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MERCADO FINANCEIRO CÍNTIA MAÍSA BENDER SUMÁRIO Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU- PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for- ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Rafael Giovanella Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Júlia Oliveira, Thais Munhoz Revisora Luana dos Reis SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 5 ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 6 SUBSISTEMA OPERADOR 8 MERCADO FINANCEIRO, TAXAS DE JUROS E POLÍTICAS ECONÔMICAS 15 MERCADO FINANCEIRO 16 TAXA DE JUROS E POLÍTICAS ECONÔMICAS 20 POLÍTICAS ECONÔMICAS 22 PRODUTOS/PAPÉIS NEGOCIADOS NO MERCADO FINANCEIRO 29 TÍTULOS E PAPÉIS NEGOCIADOS NO MERCADO MONETÁRIO 30 PRODUTOS DO MERCADO DE CRÉDITO – PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS 33 PRODUTOS/TÍTULOS/PAPÉIS DO MERCADO DE CAPITAIS E CAMBIAL 36 INVESTIMENTOS (APLICAÇÕES FINANCEIRAS) MAIS COMUNS, E POR TIPO DE RENTABILIDADE: RENDA FIXA E RENDA VARIÁVEL 44 INVESTIMENTOS EM RENDA FIXA 45 3ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA II APRESENTAÇÃO Olá, aluno! Seja bem-vindo à disciplina de Mercado Financeiro. Mercado é um conjunto de ofertantes (vendedores) e demandantes (compradores) para algum produto ou serviço, e pode ou não ser geograficamente delimitado. Mercado é um conceito que leva uma certa abstração, pois alguns mercados não estão geografica- mente delimitados, nem mesmo são possíveis de serem enxergados como um todo (diferente de um mercado de produtos tangíveis localizado num bairro, por exemplo). O Mercado Financeiro é um destes mercados. Complexo e amplo, é um ambiente que reúne um conjunto de instituições, entre emprestadores (ofertantes) e captadores (demandantes) de recursos, permitindo a negociação de dife- rentes produtos financeiros. Este mercado também possui uma ampla gama de intermediários, que são os responsáveis por promover o encontro entre estes agentes (tomadores e aplicadores). Os objetivos dos participantes do mercado são bastante amplos, desde a captação de recursos para consumo ou investimento, até aplicação de recursos com a finalidade de proteger da inflação e obter algu- ma rentabilidade. Dinheiro sem aplicação, ou seja, dinheiro guardado em casa ou na conta corrente é dinheiro improdutivo, sem utilização eficien- te, não é mesmo? Por isso é que o bom funcionamento do mercado financeiro possui amplo impacto na economia de um país. Quanto melhor o funcionamento de um mercado financeiro, melhor será a alocação (o uso) dos recursos financeiros do país, logo, mais recur- sos circulando, gerando renda e emprego, e menos dinheiro fora de circulação, deixando de obter alguma rentabilidade. 4ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA II APRESENTAÇÃO O que garante a seriedade, transparência e o bom funcionamento das operações de compra e venda no mercado financeiro é o Sistema Financeiro dos Países. No Brasil, chama-se Sistema Financeiro Nacional - SFN. Este sistema engloba agentes fiscalizadores, reguladores e operadores do Mercado Financeiro, dando segurança às operações financeiras, investidores e captadores de recursos, assim como aos intermediários. No presente e-book, vocês compreenderão como é composto o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional do Brasil. Após, será feita uma abordagem do Mercado Financeiro e cada um dos mercados que o compõe. Também serão abordadas as taxas de juros e políticas econômicas que influenciam estes mercados. Com a finalidade de compreendermos melhor os produtos negociados no mer- cado financeiro, aprenderemos sobre os principais papéis/produtos ofertados em cada mercado, que faz parte do mercado financeiro (mercado de crédito, mercado de capitais, mercado monetário, etc.). Por fim, abordaremos as principais características de alguns in- vestimentos comuns, procurando analisar as aplicações de renda fixa e renda variável, bem como os tipos de investimentos (aplicação financeira) mais recomendados para cada situação econômica. Por ser assunto de grande amplitude e abrangência, este e-book não englobará o assunto completo referente ao tema, mas uma iniciação ao amplo mundo da oferta e demanda por recursos financeiros. 5 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Você já ouviu falar em Sistema Financeiro? Sabia que todos os países possuem o seu Sistema Financeiro, e este possui grande importância? Você tem ideia do que possa ser isto? 6MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Sistema Financeiro é um conjunto de instituições que possuem a incumbência de regulamentar, fiscalizar e intermediar as transações entre os agentes econômicos su- peravitários. As pessoas que possuem recursos ($$) sobrando, e os agentes econômicos deficitários, aqueles que precisam captar recursos de terceiros, pois não possuem quan- tidade suficiente para realizar suas necessidades de consumo ou de investimento. ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL O Sistema financeiro é dividido em subsistema normativo e subsistema operador. SUBSISTEMA NORMATIVO O subsistema normativo cria as regras que regulamentam o sistema financeiro e fisca- liza a aplicação destas regras. Neste subsistema, temos o Conselho Monetário Nacional (CMN), criado em 1964, pos- sui a finalidade de formular a política da moeda e do crédito. O CMN é composto pelo ministro da Fazenda, que preside o conselho, pelo ministro do planejamento, Orçamento e Gestão, e pelo presidente do Banco Central do Brasil.1 Também faz parte do sistema normativo, o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), que foi criado em 1966, sendo responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados. Posteriormente, em 1977, a função deste conselho foi ampliada, esten- dendo suas atribuições à previdência privada. Este Conselho é formado pelo Ministro da Economia, que o preside, bem como os repre- sentantes do Ministério da Justiça e Ministério da Previdência Social, pelo superintendente da superintendência de seguros privados, pelos representantes do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários. Por fim, faz parte do subsistema normativo, o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), criado em 2010, que tem a função de regular o regime de previdência complementar através das entidades de previdência complementar (fundos de pensão). Além dos órgãos normativos, também há, dentro deste subsistema normativo, as enti- dades supervisoras: • Banco Central do Brasil (BACEN); • Comissão de Valores Mobiliários (CVM); • Superintendência de Seguros Privados (SUSEP); • Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC). 1 No governo de Jair Bolsonaro, em 2019, foi criado o ministério da Economia, que substitui os anteriores Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e parte das funções do Ministério de Desenvolvimento e Comércio Exterior. 7MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO O Banco Central do Brasil (BACEN) é responsável por executar as orientações vindas do Conselho Monetário Nacional (CMN), zelando pela manutenção do poder de compra da moe- da nacional. Ele é o responsável por executar a política monetária com o intuito de controlar a inflação dentro dos limites pré-estabelecidos. É o Bacen que possui o monopólio na emissão de moeda e fiscaliza as instituições finan- ceiras (bancos e outros), além de conceder crédito a elas. O Bacen é conhecido como o Banco dos Bancos. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamenta, desenvolve, controla e fiscaliza o mercado de valoresmobiliários. O que são estes valores mobiliários? São documentos emitidos por empresas públicas ou privadas. Valor mobiliário é um tí- tulo de propriedade (ação) ou de crédito (obrigação), negociados em bolsas de valores e mer- cado aberto, respectivamente. Se você adquirir uma ação de uma empresa, você possui par- cela da propriedade da mesma, e se você usufruir um título de crédito de uma empresa, esta empresa assumirá uma obrigação com você, de te devolver este valor investido, corrigido pela rentabilidade definida no contrato. A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) é responsável pelo controle e fiscali- zação dos mercados de seguros, previdência privada aberta e capitalização. Por fim, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) fiscaliza e supervisiona as atividades das entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão) e a execução das políticas para o regime de previdência complementar. 8MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Figura 1: Sistema Financeiro Nacional Fonte: Banco Central do Brasil. SUBSISTEMA OPERADOR O subsistema operador é composto por instituições que realizam a intermediação finan- ceira propriamente dita, conforme comentado anteriormente. Dentre os operadores, estão as instituições financeiras que realizam captação de depósitos à vista. O que são os depósitos à vista? São captações de recursos que o Banco faz junto ao público. Do ponto de vista dos de- positantes, são depósitos de valores que não são remunerados e permanecem no banco por prazo indeterminado, sendo livres as suas movimentações, logo, não há período mínimo para o qual os recursos devam ficar aplicados no Banco. 9MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO • Bancos múltiplos com carteira comercial: são os bancos que nós conhecemos, que devem possuir, no mínimo, duas carteiras, e uma delas deve ser, obrigatoriamente, comercial e investimento. Estas carteiras se referem ao tipo de cliente que é atendido, e a finalidade da administração dos recursos do Banco. • Os bancos comerciais também são operadores e, como o próprio nome diz, são capta- dores de depósitos a prazo e à vista. Também prestam serviços como recebimentos de impostos e tarifas, cobranças diversas, transferências, ordens de pagamento, etc. • Caixa Econômica Federal: é uma instituição financeira semelhante aos bancos comer- ciais, mas com algumas características que a diferencia das demais, como seu caráter social. A Caixa Econômica realiza a concessão de empréstimos e financiamentos a pro- jetos e programas de assistência social, saúde, educação, etc. Ela também é a responsá- vel pelo recolhimento e a aplicação dos recursos oriundos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A CEF também possui monopólio para empréstimo sob penhor de bens pessoais e através de consignação. Por fim, a CEF possui monopólio na operação da loteria federal. • Cooperativas de crédito: são instituições financeiras que têm o intuito de atender às ne- cessidades de recursos de seus associados. Elas podem surgir da associação de funcio- nários de uma empresa, conjunto de empresas ou de profissionais de um mesmo seg- mento. Também, no subsistema operador, temos as Bolsas de Mercadorias e Futuros: são ins- tituições privadas que realizam registro, compensação e a liquidação, física e financeira, das operações de derivativos. 10MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO O que são derivativos? São aplicações financeiras, nas quais o valor deriva de outros produtos, como dólar, soja, algodão, boi gordo, índices, café, etc. Nesta categoria de operadores, temos os Bancos de Câmbio e demais instituições finan- ceiras. Instituição operadora Como é constituída? Função Agências de fomento Sociedades anônimas de capital fechado com controle acionário do Estado ou DF. Financiar empreendimentos previstos em programas de desenvolvimento econômico dos Estados. Associações de poupança e empréstimo Sociedades civis Realizações de operações direcionadas ao mercado imobiliário. Bancos de câmbio Instituições financeiras Especializadas em operações de compra e venda de moeda estrangeira e operações relacionadas ao câmbio e comércio exterior, como financiamento de importação e exportação. Bancos de desenvolvimento Sociedades anônimas controladas pelos seus governos estaduais. Promoção do desenvolvimento econômico e social da região onde atuam. Bancos de investimento Instituições financeiras de natureza privada. Fornecem crédito de médio e longo prazos, para investimento. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES Empresa Pública Federal. Apoio a empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento econômico do país. Financiamentos de longo prazo a taxas de juros mais baixas do que as taxas do mercado. Companhias hipotecárias Sociedade anônima. Conceder financiamentos destinados à produção, reforma ou comercialização de imóveis residenciais ou comerciais. Cooperativas Centrais de Crédito Formada por cooperativas de crédito. Administração e suporte às cooperativas filiadas (supervisão; capacitação dos administradores, gerentes e associados; auditoria das demonstrações financeiras). Sociedades de crédito, financiamento e investimento. Instituições financeiras privadas - sociedades anônimas. Financiamento de bens duráveis por meio do crédito direto ao consumidor. Sociedades de Crédito Imobiliário Instituições financeiras privadas - sociedades anônimas. Financiamento da construção de habitações, abertura de crédito para compra ou construção da casa própria; financiar capital de giro para incorporadoras, produtoras e distribuidoras de materiais de construção. Sociedades de crédito ao microempreendedor Companhia fechada ou sociedade por quotas de responsabilidade limitada. Concessão de financiamentos e prestação de garantias a pessoas físicas ou jurídicas, classificadas como microempresas para viabilização de empreendimentos. Obs.: muitas instituições operadoras atuam com mais de um tipo de função/atividade. 11MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Qual é a diferença entre as sociedades anônimas, as companhias fechadas e as sociedades por quotas de responsabilidade limitada? Sociedade anônima: empresa com fins lucrativos, caracterizada por ter o seu capital financei- ro dividido por ações. Os donos das ações são chamados de acionistas e, neste caso, a empresa deve ter sempre dois ou mais acionistas. Uma empresa de capital fechado é uma sociedade anônima na qual o capital social representado pelas ações está, normalmente, dividido entre poucos acionistas, e as ações não estão à venda para quaisquer acionistas. Sociedade por quotas de responsabilidade limitada: trata-se de sociedade empresária onde a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem pela inte- gralização do capital social. O ato por meio do qual o sócio injeta capital na sociedade, denomina-se subscrição. Na medida em que esse sócio ingressa com o capital, integraliza o que subscreveu, pa- gando à sociedade o que se comprometeu. O pagamento feito pelos sócios determina o capital social. As Bolsas de Valores também são um importante operador do mercado financeiro. São ins- tituições privadas e têm como objetivo manter um local ou um sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. Em 2008, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias e Futu- ros (BM&F) uniram-se, criando a BM&F - Bovespa. A mesma possui capital aberto. Em 2017, houve a fusão entre a BM&F – Bovespa e Cetip2 , dando início à B33 . As sociedades seguradoras também são operadoras do sistema financeiro, e são ins- tituições privadas que administram riscos e vendem apólices de proteção de todos os tipos: acidentes pessoais, saúde, de vida, contra incêndios, para automóvel, etc. Na sequência, em forma de quadro, apresentarei outros intermediários financeirose administradores de recursos de terceiros: Instituição operadora Como é constituída? Função Administradoras de consórcio Pessoas jurídicas – administradora. Prestar serviços relativos à formação, organização e administração de grupos de consórcio (sociedade). Sociedades de arrendamento mercantil Sociedade anônima. Operações de arrendamento mercantil, financeiro e operacional (leasing). Sociedades corretoras de câmbio Sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. Intermediação em operações de câmbio e prática de operações no mercado cambial e taxas flutuantes. Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários Sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. Operar em Bolsas de Valores, administrar carteiras de terceiros, administrar fundos e clubes de investimento, comprar e vender títulos e valores mobiliários, entre outros. Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários Sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. Operação mais restrita do que às corretoras, pois não tem acesso às bolsas de valores e de mercadorias. 2CETIP é uma instituição importante para o país, pois é considerada como uma integradora do mercado financeiro. Antes de existir a CETIP as operações e liquidações financeiras de títulos eram executadas de forma física, ou seja, eram emitidas em papel, havendo liquidação por meio de cheque. A CETIP trouxe mais agilidade a essas movimentações, pois as mesmas passaram a ser executadas em um ambiente eletrônico. Desde 2017, esta instituição faz parte do conglomerado B3. 3Para mais informações, acessar: http://www.b3.com.br/pt_br/ 12MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Há ainda: • sociedades de capitalização; • entidades abertas de previdência complementar; • entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). As primeiras são sociedades anônimas, que negociam contratos (títulos de capitaliza- ção), onde valores são depositados periodicamente pelo contratante, que possui o direito de resgate futuro, concorrendo a sorteios e prêmios em dinheiro. As entidades abertas de previdência complementar são sociedades anônimas que ope- ram planos de previdência que podem ser pagos no futuro, de maneira única ou continuada, acessíveis a qualquer pessoa física. Já as Entidades fechadas de previdência, são organizadas em forma de fundação ou sociedade civil, e são acessíveis, exclusivamente, aos empregados de alguma empresa ou a servidores federais, estaduais ou municipais. O subsistema operador, conforme comentado anteriormente, é composto por institui- ções das mais variadas formas e constituição, que contribuem com a intermediação, propria- mente dita, entre os poupadores e os aplicadores destes recursos. No subsistema normativo e fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional, estão as instituições que visam manter o bom funcionamento de todo este complexo sistema de intermediação, zelando pela ética e susten- tabilidade financeira das instituições pertencentes ao SFN. SUBSISTEMA NORMATIVO Instituições que criam as regras: • Conselho Monetário Nacional (CMN); • Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); • Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). As entidades supervisoras (que fiscalizam): • Banco Central do Brasil (Bacen); • Comissão de Valores Mobiliários (CVM); • Superintendência de Seguros Privados (Susep); • Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Abaixo deste sistema, existe o Sistema Operador, composto por inúmeras instituições que atuam na operação diária do mercado, realizando a intermediação propriamente dita. Este sistema é de suma importância, pois seu bom funcionamento permite que os recur- sos financeiros de um país sejam alocados eficientemente. 13MERCADO FINANCEIRO SÍNTESE SUMÁRIO O Sistema Financeiro Nacional é um complexo organizado de instituições que atuam na regulamentação, normatização, fiscalização e ope- ração do Mercado Financeiro. Dada a complexidade deste sistema, dificilmente compreenderemos, à fundo, tudo o que envolve este sistema. No entanto, temos que compreender a função e organização mais ampla, e procurar conhecer melhor as instituições às quais possuímos mais contato no nosso dia a dia. Para sintetizarmos este sistema, no alto da hierarquia, temos o subsistema normativo, que cria as regras que regulamentam o sistema fi- nanceiro e fiscaliza a aplicação destas regras. O subsistema operador é aquele que atua diretamente na intermediação entre os agentes poupado- res e captadores de recursos, nos mais diversos âmbitos e para os mais variados objetivos. 14MERCADO FINANCEIRO EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. Preencha a coluna da direita, referente ao âmbito de atuação das instituições no Sistema Financeiro Nacional, correspondendo ao subsistema ao qual faz parte: a. Subsistema Normativo b. Subsistema Operador Instituições do SFN Subsistema Banco de Investimento Conselho Monetário Nacional Bolsa de Valores Administradoras de Consórcio Banco Central do Brasil - BACEN 2. Como se chama, atualmente, a Bolsa de Valores Brasileira? a. Bovespa b. Ibovespa c. Bolsa de Mercadorias e Futuros d. BM&F - Bovespa e. B3 3. O Banco Central do Brasil, assim como a CVM, faz parte do sub- sistema normativo como entidades supervisoras no Sistema Fi- nanceiro Nacional. Sobre estas duas instituições, assinale V para verdadeiro e F para Falso: a. ( ) O Banco Central do Brasil (Bacen) tem a incumbência de manter o poder de compra da moeda nacional, ou seja, é o responsável por executar a política monetária com o intuito de manter a inflação dentro dos limites pré-estabelecidos. b. ( ) O Bacen é responsável por executar as orientações vin- das do Comitê de Valores Mobiliários (CVM). c. ( ) É o Bacen que possui o monopólio na emissão de moeda e fiscaliza as instituições financeiras (bancos e outros), além de conceder crédito para elas. d. ( ) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamenta, desenvolve, controla e fiscaliza o mercado de valores mobi- liários. e. ( ) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamenta, desenvolve, controla e fiscaliza o mercado de seguros. 15 MERCADO FINANCEIRO, TAXAS DE JUROS E POLÍTICAS ECONÔMICAS O que é mercado financeiro? Como este mercado funciona? 16MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO MERCADO FINANCEIRO Mercado é um espaço geograficamente delimitado ou não (pode não ter uma localização física), onde ofertantes e demandantes de algum produto ou serviço negociam e realizam as operações de compra e venda destes bens ou serviços. Pois bem, conseguimos visualizar facilmente os mercados de produtos e serviços mais conhecidos, como o mercado de automóveis, mercado de alimentos, mercado de serviços de segurança, transporte, etc. E o mercado financeiro, como funciona? Como é feita a negociação neste mercado? Qual é a importância do mercado financeiro e de que maneira ele é subdividido? No mercado financeiro, como o próprio nome diz, são realizadas as negociações de com- pra e venda de ativos financeiros: moeda nacional e estrangeira, e outros ativos financeiros. O preço dos ativos financeiros (moeda nacional) é conhecido como taxa de juros. Assim como no mercado de produtos e serviços, onde a interação entre oferta e demanda formará os preços de negociação, no mercado financeiro, o preço é a taxa de juros, ou o preço dos ativos transacionados. No caso do mercado de capitais, onde são negociadas as ações de empresas, os ganhos são decorrentes da diferença entre o preço de compra e o preço de venda das ações, além de outros pagamentos recebidos pelos acionistas. Neste mercado, os ofertantes são os empres- tadores de recursos (aqueles que abrem mão de gastar no presente - os poupadores), e os de- mandantes são os captadores de recursos (aqueles que desejam consumir ou investir em algo no presente, mas não possuem recursos próprios no montante suficiente (conhecidostam- bém como tomadores de recursos). A taxa de juros é a remuneração dos poupadores e o custo do capital para os captadores. O mercado financeiro pode ser dividido em diversos tipos de mercados, segundo o tipo de ativos financeiros negociados. Existem diversos tipos de classificações na literatura, mas utilizarei a definição de KERR (2011). Para o autor, o mercado financeiro poderia ser dividido nos seguintes mercados: • mercado monetário; • mercado de crédito; • mercado cambial; • mercado de capitais; • mercado de derivativos. Segundo ele, esta divisão é exclusivamente para fins didáticos, pois, na prática, às ve- zes, os mercados que serão expostos abaixo se confundem, ou seja, podem negociar alguns produtos/serviços comuns. 17MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO MERCADO MONETÁRIO Neste mercado, são realizadas operações de curto e curtíssimo prazos, para controle da liquidez dos meios de pagamento na economia. Os papéis mais negociados são aqueles emi- tidos pelo Banco Central do Brasil, que servem para a execução da Política Monetária4, cujo propósito é o financiamento do déficit público5. Este mercado também negocia aplicações de saldos de caixa de curto prazo das empre- sas. Os produtos negociados são: CDI’s (Certificados de Depósitos Interfinanceiros), entre instituições financeiras, CDB (Certificado de Deposito Bancário) e as debêntures, que são tí- tulos emitidos pelas empresas do setor privado. Os papéis negociados no mercado monetário servem como parâmetro à formação da taxa de juros básica da economia - SELIC. 4Veremos mais adiante, em juros e políticas econômicas. 