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BOTÂNICA FANEROGÂMICA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Dayane May 
 
 
CONVERSA INICIAL 
 
As angiospermas (filo Anthophyta) são espermatófitas ou fanerógamas, 
que apresentam flores e frutos. Representam a maior parte das plantas visíveis: 
árvores, arbustos, gramados, jardins, plantações etc. São utilizadas em 
diferentes áreas: alimentação (arroz, feijão, árvores frutíferas, trigo, milho, 
batata, soja), medicinal, construção e têxtil, por exemplo, constituindo fontes de 
matéria-prima para a produção de recursos utilizados no dia a dia, como papel, 
borracha, temperos, bebidas (café, chá, chocolate, sucos, cerveja, vinho, rum, 
aguardente), combustíveis e derivados, entre outros. 
Estudaremos os principais pontos referentes ao grupo das angiospermas. 
São nossos objetivos: 
• entender a evolução carpelo e dos demais verticilos florais; 
• compreender as angiospermas como as plantas mais diversas, seu 
caminho evolutivo e características gerais, incluindo o ciclo de vida e 
reprodução; 
• reconhecer os diferentes grupos de angiospermas (angiospermas basais, 
monocotiledôneas e eudicotiledôneas) e suas relações filogenéticas; 
• compreender a relação evolutiva entre a forma das flores e tipos de frutos 
com seus agentes polinizadores e dispersores, respectivamente; 
• conhecer as importâncias ecológicas, ambientais e econômicas das 
angiospermas. 
TEMA 1 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CARPELO E DA FLOR 
O processo de evolução das flores ocorreu ao longo de milhares de anos. 
As folhas verdes foram selecionadas e modificadas em folhas férteis, que se 
agruparam no ápice dos ramos. Dessa forma, a seleção de folhas férteis (ou 
esporófilos) dobraram e se fundiram nas estruturas reprodutivas, caracteriza o 
aparecimento do carpelo, que abrange o ovário (Judd et al., 2009). De tal modo, 
os esporângios passaram a estar protegidos dentro o ovário nas flores das 
angiospermas e deixaram de estar expostos ao ambiente, conforme apresenta 
a Figura 1. 
 
 
3 
Figura 1 – Evolução do carpelo 
 
 
Crédito: Elias Dahlke. 
O conjunto de carpelos forma o gineceu, unidade feminina da flor, no qual 
estão contidos os óvulos. Uma flor pode ter um ou mais carpelos, que podem ser 
separados ou fusionados em parte ou na totalidade (Raven; Evert; Eichhorn, 
2016). 
Um avanço evolutivo em relação ao carpelo se deu em relação ao controle 
da fertilização. O estigma, parte superior do carpelo que vai receber os grãos de 
pólen, pode restringir sua germinação e o desenvolvimento do tubo polínico, por 
conter substâncias específicas conflitantes, caracterizando uma reação de 
incompatibilidade. Desse modo, apenas o pólen compatível (da mesma espécie 
e geneticamente diferente) poderá se desenvolver, o que evita a autofecundação 
e promove a variabilidade genética (Reece et al., 2015). 
As flores constituem adaptações evolutivas que, além de ter funções de 
produção e proteção das estruturas reprodutivas, apresentam variações 
 
 
4 
estruturais para atração de polinizadores e dispersores de sementes. A 
predominância de espécies de angiospermas deve-se ao sucesso do surgimento 
da flor, que possibilitou vias mais eficazes de reprodução cruzada (Rech et al., 
2014). 
A flor é uma estrutura complexa tanto do ponto de vista morfológico 
quanto funcional. No entanto, atribuem-se funções específicas para cada parte 
da flor: sépala – proteção; pétala – atração; androceu (conjunto de estames) – 
produção e liberação dos grãos de pólen; gineceu (conjunto de carpelos) – 
recepção do grão de pólen, formação do tubo polínico e local de 
desenvolvimento do óvulo (Judd et al., 2009). O eixo que sustenta a flor é o 
receptáculo floral, local de posicionamento do ovário. Observemos a estrutura 
básica de uma flor na Figura 2. 
Figura 2 – Estrutura básica da flor, com evidência dos verticilos protetores 
(sépala), atrativos (pétala) e reprodutores: androceu (composto por estames) e 
gineceu (composto por carpelos) 
 
Crédito: Designua/Shutterstock. 
 
