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● T4: linha intermamilar ● T6: apêndice xifoide ● T8: ponto médio entre apêndice xifoide e cicatriz umbilical ● T10: cicatriz umbilical ● T12: linha das cristas ilíacas ● Região anterior: trato espinotalâmico, córtico espinhal… ⇒ pressão, tato menor e movimentos dos membros ● Parte posterior: responsável pela propriocepção, temperatura.. ● Os tratos córtico espinhais descem do cérebro para a medula ● A parte sensitiva funciona pela junção das fibras sensitivas que formam o trato espino talâmico, que sobe para o cérebro e desce pelo trato córtico espinhal ● Regiões posteriores: mais parte sensitiva ● Cornos posteriores: mais parte motora Síndromes medulares ● Transecção Medular Completa ○ Trauma Raquimedular ○ Mielites Transversas ○ Tumores ○ Choque Medular → falta de suprimento vascular para a medula ● Hemissecção medular ○ Síndrome de Brown-Séquard (de um lado há falta de força e do outro tem perda de sensibilidade - temperatura e dor) ○ Traumatismos ● Síndrome da medula espinhal Central (um buraco no meio da medula que da perda de sensibilidade em ‘’cinta ou em faixa’’) ○ Siringomielia ○ Hematomielia ○ Tumores intramedulares ● Síndrome dos funículos posteriores ○ Tumores, traumas ○ Degeneração combinada subaguda (deficiência de vitamina B12) → combina o envolvimento dos cordões posteriores da medula com nervos periféricos ■ Perda de propriocepção, vibração ○ Ataxia de Friedreich, Neurossífilis, HIV ⇒ tbm dão muito acometimento de funículo posterior ○ Motricidade vai estar 100% normal MIELITE INFECCIOSA AGUDA ● Difícil de distinguir entre pós infecciosa ● Hérpes-zóster ● HSV 1 e 2, EBV, CMV, vírus da raiva ● Poliomielite ⇒ protótipo mielite viral ● Bacteriana (Borrelia burgdorferi, Treponema pallidum, listeria) ● Esquistossomose (acomete mais região terminal da coluna) MIELITE PÓS INFECCIOSA ● Infecção ou vacinação → após 7-10d da infecção!! Não é infecção direta pelo germe ● EBV, CMV, mycoplasma, influenza, sarampo, rubéola, caxumba, varicela, Covid-19, zika e chikungunya ● Início quando paciente está se recuperando ● Não decorre da infecção da medula espinhal HIV ● Polineuropatia: Lesão direta do vírus ou resposta imune X toxicidade da TARV ● Fatores de risco: CD4 baixo ao diagnóstico, co-infecção pelo HCV, DM ● Polineuropatia sensitiva distal ● Mielopatia vacuolar → formar verdadeiros buracos na medula ● Complexo Demencial / Encefalite Células Gigantes HIV - O HIV dá lesões inflamatórias tipo mielite que podem simular dç desmielinizante - Pode pegar só parte da medula, como um segmento longo! DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 ● Degeneração combinada subaguda da medula espinhal (C. Posterior) ● Parestesias, dist. motor, hipopalestesia, ataxia, Romberg, diminuição da sensibilidade postural e termoalgésica e dolorosa em bota e luva ● Cordão lateral: Espasticidade e Babinski ● Diagnóstico: esfregaço de sangue periférico (pancitopenia + anemia macro/hipoproliferativa + neutrófilos polissegmentados) + elevação de: Ác. metilmalônico, homocisteína, LDH ● Tratamento: reposição DISTÚRBIOS SISTÊMICOS IMUNOLOGICAMENTE MEDIADOS ● LES ● Líquor normal ou pleocitose linfocitária ● Sarcoidose (distúrbio lentamente progressivo ou recidivante) ● Casos associados a Sjögren, Behçet, vasculite primária do SNC, vasculite com anticorpos anticitoplasma neutrofílico perinucleares ESCLEROSE MÚLTIPLA ● Surtos (Min 24h) separados por mín. 30 dias em diferentes locais anatômicos do SNC ● Parestesias, fraqueza muscular espástica, neurite óptica, diplopia, distúrbios esfincterianos, intolerância ao calor, incoordenação, desequilíbrio, vertigem, zumbido, tremores, dor e fadiga, comprometimento cognitivo ● Diagnóstico: RNM s/ contraste (Disseminação espacial e temporal): punção lombar (bandas oligoclonais e IgG elevado); PEV (pesquisa de potenciais evocados) ● Diagnóstico ESPACIAL → ≥1 lesões em T2 em pelo menos 2 dos 4 localis (periventricular, justacortical, infratentorial, medula) TEMPORAL → I) nova lesão em T2 ou captante de contraste na RNM de seguimento independente do intervalo de tempo desde o exame inicial II) Presença simultânea de lesões captantes e não captantes em qualquer tempo DOENÇA DE Devic ● Neuromielite óptica ● Conceito e sinônimo: crônica, rara, inflamatória e desmielinizante, auto-imune ● Causas (genética + ambiental) ● Medula espinhal e nervo óptico ● Diferenças para esclerose múltipla ○ Envolvimento bilateral do n. Óptico ○ Acometimento extenso da medula ● Diagnóstico: imagem neuroeixo + aquaporina 4 + LCR (proteínas e leucócitos elevados) ● Tratamento e prognóstico ○ Tto: mais radical ○ Tende a recidivar E AGORA?? QUAL O DIAGNÓSTICO? ● Evolução 28/11 ○ Iniciou pulso de metilprednisolona (D1/5) → pela inflamação na medula ○ Avaliação oftalmológica normal ■ ANCA: não reagente ■ Pesquisa de trombofilias hereditárias ou adquiridas: nenhuma alteração detectada ■ AC antiaquaporina: negativo ■ Anti-Ro e La: negativos ● Evolução 05/12 ○ Paciente refere melhora parcial de parestesia em todo o corpo, sobretudo em MMSS, além de ficar ereta sem ajuda MIELITE TRANSVERSA AGUDA ● Como pega todos os compartimentos da medula, da sintoma motor, sensitivo e autonômico ● Grupo de doenças inflamatórias caracterizadas por disfunções na medula espinhal, motoras, sensitivas e autonômicas ● Causas diversas (autoimune, infecção, doença sistêmica ou dç desmielinizante) ● Fisiopatologia e clínica ○ Geralmente o paciente desenvolve o déficit > 4h e < 21d ● Entretanto 15-30% dos casos são considerados idiopáticos ● Fase inicial com choque medular ○ Às vezes não percebe hiperreflexia no início mas nível medular já indica acometimento da medula ● Diagnóstico *Para diagnóstico de causas secundárias: → Se não encontrar causa secundária fica como idiopática mesmo! Edema Sinais e Sintomas em Medicina Clínica • Edema significa tumefação → O que caracteriza edema é o acúmulo de líquido em um espaço intersticial, ou seja, no local que está fora dos vasos e entre as células, quase sempre produzindo aumento de volume do compartimento em que se encontra FISIOPATOLOGIA • A homeostase dos líquidos em seus compartimentos é regulada por um balanço de forças conhecidas como Forças de Starling que regulam o fluxo do líquido está intracapilar e extracapilar o Uma exceção a essa regra é o edema cerebral, que resulta de um acúmulo de líquido no espaço intracelular, produzindo, em última análise, uma expansão do parênquima e aumento da pressão sobre o órgão • As forças de Starling dependem dos gradientes de pressão que atuam através do endotélio capilar, da área de superfície disponível para a transferência de líquido e da permeabilidade capilar às proteínas o São constituídas por componentes oncóticos e componentes hidrostáticos o Os fatores oncóticos produzem um vetor em direção ao local onde a pressão coloidosmótica é maior o A força hidrostática possui um sentido que se afasta do ponto em que a pressão é maior • Duas forças apontam para a luz do capilar, a força oncótica do plasma e a força hidrostática do espaço intersticial; e outras duas forças atuam em direção ao exterior do vaso, a força hidrostática plasmática e a força oncótica intersticial → É a resultante delas que define se a saída de líquido será maior que a entrada ou vice- versa • Em condições normais, a maior parte do líquido que chega ao interstício pela extremidade arteriolar do capilar, onde predominam as forças centrífugas, é reabsorvida na extremidade venular, na qual há o predomínio das forças centrípetas o O restante é drenado pelo fluxo linfático que pode ser regulado, aumentando em até 50x para compensar um possível excesso de líquido no espaço intersticial o Outro mecanismo fisiológico que dificulta a formação do edema é a baixa complacência do interstício → Pequenos aumentos de volume intersticial são capazes de produzir grandes elevações na pressão hidrostática, dificultando o fluxo nessa direção ETIOLOGIAS DEEDEMA LOCALIZADO Edema por Estase Venosa Periférica: • Resulta da dificuldade do retorno venoso decorrente de veias varicosas, trombose venosa e compressão extrínseca dos troncos venosos • Proveniente de dois fatores: o Elevação da pressão hidrostática o Aumento da permeabilidade capilar, induzida pela hipóxia • Em geral, acomete os membros inferiores, ocorrendo nos MMSS quando há compressão da veia cava superior • Varizes: o São veias dilatadas, tortuosas e com incompetência valvular, levando à trombose segmentar o São mais comuns em mulheres e estão associadas à obesidade e à permanência em ortostase por períodos prolongados o Essa anatomia venosa gera uma maior resistência pós- capilar, podendo ocasionar edema nos MMII, principalmente vespertino, sensação de queimação ou dor e quadro agravado pela mudança de posição • Tromboses Venosas: o Principal delas é a Trombose Venosa Profunda (TVP) o A TVP associa-se à estase venosa, lesão do endotélio ou a estados de hipercoagulabilidade o Principais fatores predisponentes: - Imobilização prolongada (viagens) - Pós- operatório - Insuficiência cardíaca - Gravidez, puerpério imediato - Trauma - Infecções graves - Síndromes mielodisplásicas - Uso de anticoncepcionais orais - Síndrome nefrótica - Corticoterapia - Neoplasias malignas, especialmente como manifestação paraneoplásica o Muitas vezes, devido à obstrução ser incompleta ou à presença de circulação colateral, a TVP desenvolve-se de forma pouco evidente o Se a primeira manifestação for a de um tromboembolismo pulmonar, há febre e taquicardia, além de dor em todo um membro ou apenas um segmento deste, distensão das veias superficiais e edema o Pacientes com trombose venosa podem apresentar mudança de coloração em extremidade inferior → A mais comum é o roxo avermelhado do ingurgitamento venoso e obstrução o Em casos raros, a perna se torna cianótica devido a uma obstrução íleofemoral importante, com dor, edema e petéquias associados – phlegmasia cerúlea dolens (inflamação dolorosa azul) o Em situações raras, a oclusão extensiva aguda do fluxo venoso decorrente do edema pode criar uma aparência pálida da perna → A tríade clínica de dor, edema e palidez chama phlegmasia alba dolens (inflamação dolorosa branca); – Termo usado originalmente para descrever trombose ileofemoral importante associada a espasmo arterial - Também é conhecido como síndrome milk- leg, quando há compressão da veia ilíaca pelo útero gravídico - Associadamente, há ausência de pulsos distais o Escore de Wells estima a probabilidade para TVP: - Pacientes com baixa probabilidade (BP) de TVP: menor ou igual a 0 - Pacientes com moderada probabilidade (MB) de TVP: 1 a 2 pontos - Pacientes com alta probabilidade (AP) de TVP: 3 ou mais pontos Edema Linfático: • Esse tipo de edema é decorrente de um bloqueio da drenagem linfática, que é um dos mecanismos que antagonizam com o acúmulo de líquido intersticial, removendo o excesso não reabsorvido na extremidade pós- capilar • É ocasionado por alterações da rede linfática, congênitas ou adquiridas o O linfedema congênito associa-se à aplasia ou à hipoplasia da rede linfática, podendo manifestar-se logo após o nascimento, na puberdade ou na idade adulta o As principais causas de linfedema adquirido são secundárias a filarioses, surtos repetidos de erisipela, traumas e metástases • Semiologicamente, é caracterizado por ser um edema duro, pouco depressível. Com a cronicidade do processo, ocorre fibrose da pele e tecido subcutâneo, o que repercute em espessamento e acentuação das dobras da pele • Filariose: o Os surtos repetidos de linfangite e linfadenite provocados pelos nematódeos Wuchereria bancrofti, enquanto vivos, são resolvidos, após sua morte por um processo inflamatório granulomatoso que leva à fibrose o O resultado é uma obstrução, provocando edema principalmente nos MMII e órgãos genitais • Erisipela: o É uma infecção cutânea causada geralmente pela bactéria Streptococcus pyogenes do grupo A, que penetra através de um pequeno ferimento (picada de inseto, frieiras, micose de unha) na pele ou na mucosa, dissemina-se pelos vasos linfáticos e pode atingir o tecido subcutâneo e o gorduroso o Na maioria dos casos, a lesão tem limites bem definidos e aparece mais nos MMII o Cada novo broto inflamatório leva à oclusão de novas vias linfáticas e ao aumento adicional do edema • Linfedema traumático: o É acarretado por lesões mecânicas que acometem o sistema linfático, como: queimaduras, irradiações ou procedimentos cirúrgicos • Linfedema maligno: o Deriva de invasões metastáticas nos linfonodos ou vasos linfáticos Edema Inflamatório: • A inflamação é um processo reativo local decorrente da agressão por agentes lesivos, que provocam fenômenos irritativos, vasculares, exsudativos, degenerativos e produtivos- reparadores • A ocorrência do edema nos processos inflamatórios se deve à ocorrência de fenômenos vasculares e exsudativos e é acompanhada por dor, hiperemia e aumento da temperatura • A liberação de mediadores químicos interfere nas forças de Starling, causando vasodilatação e o consequente aumento na superfície de troca, e incrementando a permeabilidade capilar às macromoléculas, elevando a pressão oncótica intersticial • Os principais mediadores vasoativos liberados em resposta à inflamação são: a histamina, as cininas, as citocinas, as prostaglandinas e os leucotrienos Elementos chave da história clínica: o O edema é agudo (< 72 horas)? Se sim, TVP deve ser fortemente considerada o O edema é doloroso? TVP é dolorosa; insuficiência venosa crônica pode causar dor de pouca intensidade; linfedema é, em geral, indolor o Quais drogas estão sendo administradas? Bloqueadores dos canais de cálcio, prednisona e anti-inflamatórios são causas comuns de edema de MMII o Há história de doença sistêmica (doença cardíaca, hepática ou renal)? o Há história de neoplasia pélvica ou abdominal ou de irradiação nessas áreas? o O edema melhora durante a noite? Edema venoso melhora, devido ao decúbito o Há história consistente com apneia do sono? A apneia do sono pode causar hipertensão pulmonar que é uma causa comum de edema de MMII. Os achados que podem corroborar com essa hipótese são: ronco alto, sonolência diurna Elementos chave do exame físico: o IMC: Obesidade está associada com apneia do sono e insuficiência venosa o Distribuição: Unilateral está mais associada a causas locais. Bilateral pode ser relacionada a causas locais ou sistêmicas. Edema generalizado está relacionado a causas sistêmicas o Sensibilidade o Veias varicosas: São frequentemente presentes em pacientes com insuficiência venosa o Sinal de Kaposi – Stemmer: Incapacidade de realizar prega cutânea do dorso do pé na base do segundo dedo do pé é um sinal de linfedema o Mudanças na pele: Uma textura áspera (hiperceratose) com papilomatose e espessamento são características de linfedema crônico. Depósitos marrons de hemossiderina em regiões distais e tornozelos são relacionados à insuficiência venosa (dermatite ocre) o Sinais de doenças sistêmicas: Presença de turgência jugular, estertores finos pulmonares, ascite, telangiectasias e icterícia EDEMAS NO TERRITÓRIO DA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA Edema da Insuficiência Cardíaca: • O coração torna- se incapaz de bombear a quantidade suficiente de sangue aos tecidos, levando a inúmeras consequências clínicas incapacitantes • A incapacidade de bombeamento do coração ocorre predominantemente por dois motivos: o Contração cardíaca incompetente o Relaxamento cardíaco prejudicado • É lógico pensar que, se a contração cardíaca não é eficaz, pouco sangue conseguirá atingir os tecidos. No entanto, é mais difícil imaginar que a restrição do relaxamento ventricular possa levar ao mesmo efeitoo Acontece que, se a câmara não se relaxa plenamente, passa-se a ter pouco sangue preenchendo o ventrículo durante a diástole e consequentemente pouco sangue sendo ejetado durante a sístole o O débito sanguíneo periférico, dessa forma, acaba sendo baixo, o que passa a sensibilizar sistemas regulatórios o Em última instância, esses sistemas levam à vasoconstrição periférica, estímulo à contratilidade cardíaca e à retenção de sódio e água o Tal regulação tem o potencial de produzir novo equilíbrio homeostático, uma vez que retém água produzindo aumento da volemia; causa vasoconstrição periférica, aumentando a pressão com a qual o sangue chega à periferia; e potencializa a força cardíaca, possibilitando maior ejeção. Muitas vezes, essa nova homeostase é obtida, e o paciente não manifesta sinais clínicos • Esse ajustamento fisiológico corporal não soluciona o que deu origem à perda da capacidade cardíaca, que, em geral, ocorre por um evento que lesa o músculo, ou que restringe o volume da câmara • E, apesar da presença desses mecanismos neuroendócrinos, o coração pode continuar incapaz de bombear o sangue adequadamente, o que produz um estímulo continuado que busca a homeostase, provocando, entre outras coisas, a retenção contínua de sódio e água, o que proporciona a formação do edema • Além disso, a sobrecarga de volume que é inserida no sistema pode contribuir para a progressão da falência cardíaca, já que um coração que não possuía potência suficiente para bombear uma determinada quantidade de líquido, vai ser ainda menos eficiente ao trabalhar com volume ainda maior • A insuficiência cardíaca pode acometer também o ventrículo direito. Nesse caso, a incompetência se reflete através de um aumento da pressão do componente venoso da circulação, que, por sua vez, é transmitida aos capilares, ocasionando maior extravasamento • O edema cardiogênico inicia-se geralmente ao nível dos tornozelos na região maleolar interna, é de caráter ascendente, podendo generalizar-se o Obedece a um padrão gravitacional, predominando nos MMII o É depressível, frio, indolor e se associa a outras manifestações próprias da insuficiência cardíaca como hiporexia, dispneia, tosse noturna, oligúria, taquicardia, sudorese excessiva, palidez cutânea, aumento da pressão