Prévia do material em texto
BASQUETE E HANDEBOL PROFESSORES Dr. Claudio Kravchychyn Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Google Play App Store 2 BASQUETE E HANDEBOL NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; KRAVCHYCHYN, Claudio; COSTA, Luciane Cristina Arantes da. Basquete e Handebol. Claudio Kravchychyn; Luciane Cristina Arantes da Costa. Maringá - PR: Unicesumar, 2024. 168 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Esportes coletivos. 2. Handebol. 3. Basquetebol. 4. EaD. I. Título. ISBN papel 978-65-6083-646-4 CDD - 22ª Ed.701.1 ISBN digital 978-65-6083-644-0 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara BeltrameCoordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Victor Augusto Thomazini, Designer Educacional Kaio Vinicius Cardoso Gomes, Revisão Textual Meyre Barbosa da Silva, Ilustração Bruno Pardinho, Marta Sayuri Kakitani, Marcelo Yukio Goto, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia SolangeCoelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Dr. Claudio Kravchychyn Licenciatura em Educação Física pela Escola de Educação Física de Assis (1985). Especializa- ção (lato-sensu) em Musculação e Preparação Física pela Universidade Gama Filho (1993) e em Educação Física Escolar pela Universidade Estadual de Maringá (1987). Mestrado em Educação pela Universidade do Oeste Paulista (2006). Doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá - Programa Associado de Pós-Graduação UEM/UEL (2014). Professor Adjunto do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e consultor do Ministério do Esporte - Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (SNELIS/ME). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas para Educação Física e Esporte (GEPPEFE/UEM). Áreas de atuação: Políticas Públicas para Educação Física e Esporte, Formação Profissional em Educação Física, Pedagogia do Esporte e Educação Física Escolar. <http://lattes.cnpq.br/1541630939742895>. Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (1992). Mestrado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Doutorado em Educação Física realizado pelo Programa Associado de Pós-Graduação UEM/UEL. Atual- mente é professora adjunta do Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá. Áreas de atuação: Educação Física Escolar, Formação Profissional, Pedagogia do Esporte e Psicologia Educacional. <http://lattes.cnpq.br/4373667750972554>. apresentação do material BASQUETE E HANDEBOL Claudio Kravchychyn; Luciane Cristina Arantes da Costa Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao livro de Basquete e Handebol. Nos últimos anos, os pesquisadores de nossa área têm insistido na necessidade de os acadêmicos e professores compreenderem o processo de ensino dos esportes coletivos para que possam ensinar o esporte numa perspectiva ino- vadora. É iminente a necessidade de superar o ensino dos esportes coletivos numa perspectiva tradicional que privilegia formas de ensino marcadas pela prática mecanizada (tendência tecnicista). Tais formas, na maioria das vezes, são descontextualizadas e não possuem relação com o jogo formal. O que isto significa? Que os alunos aprendem os gestos técnicos, mas não conseguem transferir este aprendizado para o jogo, ou seja, não conseguem jogar. Outro aspecto que se perpetuou no ensino dos esportes coletivos ao lon- go dos anos é chamado, informalmente, de “rola-bola”. Nesta perspectiva, o professor ou treinador deixa os alunos jogarem livremente, e são eles que escolhem seus times e como desejam jogar. A consequência é que os alunos com dificuldades acabam sendo excluídos, e o professor torna-se apenas um monitor ou árbitro e organizador das atividades. O nosso objetivo, neste livro, é apontar possíveis caminhos para o ensino dos esportes coletivos, que possam levar à sua compreensão das modalidades aqui apresentadas, o basquetebol e o handebol. Ainda desejamos mostrar o porquê de essas modalidades serem denominadas esportes de invasão, mo- tivo pelo qual foram propostas em conjunto nesta obra. Além disso, é muito importante que você compreenda a necessidade de reavaliar as metodologias ou modelos de ensino, ou seja, as formas de ensinar os esportes e suas dife- rentes possibilidades. Sabemos o quanto o esporte é necessário pois o gosto e o prazer dos alunos em sua prática, mesmo com tantas dificuldades na aprendizagem, ainda estão presentes. O esporte é parte integrante da cultura mundial, promovendo be- nefícios físicos, psicológicos e sociais. Entretanto, deve ser ensinado de forma gratificante e prazerosa, respeitando a individualidade e o interesse dos alunos. sumário UNIDADE I INTRODUÇÃO AOS ESPORTES COLETIVOS – BASQUETEBOL E HANDEBOL 14 Esportes Coletivos de Invasão ou Jogos de Invasão 16 Metodologias de Ensino dos Esportes Coletivos 22 Modelos Alternativos para o Ensino dos Esportes Coletivos de Invasão 36 Referências 39 Gabarito UNIDADE II CONHECENDO O BASQUETEBOL 44 Conhecendo o Basquetebol: Histórico 46 Fundamentos Técnicos do Basquetebol 58 Regras Básicas do Basquetebol 66 Modelos de Exercícios na Iniciação ao Ensino do Basquetebol 76 Referências 77 Gabarito UNIDADE III SISTEMAS TÁTICOS NO BASQUETEBOL 82 Introdução às Ações Táticas 86 Sistemas Táticos Ofensivos do Basquetebol 88 Sistemas Táticos Defensivos do Basquetebol 94 Planos de Aula 108 Referências 109 Gabarito UNIDADE IV CONHECENDO O HANDEBOL 114 Conhecendo o Handebol: Histórico 116 Fundamentos Técnicos do Handebol 124 Regras Básicas do Handebol 130 Modelos de Exercícios na Iniciação ao Ensino do Handebol 140 Referências 141 Gabarito UNIDADE V SISTEMAS TÁTICOS NO HANDEBOL 146 Introdução às Ações Táticas Ofensivas 148 Sistemas Táticos Ofensivos do Handebol 150 Sistemas Táticos Defensivos do Handebol 154 Planos de Aula 167 Referências 167 Gabarito 168 CONCLUSÃO GERAL Professor Dr. Claudio Kravchychyn Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Esportes coletivos de invasão ou jogos de invasão • Metodologias de ensino dos esportes coletivos • Modelos alternativos para o ensino dos esportes coletivos de invasão Objetivos de Aprendizagem • Entender as características dos esportes de invasão. • Estudar as metodologias de ensino dos esportes coletivos. • Compreender os modelos alternativos para o ensino dos esportes coletivos de invasão e sua relação com o ensino do basquetebol e handebol. INTRODUÇÃO AOS ESPORTES COLETIVOS – BASQUETEBOL E HANDEBOL unidade I INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), o basquetebol e o handebol são parte integrante da matriz curricular da Educação Física e se caracterizam como esportes coletivos de invasão, sendo esta a temática da Unidade 1 deste livro. Os esportes coletivos de invasão constituem uma classe de modalidades esportivas em que a disputa é baseada na oposição entre duas equipes. Neles existe um espaço comum de disputa, com o objetivo principal de pontuar e impedir o adversário de atingir sua meta. Uma equipe consegue atuar de forma adequada no sentido coletivo quan- do as estratégias utilizadas contribuem para a aprendizagem da tática. Investigações na área do esporte buscam descrever as ações táticas de cada jogador. Elas funcionam como um manual teórico que descreve aquilo que cada jogador deve fazer e em que momento deve fazer. Nesta unidade, buscamos evidenciar estes aspectos a partir de subsídios teóri- cos, para que você possa compreender as características dos esportes de invasão e as metodologias utilizadas atualmente para o ensino dos espor- tes coletivos, especificamente o basquetebol e o handebol. Ao entender determinados aspectos e os relacionar com a prática pedagógica, tais conhecimentos poderão facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Assim, por exemplo, ao ensinar por que um aluno ou atleta dribla com a mão direita - e não com a esquerda - em algumas situ- ações e posicionamentos em quadra, você será capaz de explicar os mo- tivos desta escolha. Observe que o exemplo do drible (ato de empurrar repetidamente a bola contra o solo) vale para ambos os esportes tratados neste capítulo, ou seja, os esportes de invasão possuem conceitos e carac- terísticas semelhantes. Acreditamos que este é um dos caminhos para que você possa explicar a seus futuros alunos ou atletas a necessidade do aprendizado de cada con- teúdo, para que o ensino não esteja vinculado apenas a fundamentos técni- cos dissociados das situações de jogo. Esta é nossa proposta na Unidade 1. Esportes Coletivos de Invasão ou Jogos de Invasão EDUCAÇÃO FÍSICA 15 Olá, caro(a) aluno(a), antes de tratar das especifi- cidades de métodos alternativos que priorizam o ensino da tática, cabe evidenciaras características dos esportes coletivos de invasão ou jogos de in- vasão. São, essencialmente, modalidades esporti- vas cuja disputa é baseada na oposição entre duas equipes, em um espaço comum e com o objetivo principal de pontuar e impedir que o adversário pontue, por meio de táticas ofensivas e defensivas (LAMAS et al., 2012). Desta forma, os jogos coletivos de invasão pos- suem ações específicas de ataque e defesa, em que prevalecem as relações de cooperação e oposição, com tentativas de finalização e organização do ataque e defesa cujo campo de jogo não é separa- do, como ocorre no voleibol ou no tênis de campo (MESQUITA; GRAÇA, 2006). Outros esportes considerados de invasão fazem parte da realidade brasileira, tais como o futebol e o futsal. Outros estão menos presentes em nossa cultura, mas vêm ganhando espaço, por exemplo, o polo aquático, o rúgbi e o futebol americano. Para aprender tais modalidades, quando o aluno recebe a bola, não pode simplesmente sair correndo com ela. É necessário, inicialmente, que ele compreenda as regras de cada modalidade. A partir desta com- preensão, sua primeira ação, ao receber uma bola durante o jogo, é levantar a cabeça a fim de observar os colegas de equipe, os adversários, a sua meta (ces- ta ou gol) e os espaços livres. Se você observar com cuidado o parágrafo ante- rior, verá todas as características e ações apresenta- das sobre as possibilidades de ação de seu aluno ao receber a bola. Verá, também, que não se referem a um esporte em específico. Isto acontece porque nos esportes de invasão é comum a semelhança nas deci- sões. Por isso, podemos dizer que a aprendizagem de um esporte pode ser transferida para outro (trans- fer). Nos esportes coletivos de invasão, os adversá- rios interagem diretamente entre si, com a existência de muitos contatos físicos. Assim, tanto no basque- tebol quanto no handebol, a necessidade de coope- rar com os companheiros para marcar cestas e gols determina a mesma lógica de funcionamento, sob a qual o principal objetivo é invadir o espaço defendi- do pelo adversário para marcar pontos. Para Gallatti (2006), as regras de ação mais im- portantes para os esportes de invasão estão defini- das da seguinte forma: comportar-se, taticamente, em jogos de equipe, a partir da estrutura e lógica comum, ocupar os espaços da quadra, posicio- nar-se para receber a bola de um companheiro e se posicionar para pressionar um adversário com posse da bola. Durante o processo de ensino e aprendizagem dos esportes de invasão, é necessário que o professor se preocupe com a aprendizagem dos aspectos táti- cos (o que e quando fazer) e dos aspectos técnicos (como fazer) de forma articulada, como veremos no próximo tópico desta unidade. Metodologias de Ensino dos Esportes Coletivos EDUCAÇÃO FÍSICA 17 Desde a década de 60, o ensino dos esportes tem a es- truturação da técnica como prioridade inicial (GAR- GANTA, 1998), ou seja, os professores ou técnicos ensinam a técnica da modalidade para, em seguida, ensinar aspectos táticos. O objetivo do ensino da téc- nica é realizar a ação mais econômica e efetiva dos movimentos, melhorando os resultados alcançados. Neste sentido, o ensino consiste, inicialmente, na ex- plicação e demonstração dos exercícios. Na sequên- cia, por meio do desmembramento do exercício, deve-se evidenciar a execução prática pelos meios técnicos de ensino. Neste entendimento, a técnica é meramente uma etapa da preparação, sendo uma das formas de obtenção de rendimento. Esta metodologia é denominada “método parcial”, ou “método analíti- co-sintético”. A principal crítica a esta forma de en- sinar o esporte é a descontextualização. Mas qual é a consequência dessa descontextualização no processo de ensino e aprendizagem dos esportes coletivos? Apesar de os alunos conseguirem realizar os exercícios técnicos de forma apropriada, caso o en- sino priorize apenas o ensino da técnica, eles podem não compreender sua necessidade de utilização du- rante o jogo. Essa forma de ensino, usualmente, re- cebe a denominação de modelo tecnicista, sob o qual o professor acredita ser necessário o ensino da técni- ca antes de se ensinar conceitos táticos. A utilização destas abordagens tradicionais é bastante comum tanto nos treinamentos esportivos quanto em aulas do componente curricular Educação Física. Desta forma, segundo Costa e Nascimento (2004), o método parcial, cujos movimentos são realizados em partes e somente depois articulados pelos alunos, é considerado um método tradicional. Uma aula ou sessão de treinamento utilizando o mé- todo tradicional pode ser exemplificada da seguinte forma: aquecimento, exercícios para a aprendiza- gem da técnica e jogo formal. Como direcionamen- tos pedagógicos, temos: primeiro, execução do exer- cício conhecido, depois, do desconhecido; execução dos exercícios realizados em partes e, em seguida, de forma completa; e execução de exercícios mais fáceis, seguidos de outros mais complexos. Nos es- portes individuais, tal método ainda é bastante utili- zado, podendo ser muito útil no processo de ensino e aprendizagem. Nos esportes de invasão, entretanto, sob essa abordagem que privilegia o gesto técnico, a aprendi- zagem do jogo somente acontecerá quando as habi- lidades motoras alcançarem o rendimento desejado (GARGANTA et al., 2013). Apesar da vantagem de a habilidade motora ser realizada de forma apropria- da e da facilidade de implementação da abordagem tradicional, algumas desvantagens devem ser consi- deradas (GAMA FILHO, 2001): • Processos de tomada de decisão são deixados para um segundo momento do processo de ensino e aprendizagem, com a justificativa de que o aluno necessita de conhecimento ante- cipado do movimento a ser realizado. • Exercícios repetitivos podem não estimular ou motivar os participantes. • Na maioria das vezes, os alunos não sabem em que momento os movimentos aprendidos devem ser realizados no contexto do jogo, havendo pouca transferência do que o aluno realiza nos exercícios para a situação de jogo. Para ocorrer o transfer, situações de jogo devem ser experimentadas pelo aluno desde o início do pro- cesso de ensino-aprendizagem, partindo das mais simples, com aumento gradativo de complexidade. Por isto, as tarefas ou exercícios devem ser realiza- dos mediante a apresentação de sua utilização du- rante o jogo. 18 BASQUETE E HANDEBOL Vamos a um exemplo: ao ensinar a bandeja - progressão de dois passos com a posse da bola, em direção à cesta - no basquetebol, deve-se considerar que o aluno arremesse a bola tanto com a mão direita quanto com a mão esquerda, dependendo da neces- sidade. A escolha da mão utilizada depende de diver- sos fatores, como o posicionamento na quadra em relação à tabela ou em relação ao defensor. Assim, o professor não deve apenas ensinar os movimentos que compõem a bandeja, mas suas especificidades, para que o aluno as considere no momento do jogo. As habilidades técnicas dos esportes de invasão estão relacionadas às características do jogo formal. Nos esportes coletivos, as situações que ocorrem du- rante o jogo modificam-se a cada ataque, fazendo com que as habilidades técnicas estejam sujeitas a variações de ritmo, intensidade e amplitude (COSTA; NASCI- MENTO, 2004). As experiências práticas nos fizeram acreditar que os movimentos realizados priorizando o ensino da técnica perdem o sentido se não estiverem contextualizadas com o que ocorre durante o jogo. As- sim, ensinar a arremessar no basquetebol, por exem- plo, requer muito mais do que a repetição sistemática. Para Garganta (1998), um dos problemas evidentes no método parcial é que, ao utilizar, prioritariamente, esta abordagem, os professores retardam a abordagem do jogo até que os alunos consigam realizar o funda- mento técnico. É preciso salientar que muitos alunos não conseguirão executar, satisfatoriamente, todos os gestos técnicos de determinada modalidade em um curto espaçode tempo. Assim, ao insistir na aplicação desse método, o professor poderá não oportunizar ou- tras formas gratificantes de aprendizagem. Em contraposição encontra-se o método glo- bal, no qual “[...] a aprendizagem é encarada como a apreensão do todo, durante o jogo” (MESQUITA, 2000, p. 74). Entretanto muito professores confun- diram o método global com o “rola-bola”, prática já mencionada no início desta unidade, deixando os alu- nos jogarem sem nenhuma preocupação pedagógica. Em suma, o método parcial difere do global pela apresentação de uma situação de jogo cujos elemen- tos técnicos e táticos são evidenciados. Os alunos aprendem o intuito de realizar cada movimento, proporcionando elevado nível de motivação, mas podem ter dificuldade na assimilação dos funda- mentos (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Apresen- tadas tais características, você deve estar perguntan- do: Diante disso tudo, como devemos ensinar? Algumas metodologias de ensino, alternativas às duas já citadas, propõem o ensino contextualizado. Em primeiro lugar, não priorizam o ensino da téc- nica. Nessas metodologias, o ensino da tática deve acontecer em conjunto com o ensino da técnica, prio- rizando a primeira. Assim, devemos ensinar o porquê e quando realizar determinado fundamento ou gesto técnico. No contexto americano, o método denomi- nado Teaching Games for Understanding (TGfU), des- de a década de 80, tem apresentado as vantagens de os alunos compreenderem os movimentos que realizam, bem como em que momento é adequado realizá-los no contexto do jogo (BUNKER; THORPE, 1982). No TGfU, o aluno está no centro do processo de ensino e aprendizagem, e seu desenvolvimento ocorre a partir de sua própria consciência tática. No Modelo Desenvolvimentista (Direct Instruc- tion), proposto por Rink (2010), o ensino das habi- lidades no contexto do jogo é ponto fundamental durante o ensino. Sob esse modelo, os professores trabalham com atividades que proporcionam a compreensão do jogo, mas, assim que eles percebem que os alunos não conseguem realizar algum funda- mento (drible, passe, arremesso), voltam a realizar exercícios que evidenciam o ensino do gesto técni- EDUCAÇÃO FÍSICA 19 co, retomando a aprendizagem dos fundamentos da modalidade esportiva. No Método Situacional, Gre- co (1998) evidencia o ensino da tática e da capaci- dade de jogo no ensino dos esportes coletivos por meio de estruturas funcionais, que são constituídas a partir das ações de jogo. Todos esses métodos priorizam o ensino da táti- ca, além de demonstrar o “sentido” do ensino da téc- nica para o aluno (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Segundo Rink (2010), esses modelos têm a preocu- pação de ensinar “o que”, “por quê” e “quando” fazer (tática), para depois ensinar “como” fazer (técnica), tendo como principal objetivo a compreensão da modalidade. Nesta perspectiva, o objetivo do ensino dos esportes coletivos é desenvolver a inteligência tática para que seja estimulada a tomada de decisão por parte dos alunos. O que fazer, por que fazer e quando fazer determinado movimento. Questionamentos como os exemplificados não devem ser aprendidos com o tempo de prática, mas evidenciados a cada aula ou sessão de treinamento. De acordo com a metodologia que escolhemos uti- lizar em nossas aulas, podemos instigar os alunos a buscarem as diferentes respostas possíveis. Estas são de fundamental importância para o processo de en- sino-aprendizagem em qualquer metodologia de en- sino, pois facilitam o processo de tomada de decisão, necessário nas diferentes situações que ocorrem du- rante o jogo (COSTA, 2012). As metodologias de ensino que priorizam o en- sino da tática têm sido apontadas como aquelas que possibilitam a compreensão da modalidade e, como consequência, tornam a prática mais prazerosa. To- memos como exemplo de objetivo de uma aula ou ses- são de treinamento que prioriza o ensino da tática, es- tabelecido e documentado por Costa (2012): realizar situações de contra-ataque por meio de formas modi- ficadas de jogo. Esse objetivo foi estabelecido median- te a verificação de que, durante o jogo formal (5x5), os alunos não conseguiam manter a superioridade numérica (necessária no contra-ataque), ou seja, os defensores têm conseguido voltar ao posicionamento defensivo adequado muito mais em função dos erros de ataque do que da efetividade da defesa. O exercício realizado foi o de 2x1 (dois atacantes e um defensor), utilizando a quadra inteira. Logo após a recuperação da bola, o aluno deveria procurar o companheiro para trocar passes rápidos até a meta (cesta ou gol). Ensinando a arremessar O arremesso é um fundamento importante no ensino do basquetebol e no handebol. Arremessar, além de ser um dos objetivos do jogo, também é um dos fundamentos mais motivadores para a prática das modalidades. Uma aula sem nenhuma atividade que envol- va o arremesso pode gerar críticas de seus alunos. Mas, para exemplificar, antes gosta- ríamos de apontar alguns questionamentos que podem ser realizados aos alunos quando você estiver ensinando basquetebol: Por que, em algumas situações, é mais ade- quado arremessar saltando (jump)? Quando você deve realizar a bandeja? Por que aprender o arremesso com as mãos direita e esquerda é importante? Quando se utiliza um ou outro? Por que devo executar a bandeja iniciando a primeira passada com a perna direita do lado direito da quadra? Mas não posso iniciar a pas- sada com a perna esquerda do lado direito? Assim, ao ensinar o(a) aluno(a) a arremessar, a prioridade é fazer com que ele compreenda as ações que desenvolve, priorizando o ensino da tática. Fonte: adaptado de Costa (2012). SAIBA MAIS 20 BASQUETE E HANDEBOL Sabemos que, neste exercício, os alunos executam diversos fundamentos técnicos, como drible, passe, arremesso e outros. Mas como o objetivo é priorizar o ensino da tática, é preciso que os alunos com- preendam o que fazer (ou não fazer) quan- do ocorrer uma situação de contra-ataque (superioridade numérica). Evitar dribles e trocar passes rápidos, buscando a cesta ou o gol o mais rápido possível é a alternativa mais eficiente, mas ela precisa ser pensada e compreendida pelos alunos. Algumas ques- tões podem estimular o pensamento tático durante o contra-ataque (COSTA, 2012): • Driblar para a lateral da quadra é uma decisão adequada? Na maioria das vezes, não é. Se o aluno faz isso, ele pode ficar “preso/encurralado” nessa lateral. • Durante a realização de um contra- -ataque, é prioridade a realização de dribles ou passes? A prioridade é a realização de passes, que são mais rápidos, desde que sejam realizados corretamente. • Quando ocorrem situações de con- tra-ataque durante um jogo? Após bolas recuperadas, erros dos adver- sários e uma saída rápida dos ata- cantes. Assim, o contra-ataque é ga- rantia de realização de cesta ou gol fácil, e deve ser estimulado durante as aulas. Neste exercício (2x1), o professor poderá estabelecer alguns critérios de execução para que os alunos realizem situações mui- to semelhantes às que acontecem num jogo (COSTA, 2012): • Somente driblar em condições de definição, ou seja, aquele aluno que driblar deve fazer a tentativa da ces- ta ou do gol. • A distância entre os atacantes deve ser a maior possível, dificultando a ação dos defensores (dependendo da faixa etária dos alunos, podemos usar bolas mais leves ou reduzir o espaço de jogo). • O arremesso deve ser realizado no espaço definido pelo professor ou pelos alunos, pois a superioridade numérica dificulta a ação dos defen- sores. EDUCAÇÃO FÍSICA 21 22 BASQUETE E HANDEBOL Modelos Alternativos para o Ensino dos Esportes Coletivos de Invasão Apresentaremos dois modelos que podem ser traba- lhados em conjunto (que formam o modelo híbrido): o Modelo Desenvolvimentista (Direct Instruction/ Developmental Model) e o Modelo de Educação Es- portiva (Sport Education). A justificativa desta esco- lha refere-se aos estudosrealizados em uma revisão sistemática (ARAÚJO et al., 2014), que aponta a im- portância de modelos híbridos que proporcionam a compreensão da complexidade do processo de ensi- no-aprendizagem. Os modelos em evidência a serem trabalhados em conjunto são educacionais, como o Modelo de Educação Esportiva, e de instrução, como o Modelo Desenvolvimentista. Você sabia que muitos professores ensinam os esportes coletivos de invasão (basquete- bol, handebol, futebol, rúgbi, futsal) utilizando ainda o método parcial, também denominado analítico? REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 23 MODELO DESENVOLVIMENTISTA (DIRECT INSTRUCTION/DEVELOPMENTAL MODEL) Preocupa-se com habilidades individuais. Capacidade de controlar a bola. Ações – direcionar a bola com eficiência (com for- ça e direção), parado e em movimento. Exemplos de exercícios: • Simples – passar a bola estendendo os braços. • Complexo – passar a bola na direita ou na es- querda, dependendo do posicionamento do jogador receptor. Receber ações – obter a posse do objeto indo em sua direção, de qualquer nível, direção ou veloci- dade, parado e em movimento. • Simples – receber a bola do jogador de uma curta distância. • Complexo – receber a bola do jogador de uma distância maior, na direita ou na esquerda. Estágio 1 - Exercício Tipo 1 Combinação de habilidades motoras. Movimentos realizados em cooperação. Exemplos de exercícios: • Simples – driblar e realizar um arremesso. • Complexo – driblar e trocar passes até a meta (cesta ou gol) com variedade de movimentos. Estágio 2 - Exercício Tipo 2 Estratégias básicas de defesa e ataque. Exemplos de exercícios: • Simples – um contra um, sem arremesso. • Complexo – 5x5, com arremesso. Estágio 3 - Exercício Tipo 3 Jogos com regras modificadas. Jogo propriamente dito. Exemplos de exercícios: • Simples – introdução das posições dos jogadores. • Complexo – jogo completo com regras especí- ficas. Estágio 4 - Exercício Tipo 4 O Modelo Desenvolvimentista (MD) para o ensino dos esportes coletivos foi elaborado pela professora Judith Rink, na década de 90, nos Estados Unidos da América. O modelo foi divulgado em diversos países, principalmente por Mesquita e Graça (2006). Esse modelo preconiza uma progressão de tarefas tratadas, didaticamente, pelo professor. A seguir, po- demos observar os quatro estágios dos jogos esporti- vos (tipos de exercícios) elaborados por Rink (2010): 24 BASQUETE E HANDEBOL Conforme vimos, no MD, as atividades são realizadas em quatro estágios. No exercício tipo 1, representado pelas Figuras 1 e 2, o professor deve trabalhar ativi- dades em que os alunos realizam uma habilidade/um fundamento sem oposição, ou seja, são exercícios de controle de bola (jogar a bola para o alto, manuseio desta, drible), executando as atividades com metas, como número de execuções em um determinado tempo ou número de execuções consecutivas. No exercício tipo 2, representado pela Figura 3, as atividades devem ser realizadas combinando habilida- des/fundamentos. Assim, os alunos podem, por exem- plo, trocar passes e executar os arremessos. No exercício tipo 3, representado pelas Figuras 4, 5 e 6, as atividades são realizadas em situações semelhantes àquelas que ocorrem durante o jogo. Com esta perspectiva, os pro- fessores devem realizar exercícios que utilizem o jogo: 5x5, no basquetebol, e 7x7, no handebol. O exercício tipo 4 é a forma mais simples para compreensão, pois equivale à prática do jogo formal, no basquete, 5x5 e, no handebol, 7x7. Podem, ainda, ser utilizadas, neste tipo de exercício, adaptações para que os alunos consigam realizar o jogo, como diminui- ção do espaço ou alteração do número de jogadores. O exercício apresentado oferece a oportunidade da prática do fundamento e o reconhecimento de espaços da quadra, incluindo ângulos de arremesso diferenciados, com e sem o auxílio da tabela. Embora sem oposição real, os cones oferecem a possibilidade de simulação de situação de jogo, com mudanças de direção e finalização. A Figura 3 é um exemplo que demonstra a transfe- rência de uma modalidade de invasão para outra (Figu- ra 2: basquetebol; Figura 3: handebol). As mudanças de direção com posse de bola visam a superar o adversário, a criar superioridade numérica e a finalizar, característi- cas comuns presentes nos diversos esportes de invasão. Figura 1 - Exercício tipo 1: os alunos arremessam de diferentes posições ao redor do garrafão Fonte: González et al. (2014). Figura 2 - Exercício tipo 1: drible entre os cones Fonte: Oliveira (2013). Figura 3 - Exercício tipo 2: drible entre os cones e arremesso ao gol Fonte: Pedagogia do handebol ([2017], on-line)1. EDUCAÇÃO FÍSICA 25 Legenda: Atacantes Defensores Coringas Figura 4 - Exercício tipo 3: 3x3 com a presença de um coringa (que participa do ataque, mas não deverá tentar o gol) Fonte: González et al. (2014). Legenda: Atacantes Defensores Deslocamentos dos jogadores Figura 5 - Exercício tipo 3: 2x1 realizado em meia quadra com defensor Fonte: González et al. (2014). Legenda: Atacantes Defensores Deslocamentos dos jogadores Trajetória da bola Figura 6 - Exercício tipo 3: 2x1 com desmarcação para receber a bola Fonte: González et al. (2014). O coringa favorece a simulação de uma situação de jogo frequentemente buscada nos esportes de inva- são: a superioridade numérica. Situações de 2x1, frequentemente ocorrem em contra-ataques e após a ultrapassagem de um defen- sor por um atacante. A possibilidade de recepção - preferencialmente para uma possibilidade de finalização - é facilitada quando o jogador receptor procura se deslocar para um local da quadra onde o atacante com bola possa visualizá-lo. A estruturação da instrução e a didáti- ca empregada nas tarefas são elementos fundamen- tais para a aquisição de novas habilidades motoras pelos(as) alunos(as), facilitando a organização da sequência dos exercícios ao longo das aulas. Além disso, no MD existe a preocupação de que esta abordagem assuma a responsabilidade nos diferen- tes domínios da aprendizagem (psicomotor, afetivo e cognitivo). No domínio psicomotor, a preocupação é o ensino de habilidades motoras, como saltos, arre- messos e rolamentos, e também incluem atividades como exercícios de força, flexibilidade e melhora cardiorrespiratória. O domínio cognitivo assimila a compreensão dos movimentos, princípios, estra- tégias e táticas realizadas durante a aprendizagem. Nessa abordagem, a preocupação é que o aluno compreenda os motivos pelos quais realiza qual- quer atividade. No domínio afetivo, os professores devem ter como objetivo trabalhar o sentimento dos alunos, suas atitudes, seus valores e comporta- mentos sociais (RINK, 2010). Ao valorizar a estruturação do processo de ins- trução, decorrente do entrelaçamento da matéria de ensino com os princípios didáticos, o tratamento di- dático é crucial para o desenvolvimento instrucional e eficaz do conteúdo. 