 
 
 
 
5 
Nas angiospermas, os óvulos fecundados se desenvolverão em 
sementes. Estas ganharão revestimentos variados e complexos: os frutos 
desempenham as funções de proteção e atração, de modo a ampliar o sucesso 
de dispersão e variabilidade da semente (Rech et al., 2014). 
TEMA 2 – ANGIOSPERMAS: CARACTERÍSTICAS GERAIS, EVOLUÇÃO, CICLO 
DE VIDA E REPRODUÇÃO 
Neste tema, serão abordados aspectos acerca das características gerais 
das angiospermas, bem como aspectos evolutivos, ciclo de vida e reprodução. 
2.1 Características gerais 
Acredita-se que existam pelo menos 300 mil espécies de angiospermas, 
sendo o maior grupo de organismos fotossintetizantes. Elas ocupam 
praticamente todos os hábitats da Terra, exceto ambientes extremos, como o 
topo de montanhas muito altas, regiões polares ou de profundezas oceânicas. 
Habitam em diferentes ambientes, podendo ser lianas (trepadeiras), árvores, 
ervas, plantas aquáticas de água doce ou marinhas, parasitas e saprófitas. 
Apresentam diversidade morfológica nos órgãos vegetativos e reprodutivos 
(Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 
Como todas as espermatófitas, as angiospermas são heterosporadas 
(gametófitos masculinos e femininos), com megasporângio (óvulo) envolto por 
duas camadas de tegumento. Os óvulos desenvolvidos se tornarão as sementes, 
que estão envolvidas pelo carpelo. A parede do ovário desenvolvida gera o fruto, 
elemento protetor e dispersor da semente. 
Entre as características evidentes nas angiospermas estão: presença de 
flor, presença de carpelos e formação de frutos; sementes formadas no interior 
de um carpelo, o qual ocorre germinação do grão de pólen na superfície do 
estigma; gametófito feminino muito reduzido, composto por apenas oito núcleos, 
contidos em sete células; dupla fecundação com a formação do endosperma 
triploide (tecido nutritivo) (Judd et al., 2009; Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 
São traqueófitas, com o sistema vascular composto por elementos de 
vaso no tecido do xilema, que são mais eficientes uma vez que a água circula 
sem a necessidade de atravessar um campo de pontoação; elementos do tubo 
crivado no tecido do floema, composto por células vivas, anucleadas que atuam 
 
 
6 
no transporte de carboidratos, associadas a uma célula companheira (Evert, 
2013). 
2.2 Evolução 
Estudos moleculares e a existência de caracteres morfológicos únicos 
fornecem evidências da monofilia em angiospermas, ou seja, são derivadas de 
um único ancestral comum (Judd et al., 2009; Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 
Esse ancestral das angiospermas teria derivado de uma planta com sementes, 
mas que não apresentava flores, carpelos e frutos (Judd et al., 2009). 
Os fósseis mais antigos desse grupo são de grãos de pólen e têm cerca 
de 135 milhões de anos. Assim que surgiram, as angiospermas se diversificaram 
e formaram diferentes linhagens, que aos poucos foram substituindo as 
gimnospermas como grupo dominante da flora terrestre (Rech et al., 2014). 
As partes florais, algumas férteis (estames e carpelos) e outras estéreis 
(sépalas e pétalas) são homólogas às folhas (Evert, 2013). Ambas são 
originadas de um tipo de sistema de caules que caracterizam as primeiras 
plantas vasculares, sem folhas e sem raízes. 
2.3 Ciclo de vida 
O ciclo de vida é diplobionte, baseado na alternância de gerações com 
dois representantes multicelulares, um gametófito haploide (n) e um esporófito 
diploide (2n). Os gametófitos são muito reduzidos. O gametófito feminino tem 
seu desenvolvimento dentro do óvulo. Os gametas masculinos são levados até 
o gametófito feminino pela formação do tubo polínico. A reprodução é 
completamente independente da água (Judd et al., 2009). 
2.4 Reprodução 
O esporófito maduro produz flores. No interior do óvulo, um 
megasporócito se divide por meiose, produzindo quatro megásporos. Um 
sobrevive e dá origem ao gametófito feminino.Internamente a cada óvulo que 
se desenvolve no ovário existe um gametófito feminino, também chamado de 
saco embrionário. Este contém oito células: três antípodas, duas sinérgides, dois 
núcleos polares e a oosfera (Judd et al., 2009; Reece et al., 2015). 
 