venosa central, congestão hepática, crepitações pulmonares predominantemente teleinspiratórias e presença, à ausculta cardíaca, de galope pré- sistólico, indicativo de contração atrial vigorosa associada à redução da complacência ventricular e/ou de galope protodiastólico, indicativo de disfunção ventricular e sopro sistólico • Febre Reumática: o Pode provocar lesões que produzem valvas tanto insuficientes quanto estenóticas → A insuficiência valvar provoca a sobrecarga de volume e a estenose provoca a sobrecarga de pressão o Presença de sopro cardíaco e passado de febre reumática → há três tipos de sopro característicos: o sopro sistólico de regurgitação mitral, o sopro ruflar diastólico e o sopro diastólico de insuficiência aórtica o O passado de febre reumática é suspeitado quando há história de ocorrência dos seguintes sintomas: - Febre - Poliartrite autolimitada e sem sequelas, que teve evolução assimétrica e migratória, e que acometeu as grandes articulações (MMII) - Coreia de Sydenhan, que é uma desordem neurológica caracterizada por movimentos involuntários, incoordenados, que desaparecem durante o sono e são acentuados em situações de estresse e esforço o Eritema marginatum, que é um eritema de contornos nítidos e centro claro, bordas irregulares ou arredondadas, de lesões múltiplas, indolores e não pruriginosas; e nódulos subcutâneos • Doença de Chagas: o Pode estar presente insuficiência mitral, evidenciado semiologicamente pela presença de um sopro pansistólico suave, com irradiação para a axila e, às vezes, também para o dorso, e que aumenta de intensidade à expiração forçada o A manifestação de edema é mais pronunciada nas fases avançadas da cardiopatia crônica chagásica. Nessa fase, há o predomínio das manifestações congestivas sistêmicas: jugulares túrgidas até o ângulo da mandíbula, mesmo na posição sentada, edema da parede abdominal, ascite e edema de MMII desde a raiz das coxas, além de sinais de congestão hepática e hipertensão portal com circulação colateral Edema das Nefropatias: • Síndrome Nefrótica: o Caracterizada pelo aumento da permeabilidade dos capilares glomerulares acompanhada de excessiva proteinúria (em geral 3,5g/24h/1,73m² de superfície corporal), edema, hipoproteinemia e dislipidemia o Ocorrem dois fenômenos que contribuem para essa perda: - Aumento da permeabilidade dos capilares - Diminuição da reabsorção tubular das proteínas filtradas em excesso o Teoria do Underfilling: - Origem do edema explicada pelo subenchimento da circulação, devido à perda proteica, a qual acarretaria redução da pressão coloidosmótica plasmática, produzindo assim perda de líquido para o compartimento intersticial, o que, por sua vez, reduziria o volume efetivo, ativando a cascata hormonal - Não haveria, entretanto, força osmótica para reter o sódio e a água conservados nos rins que seriam, desse modo, novamente perdidos para o interstício, levando a um ciclo vicioso o Teoria do Overflow: - Estudos recentes sugerem que, na maioria dos casos, o edema se deve, pelo menos inicialmente, à retenção primária de sódio, sendo sua magnitude relacionada com a intensidade dessa retenção - Contribuem para essa teoria a falta de correlação entre os níveis de albumina plasmática e a presença ou não de edema; e a constatação, realizada através de medidas diretas do volume plasmático e de marcadores neuroendócrinos, de que a volemia se encontra normal ou aumentada o Pode ser causada por doenças primariamente renais (síndrome nefrótica idiopática) ou por diversas patologias (síndrome nefrótica secundária) - Em adultos, apenas 20 a 25% dos casos constituem síndrome nefrótica secundária, decorrente de DM, LES, amiloidose, infecções bacterianas e virais, neoplasias, medicamentos o O edema costuma ser mais evidente em locais onde existe um regime de baixa pressão tecidual, como na face e nas pálpebras. Tende a ser mais evidente pela manhã, podendo generalizar-se em anasarca nos casos mais graves • Síndrome Nefrítica: o Marcada por oligúria, proteinúria subnefrótica, hematúria, hipertensão arterial e edema o O edema resulta da retenção primária de sódio e de água, que acompanha a redução do ritmo de filtração glomerular e a queda da pressão hidrostática nos capilares peritubulares consequente a diminuição do fluxo sanguíneo renal Cirrose Hepática: • Condição que subverte a arquitetura original do parênquima hepático, dificultando o fluxo sanguíneo através do órgão • Aumento da resistência à passagem de sangue favorece um extravasamento de líquido através da cápsula de glisson, diminuindo o volume circulante efetivo e produzindo retenção secundária de sódio e água = ascite precede o edema • Teoria do transbordamento → Há retenção primaria de sódio mediada pelo reflexo hepatorrenal, que seria acionado por mecanorreceptores hepáticos sensíveis ao aumento de pressão. O aumento da volemia e o desequilíbrio das forças de Starling ocasionariam o transbordamento pelos leitos esplâncnicos e hepáticos o peritônio = edema precede a ascite • Teoria da vasodilatação periférica → A vasodilatação arterial, provocada por fatores hormonais (glucagon) e locais (óxido nítrico), é o evento inicial para a formação do edema. Isso ocasiona a redução do volume circulante efetivo e produz ativação das cascatas neuroendócrinas Edema de Origem Nutricional: • Ocasionado pelo aporte proteico inadequado ao organismo • A hipoalbuminemia explica apenas em parte a sua origem. O aumento da permeabilidade capilar é outro fator importante na gênese dessetipo de edema → A carência de certas moléculas como a glutationa, a vitamina E, o zinco e a glutationa peroxidase, é uma possível explicação para o excesso de radicais livres, os quais determinariam o aumento da permeabilidade capilar • Edema frequentemente observado em crianças com deficiência nutricional à época do desmame • Kwarshiorkor • Além do edema, observa-se parada do crescimento, alterações na pigmentação cutânea, cabelos finos, quebradiços e de tonalidade mais clara Edema das Gastroenteropatias perdedoras de proteína: • Uma das funções do TGI é o metabolismo e a degradação das proteínas plasmáticas → Assim, sob determinadas condições, pode haver significativa perda proteica por essa via. Quando a perda é superior à síntese, instala-se a hipoalbuminemia, acompanhada ou não de edema • O quadro ainda pode ser composto de esteatorreia, hipocalcemia, linfocitopenia, hipogamaglobulinemia e deficiência imunológica com predisposição a infecções recorrentes • Linfangiectasia intestinal primária ou congênita: o Os vasos linfáticos congestos podem romper- se, derramando seu conteúdo na luz intestinal • Doença de Crohn ou RCUI • Doença celíaca EDEMA NO TERRITÓRIO DA CIRCULAÇÃO PULMONAR Edema Pulmonar: • Há aumento da quantidade de líquido extravascular no pulmão. No princípio, esse extravasamento é limitado ao interstício, e com o avançar do quadro, o líquido pode alcançar o interior dos alvéolos • Edema Pulmonar Cardiogênico: o A hipertensão venocapilar favorece o escape do líquido para o interstício, o que pode ou não ser compensado pelo aumento do fluxo linfático, que atua como um fator protetor à formação de edema o A frequência respiratória tende a se elevar na fase em que o aumento do fluxo linfático consegue compensar o aumento no extravasamento de plasma, mas as trocas gasosas estão preservadas o No entanto, quando o fluxo atinge um nível crítico, o qual ultrapassa a capacidade de drenagem linfática, a taquipneia se intensifica e observa-se redução das pressões parciais de O2 e CO2 = edema de padrão alveolar o Nesse ponto, o paciente tem as extremidades frias e cianóticas e costuma transpirar abundantemente. Além disso, costuma eliminar uma secreção rósea – espumosa pela boca, que, às vezes, pode estar acompanhada por raias de sangue vermelho - vivo Abordagem Inicial do Paciente Grave Medicina de Emergência – USP ESCALAS DE TRIAGEM ▪ Um dos objetivos no atendimento ao paciente grave é otimizar e adequar o tempo de espera pelo atendimento às necessidades e à gravidade da condição clínica, e reduzir o impacto negativo no prognóstico de uma demora no atendimento ▪ A triagem pode ser realizada por meio da queixa principal do paciente ou de acordo com os seus sinais vitais ▪ Principais escalas de triagem: - ESI - MTS - Australia Triage Scale - Canadian Emergency Department Triage and Acuity Scale MOV ▪ Monitorização multiparamétrica: - Pressão arterial: Comumente pelos métodos auscultatórios e oscilométricos (monitores). A monitorização invasiva deve ser considerada nas seguintes situações: instabilidade hemodinâmica persistente ou recorrente; monitorização de doenças ou de tratamentos com metas de PA estabelecida (hipertensão intracraniana, síndrome neurovascular, dissecção de aorta, choque séptico); necessidade de coleta de sangue arterial frequente (em pacientes intubados); imprecisões esperadas do método oscilométrico não invasivo (obesidade ou arritmias) - Oximetria de pulso: Mede a porcentagem de hemoglobina arterial que está no estado de oxi hemoglobina (SatO2) ▪ Oxigenoterapia suplementar: O oxigênio deve ser prescrito para alcançar uma SatO2 de 94 a 98% para a maioria dos pacientes com doença aguda ou Sat O2 de 88 a 92% para pacientes com risco de insuficiência respiratória hipercápnica NÍVEL DE CONSCIÊNCIA ▪ A primeira avaliação do paciente grave, sem sinais evidentes de traumatismo, é de responsividade ou do nível de consciência ▪ Consciência é definida como ciência e percepção de si e de sua relação com o meio. As alterações de consciência são divididas em alterações de: - Conteúdo, como os estados confusionais, demências - Nível: agitação, sonolência, coma ▪ No estado de coma, o paciente não pode ser despertado, estando completamente inconsciência e insensível aos estímulos externos, com a exceção de respostas motoras como abertura ocular ou retirada do membro com estímulos dolorosos ▪ Na avaliação inicial de pacientes alertas e responsivos, deve-se realizar anamnese e exame físico ▪ Em pacientes irresponsivos, deve-se checar pulso e, se presente, realizar a medida de glicemia capilar e a correção de possível hipoglicemia como primeiras medidas obrigatórias ▪ Determinar responsividade: - Se o paciente estiver de olhos fechados, deve-se tentar determinar se há ou não responsividade a estímulos - Se o paciente estiver irresponsivo, rapidamente cheque pulso e respiração → Se o paciente não tiver pulso, inicie as manobras de Suporte Básico de Vida - A avaliação do rebaixamento de consciência só deve ser realizada em pacientes com pulso e respiração adequados ▪ Determinar nível de consciência: - Inclusão da avaliação pupilar na Escala de Coma de Glasgow, retirando pontos do escore final conforme resposta pupilar: Resposta pupilar inexistente: nenhuma pupila reage à luz (retira 2 pontos) Resposta pupilar parcial: apenas uma pupila reage à luz (retira 1 ponto) Resposta pupilar total: ambas as pupilas reagem à luz (não retira ponto) ▪ Resposta motora: - A presença de sinais motores focais, geralmente assimétricos, sugere patologia estrutural - A função motora é avaliada por estímulos nocivos, e é importante distinguir entre as respostas reflexas e o ato motor voluntário: As respostas reflexas são de retirada, flexão ou extensão em resposta ao estímulo - Pode-se avaliar a resposta motora com: Observação da movimentação espontânea do paciente Observação dos movimentos apresentados pelo paciente ao estímulo doloroso Pesquisa de reflexos com atenção à sua presença, simetria e se existem sinais patológicos como o sinal de Babinski Pesquisa do tônus muscular pela movimentação passiva, com atenção a hipertonia, hipotonia e paratonia - Padrões motores localizatórios: Hemiparesia dimidiada com comprometimento facial ipsilateral → Lesão acima da ponte contralateral Decorticação → Sugere lesão ou disfunção supratentorial extensa Descerebração → Sugere lesão ou disfunção de tronco cerebral Ausência de resposta motora → Sugere lesão periférica, pontina ou bulbar ▪ Avaliação de pupilas e de fundo de olho: - A fundoscopia pode revelar achados diagnósticos, como papiledema, em pacientes com hipertensão intracraniana - Alterações pupilares podem sugerir a etiologia da alteração do nível de consciência: Pupilas puntiformes: intoxicação por opioide ou lesão pontina Pupilas médio-fixas que não respondem à luz: lesão de mesencéfalo Pupilas midriáticas: intoxicação por anfetaminas ou cocaína ou acometimento do nervo oculomotor Pupila fixa unilateral: lesão do terceiro nervo craniano ▪ Padrão respiratório: - Respiração de Cheyne-Stokes: insuficiência cardíaca; não costuma ser útil no diagnóstico diferencial da etiologia do coma - Respiração atáxica (respiração de Biot): padrão anormal de respiração caracterizada por grupos de inspirações seguidas de períodos regulares ou irregulares ou apneia e indica lesão em regiões inferiores, como o bulbo - Hiperventilação neurogênica central: padrão anormal de respiração profunda e rápida de pelo menos 25 respirações por minuto e indica uma lesão na ponte ou no mesencéfalo ▪ Avaliação de nervos cranianos e musculatura ocular extrínseca: - Nos pacientes em coma, o exame da motricidade ocular extrínseca deve ser realizadopela manobra dos olhos de boneca ou reflexo oculocefálico - Se os movimentos oculares estão preservados, a transição pontomesencefálica está provavelmente íntegra - Quando existe comprometimento dos movimentos oculares, a etiologia provável é lesão estrutural infratentorial, como lesões de tronco, sejam primárias ou secundárias - Se a alteração é do olhar horizontal, possivelmente a lesão é pontinha - Se a alteração é do olhar conjugado vertical, é provável que a lesão seja mesencefálica ▪ Investigação etiológica e diferenciação de encefalopatia focal e difusa: - Pacientes com rebaixamento do nível de consciência e dados sugestivos de lesões focais (hemiplegia, disartria ou anisocoria) devem sempre ser submetidos a exame de imagem intracraniano - Com exceção de casos de hipoglicemia, intoxicação, convulsão e uremia, o achado de encefalopatia focal quase sempre se relaciona a causas estruturais - A TC de crânio sem contraste deve ser realizada em todos os casos em que a etiologia do rebaixamento do nível de consciência não é rapidamente identificada por anamnese e exame físico - Em caso de dúvida diagnóstica, a RM de crânio pode ser realizada - Achados de imagem nesses pacientes: Hemorragia subaracnóidea → hemorragia nos espaços liquóricos (cisternas, convexidade) Hematoma subdural → imagem em forma de foice ou crescente Hematoma extradural → imagem côncavo- convexa AVC isquêmico → A primeira alteração observada é a perda de diferenciação entre substância cinzenta e branca Tumores cerebrais → lesão hipodensa, geralmente cercada por edema Hidrocefalia → dilatação dos ventrículos - Está indicada a realização de punção liquórica (LCR) nos casos em que o diagnóstico não se esclarece com o exame de imagem ou inicialmente em pacientes com suspeita de infecção do SNC → Além de fornecer a medida da pressão intracraniana, a análise do LCR auxilia no diagnóstico de doenças inflamatórias, infecciosas, vasculares e neoplásicas do SNC - Em geral, a TC precede a punção do LCR devido ao risco de herniação cerebral com a punção ▪ Manejo do paciente com alteração do nível de consciência: - A abordagem deve priorizar as vias aéreas, a respiração e a circulação (ABC) - Se houver história ou suspeita de trauma, a coluna vertebral deve ser imobilizada - A intubação deve ser considerada em pacientes que estão inconscientes a ponto de não se conseguir proteger a via aérea, mantê-la pérvia (por queda de língua) ou que têm respiração ineficaz e hipoxemia - Uma das primeiras medidas específicas em pacientes com alteração do nível de consciência é checar a glicemia capilar Quando não for possível aferi-la rapidamente pode-se empiricamente realizar um bolus endovenoso de 15g de glicose hipertônica (glicose 50% 3 ampolas IV agora) Em pacientes etilistas ou gravemente desnutridos, o bolus de glicose deve ser precedido por reposição de tiamina 100mg IV para evitar encefalopatia de Wernicke (confusão mental, ataxia e alterações de motricidade ocular, choque e coma) - Se houver suspeita de hipertensão intracraniana, o paciente deve ser colocado em decúbito dorsal horizontal com cabeceira elevada a 30° - Enquanto a avaliação ABC é realizada, deve-se obter acesso intravenoso (IV), oximetria para monitorar a saturação de oxigênio e iniciar a oxigenoterapia se indicado - A hipotensão deve ser inicialmente tratada com ressuscitação volêmica, com a consideração de uso de suporte vasopressor ou inotrópico precoces - Nos casos em que houver suspeita clínica de toxicidade podem ser utilizados antídotos específicos: Intoxicação por opioides: naloxone (0,4 a 2mg IV) Intoxicação por benzodiazepínicos: flumazenil VIAS AÉREAS E VENTILAÇÃO ▪ Ao se avaliar o paciente grave, após checar responsividade e pulso, deve-se verificar se o paciente está respirando normalmente ▪ Se não, a primeira medida é checar se há obstrução de vias aéreas: - Checar qualquer ruído anormal (estridor laríngeo, sibilos) - Observar diretamente a cavidade oral à procura de possíveis causas de obstrução (sangue, vômitos, corpo estranho) - Procurar por sinais externos de trauma (escoriações ou hematomas, edema ou enfisema subcutâneo) - Checar outros sinais de obstrução de vias aéreas (movimentos abdominais paradoxais, uso de musculatura acessória, hipoxemia ocorrem tardiamente e são sinais de extrema gravidade - Excluir a obstrução por queda da língua, elevando o queixo e colocando o paciente em posição de hiperextensão cervical (desde que excluído trauma) ▪ Insuficiência respiratória não reversível com tratamento inicial ou hipoxemia persistente (SatO2 < 90%), apesar de oferta de oxigênio suplementar em fluxo adequado, são indicações de IOT ▪ Devem ser procurados sinais de desconforto ou insuficiência respiratória: - Dispneia ou taquipneia - Movimentos paradoxais podem