26 BASQUETE E HANDEBOL O MD apresenta uma tipologia de tarefas em complexidade crescente e cujo objetivo primordial é que os alunos possam adquirir novas habilidades motoras. Segundo Rink (2010), para que os objetivos no processo de ensino e aprendizagem sejam alcançados, os professores devem: Identificar os objetivos da aprendizagem. A Apresentar as atividades aos alunos de forma compreensível, de modo a favorecer a motivação de todos. C Realizar avaliação e feedback durante o processo de ensino e aprendizagem. E Avaliar se os objetivos estão sendo alcançados, bem como a efetividade do processo de ensino. G Realizar o planejamento adequado, escolhendo as tarefas mais apropriadas para atingir os objetivos. B Proporcionar a motivação aos alunos por meio da organização adequada das atividades. D Modificar os exercícios de acordo com as respostas dos alunos. F EDUCAÇÃO FÍSICA 27 Assim, os alunos precisam ser conduzidos ao cen- tro do processo de ensino-aprendizagem pormeio de tarefas em equipes, com o objetivo de desen- volver o sentimento de inclusão e pertencimento, desempenhando as diversas funções peculiares aos eventos esportivos (jogadores, técnicos, árbitros, jornalistas etc.). As tradicionais unidades didáti- cas são transformadas em épocas esportivas, e, no final de cada época, são realizados eventos culmi- nantes. Tais eventos envolvem festividades espor- tivas em que são entregues prêmios, entre os quais se destacam o de rendimento esportivo, o de fair- -play, o de cooperação e participação, entre outros definidos pelo professor. O MED é um modelo que privilegia o potencial educativo, buscando formar alunos autônomos para a prática das modalidades esportivas, considerando os aspectos técnicos, táticos, psicológicos e afetivos des- sa prática (MESQUITA, 2012; MESQUITA; GRAÇA, 2009; SIEDENTOP, 1994; 2002). Nesse modelo, os alunos realizam as tarefas em equipes com o objetivo de, no final de cada época desportiva, realizar festi- vais no fim de cada conteúdo ou bimestre. Os estudos realizados com o MED revelaram a sua importância na humanização do desporto, per- mitindo que os alunos assumam, gradativamente, responsabilidades no processo de ensino-aprendi- zagem (SIEDENTOP, 2012). Entretanto as investi- gações sobre o impacto do MED nos resultados de aprendizagem motora dos alunos ainda são escassos (HASTIE; CALDERÓN; PALAO; ORTEGA, 2011). Segundo Mesquita (2012), apesar da importância dos valores efetivados pelo MED, a Educação Física alcança o seu significado educacional ao desenvolver a competência e o desempenho motor dos alunos. MODELO DE EDUCAÇÃO ESPORTIVA (SPORT EDUCATION MODEL) No Modelo de Educação Esportiva (MED), o prin- cipal objetivo do processo de ensino e aprendizagem é investir no potencial educativo do esporte, na for- mação de jovens desportivamente competentes, cul- tos e entusiastas (SIEDENTOP, 1994; SIEDENTOP, 2002). O MED procura oferecer aspectos de reno- vação no ensino dos jogos, investindo em seu po- tencial educativo (MESQUITA, 2012; MESQUITA; FARIAS; HASTIE, 2012). O MED busca reorganizar o ensino com um con- texto que reproduza as situações que ocorrem no es- porte, principalmente aquelas que nos apresentam fair-play e oportunidades de aprendizado educacio- nal, por meio da substituição de unidades didáticas de curta duração pelo conceito de época desportiva. Os procedimentos metodológicos utilizados no MED são importantes para que os alunos possam vivenciar a competição e sua organização sistemática, o registro de resultados e estatísticas dos desempenhos de seu grupo, a atribuição de funções que compõem o envol- vimento no esporte com os diferentes papéis, como o de capitão ou técnico de seu grupo, exercendo a função de árbitros, diretores e jornalistas (GRAÇA; MESQUI- TA, 2013). Neste sentido, o ensino da competição é: [...] fundada numa ética de respeito pelo espírito de jogo, num clima que favoreça a participação, o de- senvolvimento individual, que equilibre as oportu- nidades de aprender e de jogar de todos os partici- pantes. Perfilhando uma orientação inclusiva, não elitista, o modelo de educação desportiva tem que lidar criteriosamente com a tensão inevitável entre vetores relativamente divergentes: por um lado, os interesses imediatos e pragmáticos da competição, isto é, garantir o melhor resultado possível e, por outro, os interesses individuais de cada um, ou seja, garantir a oportunidade de participação efetiva no jogo (GRAÇA; MESQUITA, 2013, p. 15). 28 considerações finais C aro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa primeira unidade. Nela, apren- demos a necessidade de superar o ensino dos esportes coletivos numa pers- pectiva tradicional, que privilegia formas de ensino marcadas pela prática mecanizada (tendência tecnicista e método parcial). Buscamos enfatizar a importância de priorizar o ensino da tática, em que os alu- nos sempre aprendem a necessidade de cada movimento realizado. Quando o aluno entende o porquê de realizar um arremesso e em que momento ele deve ser realiza- do, o ensino da técnica é uma consequência, uma necessidade. Observe que, nesta última frase, não apresentamos a modalidade (esporte) com a qual você está traba- lhando. Esse esporte pode ser qualquer um que possua características semelhantes (esportes de invasão), como o basquetebol e o handebol, pois ambos possuem duas equipes, atacam uma meta e defendem a outra. Essas metas, por sua vez, encon- tram-se em espaços diferenciados, os quais as equipes tentam invadir quando estão atacando. Nesta perspectiva, utiliza-se as mãos, os pés ou um bastão para jogar. Buscamos enfatizar que em, todos os esportes de invasão, as decisões táticas são semelhantes e, por isto, podemos dizer que o ensino desses esportes é parecido nas diferentes modalidades. Em outras palavras, a aprendizagem de um esporte pode ser transferida para outro (transfer), por exemplo, ao passar a bola ao companheiro e decidir o momento mais apropriado para realizar esta habilidade. Desta forma, o que aprendemos para o handebol pode ser utilizado para o basquete ou o futebol, modalidades que exigem pensamento estratégico e tomada de decisão semelhantes. Destacamos, ainda, a necessidade de compreender os modelos alternativos para o ensino dos esportes de invasão, apontando a literatura nacional e internacional que justificam a utilização de tais modelos. 29 atividades de estudo 1. O processo de ensino e aprendizagem dos esportes de invasão tem por objetivo a sua compreensão de que, ao ensinar o basquetebol e handebol, poderá aplicar elementos desse ensino também em outras modalidades. Assim, nos esportes de invasão: a) Ocorre a oposição entre duas equipes, em um espaço comum, divididas por uma rede ou outro objeto que impeça o contato físico. b) Ocorre em um espaço comum, com o objetivo principal de jogar em espaços que imponham a divisão entre os adversários. c) A disputa esportiva é baseada na oposição entre duas equipes, em um espaço comum, com o objetivo principal de pontuar e impedir que o adversário pon- tue por meio de táticas ofensivas e defensivas. d) As equipes trabalham em conjunto em um espaço comum, com objetivo de pontuar por meio de táticas ofensivas. e) São praticados jogos considerados, em alguns momentos, coletivos, e, em ou- tros momentos, individuais. 2. O objetivo do ensino da técnica é realizar a ação mais econômica e efetiva dos movimentos, melhorando os resultados alcançados. Para tanto, o ensino inicia-se com o método verbal, que consiste na explicação e demonstração dos exercícios; a seguir, faz-se o desmembramento dos exercícios, repetindo-os. Em relação aos conhecimentos do ensino da técnica (fundamentos técnicos) descritos, leia as assertivas seguintes: I - A técnica é, meramente, uma etapa da preparação, sendo uma das formas de obter rendimento imediato. II - Esta metodologia também é denominada método parcial. A principal crítica dessa forma de ensinar o esporte é a sua descontextualização. III - Apesar de os alunos conseguirem realizar os exercícios técnicos de forma apropriada, caso o ensino priorize apenas a técnica, o professor pode dificul- tar a compreensão da modalidade esportiva. IV - Essa forma de ensino é também denominada modelo tecnicista, em que o professor acredita que é necessário apenas ensinar a técnica. Com base nas assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) Todas as afirmações são verdadeiras. 30 atividades de estudo 3. No Modelo Desenvolvimentista (MD), proposto por Rink (2010), o ensino das ha- bilidades no contexto do jogo é ponto fundamental durante o processo de ensi- no e aprendizagem. Sobre esse modelo, podemos afirmar: a) Nesse modelo (MD), os professores trabalham com atividades que visam a compreensão do jogo, mas assim que percebem que os alunos não conse- guem realizar algum fundamento (drible,passe, arremesso), voltam a realizar exercícios que evidenciam o ensino do gesto técnico, retomando a aprendiza- gem dos fundamentos da modalidade esportiva. b) O Modelo Desenvolvimentista (MD) para o ensino dos esportes coletivos pre- coniza a progressão de tarefas tratadas, as quais os alunos escolhem e direcio- nam as atividades a serem realizadas na aula com a orientação do professor. c) O tratamento didático dos conteúdos não é prioridade no ensino dos espor- tes a partir do ensino no Modelo Desenvolvimentista (MD). d) No início do processo de ensino e aprendizagem do Modelo Desenvolvimen- tista (estágio 1), o professor deve trabalhar atividades em que os alunos reali- zam uma habilidade com oposição (marcação). e) No Modelo Desenvolvimentista (MD), as atividades são realizadas em quatro estágios. Somente no final do processo de ensino e aprendizagem, estágio quatro, é que o professor deve trabalhar atividades em que os alunos rea- lizem uma habilidade/fundamento sem oposição, ou seja, são exercícios de controle de bola (jogar a bola para o alto, manuseio desta, drible). 4. No Modelo de Educação Desportiva (MED), o principal objetivo do processo de ensino e aprendizagem é investir no potencial educativo do esporte, na formação de estudantes desportivamente competentes, cultos e entusiastas. Sobre o MED, leia as assertivas a seguir: I - Procura oferecer aspectos de renovação no ensino dos jogos, investindo em seu potencial educativo. II - O MED busca reorganizar o ensino com um contexto que reproduza as situ- ações que ocorrem no esporte, principalmente aquelas que nos apresentam fair-play e oportunidades de aprendizado educacional por meio da substitui- ção de unidades didáticas de curta duração pelo conceito de época desportiva. III - Os procedimentos metodológicos são utilizados para que os alunos vivenciem a competição e sua organização sistemática, o registro de resultados e estatísti- cas dos desempenhos de seu grupo, a atribuição de papéis e funções que com- põem o envolvimento no esporte, como o de capitão ou técnico de seu grupo, exercendo a função de árbitros, diretores e jornalistas. IV - Os alunos são o centro do processo de ensino-aprendizagem, realizando as tarefas em equipes com objetivo de desenvolver o sentimento de afiliação, de- sempenhando diferentes papéis (jogadores, árbitros, jornalistas e dirigentes). 31 atividades de estudo Com base nas assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) III e IV, apenas. e) Todas as afirmações estão corretas. 5. Os procedimentos metodológicos utilizados no MED são importantes para que os alunos: I - Possam vivenciar a competição e sua organização sistemática. II - Aprender a realizar o registro de resultados e estatísticas dos desempenhos de seu grupo. III - Consigam atribuir papéis e funções que compõem o envolvimento no espor- te, como o de capitão ou técnico de seu grupo, exercendo a função de árbi- tros, diretores e jornalistas. De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmação I. b) Somente as afirmações I e II. c) Somente as afirmações II e III. d) Somente as afirmações I e III. e) Todas as afirmações estão corretas. 32 LEITURA COMPLEMENTAR O ENSINO DA TÉCNICA [...] Atualmente muitos estudantes de Educação Física buscam a formação inicial com o intuito de melhorar suas próprias habilidades. A diferença é que principalmente até a década de 1980, essa busca era legitimada na realidade brasileira. Aulas sob abordagens tradicionais eram ministradas ao futuro professor para enfatizar a técnica como prioridade no ensino dos esportes. Segundo Garganta (1998), desde a década de 1960 o ensino das modalidades esportivas baseia-se na estruturação da técnica como prioridade no ensino dos esportes. Na estruturação do treinamento técnico algumas variáveis devem ser consideradas: a es- trutura temporal, quando se realiza o ensino da técnica, a frequência, como se apresentam os exercícios e a precisão (GRECO, 1988). Segundo Filin (1996), o objetivo da técnica é melhorar o resultado, permitindo uma ação mais econômica e efetiva dos movimentos. Para tanto, segundo o autor, inicia-se com o mé- todo verbal, que consiste na explicação e demonstração dos exercícios. A seguir, através do desmembramento do exercício, deve-se evidenciar a execução prática através dos meios técnicos de ensino. Nesse entendimento, a técnica é meramente uma etapa da preparação, sendo uma das formas de obtenção de rendimento. A descontextualização, característica da tendência tecnicista, poderia dificultar o entendimento da modalidade esportiva. A utilização de abordagens tradicionais para o ensino da técnica é bastante comum tanto nos treinamentos quanto na realidade educacional. Durante os estágios iniciais do proces- so ensino-aprendizagem, a atividade motora dos alunos é bastante imprecisa, possuindo muitas vezes a aparência rígida. Talvez a necessidade do professor em transformar esses movimentos rapidamente numa ação motora mais eficiente justifique a opção pela repro- dução de movimentos considerados perfeitos, numa análise biomecânica. Dessa forma, deve-se considerar que o ensino da técnica através do método parcial poderia de fato obter resultados consideráveis. Para Weineck (1999), o método de ensino parcial é utilizado na execução de movimentos complexos, sendo treinados em partes, que serão articuladas quando forem dominadas. 33 LEITURA COMPLEMENTAR Segundo Garganta (2002), neste método, em que o gesto técnico é privilegiado, a aborda- gem do jogo é retardada até que as habilidades alcancem o rendimento desejado. Outras desvantagens, segundo Gama Filho (2001), é que não ocorrem os processos de tomada de decisão, pois o aluno possui conhecimento antecipado do movimento a ser realizado. Além disso, os exercícios repetitivos não estimulam a motivação dos participantes. Por ou- tro lado, o mecanismo de execução é altamente evidenciado, possibilitando o domínio do movimento. A facilidade de implantação da abordagem tradicional e a possibilidade da execução per- feita dos movimentos justificam a implantação desse modelo. Como aspecto negativo, há pouca transferência do que o aluno realiza para a situação de jogo. Para que essa transfe- rência de fato ocorra, deve-se valorizar novos aspectos no ensino da técnica, principalmen- te no sentido da qualidade de sua implantação. O ENSINO DA TÁTICA Em contrapartida à tendência tecnicista, surge a preocupação com o processo de ensino da tática nos esportes. Segundo Garganta (2000, p. 51), “a tática é entendida como algo que se refere à forma como os jogadores e as equipes gerem os momentos do jogo”. Para o autor, as experiências táticas devem ser orientadas inicialmente a partir da análise da es- trutura do jogo, para configurar a especificidade de cada esporte e dessa forma realizar o planejamento de acordo com os objetivos. Desse modo, o objetivo da aprendizagem tática, segundo Greco (1997), é que o aluno aprenda a tomar decisões e resolver problemas que ocorrem durante o processo. Os esportes coletivos possuem características que não são totalmente previsíveis. Os acon- tecimentos não se repetem sempre na mesma ordem cronológica, fazendo com que ati- tudes tático-estratégicas sejam requeridas ao jogador (GARGANTA, 2000). Dessa forma, a estruturação de um modelo de jogo previamente estabelecido pode facilitar o processo de tomada de decisão. 34 LEITURA COMPLEMENTAR O processo da tomada de decisão é caracterizado pela capacidade de resolver com sucesso as tarefas ou problemas que as atividades apresentam (GRECO, 2001). Segundo Paula et al. (2000), todo processo de tomada de decisão é uma decisão tática, que pressupõe uma atitude cognitiva do aluno e uma participação efetiva do professor como elo entre o conhe- cimento e o desenvolvimento do aluno. Os processoscognitivos inerentes à tomada de de- cisão tática se revelam importantes no contexto dos esportes coletivos. Segundo Schmidt e Wrisberg (2001), a seleção da resposta (decisão) depende inicialmente da identificação do estímulo, para que a seguir a resposta ou ação possa ser programada. Mesmo que a dimensão tática não tenha sido totalmente efetivada, principalmente nas aulas de Educação Física, estudos realizados evidenciam a importância da interação entre a técnica e a tática no ensino dos esportes coletivos. Entretanto, quais seriam então as me- todologias que dariam conta desses objetivos? [...] Fonte: Costa e Nascimento (2004). 35 material complementar Um sonho possível 2009 Sinopse: Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem negro, não tinha onde mo- rar. Um dia, ele foi avistado pela família de Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock) andando em direção ao estádio da escola para dormir longe da chuva. Foi con- vidado para passar uma noite na casa dos milionários. Aquele dia mudaria para sempre a sua vida, e ele se tornou, mais tarde, um astro do futebol americano. Indicação para Assistir 36 referências ARAÚJO R.; MESQUITA I.; HASTIE, P. A. Review of the status of learning in re- search on sport education: Future research and practice. Journal of Sports Science and Medicine, n. 13, v. 4, p. 846-858, 2014. BUNKER, D.; THORPE, R. The curriculum model. In: BUNKER, D.; THORPE, R.; L. ALMOND (Eds.). Rethinking Games Teaching. Loughborough, Dept. of Physical Education and Sports Science, University of Technology, 1986. COSTA, L. C. A.; NASCIMENTO, J. V. O ensino da técnica e da tática: novas abor- dagens metodológicas. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 15, n. 1, p. 49-56, 2004. COSTA, L. C. A. Pedagogia do basquetebol: diferentes abordagens. In: RODRIGUES, H. A.; DARIDO, S. Basquetebol na escola: uma proposta didático-pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. GALATTI, L. R. Pedagogia do esporte: o livro didático como um mediador no pro- cesso de ensino e aprendizagem de jogos esportivos coletivos. 2006. 139p. Disser- tação (Mestrado em Educação Física), Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006. GAMA FILHO, J. G. Metodologia do Treinamento técnico tático no futebol. In: GARCIA, E. S.; LEMOS, K. L. M. (Orgs.). Temas atuais em Educação Física e espor- tes. Belo Horizonte: Health, 2001, p. 86-106. Volume 6. GARGANTA, J.; GUILHERME, J.; BARREIRA, D.; BRITO J.; REBELO, A. Funda- mentos e práticas para o ensino e treino do futebol. In: TAVARES, F. Jogos Despor- tivos Coletivos: Ensinar a Jogar. Porto: FADEUP, 2013, p. 55-72. 37 referências GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Orgs.). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 3. ed. Lisboa: Uni- versidade do Porto, 1998. GONZÁLEZ, F. J. et al. Esportes de invasão: basquetebol, futebol, futsal, handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem, 2014. GRAÇA, A.; MESQUITA, I. Modelos e concepções de ensino dos jogos desportivos. In: TAVARES, F. Jogos desportivos coletivos: ensinar a jogar. Porto: FADEUP, 2013. p. 9-54. GRECO, P. J. Iniciação esportiva universal: metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube. Belo Horizonte: UFMG, 1998. HASTIE, P.; CALDERÓN, A.; PALAO, J.; ORTEGA, E. Quantity and quality of prac- tice: interrelationships between task organization and student skill level in physical education. Research Quarterly for Exercise and Sport, v. 82, p. 784-787, 2011. LAMAS, L.; BARRERA, J.; OTRANTO, G.; UGRINOWITSCH, C. Elementos estru- turais de um modelo formal dos esportes coletivos de invasão. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 26, n. 4, p. 741-53, 2012. MESQUITA, I.; FARIAS, C.; HASTIE, P. The impact of a hybrid sport education: invasion games competence model soccer unit on students’ decision making, skill execution and overall game performance. European Physical Education Review, v. 18, n. 2, p. 205-219, 2012. MESQUITA, I.; GRAÇA, A. Modelos de ensino dos jogos desportivos. In: TANI, G.; BENTO, J. O; PETERSEN, R. Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p. 269-283. 38 referências ______. Modelos instrucionais no ensino do desporto. In: ROSADO, A.; MESQUI- TA, I. (Orgs.). Pedagogia do Desporto: Edições FMH, 2009. p. 39-68. MESQUITA, I. Modelação no treino das habilidades técnicas nos jogos desportivos. In: GARGANTA, J. (Org.). Horizonte e órbitas no treino dos jogos desportivos. Porto: Converge Artes Gráficas, 2000, p. 73-89. MESQUITA, I. Fundar o lugar do desporto na escola através do Modelo de Educação Desportiva. In: MESQUITA, I.; BENTO, J. O. (Eds.). Professor de Educação Física: fundar e dignificar a profissão. Belo Horizonte: Casa da Educação Física, 2012, p. 177-206. OLIVEIRA, J. E. C. Manual acadêmico para o ensino dos fundamentos básicos do basquetebol. EFDesportes, Buenos Aires, n. 184, 2013. RINK, J. E. Teaching physical education. 6. ed. New York: McGraw-Hill Companies, 2010. SIEDENTOP, D. Sport education: A retrospective. Journal of Teaching in Physical Education, n. 21, v. 4, p. 409-418, 2002. ______. Sport education: Quality PE through positive sport experiences. Cham- paign: Human Kinetics, 1994. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: <https://pedagogiadohandebol.com.br/2014/10/27/meios-taticos-no-handebol/#- more-1604>. Acesso em: 22 abr. 2019. 39 gabarito 1. C. 2. C. 3. A. 4. E. 5. E. Professor Dr. Claudio Kravchychyn Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conhecendo o basquetebol: histórico • Fundamentos técnicos do basquetebol • Regras básicas do basquetebol • Modelos de exercícios na iniciação ao ensino do basquetebol Objetivos de Aprendizagem • Analisar a história e as principais características da modalidade. • Conhecer os fundamentos técnicos do basquetebol. • Reconhecer as regras básicas do basquetebol. • Analisar os modelos de exercício na iniciação ao ensino do basquetebol. CONHECENDO O BASQUETEBOL unidade II INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), como esporte institucionalizado e olímpico, com regras internacionais, o basquetebol é um dos esportes mais praticados e assistidos no mundo. Além da Federação In- ternacional de Basquetebol (FIBA) e das confederações nacio- nais, que promovem o esporte a nível mundial - especialmente por meio dos campeonatos mundiais e jogos olímpicos -, também existe a National Basketball Association (NBA), a liga profissional norte-americana, que promove forte difusão midiática do esporte. O basquetebol é um importante elemento da cultura corporal do mo- vimento, integrando o currículo da Educação Física escolar brasileira. Nesse sentido, o professor ou treinador é responsável por incorporar as dimensões conceitual (o que se deve saber), procedimental (o que se deve saber fazer) e atitudinal (como se deve ser) durante aulas ou sessões de treinamento. A prática do basquetebol pode ser oferecida na forma de lazer, exercício físico regular ou competição (escolar, em nível recreativo ou, para alguns, em alto rendimento). Na Unidade 2, você deverá adquirir conhecimentos e vivenciar esse esporte, entendendo sua origem e seu desenvolvimento pelo mundo e no Brasil, bem como suas características gerais, regras básicas e seus funda- mentos técnicos e táticos, entendendo que ambos os aspectos precisam ser trabalhados de forma conjunta. Desejamos que o conteúdo desta unidade instrumentalize você para o ensino seguro e eficiente da modalidade, bem como forneça os conhe- cimentos básicos que possibilitem seu avanço na direção dos conheci- mentos sobre a modalidade futuramente, se assim desejar. Bem-vindo(a) ao mundo do basquetebol! 