 
7 
Na antera, cada microsporângio contém microsporócito, que se divide por 
meiose formando micrósporos, que se desenvolvem em grãos de pólen. Cada 
gametófito masculino tem duas células haploides: célula generativa, que se 
divide em dois núcleos espermáticos, e uma célula do tubo, que produz o tubo 
polínico. 
Uma vez liberados da antera, os grãos de pólen são transferidos ao 
estigma de várias formas, sendo esse processo de transferência chamado de 
polinização (Rech et al., 2014). Quando o grão de pólen chega a um estigma 
compatível, vai germinar e a célula do tubo forma um tubo polínico que insere o 
gameta masculino (núcleos espermáticos) diretamente no gametófito feminino 
(saco embrionário), que contém a oosfera, no interior do óvulo. Um núcleo 
espermático fertiliza a oosfera, gerando um zigoto diploide (2n). O outro núcleo 
espermático se funde com outras células do gametófito feminino (núcleos 
polares), formando uma célula triploide (3n). Essa célula divide-se por mitose e 
forma o endosperma, um tecido nutritivo que envolve zigoto. 
Esse processo caracteriza a dupla fecundação, característica marcante 
das angiospermas, porém, não exclusiva. O ciclo de vida de uma angiosperma 
está exemplificado na Figura 3. 
Figura 3 – Ciclo de vida de uma angiosperma 
 
Crédito: Maryia/Shutterstock. 
 
 
8 
TEMA 3 – ANGIOSPERMAS: DIVERSIDADE E FILOGENIA (CLASSIFICAÇÃO) 
Nas últimas décadas, o avanço de métodos rigorosos de análise 
filogenética, bem como o surgimento de técnicas moleculares ampliaram a 
compreensão acerca das angiospermas. 
Atualmente, o sistema de classificação APG IV (2016) organiza as 
angiospermas pela filogenia, ou seja, com base em caracteres moleculares, de 
modo que pequenas mudanças genéticas podem revelar grandes diferenças 
morfológicas e estruturais. O cladograma considera quatro grupos distintos: 
angiospermas basais (Amborellales, Nymphaeales, Austrobaileyales), 
magnoliídeas, monocotiledôneas e eudicotiledôneas. 
Figura 4 - Cladograma com as relações filogenéticas das angiospermas 
 
Fonte: May, 2022. 
 
 
9 
3.1 Angiospermas basais 
Abrange três linhagens com cerca de 100 espécies. Esse grupo não é 
monofilético e apresenta diferenciação no perianto (cálice e corola), com muitas 
tépalas, estames e carpelos livres. Entre as famílias de angiospermas basais, a 
linhagem mais antiga é representada por Amborella trichopoda (Amborellaceae). 
Outras, mais conhecidas, estão inseridas na família Nymphaeceae, que reúne 
representantes aquáticos como a vitória-régia (Victoria amazonica) e flor-de-
lótus (Nymphaea sp.). O outro clado tem como representante o anis-estrelado 
(Illicium verum, Illiciaceae) e seus parentes (Souza; Lorenzi, 2019). 
Figura 5 – Angiospermas basais. Vitória-régia (Victoria amazonica) e flor-de-lótus 
(Nymphaea sp.), ambas da família Nymphaeaceae 
 
