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VICTOR VINICIUS BIAZON ORGANIZADOR JULIANA DALCIN DONINI E SILVA ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: GESTÃO DO CONHECIMENTO Coordenador(a) de Conteúdo Juliana Dalcin Donini e Silva Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Caroline Casarotto Andujar Design Educacional Patrícia Peteck Revisão Textual Dener Kopsch Alves Ilustração Eduardo Aparecido Alves Fotos Shutterstock e Envato Impresso por: Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722. Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Núcleo de Educação a Distância. BIAZON, Victor Vinicius. Estudo contemporâneo e transversal: gestão do conhecimento / Victor Vinicius Biazon; organizador: Juliana Dalcin Donini e Silva. - Florianópolis, SC: Arqué, 2024. 38 p. ISBN digital 978-65-6083-999-1 1. Gestão 2. Conhecimento 3. EaD. I. Título. CDD - 658.4038 EXPEDIENTE FICHA CATALOGRÁFICA N964 RECURSOS DE IMERSÃO Utilizado para temas, assuntos ou con- ceitos avançados, levando ao aprofun- damento do que está sendo trabalhado naquele momento do texto. APROFUNDANDO Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Aqui você terá indicações de filmes que se conectam com o tema do conteúdo. INDICAÇÃO DE FILME Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Aqui você terá indicações de livros que agregarão muito na sua vida profissional. INDICAÇÃO DE LIVRO Utilizado para desmistificar pontos que possam gerar confusão sobre o tema. Após o texto trazer a explicação, essa interlocução pode trazer pontos adicionais que contribuam para que o estudante não fique com dúvidas sobre o tema. ZOOM NO CONHECIMENTO Este item corresponde a uma proposta de reflexão que pode ser apresentada por meio de uma frase, um trecho breve ou uma pergunta. PENSANDO JUNTOS Utilizado para aprofundar o conhecimento em conteúdos relevantes utilizando uma lingua- gem audiovisual. EM FOCO Utilizado para agregar um con- teúdo externo. EU INDICO Professores especialistas e con- vidados, ampliando as discus- sões sobre os temas por meio de fantásticos podcasts. PLAY NO CONHECIMENTO PRODUTOS AUDIOVISUAIS Os elementos abaixo possuem recursos audiovisuais. Recursos de mídia dispo- níveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem. 4 GESTÃO DO CONHECIMENTO 6 INTRODUÇÃO À GESTÃO DO CONHECIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 COMPETÊNCIAS E INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 CAPITAL INTELECTUAL, INOVAÇÃO E TENDÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 5 SUMÁRIO MINHAS METAS GESTÃO DO CONHECIMENTO Desenvolver a capacidade crítica na análise do que é conhecimento e sua importância na vida pessoal e profissional. Aplicar os conceitos sobre gestão do conhecimento no desenvolvimento pessoal e organizacional. Compreender o funcionamento da aprendizagem nas organizações. Reconhecer para aplicar ciclo e ferramentas da gestão do conhecimento. Reconhecer a inteligência organizacional e o papel das competências. Aprender como gerenciar as competências e inteligência organizacional. Desenvolver novas práticas em gestão do conhecimento. T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 1 6 INICIE SUA JORNADA Nickolas e Carol, proprietários da farmácia de manipulação “VitaPharm”, se de- param com um dilema que muitos empreendedores enfrentam: como aprimorar a gestão do capital intelectual, fortalecendo a liderança e o trabalho em equipe? Com a visão de proporcionar soluções personalizadas de saúde, eles percebem a importância de otimizar o conhecimento interno. Nickolas, um visionário cien- tífico, e Carol, uma comunicadora nata, reconhecem que o verdadeiro potencial da farmácia reside nas mentes criativas da equipe. A questão é: como promover a gestão do conhecimento de forma eficaz, em um contexto em que autonomia intelectual é crucial? Eles entendem que a cen- tralização de decisões limita a inovação e o engajamento dos colaboradores. Bus- cam um equilíbrio entre liderança e autonomia, em que os membros da equipe tenham espaço para buscar soluções inovadoras para os desafios diários. Um exemplo disso é que em meio ao movimento da farmácia, Nickolas e Carol, sempre atentos aos detalhes, criaram um ambiente único. Enquanto Nickolas meti- culosamente analisa as fórmulas, Carol, com sua empatia cativante, auxilia os clientes. Certo dia, um cliente foi em busca de uma medicação personalizada para aler- gias. Nickolas e Carol reúnem sua equipe, fomentando uma atmosfera de colabo- ração. Cada membro propõe ideias únicas, combinando conhecimentos técnicos e criatividade, o que resultou em uma fórmula inovadora. Isso significa que em meio a prateleiras de frascos e ingredientes, Nickolas e Carol promovem um ambiente em que a autonomia intelectual é a chave para solucionar desafios diários. Nesse ambiente, como reflexão, pensamos que para promover a gestão do conhecimento devemos ter em mente um combinado de habilidades técnicas e criatividade, eles forjarão um ambiente no qual a gestão do conhecimento flo- resce, impulsionando a inovação e crescimento. Que tal buscarmos os primeiros repertórios acerca das temáticas aqui apresen- tadas, para que possamos, ao longo da leitura, apontar possibilidades de ação aos personagens da narrativa e mais ainda, construir nosso repertório? Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem PLAY NO CONHECIMENTO 7 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Quase todo o nosso conteúdo, a ser explorado nas próximas linhas, nos servirá como base conceitual e experimental, para que nós, como profissionais, possa- mos aplicar, construir, melhorar o nosso compartilhamento de informações e sa- beres dentro da organização, a fim de não ficarmos reféns de pessoas “únicas” que conhecem os procedimentos de como realizar determinadas tarefas. Até porque isso é bem ruim para o todo. Por isso, vou “emprestar” uma construção feita por Fernando Zaidan e José Luiz Braga que, certamente, servirá de modelo para que você, estudante, possa esboçar suas formas resolutivas de armazenamento e ges- tão dos saberes. Este KMCanvas, é um Canvas para orientar a implementação da GC como uma escolha inovadora para as organizações. Recursos de mídia dispo- níveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem APROFUNDANDO 8 Figura 1 – Gestão de conhecimento Fonte: https://www.researchgate.net/figure/KMCanvas-o-Canvas-da-Gestao-do-Conhecimento_fig1_351087280. Acesso