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Políticas públicas e seus elementos SST Melo, Milena Barbosa de Políticas públicas e seus elementos / Milena Barbosa de Melo Ano: 2020 nº de p.: 11 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 Políticas públicas e seus elementos Apresentação Sempre que pensamos em políticas públicas, temos a impressão de que se trata de um tema importante. Ainda, algumas pessoas têm a tendência de achar o tema complicado demais e voltado para a esfera política. De fato, as decisões políticas são decisivas para a implantação de boas políticas públicas, mas é preciso que todos participem de sua formulação, já que os reflexos delas são sentidos no dia a dia das pessoas. As decisões de Estado afetam todos, independentemente de escolaridade, raça, sexo, religião ou nível de renda – essa é a finalidade maior do Estado na busca de satisfazer o interesse público e as necessidades gerais de toda a coletividade. Além disso, o Estado atua nas falhas do mercado para satisfazer as necessidades da população garantindo o bem comum. E é sobre isso que falaremos nesta unidade. Bons estudos! Políticas públicas: aspectos gerais Reconhecer nossos problemas é uma tarefa necessária, mas não suficiente quando se trata de política pública. As ferramentas escolhidas para resolvê-los falham, por isso, nos propomos a repensá-las. No caso brasileiro, recorremos principalmente a duas: leis e planos. Criar regras por meio de leis implica que, antes da detecção de um problema e suas consequências, ele possa ser evitado com um arcabouço legal que o regule (FONTE, 2015). No entanto, gerar leis não gera políticas, especialmente quando a distribuição da justiça é questionável. Veja alguns exemplos: 1. Exemplo 1: Governar por planos pressupõe que a concepção de um projeto por si só resolve o problema, mas também é uma camisa de força que obriga os políticos a serem indiferentes às mudanças típicas da dinâmica social. 4 2. Exemplo 2: Por sua vez, nas ciências sociais os processos não são estáticos. Um plano, por mais bem concebido que seja, implica a ignorância dessa variabilidade. 3. Exemplo 3: Obviamente, as leis e os planos têm uma importância considerável. Assim não devemos desqualificá-los ou anulá-los simplesmente, mas enfatizar que não são as ferramentas mais adequadas (FONTE, 2015). Nossa proposta é atrelada à defesa de políticas que governam, aos cursos de ação que procuram resolver um problema específico em vez de um todo incontrolável. É comum associar o conceito de política pública a meras ações de governo, de modo que qualquer ação empreendida pelos intervenientes do governo seja erroneamente considerada política pública. Os governos não são mais os únicos atores nas fases do ciclo político, embora toda política pública seja uma ação de governo, ainda que não limitada a ela. Neste estudo, você entenderá o que são e para que servem as políticas públicas dentro de um contexto tão complexo como o brasileiro, de modo que seja uma ferramenta útil e simples para a compreensão da natureza pública das políticas, sendo seu ponto- chave. No entanto, utilizar ferramentas inadequadas para resolver um problema pode ser pior do que deixar de enfrentá-lo. Estamos todos de acordo em reduzir a pobreza, ampliar a base tributária, fazer melhor uso dos excedentes de petróleo, criar empregos, etc., mas o problema é como temos tratado essas questões, ao menos nos últimos 30 anos. A política pública, como dito, tem sido o ponto chave como vantagem ou desvantagem nesse processo (MENDES; PAIVA, 2017). “Política” não é o mesmo que “políticas” (politics, policies, policy) Para entender o que são políticas públicas, é necessário diferenciar dois conceitos que em nossa língua não têm tradução: 5 1. Politics (política): É entendido como as relações de poder, os processos eleitorais, os confrontos entre organizações sociais e o governo. 2. Policies (políticas): É relativo às ações, decisões e omissões dos diferentes atores envolvidos nos assuntos públicos. Ao longo deste trabalho, falaremos sobre política, no singular, quando nos referirmos às relações de poder (objeto de estudo da ciência política) – politics – e políticas, no plural, quando nos referirmos a políticas públicas – policies, policy. No entanto, existe a política de políticas públicas, que se refere às relações de poder no processo de ações governamentais com a sociedade (DE NEGRI, 2017). Para De Negri (2017), isso é aplicável a diferentes setores: política educacional, políticas educacionais; política cultural, políticas culturais; política social, políticas sociais etc. Também podemos falar sobre as relações de poder de algum setor: a política das políticas econômicas, a política das políticas ambientais, entre outros. Identificar a eficácia, eficiência, economia e qualidade dos gastos, bem como melhorar a qualidade dos gastos se daria por meio de maior produtividade e eficiência dos processos governamentais. Saiba mais Políticas são o desenho de uma ação coletiva intencional. O curso que a ação toma como resultado das decisões e interações que ela envolve são os eventos reais que a ação produz. Nesse sentido, as políticas são o curso de ação seguido por um ator ou grupo de atores ao lidar com um problema ou questão de interesse. O conceito de políticas presta atenção ao que realmente é feito e executado, e não ao que é proposto e desejado. Atenção 6 Segundo Secchi (2016, p. 5), [...] o problema público está para a doença assim como a política pública está para o tratamento. Metaforicamente, a doença (problema público) precisa ser diagnosticada, para então ser dada uma prescrição médica de tratamento (política pública), que pode ser um remédio, uma dieta, exercícios físicos, cirurgia, tratamento psicológico, entre outros (instrumentos de política pública). É bem verdade que as políticas são entendidas como uma declaração de intenções, metas e objetivos. Elas são consideradas uma cadeia causal entre as condições iniciais e as consequências futuras: se X, então Y, ou seja, políticas públicas são hipóteses: se implementarmos este curso de ação (X), teremos essas metas e objetivos alcançados (Y). Logo, as políticas são cursos de ação voltados para a solução de problemas. Mesmo não fazer nada é uma ação que deve ser levada em consideração e colocada em prática ou não. As políticas também denotam as intenções das forças políticas, particularmente as dos governantes, as consequências de suas ações. As políticas tendem a significar intenções e não consequências, portanto se tornam o resultado de uma série de decisões e ações de inúmeros atores políticos e governamentais. Os primórdios do conceito O conceito de políticas públicas nasceu nos Estados Unidos, com o impulso pioneiro de Harold Laswell na segunda metade do século XX. Depois de trabalhar como professor e pesquisador em ciência política, Laswell incorporou seu conhecimento científico à administração do governo daquele país. Sua proposta era melhorar o desempenho administrativo e a ação governamental do Estado por meio de uma nova disciplina: as ciências políticas. Esse seria um trabalho transdisciplinar em torno do fazer e do processo de políticas públicas, a fim de conhecer e explicar tanto a formação quanto a execução de políticas. A ciência política se tornaria, segundo Lasswell, uma ciência tributária do sistema político, assim como as outras ciências sociais, e forneceria seus elementos metodológicos e conceituais para o estudo do Estado e da política. Fonte (2015, p. 25) acrescenta que: 7 [...] o controle judicial de políticas públicas tornou-se, em pouco tempo, tema muito presente nas discussões acadêmicas. Isto não apenas em razão da mudança de paradigma jurídico ocorrida com a Constituição de 1988, mas também por motivos de ordem puramente pragmática. Há evidente interesse da União, Estados e Municípios em conter, ou ao menos amenizar, a enorme sangria de verbas decorrentedo cumprimento de decisões judiciais cujo conteúdo varia entre comprar remédios, contratar funcionários para combater endemias, matricular alunos em creches, abrir vagas em escolas, melhorar a condição de presídios e, em último grau, custear tratamento médico no exterior. Citação Ainda, a ciência política versaria sobre as habilidades profissionais necessárias para participar da tomada de decisões públicas (conhecendo o processo de tomada de decisão da política) e também sobre as habilidades científicas necessárias para contribuir para a invenção de uma teoria e prática confiáveis (incorporar dados e teoremas das ciências no processo de tomada de decisão da política com o propósito de melhorar a decisão pública). Funcionamento das políticas públicas e seus elementos Vejamos, a seguir, o organograma que representa o funcionamento das políticas públicas e seus elementos. Organograma das políticas públicas e seus elementos Políticas públicas Desenvolvimento institucional Participação Interesse Desenvolvimento econômico Sociedade civil Desenvolvimento ambiental Desenvolvimento social Fonte: Elaborada pelo o autor (2020). 