5Déficit publico ocorre quando a receita do governo é inferior aos gastos do governo, ou seja, quando o orçamento do governo está desequilibrado. 18MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO MERCADO DE CRÉDITO Neste mercado, são realizadas a maior parte das negociações que envolvem as institui- ções financeiras que utilizam instrumentos de curto e médio prazos, ou outro prazo aleatório. Este mercado serve, especificamente, para fornecer capital às empresas nas suas necessida- des de capital de giro (curto prazo) ou ativo permanente6 (longo prazo), bem como financiar o consumo de indivíduos (crédito para compra de bens duráveis7 pelos consumidores). Os intermediadores deste mercado são os bancos comerciais e as sociedades financeiras. 6Ativos permanentes podem ser a construção ou compra de instalações físicas, mobília, máquinas e equipamentos, etc. 7Bens duráveis são bens que podem ser utilizados várias vezes durante longo período, pois não se esgotam facilmente: eletrodomésticos, automóveis,etc. MERCADO DE CAPITAIS Este mercado possui foco na intermediação de recursos financeiros de médio e longo prazos, especialmente, recursos utilizados para investimentos em ativos imobilizados (in- vestimentos na construção de plantas produtivas e máquinas, por exemplo). As negociações envolvem compra e venda de ações e debêntures, principalmente. 19MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO MERCADO CAMBIAL Envolve a compra e venda de moeda estrangeira. Atuam os agentes voltados ao comér- cio internacional, sendo as instituições financeiras autorizadas, bancárias e não bancárias, que realizam as operações de intermediação. MERCADO DE DERIVATIVOS São negociados ativos cujos valores derivam de outros ativos, que podem ser físicos (café, ouro, etc.) ou financeiros (ações, taxas de juros, etc.). 20MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO TAXA DE JUROS E POLÍTICAS ECONÔMICAS O comércio e a introdução da moeda, na economia, trouxeram a prática da cobrança de encargos como pagamento pela concessão do uso do dinheiro. Na Idade Média, esta cobrança era conhecida como usura. Mais tarde, a legislação passou a diferenciar a cobrança abusiva de encargos, que era conhecida como usura, da cobrança legalmente aceita, conhecida como juros. Atualmente, sabe-se que os juros possuem importância significativa no processo de in- termediação financeira, onde juros mais altos estimulam as pessoas a pouparem, adiarem o consumo e guardarem dinheiro. Os juros mais baixos estimulam o consumo e desestimulam a poupança. Se você soubesse que o mercado financeiro está concedendo remuneração atrativa (pa- gando altos juros sobre aplicações financeiras), valeria a pena renunciar ao consumo imedia- to, com a finalidade de obter um “prêmio” maior no futuro sobre o dinheiro poupado e inves- tido. Por outro lado, se a remuneração for irrisória, você pode não estar disposto em adiar um consumo desejado, pois o recebimento do prêmio, no futuro, será baixo e, talvez, não com- pense o risco que você tem na aplicação financeira, de não ter seus recursos de volta ou de não ter a remuneração desejada, no caso das aplicações em renda variável. A taxa de juros é considerada um prêmio que recebemos por renunciarmos ao consumo presente e por assumirmos o risco de aplicarmos em algum produto financeiro. 21MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Outra maneira de compreender a taxa de juros é como um aluguel para o dinheiro. Quando há recursos (moeda), em abundância, na economia, o aluguel deste dinheiro (taxa de juros) cai, e quando os recursos estão mais escassos (menos moeda circulando), o aluguel desta moeda aumenta (taxa de juros maior). PRINCIPAIS TAXAS DE JUROS SELIC é a taxa básica de Juros do Sistema Especial e Liquidação e Custodia. A Selic Média é a média ponderada das taxas das operações entre o Banco Central e as instituições financeiras. O COPOM - Comitê de Política Monetária, foi criado em 1996 e é composto pelo pre- sidente do Banco Central, seus diretores e chefes de alguns departamentos. Este comitê se reúne de 45 em 45 dias para definição da Meta Selic, ou seja, a Selic seria compatível com as metas definidas para que se atinja a inflação desejada. A partir da determinação da meta Selic, o Bacen atua nos leilões do mercado aberto para que a Selic efetiva fique próxima desta meta. Apesar da Selic ser a taxa básica de juros da Economia, existe uma diferença significati- va entre esta taxa e as taxas cobradas das empresas e pessoas físicas no mercado financeiro. Esta diferença é chamada de SPREAD Bancário. CDI (TAXA DI): Os CDI’s são Certificados de Depósitos Interfinanceiros, e resultam da média ponderada das operações entre instituições financeiras realizadas diariamente. Por- tanto, é uma taxa que reflete operações de crédito que ocorrem exclusivamente entre insti- tuições financeiras. Esta taxa é importante, pois serve de referência e como parâmetro para rentabilidade de fundos de renda fixa, bem como indexador para outros tipos de operações financeiras. TAXA REFERENCIAL DE JUROS (TR): esta taxa é obtida pela média mensal ponderada das taxas de remuneração dos Certificados de Depósitos Bancários (CDB’s) prefixados das 30 maiores instituições financeiras selecionadas por volume de captação, sendo eliminadas as duas de menor e as duas de maior taxa. Esta taxa foi criada para servir de base nos reajustes de contratos de obrigações do te- souro nacional, cadernetas de poupança, FGTS, entre outros. TAXA DE JUROS DE LONGO PRAZO (TJLP): esta taxa, como o próprio nome diz, foi cria- da para remunerar os contratos de longo prazo. Ela é fixada pelo Conselho Monetário Nacio- nal. Para o cálculo desta taxa, é considerado: meta de inflação, que é definida pelo Copom, e o prêmio pelo risco, definida internacionalmente e relacionada ao risco Brasil. 22MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO POLÍTICAS ECONÔMICAS O governo tem em suas mãos alguns instrumentos, chamados de políticas, que podem ser utilizados para o alcance das metas econômicas: crescimento do PIB, controle da inflação, redução da taxa de desemprego, etc. Vou relembrá-los rapidamente sobre os tipos de políticas que são vistos na disciplina de Economia, mas com foco no mercado financeiro. POLÍTICA MONETÁRIA A política monetária é executada pelo Banco Central do Brasil. Este banco atua aumen- tando ou reduzindo a quantidadede dinheiro (moeda) e crédito que circula na economia. Esta quantidade de moeda, em circulação, define a liquidez da economia, mais moeda circulando, temos maior liquidez; menos moeda circulando, temos menor liquidez. A liquidez impacta na taxa básica de juros da economia. Assim: • quando o Banco Central aumenta a quantidade de moeda e crédito: maior liquidez, me- nor taxa de juros; • quando o Banco Central reduz a quantidade de moeda e crédito: menor liquidez, maior taxa de juros. 23MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO A taxa de juros impacta na Demanda Agregada da Economia, que é a demanda total dos agentes econômicos: consumidores, empresas e governo, consumidores estrangeiros. Se a taxa de juros cair, esta demanda aumenta, a economia aquece e o Produto Interno Bruto (PIB) aumenta. Se, por outro lado, a taxa de juros aumentar (Bacen reduzir quantidade de moeda e cré- dito), a demanda reduzirá e será possível controlar os aumentos de preços em vários merca- dos, ou seja, controlar a inflação. » A política monetária, que visa aumentar os juros com o objetivo de reduzir a inflação, é chamada de POLÍTICA MONETÁRIA CONTRACIONISTA, pois contrai a economia e o PIB. » A política monetária, que visa reduzir os juros com o objetivo de aumentar a demanda e o PIB, é chamada de POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA, pois expande a economia e o PIB. Como o Banco Central do Brasil (Bacen) atua nesta quantidade de moeda em circulação? O Bacen pode fazer isto por meio de três instrumentos: • depósitos compulsórios; • títulos públicos – Open Market; • taxa de redesconto. Depósitos compulsórios: são o percentual que os bancos comerciais e instituições que captam depósitos devem deixar fora de circulação. Quando nós depositamos algum dinheiro, na conta corrente de um banco, sabe-se que este banco trabalha com parte deste dinheiro, pois não precisa deixar todo o recurso parado em seu caixa. O depósito compulsório refere-se à obrigatoriedade, definida pelo Bacen, que os bancos co- merciais devem deixar fora de circulação como proporção dos depósitos realizados pelas pessoas ou empresas nestes bancos. Se o percentual de depósito compulsório for de 10% e eu depositar R$ 1000,00 no banco, ele deve deixar retido R$ 100,00, e o restante, R$ 900,00 pode ser empres- tado para alguma pessoa ou empresa que quiser captar recursos, no banco, em forma de crédito ou empréstimos. Desta forma, quanto maior for a taxa de redesconto, menor será o retorno dos recursos depositados à economia do país; e menor será a quantidade de dinheiro em circulação. Por outro lado, quanto menor for a taxa de redesconto, uma parcela menor do que depo- sitamos ficará guardada no banco; e uma parcela maior retornará à economia, aumentando sua liquidez e reduzindo os juros. Open Market (Mercado Aberto): é por meio do mercado aberto que o Bacen realiza a oferta de títulos da dívida pública. Quando estes títulos são vendidos, o dinheiro dos compradores dos títulos fica fora de circulação, reduzindo a liquidez da economia e aumentando os juros. Quando os títulos são re- comprados, os recursos voltam a circular e a liquidez aumenta novamente, reduzindo os juros. 24MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Redesconto: é uma operação pela qual os bancos comerciais podem recorrer ao Bacen para captação de mais recursos, quando precisam, ou simplesmente querem ter mais recur- sos. Desta forma, o Bacen empresta recursos aos bancos, e como garantia desses emprésti- mos, são emitidos títulos por instituições financeiras. O Bacen aceita estes títulos e os des- conta a uma taxa prefixada, logo, compra o título a um valor menor do que o título valerá no futuro, a uma taxa determinada no momento da compra. O Bacen controla a liquidez por meio da definição desta taxa e do prazo máximo de li- quidação dos títulos, pois quanto maior a taxa, menos os bancos captarão de recursos e me- nos recursos teremos circulando na economia. Quanto menor a taxa, mais interesse os bancos terão em captar os recursos, e mais recursos terão à disposição para concessão aos “consu- midores de recursos”, em última instância, pessoas e empresas. Política Fiscal: envolve as ações do governo em relação à arrecadação de recursos e como gastá-los. As despesas do governo envolvem despesas correntes, transferências, juros, gastos para formação de ativos imobilizados e subsídios (MEGLIORINI, VALLLIM, 2009): • despesas correntes: gastos para manutenção e funcionamento do Estado - despesas com pessoal, defesa nacional, material de ensino, vestuário; • transferências: repasses de dinheiro, como gastos com previdência social; • juros: encargos da dívida pública; • gastos para formação de ativos imobilizados (investimentos): despesas que aumentam a capacidade produtiva do país - construções, obras públicas, compras de máquinas, equipamentos, etc.; • subsídios: benefícios concedidos às empresas, tornando os seus produtos mais baratos aos consumidores. São comuns os subsídios agrícolas. Quando o governo aumenta seus gastos e melhora a qualidade dos gastos, tendo maior foco em despesas que contribuam para o crescimento da capacidade de produção da econo- mia, ele influencia positivamente para o crescimento do PIB, pois aumenta a demanda agre- gada. Quanto menores os gastos, menor será a demanda agregada e o PIB. Na questão da arrecadação de impostos, quanto maior for a carga tributária que recai sobre consumidores empresas, menor será a demanda agregada e menor será o PIB. Por ou- tro lado, quanto menor for a carga tributária, haverá estímulo à demanda agregada e ao PIB, pois sobrará mais renda às pessoas e empresas gastarem (já que pagarão menos impostos ao governo). 25MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO POLÍTICA CAMBIAL Na relação entre os países, é necessário definir a relação de troca entre as moedas. A for- ma como isto é feito faz parte da política cambial. Os países podem adotar os seguintes regimes cambiais: • câmbio fixo: Bacen define um valor à taxa de câmbio, e compromete-se para ofertar ou demandar moeda estrangeira para manutenção da taxa definida; • câmbio flexível: flutuação suja ou limpa. Neste regime, a taxa de câmbio flutua conforme o mercado, a moeda estrangeira fica mais cara ou mais barata dependendo da oferta e demanda dela no mercado nacional. Na flu- tuação limpa, nunca há intervenção do Bacen ofertando ou demandando divisas (moeda es- trangeira). Já na flutuação suja, o Bacen intervém quando houver grande oscilação na taxa de câmbio (no preço da moeda estrangeira), em pouco tempo. Este é o regime de câmbio adotado no Brasil e na maior parte dos países. Regime de bandas cambiais: define-se limite superior e inferior para o câmbio, e há in- tervenção do Bacen sempre que a taxa ultrapassar os limites. 26MERCADO FINANCEIRO SÍNTESE SUMÁRIO Vimos que mercado é um espaço geograficamente delimitado ou não, onde produtos ou serviços são vendidos e comprados. O mercado fi- nanceiro possui a finalidade de realizar a intermediação de recursos entre poupadores (investidores) e captadores de recursos. Quanto mais efi- ciente for este mercado, em fazer os recursos dos poupadores chegarem nas mãos de captadores, transformando-os em novos negócios ou em mais demandas de bens e serviços, melhor será o desempenho da economia. Um dos preços importantes, nas negociações deste mercado, são as taxas de juros, por sua vez, formadas pela inteiração entre a oferta e demanda nos diversos mercados que compõem o mercado financeiro. Quando houver abundância na oferta de recursos financeiros, as taxas de juros dos recursos reduzirão. O contrário também é verdadeiro, quando reduz a oferta de recursos (reduz a liquidez), as taxas aumentam. Sobre as políticas, existem alguns tipos de políticas públicas que influenciam no mercado financeiro e nas taxas de juros: • a política monetária atua no mercado monetário que englobam as operações do Banco Central do Brasil com os bancos, formandoa taxa bá- sica de juros da economia, a Selic, que influencia nas demais taxas; • a política fiscal atua no orçamento do governo, em seus gastos e receitas. Como a política monetária, a política fiscal influencia no cresci- mento econômico, estabilidade econômica (inflação) e, consequentemente, no mercado financeiro, considerando que qualquer captação ou alocação de recursos no mercado financeiro é precedido de uma análise em relação à situação econômica do país. Por fim, a política cambial atua nas aplicações do mercado cambial, que envolvem as operações com moedas estrangeiras. 27MERCADO FINANCEIRO EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. O mercado financeiro é amplo e engloba um conjunto de merca- dos, cada um dedicado à negociação de um conjunto diferente de ativos. Sobre estes mercados, relacione-os com as letras corres- pondentes às suas características no quadro posterior. a. Mercado realiza operações de curto e curtíssimo prazo, em que o Banco Central do Brasil – BACEN atua para execução da Política Monetária. b. Este mercado está focado na oferta de recursos de curto e médio prazos e serve, mais especificamente, para capitali- zar as empresas nas suas necessidades de capital de giro ou ativo permanente, ou para financiar o consumo de indiví- duos. c. Mercado possui foco na intermediação de recursos finan- ceiros de médio e longo prazo, especialmente, recursos uti- lizados para investimentos em ativos imobilizados. d. Mercado que envolve a compra e venda de moeda estran- geira, os ofertantes são instituições financeiras autoriza- das, bancárias e não bancárias, que realizam as operações de intermediação. e. Mercado que negocia ativos cujos valores derivam de outros ativos. Mercados Características (preencher com a letra correspondente). I. Mercado de derivativos II. Mercado monetário III. Mercado de crédito IV. Mercado de capitais V. Mercado cambial 28MERCADO FINANCEIRO EXERCÍCIOS SUMÁRIO 2. As taxas de juros possuem grande importância no processo de intermediação financeira. Existem diversos tipos de taxa, e para inúmeras aplicações. Sobre estas taxas, assinale a alternativa correta: a. A taxa CDI é formada no mercado monetário, e é usada para execução da política monetária pelo Bacen. b. A TR serve de base para reajustes de cadernetas de poupan- ça, FGTS, entre outros. c. A TJLP é usada para remunerar financiamentos de curto e médio prazos. d. A Selic é formada pela média ponderada das operações en- tre instituições financeiras realizadas, diariamente. e. A TR é uma taxa que reflete operações de crédito entre ins- tituições financeiras. 3. Sobre as políticas econômicas, que interferem no mercado finan- ceiro, escreva V para verdadeiro e F para falso: a. ( ) A política monetária é executada pelo Banco Central do Brasil. Este banco atua aumentando ou reduzindo a quanti- dade de dinheiro (moeda) e crédito que circula na economia. b. ( ) Política monetária está relacionada às ações do governo em relação à arrecadação de recursos e como gastá-los. c. ( ) A política cambial atua nas aplicações do mercado cam- bial, que envolvem as operações com moedas estrangeiras. d. ( ) A política monetária que visa reduzir os juros com o ob- jetivo de aumentar a demanda e o PIB é chamado de política monetária contracionista, pois expande a economia e o PIB. e. ( ) Na política fiscal, no que se refere à arrecadação de im- postos, quanto maior for a carga tributária que recai sobre consumidores e empresas, menor será a demanda agrega- da, e menor será o PIB. 29 PRODUTOS/PAPÉIS NEGOCIADOS NO MERCADO FINANCEIRO Agora que vocês já conhecem a configuração do Sistema Financeiro Nacional, compreenderam como funciona alguns mercados financeiros, assim como as políticas públicas que interferem nestes mercados. Vamos conhecer um pouco sobre os “produtos” negociados em cada mercado, ou seja, o que está à disposição das pessoas e empresas, tanto para captação de recursos como para aplicação de recursos em cada um dos mercados que fazem parte do amplo mercado financeiro: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado cambial. Será que você já investiu ou captou recursos de alguma destas formas? Leia o capítulo para conhecer mais sobre estes produtos! 30MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO TÍTULOS E PAPÉIS NEGOCIADOS NO MERCADO MONETÁRIO Conforme já vimos no item “Mercados financeiros”, o mercado monetário está relacio- nado à circulação de moeda ou dinheiro no país, utilizado pelo Bacen para controle da liquidez da economia, ou da quantidade de moeda que circula na economia, assim como a taxa básica de juros. Uma das formas de execução deste controle da oferta de moeda é realizada por meio da venda e recompra de títulos públicos. TÍTULOS PÚBLICOS Estes títulos são emitidos pelo governo com o intuito de financiar a dívida pública, mas também serve para controlar a liquidez do Sistema Financeiro Nacional, conforme comen- tado anteriormente. Existem diversos tipos de títulos públicos, todos de rentabilidade fixa, alguns pré-fixados, outros pós-fixados. O que significa a LIQUIDEZ? Liquidez está relacionada à circulação de meios de compra na economia, ou seja, di- nheiro e recursos. Sabe-se que, atualmente, a liquidez não é somente a quantidade de di- nheiro impresso em forma de papel moeda, mas recursos nas contas correntes, poupanças, etc. Quanto menor for a perda de valor decorrente da venda de um ativo, maior será a liquidez dele. Exemplo: se eu tiver dinheiro aplicado em ações (se o ativo forem ações), e eu precisar vender estas ações quando estiverem em baixa, por precisar de dinheiro, perderei dinheiro. Assim, a aplicação de dinheiro em ações me deixa com baixa liquidez. Os recursos depositados em conta corrente, por exemplo, têm alta liquidez, pois posso usar a qualquer momento, sem perdas. É claro que, neste caso, eu deixo de ter alguma rentabilidade sobre meus recursos. A liquidez do sistema financeiro nacional se refere ao sistema ter recursos disponíveis quando necessário. Na remuneração pré-fixada, os títulos são vendidos com deságio no valor de face, ou seja, quem compra estes títulos paga um valor menor do que o valor futuro do título (valor de face do mesmo, ou o que o investidor receberá pelo título no vencimento do mesmo). Na remuneração pós-fixada, os investidores recebem, ao final do contrato, uma taxa de juros + variação de algum indexador, que podem ser índices de inflação, variação cambial ou taxa de juros. Exemplo de título com rentabilidade prefixada: Vamos supor que estão sendo negociados, no mercado, R$ 10.000,00 de LTN (Letras do Tesouro Nacional), com resgate ao final de 252 dias úteis e remunerados a juros de 10% ao ano. O Imposto de Renda incidente, nesta aplicação, que possua alíquota de 20% sobre o ga- nho nominal. 31MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Preço Unitário (PU): o preço unitário do título representa, para cada um Real (R$ 1,00) de preço de Face, quanto será pago pelo título. PU = 1 / ((1+ taxa de juros )n) Onde: n = período taxa de juros: a remuneração prometida no título prefixado. Então: PU = 1/ ((1+0,10)1) = 0,9090909 Isto significa que, para cada R$1,00 de valor de face do título, ao comprar o mesmo, o investidor pagará cerca de R$ 0,9090909. Para comprar, no presente, títulos no valor de R$ 10.000,00, o investidor pagará 10.000,00 x 0,9090909 = R$ 9090,909. O Imposto de Renda que o investidor pagará, incidirá somente sobre o ganho. Logo: IR = ((R$ 10.000,00 - R$ 9090,90) x 0,20) = 909,09 x 0,20 = 181,81 Valor líquido de resgate do título = 10.000 - 181,81 = R$ 9818,19, aproximadamente. Portanto, nestes títulos, o investidor pagará cerca de R$ 9090,909 no presente e rece- berá, após um ano, o valor líquido de R$ 9818,19, aproximadamente. Exemplos de títulos públicos: • Letras Financeiras do Tesouro (LFT); • Letras do Tesouro Nacional (LTN); • Notas do Tesouro Nacional (NTB).Título Nome usado atualmente no tesouro direto tipo Índice de reajuste Cupom de juros LTN Tesouro Prefixado Prefixado - Não tem. LFT Tesouro Selic Pós-Fixado Selic Não tem NTN-B (principal) Tesouro IPCA Pós-fixado Tesouro IPCA 6% a.a. pagos semestralmente. NTN-B Tesouro IPCA com Juros Semestrais Pós-fixado Tesouro IPCA com juros semestrais. 6% a.a. NTN-F Tesouro Prefixado com Juros Semestrais Prefixado - 10% a.a. pagos semestralmente. NTN-C não é mais oferecido Pós-fixado IGP-M 6% ou 12% ao ano. 32MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Em todos estes títulos, a taxa de juros é negociada no momento da venda, no caso dos títulos pós-fixados, a remuneração será: Índice de reajuste (conforme quadro acima) + taxa de juros definida no momento da compra. O que são cupons de juros? Refere-se ao pagamento dos juros acumulados sobre os títulos, a cada seis meses ou 1 ano, não somente no vencimento do título. Para os títulos que não pagam cupons, na data de vencimento, será pago o valor princi- pal (aquele que foi investido), mais juros do período. Para os títulos que pagam cupons, no vencimento, recebemos o valor principal somen- te, pois os juros acumulados são pagos semestralmente ou anualmente. TÍTULOS PRIVADOS Estes títulos são emitidos por bancos e empresas. Dentre os emitidos por bancos, os mais importantes são: Título Negociação Rentabilidade Impostos Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI) Negociados somente entre Instituições Financeiras. Pessoas físicas não podem investir diretamente, nesta taxa. __________ Certificados de Depósito Bancário (CDB). Emitidos pelos Bancos Comerciais e de Investimento. Vendidos ao público em geral. Pode ser pré ou pós- fixada. Imposto de renda 20% sobre ganho nominal. Debêntures Emitidos por empresas. Renda fixa pré, pós- fixada ou híbrida. IR proporcional ao tempo de aplicação: • Até 6 meses: 22,5%. • De 6 a 12 meses: 20%. • De 12 a 24 meses: 17,5%. • Mais de 24 meses: 15%. Obs.: debêntures incentivadas não possuem IOF nem IR. São debêntures de empresas que investem em projetos de infraestrutura, como aeroportos e estradas. Commercial papers (notas promissórias) Emitidos por empresas. 33MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO CDI X CDB Assim como o CDB, o CDI também é um título emitido com a finalidade de captação de recursos para os bancos e instituições financeiras. Eles emitem este título, vendem para outras instituições e em troca remuneram aquele que o está adquirindo. A diferença é que, no caso dos Certificados de Depósito Interbancário, essa negociação é realizada apenas de uma instituição financeira para outra, dentro do mercado inter- bancário, enquanto o CDB pode ser negociado para outros investidores. Pessoas físicas não podem investir diretamente no CDI. No entanto, o CDI é um índice de referência para a maioria das aplicações de renda fixa. Você pode investir no CDI, indiretamente, através destes investimentos (CDB, LCI – letras de crédito imobiliário, LCA – Letras de Crédito do Agronegócio, e LC – Letras de Câmbio) Fonte: Site Toro Radar. PRODUTOS DO MERCADO DE CRÉDITO – PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS Para Kerr (2011), este mercado tem a incumbência de suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazos, das pessoas físicas e empresas. As instituições financeiras intermediam recursos dos poupadores e captadores de re- cursos de maneira direta e indireta. De maneira direta, os poupadores (ou superavitários) aplicam recursos na instituição financeira em troca de receberem este valor no futuro, acrescido de juros. A instituição finan- ceira usa estes recursos, por sua vez, para realizar empréstimos e financiamentos para toma- dores ou captadores de crédito (agentes deficitários). O que são agentes deficitários e superavitários? 34MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Agente deficitário. POUPADOR (superavitário) POUPADOR (superavitário) INSTITUIÇÃO FINANCEIRA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA TOMADOR (deficitário) TOMADOR (deficitário) Agente superavitário Na intermediação indireta, mais comum em operações de longo prazo, as instituições financeiras intermediam somente a operação, que ocorre diretamente entre agentes supera- vitários e deficitários, mediante cobrança de comissão. Intermediação direta Intermediação indireta → → → → → → 35MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO SPREAD BANCÁRIO Sabe o que é o Spread Bancário? É a diferença entre a taxa de juros que os bancos pagam para os aplicadores de recursos, e as taxas de juros que eles cobram dos captadores, ou seja, a diferença entre os juros cobrados dos captadores de recursos e dos juros pagos aos aplica- dores de recursos. O autor divide os produtos vendidos, no mercado de crédito, entre aqueles oferecidos para pessoas físicas e os vendidos para pessoas jurídicas. Alguns produtos - Pessoa Física PRODUTOS Características Juros Cheque especial Crédito automaticamente disponível na conta corrente do correntista, caso ele necessite. Juros elevados que variam conforme instituição financeira e o momento econômico. Em 05/2019, aproximadamente 277% ao ano (Fonte: ANEFAC). Crédito pessoal Empréstimo em dinheiro. Pode exigir, ou não, comprovação de renda. Juros elevados devido ao risco que a instituição financeira incorre. Segundo dados de 05/2019, aproximadamente, 53% ao ano, o crédito concedido pelos bancos, e 117% ao ano, o crédito concedido pelas financeiras (Fonte: ANEFAC). Cartões de crédito Assim como no cheque especial, há um limite pré-aprovado de crédito, que fica automaticamente disponibilizado ao usuário. Juros elevados, que variam conforme a instituição financeira que opera, e que são pagos somente se o usuário não pagar valor total da fatura, no momento do vencimento, se atrasar a mesma ou se parcelar o pagamento da fatura. Tem evoluído o número de compras que podem ser pagas de maneira parcelada, com utilização do cartão, sem incorrer em juros e encargos. Segundo dados de 05/2019, aproximadamente 266% ao ano (Fonte: ANEFAC). Crédito consignado Crédito concedido a diversos grupos, como funcionários de empresas públicas e privadas, aposentados ou pensionistas do INSS, servidores públicos de todos os âmbitos. As prestações do crédito são descontadas diretamente na folha de pagamento do devedor. O limite de crédito é definido conforme a renda, e o valor das parcelas não deve ultrapassar 30% da renda líquida do tomador. Como o risco para a instituição financeira é menor, dado que a renda é descontada diretamente do salário, as taxas de juros são mais baixas comparativamente a outros tipos de crédito de curto prazo. Juntamente com o crédito consignado, é possível a contratação de seguro de crédito, que cobre a possibilidade de redução de salário, perda de emprego ou morte do devedor. Os juros e taxas variam muito de banco para banco, mas segundo dados de 02/2019, estavam, aproximadamente, 29% ao ano. Crédito Direto ao Consumidor (CDC) Modalidade de financiamento concedida a pessoas físicas ou jurídicas, para aquisição de bens ou serviços. Prazos de pagamento variam de 1 a 48 meses. Os juros e taxas variam muito de banco para banco, mas segundo dados de 05/2019, estavam, aproximadamente, 22% ao ano (ANEFAC). 36MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Alguns produtos - Pessoa Jurídica PRODUTOS Características Juros Desconto de títulos Também chamado de antecipação de recebíveis. Usado para financiamento de capital de giro das empresas. A instituição financeira antecipa à empresa os valores a receber das vendas a prazo. Títulos mais comuns nestas operações: duplicatas mercantis e de serviços, notas promissórias emitidas pela empresa e cheques pré-datados. Juros e taxas variam bastante conforme o banco, mas em 05/2019, segundo dados da ANEFAC, estavam em cerca de 23% ao ano. Contas garantidas Empréstimos rotativos concedidos pelos bancos, mediante análise e aprovação. Énecessário abrir uma conta empréstimo, onde será disponibilizado o crédito para uso rotativo. Os juros e encargos incidem sobre os valores e tempo utilizados, e são debitados da conta. Juros e taxas variam bastante conforme o banco, mas em 05/2019, segundo dados da ANEFAC, estavam em cerca de 126% ao ano. Hotmoney Operação de curtíssimo prazo: até 30 dias, para suprir necessidades de caixa das empresas. Juros referenciados nas taxas CDI + Spread e impostos. Capital de giro Também são operações de crédito para suprir necessidades de capital de giro das empresas. Prazos são mais longos do que o desconto de duplicatas. Juros e taxas variam bastante conforme o banco, mas em 05/2019, segundo dados da ANEFAC, estavam em cerca de 20% ao ano. PRODUTOS/TÍTULOS/PAPÉIS DO MERCADO DE CAPITAIS E CAMBIAL O mercado de capitais é formado pelas empresas que estão focadas em investir na fa- bricação de produtos e oferta de serviços, e precisam de recursos para tocar seus projetos. Do outro lado, estão as pessoas ou empresas que possuem recursos sobrando e que investem este dinheiro para valorizá-lo (obter rentabilidade). O mercado de capitais é justamente o espaço de aproximação entre quem tem dinheiro para investir e quem precisa deste dinheiro para fi- 37MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO nanciar seus projetos (empresas). No entanto, não trata-se de concessão de empréstimos ou crédito, mas sim, a partir da negociação de ativos, que podem ser ações (que são parcelas de participação no capital das empresas), debêntures (títulos da dívida privada) ou commercial papers, (títulos de menor prazo, também conhecidos como notas promissórias, emitidos pe- las empresas, quando estas precisam captar recursos rapidamente, e que preferem captar no mercado de capitai, no lugar de recorrerem a bancos, onde as taxas são bem maiores). AÇÕES As ações são títulos nominativos de renda variável, emitidos por sociedades anônimas e que representam uma fração do capital destas empresas (VALLIM E MEGLIORINI, 2009). O acionista é um proprietário da empresa, e participa dos resultados alcançados por ela, de forma proporcional à quantidade de ações que possui. TIPOS DE AÇÕES De maneira geral, as ações podem ser de dois tipos: preferenciais e ordinárias. As ações preferenciais concedem aos seus proprietários a prioridade no recebimento de dividendos e no reembolso do capital em caso de dissolução da sociedade. No entanto, este tipo de ação não concede aos proprietários direito a voto, nas assembleias deliberativas da empresa. As ações ordinárias concedem a seus proprietários o direito a voto nas assembleias de- liberativas da empresa, seja na eleição de diretores, aprovação das demonstrações, contábeis, entre outras. A subscrição é a emissão de novas ações pela empresa, por meio de emissões primárias, logo, quando a venda das ações gerará recursos para o caixa da empresa. Após este lança- mento inicial, as ações poderão ser negociadas no mercado secundário (mercados de balcão e bolsa de valores). O que é mercado de balcão? É um segmento do mercado de capitais brasileiro, onde os títulos são negociados sem um local físico definido (podem ser por telefone entre instituições financeiras). Para relembrar: a Bolsa de Valores é onde ocorre a compra e venda de ações e outros papéis. O ganho com o investimento, em ações, decorre da valorização das ações no mercado, assim como do recebimento de dividendos. O custo do investidor são taxas e emolumentos; bem como o imposto de renda. quando for o caso. Dividendos: são partes do lucro das empresas, que são distribuídos entre seus acionistas. A distribuição de dividendos é a principal forma de remuneração dos acionistas pela empresa. 38MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO O percentual que é pago sobre os lucros deve estar explícito do estatuto social da empresa, na prática, as empresas partem de 25% dos lucros como percentual pago de dividendos. Datas dividendos: as datas importantes para uma distribuição de dividendos, em di- nheiro, são: • data de declaração: quando a empresa declara um pagamento de dividendos; • data ex-dividendos: dia em que o preço da ação sofre o ajuste. Quem compra a ação nes- se dia, ou depois, não tem direito a receber os dividendos anunciados. Aqueles que com- praram a ação até esta data, receberão os dividendos; • data de pagamento: dia em que os acionistas receberão o dinheiro em suas contas. Direito de subscrição: quando uma empresa decide aumentar o capital por meio de emis- são de novas ações, obrigatoriamente, ela deve oferecer estas novas ações aos seus acionis- tas. Este direito de preferência é conhecido como direito de subscrição. Comumente, as novas ações são vendidas a um preço menor do que o preço da cotação atual, o que garantirá bene- fícios aos acionistas. No entanto, quando os acionistas desistem de adquirir novas ações, eles terão sua participação percentual, na empresa, reduzida com esta nova emissão. Bonificação: as bonificações de ações são a distribuição de novas cotas aos sócios de uma empresa de capital aberto. A quantidade de bonificações de ações concedidas aos acionistas sempre dependerá da participação de cada sócio no empreendimento. A bonificação decorre do aumento de capital de uma empresa, quando ela precisar incorporar as suas reservas de lucros. A bonificação pode ser feita de duas formas: • em ações, quando a empresa de capital aberto, ao incorporar lucros retidos e reservas ao seu capital, distribui novas ações aos sócios gratuitamente; • em dinheiro, quando a empresa decide distribuir uma parcela maior do lucro, mas não deseja aumentar os dividendos. Recompra de ações: pode ser uma decisão da assembleia de acionistas da empresa, quan- do o valor da ação está muito baixo e há caixa sobrando. Índices de desempenho das ações: o desempenho médio das ações listadas, na bolsa, é medido por um índice médio de valorização das ações. No Brasil, como a única Bolsa de Valo- res (local onde ações são negociadas - ver instituições do mercado financeiro no início deste e-book) é a B3, e o índice mais conhecido e mais utilizado é o Ibovespa, ou Índice Bovespa. Este índice mensura o desempenho, considerando empresas que envolvam maior volume de negociação. Ibovespa = 39MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO n = número total de ações participantes do Ibovespa P i,t = último preço da ação i no instante t Q i,t = quantidade teórica da ação i no Ibovespa, no instante t. Para que a ação de uma empresa esteja incluída neste índice, deve suprir os seguintes requisitos: • estar incluída na relação de ações, cujos índices de negociabilidade, somados, corres- pondam a 80% do valor acumulado de todos os índices individuais; • apresentar participação, em volume, superior a 0,1% do total; • ter sido negociada em mais de 80% do total dos pregões do período. Depois de fazer parte do índice, uma ação pode ser excluída se não atender pelo menos 2 destes critérios. ANÁLISE FUNDAMENTALISTA É uma forma de análise para investir em ações, que se baseia na avaliação financeira, econômica e mercadológica de uma empresa, ou seja, nos seus fundamentos. A análise é feita sobre a situação atual e suas expectativas e projeções para o futuro, utilizando como fonte de informações balanços e demonstrações financeiras. Entre os indicadores que serão usados na análise fundamentalista, estão: • Liquidez Corrente (LC): é o ativo circulante dividido pelo passivo circulante, ou seja, é a capacidade de pagamento do passivo circulante com o ativo circulante. • Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido (RLP ou ROE): mostra o percentual de relação do lucro ou prejuízo líquido encontrado, com o total aplicado pelos acionistas. É o lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido. Permite avaliar qual rentabilidade a empresa está gerando com seus recursos. • Valor Patrimonial da Ação (VPA): é o patrimônio líquido dividido pela quantidade de açõesda empresa, disponíveis no mercado. É o indicador fundamentalista que reflete o verdadeiro valor contábil da empresa. • Lucro por Ação (LA): equivale ao lucro líquido anual dividido pela quantidade de ações da empresa disponível. Talvez, o principal indicador fundamentalista, o lucro por ação precisa ter sua tendência observada. Uma empresa que sempre opera no prejuízo pode se tornar uma ótima aquisição se este prejuízo estiver diminuindo. O índice LA representa a parte do lucro líquido correspondente para cada ação, e sua distribuição aos acionistas é definida pela política de dividendos adotada pela companhia. • Preço sobre Lucro (PL): é a divisão do preço de uma ação no mercado por seu lucro líqui- do por ação. Este indicador mostra o número de anos necessários para reaver o capital aplicado na compra. O índice torna comparável para os investidores, ações de empresas de diferentes setores. Quanto maior for o PL, menos atrativo é um investimento. 40MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO • Dividend Yield (DY): indica o quanto foi distribuído de dividendos no período, a remu- neração do acionista realizada sobre o capital investido. A fórmula do Dividend Yield é igual ao valor de dividendos distribuído por ação, dividido pelo preço da ação. Quando o valor do Dividend Yield aumenta, significa que a política de distribuição de lucros ou juros sobre capital próprio da empresa está se tornando atrativa. ANÁLISE TÉCNICA (GRÁFICA). A análise técnica está mais relacionada aos investidores que são conhecidos como espe- culadores, ou seja, ficam de olho nos movimentos de mercado e procuram comprar as ações em baixa, para vendê-las quando o valor estiver em alta. É claro que alta e baixa são situações muito relativas, e dependem do ponto de vista do investidor. Resumindo, especulação está mais relacionada a investimentos de curto prazo, sem intenção duradoura de manter a parti- cipação no capital das empresas, mas simplesmente com o foco de obter ganhos na diferença entre o preço das ações pagas na compra, e o valor recebido na venda das ações. Desta forma, a análise técnica não se preocupa com as causas das variações nos preços das ações, mas se concentram nos comportamentos dos preços das mesmas. Os analistas técnicos (ou gráficos) costumam analisar os gráficos de preços passados e volumes negociados, tentando criar regras de comportamento futuro nestes preços, levando em consideração a lei da oferta e da demanda da economia. Em relação ao mercado de câmbio, é composto de negociações, envolvendo a troca de moedas diferentes. Neste mercado, são vendidos e comprados diferentes tipos de moeda. A necessidade desta troca se dá por diversos motivos, dentre eles, o comércio exterior, despesas dos turistas, investimentos estrangeiros, captações de empréstimos bancários entre países, aplicações no exterior. 41MERCADO FINANCEIRO SÍNTESE SUMÁRIO Vários mercados fazem parte do mercado financeiro. Neste ca- pítulo, abordamos os produtos que se destacam em cada um destes mercados: Mercado Monetário, Mercado de Crédito, Mercado de Ca- pitais e Mercado Cambial, conforme quadro. No mercado de capitais, vimos alguns conceitos referentes aos tipos de ações negociados e termos utilizados, assim como tipos de análises que são realizadas pelos investidores (análise fundamenta- lista e análise técnica/gráfica). MERCADO DESCRIÇÃO PRODUTOS/ATIVOS Mercado monetário Mercado utilizado para controle da liquidez da economia. Os bancos também atuam com os títulos privados. Títulos públicos: LTN, LFT, NTB,etc. Títulos privados: CDI, CDB, debêntures, commercial papers. Mercado de crédito Mercado supre as necessidades de captação de recursos de curto e médio prazos das empresas e pessoas físicas. Pessoa física: cheque especial, crédito pessoal, cartões de crédito, crédito consignado, CDC, etc. Pessoa jurídica: desconto de títulos, contas garantidas, Hotmoney, capital de giro, etc. Mercado de capitais Mercado fornece recursos de médio e longo prazos, e oferta ativos para investimentos. Além de debêntures e commercial papers que também compões mercado monetário), as ações se destacam neste mercado. Mercado de câmbio Mercado intermedia troca de moedas para comércio exterior, investimentos, captações de empréstimos, etc. Moedas estrangeiras diversas. 42MERCADO FINANCEIRO EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. As ações são títulos emitidos pelas empresas, referentes às par- celas de seu capital. Sobre as características destes ativos, assi- nale verdadeiro ou falso. a. ( ) As ações possuem rendimento fixo, ou seja, o investidor já conhece, no momento da aquisição, a rentabilidade apro- ximada que obterá com o investimento. b. ( ) As ações preferenciais dão direito a voto ao investidor, em relação às decisões da empresa nas assembleias delibe- rativas. c. ( ) As ações ordinárias concedem aos investidores a priori- dade no recebimento de dividendos. d. ( ) São partes do lucro das empresas que são distribuídos entre seus acionistas. e. ( ) O Ibovespa mensura o desempenho, considerando em- presas que envolvam maior volume de negociação. 2. CDI e CDB’s são títulos emitidos pelos bancos. Sobre estes ativos, assinale a alternativa correta: a. Qualquer pessoa (física ou jurídica) pode investir em um CDI. b. Os CDB’s são negociados apenas entre instituições finan- ceiras. c. Os CDB’s são certificados de depósitos bancários prefixados. d. O CDI só pode ser negociado entre instituições financeiras e pessoas físicas. e. O CDI serve como índice de referência para a maioria das aplicações de renda fixa. 43MERCADO FINANCEIRO EXERCÍCIOS SUMÁRIO 3. O mercado monetário é um mercado muito importante, pois possui influência sobre a liquidez da economia, ou a quantidade de dinheiro que circula na economia. Esta liquidez é afetada pela negociação dos títulos públicos que são emitidos pelo governo (por meio do Bacen, tanto para atuar na liquidez e executar a política monetária, quanto para financiar a dívida pública). Além destes títulos públicos de suma importância, também são negociados títulos privados. Sobre este mercado, escreva V para verdadeiro e F para Falso: a. ( ) Os títulos privados são títulos da dívida privada, e são emitidos por bancos e empresas. b. ( ) Como exemplos de títulos privados, temos: LTN, LFT, NTB. c. ( ) Debêntures são títulos privados emitidos por Bancos, e CDB’s são emitidos por empresas privadas. d. ( ) Os títulos públicos são títulos de renda fixa e podem ter rentabilidade prefixada ou pós-fixada. e. ( ) Os títulos públicos podem ter ou não o pagamento de cupons de juros, que se referem ao pagamento dos juros acumulados sobre os títulos, a cada seis meses ou 1 ano, e não somente no vencimento do título. 44 INVESTIMENTOS (APLICAÇÕES FINANCEIRAS) MAIS COMUNS, E POR TIPO DE RENTABILIDADE: RENDA FIXA E RENDA VARIÁVEL Você sabe a diferença entre um investimento em renda fixa de um investimento em renda variável? 45MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Para fins didáticos, compreensão do todo e para orientá-los sobre o complexo Mer- cado Financeiro, abordamos todos os mercados que fazem parte do Sistema Financeiro Nacional, assim como os principais “produtos” negociados nestes mercados. Agora, para elucidar melhor como funcionam alguns investimentos, na prática, e até como um início de orientação8 aos investimentos, será feito um comparativo entre os investimentos com rentabilidade fixa e variável, suas principais características, bem como adentraremos nas especificidades das aplicações financeiras mais comuns, ou das quais ouvimos falar mais comumente. Ao final, de maneira sucinta, saberemos quando se torna mais atrativo aplicar recursos em cada um destes tipos de investimento. INVESTIMENTOS EM RENDA FIXA São operações com títulos que têm prazo de vencimento pré-estabelecido, e sua forma de remuneração é conhecida no momentoda operação. O que são títulos de renda fixa? São aplicações em dinheiro, que serão devolvidas, acres- cidas de juros (baixo risco). Podem ter duas modalidades: pré-fixados e pós-fixados. • Títulos pré-fixados: remuneração é determinada no momento da aplicação. Você sabe- rá exatamente quanto resgatará ao final da aplicação. Exemplo: aplico R$1000 para receber 10% ao mês. Ao final do mês, terei R$1100! Exemplos: CDBs prefixados, LTN (Letras do Tesouro Nacional), NTN – F (Notas do Te- souro Nacional), etc. • Títulos pós-fixados: você saberá o quanto receberá somente no final da aplicação. Rendimento é determinado pela variação de um certo índice, que pode ou não ser acres- cida de juros. Os índices mais comuns, usados como parâmetro no mercado, são: • IGP (Índice Geral de Preços) da Fundação Getúlio Vargas; • TR (Taxa Referencial) calculada pelo Bacen; • SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia); • Taxa DI (Depósito Interfinanceiro) calculada pela CETIP; • Dólar. 8Esta explicação serve como início de orientação, pois a definição do tipo de aplicação financeira exige um acompanha- mento criterioso da economia e do mercado no momento do investimento. 46MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO INVESTIMENTO EM RENDA VARIÁVEL Neste tipo de investimento, o rendimento não pode ser pré-determinado, não há como prever seu valor futuro, e seus riscos serão maiores. Exemplo: ações9 de uma empresa. A remuneração dos títulos de renda variável depende de eventos futuros incertos, como o desempenho de uma empresa. Quanto maior o risco que o investidor está disposto a correr, melhor tende a ser a possibilidade de retorno das aplicações em renda variável. São investimentos adequados para investidores, com perfil mais ousado e dispostos a correr riscos. 9Ações são títulos de propriedade de uma parte do capital de uma empresa. Quais são os perfis de investidor? • Conservador: esse é o investidor que dá mais importância à segurança e à alta liquidez, ou seja, poder ter acesso aos seus recursos no curto prazo, sem perdas. São investidores que não reagem bem às oscilações e, por isso, estão dispostos a obter menos rentabili- dade. É mais comum que o conservador invista seus recursos em ativos de renda fixa, até pode ter uma parcela de renda variável, normalmente, muito pequena. • Moderado: gosta da segurança da renda fixa, mas está disposto a arriscar um pouco mais com o intuito de obter uma rentabilidade maior. Este investidor não aceita riscos signi- ficativos como os da BM&FBovespa. No entanto, o moderado adota uma parcela maior de renda variável para diversificar a sua carteira. Ele pode fazer isso com Fundos Multi- mercado ou Imobiliários. • Agressivo: é o que quer obter o máximo de rentabilidade com seus recursos financeiros. Normalmente, optam por fundos de investimentos mais agressivos, com maior oscila- ção, como de ações ou cambial. Além disso, este tipo de investidor pode operar no mer- cado de ações ou derivativos (mercado futuro e de opções). ALGUNS TIPOS DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS Anteriormente, aprendemos sobre os principais produtos negociados, nos principais mercados, que fazem parte do mercado financeiro - mercado monetário, de capitais, de cré- Investimento com rentabilidade fixa (renda fixa) Prefixada Investidoro sabe exatamente o quanto receberá no vencimento da aplicação Pós-fixada Investidor sabe o indice usado e forma de cálculo, mas não conhece o montante final. Selic, IPCA, CDI, etc. → → → → → 47MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO dito, cambial. Também vimos as principais diferenças entre investimentos de rentabilidade fixa e variável. Agora, trarei mais alguns tipos de aplicações financeiras conhecidas e ofere- cidas pelas instituições financeiras. POUPANÇA A poupança é o tipo de aplicação financeira, de renda fixa, mais popular que existe. Isto ocorre, em grande parte, por falta de conhecimento das pessoas em relação a outros tipos de