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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES .................................................................... 4 3 SISTEMA ESQUELÉTICO ........................................................................ 19 4 SISTEMA ARTICULAR ............................................................................. 22 5 FUNDAMENTOS NEUROMUSCULARES ................................................ 29 6 CÍNGULO DO MEMBRO SUPERIOR....................................................... 32 7 COMPLEXO ARTICULAR: OMBRO ......................................................... 34 8 COMPLEXO ARTICULAR: COTOVELO E ARTICULAÇÃO RADIOULNAR..... ...................................................................................................... 37 9 COMPLEXO ARTICULAR: PUNHO E MÃOS .......................................... 38 10 COMPLEXO ARTICULAR: COLUNA VERTEBRAL .............................. 40 11 CÍNGULO DO MEMBRO INFERIOR ..................................................... 42 12 COMPLEXO ARTICULAR: QUADRIL ................................................... 45 13 COMPLEXO ARTICULAR: JOELHO, TORNOZELO E PÉ ................... 47 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 51 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES Fonte: cinesiocultura.blogspot.com Derivada do grego kinesis, que significa movimento e lógos que corresponde a estudo, a Cinesiologia é uma área da ciência que estuda o movimento humano, bem como as articulações, eixos e planos que envolvem o movimento. Segundo Lippert (2018) a cinesiologia engloba aspectos relacionados a anatomia, fisiologia, física e geometria, fazendo uma correlação desses aspectos com o movimento humano, sendo importante conhecer os ossos, articulações, musculatura e demais estruturas envolvidas na realização do movimento, para que se possa entender e descrevê-los. A cinesiologia é bastante utilizada no âmbito esportivo de alto rendimento, por possibilitar a análise detalhada dos movimentos, o que contribui para o bom desenvolvimento de um plano de treinamento. Dessa forma, ao se iniciar os estudos sobre a cinesiologia, é importante de acordo com Floyd (2011) que o estudante tenha um ponto de referência para melhor compreender o sistema musculoesquelético, bem como seus planos, classificações articulares e terminologia do movimento realizado pela articulação. Nesse sentido, a posição anatômica é amplamente utilizada como referência ou ponto de partida para se relatar movimentos ou a localização das estruturas corporais. http://cinesiocultura.blogspot.com/ Posição Anatômica e seguimentos corporais A posição anatômica, conforme figura abaixo é descrita da seguinte forma: O corpo humano deve estar em posição ortostática, ou seja, de pé. A cabeça e os olhos devem estar voltados para frente, os membros superiores pendentes ao lado do corpo e com as palmas das mãos voltadas para frente, enquanto os pés devem estar paralelos, juntos e com os dedos voltados para frente. Fonte: Lippert (2018) Além de compreender a posição anatômica, é importante que se conheça os seguimentos que compõe o corpo, uma vez que os mesmos também são fundamentais para a descrição da posição anatômica. Conforme a figura acima, a cabeça e o pescoço são segmentos separados. A cabeça é composta pelo crânio, enquanto o pescoço é composto pelas vertebras cervicais. Os membros superiores são compostos pelo braço, antebraço e mão. O braço está entre a articulação do ombro e do cotovelo, onde localiza-se o úmero. Já o antebraço, que se localiza entre o cotovelo e o punho, é composto pelo rádio e a ulna. A mão é composta pelos ossos do carpo, metacarpo e falanges distais, mediais e proximais. O tronco é formado pelo tórax, onde localizam-se as costelas, esterno e as vertebras torácicas e pelo abdome onde localiza-se a pelve, vísceras e vertebras lombares. Os membros inferiores são constituídos pela coxa, perna e pé. A coxa, onde localiza-se o fêmur, está entre as articulações do quadril e do joelho. A perna, que está entre o joelho e o tornozelo é composta pela tíbia e fíbula. Já o pé, é comporto pelo tarso, metatarso e falanges. Terminologia direcional anatômica Alguns termos são utilizados quando se deseja descrever anatomicamente a localização ou a posição de uma estrutura em relação a outras. O termo superior ou cranial é utilizado quando quer se indicar que determinada estrutura ou segmento está mais próxima do ponto mais alto do crânio/cabeça. Já o termo inferior ou caudal, é utilizado quando se quer indicar maior aproximação com os pés, ou seja, a parte mais baixa do corpo. Fonte: Lippert (2018) (fonte adaptada) Para exemplificar, utilizaremos o coração e a bexiga. Considerando a posição anatômica, pode-se dizer que o coração está superior a bexiga, uma vez que o mesmo está mais próximo da cabeça, assim como, a bexiga está inferior ao coração, pois está mais próximo dos pés. Outros dois termos são anterior e posterior. O termo anterior ou ventral indica maior aproximação com a frente do corpo, enquanto o termo posterior ou dorsal refere- se a superfície posterior do corpo, ou seja, as costas. Fonte: Lippert (2018) (fonte adaptada) A partir da posição anatômica, pode-se entender que os dedos dos pés são anteriores em relação ao calcanhar, assim como, o calcanhar é posterior em relação aos dedos dos pés. Tem-se também os temos medial e lateral. O termo medial indica um local ou posição próxima à linha mediana do corpo, enquanto o termo lateral indica um local ou posição mais distante da linha mediana do corpo. Essa linha mediana corresponde a uma linha que divide o corpo em dois lados, o direito e o esquerdo. Fonte: Lippert (2018) (fonte adaptada) Para exemplificar, utilizaremos os dedos das mãos, pois considerando a posição anatômica o polegar é lateral em relação ao dedo mínimo, uma vez que o polegar está mais longe do plano medial do corpo. Da mesma forma, o dedo mínimo é medial em relação ao polegar. Existem também os termos superficial, intermédio e profundo que analisam o quanto uma estrutura está mais próxima ou distante da superfície do corpo. Fontes: estudokids.com.br Conforme figura acima a pele, por exemplo, é superficial aos músculos esqueléticos. No mesmo sentido, os ossos são profundos em relação aos músculos esqueléticos. Já os músculos esqueléticos, nesse caso, são considerados intermediários. São utilizados também os termos proximal e distal. O termo proximal significa que a estrutura está mais próxima da origem do membro ou do tronco, enquanto