estoque que mais contribuem com o faturamento e evitar obsolescência; Tipo: ferramenta de gestão de estoque; Funcionalidades: É uma técnica de categorização dos itens para entendimento da melhor forma de gestão do estoque. Essa técnica é baseada no Princípio de Pareto, onde uma regra matemática rege todos os eventos. Segundo esse princípio, 80% de todos eventos vêm de 20% das causas possíveis. Pareto desenvolveu essa técnica de forma empírica observando critérios de distribuição de renda e riqueza da população. Hoje a técnica é amplamente difundida e aplicada no mundo dos negócios. Como exemplo de aplicação temos afirmações do tipo: 80% das vendas vêm de 20% dos clientes. 104 Do ponto de vista prático, a aplicação da técnica prevê três grupos, representados pelas três letras: A, B e C. Em ordem de importância, itens da categoria A são as mais relevantes pois concentram um número pequeno de itens com alto giro e alto impacto no faturamento, seguido pela categoria B e consequentemente categoria C. Segundo Nelson Ott, as classes não possuem percentuais fixos definidos para cada classe e podem ser adaptados de acordo com os critérios e objetivos de cada empresa, contudo ele faz a seguinte sugestão de análise: Categoria A: 20% dos itens correspondem a 70% do consumo anual do estoque; Categoria B: 30% dos itens correspondem a 25% do consumo anual do estoque; Categoria C: 50% dos itens correspondem a 5% do consumo anual do estoque. 105 Em resumo, itens da categoria A devem ser geridos de maneira muito próxima pois representam um alto giro de estoque e são responsáveis pela maior parte do faturamento. Se um cliente for até a oficina e não encontrar uma peça da categoria A, ele pode facilmente desistir da compra e mudar de loja. Itens da categoria B precisam de atenção mas não com a mesma frequência e cuidados dos da A e, por fim, itens da categoria C possuem diversificação de itens mas vendem muito pouco, correndo grandes riscos de ficarem obsoletos ou ocuparem espaço de estoque de itens com maior venda. Existem diversas ferramentas de gestão que não foram abordadas neste capítulo e que apresentam técnicas e fundamentos diferenciados porém as que foram apresentadas são suficientes para resolver quaisquer tipo de problemas que enfrentam no dia a dia da empresa. O importante é manter em mente que ferramentas e templates são sugestões e sua adaptação para a necessidade de resolução do seu problema é livre e muitas vezes se faz necessário. Gestor de Serviços 106 Até o momento abordamos diversas atribuições do gestor de pós-vendas porém de forma separada. O papel deste módulo é consolidar todas as responsabilidades que desenhamos até aqui e dar um breve panorama do perfil desse profissional e do mercado de trabalho. Segundo Ott, são três as missões principais que os gestores de pós-vendas devem enfrentar para estabelecer um processo completo de gestão. Essas três missões agrupam atribuições específicas que auxiliam na orientação das atividades. Curto prazo - gerenciamento da operação diária da concessionária/oficina incluindo os serviços realizados, os recursos disponíveis e a equipe, com o intuito de manter um padrão esperado de qualidade e produtividade, atendendo o planejamento realizado; 107 Médio prazo - buscar e implementar técnicas e inovações de gestão e tecnológicas buscando o aperfeiçoamento e otimização dos processos internos; Pessoas - recurso básico para o pós-vendas, o gestor deve garantir que sua equipe está distribuída de maneira correta entre os departamentos, respeitando seus conhecimentos e gerindo sua motivação. Como habilidades fundamentais para essa atividade vale destacar: relacionamento interpessoal, comunicação, liderança, motivação e resolução de conflitos; Considerando essas missões, as atribuições abaixo são comuns para qualquer gestor de pós-vendas, seja de uma concessionária, auto center, reparador independente ou qualquer outro segmento: Longo prazo - implementar estratégias que assegurem a manutenção da qualidade do negócio através do treinamento e aperfeiçoamento contínuo da equipe, atendendo a expectativa da empresa e mantendo a satisfação e fidelidade dos clientes. 