44 Conhecendo o Basquetebol: Histórico Olá, caro(a) aluno(a), aqui conheceremos um pouco da história do basquetebol. Sua criação deu-se em 1891, no Colégio Internacional da Associação Cristã de Moços (ACM) de Springfield,Massachu- setts, Estados Unidos da América (EUA). Nesta região, com invernos rigorosos e longos períodos de incidência de neve, a prática de esportes coletivos - especial- mente o beisebol e o futebol americano, que, naquela época, eram praticados ex- clusivamente ao ar livre - restringia-se a um curto período de verão. Assim, as aulas de inverno eram compostas, exclu- sivamente, de conteúdos ginásticos, que não satisfaziam plenamente os alunos. EDUCAÇÃO FÍSICA 45 puxar, empurrar, segurar ou derrubar um adversá- rio, além da limitação de faltas individuais (CON- FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1. A partir daí, o novo esporte foi tomando corpo e ganhando em competitividade e motivação. A prática popularizou-se rapidamen- te, nos EUA e, em 1896, apenas cinco anos após a criação do esporte, foi constituída a primeira liga profissional de basquetebol no país (VIEIRA; FREITAS, 2006). O Brasil foi um dos primeiros países a conhecer a novidade, por meio do professor de Artes norte-a- mericano Augusto Shaw, que veio lecionar no tradi- cional Mackenzie College, em São Paulo, trazendo, na bagagem, uma bola de basquetebol. Ele conseguiu montar a primeira equipe brasileira da modalidade no próprio Mackenzie, em 1896 (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1. Os primeiros anos do século XX foram marcados pela criação de federações em diversos países, entre elas a brasileira, fundada em 1933. Este movimen- to de internacionalização culminou com a inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936. Na ocasião, James Naismith lançou a bola ao alto, simbolicamente, no primeiro jogo olímpico de basquetebol (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Segun- do a Confederação Brasileira de Basquetebol ([2018], on-line)1, o esporte é praticado, atualmente, por mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Com o objetivo principal de sanar este inconve- niente, James Naismith, professor de Educação Físi- ca canadense que lecionava na ACM, dedicou-se a elaborar um jogo que deveria ser praticado por um grande número de alunos, que fosse prazeroso e capaz de se adaptar a espaços fechados (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1. Inicialmente, a maior preocupação de James Naismith foi a segurança. Deveria ser um jogo mo- tivante, mas que não tivesse embates físicos similares aos do futebol americano. Assim, os contatos físicos foram restringidos e a condução da bola só poderia ser feita quicando ou rolando. Tais normas estimu- laram o jogo coletivo pela necessidade de se passar, constantemente, a bola, que deveria ser maior do que a de futebol (soccer) e quicar com regularidade. O alvo também não poderia ser no chão, pois as paredes próximas poderiam provocar acidentes. Desta forma, foram colocados dois cestos de colher pêssegos, um de cada lado do salão onde Naismith ministrava suas aulas, a uma altura de 3,05 m do chão (essa altura permanece até hoje), o que dava certa dificuldade ao jogo (KRAVCHYCHYN et al., 2011). A primeira aula de basquetebol foi ministra- da para 18 alunos, que foram separados em duas equipes de nove jogadores. Inicialmente, o jogo foi disputado sob treze regras simples. Algumas delas perduram até os dias atuais, como a impossibili- dade de correr com a bola nas mãos, socar a bola, Como você conheceu e praticou o basquetebol? Como você ensinará a modalidade? Lembre-se de considerar interesses, necessidades e possibilidades de seus alunos em sua prática pedagógica! REFLITA 46 Fundamentos Técnicos do Basquetebol EDUCAÇÃO FÍSICA 47 A partir dos embates e das transformações que en- volveram a Educação Física, a partir da década de 80, observou-se a desvalorização da aprendizagem técnica ou de aprofundamento dos conhecimentos e das habilidades dos fundamentos dos esportes nas aulas da disciplina. Atualmente, no entanto, verifica- -se um movimento de resgate do ensino das técnicas esportivas, favorecendo a aquisição de conhecimen- tos e habilidades necessárias ao desenvolvimento da autonomia e competência para a prática esportiva (VIANNA; LOVISOLO, 2009). Neste sentido, entendemos que a identificação, a compreensão e o domínio da técnica e da tática do basquetebol são fatores essenciais para uma prática autônoma e permanente. Portanto, desenvolver as ha- bilidades técnicas envolvidas no jogo é condição fun- damental para a prática cotidiana tanto sob a forma de lazer quanto de exercício físico regular, ou, ainda, como prática competitiva. De forma ampla, os fundamentos do basquetebol podem ser subdivididos em domínio de corpo, manejo de bola, drible, passes, arremessos e rebotes (BÔAS, 2008; KRAVCHYCHYN et al., 2011). DOMÍNIO DE CORPO É a capacidade de realizar os movimentos do basque- tebol, “[...] controlando o corpo no tempo e espaço exigidos pela dinâmica do jogo” (OLIVEIRA; PAES, 2012, p. 76). Os elementos principais do domínio de corpo são: posição básica (em equilíbrio simétrico ou assimétrico), pé de pivô e paradas bruscas (em um ou dois tempos) (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Posição básica em equilíbrio simétrico Pés fixados ao solo, paralelamente, distanciados pouco mais que a largura dos ombros; pernas semi- -flexionadas; tronco ligeiramente inclinado à frente; peso igualmente distribuído sobre as pernas; cabe- ça na posição vertical, campo visual dominando a maior área de jogo possível; braços ligeiramente fle- xionados; palmas das mãos e antebraços dirigidos à frente e para dentro. Posição básica em equilíbrio assimétrico Igual a posição anterior, mas com um pé à frente do outro. A posição dos braços e mãos acompanha a das pernas e dos pés, ou seja, se a perna esquerda estiver à frente, o braço esquerdo também deverá estar. O jogador de basquetebol com posse da bola somente poderá se movimentar quicando-a, su- cessivamente, contra o solo, com uma das mãos (drible). Não poderá, portanto, correr com a bola sob seu domínio. Desta forma, o domínio de corpo é importante nas situações de posse de bola para evitar uma violação às regras comuns no jogo: an- dar com a bola. O pé de pivô e as paradas de um e dois tempos são itens de controle de corpo de suma importância. Figura 1 - Posição básica 48 Figura 3 - Parada bruscaFigura 2 - Pé de pivô Pé de pivô Com a posse da bola, o jogador utiliza este funda- mento para protegê-la, ocupar um espaço, girar o corpo ou mesmo procurar uma posição melhor de passe, drible ou arremesso, fundamentos que vere- mos a seguir. Consiste em manter um dos pés fixos no chão, podendo tirar o outro em qualquer direção, quantas vezes for necessário. Parada brusca de um tempo Recebendo um passe ou parando um drible, após a fase aérea de corrida (momento em que nenhum dos pés está tocando o solo), o jogador para com os dois pés ao mesmo tempo. Neste caso, qualquer um dos dois pés poderá ser o pé de pivô (pé de apoio). Parada brusca de dois tempos Após a fase aérea da corrida, o jogador para com um pé, depois com o outro. Neste caso, somente o pri- meiro pé que tocar o solo poderá ser o de pivô. EDUCAÇÃO FÍSICA 49 MANEJO DE BOLA O basquetebol é um esporte reconhecido por suas jogadas de habilidade. Para que isto ocorra, é neces- sário que o jogador execute a correta empunhadura, base para a recepção da bola e a execução do drible e de passes e arremessos. Empunhadura As mãos devem esperar e/ou segurar a bola como um cone imaginário ou em forma de concha, com as pontas dos dedos e as partes calosas das mãos em contato com a bola. Figura 4 - Empunhadura DRIBLE É o domínio do corpo e da bola quicando. Empurra- se a bola com apenas uma das mãos de encontro ao solo, amortecendo-a de baixo para cima, repetindo, em seguida, o ato de empurrar, com movimentos que podem ser lentos ou rápidos, estando o jogador parado ou em corridas e paradas bruscas, sempre visando o deslocamento eficiente e a proteção da bola. A movimentação dos braços, dos antebraçose das mãos deve ser suave, harmoniosa e cadenciada. Com a prática regular, o jogador passa a executar o drible sem olhar para a bola, condição ideal para o jogo coletivo. Pode ser executado alto ou baixo. Drible baixo Realizado com o tronco mais inclinado à frente, com a bola subindo, aproximadamente, até a altura do joelho, geralmente, em situações de marcação próxima, que exigem do jogador maior proteção da bola e agilidade. Figura 5 - Drible baixo 50 Drible alto Realizado na linha da cintura ou um pouco acima, geralmente, em situações que exigem velocidade, como contra-ataques ou momentos em que o joga- dor não é marcado de perto. Figura 6 - Drible alto PASSE Como vimos no histórico da modalidade, desde sua concepção, o basquetebol priorizou o passe como fundamento essencial ao jogo coletivo pretendido por seu criador. É realizado com a intenção de al- cançar as melhores condições possíveis de transição da defesa ao ataque, bem como de arremesso à ces- ta (OLIVEIRA; PAES, 2012). O passe para um(a) companheiro(a) que finalize a cesta em condições favoráveis é denominado assistência, ação cada vez mais valorizada não só no basquetebol, mas em to- dos os esportes de invasão. Os diversos tipos de passes podem ser executa- dos em equilíbrio simétrico ou assimétrico, em mo- vimento ou saltando. Os passes mais utilizados no basquetebol são: passe de peito (com uma ou com as duas mãos), acima da cabeça, de ombro, de gancho e quicado. Passes especiais - de costas, por trás do cor- po e entre as pernas, por exemplo - também fazem parte do repertório dos jogadores, sendo utilizados como recursos técnicos. Passe de peito com as duas mãos Com a empunhadura correta e com o olhar à frente, é executado partindo da flexão dos braços, seguida de extensão e soltura da bola. No momento da sol- tura, o tronco se projeta levemente à frente, e os pu- nhos são levemente abduzidos a fim de proporcio- nar melhor direcionamento da bola. Pode também ser realizado com uma das mãos, quando esta vai à frente na fase final do movimento. Figura 7 - Passe de peito EDUCAÇÃO FÍSICA 51 Passe de peito com uma das mãos É uma variação do passe de peito com as duas mãos. Até a fase da soltura da bola, a movimentação é idêntica. Nesta fase, uma das mãos é destacada, com extensão do braço do passe e leve flexão do punho, dando direção e força ao passe. Passe de ombro Passe forte e longo, como o próprio nome sugere, é executado com uma das mãos à altura do ombro. Com a bola segura nas duas mãos, o referido pas- se é realizado seguindo as etapas de empunhadu- ra, flexão e extensão dos braços, com a soltura da bola. Pé contrário ao da mão do passe à frente e uma leve rotação do tronco dão mais segurança e velocidade ao passe. Figura 9 - Passe de ombro Figura 8 - Passe de peito com uma das mãos 52 Passe acima da cabeça Passe de curta ou média distância, executado com as duas mãos, com empunhadura alta. Impulsiona-se a bola com um leve movimento de antebraço, flexão do punho e tronco à frente. Deve-se tomar o cuida- do de, no impulso da bola acima da cabeça, não pro- jetá-la excessivamente para trás, o que ocasionaria uma desproteção dela. Passe de gancho Também é um passe longo cujo movimento é exe- cutado com uma das mãos, lateralmente à direção do passe. Pode ser efetuado com os dois pés fixos no chão ou com a elevação do joelho correspondente à mão que executa o passe. A finalização ocorre acima da cabeça, com leve flexão do punho, e, geralmente, a trajetória da bola é parabólica. Figura 10 - Passe acima da cabeça Figura 11 - Passe de gancho EDUCAÇÃO FÍSICA 53 Passe quicado Nesse tipo de passe, a bola toca o chão antes da re- cepção. Em geral, é utilizado em condições espe- ciais, sob marcação rígida, podendo ser executado como uma variação do passe de peito com as duas ou com uma das mãos, dificultando a interceptação pelo jogador adversário. Passes especiais Por baixo, laterais, por trás do corpo e/ou da cabe- ça, de costas, entre as pernas, entre outras variações. São recursos utilizados durante o jogo, geralmente em assistência a um companheiro em condição de finalizar e exigem maior tempo de treinamento e aperfeiçoamento por parte dos praticantes. Figura 12 - Passe quicado Figura 13 - Passe especial (assistência) 54 ARREMESSO Ato de finalização de uma situação de ataque, o arremesso é o fundamento técnico do basquete- bol que requer maior concentração e precisão em sua execução (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Os tipos de arremesso mais executados são: parado com uma mão, com salto (jump shot), bandeja e gancho. Arremesso parado com uma mão Em equilíbrio assimétrico (perna da frente cor- respondente à mão do arremesso), empunhadura básica, olhar fixo no alvo, leve flexão e, em segui- da, extensão simultânea das pernas e do tronco. Neste momento, o cotovelo da mão do arremesso precisa ser posicionado embaixo da bola, o bra- ço se estende e finaliza o movimento com a fle- xão do punho e o dedo indicador na direção da cesta. A mão contrária faz o apoio, lateralmente. Esse tipo de arremesso é utilizado pela maior par- te dos jogadores de basquetebol no momento do lance livre. Contudo há jogadores que o utilizam também nas tentativas de cesta de campo (jogo em andamento). Arremesso com salto/jump shot Após a parada de um ou dois tempos, o jogador salta de frente para a cesta, realizando movimento idêntico ao arremesso anterior, soltando a bola no ponto máximo do salto. Dependendo da circuns- tância, o salto poderá ser realizado para frente, para trás ou lateralmente. No Brasil, esse tipo de arremesso é denominado popularmente apenas como jump. Figura 14 - Arremesso parado com uma mão Figura 15 - Arremesso com salto (jump shot) EDUCAÇÃO FÍSICA 55 Bandeja É a única ação de jogo em que o jogador pode andar com a bola em mãos. Assim como o jump, a bandeja conjuga o salto e o arremesso, porém antecedidos de dois passos, dados em tempos rítmicos e em direção à cesta. Fundamento muito utilizado em contra-ata- ques e infiltrações na área restritiva (garrafão). Gancho A mecânica desse tipo de arremesso é a mesma do passe de gancho, com a diferença de a finalização ser feita em direção à cesta. O gancho pode ser realizado após o movimento do pé de pivô ou como finaliza- ção de uma bandeja. Figura 16 - Bandeja Figura 17 - Gancho 56 REBOTE Recuperação da posse de bola, após uma finalização (arremesso) não convertida. Classificam-se em re- bote defensivo e rebote ofensivo (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Rebote defensivo Quando o arremesso do adversário é realizado, o de- fensor assume a posição básica, procurando tomar a frente do atacante em relação à cesta (bloqueio defensivo). Após a bola tocar o aro ou a tabela, o jogador salta, procurando apanhar a bola no ponto mais alto possível, trazendo-a junto ao corpo, apro- ximadamente à altura da cintura, para a proteção da posse de bola. Rebote ofensivo Igual ao anterior, com diferença na fase final. Na recuperação da bola, o atacante deverá mantê-la o mais alto possível, finalizando à cesta com um jump. Outro tipo de rebote ofensivo é o tapinha, quando o jogador toca na bola com a ponta dos dedos, devol- vendo a bola à cesta. Figura 18 - Rebote EDUCAÇÃO FÍSICA 57 58 Regras Básicas do Basquetebol A expressão regras básicas remete à ne- cessidade de estudo das regras essenciais para a prática do basquetebol. Trata-se de um esporte dinâmico quanto ao aper- feiçoamento de suas regras, que passam, constantemente, por processos de revisão pela Federação Internacional de Basque- tebol (FIBA). Dificilmente veremos dois Jogos Olímpicos seguidos sem mudanças normativas, mas, certamente, a maioria das regras se manterá – conforme já cita- do, algumas vigoram desde a criação do esporte –, por serem intimamente rela- cionadas à técnica e à tática do jogo. Estas serão o foco deste estudo.EDUCAÇÃO FÍSICA 59 Não pretendemos, pois, ministrar um curso de arbitragem, mas oferecer o aporte didático-peda- gógico necessário ao futuro professor neste quesito. Fator que não o isenta da responsabilidade de cons- tante atualização. Organizamos nossa abordagem tomando como fonte de pesquisa as regras oficiais em vigor (CON- FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1. Dividimos, didaticamente, as principais regras em seis itens: quadra; formação das equipes de jogo e de arbitragem; regras de tem- po; bola viva e bola morta; violações mais comuns e faltas. QUADRA Medindo 28 m de comprimento por 15 m de largura, medidos desde a margem interna da linha limítrofe, a quadra de jogo precisa apresentar superfície plana e rígida. Divide-se em quadra de defesa e de ataque, situação importante em algumas regras que veremos a seguir, especialmente nas regras de tempo. Linhas limítrofes Não fazem parte da quadra de jogo. Ao contrário do futebol e do voleibol, por exemplo, se a bola to- car as linhas limítrofes da quadra de basquetebol, ela será considerada fora de jogo. Qualquer obstru- ção (paredes, bancos, placas de propaganda etc.) deverá estar na distância mínima de 2 m da quadra de jogo. Linha e círculo centrais A linha central faz parte da quadra de defesa. O cír- culo central marca o centro da quadra de jogo, com raio de 1,80 m. Linhas de lance livre e áreas restritivas A linha de lance livre será traçada paralela a 5,80 m da linha final. Um semicírculo deve ser traçado a partir dessa linha, com raio de 1,80 m, cuja finalida- de é delimitar a área de arremesso dos lances livres. As áreas restritivas são retangulares, originadas nas linhas limítrofes finais e terminando nas margens externas das linhas de lance livre. No interior das restritivas, localizam-se as áreas semicirculares sem carga, com raio de 1,25 m. Área da cesta de campo de três pontos Linha em arco, com raio de 6,75 m, medida exa- tamente do ponto no solo abaixo do centro do aro (cesta) até a margem externa do arco. Essa linha se estende até 0,90 m da margem interna das linhas li- mítrofes laterais, de onde são traçadas duas linhas (uma de cada lado) até a linha limítrofe final. Tabelas Podem ser de madeira (cor branca) ou de vidro (transparente), com suportes acolchoados. A distân- cia do aro ao solo deve ser de 3,05 m. 60 Figura 19 - Quadra de basquetebol Fonte: Confederação Brasileira de Basquetebol ([2018], on-line)1. EDUCAÇÃO FÍSICA 61 EQUIPES DE JOGO E DE ARBITRAGEM As equipes de jogo podem ser compostas de cinco até doze jogadores. Em quadra são cinco jogadores, não havendo limite de substituições, os substituídos podem voltar ao jogo quantas vezes for necessário, desde que estejam aptos a jogar. Podem contar tam- bém com um técnico, um assistente técnico e até cinco acompanhantes (gerente, médico, fisiotera- peuta, estatístico, intérprete etc.). Figura 20 - Equipe de basquetebol A arbitragem é conduzida por dois ou três ofi- ciais, sendo um árbitro e um ou dois fiscais. Todos exercem a mesma função, apitando faltas e viola- ções e zelando pelas regras do jogo, mas o árbitro é o detentor das decisões finais. Eles devem ser auxiliados pelos oficiais de mesa (apontador, cro- nometrista e operador de 24 segundos) e por um comissário, se presente. Figura 21 - Oficiais REGRAS DE TEMPO O basquetebol tem no controle do tempo de jogo e, até mesmo, das situações de ataque e defesa duran- te uma partida, um diferencial que proporciona di- namismo e emoção ao jogo. Abordaremos algumas delas neste tópico. 62 Tempo de jogo As partidas de basquetebol são cronometradas, ou seja, é contado somente o tempo, efetivamente, jo- gado. Assim, o placar eletrônico é um importante equipamento. O tempo total de jogo é de 40 minu- tos, divididos em quatro períodos de 10 minutos cada, com intervalos de dois minutos entre o pri- meiro e o segundo (que correspondem ao primeiro tempo) e entre o terceiro e o quarto (que correspon- dem ao segundo tempo). Entre o segundo e o tercei- ro período, os times trocam de lado, caracterizando o intervalo de meio tempo. Como o basquetebol não prevê empates, se o placar estiver empatado ao final do tempo de jogo, a partida continuará com quantos períodos extras de cinco minutos forem necessários para que haja um desempate, com as equipes atacando para o mesmo lado que finalizarem o quarto período. Tempo debitado É a interrupção do jogo solicitada pelo técnico ou assistente técnico a fim de instruir sua equipe. Dois tempos debitados podem ser solicitados durante a primeira metade do jogo; três durante a segunda metade, com o máximo de dois deles nos últimos dois minutos da segunda metade; e um durante cada período extra. É importante ressaltar que tempos debitados não utilizados não são acumulados para a próxima metade do jogo ou período extra. Tempo de ataque de uma equipe Sempre que uma equipe adquire a posse da bola, precisa tentar um arremesso para uma cesta de campo dentro de 24 segundos. A bola tem que dei- xar a(s) mão(s) do jogador atacante antes que este tempo expire. Caso um rebote ofensivo seja apa- nhado pela equipe atacante, o tempo da segunda oportunidade seguida de ataque é de 14 segundos. Há um membro da equipe de arbitragem designado para o controle dessa regra de tempo, o operador de 24/14 segundos. Tempo de passagem da defesa para o ataque Ao adquirir a posse de bola em seu campo de defe- sa, uma equipe precisa ultrapassar a linha central no tempo máximo de oito segundos. Esse tempo conta para o total de 24 segundos, descrito ante- riormente. Figura 22 - Placar eletrônico EDUCAÇÃO FÍSICA 63 Jogador na área restritiva (garrafão) A área restritiva é popularmente chamada, no Brasil, de garrafão, pela semelhança com o formato deste objeto. Com a bola em jogo, nenhum jogador pode- rá permanecer por mais de três segundos no garra- fão adversário enquanto sua equipe está atacando. Jogador marcado de perto Quando um jogador estiver de posse da bola e com marcação próxima e ativa (adversário demonstran- do que quer recuperar a posse da bola), este deverá passá-la, arremessá-la ou iniciar o drible em menos de cinco segundos. Reposição da bola e execução do lance livre Em todas as situações de bola fora de jogo, os oficiais precisam entregá-la a um jogador para a reposição em lateral, fundo de quadra e na linha de lance livre. Nestes casos, o jogador deverá recolocar a bola em jogo em menos de cinco segundos. BOLA “VIVA” E “MORTA” A bola torna-se “morta”, ou fora de jogo, quando uma cesta de campo ou de lance livre é convertida, ou quando o jogo é paralisado pelo apito de um ofi- cial. Nenhuma cesta será validada com a bola morta (na reposição de bola em lateral ou do fundo, por exemplo). No entanto ela estará “viva” quando tocar em um jogador dentro da quadra (o cronômetro só é acionado neste instante), e permanecerá viva até que saia de jogo, por meio do apito de um oficial ou pelo sinal da mesa de controle, ao expirar o tem- po de ataque de uma equipe (dispositivo de 24/14 segundos), ou no final de um período ou do jogo (cronômetro de jogo). Nestas situações, porém, caso o tempo expire, e a bola esteja no ar, esta continuará viva e, caso o arremesso seja convertido, os pontos valerão. Contudo se ainda estiver nas mãos do joga- dor, a bola será considerada morta, e os pontos não serão validados. VIOLAÇÕES Infringir as regras do jogo é considerado violação. Violações são punidas com a perda da posse de bola. Algumas violações são, comumente, observadas nos jogos de basquetebol, tais como andar ou correr com a bola em mãos, drible ilegal (driblar, segurar e dri- blar novamente), infringir regras de tempo, pisar ou driblar sobre as linhas limítrofes, retornar a bola do campo de ataque para o de defesa, entre outras. FALTAS As consequências das faltas pessoais ou coletivas, geralmente, causam maior impacto na participaçãode jogadores e, consequentemente, nos resultados dos jogos. As faltas são causadas tanto por contato pessoal ilegal com um adversário quanto por com- portamento antidesportivo. 64 Falta pessoal É o contato físico ilegal com um adversário. Como penalidade, uma falta pessoal será marcada na súmula para o jogador que a cometeu. Se o jogador que sofre a falta não estiver no ato de arremesso, o jogo será reiniciado com a reposição da bola no ponto mais próximo do ocorrido (lateral ou fundo). Se estiver arremessando e a cesta não for convertida, o jogador que sofre a falta tem direito a dois ou três lances livres. Caso a cesta seja convertida, os pontos (dois ou três) valem, e o jogador tem um lance livre de bonificação. Falta técnica Não é um tipo de falta provocada por contato físico, mas de natureza comportamental. No caso de um membro da comissão técnica cometer uma falta si- milar (que, geralmente, ocorre por reclamação), uma falta técnica será marcada contra o técnico. Como penalidade, um lance livre (a ser cobrado por um jogador livremente escolhido) é concedido à equipe adversária, seguido por uma reposição em lateral, na linha central, do lado oposto à mesa de controle. Falta antidesportiva É uma falta com contato, cometida propositalmen- te contra o adversário e sem a intenção de disputa da bola. Como penalidade, serão concedidos lances livres para o jogador que sofreu a falta e mais uma reposição em lateral para sua equipe, na linha cen- tral, do lado oposto à mesa de controle. A quantida- de de lances livres dependerá da situação de jogo: dois, caso o jogador que sofra a falta não esteja em ato de arremesso; dois ou três, dependendo de onde o arremesso de campo esteja sendo realizado; ou um (bonificação), caso a cesta de dois ou três pontos seja convertida. Assim como nas faltas técnicas, duas faltas antidesportivas cometidas na mesma partida ocasionam a desqualificação do jogador. Falta desqualificante É a ação flagrantemente antidesportiva cometida por um jogador ou por um membro de banco da equipe, por exemplo, agressão física ou ofensa gra- ve. O jogador ou membro da comissão técnica des- qualificado deve deixar o recinto de jogo, imediata- mente. No caso do jogador, outro pode substituí-lo (note a diferença da expulsão adotada no futebol, por exemplo, que exclui o jogador sem direito à substituição). No caso do técnico, o assistente téc- nico pode substituí-lo. Lance(s) livre(s) será(ão) concedido(s) a qualquer adversário, designado pelo seu técnico no caso de uma falta sem contato, ou ao jogador que sofreu a falta, no caso de uma falta com contato. No caso de uma falta sem contato, serão dois lances livres, e, no caso de faltas com contato, a definição do número de lances livres e a reposição de bola ao adversário seguem o mesmo critério da falta antidesportiva. Limites de faltas individuais (jogador e técni- co) e por equipe O jogador que cometer cinco faltas pessoais ao lon- go de uma partida é desqualificado, deve ser substi- tuído e não pode retornar ao jogo. Ao cometer uma falta técnica ou antidesportiva, o jogador tem uma falta individual anotada, contando para o limite de cinco. Contudo, ao cometer a segunda falta técnica, é desqualificado automaticamente, assim como ao cometer a segunda falta antidesportiva. EDUCAÇÃO FÍSICA 65 Ao técnico é possível apenas cometer faltas de ordem disciplinar. Com duas fal- tas técnicas no mesmo jogo, ele é desquali- ficado e deve ser excluído do ambiente de jogo. Vale frisar que faltas técnicas come- tidas por membros da comissão técnica (assistente, preparador físico etc.) são ano- tadas para o técnico. As faltas individuais acumuladas con- tam para o número de faltas coletivas, con- tadas em cada período de jogo. A partir da quarta falta cometida por membros da mesma equipe, haverá a cobrança de dois lances livres pela equipe adversária: um, dois ou três, nas situações de arremessos já descritas; ou dois, mesmo que o adversário não esteja em ato de arremesso. 