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FACULDADE MULTIVIX SÃO MATEUS
CURSO DE GRADUAÇÃO DE NUTRIÇÃO
ALERGIA A PROTEÍNA DO LEITE
Nome do aluno
Cidade
 2024
Nome do aluno
(Arial 14, sem negrito)
ALERGIA A PROTEÍNA DO LEITE
Revisão de literatura apresentado na Faculdade de Nutrição da MULTIVIX SÃO MATEUS.
Orientador (a)/Professor(a):
Cidade
2024
SUMÁRIO
RESUMO	4
ABSTRACT	4
1	INTRODUÇÃO	5
2	METABOLISMO DOS MACRONUTRIENTES	6
2.1	Proteínas	6
2.1.1 Carboidratos	7
2.1.2	Lipídios	8
2.2	Vitaminas e minerais	10
2.2.1 Vitaminas	10
2.2.2	Minerais	10
2.3	Processos bioquímicos da nutrição	11
2.3.1	Digestão e absorção	11
2.3.2	Metabolismo e interações orgânicas	12
2.3.3 Homeostasia e resposta imunológica	12
2.3.3	Interações metabólicas	12
3	PROCESSOS DE DIGESTÃO E ABSORÇÃO	13
3.1	Digestão das proteínas do leite	13
3.2	Absorção dos aminoácidos	13
3.3 Enzimas e hormônios envolvidos	13
4	CONCEITOS E APLICAÇÕES DA NUTRIGENÉTICA E NUTRIGENÔMICA	14
4.1	Nutrigenética	14
4.2	Nutrigenômica	14
5	ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA INDIVÍDUOS COM ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE	14
5.1	Eliminação de leite e derivados	14
5.2	Substitutos nutricionais	14
5.3	Consulta com um nutricionista	15
6	CONCLUSÃO	15
REFERÊNCIA	16
resumo
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma condição imunológica que afeta tanto crianças quanto adultos. Resulta de uma resposta anormal do sistema imunológico às proteínas presentes no leite de vaca, como a caseína e a beta-lactoglobulina. As reações alérgicas podem variar de leves a graves, incluindo sintomas gastrointestinais, cutâneos, respiratórios e, em casos extremos, anafilaxia. O diagnóstico envolve histórico clínico, testes alérgicos e, às vezes, testes de provocação oral. O tratamento principal é a eliminação total do leite e seus derivados da dieta, com acompanhamento nutricional adequado. A inflamação intestinal crônica associada à APLV pode afetar a digestão e absorção de macronutrientes como proteínas, carboidratos e lipídios, causando deficiências nutricionais. Estratégias nutricionais específicas e suplementação podem ser necessárias para garantir uma dieta equilibrada e a saúde do indivíduo afetado. A nutrigenética e nutrigenômica exploram como as variações genéticas e os nutrientes influenciam a saúde, enquanto as orientações nutricionais incluem a eliminação de leite e derivados, substitutos nutricionais e consultas regulares com um nutricionista.
Palavras-chave: caseína; Beta-lactoglobulina; reações alérgicas; anafilaxia.
abstract
Cow's milk protein allergy (CMPA) is an immunological condition that affects both children and adults. It results from an abnormal response of the immune system to proteins present in cow's milk, such as casein and beta-lactoglobulin. Allergic reactions can range from mild to severe, including gastrointestinal, skin, respiratory symptoms and, in extreme cases, anaphylaxis. Diagnosis involves clinical history, allergy testing, and sometimes oral challenge tests. The main treatment is the total elimination of milk and its derivatives from the diet, with adequate nutritional monitoring. Chronic intestinal inflammation associated with CMPA can affect the digestion and absorption of macronutrients such as proteins, carbohydrates and lipids, causing nutritional deficiencies. Specific nutritional strategies and supplementation may be necessary to ensure a balanced diet and the health of the affected individual. Nutrigenetics and nutrigenomics explore how genetic variations and nutrients influence health, while nutritional guidelines include the elimination of milk and dairy products, nutritional substitutes and regular consultations with a nutritionist.
Keywords: casein; Beta-lactoglobulin; allergic reactions; anaphylaxis.
