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Matrizes Uma matriz é uma forma diferente de representar uma tabela composta apenas por números. Ao invés de representarmos esses números em uma malha quadriculada (que é o que normal- mente fazemos nas tabelas), nós omitimos essa malha quadriculada e colocamos os números entre colchetes grandes (ou entre parênteses grandes) para representar que estamos conside- rando esses números como parte de uma matriz. Por exemplo, o arranjo retangular de números 2 3 −1 5 0 1 é uma tabela. Já os arranjos retangulares de números[ 2 3 −1 5 0 1 ] ( 2 3 −1 5 0 1 ) são matrizes. Se uma matriz possui m linhas e n colunas, então dizemos que essa matriz é uma matriz m× n (que podemos ler como: matriz "m por n"). Por exemplo, � A matriz [ 2 3 −1 5 0 1 ] é uma matriz 2× 3. � A matriz −1 4 0 0 2 −5 é uma matriz 3× 2. � A matriz [ 0 1 5 0 ] é uma matriz 2× 2. � A matriz −1 0 8 −5 0 0 7 4 2 0 1 99 é uma matriz 3× 4. Normalmente denotamos as matrizes por letras maiúsculas do nosso alfabeto (ex: A,B,C, ...). Os números que aparecem na matriz são chamados de entradas da matriz. A entrada que está localizada na linha i e na coluna j da matriz A é denotada por aij (ou seja, essa entrada é denotada pela letra minúscula correspondente ao nome da matriz com um subíndice ij. Por exemplo, se a matriz fosse denotada por B, então a entrada seria denotada por bij, se a matriz fosse denotada por C então a entrada seria denotada por cij, etc). Exemplo 1. Considere a matriz A = 0 3 1 −8 −4 −1 . A matriz A é uma matriz 3× 2 e suas entradas são a11 = 0 a12 = 3 a21 = 1 a22 = −8 a31 = −4 a32 = −1 1 Exemplo 2. Considere a matriz B = 1 −5 5 7 −2 −1 0 0 4 −3 4 7 11 5 0 . A matriz B é uma matriz 3× 5 e suas entradas são b11 = 1 b12 = −5 b13 = 5 b14 = 7 b15 = −2 b21 = −1 b22 = 0 b23 = 0 b24 = 4 b25 = −3 b31 = 4 b32 = 7 b33 = 11 b34 = 5 b35 = 0 Dizemos que duas matrizes A e B são iguais se elas tem o mesmo tamanho e se todas as entradas dessas matrizes são iguais (ou seja, se aij = bij para todo i, j ). Matrizes especiais Matriz quadrada Dizemos que uma matriz A é uma matriz quadrada se a matriz A tiver exatamente a mesma quantidade de linhas e de colunas. Se A for uma matriz m×m, dizemos que A é uma matriz quadrada de ordem m. Se A for uma matriz quadrada, então chamamos a diagonal da matriz constituída dos ele- mentos a11, a22, ..., amm de diagonal principal de A. A outra diagonal é chamada de diagonal secundária de A. Por exemplo, � Se A é uma matriz quadrada de ordem 2, então chamamos a diagonal composta das entradas a11 e a22 de diagonal principal da matriz A e chamamos a diagonal composta das entradas a12 e a21 de diagonal secundária da matriz A. � Se A é uma matriz quadrada de ordem 3, então chamamos a diagonal composta das entradas a11, a22 e a33 de diagonal principal da matriz A e chamamos