66 Modelos de Exercícios na Iniciação ao Ensino do Basquetebol Figura 23 - Passe e ataque Fonte: Moraes, Anselmo e Reis (2013, p. 200). Os exercícios apresentados a seguir, propostos por Moraes, Anselmo e Reis (2013), baseiam-se em es- truturas funcionais, que se configuram consideran- do situações reais de jogo. Preconiza-se, assim, o princípio de “aprender a jogar jogando”, evitando o desgastante processo pelo qual se repete, primeiro, os gestos técnicos para que, depois, somente após seu domínio, se possa jogar. Nesse processo, o professor deve avançar gradativamente, “[...] com qualidade, com paciência, com aumento da variabilidade das atividades diariamente, passo a passo, com paixão e coragem” (GRECO; SILVA; COSTA, 2013, p. 19). Reforçamos, pois, que os modelos apresentados não devem ser vistos como fórmulas prontas, mas como exemplos para a atuação do professor, que deve considerar as particularidades de seus alunos. Nesta exposição, contemplaremos situações de ataque e defesa em igualdade numérica (um contra um, dois contra dois, três contra três) e também provocando a superioridade com a utilização de um coringa. Nes- tas estruturas, os fundamentos técnicos são pratica- dos em situações táticas individuais e coletivas. EDUCAÇÃO FÍSICA 67 Em duas fileiras: um aluno (com bola) de frente para o outro (sem bola). O que está com a bola passa para o que está à sua frente, que devolve e se posiciona para defender. Ao receber novamente a bola, o aluno que estiver de frente para o alvo (cesta) passa a ata- car, e o de costas, a defender. Figura 24 - Drible com duas bolas Fonte: Moraes, Anselmo e Reis (2013, p. 209). Em fileira, no fundo da quadra, os alunos driblam (correndo ou andando, conforme sua habilidade) com duas bolas, simultaneamente. Figura 25 - Posse de bola com coringa Fonte: Moraes, Anselmo e Reis (2013, p. 214). Ataque e defesa, em 3x3; 1 ou 2 coringas podem auxi- liar o ataque, configurando a superioridade numérica. Figura 26 - Jogo de meia quadra Fonte: Moraes, Anselmo e Reis (2013, p. 218). Esta atividade configura o ataque e a defesa posicionados, uma situação comum no bas- quetebol e nos esportes de invasão. Por si só, acertar o alvo, no basquetebol, já pode ser considerado um desafio para os iniciantes na modalidade. Não é raro alguém treinar muitos arremessos por dia, individualmen- te. Sem dúvida, aprender a arremessar de forma eficiente e treinar esse fundamento técnico é necessidade premente a qualquer praticante da modalidade. Porém arremessar em situação de jogo requer movimentos e esforços específicos, que precisam ser prati- cados. Esse exemplo ilustra bem o conceito de que a dissociação de aprendizagem técni- ca e tática não é aconselhável. A pedagogia do esporte contemporâneo prioriza a tática, demonstrando que o ensino da técnica deve ter sentido para o aluno. Fonte: Rodrigues e Darido (2012). SAIBA MAIS 68 considerações finais O s tópicos desenvolvidos na Unidade 2 abordaram especialmente a origem e o desenvolvimento do basquetebol pelo mundo, seus principais funda- mentos técnicos, as regras básicas e a indissociabilidade entre técnica e tática que permeia a modalidade. Esta primeira viagem pelo mundo do basquetebol, bem como as questões do elemento “Reflita” embasam nossas conside- rações finais para esta unidade. Ao criar o novo jogo, o professor James Naismith pensou em oferecer aos seus alunos uma prática participativa, cooperativa e motivante, a ser realizada em locais fechados, que os protegia do rigoroso inverno. Esta atividade rompeu rapidamente os muros escolares, consolidando-se, com a mesma velocidade, como esporte olím- pico e um dos mais praticados e assistidos no mundo, atualmente. As décadas de 60 e 70 foram de valorização dos conteúdos esportivos na Educação Física escolar. No Brasil, adotou-se um modelo hegemônico que contemplava, prioritariamente, as modalidadesde futebol de salão (atualmente futsal), handebol, voleibol e basquete- bol, jogadas em quadras poliesportivas, uma solução para a redução dos espaços es- colares nos centros urbanos. Apesar disso, em grande parte delas Brasil afora, ainda hoje, pode ser verificada a ausência de tabelas de basquetebol, um entrave que não pode intimidar o professor no ensino da modalidade, uma vez que há locais onde se ensina basquetebol até mesmo na terra batida (recomendamos assistir à reportagem da série “Encontros do Pan”, vide Material Complementar - Web). Nas décadas de 80 e 90, a área da Educação Física coloca em xeque a excessiva va- lorização da técnica – origem do termo tecnicismo –, então considerada excludente para a maioria dos alunos. Nos anos 2000, sob o discurso recorrente do tecnicismo e a crescente adoção da reprovável prática do rola-bola, retoma-se o foco do ensino do esporte na Educação Física e de uma nova concepção do ensino da técnica. Na Uni- dade 2, você conheceu melhor o basquetebol e suas características. “Ensinar a jogar jogando” é o ponto de transição para a Unidade 3. Vamos em frente! considerações finais 69 atividades de estudo 1. O desenvolvimento das habilidades técnicas envolvidas no jogo é fundamental para a prática cotidiana, como lazer, exercício físico regular ou prática competi- tiva. Sobre os fundamentos do basquetebol (domínio de corpo, manejo de bola, drible, passes, arremessos e rebotes), leia as assertivas que seguem: I - Com a posse da bola, o jogador de basquetebol somente poderá movimen- tar-se quicando-a contra o solo, sucessivamente, com uma das mãos (drible). Não poderá, portanto, correr com a bola sob seu domínio. II - O pé de pivô é utilizado para proteger a bola do adversário, ocupar um espa- ço, girar o corpo ou mesmo procurar uma posição melhor de passe, drible ou arremesso. Consiste em manter um dos pés fixos no chão, podendo tirar o outro em qualquer direção, quantas vezes for necessário. O outro pé só poderá ser deslocado após a bola sair das mãos do jogador. III - Ao realizar o drible, empurra-se a bola com as duas mãos de encontro ao solo, amortecendo-a de baixo para cima, repetindo, em seguida, o ato de empurrar, com movimentos lentos e rápidos, estando o jogador parado ou em corridas e paradas bruscas. Pode ser executado alto ou baixo. IV - O ato de finalização de uma situação de ataque é denominado arremesso. Os tipos de arremesso mais executados são: parado com uma mão, com salto (jump shot), bandeja e gancho. De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) I e III, apenas. b) I, II e IV, apenas. c) I, II, III e IV. d) I e II, apenas. e) I, apenas. 70 atividades de estudo 2. O rebote consiste na recuperação da posse de bola após uma finalização (arre- messo) não convertida. Em relação ao rebote, assinale a alternativa incorreta: a) O rebote defensivo ocorre quando o defensor salta após a bola tocar o aro ou a tabela, procurando apanhar a bola no ponto mais alto possível, trazen- do-a à linha de cintura para a proteção da posse de bola. b) No rebote ofensivo, o atacante deverá manter a bola o mais alto possível, finalizando a cesta com um jump. c) O “tapinha” é considerado um rebote ofensivo; ocorre quando o jogador toca na bola com a ponta dos dedos, devolvendo-a à cesta. d) O rebote defensivo ocorre quando o atacante salta após a bola tocar o aro ou a tabela, procurando apanhar a bola no ponto mais alto possível, trazendo-a à linha de cintura para a proteção da posse de bola. e) O rebote defensivo é considerado uma “obrigação tática”, pois os defensores deveriam estar posicionados de modo a facilitar sua execução por meio do bloqueio defensivo. 3. Sobre as regras oficiais do basquetebol, aprovadas pela FIBA (Federação Interna- cional de Basquetebol), a afirmativa incorreta é: a) A linha de lance livre será traçada paralela a 5,80 m de cada linha final. Um se- micírculo deve ser traçado a partir dessa linha, com a finalidade de delimitar a área de arremesso dos lances livres. b) As áreas restritivas (garrafão) são retangulares, originadas nas linhas limítro- fes finais e terminando nas margens externas das linhas de lance livre. No interior das áreas restritivas, localizam-se as áreas semicirculares sem carga. c) A área da cesta de campo de três pontos é constituída por uma linha em arco com raio de 6,75 m, medida exatamente do ponto no solo abaixo do centro do aro (cesta) até a margem externa do arco. d) As tabelas podem ser de madeira (cor branca) ou de vidro (transparente), com suportes acolchoados. A distância do aro ao solo deve ser de 3,05 m. e) A quadra mede 18 m de comprimento por 9 m de largura, medidos desde a margem interna da linha limítrofe, a quadra de jogo precisa apresentar su- perfície plana e rígida. Divide-se em quadra de defesa e de ataque, situação importante em algumas regras de tempo. 71 atividades de estudo 4. O basquetebol foi um esporte concebido para o ambiente escolar, mas teve rá- pida expansão, com sua prática difundida mundialmente em poucos anos. Com base nestas informações, assinale a alternativa incorreta sobre a história da mo- dalidade: a) A criação do basquetebol ocorreu em 1891, no Colégio Internacional da Asso- ciação Cristã de Moços (ACM) de Springfield, Massachusetts, Estados Unidos da América (EUA). b) Os primeiros alvos do basquetebol foram cestos de colher pêssegos, que foram colocados um de cada lado do salão onde o professor Naismith minis- trava suas aulas. c) A altura da cesta era de 3,05 m do chão, medida que aumentou ao longo dos anos. d) Várias regras do basquetebol, criadas desde seu início, permanecem até os dias atuais. São exemplos: não poder correr com a bola em mãos e a limita- ção do número de faltas pessoais dos jogadores. e) A inclusão do basquetebol nos Jogos Olímpicos ocorreu em Berlim (1936). Na ocasião, James Naismith lançou a bola ao alto, simbolicamente, no primeiro jogo olímpico de basquetebol. 5. Os exercícios apresentados nesta unidade baseiam-se em estruturas funcionais. Preconiza-se o princípio de “aprender a jogar jogando”, evitando o desgastante processo no qual se repete primeiro os gestos técnicos, para que depois, somen- te após seu domínio, se possa jogar. Sobre as estruturas funcionais, assinale a alternativa incorreta: a) Durante a elaboração dos exercícios, os fundamentos técnicos são praticados em situações que priorizam a aprendizagem da tática individual e coletiva. b) As estruturas funcionais são baseadas em contextos somente da exercitação da técnica. c) As estruturas funcionais podem ser realizadas em exercícios de 1x1, 2x2, 3x3, que se caracterizam por igualdade numérica. d) Os exercícios de inferioridade ou superioridade numérica são utilizados para o ensino dos esportes coletivos, principalmente os jogos de invasão (basque- tebol, handebol, futebol etc.). e) O coringa é um participante que pode colaborar em situações ofensivas e defensivas, favorecendo a aprendizagem do jogo ao diminuir ou aumentar a sua dificuldade. 72 LEITURA COMPLEMENTAR O que ensinar do e sobre o basquetebol? O referencial teórico As aulas de basquetebol, na maioria dos casos, estão focalizadas exclusivamente no ensino dos fundamentos básicos do esporte e na vivência do jogo. Aprender a jogar é um dos as- pectos fundamentais, mas restringir-se a esses conhecimentos pode limitar uma compre- ensão mais abrangente do basquete. Nesse sentido, consideramos essencial que o aluno aprenda a jogar basquetebol, mas tam- bém aprenda sobre o esporte e como se relacionar no âmbito de sua prática. Para melhor definição dessa concepção, explicitamos o que entendemos por conteúdo, já que o seu conceito é, na maioria das vezes, mal-entendido e mal interpretado. O conceito de conteúdo é, frequentemente, compreendido de maneira simplista e reducio- nista, como expresso nas palavras de Zabala (1998): O termo “conteúdo” normalmente foi utilizado para expressaraquilo que deve se aprender, mas em relação quase exclusiva aos conhecimentos das matérias ou dis- ciplinas clássicas e, habitualmente, para aludir aqueles que se expressam no conhe- cimento de nomes, conceitos, princípios, enunciados teoremas (ZABALA, 1998, p. 30). Há uma proposta de superação desse conceito restrito de conteúdo, e o entendendo como tudo aquilo que se deve aprender para alcançar objetivos de desenvolvimento de todas as capacidades dos indivíduos, designando-o como o conjunto de conhecimentos cuja assimi- lação e apropriação por parte dos alunos é considerada essencial para o desenvolvimento e socialização (ZABALA, 1998; COLL et al., 2000). 73 LEITURA COMPLEMENTAR Para Libâneo (1994), os conteúdos retratam a experiência social da humanidade relaciona- da a conhecimentos e modos de ação que englobam entre outros: [...] conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de convivência social, valores, convicções e atitudes (LIBÂNEO, 1994, p. 128). Como podemos observar, os conhecimentos curriculares não se restringem a apenas fatos e conceitos, mas a uma série de formas e saberes culturais essenciais para o desenvolvi- mento e socialização dos educandos. De acordo com Coll et al. (2000) há uma reivindicação frequente de que, sejam ensinados e aprendidos outros conhecimentos considerados tão ou mais importantes do que fatos e conceitos, por exemplo, certas estratégias ou habilidades para resolver problemas, se- lecionar a informação pertinente em determinada situação, ou utilizar os conhecimentos disponíveis para enfrentar situações novas ou inesperadas, ou ainda, saber trabalhar em equipe, mostrar-se solidário com os colegas, respeitar e valorizar o trabalho dos outros, ou não discriminar as pessoas por motivos de gênero, idade ou outro tipo de características individuais. Atualmente, há uma tentativa de ampliar o conceito de conteúdo e passar a referenciá-lo como tudo quanto se tem que aprender que não apenas abrangem as capacidades cogni- tivas, como incluem as demais capacidades. Dessa forma, poderá ser incluído de forma ex- plícita nos programas de ensino o que antes estava apenas no currículo oculto. Esta classi- ficação corresponde às seguintes questões: “O que se deve saber?” (Dimensão Conceitual), “O que se deve saber fazer?” (Dimensão Procedimental), e “Como se deve ser?” (Dimensão Atitudinal), com a finalidade de alcançar os objetivos educacionais (ZABALA, 1998). 74 LEITURA COMPLEMENTAR A diferenciação tipológica dos conteúdos em dimensões tem finalidade didática que só se justifica quando utilizada para compreender o pensamento e comportamento das pessoas. Esta divisão do conhecimento não é desejável no momento da prática pedagógica, já que a análise e compreensão dos conteúdos devem ser realizadas de forma integrada. No caso particular da Educação Física, o contexto de desenvolvimento dos conteúdos é di- ferenciado dos demais componentes curriculares. Ao longo da história desse componente curricular, priorizaram-se os conhecimentos numa dimensão procedimental, o saber fazer e não o saber sobre a cultura corporal ou como se relacionar nas manifestações dessa cul- tura (DARIDO; RANGEL, 2005). Nesse sentido, um novo olhar para a prática pedagógica em Educação Física deverá estar atento aos relacionamentos e aos conhecimentos no âmbito das manifestações da cultura corporal de movimento, e não apenas à vivência dos movimentos. Fonte: adaptada de Rodrigues e Darido (2012). 75 material complementar Para ilustrar a possibilidade de superar a indisponibilidade de instalações adequadas à prática do bas- quetebol, recomendamos assistir à reportagem da série “Encontros do Pan”. Web: <https://www.youtube.com/watch?v=WpPIsoIm0cU>. Indicação para Acessar https://www.youtube.com/watch?v=WpPIsoIm0cU 76 referências BÔAS, M. S. V. Basquetebol brincando e aprendendo: da iniciação ao aperfeiçoa- mento. 2. ed. Maringá: Eduem, 2008. COLL, C.; POZO, J. I.; SARABIA, B.; VALLS, E. Os conteúdos na reforma. Porto Alegre: Artmed, 2000. GRECO, P. J.; SILVA, S. A.; COSTA, G. C. Manual para o ensino dos esportes no PST. In: GRECO, P. J.; CONTI, G.; MORAES, J. C. P. (Orgs.). Manual de práticas para a iniciação esportiva no Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2013. KRAVCHYCHYN, C.; MOLENA-FERNANDES, C. A.; LIMA, S. B. S.; OLIVEIRA, A. A. B. Basquete. In: OLIVEIRA, A. A. B.; KRAVCHYCHYN, C.; MOREIRA, E. C.; PEREIRA, R. S. (Orgs.). Ensinando e aprendendo esportes no Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2011. p. 95-136. MORAES, J. C. P.; ANSELMO, A. S.; REIS, C. P. Basquetebol. In: GRECO, P. J.; CON- TI, G.; MORAES, J. C. P. (Orgs.). Manual de práticas para a iniciação esportiva no Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2013. OLIVEIRA, A. A. B. Planejando a Educação Física Escolar. In: VIEIRA, J. L. L. (Org.). Educação Física e Esportes: estudos e proposições. Maringá: Eduem, 2004. OLIVEIRA, W.; PAES, R. R. Ciência do Basquetebol: Pedagogia e metodologia da iniciação à especialização. 2. ed. Londrina: Sport Training, 2012. RODRIGUES, H. A.; DARIDO, S. C. Basquetebol na escola: uma proposta didático- -pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. VIANNA, J. A.; LOVISOLO, H. R. Desvalorização da aprendizagem técnica na Edu- cação Física: evidências e críticas. Revista Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 4, p. 883-889, out./dez. 2009. VIEIRA, S.; FREITAS, A. O Que é Basquete: história, regras, curiosidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2006. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: <http://www.cbb.com.br/a-cbb/o-basquete>. Acesso em: 23 abr. 2019. http://lattes.cnpq.br/2880043619984141 77 gabarito 1. B. 2. D. 3. E. 4. C. 5. B. Professor Dr. Claudio Kravchychyn Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Introdução às ações táticas • Sistemas táticos ofensivos do basquetebol • Sistemas táticos defensivos do basquetebol • Planos de aula Objetivos de Aprendizagem • Analisar as ações táticas ofensivas no basquetebol. • Compreender e analisar os sistemas táticos ofensivos no basquetebol. • Compreender e analisar os sistemas táticos defensivos no basquetebol. • Compreender, analisar e estruturar planos de aula para o ensino do basquetebol. SISTEMAS TÁTICOS NO BASQUETEBOL unidade III INTRODUÇÃO O lá, caro(a) aluno(a). Na unidade anterior, abordamos a origem e as diversas características do basquetebol, bem como seus fundamentos técnicos e suas principais regras, elementos in- dissociáveis da dimensão tática do jogo. Nesta perspectiva, é provável, por exemplo, que um aluno que converta nove em dez tentativas de arremessos de campo (de dois ou três pontos) em exercícios repetiti- vos, realizados sem a conexão com a realidade do jogo, tenha dificuldade em encontrar os melhores posicionamento e momento dessa execução em situações de jogo, caso não tenha treinado tal fundamento inserido nessas situações. Os gestos técnicos originam-se da dimensão tática, fazendo parte de um complexo processo cognitivo que permite ao jogador fazer leituras de jogo e tomar decisões, cabendo ao professor, pois, enfatizar a tática individual no ensino no basquetebol (GONZÁLEZ et al., 2014), contrariando o senso comum da tática associada somente a sistemas de jogo (tática coletiva). Desta forma, nesta unidade, avançaremos da tática individual para a coletiva, entendendo que, do aprimoramento da primeira, depende a eficácia da segunda. Iniciar pelos conceitos e pelas atividades táticas indi- viduais pode facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Assim, inicia- remos com conceitos simplificados das táticas individuais para, em segui- da, tratarmos das táticas coletivas. É necessário compreender elementos básicos das ações táticas para que seus futuros alunosconsigam realizar as movimentações essenciais ao participar do jogo de basquetebol. Temos como propósito evidenciar um processo que permita a você estabelecer - em seus planejamentos de ensino e em suas ações pedagó- gicas - a evolução em dificuldade e complexidade de conteúdos relativos ao basquetebol ao longo dos anos, característica essencial ao componente curricular Educação Física (OLIVEIRA, 2004). Para tanto, será impor- tante considerar o estágio de desenvolvimento motor e cognitivo dos alu- nos, bem como a possibilidade de inter-relação com outros conteúdos da disciplina Educação Física e como conteúdos interdisciplinares, entre outros fatores. 82 Introdução às Ações Táticas EDUCAÇÃO FÍSICA 83 Como professor(a), será muito importante você pro- mover situações de aprendizagem que contemplem táticas ofensivas. González et al. (2014) sugerem al- gumas destas situações: • Atacante com a posse da bola: observar antes de agir (ler a situação de jogo antes de pas- sar, driblar, arremessar); procurar ficar de frente para a meta (cesta) adversária quando receber a bola; passar e movimentar-se (não ficar no lugar), utilizando os vários tipos de passe; finalizar quando estiver em condições favoráveis; atacar o corredor vazio; executar a bandeja (após o drible ou a recepção de um passe); utilizar paradas, pé de pivô e proteção da bola nessas situações. • Atacante sem a posse da bola: solicitar a bola com a mão; deslocar-se para receber a bola (criar linha de passe); utilizar fintas para sair da marcação, cortes em “V” (ir e voltar) e em “L” (mudança brusca de direção), aproxi- mando-se ou afastando-se da bola. No quesito bloqueios, o basquetebol apresenta o corta-luz como importante fundamento técnico-tá- tico de ataque, que depende de ação conjunta com o companheiro, viabilizando a maioria das jogadas de ataque de uma equipe. Trata-se de um recurso para proporcionar a ação ofensiva de um companheiro, um bloqueio para apoiá-lo na tarefa de se livrar da marcação, utilizado para proporcionar a progressão com bola (corta-luz direto, feito no marcador do jo- gador com a posse da bola) ou o deslocamento para posterior recepção de um passe (corta-luz indireto, feito no marcador de um jogador sem a posse da bola) (FERREIRA; MARKUNAS; NASCIMENTO, 2005; OLIVEIRA; PAES, 2012). Prezado(a) aluno(a), as situações táticas que ocor- rem durante o processo de ensino e aprendizagem do basquetebol são, em geral, similares a de ou- tros esportes de invasão. São ações individuais que ocorrem, na maioria das vezes, no ataque, como passes e deslocamentos para desmarcação, deslo- camentos com bola (drible), mudanças bruscas de direção (cortes) em “L” ou em “V”, com ou sem bola, e coletivas, como passar e receber, realizar jo- gadas ensaiadas envolvendo fintas, deslocamentos e bloqueios. O contra-ataque, ação coletiva mais rápida de transição da defesa para o ataque, ocorre após a recuperação da posse de bola (rebote defensivo ou roubo de bola) ou, até mesmo, em reposições rápi- das do fundo ou da lateral da quadra. Utiliza, prio- ritariamente, passes e, ocasionalmente, o drible alto nessa transição, e a finalização dá-se, geralmente, em bandejas. Para Oliveira e Paes (2012), elaborar sistemas de contra-ataque com posicionamentos fixos (numerados, por posições na quadra) facili- ta a leitura defensiva pelos adversários, não sendo aconselháveis, especialmente nas fases de aprendi- zado. Corroborando a prioridade dos passes nessas ações, os autores sugerem, após a recuperação da posse da bola: [...] realizar o primeiro passe: longo, para exe- cução da bandeja; para as laterais; se não hou- ver nenhuma dessas opções, passar a bola para o primeiro jogador que preencher os espaços vazios mais próximos da bola; e somente após esgotadas essas alternativas, utilizar o drible para fugir das marcações (OLIVEIRA; PAES, 2012, p. 157). 84 A tática aplicada envolve os sistemas de jogo, defensivos ou ofensivos, situações coletivas ou individuais. O basquetebol evoluiu taticamen- te e, por consequência, as táticas individuais e coletivas aperfeiçoaram-se. Isto fez com que as equipes de alto rendimento pudessem ser mais competitivas. Sobre os aspectos táticos, podemos observar uma diferença importan- te entre as regras da FIBA (Federação Inter- nacional de Basquetebol) e a NBA (National Basketball Association, a federação nacional de basquetebol profissional dos Estados Unidos da América - EUA). Por exemplo, na NBA, os jogadores, quando estão defendendo, não podem ficar em formação passiva por mais de três segundos. Já na FIBA, não existe tal restrição, sendo comum observarmos equipes fazendo diferentes tipos de defesa por zona. Para saber mais, acesse: <http://www.efde- portes.com/efd188/sistemas-de-defesa-e-a- taque-no-basquetebol.htm>. Fonte: os autores. SAIBA MAIS Ensinar a “ler” ou pensar o jogo utilizando funda- mentos técnicos e táticos significa levar o aluno à conquista da autonomia para a prática do basquete- bol. Tal conquista possibilitará ao aluno a ampliação do repertório de possibilidades de prática esportiva como lazer, exercício físico regular ou, até mesmo, como profissão (um caminho para poucos, mas que não pode ser negligenciado). Proporcioná-la é res- ponsabilidade do professor. Neste sentido, situações de jogo em igualdade numérica (1 contra 1, 2 contra 2, 3 contra 3 etc.) ou superioridade numérica (2 contra 1, 3 contra 2 etc.), em meia quadra ou quadra inteira, proporcionam o desenvolvimento do pensamento tático individual e coletivo para a prática do basquetebol. EDUCAÇÃO FÍSICA 85 Figura 1 - Corta-luz direto 86 Como primeiro passo para a determinação de ações táticas coletivas de uma equipe de basquetebol, é im- portante que as posições dos jogadores em quadra sejam ensinadas e trabalhadas nas aulas. Os cinco jogadores em quadra desempenham as funções de armadores, laterais (também denominados alas) e pivôs. A formação mais utilizada é com um arma- dor, dois laterais e dois pivôs (Figura 2). Na estruturação ofensiva, exposta na Figura 2, considerada padrão no basquetebol, são aborda- das algumas especificações amplamente utilizadas tecnicamente, que projetam uma formação hetero- gênea e supostamente, atende às características de uma formação ideal. Nesta perspectiva, o armador (posição 1) é o jogador responsável pela organiza- ção das jogadas, devendo ser, necessariamente, bom e veloz driblador e passador, com ampla visão de jogo e bom arremesso. Na maior parte do jogo, ele ocupa a região central da quadra, próximo à linha de três pontos. O lateral da posição 2 é denominado ala-armador ou escolta, termo que sugere um ele- mento ajudante nas ações de armação, assumindo também características de finalização com maior leveza e velocidade. O lateral da posição 3 é deno- minado ala-pivô ou ala de força, normalmente mais alto, com capacidade tanto de jogo próximo à cesta quanto de arremessos de média e longa distância. O pivô da posição 4 é também chamado pivô móvel, jogando tanto de costas para a cesta, como tendo a liberdade de jogar também fora da área restritiva, fator que exige percepção visual, habilidade e agi- lidade no jogo de infiltração. O pivô da posição 5 é comumente reconhecido como pivô fixo, jogando de costas para a cesta, geralmente, efetuando mui- tos bloqueios e apanhando a maioria dos rebotes da equipe (OLIVEIRA; PAES, 2012). Sistemas Táticos Ofensivos do Basquetebol EDUCAÇÃO FÍSICA 87 Dependendo da disponibilidade, das caracterís- ticas físicas e técnicas das equipes de basquetebol e/ ou das características da equipe adversária, podem ser utilizadas diferentes configurações. As mais em- pregadas são: dois armadores, dois laterais e um pivô, comumente denominada quatro abertos (Fi- gura 3); e dois armadores e três pivôs (Figura 4). Conforme observado na Figura 3, a configuração ofensiva com apenas um pivô caracteriza-se,ge- ralmente, como: a) preocupação em tornar a equi- pe mais veloz; b) solução, no caso de não haver muitos jogadores altos na equipe. Sob esta estru- tura, o jogo de infiltração e arremessos é favoreci- do, diminuindo as possibilidades de jogo de costas para a cesta e de forte contato físico, característico dos pivôs. No esporte de alto rendimento, percebe-se uma crescente preferência por essa estruturação (com apenas um pivô), como se pode observar na formação adotada por diversas equipes da NBA, que, em sua essência, prioriza o jogo de enfrenta- mento 1x1, exigindo mais velocidade e agilidade dos jogadores. Vale frisar que, na NBA, atuam os melhores atletas de basquetebol do mundo. Caso ocorra uma situação cuja necessidade é reforçar o jogo próximo à cesta, é possível estabe- lecer formação ofensiva com três pivôs, conforme demonstra a Figura 4. Um exemplo de utilização eficaz desse tipo de formação seria a disponibilida- de de três jogadores altos na equipe, com a equipe adversária contando com apenas um ou dois jo- gadores com esta característica. É uma configura- ção utilizada em situações específicas, geralmente, não é utilizada em uma partida inteira. Uma atividade que pode ser utilizada pelo professor, ao organizar equipes para jogar duran- te a aula, é apenas dividi-las com cinco jogadores em cada time, solicitando que os próprios alunos identifiquem as características de cada jogador e definam qual configuração de ataque é mais ade- quada. Não importa se não há jogadores muito altos ou habilidosos, mas sim, a definição da con- figuração, segundo as características e limitações de cada um. 1 3 5 4 2 Legenda: Armador (posição 1) Laterais (posições 2 e 3) Pivôs (posições 4 e 5) Legenda: Armadores Laterais Pivô Legenda: Armadores Pivôs Figura 2 - Estrutura ofensiva com um armador, dois laterais e dois pivôs Fonte: os autores. Figura 3 - Estrutura ofensiva com dois armadores, dois laterais e um pivô Fonte: os autores. Figura 4 - Estrutura ofensiva com dois armadores e três pivôs Fonte: os autores. 