em: 14 nov. 2023. Descrição da Imagem: a imagem mostra um canvas da gestão do conhecimento. O canvas é dividido em quatro seções: cenário, estruturação, disseminação e retenção. Na seção cenário, está escrito: diretrizes estratégicas: enunciado das diretrizes que nortearão o projeto; necessidades: lista das necessidades prioritárias do projeto; stakeholders: identificação dos envolvidos no projeto; alinhamento estratégico: como o conhecimento estará alinhado aos negócios e à TI. Na seção estruturação, está escrito: processos do conhecimento: identificação dos principais processos do conhecimento; competências: levantamento das competências necessárias para o projeto; resultados esperados: indicação dos principais resultados esperados do projeto. Na seção disseminação, está escrito: estratégias de disseminação: definição de como o conhecimento será disseminado; espiral do conhecimento: indicação de como ocorrerá a socialização, externalização, combinação e internalização do conhecimento. Na seção retenção, está escrito: gestão documental: definição de como será realizada a gestão documental, se houver; plataforma digital: indicação de ferramentas de GC, segurança e infraestrutura a serem utilizadas; indicadores e maturidade: definição de indicadorese caminho para mensurar a maturidade da GC. Fim da descrição. 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 DESENVOLVA SEU POTENCIAL INTRODUÇÃO À GESTÃO DO CONHECIMENTO A gestão do conhecimento, segundo Nonaka e Takeuchi (2008), é um processo dinâmico de criação, compartilha- mento, uso e renovação do conhecimento organizacional. Ela transcende a mera transferência de informações, incorporan- do a transformação do conhecimento tácito em explícito, o que propicia inovação e vantagem competitiva. Os trabalhos de teóricos, como Nonaka e Takeuchi (1997; 2008) evidenciam a negligência da administração em relação ao conhecimento, apontando para a necessidade de uma nova abordagem. Abordam as diferenças entre as tradições ocidental e oriental: a primeira separa sujeito e objeto, enquanto a segunda enxerga o conhecimento como pessoal e baseado em experiên- cias inexprimíveis. Essa perspectiva desafia a tradição filosófica ocidental que enfatiza elaborações objetivas, instando a uma redefinição delas em prol das experiências individuais. Historicamente, a gestão do conhecimento pode ser rastreada desde as antigas práticas de apren- dizado nas civilizações orientais e ocidentais até os sistemas mo- dernos de compartilhamento de informações. No contex- to empresarial, Nonaka e Takeuchi (1997) defendem que o conhecimento é uma fonte vital de criação de valor, sendo impulsionador de inovação, produtividade e adaptabilidade. Os estudos sobre a gestão do conhecimento não é algo re- cente, remonta a década de 1950 com a participação de vários autores renomados. Veja na linha do tempo, a seguir: O conhecimento é uma fonte vital de criação de valor 1 1 1950-1960: Peter Drucker Durante esse período, Peter Drucker começou a enfatizar a importância do conhecimento como um recurso essencial nas organizações em seus trabalhos sobre administração e gestão. Ele destacou que o conhecimento é o recurso mais valioso em uma economia baseada no conhecimento. 1970-1980: Ikujiro Nonaka Nos anos 1970 e 1980, Nonaka desenvolveu suas ideias sobre a criação do conhecimento organizacional. Ele cunhou o termo “espiral do conhecimento”, explicando como o conhecimento é criado, compartilhado e internalizado nas organizações por meio de interações sociais. 1990: Tom Davenport e Larry Prusak Em 1998, Tom Davenport e Larry Prusak publicaram o livro Working Knowledge, no qual exploram como as organizações podem gerenciar e aproveitar o conhecimento de seus colaboradores para melhorar o desempenho e a inovação. 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 1990-2000: Leif Edvinsson e Michael S. Malone Leif Edvinsson e Michael S. Malone, em meados dos anos 1990, destacaram a importância dos ativos intangíveis, incluindo o conhecimento, como fontes cruciais de vantagem competitiva nas organizações. 2000-2010: Karl Wiig No início dos anos 2000, Karl Wiig contribuiu com seus estudos sobre a criação e compartilhamento do conhecimento nas organizações. Ele desenvolveu métodos para mensurar o valor do conhecimento e como ele pode ser gerenciado estrategicamente. 2010- presente: vários pesquisadores e praticantes A partir de 2010, a gestão do conhecimento continua a evoluir com a expansão da tecnologia e da colaboração global. Diversos pesquisadores e praticantes têm explorado como as redes sociais, análise de dados e inteligência artificial podem ser usadas para melhorar a gestão e compartilhamento do conhecimento. 1 1 A linha do tempo apresentada destaca apenas alguns dos principais marcos e autores que contribuíram para o desenvolvimento da gestão do conheci- mento ao longo do tempo. Ela reflete como a gestão do conhecimento tem evoluído de uma perspectiva periférica para uma parte integrante e crucial da estratégia organizacional. A importância da gestão do conhecimento é enfatizada pela capacidade de acelerar a aprendizagem organizacional, permitir a resolução ágil de problemas complexos e facilitar a tomada de decisões embasadas. Ela promove a constru- ção de uma cultura que valoriza o compartilhamento, aprendizado contínuo e colaboração entre os membros da equipe. Ao traçar o histórico para os membros da equipe da farmácia, Nickolas e Carol elucidaram as origens antigas da gestão do conhecimento, destacando como culturas ancestrais enraizavam o aprendizado no cerne de suas socie- dades. Eles realçaram a evolução contemporânea, enaltecendo como a gestão do conhecimento se tornou uma pedra angular em ambientes empresariais cada vez mais complexos. Movidos pelo desejo de aprimorar a farmácia, Nickolas e Carol embar- caram em uma jornada em busca de informações acerca do ciclo da gestão do conhecimento. Conscientizando-se da importância de aproveitar o co- nhecimento de sua equipe, eles buscam compreender como capturar, criar, compartilhar e aplicar saberes de forma eficiente. Guiados pela ambição de inovação, sua determinação reflete um passo crucial rumo à criação de uma cultura organizacional mais rica e colaborativa. A gestão do conhecimento é um processo crucial para maximizar o potencial intelectual de uma organização. Suas etapas fundamentais – captura, criação, compartilhamento e aplicação – constituem um ciclo contínuo de transformação do conhecimento, no entanto as nuances entre conhecimento tácito e explícito são fundamentais para entender como esse ciclo ocorre. O ciclo da gestão do conhecimento é um processo, nitidamente, cíclico, essencial para capturar, criar, compartilhar e aplicar o conhecimento nas organizações. Esse ciclo abrange quatro etapas interligadas, cada uma contribuindo para o aprimoramento contínuo da inteligência organizacional. Visualmente, imagine um ciclo contínuo em que cada fase se conecta à pró- xima, formando um loop de constante aprendizado e melhoria: 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 1 CAPTURA Nesta fase, o conhecimento é identificado e extraído de fontes diversas, como espe- cialistas, documentos e experiências práticas. 