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2
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE BACABAL – CESB 
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
THARLESON ALMEIDA BRANDÃO
A PSICOMOTRICIDADE E SEUS ESTÍMULOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Bacabal
2024 
THARLESON ALMEIDA BRANDÃO
A PSICOMOTRICIDADE E SEUS ESTÍMULOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade estadual do Maranhão, para a obtenção do grau da Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão.
Orientador: Prof.ª Esp. Danielle Carvalho Lima Lopes
Bacabal
2024
	B794p Brandão, Tharleson Almeida.
 A psicomotricidade e seus estímulos no desenvolvimento da criança na educação infantil / Tharleson Almeida Brandão – Bacabal-MA, 2024. 
 31 f 
 Monografia (Graduação) – Curso de Pedagogia Licenciatura- Universidade Estadual do Maranhão-UEMA/ Campus Bacabal-MA, 2024. 
 Orientador: Prof.ª Esp. Danielle Carvalho Lima Lopes
 1. Psicomotricidade 2. Desenvolvimento 3. Educação Infantil 4. Estímulos
 CDU: 37.04 (908)
Elaborada por Poliana de Oliveira J. Ferreira CRB/13-702 MA
THARLESON ALMEIDA BRANDÃO
A PSICOMOTRICIDADE E SEUS ESTÍMULOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade estadual do Maranhão, para a obtenção do grau da Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão.
Orientadora: Prof.ª Esp. Danielle Carvalho Lima Lopes
Aprovado em: / /
BANCA EXAMINADORA
“A essência do conhecimento consiste em aplicá-lo, uma vez possuído.”
Confúcio
AGRADECIMENTO
Em glória à Deus, presto aqui meus agradecimentos, com o sentimento de gratidão e dever cumprido, por pensar em toda trajetória percorrida até aqui e em todos os sonhos e conquistas que ainda estão por vir. Por saber que nada disso seria possível se eu não estivesse ao meu lado pessoas que foram essenciais para minha formação pessoal e profissional que hoje quero agradecer a elas por tudo.
Aos meus pais de Zilma e Neto, pela minha educação, pela minha formação de caráter, por sempre acreditarem no meu potencial. Aos meus irmãos Michelly e Thiago, por estarem presentes em todos os momentos da minha vida e por cumprirem o importante papel de irmãos e companheiros.
A minha tia Claudete, por todo incentivo, experiência profissional, conselhos, paciência, amor e em acreditar muito mais no meu potencial. Por ser um espelho de profissional que desejo me tornar, por me incentivar a buscar sempre mais conhecimento.
A minha orientadora Danielle, por me apresentar a disciplina que me fez traçar esse caminho até aqui, por todo o conhecimento, carinho, paciência, disponibilidade e incentivo. Aos meus queridos professores Regiane e Vilmar, pelos conselhos, risadas, abraços calorosos e pelos ensinamentos durante a minha vida acadêmica. A todos os professores da UEMA, que compartilharam suas experiências e ensinamentos comigo.
A minha amiga Mariana, pela sua amizade que Deus me apresentou, pelo respeito e companheirismo, pela sua aura contagiante e maravilhosa, que durante a nossa trajetória acadêmica sempre me deu bons conselhos e me repreendeu quando necessário. Obrigada por se fazer presente sempre na minha vida. Aos meus amigos Ana Clara e Tiago, por todo companheirismo, amizade e paciência, sou grato a vocês pela nossa amizade, e aos demais companheiros (as) de turma, muito obrigado pelos momentos felizes. 
A minha amiga Luzia, por todo carinho e acolhimento, pelos conselhos e pelo companheirismo. Sou grato a você por nossa amizade, sou feliz na sua companhia. Ao meu filho pet, Baruk, que esteve presente na minha vida, me dando alegrias e sendo meu amigo fiel e confidente. 
É com esse sentimento imenso de satisfação e gratidão a todos, que venho aqui, lhes prestigiar por estarem presentes nessa etapa. Aqui o meu muito obrigado!
RESUMO
O presente trabalho busca abordar os estímulos que a psicomotricidade exerce sobre a aprendizagem da criança na educação infantil. Seu objetivo é analisar o desenvolvimento da psicomotricidade no processo de aprendizagem da educação infantil, levando em consideração seus estímulos que possibilitam a maturação de suas capacidades. A metodologia utilizada no trabalho apresenta através de uma revisão bibliográfica de abordagem qualitativa, servido como fontes de pesquisa; artigos científicos, livros, dissertações, teses e revistas de vários autores renomados do campo da psicomotricidade, tendo como aporte teórico deste estudo: Mattos (2016); Alves (2008); Fonseca (2008), dentre outros. Destacando como resultados da pesquisa os estímulos que a psicomotricidade exerce no desenvolvimento da aprendizagem da criança na educação infantil.
Palavras-chave: Psicomotricidade, Desenvolvimento, Educação Infantil, Estímulos.
ABSTRACT
The present work seeks to address the stimuli that psychomotricity exerts on children's learning in early childhood education. Its objective is to analyze the development of psychomotricity in the learning process of early childhood education, taking into account the stimuli that enable the maturation of their capabilities. The methodology used in the work is presented through a bibliographical review with a qualitative approach, served as research sources; scientific articles, books, dissertations, theses and magazines by several renowned authors in the field of psychomotricity, with the theoretical support of this study: Mattos (2016); Alves (2008); Fonseca (2008), among others. Highlighting as research results the stimuli that psychomotricity exerts on the development of children's learning in early childhood education.
Keywords: Psychomotricity, Development, Early Childhood Education, Stimuli.
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
Figura 1: Pirâmide da aprendizagem de Williams e Schellenberger (1996)	16
Figura 4: Atividade pontilhada	25
Figura 5: Atividade de caligrafia	26
IMAGENS
Imagem 1: Atividade com os pés	20
Imagem 2: Crianças usando o tapete da lateralidade	21
Imagem 3: Escrita de aluno de 12 anos do 6º ano com disgrafia	23
Imagem 4: Escrita de aluno de 8 anos com Dislexia	24
Imagem 5: Atividade de esquema corporal	29
Imagem 6: Criança andando no labirinto	31
GRÁFICO
Gráfico 1: Projeção da porcentagem de pacientes com dislexia avaliados entre os anos de 2021 e 2023	24
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	11
2.	REFERENCIAL TEÓRICO	13
2.1.	Um breve histórico da Psicomotricidade	13
3.	A PSICOMOTROCIDADE E SEUS ESTÍMULOS	14
3.1.	Coordenação visomotora	16
3.2.	Lateralidade	18
3.3.	Equilíbrio	21
3.4.	Grafismo	22
3.5.	Esquema corporal	26
3.6.	Noção de espaço-tempo	29
4.	A PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL	32
5.	METODOLOGIA	35
6.	RESULTADOS E DISCUSSÃO	36
7.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	38
REFERÊNCIAS	40
1. INTRODUÇÃO
Esta monografia aborda o uso e a importância dos estímulos da psicomotricidade na educação infantil. Tendo um enfoque contemporâneo servindo para educadores que estão em busca de alternativas para melhorar a condução da aprendizagem dos alunos, para proporcionar um melhor desempenho sobre as dificuldades que surgem no decorrer da vida escolar. 
O corpo humano sempre apresentou um potencial de desenvolvimento físico que permite desenvolver suas habilidades, entretanto para que essas capacidades sejam exploradas devem ser criadas conexões entre corpo e mente, ação e intelecto, e para que isso ocorra plenamente o corpo deve estimular o cognitivo através dos movimentos, pois ao relacionar corpo e mente obtém-se resultados satisfatórios.
Dessa forma, sob a visão dos estudiosos que se propuseram a galgar nesse estudo, como se conceitua a psicomotricidade?
A Psicomotricidade estápresente em todas as atividades corporais e tem papel de extrema importância no desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo, onde o intelecto sofre influências da educação do movimento, relacionando pensamento e ação. A abordagem da Psicomotricidade na educação infantil permite a compreensão da forma como a criança toma consciência do si e das possibilidades de se expressar, localizando-se no tempo e no espaço.