INTRODUÇÃO 
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma condição imunológica comum, especialmente em crianças pequenas, embora também possa afetar adultos. Trata-se de uma resposta anormal do sistema imunológico às proteínas encontradas no leite de vaca, principalmente a caseína[footnoteRef:1] e a beta-lactoglobulina[footnoteRef:2]. Quando uma pessoa alérgica consome leite ou produtos lácteos, seu sistema imunológico identifica erroneamente essas proteínas como substâncias nocivas, desencadeando uma reação alérgica. [1: Proteína do tipo fosfoproteína encontrada no leite fresco.] [2: Proteína globular pequena com 162 resíduos de aminoácidos unidos por duas pontes dissulfeto.] 
Primeiramente, as reações alérgicas podem variar de leves a graves, manifestando-se sob a forma de sintomas gastrointestinais, cutâneos, respiratórios e, em casos mais severos, anafilaxia, que é uma emergência médica. Os sintomas gastrointestinais incluem diarreia, vômito e dor abdominal, enquanto os sintomas cutâneos podem incluir urticária e eczema. Dificuldades respiratórias, como rinite e asma, também são comuns. O diagnóstico da APLV[footnoteRef:3] é realizado por meio de uma combinação de histórico clínico, testes cutâneos de alergia, exames de sangue e, em alguns casos, testes de provocação oral sob supervisão médica. A confirmação do diagnóstico é essencial para a implementação de estratégias eficazes de manejo da alergia. [3: Alergia à proteína do leite de vaca.] 
O tratamento primário para a alergia à proteína do leite de vaca é a eliminação completa do leite e seus derivados da dieta. Isso pode ser desafiador, pois muitos alimentos processados contêm leite ou traços de leite, exigindo que os indivíduos alérgicos leiam cuidadosamente os rótulos dos alimentos e, em muitos casos, consultem um nutricionista para garantir uma dieta equilibrada e nutritiva. Em alguns casos, fórmulas especiais hidrolisadas ou à base de aminoácidos podem ser necessárias para lactentes.
Além das considerações dietéticas, é importante que os indivíduos com alergia à proteína do leite de vaca e suas famílias estejam preparados para lidar com reações alérgicas inesperadas. Isso inclui ter sempre à mão medicamentos de emergência, como anti-histamínicos[footnoteRef:4] e auto-injetores de epinefrina[footnoteRef:5], e estar ciente dos procedimentos de primeiros socorros em caso de anafilaxia[footnoteRef:6]. A alergia à proteína do leite de vaca tem um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos afetados e suas famílias, exigindo atenção contínua e adaptação. No entanto, com diagnóstico adequado, manejo rigoroso da dieta e preparação para emergências, a maioria das pessoas pode viver de forma saudável e ativa, minimizando os riscos associados a essa condição. [4: Classe de fármacos que inibe a ação da histamina, ou seja, é um antagonista de histamina, que bloqueia a ligação com seus receptores, ou inibe a atividade enzimática da histidina descarboxilase, que catalisa a transformação de histidina em histamina.] [5: Um hormônio simpaticomimético e neurotransmissor responsável por preparar o organismo para a realização de grandes feitos, derivado da modificação de um aminoácido aromático, secretado pelas glândulas suprarrenais, assim chamadas por estarem acima dos rins. ] [6: Reação alérgica grave e potencialmente fatal que pode ser desencadeada por alimentos, picadas de insetos, medicamentos ou outros alérgenos. ] 
Metabolismo dos Macronutrientes
1.1 Proteínas
As proteínas são macronutrientes essenciais compostos por aminoácidos. No contexto da alergia à proteína do leite, o sistema imunológico identifica proteínas como a caseína e a beta-lactoglobulina como antígenos. Normalmente, as proteínas são digeridas no estômago e intestinos, onde são decompostas em aminoácidos por enzimas proteolíticas. Esses aminoácidos são então absorvidos pela corrente sanguínea e utilizados para a síntese de proteínas corporais, produção de enzimas e hormônios, e como fonte de energia.
Quando ocorre uma alergia à proteína do leite, o sistema imunológico, particularmente as células T e B, produzem anticorpos IgE[footnoteRef:7] específicos contra essas proteínas. A ligação desses anticorpos aos mastócitos e basófilos, seguida pela exposição subsequente àproteína do leite, resulta na liberação de histamina e outros mediadores inflamatórios, causando os sintomas alérgicos. [7: Sorologia é o termo usado para definir os exames que identificam a presença de determinados anticorpos no nosso sangue. Os mais comuns são os exames sorológicos denominados IgG (imunoglobulina G) e IgM (imunoglobulina M).] 
