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Unidade IV Neuroeducação e os distúrbios físicos e mentais Neuroeducação e Tecnologias Educacionais Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria MILENA BARBOSA DE MELO AUTORIA Milena Barbosa de Melo Olá! Sou bacharel em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (2004). Doutora em Direito Internacional pela Universidade de Coimbra. Mestre e especialista em Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Atualmente, sou professora universitária e conteudista. Como jurista, atuo principalmente nas seguintes áreas: direito à saúde, direito internacional público e privado, jurisdição internacional, direito empresarial, direito do desenvolvimento, direito da propriedade intelectual e direito digital. Fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Neuroeducação e as Doenças e Distúrbios da Mente ................. 10 Contribuições da Neuroeducação com Ajuda da Neurociência ................ 10 Neuroeducação na dislexia, na discalculia, na gagueira, na desordem de atenção e na hiperatividade ......................................20 Dislexia .................................................................................................................................................. 20 Discalculia .............................................................................................................................................23 Gagueira ...............................................................................................................................................26 Desordem de Atenção ................................................................................................................27 Neuroeducação e os distúrbios mentais e motores ....................30 Deficiência Intelectual ................................................................................................................. 30 Deficiências de Visão e Audição .......................................................................................... 31 Lesão Cerebral ..................................................................................................................................33 Dispraxia .................................................................................................................................................35 Depressão e Ansiedade ............................................................................................................ 36 Programa de Neuroeducação para a felicidade ...........................38 A Felicidade de Mãos Dadas com a Neuroeducação ....................................... 38 7 UNIDADE 04 Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 8 INTRODUÇÃO Você sabia que a área da Neuroeducação é uma das mais inovadoras e é responsável por promover a melhoria na aprendizagem das pessoas? Pois é isso mesmo. E essa área vai muito além, pois é fácil elaborar métodos alternativos de aprendizagem para alunos que não possuem nenhuma doença ou distúrbio da mente, mas e os que possuem? A Neuroeducação também se preocupa com essas pessoas e é sobre esse tema que iremos estudar ao longo dessa unidade. E vamos um pouco além disso, trataremos também da felicidade e do quanto ela anda de mãos dadas com a Neuroeducação, todos sabem o quanto uma pessoa feliz consegue fazer as coisas de uma forma melhor, mas nem todos sabem o quanto ela pode ajudar no processo de aprendizagem. Ao longo dessa unidade, mergulharemos nesse universo e veremos o quanto podemos ajudar as outras pessoas. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar as contribuições da Neuroeducação, bem como os distúrbios da mente que ela ajuda. 2. Compreender como a Neuroeducação ajuda os alunos com dislexia, discalculia, gagueira, desordem de atenção e hiperatividade. 3. Entender como Neuroeducação ajuda alunos com deficiência intelectual, deficiências da visão e audição, lesão cerebral, dispraxia e doenças mentais como depressão e ansiedade. 4. Explicar como a felicidade ajuda no processo de aprendizagem. Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto fascinante e inovador como esse? Vamos lá! Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 10 Neuroeducação e as Doenças e Distúrbios da Mente OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender que a Neuroeducação possui uma importância que transcende uma simples mudança em sala de aula para que os alunos tenham outros métodos de aprendizagem. Com a ajuda da Neurociência, ela vai além, estuda os elementos biológicos dos alunos para que possa, de fato, de acordo com cada perfil de aluno, ajudar na aprendizagem e no desenvolvimento. Vocês estão empolgados? Vamos lá. Avante!. Contribuições da Neuroeducação com Ajuda da Neurociência A Neuroeducação é uma área interdisciplinar formada pela Neurociência, Psicologia e Pedagogia, que possui como principal finalidade o melhoramento dos métodos de ensino, pois garante que cada pessoa, com forma diferente de aprendizado, deve ser estimulada de maneira distinta. Graças a Neuroeducação, foram realizados grandes avanços com relação à aprendizagem. A Neuroeducação contribuiu não só com a modificação de ensino, estabelecendo o ingresso de novos métodos em sala de aula, ela também contribuiu para que pudessem ser traçados perfis mais consistentes com as aptidões e limitações de cada aluno, indo além de suas capacidades cognitivas e comportamentais, levando em conta também os fatores biológicos de cada pessoa. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 11 A Neurociência, que é um dos pilares da Neuroeducação, tem conhecimento sobre o sistema nervoso central, tratando que é nesse sistema que acontece, além dos pensamentos, as emoções, os comportamentos e a mobilidade. Foi a partir desse conhecimento sobre o que acontece no sistema nervoso central que a Neurociência conseguiu avanços e melhorias possibilitando uma melhor qualidade de vida para as pessoas, trazendo tratamentos definitivamente efetivos para vários distúrbios tanto neurológicos, quanto mentais e físicos, sendo de suma importância para a Neuroeducação. Trinta anos atrás, os educadores prestavam pouca atenção ao trabalho dos cientistas cognitivos, e os pesquisadores do nascente campo da ciência cognitiva trabalhavam bastante afastados das salas de aula. Atualmente, os pesquisadores cognitivos estão dedicando mais tempo ao trabalho com os professores, testando e refinandosuas teorias em salas de aula reais, onde podem ver como os diversos ambientes e as interações nas salas de aula influenciam as aplicações das suas teorias. Hoje, o que talvez seja mais extraordinário são as diversas abordagens e técnicas de pesquisa que foram desenvolvidas, e a maneira pela qual começam a convergir as descobertas provenientes de ramos muito distintos da Ciência. (BRANSFORD, 2007, p. 19). Segundo Oliveira (2016), foi nos Estados Unidos, devido a uma grande preocupação do governo com a frequência e gravidade das doenças neurológicas, que foi desencadeado um programa de pesquisas em Neurociência, sendo chamada “década do cérebro”, que, posteriormente, emergiu para os outros países, onde foi estudado como o cérebro dos indivíduos funciona (Figura 1). Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 12 Figura 1 – Estudo do cérebro Fonte: Freepik A Neurociência só conseguiu avançar graças a tecnologia da neuroimagem, pois ela apresenta resultados, não só sobre a anatomia cerebral, mas do funcionamento desse órgão, permitindo ver como o cérebro de cada pessoa aprende. Indo além, estudando também os cérebros das pessoas com problemas biológicos. Alguns anos atrás, as salas de aula ainda não sabiam como lidar com a diversidade, todavia a Constituição federal traz em seu art 5º os direitos fundamentais de cada cidadão, estando entre eles o direito ao estudo. Assim, pessoas com dislexia, deficiência da visão e audição, retardamento mental, desordem de atenção e hiperatividade, entre outros, hoje tem mais chances de aprendizagem e maior abertura nas instituições de ensino, graças aos estudos da Neurociência e da contribuição da Neuroeducação. Além de garantir o direito ao estudo, o art. 5.