108 - Montadora Treinamento - ainda que possa ser considerado uma parte do bloco pessoas, a velocidade das mudanças e necessidade de capacitação contínua do time justifica termos um bloco à parte para tratar do tema. Os treinamentos podem ser realizados pela montadora, fabricantes de peças, escolas técnicas ou até mesmo internamente. O importante é manter o time sempre capacitado e atualizado; Estrutura - manter o ambiente organizado, equipamentos em funcionamento e ferramentas disponíveis é uma atribuição em alto nível do gestor de pós-vendas. Tenha em mente que ferramentas e organização, conforme vimos é essencial para a produtividade e estrutura física, condições prediais e acomodações são evidências físicas de serviços e influenciam diretamente a satisfação do cliente; Estoque e cadeia de suprimento - como vimos anteriormente a gestão de estoque é fundamental para o sucesso do pós-vendas e precisa de um acompanhamento próximo do gestor. 109 - Montadora Estendemos o conceito para a cadeia de suprimento pois ao planejar os recursos, deve-se considerar todo impacto do tempo de colocação do pedido ao fornecedor até o momento da chegada ao estoque da concessionária. Vale apenas reforçar que quando falamos de gestão de materiais estamos tratando tanto de materiais produtivos (peças, ferramentas, insumos ligados à produção como estopa, lixas, etc) quanto improdutivo (uniformes, tambor de lixo, água e outros); Finanças - os indicadores financeiros devem ser gerenciados de maneira efetiva pois é um dos principais focos internos da organização. Entender formas de minimizarcustos e maximizar receitas é uma função muito procurada pelo mercado porém deve ser equilibrada com outras atribuições para que os cortes de custos não impactem na qualidade e a busca por receitas não afete negativamente a satisfação dos clientes; Qualidade - fator de sucesso na satisfação do cliente será a realização dos serviços acordados dentro do esperado e, quando possível, superar essa expectativa. 110 - Montadora Gerenciar a qualidade do serviço realizado aliando suas atribuições de pessoas e estrutura atuam diretamente na qualidade. Ainda é necessário mencionar a importância da padronização dos processos para que se tenha sempre a mesma qualidade de entrega; Comercial - abordamos por diversas vezes ao longo desse material a importância do cliente para o negócio e ferramentas para trabalharmos sua satisfação, assim o gestor de pós-vendas tem um papel importante nessa abordagem que passa desde a supervisão comercial, entendendo políticas e limites de descontos, a sinergia com a qualidade proposta pela empresa e passa também pela relação com clientes, para atuar em caso de insatisfações; Impacto ambiental - este pilar deve ser bem gerido tanto pelo impacto que gera no meio ambiente, o marketing social que impacta na percepção dos clientes e a pela força da lei que determina orientações mínimas de proteção ambiental. 111 Essa gestão passa principalmente pelos processos de limpeza de veículos e lavagem de peças e gestão dos descartes como óleo, resíduos químicos e recicláveis. Considerando todas essas atribuições é compreensível que o profissional que atue nessa função tenha uma formação especializada pois reúne quesitos comportamentais e técnicos indispensáveis. A realidade das concessionárias, que não é regra e que vem mudando com o passar dos anos, é encontrar gestores de serviços com muitos anos de experiência na mesma função, pouca renovação e carreira construída dentro da oficina ou o perfil carreirista, com profissionais que pagam ‘um pedágio’ em pós-vendas e utilizam como trampolim para a área de vendas que costuma ter melhor remuneração que a área de serviços. 112 Com uma compreensão cada vez maior de que a área de pós-vendas além de necessária, é capaz de alavancar vendas e fidelizar clientes, a tendência é que essa diferença entre vendas e pós-vendas seja equilibrada e que a qualificação do gestor de pós-vendas ganhe cada vez mais importância dentro do mercado. No caso de profissionais independentes, a busca pela qualificação pessoal se faz necessário pois com a entrada de novas tecnologias, realizar manutenção de veículos passa a ser cada vez mais uma atividade de alta especialização sendo necessária a reciclagem constante na parte técnica. Do ponto de vista dos clientes, que estão cada vez mais exigentes e com fácil acesso a informação não será mais admitido a figura do reparador bonachão, sujo de graxa que vive da troca de componentes sem uma análise crítica, o novo profissional apenas sobreviverá no mercado se puder promover um patamar de entrega de valor aceitável para o consumidor. Tendências para o setor de Pós-vendas 113 Um estudo desenvolvido em 2018 pela consultoria McKinsey a pedido do mercado de reposição indicou dez grandes tendências que impactarão o mercado automotivo nos próximos anos, de maneiras e com velocidades diferentes. Além desse estudo, trazemos à luz da discussão uma atualização que não era prevista na época do estudo em relação ao mercado pós-Covid e o impacto na indústria de reposição. As dez tendências principais são: - Digitalização de canais e melhoria da experiência Atualmente contamos com vendas de peças e serviços por computador e celular, com pesquisas por imagens. 