2 CRIAÇÃO Aqui, o conhecimento tácito é convertido em explícito, tornando-o acessível a toda a organização. Isso ocorre por meio de discussões, brainstorming e outros proces- sos colaborativos. 3 COMPARTILHAMENTO Nesta etapa, o conhecimento é disseminado entre os membros da organização, seja por meio de reuniões, treinamentos, plataformas digitais ou outras formas de comunicação. 4 APLICAÇÃO O conhecimento compartilhado é utilizado para resolver problemas, inovar e melhorar processos. Esta etapa fecha o ciclo ao transformar o conhecimento em ações práticas. Captura Criação Compartilhamento Aplicação Figura 2 – Ciclo da gestão do conhecimento Fonte: a autor. Descrição da Imagem: a figura apresenta um diagrama circular com quatro fases do processo de gestão do conhecimento: cap- tura, criação, compartilhamento e aplicação. Fim da descrição. 1 4 A partir do ciclo, Nickolas sentiu a urgência de aprofundar seu entendimento acerca das diferenças entre conhecimento tácito e explícito. Ele reconheceu que compreender esses tipos de conhecimento poderia melhorar a eficiência opera- cional e a colaboração em sua equipe, impulsionando a inovação e a excelência no atendimento aos clientes. O conhecimento tácito é intrínseco e pessoal, enraizado nas experiências individuais. Ele é difícil de expressar verbalmente, pois está impregnado de per- cepções, intuições e práticas não articuladas. Já o conhecimento explícito é formal, estruturado e fácil de compartilhar por meio de palavras, gráficos ou códigos. ZOOM NO CONHECIMENTO O ciclo começa com a captura de conhecimento, quando o tácito é externalizado para explícito, possibilitando sua documentação. Em seguida, na fase de criação, o conhecimento explícito é internalizado, convertendo-o novamente em tácito por meio da absorção de informações. No compartilhamento, o conhecimento explícito é disseminado, mas a transferência do tácito é desafiadora devido à sua natureza subjetiva. Finalmente,na aplicação, o conhecimento é colocado em prática, gerando inovação e resolução de problemas. Podemos representar de outra forma as etapas do que se chama de processo de gestão do conhecimento e que envolve elementos desde a criação a dissemi- nação de conhecimento no ambiente organizacional. Para se aprofundar no Conhecimento Organizacional, recomendo a leitura do tex- to de Ruggero Ruggieri. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem EU INDICO 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 A eficaz gestão do conhecimento requer uma abordagem equilibrada entre am- bos os tipos de conhecimento, reconhecendo as vantagens de cada um e facili- tando sua interação. O ciclo da gestão do conhecimento não apenas torna o co- nhecimento acessível, mas também fomenta a cultura de aprendizado constante, alavancando os ativos intelectuais da organização. O processo de criação do conhecimento organizacional, segundo Nonaka e Takeuchi (2008), envolve quatro modos de conversão do conhecimento, que acontecem em um ciclo dinâmico: 1 EXTERNALIZAÇÃO (DO TÁCITO PARA O EXPLÍCITO) Neste estágio, o conhecimento tácito é transformado em conhecimento explícito por meio da articulação em conceitos tangíveis, como modelos, hipóteses e analogias. 2 COMBINAÇÃO (DO EXPLÍCITO PARA O EXPLÍCITO) Aqui, diferentes conjuntos de conhecimento explícito são combinados para criar conhecimentos. Isso pode envolver a integração de dados, informações ou conceitos pré-existentes. 3 INTERNALIZAÇÃO (DO EXPLÍCITO PARA O TÁCITO) Nesta etapa, o conhecimento explícito é internalizado pelos indivíduos, ou seja, é incorporado ao seu conhecimento tácito pessoal por meio da prática e da experiência. 4 SOCIALIZAÇÃO (DO TÁCITO PARA O TÁCITO) A socialização envolve o compartilhamento direto de conhecimento tácito entre os membros da organização. Isso acontece por meio de interações sociais, discussões e compartilhamento de experiências. 1 6 É importante notar que, embora se fale de «criação do conhecimento organizacional», na realidade, é o indivíduo que inicia o processo, e a organização facilita e amplifica essa criação por meio da interação entre seus membros. O conhecimento pessoal precisa ser convertido em conhecimento compartilhável e explícito para que seja eficaz na organização. Isso destaca a importância da colaboração e do compartilhamento de experiências para criar um ambiente propício à criação e disseminação do conhecimento. No sentido de minimizar os erros e maximizar o conhecimento, a organização, seja a farmácia ou qualquer outra, pode seguir algumas orientações. A organização deve, por exemplo, possibilitar às pessoas oportunidades frequentes para reunir e debater. Deve ainda pedir aos indivíduos que identifiquem as repercussões do co- nhecimento gerado nos comportamentos de grupo e nos processos organizacionais. Diante da gestão da farmácia de manipulação, Nickolas e Carol reconheceram a importância de explorar ferramentas eficazes de gestão do conhecimento. Cons- cientes de que o aprendizado e a disseminação de conhecimento são cruciais para o sucesso, eles embarcaram em uma jornada para identificar as melhores abordagens. 