88 Basicamente, os sistemas defensivos no basquetebol são divididos em individual e por zona (RODRIGUES; DARIDO, 2012). Observa-se, contudo, variações envolven- do esses dois sistemas: sob pressão, misto e combinado (CARVALHO, 2001; OLIVEI- RA; PAES, 2012). A seguir, você conhece- rá melhor esses sistemas e suas variações. Sistemas Táticos Defensivos do Basquetebol EDUCAÇÃO FÍSICA 89 SISTEMA DEFENSIVO INDIVIDUAL O sistema defensivo individual ocorre quando cada jogador de defesa fica responsável por marcar um atacante específico da equipe adversária, acompa- nhando-o independentemente da posição que ocupa na quadra (OLIVEIRA; PAES, 2012; RODRIGUES; DARIDO, 2012). Esse sistema deve ser priorizado para iniciantes. Entre as principais vantagens da utilização do sistema defensivo individual, podemos citar: a. Definição de responsabilidades (cada um marca um). b. Exigência da correta execução dos funda- mentos individuais de defesa (posição básica e deslocamentos rápidos). c. Desenvolvimento da atenção e velocidade de movimentos. d. Equilíbrio físico e técnico entre defensores e atacantes (por exemplo, o mais alto marca o adversário mais alto, o mais rápido marca o mais rápido etc.). e. Adaptabilidade a qualquer tipo de ataque (com um, dois ou três pivôs). Legenda: Atacantes Defensores Figura 5 - Sistema defensivo individual Fonte: os autores. Alguns princípios defensivos fundamentais preci- sam ser ensinados e trabalhados pelo professor, es- pecialmente no sistema defensivo individual. Em geral, o defensor deverá: a. Manter a posição básica defensiva. b. Responsabilizar-se pelo adversário direto (não seguir a bola). c. Posicionar-se entre o atacante e a meta defen- dida (cesta). Marcando o atacante com a posse da bola, o defen- sor deverá: a. Manter a distância aproximada de um bra- ço do atacante com a bola (possibilitando mobilidade no caso do drible e proximida- de suficiente para bloquear ou dificultar o arremesso). b. Não tentar tomar a bola a qualquer custo, co- metendo faltas desnecessárias. c. Tentar levar o atacante para o seu lado de me- nor habilidade, de preferência, para as late- rais ou cantos da quadra, onde sua ação será mais limitada. Marcando o atacante sem a posse da bola, o defensor deverá: a. Procurar antecipar o passe. b. Ajudar o companheiro (caso este seja supera- do pelo atacante com a posse da bola) quan- do estiver próximo à bola. c. Flutuar do lado oposto da bola, executando a visão periférica (enxergando sempre o ata- cante correspondente e a localização da bola) e mantendo o posicionamento em relação à meta defendida (entre o atacante e a cesta). 90 SISTEMAS DEFENSIVOS POR ZONA Nos sistemas defensivos por zona, os jogadores são responsáveis por proteger regiões específicas da qua- dra. Sendo assim, o defensor responsável por uma determinada região deve estar atento à marcação do atacante que nela estiver, bem como se orientar pela movimentação da bola e exercitar o sentido de cobertura (OLIVEIRA; PAES, 2012; RODRIGUES; DARIDO, 2012). Como principais vantagens, os sistemas defensi- vos por zona apresentam: a. Posicionamento dos defensores em regiões, de acordo com sua estatura (mais altos próxi- mos da cesta defendida, facilitando o rebote defensivo e o contra-ataque). b. Dificuldade do atacante de infiltração e jogo próximo à cesta. c. Recomposição defensiva é facilitada, devido ao posicionamento predeterminado. É necessário, todavia, que o professor reitere, cons- tantemente, a necessidade de se manter a posição básica de defesa e a atenção aos constantes desloca- mentos, pois os sistemas defensivos por zona podem ocasionar certa acomodação nestes quesitos. A Figura 6 demonstra os sistemas defensivos 2-1- 2 (o sistema defensivo por zona mais utilizado) e 2-3, semelhantes em sua configuração. Em ambos fica cla- ra a preocupação com a proteção da área restritiva (garrafão), fator que dificulta a infiltração e favorece os arremessos de média e longa distância. Note que há diferença em relação aos sistemas de jogo de ou- tros esportes de invasão. No futebol (sistema de jogo) e no handebol (sistema defensivo), por exemplo, a configuração se estabelece da defesa para o ataque, tais como o sistema de jogo 4-4-2 no futebol, e o siste- ma defensivo 5-1 no handebol. Ao contrário, no bas- quetebol, conforme observado, os sistemas defensi- vos 2-1-2, 2-3 e todos os demais (a serem descritos na sequência) são configurados do ataque para a defesa. Os sistemas 1-2-2 e 3-2 (Figura 7) retiram, res- pectivamente, um e três jogadores da área restritiva e das proximidades, explicitando maior preocupa- ção com arremessos de média e longa distância em relação aos sistemas 2-1-2 e 2-3. Figura 6 - Sistemas defensivos por zona 2-1-2 e 2-3 Fonte: os autores. 1-2-2 3-2 Figura 7 - Sistemas defensivos por zona 1-2-2 e 3-2 Fonte: os autores. 2-1-2 2-3 1-3-1 2-2-1 Figura 8 - Sistemas defensivos por zona 1-3-1 e 2-2-1 Fonte: os autores. EDUCAÇÃO FÍSICA 91 Ao compararmos as Figuras 6, 7 e 8, percebemos a progressão da preocupação com o jogo ofensivo, desenvolvido na porção mais distante da cesta de- fendida. De fato, embora demonstrem desguarnecer o garrafão, tais sistemas evidenciam uma projeção para a origem das jogadas, dificultando a progressão da equipe atacante, fator que propicia dobras (dois defensores no atacante com bola) em locais propí- cios (cantos de quadra) e em momentos estratégicos (após a parada do drible, por exemplo). Tais caracte- rísticas credenciam a utilização desses dois sistemas em defesas sob pressão em meia quadra. SISTEMA DEFENSIVO SOB PRESSÃO O que deveria ser feito, defensivamente, caso sua equipe estivesse perdendo por 10 pontos de diferen- ça e tivesse apenas dois minutos para tentar reverter esta situação? Algumas respostas seriam esperadas mediante tal questionamento, tais como“pressio- nar” ou “imprimir mais agressividade”, pois, assim, a bola poderia ser recuperada rapidamente para as tentativas de ataque. Tecnicamente, a resposta seria “aplicar um sistema defensivo sob pressão”. Conforme sugerido pela denominação, os sis- temas defensivos sob pressão podem ser utilizados como fator surpresa para os oponentes, bem como aplicados em momentos do jogo nos quais se apre- senta a necessidade de alterar o ritmo e/ou padrão de jogo da equipe adversária. Não se trata somente de roubar a bola, mas a pressão pode levar a mo- mentos de precipitação, ocasionando erros e viola- ções por parte da equipe atacante. Situações de vira- das de placar espetaculares sob esta condição fazem parte da história do basquetebol e da memória de muitos praticantes. Em relação ao formato, a defesa sob pressão pode ser individual ou por zona. Já em relação ao espaço de desenvolvimento, pode ser em quadra in- teira, três quartos de quadra ou meia quadra. As Fi- guras 9, 10 e 11 demonstram essas variações. A Figura 9 exemplifica uma defesa sob pressão em quadra inteira. No caso, configura-se como indi- vidual, mas poderia ser efetuada utilizando um dos tipos de sistemas defensivos por zona. Esta configu- ração é utilizada em caso de reposição de bola no fundo da quadra, não havendo tempo para uma or- ganização defensiva efetiva no caso de um rebote de defesa, ou roubo de bola por parte da equipe adver- sária. Assim como casos de sucesso são registrados, determinados riscos fazem parte da aplicação de sistemas defensivos sob pressão. Os principais são: a. Mais distanciamento dos defensores, o que ocasiona mais “buracos” na defesa. b. Aumento da possibilidade de cometer faltas pessoais. c. Mais desgaste físico dos jogadores. Estes são fatores que dificultam a manutenção do sistema por muito tempo de jogo. Para minimizar tais riscos, a utilização da defesa sob pressão em es- paços menores da quadra, como veremos a seguir, pode ser uma boa opção. Figura 9 - Sistema defensivo sob pressão individual, em quadra inteira Fonte: os autores. 92 A Figura 10 demonstra uma defesa sob pressão em três quartos de quadra, configurada, no exemplo, como zona 1-2-2 (conforme já citado, podem ser utilizadas outras configurações). Nessa configura- ção, permite-se à equipe atacante repor a bola em jogo do fundo da quadra ou da lateral no quarto de quadra inicial. Quando a bola ultrapassa a linha imaginária do primeiro marcador, inicia-se o meca- nismo de pressão na bola e nas coberturas, utilizan- do os princípios de ajuda do lado da bola e a flutua- ção do lado contrário. 3/4 de quadra Figura 10 - Sistema defensivo sob pressão por zona 1-2-2 em três quartos de quadra Fonte: os autores. 1⁄2 quadra Figura 11 - Sistema defensivo sob pressão por zona 1-3-1 em meia quadra Fonte: os autores. Nas defesas sob pressão em meia quadra, vale fri- sar que a equipe adversária terá oito segundos para passar do campo de defesa para o de ataque, após obter a posse de bola, devendo esse tempo ser con- siderado na projeção dos resultados da defesa. Com o espaço reduzido, as possibilidades de dobras são aumentadas, e as coberturas, otimizadas. Há possi- bilidade de organização desse sistema mesmo após um rebote defensivo do adversário, desde que se di- ficulte uma transição rápida, e que a equipe tenha agilidade na recomposição, situações que precisam ser exaustivamente treinadas. SISTEMA DEFENSIVO MISTO Quando um ou dois jogadores da equipe adversária destacam-se no ataque, é possível designar um ou dois jogadores para a marcação deles, enquanto os demais e os defensores marcam por zona. Podemos apontar como vantagens desse sistema defensivo: a. Dificulta a ação do(s) melhor(es) atacante(s) adversário(s). b. Altera o padrão de jogo do time adversário. c. Força a adaptação do ataque à defesa, com movimentações não treinadas. Como em todos os sistemas, há também fatores de risco a serem considerados, tais como: a. Desguarnece o garrafão em função da retira- da de um ou dois jogadores para a marcação individual. b. A movimentação dos marcadores por zona precisa ser maior. c. Exige maior atenção na movimentação da bola e coberturas. A Figura 12 apresenta as duas variações possíveis para o sistema defensivo misto, com um jogador exercendo a defesa individual enquanto os demais defendem por zona. EDUCAÇÃO FÍSICA 93 Box-and-one “quadrado” Box-and-one “diamante” Legenda: Atacantes Defensores Figura 12 - Sistema defensivo misto box and one Fonte: os autores. A formação apresentada na Figura 12 (destaque para o jogador que está exercendo defesa individu- al) é denominada box and one. O termo box (caixa) simboliza o formato quadrado de proteção ao gar- rafão. Dependendo da posição do jogador marcado individualmente (armador, lateral ou pivô), pode haver maior preocupação de proteção do garra- fão, caso propício para a utilização da configuração quadrada. Caso haja preocupação maior com arre- messos de média e longa distância, pode-se lançar mão da configuração em forma de losango, também denominada “diamante” (BÔAS, 2008). Quando dois jogadores da equipe adversária destacam-se no ataque, pode-se utilizar a configuração conhecida como box and two (Figura 13). Legenda: Atacantes Defensores Figura 13 - Sistema defensivo misto box and two Fonte: os autores. Na formação apresentada na Figura 13 (destaque para os jogadores que estão exercendo defesa indi- vidual), observa-se a defesa por zona exercida em forma de triângulo por três defensores, enquanto dois são marcados individualmente. O triângulo proporciona configuração possível para a defesa do garrafão. Por isso, é também denominada “triângu- lo e dois” (BÔAS, 2008). Vale frisar que um sistema defensivo misto com três ou quatro jogadores mar- cando individualmente é considerado inviável, uma vez que as zonas de defesa a serem cobertas por um ou dois jogadores apenas ficariam distantes demais. SISTEMA DEFENSIVO COMBINADO Combinar dois sistemas defensivos consiste na uti- lização destes, conforme a situação de jogo. Como exemplos comuns, podemos citar: após um ataque malsucedido - perda da bola ou rebote defensivo da equipe adversária, por exemplo - utiliza-se o sistema defensivo por zona 2-1-2, mas se a cesta for convertida, ocasionando reposição de bola no fundo da quadra, utiliza-se o sistema defensivo in- dividual sob pressão. Pode-se também lançar mão da estratégia de- nominada match up, que, neste caso, significa igua- lar ou emparelhar. Consiste numa surpresa para o adversário, como uma equipe defender por zona até a bola sair para lateral. A partir daí, todos pas- sam a marcar, individualmente, com mais pressão no atacante com posse de bola (OLIVEIRA; PAES, 2012). Quando utilizada essa combinação, espe- ra-se que a rápida mudança confunda o ataque, causando erros. Porém adotá-la como estratégia de jogo exigirá muito treinamento para o entrosamen- to entre os jogadores. 94 Na unidade anterior, apresentamos mode- los de exercícios que podem ser utilizados na iniciação do ensino do basquetebol. Gostaríamos de que, nesta unidade, você se preocupasse em como deve organizar um plano de aula, estruturando a temáti- ca principal e os seus objetivos, em fazer reflexões didáticas e a estruturação da aula ou da sessão de treinamento. Seleciona- mos alguns modelos desenvolvidos por González et al. (2014). As aulas escolhidas procuram justificar a importância do tra- balho com o ensino da tática, priorizando os problemas táticos a serem resolvidos durante a aula. A partir desses exemplos, você poderá estruturar seus próprios pla- nos de aula, contemplando os diversos conteúdos estudados nas Unidades 2 e 3. Planos de Aula EDUCAÇÃO FÍSICA 95 96 MODELO DE PLANO DE AULA 1 Problema tático Manter a posse da bola. Objetivos: • Observar antes da ação. • Parar ao receber a bola (em um e dois tempos). Roda inicial: Professor(a), no iníciodo ensino da modalidade, é importante verificar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a modalidade: experiências, conheci- mentos das regras, características etc. Trata-se de contextualizar o basquetebol e aproveitar as infor- mações que os alunos possuem sobre a modalidade. Algumas questões devem compor esta contextuali- zação: será que é possível praticar esportes de in- vasão, como o basquetebol, sem pensar nas várias possibilidades de ação? Qual é a diferença entre o basquete e o atletismo, por exemplo? No atletismo, ao realizar um lançamento ou um salto, o atleta pas- sa pelas mesmas situações dos esportes de invasão? Não! Está claro que ele deve lançar o mais longe ou saltar o mais alto ou o mais distante possível. Já nos esportes de invasão, como o basquete e o han- debol, o praticante possui muitas alternativas. Não é possível sair driblando ou dar um passe sem ana- lisar como está o jogo. Isto significa que sempre é necessário “ler o jogo” antes de agir. Exemplos dos próprios alunos, com experiências anteriores em di- versas situações de jogo, podem ajudar a esclarecer o conceito. Além disso, estas falas são bons indica- dores do nível de domínio que os alunos já possuem sobre o tema da aula. 1. PRIMEIROS MOVIMENTOS Em duplas, cada uma com uma bola. Um aluno lança a bola ao alto, e o outro esperará que ela qui- que para saltar e pegá-la, tentando cair no solo com apenas uma fase de contato (os dois pés ao mesmo tempo). Depois, os alunos trocam de função. Na se- quência, a mesma ação é realizada, utilizando duas fases de contato (um pé depois o outro, sem tirar o primeiro do chão). As duas ações correspondem, respectivamente, às paradas de um e dois tempos. Com a turma dividida em grupos de oito alunos (número que pode ser adaptado conforme a quanti- dade de alunos da turma), ocorre um enfrentamento 4x4 em um espaço determinado da quadra. O jogo deverá se passar da seguinte maneira: a equipe que estiver com a posse da bola deverá tentar encostá-la em um jogador adversário e, a cada toque, é contabi- lizado um ponto e a posse passa para a outra equipe. Vence quem chegar a cinco pontos primeiro. Não é permitido lançar a bola no adversário, tampou- co progredir com ela. A bola também passa para a equipe adversária toda vez que se comete uma viola- ção, como andar com a bola na mão ou deixá-la sair do perímetro do espaço de jogo. 2. JOGO INICIAL Jogo: 3 contra 3, apenas em uma tabela, com 1 árbi- tro/substituto por equipe. Condições: • Não é permitido driblar. • Cada defensor marca um atacante direto. • Não é permitido roubar a bola do atacante; só é permitido interceptá-la na trajetória do passe. EDUCAÇÃO FÍSICA 97 3. CONSCIÊNCIA TÁTICA Pergunta (P): qual é o objetivo do jogo? Resposta (R): fazer a cesta, sem driblar. P: o que é necessário fazer ao receber a bola? R: parar e ficar de frente para o alvo (cesta). P: é importante observar a situação do jogo antes de decidir o que fazer? Por quê? R: sim, caso contrário, há mais possibilidade de cometer erros, como passar a bola para quem está marcado, ou não passar para alguém livre e em con- dição de pontuar. P: durante o jogo, alguém estava livre, e a bola foi passada para quem estava marcado. Esta situação foi observada por vocês? Como se pode observá-la? R: ao receber a bola, o jogador precisa parar em um ou dois tempos de frente para a cesta e observar a situação. P: como faço para não andar com a bola? Quais são os recursos para não andar? R: paradas de um ou dois tempos. P: como faço para girar o corpo e ficar de frente para a cesta? R: fixando um dos pés no chão e movendo o outro, movimento chamado de pé de pivô. 4. TAREFA(S) Participantes: 3x3 ou 4x4, com 1 árbitro/substituto. Objetivo do jogo: receber a bola atrás de uma linha ou meta adversária. Descrição: numa quadra reduzida (por exemplo, a quadra de vôlei), com duas equipes formadas pelo mesmo número de jogadores, realiza-se um jogo de passes, no qual pontua a equipe que conseguir que um de seus jogadores receba a bola na linha/meta adversária ou após esta. Condições: • Cada defensor marca um atacante correspondente. • Não é permitido driblar. • Não é permitido roubar a bola da mão do atacan- te, somente é possível interceptar a bola na traje- tória do passe. • Os atacantes não podem pisar na linha final da equipe adversária sem a bola. Descrição: os alunos executam, sob orientação do professor, paradas em um e dois tempos e o pé de pivô. Nas intervenções, o professor precisa salientar as regras (possibilidades) e técnicas (eficácia e efici- ência dos movimentos) para a utilização destes fun- damentos. Objetivo: executar, adequadamente, as paradas de um e dois tempos e o pé de pivô. 5. JOGO FINAL Será repetido o mesmo jogo do início da aula. A in- tenção, neste momento, é criar possibilidades para professor e alunos observarem a aprendizagem e os avanços conseguidos. Antes de iniciar, é impor- tante recapitular alguns conceitos trabalhados em aula, tais como a necessidade de observar antes de agir, parar com a bola em um ou dois tempos, uti- lizar o pé de pivô e se orientar pela localização da meta (cesta). 98 Roda final Enfatizar junto aos alunos a importância dos fun- damentos vivenciados em aula para a prática do basquetebol. Apontar também as vantagens de ob- servar antes de agir, quando se recebe a bola. Além de reforçar a importância do que foi trabalhado em aula, a roda final é, também, um momento propício para encaminhar tarefas para casa sobre o conteúdo da aula. Os temas podem contemplar as dimensões conceitual (regras e características dos fundamentos), procedimental (habilidades com bola e domínio de corpo) e atitudinal (jogo coletivo) dos conteúdos trabalhados. É impor- tante, no entanto, evitar tarefas desinteressantes, como copiar textos. As tarefas de casa devem ser pensadas com cuidado. MODELO DE PLANO DE AULA 2 Problema tático Atacar a cesta. Objetivo • Receber o passe, ficar de frente para a cesta e ar- remessar. Roda inicial O basquetebol exige rapidez de raciocínio, de- mandando uma leitura ampla e veloz da situação de jogo. Desta forma, é necessário dialogar com os alunos sobre as situações de jogo que serão traba- lhadas, relacionando-as com os conteúdos e as ex- periências da aula anterior. 1. PRIMEIROS MOVIMENTOS Com os alunos divididos em pequenos grupos, cada grupo com uma bola, estes realizam passes seguindo uma sequência preestabelecida. Após passar a bola, cada aluno deve se movimentar por todo o espaço, evitando esbarrar nos colegas. Os passes devem ser os mais variados. Os pequenos grupos se dividem em dois, um deles com posse de bola, o outro não. O grupo com bola tenta conseguir a maior sequência de passes, enquanto o outro grupo procura recupe- rar a bola e iniciar a própria sequência. O jogo acon- tece dentro das regras da modalidade, no entanto não será permitido o drible. 2. JOGO INICIAL Participantes: 3x3 ou 4x4 com 1 Técnico/substituto por equipe. Objetivo do jogo: pontuar, fazendo cestas. Descrição: jogo de basquetebol em meia quadra, com pontuação em uma única cesta, com substituições dos jogadores a cada 2 ou 3 minutos. Condições: • Anota-se um ponto para cada tiro tentado (que bate na cesta com trajetória descendente) e dois pontos para cada cesta convertida. • Após a marcação de um ou dois pontos, o jogo é reiniciado na metade da quadra. • Não é permitido driblar. EDUCAÇÃO FÍSICA 99 3. CONSCIÊNCIA TÁTICA Pergunta (P): de que lugar da quadra você conseguiu pontuar com mais facilidade? Resposta (R): próximo à cesta. P: por que é melhor arremessar próximo à cesta? R: pelo melhor aproveitamento dos arremessos, que podem mais facilmente ser realizados com o auxílio da tabela. P: o que fazer para aumentar as chances de fazer ces- tas? Ficar de frente ou com o corpo de lado? Parado ou em movimento? Marcado de perto ou de longe? R: de frente; equilibrado; sem a pressão do marcador.P: além disso, será que podemos arremessar de qual- quer forma? Ou há uma forma mais eficiente? R: usar uma forma adequada (técnica) de arremesso e usar a tabela como apoio para acertar o alvo (cesta). Roda final Enfatizar a importância dos fundamentos trabalha- dos, vivenciados em situações de jogo. Nesta aula, foram trabalhadas algumas formas de arremesso. É fundamental que você discuta com os alunos esse fundamento, indicando as formas mais eficazes de finalização à cesta. 4. TAREFA(S) Participantes: em grupos de três ou quatro alunos. Objetivo do jogo: conseguir cestas dos pontos de- terminados. Descrição: todos os alunos arremessam três vezes de cada ponto determinado (Figura 14). Um parceiro pega o rebote e passa ao companheiro de equipe. Durante a realização do exercício, o arremessador deve: • Solicitar a bola com o braço estendido. • Enquadrar a cesta antes de arremessar. • Durante o arremesso, recomenda-se: base firme; olhar a cesta por baixo da bola; cotovelo posiciona- do abaixo da bola; estender completamente o bra- ço; flexionar o punho; usar o “quadrado” na tabela como guia ao arremessar de um dos lados da cesta. Legenda: Pontos de arremesso Figura 14 - Ataque à cesta Fonte: adaptada de González et al. (2014). 5. JOGO FINAL Será realizado o mesmo jogo do início. Antes, porém, chamar a atenção dos alunos para a execução de ou- tros fundamentos já trabalhados, como passes, drible, paradas e pé de pivô, bem como para a localização e os deslocamentos em quadra, buscando os melhores posicionamentos para o arremesso. Algumas regras especiais podem ser criadas para facilitar as movi- mentações de ataque, tais como ampliar o tempo para o arremesso ou criar uma superioridade numérica, acrescentando um coringa (mais um atacante). 100 MODELO DE PLANO DE AULA 3 Problema tático Defender a cesta. Objetivo Adotar um posicionamento entre o atacante a ser marcado e a cesta. Roda inicial No basquetebol, todos os jogadores atacam e de- fendem. De nada adianta converter muitas cestas se a equipe sofre tantas outras. Neste contexto, é fundamental: conversar com os alunos sobre o po- sicionamento adequado do defensor em relação ao atacante; explicar o funcionamento da marcação in- dividual, orientando sobre a posição do atacante e da cesta; e desafiar os alunos para que se posicionem corretamente em todos os jogos dessa aula. 1. PRIMEIROS MOVIMENTOS Dividir a turma em duas equipes, cada uma com me- tade do número de bolas em relação ao número de alunos (por exemplo, dez alunos com cinco bolas). O objetivo do jogo é conduzir as bolas, colocando-as no garrafão adversário, sem entrar nele. Os integrantes com posse de bola podem se deslocar driblando. Os jogadores defensores poderão roubar a bola dos ata- cantes, de acordo com as regras do basquetebol. 2. JOGO INICIAL Participantes: 3x3 com 1 árbitro/substituto por equipe. Objetivo do jogo: fazer cestas. Descrição: jogo reduzido de basquetebol, em meia quadra (numa única cesta), com substituições de jo- gadores a cada três minutos. Condições: • É proibido roubar a bola do atacante, sendo pos- sível apenas a interceptação de passes. • O drible é permitido somente para finalização à cesta. 3. CONSCIÊNCIA TÁTICA Pergunta (P): o que é necessário para diminuir as chances de uma equipe sofrer a cesta? Resposta (R): marcar de forma eficiente. P: como fazer para executar uma boa marcação? R: é necessário posicionar-se corretamente. P: qual é a posição adequada? R: entre o atacante correspondente e a cesta. EDUCAÇÃO FÍSICA 101 4. TAREFA Participantes: 3x3, com três coringas. Objetivo do jogo: fazer pontos (cestas). Descrição: jogo quadra reduzida (Figura 15). Os três coringas poderão se deslocar apenas em um espaço determinado. Quem ataca somente poderá progre- dir driblando quando não houver um defensor entre ele e a cesta. As equipes atacam, alternadamente. Condições: • A cada três minutos, alterne as funções (atacantes e defensores). • É permitido roubar a bola do atacante, como no jogo propriamente dito. Legenda: Atacantes Defensores Coringas Figura 15 - Atacando a cesta com ajuda fixa Fonte: adaptada de González et al. (2014). 5. JOGO FINAL Com a intenção de verificar se os alunos melhoraram seu desempenho defensivo, ocorrerá o mesmo jogo inicial. Antes de iniciar, é importante induzir os alu- nos a se posicionarem entre o atacante direto e a cesta. Roda final Ao encerrar a aula, alguns questionamentos deverão ser apresentados aos alunos: Vocês compreende- ram a necessidade de se posicionar entre o atacan- te direto e a cesta? Perceberam a importância desse posicionamento para as ações defensivas no bas- quetebol? Concluir reafirmando que saber marcar o adversário eficientemente é imprescindível para um bom desempenho nessa modalidade, visto que a função defensiva (assim como a ofensiva) é de todos os jogadores em quadra. Como você distribuiria os conteúdos estu- dados nas Unidades 2 e 3 que trataram, es- pecificamente, do basquetebol, ao longo da formação básica? Talvez pareça uma tarefa trabalhosa, mas é muito importante que, como futuro professor, você a realize. REFLITA Prezado(a) aluno(a), esperamos que os conteúdos apresentados possam contribuir com sua forma- ção inicial tanto quanto as informações relevantes nesta unidade, como também na elaboração de planos de aula que possam contribuir em sua prática pedagógica. 