o termo distal significa que a estruturaestá mais longe da origem ou do tronco. Fonte: Lippert (2018) (fonte adaptada) Considerando que a origem do membro superior é a articulação do ombro, que está próxima ao tronco, pode-se dizer que o cotovelo é proximal em relação ao punho, uma vez que o cotovelo está mais próximo da origem do membro. Por sua vez, o punho é distal em relação ao cotovelo, pois está mais distante da origem do membro. Ao se descrever a posição do corpo enquanto o mesmo está deitado, utilizada os termos decúbito dorsal, decúbito ventral e decúbito lateral esquerdo ou direito. No decúbito dorsal, a pessoa está deitada com a face e o abdome voltados para cima. Já em decúbito ventral a mesma está deitada com a face e o abdome voltados para baixo. No decúbito lateral a pessoa está deitada sobre o lado esquerdo ou direito, conforme imagem a seguir: Fonte: estudandoenfermagemblog.wordpress.com Existem também termos de lateralidade, os quais são utilizados para descrever diferentes estruturas. O termo bilateral é utilizado para se referir a estruturas que estão localizadas em ambos os lados do corpo, como por exemplo os pulmões. Ao descrevê- los, é sempre importante mencionar se está se referindo ao lóbulo direito ou lóbulo esquerdo. Todavia, ao descrever uma estrutura que está localizada apenas de um lado do corpo, dizemos que a mesma é unilateral. Por fim, existem também os termos contralateral e ipsilateral. Contralateral significa do lado contrário, enquanto ipsilateral, significa do mesmo lado. Pode-se dizer dessa forma, que a mão esquerda é ipsilateral, ao pé esquerdo pois estão do mesmo lado do corpo, assim como, a mão esquerda é contralateral a mão direita, por estarem de lados opostos. Planos Anatômicos e eixos de movimento Os planos anatômicos são uma espécie de cortes imaginários que atravessam o corpo humano, ajudando a descrever o corpo de forma tridimensional. Esses planos são chamados de sagital, frontal ou coronal/lateral e transverso ou horizontal. Além dos planos, existem os eixos de movimento, os quais juntos, auxiliam na descrição dos movimentos realizados pelo corpo, pois o movimento acontece dentro dos planos e ao redor dos eixos. Fonte: odontoup.com.br O plano sagital, é um plano vertical que divide o corpo nos lados direito e esquerdo. O plano frontal, também é vertical, entretanto, atravessa o corpo dividindo- o em parte anterior e posterior. Já o plano transverso, é um plano horizontal, que divide o corpo em parte superior e inferior. Enquanto os planos são cortes imaginários, os eixos são linhas imaginárias ao redor das quais acontecem os movimentos do corpo. Fonte: anatomia-papel-e-caneta.com Existem três eixos de movimento: o eixo látero-lateral ou transversal, eixo longitudinal ou crânio-caudal e eixo antero-posterior ou sagital. É importante ressaltar que não se deve confundir os nomes dos planos e eixos, uma vez que são elementos diferentes. O eixo látero-lateral ou transversal, atravessa o corpo lateralmente, passando perpendicularmente pelo plano sagital. Ao redor desse eixo acontecem os movimentos de flexão e extensão. O eixo longitudinal, atravessa o corpo de cima para baixo, cruzando de forma perpendicular o plano transverssal. Nesse eixo, acontece o movimento de rotação. Já o eixo antero-posterior ou sagital, atravessa o corpo de frente para trás, atravessando também perpendicularmente o plano frontal. Ao redor desse eixo, acontecem os movimentos de adução e abdução. Movimentos das articulações Como já mencionado, os movimentos acontecem sobre os planos anatômicos e envolta dos eixos. Flexão, extensão, abdução, adução e rotação são termos usados para descrever os movimentos que ocorrem nas articulações. No plano sagital e ao redor do eixo látero-lateral, acontecem os movimentos chamados de flexão e extensão. A flexão pode ser definida como um movimento que diminui o ângulo de uma articulação por promover aproximação entre os ossos, enquanto a extensão é o movimento que aumenta esse ângulo. Fonte: Lippert (2018) No caso dos punhos e dos tornozelos o nome dado aos movimentos de extensão e flexão sofre uma pequena modificação. A flexão no punho, pode ser chamada também de flexão palmar, enquanto a flexão no tornozelo pode ser chamada de flexão plantar. Entretanto, o movimento de extensão em ambas as articulações pode ser chamado de dorsiflexão. Fonte: Lippert (2018) Além desses, ocorre também o movimento de hiperextensão o qual caracteriza- se como a continuação da extensão para além da posição anatômica, podendo ser realizado pelos ombros, pescoço, punhos, tronco e o quadril. Fonte: Lippert (2018) Os movimentos que acontecem no plano frontal e ao redor do eixo ântero- posterior são chamados de abdução e adução. A abdução caracteriza-se por ser um movimento que afasta o membro em movimento, do plano sagital enquanto a adução aproxima o membro do plano. Fonte: Lippert (2018) Além dos ombros e do quadril, o punho e os dedos são capazes de realizar o movimento de abdução e adução. Entretanto, Lippert (2018) destaca que os dedos das mãos e dos pés fogem a definição da linha sagital, sendo o ponto de referência dos mesmos o plano mediano das próprias mãos e pés. Fonte: kenhub.com Além disso, para definir a abdução e a adução dos punhos utiliza-se os termos desvio radial e desvio ulnar. No desvio radial, a mão se move, a partir da posição anatômica, em direção ao polegar. Quando a mão se move em direção ao dedo mínimo, trata-se do desvio ulnar. Fonte: Lippert (2018) Existem também os movimentos de abdução e adução horizontais, os quais não podem ocorrer a partir da posição de referência, ou seja, da posição anatômica, sendo necessário realizar anteriormente flexão ou abdução do ombro. Segundo Lippert (2018) movimento semelhante acontece no quadril, porém, a amplitude do movimento na maioria das vezes não é tão grande. Fonte: Lippert (2018) No plano transversal e ao redor do eixo longitudinal, acontecem os movimentos de rotação. As rotações podem ser mediais, quando acontecem em direção ao plano mediano do corpo, ou podem ser laterais, quando se afastam desse plano. Os ombros, quadril, pescoço e tronco, conseguem realizar essa rotação. As articulações que conseguem realizar rotação medial e lateral são os ombros e o quadril. Fonte: Lippert (2018) Os movimentos de rotação do antebraço são conhecidos como supinação e pronação. Na posição supinada, a palma da mão está voltada para frente. Quando a palma da mão está voltada para trás, o movimento é de pronação. Caso o cotovelo esteja fletido e