indicar obstrução de vias aéreas ou instabilidade da caixa torácica - Movimentos unilaterais podem indicar pneumotórax, derrame pleural ou atelectasia - Sibilos sugerem broncoespasmo - Hipoxemia (oximetria de pulso < 90%) - Evidência de hemorragia pulmonar ou aspiração - Percussão com hipertimpanismo ou macicez - Ausculta anormal (sibilos, estertores) - Observar a tosse (se necessário, pedir para paciente tossir) e o aspecto da secreção INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA ▪ É uma síndrome clínica definida pela incapacidade do organismo em realizar trocas gasosas de forma adequada, de instalação aguda, decorrente da disfunção em um ou mais dos componentes do sistema respiratório (parede torácica, pleura, diafragma, vias aéreas, alvéolos, circulação pulmonar, sistema nervoso central e periférico) ▪ É definida gasometricamente por PaO2 < 60 mmHg (ou SpO2 < 90%) ou PaCO2 > 45 ou 50 mmHg ▪ A insuficiência respiratória pode ser classificada em: - Tipo 1 = hipoxêmica (PaO2 < 60mmHg): Há falência primária na oxigenação Desenvolvida em condições em que a ventilação se encontra preservada: a hipoxemia é decorrente de alteração na relação V/Q – efeito shunt ou espaço morto – ou na difusão dos gases pela membrana alveolocapilar Gasometria arterial: hipoxemia está presente, sem hipercapnia. A PaCO2 pode estar baixa na tentativa de se compensar a hipoxemia com hiperventilação - Tipo 2 = hipercápnica (PaCO2 > 45 mmHg): Hipercapnia é definida como PaCO2 > 45mmHg A pressão parcial de CO2 é diretamente proporcional à sua produção e inversamente proporcional à ventilação alveolar (eliminação de CO2) Aumento do espaço morto e redução da ventilação minuto são causas comuns de hipercapnia; aumento da produção de CO2 raramente resulta em hipercapnia importante devido aos mecanismos de compensação ▪ Manejo do paciente com IRpA: - Suplementação de oxigênio como medida de suporte se hipoxemia - Abordagem direcionada ao fator precipitante - Considerar ventilação não invasiva (VNI) se: Dispneia moderada a grave FR 24-30 irpm Sinais de aumento do trabalho respiratório Uso de musculatura acessória Gasometria: PaCO2 > 45 mmHg ou piora em relação ao basal em retentores crônicos Hipoxemia grave (relação PaO2/FiO2 < 200mmHg) - A VNI tem benefícios demonstrados nas seguintes indicações: Exacerbação de DPOC com acidose respiratória (PaCO2 > 45 mmHg ou pH < 7,3) Edema pulmonar cardiogênico IRpA hipoxêmica em pacientes imunossuprimidos Extubação de alto risco (idade > 65 anos; ICC; DPOC, APACHE II > 12) - Considerar utilização de ventilação invasiva em pacientes com alteração de nível de consciência ou falha na terapia com oxigênio suplementar ou VNI CIRCULAÇÃO ▪ A avaliação inclui exame clínico dirigido e monitorização dos parâmetros mais importantes: - TEC - FC - PA - ECG - Oximetria ▪ Acesso venoso, exames gerais e ECG de 12 derivações ▪ No exame físico, alguns sinais específicos devem ser observados, pois podem indicar gravidade maior do caso: - Bradicardiaimportante (< 35 bpm) - Pulso filiforme - TEC > 4s - Pele: fria e úmida, com vasoconstrição e cianose - Débito urinário < 0,5ml/kg/h - Estado mental alterado ▪ A abordagem inicial do paciente em choque inclui encaminhamento à sala de emergência, monitorização cardíaca e oximetria de pulso, oxigênio suplementar (Se necessário) ▪ Em pacientes com quadro de choque hemorrágico, o controle do sangramento é prioritário CLINICA MÉDICA: Emergências Clínicas • Ao identificar situação de emergência → chamar ajuda • Priorização: o C o A o B o MOV ▪ Monitorização – 7 sinais vitais da emergência (PA, FC, FR, SO2, Glicemia, T, estimulo doloroso) ▪ Oxigenoterapia se Sat ≤ 92% ▪ Acesso venoso • Queixa e duração objetivamente • Exame físico objetivo • Hipótese sindrômica Choque • ↑TEC e ↓ T dos MM é indicativo de baixo débito cardíaco • Etiologia o Hipovolêmico o Distributivo o Cardiogênico o Obstrutivo Insuficiência Respiratória Aguda • Incapacidade aguda do sistema respiratório em manter a oxigenação arterial e a eliminação do gás carbônico. • Hipoxêmica (tipo 1): o PaO2 < 60 mmHg • Hipercápnica (tipo 2): o PaCO2 > 50 mmHg e pH < 7,3 • Causas: o Lesão cerebral de tronco o Distúrbio toxico-metabólico grave (opiode) o Fadiga da musculatura respiratória por: ▪ Diminuição da complacência pulmonar: pneumonias extensas, SDRA, fibrose pulmonar, EAP ▪ Aumento da necessidade ventilatória: sepse ou acidose metabólica ▪ Dificuldade de gerar gradiente de pressão entre o ambiente e o espaço-pleural: auto-PEEP ▪ Diminuição da força muscular: desnutrição grave, doenças crônicas, VM prolongada, senilidade o Déficits de oxigenação o Disturbios de difusão: enfisema e fibrose pulmonar o Alterações da relação V/Q: ▪ Efeito shunt: distúrbio de ventilação • Num contexto que o paciente tem um alvéolo preenchido de líquido. • Tem resposta ruim à oxigenoterapia ▪ Efeito espaço morto: distúrbio de perfusão • Por conta de uma obstrução do vaso • Tem resposta boa à oxigenoterapia • Para corrigir a hipoxemia: oxigenação de alto fluxo e pressão positiva • Sinais e sintomas de insuficiência respiratória: o Antecedentes de doenças cardíacas ou pulmonares, tabagismo, história de tosse, febre e sibilância. o Taquipneia, respiração paradoxal e uso de musculatura acessória. o Alteração do nível de consciência. o Cianose, sudorese, taquicardia. o Sibilos: broncoespasmo (p. ex., asma); exacerbação de DPOC em tabagistas, CE, congestão ou embolia pulmonar. o Estertores crepitantes (preenchimento alveolar): PNM ou congestão pulmonar. o ↓ MV localizado: derrames pleurais ou pneumotórax • Diagnóstico: oximetria de pulso ou gasometria • ➔ Suporte de O2: • Cateter nasal o Sistema de baixo fluxo (0,5 – 4-5 L/min) o FiO2 não determinável → a princípio, 3% para cada L/min o Útil em casos de hipoxemia leve ou que a etiologia exige baixo fluxo de O2 (DPOC) • Máscara facial o Útil em casos que exigem altos fluxos de O2 o Pode acoplar: ▪ Máscara de Venturi ▪ Reservatório de O2 → permite FiO2 100% • Ventilação não invasiva o Permite oferecer altos fluxos de O2 com FiO2 variáveis e ajustáveis, assim como pressão positiva o Indicações: ▪ DPOC descompensado ▪ EAP ▪ IRpA em imunodeprimido o Pode prevenir IOT o Não se deve usar: ▪ Iminência de parada respiratória ▪ Rebaixamento do nível de consciência ▪ Grande volume de secreção traqueal ▪ Instabilidade hemodinâmica ▪ Necessidade de grandes pressurizações ▪ Trauma, queimadura ou cirurgia facial ▪ Excesso de secreção nas vias aéreas e vômitos • Ventilação invasiva o Uso em casos mais graves ou refratários de IRpA o Indicações: ▪ Anormalidades da ventilação • Fadiga da musculatura respiratória. • Doença neuromuscular e capacidade vital < 15 mL/kg de peso. • Drive ventilatório diminuído. • Anormalidades de parede torácica. ▪ Anormalidades da oxigenação • Hipoxemia refratária. • Trabalho respiratório excessivo. ▪ Redução da pressão intracraniana. ▪ Diminuição do consumo de oxigênio. ▪ Insuficiência respiratória e instabilidade hemodinâmica Alteração do Nível de Consciência • Causas o Estruturais ▪ Doenças neurológicas primárias que ocasionam compressão ou destruição do SRAA o Metabólicas ▪ Levam ao comprometimento funcional do SRAA ▪ São mais comuns • Anamnese inicial o Modo de instalação (súbito ou progressivo) o Sinais e sintomas neurológicos precedentes (déficits focais, convulsões) o Uso de drogas lícitas e ilícitas o Antecedentes de doenças hepáticas, renais, pulmonares, cardíacas e psiquiátricas o TCE prévio • Exame físico geral e neurológico • Precauções: o Manter a via aérea pérvia o Garantir a oxigenação e a perfusão, com o uso de oxigênio suplementar, infusão volêmica e drogas vasoativas, se necessário. o Realizar glicemia capilar e tratar hipoglicemia. o Definir a causa provável • Exame pupilar o Pupilas midriáticas, fixas bilateralmente → lesão mesencefálica, por comprometimento bilateral do III par craniano. o Anisocoria → herniação uncal o Miose bilateral, com pupilas pontiformes, mas preservação do reflexo fotomoto → lesões pontinas, uso de opiáceos e encefalopatias metabólicas. o Midríase e reflexo motor extremamente reduzido → uso de barbitúricos • Padrão motor o Permite identificar com maior grau de suspeição se a encefalopatia é metabólica ou estrutural ▪ Causa metabólica: geralmente achados simétricos ▪ Estrutural: geralmente achados assimétricos o Pesquisa de sinais de irritação meníngea ▪ Rigidez de nuca, Kernig e Brudzinski • Se suspeita de encefalopatia metabólica: hemograma, sódio, potássio, cálcio, magnésio, ureia, creatinina, glicemia, enzimas hepáticas e bilirrubinas • Se suspeita de intoxicação: toxicológico • Se déficit focal ou crise convulsiva: avaliação metabólica, TC de crânio e, se necessário, punção de LCR • Se antecedentes de epilepsia, com pós-ictais prolongados (>15 a 30 min) ou com investigações iniciais conclusivas: EEG Insuficiência Renal Aguda • Definida pela elevação de creatinina sérica, em um período de 48 horas, de pelo menos 0,3 mg/dL ou de 50% em relação à creatinina basal • Caracterizada pela queda abrupta (horas ou dias) do ritmo de filtração glomerular (RFG), ocasionando retenção de escórias do metabolismo nitrogenado, como ureia e creatinina. • Etiologia: o IRA pré-renal: quando ocorre uma hipoperfusão renal, mas a integridade do parênquima renal é mantida (55% a 60% dos casos). ▪ Achados: • Fluxo urinário reduz-se a menos de 400 mL ao dia. • [Na urinário] muito baixa (menos de 20 mEq/L). • FENa muito baixa (< 1%). • Osmolalidade urinária elevada. o IRA renal ou intrínseca: quando há dano tissular renal (35% a 40%). ▪ Achados: • [Na urinário] muito mais alta • Osmolalidade urinária muito próxima à do plasma. • FENa+ > 1%. o IRA pós-renal: há obstrução aguda do trato urinário (< 5%). ▪ Para que ocorra, é necessário que haja obstrução entre o meato uretral externo e o trígono vesical, ou ocorra obstrução ureteral bilateral, ou então obstrução ureteral unilateral em portador de rim único funcionante (ou com algum grau prévio de insuficiência renal). • Frequentemente assintomática • Pode ocorrer: o Redução do volume urinário o Perda de capacidade de diluir e concentrar a urina. o Perda de capacidade de regular o equilíbrio acidobásico. o Dificuldade de manter o balanço dos níveis de potássio, sódio, magnésio, cálcio e fósforo. • Achados do exame físico: o Cardiovascular: ▪ Hipervolemia: pode manifestar-se com hipertensão leve, congestão pulmonar incipiente com estertoração pulmonar basal, derrame pleural, ascite, EAP e IRpA ▪ Arritmias (hipermagnesemia, hipercalemia, acidose etc.). ▪ Desidratação, hipotensão, choque e parada cardiorrespiratória. ▪ Tamponamentocardíaco. o Respiratório: taquipneia e respiração profunda (acidótica). o Neurológico: ▪ Hipocalcemia: pode levar a parestesias periorais, cãibras, confusão, sinal de Chvostek (contração da musculatura facial após estímulo do nervo facial sobre a mandíbula), sinal de Trousseau (contratura da mão após oclusão da circulação arterial por três minutos) e tetania espontânea (contrações musculares dolorosas, convulsões, laringoespasmo). ▪ Uremia: manifesta-se como confusão, sonolência, convulsões e coma. o Gastrintestinal: vômitos intensos, hemorragia digestiva, soluços, dor à palpação de abdome, massas palpáveis etc. o Renal: o volume urinário pode variar da anúria à poliúria. ▪ Pacientes com obstrução urinária bilateral ou obstrução arterial bilateral apresentam anúria. ▪ Pacientes com IRA relacionada a agentes podem apresentar poliúria (exemplos: lítio, aminoglicosídeos, contrastes radiológicos) ou oligúria (exemplo: anti- inflamatórios). ▪ Alternância entre anúria e diurese deve apontar para obstrução urinária de caráter intermitente. ▪ Anúria de instalação abrupta em gestante ou puérpera sugere necrose cortical bilaterall. o Procurar por bexiga palpável (“bexigoma”), que pode estar presente na IRA pós-renal. o Avaliar necessidade de toque retal (especialmente em homens) e exame ginecológico. o Palidez cutaneomucosa, sangramento espontâneo (gengivas, pele). o Lesões cutâneas podem surgir em doenças específicas (autoimunes, endocardite, gota) ou rash maculopapular que possa sugerir nefrite intersticial por hipersensibilidade a agentes. • Exames Laboratoriais o Ur e Cr aumentadas o [Na urinário] ▪ < 20 mEq/L → IRA pré-renal ▪ > 40 mEq/L → IRA renal o Análise da Urina • Exames de Imagem o US → exame de escolha ▪ Pode evidenciar obstrução do TU, alterações parenquimatosas, cistos ou massas o Rx de abdome → pode mostrar cálculos o TC → pode mostrar dados não vistos na US o AngioRM → grande auxilio em lesões vasculares o Cintilografia → útil para avaliar função e fluxo renal • Bx renal se duvida diagnóstica em 1 a 5 dias • Conduta: o Coletar amostras de sangue e urina o Estabilização hemodinâmica o Corrigir volemia e corrigir PA média, usando drogas vasopressoras, se necessário ▪ Hipovolêmico → expansão ▪ Hipervolemico → vasodilatadores o Reestabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico ▪ + preocupante: hipercalemia o Controle das manifestações urêmicas o Aporte nutricional ▪ Paciente que não está sob diálise: 0,6 g de proteina/kg/dia ▪ Paciente em diálise: 1- 1,5 g de proteina/kg/dia ▪ Preferencialmente via gastrointestinal, mas pode ser NP o Diálise ▪ Pode ser necessária na hipercalemia refratária, hipervolemia ou acidose metabólica de difícil controle, clinica perigosa de urenia ▪ Em geral é indica quando Ur sérica: 180 – 200 mg/dL o Tratamento da doença de base ICTERÍCIA ▪ Coloração amarelada dos tecidos, decorrente do depósito de bilirrubina ▪ Aumentos discretos na bilirrubina sérica são mais bem detectados ao exame das escleras, que têm uma afinidade particular pela bilirrubina em razão do seu alto conteúdo de elastina ▪ Diagnóstico diferencial: - Carotenodermia: coloração amarelada imposta à pele de indivíduos saudáveis que consomem quantidades excessivas de vegetais e frutas que contêm caroteno, como cenoura, vegetais folhosos, abóbora, pêssego e laranja; O pigmento concentra-se em palmas, plantas, fronte e pregas nasolabiais; Ausência de pigmentação das escleras ▪ Aumento de bilirrubina sérica gera o escurecimento da urina, que decorre da excreção renal de bilirrubina conjugada Produção e metabolismo da bilirrubina o A bilirrubina é um produto da degradação do heme, principalmente degradação da hemoglobina em eritrócitos senis o A formação de bilirrubina ocorre nas células reticuloendoteliais, principalmente no baço e no fígado o A primeira reação, pela enzima heme oxigenase, cliva a ponte alfa do grupo porfirina e abre o anel do heme = biliverdina, monóxido de carbono e ferro o A segunda reação, pela enzima biliverdina redutase, transforma biliverdina em bilirrubina o A bilirrubina formada nas células reticuloendoteliais é praticamente insolúvel em água e para ser transportada no sangue, a bilirrubina é ligada a albumina o A bilirrubina não conjugada ligada a albumina é transportada ao fígado → A bilirrubina é absorvida pelos hepatócitos o No retículo endoplasmático, a bilirrubina é solubilizada por conjugação com o ácido glicurônico por meio da enzima UDPGT o Os conjugados de bilirrubina, agora hidrofílicos, são transportados para dentro da bile canalicular que envolve a proteína MRP2 o A bilirrubina conjugada excretada dentro da bile drena para o duodeno e atravessa inalterada a parte proximal do intestino delgado → Bilirrubina conjugada não é captada pela mucosa intestinal o Quando atinge a parte distal do íleo e o cólon, a bilirrubina conjugada é hidrolisada em bilirrubina não conjugada pelas beta-glicuronidases bacterianas → A bilirrubina não conjugada é reduzida pela flora bacteriana intestinal formando urobilinogênios, que cerca de 80-90% são excretados pelas fezes Abordagem do paciente com icterícia o Em resumo, a etapa inicial é realizar os exames de sangue apropriados para determinar se o paciente apresenta elevação isolada da bilirrubina sérica Se for esse caso, essa elevação é formada por aumento da fração não conjugada ou conjugada? Os outros exames hepáticos bioquímicos são anormais? o A bilirrubina presente no soro representa um equilíbrio entre o estímulo decorrente da produção de bilirrubina e a remoção hepática/ biliar do pigmento o A hiperbilirrubinemia resulta de: 1. Produção excessiva de bilirrubina 2. Deficiência na captação, conjugação ou excreção de bilirrubina 3. Regurgitação da bilirrubina não conjugada ou conjugada a partir de hepatócitos ou ductos biliares comprometidos o O aumento da bilirrubina não conjugada resulta de produção excessiva ou de comprometimento da captação ou da conjugação da bilirrubina o O aumento da bilirrubina conjugada é causada por redução da excreção para dentro dos pequenos ductos biliares ou por extravasamento retrógrado do pigmento Aumento isolado da bilirrubina sérica o Hiperbilirrubinemia não conjugada/ indireta: - Distúrbios hemolíticos: 1. Hereditários: esferocitose, eliptocitose, deficiências de glicose-6-fosfato-desidrogenase e piruvatoquinase; anemia falciforme, talassemia 2. Adquiridos: anemias hemolíticas microangiopáticas (SHU), hemoglobinúria paroxística noturna, hemólise imune e infecções parasitárias (malária) - Eritropoiese ineficaz: 1. Deficiência de cobalamina, folato e ferro 2. Talassemia - Produção aumentada de bilirrubina: 1. Transfusão sanguínea massiva 2. Reabsorção de hematoma - Na ausência de hemólise, o médico deve considerar a possibilidade de haver algum problema com a captação hepática ou com a conjugação da bilirrubina Medicamentos: rifampicina e probenecida, podem causar hiperbilirrubinemia não conjugada por diminuição da captação hepática de bilirrubina A redução da conjugação ocorre em: Crigler- Najjar 1 e 2 e na Síndrome de Gilbert ✓ Síndrome de Crigler- Najjar tipo 1: Distúrbio raro, encontrado em neonatos e caracterizado por icterícia grave (bilirrubina > 20mg/dl) e comprometimento neurológico por kernicterus, levando com frequência à morte na lactância ou segunda infância → Ausência total da atividade da UDPGT, em