 2.1.1 Carboidratos
Os carboidratos desempenham um papel importante como a principal fonte de energia para o corpo humano, fornecendo o combustível necessário para a realização de atividades diárias e para o funcionamento adequado dos órgãos e sistemas. O metabolismo dos carboidratos envolve uma série de processos bioquímicos, que incluem a digestão, absorção e transformação desses macronutrientes em glicose, que é utilizada pelas células para produzir ATP[footnoteRef:8], a principal molécula de energia do corpo. [8: Adenosina trifosfato.] 
No contexto da alergia à proteína do leite, o metabolismo dos carboidratos não é diretamente afetado pela presença de caseína ou beta-lactoglobulina. No entanto, a inflamação intestinal crônica resultante das reações alérgicas pode ter um impacto significativo na eficiência da absorção de carboidratos. A exposição contínua às proteínas do leite em indivíduos alérgicos provoca uma resposta imunológica que inflama a mucosa intestinal, causando danos às vilosidades e microvilosidades do intestino delgado, que são estruturas essenciais para a absorção de nutrientes.
Este processo inflamatório pode comprometer a capacidade do intestino de absorver não apenas proteínas, mas também carboidratos e outros nutrientes. A inflamação e o dano tecidual podem levar a uma série de sintomas gastrointestinais, incluindo diarreia, dor abdominal, inchaço e, crucialmente, má absorção de nutrientes. Quando a absorção de carboidratos é prejudicada, a glicose disponível para as células é reduzida, o que pode resultar em desnutrição energética.
A má absorção de carboidratos é um problema sério, pois esses nutrientes são fundamentais para a manutenção dos níveis de energia corporal. A diarreia crônica, frequentemente observada em casos de inflamação intestinal severa, agrava ainda mais o quadro, levando à perda de eletrólitos e água, além de calorias essenciais, exacerbando a desnutrição. Este estado de desnutrição pode ter implicações amplas para a saúde, incluindo fraqueza geral, cansaço, perda de peso e, em crianças, comprometimento do crescimento e desenvolvimento.
Para mitigar esses efeitos, é essencial que indivíduos com alergia à proteína do leite sigam uma dieta rigorosa que elimine completamente os produtos lácteos, prevenindo assim a inflamação intestinal crônica. Adicionalmente, é fundamental a supervisão de um nutricionista para assegurar que a dieta seja equilibrada e rica em carboidratos facilmente absorvíveis, como arroz, batatas e frutas, que possam fornecer a energia necessária sem causar irritação intestinal adicional.
Suplementação com prebióticos e probióticos pode ser considerada para melhorar a saúde intestinal, promovendo um ambiente que favoreça a absorção de nutrientes. Ademias, o monitoramento regular da saúde nutricional e a avaliação de possíveis deficiências são cruciais para ajustar a dieta conforme necessário e garantir que o corpo receba a energia e os nutrientes essenciais para um funcionamento saudável.
2.1.2 Lipídios
Os lipídios, ou gorduras, desempenham papéis vitais no organismo, incluindo a produção de energia, a formação de membranas celulares e a síntese de hormônios. A digestão e absorção desses nutrientes são processos complexos que envolvem a emulsificação pelos sais biliares, a ação das enzimas lipases pancreáticas e a absorção pelos enterócitos no intestino delgado. No entanto, a inflamação intestinal associada à alergia à proteína do leite pode prejudicar esses processos, resultando em deficiências nutricionais e perda de peso.
A digestão dos lipídios começa no estômago, mas é principalmente realizada no intestino delgado, onde os sais biliares emulsificam as gorduras, tornando-as acessíveis às lipases pancreáticas. Essas enzimas hidrolisam os triglicerídeos em ácidos graxos livres e monoglicerídeos[footnoteRef:9], que são absorvidos pelas células intestinais. Uma vez dentro dos enterócitos, os lipídios são reesterificados e incorporados em quilomícrons, que entram no sistema linfático e, eventualmente, na circulação sanguínea, distribuindo os lipídios para os tecidos do corpo. [9: Classe de glicerídeos compostos por uma molécula de glicerol ligada a um ácido graxo por meio de uma ligação éster.] 
A inflamação intestinal, um efeito comum da alergia à proteína do leite, pode comprometer seriamente esses processos. A inflamação danifica a mucosa intestinal, reduzindo a superfície de absorção e alterando a função das enzimas e dos transportadores necessários para a digestão e absorção de lipídios. Esse comprometimento pode levar à má absorção de gorduras, resultando em esteatorreia[footnoteRef:10] e deficiências de ácidos graxos essenciais e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). [10: Fezes gordurosas.] 