a diagonal composta das entradas a13, a22 e a31 de diagonal secundária da matriz A. 2 Exemplo 3. Se A é a matriz quadrada de ordem 4 A = 2 3 0 −1 5 7 11 2 25 4 −7 21 0 0 1 8 então a diagonal principal de A e a diagonal secundária de A são Exemplo 4. A matriz A = 1 2 −1 4 1 2 7 2 2 −20 −1 4 −3 2 5 −7 é uma matriz quadrada 4 × 4 cujas entradas da diagonal principal são 1, 2,−1,−7 e cujas entradas da diagonal secundária são 4, 7,−20,−3. Matriz triangular inferior Se A é uma matriz quadrada m×m que satisfaz aij = 0 se i < j (ou seja, se todas as entradas acima da diagonal principal são zero), então dizemos que A é uma matriz triangular inferior. Neste caso, A = a11 0 ... 0 a21 a22 ... 0 ... ... ... ... am1 am2 ... amm Essas matrizes recebem esse nome, porque se nós desenharmos o triângulo retângulo na parte inferior da matriz com a diagonal principal como sendo a hipotenusa, então todas as entradas da matriz que estiverem fora deste triângulo são 0. 3 Exemplo 5. A matriz A = 5 0 0 0 −1 0 0 0 2 −1 8 0 5 4 0 0 é uma matriz triangular inferior 4× 4, pois todas as entradas acima da sua diagonal principal são 0. Matriz triangular superior Se A é uma matriz quadrada m×m que satisfaz aij = 0 se i > j (ou seja, se todas as entradas abaixo da diagonal principal são nulas), então dizemos que A é uma matriz triangular superior. Neste caso, A = a11 a12 ... a1m 0 a22 ... a2m ... ... ... ... 0 0 ... amm Essas matrizes recebem esse nome, porque se nós desenharmos o triângulo retângulo na parte superior da matriz com a diagonal principal como sendo a hipotenusa, então todas as entradas da matriz que estiverem fora deste triângulo são 0. Exemplo 6. A matriz A = 5 1 3 0 9 0 0 0 −7 é uma matriz triangular superior 3× 3, pois todas ss entradas abaixo da sua diagonal principal são 0. 4 Matriz diagonal Se A é uma matriz quadrada m×m que satisfaz aij = 0 se i 6= j (ou seja, se todas as entradas que não fazem parte da diagonal principal forem nulas), então dizemos que A é uma matriz diagonal. Neste caso, A = a11 0 ... 0 0 a22 ... 0 ... ... ... ... 0 0 ... amm Essas matrizes recebem esse nome, porque se nós desenharmos a sua diagonal principal, então todas as entradas da matriz que estiverem fora dessa diagonal são 0. Observe que toda matriz diagonal é tanto triangular inferior quanto triangular superior (pois todas as entradas acima da diagonal principal são 0 e todas as entradas abaixo da diagonal principal também são 0). Exemplo 7. A matriz A = 1 0 0 0 0 0 0 0 −7 é uma matriz diagonal 3 × 3, pois todas as entradas que estão fora da sua diagonal principal são 0. Matriz identidade A matriz diagonal m×m cujas entradas da diagonal principal são todas 1 é chamada de matriz identidade m×m e é denotada por Im. Assim, Im = 1 0 ... 0 0 1 ... 0 ... ... ... ... 0 0 ... 1 Exemplo 8. A matriz I5 = 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 é a matriz identidade 5× 5. 