a palma da mão esteja para cima, indica-se supinação e caso a palma da mão esteja voltada para baixo, indica-se pronação. Fonte: Lippert (2018) Existem movimentos em algumas articulações que recebem nomenclatura específica. A inversão refere-se ao movimento medial da articulação do tornozelo, na qual a planta do pé fica voltada para dentro. Já a eversão é um movimento lateral em que a planta do pé, volta-se para fora. Fonte: Lippert (2018) Por fim, existe o movimento de circundução, o qual não acontece ao redor de apenas um eixo, sendo a combinação de movimentos. A circunsução é composta por movimentos circulares que acontecem em articulações como o ombro e o quadril. Fonte: Lippert (2018) Tipos de movimento Existem dois tipos de movimento e o corpo e seus segmentos se movem em um dos dois: translacional ou rotatório (HOUGLUM; DOLORES, 2014). O movimento translacional, que também pode ser chamado de linear, acontece em uma linha aproximadamente reta entre dois pontos. Nesse tipo de movimento, as partes se movem ao mesmo tempo, a mesma distância e na mesma direção. Quando o movimento ocorre em uma linha exatamentereta é denominado de retilíneo. Caso o movimento tenha uma trajetória curva, o mesmo é chamado de curvilíneo. Contudo, Houglum e Dolores (2014) destacam que não existem muitos exemplos de movimento translacionais ou lineares. Já no movimento rotatório ou angular, o deslocamento ocorre em círculo em torno de um eixo. Segundo Lippert (2018), no corpo humano, as articulações atuam como eixos e é em torno desses eixos que ocorrem o movimento angular. Geralmente, a maioria dos movimentos corporais caracteriza-se como angular, porém não é raro observar dois tipos de movimento ocorrendo simultaneamente. Um exemplo é a corrida, na qual o corpo realiza um movimento linear se deslocando de um ponto a outro, enquanto os braços, quadril, joelhos e tornozelos realizam um movimento angular. 3 SISTEMA ESQUELÉTICO O corpo humano em geral possui aproximadamente 206 ossos, os quais juntos com as cartilagens, compõem o esqueleto. Uma das principais funções do esqueleto é proteger os órgãos vitais, como por exemplo os ossos do crânio, que protegem o encéfalo e as costelas que formam a caixa torácica que protege os pulmões e o coração. Além disso, os ossos protegem a medula óssea que é responsável pela produção das células sanguíneas. Outra função do esqueleto é o armazenamento de íons como cálcio, fósforo, magnésio, dentre outros que são depositados nos ossos. Quando há a necessidade de regulação desses íons no sangue, um dos mecanismos utilizados pelo corpo, é recorre a esses depósitos para reestabelecer os níveis ideais de minerais. Floyd (2011) acrescenta que o esqueleto funciona como um suporte para manter a postura, auxilia na hematopoese, que é o processo de formação de sangue que acontece na medula óssea, bem como atua na movimentação. O esqueleto, juntamente com os músculos esqueléticos compõe o que se denomina de sistema locomotor, tendo como principal função a movimentação do corpo, uma vez que os músculos estão presos aos ossos, e quando contraídos eles tracionam os ossos, fazendo com que o corpo se movimente. Essa tração é um dos principais fatores que mantém os ossos saudáveis, sendo determinante para o desenvolvimento da massa óssea, o que ressalta a importância de um estilo de vida ativo a partir da prática de atividade física. Divisão do esqueleto Existem duas categorias principais de agrupamentos dos ossos no corpo: axial e apendicular. Segundo Lippert (2018) o esqueleto axial apresenta-se como eixo do corpo, sendo composto por 80 ossos compostos pelo crânio, coluna vertebral, costelas e pelo esterno. O esqueleto apendicular se conecta com o esqueleto axial e é composto por 126 ossos dos membros superiores e inferiores. Fonte: Lippert (2018) Classificação dos ossos Existe uma variação no formato dos ossos, os quais são utilizados para realizar a classificação dos mesmos. Sendo assim, os ossos podem ser classificados como: longos, curtos, planos, irregulares, sesamóides e pneumáticos. Os ossos longos são aqueles em que o comprimento é maior que a sua largura e a espessura, como é o caso do fêmur. Esses ossos são divididos em regiões, os as extremidades são chamadas de epífises, enquanto o “corpo” do osso, ou seja, o seu comprimento é chamado de diáfise. A região que fica entre as epífises e a diáfise é chamada de metáfise, a qual pode ser classificada como proximal ou distal. Os ossos curtos são aqueles onde o comprimento, a largura e a espessura são semelhantes, sendo um exemplo os ossos do carpo. Os ossos planos, como por exemplo as escápulas, possuem comprimento a largura semelhantes, entretanto a espessura é menor quando comparada as demais medidas. Como ossos irregulares, são classificados os ossos que não se encaixam em algum padrão pré-determinado, como é o caso das vertebras. Já os ossos sesamóides, são aqueles que possuem formato arredondado e que se inserem em tendões, como por exemplo a patela. Por fim, os ossos pneumáticos, os quais nos seres humanos, estão localizados no crânio, são aqueles que possuem cavidades preenchidas por ar. Fonte: Lippert (2018) Fonte: anatomia-papel-e-caneta.com 4 SISTEMA ARTICULAR A articulação, caracteriza-se pela junção de dois ou mais ossos, possuindo variadas formas e funções. Segundo Martini, Timmons e Tallitsch (2009) as articulações podem estar em contato direto ou separadas por tecido fibroso, cartilagem ou por líquido. Eles ainda destacam que cada articulação realiza um movimento especifico, fazendo com que os ossos, as cartilagens, ligamentos, tendões e músculos trabalhem em conjunto, mantendo o movimento dentro da normalidade. Algumas articulações, permitem uma grande amplitude de movimento, enquanto outras realizam o movimento com uma amplitude muito reduzida ou nenhuma. As articulações imóveis ou ligeiramente móveis frequentemente se localizam no esqueleto axial, enquanto as articulações com movimentos amplos são mais comuns no esqueleto apendicular (MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009). Classificação das articulações As articulações podem ser classificadas de acordo com sua estrutura e função. Marieb e Hoehn (2008) apontam que a classificação estrutural é baseada no tipo de material que mantém os ossos unidos e se existe ou não uma cavidade entre as superfícies articulares, enquanto a classificação funcional considera o grau de mobilidade permitido pela articulação. Classificação estrutural Quanto a estrutura das articulações, as mesmas são classificadas