A inflamação crônica associada à alergia também pode alterar o metabolismo lipídico de maneira mais ampla. O estado inflamatório pode levar à liberação de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e a interleucina-6 (IL-6), que interferem na sinalização hormonal e nas vias metabólicas. Essas citocinas podem promover a lipólise, a quebra de triglicerídeos armazenados nos tecidos adiposos, e inibir a lipogênese, a síntese de novos lipídios. Como resultado, o corpo pode enfrentar dificuldades para manter a homeostase energética, agravando a perda de peso e a desnutrição.
Além disso, a inflamação crônica pode afetar a síntese de hormônios esteróides[footnoteRef:11], que são derivados do colesterol. Os hormônios esteróides incluem importantes reguladores metabólicos, como os glicocorticoides, que influenciam o metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídios. A desregulação desses hormônios pode exacerbar os desequilíbrios metabólicos causados pela má absorção de gorduras, contribuindo para uma cascata de efeitos negativos sobre a saúde geral do indivíduo. [11: Grande grupo de compostos solúveis em gordura, que têm uma estrutura básica de 17 átomos de carbono dispostos em quatro anéis ligados entre si.] 
Para amenizar esses impactos, é crucial adotar estratégias nutricionais específicas. A suplementação com triglicerídeos de cadeia média (MCTs), que são mais facilmente absorvidos e metabolizados pelo corpo, pode ser benéfica. Além disso, a inclusão de fontes ricas em ácidos graxos essenciais, como óleos de peixe e sementes de linhaça, pode ajudar a compensar a deficiência de ácidos graxos essenciais. A monitorização cuidadosa das vitaminas lipossolúveis e a suplementação quando necessário são igualmente importantes para prevenir deficiências nutricionais graves.
2.2 Vitaminas e minerais
 2.2.1 Vitaminas
As vitaminas desempenham papéis cruciais em várias funções metabólicas e no fortalecimento do sistema imunológico. Em indivíduos com alergia à proteína do leite, a inflamação intestinal pode comprometer a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrossolúveis (complexo B e C). desse modo, a exemplo, a vitamina D, essencial para a saúde óssea e função imunológica, pode ter sua absorção prejudicada, exacerbando o risco de osteopenia[footnoteRef:12] e osteoporose[footnoteRef:13]. [12: Condição que ocorre quando o corpo não produz um novo osso tão rapidamente quanto reabsorve o osso antigo.] [13:  Doença que se caracteriza pela perda progressiva de massa óssea, tornando os ossos enfraquecidos e predispostos a fraturas. ] 
2.2.2 Minerais
Os minerais, como cálcio, ferro e zinco, desempenham papéis essenciais em várias funções corporais e são essenciais para a saúde geral. No entanto, a absorção adequada desses nutrientes pode ser um desafio, especialmente em indivíduos com alergia à proteína do leite de vaca, uma vez que o leite éuma das principais fontes dietéticas de cálcio.
A absorção de cálcio é de particular preocupação para aqueles que precisam evitar produtos lácteos. O cálcio é vital para a manutenção da saúde óssea e dentária, e sua deficiência pode levar a condições como osteopenia e osteoporose, aumentando o risco de fraturas ósseas. A ausência de leite e derivados na dieta exige a busca por outras fontes de cálcio, como vegetais de folhas verdes escuras (espinafre, couve), amêndoas, tofu, e alimentos fortificados como sucos de laranja e cereais. Além disso, a vitamina D é essencial para a absorção de cálcio, tornando necessária a suplementação ou a exposição adequada à luz solar para garantir níveis suficientes desta vitamina.
O ferro é outro mineral fundamental, principalmente devido ao seu papel na formação de hemoglobina, que transporta oxigênio no sangue. Em indivíduos com alergia à proteína do leite, a inflamação gastrointestinal crônica pode comprometer a absorção de ferro, resultando em anemia ferropriva. A inflamação prejudica a mucosa intestinal, diminuindo a eficiência da absorção de nutrientes. Para mitigar este problema, é importante incluir fontes ricas em ferro na dieta, como carnes vermelhas magras, aves, peixes, leguminosas (feijão, lentilhas), e vegetais de folhas verdes. A absorção de ferro não-heme, encontrado em alimentos de origem vegetal, pode ser aumentada pela ingestão concomitante de alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, tomates e pimentões.