5 Matriz nula Se uma matriz m× n possui todas as entradas 0, então chamamos essa matriz de matriz nula m × n e a denotamos por Om×n (se não houver dúvidas sobre o tamanho da matriz nula, a denotaremos apenas por O). Neste caso, O = 0 0 ... 0 0 0 ... 0 ... ... ... ... 0 0 ... 0 Observe que toda matriz quadrada nula é um caso particular de matriz diagonal. Exemplo 9. O2×2 = [ 0 0 0 0 ] , O3×5 = 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Matriz simétrica Se A é uma matriz quadrada m ×m que satisfaz aij = aji (ou seja, se a matriz é 'espelhada' com relação à diagonal principal), então dizemos que A é uma matriz simétrica. Neste caso, A = a11 a12 ... a1m a12 a22 ... a2m ... ... ... ... a1m a2m ... amm Exemplo 10. A matriz B = −1 0 3 5 0 −3 11 2 3 11 4 −25 5 2 −25 71 é uma matriz simétrica de ordem 4, pois 6 Exemplo 11. A matriz A = 5 1 2 1 0 −4 2 −4 −7 é uma matriz simétrica de ordem 3, pois Matriz linha Se A é uma matriz 1×n, dizemos que A é uma matriz linha. Ou seja, uma matriz linha possui apenas uma linha. Exemplo 12. A matriz A = [ 1 0 −100 −2 ] é uma matriz linha 1× 4. Matriz coluna Se A é uma matriz m × 1, dizemos que A é uma matriz coluna. Ou seja, uma matriz coluna possui apenas uma coluna. Exemplo 13. A matriz A = 1 −1 0 é uma matriz coluna 3× 1. Operações com matrizes Soma de matrizes A soma de matrizes é de�nida apenas entre matrizes do mesmo tamanho e ela é obtida somando-se as entradas correspondentes de A e de B. De�nição: Se A e B são ambas matrizes m × n, então a soma das matrizes A e B é de�- nida como sendo a matriz m× n cujas entradas são as somas das entradas correspondentes de A e de B. Ou seja, se C = A+B, então as entradas da matriz C são cij = aij + bij 7 Exemplo 14. Considere as matrizes, 2×3, A = [ 1 2 3 −1 3 4 ] , B = [ 2 1 −3 1 4 2 ] . A soma destas duas matrizes é a matriz C = A+B, 2× 3, dada por C = [ 1 + 2 2 + 1 3− 3 −1 + 1 3 + 4 4 + 2 ] = [ 3 3 0 0 7 6 ] Exemplo 15. Considere as matrizes 3× 5 A = 3 2 −5 11 0 −1 4 0 6 1 −7 10 21 4 −3 , B = 15 7 −1 10 4 0 40 −15 −2 1 21 1 9 4 13 A somadestas duas matrizes é a matriz 3× 5 A+B = 3 + 15 2 + 7 −5 + (−1) 11 + 10 0 + 4 −1 + 0 4 + 40 0 + (−15) 6 + (−2) 1 + 1 −7 + 21 10 + 1 21 + 9 4 + 14 −3 + 13 = 18 9 −6 21 4 −1 44 −15 4 2 14 11 30 18 10 Exemplo 16. Considere as matrizes 2× 2 A = [ 1 0 −1 7 ] , B = [ 4 8 −9 14 ] A soma destas duas matrizes é a matriz 2× 2 A+B = [ 1 + 4 0 + 8 −1 + (−9) 7 + 14 ] = [ 5 8 −10 21 ] Subtração de matrizes A subtração de matrizes é de�nida apenas entre matrizes do mesmo tamanho e ela é obtida subtraindo-se as entradas correspondentes de A e de B. De�nição: Se A e B são ambas matrizes m × n, então a subtração das matrizes A e B é de�nida como sendo a matriz m× n cujas entradas são as subtrações das entradas correspon- dentes de A e de B. Ou seja, se C = A−B, então as entradas da matriz C são cij = aij − bij Exemplo 17. Considere as matrizes, 2× 3, A = [ 1 2 3 −1 3 4 ] , B = [ 2 1 −3 1 4 2 ] . Temos que A−B = [ 1− 2 2− 1 3 + 3 −1− 1 3− 4 4− 2 ] = [ −1 1 6 −2 −1 2 ] Exemplo 18. Considere as matrizes, 2× 3, A = [ 1 2 3 −1 3 4 ] , B = [ 2 1 −3 1 4 2 ] . Temos que A−B = [ 1− 2 2− 1 3− (−3) −1− 1 3− 4 4− 2 ] = [ −1 1 6 −2 −1 2 ] A+B = [ 1 + 2 2 + 1 3 + (−3) −1 + 1 3 + 4 4 + 2 ] = [ 3 3 0 0 7 6 ] 8 Exemplo 19. Considere as matrizes, 3× 5, A = 3 2 −5 11 0 −1 4 0 6 1 −7 10 21 4 −3 , B = 15 7 −1 10 4 0 40 −15 −2 1 21 1 9 4 13 Temos que A−B = 3− 15 2− 7 −5− (−1) 11− 10 0− 4 −1− 0 4− 40 0− (−15) 6− (−2) 1− 1 −7− 21 10− 1 21− 9 4− 14 −3− 13 = −12 −5 −6 1 −4 −1 −36 15 8 0 −28 9 12 −10 −16 Multiplicação de uma matriz por um escalar A multiplicação de uma matriz A, m × n por um escalar α ∈ R é a matriz m × n cujas entradas são a multiplicação das entradas correspondentes de A por α. De�nição: A multiplicação de uma matriz A, m × n por um escalar α ∈ R é de�nida como sendo a matriz B = αA cujas entradas são bij = αaij Exemplo 20. Considere a matriz 4× 3 A = 1 2 3 −1 3 4 2 1 −3 1 4 2 A multiplicação de A pelo escalar α = 2 é a matriz B dada por B = 2A = 2 4 6 −2 6 8 4 2 −6 2 8 4 e a multiplicação de A pelo escalar α = −1 é a matriz C dada por C = −1A = −A = −1 −2 −3 1 −3 −4 −2 −1 3 −1 −4 −2 Exemplo 21. Considere a matriz 4× 3 A = 1 2 3 −1 0 4 2 1 −3 1 5 2 Temos que 2A = 2 4 6 −2 0 8 4 2 −6 2 10 4 −3A = −3 −6 −9 3 0 −12 −6 −3 9 −3 −15 −6 9 Podemos utilizar o processo inverso da multiplicação de uma matriz por um escalar e colocar um número real em "evidência" para simpli�car um pouco a matriz. Exemplo 22. [ 7 14 0 −28 −21 7 49 0 ] = 7 [ 1 2 0 −4 −3 1 7 0 ] Exemplo 23. 3 −9 0 5 15 45 0 0 −60 18 0 −12 = 3 1 −3 0 5 3 5 15 0 0 −20 6 0 −4 Produto de matrizes O produto AB de duas matrizes A e B é de�nido apenas se o número de colunas da matriz A for igual ao número de linhas da matriz B. Ou seja, só podemos multiplicar as matrizes A,m× n, e B, p× q, se p = n. De�nição: O produto AB de duas matrizes A, m × n e B, n × q é a matriz C = AB de tamanho m× q cujas entradas são dadas por Isto quer dizer que a entrada ij da matriz produto é igual à soma dos produtos das entradas da linha i da matriz A pelas entradas coluna j da matriz B. Exemplo 24. Considere as matrizes A = [ 1 2 3 −1 3 4 ] , B = −21 0 A multiplicação AB é a matriz C, 2× 1, tal que c11 = a11b11 + a12b21 + a13b31 = 1.(−2) + 2.1 + 3.0 = −2 + 2 + 0 = 0 c21 = a21b11 + a22b21 + a23b31 = (−1).