A psicomotricidade tem como alicerce três conhecimentos fundamentais: o movimento, o intelecto, o afeto. E tem como estruturação três pilares: o querer fazer, que se relaciona ao emocional – sistema límbico, o poder fazer, ligado ao ato motor – sistema reticular, e o saber fazer, este projetado pela mente que é sujeito ao cognitivo – córtex cerebral. 
O exercício da psicomotricidade na educação infantil é primordial para a formação da criança, pois contribui para o aprimoramento e desenvolvimento de suas capacidades perceptivas e motoras, podendo auxiliar no aperfeiçoamento da leitura e da escrita através de atividades exercidas pela coordenação motora. Sendo assim, surgem as seguintes problematizações da presente pesquisa: Como se apresenta a psicomotricidade no desenvolvimento da criança na educação infantil? Quais as contribuições da psicomotricidade no processo de ensino aprendizagem da criança?
As crianças apresentam muitas dificuldades motoras e cognitivas nas fases iniciais da vida e no contexto escolar. Para que ocorra um desenvolvimento mais amplo é crucial que haja o incentivo do movimento em todas as fases de desenvolvimento, sendo um processo que ocorre de maneira gradual e lenta.
As atividades lúdicas, as brincadeiras e os jogos possibilitam significantes contribuições para o enriquecimento das relações entre o intelecto e o corpo socializando com o mundo ao seu redor. Assim, com o passar do tempo e com a maturidade intelectual o corpo passa a reconhecer o cérebro como parte comandante da estrutura. O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de dificuldades na aprendizagem e na reeducação tônica da postura, lateralidade e ritmo.
É importante que haja a efetividade do desenvolvimento de práticas psicomotoras durante a infância, pois se essas dificuldades não forem trabalhadas podem ocasionar problemas sérios na vida adulta por isso é indispensável que a psicomotricidade seja apresentada de imediato não somente no ambiente escolar, mas também em casa, sendo vital o acompanhamento dos professores e da família.
Vale ressaltar a relação entre os profissionais da educação e da saúde, sendo primordial para o diagnóstico e conhecimento mais aprofundado dos défices motores, essa interação permite que os profissionais tanto da saúde como da educação possam dimensionar o grau de dificuldade motora e propor atividades terapêuticas para serem trabalhadas no intuito de aprimorar a capacidade motora e desse modo aperfeiçoar seu desenvolvimento em outros campos.
O procedimento metodológico dessa monografia, baseou-se na revisão bibliográfica de abordagem qualitativa, servindo como base para o estudo; artigos científicos, livros, dissertações, teses e revistas de vários autores que contribuíram significativamente no campo da psicomotricidade, tendo como subsídio os teóricos: Mattos (2016); Alves (2008); Fonseca (2008).
É essencial que as atividades motoras a serem desenvolvidas sejam bem planejadas, que estejam no mesmo nível do grupo, a fim de que seu conteúdo não venha a coibir as crianças subdesenvolvidas. Sobre essa premissa, dá-se a importância da formação continuada do professor da educação infantil, onde a atualização constante é fundamental para que haja um conhecimento mais amplo dos campos educacionais principalmente o da psicomotricidade, levando em consideração suas propriedades que são de grande valia no âmbito da educação infantil.
O ser humano é um ser social que adquire durante a sua vida diversos conhecimento, utilizando-os para viver dentro da sociedade, para isso ele deve ser explorado de forma que ele possa construir sua identidade, seu caráter e seu intelecto por completo, assim institui-se a relevância da psicomotricidade para o aperfeiçoamento da sua totalidade.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Um breve histórico da Psicomotricidade
A psicomotricidade surge na França, a partir do discurso médico atribuído a Karl Wernick, neuropsiquiatra austríaco a partir de um ensaio clínico no início do século XIX, onde visava-se nomear as zonas do córtex cerebral situadas distantes das regiões motoras. Feitas essas análises foram constatados distúrbios da atividade gestual e práxica, o que explicava que o esquema anátomo-clínico não podia explicar alguns fenômenos patológicos e que existem diferentes disfunções sem que o cérebro esteja lesionado ou sem a sua localização. Somente em 1870 é que foi criado o termo Psicomotricidade. Segundo Fonseca (1988):
A história do saber da psicomotricidade representa já um século de esforço de ação e de pensamento. A sua cientificidade na era da cibernética e da informática, via-nos permitir certamente, ir mais longe da descrição das relações mútuas e recíprocas da convivência do corpo com o psíquico. Esta intimidade filogenética e ontogenética representam o triunfo evolutivo da espécie humana, um longo passado de vários milhões de anos de conquistas psicomotoras. (Fonseca, 1988, p. 99.)
A partir daí surgiram várias pesquisas e descobertas que alavancaram o desenvolvimento dos estudos sobre o campo psicomotor. Em 1909 o neuropsiquiatra Enerrst Dupré, descreve o termo “debilidade motora” que é a caracterizada pela presença de sincinesias (músculos que participam de movimentos os quais esses não são necessários), paratonias (rigidez muscular) e inabilidades.
Henry Wallon trás em 1925 abordagens sobre o movimento humano como uma ferramenta de construção do psiquismo, relacionando o movimento ao afeto, à emoção, ao meio e aos hábitos. Ademais, em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve um exame psicomotor para a reeducação psicomotora. Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de debilidade motora delimitando os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico.
No Brasil, a psicomotricidade foi instaurada por europeus na década de 70 e tinha um teor voltado para a Educação e Reeducação Psicomotora. Essas atividades eram direcionadas ao lúdico, com foco na valorização de jogos e brincadeiras. Essa metodologia foi proposta em 1976 por Françoise Désobeau, pioneira na psicanálise infantil. E em 1980 foi fundada a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade.
3. A PSICOMOTROCIDADE E SEUS ESTÍMULOS
A abrangência do segundo ponto desta pesquisa discutirá sobre as ideias de cunho teórico já exposto, tendo como suporte a psicomotricidade e seus estímulos; a psicomotricidade no desenvolvimento da criança na educação infantil.
Percebe-se que a relevância dos estímulos psicomotores na educação infantil é muito mais que apenas a execução de atividades paralelas as da sala de aula. As práticas psicomotoras conduzem um desenvolvimento amplo através de atividades corporais que propiciam o desenvolvimento de habilidades aprimorando a tonicidade.
“O bom tônus será aquele adequado a ação motora a qual o sujeito se propõe. O movimento econômico e eficiente se dá quando adequamos o tônus ao ato motor” (Mattos, 2016, p. 76).
A qualidade do tônus está relacionada a atividade motora ao qual será desenvolvida, exercendo uma maior taxa de efetividade e desempenho. Quando há essa sincronia entre tonicidade e ação motora não se tem um desgaste físico e o movimento torna-se mais leve e confortável, sem que haja um esforço exuberante ocasionando a má execução da atividade.
O desenvolvimento infantil compreende-se através de diversas formas de aprendizagens que fazem com que a criança aperfeiçoe suas habilidades com o passar do tempo. Nessa fase é comum que algumas crianças apresentem certas dificuldades para realizar atividades básicas, como escrever, ler e fazer exercícios físicos. Considerando esses fatosé de suma importância já na primeira infância o desenvolvimento psicomotor dentro e fora das escolas, isso porque existe uma forte correlação entre os desenvolvimentos motores e intelectuais.
De acordo com as concepções de Alves (2008, p. 31), o desenvolvimento psicomotor ocorre através de uma organização psicomotora dividida em quatro fases, que possibilita o desenvolvimento de aptidões sensório motoras que condicionam o aprendizado da criança, influenciando no aprimoramento de diversas competências na estrutura corporal e cognitiva:
A organização da motricidade passa pelas seguintes fases:
1ª fase:
O ser nasce com as condições anátomo-fisiológicas dos reflexos, mas para que estes se manifestem é indispensável que o meio atue, sob a forma de estímulos, que irão quebrar o equilíbrio da organização, provocando a reação reflexa. O reflexo constitui- se em uma modalidade assimiladora, que se acomodado ao meio, quando se põe em funcionamento.
2ª fase: organização do plano motor.
Durante esta fase há o aperfeiçoamento espaço-temporal das reações. Evoluem paralelamente as possibilidades de conhecimento e das relações sociais.
3ª fase: automatização do adquirido.