114 As próximas evoluções dentro dessa tendência passam pela internet das coisas com avanços ainda maiores na experiência do consumidor podendo acessar informações via chatbox, voz, até a chegada ao checkout com um menor número de cliques e o aprofundamento do conhecimento das preferências do consumidor pelos aparelhos conectados do veículo que farão escolhas pelo usuário. - Advanced Analytics O fundamento para a evolução da experiência do consumidor apenas será possível com o avanço ainda maior das ferramentas de análise de dados, analisando a jornada dos clientes e analisando as informações em tempo real promovendo experiências personalizadas ao longo de toda jornada. Em médio prazo os históricos de compra aliados ao analytics serão utilizados para seleção e compras automáticas além de melhorias expressivas nas relações de entrega com facilidades no processo de devoluções. 115 - Aumento da importância de clientes frotistas Segmentos como o de veículos pesados já possuem maior experiência com a tratativa de frotas, porém essa tendência é inclusive de aumento de participação desses grandes players. Atualmente o segmento disponibiliza diversas soluções, inclusive a oferta de oficina remota diretamente dentro da operação do cliente. Esse movimento de frotistas já é observado em automóveis e máquinas agrícolas e ao passo que esses clientes passam a serem atendidos pelas concessionárias há uma necessidade cada vez mais latente de um atendimento especializado no formato de Key Account.. 116 - Envelhecimento da frota brasileira O faturamento do mercado de reposição está vinculado diretamente a quantidade de veículos em circulação e quanto mais velho os veículos, maior o potencial de faturamento do setor. A perspectiva é de que nos próximos anos a frota de veículos com mais de 8 anos deverá crescer tanto devido ao comportamento do consumidor que já vinha sendo observado quanto, mais recentemente, devido a ao cenário de pandemia que contribuiu para a postergação de investimentos pessoais como aquisição de veículos e da falta de produtos no mercado para se valer de uma eventual retomada de consumo. Ao passo que essa perspectiva gera um cenário positivo para o mercado de reposição como um todo, acende um alerta para concessionárias OEM pois historicamente clientes de veículos novos são fiéis a rede credenciada apenas durante o período de garantia que, para automóveis, é em média de 3 anos. 117 - Mobilidade Compartilhada O conceito de mobilidade compartilhada já é uma realidade em grandes cidades brasileiras com cases de sucesso já conhecidos com as bicicletas do Itaú, Yellow e os patinetes da Grin. Empresas vêm se estruturando cada vez mais para ampliar iniciativas de compartilhamento de veículos de maior porte, como no caso da Riba que compartilha scooters ou ainda a Turbi, que prevê a locação de automóveis. Para caminhões encontramos ainda um pouco de resistência a esse tipo de modelo pois a rentabilidade do negócio está ligado a eficiência do motorista na condução do veículo e assumir o risco de deixar o lucro do seu negócio em um veículo que você não tem total domínio. Já existe, no entanto, a prática de ‘logística compartilhada’ onde são divididos além de equipamentos, espaços físicos, escritórios e até mesmo viagens caso haja espaço para outras mercadorias dentro de um mesmo implemento viário. 118 - Veículos Compartilhados Conexão do celular com o painel do carro, GPS e ligações por comando de voz, sincronismo com a agenda dizendo qual o horário que deve sair para chegar ao lugar desejado, Wi-fi Spot, concierge, diagnóstico de falhas conectado com seu celular. Essas são algumas das funções já disponíveis nos veículos conectados que já transitam nas estradas brasileiras. Os desafios atuais estão no acesso popular a este tipo de tecnologia, contudo a possibilidade de crescimento para o mercado e para as funcionalidades a serem agregadas nos veículos é imensa e não esperaremos por muito tempo para que os veículos se conectem com os mais diversos serviços, incluindo meios de pagamento próprios embarcados. A conectividade tem como principal objetivo facilitar a vida do usuário e assimfuncionalidade mudam de acordo com o segmento. 