O zinco é igualmente crucial, desempenhando um papel em processos imunológicos, síntese de proteínas, e divisão celular. A inflamação intestinal também pode afetar a absorção de zinco, que é fundamental para a função imunológica e a cicatrização de feridas. Fontes dietéticas de zinco incluem carnes, frutos do mar, nozes, sementes e leguminosas. Em casos de deficiência, a suplementação pode ser necessária sob orientação médica.
Indivíduos com alergia à proteína do leite devem trabalhar de perto com nutricionistas e profissionais de saúde para garantir que suas dietas sejam equilibradas e que as necessidades de minerais sejam atendidas. A inclusão de alimentos variados e fortificados, bem como a consideração de suplementos, quando necessário, são estratégias importantes para prevenir deficiências nutricionais e manter a saúde óssea, sanguínea e imunológica. Além disso, é fundamental monitorar a saúde gastrointestinal e tratar qualquer inflamação subjacente para otimizar a absorção de nutrientes e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos.
2.3 Processos bioquímicos da nutrição
2.3.1 Digestão e absorção
A digestão envolve a quebra dos alimentos em componentes menores que podem ser absorvidos pelo corpo. As enzimas digestivas decompõem os macronutrientes em seus componentes básicos: proteínas em aminoácidos, carboidratos em monossacarídeos e lipídios em ácidos graxos e glicerol. Esses nutrientes são absorvidos no intestino delgado e transportados para o fígado, onde são metabolizados e distribuídos para as células do corpo.
2.3.2 Metabolismo e interações orgânicas
O metabolismo envolve uma série de reações bioquímicas que ocorrem nas células para converter nutrientes em energia e componentes celulares. O fígado desempenha um papel central no metabolismo, regulando os níveis de glicose no sangue, armazenando glicogênio e metabolizando proteínas e lipídios. A alergia à proteína do leite pode causar inflamação intestinal crônica, afetando a função hepática e a capacidade do corpo de manter a homeostase.
 2.3.3 Homeostasia e resposta imunológica
A homeostasia é o estado de equilíbrio dinâmico que o corpo mantém para funcionar corretamente. O sistema imunológico é uma parte crítica desse processo, defendendo o corpo contra patógenos e, no caso de alergias, contra proteínas alimentares inofensivas. A liberação de mediadores inflamatórios durante uma reação alérgica pode desestabilizar a homeostasia, levando a sintomas sistêmicos que afetam múltiplos órgãos.
2.3.3 Interações metabólicas
Os diferentes órgãos do corpo trabalham em conjunto para manter a homeostasia. Por exemplo, o eixo intestino-fígado desempenha um papel crucial no metabolismo dos nutrientes e na resposta imunológica. A inflamação intestinal pode alterar a sinalização entre o intestino e o fígado, resultando em disfunções metabólicas. Além disso, a comunicação entre o sistema nervoso e o sistema imunológico pode ser afetada, exacerbando os sintomas alérgicos.
Processos de Digestão e Absorção
1.2 Digestão das proteínas do leite
A digestão das proteínas do leite começa na boca, onde a mastigação mistura o alimento com a saliva, iniciando a quebra mecânica das moléculas. No estômago, o ácido clorídrico e a pepsina, uma enzima proteolítica, continuam a desintegrar as proteínas em peptídeos menores. As proteínas do leite, como a caseína e a beta-lactoglobulina, são então submetidas à ação das proteases pancreáticas no intestino delgado, incluindo a tripsina e a quimotripsina, que degradam ainda mais os peptídeos em aminoácidos livres e pequenos peptídeos.
1.3 Absorção dos aminoácidos
Os aminoácidos resultantes da digestão são absorvidos através das células epiteliais do intestino delgado. Este processo envolve transportadores específicos na membrana dos enterócitos, que facilitam a entrada dos aminoácidos na circulação sanguínea. Estes transportadores incluem sistemas de cotransporte de sódio-aminoácidos, que utilizam o gradiente de sódio para mover os aminoácidos para dentro das células. Uma vez na corrente sanguínea, os aminoácidos são transportados para o fígado e outros tecidos, onde são utilizados na síntese de proteínas, produção de energia e outras funções metabólicas.
