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REGISTRO DE 
IMÓVEIS E 
GESTÃO 
PATRIMONIAL
Anna Carolina Gomes dos Reis
Fundamentos do 
Direito Imobiliário
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer as noções gerais do registro de imóveis no Brasil.
  Descrever as finalidades e os efeitos do registro imobiliário.
  Aplicar os princípios do registro imobiliário.
Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer as características do Direito Imobiliário. 
A partir delas, você vai compreender melhor esse ramo do Direito e os 
mecanismos colocados à disposição do profissional que atua nele. O seu 
estudo terá como base a doutrina, o Código Civil, a Lei nº. 6.015, de 31 
de dezembro de 1973, e a Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994 — 
respectivamente, Lei de Registros Públicos (LPR) e lei que regulamenta 
os serviços notariais e registrais.
Inicialmente, você vai se familiarizar com a história do registro imobi-
liário e com o conceito de Direito Imobiliário, além de conferir exemplos 
de algumas operações efetuadas nesse ramo jurídico. Em seguida, você 
vai estudar os princípios que norteiam o sistema registral e que auxiliam 
os operadores do Direito e os gestores imobiliários na aplicação das leis. 
Por fim, você vai se debruçar sobre a ordem de serviço, ou seja, vai ler 
a respeito das regras de funcionamento dos cartórios, do processo de 
qualificação registral, da suscitação de dúvida e de alguns deveres dos 
oficiais registradores na realização do protocolo, da prenotação e da 
efetivação do registro imobiliário.
1 Conceito e aspectos históricos
Antes de conhecer o conceito de Direito Imobiliário, você precisa se familia-
rizar com a evolução histórica do sistema registral imobiliário brasileiro. Ao 
estudar a história do Brasil na escola, você provavelmente aprendeu que, no 
período colonial, todos os imóveis situados aqui pertenciam à coroa portuguesa. 
Posteriormente, o território foi dividido em capitanias hereditárias, doadas 
pela coroa por meio de cartas de sesmaria. Os donos das capitanias deveriam 
administrar as terras seguindo as ordens do monarca português.
Em 1843, foi editada a Lei Orçamentária nº. 317, de 21 de outubro, que 
disciplinou os registros de hipotecas, caracterizados como garantias. Contudo, 
ainda não se fazia menção à regulamentação do registro de propriedade. 
Em 1850, foi publicada a primeira legislação relativa ao registro de imóveis, 
denominado então “registro do vigário”. Porém, esse registro regularizava 
apenas a posse, nada mencionava sobre a propriedade. Com a edição da Lei 
nº. 1.237, de 24 de setembro de 1864, surgiram os registros imobiliários, mas 
eles ainda mencionavam exclusivamente a transmissão de imóveis suscetíveis 
a hipoteca e a instituição de ônus reais, deixando mais uma vez de lado o 
registro de propriedade (CASSETTARI, 2016).
Somente com a edição do Código Civil de 1916 é que ocorreu a introdução 
do registro da transmissão de propriedade, previsto no art. 856. Veja:
Art. 856. O registro de imóvel compreende:
I — a transcrição dos títulos de transmissão da propriedade;
II — a transcrição dos títulos enumerados no art. 532;
III — a transcrição dos títulos constitutivos de ônus reais sobre coisas alheias;
IV — a inscrição das hipotecas (BRASIL, 1916, documento on-line).
Em 1973, foi editada a LPR, atualmente considerada a “bíblia” dos registra-
dores e daqueles que trabalham com direitos imobiliários. Essa lei dispõe, entre 
outros assuntos, sobre registro imobiliário, regras de protocolo, escrituração, 
prenotações, averbações, cancelamentos, etc. Já em 1994, por meio da Lei nº. 
8.935/1994, foi regulamentado o art. 236 da Constituição Federal (BRASIL, 
1988). Essa lei discorre sobre os serviços registrais e notariais e impõe regras 
para atividades delegadas exercidas pelos oficiais registradores (e tabeliães), 
que são as pessoas dotadas de fé pública e aptas a efetivar o registro público de 
imóveis. Em 2002, foi sancionado o atual Código Civil (BRASIL, 2002), que 
também inclui várias regras pertinentes aos registros públicos e à propriedade 
e à posse de imóveis, como você vai ver mais adiante.
Fundamentos do Direito Imobiliário2
Agora que você está mais familiarizado com a história e a evolução legisla-
tiva dos registros imobiliários, deve atentar ao conceito de Direito Imobiliário. 