em fibrosas, cartilagíneas e sinoviais. Nas articulações fibrosas, o que une os ossos é um tecido fibroso e não existe cavidade articular. Nessas articulações, o que determina o grau de movimento é o comprimento das fibras que mantém os ossos unidos. Os principais tipos de articulações fibrosas são: suturas, sindesmoses e gonfoses. Santos (2014) as suturas são articulações fibrosas que não apresentam movimento ou apresentam um movimento discreto, como é o caso dos ossos do crânio, enquanto as sindesmoses são articulações também fibrosas que contém feixes longos, os quais permitem movimentos mais discretos que os das suturas. No caso das sindesmoses o que une os ossos é uma lâmina de tecido fibroso, a qual pode ser um ligamento ou uma membrana fibrosa, como o caso da articulação radioulnar. Já a gonfose, localiza-se segundo Lippert (2018), entre a raiz do dente e o alvéolo dental no arco alveolar da mandíbula e da maxila, sendo o único exemplo desse tipo de articulação. Fonte: pt.thpanorama.com (fonte adaptada) Nas articulações cartilagíneas os ossos são unidos por fibrocartilagem ou por cartilagem hialina e assim como as cartilagens fibrosas, não possuem cartilagem articular. Existem dois tipos dessa articulação: sincondroses e sínfises. As sincondroses, conforme Santos (2014) são articulações nas quais os ossos são unidos pela cartilagem do tipo hialina. Um exemplo é a articulação imóvel entre o manúbrio do esterno e a primeira cartilagem costal. Já nas sínfises, os ossos são unidos por um disco fribrocartilaginoso, formando um ligamento intraósseo. As fibrocartilagens, além de compressíveis são elásticas e dessa forma, absorvem impactos/choques e permitem uma amplitude de movimento limitada. São exemplos dessa articulação a sínfise púbica e as articulações intervertebrais. Fonte: Marieb e Hoehn (2008) Nas articulações sinoviais, os ossos que se articulam são separados por uma cavidade que contém fluido (MARIEB; HOEHN, 2008) e é esse fato que permite a liberdade de movimento. Essas articulações possuem algumas características específicas que as tornam mais complexas. Os ossos nas articulações sinoviais são envolvidos por uma cápsula,chamada de cápsula articular. A cápsula articular é formada por duas membranas, sendo uma mais externa e fibrosa que é contínua com o periósteo e outra mais interna e mais fina, chamada de membrana sinovial. No interior da cápsula, existe um espaço chamado de cavidade articular, onde é produzido pela própria cápsula uma pequena quantidade de líquido, denominado de líquido sinovial. Além da cápsula articular e do líquido sinovial, a superfície articular dos ossos que compõe a articulação é recoberta por uma cartilagem, chamada de cartilagem articular. Em geral, devido a mobilidade dessas articulações, as mesmas também possuem ligamentos que ajudam a fazer com que os ossos realizem apenas os movimentos que elas precisam realizar. Algumas articulações sinoviais podem conter o menisco, os quais geralmente são encontrados em articulações que as faces articulares são desiguais, servido para acomodar os ossos. Fonte: auladeanatomia.com Existem seis tipos de articulações sinoviais que são classificadas de acordo com o formato das faces articulares ou com o tipo de movimento que realizam. São tipos de articulações sinoviais: Planas: São aquelas em que a superfícies articulares são planas, permitindo movimentos de deslizamento, sendo realizados em um único eixo. Um exemplo é a articulação acromioclavicular. Gínglimos: São articulações que possuem formato de dobradiça, permitindo os movimentos de flexão e extensão, o que as tornam uniaxiais, por permitirem movimentação em apenas um eixo assim como nas planas. Nesse tipo de articulação, a cápsula é mais frouxa nas regiões anterior e posterior, entretanto, também são reforçadas por ligamentos colaterais fortes, para limitar onde não se dever ter movimento. Um exemplo desse tipo de articulação é o cotovelo. Selares: Nesse tipo de articulação, observa-se que a mesma possui um formato de sela e essas articulações são biaxiais, permitindo a movimentação em dois eixos. Os movimentos possíveis nas articulações desse tipo são flexão, extensão, adução e abdução. Um exemplo é a articulação carpometacarpal. Elipsóideas: As elipsóideas possuem formato de meia lua e também são biaxiais e permitem os movimentos de flexão, extensão, adução e abdução. Como exemplo desse tipo de articulação temos a articulação metacarpofalangeanas. Esferóideas: Por permitirem movimentação nos três eixos, ou seja, flexão, extensão, adução, abdução, rotação medial e lateral e a circundução, essas articulações são consideradas multiaxiais. Nessas articulações, uma das superfícies articulares tem o formato de esfera e se encaixa na cavidade localizada no outro osso que faz parte da articulação. Um exemplo desse tipo de articulação é a articulação do quadril. Trocóideas: Esse tipo de articulação também é uniaxial, por permitir apenas movimentos de rotação. Um exemplo é a articulação atlantoaxial. Nessa articulação o atlas gira ao redor de um processo chamada “dente” do áxis. A classificação funcional Quanto a classificação funcional, considera-se o grau de mobilidade da articulação. Dessa forma, as articulações são classificadas em sinartroses, anfiartroses e diartroses. As sinartroses são as articulações imóveis e em geral, as articulações fibrosas se enquadram nessa categoria, uma vez que o tecido fibroso limita o movimento. As anfiartroses são caracterizadas pelas articulações semimóveis, onde se encaixam as articulações cartilagíneas. Já as diartroses são articulações amplamente móveis, onde se enquadram as articulações sinoviais. Marieb e Hoehn (2008) destacam que as articulações imóveis e semimóveis localizam-se principalmente no esqueleto axial, enquanto as articulações livremente móveis encontram-se predominantemente no esqueleto apendicular. 