 3.3 Enzimas e hormônios envolvidos
A digestão e absorção de proteínas são reguladas por várias enzimas e hormônios. Além das proteases mencionadas, a enteropeptidase, uma enzima presente na borda em escova dos enterócitos, ativa a tripsina a partir do tripsinogênio pancreático. Hormônios como a gastrina, secretina e colecistocinina (CCK) regulam a liberação de sucos gástricos e pancreáticos, bem como a motilidade gastrointestinal, facilitando a digestão e absorção eficiente dos nutrientes.
Conceitos e Aplicações da Nutrigenética e Nutrigenômica
1.4 Nutrigenética
A nutrigenética estuda como as variações genéticas individuais influenciam a resposta do corpo aos nutrientes e a suscetibilidade a certas condições, como a alergia à proteína do leite. Polimorfismos em genes envolvidos na resposta imunológica, como os genes do complexo principal de histocompatibilidade (MHC), podem afetar a predisposição a alergias alimentares.
1.5 Nutrigenômica
A nutrigenômica explora como os nutrientes e componentes alimentares influenciam a expressão gênica e a função celular. Esta abordagem pode identificar como diferentes padrões alimentares modulam os mecanismos moleculares subjacentes às reações alérgicas. Estudos de nutrigenômica podem revelar como a ingestão de proteínas do leite afeta a expressão de genes relacionados à inflamação e resposta imunológica.
Orientações Nutricionais para Indivíduos com Alergia à Proteína do Leite
1.6 Eliminação de leite e derivados
A principal orientação para indivíduos com alergia à proteína do leite é a eliminação completa do leite de vaca e seus derivados da dieta. Isso inclui leite, queijo, iogurte, manteiga e todos os produtos que contenham traços dessas proteínas. A leitura cuidadosa de rótulos de alimentos é essencial para evitar a ingestão acidental.
1.7 Substitutos nutricionais
Para garantir uma nutrição adequada, os substitutos do leite, como leite de soja, amêndoa, arroz ou aveia, podem ser utilizados. É importante escolher alternativas fortificadas com cálcio e vitamina D para compensar a ausência desses nutrientes encontrados no leite de vaca.
1.8 Consulta com um nutricionista
Consultar um nutricionista é crucial para desenvolver um plano alimentar equilibrado que atenda às necessidades nutricionais do indivíduo sem os produtos lácteos.O profissional pode recomendar suplementos vitamínicos e minerais, se necessário, e ajudar a diversificar a dieta com alimentos ricos em proteínas, como carnes, peixes, ovos, leguminosas e nozes.
CONCLUSÃO
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma condição imunológica complexa que afeta não apenas crianças, mas também adultos, apresentando uma ampla gama de sintomas que podem variar de leves a graves. A resposta do sistema imunológico às proteínas do leite desencadeia reações alérgicas que afetam diversos sistemas do corpo, desde o gastrointestinal até o respiratório, podendo levar a complicações sérias como a anafilaxia. O diagnóstico preciso da APLV é fundamental para implementar estratégias eficazes de manejo, que geralmente incluem a eliminação completa do leite e seus derivados da dieta. Isso pode ser desafiador, exigindo atenção cuidadosa aos rótulos dos alimentos e muitas vezes a orientação de um nutricionista para garantir uma dieta equilibrada e nutritiva.
Além da dieta, é importante que os indivíduos alérgicos estejam preparados para lidar com reações alérgicas inesperadas, mantendo sempre à mão medicamentos de emergência e conhecendo os procedimentos de primeiros socorros em caso de anafilaxia. A educação e o apoio contínuo tanto para os pacientes quanto para suas famílias são essenciais para garantir uma qualidade de vida adequada e minimizar os riscos associados à alergia. No contexto do metabolismo dos macronutrientes, a alergia à proteína do leite pode impactar a digestão, absorção e metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios, resultando em deficiências nutricionais e desequilíbrios metabólicos. Estratégias nutricionais específicas, como a eliminação completa do leite, a inclusão de substitutos adequados e o acompanhamento nutricional são fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar dos indivíduos com APLV.
Por fim, avanços na nutrigenética e nutrigenômica oferecem perspectivas promissoras para entender melhor as bases genéticas da alergia alimentar e desenvolver abordagens personalizadas de manejo nutricional. Com uma abordagem multidisciplinar e individualizada, é possível proporcionar uma vida saudável e ativa para aqueles que enfrentam desafios relacionados à alergia à proteína do leite.
REFERÊNCIA
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