Do ponto de vista técnico, o Direito Imobiliário é um ramo do Direito Privado 
que regulamenta as relações jurídicas oriundas da propriedade e a posse de 
bens imóveis. Nessa área do Direito, o profissional deve ter conhecimento 
sobre: obrigações; contratos; Direito de Família; direitos do consumidor; 
Direito Tributário; responsabilidade civil, administrativa e criminal; e Direito 
Notarial e Registral. Por essa razão, o Direito Imobiliário é considerado um 
dos ramos mais complexos do Direito. Veja alguns exemplos de operações 
jurídicas que envolvem o Direito Imobiliário:
  compra e venda de imóvel;
  locação de imóveis;
  registro de imóveis;
  incorporações imobiliárias;
  condomínios prediais;
  regularização de imóveis no âmbito de divórcios e inventários.
A seguir, você vai estudar mais detidamente os fundamentos do Direito 
Imobiliário, conhecendo os princípios que norteiam as atividades de registro 
imobiliário no Brasil. Além disso, você vai ler sobre o sistema e os meca-
nismos utilizados pelas serventias extrajudiciais, popularmente conhecidas 
como “cartórios”.
2 Princípios do registro imobiliário
Os serviços de registro, segundo o art. 1º da Lei nº. 8.935/1994, são serviços 
de organização técnica e administrativa e devem garantir a publicidade, a 
autenticidade, a segurança e a efi cácia dos atos jurídicos (BRASIL, 1994). 
Nesse sentido, a doutrina estabeleceu, adotando como parâmetro a Constituição 
Federal, a Lei nº. 6.015/1973 e a Lei nº. 8.935/1994, que elencam uma série de 
princípios que devem amparar os registros imobiliários. São eles: legalidade, 
titularidade, tipicidade, publicidade, obrigatoriedade, especialidade, instância, 
cindibilidade, continuidade, prioridade, territorialidade e fé pública. A seguir, 
você vai conhecer melhor cada um deles.
Segundo o jurista Luiz Guilherme Loureiro (2019, p. 535), os princípios 
registrais possuem três funções:
3Fundamentos do Direito Imobiliário
a) Função Informadora ou Integradora: Constituem um modo de orientação 
ou direção fundamental para que os preceitos concretos tenham por conteúdo 
disposições lógicas. b) Função Científica: São uma representação intelectual 
sistematizada do instrumento publicitário integral [...] traduzem as diretrizes 
que balizam os microssistemas jurídicos); c) Função Aplicativa: Objetivam 
facilitar a interpretação das normas jurídicas permitindo uma correta aplicação 
do ordenamento jurídico.
O princípio da obrigatoriedade impõe que se deve registrar todo ato 
praticado entre vivos que objetive transferir, modificar, constituir ou extinguir 
propriedade ou direito real pertinente a imóveis. Dessa forma, o registro 
imobiliário é obrigatório e imprescindível para a eficácia desses atos. Assim 
dispõe o art. 1.227 do Código Civil (BRASIL, 2002, documento on-line) 
“Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre 
vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos 
referidos títulos”. Não existe prazo para que o registro seja efetivado. Contudo, 
é razoável que as partes não protelem tal ato a fim de não serem prejudicadas 
no futuro, por exemplo, pela morte do alienante ou por uma penhora do imóvel 
relativa à dívida contraída.
O princípio da legalidade traduz a ideia de que todos os atos praticados 
pelos registradores estão vinculados às determinações contidas na lei. Os 
oficiais ou as partes não podem fazer exigências proibidas pela lei para efetuar 
o registro nem deixar de exigir aquilo que a lei obriga. A legalidade impõe 
que toda a documentação para a efetivação satisfaça os requisitos legais. É 
dever do oficial fazer a qualificação doprocesso de registro justamente para 
examinar a validade e a eficácia dos atos de registro e garantir a segurança 
dos negócios jurídicos imobiliários.