5 FUNDAMENTOS NEUROMUSCULARES Os músculos esqueléticos como aponta Floyd (2016) são responsáveis pelos movimentos do corpo e de todas as suas articulações, uma vez que a contração muscular produz a força que possibilita a movimentação articular do corpo. O autor destaca ainda que os músculos oferecem às articulações estabilidade dinâmica, proteção, contribuem para a sustentação e postura do corpo, além de serem os responsáveis pela produção de grande parte do calor total do corpo humano. Vale ressaltar que os músculos geralmente, trabalham em conjunto para realiza os movimentos necessários e não de forma independente. Embora a contração aconteça na musculatura, Lehnen (2018) destaca que é o sistema nervoso que elabora e comanda as ações planejadas sobre o músculo a partir do repertório motor, que é construído ao longo da vida. Sendo assim, a articulação entre o sistema nervoso e os músculos da origem ao que chamamos de sistema neuromuscular. Propriedades do tecido muscular O músculo tem quatro características funcionais fundamentais. Conforme Floyd (2011) essas características estão relacionadas com a capacidade de produção de força e movimento ao redor das articulações, as quais são: Irritabilidade ou excitabilidade: está relacionada com a capacidade sensível ou responsiva da musculatura aos estímulos elétricos, químicos ou mecânicos. Após o estímulo ser fornecido, o músculo responde gerando tensão. Contratilidade: relaciona-se com a capacidade do músculo de se contrair e desenvolver tensão ou força interna em oposição a uma resistência, após receber o estímulo. A contratilidade do tecido muscular, assim como a capacidade de gerar tensão, é única, uma vez que outros tecidos não possuem essa característica. Extensibilidade: refere-se à capacidade do músculo de se estender de forma passiva, além do seu comprimento de repouso. Elasticidade: refere-se à capacidade do músculo de retornar ao seu comprimento de repouso original após um estiramento. Tipos de contração muscular Sabe-se que para que o músculo realize a contração é necessário que o mesmo receba um estímulo vindo do sistema nervoso, mais especificamente, vindo de um neurônio, chamado de neurônio motor, o qual sozinho é capaz de inervar várias fibras musculares. Esse neurônio, juntamente com as fibras musculares inervadas por ele, formam a unidade motora e a sua estimulação, é que faz com que as fibras motoras se contraiam simultaneamente. As contrações musculares acontecem quando se tem a intenção de gerar, controlar e impedir o movimento articular (FLOYD, 2011), ou seja, podem ser utilizadas quando se deseja iniciar, acelerar, desacelerar ou até mesmo impedir a realização de algum movimento. Existem três tipos básicos de contração muscular as quais segundo Lippert (2018) denominam-se como isométrica, isotônica e isocinética. A isométrica ocorre quando há contração do músculo contra uma resistência, ou mesmo sem ela, sem que ocorra movimento articular, ou seja, o comprimento do músculo não se altera. Um exemplo desse tipo de contração ocorre no exercício agachamento isométrico, onde a contração dos músculos do quadríceps auxilia na manutenção da posição, conforme figura abaixo: Fonte: treinomestre.com.br A contração isotônica ocorre quando há contração muscular acompanhada de movimentação articular, vencendo a gravidade. Esse tipo de contração se divide em concêntrica e excêntrica. Na concêntrica observa-se o encurtamento muscular, enquanto na excêntrica observa-se o alongamento do musculo. Fonte: personalvictor.com.br Na contração isocinética ocorre a manutenção da mesma velocidade durante o movimento, o que torna necessária a presença de equipamentos. Lippert (2018) destaca que esse tipo de contração não é muito comum, o que se deve ao fato da necessidade de tais equipamentos que vão controlar a velocidade do movimento.O autor destaca ainda que em uma contração isocinética, a resistência pode variar, mas a velocidade permanece a mesma, diferentemente da contração concêntrica e excêntrica, onde a velocidade varia, mas a resistência se mantem. Fonte: fisioemasso.wordpress.com Funções musculares Ao se realizar a análise de um movimento é necessário observar não apenas um músculo, mas sim todos aqueles que estão envolvidos na ação, auxiliando na realização do movimento. Dessa forma, o músculo pode desempenhar diferentes funções durante o movimento articular, a depender do tipo de movimento, da direção e resistência enfrentada pelo mesmo. Dessa forma, os músculos podem ter a função de agonista, antagonistas, estabilizadores, neutralizadores ou sinergistas. O agonista é o principal músculo responsável por um movimento articular específico, ou seja, ele é o responsável pela execução de um movimento, podendo ser chamado também de motor primário. O antagonista é o músculo que realiza ação oposta à do agonista, ou seja, enquanto o agonista está contraído o antagonista está relaxado, permitindo que o movimento aconteça. Os estabilizadores são músculos que conferem firmeza ou sustentação a uma parte do corpo, possibilitando que o agonista trabalhe de forma efetiva. Os neutralizadores, como o próprio nome diz, neutralizam a ação de outro músculo visando impedir que movimentos indesejáveis aconteçam. Para isso, os neutralizadores se contraem para evitar o movimento inapropriado. O sinergista, é o músculo que interagem com os demais a fim de melhorar o movimento, tornando-o mais refinado, eliminando os movimentos indesejados. 6 CÍNGULO DO MEMBRO SUPERIOR O cíngulo do membro superior é composto pelos ossos responsáveis por unir o membro superior ao esqueleto axial. Dessa forma, compõe o cíngulo superior a clavícula e a escápula. Segundo Lippert (2018) o termo cíngulo do membro superior é utilizado para descrever as ações desenvolvidas pela escápula e pela clavícula e em menor grau pelo esterno e as costelas. Conforme imagem abaixo, pode-se observar a escápula, bem como dois acidentes ósseos importantes: o acrômio, que se articula com a clavícula, através da articulação acromioclavicular e o processo coracóide, que é o ponto de inserção de vários músculos. Articulando com a cabeça do úmero, tem-se a cavidade glenoidal, que forma a articulação glenoumeral. Fonte: Floyd (2011) Observa-se também na figura, a clavícula. Ela é comporta por um corpo, que corresponde a parte da diáfise e por duas extremidades. Uma dessas extremidades é a esternal, que vai se articular com o osso esterno, formando a articulação esternoclavicular. A outra extremidade é a acromial que vai se articular com o acrômio da escapula, formando a articulação acromioclavicular. As articulações esternoclavicular e acromioclavicular são responsáveis pelos movimentos do cíngulo do membro superior. Elas possibilitam a elevação e depressão/abaixamento, rotação superior e inferior, protusão e retração, referenciando-se pela escápula. Outro movimento que ocorre é o de inclinação escapular, entretando o mesmo acontece com a participação da articulação do ombro, uma vez que o ombro ao realizar uma hiperextensão, ocasiona uma inclinação anterior da parte superior da escápula e uma inclinação posterior do ângulo inferior. Vale destacar que Conforme Lippert (2018) são cinco músculos