Através da ação do sujeito as aquisições motoras vão sendo automatizadas. 4ª fase: Aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas habilidades motoras.
A idade de cinco a sete anos apresenta uma etapa de transição no desenvolvimento. A criança passa do estágio global e sincrético para o de diferenciação e análise (Alves, 2008, p. 31).
Essa organização se dá pelo processo de conhecimento do corpo e do meio em que a criança está relacionada, proporcionando a aquisição de habilidades sensório motor, como: coordenação visomotora, lateralidade, equilíbrio, grafismo, esquema corporal, temporalidade e localização espacial. São aptidões que a criança irá usar progressivamente e que são substanciais para o seu desenvolvimento. São elas que irão propiciar o aprimoramento do intelecto e a construção da imagem da criança.
Com o passar do tempo e à medida que crescemos, evoluímos de baixo para cima, de uma forma gradual e continua, a partir disso somos capazes de agregar conhecimentos e experiências tanto físicas como cognitivas, seguindo uma estrutura organizacional condicionada pelos campos motores e sensoriais.
As crianças que possuem sensibilidades sensórias diferentes são mais suscetíveis a reações quando o equilíbrio entre o corpo e o cérebro é interrompido. Cabe então, a psicomotricidade auxiliar nesse processo, utilizando dos seus elementos e métodos de condicionamento, para que haja precisão e estabilidade no momento em que forem desenvolvidas as atividades corporais, garantindo uma execução mais completa e com uma menor taxa de esforço físico. 
Essa estruturação organizacional pode ser bem observada na figura 1, logo abaixo, onde temos o esquema de pirâmide da aprendizagem de Williams e Schellenberger (1996):
Figura 1: Pirâmide da aprendizagem de Williams e Schellenberger (1996)
Fonte: Williams e Schellenberger (1996)
Mediante exposto, essa organização motora da criança é gradual e seu desenvolvimento está relacionado a participação ativa de influências do meio ao seu redor, propiciando o aprimoramento das suas capacidades por meio de estímulos exteriores. Assim, dá-se o conhecimento dos seguintes aspectos do desenvolvimento motor que condicionam esse processo: 
3.1. Coordenação visomotora
Segundo Alves (2008, p. 58) “é a habilidade de coordenar a visão com movimentos do corpo. Na ausência de uma adequada coordenação visomotora, a criança se mostra desajeitada em todas as suas ações, apresentando dificuldades na escola [...]”
É toda resposta corporal ocasionada por um estímulo visual. Ela ocorre quando uma incitação visual estimula os movimentos do corpo todo ou das extremidades, produzindo uma ação que corresponde ao que foi percebido.
Para Fonseca (2008):
A imagem é a ponte entre a ação e a representação e, como tal, contém em si própria um componente operacional (sensório-motor) e um figurativo (simbólico). A imagem, como consequência da ação, é inicialmente estática e só posteriormente pode vir a ser dinâmica, isto é, só pode vir a ser antecipadora da ação a partir do momento em que é conhecida nos seus pormenores e detalhes, na sua sequência e na sua consequência (ações-e-efeitos) (Fonseca 2008, pg. 81).
Essa relação entre imagem e ação está em constante desenvolvimento, pois é a partir das representações e vivencias exteriores que a criança vai controlar suas ações baseadas nas suas representações do mundo e ampliando suas percepções com os outros sentidos: tátil, visual, auditivo, cinestésico etc.
Estimular essa coordenação na educação infantil é proporcionar um desenvolvimento integral, pois a criança irá ampliar suas percepções. A coordenação visomotora relaciona visão – imagem representada com movimentos de uma parte do corpo ou de corpo inteiro sobrevindo das habilidades motoras; fino, grosso e sensorial. Entretanto, crianças que possuem deficiência visual total são capazes de conhecer e descrever os objetos por meio do conhecimento dos outros sentidos, pois apresentam um grau de sensibilidade mais elevado e assim proporcionando esse feito.
É comum que crianças tenham níveis de desenvolvimento distintos e alguns problemas podem ocorrer caso essa coordenação não seja explorada, a criança não consegue executar tarefas que exercem a relação olho-mão/olho-corpo como traçar uma linha, escrever, ler, colorir, organizar números na folha, atividades de lazer e esportes.
Crianças que apresentam dificuldades de coordenação visomotora não conseguem, por exemplo, traçar linhas com trajetórias predeterminadas, uma vez que a mão não obedece ao trajeto previamente estabelecido.
De acordo com Alves (2008, p.103-104), a criança pode apresentar dois tipos de problemas visuais, um pode ser corrigido com uso de óculos e o outro ocorre devido a uma insuficiência para distinguir, interpretar ou recordar palavras, devido a uma disfunção do sistema nervoso central.
Algumas dificuldades de discriminação visual.
Confusão de letras ou palavras semelhantes:
A criança não nota detalhes, não consegue ver configurações gerais. Exemplo: bolo e bola, folha e falha.
Dificuldade no ritmo da leitura:
Reversão:
Troca o b pelo d; o p pelo q. Exemplo: bebo, a criança lê dedo.
Inversão:
lê o u no lugar do n; o p no lugar do b. Exemplo: pouco/ponco; bala/pala.
Dificuldade em seguir sequências visuais: a criança lê a palavra, mas quando é pedido para organizá-la em sílabas ou letras, erra a ordem e a soletração. Exemplo: ave/vea.
Dificuldade em ler da esquerda para a direita: a criança não respeita o sentido correto da leitura, o que resulta na escrita especular ou em espelho. Exemplo: tatu/utat.
Agregação:
Lê acrescentando letras às palavras. Exemplo: caderneta/carderneta.
adição:
A criança lê frases adicionando palavras que não estavam no texto. Exemplo: O menino é grande/O menino é bem grande.
Omissão:
Lê omitindo palavras ou frases inteiras. Exemplo: O vestido vermelho da menina é bonito/O vestido é bonito.
Repetição:
Repete palavras, linhas, parágrafos. Exemplo: Eu vi um lindo cachorro no parque/Eu vi um lindo lindo cachorro no parque (Alves 2008, p.103-104).
Para que isso seja mitigado é utilizado de meios lúdicos para proporcionar um aprimoramento da sua coordenação visomotora, tarefas simples de ligar pontos, tracejar, transferir objetos de um recipiente para o outro utilizando uma colher, lançar objetos (bola) em direção a criança para que ela agarre etc. Ao traçar uma linha, por exemplo, a criança, enquanto segue com os olhos a ação de riscar, deve ter em mira o alvo a ser atingido, são tarefas como essas que possam estar estimulando o campo da coordenação visomotora da criança.
3.2. Lateralidade
A lateralidade refere-se à capacidade de dominância que o indivíduo exerce na utilização de um lado do corpo ou ambos. Essa dominância se apresenta das seguintes formas: visão, mão e pé. É nela que a criança irá desempenhar suas atividades como agarrar,puxar, chutar e apertar com maior precisão e força. 
Durante o crescimento é natural que haja essa definição da dominância lateral na criança: sendo mais forte e mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. Para o desenvolvimento da lateralidade é fundamental que se criem situações em que ela possa expressar-se livremente e, a partir dessa vivência com o próprio corpo, que será definido o seu lado dominante.
A dominância lateral refere-se à preferência de um dos hemisférios cerebrais para controlar os movimentos, influenciando a aprendizagem e a execução das ações motoras. Essa habilidade funcional, crucial para a intencionalidade, é especialmente desenvolvida durante atividades investigativas, nas quais a criança interage com o ambiente. A intervenção educativa essencial para promover o desenvolvimento de uma dominância lateral específica, levando em conta influências genéticas e ambientais, consiste em permitir que a criança organize suas atividades motoras de forma apropriada. (Rosa Neto, 1996).
Ela age relacionando-se ao esquema interno do indivíduo, fazendo com que ele se capacite na utilização de um lado do corpo com maior facilidade, em exercícios que requerem habilidade.
“Para a nossa consciência operar bem, a lateralidade é fundamental, sua falta ou falha não permitiria a orientação ou a navegação no universo, e não seria possível domesticar, muito menos representar e manipular, o espaço [...]” (Fonseca, 2008, p. 243).