1 7 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 COMUNIDADE DE PRÁTICA Esta ferramenta disponibiliza um ambiente colaborativo em que os membros compar- tilham experiências e conhecimentos específicos. Para saber mais acerca dessa e das demais ferramentas que você pode usar na sua comunidade, leia o artigo 19 melhores ferramentas de colaboração on-line para trabalho remoto. BASE DE CONHECIMENTO Organize informações relevantes de forma acessível. Para obter mais informações so- bre esta ferramenta, leia o artigo Como montar uma base de conhecimento com um quadro no Trello. GAMIFICAÇÃO Pode ser empregada para incentivar a participação dos colaboradores na busca por co- nhecimento. Para uma compreensão mais profunda dessa ferramenta, leia o artigo Veja 9 exemplos de gamificação nas empresas usados para engajar clientes. BUSINESS INTELLIGENCE A análise de dados também desempenha um papel crucial na gestão do conhecimento. A ferramenta Business Intelligence auxilia na coleta e interpretação de dados, fornecen- do insights valiosos. Para mais detalhes, leia o artigo O que é Business Intelligence? Seu guia sobre BI e por que ele é importante. Ao explorar essas ferramentas, Nickolas e Carol almejam criar um ambiente de aprendizado colaborativo e garantir que o conhecimento seja, efetivamente, com- partilhado e aplicado no cotidiano da farmácia, contribuindo para a excelência em seus serviços e inovação constante. 1 8 https://www.hostinger.com.br/tutoriais/ferramentas-colaboracao-online https://www.hostinger.com.br/tutoriais/ferramentas-colaboracao-online https://blog.trello.com/br/como-montar-base-conhecimento https://blog.trello.com/br/como-montar-base-conhecimento https://mindminers.com/blog/exemplos-empresas-que-usam-gamificacao/ https://www.tableau.com/pt-br/learn/articles/business-intelligence https://www.tableau.com/pt-br/learn/articles/business-intelligence https://www.tableau.com/pt-br/learn/articles/business-intelligence COMPETÊNCIAS E INTELIGÊNCIA ORGANIZACIONAL O cenário organizacional exige diariamente que as empresas cultivem a capa- cidade de prever e antecipar as necessidades futuras dos clientes. O que não é diferente na farmácia de Nickolas e Carol. Por isso, desenvolver a habilidade de imaginar com originalidade o que os mercados necessitarão é condição vital. A competitividade de uma em- presa está intrinsecamente ligada a sua capacidade de se preparar para mer- cados ainda não delineados e de construir competências essenciais para dominar esses mercados. Esta abordagem, proposta por Prahalad e Hamel (1995), enfatiza que competir pela liderança nas competências precede a competição pelos produtos. A discussão sobre competências ganhou destaque nos anos 1980 com o surgi- mento do modelo japonês de produção e continuou com a ascensão das empresas japonesas desafiando grandes corporações ocidentais. Atualmente, esse fenô- meno se repete com a crescente participação da China e da Índia nos mercados internacionais. Esse contexto reforça a importância da gestão de competências, que está intimamente relacionada à qualidade do desempenho humano, no en- tanto é necessário definir o conceito de competência. McClelland (1973) introduziu o conceito sob a perspectiva individual, considerando competência como características subjacentes a um indivíduo, correlacionadas ao desempenho superior em uma atividade. Nos anos 1990, a definição evoluiu para um estoque de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionadas ao desempenho, passível de mensuração e desenvolvimento. No cenário organizacional, a competência é um estoque de conheci- mentos, habilidades e atitudes que a pessoa detém, mas o conceito vai além. Zarifian (2001) destaca que competência envolve tomar iniciativa e assumir responsabilidade, transformando conhecimentos em ações práticas. Esse conceito evoluiu com a abordagem CHA (conhecimentos, habilidades e atitudes), que passou a ser adotada por empresas brasileiras nos anos 1990. As competências organizacionais, por sua vez, estão relacionadas à teoria da empresa baseada em recursos, nos quais as estratégias são formatadas de acordo com os recursos da empresa. 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Nickolas e Carol perceberam que introduzir a gestão por competências na far- mácia é crucial, pois isso impulsionaria o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos, habilidades práticas e atitudes profissionais dos colaboradores. Ao focar nas competências individuais, poderão alinhar de forma mais eficaz as capacida- des da equipe com as necessidades da empresa, resultando em maior eficiência e qualidade. Além disso, ao identificar lacunas de habilidades, poderão fornecer treinamentos específicos, impulsionando o aprendizado contínuo. Essa abordagem também promoveria uma cultura de engajamento, poisos colaboradores se sentiriam valorizados e motivados ao verem seu desenvolvi- mento reconhecido. Em última análise, a gestão por competências elevaria a far- mácia a um patamar mais competitivo e inovador. Conceito de Inteligência Organizacional Nickolas e Carol foram buscar ainda mais conhecimento para implementar mo- delos de gestão diferenciados em sua empresa e compreenderam inteligência organizacional como a capacidade da farmácia em reunir informação, inovar, criar conhecimento e agir de forma eficaz com base no conhecimento gerado. Inspirados pelo conceito de Sun Tzu (do livro A Arte da Guerra) de que o co- nhecimento é a chave para o sucesso, a inteligência organizacional se refere à curiosidade, capacidade de resposta flexível e aprendizado rápido da organização, permitindo que ela se adapte às mudanças internas e externas. 1 1 MEMÓRIA Normas Estruturas Regras Seleção Amostra Filtragem Sensoriamento Representação Classificação Reconhecimento Percepção Significado Explanação Análise Interpretação Ações Resultados Efeitos Comportamento Adaptativo Figura 3 – Ciclo da inteligência organizacional / Fonte: adaptada de Choo (1998). Descrição da Imagem: a figura ilustra um fluxograma de uma conexão em loop que ocorre entre blocos. Os seguintes blocos são ligados sequencialmente: sensoriamento: seleção, amostragem e filtragem; percepção: representação, classificação e reconhecimento; interpretação: significado, explanação e análise; comportamen- to adaptativo: ações, resultados e efeitos. As caixas percepção e interpretação estão ligadas à caixa memória: normas, estruturas e regras. Fim da descrição. Segundo Choo (1998), a inteligência organizacional é um processo interativo e complexo, no qual as organizações reúnem informações, inovam e criam co- nhecimento para atuar de maneira eficaz com base nesse conhecimento gerado. Implica na curiosidade perspicaz, na flexibilidade coerente das respostas e na capacidade ágil de aprendizado. As organizações inteligentes desenvolvem percepções a partir de informa- ções, criam significados por meio de interpretações e aprendem com suas pró- prias experiências e as dos outros. Esse ciclo contínuo envolve o sensoriamento do ambiente, a interpretação, a criação de significado e a resposta adequada, im- pulsionando a adaptação e a evolução constantes. A partir disso, os sócios resolveram elaborar um plano de ação para imple- mentar a inteligência organizacional na farmácia e descreveram as etapas com base no Ciclo da Inteligência Organizacional: 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 1 DIAGNÓSTICO INICIAL Avaliar a situação atual da farmácia, identificando suas forças, fraquezas, oportunida- des e ameaças. Analisar os processos internos, a interação com fornecedores, compe- tidores e as tendências do mercado. 