O princípio da tipicidade também é decorrente da legalidade. Esse prin-
cípio informa que o oficial registrador só pode praticar cada ato conforme 
determinação da legislação. Então, a lei estabelece atos que serão levados a 
registro e outros que serão averbados. O ato de registro possui a chamada 
“tipicidade fechada”, pois o registrador deve seguir estritamente o que está 
previsto em lei. O art. 221 da LPR determina que só são admitidos registros de:
I — escrituras públicas, inclusive as lavradas em consulados brasileiros;
II — escritos particulares autorizados em lei, assinados pelas partes e teste-
munhas, com as firmas reconhecidas, dispensado o reconhecimento quando 
se tratar de atos praticados por entidades vinculadas ao Sistema Financeiro 
da Habitação;
III — atos autênticos de países estrangeiros, com força de instrumento público, 
legalizados e traduzidos na forma da lei, e registrados no cartório do Registro 
Fundamentos do Direito Imobiliário4
de Títulos e Documentos, assim como sentenças proferidas por tribunais 
estrangeiros após homologação pelo Supremo Tribunal Federal;
IV — cartas de sentença, formais de partilha, certidões e mandados extraídos 
de autos de processo.
V — contratos ou termos administrativos, assinados com a União, Estados, 
Municípios ou o Distrito Federal, no âmbito de programas de regularização 
fundiária e de programas habitacionais de interesse social, dispensado o 
reconhecimento de firma (BRASIL, 1973, documento on-line).
No Registro de Imóveis, além da matrícula, é feito o registro de vários 
atos, elencados no art. 167, I, da Lei nº. 6.015/1973. Deve ocorrer o registro, 
por exemplo:
1) da instituição de bem de família;
2) das hipotecas legais, judiciais e convencionais;
3) dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido consignada 
cláusula de vigência no caso de alienação da coisa locada; [...]
7) do usufruto e do uso sobre imóveis e da habitação, quando não resultarem 
do direito de família; [...]
9) dos contratos de compromisso de compra e venda de cessão deste e de 
promessa de cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham 
por objeto imóveis não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua 
celebração, ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações; [...]
28) das sentenças declaratórias de usucapião;
29) da compra e venda pura e condicional; [...]
34) da desapropriação amigável e das sentenças que, em processo de desapro-
priação, fixarem o valor da indenização (BRASIL, 1973, documento on-line).
Por outro lado, há a tipicidade flexível destinada aos atos de averbação. Ela 
pode ser ampliada desde que não prejudique terceiros ou provoque alteração 
nos imóveis. O art. 167, II, da Lei nº. 6.015/1973 determina os atos que devem 
ser averbados. Deve ocorrer a averbação, por exemplo:
1) das convenções antenupciais e do regime de bens diversos do legal, nos 
registros referentes a imóveis ou a direitos reais pertencentes a qualquer dos 
cônjuges, inclusive os adquiridos posteriormente ao casamento;
2) por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos reais;
3) dos contratos de promessa de compra e venda, das cessões e das promessas 
de cessão a que alude o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, quando 
o loteamento se tiver formalizado anteriormente à vigência desta Lei; [...]
16) do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de preferência 
(BRASIL, 1973, documento on-line).
5Fundamentos do Direito Imobiliário
O princípio da publicidade é considerado um dos pilares do registro imo-
biliário, pois é por meio dele que se garante que os registros se tornem públicos 
e acessíveis a qualquer pessoa que tiver interesse. A publicidade possibilita os 
efeitos declaratórios e constitutivos do registro, dá amplo conhecimento aos 
atos de registro, garante maior segurança nas relações jurídicas imobiliárias 
e permite a expedição de certidões de matrícula dos imóveis. Em decorrência 
da publicidade e do acesso público aos registros, não é permitido que alguém 
alegue desconhecer os aspectos jurídicos dos imóveis, como possíveis ônus, 
por exemplo, penhora e hipoteca.
Lembre-se de que acessibilidade não significa sempre gratuidade. Os serviços de 
busca de anotações nos registros de imóveis podem ser cobrados. Os valores são 
determinados em tabelas de taxas e emolumentos fixados em lei estadual.
O princípio da especialidade requer que todos os elementos envolvidos no 
registro imobiliário sejam corretamente identificados e especificados. Nesse 
sentido, a LRP afirma o seguinte:
Art. 225. Os tabeliães, escrivães e juízes farão com que, nas escrituras e 
nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os características, as 
confrontações e as localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos 
confrontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica do lado par 
ou do lado ímpar do logradouro, em que quadra e a que distância métrica da 
edificação ou da esquina mais próxima, exigindo dos interessados certidão 
do registro imobiliário (BRASIL, 1973, documento on-line).