102 considerações finais N esta unidade, você conheceu aspectos importantes das ações táticas que ocorrem durante o jogo de basquetebol, compreendendo os sistemas tá- ticos (ofensivos e defensivos) utilizados durante o processo de ensino e aprendizagem. As ações táticas individuais e coletivas devem ser parte integrante da modalidade em todo o percurso do processo ensino-aprendizagem, compondo seu rol de conteúdos, considerando o aumento progressivo de dificulda- de e complexidade ao longo dos anos. Ao aprender ações táticas ofensivas, o aluno compreende o que fazer durante um jogo, movimentando-se, desmarcando e realizando fintas para enganar o adversário. É função do professor contribuir para que, a partir de seus objetivos de aprendiza- gem, o aluno consiga praticar a modalidade de forma adequada. Para tanto, precisa compreender e vivenciar tais ações, de acordo com seu desenvolvimento físico e in- telectual. Caso você tenha dificuldade em compreender as ações táticas realizadas na mo- dalidade, procure assistir a jogos, entrar em contato com professores que trabalham com esse conteúdo nas aulas ou, até mesmo, assistir a vídeos que possam contribuir para sua aproximação com a modalidade. Lembre-se de que você não precisa saber jogar com extrema habilidade uma modalidade para ensiná-la. A sua prática peda- gógica deve ser permeada por ações que possam contribuir com a participação e o entusiasmo de seus alunos. Por vezes, a realização de festivais e de campeonatos de arremessos e a parti- cipação de atletas e ex-atletas em suas aulas podem contribuir para que os alunos sintam-se interessados pela prática do esporte. Quando você conseguir fazer com que eles sintam interesse em aprender aquilo que você planejou, as aulas ficarão mais motivantes, e eles participarão até de atividades mais complexas, envolvendo, com mais profundidade, os sistemas táticos ofensivos e defensivos. Você pode utilizar diferentes estratégias metodológicas para o ensino dos siste- mas táticos, como as que propomos nesta unidade: textos, imagens, figuras e vídeos. Esperamos que você possa aproveitar todas as informações! considerações finais 103 atividades de estudo 1. O contra-ataque é a ação ofensiva coletiva mais rápida de transição da defesa para o ataque, ocorrendo após a recuperação da posse de bola (rebote defensivo ou roubo de bola) ou, até mesmo, em reposições rápidas do fundo ou da lateral da quadra. Sobre as ações ofensivas, leia as assertivas a seguir: I - O atacante com a posse de bola deve observarantes de agir (ler a situação de jogo antes de passar, driblar, arremessar), ficando de frente para a meta (cesta) adversária quando receber a bola; ao passar, deve se movimentar (não ficar no lugar), utilizando os vários tipos de passe. II - Quando o atacante estiver em condições favoráveis, deve tentar um arre- messo ou executar a bandeja (após o drible e o passe). III - Sem a posse de bola, o atacante deve solicitá-la com uma das mãos e se deslocar para recebê-la (criar linha de passe). IV - As fintas devem ser utilizadas pelo atacante para sair da marcação; os cortes em “V” (ir e voltar) e em “L” (mudança brusca de direção) podem ser utilizados para se desvencilhar do defensor. De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) I e III, apenas. b) I, II e IV, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II e IV, apenas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 104 atividades de estudo 2. No basquetebol, os jogadores titulares ocupam cinco posições. Estas estão rela- cionadas às funções que cada jogador exerce durante o jogo ofensivo. Sobre as características de cada jogador, leia as assertivas a seguir: I - O armador (posição 1) é o jogador responsável pela organização das joga- das, sendo, necessariamente, bom e veloz driblador e passador, com ampla visão de jogo e bom arremesso. Na maior parte do jogo, ele ocupa a região central da quadra, próximo à linha dos três pontos. II - O lateral (posição 2), é denominado ala-armador ou “escolta”, termo que sugere um elemento ajudante nas ações de armação, assumindo, também, características de finalização com maior leveza e velocidade. III - O lateral (posição 3) é denominado ala-pivô ou ala “de força”. São, normal- mente, jogadores mais altos, com capacidade tanto de jogo próximo à cesta quanto de arremessos de média e longa distância. IV - O pivô (posição 4) é também chamado de pivô “móvel”, jogando tanto de costas para a cesta, como livre para jogar também fora da área restritiva, fa- tor que exige percepção visual, habilidade e agilidade no jogo de infiltração. De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) I, II e IV, apenas. b) II e IV, apenas. c) I, II e III, apenas. d) I e II, apenas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 3. No sistema defensivo individual, cada jogador de defesa fica responsável por marcar um atacante específico da equipe adversária, acompanhando-o, inde- pendentemente da posição que ocupa na quadra. Sobre o sistema defensivo individual, é incorreto afirmar: a) Esse sistema deve ser priorizado para alunos experientes, sendo indicado, portanto, para compor os planejamentos dos anos finais de ensino dos con- teúdos esportivos na escola (Ensino Médio). b) Uma das vantagens da utilização do sistema defensivo individual é a definição de responsabilidades (cada um marca um). c) Durante o processo de ensino e aprendizagem da defesa individual, pode-se exigir dos alunos a correta execução dos fundamentos individuais de defesa (posição básica e deslocamentos rápidos). 105 atividades de estudo d) No sistema defensivo individual, é possível adequar o equilíbrio físico e técnico entre defensores e atacantes, em que o aluno mais alto marca o mais alto, o mais rápido marca o adversário mais rápido etc., facilitando o processo de ensino e aprendizagem. e) A defesa individual pode ser utilizada contra qualquer tipo de ataque (com um, dois ou três pivôs). 4. Nos sistemas defensivos por zona, os jogadores são responsáveis por proteger regiões específicas da quadra; o defensor responsável por uma região da quadra deve estar atento à marcação do atacante que nela estiver, bem como se orientar pela movimentação da bola e exercitar o sentido de cobertura. Com base nestes sistemas defensivos, leia as assertivas a seguir: I - Posicionamento dos defensores em regiões, de acordo com sua estatura (mais altos próximos da cesta defendida, facilitando o rebote defensivo e o contra-ataque). II - Menor esforço físico por marcar apenas uma região (zona). III - Dificulta o atacante a realizar infiltrações e jogadas próximas à cesta. IV - A recomposição defensiva é facilitada, devido ao posicionamento predeter- minado. De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) I, III e IV, apenas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 5. Os sistemas defensivos, no basquetebol, são definidos mediante configuração nu- mérica, e podem acontecer em quadra inteira, em três quartos de quadra, em meia quadra ou em um quarto de quadra. Entre as alternativas a seguir, apenas uma corresponde a um desses sistemas. Sendo assim, assinale a alternativa que apresenta um sistema defensivo por zona, utilizado no basquetebol: a) Sistema por zona 3-3. b) Sistema por zona 2-1-1. c) Sistema por zona 3-2. d) Sistema por zona 3-1-1. e) Sistema por zona 3-2-1. 106 LEITURA COMPLEMENTAR Você conhece o basquetebol em cadeiras de rodas? Neste texto de Brancatti et al. (2015), conheça um pouco desta modalidade e algumas de suas características. O surgimento do basquete sobre rodas ocorreu como uma forma de reabilitação dos indiví- duos que foram enviados para os campos de batalha durante a Segunda Guerra Mundial e logo ganhou repercussão, pois além das melhorias física e psicológica dos praticantes, teve um crescente número de praticantes com outros tipos de sequelas ou traumas medulares. Em 1946, os veteranos de guerra dos Estados Unidos criaram o basquetebol em cadeiras de rodas. No Brasil, a modalidade surgiu no ano de 1958, por intermédio de Sérgio Del Grande e Robson Sampaio, em São Paulo e Rio de Janeiro. O esporte é praticado na mesma quadra do basquetebol convencional, com o mesmo tempo de jogo, ou seja, quatro tem- pos de 10 minutos cada. Suas regras são estabelecidas pela Federação Internacional de Basquetebol em Cadeira de Rodas (International Weelchair Basketball Federation - IWBF) em conformidade com as regras da Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) e com as adaptações pertinentes à utilização da cadeira de rodas. [...] No basquetebol sobre rodas estão presente os mesmos fundamentos do basquetebol con- vencional, como o passe, o arremesso, o giro, o drible, o bloqueio, o rebote, acrescentando- -se aqui um fundamento específico da modalidade: o manejo da cadeira de rodas. [...] Em vista das dimensões da cadeira de rodas, esta toma um amplo espaço na quadra e os deslocamentos de cada jogador provocam muitos contatos entre as cadeiras, por vezes, em grande intensidade, influenciando nas táticas utilizadas durante o jogo. A cadeira de rodas para a prática do basquetebol é desenvolvida segundo as exigências desse esporte e deve ser específica para cada atleta, considerando a sua classificação funcional, tendo sido confeccionada com uma preocupação relacionada à sua funcionalidade durante o jogo, o peso e a facilidade no seu transporte. Fonte: adaptada de Brancatti et al. (2015). 107 material complementar Os sistemas defensivos, no basquetebol, devem ser utilizados de acordo com as características da equipe adversária. Neste vídeo, o professor apresenta as principais características dos sistemas defensivos por zona, além dos posicionamentos dos jogadores. Web: <https://www.youtube.com/watch?v=LMTdNciMX7E&t=1s>. Indicação para Acessar 108 referências BÔAS, M. S. V. Basquetebol brincando e aprendendo: da iniciação ao aperfeiçoa- mento. Maringá: Eduem, 2008. BRANCATTI, P. R. et al. Projeto basquetebol sobre rodas da FCT/Unesp. In: CONGRESSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA UNESP, 8., 2015, São Pau- lo. Anais... São Paulo: unesp, 2015. p. 1-4. Disponível em: <http://hdl.handle. net/11449/142349>. Acesso em: 25 abr. 2019. CARVALHO, W. Basquetebol: sistemas de ataque e defesa. Rio de Janeiro: Sprint, 2001. FERREIRA, M. C. M.; MARKUNAS, M.; NASCIMENTO, P. R. A prática na forma- ção de atletas no basquetebol feminino.In: ROSE JUNIOR, D.; TRICOLI, V. Basque- tebol: uma visão integrada entre a ciência e a prática. Barueri: Manole, 2005. GONZÁLEZ F. J.; BORGES, R. M.; FERREIRA, A. F.; KRAVCHYCHYN, C. Basque- tebol. In: GONZÁLEZ F. J.; DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B. (Orgs.). Esportes de invasão: basquetebol, futebol, futsal, handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem, 2014. OLIVEIRA, A. A. B. Planejando a Educação Física Escolar. In: VIEIRA, J. L. L. (Org.). Educação Física e Esportes: estudos e proposições. Maringá: Eduem, 2004. OLIVEIRA, W.; PAES, R. R. Ciência do Basquetebol: Pedagogia e metodologia da iniciação à especialização. 2. ed. Londrina: Sport Training, 2012. RODRIGUES, H. A.; DARIDO, S. C. Basquetebol na escola: uma proposta didático- -pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. referências http://lattes.cnpq.br/2880043619984141 109 gabarito 1. E. 2. E. 3. A. 4. D. 5. C. Professor Dr. Claudio Kravchychyn Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conhecendo o handebol: histórico • Fundamentos técnicos do handebol • Regras básicas do handebol • Modelos de exercícios na iniciação ao ensino do handebol Objetivos de Aprendizagem • Analisar a história e as principais características da modalidade. • Conhecer os fundamentos técnicos do handebol. • Reconhecer as regras básicas do handebol. • Analisar os modelos de exercício na iniciação ao ensino do handebol. CONHECENDO O HANDEBOL unidade IV INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), na Unidade 5, você deverá adquirir conheci- mento sobre a história do handebol e os desafios de sua imple- mentação na realidade escolar brasileira. Também conhecerá os fundamentos técnicos da modalidade, entendendo a importân- cia de conhecer tais elementos. Apesar de termos estudado, na Unidade 1, que os professores devem priorizar o ensino da tática em relação à técnica, eles devem ter conhecimento de como os movimentos técnicos devem ser realizados, facilitando a sua compreensão da modalidade, pois os elementos técnicos são ensinados por meio dos fundamentos desta. Com as novas perspectivas e os novos modelos de ensino, o termo fundamentos poderia ser repensado pelos estudiosos da área da Educa- ção Física, pois pode ser interpretado como algo que deveria vir antes de tudo. Você já sabe que somos a favor de uma nova perspectiva de ensino que prioriza o ensino da tática, mas com a técnica (fundamentos técni- cos) ensinada de forma simultânea. Ou seja, priorizar a tática não signifi- ca eliminar o ensino da técnica. As regras da modalidade devem ser conhecidas e analisadas pelos professores, reconhecendo que as atualizações são periódicas e que, por isso, você deve atualizar sempre seus conhecimentos. Você aprenderá, nesta unidade, as regras básicas do handebol, aquelas imprescindíveis para a prática dele. Agora que você já conhece o que será estudado nesta unidade, espe- ramos que o estudo dos conteúdos permita que você possa estruturar este amplo conhecimento em ações pedagógicas adequadas para o processo de ensino e aprendizagem de seus futuros alunos. Esperamos que aproveite- esta unidade para aferir ainda mais o seu conhecimento. Vamos lá? 114 Figura 1 - Beach Handball Conhecendo o Handebol: Histórico EDUCAÇÃO FÍSICA 115 O mundo conheceu as primeiras características do handebol por meio do professor dinamarquês Hol- ger Nielsen, em 1948, que criou, no Instituto Ortrup, um jogo que foi denominado Haandbold (DELGA- DO, [2019], on-line)1. Segundo o autor, neste mesmo período, na Tchecoslováquia, praticava-se o Hazena, um jogo muito semelhante ao handebol daquele pe- ríodo. Entretanto, em 1919, o handball, como é de- nominado até o momento, foi criado pelo professor alemão Karl Schelenz. Na língua inglesa, hand sig- nifica mão, e ball, bola. Desta forma, o significado original do handball é bola jogada com a mão. O Comitê Olímpico Internacional (COI) incluiu o handebol nos Jogos Olímpicos, em Berlim (1936). Em 1938, foi disputado o primeiro campeonato mundial, na Alemanha. Nesta época, era praticado o handebol de campo e o de salão (SUA PESQUISA, 2011, on-line)2. Segundo Delgado ([2019], on-li- ne)1, no Brasil, o handebol foi, inicialmente, pratica- do por imigrantes alemães, na cidade de São Paulo, no início da década de 30, e seu desenvolvimento foi intensificado com a fundação da Federação Paulista, em 1940. Auguste Listello foi um dos incentivadores da prática da modalidade, na cidade de Santos-SP, ao lecionar na Apef (Associação dos Professores de Educação Física) em 1952 (REIS, 2012). A experiência do Brasil, na modalidade, ainda necessita evoluir em comparação aos outros países da Europa. O Brasil jogou seu primeiro campeonato mundial em 1987, e sua experiência era tão inferior em relação aos países europeus que somente o golei- ro da seleção alemã possuía mais jogos internacio- nais do que todos os jogadores da seleção brasileira em conjunto. Assim, apesar das experiências posi- tivas do Brasil, na última década, principalmente a conquista da medalha de ouro da equipe feminina no mundial de 2013, a realidade brasileira ainda se apresenta, atualmente, apenas entre os 20 melhores países no handebol masculino e feminino, sendo es- tes resultados pouco relevantes no contexto mundial (GRECO II, 2013). As memórias e investigações sobre o hande- bol brasileiro foram elaboradas por Heloysa Helena Baldy dos Reis, por meio de um pro- jeto de pesquisa realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2015. Em suas memórias, a pesquisadora verificou que a disciplina de handebol foi incluída no curso da então Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, atualmente Universida- de de São Paulo (USP), em 1959. Variação da modalidade, o handebol de areia (beach handball) teve origem na Itália, na década de 90, sendo os primeiros torneios realizados na Itália e na França. Em 1995, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) realizou I Torneio Internacional de Handebol de areia masculino, sendo as primeiras regras oficiais apresentadas em 1996, no Congresso Inter- nacional da Federação Internacional de Han- debol (IHF), nos Estados Unidos. Fonte: Reis (2012). SAIBA MAIS Ao organizar, anualmente, o Encontro Nacional de Professores de Handebol das Instituições de Ensino Superior (IES) Brasileiras, a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) busca promover as discussões acerca dos conhecimentos existentes e produzidos sobre o esporte, possibilitando a evolução da moda- lidade no contexto brasileiro (REIS; CASTELLANI, 2013). 116 Historicamente, a denominação funda- mentos é utilizada para os gestos técnicos em cada modalidade esportiva. A partir dos estudos da pedagogia do esporte nas últi- mas décadas, as produções científicas pas- saram a apresentar o termo “técnico-tático”, ampliando o conceito do que é mais impor- tante na aprendizagem inicial dos esportes coletivos (REIS; CASTELLANI, 2013). Fundamentos Técnicos do Handebol EDUCAÇÃO FÍSICA 117 Na primeira unidade desta obra, já apresentamos a importância de a técnica (fundamentos) ser ensinada em conjunto com o ensino da tática. Relembrando: além de decidir “o que e quando fazer” (tática individual), o aluno deve saber realizar a habilidade técnica, por exemplo, o arremesso ou o passe (GONZÁLEZ; DARIDO; OLIVEIRA, 2014). Dessa forma, abordaremos, a seguir, cada habilidade técnica. São elas: domínio de corpo, empunhadura da bola, passes, drible, arremessos, progressões, fintas e fundamentos defensivos. DOMÍNIO DE CORPO Equilíbrio e domínio corporal necessários aos mo- vimentos defensivos e ofensivos em geral, como deslocamentos, saltos e aterrissagens, saídas rápidas, paradas bruscas e mudanças de direção. EMPUNHADURA DA BOLA É a forma básica de segurar a bola de handebol com uma das mãos, com as falanges distais dos cinco de- dos abertos e com a palma da mão em uma posiçãoligeiramente côncava (REIS, 2006). A empunhadura correta permite ao jogador um manejo de bola ade- quado nas ações técnicas de ataque. Figura 2 - Empunhadura da bola PASSES Passar é a ação de lançar a bola ao companheiro de equipe, sendo considerado o fundamento mais impor- tante do handebol (TENROLER, 2004). É o elemento básico para a construção do jogo. A seguir, descreve- remos os tipos de passe mais utilizados no handebol. Passe acima do ombro Como o próprio nome pressupõe, é realizado com o cotovelo à altura ou acima do ombro, para frente ou em trajetória oblíqua, podendo ser retificado (reto) ou bombeado (parabólico) (REIS, 2006). Perna e ombro opostos vão à frente, executa-se uma rotação interna e a extensão do braço na direção do passe. Figura 3 - Passe acima do ombro 118 Passe em pronação Segurando a bola com a palma da mão apontada para baixo, é executado com a extensão do punho, em geral, lateralmente ou para trás. Passes especiais São passes realizados como recursos técnicos tanto para proteção da bola quanto para enganar a defe- sa adversária. No handebol, podemos citar como exemplos mais comuns: passe por trás do corpo (tronco), por trás da cabeça e para trás (de costas para o receptor). Figura 4 - Passe em pronação Figura 5 - Passe especial (para trás) EDUCAÇÃO FÍSICA 119 RECEPÇÃO A recepção, no handebol, deve ser feita sempre com as duas mãos paralelas e ligeiramente côncavas (em forma de concha) e voltadas para frente. Tipos de recepção: alta (na linha da cabeça ou acima), inter- mediária (na linha do tronco, até a linha da cintura) e baixa (abaixo da linha da cintura). Com aquisição de mais habilidade, o jogador pode recepcionar o passe com apenas uma das mãos, utilizando a em- punhadura básica. Passe quicado O passe quicado é determinado por uma situação de jogo, na qual é necessário executar qualquer tipo de passe com a bola tocando no chão antes da recepção pelo companheiro. Em geral, é utilizado em condi- ções especiais, visando a dificultar a interceptação da bola pelo defensor. Figura 6 - Passe quicado Figura 7 - Recepção 120 DRIBLE Se o jogador pode ficar parado ou em movimento, o drible no handebol é realizado impulsionando a bola com uma das mãos contra o chão, uma ou re- petidas vezes. Sua utilização ocorre, principalmente, em contra-ataques, fintas e progressões. Para a re- alização do drible, o jogador não deve olhar para a bola, e o ritmo de jogo coletivo não deve ser inter- rompido nestas ocasiões, ou seja, deve ser útil sem reduzir a velocidade do jogo (ZAMBERLAN, 1999; FERNÁNDEZ et al., 2012). No handebol, são utilizados dois tipos de dribles: o drible alto (para deslocamentos em velocidade) e o drible baixo (para a proteção de bola). É impor- tante conscientizar o praticante de que este recurso somente deve ser utilizado quando extremamente necessário. Em comparação ao basquetebol, no han- debol, há a utilização muito menor deste fundamen- to (VIEIRA; FREITAS, 2007; REIS, 2013). ARREMESSO Movimento de impulsionar a bola em direção à meta. É a finalização de um ataque, com o objetivo de pontuar (TENROLER, 2004). Os arremessos po- dem ser classificados em: arremesso com apoio, em suspensão e com queda. Arremesso com apoio Também denominado arremesso básico, é executa- do quando um ou ambos os pés do jogador estão em contato com o solo. Nestes casos, a rotação do tronco auxilia na potência do arremesso. Figura 8 - Drible Figura 9 - Arremesso com apoio EDUCAÇÃO FÍSICA 121 Arremesso em suspensão Ocorre quando, no momento do arremesso, o atle- ta não está em contato com o solo. Embora um ar- remesso em suspensão possa ser executado após um salto vertical, os arremessos mais potentes no handebol ocorrem, geralmente, na situação em que o jogador salta para arremessar após uma progres- são, movimento que oferece também um desloca- mento vertical. As progressões que antecedem um arremesso em suspensão no handebol ocorrem em ritmo tri- fásico (três passos que antecedem o arremesso) ou em duplo ritmo trifásico (três passos, um drible si- multâneo ao quarto passo, mais três e, em seguida, o arremesso). Arremesso com queda Quando o atleta se projeta com um salto para a fren- te, buscando a melhor situação de finalização (na maioria dos casos, dentro da área de seis metros), há o arremesso com queda, que acontece após a bola ter deixado a mão do arremessador. É um arremes- so comum entre os pivôs e, eventualmente, entre os pontas. Eventualmente, os atletas se utilizam de ro- lamentos, recurso para amenizar os efeitos do im- pacto do corpo contra o solo. Figura 11 - Arremesso com quedaFigura 10 - Arremesso em suspensão 122 FUNDAMENTOS DEFENSIVOS Os fundamentos defensivos, no handebol, compre- endem: a posição básica de defesa e os deslocamen- tos defensivos, o bloqueio defensivo, a marcação por impedimento e as técnicas de goleiro (SIMÕES, 2002; REIS, 2013). Posição básica e deslocamentos A posição básica defensiva assemelha-se às de outros esportes de invasão: pernas afastadas pouco mais do que a largura dos ombros, tronco ereto e levemente inclinado à frente, mãos em posição de expectativa, olhar à frente, no atacante correspondente. O deslocamento básico defensivo consiste em se deslocar no sentido de acompanhar o atacante cor- respondente, com ou sem a bola, ou se deslocar em direção ao espaço proporcionado por outro defen- sor em fase de marcação, evitando oferecer espaços vazios para o ataque da equipe adversária (SIMÕES, 2002; REIS, 2013). Figura 13 - Posicionamento defensivo FINTA Elemento utilizado no movimento de um contra um, em que o atacante possui como objetivo enganar o adversário, escapando dos defensores e ficando livre para atuar ou para ficar acessível a outro atacante (FERNÁNDEZ et al., 2012). A finta é utilizada para enganar o adversário, melhorando as ações em ou- tros fundamentos, como passe e arremesso, e é feita com mudanças de direção realizadas pelo jogador atacante (TENROLER, 2004). Figura 12 - Finta EDUCAÇÃO FÍSICA 123 Técnicas de goleiro A posição de goleiro, no handebol, exige do jogador muita velocidade de reação, devido à pouca distân- cia e à grande força que os atacantes empreendem nos arremessos. As defesas podem ser assim classifi- cadas: defesa alta, de meia altura, baixa e em “X”. A defesa alta intercepta os arremessos efetuados aci- ma da linha dos ombros dos goleiros, podendo ser efetuada com uma ou ambas as mãos, saltando ou não. À meia altura, ocorre a defesa das bolas arre- messadas entre as linhas do joelho e dos ombros dos goleiros, efetuada com as mãos, pernas ou quadris (GONZÁLEZ; DARIDO; OLIVEIRA 2014). A defesa baixa deriva das bolas arremessadas abaixo da linha do joelho, podendo ser realizada com os pés ou com as mãos. Já a defesa em “X” é realizada por meio de um salto, seguido de um mo- vimento de abdução de ombros e quadris, simulta- neamente, para diminuir os espaços em arremessos, geralmente, de curta distância ou de contra-ataque, podendo ser realizada, também, em tiros de sete metros (SIMÕES, 2002; REIS, 2013). Bloqueio defensivo Considerado como o recurso final de um defensor de linha, o bloqueio defensivo é uma técnica de in- terceptação de um arremesso ao gol (SIMÕES, 2002; REIS, 2013). Figura 14 - Bloqueio defensivo Marcação por impedimento A marcação por impedimento consiste em evitar as ações do atacante, segurando o braço de arremesso com uma das mãos, e o quadril, com a outra (REIS, 2013). Figura 15 - Marcação por impedimento Figura 16 - Defesa à meia altura 124 Regras Básicas do Handebol A seguir, apresentaremos algumas re- gras do handebol para o conhecimento do(a) futuro(a) professor(a). Elas podem auxiliar no processo de ensino e apren- dizagem, pois, mesmo que os alunos não necessitem conhecer todas as regras, as básicas, pelo menos, são necessárias para a compreensão do jogo. É importante lembrar queessas regras foram adaptadas e reorganizadas a partir do site da Confederação Brasileira de Handebol - CBHb ([2019], on-line)3. QUADRA A quadra de jogo mede 40 m de com- primento por 20 m de largura, com duas áreas de gol e uma de jogo, formadas por linhas laterais de gol (embaixo da bali- za) e de fundo. A baliza fica no centro de cada linha de fundo, medindo 2 m de altura por 3 m de largura. As linhas de gol devem ter 8 cm de largura entre os postes, enquanto as outras linhas me- dirão 5 cm de largura. A linha de tiro livre (linha de 9 m) é tracejada a 3 m de distância da linha da área de gol; a linha de tiro de 7 m possui 1 m e deve ser mar- cada em frente à baliza, paralela à linha do gol. Para a realização de uma substi- tuição, existe uma linha de 4,5 metros da linha central de cada equipe, denomina- da zona de substituição (CONFEDERA- ÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL, [2019], on-line)3. EDUCAÇÃO FÍSICA 125 Figura 17 - Quadra de handebol Fonte: CBHb (2016, p. 7). 126 REGRAS DE TEMPO A duração de uma partida oficial para adultos é de dois tempos de 30 minutos, com intervalo de 10 minutos, com exceção de campeonatos mundiais cujo intervalo é de 15 minutos. A prorrogação (tempo extra) ocorre somente se uma partida terminar empatada, e um ven- cedor tenha que ser determinado. Será jogada após 5 minutos de intervalo e pode possuir dois períodos de 5 minutos, com um intervalo de 1 minuto. Caso a parti- da continue empatada depois do primeiro tempo extra, um segundo tempo extra será jogado após intervalo de 5 minutos, e esse segundo tempo extra também tem dois períodos de 5 minutos com intervalo de 1 minuto. O tempo de jogo começa com o apito do árbitro auto- rizando o tiro de saída inicial e acaba com o sinal de término automático do placar ou do cronometrista. Se o sinal sonoro não soar, os árbitros apitam para indicar que o tempo de jogo terminou (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL, [2019], on-line)3. BOLA A bola pode ser confeccionada em couro ou mate- rial sintético, devendo ser esférica, fosca e aderente. De acordo com a Confederação Brasileira de Han- debol ([2019], on-line)3, a circunferência e o peso da bola de cada categoria são: a. Tamanho 3, entre 58 e 60 cm e 425 e 475 g para homens (equipes adultas e juvenis, aci- ma de 16 anos). b. Tamanho 2, entre 54 e 56 cm e 325 e 375 g para mulheres (equipes adultas e juvenis, aci- ma de 14 anos) e equipes masculinas adoles- centes (entre 12 e 16 anos). c. Tamanho 1, entre 50 e 52 cm e 290 e 330 g para equipes infantis femininas (8 a 14 anos) e masculinas (8 a 12 anos). Figura 18 - Bola de handebol EQUIPES Uma equipe consiste em até 16 jogadores, mas so- mente sete (seis de linha e um goleiro) podem entrar em quadra. Os demais jogadores são suplentes. O go- leiro pode se tornar um jogador de quadra a qualquer momento. Um jogador de quadra pode se tornar go- leiro, sendo que, no início da partida, uma equipe deve ter, pelo menos, cinco jogadores em quadra (quando faltar outros jogadores). Para a substituição de jogadores (sem número limite e a qualquer mo- mento do jogo), estes devem sempre sair e entrar na quadra por meio da sua própria zona de substituição. Figura 19 - Equipe de handebol EDUCAÇÃO FÍSICA 127 EQUIPE DE ARBITRAGEM Dois árbitros com igual autoridade serão os respon- sáveis por cada partida. Eles são auxiliados por um secretário e um cronometrista. Figura 20 - Equipe de arbitragem UNIFORME Todos os jogadores de uma equipe, exceto o golei- ro, devem vestir uniformes idênticos. As equipes adversárias devem se apresentar para o jogo com uniformes de cores e desenhos claramente distintos, com números de 1 a 99 visíveis (pelo menos 20 cm de altura nas costas e 10 cm na frente das camise- tas de jogo) (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL, [2019], on-line)3. Figura 21 - Uniforme (destaque para a numeração e a distinção de cores) GOLEIRO Em relação à posição do goleiro do handebol, algu- mas ações diferentes dos demais jogadores em qua- dra são permitidas, tais como tocar a bola com qual- quer parte do corpo, tentando se defender e se mover com a bola dentro da área de gol (6 m). Entretanto, entre as principais limitações desse jogador, pode- mos destacar: colocar em perigo o adversário, em busca de defesa, ou sair da área de 6 m com controle da bola (ocasionando um tiro livre para o adversá- rio); tocar a bola que está parada ou rolando no solo do lado de fora da área de gol, estando ele dentro; trazer a bola de fora para dentro da área de gol e, no tiro de 7 m, cruzar a linha de limitação do goleiro (4 m) antes que a bola tenha sido arremessada pelo adversário (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL, [2019], on-line)3. Figura 22 - Goleiro de handebol 128 PONTUAÇÃO Um gol é marcado quando a bola ultrapassa comple- tamente a linha de gol, abaixo da baliza. INÍCIO E REINÍCIO DE JOGO O tiro de saída (início do jogo) e a quadra de jogo que uma equipe defenderá no primeiro tempo são defini- dos sob sorteio. A equipe que ganha o sorteio escolhe ou a posse de bola inicial ou a quadra (CBHb, 2016). Figura 23 - Gol O arremesso lateral, realizado com um pé sobre a linha, ocorre quando a bola cruza completamente a linha lateral, toca o teto ou algum objeto fixo sobre a quadra ou, ainda, quando um jogador defensor tocar a bola antes de ela cruzar a linha de fundo de sua equipe. Na execução, os jogadores adversários devem respeitar a distância de 3 m do executante. Já o tiro de meta é executado pelo goleiro, na re- posição da bola que sai pela linha de fundo, sendo tocada, por último, pelo jogador em movimento de ataque. EDUCAÇÃO FÍSICA 129 TIRO DE SETE METROS O tiro de sete metros é concedido quando uma cla- ra ocasião de gol for impedida de forma antirregu- lamentar ou for interrompida por fatores externos ao jogo (ação direta de um espectador, um apito ou uma falha elétrica, por exemplo). As regras de handebol devem ser conhecidas para facilitar o processo de ensino e aprendizagem da modalidade. Em geral, todas as modalidades es- portivas alteram suas regras ao final de um ciclo, como o ciclo olímpico. É importante estar atento(a) a estas alterações. SANÇÕES DISCIPLINARES Condutas antidesportivas por contato físico ou des- respeitosas (com a equipe de arbitragem ou entre jogadores) são punidas com advertências, quando o árbitro mostra o cartão amarelo. Uma advertên- cia não deve ocorrer, individualmente, mais de uma Figura 24 - Tiro de sete metros vez. Após isso, a punição deve ser, ao menos, a ex- clusão por um tempo de 2 minutos. Com três exclu- sões por 2 minutos ou por conduta antidesportiva grave, o jogador pode ser desqualificado, recebendo o cartão vermelho. Figura 25 - Sanção disciplinar (cartão amarelo) 130 Modelos de Exercícios na Iniciação ao Ensino do Handebol EDUCAÇÃO FÍSICA 131 Ao exemplificar modelos de exercícios para o ensi- no do handebol, algumas orientações didáticas são necessárias durante o processo de ensino e apren- dizagem do esporte (GONZÁLEZ; DARIDO; OLI- VEIRA 2014). Dessa forma, essas orientações devem ser conside- radas na utilização dos modelos de exercícios que serão apresentados. Utilizaremos, inicialmente, al- gumas atividades propostas por Greco, Moraes e Costa (2013), que estimulam o desenvolvimento das habilidades técnicas dos alunos, os quais devem aprender a controlar e a conduzir a bola de forma adequada, determinar o melhor momento para pas- sar a bola de forma precisa, definir o momento cer- to para receber a bola e se preparar para recebê-la, além de antecipar as posições dos defensores. 