119 No caso das motos da Triumph já existem modelos com conexão com Google Maps e GoPro onde o usuário consegue comandar a câmera a partir dos punhos de comando ou visualizar as rotas por meio do painel virtual de seus modelos. - Eletrificação Considerando a velocidade baixa de expansão da frota de elétricos devido ao alto custo dos veículos e a baixa necessidade de manutenção, ainda não veremos tão cedo o impacto destes veículos no mercado de reparação, contudo dependendo do estímulo que tivermos nos próximos anos, o cenário pode ter uma aceleração considerável. - Direção autônoma Veículos sem motoristas já são realidades no agronegócio brasileiro onde caminhões e máquinas agrícolas realizam a colheita sozinhas, apenas com a orientação de GPS e programação pré-definida. 120 Países como China e Estados Unidos estão testando táxis autônomos. Não deverá levar muito tempo para que possamos ver nas ruas brasileiras veículos autônomos nas vias das grandes cidades. - Entrada de novos players Envelhecimento de frota, manutenção fora da concessionária, veículos com foco em acesso e não na propriedade são alguns dos motivos que levam novos players a entrarem no mercado de reposição. Temos a referência das montadoras com suas peças originais, porém já existem grupos de compras que negociam a preferência de aquisição com fabricantes de autopeças e as negociam de diversas maneiras além claro dos asiáticos com qualidade aceitável e baixo custo. Além do mercado de peças em específico temos a participação nesse mercado de empresas que vendem sistemas e análise para o mercado ou players que intermediam plataformas de vendas transparentes entre fabricantes, varejistas, distribuidores e serviços. 121 - Consolidação e integração da indústria O mercado brasileiro é muito fragmentado pela atuação dos diversos distribuidores e fabricantes regionais, o que gera muita possibilidade de parcerias e integração. Essa integração pode representar ganhos de escala e novos serviços que viabilizem ofertas bem vantajosas aos clientes. Além das tendências mapeadas pela consultoria, existem alguns movimentos que podem gerar oportunidades e ameaças aos reparadores e precisam de atenção, por exemplo: - Cuidados Ambientais A legislação atual já regulamenta muitos pontos, porém existe uma constante busca por produtos e processos com menor impacto ambiental. Alguns exemplos de práticas que vem crescendo é o uso de carrocerias de alumínio, que requer uma especialização da funilaria e o uso de tinta à base de água. 122 - Peça feita na hora Com o advento das tecnologias de impressão 3D, cada vez mais os consumidores ou varejistas podem ser os próprios ‘produtores’ de suas peças, democratizando o acesso aos produtos e otimizando os processos que passam a não depender mais da cadeia logística, por exemplo. - Adaptação de processos pós-pandemia Falamos até o momento de tendências baseadas em estudo de evolução tecnológica e comportamento do consumidor, contudo, algumas adaptações são realizadas sem se esperar, como no caso da COVID. A pandemia forçou a adaptação de protocolos para atendimento em oficina e originou uma série de produtos dedicados e serviços agregados como higienizadores bactericidas e adoção muito maior do sistema leva-e-traz. 123 Para o período pós-Covid, a expectativa é que algumas mudanças sejam permanentes como o cuidado e asseio que deve-se ter no contato com o cliente, no deslocamento e manutenção dos veículos, além da higienização posterior. O mercado de produtos que irão incorporar características para a proteção contra bactérias e vírus também deve crescer e será um novo padrão. As mudanças tecnológicas e tendências devem ser observadas com cautela por todos profissionais pois, como visto na análise de ambiente, podem representar ameaças ao seu modelo atual de negócio ou ainda gerar novas oportunidades a serem exploradas. Apesar de algumas tendências parecerem mais próximas que outras, é difícil determinar quando irá acontecer e estar preparado para se adaptar à nova realidade é determinante para a sobrevivência e expansão de todos negócios ligados ao mercado de reparação. Estudo completo sobre o mercado de reposição: https://www.sindipecas.org.br/sindinews/2019/BernardoF erreira_McKinsey_MercadoReposicao.pdf https://www.sindipecas.org.br/sindinews/2019/BernardoFerreira_McKinsey_MercadoReposicao.pdf https://www.sindipecas.org.br/sindinews/2019/BernardoFerreira_McKinsey_MercadoReposicao.pdf