As mesmas minúcias relativas à caracterização do imóvel devem constar 
dos instrumentos particulares apresentados em cartório para registro. Se 
nos títulos a caracterização do imóvel não coincidir com a que consta 
do registro anterior, aqueles serão considerados irregulares para efeito 
de matrícula. Além disso, a LPR estabelece que, nos autos judiciais que 
versem sobre imóveis rurais, a localização, os limites e as confrontações 
serão obtidos:
Fundamentos do Direito Imobiliário6
a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a 
devida Anotação de Responsabilidade Técnica — ART, contendo as coordena-
das dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas 
ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo 
INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis 
rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais (BRASIL, 
1973, documento on-line).
Essas exigências legais permitem que os imóveis fiquem bem caracte-
rizados, diminuindo possíveis fraudes e evitando conflitos. O princípio da 
especialidade possui ainda um subprincípio chamado de “unicidade”, o qual 
impõe que cada imóvel tenha uma matrícula e que cada matrícula possua um 
único imóvel. A matrícula inclui todas as possíveis alterações que o imóvel 
venha a sofrer, tais como registros e averbações.
O princípio da instância estabelece que o registrador, com exceção das 
anotações e averbações obrigatórias, só pode realizar atos de registro ou 
averbação se for solicitado por quem de direito. Nesse sentido, a regra é que 
as anotações sejam feitas: “[...] I — por ordem judicial; II — a requerimento 
verbal ou escrito dos interessados; III — a requerimento do Ministério Público, 
quando a lei autorizar” (BRASIL, 1973, documento on-line).
O princípio da instância pode também ser chamado de “reserva de iniciativa”, “rogação” 
ou “inércia do registrador”.
Por sua vez, o princípio da continuidade determina que todo registro 
deve se apoiar no registro anterior. Só é possível efetuar um registro se 
aquele que figura como outorgante for o titular do registro anterior. A LPR 
prevê que, se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do 
outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título anterior, 
qualquer que seja a sua natureza, para manter a continuidade do registro 
(BRASIL, 1973).
Há duas exceções às quais não é aplicado o princípio da continuidade. 
A primeira se refere à usucapião, já que nesse caso não há transmissão da 
propriedade pelo titular anterior constante no registro do imóvel. A segunda 
exceção se refere à possibilidade de o município solicitar ao cartório de registro 
7Fundamentos do Direito Imobiliário
de imóveis competentea abertura de matrícula de parte ou da totalidade de 
imóveis públicos oriundos de parcelamento do solo urbano implantado, ainda 
que não inscrito ou registrado, por meio de requerimento acompanhado de 
documentos prescritos na LRP (art. 195–A) (BRASIL, 1973).
O princípio da prioridade decorre de um ato registral que se chama 
“prenotação”. A prenotação é uma anotação realizada pelo registrador no livro 
de protocolo e apõe a ordem de apresentação do título no registro de imóvel. 
A prioridade, então, é definida pela ordem de entrada do título na serventia 
extrajudicial: aquele que primeiro apresentar o título terá preferência para 
o registro. Na seção a seguir, que trata sobre a ordem de serviço, você vai 
conhecer melhor o ato de prenotação e a prioridade.
O princípio da cindibilidade ou parcelaridade permite que, ao efetuar o 
registro, o oficial considere apenas algumas partes do título. A cindibilidade 
pode ocorrer porque há uma nulidade parcial passível de separação do registro, 
ou porque a parte interessada fez um requerimento específico apontando qual 
parte do título deverá, ou não, ser anotada para fins de registro. Já o princípio 
da territorialidade ou circunscrição determina a limitação da competência 
da serventia extrajudicial para a efetivação de registros e averbações. Cada 
serventia possui competência determinada por lei. Caso o registro seja efetuado 
em serventia incompetente, o ato será considerado nulo.
O princípio da titularidade estabelece que os atos de registro só podem 
ser praticados por quem tem fé pública. Mas você sabe quem tem fé pública? 
A fé pública é detida pelas pessoas que são nomeadas pelo poder público 
para exercer a atividade delegada de serviço de registros públicos. Assim, só 
possuem validade os atos praticados por oficiais registradores e seus prepostos, 
nos limites estabelecidos pela lei. Por fim, o princípio da fé pública informa 
que todos os atos registrais, praticados mediante delegação do poder público 
por meio dos oficiais registradores, gozam de autenticidade. A fé pública é o 
princípio disposto no art. 3º da Lei nº. 8.935/1994 (BRASIL, 1994).