2 DEFINIR OBJETIVOS Estabelecer metas claras para a implementação da inteligência organizacional. Isso pode incluir a melhoria da tomada de decisão, o aumento da inovação nos produtos e serviços, e a adaptação mais eficiente às mudanças do mercado. 3 ESTRATÉGIAS DE SENSORIAMENTO Desenvolver um sistema de coleta de informações eficaz. Isso pode envolver a análise de dados de vendas, feedback dos clientes, monitoramento da concorrência e ten- dências da indústria. 4 DESENVOLVIMENTO DE PERCEPÇÕES Criar mecanismos para processar as informações coletadas e transformá-las em percepções valiosas. Isso pode incluir a análise de padrões de compra dos clientes, identificação de produtos mais populares e tendências sazonais. 5 INTERPRETAÇÃO E APRENDIZADO Promover uma cultura de interpretação e aprendizado contínuo. Incentivar a troca de informações entre os membros da equipe, estimulando discussões sobre novas estra- tégias, oportunidades e possíveis ameaças. 6 ADAPTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO Utilizar as percepções e aprendizados para tomar decisões e implementar ações. Isso pode incluir ajustes nas estratégias de marketing, desenvolvimento de novos produtos com base nas tendências identificadas e revisão dos processos internos para maior eficiência. 1 1 Ao implementar a inteligência organizacional na farmácia, Nickolas e Carol ca- pacitarão a equipe a tomar decisões mais informadas e ágeis, identificar oportu- nidades de mercado, melhorar a eficiência operacional e se adaptar às mudanças de forma mais eficaz. Isso permitirá que a farmácia se torne mais competitiva e resiliente em um ambiente comercial em constante evolução. Para, efetivamente, gerenciar o conhecimento, várias estratégias podem ser adotadas. Uma dessas estratégias é a gestão por competências, uma abordagem moderna que reconhece a importância das habilidades, conhecimentos e atitudes dos colaboradores para o sucesso organizacional. Nessa abordagem, os objetivos e metas da organização são definidos, e as competências necessárias para alcançá-los são identificadas. Isso permite uma melhor correspondência entre as competências disponíveis internamente e as necessárias para atingir os resultados desejados. A gestão por competências também promove o desenvolvimento contínuo das ha- bilidades dos colaboradores, resultando em maior eficiência e satisfação. A estratégia de gestão do conhecimento também está intrinsecamente li- gada à aprendizagem organizacional, quando a organização busca constan- temente adquirir novos conhecimentos e insights por meio da análise de expe- riências passadas e da interação entre os membros da equipe. Isso é fundamental para a adaptação às mudanças no ambiente empresarial. Em paralelo, as estratégias empresariais desempenham um papel funda- mental na gestão do conhecimento. Conforme destacado por Fleury e Fleury (2004), as estratégias competitivas podem ser voltadas para a excelência opera- cional, inovação de produtos ou orientação para serviços. Cada uma dessas estratégias exige diferentes competências e formas de gerenciar o conhecimento. A excelência operacional requer eficiência e otimização de processos, a inovação exige criatividade e pesquisa e a orientação para serviços pede um profundo entendimento das necessidades dos clientes. 7 AVALIAÇÃO CONTÍNUA Monitorar os resultados das ações implementadas e avaliar a eficácia da inteligên- cia organizacional. Fazer ajustes conforme necessário para melhorar constante- mente o processo. 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Fica claro para nós que as empresas precisam alinhar suas estratégias de gestão do conhecimento com suas estratégias empresariais. Por exemplo, se a estratégia for a orientação para serviços, é crucial desenvolver uma compreensão profunda dos clientes e suas necessidades, promovendo uma abordagem centrada no cliente. Nickolas e Carol podem entender que as estratégias para a gestão do conhe- cimento na sua farmácia envolvem a identificação, desenvolvimento e utilização eficaz das competências individuais e coletivas dos colaboradores. Por meio da gestão por competências, eles podem criar um ambiente onde os objetivos e metas da farmácia são claramente estabelecidos e as lacunas entre as competências necessárias para atingir esses resultados e as competências internas são identificadas e tratadas. Isso permite que eles conduzam os colaboradores a utilizar suas competências técnicas e comportamentais para alcançar as metas da organização, promovendo não apenas o crescimento da farmácia, mas também a satisfação pessoal dos colaboradores. Nickolas e Carol devem criar um ciclo contínuo de inteligência organizacio- nal. Isso envolve o sensoriamento ativo do ambiente interno e externo da farmá- cia, a interpretação das informações coletadas e a geração de significados rele- vantes. Eles podem promover uma cultura de aprendizagem, na qual a farmácia é vista como um sistema adaptativo, capaz de identificar ameaças e oportunidades, aprender com suas experiências e ajustar suas estratégias conforme necessário. A integração dessas perspectivas implica que Nickolas e Carol devem criar um ambiente que valoriza edesenvolve as competências dos colaboradores, permitindo-lhes se adaptarem rapidamente às mudanças do mercado e do am- biente empresarial. Eles podem promover a formação de competências dentro da organização, alinhando-as com as estratégias competitivas escolhidas, como a excelência operacional, a inovação do produto ou a orientação para serviços. Dessa forma, eles