que se inserem na escápula e na clavícula e auxiliam na movimentação do cíngulo superior, sendo: trapézio, levantador da escápula, rombóides, serrátil anterior e peitoral menor. Fonte: Lippert (2018) 7 COMPLEXO ARTICULAR: OMBRO Sabe-se que a articulação do ombro que também pode ser conhecida como articulação glenoumeral - uma vez que a articulação se dá pelo encaixe da cabeça do úmero com a cavidade glenoidal -, realiza muitos e variados movimentos. A escápula, a clavícula e o úmero apresentam-se como conexão para a maior parte dos músculos dessa articulação, sendo segundo Floyd (2016) a conexão da escápula com a clavícula, pela articulação esternoclavicular, a única ligação da articulação do ombro com o esqueleto axial. Ao estudar os músculos da articulação glenoumeral convém agrupá-los de acordo com sua localização e sua função (FLOYD, 2011). Os músculos que possuem origem na escápula e na clavícula são considerados intrínsecos à articulação glenoumeral, enquanto os que se originam no tronco e se inserem no úmero, são considerados extrínsecos a mesma. São considerados músculos intrínsecos: o deltoide, coracobraquial, redondo maior e o grupo do manguito rotador. Esse grupo é composto pelos subescapular, supraespinal, infraespinal e redondo menor. Já como músculos extrínsecos são considerados: o latíssimo do dorso e o peitoral maior. Entre os movimentos realizados pela articulação do ombro estão: flexão, extensão, adução, abdução, rotação lateral, rotação medial, abdução horizontal, adução horizontal, abdução diagonal e adução diagonal. Fonte: Floyd (2016) Fonte: Floyd (2016) Fonte: Floyd (2016) Vale ressaltar que por ser uma articulação com grande amplitude de movimento e em diferentes planos, a articulação do ombro apresenta certa frouxidão, o que está relacionado o grande número de lesões devido à instabilidade da mesma. 8 COMPLEXO ARTICULAR: COTOVELO E ARTICULAÇÃO RADIOULNAR A articulação do cotovelo é composta por três ossos: úmero, ulna e o rádio. Dessa forma, ela se subdivide em três articulações: umeroulnar, umeroradial e radioulnar. A articulação do cotovelo é classificada como ginglimóide, permitindo unicamente o movimento de flexão e extensão. Segundo Floyd (2011) a capacidade de movimentação do cotovelo vai de 0° de extensão a cerca de 145º a 150º de flexão. Entretanto, salienta-se que a articulação radioulnar é classificada como uma articulação trocoidea, possibilitando um movimento de rotação, chamado de supinação e pronação. A partir da posição anatômica, pode-se observar um movimento de aproximadamente 80° a 90° de supinação, enquanto o de pronação pode variar entre 70° e 90°. Fonte: Floyd (2016) Os músculos responsáveis pela movimentação do cotovelo podem ser separados com base na função. Sendo: Flexores: bíceps braquial, o braquial e o braquiorradial, com assistência do pronador redondo. Extensores: O tríceps braquial como extensor primário do cotovelo, assistido pelo ancôneo. Pronação: Pronador redondo, pronador quadrado e braquiorradial. Supinação: Os músculos supinador e o bíceps braquial são os principais atuantes nesse movimento, porém o braquiorradial também auxilia na supinação. 9 COMPLEXO ARTICULAR: PUNHO E MÃOS A anatomia funcional dos punhos e das mãos, pode ser considerada complexa para alguns, uma vez que além de se tratar de articulações pequenas, existe um grande número de ossos, ligamentos e músculos. O punho contém oito ossos, ligeiramente alinhados em duas fileiras, conhecidos como ossos do carpo (BEHNKE, 2014). Os ossos da fileira proximal que são escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme vão se articular com o rádio e a ulna, enquanto os ossos da segunda fileira que são trapézio, trapezoide, capitato e hamato articulam-se com os metacarpos, que são os ossos longos da mão. Fonte: mundoeducacao.uol.com.br Os metacarpais, correspondem ao que chamamos de dedos. O primeiro metacarpo é polegar, o segundo é o dedo indicador, o terceiro o dedo médio, o quarto o dedo anelar e o quinto e último metacarpo é o dedo mínimo. Em cada um dos metacarpos estão as falanges que são subdivididas em próxima, medial e distal. Devido a quantidade de ossos é normal que também existam várias articulações nessa estrutura. Entre os ossos do carpo existem as articulações intercarpais. Entre o antebraço e os ossos da fileira proximal do carpo, estãoas articulações radiocarpais. Entre as fileiras proximal e distal dos ossos do carpo encontram-se as mediocarpais e entre a fileira distal do carpo e os ossos metacarpais estão as articulações carpometacarpais. Entre as falanges existem também articulações, as quais são chamadas de metacarpofalângicas, interfalângicas proximais e interfalângicas distais. Entre os movimentos comuns nos punhos estão flexão, dorsiflexão, desvio ulnar e desvio radial. Os dedos realizam somente flexão e extensão com exceção das articulações metacarpofalângicas, nas quais a abdução e a adução são controladas pelos músculos intrínsecos da mão (FLOYD, 2011). Com base nas funções os músculos extrínsecos do punho e da mão podem ser agrupados da seguinte forma: Flexores do punho: Flexor radial do carpo, o flexor ulnar do carpo e o palmar longo – todos possuem origem no epicôndilo medial do úmero. Flexores do punho e dos dedos: Flexor superfi-cial dos dedos, flexor profundo dos dedos, Flexor longo do polegar Extensores do punho: Incluem o extensor radial longo do carpo, o extensor radial curto do carpo e o extensor ulnar do carpo. Extensores do punho e dos dedos: Extensor dos dedos, extensor do indicador, extensor do dedo mínimo, extensor longo do polegar e extensor curto do polegar. Abdutores do punho: Flexor radial do carpo, o extensor radial longo do carpo, o extensor radial curto do carpo, o abdutor longo do polegar, o extensor longo do polegar e o extensor curto do polegar. Adutores do punho: Flexor ulnar do carpo e o extensor ulnar do carpo. Já os músculos intrínsecos da mão podem ser divididos em três grupos com base na localização: Lado radial: Possui quatro músculos do polegar, que são o oponente, o abdutor curto, o flexor curto e o adutor do polegar. Lado ulnar: Possui três músculos do dedo mínimo, que são o oponente, o abdutor e o flexor curto do dedo mínimo. No restante da mão: Existem 11 músculos dos quais quatro são lumbricais, três interósseos palmares e quatro interósseos dorsais. 