1. Nome do exercício: passe aleatório. 2. Objetivos: fazer a cesta no arco por meio de um arremesso. 3. Descrição: organizam-se os alunos em trios. Dois desses alunos ficam frente, a uma distância apro- ximada de 5 m. Entre eles estará um terceiro par- ticipante segurando um arco em suas mãos. O objetivo da dupla em posse da bola é arremessare fazer a cesta no arco. O objetivo do aluno que está segurando o arco é mudar constantemente o posicionamento deste para dificultar a marcação da cesta. O professor determinará o tempo para que os participantes possam trocar de posições e funções. 4. Materiais: bolas e arcos. Figura 26 - Passe aleatório Fonte: Greco, Moraes e Costa (2013, p. 157). A B C D E F G Reconhecer as regras básicas da moda- lidade. Ao trabalhar com o jogo formal, as tur- mas devem ser equilibradas, favorecen- do a inclusão de todos os alunos. Pode-se utilizar, como estratégia meto- dológica, a participação de alunos em outras funções, como técnicos e árbitros. Realizar jogos reduzidos, com adapta- ção do espaço, número de alunos e ta- manho da meta. Estimular o conhecimento dos concei- tos táticos para a compreensão do jogo. Estimular a verbalização dos alunos so- bre suas próprias ações. Controlar o tempo de cada atividade, estimulando a motivação dos alunos. 132 Desenvolver a precisão e a força do arremesso é fun- damental para a prática do handebol. Trabalhar esta ação de forma lúdica e prazerosa é a proposta do exercício descrito e demonstrado, graficamente, por meio da Figura 27. 1. Nome do exercício: acerte o alvo. 2. Objetivos: desenvolver a precisão e a força do arremesso. 3. Descrição: o exercício será realizado por dois alu- nos, sendo que cada um estará em posse de uma bola. Haverá um cone ao final do espaço de jogo em uma área delimitada que não poderá ser in- vadida pelos participantes. Os alunos deverão se deslocar aleatoriamente pela quadra e, ao sinal do professor, um desses alunos tentará derrubar o cone com a bola, e o outro deverá lançar a bola que está em sua posse para impedir que seu cole- ga derrube o cone o maior número de vezes. 4. Materiais: cone e arcos. Figura 27 - Acerte o alvo Fonte: Greco, Moraes e Costa (2013, p. 157). O trabalho coordenativo compõe o rol de atividades de iniciação esportiva. O exercício demonstrado na Figura 28 é um exemplo que combina atividades de coordenação motora a brincadeiras populares que já fazem parte do cotidiano dos alunos. 1. Nome do exercício: amarelinha dos cones. 2. Objetivos: trabalhar o arremesso, o passe com o pé e a precisão na finalização. 3. Descrição: o aluno A deverá realizar o jogo da amarelinha demarcada com o giz no chão do es- paço de jogo. Contudo, toda a vez que estiver em um quadrado, ele deverá realizar o passe para o aluno B que está ao lado, alternando passes com o pé e com as mãos. Após completar a amarelinha, o aluno receberá o passe do colega B, em um local determinado (denominado céu no jogo de amare- linha) e tentará derrubar cones dispostos a uma distância de 5 m. Ao final de atividade, invertem-se as posições. 4. Materiais: bolas, giz e cones. A B Figura 28 - Amarelinha dos cones Fonte: Greco, Moraes e Costa (2013, p. 158). EDUCAÇÃO FÍSICA 133 O passe é elemento fundamental nos esportes de invasão. O jogo demonstrado a seguir (Figura 29) exemplifica uma estrutura funcional de 4x4, que pode ser trabalhada para o desenvolvimento do pas- se em situação real de jogo no handebol, no basque- tebol e nos demais esportes de invasão. 1. Nome do exercício: jogo dos passes. 2. Objetivos: determinar o momento espacial para passar, chutar ou rebater uma bola de forma precisa. 3. Descrição: os alunos deverão se dispor em meia quadra para jogar em estrutura funcional 4X4. Para marcar um ponto, a equipe deverá trocar sete passes entre seus jogadores, enquanto a outra equipe tenta recuperar a posse da bola. 4. Materiais: bolas e coletes. Figura 29 - Jogo dos passes Fonte: Greco, Moraes e Costa (2013, p. 161). A mídia nacional e internacional, em 2016, divulgou problemas com repasses financeiros para algumas modalidades esportivas. Com base nessa informação, verifique os proble- mas que ocorreram e quais modalidades es- portivas foram afetadas. Pense, ainda: quais ações governamentais e de políticas públicas poderiam ser implementadas para o desen- volvimento do handebol no Brasil? REFLITA É relevante observar que as ações pedagógicas, re- alizadas no processo inicial do aprendizado, reve- lam a importância de os alunos compreenderem o porquê de realizar cada ação desenvolvida, ou seja, essas atividades não podem ser realizadas por meio de repetições dos fundamentos/habilidades técni- cas do handebol. 134 considerações finais A o conhecer o handebol, buscamos evidenciar aspectos históricos e técni- cos, as regras e os princípios básicos na iniciação da modalidade. A his- tória do esporte é parte integrante da história da humanidade. A compre- ensão dos aspectos históricos é parte integrante do processo de formação humana, possibilitando melhor compreensão da realidade e, consequentemente, de sua ação social. Ao conhecer o histórico do handebol, você pode utilizar diversos métodos de ensino para que os alunos compreendam sua história: filmes, jogos antigos, drama- tizações, estátuas vivas, depoimentos de ex-atletas. Contudo é importante que o en- sino da história do esporte não se torne cansativo para o aluno. Esse ensino é um elemento importante e pode contribuir para a compreensão de outros aspectos da sociedade, por isso, o(a) professor(a) pode buscar relacionar este conteúdo com ou- tras disciplinas. Na área de ciências humanas, por exemplo, estudar o contexto social no qual o handebol foi criado pode contribuir para que o aluno compreenda outros aspectos da história, filosofia e sociologia. Em relação à aprendizagem da técnica, esperamos que você tenha adquirido co- nhecimentos dos fundamentos técnicos para que possa ensinar seus alunos como realizá-los. Entretanto, ao realizar a leitura da Unidade 1, você percebeu que a exe- cução correta dos movimentos deve ser, prioritariamente, ensinada na contextuali- zação do jogo, ou seja, durante a aprendizagem da tática. Se ainda encontrar dúvidas sobre isso, aconselhamos que refaça a leitura da Unidade 1. Encerramos a Unidade 4 com os modelos de exercícios que acreditamos ser es- senciais à compreensão do que é necessário para que você, futuro(a) professor(a), possa compreender os aspectos pedagógicos da modalidade. Assim, a Unidade 4 fornece aspectos importantes para a compreensão do processo de iniciação ao ensi- no do handebol. considerações finais 135 atividades de estudo 1. A popularização do handebol no Brasil é uma conquista, principalmente nas úl- timas três décadas, com a participação em campeonatos mundiais e olímpicos. Sobre a participação brasileira no cenário mundial do handebol, é correto afirmar que: a) O Brasil jogou seu primeiro campeonato mundial em 1987. Neste cenário, a experiência brasileira era tão inferior que somente o goleiro da seleção alemã possuía mais jogos internacionais do que todos os jogadores da seleção bra- sileira em conjunto. b) Apesar das experiências positivas do Brasil na última década, atualmente, o país encontra-se entre os 20 melhores países no handebol masculino e femi- nino. Esses resultados são pouco relevantes no contexto mundial. c) A principal conquista do Brasil, no handebol, foi a medalha de ouro da equipe feminina no mundial de 2013. d) No contexto mundial, o handebol feminino possui melhor ranking que o han- debol masculino. e) Todas as afirmações anteriores estão corretas. 2. A denominação “fundamentos”, utilizada para os gestos técnicos, a partir dos es- tudos da pedagogia do esporte, apresentaram o termo “técnico-tático”, amplian- do o conceito do que é mais importante na aprendizagem inicial dos esportes coletivos (REIS; CASTELLANI, 2013). Sobre o conceito da habilidade técnica “finta”, utilizada no handebol, é incorreto afirmar que: a) Ao utilizar a finta, o atacante tem como objetivo enganar o adversário, ficando livre para atuar ou estar acessível a outro atacante. b) A finta é utilizada para enganar o adversário, melhorando as ações em outros fundamentos, como passe e arremesso. c) A fintanão deve ser ensinada no início do processo de aprendizagem, por ser uma habilidade técnica complexa. d) Os exercícios para a aprendizagem da finta podem ser realizados em situa- ções de jogo, em que os alunos compreendem o seu contexto. e) Nenhuma das alternativas anteriores está incorreta. 136 atividades de estudo 3. O(A) professor(a) de Educação Física deve entender que as aprendizagens decor- rentes das práticas pedagógicas do esporte como conteúdo da Educação Física Escolar devem ser instrumento para a ampliação da compreensão dos alunos em relação às práticas corporais e à sua própria cultura de movimento. Ao refletir sobre este aspecto, como o professor deveria trabalhar a história do handebol? Assinale a alternativa correta. a) Por meio de provas teóricas e textos dissertativos. b) Por meio de provas teóricas, pois é o único meio efetivo de compreensão da história. c) Por meio de imagens e produções coreográficas, relacionando a história do esporte, a arte e a expressão corporal. d) Não é necessária a avaliação do conteúdo relacionado às questões históricas. e) Todas as afirmações anteriores estão corretas. 4. O conhecimento das regras pelo futuro professor auxilia no processo de ensino e aprendizagem. Sobre as regras do handebol disponibilizadas pela Confederação Brasileira de Handebol (2016), assinale a alternativa incorreta. a) A quadra de jogo consiste em um retângulo de 40 m de comprimento e 20 m de largura, composto de duas áreas de gol e uma área de jogo. b) A baliza é uma proteção colocada no centro de cada linha de fundo e deve estar firmemente fixada ao solo; mede 4 m de altura e 2 m de largura. c) A linha de tiro livre (linha de 9 m) é uma linha tracejada a 3 m de distância da linha da área de gol; a linha de 7 m é uma linha que possui 1 m e está marcada em frente à baliza, paralela à linha do gol. d) A duração de uma partida oficial para adultos é de dois tempos de 30 minu- tos com intervalo de 10 minutos, com exceção de campeonatos mundiais, em que o intervalo é de 15 minutos; a prorrogação (tempo extra) será jogada após 5 minutos de intervalo. e) Uma equipe é formada por até 16 jogadores; somente seis jogadores de linha e um goleiro podem estar em quadra, os demais são suplentes. 137 atividades de estudo 5. Sobre as regras disponibilizadas pela Confederação Brasileira de Handebol (2016), qual afirmação é correta? a) A duração de uma partida oficial para adultos é de dois tempos de 20 minu- tos, com intervalo de 10 minutos, com exceção de campeonatos mundiais, cujo intervalo é de 15 minutos. b) Não há prorrogação (tempo extra) quando uma partida termina empatada e precisa haver um ganhador. c) A prorrogação de um jogo ocorre em dois períodos de 10 minutos, com inter- valo de 2 minutos. d) Caso a partida continue empatada depois do primeiro tempo extra, um se- gundo tempo extra será jogado após um intervalo de 5 minutos, e esse se- gundo tempo extra também tem dois períodos de 10 minutos com intervalo de 2 minutos. e) A duração de uma partida oficial para adultos é de dois tempos de 30 minu- tos, com intervalo de 10 minutos, com exceção de campeonatos mundiais, cujo intervalo é de 15 minutos. 138 LEITURA COMPLEMENTAR Ler o Manual de mini handebol O projeto MiniHand foi criado pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) em 2000. O objetivo é oferecer oportunidade de formação esportiva para crianças de 6 a 12 anos, dando ênfase em atividades e exercícios lúdicos e proporcionando prazer e felicidade em sua realização. Por meio dessas atividades, os jovens desenvolvem coordenação, motri- cidade, educação do movimento, comportamento específico de jogo e fundamentos do handebol, além de socializar e adquirir experiências em grupo. As regras da modalidade foram adaptadas, desde o tamanho da quadra como as especifi- cações da bola e regras mais simplificadas para que facilitem o processo de ensino aprendi- zagem do esporte. Para participar do jogo uma equipe deve ter sete jogadores, no mínimo, e dez jogadores, no máximo; poderão jogar por vez um goleiro e quatro jogadores, sendo que todos podem jogar como goleiro ou jogador de campo, trocando a camisa do goleiro, que é de outra cor. É obrigatório que, em cada período jogue um goleiro diferente. Todos os jogadores inscritos devem jogar obrigatoriamente sete minutos em cada tempo de jogo. As equipes podem ser mistas (meninos e meninas). A quadra pode ser marcada em local que ofereça possibilidades de progressão com a bola no tamanho de 20x13 m. Na altura da trave é sugerido que o travessão superior esteja a uma altura mais baixa com o tamanho de 1,60 m de altura e 2,40 m de largura. A área de goleiro tem raio de 5 m; o pênalti – que, no handebol é denominado tiro de sete metros - marcado a 6 m da linha de gol. O tempo de jogo será de 28 minutos, divididos em dois períodos de sete minutos, com dois minutos de intervalo entre os dois períodos. Entre o primeiro e o segundo tempo de jogo, haverá um intervalo de cinco minutos. Os participantes devem ser estimulados ao diverti- mento e não aos resultados finais, sendo importante a valorização e premiação de todos. Fonte: adaptada de CBHb ([2019], on-line)4. 139 material complementar O vídeo Handebol: o pensamento leve faz a gente mudar apresenta a conquista do Mundial Feminino de Handebol, na Sérvia, em 2013. O documentário procura fazer um panorama do esporte a partir de alguns personagens que vivem intensamente a modalidade no Brasil. Web: <https://www.youtube.com/watch?v=sQadmXF0ZaY>. Indicação para Acessar 140 referências CBHb. Confederação Brasileira de Handebol. Regras de Jogo. Aracaju: CBHb, 2016. FERNÁNDEZ, J. J. et al. Fundamentos técnicos-táticos individuais no ataque. In: GRECO, P. J.; ROMERO, J. J. F. (Orgs.). Manual de handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012. p. 97-106. GONZÁLEZ, F.; DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, J. E. C. O ensino dos esportes. In: ______. Esportes de invasão: basquetebol, futebol, futsal, handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem, 2014. GRECO, J. P.; MORAES, J. C. P.; COSTA, G. C. T. Manual das Práticas dos Esportes no Programa Segundo Tempo. Maringá: Eduem, 2013. GRECO II, J. P. Entrevista para o Projeto Garimpando Memórias. [Entrevista cedida a] Suélen de Souza Andres e a Silvana Vilodre Goellner. In: CENTRO DE MEMÓRIAS DO ESPORTE. Escola de Educação Física. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Projeto Garimpando Memórias. Porto Alegre: Ceme; Esef; UFRGS, 2013. Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/83581/000906811.pdf?- sequen-ce=1>. Acesso em: 25 abr. 2019. REIS, H. H. B. O Ensino do handebol utilizando-se do método parcial. EF Deportes, Buenos Aires, a. 10, n. 93, fev. 2006. ______. A Gênese do Handebol: primeiras aproximações. In: GRECO, P. J.; ROMERO, J. J. F. Manual de Han- debol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012. REIS, H. B.; CASTELLANI, R. M. O perfil das disciplinas de handebol das instituições de ensino superior. Kinesis, Santa Maria, v. 31, n. 1, p. 19-38, jan./jun. 2013. SIMÕES, A. C. Handebol defensivo: conceitos técnicos e táticos. São Paulo, Phorte, 2002. TENROLER, C. A. Handebol: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. VIEIRA, S.; FREITAS, A. O que é Handebol: História, Regras, Curiosidades. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2007. ZAMBERLAN, E. Handebol Escolar e Iniciação. 1. ed. Cambé: Imagem, 1999. REFERÊNCIAS ON-LINE 1Em: <https://docplayer.com.br/11097805-Aula-01-7-ano-ensino-fundamental-handebol-prof-o-leonardo-del- gado.html>. Acesso em: 25 abr. 2019. 2Em: <https://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/historia_do_handebol.htm>. Acesso em: 25 abr. 2019. 3Em: <http://www.brasilhandebol.com.br/index.asp>. Acesso em: 25 abr. 2019. 4Em: <http://brasilhandebol.com.br/Admin/Anexos/001713_baixa_minihand_manual.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2019. referências 141 gabarito 1. E. 2. C. 3. C. 4. B. 5. E. Professor Dr. Claudio KravchychynProfessora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Introdução às ações táticas ofensivas • Sistemas táticos ofensivos do handebol • Sistemas táticos defensivos do handebol • Planos de aula Objetivos de Aprendizagem • Analisar as ações táticas ofensivas no handebol. • Compreender e analisar os sistemas táticos ofensivos no handebol. • Compreender e analisar os sistemas táticos defensivos no handebol. • Compreender, analisar e estruturar planos de aula para o ensino do handebol. SISTEMAS TÁTICOS NO HANDEBOL unidade V INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), na unidade anterior, foi possível analisar as principais orientações para o ensino do handebol, utilizando dimensões importantes para a aprendizagem da modalidade. Mostramos, também, a importância dos aspectos táticos a se- rem evidenciados durante os primeiros passos no ensino dos jogos e das brincadeiras, estimulando o pensamento estratégico, no qual o aluno precisa compreender o porquê da realização das atividades. Nesta unidade, avançaremos buscando compreender os diferentes tipos de sistemas ofensivos e defensivos utilizados no handebol, demons- trando como podem ser ensinados aos alunos em aprendizagem. Inicia- remos a compreensão dos principais componentes ofensivos ensinados na iniciação ao handebol, como as movimentações sem bola, fintas, ta- bela e jogos realizados em grupo. A necessidade do trabalho em grupo nos esportes de invasão justifica-se pela dinâmica do jogo coletivo, cujas ações ofensivas e defensivas ocorrem a todo momento. O foco principal desta unidade é demonstrar como ocorre a distri- buição dos conceitos táticos do handebol, ao longo do processo de en- sino e aprendizagem. Serão evidenciados, especialmente, os aspectos ofensivos e defensivos, de modo que você possa compreender como tra- balhar esse conteúdo no ambiente escolar ou de treinamento. Trataremos das posições dos jogadores no ataque, definidas como armador central, armador direito (por vezes, denominado lateral direito ou meia direita), armador esquerdo (por vezes, denominado lateral esquerdo ou meia es- querda), ponta direita, ponta esquerda e pivô. As funções de cada jogador são importantes para compreender as posições de cada um deles no ataque, entretanto, será necessário compre- ender que o conteúdo das aulas é, prioritariamente, a tática individual. O(A) professor(a) deverá escolher os conteúdos por meio do conheci- mento que os alunos possuem, de seu desenvolvimento motor e dos ob- jetivos da aprendizagem. 146 Olá, caro(a) aluno(a). As situações táticas ofensivas que ocorrem durante o processo de ensino e aprendizagem do handebol po- dem ser aprendidas e realizadas individual- mente, em grupo ou em equipe. Estas ações ocorrem com ou sem a posse de bola. As táticas individuais acontecem em diferentes situações e, a cada ataque: Os atacantes sem a posse de bola de- vem favorecer, em todo momento, o jogo daquele que possuía bola, ofere- cendo-lhe ocasiões e condições para um passe eficaz após um desmarque ou criando espaços para ele ou para outros que possam ser beneficiados por sua movimentação sem bola (FER- NÁNDEZ et al., 2012, p. 161). Introdução às Ações Táticas Ofensivas EDUCAÇÃO FÍSICA 147 As táticas de grupo são realizadas quando os alunos pretendem oferecer apoio aos colegas de equipe. Estas ações de grupo dependem do quanto cada jogador, com e sem bola, consegue resolver os problemas táticos que ocorrem durante o jogo. Em resumo, os alunos devem compreender que as ações táticas ofensivas realizadas pelos jogadores (em grupo) dependem dos movimentos que eles realizam entre si. Uma das ações táticas realizadas no handebol é denominada tabela, utilizada quando o atacante com bola não consegue superar o seu adversário e passa a bola a um companheiro de equipe que se desmarca, iniciando uma movimentação ofensiva (FERNÁNDEZ et al., 2012). Para que a tabela possa acontecer de maneira eficaz, é necessário que exista interação entre os alunos. Esta ocorre com a repeti- ção sistemática dos movimentos durante o proces- so de ensino e aprendizagem. Os alunos iniciantes devem aprender e ser estimulados com movimenta- ções simples e exercícios que facilitem a realização da tabela no decorrer da aprendizagem. A atividade de manter a posse de bola, em que os alunos realizam passes em grupos de três a quatro pessoas, faz com que eles ocupem os espaços vazios e se movimentem individualmente, após a realiza- ção de cada passe. A tabela é um dos movimentos mais simples realizados no handebol. Entretanto, para os iniciantes dessa prática que desejam a posse de bola, é importante que compreendam a necessi- dade de jogar sem ela, pois o jogo sem bola não é fácil de ser ensinado. Quando o aluno compreende a necessidade do movimento constante, sem a posse de bola, e aprende a sentir o prazer de realizar mo- vimentos e fintas para ajudar seu companheiro de equipe, estará apto a jogar em grupo. Os esportes de invasão necessitam do traba- lho em grupo, pois as ações ofensivas e defensivas ocorrem a todo momento, e para que o atacan- te não perca a posse de bola sem antes tentar seu alvo (gol, cesta etc.), as ações táticas, como a tabe- la, devem ser realizadas em sincronia. Para tan- to, a visão de jogo dos atacantes proporciona sua realização, desde que os alunos consigam obser- var as diversas movimentações que ocorrem nesse jogo. Em poucos segundos, os jogadores podem ser novamente marcados, deixando de ser opção de passe. Existem outras formas de chamar a atenção do adversário, como as penetrações ofensivas, deno- minadas engajamento (FERNÁNDEZ et al., 2012). O objetivo dessa ação é realizar diversas penetra- ções ofensivas, de modo que ocorra um espaço de superioridade numérica. Outras ações táticas ofen- sivas que caracterizam os sistemas táticos ofen- sivos, como os cruzamentos com e sem bola e os bloqueios, também podem ser utilizadas para fa- cilitar o ataque no handebol. O processo de ensino e aprendizagem das ações ofensivas deve ser apre- sentado aos alunos durante um longo caminho de aprendizagem. Na maioria das vezes, o ensino do handebol ainda é muito incipiente. Os conteúdos limitam- -se às questões históricas, às regras básicas da modalidade e aos jogos institucionalizados. As- sim, ao ensinar o handebol, devemos relembrar a importância de trabalhar com os jogos reduzidos, estimulando a tomada de decisão e o pensamento estratégico, desde uma simples decisão de quando e para quem realizar um passe, até a realização dos sistemas táticos ofensivos. 148 Sistemas Táticos Ofensivos do Handebol Os sistemas ofensivos no jogo de handebol são definidos com a distribuição dos joga- dores no campo de ataque. Esta organização, em geral, é definida de acordo com o sistema defensivo utilizado pelo adversário, pelas características dos jogadores atacantes ou, ainda, em função do momento do jogo, ou seja, de situações que ocorrem no decorrer de uma partida (FERNÁNDEZ et al., 2012). EDUCAÇÃO FÍSICA 149 No ataque, a criança possui dificuldades, prin- cipalmente quando está em posse da bola, pois não consegue ainda passar e driblar com desenvoltura. Dessa forma, a proposta de Ehret et al. (2002) evi- dencia que, até a faixa etária de 12 anos, deve-se tra- balhar, especialmente, o jogo coletivo simplificado, em superioridade numérica (dois contra um, três contra dois etc.) e igualdade numérica (um contra um, dois contra dois, três contra três etc.). Essas ações táticas, em conjunto com a apren- dizagem das formas básicas das técnicas (arremes- sos, passes, recepção e fintas) podem ser ensinadas entre 13 e 14 anos, quando, também, o jogo posi- cional 3:3 (sistema ofensivo) pode ser trabalhado. Outros sistemas ofensivos configurados com um ou dois pivôs, bem como movimentações de ataque contra defesa individual, podem ser trabalhados nos últimosanos do Ensino Fundamental ou no Ensino Médio. O Segundo Tempo na Escola, programa do go- verno federal, tem por objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte, de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens como um fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente, em áreas de vulnerabilidade social. Apesar de não abordar, diretamente, a Educação Física escolar, o referido programa possui propos- ta pedagógica para crianças, adolescentes e jovens em idade escolar, considerando as diferentes fases de desenvolvimento destes. O material pedagógico construído para o pro- grama pode, pois, ser útil na preparação de aulas do componente curricular Educação Física. Fonte: Darido, Oliveira e González (2014). SAIBA MAIS Para que os sistemas ofensivos possam ser estabe- lecidos, algumas funções específicas são definidas na modalidade: armador central, armador direito (também denominado lateral direito ou meia direi- ta), armador esquerdo (também denominado lateral esquerdo ou meia esquerda), ponta direita, ponta esquerda e pivô. Entretanto, mesmo que seja impor- tante que os alunos compreendam as posições de cada jogador no ataque, é fundamental que o con- teúdo privilegiado nas aulas seja a tática individual, e não habilidades isoladas, ou seja, os fundamentos. Dessa forma, os exercícios que envolvam a interação entre os alunos e os jogos reduzidos devem ocupar a maior parte do tempo das aulas, e os sistemas de jogo podem ser realizados com a participação de pe- quenos grupos (GONZÁLEZ, 2014). As ações táticas ofensivas devem ser conteúdo da Educação Física. No Ensino Fundamental, os sis- temas ofensivos podem ser conteúdos trabalhados no Ensino Médio e, assim, os alunos aprenderão as movimentações básicas dos sistemas ofensivos. Um dos sistemas ofensivos mais utilizados é o sistema 3:3, no qual os jogadores atacantes podem se posi- cionar de forma mais aberta ou fechada em relação à largura da quadra de ataque, como apresentamos na Figura 1. Legenda: Armador central Lateral direito e esquerdo Ponta direita e esquerda Pivô Figura 1 - Sistema ofensivo 3-3 Fonte: os autores. 