que são incapazes de conjugar a bilirrubina e, portanto, não podem excretá-la ✓ Síndrome de Crigler- Najjar tipo 2: As mutações no gene da bilirrubina UDPGT provocam redução, mas não ausência total, da atividade da enzima. A atividade da bilirrubina UDPGT pode ser induzida pela administração de fenobarbital, capaz de reduzir os níveis séricos de bilirrubina nesses pacientes. Apesar da icterícia acentuada, taispacientes geralmente sobrevivem até a idade adulta, embora suscetíveis ao kernicterus quando sob estresse de doença intercorrente ou cirurgia ✓ Síndrome de Gilbert: É bem comum. Redução na conjugação de bilirrubina em razão de redução na atividade da bilirrubina UDPGT. Os pacientes apresentam hiperbilirrubinemia não conjugada leve com níveis séricos < 6mg/dl. Os níveis séricos podem flutuar, e a icterícia é frequentemente identificada apenas durante os períodos de jejum o Hiperbilirrubinemia conjugada/ direta: - Distúrbios hereditários: Síndrome de Dubin- Johnson Síndrome de Rotor Em ambas as síndromes os pacientes se apresentam com icterícia assintomática. ✓ O defeito na síndrome de Dubin Johnson são mutações no gene MRP2 → Tais pacientes apresentam alteração na excreção da bilirrubina nos ductos biliares ✓ A Síndrome de Rotor pode representar a deficiência dos principais transportadores hepáticos de captação, OATP1B1 e OATP1B3 Elevação da bilirrubina sérica com outras anormalidades dos exames hepáticos o Anamnese: - Deve-se considerar o uso de ou a exposição a qualquer substância química ou medicamento (fitoterápicos e compostos vitamínicos) ou outros medicamentos, como esteroides anabolizantes - Exposições parenterais, como transfusões, uso de drogas intravenosas e intranasais, tatuagens e atividade sexual - História de viagem recente, consumo de álcool, duração da icterícia e presença de quaisquer sinais ou sintomas associados, como artralgias, mialgias, exantema, anorexia, perda ponderal, dor abdominal, febre, prurido - História de artralgias e mialgias antecedendo a icterícia sugere hepatite, seja viral ou medicamentosa - A icterícia associada a início súbito de dor intensa no quadrante superior direito e calafrios sugere coledocolitíase e colangite ascendente o Exame físico: - Estigmas de doença hepática: aranhas vasculares, eritema palmar, ginecomastia, cabeça de medusa, atrofia testicular = Observadas na cirrose alcoólica avançada e em outros tipos de cirrose - Linfonodo supraclavicular esquerdo aumentado (nódulo de Virchow) ou linfonodo periumbilical (nódulo da irmã Maria José) sugerem câncer abdominal - O exame do abdome deve avaliar tamanho e consistência do fígado, se o baço está palpável e, portanto, aumentado, e presença de ascite - A dor intensa no quadrante superior direito com suspensão da respiração à inspiração (sinal de Murphy) sugere colecistite o Exame de laboratório: - Bilirrubina sérica total e frações - Dosagem de aminotransferases, fosfatase alcalina, albumina e tempo de protrombina - Os pacientes com processo hepatocelular geralmente apresentam aumento das aminotransferases desproporcional ao da fosfatase alcalina, enquanto aqueles com processo colestático apresentam aumento da fosfatase alcalina desproporcional ao das aminotransferases - Além da dosagem das enzimas, em todos os pacientes ictéricos devem ser solicitados exames sanguíneos adicionais, especificamente dosagem de albumina e tempo de protrombina, para avaliar a função hepática Níveis baixos de albumina sugerem processo crônico, como cirrose ou câncer Valores normais de albumina sugerem um processo mais agudo, como hepatite viral ou coledocolitíase o Distúrbios hepatocelulares: - Hepatite viral – A,B,C,D,E, vírus EBV, CMV - Hepatite alcoólica - Toxicidade de fármacos – paracetamol, isoniazida - Doença de Wilson - Hepatite autoimune - Pacientes com hepatite alcoólica apresentam TGO-TGP no mínimo de 2:1, e a dosagem de TGO raramente ultrapassa 300 U/L - Pacientes com hepatite viral aguda e lesão ligada a uma toxina grave o suficiente para produzir icterícia apresentam níveis de aminotransferases > 500U/L, com a TGP > ou igual a TGO - Testes a serem realizados: Testes para hepatites virais; dosagem de ceruloplasmina para doença de Wilson; exames para hepatite autoimune como fatores antinucleares e dosagem de imunoglobulinas específicas o Distúrbios colestáticos: - O próximo exame a ser solicitado é uma ultrassonografia → A ausência de dilatação biliar sugere colestase intra – hepática, enquanto sua presença indica colestase extra- hepática - Embora a US possa indicar colestase extra- hepática, ela raramente identifica o local ou a causa da obstrução → Os exames indicados a seguir são TC, colangiopancreatografia por RM (CPRM) e colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) e a ultrassonografia endoscópica (USE) - Distúrbios intra- hepáticos: A. Hepatite viral Hepatite colestática fibrosante – hepatites B e C B. Hepatite alcoólica C. Toxicidade de medicamentos: Colestase pura: esteroides anabólicos e contraceptivos Hepatite colestática: clorpromazina Colestase crônica: clorpromazina D. Cirrose biliar primária: é uma doença autoimune que atinge mulheres de meia-idade e é caracterizada por destruição progressiva dos ductos biliares interlobulares; o diagnóstico é feito com a detecção de anticorpos antimitocondriais E. Colangite esclerosante primária: caracteriza-se por destruição e fibrose dos ductos biliares maiores. O diagnóstico é feito com colangiografia com demonstração das estenoses segmentares patognomônicas F. Doença infiltrante: tuberculose, linfoma e amiloidose G. Infecções: malária, leptospirose - Distúrbios extra- hepáticos: A. Malignos: Colangiocarcinoma Câncer pancreático Câncer de vesícula biliar Câncer ampular B. Benignos: Coledocolitíase Síndrome de Mirizzi Prescrição Médica ✓ Sempre tem que ter no prontuário: - Nome completo do paciente - Unidade/ posto - Leito - Prontuário - Data PRESCRIÇÃO MÉDICA NO HOSPITAL ▪ Dieta ▪ Hidratação → Se necessário ▪ Drogas vasoativas/ sedativas → Paciente em ambiente de UTI ▪ Antibióticos ▪ Drogas endovenosas ▪ Drogas orais → Losartana e hidroclorotiazida (HAS) = Fazer reconciliação medicamentosa, ajustar de acordo com os horários que o paciente usava em casa ▪ Drogas subcutâneas: Profilaxia de tromboembolismo venoso (enoxaparina, heparina não fracionada) ▪ Drogas intramusculares ▪ Oxigenoterapia/ inalatórios ▪ Sintomáticos → dor, vômitos, febre ▪ Cuidados →Profilaxia de úlcera de estresse e de tromboembolismo venoso ✓ Modelo de prescrição: - Hospital A - Hospital B - Unidade/ Posto C - Leito/ Enfermaria D - Prontuário A - Data 08/02/2021 1. Dieta geral 2. SF 1000ml EV 14 gotas/min 3. Piperacilina- Tazobactam (2,25g) 2amp: 100ml SF EV 8/8h (D1/7) 4. Ranitidina 150mg 01cp VO 2x ao dia 5. Prednisona 20mg 02cp VO pela manhã 6. NBZ com salbutamol 10 gotas, ipratrópio 20 gotas, SF 3ml, ar comprimido 6l/min, às 6h, 11h, 16h e 21h 7. O2 úmido sob cateter nasal 2l/min 8. Enoxaparina 40mg SC 1x ao dia 9. Dipirona (500mg/ml) 2ml: 18ml SF EV 6/6h se febre ou dor. Comunicar plantonista se febre 10. Bromoprida (5mg/ml) 2ml: 18ml SF EV 8/8h se náuseas ou vômitos 11. Fisioterapia respiratória 2x ao dia 12. Sinais vitais 3x ao dia, com medida de SatO2 DIETA - Nenhum alimento pela boca (dieta zero) - Dieta líquida restrita - Dieta líquida completa - Dieta pastosa - Dieta branda - Dieta geral ▪ Dieta geral: - Manter estado nutricional do paciente - Distribuição e quantidade normal dos nutrientes - Pacientes sem necessidades especiais ▪ Dieta zero ou nenhum alimento pela boca: - Habitualmente temporária (1,2 dias) - Preparo para cirurgia - Preparo para exames (colonoscopia, US) - Doenças inflamatórias do abdome: pancreatite, apendicite, fístula de alto débito - Todo paciente em dieta zero precisa medir glicemia capilar - Deve planejar a hidratação/ reposição: Todo paciente que está em dieta zero precisa de pelo menos, 25-35ml/kg/dia de líquidos 25-30 ml/kg/d de água (SF 0,9%) 1 mmol/kg/ dia Na, K e cloreto → 1 ampola de potássio a 10% (cloreto de potássio) tem 13,4 mEq → Não fazer em bolus pois pode dar parada cardíaca em assistolia, fazer em infusão contínua Ofertar alguma glicose= 50-100g/dia de glicose para prevenir a cetose do jejum Exemplo: Para um homem de 70kg, 2 dias em dieta zero por pancreatite 70kg x 25-35ml/kg = 1750-2450ml de líquidos ao dia Glicose 100g = 1 ampola de glicose 50% com 10ml : 5g → Em 24 h, 20 ampolas de glicose 50% 70 mEq de sódio e cloreto 70 mEq de potássio = 1 ampola de KCL 10% com 10ml : 13,4 mEq → Em 24h, 70 mEq : 13,4 mEq/ amp = 5,2 ampolas de KCl 10% Prescrição: 1. Ringer lactato 2000ml EV 28 gotas/ min 2. Glicose 50% 5 ampolas em cada soro 3. KCl 10% 15mL EV em cada soro ▪ Dieta líquida restrita ou líquida sem resíduos: - Fornece líquidos, calorias e eletrólitos - Evolução da dieta após jejum (ex pancreatite), preparo de exames (colonoscopia), pós- cirurgia, de transição (por exemplo, paciente que fez cirurgia e você vai progredindo a dieta) - Água, caldo de legumes, sucos de frutas coados, geleia de mocotó, gelatina, chás ▪ Dieta líquida completa: - Dieta de transição - Mingau, caldos e sopas liquidificadas, suco de frutas, leite, iogurte, queijos cremosos ▪ Dieta pastosa: - Permite maior densidade calórica que a líquida - Dieta de transição, problemas de mastigação ou disfagia (dieta definitiva, por exemplo, idoso com Parkinson) - Bolacha, torrada, fruta cozida ou assada, vitamina, sopa de legumes/ cereais com carne, canja, arroz bem cozido tipo “papa”, macarrão, suflê ou purê de legumes ou batata, carnes moídas ou desfiadas (bem cozidas), peixe desfiado ▪ Dieta branda: - Transição para dieta geral, problemas de dentição ou mastigação (Não entra grãos mais duros) - Quantidade normal de nutrientes e calorias - Salada cozida; carnes frescas cozidas, assadas, grelhadas; vegetais cozidos no forno, vapor e refogados; ovo cozido, pochê ou quente; frutas (sucos, em compotas, assadas, ou bem maduras), sem a casca); torradas, biscoito, pães enriquecidos (não integrais); pastel de forno, bolo simples, sorvete simples ▪ Outras dietas: - Dieta para diabético (ex dieta geral para DM) - Dieta hipossódica/ para hipertenso (dieta pastosa hipossódica) - Dieta hipogordurosa (ex dieta branda hipogordurosa) → paciente com colecistite, pós colecistectomia - Dieta para DRC (ex dieta branda para DM e DRC) → Ponderar fosforo e potássio - NPT 1500ml EV em BIC 63ml/h → Acesso venoso central, por exemplo, em paciente com pancreatite que vomita mesmo após passar sonda pós pilórica ▪ Dieta por sondas: - Rebaixamento do nível de consciência ou sedação - Obstrução na via de saída do estômago (posicionamento por EDA) - Disfagia (Doença de Parkinson) - Dieta enteral 150ml por sonda nasoenteral 3/3h - Dieta enteral hiperproteica 300ml por gastrostomia 3/3h - Água 100ml por SNE entre as dietas → SEMPRE COLOCAR ÁGUA, paciente começa a fazer hipernatremia - Avaliar formulação utilizada: volume, caloria e proteína SONDA NASOENTERAL - A ponta é radiopaca - Para dieta - Solicitar RX de tórax e abdome para avaliar posicionamento - A sonda nasogástrica é toda transparente e mais usada para aspiração, por exemplo, em pacientes com quadros obstrutivos GASTROSTOMIA - Doente com Parkinson ou sem previsão de retirar a sonda nasoenteral (pode fazer sinusite no local) - Faz por EDA ▪ Dieta parenteral: - Via enteral impossível - Previsão de dieta zero por dias - Obstrução intestinal, pancreatite grave, fístulas entéricas - Precisa de acesso central pois a osmolaridade é alta e a veia periférica não suporta - NPT 1500ml EV em BIC 63ml/h - Complicações: infecções de corrente sanguínea: bactérias e fungos; hiperglicemia; alterações eletrolíticas; lesão renal aguda; lesão hepática/ colestase intra-hepática; Síndrome de realimentação: hipofosfatemia, hipocalemia, hipomagnesemia, encefalopatia de Wernicke, insuficiência respiratória HIDRATAÇÃO ▪ Repor/ manter volemia ▪ Evitar hipoglicemias ▪ Nem todo paciente precisa → Se ele consegue beber pela boca, não precisa do soro Soro fisiológico (NaCl 0,9%): - Preocupação → acidose hiperclorêmica Soro Ringer lactato: - Menos sódio que o soro fisiológico (Na + 130,0 mEq/L) - Menos cloreto que o soro fisiológico (Cl 108,7mEq/L) - Tem cloreto de potássio na composição Soro glicofisiológico (NaCl 0,9% e glicose 5%) Soro glicosado a 5% Albumina: Expansor volêmico em limitadas situações, alto custo → Tratamento de hepatopatas ▪ Que soro usar? - SF (NaCl 154 mEq/L): Bem hiperosmolar em relação ao plasma; mais sódio que o plasma Expansão volêmica inicial em paciente hipovolêmico/ hipotenso, hidratação em pacientes com hipoNa ou alcalose metabólica responsiva a cloreto → Cuidado com acidose hiperclorêmica e lesão renal (volume acima de 2L/dia) - Ringer lactato: Um pouco hipo-osmolar; menos sódio que o plasma e tem potássio Expansão volêmica (+ caro que SF) ou hidratação de manutenção → Cuidado com hipoNa, hiperK (se paciente com predisposição a hipercalemia) e alcalose metabólica - SGF (NaCl 154mEq/L + Glicose 5g/100ml): hidratação de manutenção em pacientes em jejum/ dieta zero ▪ Adicionando eletrólitos ou glicose no soro: 1. Dieta zero 2. Ringer lactato 2000ml EV 28 gotas/min 3. Glicose 50% 40ml EV em cada soro 4. KCl 10% 1 amp EV no 1° e 3° soros → Atentar para flebite na reposição de cloreto de potássio (40mEq/L é o limite) ▪ Gotejamento do soro: - 500ml em 24h – 7 gotas - 1000ml em 24h – 14 gotas - Se em BIC (bomba de infusão contínua), multiplicar por 3: SF 1000ml EV 14 gotas/min ou SF 1000ml EV 42 ml/h MEDICAÇÕES ENDOVENOSAS/ PARENTERAIS ▪ Antibióticos, sedativos, drogas vasoativas ▪ Droga (apresentação) ampolas ou dose + diluente, via de administração, posologia, velocidade de infusão ▪ Ceftriaxona (1g) 2 amp : 100ml SF EV 24/24h infusão em 30min OU Ceftriaxona 2g : 100ml SF EV 24/24h infusão em 30 min ▪ Midazolam (50mg/100ml) 20ml + 80ml SF EV BIC 3ml/h ▪ Noradrenalina (4mg/4ml) 16 ml/4 amp : 234ml SG5% EV BIC 15 ml/h ▪ Corticoide, vitamina, insulina ▪ Metilprednisona (125mg) 1 amp diluída em 10ml SF. Administrar 5ml da solução EV ▪ Citoneurin (cianocobalamina) 5000U IM 1x ao dia ▪ Insulina regular 100U/ml 10 U SC 30 min antes do almoço PROFILAXIA DE ÚLCERA DE ESTRESSE ▪ Úlcera de estresse (UE): - Úlcera de esôfago, estômago e/ou duodeno que ocorrem devido à hospitalização - Hemorragia por UE: Hemorragia digestiva alta (HDA) secundária - HDA primária: a HDA é o motivo do internamento → doença ulcerosa péptica, varizes esofágicas em hepatopatas ▪ Fatores de risco: - Choque - Sepse - Insuficiência respiratória - TCE - Injúria térmica - Anticoagulantes - Antiplaquetários - AINES - DRC - Hepatopatia - Coagulopatia (plaqueta < 50.000, INR > 1,5) - Ventilação mecânica por mais de 48 horas - Queimadura > 35% SCQ (úlcera de curling) - Diátese hemorrágica - História de úlcera ou HDA - Sepse/ UTI > 7 dias/ Corticoide/ Sangramento oculto > 6 dias (2 critérios) Se o paciente não for de alto risco considere não usar a profilaxia, exceto se ele for sintomático → Não usa só porque ele internou ▪ Pacientes de alto risco para UE: - IBP VO se via enteral possível: Omeprazol 40mg 01cp VO em jejum OU Pantoprazol 40mg 01cp VO em jejum - Antagonista H2 se contraindicação ao IBP: Ranitidina 150mg 01 cp VO 2x ao dia - IBP ou antagonista H2 se via enteral não possível: Omeprazol 40 mg : 10ml SF EV (infusão em 2 min) 1x ao dia Pantoprazol 40 mg : 10 ml SF EV (infusão em 2 min) 1x ao dia Ranitidina (25mg/ml) 1 amp : 20ml SF EV (infusão em 5min) 2x ao dia ▪ Possíveis riscos do uso de IBPs: - Riscos questionáveis, com estudos mostrando resultados conflitantes: Pneumonia Infecção por Clostridioides difficile - Descontinuar a profilaxia logo que o paciente não apresentar fatores de risco para UE MEDICAÇÕES VIA ORAL ▪ Especificar apresentação e uso ▪ Cetoprofeno 100mg 01 cp VO 12/12h ▪ N acetilcisteína 600mg 1 sachê diluído em 1 copode água VO 2x ao dia ▪ AAS 100mg 03 cp mastigar e deglutir agora ▪ Agrupar drogas por finalidade: - Anlodipino 5mg 01cp VO 2x ao dia - Hidroclorotiazida 25mg 01 cp VO pela manhã - Captopril 25mg 01cp VO 8/8h - AAS 100mg 01 cp VO após almoço - Sinvastatina 40mg 01cp VO após jantar - Ranitidina 150mg 01cp VO 2x ao dia - Dipirona 1g 01cp VO 6/6h se dor MEDICAÇÕES INALATÓRIAS ▪ Oxigênio, nebulizações ▪ O2 úmido sob cateter nasal 3l/min ▪ Máscara de Venturi 50% ▪ Máscara de Reservatório 100% ▪ Nebulização com SF 3 ml, salbutamol 10 gotas, ar comprimido 6l/min, 4x ao dia (7h, 11, 17h, 21h) ▪ Sempre que for usar nebulização, usar pelo menos, 6l/min → fluxo necessário para nebulizar as partículas da medicação - 1 litro aumenta entre 3-4% a FiO2 (21% em AA) PROFILAXIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO (TEV) ▪ Trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP) ▪ 50% dos casos de TEV ocorre em pacientes hospitalizados ▪ 10-80% dos pacientes internados na ausência de profilaxia evolui com TEV ▪ TEP: causa de morte intra- hospitalar “prevenível” ▪ As melhores evidencias e melhores desfechos são de pacientes cirúrgicos; pacientes clínicos tem muitas comorbidades ▪ Fatores de risco para TEV: - Imobilidade > 3 dias/ cirurgia - ICC - DPOC - Sepse - Doença Inflamatória Intestinal (mesmo em pacientes com hematoquezia) – doença muito inflamatória e trombogênica - Trombofilia - Idade > 60 anos - TEV prévio - Câncer/ neoplasia hematológica (leucemia, linfoma) - IAM - Reposição hormonal - Obesidade ▪ Escores de risco para TEV: - Escores de Padua e IMPROVE: ainda precisam de maior validação - Estratificação empírica ▪ Risco de TEV: - Baixo risco: Sem indicação de profilaxia; orientar deambulação - Médio e alto risco: profilaxia medicamentosa de TEV é o método preferido → botas pneumáticas não são tão boas quanto a medicação - Avaliar risco de sangramento: coagulopatia, plaquetopenia (< 50.000), DUP “ativa”, hemorragia nos últimos 3 meses, insuficiência hepática/ renal → Usar bota pneumática nesses casos ▪ Estratégias de profilaxia: - Enoxaparina 40mg SC 1x ao dia (30mg se ClCr < 