10 COMPLEXO ARTICULAR: COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral é comporta por 24 vértebras articulares e nove fundidas em bloco. Ela é dividida em vértebras cervicais, torácicas e lombares, além do sacro. A coluna vertebral possui também três curvaturas que possibilitam que ela absorva impactos. Fonte: secmesp.org.br A primeira articulação desse complexo, refere-se à articulação atlanto-occipital, que é formada pelos côndilos occipitais do crânio que se localizam sobre a fossa articular da primeira vértebra (FLOYD, 2011), o que permite o movimento de flexão e extensão. O atlas, que está localizado sobre o áxis, forma a articulação atlantoaxial. Vale ressaltar que não existe muita possibilidade de movimento entre a vertebras, assim, as demais articulações vertebrais classificam-se como artrodiais. Os movimentos realizados pela coluna vertebral são: Flexão, extensão, flexão lateral (esquerda ou direita), rotação da coluna vertebral (esquerda ou direita) e redução que corresponde ao movimento de retorno da flexão lateral para a posição ereta. Quanto aos músculos envolvidos na movimentação da coluna vertebral, para melhor compreensão, os mesmos serão divididos em quatro grupos: Músculos que movem a cabeça: Reto anterior da cabeça, longo da cabeça, longuíssimo da cabeça, oblíquo superior da cabeça, oblíquo inferior da cabeça, reto posterior da cabeça – maior e menor, trapézio - parte descendente, esplênio da cabeça, semiespinal da cabeça, reto lateral da cabeça e esternocleidomastóideo. Músculos da coluna vertebral: Eretor da espinha (sacroespinal), Espinal – da cabeça, do pescoço, do tórax, Longuíssimo – da cabeça, do pescoço, do tórax, Iliocostal – do pescoço, do tórax, do lombo, esplênio do pescoço, longo do pescoço – oblíquo superior, oblíquo inferior, vertical, Interespinais – toda a coluna vertebral, Intertransversários – toda a coluna vertebral, Multífido – toda a coluna vertebral, Psoas menor, rotadores – toda a coluna vertebral e Semiespinal – do pescoço, do tórax. Músculos do tórax: Diafragma, intercostais – externo, interno, levantador das costelas, subcostais, escaleno – anterior, médio, posterior, serrátil posterior – superior, inferior e transverso do tórax. Músculos da parede abdominal: Reto do abdome, oblíquo externo do abdome, oblíquo interno do abdome, transverso do abdome e quadrado do lombo 11 CÍNGULO DO MEMBRO INFERIOR O cíngulo do membro inferior que também é conhecido como cintura pélvica é composto pelos seguintes ossos: os ossos do quadril - ílio, ísquio e o púbis -, o sacro e o cóccix. Na parte anterior, os ossos pélvicos se unem e formam a sínfise púbica. Na parte posterior, onde está localizado o sacro, formam-se as articulações sacroilíacas, e lombossacral, que fica na parte superior do sacro, conforme figura: Fonte: Lippert (2018) Entre as funções do cíngulo do membro inferior, pode-se entender como o mais importante seja a capacidade de sustentação do peso corporal e a transmissão de força entre os ossos do quadril e a coluna vertebral. Segundo Lippert (2018) durante o movimento de caminhada, o cíngulo do membro inferir se move como uma unidade nos três planos, possibilitando um movimento suave. Somado a isso, o cíngulo do membro inferior tem a função de sustentar e proteger vísceras pélvicas, é ponto de inserção de alguns músculos e integra nas mulheres, parte óssea do canal de parto. Os movimentos no cíngulo do membro inferior ocorrem nos três planos Entre os movimentos estão a anteroversão, retroversão, a inclinação da pelve, elevação da pelve e a rotação pélvica. A anteroversão acontece quando a pelve se inclina para frente, colocando a espinha ilíaca anterossuperior (EIAS) à frente da sínfise púbica, enquanto a retroversão coloca a espinha ilíaca anterossuperior (EIAS) posterior à sínfise púbica. Fonte: Lippert (2018) (fonte adaptada) A inclinação da pelve acontece quando as duas cristas ilíacas não estão niveladas, uma vez que ao se movimentar a pelve move um lado para cima e o outro para baixo. Fonte: Lippert (2018) A elevação da pelve também é um movimento possível, uma vez que pode acontecer quando uma pessoa está caminhando. Lippert (2018) cita o exemplo de uma pessoa caminhando com uma imobilização, onde a elevação de pelve auxilia no movimento de retirar o pé do chão para dar a passada. Além disso, o autor destaca que na posição sentada, ao se transferir o peso de um túberisquiático para o outro, ocorre também uma elevação da pelve. Por fim, a rotação pélvica acontece durante a caminhada por exemplo. Nesse movimento, pode-se observar que um lado da pelve se desloca para frente ou para cima em relação ao outro lado. Esse movimento, caracteriza-se como rotação, que pode ser anterior ou posterior. Fonte: Lippert (2018) O controle de movimento da pelve acontece por grupos musculares que atuam como um binário de forças. Quando acontece a inclinação da pelve, Lippert (2018) afirma que há uma tração superior dos músculos extensores da lombar, principalmente do músculo eretor da espinha, na parte posterior e tração inferior dos músculos flexores do quadril, na parte anterior. Já para fazer a inclinação posterior da pelve, os músculos flexores do tronco, principalmente os abdominais, puxam para frente e para cima, ao passo que os extensores do quadril, glúteo máximo e isquiotibiais, fazem força para baixo e para trás. Para controlar o grau de inclinação lateral, grupos musculares atuam a fim de manter a pelve novelada. Entre esses músculos estão os flexores laterais do tronco, como o eretor da espinha e quadrado do lombo e os abdutores da coxa na articulação do quadril, os glúteos médio e mínimo. Fonte: Lippert (2018)(fonte adaptada) 12 COMPLEXO ARTICULAR: QUADRIL A articulação do quadril caracteriza-se como uma articulação relativamente estável. Ela tem como funções o apoio de peso e locomoção, que são potencializados pela amplitude de movimento do quadril. Essa articulação consiste na conexão entre a cabeça do fêmur e o acetábulo do osso ilíaco no cíngulo do membro inferior. Por ser uma articulação multiaxial, possibilita movimentos nos três planos. Entre os movimentos realizados por essa articulação estão: Flexão, extensão, hiperextensão, adução, abdução e rotações mediais e laterais. Por e tratar de uma articulação mais estável, não permite uma amplitude de movimento muito grande, como é o caso da articulação do ombro. Toda via, a probabilidade de lesões nessa região também é menor. Fonte: Lippert (2018) Entre os músculos que atuam na articulação do quadril, tem-se: o iliopsoas e o reto femoral que atua como flexores do quadril/coxa, o sartório que pode realizar flexão, abdução e rotação lateral da coxa e o pectíneo que realiza flexão e adução da coxa. O adutor magno, adutor