º da Constituição diz que todos são iguais perante a lei, assim, as pessoas que possuem distúrbios não devem ser afastadas da sala de aula e a aprendizagem que se oferece a uma pessoa deve ser dada a outra, mantendo sempre a união entre os indivíduos (Figura 2) Todavia, isso não quer dizer que as pessoas Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 13 com distúrbios devem ser ensinadas igual às outras, o que a lei garante são as oportunidades que devem ser iguais. Como seria isso, então? Figura 2 – Igualdade na escola Fonte: Freepik Trazendo isso para a área da educação, essa igualdade trata que as pessoas com distúrbios devem ter a mesma oportunidade de aprender que as pessoas que não possuem e, devido a sua doença, precisam de uma atenção especial. Isso é garantido pelo art. 208, III, da Constituição federal que traz em seu texto que é dever do Estado garantir, junto à educação, o atendimento especializado às pessoas que possuam deficiência, também garantido no art. 227, § 1.º, II, que é dever do Estado promover programas de assistência integral de prevenção e atendimento especializado às pessoas com deficiência física, sensorial ou mental, devendo também promover a integração social do adolescente e do jovem com deficiência mental, mediante treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso para os bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos e de todas as formas de discriminação. Ribeiro (2013) diz que: O ensino é quase sempre fundado em opções teóricas, tradições, ideologias ou opiniões qualitativas. Ainda está por se construir uma ciência educacional capaz de ser testada e continuamente melhorada de forma empírica e quantitativa. Se não chegarmos a uma pedagogia científica capaz de alavancar o aprendizado dos mais necessitados, é provável que continue aumentando a desigualdade educacional do planeta (RIBEIRO, 2013, p.10). Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 14 Assim, não importa o aluno, não importa a doença, todos têm direito a educação e a aprendizagem. Devem, então, ser elaborados métodos diferenciados para essa inclusão. VOCÊ SABIA? Sidarta Ribeiro (2013), em seu artigo Tempo de cérebro, fala que existe uma Escola Latino-Americana de Ciências Educacionais, Cognitivas e Neurais, que reúne professores e alunos de pós-graduação oriundos de diversos países para estudar, discutir e imaginar o futuro da educação. O foco dessa escola é o aperfeiçoamento e a criação de métodos de ensino testados de forma quantitativa em sala de aula. Para facilitar e ajudar os professores com as pessoas que possuem distúrbios mentais e comportamentais, a tecnologia traz oportunidades de estudar os processos cerebrais e mentais que possuem mais relevância no processo de educação, do desenvolvimento por meio da aprendizagem, coisa que antes não era nem mesmo imaginada. REFLITA: Quantas vezes você, aluno, já viu pessoas com problemas mentais serem colocadas para baixo? Pessoas dizendo que elas nunca seriam capazes de aprender e até mesmo as chamando de loucas? Quantas pessoas não duvidaram de Walt Disney por ele ter dislexia? E você, qual sua reação ao saber que Albert Einstein possuía dislexia e é um dos maiores gênios do mundo? O que as pessoas com distúrbios e transtornos mentais querem é apoio (Figura 3), que acreditem neles, para que assim elas possam ter mais confiança em si mesmo. Professores que preparam planos de aula diferentes, assim como manda a Neuroeducação, mostra que a arte de aprender significa mudar comportamentos. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 15 E ainda, a Neurociência garante que é relevante para a melhoria da educação o incentivo e a motivação, pois a capacidade cerebral está intimamente ligada a esses estímulos. Figura 3 – Apoio à criança Fonte: Pixabay Os três pilares da Neuroeducação são: diagnósticos, atendimento e acompanhamento. Dessa forma, deve haver uma análise para definir um mapeamento das dificuldades de aprendizagem de cada aluno, um atendimento para montar um plano de intervenções que possa servir para otimização de funcionamento das matrizes de inteligência e, após os diagnósticos e as intervenções, deve sempre haver encontros para saber dos avanços e melhorar os resultados. De acordo com Pinto e Gonçalves (2016), a Neuroeducação contribuiu na aprendizagem: • Ajudando a identificar as condições de saúde que podem afetar a aprendizagem. • Permitindo auxiliar a metodologia educacional de intervenção e também caracterizar o perfil cognitivo do aluno Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 16 • Auxiliando na formação do prognóstico que tenha realidade com o processo educacional, não causando sobrecarga no aluno e provendo seu desempenho. É fundamental que os professores entendam sobre a dimensão emocional que possui uma aprendizagem positiva ou negativa, entendendo que o aluno é uma pessoa emocional, que pensa. Dessa forma, é importante que o professor consiga interpretar as emoções dos alunos, para que assim possa investir em uma relação pedagógica adequada. Cada pessoa tem sua forma diferenciada de aprender, pois cada um possui suas próprias características psicológicas, neurológicas e sociais específicas e, são essas características que condicionam o processo de aprendizagem, indo ao encontro dos aspectos biológicos, cognitivos e emocionais. As pessoas com distúrbios e problemas mentais não são diferentes, possuindo sua forma distinta de aprender como qualquer pessoa, a diferença é que elas precisam de um pouco mais de atenção (Figura 4), devido a sua doença ou distúrbio. Figura 4 – Atenção do professor em sala de aula Fonte: Freepik Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 17 SAIBA MAIS: Gladys Mariotto desenvolveu um teste para saber qual o principal estilo de aprendizagem de cada pessoa, podendo ser visual, auditivo ou cinestésico, para assim adaptar sua estratégia de estudo. Caso você tenha interesse, faça o teste clicando aqui. É difícil em um mundo com tantas desigualdades, com tantos problemas novos que vêm surgindo, criar um método de ensino que agrade todos os seus alunos, cada dia um problema novo é descoberto e um novo desafio surge, tanto para a Neurociência quanto para a Psicologiae para a Educação, o estudo do cérebro é complexo e influencia todo o futuro da pessoa. Desse modo, Silva (2015) diz: De maneira geral a Neuroeducação vem para auxiliar nas aprendizagens de todos os sujeitos, mostrando subsídios para os profissionais da educação compreender e intervir com mais significado visando o desenvolvimento integral do sujeito cerebral. A aprendizagem é um processo que é executado no sistema nervoso central e a Neuroeducação visa auxiliar os professores em sua atuação em turma regular com os estudantes típicos e atípicos, não para dispensar auxílio de um profissional especializado, mas para o docente estar preparado para auxiliar no processo de aprendizagem dos estudantes com dificuldades (SILVA, 2015, p. 5). NOTA: Estudaremos cada uma dessas doenças e como a Neuroeducação ajudou as pessoas que as possuem. Para realizarmos esse estudo, separamos as doenças em dois capítulos diferentes. O primeiro será tratado a dislexia, discalculia, gagueira, desordem de atenção e hiperatividade e, o segundo, as demais doenças. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais https://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2015/10/13/noticias-saude,186934/educadora-com-tdah-cria-metodo-para-ensinar-pessoas-a-estudarem-sozinh.shtml 18 De acordo com o exposto sobre doenças e métodos de aprendizagem, sabendo que cada pessoa aprende de uma forma diferente e que devemos oferecer mais atenção as que possuem problemas, estudaremos a seguir as principais doenças que englobam a Neuroeducação, sendo elas: • Dislexia. • Discalculia. • Gagueira. • Desordem de atenção e hiperatividade. • Deficiência intelectual. • Deficiências da visão e audição. • Lesão cerebral. • Dispraxia. • Doenças mentais como depressão, ansiedade. • Doenças sistêmicas com comprometimento cognitivo, como anemia, mixedema, desnutrição. Além dessas doenças, é de suma importância frisar que a má nutrição afeta de forma significativa a aprendizagem, Ribeiro (2013) relata que o cérebro é o órgão que mais consome glicose, e é a administração da glicose, antes do aprendizado, que fortalece a memória. Então, independentemente do método que o professor utilize na sala de aula, a má nutrição irá afetar o aprendizado. Dessa forma, é de suma importância, para uma melhor aprendizagem do aluno, que este mantenha uma boa alimentação. Todavia, existe o dilema das pessoas que não possuem condição financeira, então entra o governo nas escolas públicas, que deve fornecer alimentação, não possuindo papel de combater a desnutrição com essa alimentação escolar, mas, pelo menos, proporcionando bem-estar e conforto ao indivíduo que está em fase de aprendizagem. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 19 A merenda escolar também irá proporcionar ao aluno menos dispersão na aula devido à fome, sem levar em consideração que é a merenda a motivação de vários alunos a irem para o colégio, porque, para muitos, essa é sua única refeição do dia. RESUMINDO: Neste capítulo, trouxemos as contribuições que a Neuroeducação em conjunto com a Neurociência trouxe para compreender o processo de aprendizagem. Abordamos o fato da educação ser para todos, assim mesmo quem possui alguma doença de distúrbio tem o direito a ir para escola e aprender, é neste ponto que a Neuroeducação também colabora, pois, pelos métodos tradicionais, se as pessoas que não possuem doenças muitas vezes não aprendem, como as que possuem vão aprender? A Neuroeducação vem para auxiliar em métodos diferenciados para que todos possam aprender. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 20 Neuroeducação na dislexia, na discalculia, na gagueira, na desordem de atenção e na hiperatividade OBJETIVO: Neste capítulo, estudaremos sobre parte das doenças que a Neuroeducação oferece sua contribuição para melhorar a aprendizagem. Espero que ao final do capítulo, você, aluno, compreenda a complexidade das doenças e a importância que a Neuroeducação exerce para que as pessoas portadoras de necessidades especiais obtenham maior êxito.. Dislexia Começamos com uma indagação: de que forma inovadora de ensino os neurocientistas, em conjunto com os especialistas em Neuroeducação, podem contribuir, aplicando seus conhecimentos sobre o cérebro, para superar as dificuldades de aprendizagem dos portadores de dislexia? Primeiro, devemos estudar o que é a dislexia. A dislexia é considerada um distúrbio genético, assim a pessoa tem dificuldade em aprender, ler e escrever (Figura 5). O cérebro do disléxico tem dificuldade em juntar as letras para formar palavras e, também, não consegue relacionar os sons das linguagens formadas. Assim, esse distúrbio está atrelado à morfologia das palavras, não influenciando nas demais capacidades cognitivas. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 21 Figura 5 – Criança com dislexia Fonte: Pixabay De acordo com os estudos de imagens (como mencionado acima, foi graças a essas imagens que os estudos puderam evoluir), e com Gelione e Camargo (2018), o cérebro da pessoa que possui dislexia tem uma ativação anormal no córtex occipito-temporal esquerdo e no lóbulo parietal inferior, essas regiões interferem na decodificação, representação fonológica e na atenção. Demonstrado o que é a dislexia, vem a pergunta: como a Neuroeducação pode ajudar os educadores a melhorar seu método de ensino para essas pessoas? A Neurociência já descobriu quais são os principais circuitos cerebrais que fazem parte da aprendizagem da leitura. Assim, deu suporte a Neuroeducação, estimulando que, na fase inicial da aprendizagem da leitura, a decodificação fonética exerce um papel fundamental, devendo seguir uma série de princípios, sendo eles: ensinamento direto do alfabeto em sua forma simples; ensinamento das letras mais importantes antes; ensinar a compor as palavras e também escrevê-las, pois facilita a aprendizagem; facilitar a maneira de mecanização da leitura, treinando sempre; escolher de forma racional os exemplos e os exercícios de acordo Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 22 com o nível do aluno; controlar os desafios, devendo colocar o adequado para cada aprendiz para que possa se tornar protagonista. NOTA: Assim, é importante os educadores estarem preocupados em chamar atenção para as letras e para os sons produzidos em uma palavra, e não para a palavra como forma global. Os professores ficam incumbidos da responsabilidade de gerar os estímulos adequados nas pessoas disléxicas, para que possam alcançar o exercício mental adequado, assim haverá impacto de forma positiva na alteração do sistema nervoso, fazendo com que superem suas dificuldades. Como você já deve ter conhecimento, a atenção é de suma importância no processo de aprendizagem, constituindo um fator primordial, pois para processar as informações que chegam ao cérebro temos um limite, devemos saber o momento certo da ativação neuronal para que se possa alcançar os estímulos que deseja. Os pais, alunos e os professores devem trabalhar juntos para que ocorra uma aprendizagem na pessoa com dislexia, os pais devem incentivá-los, o aluno deve dar seu melhor e os professores devem saber desafiar e motivar. IMPORTANTE: O principal problema para a pessoa disléxica, é aprender a ler, tendo em vista que está associado à fala e à memória verbal. Para uma pessoa não disléxica, aprender a ler deve captar os sons da linguagem e os atributos visuais (que são as letras). Esse problema não é identificado facilmente se não fizer um exame. Quando o responsável, ou até mesmo o professor em sala de aula, perceber as dificuldades da criança, deve levá-lo ao especialista para que assim possa ter certeza que a criança tenha educação da forma correta. Os Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 23 principais sintomas que os professores ou pais podem perceber em uma criança disléxica para que se preocupem e a levem para um especialista, de acordo com Massi (2004, p. 4), são: • Dificuldade na leitura.• Troca constante das letras. • Dificuldade para identificar a sonorização das palavras. • Dificuldades em se expressar e também em escrever. • Dificuldades para ler, fazendo uma leitura demorada. As medidas tomadas pelo professor para que o aluno aprenda, nos moldes da Neuroeducação, facilitando a aprendizagem dos disléxicos, é incentivar os alunos, elogiando sempre a criança por todo o seu esforço, fazendo atividades orais para que, assim, a fala seja estimulada, fazer exercícios que sejam estimulados os sentidos (olfato, audição, visão, paladar e tato) para que ela possa aprender. SAIBA MAIS: A tecnologia também auxilia na aprendizagem para os disléxicos, existem jogos que auxiliam nos problemas dos dessas pessoas. Para saber mais acesse aqui. Com a ajuda correta do professor e fazendo o tratamento certo, a dislexia, mesmo sem cura, pode ser amenizada, um exemplo de uma pessoa conhecida que superou esse problema foi Leonardo da Vinci. Discalculia A discalculia, de acordo com Bernardi e Stobaus (2011) é um distúrbio que, assim como a dislexia, vem da genética da pessoa, só que na discalculia afeta a aprendizagem em matemática e aritmética (Figura 6), a dificuldade da pessoa com esse distúrbio está centrada em compreender os símbolos numéricos e as operações como adição, subtração, multiplicação e divisão. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais https://neurosaber.com.br/dislexia-como-estimular-leitura-com-jogos/ 24 Figura 6 – Cérebro da pessoa com discalculia 1 2 3 1 2 1+5 = 6 3+4 = 7 6+4 = 10 10-3 = 7 9-7 = 2 4+5 = 9 2+1 = 3 10-5 = 5 8-2 = 6 20-2 = ... Fonte: Editorial Telesapiens Na discalculia, há uma disfunção neuronal no sulco intraparietalneuronal do cérebro, que desenvolve uma carência em habilidades como: concentração, atenção dividida, memória operacional, memória de curto prazo, nomeação, planejamento e velocidade de processamento. IMPORTANTE: A discalculia é considerada a dislexia da área de Exatas; dessa forma, não possui cura, mas pode ser controlada. Agora vem o questionamento: de acordo com o que sabemos sobre Neuroeducação e suas técnicas novas de aprendizagem, o que os professores podem fazer para os alunos com discalculia aprenderem? Primeiro, o professor, caso a criança ainda não tenha sido diagnosticada, deve observá-la, como: dificuldade para aprender a Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 25 contar, na compreensão de números, para classificar e medir, reconhecer símbolos associados aos números, erro ao copiar os números, erros ao pronunciar os números, esquecimento da ordem dos números, dificuldade para aprender ou lembrar estruturas básicas da matemática, entre outras. SAIBA MAIS: Você pode encontrar todos os sintomas da discalculia separado por cada faixa etária acessando aqui. Em seguida, ao ser identificado um aluno com discalculia, o professor deve ter muita paciência, devendo fazer uma lista de todas as dificuldades do aluno e utilizar nele uma técnica de ensino diferenciada, relacionando os problemas com situações do cotidiano. Como medida alternativa, o professor pode utilizar de jogos como o bingo, que irá trabalhar na criança a percepção com os números. VOCÊ SABIA? No Enem de 2018, a aluna Beatriz, devido ao seu problema de discalculia, obteve o direito de fazer a prova com o auxílio de calculadora e, além disso, foi concedido a ela uma hora mais para fazer a prova e uma pessoa para ler suas questões. Ficou curioso? Leia a reportagem a respeito aqui. Gagueira A gagueira, segundo Friedman (2004), é caracterizada como um distúrbio no tempo de execução dos sons, sílabas, palavras e frases, que afeta a comunicação e a forma de falar. Todo som tem seu tempo certo para ser falado, o que influencia nesse tempo é a região onde a fala é produzida, na gagueira, algumas palavras excedem esse tempo, interferindo na sua fluência. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais https://www.cognifit.com/br/pathology/dyscalculia https://g1.globo.com/educacao/enem/2018/noticia/2018/11/08/transtorno-dos-numeros-candidata-fara-enem-sem-nocao-de-contas-faceis-ou-de-tempo-entenda-o-que-e-a-discalculia.ghtml 26 Quanto a fluidez, nas pessoas que não possuem esse distúrbio, as palavras e frases saem automaticamente de forma espontânea, já nas pessoas com gagueira a produção da fala acontece de forma mais dificultosa e a junção dos sons, sílabas, frases e palavras não acontecem automaticamente. Ao contrário da dislexia e da discalculia, a gagueira, além de ser genética, pode se dar por causa de condições médicas (lesões no cérebro, AVC, febre reumática, entre outros), fator social (a pessoa tendo predisposição a gagueira é inserida em um ambiente escolar ou familiar que facilita o desencadeamento da gagueira). A pergunta chave de cada ponto desse capítulo, o que o professor deve fazer ao ter em sua sala um aluno com gagueira? Primeiro, ele deve identificar se o aluno possui ou não esse distúrbio, pois, muitas vezes, não se encontra nítido e é na sala de aula que é descoberto. Então, o professor deve prestar atenção se o aluno: prolonga os sons das frases por mais tempo que o esperado, bloqueio os sons, quando ele repete sons e sílabas, troca as palavras durante sua pronúncia, decide simplificar as frases para não gaguejar, possui dificuldade para iniciar uma frase, uma palavra ou uma expressão, quando o aluno fica muito tenso antes de pronunciar alguma palavra ou som, ansiedade ao falar, possui uma capacidade limitada para se comunicar de forma eficiente, quando o aluno ao falar, fica produzindo movimentos involuntários (tremores nos lábios, mandíbula, pisca constantemente os olhos, entre outros). Para melhorar o aprendizado das pessoas com esse distúrbio, o professor deve primeiramente tratar o aluno como os demais, dando sempre atenção ao que ele diz e se ele estiver ansioso, dizer que tem tempo. Quando ele apresentar mais facilidade para falar, o professor deve incentivá-lo. Tornar sempre a conversa natural, repetindo o que o aluno diz e ao conversar falar em velocidade reduzida. Quando tiver exercício que envolva a oralidade, deve ser feito utilizando poucas palavras, até que ele se sinta à vontade com a turma. Deve-se incentivar leitura em dupla ou grupal, pois as pessoas com gagueira, segundo pesquisas, tornam-se Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 27 mais fluentes lendo acompanhada, isso porque, o ritmo da leitura se torna previsível. Assim, como modo de aprendizagem diferenciado, o professor deve sempre incentivar jogos com leitura em dupla, jogos digitais que façam o aluno ficar repetindo frases ditas pelo computador, estimulando o aluno com gagueira a desenvolver a sua fluidez na fala. SAIBA MAIS: A associação brasileira de gagueira lançou a oficina de fluência, em que junta crianças, família, escola e a sociedade. Essa oficina junta crianças, adolescentes e familiares para aprender mais sobre a gagueira, podendo compartilhar seus sentimentos e praticar estratégias para aprimorar a comunicação e fluência. Para saber mais, acesse aqui. Desordem de Atenção A desordem de atenção, também conhecida como Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), segundo Viegas e Oliveira (2014), é um transtorno neurobiológico crônico e tem como característica a falta de atenção, a impulsividade e a falta de sossego. É um distúrbio genético e ocorre por causa de alterações nos neurotransmissores, que fazem as conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro. VOCÊ SABIA? Esse distúrbio afeta de 3% a 5% das crianças que estão na escola, e afeta mais os meninos do que as meninas. Esse distúrbio aparece na infância, mas ele não é caracterizado como um distúrbio que traga dificuldades para o aprendizado, o seu Neuroeducação e Tecnologias Educacionais http://www.abragagueira.org.br/2017/11/07/a-gagueira-infantil-numa-abordagem-integrada-criancas-familia-escola-e-sociedade-na-oficina-de-fluencia/ 28 problema é adificuldade do portador em manter o foco e a atenção durante um tempo. Assim, antes de saber as medidas que devem ser tomadas pelos professores para que os alunos mantenham seu foco e assim possam aprender melhor, precisamos perguntar: como o professor saberá que a criança tem desordem de atenção? A TDAH pode ser dividida em três tipos, de acordo com Viegas e Oliveira (2014): • TDAH com predomínio de sintomas de desatenção – nesse tipo, podemos identificar os seguintes sintomas: falta de atenção aos detalhes, dificuldade para manter o foco, ser desatento ou ausente, concluir atividades com falhas, desorganização, dificuldade em executar tarefas que exigem esforço mental, perca de objetos com facilidade, fácil distração, esquecer compromissos facilmente. • TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade – nesse tipo, podemos identificar os seguintes sintomas: movimentos agitados nas mãos e nos pés, problema em se manter sentado e em silêncio, em momentos inapropriados decidir correr ou escalar objetos, falar muito, não consegue se comunicar com calma, intromete-se na fala dos outros, interrompe as atividades que outras pessoas estão executando, problema em esperar sua vez. • TDAH combinada – já nesse tipo, a pessoa possui a combinação dos sintomas da TDAH com predomínio de sintomas de atenção e TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade. Quando a criança for diagnosticada com TDAH, é de suma importância que o professor fique sabendo qual é a maior dificuldade do aluno, para que assim, possa elaborar atividades diferenciadas para uma melhor aprendizagem. Então, o que o professor pode fazer para que os portadores de TDAH possam aprender mais e de forma diferente de acordo com sua dificuldade? Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 29 Primeiro, é de suma importância que o professor deixe a sala limpa com a menor quantidade possível de informações nas paredes, para que não tire a atenção dos alunos, assim como mantê-los longe das janelas. Geralmente, os alunos com TDAH demoraram mais para fazer uma prova, o professor pode concedê-los mais tempo ou elaborar métodos avaliativos diferentes, que tratam do assunto da prova, mas farão com que eles possam responder de forma mais tranquila, por exemplo: fazer um jogo de perguntas e respostas. Quando for explicar, o professor tem que ser o mais breve e claro possível, dessa forma, também é bom o professor procurar métodos alternativos de fixação de conteúdo, como músicas que prendem a atenção. É importante que o professor comece sua aula com aquilo que requer mais atenção do aluno, para em seguida trabalhar de forma mais estimulante. Atividades em dupla, trabalhos em computadores, tudo isso contribui para melhorar a aprendizagem do aluno com TDAH. RESUMINDO: Nesta unidade, tratamos de algumas doenças que englobam a Neuroeducação, trazendo o que caracteriza cada uma e o melhor método alternativo que os professores devem utilizar para que os alunos consigam aprender, descrevemos os sintomas de cada doença para facilitar a identificação e, ainda, trouxemos alguns métodos alternativos para que sejam seguidos em sala de aula. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 30 Neuroeducação e os distúrbios mentais e motores OBJETIVO: Neste capítulo, finalizaremos o estudo das doenças que a Neuroeducação contribui para melhorar a aprendizagem. Separamos de forma a ser menos cansativo para você, aluno, compreender. Espero que ao fim do capítulo, você possa compreender a importância da Neuroeducação. Deficiência Intelectual A deficiência intelectual, de acordo com Vasconselos (2004), é caracterizado como uma condição, que geralmente é irreversível, em que as pessoas possuem uma capacidade intelectual inferior, possuindo dificuldades na aprendizagem e na adaptação social. A criança, geralmente, já nasce com ela ou ela se manifesta nos primeiros anos da infância. Geralmente, a criança nasce com essa condição devido ao uso de drogas, consumo excessivo de drogas, radioterapia e má nutrição da mãe na gravidez. Também pode ser proveniente de um parto prematuro, traumatismo crânio-encefálico ou, até mesmo, por pouco oxigênio durante o parto. Para saber se a criança possui deficiência intelectual, é necessário fazer o teste de quociente de inteligência (QI), de acordo com Vasconselos (2004). • QI entre 52 e 68 – é caracterizado como retardo mental leve. Possuem pouca capacidade de interação social. Elas conseguem aprender as práticas educacionais básicas, mas podem apresentar epilepsia. • QI entre 36 e 51 – é caracterizado como deficiência intelectual moderada. São mais lentas para aprender a falar e a sentar, Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 31 devendo receber treinamento e apoio adequados para conseguir viver com alguma independência. • QI entre 20 e 35 – é caracterizado como deficiência intelectual grave. Possuem incapacidade de aprendizagem, a criança não aprende, não fala, nem compreende, devendo ter apoio profissional especializado. Quais os métodos que os professores podem utilizar para que esses alunos aprendam? Para se obter uma solução alternativa, primeiramente é importante que o professor saiba dar maior atenção a eles, devendo ser calmos, apresentar de maneira calma uma atividade e uma brincadeira, sempre estar prontos para conduzi-los a uma situação, pois tudo isso reflete no resultado final. O site NeuroSaber lista algumas técnicas para uma melhor aprendizagem para esses alunos, sendo elas: • Objetos com tintas, carrinhos, massinhas, estimulam a coordenação viso-motora e aprimoram as habilidades de compreensão. • Utilizar instrumentos ou brinquedos que a criança se interesse, estimulando assim a categorização, o agrupamento, a classificação, a ordenação, as noções de conjunto e quantidade. • Também é uma opção para os professores, objetos que fazem parte do dia a dia da criança. Ajudando na compreensão e percepção de medidas, desenvolvendo também suas variações de forma eficaz. • Utilizar encartes de revistas como quebra-cabeça, possibilitando noções de posição no espaço. • Brinquedos que incentivam a leitura. Mas, o mais importante, é que o professor conheça cada aluno e suas especificidades para que assim possa fazer um plano individual de ensino.. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 32 Deficiências de Visão e Audição • Deficiência de visão A deficiência visual, de acordo com Masini (1993), é caracterizada pela limitação ou perda das atividades do olho e do sistema visual, pode ser tanto a pessoa com baixa visão quanto a cega. Uma pessoa com cegueira total, é caracterizada pela perda total da visão em que não se percebe nem luz nem forma, precisa do Sistema Braille, é um sistema de escrita e leitura em relevo. Já a pessoa com baixa visão, geralmente é caracterizada por uma visão que não pode ser corrigida totalmente por óculos, causando assim interferência nas suas atividades do dia a dia, necessitando de óculos, lentes, lupas. Para o professor lidar com esses alunos em sala de aula, melhorando sua aprendizagem e fazendo ela de forma diferente, que é o intuito da Neuroeducação, primeiramente, ele precisa ter softwares leitores de tela e livros digitais acessíveis. Como medida alternativa, o professor pode realizar brincadeiras que incluam a pessoa com deficiência visual e faça o restante da sala compreender o problema do colega. Os exemplos de brincadeiras são: • Cabra cega –uma pessoa ficará com os olhos vendados tentando pegar a outra para ser a cabra cega. Essa brincadeira fará os outros alunos entenderem a falta de visão. • Identificação de objetos – o professor venda os alunos e faz com que eles adivinhem o objeto que ele entrega. Servindo para ensinar os objetos aos cegos e inclui-los na aprendizagem. Além disso, o professor poderá colocar música, que fará o aluno adquirir mais conhecimento. • Deficiência da audição Existe a deficiência auditiva e a surdez. A primeiratem a ver com a perda parcial ou total da aptidão de detectar sons, podendo ser causado por má formação, composição do aparelho auditivo ou lesão na orelha. Já a surdez, é aquela pessoa que não consegue ouvir, podendo também, uma Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 33 pessoa ser considerada parcialmente surda, quando mesmo deficiente, sua capacidade de ouvir se torna funcional com ou sem a utilização da prótese auditiva. O aluno com deficiência auditiva tem a opção de escolher ou por meio de Libras, que é a linguagem de sinal brasileira, ou por meio da língua portuguesa, podendo ser nas modalidades oral e escrita. Esse é o momento que você, aluno, se pergunta: o que o professor pode fazer para melhorar a aprendizagem dos alunos com esse problema? Bem, a gente sabe que para todos os distúrbios e doenças, os