30) - Heparina sódica 5000U SC 2x ao dia → em casos de insuficiência renal grave; 3x ao dia em pacientes obesos - Fondaparinoux 2,5 mg SC 1x ao dia (escolha na Trombocitopenia Induzida por Heparina) - Botas pneumáticas SINTOMÁTICOS ▪ Antitérmicos, analgésicos ▪ Dipirona (500mg/ml) 2ml : 18 ml SF EV até de 6/6h se febre ou dor ▪ Paracetamol 500mg 01cp VO até de 6/6h se fe bre ou dor ▪ Em caso de febre, comunicar ao plantonista → Por exemplo, paciente com pneumonia, celulite, é esperado ter febre. Porém, paciente com leucemia/ linfoma fazendo quimioterapia e você tem medo de neutropenia febril, aí seria importante comunicar o plantonista pois tem que agir rapidamente ▪ Tramadol 100mg : 100mg SF EV 8/8h se dor forte; infusão em 30min → gera muita náusea ▪ Morfina (10mg/ml) 1amp : 9 ml SF. Fazer 3ml da solução em caso de dor forte. Checar PA antes; comunicar plantonista se hipotensão ▪ Antieméticos ▪ Bromoprida (5mg/ml) 2ml : 18 ml SF EV 8/8h se náuseas ou vômitos ▪ Ondansetrona 4mg : 100ml SF EV infusão em 30min se vômitos mesmo após bromoprida → associado a alargamento do QT, fazer ECG admissional CUIDADOS ▪ Curva pressórica a cada 4h → Paciente com crise hipertensiva ▪ Avaliação da estomaterapia → Paciente com lesão por pressão ▪ Acompanhamento da fonoaudiologia ou fonoterapia 1x ao dia → Paciente pós AVC com disfagia ▪ Fisioterapia respiratória e motora 2x ao dia ▪ Curativo simples em CVC ▪ Trocar curativo de ferida operatória 2x ao dia ▪ Anotar débito do dreno torácico → Hemotórax ▪ Balanço hídrico → Choque séptico ▪ Mudança de decúbito a cada 3h → Paciente acamado, idoso ▪ Sentar-se na poltrona 3x ao dia → Paciente que antes andava, foi intubado, agora pode ir para a poltrona ▪ Checar glicemia 30min antes do café, almoço e jantar ▪ Glicose 50% 40 ml EV se glicemia < 70mg/dl CONTROLE GLICÊMICO DO PACIENTE ▪ G do fast hug → glicemia capilar de 6/6h e horária (1/1h) se glicemia > 250mg/dl ou < 70mg/dl ▪ Esquema de insulina: Insulina regular ou cristalina subcutânea - 0 a 150mg/dl = aplicar 0 UI de insulina - 151 a 200mg/dl = aplicar 4 UI de insulina - 201 a 250mg/dl aplicar 8 UI de insulina - 251 a 300mg/dl aplicar 10 UI de insulina - 301 ou mais aplicar 12 UI de insulina ▪ Glicose 25% 8 amp EV se glicemia < 70mg/dl ▪ Insulina regular 100 UI diluídas em 100ml de SF 0,9% IV BIV 10ml/h. Glicemia capilar 1/1h Clínica médica 4: Dor torácica (Preto – slides / azul – fala do prof / cinza – perguntas). (o prof ia passando pedaços dos slides aos poucos e explicando cada pedaço de caso por isso os comentários nos casos tão em pedaços também) Dor torácica na emergência: Grande desafio na prática -> porque eu posso ter desde uma somatização até um infarto agudo do miocárdio com supra, que aí eu tenho que colocar esse paciente rápido na hemodinâmica. Ampla gama de diagnósticos -> nós sabemos o quão difícil é nossa diferenciação, por ter vários diagnósticos diferenciais. Diagnóstico rápido e preciso -> é necessário muitas vezes, se não o paciente morre. Saber priorizar!!! -> eu tenho que sempre saber priorizar o que é o mais importante. Lembrando 20% dos pacientes com dor torácica, 1 em cada 5 somente tem síndrome coronariana aguda. É muito comum a gente associar dor torácica com infarto, mas não é verdade. Só 1/5, 20% dos pacientes com dor torácica tem SCA. Os outros 4 pacientes de cada 5 tem outras patologias, que merecem ser lembradas que são tão importantes e tão graves quanto. Quais doenças então podem dar dor torácica e serem fatais? (em preto são os exemplos dos alunos). TEP, eu posso ter dor torácica embora não seja tão comum. Eu só vou ter dor torácica em um TEP se ele for um TEP bem pequeno e estiver lá distal, fazendo infarto pulmonar, causando ali uma dor pleurítica. Se eu não tiver uma dor pleurítica, o TEP não dói. O TEP maciço, a “cavaleira” normalmente não dói, normalmente dá muita falta de ar, ou hemoptise nos casos mais graves. Mas se eu pegar um TEP pequeno distal, que pegue pleura, eu faço um infarto pleural. Dissecção de aorta. Aquela dor lancinante que atravessa o peito, e mata. Espasmo esofágico. Mas esse não mata. Ruptura de esôfago. Dá aquela mediastinite complicada porque cai comida pro mediastino. Catastrófico. Pneumotórax hipertensivo grave também pode matar. Então tem varias outras doenças que não infarto que causam coisas severas. E eu tenho que ter muito discernimento na minha prática entre quem é o meu paciente estável e quem é meu paciente instável, que é grave e que eu preciso correr. Causas de dor torácica: Parede torácica: Lesões em arcos costais Herpes – Zoster Sd de Tietze. Sd radiculares Fibromialgias Dores musculares inespecíficas. Quais seriam as causas ligadas somente a parede torácica? Costocondrite, a síndrome de Tietze é uma causa importante. Herpes zoster. Gente zoster é interessantíssimo. Nessa época de pandemia com muito uso de corticoide, muito paciente imunossuprimido pelo corticoide ou estressado pela pandemia, tivemos muito zoster. Prof disse que atendeu mais zoster em 2020 do que nos 5 anos de trabalho dele. E alguns zosteres foram bem interessantes. Um deles o paciente começou a ter uma dor em hipocôndrio direito, foi na emergência e o medico pensou em colecistite, por isso pediu um US, que veio normal. No outro dia o prof recebeu a ligação desse paciente, dizendo que o US tava normal pra colecistite, mas que tinha tido uma alergia ao gel do US, com muita coceira. Quando ele veio no consultório deu pra ver o zoster em localização subcostal direita. Ou seja, ele fez um zoster que no dia anterior ainda não tinha feito lesão, e diagnosticar zoster sem lesão é muito difícil,mas muitos perdem diagnostico de zoster porque não examinam. Ouve que é alergia e passa um alegra/alectus de 12/12h e deixa por isso. Então cuidado com a fala do paciente, porque ele não tem o conhecimento pra dizer o que é alergia e o que é zoster. Prof também pegou um paciente com zoster imitando dor torácica agora em novembro com bastante do no peito e quando chegou no consultório começou a nascer umas lesões intraxilares, ou seja, tava abrindo um zoster naquela localização. Eu posso ter lesões em arcos costais por trauma. Posso ter um zoster. Posso ter uma costocondrite. Sd radiculares, descompressivas. Fibromialgia, que talvez seja o líder das causas de dores crônicas e refratárias. E dores musculares inespecíficas, o cara vai pra academia, malha que só, passa bastante tempo sem ir e ainda pega 15kg de uma vez no supino, que faz 5 anos que não faz isso. No outro dia ele não consegue nem esticar o peitoral, começa a ter dor, as vezes faz até uma rabdomiolise mais leve. Essas são as principais causas de dor na parede torácica. Pulmonar: Pneumotorax Embolia pulmonar Pneumonia Pleurite Hipertensão pulmonar Causa de dor torácica pulmonar, quais são? Embolia. Se for distal e pegar a pleura também. Pleurites. De forma geral podem dar. Pneumonias, se eu pegar a base do pulmão e pegar pleura. Pneumotórax. E a hipertensão pulmonar não é bem uma dor torácica, mas ela causa um desconforto torácico, só que não há uma fisiopatologia bem explicada dela. Cardíacas: Isquêmicas: SCA Não isquêmicas: Pericardite Dissecção de aorta Valvular (principalmente estenose aórtica) Cardiomiopatia hipertrófica. As causas cardíacas, a gente divide em 2 grupos. As isquêmicas, com a SCA, e as não isquêmicas. Lembrar que nem toda causa cardíaca de dor torácica é infarto. As não isquêmicas são causas importantes de dor torácica. Gastroesofágicas: Refluxo gastroesofágico. Espasmo esofágico. Ulcera péptica/gastrite. Pancreatite. Colecistite. Abscesso subfrênico. Ruptura de esôfago. DRGE, úlcera péptica, espasmo esofágico é um diferencial importante de infarto, ruptura de esôfago. A própria pancreatite pode simular uma dor torácica. A própria colecistite pode simular, ainda mais se a vesícula tiver implantada um pouco mais superior e causar uma lesão no diafragma. Os abscessos subfrênicos também por inflamação do diafragma. São causas que simulam dor torácica. Psiquiátricas: Transtorno do pânico TAG Depressão Transtorno somatoforme E por último as causas psiquiátricas e talvez as mais prevalentes. Transtorno do pânico simula muito infarto agudo do miocárdio. TAG, depressão e as somatizações de forma geral, que acabam procurando muito o cardiologista achando que estão enfartando. Abordagem inicial na SPCR: Sempre vou usar primeiro o MOV, monitor, oxigênio e veia. E o ABCD, sempre lembrando que o D vocês vão fazer até o Dx e indo até o G de gasometria. E aí só em seguida eu faço meu exame físico um pouco mais sucinto e meus exames complementares. Casos clínicos: Caso 1: Sra. Madeinusa, 56 anos, hipertensa há 10 anos, em uso de captopril 25mg, 2x ao dia e HCTZ pela manhã; diabética diagnosticada há 9 meses, em uso de metformina 1g/dia e glibenclamida de forma irregular, por falta no posto de saúde. Informa ainda o uso de AAS no almoço, sinvastatina 20mg no jantar e omeprazol no café da manhã. Então, a dona madeinusa tem algum fator de risco pra doença coronariana? HAS, DM, dislipidemia, é mulher pós menopausa. Tem muita coisa que me sugere doença coronariana. Caso 1: Obesa desde a adolescência, menopausada há 5 anos, sedentária e trabalha vendendo tapioca em uma banca no centro da cidade. Refere alimentação irregular, fuma 2 maços de cigarro/dia e bebe ocasionalmente em eventos sociais. Não usa drogas. Pai falecido após amputação de MIE por DAOP e mãe viva com história de DM, HAS e dois AVC’s. Outros fatores de risco aparecem como ela ser obesa, a menopausa já comentada, o sedentarismo, alimentação irregular e ainda tabagista! Aparece também uma historia familiar por parte de pai (DAOP = doença arterial obstrutiva periférica, que é uma vasculopatia) e mãe (também com vasculopatia). Essa paciente é um verdadeiro compendio de cardiologia. Ela tem quase todos os fatores de risco pra doença coronariana. Caso 1: Deu entrada na UPA agitada, gritando que precisava de um médico urgente, pois estava morrendo. Referia dor no peito de forte intensidade, sem irradiação, associado a dificuldade para respirar. Então ela deu entrada na emergência gritando que ia morrer e com dor no peito associada a dificuldade pra respirar. Como abordaríamos essa paciente na emergência? Aluno: monitorização, oxigênio e ventilação. Fazer um ECG em menos de 10 minutos. Abordagem inicial: Breve história clínica. Detalhar a dor. -> quantidade/intensidade da dor. Qualidade da dor. Localização da dor. Irradiação da dor. Duração da dor. Fatores desencadeantes (melhora ou piora). Fatores associados. Fatores de risco. Exame físico objetivo. MOV né, monitor, oxigênio e veia, ABCD, aquela historia clinica mais resumida do paciente da emergência. Detalhar bem essa dor, ou seja, eu tenho que dizer a quantidade e intensidade dessa dor, bem como a qualidade dela. Tenho que perguntar a localização da dor e pra onde ela irradia. A duração dessa dor, junto de fatores de melhora e piora, bem como fatores associados. Lembrem que isso é como eu descrevo a dor pra qualquer quadro álgico, seja torácica, pélvica, abdominal, encefálica. Vou atrás de fatores de risco, no caso dessa paciente ela tem vários, e fazer um exame físico objetivo. Figura que eu quero que vocês guardem pra vida de vocês. Todo paciente que der entrada no setor de emergência ou que estiver internado e apresentar dor do umbigo pra cima ou do queixo pra baixo, eu vou pensar em síndrome coronariana aguda. Eu to com uma dor aqui no andar superior do abdome e parece pancreatite, mas eu vou pensar em quadro de infarto agudo do miocárdio. Eu to com uma dor só aqui no pescoço, parece uma tireoidite. Eu vou pensar em infarto. Todo paciente que tiver uma dor na face interna do braço pra dentro eu vou pensar em infarto agudo do miocárdio. Grande parte não vai ser já que a gente acabou de ver que 1/5 só dos pacientes tem infarto agudo do miocárdio, mas esse 1/5 tem que ser descoberto. Eu não posso deixar passar e mandar ele pra casa com uma dor abdominal que na verdade era um equivalente anginoso. Era uma mulher, era uma diabética, era uma idosa que não faz dor torácica típica e faz o equivalente anginoso, com dor em membro superior esquerdo, com dor em queixo, ou com dor em andar superior do abdome. Então a partir de hoje todo paciente que eu pegar com dor do umbigo pra cima, queixo pra baixo e face interna do braço pra dentro, eu vou pensar em infarto agudo do miocárdio. E eu vou pedir ECG em até 10min. Abordagem inicial: Simultaneamente: Monitorização cardíaca. Oximetria de pulso. Pressão arterial não invasiva. Frequência cardíaca. Oxigênio. Analgesia. De forma simultânea eu vou monitorizar, colocar a oximetria que é o MOV, vou ver a pressão, FC, dar oxigênio e fazer analgesia. Nada mais que o MOV. Fazer ECG em até 10min e eu vou ter que coletar imediatamente os marcadores de necrose do miocárdio, que o mais importante no nosso meio é a troponina, eu vou pedir a troponina pra esse paciente. E por fim deixar esse paciente em observação clinica. Então o que a gente acha que ela podia estar tendo nesse caso? Aluno: um infarto. Um TEP. Prof: sim, ela tinha muito fator de risco pro infarto. Um TEP, o que mais? Aluna: pode ser um transtorno de pânico. Prof: pode ser sim, só lembrando que pânico tem que ser sempre de exclusão. Caso 1: Sra. Madeinusa recebeu 3 AAS (300mg) na entrada do PA, apresentou exame físico sem peculiaridades (não tinha alterações) e ficou em observação.Na monitorização inicial: PA: 158x94mmHg (tava hipertensa), FC = 108bpm (tava taquicardica, até também pela agitação), SatO2: 98% em ar ambiente, FR: 16irpm (saturando bem e com boa FR), Dx = 261mg/dl (Dx descontrolada em 261); ECG apresentando taquicardia sinusal. Rx de tórax normal. Com a chegada dos outros familiares e após acalmar os ânimos dos que estavam ali presentes, o restante da historia foi colhida. Então se ela tinha um infarto, era um infarto sem supra, porque não tinha supra no eletro, só taquicardia sinusal compatível aqui com a FC. A Sra. Madeinusa é acompanhada no CAPS por TAG, em uso de fluoxetina 40mg/dia e diazepam 5mg noite. A medicação dela tinha acabado há seis dias e hoje, no final da tarde, teve grande briga com o esposo por questão financeira, apresentando a dor após esse episodio. Então a paciente teve um estresse em casa por questão financeira e teve uma descompensação e acabou tendo essa dor torácica. Ela usava uma medicação, e essa medicação tinha sido descontinuada por falta no posto. A pergunta para nós agora é, nós daríamos alta pra essa paciente nesse momento já que eu associei o quadro dela a uma somatização? Deixar esse paciente em observação clínica! Aluna: não. Prof: por que? Aluna: por que ela ta com a pressão alta, FC elevada, eu primeiro deixaria ela em observação e estabilizaria esses valores que estão elevados. Antes da alta: Seriar enzimas e ECG. Observar retorno da dor (típica?). Controle glicêmico e pressórico. Acompanhamento precoce no ambulatório. Orientação e aderência ao tratamento. Exames: Teste de esforço, ECO, CT... Pronto, o que eu faria antes da alta. A primeira coisa é seriar as enzimas e o eletro. Eu concordo que essa paciente pode não ter SCA nesse momento, mas não da pra eu excluir a possibilidade. Embora o eletro esteja normal agora, ela pode ter vindo muito precoce para a emergência, e não ter alterado o eletro ainda, então vamos seriar esse eletro. Repetir daqui a 3-6h e ver se mudou o padrão, e se não mudar eu tenho maior confiança de que essa paciente não ta fazendo um IAM com supra. Vamos seriar enzimas, olhei agora e faço de novo daqui 3-6h e vejo a curva de troponina. Essa curva piorou? Piorou, então ela ta fazendo infarto sem supra. Ou essa curva se manteve igual, então ela não teve infarto. Importantíssimo eu ver isso antes de liberar ela porque ela tem muitos fatores de risco. Observar se a dor volta, e ver se ela é típica ou atípica. Como a colega falou, vamos melhorar essa glicemia e pressão pra ela ir pra casa mais compensada. Vamos agendar um retorno precoce pra ela (importante), essa paciente ta sem assistência, ta sem medicação, isso não pode acontecer. Ela não infartou hoje, mas amanhã ela infarta, porque ela é obesa, tabagista, menopausada, com história familiar, hipertensa, diabética e dislipidêmica. Então eu tenho que ta com essa paciente na minha mão muito bem ajustada, por que ela vai enfartar no futuro. Orientar a aderência ao tratamento rigoroso. E essa paciente por ter muitos fatores de risco ainda vai de alta com o teste de esforço. Ela pode fazer um ECO de estresse, uma cintilo de estresse ou mesmo um teste ergométrico na esteira. Ela precisa fazer um teste de esforço por que ela tem muito marcador de risco pra doença coronariana. Olha o tanto de coisa que um médico bom na emergência pode fazer. Por que se eu to na emergência e eu sou um colega que não está interessado, só quero meu dinheiro e quero logo atender o próximo pra fazer volume, essa paciente vai só pra casa. Isso é piti, que é uma palavra depreciativa, ela brigou com o marido e deu piti. Faz um diazepam na veia e manda a mulher sonolenta pra casa. Só que não é assim que se faz medicina. Ela ta com um transtorno de somatização, isso existe, é importante, e ela precisa ser acolhida e ser resolvida. Eu tenho que pensar além e ver a historia dela pra doença coronariana, ela precisa ser monitorizada por 6h, repetir o eletro e enzimas. Ela pode ter tudo normal hoje, mas ela tem tanto fator de risco que ela vai morrer de infarto se a gente não cuidar dela hoje. Pergunta do aluno: a paciente disse que o remédio dela ta faltando no posto, o que é que eu como médico da emergência posso fazer pra ajudar? Prof: na verdade ela não conseguiu a medicação porque não conseguiu pegar e não pegou a receita também. É muito comum os pacientes virem pra emergência dizendo que não tem receita. E aí o medico briga com o paciente porque ta na emergência, só que nós não podemos ser assim. A receita acabou, ninguém sabe qual o motivo, o mais fácil é só pegar e renovar a