podem garantir a vantagem competitiva da farmácia no merca- do, promovendo a satisfação dos clientes e atingindo os objetivos institucionais. As estratégias para a gestão do conhecimento são abordagens planejadas e sistemáticas que uma organização adota para criar, compartilhar, armazenar e utilizar o conhecimento de forma eficaz. Essas estratégias visam melhorar a to- mada de decisões, inovação, eficiência e desempenho geral da organização. Aqui estão algumas estratégias com explicações concisas: 1 4 COMUNIDADES DE PRÁTICA Grupos de colaboradores com interesses comuns que se reúnem regularmente para compartilhar conhecimento, experiências e melhores práticas. MAPEAMENTO DE CONHECIMENTO Identificação e documentação das habilidades, conhecimentos e experiências dos colaboradores para melhor aproveitar seus talentos. GESTÃO DE DOCUMENTOS Organização, armazenamento e acesso eficiente a documentos, manuais e informa- ções relevantes para que o conhecimento esteja disponível quando necessário. PLATAFORMAS DE COLABORAÇÃO Utilização de tecnologias de colaboração, como intranets, redes sociais corporativas e ferramentas de compartilhamento de documentos, para facilitar a troca de conheci- mento entre os membros da equipe. APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL Estímulo à reflexão contínua sobre experiências passadas, sejam elas bem-sucedidas ou fracassos, para identificar lições aprendidas e insights para o futuro. 1 5 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 MENTORIA E TUTORIA Estabelecimento de programas formais ou informais, nos quais colaboradores expe- rientes compartilham conhecimento e orientam novos membros da equipe. BANCOS DE DADOS DE CONHECIMENTO Criação de bases de dados que contêm informações valiosas, soluções para proble- mas recorrentes e outras informações úteis para toda a organização. INCENTIVOS E RECONHECIMENTO Implementação de sistemas de recompensa para encorajar colaboradores a comparti- lharem seu conhecimento e experiência com os demais. CAPACITAÇÃO CONTÍNUA Investimento em programas de treinamento e desenvolvimento para aprimorar as habilidades dos colaboradores e mantê-los atualizados. GESTÃO POR COMPETÊNCIAS Alinhamento das competências necessárias para atingir os objetivos organizacionais com as competências individuais dos colaboradores, preenchendo eventuais lacunas. CULTURA DE COMPARTILHAMENTO Promoção de uma cultura organizacional que valorize e incentive o compartilhamento de conhecimento, em que os colaboradores se sintam à vontade para contribuir. 1 6 Essas estratégias podem ser aplicadas individualmente ou em combinação, dependendo das necessidades e cultura da organização. O objetivo é criar um ambiente propício para o fluxo contínuo de conhecimento, resultando em uma organização mais adaptável, inovadora e competitiva. CAPITAL INTELECTUAL, INOVAÇÃO E TENDÊNCIAS Nesse contexto e cenário, é justamente a busca por maneiras inovadoras de apri- morar a eficiência empresarial que tem se tornado fundamental para o sucesso de empreendimentos. Os nossos personagens, Nickolas e Carol, planejaram ex- plorar estratégias de gestão do conhecimento e competências para funções de seu negócio. Os sócios confirmam a importância do capital intelectual, composto pelo conhecimento, habilidades e experiências acumuladas pelos colaboradores. Nickolas e Carol sabem que o capital intelectual é um ativo essencial para o funcionamento da farmácia. Eles compreendem que o compartilhamento de informações entre os funcionários pode criar um ambiente propício à inovação e ao aprendizado contínuo. Vale dizer que o conceito de capital intelectual evoluiu ao longo dos anos, tornando-se um ativo valioso para as organizações. As diferentes dimensões do capital intelectual são importantes para o sucesso das empresas, promovendo vantagem competitiva e inovação. A compreensão dessas dimensões e sua gestão adequada são essenciais para o desenvolvimento e crescimento sustentável das organizações no cenário empresarial moderno. ANÁLISE DE REDES SOCIAIS Utilização de ferramentas para visualizar e entender como o conhecimento flui dentro da organização, identificando influenciadores e lacunas na distribuição de informações. 1 7 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Segundo Peroba (2013), o termo não é algo novo, embora sua abordagem tenha se modificado ao longo do tempo, com o crescimento de sua relevância para o mundo organizacional. Analisando esse histórico do movimento da capital intelectual, percebe-se que o termo foi difundido pela primeira vez em 1969. ■ 1969 - Kenneth Galbraith. ■ 1980 - Hiroyuki Itarni. ■ 1986 - David Teece, em 1986, e Karl-Erik Sveiby, autor do livro The Know-How Company, que focou na dimensão do capital humano. ■ 1994 - Identificação como ativo por Thomas Stewart Para que possamos ter di- ferentes vozes esclare- cendo ou ampliando o nosso repertório para compreensão do capital intelec- tual, vamos cons- truir um quadro conceitual. Assim, poderemos assumir as partículas de contri- buição dos diversos autores e criar nosso entendimento. VOCÊ SABE RESPONDER? Já parou para pensar de onde vem o conceito e aplicação do termo “capital intelectual”? 1 8 AUTORES DEFINIÇÃO Stewart (1998, p. 13) O capital intelectual “constitui a matéria intelectual – conhe- cimento, informação, propriedade intelectual, experiência que pode ser utilizada para gerar riqueza. É a capacidade mental coletiva”. Logo, admite-se que o capital intelectual, como o conjunto de valores ocultos que agregam valor às organizações, permitindo sua continuidade. Graciolli (2005) Capital intelectual é conjunto de valores, seja de capital, um ativo ou um recurso, ambos se acham ocultos e todos tendem a agregar valores reais à organização. Edvinsson e Malone (1998) O capital intelectual é um capital não financeiro que represen- ta a lacuna oculta entre o valor de mercado e o valor contábil. Sendo, portanto, a soma do Capital Humano e do Capital Estrutural. Para estes autores, o capital humano corresponde a toda a capacidade, conhecimento, habilidade e experiência individuais dos empregados de uma organização para realizar as tarefas. O capital estrutural é formado pela infraestrutura que apoia o capital humano, ou seja, tudo o que permanece na empresa quando os empregados vão para casa. Hugh MacDonald (1995 apud STEWART, 1998, p. 70) O capital intelectual é o conhecimento existente em uma organização e que pode ser utilizado para criar uma vanta- gem diferencial para esta. Brooking (1996) O capital intelectual é uma combinação de ativos intangíveis, frutos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as empresas e que capacitam seu funcionamento. Duffy (2000) O capital intelectual é a união de capital estrutural e huma- no, o que indica capacidade de ganhos futuros de um pon- to de vista humano. É a capacidade de criar continuamente e proporcionar valor de qualidade superior à organização. Sharabati, Jawad e Bontis (2010) O capital intelectual representa a riqueza de ideias e a habilida- de de inovar que determinarão o futuro de uma organização. Quadro 1 – Definições de capital intelectual Fonte: Vaz; Viegas e Maldonado (2017). 