Créditos: Krittekorn Siriprechapong/Shutterstock; Alfio Ferlito /Shutterstock. 
3.2 Magnoliídeas 
São cerca de oito mil espécies e caracterizam-se por apresentar as mais 
primitivas características, em geral, flores grandes, tépalas evidentes, com 
numerosos órgãos dispostos em espiral sobre o receptáculo alongado. Os 
estames se prendem em cordões vasculares distintos originado abaixo das 
tépalas (Souza; Lorenzi, 2019). As sementes podem ter coloração para atração 
de potenciais dispersores. Observemos, na Figura 6, as características 
mencionadas. Podem ser lenhosas ou herbáceas. São as magnólias, fruta-do-
conde, araticum, os louros e canelas e as plantas de pimenta-preta. 
 
 
10 
Figura 6 – Magnoliídea: flor, fruto e dispersão de sementes de magnólia (Magnolia 
grandiflora, Magnoliaceae) 
 
Créditos: Khudoliy/Shutterstock; Dayane May. 
3.3 Monocotiledôneas 
Com cerca de 70 mil espécies, as monocotiledôneas são um grupo 
monofilético com características bem próprias, como só um cotilédone na 
semente, raiz fasciculada, folhas paralelinérveas, estruturas florais trímeras ou 
pentâmeras, xilema e floema espalhados em feixes. Não formam madeira, 
exceto a família Arecaceae, representado pelas palmeiras. Outros 
representantes são as gramíneas, as orquídeas, bromélias, antúrios, lírios. Com 
importância econômica, algumas são cultivadas, como milho, trigo, arroz e 
banana (Souza; Lorenzi, 2019). Alguns exemplos de monocotiledôneas são 
apresentados na Figura 7. 
 
 
11 
Figura 7 – Monocotiledôneas: exemplos de famílias pertencentes ao grupo das 
monocotiledôneas: bromélia (Bromeliaceae); orquídea (Orchidaceae); palmeira 
(Arecaceae); bananeira (Musaceae); trigo e milho (Poaceae) 
 
 
 
Créditos: Photology1971/Shutterstock; Sealstep/Shutterstock; Haley Allison/Shutterstock; 
Timolina /Shutterstock; VanoVasaio/ Shutterstock; Dayane May. 
3.4 Eudicotiledôneas 
São as plantas que realmente têm dois cotilédones (eu, “verdadeiro”). São 
mais de dois terços de todas as angiospermas, com aproximadamente 170 mil 
espécies. Não é um grupo monofilético. Estão entre as plantas com pólen 
tricolpado (três aberturas), flores cíclicas, com cálice e corola. Além disso, a raiz 
é axial, apresenta lenho desenvolvido, folhas com nervação reticulada, xilema e 
floema organizados em feixes e estruturas flores tetrâmeras e pentâmeras 
(Souza; Lorenzi, 2019). 
 
 
12 
Muitas espécies conhecidas e com amplo uso no dia a dia compõem esse 
grupo, por exemplo, seringueira (Euphorbiaceae), salgueiro (Salicaceae), 
eucalipto (Myrtaceae), café (Rubiaceae), aromáticas (hortelã, manjericão, boldo, 
lavanda, entre outras – Lamiaceae), tomate e batata (Solanaceae), girassol 
(Asteraceae), leguminosas (feijão, soja, ervilha – Fabaceae), ornamentais e 
frutíferas (roseira, maçã, amora, pêssego, morango, ameixa – Rosaceae). 
Alguns exemplos de eudicotiledôneas são apresentados na Figura 8. 
Figura 8 – Eudicotiledôneas: exemplos de famílias pertencentes ao grupo das 
eudicotiledôneas: eucalipto (Myrtaceae); salgueiro (Salicaceae); café 
(Rubiaceae); girassol (Asteraceae); feijão (Fabaceae); maça (Rosaceae); 
amarílis (Amaryllidaceae); hibisco (Malvaceae); rosa (Rosaceae); flor-de-maio 
(Cactaceae) 
 