receita. Ela usa fluoxetina há 10 anos, aí você vai dar um sermão nela porque é pra pegar no posto. É só fazer a receita da fluoxetina pra ela não descompensar. Claro que emergência não é o local pra isso, e muito menos é pra ela esperar acabar o remédio pra ir atrás, mas a gente não sabe o contexto de vida da pessoa, e o nosso trabalho não é julgar. O mais fácil é renovar a receita do diazepam/fluoxetina pra ela tentar ir buscar no posto, ou em outro, e até se possível/necessário tentar se esforçar um mês e comprar a medicação. O que pode fazer é isso, renovar a receita e orientar a paciente a pegar em outro posto porque não pode deixar faltar. Que outros diferenciais devem ser lembrados pela gravidade? Objetivo de estudo: IAM com supra de ST. IAM sem supra de ST. Angina instável. Dissecção de aorta. Pneumotórax hipertensivo. TEP O que é que eu tenho que me lembrar pela gravidade da minha paciente? E aí seria um método de estudo pra vocês, só reforçando que isso aqui eu não vou cobrar em prova também, ele só quer que a gente saiba que existe e que um dia a gente vai ter que aprender. Esses seriam os maiores diferenciais nesse caso da sra madeinusa, os mais importantes Pergunta: prof, o sr falou que precisa ficar em observação no mínimo 6 horas, certo? Não é algo tão obrigatório, depende da evolução. E hoje eu tenho a troponina, então com 2-3h eu posso pedir a troponina que ela já vai ter uma curva boa. Não precisa ser 6h, mas o prof coloca esse tempo por que nem todos os hospitais têm troponina tão sensível, os exames demoram pra sair, 3-4h. Então mesmo colhendo exame agora assim que chegou, o resultado só sai daqui 4h. Então na realidade do sus é difícil da alta antes de 6h, porque os exames não estão prontos. Mas vamos supor que eu atenda essa paciente num hospital de interior que não tenha muito recurso, tenho só ECG, mas não tenho enzima, nem nada e acho que ela ta enfartando, o que fazer? Aí você tem que encaminhar, se você acha que ela ta enfartando, e o eletro ta normal, não pode só mandar ela pra casa, porque pode ser um IAM sem supra de ST, e aí eu vou ta mandando um enfarto pra casa. Caso 2: Matilde, 27 anos, desde nova sempre foi considerada abençoada pelos pais e avós. Mas infelizmente aos 17 anos iniciou quadro de adinamia, queda de cabelo, hiporexia, dor nas juntas, febre leve e rash, alguns meses após recebido o diagnostico de LES cutâneo-articular. Então é uma paciente com lúpus que recebeu o diagnóstico há 10 anos atrás. Desde então vinha fazendo uso de cloroquina de forma regular com bom controle da doença, levando uma vida normal, como qualquer outro adolescente, quando aos 19 anos, foi levada à emergência, pelos pais, por causa de uma dor retroesternal de moderada intensidade, sem irradiação precisa, que a acordava a noite, gerando grande ansiedade e preocupação. Então uma moça jovem, de 19 anos, com uma dor retroesternal, que não irradiava, mas que acordava ela a noite, então tinha sinal de alarme. Quais são nossas 3 principais hipóteses? Aluno: pleurite. Prof: pleurite. Paciente com lúpus, eu sei que lúpus ataca as serosas, é pleurite, pericardite, ou seja, duas aí. Aluno: TEP. Prof: TEP, paciente com doença reumatológica, eu tenho que lembrar que SAAF pode estar junto, e TEP é um dos diferenciais. Como poderemos abordaresse quadro? Caso 2: Matilde já tinha procurado o posto de saúde, já tinha ido a UPA, pagou um clínico geral e até um cardiologista numa clinica popular, sem melhora alguma. Já tinha sido realizado 3 ECGs, Raio-X de tórax, ECO, enzimas cardíacas e até um teste ergométrico, todos inalterados. Esse é o Raio-X da Matilde, dá pra ver que é uma mulher, porque vemos as mamas. Seio costofrênico livre, sem derrame pleural. Não tem sinal de hipertensão pulmonar, não tem sinal de inversão de trama, eu não vejo broncograma aéreo, consolidação, nada. Raio-X completamente normal. E esse é o eletro da Matilde. Eu tenho um ritmo sinusal, com uma onda P antes de cada QRS. Não tem elevação de ST, a onda T acompanhando sempre o QRS. FC boa, sem eixo desviado. Um eletro aparentemente normal. O QT não parece estar alterado, mesmo com o uso da clororquina. Não tem nada que me chame atenção, paciente é magra, você vê o QRS aqui um pouquinho mais alto (ta apontando pra V$, V%), uma paciente mais longilínea, e aí não tem muita adiposidade. Eletro normal. Caso 2: Os pais agora bem preocupados com a dor que não cedia decidiram levar ela a melhor emergência particular de fortaleza. Como você abordaria essa paciente nesse momento? Breve história clínica. Detalhar a dor. Fatores de risco. Exame físico objetivo. História clínica e exame físico completo após controle da emergência. Aluna: a gente podia começar caracterizando melhor a dor. Prof: sim, saber melhor como essa dor é. Então uma breve historia clinica, detalhar bem como é essa dor, fatores de risco e exame físico. Durante a coleta da história, foi visto que a dor piorava com a movimentação, respiração profunda e tosse, e melhorava com repouso e anti-inflamatório. Que dor é essa então? Aluno: pleurite. Alguém tem outra hipótese (prof)? Costocondrite. Isso, uma costocondrite, síndrome de Tietze. O que mais? Muscular, também. Durante o exame físico foi percebido piora importante da dor na palpação da articulação costo esternal, na altura da 4ª costela à esquerda. Gente, quem de vocês que palpa costela? Ninguém, nós não aprendemos a fazer exame físico na graduação. Ou seja, nós não aprendemos nunca porque não somos treinados a pegar no paciente e ouvir ele, a gente só é treinado pra estudar pra prova Essa paciente por sorte pegou um médico bom que foi palpando costela por costela, pensando em costocondrite, e ao palpar a 4ª costela, ela sentiu dor. Isso leva muito a pensar em costocondrite, em síndrome de Tietze. Examinar o paciente, pedir pra ele tirar a roupa pra ver se não é um zoster é importantíssimo também. Hipótese e conduta? Nesse momento minha principal hipótese é Tietze, costocondrite. Matilde foi liberada após extensa explicação sobre seu problema e aconselhada a usar AAS em altas doses. A gente sabe que costocondrite melhora com anti-inflamatório, então AAS em altas doses, 2g de AAS de 8/8h melhora bastante. Eis que duas semanas depois, Matilde volta a emergência procurando por você. Nesse momento está acompanhada dos pais, do namorado e dos avós. Matilde chora de dor. Afirma que o quadro melhorou muito inicialmente, mas que nas ultimas 48h essa dor surgiu e foi progressivamente piorando, até chegar ao ponto do insuportável. Como podemos abordar o novo quadro? O que achamos então que aconteceu com a Matilde? Tenho que saber primeiro se mudou o padrão da dor. Será que é a mesma dor de antes? Eu não posso me confiar achando que é o mesmo e só trocar o anti-inflamatório. Então tenho que fazer a historia clinica tudo de novo, detalhando a dor, com exame físico. Na avaliação detalhada foi percebido que a dor de Matilde era em região epigástrica e retroesternal (não tinha mais dor a digitopressão no arco costal), que melhorava com a alimentação e piorava com a medicação. Foi ainda descoberto que ela não comprou o omeprazol (por ser caro), além de fazer uso do AAS por tempo maior que o prescrito. Investigando mais, descobrimos ainda que Matilde fazia uso de corticoide por conta própria (porque a vizinha tinha lúpus e tomava e era bom). Então Matilde tomou corticoide sem indicação medica, fez AAS mais tempo que o necessário, e não usou o IBP que foi prescrito, o que foi que aconteceu com Matilde? Ulcera péptica! Tendo então uma dor torácica atípica por úlcera péptica). O AAS foi interrompido, iniciado desmame do corticoide e introduzido o omeprazol. Uma EDA foi sugerida, com pesquisa do H. pylori. Então vimos aqui um caso de SCA provável, a que chegou com dor sendo uma somatização. Um quadro de costocondrite em uma paciente jovem com lúpus, e um quadro de úlcera péptica, na mesma paciente, por mal uso de droga, sem a proteção do IBP. Pergunta: professor, quais são os critérios para desmame de corticoide? A mão que prescreve o corticoide, prescreve 4 coisas! O antiparasitário, por que a gente sabe que corticoide em altas doses pode ser causador de estrongiloidíase. O cálcio com vitamina D, porque eu sei que corticoide por muito tempo pode levar a osteopenia e/ou osteoporose nos casos mais graves. E IBP, por que eu sei que ela tem um risco maior de ter uma gastrite pelo corticoide. E por ultimo, a mão que prescreve o corticoide, prescreve o desmame. O desmame normalmente é feito após 7-10 dias de uso de corticoide. Muitas literaturas dizem que até 10 dias eu posso usar sem desmamar, mas acima de 10 dias tem que desmamar, ou se eu uso em altas doses. Por ex, eu faço uma semana de prednisona 80mg, é bom que eu desmame. Então os maiores critérios são uso prolongado, acima de 10 dias, ou uso em altas doses. Fiz um pulso de metil, fiz um pulso de dexa, usei altas doses por 7 dias, esses pacientes têm que ser desmamados. Aqueles que fazem pulso curto, 40 de pred 3 dias, 40 de pred 5 dias não precisa desmamar, eu posso interromper de uma vez. O desmame acontece pra evitar uma insuficiência adrenal, que só acontece com o uso prolongado de moderadas a altas doses. O que seria a dose alta? Faz 1mg/kg de peso. Se eu peso 60kg, seriam 60mg. Que são as doses imunossupressoras, abaixo disso são as doses anti-inflamatórias. Caso 3: Sr Arytonio, 63 anos, brasileiro, empregado da petrobras e, infelizmente, fez escolhas erradas nas últimas eleições. Ultimamente anda muito preocupado com a situação social do país. Preocupado com o aumento da gasolina e da energia e com medo imenso da falta de água. Após um dia exaustivo de trabalho, chegou em casa e fez uma refeição de “rei”, como ele mesmo diz. Farofa, feijão, batata, macarrão, cuscuz, ovo e carne, tudo acompanhado por muito refrigerante. Após a refeição sentiu uma certa tontura, acompanhada por dor nos braços e “dispepsia”. Tentou resolver em casa tomando dois “meprazol” e um dorflex, sem melhora. Chegou no PA com as mesmas queixas. Qual sua hipótese inicial? Como você abordaria esse paciente? Hipóteses: IAM. O que mais? Dissecção. Pancreatite. Colecistite. Lembrando na abordagem o ABCD com Dx e G de gasometria. O MOV (monitorização, oxigênio e veia). Fazer uma breve história clínica, detalhar a dor, ver os fatores de risco e fazer um exame físico objetivo. -> vias aéreas, respiração e circulação. Sinais vitais, presença de estase jugular, presença de estertores crepitantes. Presença de BB, e se tem bradi ou taquicardia. Piora ou surgimento de sopro mitral. Presença ou ausência de pulso e sinais de choque. Que exames você pediria inicialmente? ECG -> tempo do ECG de 10min!! Paciente tem que entrar na emergência e fazer o ECG nos primeiros 10min. Marcadores bioquímicos de necrose miocárdica (troponina, CKMB). Raio-X de tórax. Eletrólitos. Hemograma. Função renal. Coagulograma. Sat 97% em ar ambiente. AC e AP (auscultas) sem peculiaridades. Pulsos palpáveis e simétricos. E esse é o ECG do nosso paciente. Podemos ver como ele tem um supra quase que difuso que parece até uma pericardite. Mas isso aqui ta mais pra um IAM mesmo. Ele ta bem hipertenso, taquicárdico,disglicêmico importante. Qual sua conduta nesse momento? Medidas gerais (repouso, O2, AVP, MC, OP, PANI). Analgesia (morfina). AAS Nitrato. Clopidogrel/Ticagrelor. O que eu faço em um IAM? Abrir coronária! Se eu to com uma pia entupida, eu vou desentupir a pia. E até lá eu faço medidas de apoio. Repouso, O2, pegar um acesso periférico, monitorização cardíaca, oximetria de pulso, pressão não invasiva. Tira a dor do paciente. Faz também nitrato e clopidogrel. Tem o bisu pra isso: MONABICS. Morfina Oxigenio. Nitrato AAS Betabloqueador IECA Clopidogrel Statina (estatina). Como eu trato um IAM? Recanalização é a única forma que eu tenho de tratar um enfarto. Seja por hemodinâmica, ou eu usando um fibrinolítico, que é uma droga que vai destruir o trombo. O único tto para IAM é terapia de recanalização. Qual o tempo porta balão? Em torno de 90min. IAM é muito importante e a gente precisa estudar sobre! Tanto o sem supra como o com supra de ST. Caso 3: Senhor Arytonio foi encaminhador para CTI (dentro da UTI), evoluiu com melhora importante e no 2º DIH foi encaminhado ao apartamento. Na madrugada do 5º dia acordou com dor torácica de moderada intensidade, dispneia leve, adinamia e diaforese (sudorese). Qual sua hipótese inicial? Que exames você pediria inicialmente? TEP. Reinfarto. Não é algo muito comum, mas temos que lembrar sempre da trombose do stent. Paciente colocou o stent, ele trombosou e isso é catastrófico, é necessário ir pra hemodinâmica de urgência. Olha a importância do ABCDx até o G. eu faço a gaso na hora, na beira do leito e vejo uma pO2 la embaixo, saturação lá embaixo. Esse paciente ta com uma troca pulmonar ruim. Quando eu faço o eletro do paciente eu vejo que ele não fez um novo supra, e o que eu vejo então? Olha que interessante, temos uma onda S aqui (D1) uma onda Q aqui (em D3) e uma onda T invertida em (D3). S1Q3T3. Eu vejo isso no TEP. Talvez seja um dos marcadores mais específicos de TEP no eletro, S1Q3T3. Paciente com TEP eu tenho que fazer um angioTC de tórax contrastada. Da pra ver o tronco da pulmonar contrastado e a aorta e eu vejo a oclusão do vaso bilateral pelas setas brancas. A esquerda nem passa o contraste, já a direita parte do contraste passa formando o sinal da seta, um trombo aqui fechando o vaso parcialmente (direita) e um trombo fechando o vaso total (esquerda). Eu tenho um TEP bilateral, chamado TEP a cavaleiro, aquele TEP que pega a bifurcação (tipo como pernas montadas em um cavalo). TEP grave. Qual sua conduta nesse momento? Medidas gerais (repouso, O2, AVP, MC, OP, PANI). Encaminhado para UTI. Iniciado anticoagulação plena. Observar sinais de instabilidade! Esse paciente volta pra UTI, e começa com anticoagulação plena, por que esse paciente é um paciente com TEP grave embora não tenha sinais de instabilidade. Ele não vai ter que ser trombolizado, ele está estável hemodinamicamente, então basta fazer heparina plena. Sr. Arytonio evolui bem, recebendo alta novamente da UTI. O clexane foi descontinuado após introdução do marevan e recebeu alta com INR de 2,4, com acompanhamento ambulatorial. Pergunta: por que o clexane foi trocado pelo marevan? Nós não podemos mandar o paciente pra casa com o clexane, até podemos, mas ele vai custar uns 2500 reais por mês, é caro e injetável. Não tenho como a longo prazo, 3-6 meses, que é o tempo que eu vou ficar usando no meu paciente, eu usar o clexane de 12/12h injetável em casa. Preciso mandar o paciente pra casa com algo oral e mais acessível que é o marevan que custa 14 reais. Pergunta: qual critério pra prescrever o IBP pro meu paciente usando anti-inflamatório? Todo paciente que for usar anti-inflamatório por mais de uma semana, é interessante que eu use IBP pra evitar que ele tenha uma dispepsia. Ou se esse paciente tiver fatores de risco, por ex, teve úlcera previa, tem H. pylori, é tabagista ou etilista, ou qualquer coisa que me faça lembrar de doenças gastrointestinais. Pergunta: qual tempo de dor torácica pra pedir as enzimas cardíacas? O ideal é que tendo dor torácica, chegando na emergência eu peça as enzimas assim que chega e novamente após 3-6h. Pergunta: as causas esofagianas na emergência fazem parte do diagnóstico de exclusão? Fazem, mas são muito raras. O prof nunca viu uma ruptura de esôfago na vida dele, nem espasmo esofagiano, mas tem que ser excluídas se você lembrar, só que são raras, não ocorrem todo dia. E qual seria o exame na hora pra excluir? É difícil por que você precisaria de uma manometria e é muito especifico. Eu posso fazer uma TC de tórax contrastada, aí dá pra ver. Só que pela raridade eu descarto o resto primeiro, IAM, TEP... mas se você achar que é isso, não tenha duvida, peça. ABORDAGEM DAS PRINCIPAIS EMERGÊNCIAS CLÍNICAS Prof. Lucas Mustafa S1T2A Objetivos de aprendizagem 1) Conhecer a abordagem de um paciente em atendimento no setor de emergência 2) Reconhecer um paciente com necessidade de atendimento em emergência 3) Aprender a abordagem diagnóstica e terapêutica de algumas das principais situações de emergência CASO 1 • Homem de 75 anos, hipertenso de longa data, em uso irregular das medicações prescritas comparece à emergência do Hospital de Messejana com quadro de dispneia aguda. Filha do paciente refere que seu pai vem referindo dispneia progressiva aos esforços já há 4 meses, chegando inclusive a acordar no meio da noite com tal sensação. • EF: PA 220X120 FC:120 FR:28 Sat:88% AA Glasgow: 15 Dx:115 Tax:36,5ºC • AP: MV reduzido em bases, com creptações bilaterais difusas • EXT: Edema de MMII 2+/4+ bilateral ABORDAGEM GERAL • 4 perguntas de um modo geral que a gente vai fazer para cada caso desse 1. Qual a abordagem inicial do paciente? 2. Qual o sintoma-guia para o diagnóstico diferencial? 3. Qual a emergência clínica em questão? 