150 Sistemas Táticos Defensivos do Handebol EDUCAÇÃO FÍSICA 151 Apesar de a maioria dos professores desconsiderar esta informação no processo de ensino-aprendiza- gem, acreditando na dificuldade de ensinar a defesa individual para os alunos, este é um princípio básico no ensino dos esportes coletivos de invasão: ensinar a defesa individual. A marcação individual é considerada como uma das mais relevantes no processo de ensi- no-aprendizagem-treinamento de crianças e jovens, sendo muito utilizada na iniciação e, em poucas situações, mas presentes, no alto rendi- mento (FELDMANN et al., 2012, p. 194). Para os atacantes, jogar contra uma defesa indi- vidual não é algo simples, evidenciando ainda mais a importância de tarefas adequadas para que os alunos possam aprender a realizar fintas e a se desmarcarem para receber a bola. As ações táti- cas ofensivas evidenciadas no início desta unidade podem favorecer a aprendizagem das movimenta- ções realizadas em grupos nas atividades de jogos reduzidos. Quando uma equipe não possui a posse de bola, seu objetivo principal é buscar a recuperação dela, protegendo o gol de sua equipe. Para isto, os siste- mas táticos defensivos buscam a organização do espaço em quadra, aumentando a dificuldade dos adversários em atacar e a construção de ações ofen- sivas que possam provocar o gol adversário. Em fun- ção da profundidade defensiva, é possível escolher sistemas mais abertos, nos quais os defensores ficam mais distantes da linha de 6 m; ou de sistemas fecha- dos, em que ocorre uma aglomeração próxima a essa linha (GONZÁLEZ et al., 2014). Os sistemas defensivos também podem ser defi- nidos em função das características físicas, técnicas e psicológicas dos adversários, podendo ser altera- dos quantas vezes for necessário durante o jogo. Po- demos simular estas características dos adversários, permitindo que os próprios alunos escolham o me- lhor sistema defensivo em cada situação. Para tanto, é necessário que os alunos conheçam os posiciona- mentos dos sistemas defensivos e as suas alterações de acordo com a movimentação da bola. Legenda: Primeira linha defensiva Segunda linha defensiva Terceira linha defensiva Figura 2 - Sistema defensivo 3-2-1 Fonte: os autores. SISTEMA 3-2-1 Esta é uma defesa mais fechada e densa, que pode fa- vorecer o contra-ataque da equipe adversária e, por isto, é muito utilizada contra equipes que possuem bons arremessadores na armação e nas laterais. Esse sistema de defesa também impede a movimentação do pivô na região mais central da quadra (Figura 2). 152 Legenda: Primeira linha defensiva Segunda linha defensiva Legenda: Primeira linha defensiva Segunda linha defensiva SISTEMA 3-3 Neste sistema, temos apenas duas linhas defensivas. Apesar do espaço a se defender na zona central, os pontas conseguem jogar com mais facilidade, prin- cipalmente se os armadores e laterais tiverem boa visão de jogo, soltando a bola para os pontas quando eles se encontram sem marcação (Figura 3). SISTEMA 4-2 Apesar de possuir duas linhas defensivas, em que dois jogadores ficam mais próximos da linha dos 9 m, esta defesa por zona é pouco utilizada em equipes de alto rendimento, pois proporciona amplos espa- ços vazios, facilitando a infiltração e, consequente- mente, o ataque adversário, como apresenta a Figura 4. Figura 3 - Sistema defensivo 3-3 Fonte: os autores. Figura 4 - Sistema defensivo 4-2 Fonte: os autores. EDUCAÇÃO FÍSICA 153 Figura 5 - Sistema defensivo 5-1 Fonte: os autores. Legenda: Primeira linha defensiva Segunda linha defensiva SISTEMA 5-1 Na defesa 5-1, a segunda linha defensiva é formada por apenas um jogador mais avançado, que possui a função de dificultar os passes entre os armadores e laterais. Este sistema é muito utilizado quando o armador central é habilidoso e distribui a bola com facilidade (Figura 5). Legenda: Primeira linha defensiva SISTEMA 6-0 A defesa 6-0 é a mais utilizada nas equipes inician- tes, na qual defensores se posicionam próximos à li- nha de 6 m. Uma das suas desvantagens é permitir os lançamentos de longa distância, mas, por outro lado, dificulta a penetração dos adversários com bola (Figura 6). Figura 6 - Sistema defensivo 6-0 Fonte: os autores. 154 Na unidade anterior, apresentamos modelos de exercícios que podem ser utilizados na iniciação ao ensino do handebol. Gostaríamos que, nesta unidade, você se preocupasse em como deve or- ganizar um plano de aula, estruturando a aula, a temática principal e os seus objetivos, bem como as reflexões didáticas. Se estiver trabalhando numa escola, por exemplo, e o conteúdo de uma unidade de ensino for o handebol, como organizar os tópicos de ensino para cada turma? Pense que outros conteúdos devem ser trabalhados durante o ano e organize o plano de unidade para o ano letivo. REFLITA Esta percepção deve ser parte integrante das aulas de Educação Física, mesmo que, no Ensino Funda- mental, os alunos ainda não consigam desenvol- ver todas as movimentações de forma eficiente. As explicações do(a) professor(a) devem privilegiar a compreensão e leitura do jogo, de forma que, no futuro, eles possam ser, no mínimo, admiradores da modalidade, espectadores conscientes ou gesto- res esportivos que compreendam a importância do ensino do esporte. Selecionamos alguns modelos desenvolvidos por González, Borges e Impolcetto (2014). As au- las escolhidas procuram justificar a importância do trabalho com o ensino da tática, priorizando os problemas táticos a serem resolvidos durante a aula. Planos de Aula EDUCAÇÃO FÍSICA 155 156 do driblar. Após conseguir o número de passes de- terminado, a equipe marca um ponto, e o jogo é rei- niciadoda lateral pela equipe que estava defendendo. 2. Jogo inicial Jogo: 5x5 + um árbitro ou substituto por equipe. Objetivo: passar a bola para um companheiro, pode deslocar-se apenas por um corredor de 1 m de com- primento, na linha final da quadra. Descrição: a equipe com posse da bola deve trocar passes até surgir uma possibilidade de passe ao re- ceptor. Se a bola for dominada pelo receptor, a equi- pe marca um ponto. Caso a equipe da defesa inter- cepte a bola, recupera a posse e começa a atacar. Condições: • Não é permitido driblar nem roubar a bola do atacante, somente interceptá-la. • Somente é permitido executar passes quicados para o receptor. 3. Consciência tática Pergunta (P): qual é o objetivo do jogo? Resposta (R): passar a bola para o receptor. P: o que fazer quando alguém da minha equipe re- cupera a bola? R: apresentar-me para receber a bola, pedi-la, pro- curar espaços vazios, abrindo o jogo. P: o que é necessário fazer quando recebo a bola? R: procurar jogar coletivamente. MODELO DE PLANO DE AULA 1 Problema tático Manter a posse da bola. Objetivos Reconhecer-se como atacante ou defensor e jogar coletivamente. Roda inicial Professor(a), no início do ensino da modalidade, se- ria interessante verificar junto aos alunos quais são suas experiências e seus conhecimentos sobre o han- debol. Vale a pena reiterar a concepção do handebol como esporte coletivo de invasão, que exige que to- dos os jogadores ataquem e defendam em coopera- ção. Isso exige que os alunos compreendam os prin- cípios de cada função, os momentos de aplicação dos fundamentos técnicos ofensivos e defensivos e os posicionamentos em quadra nas duas funções. 1. Primeiros movimentos Em grupos de três, quatro ou cinco integrantes, os alunos trocam passes e se movimentam pelo espaço da quadra, desviando dos colegas e experimentando os diferentes tipos de passes. Organizar estruturas funcionais em 3x3 ou 4x4, com o objetivo de conseguir entre cinco e dez passes consecutivos (conforme a possibilidade da turma), respeitando algumas regras básicas do handebol, tais como não andar com a bola, evitar contatos físicos irregulares e respeitar os limites da quadra. O tipo de defesa recomendado é o sistema defensivo indivi- dual, cuja característica fundamental é cada jogador marcar um atacante correspondente. Não é permiti- EDUCAÇÃO FÍSICA 157 P: vocês acham importante observar o jogo antes de decidir o que fazer? R: sim. P: por quê? R: para não passar para quem está marcado, ou não enxergar o receptor em condição de receber o passe. 4. Tarefa Participantes: 4x4 ou 5x5 com um coringa Objetivo do jogo: desempenhar as funções de ata- que e defesa. Descrição: na mesma estruturação do jogo anterior, os jogadores das duas equipes deslocam-se, aleatoriamen- te, pela quadra, para receber a bola. O coringa não ataca diretamente o gol, apenas passa a bola para qualquer jo- gador. Neste momento, uma das equipes passa a atacar, tentando passar a bola para o receptor. Já os membros da equipe adversária organizam-se na defesa. Os alunos da turma devem alternar-se na posição de coringa. 5. Jogo final Idem ao jogo inicial. Roda final Nesta parte final, é importante chamar a atenção dos alu- nos para a aplicabilidade das habilidades e dos conceitos aprendidos e vivenciados em aula, ou seja, para a neces- sidade de, efetivamente, utilizá-los durante o jogo. É im- portante questioná-los sobre esta utilização, se foi efetiva, suas dificuldades e facilidades. Assim, a compreensão do que foi vivenciado poderá ocorrer com mais efetividade (DARIDO; OLIVEIRA; GONZÁLEZ, 2014). 158 MODELO DE PLANO DE AULA 2 Problema tático Atacar a meta. Objetivo Finalizar em condições favoráveis. Roda inicial Conversar com os alunos sobre as aulas anteriores, reforçando a importância de observar antes de to- mar decisões durante o jogo. Avançando neste con- ceito, é muito importante perceber quando e em que condições deve-se arremessar a gol. As condições ideais são, em suma: identificar espaços vazios e fi- car de frente para a baliza, visualizando o goleiro e os defensores. 1. Primeiros movimentos Tarefa 1: em pequenos grupos, cada grupo com uma bola. Após passar a bola, os jogadores devem movi- mentar-se por todo a quadra. À medida que a troca de passes se desenvolve, os alunos vão aumentando o espaço entre um e outro. Na sequência, solicitar que realizem passes com salto (em suspensão) e quicados, experimentando também outras possibi- lidades coordenativas (com um, dois ou três passos, por exemplo). Tarefa 2: com a turma dividida em duas gran- des equipes, cada uma deve ocupar uma metade da quadra. O objetivo é lançar várias bolas em direção à quadra adversária para que elas quiquem uma vez e saiam pela linha do fundo. A outra equipe deve tentar defender as bolas lançadas e, na sequência, atacar da mesma forma. O defensor, ao dominar a bola, deve seguir as regras da modalidade para exe- cutar o ataque (arremesso), ou passar a bola para um colega e receber à frente para arremessar. 2. Jogo inicial Jogo: 5x5 + um árbitro/substituto por equipe. Descrição: jogo reduzido de handebol com mini gols ou cones. Condições: • Não é permitido quicar a bola. • Não é permitido roubar a bola do atacante, inter- ceptar passes. • Gol por erro de defesa vale 1 ponto. • Gol sem marcação vale 2 pontos. EDUCAÇÃO FÍSICA 159 3. Consciência tática P: é mais fácil fazer o gol de longe ou de perto? R: de perto. P: como faço para arremessar de perto? R: passar e receber avançando e utilizar a progressão de três passos. P: quando o gol vale mais? R: quando tiramos o defensor da jogada. P: como é possível buscar sempre dois pontos neste jogo? R: ocupar os espaços vazios e observar companhei- ros que estão bem colocados para finalizar. P: como devemos nos posicionar em relação aos braços e às pernas para adquirir mais potência no arremesso? R: a perna da frente precisa ser a contrária do braço para que a rotação do tronco dê mais força ao arre- messo em fixação (sem salto). 4. Tarefa Participantes: 3x3 ou 4x4 com um substituto/árbi- tro. Objetivo do jogo: acertar a “vítima”. Descrição: formar duas equipes: equipe A (atira- dores) e equipe G (guarda-costas). A equipe G es- colhe um companheiro para ser a vítima, a quem deve proteger dos arremessos da equipe A. A equi- pe G pode defender de diversas formas (bloquear, tomar ou interceptar a bola), e a vítima pode se movimentar livremente. Se a equipe G conseguir o controle da bola, as equipes trocam de função (A passa a ser G e vice-versa). Os pontos do jogo são marcados cada vez que uma vítima é atingida pela bola. Condições: • Pode-se acertar a vítima apenas do joelho para baixo. • Não é permitido driblar. 5. Jogo final Igual o jogo inicial. Roda final Frisar aos alunos que a tônica da aula recai sobre a decisão de passar ou finalizar, dinâmica importante na prática de esportes de invasão como o handebol. Nesta perspectiva, os saberes e as vivências da aula farão sentido para os alunos. O conceito de jogo coletivo passa pela necessidade de passar, deslo- car-se e definir as jogadas (DARIDO; OLIVEIRA; GONZÁLEZ, 2014). As estruturas funcionais e os jogos aqui apresen- tados são exemplos de atividades ministradas para o desenvolvimento da tática individual e coletiva. Nes- sa perspectiva de ensino, os alunos aprendem não só os fundamentos técnicos da modalidade, mas a capacidade de empregá-los no momento adequado. Espera-se, desta forma, que os alunos conquistem a autonomia para a prática do handebol e dos demais esportes de invasão. 160 considerações finais N esta unidade, buscamos apresentar os aspectos táticos ofensivos e defen- sivos, demonstrando como esses conceitos podem ser trabalhados na ini- ciação ao handebol. O(A) professor(a) deverá escolher os conteúdos por meio do conhecimento que os alunos possuem, de seu desenvolvimento motor e dos objetivos da aprendizagem. É precisoficar claro que o confronto existente entre atacantes e defensores, no handebol, revela um esporte com grande contato físico e, por isto, é importante que, no início do processo de ensino e aprendizagem, o(a) professor(a) apresente as re- gras da modalidade que permitem esse contato. É interessante que os alunos assis- tirem a vídeos com jogos da modalidade para compreender o limite entre o contato físico e a violência, discutindo e analisando esse contexto específico do jogo, ou seja, suas ações táticas ofensivas e defensivas. Gostaríamos que você compreendesse que a aula não deve ser elaborada a partir de exercícios ou lista de exercícios, mas sim, de acordo com o plano de unidade do conteúdo. Além disso, os(as) professores(as) devem elaborar antes os objetivos de aprendizagem para apenas em seguida estruturar as tarefas que serão executadas durante a aula. Para isso, finalizamos esta unidade apresentando modelos de plano de aula. Ao elaborar um plano de aula de handebol, utilizamos a descrição de todos os passos descritos nos modelos apresentados: objetivo, roda inicial, primeiros movimentos, jogo inicial, consciência tática, tarefa(s), jogo final e roda final. Estes passos são im- portantes para que o(a) futuro(a) professor(a) esteja preparado(a) para sua interven- ção na modalidade de handebol. Esperamos que os conteúdos apresentados possam contribuir para que as aulas de handebol sejam prazerosas para os alunos e que a Educação Física contribua para a formação destes. considerações finais 161 atividades de estudo 1. As táticas individuais são movimentos que os alunos e atletas realizam, indivi- dualmente, durante um jogo ou uma atividade. Sobre essas táticas, assinale a alternativa que apresente as situações em que elas ocorrem: a) Quando os atacantes estão apenas sem a posse de bola. b) Quando os atacantes estão apenas com a posse de bola. c) Quando os atacantes estão com ou sem a posse de bola. d) Apenas em situações defensivas. e) Apenas em situações ofensivas. 2. As táticas de grupo são realizadas quando os alunos pretendem oferecer apoio aos colegas de equipe. Estas ações dependem de quanto cada jogador, com e sem bola, consegue resolver os problemas táticos que ocorrem durante o jogo. De acordo com o conteúdo exposto, assinale a alternativa correta: a) Os Alunos devem compreender que as ações táticas ofensivas realizadas pe- los jogadores (em grupo) dependem somente do jogador atacante da equipe que está na ofensiva. b) Uma das ações táticas realizadas no handebol é denominada “tabela”, utiliza- da quando o atacante precisa marcar o atacante adversário. c) Os alunos iniciantes devem aprender e ser estimulados com movimentações e exercícios complexos, como a tabela, no decorrer da aprendizagem. d) O jogo sem bola não é fácil de ser ensinado, já que os iniciantes desejam a posse dela. Quando compreendem a necessidade do movimento constante sem a posse de bola e aprendem a sentir o prazer de realizar movimentos e fintas para ajudar seu companheiro de equipe, eles estão aptos a jogar em grupo. e) Todas as alternativas anteriores estão corretas. 162 atividades de estudo 3. Durante uma aula de handebol, as orientações do professor devem privilegiar a compreensão e leitura do jogo, de forma que o objetivo das aulas do esporte nas aulas de Educação Física seja: a) Somente participar de jogos escolares, sendo representantes da escola nes- ses jogos, pois o objetivo é a formação de bons atletas. b) Formar equipes de esporte de rendimento, incentivando sua prática para a evolução da modalidade e, em longo prazo, a melhoria do esporte olímpico brasileiro. c) Incentivar a prática de esportes para que, no futuro, os alunos possam ser praticantes de uma modalidade esportiva, ou possam ser, no mínimo, admira- dores da modalidade, espectadores conscientes ou gestores esportivos que compreendam a importância do ensino do esporte. d) Estimular a prática de exercícios físicos com a prática de esportes, avaliando a melhora técnica e tática dos alunos, periodicamente. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 4. Outras ações táticas ofensivas que caracterizam os sistemas táticos ofensivos, como os cruzamentos com e sem bola, também podem ser utilizadas para fa- cilitar o ataque no handebol. Sobre o ensino do handebol no ambiente escolar, podemos afirmar que: a) O processo de ensino e aprendizagem das ações ofensivas deve ser apresen- tado aos alunos durante um longo caminho de aprendizagem. b) No ambiente escolar, na maioria das vezes, no ensino do handebol, os conte- údos limitam-se às questões históricas, às regras básicas da modalidade e aos jogos institucionalizados. c) Ao ensinar o handebol na escola, devemos trabalhar com os jogos reduzidos, estimulando a tomada de decisão e o pensamento estratégico, desde uma simples decisão de quando e para quem realizar um passe, até a realização dos sistemas táticos ofensivos. d) No início do processo de ensino e aprendizagem, a criança ainda não conse- gue passar e driblar a bola. Assim, até a faixa etária de 12 anos, deve-se traba- lhar, especialmente, o jogo coletivo simplificado, em superioridade numérica (dois contra um, três contra dois etc.) e igualdade numérica (um contra um, dois contra dois, três contra três etc.). e) Todas as alternativas anteriores estão corretas. 163 atividades de estudo 5. Os sistemas ofensivos no jogo de handebol são definidos com a distribuição dos jogadores no campo de ataque. Esta organização, em geral, é definida de acordo com o sistema defensivo utilizado pelo adversário, pelas características dos joga- dores atacantes ou, ainda, em função do momento do jogo, ou seja, de situações que ocorrem no decorrer de uma partida (FERNÁNDEZ et al., 2012). Sobre as informações apresentadas a respeito dos sistemas ofensivos, leia as assertivas a seguir: I - As ações táticas em conjunto e a aprendizagem dos arremessos, dos passes, da recepção e das fintas (fundamentos técnicos) podem ser organizadas no plano de ensino para facilitar a organização das aulas. II - Sistemas ofensivos podem ser trabalhados nos últimos anos do Ensino Fun- damental ou no Ensino Médio. III - Ao ensinar os sistemas ofensivos, os alunos devem compreender as funções específicas do handebol, como o armador, o lateral de cima e de baixo e o pivô. IV - Os exercícios que envolvem a interação dos alunos com os jogos reduzidos devem ocupar a maior parte do tempo das aulas, e os sistemas de jogo po- dem ser realizados com a participação de pequenos grupos. De acordo com as assertivas apresentadas, é correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I, II e IV, apenas. c) I, II, III e IV. d) II e III, apenas. e) I, II e III, apenas. 164 LEITURA COMPLEMENTAR ENSINANDO A DEFENDER NO HANDEBOL Entre os principais cuidados na iniciação esportiva estão: não negligenciar as etapas de desenvolvimento e evitar a especialização precoce. Nesse sentido, verifica-se, constante- mente, a preocupação em alterar as regras dos esportes institucionalizados e em promover adaptações nos regulamentos de competições de base, com o objetivo de favorecer o pro- cesso de ensino-aprendizagem e treinamento dos iniciantes. Especialmente nos esportes de invasão, alguns métodos de ensino contribuem para esta perspectiva, tais como o global funcional e os jogos situacionais, visto que são alicerçados na prática do jogo, sob elementos ofensivos (posse da bola, progressão e finalização) e defensivos (proteção do alvo, bloqueio da progressão e retomada da bola). São conceitos transferíveis de um esporte coletivo de invasão para outro. No handebol, contudo, há ca- racterísticas específicas. Defensivamente, não é comum a utilização constante do sistema defensivo individual, prevalecendo os sistemas defensivos por zona e mistos, em se tratan- do de alto rendimento. Já na iniciação esportiva, até os 12 anos de idade, há prioridade ao ensino da defesa indivi- dual, pois taldinâmica é baseada no “um contra um”, que envolve correta técnica corporal, visão periférica, flutuação e posicionamento coletivo, entre outros fatores que tendem a ser reproduzidos nos sistemas defensivos por zona. Em suma, a maior utilização da defesa individual entre os iniciantes deve-se à prioridade dada ao desenvolvimento das habili- dades técnicas e táticas dos jogadores. Os benefícios dessa aplicação são estendidos às ações ofensivas, considerando que a utilização da defesa individual instigará o atacante a movimentar-se com mais intensidade, lançando mão de fintas e mudanças de direção para se desmarcar. 165 LEITURA COMPLEMENTAR Do ponto de vista individual, as marcações podem ser assim classificadas: a) de perto (mais contato físico; proximidade); b) por vigilância (maior distância, mas mantendo o posiciona- mento entre o atacante e o gol); c) por posicionamento (entre o atacante com posse de bola e seu oponente direto, na linha de passe, para interceptação). Já do ponto de vista coletivo, classificam-se em: a) quadra inteira; b) em metade da quadra; c) por aglomeração (em ¼ de quadra). Na fase inicial do aprendizado, é indicado ao professor que aplique os jogos com número reduzido de jogadores (dois contra dois, três contra três etc.), possibilitando a realização mais intensa de elementos técnicos e táticos. O aumento da amplitude espacial (espaços maiores na quadra, o que favorece a ação dos atacantes) deve ocorrer, paulatinamente, à medida que ocorrer o aumento do nível de dificuldade estabelecido. Na sequência do pro- cesso, as ações defensivas coletivas (dobras, ajudas etc.) vão, gradativamente, ganhando mais importância, com os diversos conceitos e ações de marcação sendo reconhecidos e incorporados no entendimento do jogador de handebol. Fonte: adaptada de Krahenbühl e Leonardo (2018). 166 material complementar Este vídeo apresenta como trabalhar o handebol com pouco espaço, materiais adaptados e atividades de jogos reduzidos. Web: <https://www.youtube.com/watch?v=oOPGHQkkDBg>. O Segundo Tempo na Escola é um programa do governo federal que tem por objetivo democratizar o aces- so à prática e à cultura do esporte. Web: <http://www.esporte.gov.br/index.php/institucional/esporte-educacao-lazer-e-inclusao-social/segundo- -tempo-na-escola/materiais-pedagogicos>. Indicação para Acessar 167 referências gabarito DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B.; GONZÁLEZ, F. J. Esportes de invasão: bas- quetebol, futebol, futsal, handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem, 2014. EHRET, A.; SPÄTE, D.; SCHUBERT, R.; ROTH, K. Manual de Handebol: Treina- mento de base para crianças e adolescentes. São Paulo: Phorte, 2002. FELDMANN, K. et al. Ataque contra defesa individual (da iniciação ao alto nível). In: GRECO, P. J.; ROMERO, J. J. F. (Orgs.). Manual de handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012. p. 194-195. FERNÁNDEZ, J. J. et al. Meios táticos de grupo no ataque. In: GRECO, P. J.; ROMERO, J. J. F. (Orgs.). Manual de handebol: da iniciação ao alto nível. São Paulo: Phorte, 2012. GONZÁLEZ, F. J.; BORGES, R. M.; IMPOLCETTO, F. M. Handebol. In: DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B. (Orgs.). Esportes de invasão: basquetebol, futebol, futsal, handebol, ultimate frisbee. Maringá: Eduem, 2014. p. 343-440. KRAHENBÜHL, T.; LEONARDO, L. O ensino do sistema defensivo individual no handebol e suas considerações para a iniciação esportiva. Pensar a Prática, Goiânia, v. 21, n. 1, p. 194-206, jan./mar. 2018. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/ fef/article/view/46714/pdf>. Acesso em: 25abr. 2019. 1. C. 2. D. 3. C. 4. E. 5. C. conclusão geral Prezado(a) acadêmico(a), encerramos mais uma etapa de sua formação em Educação Física. O pro- cesso de formação do professor é uma construção gradativa e continuada, que exige dedicação, estu- dos permanentes e inserção no mundo do trabalho. Neste livro, buscamos evidenciar a importância do conhecimento pedagógico do conteúdo e sua inser- ção no conhecimento das metodologias de ensino dos esportes coletivos de invasão, especificamente, o basquetebol e handebol, justificando o ensino dessas modalidades como algo importante e essencial no âmbito da Educação Física escolar. A nossa intenção foi garantir a reflexão sobre es- ses conteúdos e proporcionar direcionamento para que você possa trilhar os caminhos da docência com autonomia, em busca de novos conhecimentos. As referências utilizadas (livros, textos científicos, ví- deos etc.) foram escolhidos para facilitar seu apren- dizado e também para mostrar que a nossa preo- cupação é com a formação de um sujeito capaz de pensar, criticamente, analisando a sua própria prá- tica pedagógica. Ao ensinar os conteúdos relacionados à prática do basquetebol e handebol, você deverá entender que o ensino pode ser diferente daquilo que muitas vezes observamos na prática. O esporte não pode ser meramente uma prática esportivizada, deve ser, antes de tudo, um momento prazeroso de aprendi- zagem de conceitos, movimentos e condutas ade- quadas na vida do nosso futuro aluno, no ambiente escolar. Assim, a reprodução de contextos técnicos ou movimentos repetitivos devem ser superados, avançando para uma prática contextualizada em que o aluno compreende o porquê da realização daquele movimento e também a sua importância, podendo ser, no futuro, um praticante ou espectador naquela modalidade esportiva. Temos a certeza de que as informações contidas neste livro ajudarão na sua formação enquanto pro- fessor(a) de Educação Física. Agradecemos a opor- tunidade de participarmos de sua trajetória profis- sional. Um forte abraço. INTRODUÇÃO AOS ESPORTES COLETIVOS – BASQUETEBOL E HANDEBOL Esportes Coletivos de Invasão ou Jogos de Invasão Metodologias de Ensino dos Esportes Coletivos Modelos Alternativos para o Ensino dos Esportes Coletivos de Invasão CONHECENDO O BASQUETEBOL Conhecendo o Basquetebol: Histórico Fundamentos Técnicos do Basquetebol Regras Básicas do Basquetebol Modelos de Exercícios na Iniciação ao Ensino do Basquetebol SISTEMAS TÁTICOS NO BASQUETEBOL Introdução às Ações Táticas Sistemas Táticos Ofensivos do Basquetebol Sistemas Táticos Defensivos do Basquetebol Planos de Aula referências Conhecendo o Handebol Conhecendo o Handebol: Histórico Fundamentos Técnicos do Handebol Regras Básicas do Handebol Modelos de Exercícios na Iniciação ao Ensino do Handebol referências SISTEMAS TÁTICOS NO HANDEBOL Introdução às Ações Táticas Ofensivas Sistemas Táticos Ofensivos do Handebol Sistemas Táticos Defensivos do Handebol Planos de Aula _9e1kx7e08f0c