investimento, e pela falta de planejamento financeiro. Segundo dados do Banco Central do Brasil, em 2019, 158 milhões de pessoas usufruíram da modalidade, representando 75% de toda a população do país. Entre os pontos positivos da Poupança: • Alta liquidez: se você quiser resgatar seu dinheiro, pode sacar ele imediatamente, e sem pagamento de imposto de renda. • Isenção de Imposto de Renda: o investimento é isento da cobrança de Imposto de Renda, independentemente do valor aplicado. • Isenção de IOF: Também há isenção de IOF (Imposto Sobre de Transações Financeiras) na caderneta de poupança, qualquer que seja a transação realizada. • Garantia do FGC: as aplicações, na poupança, são cobertas pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que protege o investidor em aplicações de até R$ 250 mil por CPF, por instituição, respeitando o limite de quatro instituições. Com isto, se o banco quebrar, o investidor estará protegido e receberá seu dinheiro de volta, até o valor definido. No entanto, há vários pontos que devem ser analisados e que pesam de maneira negati- va neste tipo de aplicação financeira: • Rentabilidade Baixa x inflação: nem sempre a rentabilidade da poupança supera a in- flação do período. Isto faz com que o investidor perca dinheiro, pois quando o dinheiro for resgatado, ele comprará menos do que antes (ou seja, se os preços dos produtos e serviços aumentarem num percentual maior do que o percentual da rentabilidade da poupança). A poupança possui rentabilidade baixa, no Brasil, a regra é a seguinte: • se a Selic (taxa de juros básica) for menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial); • se a Selic for superior a 8,5% ao ano, ela tem rentabilidade fixa, 0,5% mais a TR. Para compararmos, o CDI (outra taxa de juros que move o mundo financeiro, e que vi- mos anteriormente) sempre acompanha o valor da taxa Selic. Há investimentos em renda fixa 48MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO que são tão seguros quanto a poupança e que rendem até 150% do CDI (se a poupança rende só 70% da Selic, isso significa que a rentabilidade é muito baixa). Além disso, a TR é um valor bem baixo e que não influencia, em praticamente nada, no rendimento da poupança. • Rentabilidade não é diária: a poupança tem liquidez diária, mas seus rendimentos, não. O dinheiro pode ser resgatado a qualquer momento, mas se isto for feito antes do ani- versário da poupança, perderá toda a rentabilidade do período. Hoje, um depósito de R$ 5.000 não teria rendimento antes de 30 dias. CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO - CDB O CDB é um título privado, negociado no mercado monetário. Agora, veremos mais al- guns detalhes do investimento neste título. A sigla CDB vem de Certificado de Depósito Bancário. Ele é um investimento de renda fixa emitido pelos bancos. O CDB funciona como um empréstimo do dinheiro dos investidores à instituição bancá- ria. Em troca, os investidores recebem uma taxa de rentabilidade, que será definida no mo- mento da compra. A captação serve para financiar as atividades do banco emissor, como projetos, cresci- mento e pagamento de dívidas. De forma geral, os CDBs emitidos por instituições bancárias de menor porte tendem a oferecer taxa de rendimento maiores. Aqueles que possuem prazo de vencimento mais longo, costumam ter rentabilidade mais atrativa. Pontos positivos do CDB: • a rentabilidade tende a ser maior que a poupança; • é um investimento seguro, pois se o valor investido for de até R$250 mil, o título CDB será segurado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) por CPF ou CNPJ*. Esta garantia previne que o investidor perca o dinheiro aplicado, caso o banco quebre ou não consiga devolver a quantia prometida no prazo; • possui liquidez diária, o investidor poderá recuperar o dinheiro aplicado no momento em que julgar necessário. Os CDB’s podem ter a rentabilidade pré-fixada, pós-fixada ou híbrida. • Nos CDBs pré-fixados, a taxa de juros já é definida no momentoda aplicação, sendo pos- sível determinar quanto renderá o investimento antes do vencimento do prazo do título. 49MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO • No caso dos CDBs pós-fixados, a rentabilidade é determinada através de um percentual sobre um índice, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Assim, se seu CDB usar a taxa CDI como referência, o retorno esperado poderia ser 110% do CDI no período de investimento sobre o valor inicial aplicado. A taxa CDI é o índice de referência mais utilizado para aplicações em CDB; ela pode ser consultada no site da Cetip. • O CDB híbrido é uma união do CDB pré-fixado com o pós-fixado, uma parte da renta- bilidade é estabelecida no momento da aplicação, e a outra parte é atrelada a um índice econômico, como o IPCA. Por exemplo, o rendimento do título seria calculado da se- guinte forma: IPCA + 5% ao ano. LETRAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO - LCI E LETRAS DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO - LCA As LCI e LCA’s são títulos de renda fixa emitidos por bancos. A compra das Letras pode ser feita através de corretoras ou bancos. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal se destacam como grandes emissores desses títulos, pois possuem as maiores carteiras de clien- tes do setor do agronegócio e imobiliário do país, respectivamente. Os recursos investidos pelas pessoas em LCA e LCI são captados pelas tesourarias dos bancos emissores e emprestados a agentes do mercado que tenham negócios no ramo imobi- liário e no agronegócio. A rentabilidade das letras pode ser pré-fixada, pós-fixada ou híbrida. O tipo mais comum são as LCI e LCA pós-fixadas, indexadas ao CDI. Se o banco emissor da LCA ou LCI passar por problemas de insolvência, os investidores têm o direito garantia de R$ 250 mil do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), incluindo o valor investido e a rentabilidade nestes R$ 250.000,00. Uma vantagem deste tipo de investimento é que não há cobrança de Imposto de Renda sobre eles, mas uma desvantagem desse investimento é a falta de liquidez. Caso a aplicação seja resgatada antes do prazo acordado, a rentabilidade do período poderá ser perdida, de- pendendo das condições do título. DEBÊNTURES As debêntures são ativos de renda fixa. Quando uma empresa precisa de recursos para au- mentar capital, custear projetos ou pagar dívidas, algumas formas de se fazer isso são através da geração de fluxo de caixa positivo, emissão de ações, emissão de debêntures, entre outros10. Portanto, debêntures são títulos privados, negociados no mercado monetário e de capi- tais. Os investidores, quando aplicam em debêntures, emprestam dinheiro a uma empresa em troca de um rendimento anual acertado no momento da compra. 10Assim como as ações emitidas pelas empresas, as debêntures também têm o objetivo de captar recursos para as em- presas. Porém, as ações são parte do capital social delas. Assim, ao adquirir ações, o investidor pode se tornar sócio do negócio e tem direito no recebimento de proventos. Nas debêntures, o investidor apenas empresta o seu dinheiro em troca de uma taxa de rendimento. Além disso, as debêntures tendem a ser mais estáveis do que as ações. 50MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO PREVIDÊNCIA PRIVADA Este tipo de investimento é mais adequado para prazos acima de 6 anos. Diferente do que muitos pensam, investimento em previdência não serve somente vi- sando receber valores de aposentadoria adicional no futuro, mas serve para diversas metas de longo prazo. Esse tipo de investimento possui duas fases distintas, a de acumular e depois de resgatar. • Fase de acumulação: investidor realiza um investimento inicial, define aplicações men- sais, escolhe um beneficiário e passa anos investindo. • Fase de resgate: depois de um prazo definido, o investidor pode escolher receber de vol- ta os juros e o capital acumulado. TIPOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA Para definição sobre o tipo de previdência a ser investido, o investidor precisa compre- ender três pontos importantes: • Categoria do Plano (PGBL ou VGBL); • Tipo de tributação (regressiva ou progressiva); • Tipo de estratégia de gestão (conservadora, moderada ou agressiva). --> PGBL ou VGBL A principal diferença entre o VGBL e o PGBL é a tributação. No VGBL, o Imposto de Renda incide somente sobre a rentabilidade conquistada. Já no PGBL, essa incidência ocorre sobre o total que será resgatado. Porém, no PGBL, o investidor pode ter seus aportes abatidos do Imposto de Renda, limitado a 12% da sua renda anual. O investidor só pode optar por um PGBL se tiver realizado uma declaração completa, de maneira a realizar os abatimentos do IR. VGBL PGBL IR incide somente sobre a rentabilidade (sobre o retorno do investimento). IR incide sobre todo o valor (o valor aplicado + rentabilidade obtida). Investimento pode ser abatido do IR para quem faz declaração completa do IR. --> Tipo de tributação do fundo de previdência. Independente do tipo de previdência privada escolhido, você precisará optar por um dos dois regimes tributários: Progressivo: 15% da sua aplicação fica retida na fonte, podendo chegar a 27,5%. 51MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Regressivo: a retenção varia de 35% a 10%, que altera de acordo com o tempo que o di- nheiro permanece aplicado. Assim, quanto mais tempo, menos imposto você pagará. Regime tributário progressivo Regime tributário regressivo Carga do imposto aumenta conforme renda. É semelhante à incidência de IR sobre o salário. Quanto mais tempo o dinheiro ficar aplicado, menos impostos serão pagos. Mais indicado para quem efetua investimento em plano de previdência com visão de curto prazo, ou àqueles que estão perto de usufruir do benefício de aposentadoria. Mais indicado para quem investe em plano de previdência com visão de médio/longo prazos, também é indicada àqueles que estão mais distantes de usufruir do benefício de aposentadoria, ou ainda, para os que se aposentarão com um benefício maior à faixa isenta da tabela. --> Tipo de estratégia de gestão. Assim como os fundos de investimentos explicados anteriormente, os fundos de previ- dência podem conter, ou ter a carteira composta por ativos de diferentes mercados (como os multimercados), podem centralizar sua estratégia em renda fixa pré/inflação, ou em renda fixa pós. O que definirá o nível de risco é o tipo de gestão. Quanto mais ativa, maior o risco do fundo, já que ele busca mais volatilidade. FUNDOS DE INVESTIMENTO Os fundos são um tipo de investimento que reúnem recursos de um conjunto de inves- tidores (chamados de cotistas), permitindo investir em uma variada cesta de ativos, em dife- rentes mercados. Todo o dinheiro aplicado no fundo de investimento será convertido em cotas. Cada cotista possui um número de cotas proporcional ao valor total de seus investimentos. O valor da cota é atualizado diariamente e o cálculo do saldo do cotista é feito multiplicando o número de cotas adquiridas pelo valor da cota no dia. O patrimônio de um fundo de investi- mento é a soma de todos os recursos aplicados por seus diferentes investidores. A administração e a gestão do fundo são realizadas por profissionais capacitados (ges- tores), sendo o fundo de investimento regido por um regulamento. Os fundos diferem nos ativos em que podem investir, por exemplo, ações, títulos de renda fixa, imóveis, derivativos, entre outros. Portanto, cada fundo oferece uma relação entre risco e retorno, permitindo que os investidores realizem aplicações em carteiras diversifica- das e com a administração de profissionais, sem a necessidade de dispor de grandes quantias. Os diferentes tipos de fundos de investimento são divididos de acordo com o período de permanência, e a composição. 52MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Para fins de tributação, deve-se considerar: Fundos de investimento Características Tributação (IR) Fundos de ações São fundos que investem exclusivamente em ações de empresas listadas na Bovespa. Esses fundos precisam manter, no mínimo,dois terços (67%) de seus recursos em ações na Bolsa de Valores. São tributados da mesma forma que investimento direto em ações, com alíquota única de 15%. A alíquota é fixa em 15% - independentemente do período da aplicação - e cobrada apenas no momento de resgate dos valores, sobre o montante bruto obtido. Fundos de curto prazo Têm duração média de, no máximo, 1 ano. Em geral, a rentabilidade destes fundos está atrelada à Selic ou ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). São considerados investimentos conservadores e de baixíssimo risco. Se a duração for de até 180 dias, a alíquota é de 22,5%. Se for maior do que 180 dias, a alíquota é de 20%. Portanto, a alíquota mínima é de 20%. Fundos de longo prazo Têm duração média igual ou superior a um ano. Até 180 dias = alíquota de 22,5%. De 181 a 360 dias = alíquota de 20%. De 361 a 720 dias = alíquota de 17,5%. Acima de 720 dias = alíquota de 15%. Fundos de previdência São fundos para previdência privada. 