4. Qual o tratamento dessa emergência clínica? ABORDAGEM INICIAL • Avaliar se o paciente está em parada respiratória ou cardiorrespiratória o Na sala de emergência é a prioridade número 1 em pctes em PCR, então vc vai entrar no ACLS e começar as manobras conforme o protocolo o Se ele não está aplicar o MOV • Quem se move, ganha o MOV o M onitor (monintorização), O xigenoterapia, V eia o O ideal é que vc pegasse o monitor, colocasse o oxímetro para o pcte ficar monitorizado 24h nos casos mais graves • Monitorização – 7 sinais vitais da emergência → chegar logo na admissão o De um modo genérico, quando a gente fala nessa monitorização, falamos no mínimo (quem tiver um monitor contínuo disponível) é ter acesso aos 7 sinais vitais na emergência que são: 1. Pressão 2. FC 3. FR 4. Sat de O2 5. Glicemia 6. Temperatura 7. Estímulo doloroso Ele deu uma mnemônica → Começar pelo dedo para ver: estímulo doloroso, glicemia capilar, saturação de oxigênio →depois vai para → Pulso para ver: FC → depois checar →PA → depois→ Tax → depois→ FR • Oxigenoterapia se Sat ≤ 92%: o Na oximetria vc já vai ver se o pcte precisa de O2 suplementar, pois o “O” do MOV é Oxigênio se necessário! o Cada situação é diferente, temos que avaliar se o pcte é hipoxêmico crônico, pois já não será esse nível, mas em geral é menor ou igual a 92% • Acesso venoso: o Para poder coletar os exames e infundir medicações EV VOLTANDO PARA O CASO 1... Pelo menos os 7 SSVV, de um modo geral, já foram vistos (PA,FC,FR,Sat,Glasgow,Dx,Tax) Se ele colocou o Glasgow, provavelmente fez o estímulo doloroso. A abordagem geral, de cara, já seria: - Monitorização → esse pcte tem que ir idealmente para uma sala de estabilização. No caso do hospital de Messejana é a sala de parada cardio-respiratória, para ficar com o monitor e oximetria contínua, sendo monitorizado. Vai precisar de O2 suplementar pq está saturando 88% em ar ambiente, vai precisar também de, pelo menos, um cateter nasal de oxigênio para manter a saturação maior ou igual a 92% e pegar acesso venoso para administraçãodas medicações e para coletar material para exames. Sintoma guia Nesse caso, se a gente olhar, o sintoma guia (se vc for bem criterioso) é a falta de ar, mas pode ser usado mais de um sintoma guia. A dispneia na emergência é um diagnóstico diferencial extremamente amplo e para tentar restringir um pouco, iremos trabalhar dessa forma: • Dispneia → Insuficiência respiratória aguda o Pcte tinha uma dispneia prévia, mas chegou com uma dispneia aguda, já com hipoxemia, então ele tem uma insuficiência respiratória aguda • Insuficiência respiratória aguda: podemos subdividir em 2 grupos → hipoxêmica e hipercápnica tipo 1 e tipo 2, mas tem alguns autores que colocam a tipo 3 que é a mista (o professor, particularmente, não gosta dessa classificação pq “no duro, no duro” tem um componente preponderante, então ele prefere falar em hipoxêmica e hipercápnica). No caso desse paciente (caso 1 – lógico que teríamos que ter a gaso arterial, mas todas as informações que temos já nos faz inferir), seria uma IRA hipoxêmica - Hipoxêmica - Hipercápnica - Tripé da avaliação da dispneia na emergência Temos 3 exames complementares que temos de fácil acesso na emergência, que vão ajudar muito em conjunto com a anamnese e exame físico dirigidos. A gente sabe que na emergência é uma anamnese bem dirigida mesmo, pois vc tem pouco tempo, é um ambiente estressante/tenso, o pcte, às vezes, nem consegue se comunicar direito; o familiar, às vezes, não é muito bem orientado ou não é uma pessoa que vive com ele ou o familiar está angustiado, vc tem pouco tempo para tomar decisões, pelo menos, iniciais; então vc pode depois pegar mais detalhes da história, mas temos que fazer anamnese e exame físico dirigidos, direcionados e objetivos e associar a isso, vc usa no contexto da IR, na emergência, esses 3 exames principais. São exames que a gente tem fácil acesso na emergência que ajudam muito no diagnóstico diferencial. Quais são? 1. Radiografia de tórax 2. Gasometria arterial 3. ECG HIPOXEMIA Falando rapidamente sobre a hipoxemia, só para pincelar mesmo... nesse caso estamos suspeitando de uma IRA com um quadro hipoxêmico, então iremos só falar sobre isso para quando vcs pegarem um pcte hipoxêmico em qualquer contexto (seja em emergência, seja ambulatorial, seja em UTI, embora o foco dessa aula seja na emergência), saber quais são os principais mecanismos fisiopatológicos. Sabemos que temos 5 grandes mecanismos fisiopatológicos para a emergência para a hipoxemia: • Pressão parcial de O2 ambiental: redução da pressão parcial de oxigênio no ambiente, ou seja, aquele cara que está em uma grande altitude (ex. 1: está lá no equador e aí tem uma hipoxemia secundária a isso. Se o cara está em Fortaleza, naturalmente isso vai estar descartado no primeiro momento) Sem dúvidas esses dois (Efeito espaço morto e Efeito shunt) vão ser os mais importantes! É o que a gente chama de distúrbio V/Q (ventilação/perfusão). Muita gente usa efeito shunt como sinônimo para espaço morto, mas sabemos que distúrbios V/Q pode ser da ventilação e/ou da perfusão. Se for da ventilação é → Efeito shunt Se for na perfusão é → Espaço morto; então os dois englobam o distúrbio V/Q. “Exemplo1”: vc tem um alvéolo e ele está preenchido de líquido (seja por exsudato – no contexto infeccioso o pulmão de SARA - ou transudato - no contexto de um edema agudo de pulmão), então o alvéolo está preenchido por esse conteúdo. Naturalmente vai passar vaso sanguíneo para querer fazer a troca, só que não vai conseguir pq a ventilação desse alvéolo não está adequada, então tenho um distúrbio ventilação/perfusão e quando o problema é na ventilação, falamos em efeito shunt. Por outro lado, quando a gente tem um pcte que tem um alvéolo extremamente vago, mas tenho um vaso sendo obstruído, por exemplo, no contexto de uma embolia pulmonar, não ocorre a troca pq o vaso não está levando o sangue para ser trocado ou está levando em menor quantidade, então teremos o efeito espaço morto pq aquele ar que está alí no alvéolo está alí naquele espaço “morto”, em um espaço onde não ocorre troca. Então esses 2 efeitos são os principais. Podemos usar na gasometria uma fórmula que é o gradiente alvéolo-arterial que é para tentar definir se é efeito shunt ou efeito espaço morto, mas na prática, à beira leito, sendo bem prático, no ponto de vista de emergência, a forma mais simples é a seguinte: Efeito shunt → é uma resposta muito ruim à oxigenoterapia Efeito espaço morto → é uma resposta muito boa à oxigenoterapia “Exemplo2”: se vc vê um pcte com hipoxemia e vc acha que é um distúrbio V/Q, ele responde rápido e bem a oxigênio, a sua 1ª hipótese é efeito espaço morto. Se ele responde de forma ruim, desfavorável, se tem que, cada vez, aumentando mais a oxigenação dele, aí nesse caso, é prova de que tem o efeito shunt. • Efeito shunt • Efeito espaço morto • Hipoventilação: sabemos que quando o pcte hipoventila, a 1 ª coisa que vai acontecer é ele reter gás carbônico, só que depois que ele reter CO2, o próximo passo é começar a ter tb uma redução da oxigenação, uma hipoxemia, ou seja, se na gaso do pcte vem uma PCO2 normal ou baixa (alcalose respiratória -> PCO2 normal e uma hipoxemia) -> não tem como ser uma hipoxemia secundária a hipoventilação pq antes da hipoxemia vai ter uma retenção importante de gás carbônico. • Defeito de difusão: são defeitos da barreira alvéolo-capilar que a gente tem principalmente nas dçs intersticiais pulmonares. Então esses (acima) seriam os mecanismos gerais fisiopatológicos. CONTINUAÇÃO DO CASO 1 • Gasometria arterial: pH 7,46 pO2 55 pCO2 30 Bic 24 o Foi coletado em um pcte com cateter nasal de O2 a 3L/min o Ele quer saber da gasometria: ▪ ph normal varia de 7,35 a 7,45 → nesse pcte temos um Ph alto = alcalemia ▪ Bic: valor de referência é de 22 a 26 → então o do pcte está normal ▪ pCO2: varia de 35 a 45 → a do pcte está baixo, então o que a gente tem? Alcalose respiratória. ▪ Do ponto de vista de equilíbrio ácido-básico, esse é o laudo dessa gasometria arterial ▪ Do ponto de vista de oxigenação, vejo a pO2 que está baixa (mas aí posso extrapolar um conceito que a gente usa no contexto de SARA que é hipoxemia leve, moderada e grave usando o í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑜𝑥𝑖𝑔𝑒𝑛𝑎çã𝑜 = 𝑝𝑂2 𝐹𝑖𝑂2 ) ▪ Para fazer o cálculo precisamos calcular a FiO2: cada litro de O2 aumenta de 3 a 4% a FiO2 da gente, então se o pcte tem 21% em ar ambiente e está com o catéter nasal de 3L/min, vai aumentar de 9 a 12 (o prof pegou um número que ficasse mais fácil a conta = 9), então o pcte está com a FiO2 de 30% ▪ í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑜𝑥𝑖𝑔𝑒𝑛𝑎çã𝑜 = 𝑝𝑂2 𝐹𝑖𝑂2 = 55 0,3 = 165; o ideal é que estivesse >300 e estou entre 100 e 200, então tenho uma hipoxemia (abaixo de 300 ele é hipoxêmico). ▪ Entre 300-200: hipoxemia leve 200-100: hipoxemia moderada → caso do nosso pcte! >100: hipoxemia grave ▪ Resumindo: alcalose respiratória com hipoxemia moderada • ECG: Sinais de sobrecarga ventricular esquerda • Radiografia de tórax índice cardiotorácico aumentado + cefalização da trama vascular + linhas B de Kerley Qual a emergência clínica em questão? Com essa anamnese + exame físico dirigidos + Gaso + ECG + Rx Lembrando a história... Homem de 75 anos, hipertenso de longa data, em uso irregular das medicações prescritas comparece à emergência do Hospital de Messejana com quadro de dispneia aguda. Filha do paciente refere que seu pai vem referindo dispneia progressiva aos esforços já há 4 meses, chegando inclusive a acordar no meio da noite com tal sensação. EF: PA 220X120 FC:120 FR:28 Sat:88% AA Glasgow: 15 Dx:115 Tax:36,5ºC AP: MV reduzido em bases, com creptações bilaterais difusas EXT: Edema de MMII 2+/4+ bilateral → Creptações são por causa da congestão pulmonar Ele não tem uma história de Sd Brônquica típica, tosse produtiva, febre que nos levasse a pensar em pneumonia(claro que teríamos que ver os exames laboratoriais como PCR, procalcitonina, leucocitose altos, mas a priori esse pcte n tem) → 1º de tudo: no ponto de vista de emergência, estamos diante de uma emergência hipertensiva nesse caso, pois o pcte está com um pico hipertensivo e LOA que é cardíaco. Dentro do contexto da emergência hipertensiva, qual é o órgão alvo acometido dele? - Responderam pulmão, mas o prof disse que a gente sempre confunde isso. Não vou dizer que o pulmão também não está acometido, mas qual é o alvo? Coração Então se tenho um pico hipertensivo associado a uma LOA tenho uma emergência hipertensiva. → Diante dessa emergência hipertensiva pegando o coração, em um pcte que ta crepitando bilateralmente, como é o nome desse quadro? Insuficiência cardíaca descompensada, sendo mais específico (onde temo vários tipos), é um Edema Agudo de Pulmão Hipertensivo. Em relação a etiologia, lógico que teremos que investigar com calma e tudo, mas o principal ponto aí, provavelmente, é a má adesão farmacológica pq esse pcte não fazia o uso adequado das medicações e nem acompanhamento médico regular. EDEMA AGUDO DE PULMÃO HIPERTENSIVO O que teremos que fazer? Além de identificar e corrigir causa de base que sejam precipitantes da descompensação, a gente vai ter que basicamente conduzir dessa forma: • 1º: é uma emergência hipertensiva → tenho que fazer um anti-hipertensivo EV → Vasodilatação parenteral (usamos o Nitroprussiato, que é o NIPRIDE, ou a Nitroglicerina que é o TRIDIL) • 2º: Diureticoterapia (fazer um diurético, usamos mais o diurético de alça que é a furosemida – LASIX; começamos com a dose de 0,5 a 1mg/kg e vai tateando de acordo com a resposta do pcte; lembrando que nos primeiros 15 minutos, a furosemida vai ter uma ação muito mais de reduzir pré-carga, uma ação mais venodilatadora, depois de meia hora é que vai começar mesmo uma ação diurética, de descongestionar o pulmão, para tirar o líquido do pulmão, de reduzir a volemia) • Morfina? o Coloquei um ponto de interrogação pq sabemos que ela já foi muito utilizada para EAP, mas quando possível, o ideal é não usar, pois a morfina tem um efeito venodilatador que vai ajudar a reduzir pre-carga, porém, em alguns estudos, ela foi associada a maior desfecho de mortalidade. Temos medicações muito melhores para venodilatar como TRIDIL e NIPRIDE. Então a morfina acaba meio que saindo desse contexto. o A situação que a gente ainda usa esse contexto é quando o paciente está em insuficiência respiratória, tá muito dispneico, às vezes, o pcte com EAP está tão dispneico que não consegue acoplar de forma adequada umas das principais terapias dele que é a VNI...e aí nesse contexto a gente faz uns 2mg de morfina para tentar aliviar a sensação de dispneia só para ele acoplar na VNI, mas é algo realmente pontual e para casos selecionados. • Ventilação mecânica não invasiva o VNI de fato, o que temos que fazer? o Junto disso: vasodilatação parenteral, diurético, morfina para casos selecionados (é realmente uma causa mais controversa) e VNI -> são os principais e é o fundamental -> vamos jogar para o pcte uma pressão positiva para tentar abrir os alvéolos e reduzir o efeito shunt para que ele passe a oxigenar melhor. o Lembrar que temos dois modos: BiPAP (é aquele que dá 2 pressões -> o pcte fica com uma pressão contínua e sobe) e CPAP (é aquele que mantém uma pressão contínua) o No contexto do EAP a gente só precisa deixar o alvéolo aberto, então a escolha é manter mesmo o CPAP, uma pressão contínua em via aérea para deixar o alvéolo aberto e assim oxigenar melhor. o Sabemos que num contexto de EAP ela é muito bem consolidada e ela é uma das terapêuticas principais para tirar o pcte do tubo, para evitar que o pcte vá para a IOT. • Intubação orotraqueal o Se o pcte chegar em franca insuficiência respiratória, com contraindicações a VNI (como rebaixamento de sensório, por exemplo) -> n tem sentido, vc vai para a IOT, ou seja, chegou em uma fase mais tardia. o Como tb, se vc colocou a VNI e o pcte piora em vingência da VNI -> vc vai para o tubo o Outro caso é em um pcte que coloco a VNI, mas ele tem uma ausência de melhora em 1-2 horas -> ele vai para o tubo o Ou: se vc colocou a VNI e o pcte é aquele que melhorou muito com 2h de VNI, mas ele não pode ficar na VNI direto, então temos que fazer a IOT ou ficar 2 a 3 horas sem VNI e ir de novo na VNI (ficando nessa VNI intermitente). Na hora que vc tira e ta com a mão na máscara e o cara já está de novo voltando a fazer hipoxemia e taquidispneia, esse pcte não vai tolerar ficar na VNI direto, ele tb vai pro tubo. Dúvida: em relação ao mecanismo da insuficiência respiratória hipoxêmica, teria uma forma para diferenciar melhor a diferenciação entre efeito shunt e efeito espaço morto que seria ventilar o pcte e ver se ele responde à oxigenoterapia. Então quando ele responde, seria efeito shunt ou efeito espaço morto? Só um conceito importante que não é ventilar, é oxigenar! Pq na hora que eu to ventilando, to dando uma pressão e aí vai ser diferente pq vou “estar abrindo” o alvéolo e estou falando de resposta à oxigênio, ou seja, botar uma venturi, botar um cateter nasal de 02, uma máscara de reservatório...ou mesmo, em um pcte que está intubado, eu ficar só aumentando a FiO2, então é oxigenar. Nesse caso, quem não responde é quem? É quem está com o alvéolo preenchido, pq não adianta vc dá oxigênio a um alvéolo que está todo preenchido por algum conteúdo. Vc vai precisar dar uma pressão para poder esvaziar esse conteúdo e, nesse caso, é o efeito shunt! A resposta seria assim: o pcte que teria uma resposta pior a oxigênio é o pcte do efeito shunt e a resposta melhor é o efeito espaço morto. Do ponto de vista gasométrico vc consegue saber disso, pois tem uma fórmula para vc estimar o gradiente alvéolo-arterial pela gasometria e tem ainda em app de celular. Quando o gradiente alvéolo-arterial é muito grande, ou seja, a diferença entre o O2 do sangue e o O2 que ta no alvéolo é muito grande, isso é justamente uma forma que infere essa má resposta de oxigênio, significa o que? Que o pcte tem um efeito shunt. Quando ela já é <15 isso sugere a efeito espaço morto. Então quem responde mal ao oxigênio de fato é o efeito shunt. Aluno respondeu: disse que confundiu que no efeito shunt não ?(min 28:18) ele iria melhor com a oxigenação Prof respondeu: ele não vai melhorar pq o alvéolo está preenchido, mas ele vai melhorar se ele der pressão! Se vc tirar o líquido, o conteúdo. CASO 2 • Homem, 55 anos, etilista crônico, sem acompanhamento médico prévio, comparece à emergência do HGF com quadro de hematêmese de início há 6 horas. • PA 80x50, FC 130, FR 24, SAT 94%, Dx 110, Glasgow 15, Tax 35,5 • Paciente sonolento, mas oreientado, desidratado, hipocorado. • Apresenta telangectasias em tórax, eritema palmar, aumento de parótidas e rarefação da pilificação. ➢ Abordagem Geral • Qual a abordagem inicial do paciente ? MOV + 7 sinais vitais. Paciente não precisa de O2 porque está saturando bem. Pegar acesso venoso. • Qual o sintoma-guia para o diagnóstico diferencial? Hematêmese • Qual a emergência clínica em questão? • Qual o tratamento dessa emergência clínica? ➢ Hemorragia Digestiva • Hematêmese • Melena • Hematoquezia • Enterorragia O que nós precisamos saber do ponto de vista semiológico é que a hematêmese pode se apresentar principalmente de 4 formas. Em situações que a gente sabe que tem uma queda de Hb sem causa aparente também pode ser hemorragia digestiva, mas quando ela se exterioriza são essas 4 formas. A Hematêmese seria vomitar sangue. Qual o conceito de melena? (Aluno responde) Fezes escuras, fétidas originadas de sangramento digestivo alto já digeridos. No caso de conceito semiológico que a gente vai ver é a gente perguntar pro paciente, porque ele não vai dizer se é um sangramento digestivo alto com sangue digerido.O paciente vai dizer o que ele teve. Então precisamos saber o que perguntar. As 3 características da Melena: coloração das fezes, odor e consistência. Em termos de coloração não são fezes escurecidas, são FEZES PRETAS ( enegrecidas, “ Borra de café”, piche), então, muitas vezes ajuda você ter um objeto preto na hora da consulta ( computador, estetoscópio, roupa de alguém) e apontar questionando: Era dessa cor? Porque as vezes o paciente olha e diz que ta mais escura ou não. As fezes são PRETAS! Outra coisa é o odor. Geralmente é um odor tão fétido que ninguém aguenta chegar nem perto.. você sente o cheiro no corredor do hospital todo. O terceiro ponto é a consistência, pois ela não tem uma consistência de fezes bem formadas. A consistência é meio LIGAMENTOSA, parecendo piche. E essa é a característica semiológica da Melena. Hematêmese e melena normalmente são sinais de hemorragia digestiva alta, ou seja, quem vem acima do ângulo de Treitz ( foto ao lado de vermelho) mais ou menos até a segunda porção do duodeno. Hematoquezia e enterorragia vem abaixo do ângulo de Treitz, que seria a hemorragia digestiva baixa. Qual a definição semiológica de enterorragia e hematoquezia? Aluno: Hematoquezia são traços de sangue vivo nas fezes. A hematoquezia é uma hemorragia digestiva