Para a aprendizagem, a lateralidade tem uma grande e significante importância, pois exerce uma função delimitadora quando levada para a leitura e escrita. Essa associação se dá pelo fato das posições em que algumas letras se encontram, para ser mais preciso, as letras “b e d” “q e p” por exemplo, elas apresentam uma mesma forma, porém suas posições são diferentes – invertidas – assim podemos descrever que, uma criança sem noção de lateralidade irá usar, acidentalmente, ambas para escrever uma palavra, o que é comum em crianças com Dislexia.
De acordo com Fonseca (2008):
A direcionalidade surge como a capacidade de transferir a noção de esquerda e de direita do corpo (espaço subjetivo e intrassomático que define o domínio da lateralidade) para a discriminação da noção de esquerda e direita dos objetos no espaço do entorno ou dos símbolos na página de um livro (Fonseca 2008, pg. 243).
 O mesmo ocorre com a utilização da folha do caderno, sabemos que elas apresentam frente e verso e possuem margens e linhas, sem o conhecimento e instrução a criança pode escrever de qualquer forma sem seguir as delimitações que a folha apresenta ou não utilizar o verso da folha, podendo escrever de forma desorientada o que é bastante comum de ocorrer.
A lateralidade também exerce uma função de localização importante pois, delimita-se o que representa direita e esquerda, sem essas noções de localização o indivíduo não se portará de forma precisa em meio ao espaço ao seu redor. 
Para Mattos (2016):
A dominância estável dos termos “esquerda”, “direita” no próprio corpo, só é possível se verificar por volta dos 5/6 anos. Já a noção de reversibilidade, capacidade da criança de reconhecer esquerda-direita fora do próprio corpo, em uma pessoa ou objeto à sua frente, só poderá ser abordada depois dos 6 anos e meio (Mattos, 2016, p. 91).
Pode-se constatar a ocorrência de quedas, apresentando uma característica de desastre, desatenção, escrita repassada, espelhada, de cabeça para baixo ou ilegível (com a ocorrência de omissões de letras ou sílabas), apresenta uma leitura comprometida e tediosa. Sobre essa perspectiva, Negrine (1986), afirma que:
Os sintomas do desenvolvimento não normal da lateralidade apresentam como características a criança não saber escolher a mão, é desajeitado, nos exercícios de precisão faz uso de uma mão e nos de força com outra, como escrever com a mão esquerda e arremessar bola com mão direita. A lateralidade não fica homogênea porque a criança nunca está segura para saber qual é o lado direito e qual o esquerdo. Por fim, as consequências são dificuldades de direção gráfica por não reconhecer lado direito e esquerdo e discriminação visual limitada (Negrine, 1986).
Segundo Alves (2008), a direcionalidade é fundamental nesse processo, pois abarca uma série de funcionalidades:
A exteriorização da lateralidade é chamada de direcionalidade; a presença de uma lateralidade e direcionalidade deficientes poderá fazer com que a criança retarde a sua percepção dos movimentos no sentido esquerda – direita e direita – esquerda, das relações de tempo e espaço, da sequência visual e auditiva e da ordem temporal (Alves, 2008, p.67)
Para mitigar esses sintomas e obter um desenvolvimento mais pleno da criança pode-se realizar atividades simples, que envolvam objetos do dia a dia e o próprio corpo da criança. Usar cores especificas para a mãos e pés esquerdo (azul) e direito (verde), usar figuras viradas para seus lados ou utilizar da musicalidade, canções lúdicas que dão comandos específicos para serem seguidos. 
As imagens 1 e 2, a seguir, mostram atividades de desenvolvimento da lateralidade:
Imagem 1: Atividade com os pés
Fonte: Colégio Politécnico de Sorocaba
Essas atividades, apesar de simples, são essenciais para o desenvolvimento da coordenação, visão, lateralidade e agilidade, além do ganho cognitivo, pois as cores de que dão comando para os movimentos agem como canais para que seja executada a atividade de forma conexa e coordenada. 
Imagem 2: Crianças usando o tapete da lateralidade
Fonte: Sociedade Beneficente São Camilo
3.3. Equilíbrio
O equilíbrio é a base das ações motoras estáticas ou dinâmicas. Ele opera sobre a atividade condicionando na performance da sua execução. Nessa perspectiva, o equilíbrio está em aversão com a gravidade, pois ela influencia diretamente no indivíduo que, não consegue equilibrar seu corpo ou parte dele para executar um movimento.
“Para andar de bicicleta, a criança tem de extrair informações sensoriais exatas do seu corpo, da bicicleta como objeto físico e da gravidade, ao mesmo tempo que o seu cérebro organiza e elabora uma motricidade adaptada à situação” (Fonseca, 2008, p. 350).
As múltiplas possibilidades que o equilíbrio exerce sobre as atividades físicas proporciona um ganho enorme quando se trata de desenvolvimento da aprendizagem, pois ele incita a criança compreender seu corpo e como usá-lo de forma correta. Durante a sua infância a criança apresenta uma série de etapas para desenvolver o seu equilíbrio, tomemos por exemplo a primeira infância onde se constatam três etapas: exploração, conhecimento e confiança e coordenação das sensações. 
Na primeira etapa temos a exploração, onde a criança é induzida a ter experiências de movimentos em equilíbrio sob a supervisão de um adulto. A segunda etapa apresenta o conhecimento e a confiança, onde a criança deve agir sozinha, sem o auxílio do adulto, nessa ocasião a criança irá realizar atividades simples como saltos e deslocamentos, sempre em busca de aperfeiçoar o equilíbrio. A terceira etapa das coordenações e sensações, propõe atividades mais complexas, que busquem desenvolver posturas adequadas para que ocorra um bom equilíbrio. Segundo Le Boulch (1992):
O movimento depende de uma atitude; a coordenação do movimento necessita de um bom equilíbrio, que é um dos sentidos mais importantes do corpo humano. O tônus é o que assegura e controla a musculatura para a maioria dos movimentos e atividade postural (Le Boulch,1992).
Uma criança que não possui um bom equilíbrio está sujeita a diversas dificuldades na execução de algumas atividades físicas ou até mesmo para brincar, e consequentemente isso lhe afetará na vida escolar. Portanto, para desenvolver esse senso de equilíbrio corporal íntegro na criança são propostas atividades que propiciem tal experiência. Atividades de equilíbrio estático de controle dos membros inferiores e superiores (em um pé só), ou atividades de equilíbrio dinâmico com corda bamba, amarelinha etc.
3.4. Grafismo
Está relacionado ao desenvolvimentoda escrita e suas capacidades de representação gráfica dos códigos linguísticos e da manifestação da arte. Sua efetividade requer um domínio motor tátil preciso, o que torna a escrita uma atividade gradativa. Por esse motivo Alves (2008), afirma que:
O desenvolvimento da escrita não se deve simplesmente a um fazer de exercícios. E escrita é constituída de uma atividade psicomotora extremamente complexa, na qual participam os aspectos do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de atividades motoras; pelo desenvolvimento psicomotor geral, especialmente no que se refere à tonicidade e coordenação dos movimentos e pelo desenvolvimento da motricidade fina, ao nível dos dedos e da mão (Alves, 2008, p. 78).
Alguns transtornos podem surgir diante de uma má aquisição do manejo das ferramentas de escrita, dentre eles podemos destacar a disgrafia e a dislexia.
A disgrafia (letra ruim), ocorre quando o ato motor está subdesenvolvido, é comum a presença de traços muito grossos ou finos, pequenos ou grandes, letras separadas ou ilegíveis, dificuldade na utilização do lápis ou caneta, letras trêmulas, borrões e desorganização geral no papel. 
Para que seja definida uma boa escrita é preciso desenvolver a motricidade fina do indivíduo, pois é através dela que será adquirida uma melhor precisão, ocasionando assim o desenvolver de uma boa escrita.
“Motricidade fina envolve movimentos delicados em pequenos espaços, exigindo um uso mínimo de força, porém com grande foco em precisão ou velocidade, às vezes realizado principalmente pelas mãos e dedos, e ocasionalmente pelos pés." (Meinel, 1984, p.154).