3 Ordem de serviço, qualificação registral 
e fiscalização
A ordem de serviço diz respeito às regras de funcionamento das serventias 
extrajudiciais, tais como o horário de funcionamento, a possibilidade de reali-
zação de atos fora do horário de expediente cartorário, a ordem de recebimento 
de documentação, as custas e os emolumentos. Assim, os serviços de registro 
imobiliário serão prestados, de modo efi ciente e adequado, em dias e horários 
Fundamentos do Direito Imobiliário8
estabelecidos pelo juízo competente, atendidas as peculiaridades locais, em 
lugar de fácil acesso ao público e que ofereça segurança para o arquivamento 
de livros e documentos.
O serviço de registro imobiliário começará e terminará às mesmas horas 
em todos os dias úteis. Lembre-se de que tais horários não são iguais em todo 
o País, portanto o profissional deve verificar a lei estadual ou as regras do 
Poder Judiciário do estado ao qual a serventia extrajudicial está submetida. 
De toda forma, o atendimento ao público deverá ser de no mínimo seis ho-
ras diárias. Essa regra não se aplica aos registros civis de pessoas naturais, 
que funcionarão todos os dias, adotando o sistema de plantão para sábados, 
domingos e feriados.
Se o registro for lavrado fora do horário regulamentar ou em dias em que não houver 
expediente, o respectivo ato será considerado nulo, e o oficial que der causa a tal nulidade 
será responsabilizado civil e criminalmente. A responsabilização civil do oficial depende 
de comprovação de dano pela parte que alegar a nulidade do registro. Quanto à res-
ponsabilidade penal, se for o caso, o oficial poderá responder por crime de prevaricação.
Os oficiais titulares de cartório adotarão o melhor regime interno de modo 
a assegurar às partes a ordem de precedência na apresentação dos seus títulos, 
estabelecendo-se, sempre, o número de ordem geral. Contudo, é possível que, 
diante do excesso de atividades, os títulos apresentados no horário regulamentar 
não sejam registrados até a hora do encerramento do serviço. Nesse caso, esses 
títulos aguardarão o dia seguinte, no qual serão registrados preferencialmente.
De acordo com o art. 12 da Lei nº. 6.015/1973, “Nenhuma exigência fiscal, 
ou dúvida, obstará a apresentação de um título e o seu lançamento do Protocolo 
com o respectivo número de ordem, nos casos em que da precedência decorra 
prioridade de direitos para o apresentante” (BRASIL, 1973, documento on-line). 
Além disso, independem de apontamento no protocolo os títulos apresentados 
apenas para exame e cálculo dos respectivos emolumentos. As regras pertinentes 
à apresentação e à qualificação dos títulos levados a registro estão previstas nos 
arts. 183 a 216–A da LPR (BRASIL, 1973). A seguir, você vai ver algumas delas, 
mas o ideal é que você leia todos os artigos diretamente no referido diploma 
jurídico, pois isso é muito importante para a excelência profissional.
9Fundamentos do Direito Imobiliário
Ao serem protocolados, os títulos receberão o número de ordem que lhes 
competir em razão da sequência rigorosa de sua apresentação. A escrituração do 
protocolo caberá tanto ao oficial titular como ao seu substituto legal, podendo 
ser feita ainda por escrevente auxiliar expressamente designado pelo oficial 
titular ou pelo seu substituto legal (mediante autorização do juiz competente), 
ainda que os segundos não estejam nem afastados, nem impedidos.
O número de ordem determinará a prioridade do título, e esta, a preferência 
dos direitos reais, ainda que uma mesma pessoa apresente mais de um título 
simultaneamente. Nesse sentido, veja o que afirma o art. 1.246 do Código 
Civil (BRASIL, 2002, documento on-line): “O registro é eficaz desde o mo-
mento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no 
protocolo”. Após o protocolo do título, serão realizadas as prenotações, que 
consistem numa série de atos de buscas e na elaboração de resumos. Feita a 
prenotação, como regra, inicia-se o prazo de 30 dias destinado à qualificação 
registral e ao efetivo registro.
Ao oficial registrador, cabe a qualificação registral. Ela é um mecanismo 
que visa a garantir a efetiva relação entre a titularidade presumida e a titu-
laridade verdadeira de um imóvel. Em outras palavras, fazer a qualificação 
registral significa conferir a autenticidade do título e publicizar o requeri-
mento de registro de imóvel. Assim, o oficial tem a incumbência de verificar 
o protocolo do registro no que se refere ao cumprimento de requisitos legais 
(aspectos formais) e à exatidão nas qualificações do alienante, como o nome 
constante no registro do titular do domínio e o estado civil das partes. Tudo 
isso serve para impedir, na máxima medida, fraudes e ilegalidades no registro 
imobiliário (LOUREIRO, 2019).