longo, adutor curto e o grácil realizam a adução da coxa. O glúteo máximo realiza extensão, hiperextensão e rotação lateral da coxa. Os rotadores profundos realizam rotação lateral da coxa, enquanto os semimembranáceo, semitendíneo e o bíceps femoral (cabeça longa) atuam na extensão do quadril. Por fim o glúteo médio atua na abdução da coxa, o glúteo mínimo na abdução e rotação medial da coxa e o tensor da fáscia lata realiza flexão e abdução combinadas da coxa. 13 COMPLEXO ARTICULAR: JOELHO, TORNOZELO E PÉ Joelho A articulação do joelho é uma das mais complexas do corpo humano. Formada pela extremidade distal do fêmur, a extremidade proximal da tíbia e a patela, essa articulação é mantida por músculos e ligamentos, estando frequentemente exposta a lesões. Os movimentos possíveis nessa articulação são flexão e extensão da perna. Entretanto, em alguns casos pode haver hiperextensão decorrente de uma frouxidão ligamentar. Além disso, a articulação do joelho possui segundo Lippert (2018) um movimento rotacional que não se caracteriza como um movimento livre, mas sim, assessório. Fonte: Lippert (2018) Existe ainda a articulação entre o fêmur e a patela chamada de articulação patelofemoral, que tem como função aumentar a vantagem mecânica do quadríceps femoral e proteger a articulação do joelho. Quanto a musculatura envolvida na movimentação do joelho, Lippert (2018) destaca que os músculos que estão localizados na parte anterior estendem o joelho, enquanto os músculos posteriores flexionam. Já os músculos que cruzam a articulação medialmente e lateralmente, promovem estabilidade. Dessa forma, são extensores do joelho os músculos: reto femoral, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio. Os flexores do joelho são: semimembranáceo, semitendíneo, bíceps femoral (cabeça curta), poplíteo (inicia a flexão) e gastrocnêmio. Tornozelo e pé A articulação do tornozelo que também é conhecida como articulação talocrural é composta pelo tálus, pela tíbia e pela fíbula distal. Essa articulação é responsável pela união entre a perna e o pé, além de ser fundamental para o controle de grande parte do movimento do pé em relação à perna. Fonte: pessemdor.com.br Os movimentos realizados por essa articulação são flexão, dorsiflexão, inversão e eversão, entretanto Floyd (2011) destaca que embora a inversão e eversão sejam consideradas movimentos do tornozelo, tecnicamente o movimento ocorre nas articulações subtalar e tarsal transversa, uma vez que ocorre um deslizamento entre as mesmas permitindo o movimento. O pé é composto pelos ossos tarsais, os metatarsais e as falanges. Os ossos tarsais são: calcâneo, tálus, cuboide, navicular, cuneiforme lateral, cuneiforme intermédio e cuneiforme medial. Fonte: Lippert (2018) No pé, ocorre os movimentos de flexão e extensão dos dedos, pronação e supinação. A articulação talocrural e o pé possuem três funções principais que são absorver o choque causado pelo contato do calcanhar no solo, adaptar-se ao solo de contato e proporcionar uma base estável de sustentação para então, impulsionar o corpo para frente. De forma semelhante ao punho e a mão, o tornozelo e o pé, possui músculos extrínsecos e intrínsecos. Os músculos que cruzam o tornozelo na parte anterior realizam a dorsiflexão do mesmo e, possivelmente, auxiliam na extensão dos dedos do pé. Já os que cruzam o tornozelo na parte posterior realizam o movimento de flexão plantar do tornozelo e, possivelmente, atuam na flexão dos dedos do pé. Os músculos mediais realizam o movimento de inversão do tornozelo, enquanto os músculos laterais realizam o movimento de eversão. Entre os músculos extrínsecos estão: gastrocnêmio, sóleo, plantar, realizando flexão plantar do pé. O tibial posterior auxiliando na flexão do pé, mas também atuando na inversão do pé. O flexor longo do hálux, que além de atuar na flexão do hálux, auxilia na flexão e na inversão do pé. O flexor longo dos dedos que atua na flexão do segundo ao quinto dedo, auxiliando também na flexão e inversão do pé. O tibial anterior, atuando na inversão e dorsiflexão, o extensor longo do hálux auxiliando na inversão e dorsiflexão do pé, o extensor longo dos dedos atuando na extensão do segundo ao quinto dedo e auxiliando na dorsiflexão do pé. Os músculos fibular longo e fibular curto atuando na eversão do pé e auxiliando na flexão plantar e por fim o fibular terceiro, que auxilia um pouco na eversão e na dorsiflexão do pé. Entre os músculos intrínsecos estão: extensor curto dos dedos, realizando a extensão nas articulações do segundo ao quarto dedo, extensor curto do hálux realizando extensão na articulação do hálux, abdutor do hálux realizando abdução e flexão na articulação do hálux, o flexor curto dos dedos realizando flexão nas articulações do segundo ao quinto dedo, abdutor do dedo mínimo realizando flexão e abdução do quinto dedo, o quadrado plantar atua retificando a linha de tração diagonal do flexor longo dos dedos. Os lumbricais atuam na flexão nas articulações das falanges, o flexor curto do hálux atuando na flexão do mesmo, o adutor do hálux atuando na adução e flexão do hálux, o flexor curto do dedo mínimo atuando na flexão do quinto dedo, os interósseos dorsais trabalhando na abdução do segundo ao quarto dedos e os interósseos plantares atuando na adução do terceiro ao quinto dedos. Vale ressaltar que todos os músculos intrínsecos do pé se localizam na planta do pé, em forma de camadas, com exceção do extensor curto dos dedos, extensor curto do hálux e dos interósseos dorsais, que localizam- se entre os metatarsais e em região dorsal aos músculos interósseos plantares. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEHNKE, R.S. Anatomia do movimento – 3. Ed – Porto Alegre: Artmed, 2014. FLOYD, R. T. Manual de cinesiologia estrutural / R. T. Floyd ; [tradução Rodrigo Luiz Vancini]. 16. ed. Barueri, SP : Manole, 2011. FLOYD, R. T. Manual de cinesiologia estrutural – 19a ed. Editora Manole, 2016. HOUGLUM, P. A; DOLORES, B.B. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. Barueri, SP : Manole, 2014. LEHNEN, A.M. Efeitos da atividade motora no sistema neuromuscular. Sagah. 2018. LIPPERT, L.S. Cinesiologia clínica e Anatomia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. MARIEB, E. N; HOEHN, K. Anatomia & fisiologia. - 3. ed. Porto Alegre: Artrned, 2008. MARTINI, F. H; TIMMONS, M.J; TALLITSCH, R.B. Anatomia humana / tradução Daniella Franco Curcio. 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2009. SANTOS, N.C.M. Anatomia e Fisiologia Humana. 2.ed. Editora Saraiva, 2014.