A imagem 3, a seguir, mostra um exemplo da disgrafia na prática:
Fonte: uptokids.pt
Imagem 3: Escrita de aluno de 12 anos do 6º ano com disgrafia
Esse transtorno não tem influência no nível intelectual da criança, ele afeta o modo como ela irá transcrever os símbolos linguísticos de uma forma não compreensível para outras pessoas devido à má coordenação do ato motor das mãos. Nesse caso, medidas de intervenção devem ser adotadas precocemente e de forma gradual para ajudar a melhorar as habilidades de escrita. 
Sobre a dislexia, como podemos relacionar esse transtorno com a psicomotricidade? Esta relação pode ser associada às dificuldades que ela apresenta. A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem neurobiológico. 
A psicomotricidade entra em cena para ajudar a atenuar esse transtorno com base nas suas atividades de reeducação do tônus motor, essas atividades auxiliam na aquisição de uma escrita mais precisa e identificável. Segundo a Associação Nacional de Dislexia, mais de 7,8 milhões de pessoas no Brasil têm dislexia, cerca de 4% da população brasileira. 
No Brasil, existe a lei nº 14.254/21 que prevê o acompanhamento integral de estudantes com dislexia, assim como outros transtornos de aprendizagem. Essa lei permite que escolas das redes pública e privada tenham um acompanhamento específico a esses estudantes, auxiliando na descoberta precoce desse transtorno, dando suporte para que ele seja mitigado.
No gráfico 1, abaixo, é apresentada representação da amostragem de pessoas com esse tipo de transtorno no Brasil:
Fonte: Associação Brasileira de Dislexia.
Gráfico 1: Projeção da porcentagem de pacientes com dislexia avaliados entre os anos de 2021 e 2023
Outros 57%
Dislexia 47%
Pessoas com esse transtorno apresentam algumas dificuldades linguísticas relacionadas à leitura, associação dos símbolos gráficos, as letras, com seus sons, e organizá-los, mentalmente, numa sequência temporal. A imagem 4, a seguir, demonstra como a dislexia se apresenta:Imagem 4: Escrita de aluno de 8 anos com Dislexia
 
Fonte: dislexia.pt 
Dessa forma, a dislexia traz elementos de défices motores comuns dentro do campo da psicomotricidade e que podem caracterizar essas disfunções. A má lateralização e as distorções perceptivo-espaciais e a organização temporal são os principais agentes motores que conduzem esse distúrbio. 
Algumas técnicas são usadas para minimizar os transtornos de aprendizagem de escrita como: atividades grafomotoras, ligar pontos para fazer desenhos; exercícios de caligrafia; reeducação do tato para escrever e da maneira de segurar o lápis ou a caneta; uso de pincéis para treinar a pressão sobre o papel; e exercícios de verbalização do formato das letras. Logo abaixo, nas figuras 4 e 5, temos representações de atividades de tracejo, utilizadas como método de aprimoramento da escrita:
Figura 4: Atividade pontilhada
Fonte: escolaeducacao.com.br 
Essas atividades tendem a promover um aprimoramento mais afinado da caligrafia, fazendo com que o aluno desenvolva seu tato, proporcionando uma melhora significativa na precisão da direcionalidade das mãos.
“Uma graduação progressiva de atividades envolve desde a coordenação motora global, o equilíbrio, a relaxação, a dissociação de movimentos, o esquema corporal, lateralização, a estruturação espacial até a motricidade fina” (Alves, 2008, p. 79).
Entretanto, para que isso ocorra de forma plena é preciso que seja um trabalho contínuo e diversificado, alternando métodos e atividades, para que a criança não se sinta entediada no decorrer dos exercícios.
Figura 5: Atividade de caligrafia
Fonte: clickescolar.com.br
Para adquirir os primeiros traços de aquisição da escrita, se faz necessário desenvolver noções espaciais, marcada pelo tato, a distância entre o eu e o objeto, e o tempo certo para segurar ou largar. Esse desenvolvimento da escrita é fundamental no processo de aprendizagem da criança, pois tem caráter social relevante na sua vida, tanto no ambiente escolar como fora dele.
3.5. Esquema corporal
Refere-se ao conhecimento de si e sua relação com meio, enfatiza a sua participação com o meio através de percepções visuais, táteis, auditivas, cenestésicas e vestibulares, que segundo a pirâmide da aprendizagem e o trabalho multidisciplinar de Williams e Schellenberger (1996), “nela retrata uma ideia ampla das habilidades fundamentais do desenvolvimento infantil e quais outras habilidades são acrescidas a partir delas”. Sobre o esquema corporal, e segundo os estudos de Alves (2008), pode-se afirmar que:
É através do corpo que a criança vai descobrir o mundo, experimentar sensações e situações, expressar-se, perceber-se e perceber as coisas que cercam. À medida que a criança se desenvolve, quanto mais o meio permitir, ela vai ampliando suas percepções e controlando seu corpo através da interiorização das sensações. Com isso ele vai conhecendo seu corpo e ampliando suas possibilidades de ação [...] (Alves, 2008, p. 49).
Conforme o estudo, o esquema corporal é primordial para a formação da personalidade da criança trazendo para si as compreensões do mundo ao seu redor e ao mesmo tempo criando a representação do seu próprio corpo. Nesse ponto podemos destacar que, cada um apresenta uma experiência corpórea distinta e que é comum à sua realidade, pois esta representação é formada através das suas vivências sensoriais múltiplos proprioceptivos, exteroceptivos e interceptivos.
A consciência corporal é um componente fundamental e essencial para o desenvolvimento da personalidade infantil. Consiste na percepção abrangente, precisa e científica que a criança tem do seu próprio corpo.
 Tomamos como exemplo duas crianças, uma indígena e uma criança da cidade, ambas possuem realidades distintas, assim como suas manifestações culturais. Na aldeia são praticados os jogos indígenas, no qual são desenvolvidas práticas de arco e flecha, arremesso de lança, canoagem, corrida com tora e entre outras, e desde pequenos eles são ensinados a praticarem essas atividades, e isso vai desenvolvendo seu esquema corporal ativando áreas distintas. Diferentemente das crianças da cidade, que possuem esportes comuns como futebol, voleibol, basquete, ginástica entre outras, e que de certa forma irão ter um desenvolvimento peculiar para a sua realidade.
Tal desenvolvimento corporal apresenta-se em três etapas: o corpo vivido, corpo percebido oudescoberto e o corpo apresentado. Cada uma dessas etapas engloba um processo de desenvolvimento a partir da faixa etária da criança.
O corpo vivido é a primeira etapa que são as crianças até três anos de idade, é nessa faixa etária que são apresentados os primeiros contatos com o meio ao seu redor, que de acordo com Piaget é definido como sensório-motor, onde a criança começa a investigar tudo ao seu redor e entra no processo de imitação de gestos em relação a imagem do outro até a sua apropriação.
 “Aos poucos, a criança vai se diferenciando do meio e no fim desta etapa pode-se falar em imagem do corpo, pois o “eu” se torna unificado e individualizado. Vemos, então, que parte de um estado de indiferenciação para um estado de diferenciação” (Alves, 2008, p. 50).
A segunda etapa é a do corpo percebido que ocorre dos três aos sete anos. Nela a criança já começa a organizar o seu esquema corporal, através da interiorização, ela já consegue trazer os elementos presentes no meio ambiente para poder se relacionar como o seu corpo. Já apresenta uma representação mental dos elementos e do aperfeiçoamento dos seus movimentos até o seu refinamento. 
“Passa a ver o seu corpo como ponto de referência para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo. Assimila conceitos como em baixo, acima, direita, esquerda etc., além das noções temporais: o que vem antes, depois, primeiro, último” (Alves, 2008, p. 51). 
A terceira etapa do corpo representado que vai dos sete aos doze anos, a criança já tem uma percepção mais aguçada do seu corpo, mas o processo de assimilação ainda está em pleno desenvolvimento, pois ainda apresenta uma característica estática reprodutora.
Sobre essa etapa, Alves (2008), diz que:
Crianças que não apresentam consciência e nem conhecimento do seu corpo podem experimentar dificuldades de percepção, controle e equilíbrio. Apresentam confusão em localizar as partes de seu corpo, em perceber a posição de seus membros, em orientar-se no espaço e no tempo, além da dificuldade de coordenação dos movimentos, o que as tornam lentas na execução de atividades como abotoar uma roupa, andar de bicicleta, jogar bola etc. (Alves, 2008, p. 52).