1 9 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Percebemos que, de fato, não é simples conceituar algo que passou por diversos termos e vieses, como o conceito do campo Contábil que limitou a definição de ativos intangíveis. Antunes (2000) sugere que a diferença entre valor de mercado e valor patrimonial é composta por capital intelectual e parte do goodwill não identificável. Emsuma, o termo “capital intelectual” refere-se ao conjunto de ativos intangíveis de uma organização, contabilizáveis ou não. Goodwill Para que possamos explicar o termo, podemos dizer que são fatores ligados à obtenção de lucro, como: fidelidade da clientela, localização privilegiada, perso- nalidade dos proprietários, processos industriais, conexões financeiras e staffs efi- cientes. Trata-se da diferença entre o valor atual da empresa como um todo, em termos de capacidade de geração de lucros futuros, e o valor econômico dos seus ativos, apresentando, portanto, uma característica residual. ZOOM NO CONHECIMENTO Mas olhando para o nosso contexto, vale a pena ressaltar que existe uma clas- sificação proposta por Sveiby (1998) em três categorias: estrutura interna, es- trutura externa e competência dos trabalhadores. É, justamente, esse último, o humano, que representa o conhecimento no nível individual. Trata-se do co- nhecimento, expertise, poder de inovação e habilidade dos empregados mais os valores, a cultura e a filosofia da empresa. O capital estrutural está ligado aos processos organizacionais, ou seja, for- mado pelos equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com os clientes e tudo o mais da capacidade organizacional que apoia a produtividade dos empregados. O capital relacional envolve os recursos relacionados a processos externos à organização, como mar- ca, clientes, canais de distribuição e colaboradores externos. Mas voltando ao “humano” sabemos, ou entendemos, que esse “ativo” engloba os benefícios que os indivíduos podem proporcionar às organizações, justamente o que as empresas querem identificar: pessoas capacitadas que possam melhorar essa relação de causa e efeito. Esse tipo de capital, intelectual e humano, é representado pelo “know-how”, capacidades, habilidades e especializações dos recursos humanos de uma orga- 1 1 nização. Ele é um dos ativos críticos dentro do conjunto de capital intelectual, pois seu gerenciamento muitas vezes gera e sustenta a riqueza da organização. Com o foco na inovação e gestão do conhecimento, e entendendo que o capital humano é um componente fundamental dentro do capital intelec- tual de uma organização, ele abrange não apenas as habilidades técnicas, mas também as características individuais que são benéficas para a eficiência, a inovação e o sucesso global da empresa. Nickolas e Carol já criaram sistemas internos que permitem armazenar, organizar e compartilhar informações relevantes. Treinamentos regulares são realizados para capacitar a equipe e alinhar suas habilidades às melhores práticas do setor. Os funcionários são incentivados a contribuir com suas ideias e conhecimentos, promovendo uma cultura de colaboração e aprendizado mútuo. Um aspecto crucial é a gestão por competências, por meio da qual Nicko- las e Carol identificam as habilidades e conhecimentos essenciais para cada função. Essa abordagem permite a alocação eficiente de tarefas e a promoção de um ambiente de trabalho mais produtivo. Eles valorizam a diversidade de competências da equipe, permitindo que cada membro contribua de maneira única para o sucesso da farmácia. A busca pela inovação também é uma prioridade para os sócios. Eles enten- dem que a inovação é um motor para o crescimento e a diferenciação no mer- cado. Com base no conhecimento interno e na colaboração da equipe, Nickolas e Carol incentivam a geração de novas ideias e a experimentação de abordagens alternativas. Isso resulta na introdução de novos produtos e serviços, fortalecendo a posição da farmácia no mercado. Mas como nem tudo são flores, enfrentar desafios é inevitável. Nickolas e Carol percebem que a gestão do conhecimento e competências exige um es- forço contínuo. A resistência à mudança por parte dos colaboradores, a seleção das estratégias mais adequadas e a manutenção da cultura de aprendizagem são questões que exigem atenção constante. VOCÊ SABE RESPONDER? Mas e quanto ao futuro? Quais desafios e tendências podem surgir? 1 1 TEMA DE APRENDIZAGEM 1 Os empreendedores reconhecem as tendências emergentes no campo organi- zacional. A inteligência artificial e a automação estão moldando a forma como as empresas operam, exigindo que elas estejam preparadas para integrar essas tecnologias de maneira estratégica. Além disso, a aprendizagem contínua é crucial para se manter atualizado em um cenário em constante evolução. Por isso, no hoje e no amanhã, a gestão do conhecimento passa a englobar não apenas o conhecimento interno, mas também a capacidade de aproveitar e incorpo- rar informações externas, por meio de parcerias e colaborações externas. Além disso, há uma maior ênfase no uso de plataformas digitais e redes sociais corporativas para facilitar a disseminação e o acesso ao conhecimento de maneira ágil e eficaz. À medida em que as organizações estão voltando sua atenção para a retenção do conhecimento, especialmente uma geração de experiência se aposenta e o conhecimento tácito se torna cada vez mais valioso. Essas tendências refletem a evolução da gestão do conhecimento como uma estratégia vital para se adaptar e prosperar em um ambiente organizacional em constante transformação. Podemos dizer, até aqui, que a jornada de Nickolas e Carol na busca pela melhoria da eficiência em sua farmácia de manipulação ressalta a importância de práticas de gestão do conhecimento e competências. Por meio do fortalecimen- to do capital intelectual, da promoção da inovação e da adoção de abordagens flexíveis, eles estão transformando desafios em oportunidades, navegando com sucesso no cenário competitivo e em constante mutação. 