8 Quando se trata de alusão de política pública aos processos, decisões, resultados feitos, mas sem excluir os conflitos entre interesses presentes em todos os momentos, para os avaliadores estamos diante de um panorama cheio de poderes em conflito, enfrentamento e colaboração diante de opiniões e cursos específicos de ação. Para Fonte (2015), o estudo das políticas públicas nada mais é do que o estudo da ação das autoridades públicas. Outro uso do termo política distingue o que os ingleses designam com essa palavra, seja uma estrutura de orientação para ação, seja um programa ou uma perspectiva de atividade. No âmbito da produção legislativa o termo política pública tem sido reservado para designar os sistemas legais com pretensão de vasta amplitude, os quais definem competências administrativas, estabelecem princípios, diretrizes e regras, e em alguns casos impõem metas e preveem resultados específicos. São as chamadas normas gerais ou leis instituidoras das políticas nacionais, normalmente inseridas no âmbito das competências administrativas comuns ou legislativas concorrentes previstas, respectivamente, nos arts. 23 e 24 da Constituição Federal de 1988. (FONTE, 2015, p. 38) Citação Assim, um governo que tem uma política econômica, isto é, realiza um conjunto de intervenções, opta por fazer ou não certas coisas em um campo específico, nesse caso, a economia. Nesse sentido, devemos falar claramente de política pública, isto é, dos atos e dos atos não cometidos de uma autoridade pública frente a um problema ou setor relevante de sua competência. A ciência tradicional considerou, nos anos 1950 e 1960, que as políticas públicas (políticas) eram variáveis dependentes da atividade política (política). Assumiu- se que as políticas eram apenas o resultado, o produto, a consequência dos governantes ou aqueles que estavam representados no sistema pelos partidos políticos. Quer dizer, as políticas eram as decisões dos governantes para a solução de um problema particular, e elas seriam feitas apenas para legitimar seu poder perante os governados. 9 Você já olhou em volta para reparar se as políticas públicas estão sendo aplicadas em seu bairro? Curiosidade Uma política pública não é uma ação do governo que pode ser singular e temporária em resposta a circunstâncias políticas particulares ou demandas sociais. Em outras palavras, o que é específico e peculiar à política pública é ser um conjunto de ações intencionais e causais, visando atingir um objetivo de interesse/benefício público, cujas diretrizes de ação, agentes, instrumentos, procedimentos e recursos se reproduzem no tempo de maneira constante e coerente (com as necessárias correções marginais), em correspondência com o cumprimento de funções públicas de caráter permanente ou com a atenção de problemas públicos, cuja solução implica uma ação sustentada (MENDES; PAIVA, 2017). Assim, a estrutura estável de suas ações, que é reproduzida por certo tempo, é o elemento essencial e específico desse conjunto de ações governamentais que chamamos de políticas públicas. A natureza pública da política Embora as diferenças entre o público e o privado tenham dependido do momento histórico, é curioso e paradoxal que o público esteja associado ao governo como se os governos tivessem o monopólio do público. A política pública é até certo ponto um pleonasmo, porque a política desde os gregos era uma atividade feita na polis e só podia ser exercida em público (a família foi um espaço pré-político e privado, consequentemente, foi o oikos). Público e político para os gregos eram conceitos semelhantes porque não havia concepção do indivíduo – a política era pública e o público era político. Com Maquiavel começa a se manifestar um realismo de política diferente do mundo helênico, tornando-se claro que a política está nas mãos de algumas elites e que a coisa pública, o público, não pertence a todo o público (SMANIO, 2013). 10 Uma das principais contribuições das políticas públicas é justamente o resgate da natureza pública das políticas, ou seja, o envolvimento de diferentes atores para as políticas governamentais (sindicatos, sociedade civil, empresas, igrejas, assembleias de bairros etc.). FECHAMENTO Quando pensamos na quantidade de problemas existentes em nossa sociedade, é muito provável que seja uma lista muito grande. Para os governantes é quase impossível resolver todas as demandas reprimidas existentes. Nesse ponto é que as políticas públicas vão atuar, estabelecendo quais são as mais prioritárias e como serão implantadas. Desta forma, conhecer como o desenvolvimento das políticas públicas afetam nosso dia a dia é muito importante, pois nos colocará em alerta para cobrar dos governantes a realização de projetos, obras e ações destinadas a suprir as necessidades da sociedade como um todo. T.I Realce 11 Referências FONTE, F. M. Políticas públicas e direitos fundamentais. 2015. MENDES, G.; PAIVA, P. Políticas públicas no Brasil: uma abordagem institucional. São Paulo: Saraiva, 2017. SECCHI, L. Análise de políticas públicas: diagnóstico de problemas, recomendações de soluções. São Paulo: Cengage Learning, 2016. SMANIO, G.P. O direito e as políticas públicas no Brasil. São Paulo: Atlas, 2013. O processo de construção social e as políticas públicas SST Melo, Milena Barbosa de O processo de construção social e as políticas públicas / Milena Barbosa de Melo Ano: 2020 nº de p.: 11 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 O processo de construção social e as políticas públicas Apresentação O desenvolvimento de políticas públicas de qualidade depende de um planejamento adequado, com o envolvimento dos setores da sociedade e dos recursos, considerando que o montante disponível sempre será menor que as demandas, por isso, a necessidade de se estabelecer prioridades de acordo com um plano de longo prazo. Com isso, a construção da agenda, a formulação, a implementação e a avaliação das políticas públicas são permeadas de peculiaridades, em que cabe aos diversos atores envolvidos no processo aprimorar todas essas etapas, no sentido de alcançar uma sociedade mais justa, isenta de corrupção e, consequentemente, com um desenvolvimento crescente do país. O processo de construção social e as políticas públicas A educação está diretamente relacionada aos fenômenos de globalização e tem contato direto com as mais diversas culturas, acompanhando o ritmo constante das alterações sociais. Nesse sentido, em cada processo de construção social modificado, a forma de implementação da educação também deve ser (re) construída, visando, assim, à eficácia e à plena eficiência. Sob essa perspectiva, a política educacional perpassou por sistemáticas de abordagens diferentes, regulação de conteúdoe das práticas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem. Foram muitas mudanças ocasionadas e observadas ao longo do tempo. O que podemos notar, portanto, é tão somente a possibilidade de reconhecer que o Estado democrático de direito deve desenvolver atividades essenciais que estabeleçam regras fundamentais para o bem-estar da população, ou seja, o estado de bem-estar social. 4 As políticas públicas educacionais, então, são de extrema importância para tornar o ensino fundamental público mais qualitativo em todos os âmbitos, formando, assim, verdadeiros cidadãos. Para realizar uma agenda para as políticas públicas, é essencial decidir as prioridades. Na realização da agenda, o especialista deverá planejar os objetivos que deseja alcançar, levando em consideração os problemas que devem ser combatidos com maior rapidez, com intuito de minimizar os dados sociais coletivos. Dessa maneira, deve-se analisar conjuntamente o problema social com a aplicabilidade daquilo que se deseja atingir. Essa questão refere-se aos elementos essencialmente práticos de viabilidade, pois será analisada a viabilidade de recursos financeiros e estruturais. Leva-se em consideração, neste momento, que os problemas que se deseja inserir na agenda muito provavelmente não serão solucionados imediatamente, torna-se de substancial importância que se considere a agenda a partir de uma visão flexível. Atenção Por fim, o especialista, no ato de elaboração de uma agenda, deve ter em mente os seguintes pontos: 1. Identificação da necessidade: Fazer a identificação da necessidade política a partir de um estudo social local. 2. Levantamento: Fazer o levantamento da viabilidade prática da execução da agenda. 3. Especificar o local: Especificar o local a que se destina a aplicação da agenda. 