Dada as circunstâncias, a má organização do esquema corporal pode ser observada através da discalculia, um transtorno da aprendizagem com prejuízo na matemática. Suas características incluem défices no senso numérico, na memorização aritmética, na precisão ou fluência de cálculo, e no raciocínio matemático.
A disfuncionalidade da lateralidade e de direcionalidade podem ser causados por perturbações do esquema corporal, pela má organização do próprio corpo em relação ao espaço ou por desordem afetiva.
Na discalculia essa desorganização impede que a criança identifique os números de forma visual e auditiva, a partir desse ponto é que se dá a associação desse transtorno aos elementos psicomotores.
Outro transtorno que podemos destacar é o TDC – Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação. Esse transtorno é um distúrbio das habilidades motoras, ocorre mediante um retardo no desenvolvimento das habilidades motoras, ou em dificuldades na coordenação dos movimentos, afetando diretamente na execução de tarefas do cotidiano que poderiam ser executadas facilmente, mas em detrimento desse transtorno elas acabam sendo difíceis e executadas de forma desorganizada.
O exercício de atividades físicas em consonância com as atividades lúdicas é fundamental para o desenvolvimento do esquema corporal, através de brincadeiras como a amarelinha, ciranda, a prática de esportes, fazer contornos das partes do corpo no chão com giz, tocar as extremidades do corpo e identificá-las.
Na imagem 5, a seguir, temos uma atividade de esquema corporal onde uma criança está fazendo o contorno do corpo do colega com um giz de cera:
Imagem 5: Atividade de esquema corporal
Fonte: santoinacio-mg.com.br
 No caso da discalculia podemos citar exemplos de atividades para ajudar no processo de aquisição cognitiva e motora, como, por exemplo, recorrer à utilização de jogos e outros materiais concretos, sempre dano ênfase à observação, ao toque, a aprender os sólidos geométricos, o manuseio da calculadora para facilitar nas operações e a utilização da tabuada.
3.6. Noção de espaço-tempo
O desenvolvimento da noção de espaço-tempo permite à criança conhecer e localizar tudo aquilo que se encontra em torno de si em relação ao tempo, definindo a sua localização seja ela a esquerda, direita, acima ou abaixo, assim como as orientações temporais de antes, depois, primeiro e último.
Sobre isso, Mattos (2016) afirma que:
A estruturação espaço-temporal é importantíssima no processo de adaptação do indivíduo ao meio, visto que, todos e tudo ocupam um determinado lugar no espaço em um dado momento. A orientação espacial e temporal corresponde a organização intelectual do meio, e está ligada à consciência, a memória, às experiências vivenciadas pelo indivíduo (Mattos, 2016, p. 83).
A organização espaço-temporal é essencial para o cotidiano, pois ela possibilita uma compreensão mais precisa do meio levando em consideração suas percepções e interações com as pessoas e os objetos ao seu redor. A criança desenvolve primeiramente o seu corpo e progressivamente ela vai descobrindo o espaço em que está presente, assim como a posição dos elementos localizados no ambiente.
Essa apropriação espaço-temporal, se assim podemos considerar, depende exclusivamente de uma noção de lateralidade bem desenvolvida, pois servirá de base para essa estruturação. A noção espacial vai se estruturando processualmente no decorrer da vida da criança, desde os seus primeiros contatos físicos e sensoriais com o meio até a sua interação com as outras pessoas.
Algumas perturbações ocorrem quando essa noção de espaço ainda não está propriamente definida podendo levar a perturbações motoras, psicomotoras e psicológicas, respectivamente ligadas ao ritmo de respiração descontrolado ou problema auditivo, má organização espaço-temporal e algum trauma relacionado a afetividade.
Segundo Alves (2008):
A criança tem necessidade de um espaço para se mover. A partir da percepção do próprio corpo, é que pode ser percebido o espaço exterior.
Este espaço exterior é explorado, no início, por uma dupla em simultânea percepção:
Percepção extereoceptiva;
A visão de um objeto (se faz através de estímulos exteriores – vem de fora para dentro);
Percepção proprioceptiva;
Os gestos que são necessários para apanhá-lo (análise de dentro para fora)
 (Alves, 2008, p. 70-71).
Nesse ponto, é necessário que sejam propostas atividades para instigar o alcance de uma noção de espaço, pois boas habilidades de raciocínio espacial estão ligadas a habilidades matemáticas, a geometria por exemplo, é um campo da matemática que requer um conhecimento de espaço bem desenvolvido para que suas funções e equações serem resolvidas. Além disso, podemos utilizar de métodos de prática bem simples com o uso de blocos, xadrez, utilizar linguagens espaciais; alto, curto, círculo, quadrado, retas, curvas etc., também podem ser utilizados quebra-cabeça, criação de mapas e utilização de gestos.
Agora, partindo para as noções temporais, outro fator que é de grande importância na aquisição da aprendizagem e consequentemente o seu desenvolvimento, o espaço e o tempo estão interligados e estamos sujeitos a essa premissa desde a concepção da vida. 
“A estrutura temporal, tanto quanto a estrutura espacial, também são inerentes, tendo que ser construídas. Exigem esforço e um trabalho mental da criança que só conseguirá realizá-lo quando tiver um desenvolvimento cognitivo mais avançado” (Alves, 2008, p. 75).
Essa estrutura temporal será desenvolvida através do ritmo corporal, essa concepção rítmica se dá através da interiorização da ritmicidade, essa etapa é fundamental para que a criança possa organizar seus movimentos percebidos a partir dos ritmos exteriores. Portanto, quando Fonseca (2016) relata que:
É a constante interação que a criança estabelece com o mundo exterior através da motricidadeque lhe permite, por um lado, um controle cada vez mais ajustado e, por outro, uma intencionalidade crescente; por isso, ela começa a ter um acesso cada vez maior aos pormenores e detalhes sensoriais e motores, espaciais e temporais da ação (Fonseca, 2016, p. 81).
Essa estruturação temporal é de grande valia educacional, pois proporcionará um bom desempenho na construção das palavras bem como a sua organização, sempre dentro de um determinado tempo, estruturando os sons na oralidade e com uma progressão na leitura.
A temporalidade garante também, uma boa localização cronológica dos acontecimentos passados e na projeção do futuro. Ajuda no conhecimento das horas, dias, meses e anos, o que acaba estimulando o raciocínio cronológico, esse raciocínio é de grande importância tanto na vida escolar como fora dela.
Pode-se citar alguns exercícios que ajudam a contribuir para esse aprimoramento como utilizar a rotina escolar desde o horário da entrada, a hora do lanche e da saída, os dias da semana, as datas comemorativas, trabalhar jogos e brincadeiras, com músicas e danças, que trabalhem ritmo e movimentam o corpo favorecem a ampliação das habilidades de organização e estruturação espaço temporal.
Segundo Fonseca (2016), no que se trata da localização do corpo no espaço e a sua função simbólica:
Graças à função simbólica, a criança pode integrar, elaborar e exprimir o espaço no qual os objetos se localizam e distribuir temporalmente as ações com eles projetadas, lidando com o real não só de maneira direta, concreta e motora, mas também de forma indireta, abstrata e simbólica (Fonseca, 2016, p. 29).
A seguir, na imagem 6, temos um exemplo de atividade de noção de espaço-tempo, no qual uma criança está dentro de um labirinto tentando achar a saída:
Imagem 6: Criança andando no labirinto
Fonte: baudeideiasdaivanise.blogspot.com
4. A PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Trataremos agora sobre a psicomotricidade no desenvolvimento da criança na educação infantil, assim como os seus aspectos funcionais.
Até os três anos de idade as crianças apresentam um apreço peculiar para o mundo exterior, em particular pelos movimentos. Essa adequação, para Piaget, nada mais é do que a forma natural da tentativa de se adequar ao meio no qual ela está inserida.
O processo de aprendizagem no decorrer do desenvolvimento humano requer um estabelecimento integro entre várias habilidades que, quando aparentam algum prejuízo ou défice, podem influenciar negativamente no seu desenvolvimento, isso faz com que ocorra um aumento nas chances surgirem problemas físicos, sociais e emocionais, levando o indivíduo à dificuldade escolar e consequentemente distúrbios de aprendizagem.