professores devem se manter sempre atualizados, manter uma relação de cumplicidade com seus alunos, deve desenvolver métodos de comunicação com o aluno de acordo com o que sabe. O professor deve incentivar a memória visual nesses alunos, fazendo eles observarem sempre detalhes da escrita e das ilustrações, um exemplo de exercício para isso é o professor colocar figuras com legendas na parede, alguns dias depois, deve retirar as legendas e pedir aos alunos para escrevê-las. Deve incentivar a memorização da escrita, você deve se perguntar como fazer isso. É simples, basta fazer crachás para cada aluno com o nome de todos para serem utilizados durante a aula, isso fará o aluno surdo prestar atenção na escrita dos nomes e ir associando. Outra forma de aprendizagem, é ao ensinar as cores, copiar o nome delas da cor escrita, escrevendo dessa forma, o nome rosa, com a cor rosa. Lesão Cerebral A lesão cerebral é caracterizada como um dano cerebral, que ocorre devido a destruição ou degeneração do cérebro, podendo produzir na pessoa uma deficiência significativa, como déficits e sintomas cognitivos que envolvem a atenção, a disfunção motora e a memória, de acordo com Geniole e Camargo (2018). Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 34 As causas mais comuns de lesão cerebral são: acidentes vasculares cerebrais (AVC), hipóxia cerebral, traumatismo crânio-encefálicos, lesões na cabeça, derrame cerebral, tumores, encefalite. A lesão cerebral nem sempre resulta em uma deficiente ou incapacidade que durará para sempre, quando acontece casos sérios, a pessoa pode ficar com sua incapacidade permanente, com alucinações, déficit neurocoginitivo, problemas no movimento e na fala, podendo inclusive, deixar a pessoa em estado vegetativo, ou em coma e até mesmo resultar na morte. Muitas pessoas, após uma lesão cerebral, ficam com o seu funcionamento mental debilitado e suas dificuldades ficam evidentes, tendo sua capacidade de raciocinar, lembrar, cuidar e decidir debilitada. Outras pessoas, ficam com o funcionamento debilitado de forma sútil, fazendo com que as pessoas ao seu redor achem que estão com preguiça ou desânimo, porque aparentam estar bem, mas não conseguem ser bem-sucedidas na vida. Dessa forma, existem lesões cerebrais que ainda não foram detectadas e o primeiro passo que o professor pode fazer ao ver um aluno diferente, para saber se este possui uma lesão cerebral, é observar os sintomas: • Físicos – dificuldade na coordenação motora e equilíbrio, perda de sensações, lentidão no corpo, menor força física, problemas com movimento, perda de energia. • Cognitivos – possui dificuldade em manter atenção, se distrai facilmente, dificuldade para compreender o que é falado, dificuldade para falar, dificuldade em compreender e organizar as informações sensoriais, dificuldade na memória, para resolver problemas e para organizar e planejar as atividades. • Emocionais – depressão, alterações de humor, irritabilidade, ansiedade. • Comportamentais – paranoia, agressividade, falta de iniciativa, impulsividade e apatia. Após diagnosticado, o professor deve procurar saber de que a criança com lesão cerebral gosta, para que assim possa traçar a Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 35 metodologia de ensino para ela, apesar de suas limitações. Deve adaptar seus materiais de uso em sala de aula, criar condições físicas, ambientais e materiais para que essas crianças possam participar na sala de aula. Um exemplo de atividade alternativa para o professor é se a criança possuir, por exemplo, dificuldades motoras devido a lesão cerebral, ele pode ser o redator da criança ou, até mesmo, optar por atividades que não exijam a escrita, fazendo brincadeiras como soletrando, em que o aluno mostrará que sabe escrever, mas não precisará escrever. Dispraxia Também conhecida como “síndrome do desastrado”, de acordo com Mezzono, Vargas e Souza (2011), a dispraxia tem como característica uma disfunção neurológica que atua diretamente nas ações do cérebro, exatamente na parte que é responsável pelos movimentos motores, verbais e espacial, assim, quem possui esse distúrbio costuma não conseguir manter a postura, o equilíbrio, e algumas vezes, tem dificuldade em falar. Sua causa se dá devido a traumas ou lesões cerebrais, atraso em seu desenvolvimento neurológico, hereditariedade ou, até mesmo, acidente vascular. Devem ser observados os seguintes sintomas para saber se a criança possui dispraxia: dificuldades em andar, pular, desenhar ou pintar, pentear-se, correr, executar movimentos voluntários, lentidão em atividades que exigem coordenação motora. Assim, o professor deve observar esses sinais nos alunos e, quando diagnosticado, deve lembrar que esse problema não quer dizer que o aluno tenha déficit cognitivo, isto é, que ele seja menos inteligente que os demais colegas de sala, mas sim, que em alguns exercícios de sala ele terá dificuldade em realizar. Então, o que o professor deve saber para melhorar o processo de aprendizagem desses alunos? Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 36 Como essas crianças não possuem déficit cognitivo, o professor deve se preocupar com sua inclusão em sala de aula e em ajudá-los a desenvolver seus movimentos. Uma alternativa são os computadores, passar atividades em computadores estimulará a coordenação e será mais fácil do que escrever manualmente. Desenvolver brincadeiras que mexem com a coordenação motora, estilo atire e acerte o alvo. NOTA: O professor tem um papel muito importante na vida dos alunos com dispraxia, pois pode estimular com métodos alternativos de aprendizagem as suas dificuldades. Depressão e Ansiedade Hoje, a depressão e a ansiedade são consideradas os transtornos que mais afetam as pessoas em todo o mundo. Ambas afetam o humor e as emoções, possuindo manifestações físicas como: fadiga, pouca concentração, inquietude. A depressão tem como principal característica uma tristeza constante, falta de prazer e de interesse nas atividades cotidianas, baixa autoestima, possuindo sentimento de culpa. As pessoas com esse transtorno geralmente ficam com distúrbio do sono e apetite, alterações de humor, dificuldade de planejar o futuro. A ansiedade se dá por meio da própria ansiedade que as pessoas têm e de preocupações excessivas, que são constantes e duradouras. Possuindo como sintomas: dores de cabeça, falta de ar, tensão e dores físicas. As pessoas com depressão e ansiedade tendem a ter dificuldade na aprendizagem, isso porque possuem dificuldades em se concentrar e assimilar as informações ditas pelos professores. Então, considerando o que foi estudado, qual método você acha que o professor deve desenvolver para que o aluno com esse transtorno posso aprender? Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 37 O primeiro passo para o professor, nesse caso, é realizar atividades de relaxamento, para que os alunos tentem esquecer os problemas e se concentrem melhor. É indicado também realizar atividades que prendam a atenção dos alunos e que façam eles se animarem, como brincadeiras do show do milhão, de perguntas e respostas, fazendo-osinteragirem com os outros alunos e se animarem. Assim, eles poderão adquirir conhecimentos e também esquecer os seus problemas pessoais. Após analisar todas essas doenças que contam com a ajuda da Neuroeducação, o professor também deve considerar outro fator em sala de aula, que também contribui para a aprendizagem das pessoas: os amigos de sala de aula. Adicionar métodos novos para aprendizagem é muito importante e ajuda muito as pessoas, todavia, também é preciso trabalhar com os colegas de sala sobre o quanto a pessoa com doença necessita de atividade especiais e o quanto a ajuda deles é importante. Os colegas de sala devem sempre ajudar os que mais precisam de atenção, hoje existe muito a figura do bullying e isso faz com que o processo de aprendizagem se torne ainda mais lento. Dessa forma, além de atividades diferentes adaptadas para cada necessidade do indivíduo, o professor deve manter uma sala de aula em que os alunos sejam amigos e se ajudem, para que assim todos possam aprender. Sabe-se também que o educador deve educar e obter ajuda além da sala de aula, assim, é importante manter contato com os pais, pedindo a ajuda deles, pois a aprendizagem ultrapassa a escola, os pais devem contribuir para que o indivíduo possa aprender efetivamente. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 38 RESUMINDO: Nesta unidade, terminamos de estudar as doenças em que a Neuroeducação pode oferecer sua contribuição para que as pessoas que possuem, possam aprender de maneira diferente, conseguindo adquirir aprendizagem, já que para muitas essa é uma tarefa mais complicada. Ao analisarmos as duas unidades, vemos o quanto o papel do professor é importante, não só para aprendizagem desses alunos, como para ajudar a perceber que eles têm esses problemas. O professor, muitas vezes, é o responsável por não deixar que as doenças evoluam e por fazer com essas pessoas consigam viver bem em sociedade. Programa de Neuroeducação para a felicidade OBJETIVO: Neste capítulo, trataremos sobre a felicidade, após estudarmos sobre a Neuroeducação e as doenças que ela ajuda para um melhor aprendizado, agora estudaremos o quanto o estado de felicidade também é essencial para que as pessoas possam aprender mais. Estão prontos? Vamos juntos! A Felicidade de Mãos Dadas com a Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 39 Neuroeducação O que vem a ser felicidade? Talvez essa seja uma resposta pessoal, o que é felicidade para uma pessoa pode não ser considerada para outra. Para você aluno, o que é felicidade? Para grandes pesquisadores, a felicidade (Figura 7) é considerada um estado de plenitude durável, que traz satisfação e equilíbrio físico e psíquico, na qual a inquietude e o sofrimento são transformados em sentimentos ou emoções que desenvolvem o contentamento podendo chegar até a uma alegria intensa. Pode ser considerada um estado de bem-estar espiritual que causa paz interior. Dessa forma, a felicidade se baseia no prazer, na alegria, no estado de êxtase do ser humano, no seu contentamento. Figura 7 - Felicidade Fonte: Pixabay O estado de felicidade é aquele em que temos tudo para aprender melhor, pois ele contém todos os requisitos ditos pela Neuroeducação para uma melhor aprendizagem, como: com a felicidade não tem stress, Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 40 ansiedade, depressão, a pessoa feliz se comunica mais, suas emoções e seu humor estão bons. Além disso, as pessoas que possuem doenças também aprendem melhor quando estão mais felizes, isso porque, independentemente da doença, a felicidade causa os mesmos sintomas em todas as pessoas, trazendo para todos os mesmos benefícios. Você já se perguntou por que várias pessoas, quando eram crianças, eram bastante inteligentes e ao crescer começaram a ter dificuldades para aprender? Quando criança, somos estimulados a aprender, cada nova conquista é uma comemoração diferente, os pais estimulam, ajudam, dão abraços, beijos. Ao crescer, esse contato vai diminuindo, aumentam as cobranças, a pressão, as perguntas do que cada pessoa quer para o futuro. Muitas vezes é essa mudança que causa bloqueio na aprendizagem. Como já foi visto, cada pessoa aprende de uma forma diferente, mas o que todos têm em comum é o desejo pela felicidade e o quanto uma pessoa mais feliz consegue adquirir mais conhecimento e ativar todos os neurônios que ajudam na hora de aprender. Foi seguindo esses conceitos e vendo o quanto o estado de felicidade é importante para o indivíduo que foi criado o Programa de Neuroeducação para a Felicidade (PNF), que, de acordo com Rodrigues (2015), sugere alguns exercícios de treino com base nos seguintes pressupostos: • Implementar uma prática regular de exercício físico. É na atividade física que há a liberação de dopamina e da serotonina no cérebro humano. A dopamina é liberada no corpo em decorrência de uma experiência agradável, gerando uma sensação de prazer e aumentando os níveis de memória e vigília. Quando o corpo está com baixo nível de dopamina, a tendência é de a pessoa ter menos interesse no processo de aprendizagem, diminuindo também a sua motivação e sua memorização. A serotonina tem como função modular o humor da pessoa, sendo ela responsável pelas sensações de bem-estar e felicidade. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 41 Quem nunca ouviu ou até mesmo falou: vou treinar para liberar hormônios? Ou vou treinar para diminuir os estresses? E, ao treinar, você realmente se sente melhor? Para mim, estudar após treinar e tomar um banho faz eu adquirir muito mais conhecimento. Para você, isso funciona? • Aumentar o contato com a natureza e a exposição à luz solar. A luz solar é um importante estimulante de produção da serotonina, como estudado acima, modula o humor da pessoa, além disso, a luz do sol diminui os sintomas que são associados a depressão e a ansiedade. • Amor, carinho e apoio da família ou grupo. Esses são componentes importantes para o desenvolvimento neuronal, ao receber amor, carinho e apoio, a pessoa libera oxitocina que é um estimulante das sensações de confiança, fazendo-a se sentir bem e seguro, e assim, promove o seu bem-estar e equilíbrio emocional. Também aumenta a liberação de dopamina. O quanto você se sente bem ao receber carinho, amor e apoio familiar? Trazemos aqui, como exemplo, o vestibular. às vezes, os pais querem que os filhos façam um curso determinado e ele estuda para satisfazer o prazer dos pais e, não o seu próprio, no fim se transformando, muitas vezes, em profissionais frustrados. Em contrapartida, veja as pessoas que possuem apoio familiar na sua escolha, sendo motivado para seguir seu sonho, essas pessoas costumam aprender de forma melhor, acarretando no futuro, um profissional feliz e de boa com a vida. • Promover o elogio pelo esforço, e não pela inteligência/sucesso. Quando as crianças costumam receber mais elogios, quando seus resultados são positivos, tendem a quando fracassar ter mais dificuldade em lidar com a situação. Em contrapartida, as crianças que são elogiadas pelos seus esforços, tendem a sempre aceitar novos desafios, com uma maior motivação. Devemos aprender com os erros, sendo apoiados quando eles acontecem e não sendo crucificados por pelo menos uma vez ter errado. As pessoas devem sempre levar em consideração o esforço e elogiá-lo, para que sempre haja uma aprendizagem melhor. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 42 • Estimular uma cultura de otimismo e positivismo. Para que as crianças possam sempre conseguir enfrentar novos problemas e desafios sem medos, é necessário que desde cedo seja trabalhado o otimismo e o positivismo, com esses sentimentos elas aumentam os seus níveis de felicidade. • Incentivar a partilhar/gestos de bondade e caridade. Uma das melhoras formas de ser feliz é partilhando algo com as outras pessoas ou ajudando-as, pois esses gestos estimula a liberação de dopamina. REFLITA: Você, aluno, já ajudou alguém?Já teve essa sensação indescritível que é promover o bem ajudando o próximo? Se ainda não tiver feito isso, faça pelo menos uma vez e verá o quanto isso o fará feliz, fazendo com que deseje fazer isso sempre. • Não punir/lamentar os erros. Para que se possa aprender, é necessário errar. Dessa forma, o erro é uma das etapas que compõe o processo de aprendizagem, dando a pessoa mais experiência. Mesmo que haja consequência a curto prazo devido ao erro, deve-se observar os benefícios que trará para o futuro. O erro não deve ser punido, mas sim, disciplinado. • Incentivar as interações sociais e desenvolver a empatia. Você sabe o que é empatia? A empatia é você se colocar no lugar do outro, sentir o que sentiria uma outra pessoa, caso estivesse na mesma situação que ela está. É compreender ou tentar compreender a dor do outro, seus sentimentos e suas emoções. Assim, as pessoas que possuem mais facilidade em se comunicar com outras pessoas têm mais receptores de oxitocina e de dopamina, proporcionando a ela maior sensação de felicidade. Interagir com outras Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 43 pessoas aumenta, inclusive, as possibilidades de uma carreira de sucesso no futuro, além disso, também faz a pessoa ser bem-sucedida em seu nível pessoal. • Aprender a desfrutar/saborear as pequenas coisas boas. Quando desfrutamos os sabores de pequenos momentos, mesmo que não tenha um grande significado, nós conseguimos aumentar nossos níveis de felicidade e o nosso otimismo em relação a nossa vida. Feliz é aquele que encontra em pequenos momentos grandes realizações, que vê o lado bom até nas pequenas coisas da vida, como o cheiro de café passado na hora, o sorriso de felicidade da mãe quando fazemos algo que ela gosta, um abraço do pai. Pequenos momentos, quando bem aproveitados, podem trazer mais felicidade do que grandes momentos. • Proporcionar significado e objetivos à vida. São as pessoas que possuem maior significado e objetivos na vida que são consideradas mais felizes, pois elas estão mais satisfeitas. Dessa forma, é importante proporcionar às pessoas experiências em que possam descobrir os seus interesses e talentos. Muitas vezes, quando não temos objetivos na vida, existe uma maior probabilidade de desistir, pois há uma queda dos níveis de serotonina e dopamina. NOTA: A PNF traz esses pressupostos porque eles proporcionam uma melhor aprendizagem para as pessoas. Sendo explicado o porquê de cada pressuposto. Você, aluno, segue algum desses pressupostos ou mais de um deles? Lembrem-se de não se cobrem demais, a felicidade é essencial, não só para uma melhor aprendizagem como também para viver bem. Pratique atividade física, abracem, beijem, parem para olhar um simples pôr do sol, partilhem e, principalmente, sejam otimistas, o otimismo nos leva para a frente. Acredite sempre em você, porque você ainda vai longe! Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 44 O programa PNF, além dos pressupostos apresentados, privilegia cinco vetores que são fundamentais, devem ser incentivados no decorrer de todo o programa, são eles: • Saborear – a cada dia devemos saborear mais a vida, observando todas as coisas boas que se encontram a nossa volta e aproveitar o momento, fazendo com que ele se prolongue, dessa forma, a experiência prazerosa dure o maior tempo possível. Se estamos em um momento estressante com a família, parar e contar uma piada, fazendo com que todos riam e apreciem o momento. Ao abraçar, sinta o abraço e o calor da outra pessoa. As pessoas que costumam apreciar mais os pequenos momentos são bem mais felizes, tornando-se também mais otimistas e tendo mais satisfação com o modo de vida. Se juntar com velhos amigos (Figura 8) e relembrar momentos felizes do passado é uma das melhores maneiras de saborear a vida. Figura 8 – Felicidade amigos reunidos Fonte: Freepik • Agradecer – contemplar o mundo aumenta a autoconfiança e o otimismo, pois sabemos que várias pessoas que nos rodeiam, Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 45 estão ali por nós. Um exemplo é as pessoas que tinham brigado, mas que sempre se gostaram, conversarem e pedirem perdão, agradecendo por sempre lembrarem o quanto uma é importante para outra, faz com que os níveis de felicidade aumentem e diminui os sintomas depressivos. VOCÊ SABIA? O site de jornalismo O popular divulgou que a gratidão pode aumentar os níveis de felicidade. O exercício da gratidão produz benefícios fisiológicos e emocionais, aumentando a oxitocina e acionando o sistema parassimpático que contribui para elevar a imunidade e aumentar a sensação de bem-estar. A gratidão nos faz dormir melhor, faz a nossa vida ser mais leve, aumenta nossa felicidade e o nosso bem-estar. Desenvolver o exercício da gratidão, até mesmo nos momentos ruins como na dor, na tristeza, na doença, faz com que a pessoa leve uma vida mais feliz. Devendo ser grato por tudo. • Desejar – ter esperança, possuir um objetivo, ter opinião, cria um significado para vida e torna as pessoas mais felizes e mais satisfeitas. Ser otimista torna os desafios mais fáceis de serem superados e, assim, o objetivo se torna mais fácil de ser atingido. Uma pessoa que possui mais esperança e que acredita nos seus resultados, tem menos estresse e, consequentemente, tem sua autoestima e vitalidade aumentada. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 46 • Dar e partilhar – a arte de compartilhar ou dar algo a alguém torna os outros mais felizes (Figura 9), mas a pessoa que está compartilhando tem seus níveis de felicidade maior do que a pessoa que está recebendo. A gentileza deixa as pessoas menos estressadas, mais felizes, com uma maior ligação com o mundo e abertos para novas experiências. Figura 9 – Dar e partilhar Fonte: Freepik • Empatizar – como já tratamos o que vem a ser empatia, devemos falar agora que, ao sentir a empatia, a pessoa se torna menos crítica, menos frustrada, irritada e, até mesmo, menos decepcionada. Estabelece a solidificação nos laços com as pessoas mais próximas. Sentindo compaixão, nossas redes neuronais são alteradas, causando uma sensação de bem-estar sem igual, as pessoas que têm mais compaixão possuem uma vida mais saudável e mais produtiva do que aquelas pessoas que só sabem criticar. Você deve estar se perguntando o porquê de termos estudado todos esses requisitos sobre felicidade. Se não tivermos deixado claro, queremos reforçar o quanto a felicidade anda de mãos dadas com a Neuroeducação, pois, como a Neuroeducação estuda a forma que Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 47 o cérebro adquire melhor a aprendizagem, ajudando a promover as melhores formas para que uma pessoa possa aprender, a felicidade se torna um dos principais meios para que ocorra essa melhor aprendizagem. Indo além da sala de aula, é importante tratar desse tema com os pais do indivíduo, pois muitos dos requisitos citados acima devem ser trabalhados em casa e com a ajuda dos pais. Deve ser sempre lembrado: a aprendizagem vai além da sala de aula, o educador deve fazer sua parte, mas é essencial que a família também faça. Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 48 RESUMINDO: Neste capítulo, para trazer uma conclusão geral, trouxemos a importância de estimular a felicidade nas pessoas, pois a felicidade é o melhor combustível para uma aprendizagem mais rápida e mais fácil. Abordamos os pontos elaborados pelo Programa de Neuroeducação para a Felicidade, pontos esses presentes em nosso dia a dia que são de fácil estimulação. Pessoa feliz aprende melhor, pessoa feliz ajuda mais. É importante essa reflexão, que além de ajudar na aprendizagem, também leva para vida o quão importante é a felicidade. REFERÊNCIAS ABRA GAGUEIRA. A gagueira infantil numa abordagem integrada: crianças, famílias, escola e sociedade na oficina de fluência. Abra Gagueira, 2017. Disponível em: http://www.abragagueira.org.br/2017/11/07/a- gagueira-infantil-numa-abordagem-integrada-criancas-familia-escola-e-sociedade-na-oficina-de-fluencia. Acesso em: 7 fev. 2020. AMARAL, N.; COSTA, P. A Informática como auxílio no tratamento de dislexia, 2011. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_ arquivos/arquivos_destaque/2UmPlqNrqbStF54_2013-7-10-14-34-31.pdf. Acesso em: fev. 2020. BERNARDI, J.; STOBAUS, C. Discalculia: conhecer para incluir. 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