35% para investimentos por um prazo de até 2 anos. 30% para investimentos de mais de 2 anos e menos de 4 anos. 25% para investimentos de mais de 4 anos e menos de 6 anos. 20% para investimentos de anos mais de 6 anos e menos de 8. 15% para investimentos de mais de 8 anos e menos de 10 anos. 10% para investimentos de mais de 10 anos. Fundos de renda fixa Os fundos de renda fixa direcionam, no mínimo, 80% dos seus investimentos em ativos de renda fixa pré-fixados ou pós-fixados. A porção de 20% pode ser alocada em derivativos. Isso é feito para aumentar a sua rentabilidade, que costuma seguir o CDI. São indicados para o perfil conservador. Fundos de curto prazo Compostos por investimentos em moeda estrangeira, como os títulos públicos de outros países. Os mais comuns são os de dólar e euro. Fundos de longo prazo Compostos por diversos ativos da renda fixa e variável. A maioria dos fundos multimercados possui grande diversificação. Algumas subdivisões também são feitas de acordo com a composição do Fundo. CLUBES DE INVESTIMENTO Clube de investimentos é uma forma de investimento coletivo de pessoas físicas no mer- cado de capitais. Tem como objetivo ser um instrumento de aprendizado para o pequeno in- vestidor e um canal de acesso à Bolsa de Valores. Um clube pode ser formado por, no mínimo 3 e no máximo 50 participantes, para apli- cação em títulos e valores mobiliários, que podem ser ações ou derivativos. Assim como nos fundos, o patrimônio do Clube de investimento é dividido em cotas. Ao aplicar seus recursos em um clube, o investidor se torna um cotista. Os cotistas podem fazer a gestão de investi- 53MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO mentos do Clube ou contratar um gestor profissional certificado e credenciado à CVM, am- bos os casos precisam ser eleitos pela assembleia geral. O clube deve ser administrado por sociedade corretora, sociedade distribuidora, banco de investimento ou banco múltiplo com carteira de investimento, que será responsável pelo conjunto de atividades e de serviços rela- cionados direta e indiretamente ao seu funcionamento e manutenção. Quais são as principais diferenças entre um fundo de investimento e um clube de inves- timento? A principal diferença ocorre na participação do investidor nas decisões e afinidades entre os investidores. Ou seja, um fundo é totalmente administrado por uma instituição financeira, pois ela definirá a composição do fundo e as mudanças na composição. Um clube de investimentos é formado por pessoas que possuam alguma afinidade (familiares, amigos ou colegas de traba- lho), que possuam a intenção de aprender mais sobre investimentos, já que terão maior par- ticipação e responsabilidade na definição da composição do fundo. O Clube oferece a oportunidade de aprendizado pelo fato de que, cada integrante terá a liberdade de participar nas escolhas dos ativos e, caso seja necessário, o gestor do Clube pode solicitar orientação junto à administradora. Outras vantagens estão nos tributos e nos custos, que serão menores para quem optar por aportar seus recursos em um Clube de investimentos. Quadro comparativo: Fundos de investimentos em ações Clubes de investimento Gestão Feita pelo gestor profissional da administradora. Pode ser feita por um representante indicado pela administradora ou por um cotista nomeado em assembleia geral. Envolvimento do cotista (do investidor do clube) Nenhum Dúvidas e opiniões são compartilhadas regularmente. Estratégia de investimento Definida pelo gestor da administradora e não compartilhada. Definida pelo grupo de cotistas. Relações entre cotistas Sigilo absoluto Afinidade entre membros. Tributação Paga IOF Isento de IOF Dúvidas Não há canal de esclarecimento com o gestor. A administradora fornece um canal de orientação à estratégia. Custos Possui maior rigidez com auditorias, correspondências aos cotistas, fiscalizações que geram maiores gastos. Taxas de administração mais baixas; não possui encargos como as fiscalizações da CVM e correspondências aos cotistas. 54MERCADO FINANCEIRO SUMÁRIO Quanto ao valor total do montante do patrimônio do Clube, ele não é tão elevado quanto um Fundo de investimentos que, normalmente, é na casa dos milhões. Algumas entidades ad- ministradoras exigem um valor mínimo para investimento inicial de um Clube, quanto maior o montante, menor é a taxa de administração cobrada. Qual é o melhor investimento considerando a conjuntura econômica? Agora que todos conhecem as principais características das aplicações financeiras, va- mos conectar este conhecimento com a análise econômica. Onde é melhor investir? • RENDA FIXA PRÉ-FIXADA, ou • RENDA FIXA PÓS-FIXADA, ou • RENDA VARIÁVEL? Depende da economia e do perfil do investidor. Quando há crescimento econômico satisfatório e a economia encontra-se mais estável, com inflação dentro da meta e taxa de juros baixos, há mais interesse em aplicar em ativos de renda variável. É claro que também depende do perfil do investidor, mas caso o investidor tenha disposição para correr riscos e poder ter maior rentabilidade, vale a pena pensar neste tipo de investimento. Caso estivermos passando por uma conjuntura econômica de baixo crescimento e insta- bilidade econômica: PIB crescendo pouco ou decrescendo, inflação acima da meta e taxas de juros mais elevadas, o tipo de investimento mais procurado é o investimento em renda fixa, pois, nestes períodos de juros altos, as remunerações tornam-se mais atrativas e compensam o risco assumido. Também há uma saída dos investimentos em renda variável, pois quando os juros so- bem, as bolsas tendem a cair porque são mais arriscadas e as operações consideradas mais seguras estarão pagando mais. O que é melhor nos investimentos de Renda Fixa: Renda Pré ou Pós-fixada? Caso houver expectativas de aumento da inflação e da taxa de juros, indica-se a Renda fixa pós-fixada, porque os investimentos realizados, caso atrelados a indicador como juros e inflação, acompanham o aumento dos juros e protegem o investidor contra a inflação. O risco de investir em renda fixa pré-fixada é que, o aumento dos juros pode ser maior que a taxa contratada e você deixará de ganhar. Caso houver expectativa de redução da inflação e juros, recomenda-se investimento em renda fixa pré-fixada. Estes passam a ser mais interessantes porque não deixam que os ren- dimentos da aplicação caiam junto com os indexadores. 55MERCADO FINANCEIRO SÍNTESE SUMÁRIO Neste capítulo, abordamos algumas aplicações financeiras mais conhecidas no mercado. Vimos que algumas destas aplicações possuem rentabilidade fixa, outras rendimento (ou renda) variável. Nas aplicações de renda fixa, há investimento com rentabilidade pré-fixada, quando se sabe exatamente quando renderá o investimento, e outros com rentabilidade pós-fixada, quando a rentabilidade final é desconhecida. Pode-se saber qual indicador será usado comoparâmetro à rentabilidade alcançada. Outra característica importante dos investimentos, é que a atratividade dos mesmos depende tanto na disponibilidade do investidor em correr riscos, do tempo de aplicação dos recursos (liquidez), assim como do momento econômico pelo qual o país e o mundo estão passando. In- vestir é algo que exige conhecimento, planejamento financeiro e acompanhamento do mercado ou da economia. 56MERCADO FINANCEIRO EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. Sobre os investimentos, assinale verdadeiro ou falso a. ( ) A poupança é um investimento de alta liquidez, mas sua renta- bilidade é baixa e não é diária. b. ( ) Os Certificados de Depósitos Bancários – CDBs, são aplicações de renda variável ofertados pelas empresas privadas para captação de recursos. c. ( ) A rentabilidade do CDB tende a ser maior do que da poupança, assim como a poupança possui FGC (Fundo Garantidor de Crédito). d. ( ) LCI e LCA são aplicações com alta liquidez, e contam com FGC (Fundo Garantidor de Crédito). e. ( ) Um ponto negativo das aplicações em LCI e LCA é o alto impos- to de renda incidente nas aplicações. f. ( ) Tanto as ações quanto as debêntures são títulos emitidos por empresas privadas para captação de recursos. g. ( ) A diferença entre as ações e as debêntures é que, na compra de ações, o investidor se torna sócio da empresa, e na compra de de- bêntures, o investidor só empresta o seu dinheiro em troca de uma taxa de rendimento. 2. Investimentos em previdência privada são aplicações de médio e longo prazos, e possuem as fases de aplicação e de resgate. Sobre este tipo de investimento, assinale a alternativa correta: a. Investimento em previdência serve somente para quem visa receber valores de aposentadoria adicional no futuro. b. Na categoria PGBL, o Imposto de Renda incide somente so- bre a rentabilidade conquistada. Já na VGBL, essa incidência ocorre sobre o total que será resgatado. c. No regime tributário regressivo, a carga do imposto de ren- da aumenta conforme aumento na renda. d. No regime tributário progressivo, quanto mais tempo o di- nheiro ficar aplicado, menos impostos serão pagos. e. Os fundos de previdência podem ter a carteira composta por ativos de diferentes mercados (como os multimercados), ativos em renda fixa pré/inflação ou em renda fixa pós. 57MERCADO FINANCEIRO EXERCÍCIOS SUMÁRIO 3. Os fundos de investimento, assim como os clubes de investimento são formas de investir em uma cesta diversificada de ativos (produtos fi- nanceiros), mesmo quando o investidor possuir poucos recursos. Sobre os fundos e clubes de investimento, assinale a alternativa correta: a. O Fundo de Investimentos oferece a oportunidade de aprendizado aos investidores, pelo fato de que cada integrante tem a liberdade de participar nas escolhas dos ativos. b. Nos Clubes de Investimento, a estratégia de investimento é definida pelo gestor da administradora e não compartilhada com os cotistas. c. Nos Clubes de Investimento, há maior envolvimento do investidor - as dúvidas e opiniões dos cotistas são compartilhadas regularmente. d. Um Clube de Investimentos pode ser formado por, no mínimo 10 e no máximo 100 participantes, para aplicação em títulos e valores mo- biliários que podem ser ações ou derivativos. e. Os fundos de investimento tendem a ter as taxas de administração mais baixas, se comparadas aos clubes. 58MERCADO FINANCEIRO REFERÊNCIAS SUMÁRIO ANEFAC. Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Disponível em: https://www.anefac.org/pesquisa-de-juros. Acessado em: 09/07/2019. B3 - BRASIL BOLSA BALCÃO. Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/. Acessado em: diversos acessos. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.asp. Acessado em: diversos acessos INFOMONEY. Disponível em: https://www.infomoney.com.br. Acessado em : diversos acessos em 2019. KERR, Roberto Borges. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. MEGLIORINI, Evandir; VALLIM, Marco Aurélio. Administração financeira: uma abordagem brasileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Disponível em: http://www.economia.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/quem-e-quem. Acessado em: 12/08/2019 TESOURO NACIONAL. Disponível em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto. Acessado em: diversos acessos. TORO INVESTIMENTOS. Disponível em: https://www.toroinvestimentos.com.br. Acessado em: diversos acessos em 2019. XP INVESTIMENTOS. Disponível em: https://www.xpi.com.br. Acessado em: 05/08/2019. Sistema Financeiro Nacional Estrutura do Sistema Financeiro Nacional Subsistema operador Mercado financeiro, taxas de juros e políticas econômicas Mercado financeiro Taxa de juros e políticas econômicas Políticas econômicas Produtos/Papéis negociados no mercado financeiro Títulos e papéis negociados no mercado monetário Produtos do mercado de crédito – para captação de recursos Produtos/Títulos/Papéis do mercado de capitais e cambial Investimentos (aplicações financeiras) mais comuns, e por tipo de rentabilidade: renda fixa e renda variável Investimentos em renda fixa