Na educação infantil ocorrem os primeiros estímulos para que a criança compreenda suas funções motoras, o que pode acontecer por meio das brincadeiras, jogos ou exercícios, que estarão sempre marcados pela manipulação dos objetos, pela ampliação linguística e pela construção do aspecto físico-motor. As atividades psicomotoras apresentam direitos de aprendizagem que estão previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no qual trabalham os campos de experiências relacionados ao corpo, gesto e movimento:
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, a organização curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural (Brasil, 2018, p. 40-41).
A BNCC evidencia constantemente, em suas competências e habilidades, o exercício de atividades que comtemplem os movimentos corporais em sua totalidade, não se atentando somente à prática do letramento e alfabetização, mas ao desenvolvimento integral do aluno, tornando-a cada vez mais presente nas práticas pedagógicas.
De acordo com os estudos de Alves (2008), “é através dos movimentos humanos e práticas de exercícios, que a criança, passa a ter as primeiras noções psicomotoras, estabelecendo um equilíbrio entre o corpo e a mente, visto que, ele proporciona a maturação de todo o corpo, se iniciando com o controle de funções do corpo e o seu fortalecimento:
“O movimento, assim como o exercício, é de fundamental importância no desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança. Estimula a respiração e a circulação. Graças ao exercício físico são fortalecidos os músculos e os ossos” (Alves, 2008, p 17).
Assim como o desenvolvimento humano da ênfase para as vivências diárias e o contato com o meio, a psicomotricidade também valoriza isso, e este ato pode ser denominado “prática educativa”, que é marcada pela influência do meio sobre os indivíduos, pois de acordo com Fonseca (2008), o desenvolvimento psicomotor pode ocorrer de diversas maneiras, mas sempre envolvendo suas condições sociais ou culturais.
A Psicomotricidade é de suma importância para a formação do indivíduo, pois quando falamos da mesma não estamos dizendo apenas de uma evolução, mas também de estímulos que constroem os padrões motores, gerando possibilidades para que a formação do equilíbrio ocorra de maneira explícita. A psicomotricidade é uma área que estuda o movimento humano, e se não houver equilíbrio, não será possível coordenar esses movimentos, estando relacionados de forma direta, auxiliando na construção de uma série de ações.
Segundo Seber (2002):
[…] a necessidade de interação da criança com o mundo é a chave para o desenvolvimento psicomotor, logo que , assim como o meio constrói uma ação sobre os indivíduos, os mesmos também exercem uma ação sobre ele, e toda criança deve passar por esse ato de "Inter" e "ação", limita-las e proibi-las de passar por esse processo, é tirar delas a sua autonomia e liberdade, e não só isso, mais também pode ocasionar distúrbios físicos e mentais que podem comprometer o seu desenvolvimento (Seber 2002, p. 14-15).
Esse amadurecimento que a psicomotricidade pode proporcionar, pode atingir não somente o campo motor, mas também pode-se estender ao campo afetivo, isso através das relações socioemocionais que a psicomotricidade relacional institui. A psicomotricidade relacional é um método desenvolvido por André Lapierre, em 1960. Tem como foco explorar diversas formas de comunicação, verbal ou não verbal, a concepção global do ser humano, desenvolver a relação da criança consigo, com o outro e com o mundo através do desenvolvimento da expressão simbólica.
Segundo Lapierre (2002):
Ao invés de reprimir as tentativas lúdicas das crianças, vamos aceitá-las e até encorajá-las. Isso nos vai permitir observar os comportamentos 06 espontâneos de cada um, analisar os sentimentos que ali são experienciados e favorecer sua expressão simbólica para que possam ser descarregadas as tensões e elaborados os conflitos subjacentes. A partir dessa análise, nós também participaremos, desempenhando nosso papel nessas “partituras” imaginárias (Lapierre, 2002, p. 31).
Essa metodologia propõe uma forma livre, em que a criança pode externar suas habilidades e compartilhar com o próximo, assim garantido uma relação harmoniosa, assim dá-se essa relevância deste trabalho. Na escola, por exemplo, é importante que os indivíduos possam se conhecer fora do engessamento das salas de aula, em um ambiente amplo elas podem se relacionar com mais liberdade e confiança, podendo assim compartilhar momentos afetivos e construir relações concretas. Esse trabalho psicomotor relacional, pode promover o desenvolvimento pessoal para todas essas relações presentes no ambiente escolar, servindo para alunos, professores e demais funcionários da escola.
A Psicomotricidade naeducação infantil estabelece caminhos e suportes para beneficiar os alunos que possuem bloqueios em sua evolução, pois é ela que consegue manter uma conexão com o homem, tanto de forma externa como interna, dando ao mesmo capacidades de criar, equilibra-se, adaptar-se entre outras funções, servindo de auxílio ou suporte para que a criança construa essa consciência sobre os movimentos humanos, o que possibilitará o desenvolvimento de diversas atividades físicas, estabelecendo a autoconfiança , organizando a capacidade dos movimentos expressados ou representados por meio de sinais.
Porém, a sua construção não é algo tão explícito, logo que, os seres humanos evoluem de forma individual, não existindo um movimento padrão estabelecido para todos, podendo desenvolver-se de diferentes maneiras, o que irá depender da sua cultura ou vida social e isso acaba dificultando o processo de aprendizagem, podendo até interferir na sua evolução. É o que retrata Alves (2008), em:
Cada criança é única. O esquema do desenvolvimento é comum a todas as crianças, mas as diferenças de caráter, as possibilidades físicas, o meio e o ambiente familiar explicam que com a mesma idade crianças perfeitamente “normais” possam comportar-se de maneiras diferentes. A criança que progrediu inicialmente muito rápido pode reduzir o seu ritmo e ser alcançada por aquela criança que parecia “atrasada” alguns meses antes (Alves, 2008, p. 17).
Em vista disto, o educador deve estar devidamente preparado para lidar com tal situação, intervindo de maneira necessária para que a estruturação dessa criança, não seja afetada por distúrbios motores ou cognitivos, onde não podemos limitar ou separar o desenvolvimento motor do intelectual, já que ambos são imprescritíveis para a formação do ser como indivíduo social.
5. METODOLOGIA
Desde o momento da sua concepção, o ser humano adquire várias habilidades motoras, as quais contribuirão para o pleno desenvolvimento do seu organismo. Por intermédio das experiências do cotidiano e dos seus movimentos, a criança vai cada vez mais aprimorando suas capacidades intelectuais e motoras. Frequentemente, esses movimentos surgem com o passar do tempo a partir da imitação dos adultos que a cercam ou se inspiram em outras crianças ao executar suas atividades práticas. 
Esta monografia visa apresentar, através de uma revisão bibliográfica de abordagem qualitativa, as várias possibilidades que a psicomotricidade contempla no desenvolvimento da educação infantil, pelo fato de existirem crianças que possuem algum tipo de dificuldade, como na escrita, coordenação motora e percepção de espaço-tempo. Assim, a Psicomotricidade poderá contemplar positivamente no desenvolvimento de suas capacidades.
A pesquisa bibliográfica é, portanto, caracterizada pela reunião de todo conteúdo científico e acadêmico, que servirá de referência para um estudo (Gil, 2002).
As fontes utilizadas para fomentar esta pesquisa foram: artigos científicos, livros, dissertações, teses e revistas de vários autores renomados do campo da psicomotricidade, tendo como aporte teórico deste estudo: Mattos (2016); Alves (2008); Fonseca (2008), dentre outros autores que tiveram grandes contribuições dentro da psicomotricidade. A abordagem da pesquisa teve como seções; a psicomotricidade e seus estímulos e a psicomotricidade no desenvolvimento da criança na educação infantil.