(−2) + 3.1 + 4.0 = 2 + 3 = 5 ou seja, C = [ 0 5 ] Se A e B são duas matrizes cujo tamanho é compatível para o cálculo do produto AB, então uma forma prática de calcular o produto AB é escrever a matriz B à direita e abaixo da matriz A como mostrado abaixo [A] [B] 10 Por exemplo, se A = 1 4 7 3 −1 0 2 4 1 1 2 3 e B = 2 3 0 1 5 −7 , então posicionamos as matrizes A e B como a seguir: 1 4 7 3 −1 0 2 4 1 1 2 3 2 3 0 1 5 −7 Em seguida, traçamos retas para representar as continuações das linhas de A e das colunas de B como a seguir: Observe que com isso, geramos várias interseções entre as retas. Cada interseção é corres- ponde à entrada da matriz AB que é obtida multiplicando a linha e a coluna que geraram aquela interseção. 11 Nesse, caso, temos que Exemplo 25. Calcule AB e BA, onde A = [ 3 2 −4 −5 6 0 ] , B = 8 10 1 −1 5 7 . Observação 1. Nem sempre podemos fazer tanto o produto AB quanto o produto BcdotA. Por exemplo, se A for uma matriz 3×5 e B for uma matriz 5×4, então podemos calcular o produto AB (pois o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B), mas não podemos calcular o produto BA (pois o número de colunas de B é diferente do número de linhas de A). Mesmo se A e B são matrizes cujos tamanhos nos permitem calcular tanto o produto AB quanto o produto BA, não necessariamente temos AB = BA. Na verdade o resultado dos dois produtos nem precisa ter o mesmo tamanho. Por exemplo (como visto no exemplo anterior), se A for uma matriz 2× 3 e B for uma matriz 3× 2, então � AB é uma matriz 2× 2 � BA é uma matriz 3× 3 Mesmo se A e B são matrizes quadradas do mesmo tamanho, então não necessariamente temos AB = BA (ou seja, o produto de matrizes NÃO é comutativo). Por exemplo, considere as matrizes A = [ 1 1 0 0 ] , B = [ 0 0 1 1 ] . Temos que 12 Logo, AB 6= BA Exemplo 26. Calcule AB, onde A = 2 3 5 0 40 1 −2 0 7 11 4 1 , B = 1 0 0 7 −3 5 2 10 . Potência de uma matriz De�nição: Se A é uma matriz quadrada m×m e k é um inteiro positivo, de�nimos a potência k de A como sendo Ak = AA...A︸ ︷︷ ︸ k vezes Exemplo 27. Calcule A2, onde A = 2 −5 0 6 3 −1 7 11 −3 . 13 Exemplo 28. Seja A = [ 1 0 1 1 ] . Temos que Neste caso, observe que teremos Ak = [ 1 0 k 1 ] para todo k ∈ N. Transposta de uma matriz De�nição: A transposta de uma matriz A de tamanho m× n é a matriz B = At de tamanho n×m cujas entradas são bij = aji Ou seja, At é a matriz obtida da matriz A trocando as linhas de A pelas colunas de A. 14 Exemplo 29. A transposta da matriz A = 1 2 3 −1 3 4 2 1 −3 1 4 2 , 4× 3, é a matriz 3× 4 At = 1 −1 2 1 2 3 1 4 3 4 −3 2 Exemplo 30. A transposta da matriz C = [ 1 0 2 3 5 4 ] , 2× 3, é a matriz 3× 2 Ct = 1 3 0 5 2 4 Exemplo 31. A transposta da matriz A = 9 2 −1 11 2 0 1 4 , 4× 2, é a matriz 2× 4 At = [ 9 −1 2 1 2 11 0 4 ] Teorema 1. Uma matriz quadrada A, m×m, é uma matriz simétrica se, e somente se, At = A. Exemplo 32. A transposta da matriz 4× 4 A = 9 2 3 0 2 12 5 1 3 5 −3 7 0 1 7 −11 é a matriz 4× 4 At = 9 2 3 0 2 12 5 1 3 5 −3 7 0 1 7 −11 Como At = A, então a matriz A é simétrica. Propriedades da álgebra matricial 1. Se A e B são duas matrizes m× n, então A+B = B + A 2. Se A, B e C são três matrizes m× n, então A+ (B + C) = (A+B) + C 