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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .... VARA ÚNICA DA COMARCA DO MUNICIPIO ALFA DO ESTADO .... PEDRO DE CAMÕES, estado civil ..., profissão ..., inscrito no CPF sob o nº ..., endereço eletrônico ..., residente e domiciliado no município Alfa, neste ato representado por seu procurador (procuração em anexo), este estabelecido ..., local onde receberá intimações, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 38 da Lei 6.830/80, ajuizar à presente AÇÃO ANULATÓRIA em face do MUNICÍPIO ALFA, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ sob o nº ..., endereço eletrônico ..., estabelecido ..., neste ato representado por seu representante legal ..., na forma do artigo 75, III do CPC, pelo fatos e fundamentos abaixo aduzidos. I – Do Cabimento Reza o artigo 38 da Lei 6.830/80 que poderá o contribuinte utilizar-se de demanda judicial com a finalidade de desconstituir e/ou anular crédito tributário constituído indevidamente. No presente caso compreende-se que a guia de recolhimento de Contribuição de Melhoria exigido de Pedro de Camões foi lançada de forma equivocada, de maneira ilegal e/ou inconstitucional, tornando totalmente cabível a utilização da presente ação com a finalidade de anular o tributo devido. Ainda, justifica-se o cabimento do presente procedimento judicial eis que será necessário utilizar-se de ação com produção probatória, bem como que possibilite o cabimento da Ação Anulatória. II – Dos Fatos No dia 15/04/2022, Pedro recebeu uma notificação com guia de recolhimento de Contribuição de Melhoria lançada em seu nome como contribuinte, por ser proprietário de tal imóvel, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), emitida pela Secretaria de Fazenda Municipal do município Alfa. Sendo que o referido tributo foi instituído pela Lei Municipal nº 12.345/22, publicada em 10/01/2022. Ocorre que, o tributo havia sido instituído pouco mais de 90 (noventa) dias antes de receber a notificação de pagamento pela guia de recolhimento, referente à obra realizada no ano anterior. Além disso, o imóvel de sua propriedade se encontrava no bairro Beta, diverso e bastante distante do bairro Gama, local da realização da obra pública de iluminação, arborização e recuperação do Parque Municipal da Liberdade, objeto da exação custeada pelos cofres da municipalidade, inclusive o valor cobrado de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) representava mais de dez vezes a valorização do seu imóvel no último ano, e que a pequena valorização de seu imóvel no ano transcorrido seria mera decorrência do mercado imobiliário naquela cidade. Por fim, o somatório dos valores cobrados pelo Município dos imóveis relacionados no edital ultrapassava o valor total de custo da obra em 50%. Logo, não restou outra alternativa senão ingressar com a presente ação para anular os débitos cobrados indevidamente. III – Dos Direitos Reza o artigo 150, III, alínea B, da CF que a cobrança de tributos não pode ocorrer no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Sendo assim, ainda que o tributo tenha obedecido à anterioridade nonagesimal, violou o princípio da anterioridade tributária do exercício financeiro seguinte, de modo que só poderia ser cobrado a partir de 01/01/2023. Além disso, o fato gerador da contribuição de melhoria está necessariamente ligado à valorização do imóvel do contribuinte, conforme Art. 81 do CTN. Entretanto, a propriedade do autor se encontrava no bairro Beta e as melhorias foram realizadas no bairro Gama, ou seja, diverso e bastante distante do imóvel do autor. Logo, a distância do imóvel de Pedro em relação ao local da obra (outro bairro) faz com que seu imóvel não seja valorizado em decorrência dessa obra pública. Ademais, ainda que o imóvel houvesse se valorizado em razão desta obra pública, o que não ocorreu (por conta da distância), o valor cobrado de R$ 15.000,00 está muito além (mais de 10 vezes) da efetiva valorização do seu imóvel no último ano, conforme Art. 81 do CTN. Por fim, a contribuição de melhoria tem como limite total de cobrança a efetiva despesa total realizada pelo ente instituidor, cf. Art. 81 do CTN. Logo, o somatório dos valores cobrados pelo Município dos imóveis relacionados no edital não poderia ultrapassar o valor total de custo da obra em 50%. IV – Da Tutela Provisória de Urgência Reza o artigo 300 do CPC que será deferida a tutela provisória de urgência uma vez presentes os requisitos da probabilidade do direito e do perigo de dano. No presente caso resta preenchido os requisitos da probabilidade do direito face as lesões aos artigos supra mencionados. Ademais resta igualmente preenchido o requisito do perigo de dano eis que Pedro está prestes a negociar seu imóvel e apresenta receio que o débito possa afastar compradores. Diante disto, uma vez preenchidos os requisitos postos em lei, deseja a parte requerente que seja deferida a tutela provisória de urgência e consequentemente ocorra a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma do artigo 151, V do CTN. Igualmente, face o deferimento da tutela, requer ainda o requerente que seja determinado ao ente público à expedição da certidão positiva com efeito de negativa na forma do artigo 206 do CTN. V – Dos Pedidos Ante o exposto, requer: a) Preenchidos os requisitos do artigo 300 do CPC, que seja deferida a tutela provisória de urgência e consequentemente ocorra a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma do artigo 151, V do CTN. Igualmente, face o deferimento da tutela, requer ainda o requerente que seja determinado ao ente público à expedição da certidão positiva com efeito de negativa na forma do artigo 206 do CTN. b) Citação da parte contrária, para que desejando, venha contestar à presente demanda. c) Não seja realizada audiência de conciliação e/ou mediação na forma do artigo 319, VII do CPC, uma vez que não se visualiza o cabimento da conciliação nos termos do artigo 334, §4º, inciso II, do CPC. d) Que sejam produzidas todas as provas admitidas em direito, especialmente a produção da prova pericial para demonstrar que a atualização da base de cálculo foi acima dos padrões inflacionários, obedecendo o que disposto no artigo 319, VI do CPC. e) Que seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE à presente demanda, para que ocorra a desconstituição e/ou anulação do debito exigido de Pedro, face as lesões aos artigos 150, III, alínea B da Constituição Federal e artigo 81 do CTN, extinguindo assim o crédito tributário. f) Por fim, que seja condenado o ente competente nos ônus sucumbenciais, mais notadamente nas custas processuais na forma do artigo 82, §2º do CPC e dos honorários de sucumbência na forma do artigo 85, §3º do CPC. Dá-se o valor da causa R$ 15.000,00 (quinze mil reais) Nestes termos, pede e espera deferimento. Local ..., Data ... Advogado OAB