5 4. Identificar o período: Identificar o período em que se deseja realizar, bem como a duração. A melhoria pública como função do Estado da execução, otimização de recursos e eficiência dos serviços públicos Neste tópico, conheceremos os princípios constitucionais da Administração Pública e orçamento público, também chamada de Lei Orçamentária Anual (LOA). Vamos lá? Princípios constitucionais da Administração Pública É importante salientar que, em diversos dispositivos do ordenamento jurídico brasileiro, há previsões e regulamentações para a gestão pública, em caráter direto ou indireto. Entre as todas as normas, destaca-se o art. 37 da Constituição Federal, que dispõe: Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá́ aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...] (BRASIL, 1988) Esse artigo assevera que os gestores públicos devem atuar em nome da Administração Pública, precedendo em conformidade com os princípios e a prévia determinação legal. O objetivo maior é salvaguardar os interesses coletivos em conformidade com os fundamentos legais. A eficiência e a eficácia dos recursos para o desempenho dos interesses sociais estão intimamente relacionadas com a forma de gestão pública. Nesse sentido, há necessidade de análise e levantamento das problemáticas sociais, com o intuito de criar e/ou aperfeiçoar programas sociais a serem desenvolvidos pela gestão pública em governos estaduais e municipais. 6 Ainda que aparentemente semelhantes, eficácia e eficiência apresentam conceitos distintos. Confira a diferença dos termos clicando no recurso. 1. Eficiência: É a forma como algo é procedido de forma correta, célebre e com boa qualidade. Mesmo sendo uma medida de curto prazo, para ser eficaz deve conter alto aproveitamento, logo, com a menor quantidade de falhas. 2. Eficácia: Está inteiramente ligada ao objetivo em si, à relação entre os resultados almejados e os previstos e também ao caminho para atingir as metras propostas, aproveitando as oportunidades oferecidas. Conforme vimos, o princípio da eficiência, ao ser aplicado na Administração Pública de forma rápida, eficaz e coerente pelo administrador público, proporciona a solução das necessidades de sua coletividade, ou seja, de sua sociedade. Já o Sob essa perspectiva, os princípios da eficiência e da eficácia são de alta importância para a realização de uma gestão pública de qualidade. A administração direta é constituída pelas entidades federativas, também denominadas de entidades políticas, que são a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os municípios. Todas elas são pessoas jurídicas de direito público. Já quando tratamos da Administração Pública indireta, consideram-se as entidades interligadas à Administração Pública, fundamentando a sua origem a fim de executar as atividades administrativas. As referidas entidades estão descritas no artigo 4º, inciso II, do Decreto nº 200/67 e são: autarquias; empresas públicas; sociedades de economia mista; fundações públicas. Dentro do quadro de bom desempenho da gestão pública, ressalta-se também a Lei nº 8.429/1992, que expõe a improbidade administrativa. Nessa legislação, são regulamentadas as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. Diante do alegado, a gestão pública deve inteiramente salvaguardar os procedimentos e aplicações a fim de alcançar as relevantes razões de interesse 7 público. São leis extremamente rígidas que visam garantir a lisura na gestão pública, pois impõem amarras e restringem as ações dos gestores públicos. O orçamento público – ou Lei Orçamentaria Anual (LOA) O orçamento público – ou Lei Orçamentária Anual (LOA) – é o instrumento de planejamento governamental mais relevante em nosso ordenamento jurídico, uma vez que prevê, de forma organizada, o resultado da discussão política sobre a alocação dos recursos públicos entre os diversos programas e políticas públicos. Diante dos fatos sociais analisados, com os estudos dos instrumentos de planejamento taxados na Constituição Federal, inicia-se o processo da estruturação das políticas públicas. Saiba mais Almejando investidores, veio a Lei nº 101 para complementar a determinação do art. 163 da Constituição, na qual se busca a solvência mediante metas fiscais e o consequente equilíbrio entre receita e despesas. A referida lei complementar baseava-se nos seguintes princípios: planejamento, transparência, controle, responsabilização. Ressalte-se que, embora o Poder Executivo detenha a iniciativa exclusiva para a proposição do orçamento público, a natureza legislativa desse instrumento impõe um amplo processo de negociação com o Poder Legislativo, que envolve: preparação e envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) pelo Poder Executivo; aprovação do Relatório pela Comissão Mista de Planos e Orçamentos; e, por fim, aprovação do PLOA pelo plenário do Congresso Nacional em sessão conjunta (MENDES; PAIVA, 2017). Atenção 8 A partir de princípios e normas participativos introduzidos pela Constituição Cidadã, consolidou-se, ao longo dos anos 1990, um subsistema participativo composto de diversos conselhos de políticas públicas na área social. Atualmente, existem conselhos nacionais de caráter deliberativo ou consultivo institucionalizados nas principais áreas de atuação do poder público. Bases hegemônicas no estudo de políticas públicas: estatista versus multicêntrica Dentro do constante processo de desenvolvimento a sociedade convive, de forma paralela, com a desigualdade social. A partir da origem das civilizações, uma considerável parcela da humanidade sofre as consequências da concentração do poder aquisitivo nas mãos dos poucos. Considera-se ainda que o próprio estudo e a real análise das políticas públicas e reais problemáticas da sociedade são vistos do alto. Assim, a compreensão da existência de tratamento isonômico, observando-seas diferenças e as necessidades pessoais, é de extremamente relevância para a efetiva e eficiente aplicação das políticas públicas. Atenção Dentro de tantas pesquisas sobre a desproporcional distribuição de renda, destaca- se o estudo dos pesquisadores Pedro Herculano Guimarães e Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (IPC-IG/PNUD). Nessa pesquisa, foram analisados 29 países — entre desenvolvidos e em desenvolvimento —, com o Brasil dentro do grupo de cinco nações em que a parcela mais rica da população recebe mais de 15% da renda nacional. O 1% mais rico do Brasil concentra entre 22% e 23% do total da renda do país, nível bem acima da média internacional (SOUZA; MEDEIROS, 2017). 9 É preocupante afirmar que o Brasil aparece mais um ano na 79ª posição no ranking global do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Leia na íntegra o Relatório anual de 2018 realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em: https:// www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/library/ods/teste.html. Saiba mais No entanto, quando se leva em conta a desigualdade no país, o desempenho brasileiro cai, e o país perde 17 posições. Ao medir o desenvolvimento em 189 países, o PNUD também avaliou, em 151 deles, o IDH “ajustado às desigualdades”. Esse índice mede a perda do desenvolvimento humano devido à distribuição desigual dos ganhos do IDH (PNUD, 2019). Veja o ranking a seguir. Índice de Desenvolvimento Humano (PNUD 2018) Ranking País 1 Noruega 2 Austrália 5 Países Baixos 6 Alemanha 6 Irlanda 7 Estados Unidos 72 Turquia 73 Sri Lanka 74 México 75 Brasil 143 Camboja 188 Níger Fonte: Adaptado do relatório do PNUD (2018). 10 Reflexão crítica sobre gestão e políticas Os atores governamentais não são os únicos nos estágios de ordem pública. Política de construção não é uma decisão isolada, mas uma decisão bastante abaixo do ideal que visa reduzir o número de perdedores e expandir vencedores. Em outras palavras, uma política pública (dados os recursos escassos como tempo, orçamento, pessoal, acordos etc.) por si só tenta dar uma solução para um problema limitado. Um Estado ou governo, por mais democrático que seja, não pode resolver todos os problemas. É por isso que a parte política (relações de poder) das políticas (ações do governo) se torna uma questão de que nem todos gostam, razão pela qual surgem as vantagem e desvantagens. Isso implica deixar de lado as questões e escolher aquelas que têm uma participação fundamentada do governo e da sociedade, isto é, abordar, por meio de políticas públicas, o que é sensatamente tratável, no entanto, a discussão do público permitirá gradualmente questões mais complexas. Somos confrontados com processos políticos complexos com estratégias centralistas. A política pública é posicionada como uma ferramenta que não é onipotente, mas gradualmente procura consertar essa máquina (Estado) abordando questões específicas, não de maneira geral (como fazem os planos). FECHAMENTO O que torna a política pública é o fornecimento de um quadro para análise e ação para reverter o indesejável, de forma organizada, em que os atores não estão confinados ao governo, especialmente quando a parte pública da política é resgatada por meio da incorporação de conhecimento científico diferente. Desse modo, que Estado queremos? Precisamos de um Estado que garanta não apenas direitos políticos e civis, mas também econômicos, sociais, culturais, ambientais e institucionais. Logo, pudemos ver que esse novo arranjo entre reforma do Estado e sociedade participativa nos assuntos públicos é objeto de estudo do conceito de governança. 11 Referências BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. MENDES, G.; PAIVA, P. Políticas públicas no Brasil: uma abordagem institucional. São Paulo: Saraiva, 2017. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD. Relatório anual PNUD 2018. [S. l.]: PNUD Brasil, 2019. SOUZA, P. H. G.; MEDEIROS, M. The Concentration of Income at the Top in Brazil, 2006-2014. Working Paper, n. 163, 2017. Brasília: International Policy Centre for Inclusive Growth. Políticas públicas: definições e ciclos SST Melo, Milena Barbosa de Políticas públicas: definições e ciclos / Milena Barbosa de Melo Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 11 3 Políticas públicas: definições e ciclos Apresentação O Tribunal de Contas da União – TCU elaborou para o quinquênio ações direcionadas à governança para aperfeiçoamento do controle dentro dos órgãos das Administrações Pública. Tais ações estão direcionadas para “orçamento e logística”, Processos internos e melhoria dos métodos de trabalho de todos que são parte da Administração Pública. A intenção é a melhoria da governança institucional (TCU, 2014). Quando nos referíamos ao termo “política pública”, pode parecer um pouco redundante, mas “política” não necessariamente está ligado ao setor público, pois pode significar também uma diretriz, como política de compras, muito utilizada no setor privado. Portanto, ao utilizar o termo política pública, referimo-nos a um conceito específico. Neste conteúdo, abordaremos algumas questões importantes para que o estudante possa aprender mais sobre o tema central. Fonte: Deduca, 2020 Conceito de políticas públicas O conceito de políticas públicas, segundo Medeiros (2013), possui várias vertentes, mas a autora resume que o estudo das políticas públicas procura entender o papel do Estado e suas ações em relação à sociedade, que procuram alterar alguma 4 realidade. De acordo com a autora, diversos estudiosos do tema procuraram entender a relação do estado com a sociedade. Ela destaca que é necessário distinguir conceitualmente o termo política pública do termo política. O termo política pública pode parecer um pouco redundante, mas o termo “política” não necessariamente está ligado ao setor público, pois pode significar também uma diretriz, como política de compras, muito utilizada no setor privado. Quando se fala “política” de forma isolada, tendemos a lembrar da política partidária. Portanto, ao utilizar o termo política pública, referimo-nos a um conceito específico. Nos países de língua inglesa, segundo relata Medeiros (2013), utiliza-se o termo policy para políticas públicas e politics para política partidária, o que facilita o diálogo e a compreensão daqueles que estudam e praticam essa atividade no dia a dia. Como bem afirmou Medeiros (2013), o conceito de políticas públicas possui algumas variáveis e Secchi (2010 apud LIMA, 2012) aponta ao menos duas abordagens para o termo: uma em função do formulador (abordagem estatista) e outra a partir da origem do problema (abordagem multicêntrica). Na abordagem estatista, quem define se a política é pública ou não é o formulador; e se quem propõe a política é o governo, por exemplo, a política é pública. Porém, nem toda a política proposta pelo governo pode ser considerada amplamente pública, pois algumas ações governamentais são dirigidas a particulares. O autor não afirma que essa conceituação é errada, mas que é preciso cuidado ao interpretar as ações do governo como políticas públicas. Na abordagem multicêntrica, quem define se a política é pública é o problema o qual se pretende resolver. Se o problema é público, a política é pública, independentemente de quem a está formulando. Essa definição permite a participação de outros atores na formulação de políticas públicas e coloca o problema público no centro de toda a discussão da teoria. Se uma emissora de televisão lança uma campanha contra acidentes no trânsito, ela está participandodo ciclo uma política pública, por exemplo. Para os fins desta disciplina, adotaremos a abordagem multicêntrica quando nos referirmos ao conceito de políticas públicas. 5 Ciclos de políticas públicas Fonte: Deduca, 2020 Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2010) afirma que as políticas públicas podem ser associadas a um ciclo que organiza a vida das políticas públicas em sete fases: Fases de organização da política pública Fases da organização da política pública 1. Identificação do problema 2. Formação da agenda 7. Extinção 3. Formulação das alternativas 6. Avaliação 4. Tomada de decisão5. Implementação Fonte: Adaptada de Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2010). 6 Podemos perceber, na figura, a sequência de fases de uma política pública ordenada em um ciclo que se inicia com a identificação do problema, passando pela formação da agenda, a formulação de alternativas, a tomada de decisão, a implementação, a avaliação e a extinção. A seguir detalharemos cada um dos ciclos. Identificação do problema Como já visto, a abordagem multicêntrica coloca o problema público como tema central da teoria de políticas públicas e, de fato, ele é. Medeiros (2013) destaca que todo ciclo de políticas públicas inicia-se pela identificação do problema público que precisa ser de fato resolvido. Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2013) afirma que um problema é a diferença entre a situação presente e uma desejada. O problema público é, portanto, fruto da interpretação de diversos atores sobre uma situação. Matus (1997) destaca que o princípio para um bom planejamento público é a correta identificação do problema público. Baptista (2007) afirma que a identificação do objeto de intervenção profissional no planejamento social é um processo de constante aproximação, dada à dinâmica político-social em que está envolvido. Cada ator envolvido no processo possui uma visão sobre o tema, seja ele responsável pelo problema, pelo planejamento ou interessado no resultado desse processo de alguma outra forma. Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2013) diz que o problema público pode ser percebido aos poucos como uma inflação que vai aumentando mês a mês, ou pode tornar-se percebido por todos de forma súbita, como uma ponte que desmorona repentinamente. Frey (2000 apud MEDEIROS, 2013) afirma que a mídia é uma das grandes responsáveis por evidenciar problemas públicos, divulgando-os para o público em geral, o que chama a atenção dos atores políticos (presidente, prefeito, governador, deputados, senadores etc.) para essas questões. Se o ator político identifica aquele problema como prioritário e demonstra interesse em solucioná-lo, ele então insere esse problema na agenda. 7 Formação da agenda e Formulação de alternativas A agenda, de acordo com Medeiros (2013, p. 40), é “[...] um conjunto de problemas ou temas entendidos como relevantes”. De acordo com Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2013), é possível perceber dois tipos de agenda distintas: a pública e a formal. A agenda pública é aquela que a comunidade política aceita como merecedora de atenção e que pode tornar-se alvo de ações concretas do governo no futuro. Já a agenda formal é aquela na qual já constam os problemas públicos tomados como prioritários pelo governo e que serão alvo de ações para serem solucionados. A partir do momento em que um problema público entra na agenda formal, são verificadas as alternativas de soluções para tais problemas, segundo Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2013), e isso ocorre através da elaboração de objetivos e estratégia para alcançar a melhor solução ou mitigação para o problema. Mitigar significa diminuir as consequências; suavizar um dano. De acordo com a autora, é nesse momento que se define o que se espera de uma política pública enquanto resultado e quanto mais objetivamente puder ser traduzida essa expectativa, maior será o nível de confiança na aferição desses resultados no futuro. Por exemplo, se definirmos que uma ação para resolver o problema de saúde pública de desidratação infantil será a melhoria do abastecimento de água nas comunidades carentes em 70% no ano de 2016 e, em janeiro de 2017, verificarmos que o aumento no abastecimento de água nessas comunidades foi de 80%, saberemos que superamos o objetivo da política pública. Tomada de decisão A tomada de decisão está diretamente ligada à escolha da solução para o enfrentamento do problema público. Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2013) destaca que o momento da tomada decisão ocorre quando os interesses dos atores entram em sintonia. Nesse momento, as formas de enfrentamento do problema tornam- se públicas. Por exemplo, suponha que um problema de transporte público possa ser enfrentado aumentando o número de estradas ou melhorando o sistema de transporte público atual; nesse momento, é feita a escolha pela solução a ser adotada. 