 
 
 
13 
 
 
Créditos: Wuttichok Panichiwarapun/Shutterstock; Axel Bueckert/Shutterstock; 
Freedomnaruk/Shutterstock; Salajean/Shutterstock; Ihor Hvozdetskyi/Shutterstock; Serhii 
Hrebeniuk/Shutterstock; Dayene May. 
TEMA 4 – COEVOLUÇÃO ENTRE AS ANGIOSPERMAS E OS ANIMAIS (COM 
FOCO NA FLOR E FRUTOS) E AS SÍNDROMES DE POLINIZAÇÃO E 
DISPERSÃO 
4.1 Coevolução entre angiospermas e animais 
O grande sucesso das angiospermas está relacionado à coevolução entre 
flores e polinizadores. Ao longo do tempo evolutivo, as plantas desenvolveram 
mecanismos de recompensa para atrair polinizadores. A relação entre flor e 
visitante é estabelecida, na maioria das vezes, por meio de um atrativo que pode 
ser alimentação, reprodução e construção de ninho. A necessidade alimentar é 
responsável pela maioria das vistas às flores, com os recursos como pólen, 
néctar, óleo e água entre os mais buscados (Rech et al., 2014). 
Muitas plantas desenvolveram estruturas especializadas em atrair 
polinizadores específicos. Por exemplo, as flores polinizadas por beija-flores são 
tubulares, inacessíveis para a maioria dos insetos e com tonalidades 
avermelhadas, cor de preferência dessas aves. Por sua vez, os beija-flores têm 
bico e língua longos, o que faz com que consigam facilmente alcançar o néctar 
no interior das flores. Outro exemplo são as flores polinizadas por morcegos, que 
 
 
14 
têm deiscência noturna: são grandes, de estrutura rígida e contêm grande 
quantidade de néctar (Ricklefs; Relyea, 2016). 
Os frutos, além de protegeremas sementes, têm importância para a 
dispersão. Podem flutuar e serem transportados pelo vento, como os aquênios, 
que envolvem as sementes de dente-de-leão, ou pela água, como os cocos de 
coqueiros. Algumas angiospermas desenvolveram estruturas modificadas em 
seus frutos para promover a dispersão, como carrapichos que grudam em pelos 
dos animais. Estes, que auxiliam no transporte, podem receber um benefício em 
troca, que pode ser alimento em forma de sementes ou frutos nutritivos que 
circundam as sementes. Ao ingerir os frutos, as sementes resistentes passam 
pelo trato digestório do animal que, quando defeca, deposita as sementes com 
suprimento de fertilizante natural. Esses animais são fundamentais para a 
manutenção das florestas (Reece et al., 2015). A Figura 9 mostra alguns 
exemplos que angiospermas com estruturas modificadas no fruto ou semente 
para promover a dispersão e perpetuação da espécie. 
Figura 9 – Adaptações para dispersão de sementes: anemocoria (vento); 
hidrocória (água); zoocoria (animais) 
 
Créditos: Brian A Jackson/Shutterstock; S_PHOTO/ Shutterstock; Suzanne 
Tucker/Shutterstock. 
4.2 Síndromes de polinização e dispersão 
As primeiras classificações de tipos florais na ecologia da polinização 
separaram as flores de acordo com a forma e função. Posteriormente, foram 
consideradas as características florais fisiológicas, morfológicas, anatômicas e 
fenológicas das flores, até chegar ao termo de síndrome ou estilo floral. No 
entanto, não são necessariamente exclusivas (Rech et al., 2014). 
As síndromes florais são um conjunto de adaptações convergentes das 
flores às particularidades dos polinizadores e suas características morfológicas, 
 