Algumas regras são impostas pela lei para o registro de títulos. A seguir, 
veja quais são elas.
1. Não serão registrados no mesmo dia títulos pelos quais se constituam 
direitos reais contraditórios sobre o mesmo imóvel.
2. O título de natureza particular apresentado em uma só via será arqui-
vado em cartório, fornecendo o oficial, a pedido, certidão desse título.
3. Se o imóvel não estiver matriculado ou registrado em nome do outor-
gante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do título anterior, 
qualquer que seja a sua natureza, para manter a continuidade do registro.
4. A matrícula será feita à vista dos elementos constantes do título apre-
sentado e do registro anterior que constar do próprio cartório.
Fundamentos do Direito Imobiliário10
No processo de qualificação, o oficial poderá:
  verificar que o título é perfeito e efetuar o registro;
  verificar a existência de vícios e solicitar que sejam sanados;
  verificar que o título possui vícios insanáveis e devolvê-lo ao apresen-
tante, anotando o evento no protocolo.
Se o interessado não concordarcom a devolução do título ou com os 
vícios apontados pelo oficial registrador, ele poderá iniciar um procedimento 
de natureza administrativa perante o juízo competente. Tal procedimento se 
chama “suscitação de dúvida”. Esse procedimento é regulamentado pelo art. 
198 e seguintes da LPR (BRASIL, 1973). Além disso, como regra, se não 
ocorrer o registro depois de passados 30 dias do protocolo, o título deverá ser 
novamente apresentado e protocolado. Entretanto, nesse caso, o requerente 
passa a ter preferência na ordem de registro.
Pelos atos que praticarem, os oficiais de registro terão direito, a título de remu-
neração, aos emolumentos fixados nos regimentos de custas do Distrito Federal, 
dos estados e dos territórios, os quais serão pagos diretamente pelo interessado, no 
ato de requerimento ou no da apresentação do título. O valor desses emolumentos 
é tabelado e fixado por lei estadual. A tabela com os valores deve ser afixada 
em local visível, de fácil leitura e acessível ao público. Dessa forma, o oficial 
registrador pode cobrar o pagamento dos emolumentos na conclusão do ato, mas 
não pode cobrar valor mais alto ou mais baixo do que aquele determinado pela lei.
Como afirma o parágrafo único do art. 14 da Lei nº. 6.015/1973, “O valor correspondente às cus-
tas de escrituras, certidões, buscas, averbações, registros de qualquer natureza, emolumentos 
e despesas legais constará, obrigatoriamente, do próprio documento, independentemente 
da expedição do recibo, quando solicitado” (BRASIL, 1973, documento on-line).
Por fim, como você sabe, os serviços de registro público são atividades 
privadas, porém exercidas mediante delegação do poder público. Logo, sofrem 
fiscalização permanente do Estado. A fiscalização das serventias registrais 
11Fundamentos do Direito Imobiliário
é realizada pelo Poder Judiciário, assim definido na órbita estadual e do 
Distrito Federal. Tal fiscalização ocorre sempre que necessário ou mediante 
representação de qualquer interessado, quando da inobservância de obrigação 
legal por parte do oficial de registro ou de seus prepostos.
Cabe ao Poder Judiciário zelar para que os serviços de registro sejam 
prestados com rapidez, qualidade satisfatória e eficiência. Além disso, o Poder 
Judiciário pode sugerir à autoridade competente a elaboração de planos para 
adequar e melhorar a prestação desses serviços, observando também critérios 
populacionais e socioeconômicos.
BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 
Brasília, 5 abr. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 12 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 3.071, de 1º de janeiro de 1916. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. 
Coleção de Leis do Brasil, Rio de Janeiro, 5 jan. 1976. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L3071impressao.htm. Acesso em: 12 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá 
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 31 dez. 1973. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L6015compilada.htm. Acesso em: 12 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 8.935, de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da Consti-
tuição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Diário Oficial da União, 
21 nov. 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8935.htm. 
Acesso em: 12 maio 2020.
BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 12 maio 2020.
LOUREIRO, L. G. Registros públicos: teoria e prática. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2019.
CASSETTARI, C. (coord.). Registro de Imóveis II: atos ordinários. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 
2016.
Fundamentos do Direito Imobiliário12
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