8 Fonte: Deduca, 2020 Implementação O momento da implementação, de acordo Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2013), ocorre quando as soluções são postas em prática, ou seja, quando aquilo que foi planejado como política pública passa a ser então executado. Mansmanian e Sabatier (1983 apud LIMA; D’ASCENZI, 2012) afirmam que a implementação de políticas públicas possui algumas visões teóricas de implementação, como a clássica implementação top down (de cima para baixo) e a implementação bottom up (de baixo para cima). A visão top down, segundo os autores, separa as fases de planejamento/ formulação e tomada de decisão da fase de implementação. Nesse tipo de implementação, quem formula a política pública não é quem a executa. Diversos estudiosos produziram artigos científicos sobre essas falhas de implementação e diversas variáveis surgiram para melhorar a implementação, como deixar a política pública clara e compreensível e limitar o poder de ação daqueles que executam a política. Mas questões como problema público mal interpretado, planejamento mal formulado e soluções mal escolhidas também podem ser a causa de uma política pública que não atinge seu objetivo, uma vez que o agente implementador é obrigado a lidar com um pacote fechado, nesse caso. Assim acontece com diversas legislações que não dão certo na prática. Na implementação bottom up, segundo os autores, aqueles que implementam as políticas públicas também participam da identificação do problema e da formulação das alternativas de modo que os decisores possam tomar decisões com base em 9 situações vivenciadas na prática por aqueles que lidam com o problema no dia a dia. Na implementação bottom-up, as regras são menos rígidas e é possível ajustar a solução proposta ao longo da implementação, de modo que os objetivos da política pública possam ser atingidos. Avaliação O ciclo da política pública não se encerra a partir da implementação; ela ainda passa pelas fases de avaliação e extinção, conforme explica Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2013). A avaliação pode ter como variável o tempo em que ela é feita, conforme explica Faria (2014). Nesse caso, a política pública pode ser avaliada antes de sua implementação. Esse tipo de avaliação é muito comum em políticas públicas que são implementadas de cima para baixo, uma vez que possuem uma rigidez muito grande nas suas diretrizes e seus resultados precisam ser muito bem pensados. A avaliação também pode ocorrer após a implementação, modelo utilizado na implementação de baixo para cima, no qual existe a participação dos agentes que implementam a política na formulação do problema e na escolha das soluções. Nesse caso, a política é avaliada pelos resultados alcançados. A política pública também pode ser avaliada juntamente com a execução da política, monitorando o atingimento dos objetivos formulados ainda que de forma parcial. Decisores Fonte: Deduca, 2020 10 Extinção Oliveira, Martins e Silveira (2012 apud MEDEIROS, 2013) apresentam que a avaliação da política pública verifica os impactos alcançados por esta e pode indicar a continuidade, a melhoria ou a extinçãode uma política pública, encerrando o seu ciclo. Secchi (2010 apud MEDEIROS, 2013) aponta como possíveis causas de extinção de políticas públicas: a. Resolução do problema público original; b. Os instrumentos que possibilitaram a implementação das políticas públicas não são eficazes; c. O problema, mesmo não resolvido, perdeu a atenção dos tomadores de deci- são e saiu da agenda pública e formal. Fechamento O estado brasileiro tem enfrentado nos últimos anos grandes desafios na busca para ser desenvolvido nacionalmente, ou seja, chegar a um nível de desenvolvimento uniforme reduzindo as diferenças sociais de cada região. Para isso, os investimentos nas áreas de saúde educação, infraestrutura, devem ser intensificados. Mas os problemas são muitos e o Estado normalmente não consegue dar conta de todas as demandas. Neste ponto, as políticas públicas ajudam os governos nas três esferas e o Distrito Federal a estabelecer prioridades desenvolvendo políticas públicas ajustadas às necessidades de cada região. Os ciclos para estabelecimento das políticas públicas têm a ver com isso: estabelecer dentro do governo os objetivos propostos pela sociedade. Por isso a necessidade de aprender o presente conteúdo, para que o estudante possa identificar as necessidades da comunidade e juntamente com o governo fiscalizar a realização das políticas necessárias. 11 Referências BAPTISTA, M. V. Planejamento social: intencionalidade e instrumentalidade. São Paulo: Veras, 2007. FARIA, C. A. P. A política da avaliação de políticas públicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 20, n. 59, p. 97-110, 2005. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v20n59/a07v2059.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2014. LIMA, L. L.; D'ASCENZI, L. Implementação de políticas públicas: perspectivas analíticas. Revista de Sociologia e Política (UFPR. Impresso), v. 21, p. 105-114, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v21n48/a06v21n48.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2014. LIMA, W. G. Política Pública: discussão de conceitos. Interface (Porto Nacional), NEMAD – Núcleo de Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento, UFT -°©‐ Universidade Federal de Tocantins, n. 5, out. 2012. Disponível em: <http://www. revista.uft.edu.br/index.php/interface/article/viewFile/370/260>. Acesso em: 14 dez. 2014. MATUS, C. Adeus, senhor presidente: governantes governados. São Paulo: FUNDAP, 1997. MEDEIROS, S. A. Política pública de acesso aberto à produção ´científica: o caso do Repositório Institucional da Universidade de Lavras. 2013. 258 p. Dissertação (Mestrado em Administração Pública) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2013. Disponível em: <http://repositorio.ufla.br/handle/1/1080> . Acesso em: 16 dez. 2014. Políticas públicas e governança SST Braga, Christiano Políticas públicas e governança / Christiano Braga Ano: 2020 nº de p.: 10 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 Políticas públicas e governança Apresentação O Tribunal de Contas da União (TCU) elaborou para o quinquênio ações direcionadas à governança para aperfeiçoamento do controle dentro dos órgãos das Administração Pública. Tais ações estão direcionadas para “orçamento e logística”, processos internos e melhoria dos métodos de trabalho de todos que são parte da Administração Pública. A intenção é a melhoria da governança institucional (BRASIL, 2014). O termo “governança” possui vários significados a depender do âmbito que se está a falar: governança corporativa, governança participativa, governança global, governança de tecnologia da informação (TI), governança ambiental, governança local, governança de organizações não governamentais e governança sustentável. Neste conteúdo, abordaremos algumas questões importantes para você, estudante, possa aprender mais sobre o tema central. Bons estudos! A política pública sob a ótica da governança O estabelecimento de controles internos visa essencialmente amentar a probabilidade de que os objetivos e metas estabelecidos sejam alcançados, de forma eficaz, eficiente, efetiva e econômica, promovendo, assim, a governança corporativa. A governança é a combinação de processos e estruturas implantadas pela administração para informar, dirigir, administrar e monitorar as atividades da instituição, com o intuito de alcançar os seus objetivos. Assim, ela tem de ser analisada simultaneamente com a geração de valor. 4 O conceito de governança corporativa se sustenta sobre quatro pilares equidade, com proteção aos minoritários; transparência ao mercado; prestação de contas dos atos e decisões da administração; e responsabilidade corporativa, incluindo também as responsabilidades ambiental e social. As boas práticas devem ser de fato praticadas para funcionar. Podemos dizer que a governança é bem retratada na teoria do agente principal, que consiste na relação entre partícipes em um processo de delegação, ou seja, um agente delegando suas funções e atividades para que sejam desempenhadas por outros mediante seus próprios interesses. Atenção Por isso, nessa teoria, é obrigatório prestar contas, como podemos ver na figura a seguir. Teoria do agente principal Prestação de contas Recursos Agente delegado Agente principal (delegante) Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Como em qualquer atividade entre interessados, há o inerente conflito de interesses em detrimento do estrito propósito da relação das partes. A prestação de contas se torna um mecanismo desinteressante para os agentes que operam em torno do interesse próprio e do particular. 5 É nesse contexto que se encontra amparado o conceito de auditoria como um mecanismo de monitoramento, avaliação e controle. Nesse caso, a auditoria atua na relação das partes em favor do correto procedimento de prestação de contas, a fim de garantir ao agente principal que a atividade delegada foi cumprida de forma eficaz, eficiente e transparente. Perspectivas de observação da governança no setor público Entes federativos, esferas de poder e políticas públicas Atividades intraorganizacionais Órgãos e entidades Sociedade e Estado Fonte: Adaptado de Brasil (2014). Prestação de contas A prestação de contas, também conhecida como accountability, é o conjunto de procedimentos adotados pelas organizações e pelos indivíduos que as integram, evidenciando sua responsabilidade por decisões tomadas e ações implementadas, incluindo a salvaguarda de recursos, a imparcialidade e o desempenho das organizações. A prestação de contas é a responsabilização das decisões tomadas. Veja o que diz a Constituição Federal de 1988: Art. 70. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde ou administre dinheiros, bens, valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (BRASIL, 1988, on-line) Citação 6 Dessa forma, a prestação de contas passa a ser dever dos agentes responsáveis pela administração dos recursos voltados ao interesse público. A prestação de contas pelos administradores – em muitos casos, uma obrigação legal – não deixa de ser, entretanto, um princípio ético perante os direitos e os interesses dos diversos stakeholders. Alguns escândalos ocorrem por falta de um nível de prestação de contas suficiente, não permitindo que partes interessadas – stakeholders – possam agir para corrigir as más práticas de governança.. Saiba mais Você está percebendo que já estamos nos aproximando do entendimento da relação entre governança e políticas públicas? 3 Relação entre governança e políticas públicas Sobre governança e boas práticas de gestão e controle interno, leia atentamente o acórdão abaixo, publicado no Diário Oficial da União em 28 de novembro de 2013. Em seguida, reflita sobre as ações e atuações dos gestores e administradores públicos para fortalecer os mecanismos de controle internos em benefíciodos interesses públicos: O TCU deu ciência às Centrais Elétricas Brasileiras S/A (ELETRO-BRÁS) de que a contratação de seguro para defesa de dirigentes em processos administrativos ou judiciais, cuja apólice inclua cobertura em caso de prática de atos manifestamente ilegais, contrários ao interesse público, praticados com dolo ou culpa, nesse último caso quando comprovado que não foram adotadas as precauções e medidas normativas e legais que se esperaria de um homem médio, afronta o disposto nos princípios da moralidade, legalidade e supremacia do interesse público, previstos, respectivamente, no art. 37, “caput”, da Constituição da República, e no art. 2°, “caput”, da Lei nº 9.784/1999 (item 9.3.2, TC-043.954/2012-0, Acórdão nº 3.116/2013-Plenário). (BRASIL, 2013, p. 128) 7 Muito interessante nosso conteúdo, mas você pode aprender mais lendo esse interessante artigo sobre nossa temática: https://www. scielo.br/pdf/rsocp/v17n34/a06v17n34.pdf. Saiba mais A governança em políticas públicas se refere ao portfólio da estrutura institucional com que as políticas serão formuladas, implementadas e avaliadas em benefício da sociedade. Essas estruturas são a integração dos processos, instrumentos de controle, diretrizes, normas que exercem influência na gestão da política pública e certamente em seus resultados. Assim, cabe aos órgãos de controle avaliar nas seguintes perspectivas: 1. Da institucionalização do programa: A ênfase está em analisar de que forma a política pública foi concebida e institucionalizada internamente, devidamente formalizada por meio de normativos. 2. Do plano e dos objetivos: Busca-se entender e compreender o alinhamento dos componentes das ações com os resultados esperados, assim como identificar a orientação estratégica utilizada para analisar os custos e traçar metas, prioridades, responsabilidades e prazos. 3. Do monitoramento, avaliação e resultados: Busca saber em que medida a estrutura está montada para retroalimentar as informações nos processos decisórios e assegurar o alcance dos resultados. No entanto, qualquer descumprimento ou simples omissão dessas três perspectivas pode constituir uma disfunção das políticas públicas, como podemos ver abaixo no Acórdão nº 2359/2018 – TCU – Plenário: https://www.scielo.br/pdf/rsocp/v17n34/a06v17n34.pdf https://www.scielo.br/pdf/rsocp/v17n34/a06v17n34.pdf 8 Acórdão nº 2359/2018 – TCU – Plenário. 9.2. Dar ciência desta deliberação ao Congresso Nacional, à Casa Civil da Presidência da República e à Secretaria-Executiva do Comitê Interministerial de Governança – CIG para conhecimento e adoção das medidas que entenderem cabíveis, tendo em conta os achados e conclusões da presente auditoria, entre as quais se destacam: 9.2.1. A política pública de Apoio à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (Ação 1D73) não possui um diagnóstico da situação-problema, baseado em evidências, que caracterize de forma precisa qual problema a União pretende contribuir para solucionar; [...] 9.2.3. A política não possui objetivos específicos, mensuráveis, atingíveis, relevantes e delimitados no tempo; 9.2.4. Os custos da política não são inteiramente conhecidos; [...] 9.2.6. Tem havido um aumento significativo de recursos bloqueados, já desembolsados pela União, [...] 9.2.7. Não se sabe em que medida o objetivo-chave da política pública foi alcançado; 9.2.8. Não há comparação entre os benefícios e os custos da política pública, a fim de que se saiba se está apta a gerar valor público; 9.2.9. Não há procedimento que detecte falhas e assegure que estas não serão cometidas novamente. (BRASIL, 2018, on-line) Citação Podemos ver seguramente que a relação da governança com as políticas públicas necessita que haja, inicialmente, uma avaliação sistemática da capacidade de governança dos órgãos públicos responsáveis pela execução e monitoramento das políticas públicas; das estruturas de governança e gestão das políticas públicas; da gestão e execução financeira e orçamentária; da participação do governo; e da gestão dos objetivos e consecução de resultados das políticas públicas. 9 Quais os problemas que você reconhece no seu bairro? Faça uma lista com os principais problemas encontrados e reflita sobre como esses problemas poderiam ser resolvidos. Em seguida, escreva para um vereador da sua cidade e apresente suas reflexões. Curiosidade A gerência, o comitê ou grupo de trabalho voltado à governança nos órgãos públicos atuam para: promover práticas e princípios de conduta e padrões de comportamentos; institucionalizar estruturas adequadas de governança e controles internos; promover o desenvolvimento contínuo e permanente dos interessados e envolvidos; para garantir a conformidade com as regulamentações legais; promover a integração dos envolvidos e responsáveis pela governança; promover a adoção de práticas que institucionalizem a responsabilidade na prestação de contas, na transparência e na efetividade das informações; aprovar e supervisionar a priorização de temas; emitir recomendações para o aprimoramento da governança; e monitorar as recomendações e orientações. Conclusão O estado brasileiro tem enfrentado nos últimos anos grandes desafios na busca de ser desenvolvido nacionalmente, ou seja, chegar a um nível de desenvolvimento uniforme reduzindo as diferenças sociais de cada região. Para isso, os investimentos nas áreas de saúde educação, infraestrutura, devem ser intensificados. Mas os problemas são muitos e o Estado normalmente não consegue dar conta de todas as demandas. Neste ponto as políticas públicas ajudar os governos nas três esferas e o Distrito Federal, a estabelecer prioridades desenvolvendo políticas públicas ajustadas às necessidades de cada região. 10 Referências BRASIL. Ata 39, de 10 de outubro de 2018. Diário Oficial da União, 23 out. 2018. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. BRASIL. Seção 1. Diário Oficial da União, 28 nov. 2013. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades da administração pública. Versão 2. Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, 2014. Políticas públicas e "o jogo de política econômica" SST de Melo, M. B.; Políticas públicas e jogo de política econômica / Milena Barbosa de Melo Ano: 2020 nº de p.: 9 páginas Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Políticas públicas e "o jogo de política econômica" 3 Apresentação Nesta Unidade, iremos estudar o processo de construção das políticas públicas e a necessidade de uma estrutura devidamente organizada para aplicar as diretrizes estabelecidas no plano de atuação do gestor público. Do processo de elaboração das políticas públicas O reforço dessa base científica envolve a constituição de uma infraestrutura de pesquisa com escala relevante, objetivos claros, multidisciplinares e orientados a resultados. Fonte: Plataforma Deduca (2020). Deve-se buscar dar sentido estratégico aos investimentos públicos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), sendo mais orientados a resultados. Parte significativa dos investimentos públicos em P&D deveria ter objetivos claros e relacionados aos desafios do país. Segundo Dias (2012), no que se refere aos agentes públicos, tanto aqueles que atuam na administração direta quanto os políticos devem deixar a improvisação 4 de lado, pois serão pressionados cada vez mais por uma cidadania mais atuante e que interagirá com mais frequência com o poder público por meio