 
15 
ou às características do meio abiótico (vento, água), uma vez que nem todos os 
visitantes florais são polinizadores. 
As principais síndromes florais são: 
• Anemofilia – polinização pelo vento. Características: não apresentam 
coloração, sem néctar, inodoras, estigmas longos, expostos e com 
superfície grande; 
• Melitofilia – polinização por abelhas. Características: com antese diurna, 
cores do ultravioleta ao amarelo, frequente guia de néctar ou pólen, flores 
labiadas, em forma de disco, alta concentração de açúcar no néctar, odor 
agradável; 
• Psicofilia – polinização por borboletas. Características: flores com antese 
diurna, cores amarela, laranja, vermelho, roxo, azul, rosa e branco, odor 
agradável; 
• Esfingofilia – polinização por mariposas. Características: antese e 
liberação de odor noturnas, cores branca e creme, sem guia de néctar e 
plataforma de pouso, odor muito forte; 
• Miofilia – polinização por moscas. Características: flores com cores nos 
tons de marrom, vermelho escuro, amarela, esverdeada, com manchas 
abundantes. Odor muito forte e desagradável, assemelhando-se a 
material em decomposição. Podem estar associadas a flores que imitam 
carcaças ou excrementos; 
• Cantarofilia – polinização por besouros. Características: flores com antese 
noturna ou crepuscular, sem coloração específica, flores grandes e 
robustas, com odores fortes; 
• Ornitofilia – polinização por aves. Características: antese diurna, flores 
nas cores vermelho, amarelo, branco, azul, lilás, laranja; sem guia de 
néctar e sem odor. Néctar em grande quantidade; 
• Quiropterofilia – polinização por morcegos. Características: antese 
noturna, flores esbranquiçadas, avermelhadas, sem guia de néctar, 
grandes e robustas; expostas, com forte odor, grande quantidade de 
néctar e pólen. 
 
 
 
16 
A Figura 10 apresenta alguns exemplos dessas síndromes. 
Figura 10 – Síndromes florais de polinização. Exemplos: melitofilia (abelhas); 
cantarofilia (besouros); ornitofilia (aves); quiropterofilia (morcegos) 
 
 
Créditos: Andrew E Gardner/Shutterstock; Dayene May; Yhelfman/Shutterstock; Julio 
Salgado/Shutterstock. 
Outras interações planta-polinizador são altamente especializadas, como 
a polinização de flores que fornecem substrato para a alimentação de larvas 
(Ficus – Moraceae e pequenas vespas); e a polinização de flores que imitam 
feromônios ou a morfologia de fêmeas que são polinizadas por machos de 
abelhas ou vespas, na tentativa de copular a flor, como acontece com as 
orquídeas do gênero Ophrys (Rech et al., 2014). Na Figura 11, estão dispostos 
esses dois exemplos de especialização entre planta e polinizador. 
 
 
17 
Figura 11 – Interações altamente especializadas: polinização das flores de Ficus 
sp. por vespas; polinização de orquídeas Ophyrys por abelhas 
 
Créditos: Bascar/Shutterstock; Iker Zabaleta/Shutterstock. 
TEMA 5 – ANGIOSPERMAS: IMPORTÂNCIAS ECOLÓGICAS, AMBIENTAIS E 
PARA A SOCIEDADE HUMANA 
As plantas são essenciais para a vida na Terra e a sociedade é 
extremamente dependente delas, uma vez que geram oxigênio e controlam a 
temperatura e dinâmica de água. Elas também são fontes de alimento, e são 
amplamente utilizadas na construção, geração de mobiliários, fibras, remédios, 
bem como são fontes de matéria-prima para a produção de papel, borracha, 
combustível, entre outros. 
A base da alimentação humana procede das angiospermas. As principais 
culturas agrícolas (milho, arroz, trigo, batata, mandioca e batata doce) fornecem 
a maior parte das calorias consumidas. Elas também são utilizadas na 
alimentação de animais domésticos (Reece et al., 2015). 
Das plantas também se faz o uso medicinal para a recuperação da saúde, 
que tem evoluído ao longo dos tempos desde as formas mais simples de 
tratamento local até as formas mais sofisticadas da fabricação de medicamentos 
em escala industrial. Os princípios ativos, ou seja, as substâncias encontradas 
nas plantas, podem ser empregadas em preparações caseiras como chás, 
tinturas, composto puro, ou transformados em cápsulas, comprimidos e 
pomadas pela indústria farmacêutica (Kinupp; Lorenzi, 2014). 
 No entanto, são várias as ameaças à diversidade vegetal. 
Aproximadamente 30 mil espécies vegetais (10% da biodiversidade vegetal 
 