1 1 NOVOS DESAFIOS As estratégias para a gestão do conhecimento envolvem a criação, compartilha- mento e utilização eficaz do conhecimento dentro da farmácia. Sob a perspectiva de Nonaka e Takeuchi (1997), para Nickolas e Carol, isso significa promover a conversão do conhecimento tácito dos colaboradores em conhecimento explícito por meio da socialização, externalização, combinação e internalização. Eles de- vem criar um ambiente propício para que os funcionários possam compartilhar suas experiências, ideias e expertise, e transformar essas informações em ativos tangíveis para a empresa. Trazendo as estratégias para o campo das competências (Prahalad), implica identificar, desenvolver e aproveitar as competências individuais e coletivas dos colaboradores. Isso envolve não apenas o reconhecimento das habilidades téc- nicas, mas também a capacidade de mobilizar o conhecimento para solucionar problemas, inovar e se adaptar às mudanças. Eles devem alinhar as competências dos funcionários com os objetivos da farmácia, incentivando o aprendizado con- tínuo e a melhoria constante. Já sob a abordagem da inteligência organizacional, significa a criação de um ciclo contínuo. Isso requer o sensoriamento ativo do ambiente interno e externo da farmácia, a interpretação das informações coletadas e a geração de significados relevantes. Eles devem promover a cultura da aprendizagem, na qual a organi- zação é vista como um sistema adaptativo, capaz de identificar ameaças e opor- tunidades, aprender com suas experiências e ajustar suas estratégias de acordo. Para implementar essas estratégias, Nickolas e Carol podem adotar medidas como a criação de espaços físicos e virtuais para compartilhamento de conheci- mento, a realização de reuniões de brainstorming, a promoção de treinamentos e capacitações, a definição de metas de aprendizagem e a criação de mecanismos de feedback. Além disso, eles devem incentivar a colaboração entre os funcionários, reconhecendo e recompensando as contribuições individuais para o conheci- mento da organização. Integrar essas perspectivas de gestão do conhecimento, competência e aprendizagem organizacional pode criar uma abordagem holística para melhorar a eficiência, inovação e competitividade da farmácia. Mas e você? Como fariapara que a farmácia adotasse estratégias de gestão do conhecimento para cultivar a inteligência e ativos intangíveis? 1 1 1. Nickolas e Carol são proprietários de uma farmácia de manipulação e desejam melhorar a eficiência de suas operações. Eles sabem que o conhecimento é um ativo positivo em seus negócios e desejam aplicar conceitos básicos de gestão do conhecimento para melhorar os processos. Quanto aos conceitos básicos de gestão do conhecimento, quais Nickolas e Carol podem apli- car para melhorar a eficiência de sua farmácia de manipulação? Assinale a alternativa correta: a) Redução de custos na aquisição de matérias-primas b) Aumento das horas de trabalho para maior produção. c) Foco exclusivo na publicidade para atrair mais clientes. d) Compartilhamento de experiências e aprendizados entre a equipe. e) Ampliação do mix de produtos sem considerar a demanda. 2. Nickolas e Carol são proprietários de uma farmácia de manipulação, que enfrenta cons- tantes desafios de inovação e atualização em um mercado competitivo. Eles sabem da importância da atualização do conhecimento em sua equipe para superar esses desafios e permanecer relevantes. No que reflete a importância da gestão do conhecimento para Nickolas e Carol em sua farmácia de manipulação, analise as afirmativas a seguir: I - A gestão do conhecimento permite a criação e compartilhamento de boas práticas e lições aprendidas. II - A gestão do conhecimento é exclusiva para grandes empresas e não se aplica a pe- quenos negócios. III - A gestão do conhecimento não afeta a inovação e a capacidade de adaptação da far- mácia. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. ATIVIDADES 1 4 3. Na empresa de consultoria “KnowTech”, o ciclo da gestão do conhecimento é uma prática central para melhorar a eficiência e a inovação. O ciclo envolve a captura, a organização, o compartilhamento e a aplicação do conhecimento em todas as etapas dos projetos. Quanto à principal proposta do ciclo da gestão do conhecimento adotado pela empresa “KnowTech”, assinale a alternativa correta: a) Promover a competição entre equipes para alcançar resultados inovadores. b) Centralizar a tomada de decisões nos líderes da empresa para maior controle. c) Facilitar a troca de informações convenientes entre departamentos. d) Realizar treinamentos esporádicos para atualização da equipe. e) Estabelecer um processo contínuo de captura, organização, compartilhamento e apli- cação do conhecimento. ATIVIDADES 1 5 REFERÊNCIAS ANTUNES, M. T. P. Capital intelectual. São Paulo, Atlas, 2000. ARAUJO, A. P.; ALBUQUERQUE, L. G. Gestão por competência: um estudo exploratório em uma instituição pública não-estatal qualificada como organização social. Desenvolvimento em Questão. Ijuí. v. 5, n. 10, p. 97-125, 2007. CHOO, C. The knowing organization: how organizations use information to construct meaning, create knowledge, and make decisions. 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As Afirmativas II e III estão incorretas, pois a gestão do conhecimento é relevante tanto para grandes empresas quanto para pequenos negócios, e tem um impacto significativo na inovação e adaptação, especialmente em um mercado competitivo como o de farmácias de manipulação. 3 Opção E O ciclo da gestão do conhecimento proposto pela empresa “KnowTech” busca estabelecer um processo contínuo que envolve todas as etapas: captura, organização, compartilhamento e aplicação do conhecimento. Isso visa a otimização constante dos processos, a inovação e a melhoria dos resultados por meio da gestão eficaz do conhecimento acumulado pela empresa. As demais alternativas não refletem a abordagem integral do ciclo. GABARITO 1 7 MINHAS ANOTAÇÕES 1 8 GESTÃO DO CONHECIMENTO