De acordo com Guerra (2014, p. 11), a abordagem qualitativa é todo resultado que não pode ser mensurado, quando se trata do sujeito e sua subjetividade, no que diz respeito a todos os seus aspectos sociais, culturais e afetivos.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O movimento é uma das diferentes formas da criança se expressar e é através dele que ela vai desenvolver suas habilidades e conhecer seu corpo e o espaço ao seu redor. Assim, com o passar do tempo, e com a maturidade intelectual, o corpo passa a ser uma ferramenta do cérebro. Sendo assim, pode-se compreender que a psicomotricidade está relacionada a campos como o movimento, o afeto e o intelecto. Esses campos são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e físico do indivíduo, pois um serve de auxílio para o aprimoramento de suas particularidades.
Entre os muitos exemplos que poderíamos apresentar citamos o momento em que a criança aprende a andar. Após essa aprendizagem e a assimilação dessa habilidade, ela poderá aprender a correr, utilizando, assim, conhecimentos já adquiridos e gravados em sua estrutura neurológica para a aquisição de uma boa habilidade. Quando a criança se vê diante de uma nova situação, requerendo a solução de um problema, que pode ser uma tarefa motora, como a corrida, ela terá que ajustar a esse novo desafio para tornar possível a obtenção de um estado de equilíbrio. Na nova aprendizagem, correr, a criança tentará maneiras diferentes de agir, modificando suas estruturas antigas, como a de andar, para poder dominar nova situação. (De Marco, 2006, p. 139).
A construção mental e física ocorre desde os anos iniciais da criança e vai evoluindo até a velhice, principalmente quando envolve o quadro psicomotor, ou seja, é na educação infantil que ela vai gerar uma sequência de atividades como: situação-problemas, jogos, manipulação de objetos e condições espaciais, na qual, servirão como estímulos que contribui no desenvolvimento dos quatros aspectos: o físico-motor, intelectual, social e emocional.
Ao tomar consciência de si, a criança acaba por se diferenciar do outro, e assume a constituição da sua personalidade. Um eu corporal tende a um eu psíquico, um sujeito social autônomo e individualizado, pronto a afirmar-se e a enfrentar problemas e conflitos (Fonseca, 2008, p. 32).
Nesta etapa da construção da personalidade, não deve haver ênfase apenas no ato de alfabetizar, como um único fator de aprendizagem deixando de lado as atividades psicomotoras que também estão aninhadas ao processo de alfabetização, trabalhando de forma lúdica as noções de espaço, tempo, lateralidade e equilíbrio para que as aquisições estruturem e formulem um desenvolvimento mais amplo de suas capacidades.
Segundo Fonseca (2008), a estrutura do ensino ainda requer um olhar mais criterioso e científico, pois ainda há um certo descaso, limitações que retardam a identificação de certos distúrbios de aprendizagem nas crianças:
Os currículos e os materiais escolares devem ser analisados criteriosa e cientificamente, com base em investigações nas quais se estude a evolução da criança, quer em idade pré-escolar, quer em idade escolar. Durante a idade pré-escolar, deverão ser identificados problemas de desenvolvimento que possam mais tarde comprometer a aprendizagem escolar, bem como desenvolvidas aptidões pré-escolares necessárias.
Durante a idade escolar, as atitudes dos educadores, a aplicação dos seus métodos e a invenção de novos instrumentos deveriam ser estudadas e avaliadas em termos interdisciplinares (Fonseca, 2008, p. 534).
	A educação psicomotora possibilita o aperfeiçoamento e o domínio da inteligência corporal sinestésica, sendo a cinestesia o sentido pelo qual percebemos os movimentos musculares, o peso e a posição dos membros, o que nos permite brincar, correr, dançar, pular e outras atividades.
Para Fonseca (2008):
De fato, a inteligência corporal-sinestésica envolve todos os domínios cognitivos, dos mais simples aos mais complexos. Ela está integrada na excelência da conduta e na harmonia da mente e do corpo, daí se constituir como uma síntese da expressão do ser humano (Fonseca, 2008, p. 163).
Claramente, a área do desenvolvimento psicomotor e da aprendizagem está intrinsecamente conectada com diferentes disciplinas, demandando aspectos biomédicos, psicológicos, pedagógicos, socioculturais, socioeconômicos, sociopolíticos, entre outros.
É imprescindível que a sociedade e as instituições de ensino abandonem posturas passivas, estáticas, fechadas e não críticas, para que seja de fato proporcionada uma educação integral, que desenvolva gradualmente o indivíduo por completo. É importante que os ambientes, os recursos naturais,as abordagens e os materiais de ensino usados em creches e escolas levem em consideração o bem-estar e o desenvolvimento global da criança, incluindo aspectos emocionais, motores e cognitivos. Devem ser evitadas quaisquer situações que possam prejudicar o progresso no desenvolvimento e, posteriormente, no aprendizado, combatendo assim a espiral negativa de dificuldades.
Portanto, faz-se necessário essas observações, pois é importante que haja um olhar mais atencioso sobre essa temática. A compreensão de que, os estímulos que a psicomotricidade exerce sobre a criança no processo de desenvolvimento do aprendizado, é substancial e valorativa, agindo de forma precisa para a construção da sua personalidade, saúde e socialização com o outro, contribuindo e influenciando diretamente na aquisição das suas potencialidades.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A referida pesquisa é de suma importância tendo em vista que a psicomotricidade é a utilização das ações para a obtenção de outros aprendizados. O trabalho é baseado na pesquisa de literaturas específicas, isto com o objetivo de mostrar a relevância dos aspectos psicomotores e sua promoção na aprendizagem infantil. Enfatiza a relação do desenvolvimento motor com a escrita, mais preciso no conhecimento dos códigos linguísticos, tendo como fator preponderante a lateralidade com a escrita, onde o significado do código linguístico está relacionado a sua posição espacial. 
O estudo apresentado mostra que é preciso ter um olhar mais atencioso quando se trata das atividades motoras, principalmente no âmbito da educação infantil, pois é a base da educação, é por meio dela que será traçado todo um percurso de transformações. A primeira infância traz consigo um caráter único, que é a obtenção do conhecimento através de atividades que envolvem o brincar.
O brincar, como mencionado na pesquisa, incentiva a criança a conhecer o mundo ao seu redor, conhecer o outro e a si mesma, dando abertura para novos conhecimentos. As atividades lúdicas propiciam esse desenvolvimento por meio de jogos e brincadeiras, o que torna o processo mais divertido e atrai a sua atenção, em contrapartida suas habilidades se desenvolverão gradualmente.
Em suma, pode-se destacar também a importância da socialização progressiva da criança, enfatizando a atenção necessária às suas experiências e necessidades individuais e coletivas, ressaltando a importância do diagnóstico dinâmico na pedagogia, que contribui significativamente para a evolução do aluno.
Compreender como os diversos fatores de desenvolvimento interagem entre si é essencial para criar estratégias educacionais eficazes. Isso implica uma abordagem holística, na qual se reconhece que o desenvolvimento de uma criança é influenciado por uma variedade de fatores inter-relacionados.
Reconhecer que, uma criança não age por vontade própria quando não sabe ficar de uma perna só, não tem uma escrita legível e não sabe se orientar no espaço ao redor, são aspectos que estão presentes no seu interior e que são comumente taxadas como desinteressadas e desajeitadas.
Essa compreensão dinâmica é crucial para adaptar o ambiente educacional às necessidades individuais de cada criança, permitindo assim uma socialização mais eficaz.
Conforme retratado neste estudo a psicomotricidade apresenta um olhar preventivo, no que se refere a análise da condição física e mental da criança, assim ela pode, através das suas atividades, realizar uma descrição mais precisa da situação, possibilitando a identificação de distúrbios motores e cognitivos que possam atrapalhar o desenvolvimento da aprendizagem da criança.
Portanto, conclui-se que, a psicomotricidade é um expoente de oportunidades que abre um leque de transformações e possibilidades, oferecendo um amplo auxílio no processo de aprendizagem infantil, sendo um desenvolver de capacidades físicas, mentais, sociais e afetivas. 
É com esse olhar desafiador e evolucionário que chegaremos à uma educação mais forte e melhor, levando em consideração todos os desafios que a sociedade impõe, mas com determinação e consciência de que, como educadores, temos assumir nosso papel como tal, agindo como facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender, de nos esforçar e procurar novas formas de ensino, proporcionar experiências concretas, sair do comum para o inovador, quebrando os processos conservadores de métodos tradicionais, para sermos contemporâneos de uma pedagogia mais humanitária.
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