 
18 
estimada no mundo) têm partes comestíveis, sendo que destas sete mil foram 
cultivadas com esse fim ao longo da história. Contudo, 90% dos alimentos do 
mundo são oriundos de apenas 20 espécies (Kinupp; Lorenzi, 2014). Além de 
poucas espécies cultivadas, a maioria passou por um processo de seleção 
artificial, o que influencia a genética e prejudica a diversidade. 
Um meio ambiente bem conservado tem grande valor econômico, estético 
e social. Para mantê-lo, é necessário preservar seus ecossistemas, 
comunidades e espécies. As perturbações em massa causadas pelo ser humano 
têm alterado, degradado e destruído a paisagem em larga escala, levando 
espécies florísticas e mesmo comunidades inteiras a ponto de extinção (Ricklefs; 
Relyea, 2016). 
As ameaças à diversidade biológica são causadas pelo uso crescente de 
recursos naturais por uma população humana em expansão exponencial. O uso 
de recursos como madeira de plantas nativas, a conversão de ambientes 
naturais para fins agrícolas e residenciais, a monocultura e o uso ineficiente dos 
recursos são fatores que levam à perda de biodiversidade (Ricklefs; Relyea, 
2016). 
A redução de florestas e o desmatamento reduzem a absorção de dióxido 
de carbono (CO2), que ocorre na fotossíntese, de modo a contribuir para o 
aquecimento global, que também ameaça a diversidade (Reece et al., 2015). 
A sociedade é dependente das plantas, bem como as espécies de animais 
são dependentes da flora nativa para viver, seja em razão da alimentação, do 
hábitat e de recursos hídricos, o que torna relevante a preservação da 
diversidade vegetal. 
NA PRÁTICA 
Recomendamos a leitura complementar do capítulo 19 – Introdução às 
Angiospermas – da obra Biologia vegetal, nas páginas 457 a 500. 
• RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 856 p. 
Com base no conteúdo estudado, sugerimosdescrever a dupla 
fecundação nas angiospermas, apontando quais são os produtos desse 
processo. 
 
 
19 
FINALIZANDO 
Do ponto de vista evolutivo, os carpelos são estruturas semelhantes a 
folhas que foram transformadas para proteger os óvulos. A flores são estruturas 
complexas que têm os verticilos protetores (cálice e corola) e reprodutores 
(androceu e gineceu). A perda de verticilos individuais ou a fusão entre os 
adjacentes levaram à evolução de muitos tipos florais especializados. 
As angiospermas ou filo Anthophyta representam a maior parte das 
plantas existentes. São distintas das demais plantas com sementes pela 
presença de flores com carpelos, formação de endosperma nutritivo nas 
sementes e estrutura reprodutora distinta. São heterosporadas e traqueófitas, 
com presença de elementos de vaso no xilema e elementos do tubo crivado no 
floema. A polinização é seguida de dupla fecundação. 
O atual sistema de classificação é o APG IV, o qual organiza as 
angiospermas em quatro grupos distintos: angiospermas basais, magnoliídeas, 
monocotiledôneas e eudicotiledôneas. 
As angiospermas são polinizadas por agentes diversos. As síndromes 
florais são um conjunto de adaptações que confirmam a coevolução entre flores 
e polinizadores. 
As plantas com sementes são fontes essenciais de alimento, combustível, 
produtos madeireiros e substâncias medicinais. A sociedade é dependente 
dessas plantas, o que torna relevante a preservação da diversidade vegetal. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean 
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