das novas tecnologias e das redes sociais. Nesse modelo, as várias fases (etapas ou estágios) correspondem a uma sequência de elementos do processo político-administrativo que podem ser analisada levando-se em consideração as relações de poder, as redes políticas e sociais e as práticas político-administrativas que correspondem a cada fase(DIAS, 2012). A separação por fases facilita a compreensão e a análise de todo o processo, mas é importante considerar que as diferentes fases encontram-se interligadas, muitas vezes sobrepondo-se e alternando as sequenciais. Na realidade, cada etapa envolve seus próprios atores, restrições, decisões, desenvolvimentos e resultados que estão em constante interação recíproca e, portanto, afetam-se mutuamente (DIAS, 2012). Uma das principais vantagens da análise de políticas públicas na perspectiva de ciclo (policycycle) é a possibilidade de levar em consideração a existência de círculos de retroalimentação ao longo de todo processo. Há a possibilidade de identificar, em cada etapa, desafios e atores envolvidos, reduzindo a complexidade da composição dos atores, caso seja considerado o processo em sua totalidade. Dessa maneira, a equipe de gestão pública deverá construir um plano estratégico composto pela política pública que será fragmentada em fases com o intuito de estabelecer uma sequência lógica, ou seja, os passos para cumprimento da política que se deseja alcançar, a saber: identificação de um problema, formulação de soluções, tomada de decisões, implementação e avaliação. É importante considerar que o resultado de cada etapa da política pública tem influência direta sobre o conteúdo das etapas seguintes. Dito de outro modo, os resultados de uma etapa são diretamente influenciados pelas decisões e pelas ações efetuadas durante as etapas precedentes de uma mesma política pública. Como vimos, as divisões do ciclo de políticas públicas apresentam estágios comuns a todas as propostas, como as fases de formulação, implementação e avaliação. Ocorre que, em cada caso concreto, podem ser feitas propostas apresentando subdivisões que contribuirão para uma melhor análise do processo (DIAS, 2012). O “jogo de política econômica” ocorre a partir de seus elementos constitutivos e relacionais: controle político, medidas de expansão, contração econômicas e ciclos eleitorais. A estabilização macroeconômica está focada em duas áreas principais 5 de interesse: estabilização (demanda agregada) e ajuste (oferta agregada). Veremos ambas com mais detalhes à frente. Interação entre os mercados monetários Hoje em dia, o mundo dos negócios desenvolve-se não apenas dentro dos limites de um país, mas transcende fronteiras, razão pela qual muitas empresas têm negócios no exterior. É por esse motivo que a gestão financeira internacional precisa negociar com mais de uma moeda a fim de que haja total interação entre esses mercados monetários. Isto vai influenciar diretamente na produção real, no emprego e no nível de preços. Vejamos com mais detalhes as políticas de estabilização (demanda agregada). • Políticas de estabilização (demanda agregada): É integrada pelo conjunto de medidas governamentais que tenta controlar a economia a fim de manter o PIB próximo do seu nível potencial, com uma taxa de inflação baixa e estável. • Políticas estabilizadoras (expansivas ou restritivas): Uma política expansiva que visa aumentar o PIB efetivo e reduzir o hiato de produção ou recessão existente, enquanto uma política restritiva busca reduzir o PIB efetivo em relação ao potencial (SMANIO, 2013). Política fiscal Hoje em dia, o mundo dos negócios desenvolve-se não apenas dentro dos limites de um país, mas transcende fronteiras, razão pela qual muitas empresas têm negócios no exterior. É por esse motivo que a gestão financeira internacional precisa negociar com mais de uma moeda a fim de que haja total interação entre esses mercados monetários. 6 O Estado é um importante regulador da política econômica, pois atua diretamente de várias maneiras: tributando renda, fazendo transferências, isto é, influenciando a quantidade de renda disponível para consumo e poupança, e comprando bens e serviços. As compras do Estado constituem a demanda de bens e serviços por este. As transferências são os pagamentos estaduais feitos sem a compensação correspondente de bens e serviços pelo destinatário (SMANIO, 2013). Fonte: Plataforma Deduca (2020). Devido à existência de transferências pelo governo para o setor privado, devemos falar de impostos líquidos, que são o montante pago pelo setor privado ao Estado, descontando as transferências recebidas a partir dele. O setor público financia suas despesas basicamente por meio de impostos, que não aparecem diretamente como componentes da demanda agregada. Já o consumo, que é um componente da demanda agregada, depende da renda disponível. Portanto, os impostos afetam diretamente a demanda agregada, uma vez que o menor rendimento disponível corresponde ao menor consumo. Da mesma forma, o governo, ao reduzir os gastos públicos, diminui a demanda agregada, que, ao contrário, aumenta quando os gastos públicos aumentam. Esse gasto público é a demanda que o Estado faz de bens e serviços. Já as decisões do governo sobre a política fiscal, segundo Smanio (2013), são refletidas no orçamento do setor público. O orçamento do setor público é uma descrição de seus planos de gastos e financiamento. Quando a renda é maior do que a despesa, há um superávit orçamentário; e quando ocorre o contrário, há um déficit. 7 Orçamento: crédito e despesa Fonte: Plataforma Deduca (2020). • Política monetária: Políticas do tipo monetário são um conjunto de medidas adotadas pelo Banco Central com o objetivo de controlar o montante de dinheiro ou as condições de crédito, por exemplo, operações de mercado aberto ou modificações da reserva bancária. Essas medidas são tomadas com o objetivo de proteger a circulação adequada da oferta de moeda existente, a fim de evitar o excesso ou escassez. • Política comercial: A política comercial influencia o comércio internacional por meio de tarifas, cotas, barreiras não tarifárias e subsídios à exportação. De fato, um regime de comércio internacional de livre comércio perfeito, isto é, uma livre circulação de bens e serviços entre países sem nenhum tipo de obstáculo, não é impossível de ser observado no mundo real. Porém, para os propósitos de nosso país, é quase impossível competir com o mercado mundial sem ter certas barreiras que protejam nossa escassa competitividade, tanto em termos de preço quanto de qualidade. Importante mencionar que, é quase impossível competir com o mercado mundial sem ter certas barreiras que protejam nossa escassa competitividade, tanto em termos de preço quanto de qualidade. Na literatura econômica, esse tipo de provisão é chamado de medidas protecionistas. Às vezes o que é indiretamente 8 procurado é a proteção de uma indústria considerada estratégica para a segurança nacional. Estas políticas comerciais que devemos empregar têm de ser destinadas a proteger principalmente as poucas indústrias que geram emprego em nosso país no momento, tais como: manufatura, artesanato, calçados, couro, têxteis e produtos agroindustriais. Os preços macro são as moedas, taxas de juros, salários. Componentes da demanda agregada Quando nos referimos às contradições e contrapontos que envolvem o jogo de política monetária, precisamos lembrar-nos de alguns componentes muito importantes que dizem respeito à demanda agregada. Partindo nos estudos e ensinamentos de Abad (2017), é possível classificá-los em: • consumo: Trata-se do maior componente da demanda agregada. É́ aquele que apresenta um comportamento mais estável ao longo do tempo. Os gas- tos do consumidor podem ser divididos em três categorias: bens duráveis, bens perecíveis e serviços; • investimentos: Em toda economia, também são produzidos bens de capi- tal que contribuem para a produção futura. O investimento privado inclui três categorias: investimento em instalações e equipamentos de empresas, construção de moradias e variação de estoques. Fechamento Nesta Unidade, estudamos o ciclo ou processo de uma política pública e a sua interligação com o “jogo” da política econômica que dita regras para o mercadoeconômico, o qual está interligado mundialmente. Esta política é influenciada por bens e fatores influencia diretamente a produção real, o emprego e o nível de preços. Aprendemos o conceito de política fiscal, comercial e monetária e os componentes da demanda agregada (custo e investimento). 9 Referências ABAD, A. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. Revista Brasileira de Políticas Públicas e Internacionais, v. 2, n. 2, p. 168-175, 2017. Disponível em: http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/rppi/article/ download/35985/18913. Acesso em: 25 jan. 2019. DIAS, R. Políticas públicas: princípios, propósitos e processos. São Paulo: Atlas, 2012. SMANIO, G. P. (org.); BERTOLIN, P. T. M. O Direito e as políticas públicas no Brasil. São Paulo: Atlas, 2013. http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/rppi/article/ download/35985/18913 http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/rppi/article/ download/35985/18913 Controle Social SST Braga, Christiano Controle Social / Christiano Braga Ano: 2020 nº de p.: 9 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 Controle Social Apresentação Nesta Unidade, estudaremos o controle social que complementa os controles realizados pelos órgãos que fiscalizam os recursos públicos. Através deste, amplia- se a participação da sociedade nas decisões, aproximando as decisões do Estado ao cotidiano do cidadão. O grande desafio para a Administração Pública, por meio de seus gestores públicos, é que esta se comprometa com a discussão, análise, formulação, implementação, monitoramento, avaliação e prestação de contas dos programas, projetos e serviços e a assegurar a efetividade de seus resultados. O QUE É O CONTROLE SOCIAL? O controle “é um complemento indispensável ao controle institucional realizado pelos órgãos que fiscalizam os recursos públicos” (CONTROLADORA-GERAL DA UNIÃO, 2012, p. 17). O controle social “[...] é entendido como a participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no monitoramento e no controle das ações da Administração Pública. Trata-se de um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania” (BRASIL CONTROLADORA-GERAL DA UNIÃO, 2012, p. 16). O controle social complementa os controles realizados pelos órgãos que fiscalizam os recursos públicos e que dificilmente dispõem de número suficiente de fiscais e auditores para monitorar e verificar cada despesa realizada. Por esse motivo, a gestão pública deveria apoiar o controle social de tal forma que divulgasse informações acerca dos gastos realizados com recursos públicos. Assim, seriam criados espaços para a participação popular na busca de soluções. 4 Espaços onde há participação popular na busca de soluções. Fonte: Plataforma Deduca (2020). Por vezes, podemos perceber que o sentido de democracia não possui atualmente a sua verdadeira essência. Se realmente tivéssemos uma democracia como ela deveria ser, alcançaríamos o estado democrático ideal, e não apenas conferindo “[...] um caráter necessariamente indireto e mediador às democracias modernas” (SMANIO; BERTOLIN, 2013, p. 100). Quanto mais democrático for o processo de formulação das ações do Estado, melhores serão os resultados alcançados. Quanto maior a participação da sociedade nas decisões sobre as políticas públicas, mas elas responderão ao interesse coletivo. INSTRUMENTOS DE ATUAÇÃO DA SOCIEDADE Este controle social está diretamente associado às transparências dos atos dos agentes públicos. Deve estar presente ao longo de todo o ciclo das políticas públicas e criar condições para o estabelecimento de relações de confiança, além de exigir a criação de mecanismos de prestação de contas. Seus principais instrumentos de atuação são: • fiscalização de contratações; • acompanhamento da execução orçamentária; • estudos orçamentários sobre assuntos específicos; • monitoramento de projetos; 5 • acompanhamento permanente de políticas; • participação em conselhos gestores de políticas públicas. Por sua vez, a sociedade civil pode ainda contar com os seguintes instrumentos: • conselhos gestores de políticas públicas; • conferências de políticas públicas. Fonte: Plataforma Deduca (2020). EXEMPLOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL Plano Nacional de Educação (PNE): fiscalização com ênfase nas ações relacionadas ao acesso à educação infantil. Apesar dos avanços do plano, ainda há diversos municípios que não adotam critérios definidos para priorizar o acesso de crianças pobres às creches escolares. Acórdão 2775/2017 – TCU – Plenário. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): fiscalização com foco na gestão da transferência de recursos. Nesse programa ainda há nutricionistas e demais profissionais em quantidade insuficiente para o número de escolas estaduais existentes. Cardápios incompatíveis com os normativos legais e as condições e infraestrutura das cozinhas também se apresentam como um dos principais problemas do PNAE. Acórdão 141/2017 – TCU – Plenário. Política de Fronteiras: o país ainda possui diversos problemas principalmente com contrabando, visto que a política ainda carece de instrumentos estratégicos para alinhar objetivos, metas e resultados, assim como articular os principais atores do processo. Constata-se falta de integração e coordenação dos órgãos governamentais. Acórdão 2252/2015 – TCU – Plenário. 6 Programa de Inclusão Produtiva: fiscalização realizada pela Secretaria de Controle Externo da Previdência, Assistência Social e Trabalho. Acórdão 188/2018 – TCU – Plenário. Plano Viver Sem Limite: fiscalização realizada pela Secretaria de Controle Externo da Previdência, Assistência Social e Trabalho. Acórdão 2140/2017 – TCU – Plenário. Governo Digital, envolvendo o programa de tecnologias digitais. Acórdão 1469/2017 – TCU – Plenário. Lei de Informática: fiscalização realizada pela Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação. A ausência de indicadores finalísticos se apresenta como a principal dificuldade, justamente na análise do retorno dos investimentos promovidos pelo poder público. Acórdão 729/2018 – TCU – Plenário. Programa Nacional de Apoio ao Sistema Prisional: fiscalização pela Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública. Com investimentos superiores a dois bilhões, nos últimos dois anos, apenas o estado de Rondônia institucionalizou a política do sistema prisional. Nessa política prisional, apenas 44% das unidades haviam promovido e formalizado fóruns de articulação, assim como o envolvimento do poder público, como o Ministério Público e a Defensoria Pública. A ausência de alguns desses elementos pode deixar o programa sem o foco em seus resultados, carentes de efetividade no cumprimento de seus objetivos. Acórdão 2643/2017 – TCU. Programa Minha Casa, Minha Vida: fiscalização com ênfase na qualidade das moradias. Nesse trabalho destaca-se a verificação de que mais de 90% das unidades vistoriadas haviam sido construídas em situações precárias de serviços públicos básicos, como escolas e transporte público. Acórdão 979/2017 – TCU – Plenário. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF): Acórdão 2191/2018 – TCU – Plenário. Política de Banda Larga em Regiões Remotas: fiscalização realizada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Hídrica. Acórdão 2053/2018 – TCU – Plenário. Fonte: autor É bem verdade também que o Brasil já conseguiu muitos avanços. Estes mais significativos na implementação das avaliações das políticas públicas e sua inclusão nos planos orçamentários anuais, como a criação de coordenações gerais de avaliação das políticas públicas e a vinculação dessas atividades a secretarias institucionais. Por outro lado, ainda temos uma significativa má administração dos recursos públicos, um nível avançado de maturidade na governança bastante pequeno, falta de alcance dos resultados esperados e perpetuação da alocação de recursos financeiros a projetos ou programasineficazes. 7 A sociedade e a efetividade das políticas públicas Fonte: Plataforma Deduca (2020). Deve haver ainda coerência e respaldo com os instrumentos governamentais existentes, assim como o atendimento dos requisitos mínimos para a promoção e formulação de uma política pública, devendo ter rol de responsáveis, cronograma físico (prazos), fontes de recursos e financiamentos, metas e objetivos e os instrumentos de monitoramento, avaliação e aferição dos resultados, visando assegurar a efetividade do programa das políticas públicas. Importante também assegurar a avaliação da coerência do que se pretende atingir, de suas interrelações entre os atores e a interdependência entre hierarquias e os agentes, assim como da substituição de uma política, de sua supressão ou incrementação. 8 Fechamento Nesse Unidade, entendemos que a políticas públicas devem estar fundamentadas em análises de viabilidade física diante das características da população a ser assistida e da viabilidade financeira, visto que deve haver a dotação orçamentária adequada para que a política pública ocorra sem restrições, pelo menos de recursos, e que seja analisada a questão da sustentabilidade. O controle social é de suma importância na análise destas políticas, em sua implementação e acompanhamento. 9 Referências CONTROLADORA-GERAL DA UNIÃO - CGU. Controle Social: Orientações aos cidadãos para participação na gestão pública e exercício do controle social. Brasília: Coleção Olho Vivo, 2012. Disponível em: https://educacao.mppr.mp.br/arquivos/ File/publicacoes/cgu/olho_vivo_controle_social_2012.pdf Acesso em: 28 out. 2020. SMANIO, G. P. (org.); BERTOLIN, P. T. M. O Direito e as políticas públicas no Brasil. São Paulo: Atlas, 2013. https://educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/publicacoes/cgu/olho_vivo_controle_social_2012.pdf https://educacao.mppr.mp.br/arquivos/File/publicacoes/cgu/olho_vivo_controle_social_2012.pdf