3. Uma matriz X, m× n, satisfaz A+X = A para toda matriz A, m× n, se, e somente se, X = Om×n. 15 4. Se α, β ∈ R e A é uma matriz, então α(βA) = (αβ)A 5. Se α, β ∈ R e A é uma matriz, então (α + β)A = αA+ βA 6. Se α ∈ R e se A e B são matrizes m× n, então α(A+B) = αA+ αB 7. Se A é uma matiz m× n, B é uma matriz n× p e C é uma matriz p× q, então A(BC) = (AB)C 8. Se A é uma matriz m× n, então AIn = A, ImA = A 9. Se A é uma matiz m× n e se B e C são matrizes n× p, então A(B + C) = AB + AC 10. Se A é uma matiz n× p e se B e C são matrizes m× n, então (B + C)A = BA+ CA 11. Se α ∈ R, A é uma matriz m× n e B é uma matriz n× p, então α(AB) = (αA)B = A(αB) 12. Se A é uma matriz, então (At)t = A 13. Se A e B são matrizes m× n, então (A+B)t = At +Bt 14. Se α ∈ R e A é uma matriz, então (αA)t = αAt 15. Se A é uma matriz m× n e B é uma matriz n× p, então (AB)t = BtAt Exemplo 33. Se A é uma matriz m × n e AB = A, então não necessariamente B = In. Da mesma forma, se CA = A, então não necessariamente C = Im. Por exemplo, considere as matrizes 2× 2 A = [ 1 1 0 0 ] , B = [ 0 0 1 1 ] , C = [ 1 1 0 0 ] Temos que AB = [ 1 1 0 0 ] = A e CA= [ 1 1 0 0 ] = A mas B e C não são matrizes identidade. 16 Exemplo 34. Sejam A = (aij)m×m e B = (bij)m×m matrizes quadradas de mesmo tamanho. Temos que (A+B)(A−B) = (A+B)A+ (A+B)(−B) = AA+BA− AB −BB = A2 +BA− AB −B2 Nesse caso, (A+B)(A−B) = A2 −B2 se, e somente se, AB = BA. Como o produto de matrizes NÃO é comutativo, então a igualdade (A+B)(A−B) = A2−B2 não vale em geral. Por exemplo, considere as matrizes 2× 2 A = [ 1 1 0 0 ] , B = [ 0 0 1 1 ] Temos que A2 = A,B2 = B, A+B = [ 1 1 1 1 ] , A−B = [ 1 1 −1 −1 ] , (A+B)(A−B) = [ 0 0 0 0 ] Logo, (A+B)(A−B) = [ 0 0 0 0 ] 6= [ 1 1 −1 −1 ] = A2 −B2 Exemplo 35. Considere as matrizes A = [ 2 3 4 5 ] , B = [ 0 1 7 −2 ] , C = [ −1 1 −3 5 ] . Resolva as seguintes equações: (a) AX +BC = O (b) XA+B = C Resolução: (a) Observe inicialmente que BC é uma matriz 2× 2. Logo, para a soma AX +BC estar bem de�nida, precisamos que AX seja uma matriz 2 × 2 e, portanto, que X seja uma matriz 2× 2 (já que A também o é). Observe que nesse contexto (como AX + BC é uma matriz 2 × 2) a matriz nula O é a matriz nula 2 × 2. Vamos considerar a matriz X então como uma matriz genérica 2× 2 X = [ x11 x12 x21 x22 ] Vamos utilizar a equação matricial para obter equações nas incógnitas x11, x12, x21 e x22. Temos que AX = [ 2x11 + 3x21 2x12 + 3x22 4x11 + 5x21 4x12 + 5x22 ] BC = [ −3 5 −1 −3 ] AX +BC = [ 2x11 + 3x21 − 3 2x11 + 3x22 + 5 4x11 + 5x21 − 1 4x12 + 5x22 − 3 ] 17 Logo, exigir que AX +BC = O é exigir que[ 2x11 + 3x21 − 3 2x12 + 3x22 + 5 4x11 + 5x21 − 1 4x12 + 5x22 − 3 ] = [ 0 0 0 0 ] o que só vai acontecer se 2x11 + 3x21 − 3 = 0 2x12 + 3x22 + 5 = 0 4x11 + 5x21 − 1 = 0 4x12 + 5x22 − 3 = 0 ⇒ 2x11 + 3x21 = 3 (1) 2x12 + 3x22 = −5 (2) 4x11 + 5x21 = 1 (3) 4x12 + 5x22 = 3 (4) Multiplicando a equação (1) por 2 e subtraindo a equação (3) do resultado, obtemos: 4x11 + 6x21 = 6 2× (1) 4x11 + 5x21 = 1 (3) x21 = 5 Substituindo x21 = 5 na equação (1): 2x11 + 15 = 3 ⇒ 2x11 = −12 ⇒ x11 = −6 Multiplicando a equação (2) por 2 e subtraindo a equação (4) do resultado, obtemos: 4x12 + 6x22 = −10 2× (2) 4x12 + 5x22 = 3 (4) x22 = −13 Substituindo x21 = −13 na equação (2): 2x12 − 39 = −5 ⇒ 2x12 = 34 ⇒ x12 = 17 Concluímos que X = [ −6 17 5 −13 ] (b) Observe inicialmente XA + B só está bem de�nida se X for uma matriz 2 × 2. Vamos considerar a matriz X então como uma matriz genérica 2× 2 X = [ x11 x12 x21 x22 ] Vamos utilizar a equação matricial para obter equações nas incógnitas x11, x12, x21 e x22. Temos que XA = [ 2x11 + 4x12 3x11 + 5x12 2x21 + 4x22 3x21 + 5x22 ] XA+B = [ 2x11 + 4x12 3x11 + 5x12 + 1 2x21 + 4x22 + 7 3x21 + 5x22 − 2 ] Logo, exigir que XA+B = C é exigir que[ 2x11 + 4x12 3x11 + 5x12 + 1 2x21 + 4x22 + 7 3x21 + 5x22 − 2 ] = [ −1 1 −3 5 ] o que só vai acontecer se 2x11 + 4x12 = −1 3x11 + 5x12 + 1 = 1 2x21 + 4x22 + 7 = −3 3x21 + 5x22 − 2 = 5 ⇒ 2x11 + 4x12 = −1 (1) 3x11 + 5x12 = 0 (2) 2x21 + 4x22 = −10 (3) 3x21 + 5x22 = 7 (4) 18 Multiplicando a equação (1) por 3 e subtraindo o dobro da equação (2) do resultado, obtemos: 6x11 + 12x12 = −3 3× (1) 6x11 + 10x12 = 0 2× (2) 2x12 = −3 Substituindo x12 = −3 2 na equação (1): 2x11 − 6 = −1 ⇒ 2x11 = 5 ⇒ x11 = 5 2 Multiplicando a equação (3) por 2 e subtraindo o dobro da equação (4) do resultado, obtemos: 6x21 + 12x22 = −30 3× (1) 6x21 + 10x22 = 14 2× (2) 2x22 = −44 Substituindo x22 = −22 na equação (3): 2x21− 88 = −10 ⇒ 2x21 = 78 ⇒ x21 = 39 Concluímos que X = [ 5 2 −3 2 39 −22 ] Exemplo 36. Considere as matrizes A = [ 2 −4 0 5 ] , B = [ 0 1 5 4 7 −2 8 2 ] , C = 1 1 6 −4 5 −1 0 1 −7 0 0 1 . Resolva a equação AX = BC. Resolução: Observe inicialmente que BC é uma matriz 2× 3. Como A é uma matriz 2× 2, para que AX esteja bem de�nido precisamos que X tenha 2 linhas. Como queremos que AX seja uma matriz 2× 3, então X deve ser uma matriz 2× 3. Vamos tomar uma matriz X, 2× 3 genérica: X = [ x11 x12 x13 x21 x22 x23 ] Vamos utilizar a equação matricial para obter equações nas incógnitas x11, x12, x13, x21, x22 e x23. Temos que AX = [ 2x11 − 4x21 2x12 − 4x22 2x13 − 4x23 5x21 5x22 5x23 ] BC = [ −4 10 −32 15 5 −10 ] Logo, exigir que AX = BC é exigir que[ 2x11 − 4x21 2x12 − 4x22 2x13 − 4x23 5x21 5x22 5x23 ] = [ −4 10 −32 15 5 −10 ] o que só vai acontecer se 2x11 − 4x21 = −4 (1) 2x12 − 4x22 = 10 (2) 2x13 − 4x23 = −32 (3) 5x21 = 15 (4) 5x22 = 5 (5) 5x23 = −10 (6) 19 � (4) ⇒ x21 = 3 � (5) ⇒ x22 = 1 � (6) ⇒ x23 = −2 � Substituindo x21 = 3 em (1) : 2x11 − 12 = −4 ⇒ 2x11 = 8 ⇒ x11 = 4 � Substituindo x22 = 1 em (2) : 2x12 − 4 = 10 ⇒ 2x12 = 14 ⇒ x12 = 7 � Substituindo x23 = −2 em (3) : 2x13 + 8 = −32 ⇒ 2x13 = −40 ⇒ x13 = −20 Concluímos que X = [ 4 7 −20 3 1 −2 ] 20