baixa, ou seja, um sangramento anal em sangue vermelho vivo, em geral, de menor monta comparado a enterorragia e que sempre sai associado a presença de fezes.. não sai sozinho. Enterorragia por sua vez é um sangramento vermelho vivo que também sai pelo ânus sendo que ele é de maior monta e ele pode sair com fezes ou sem fezes, inclusive, muitas vezes, só sai do paciente muito sangue. Isso seria uma hemorragia digestiva baixa. Então, o paciente do caso tem HEMATÊMESE. Qual a emergência clínica do caso? Hemorragia digestiva alta! ➢ Hemorragia Digestiva Alta • Estabilização hemodinâmica • Passagem de sonda nasogástrica e procinéticos • Inibidor de bomba de prótons • Endoscopia digestiva alta • Vasoconstritor esplâncnico e profilaxia para PBE • Antifibrinolíticos Diante de um quadro de hemorragia digestiva alta basicamente o que vocês vão ter que fazer: O primeiro passo é a estabilização hemodinâmica do paciente. Segundo passo é a passagem de sonda nasogástrica e uso de procinéticos. Depois inibição de bomba protônica. Depois Endoscopia. Depois vasoconstrictor E depois fibrinolíticos. Vamos por partes! Primeiro, se agente voltar pro caso, a gente tem que ver o que a gente tem que fazer de cara que é estabilizar a hemodinâmica dele. Como eu vou fazer a estabilização hemodinâmica desse paciente? Vamos fazer a expansão volêmica. O paciente está hipotenso, hipoperfundido, taquicárdico, então vamos fazer uma expansão volêmica. A expansão volêmica vai ser com soro fisiológico ou ringer lactato e não tem conversa pra outra coisa. E aí vamos deixar correndo em 24h ou não ? Vai correr aberto! Então vai ficar fazendo soro e reavaliando o paciente até deixar ele bem perfundido e conseguir estabilizar a hemodinâmica dele. Um outro ponto importante.. Vocês concordam que esse paciente está chocado? Aluna concorda que sim. Então se ele tem um choque ou é distributivo ou é obstrutivo ou é hipovolêmico ou é cardiogênico. Vocês acham que nesse paciente é qual? Hipovolêmico. É um choque hipovolêmico do tipo hemorrágico ou não hemorrágico? Hemorrágico. Então, se você tem um choque hipovolêmico do tipo hemorrágico a gente sabe que pode classificar esse choque em 4 tipos.. em 4 graus de choque.. pra 1, 2 3 ou 4. Ivan fala: no 1 aind anão tem alteração de sinais vitais, a partir do 2 já tem alteração da FC, no 3 o paciente já pode ficar mais sonolento e rebaixado e aí tem outros parâmetros também. São vários parâmetros incluindo nível de consciência, pressão arterial, FC, débito urinário... mas uma coisa que ajuda muito pra gente ser bem prático.. lembrando que aqui é pensamento de emergência.. ngm vai ficar abrindo tabela pra ver. Então vamos avaliar a PRESSÃO ARTERIAL. O quê que acontece ? a PA no paciente grau 1 e 2 ele tem PA normal, no 3 e 4 tem a PA baixa e o que muda de conduta do 1 pro 2 e do 3 pro 4? É porque no 1 e no 2 você faz expansão volêmica com cristalóide e no 3 e 4 você faz cristalóide + suporte transfusional. Vocês vão ver que, muitas vezes, no contexto hospitalar, você fazer o banco de sangue entender que o paciente precisa receber transfusão de sangue mesmo sem você ter um resultado de Hb.. as vezes a gente tem que pelo menos coletar uma gasometria para ter uma Hb e mostrar pra eles. No duro não interessa isso.. se o paciente sangrou e está hipotenso ele ( falou alguma coisa que eu n entendi; tempo 38:13) ele perdeu sangue, então você vai fazer cristaloide e já vai pedir concentrado de hemácias pra ele. Então, se é um choque hipovolêmico com hipotensão, ou seja, já é pelo menos grau 3, além do cristaloide ( soro fisiológico ou RL) você já vai entrar com concentrado de hemácias para suporte transfusional também. Então do ponto de vista hemodinâmico é cristaloide e hemotransfusão ( pro paciente do caso). E o quê mais a gente vai fazer pra esse paciente já que ele está ali vomitando sangue. (coloquei a tabelinha pra ajudar a revisar) Eu estabilizei a hemodinâmica dele, mas tudo é saber como que ele está nessa questão do vômito, por exemplo, passar a sonda nasogástrica.. é obrigatório passar a sonda nasogástrica em todo mundo que tá com hematêmese ? NÃO! DEPENDE! SE O PACIENTE TIVER O ADBOME BEM DISTENDIDO OU TIVER VOMITANDO SANGUE DIRETO INCLUSIVE LEVANDO A UM RISCO DE BRONCOASPIRAÇÃO POR CONTA DESSE VÔMITO EXCESSIVO AÍ VALE A PENSA VOCE PASSAR UM SONDA NASOGÁSTRICA PRA PODER DRENAR ESSE SANGUE E FAZER UMA LAVAGEM E FACILITAR A VISÃO DO ENDOSCOPISTA que é um dos passos mais importantes há hemorragia digestiva alta. Se o paciente vomitou sangue umas 2 ou 3x e agora está tranquilo com abdome inocente você não precisa passar a sonda. O uso de procinético é super controverso, mas, em geral, alguns estudos mostram um benefício você usar principalmente naqueles pacientes que vomitam mais, mas o benefício principal seria facilitar a visualização do endoscopista e assim reduzir a necessidade de uma segunda endoscopia. Porque as vezes o que acontece é que o paciente endoscopa e o endoscopista lauda assim: não foi possível visualizar sangramento porque ainda tinha conteúdo abundante. Então, quando você faz um procinético você reduz a chance do paciente ser reendoscopado, mas não é obrigatório. O que é OBRIGATÓRIO É O USO DE IBP! No gral a gente faz dose de ataque e de manutenção que pode ser em BIC ou intermitente e o IBP pode ser o omeprazol, pantoprazol.. o que você tiver disponível. Você vai fazer uma terapia anti secretora ácida. Lembrar que o objetivo é principalmente pra você REDUZINDO A ACIDEZ ESTABILIZAR O COÁGULO. Muita gente pensa que a gente só faz isso no contexto de doença ulcerosa péptica, mas na verdade não interessa a causa da hemorragia. Depois da endoscopia é outra história e aí você vai definir, mas antes da endoscopia, mesmo você tendo certeza que não é ulcera ( o que é difícil de ter essa certeza) a gente tem que fazer a terapia ante secretora pra poder reduzir a acidez e estabilizar o coágulo! Aqui a gente tem a endoscopia digestiva alta que no geral é isso. Então você foi lá.. estabilizou a hemodinâmica do paciente, avaliou se precisava passar a sonda nasogástrica ou não, definiu se queria deixar um procinético pro paciente.. paciente estável então vamos pedir a endoscopia. Na endoscopia você vai identificar o foco do sangramento e o endoscopista vai ver se tem o sangramento ativo e se precisa de um tratamento, como uma injeção de adrenalina, uma ligadura de varizes, injeção de argônio ou algo do tipo. O uso de vasoconstrictor esplâncnico e profilaxia pra PBE, pois se nós formos olhar pro nosso paciente tem alguma coisa nele que chamou atenção.Ele tem hematêmese e hemorragia digestiva alta. Na hemorragia digestiva alta a gente tem várias causas, mas existem as 3 mais comuns na emergência que são: varizes esofágicas, úlceras pépticas e Sd de Mallory-Weiss ( acho que é isso). A principal causa é Doença Ulcerosa Péptica (DUP) ou úlcera sangrante. Lembrar que ela é a causa mais comum tanto no paciente não hepatopata como no hepatopata. A gente pensa que no paciente hepatopata a principal causa é varizes, mas não é... a principal é DUP. Só que quando você tem um paciente hepatopata você vai alertar mais pra ser uma HDA (hemorragia digestiva alta) varicosa que é a rotura de varizes esofágicas que é a segunda maior causa. E a terceira causa são as lacerações de Mallory-Weiss que normalmente tem a história típica de um paciente que vomitou vomitou por algum motivo e depois começou a sangrar de tanto vômito. Resumindo Principais causas de hemorragia digestiva alta: 1º DUP 2ª Rotura de Varizes Esofágicas 3º Lacerações de Mallory-Weiss Esse nosso paciente, embora a úlcera seja a causa mais provável, a gente tem que raciocinar que ele tem uma história importante de etilismo e tem estigmas de hepatopatia crônica (telangectasia, eritema palmar, hipertrofia de parótida e rarefação de pelos), então temos que inferir que muito provavelmente esse paciente é um hepatopata. Varizes esofágicas entra mais fortemente como nosso diagnóstico diferencial. Entrando de forma forte no nosso diagnóstico diferencial e a gente tem até a endoscopia para definir porque se for úlcera já é outra história, mas agente vai ter que avaliar alguma condutas. Primeiro é você fazer um vasoconstrictor esplâcnico que é uma medicação para a deixar a circulação do TGI mais constricta e assim tentar reduzir o sangramento, em geral, fazemos isso nas HDA varicosas. Então, antes de fazer uma endoscopia e você tem uma suspeita, ou seja, é um paciente hepatopata ou não hepatopata reconhecido, mas tem estigmas de hepatopatia (como é o caso do paciente do nosso caso clínico) e já sabe que tem varises de esôfago, então você já começa o vasoconstrictor esplâncnico. Se a HDA não for varizes aí você tira o vasoconstrictor e se for você mantém por uns 3 a 5 dias. OBS: ENTÃO SE SUSPEITAR DE HDA POR VARISES ESOFÁGICAS FAZ VASOCONSTRICTORES ESPLÂNCNICOS! Os dois vasoconstrictores esplâncnicos principais tão a Terlipressina e o Octreotride ( mais disponível nos hospitais). E o outro ponto importantíssimo pro paciente que tem hepatopatia é que isso é indicação formal para a profilaxia primária para PBE (Peritonite Bacteriana Espontânea) por conta da translocação bacteriana. Em geral, nós usamos uma Cefalosporina de 3ª geração por 7 dias. ISSO É PRO PACIENTE CIRRÓTICO COM HDA INDEPENDENTE SE CAUSA VARICOSA OU NÃO E SE TEM ASCITE OU NÃO. Por último nós temos os Antifibrinolíticos. Já tentaram fazer até alguns estudos considerando os antifibrinolítico terem algum benefício na HDA, mas eles não tem evidência científica. Então o Transamim e o ( não entendi, tempo 45:24) que são o Ácido Tranexâmico e o Ácido Capróico em geral, não são indicados no contexto de HDA. O ponto é: estabilizei hemodinamicamente → avaliei se vou passar sonda nasogástrica → avaliei se vou deixar procinético → passo a terapia antissecretora ácida → se tiver algo pra hepatopatia entro com vasoconstrictor esplâncnico e profilaxia de PBE → solicitar endoscopia assim que o paciente tiver estável. Pergunta: Bia pediu pra repetir o porquê do vasoconstrictor esplâncnico e o uso de profilaxia pra PBE. Resposta: No caso do uso dos vasoconstrictores esplâncnicos... lembrar que o paciente tem varizes no esôfago e essas varizes são vasos dilatados no esôfago, então o vasoconstrictor vai reduzir o calibre desses vasos e se eles estão sangrando e você reduzir o calibre deles você vai reduzir o sangramento oriundo deles porque são varicosidades. Em relação a profilaxia, na verde isso é uma coisa muito de estudo, que foi visto que os pacientes cirróticos quando tinham uma hemorragia digestiva alta eles evoluíam com translocação bacteriana e com quadro de peritonite bacteriana espontânea (PBE), então, baseado nessas evidências, que são muito mais contextualizadas numa HDA varicosa e que já foi exptrapolado em alguns estudos mesmo na HDA não varicosa, a gente faz ATB PROFILÁTICO SE O PACIENTE FOR HEPATOPATA pra reduzir o risco dele te ruma peritonite bacteriana espontânea durante o internamento. Em geral, fazemos 7 dias de atb ( cefalosporina de 3ª geração) EV ou como o paciente pode ir de alta antes você pode liberar ele pra fazer uns 2 a 3 dias venoso e prescrever pra ele concluir o esquema ambulatorial de forma oral, embora isso seja off-label. → Continuação do Caso 2 • Após expansão volêmica e hemotransfusão, paciente foi encaminhado à endoscopia digestiva alta. • EDA: Varizes de grosso calibre com sinais de sangramento ativo. Realizada ligadura das varizes. Então foi feita expansão volêmica, hemotransfusão e o paciente estabilizou e foi pra endoscopia. Na endoscopia foram vistos varizes de grosso calibre com sinais de sangramento ativo e foram realizadas as ligaduras das varizes esofágicas. Caso 3 • Mulher, 65 anos, portadora de nefropatia diabética pré-dialítica, encaminhada do ambulatório de nefrologia para a emergência do HGF com quadro de desorientação e taquipneia sem dispneia. Relato de hipoglicemia na ultima semana. • PA 170x90, FC 105, FR 20, Dx 95, SAT 96%, Glasgow 14, Tax 36,5 • Presença de Flapping espontâneo bilateral. Anasarca. • AP: MV reduzido em bases, com crepitações discretas basais • Ur 208, Cr 4,5, k 6,7 e Bic 12 Aqui nós temos uma mulher de 65 anos, ela já é sabidamente portadora de nefropatia diabética pré-dialítica, ou seja, estágio 4 da DRC. Ela já faz acompanhamento no ambulatório de nefrologia e vem encaminhada pro HGF e o nefrologista dela quando chegou na consulta achou alguma coisa estranha e disse pra ela procurar a emergência. Ela chegou a emergência com quadro de DESORIENTAÇÃO, TAQUIPNEIA sem dispneia. A filha tava com ela e disse que a paciente tinha tido uma hipoglicemia na última semana e ela era uma diabética super descompensada. A partir daí a gente vê PA 170x90, FC 105, FR 28 ( ela tem dispneia, mas não tem a sensação de dispneia e nem sinais objetivos de dispneia como o uso de musculatura acessória), SAT 96% ( é uma saturação boa em ar ambiente), uma Dx de 95 ( até estranha pra uma paciente que era tão descompensada da diabetes), Glasgow 14 ( perdeu 1 ponto só mesmo pela desorientação), Tax 36,5 (normal). Ela tem um Flapping espontâneo naturalmente.. você pediu pra ela segurar a bandeja e ela ficou batendo as asas de borboleta. Além disso ela é uma paciente anasarcada.. toda edemaciada. A ausculta pulmonar o que você detecta é um murmúrio vesicular reduzido reduzida nas duas bases e crepitações discretas basais. Aí vocês pediram os exames e eu coloquei aqui os mais importantes. A paciente vem com uma Ur 208 ( aumentada), Cr 4,5 (aumentada), k 6,7 (aumentado) e Bic 12 (reduzido) ➢ Abordagem Geral • Qual a abordagem inicial do paciente? • Qual o sintoma guia para o diagnóstico diferencial? • Qual a emergência clínica em questão? • Qual o tratamento dessa emergência clínica? No ponto de vista de abordagem geral, a abordagem inicial da paciente seria o quê ? quem se move ganha o MOV, então é o monitor com os 7 sinais vitais. O2? Ela não precisa, está saturando 96% e um acesso venoso para a infusão de medicações. O sintoma guia da paciente a gente pode usar vário.. pode partir da desorientação, da taquipneia... no duro no duro o sintoma guia ele vai ser até questionável até que ponto ele vai útil já que o quadro está tão típico já que é uma paciente que já tinha uma DRC já perto de dialisar e evoluiu com uma descompensação, ou seja, ela evoluiu com uma descompensação renal. O que chama atenção nessapaciente aqui ? Esse quadro de desorientação, vocês acham que é pelo o quê? Pela Uremia. E que dado da história além dela ter essa historia de DRC prévia e exames laboratoriais que reforça essa possibilidade? O Flapping. LEMBRAR QUE FLAPPING É = ENCEFALOPATIA METABÓLICA, embora a gente sempre lembre mais de encefalopatia hepática ele também é típico da encefalopatia urêmica. Então uma paciente dessa com todo esse contexto clínico que evoluiu com desorientação e flapping, a primeira possibilidade é a ENCEFALOPATIA URÊMICA. E a ureia vem bem condizente com isso, pois está muito alta realmente que não é só uma azotemia ela realmente tem uma Sd clínica associada a essa azotemia que é a Sd Urêmica.. que é uma uremia. Tem outro dado interessante na história que é a taquipneia sem dispneia, não estou dizendo que são as 2 únicas situações, mas se você ver TAQUIPNEIA SEM DISPNEIA TEM 2 POSSIBILIDADES PRINCIPAIS QUE VOCÊ TEM QUE LEMBRAR É ACIDOSE METABÓLICA E TEP (EMBOLIA PULMONAR). Lógico que a maioria dos pacientes que tem TEP tem dispneia, mas muitas vezes eles chegam só taquipneicos. Então, quando você tem taquipneia sem dispneia você tem que pensar automaticamente nessas duas possibilidades: ACIDOSE METABÓLICA E TEP! ( ele repetiu isso 2x) Nessa paciente, com todo o histórico prévio dela a gente já vai inferir que ela está acidótica até pq ela tem a saturação normal coisa que não é comum no TEP já que se tem um grau maior de hipoxemia. Ainda tem outro relato que é interessante que é o fato de ela ter feito hipoglicemia na última semana e isso tem alguma relevância pra vocês ? Falaram que essa hipoglicemia pode está causando desorientação, mas o professor fala que essa hipoglicemia foi semana passada. Jenielson fala que o início de insuficiência renal pode dá hipoglicemia. Dr Oto é que fala que é “Se piora de graça aí vem desgraça, mas se melhora de graça aí também vem desgraça” ou seja, uma paciente dessa que é diabética super descompensada com nefropatia diabética pré-dialítica com quadro de DRC com um pé na diálise e aí sem ajuste de medicação e do nada começa a fazer hipoglicemia. Na verdade essa hipoglicemia não é uma melhora é porque as vezes a gente vê a família chegar morta de feliz dizendo: “ Dr ela é diabética e usava doses altíssimas de insulina e agora está cada vez mais precisando de dose menor então t abem compensadazinha a diabetes dela” e quando você vai ver o que tá causando isso ? está piorando a função renal porque a DEPURAÇÃO DA INSULINA OCORRE PELO RIM, ENTÃO QUANDO O PACIENTE ESTÁ COM INSUFICIÊNCIA RENAL GRAVE, NO GERAL, O ESTADO DE HIPERINSULINENISMO VAI ACABANDO E ELE ACABA TENDO UM AUMENTO DA DEPURAÇÃO DA INSULINA ENTÃO VAI TER UM AUMENTO DA INSULINA BASAL E O PACIENTE VAI ENTRAR EM UM ESTADO E HIPERINSULINEMIA E ISSO ACABA GERANDO HIPOGLICEMIA OU, NO CASO DE UM DM MUITO DESCOMPENSADO EM UM PACIENTE QUE ERA SUPER HIPERGLICÊMICO, FICA ATÉ EUGLICÊMICO. Então, isso é um dado que, essa paciente que é diabética e que teve episódio de hipoglicemia semana passada então isso deve ser piora da função renal. E a gente vê nos exames laboratoriais que bate com isso. Fora isso temos o MV diminuído em bases, provavelmente um transudato sendo ali um derramezinho pleural bilateral, as crepitações como uma sugestão de algum grau congestão pulmonar até porque está bem hipertensa também pela hipervolemia. No laboratório a gente ve ruma ureia de 208, uma Cr de 4,5, um K de 6,7 (hiperKalemia) e um Bic de 12... isso foi só o que foi pedido, nós não temos a gasometria toda, mas certamente tem uma ACIDOSE METABÓLICA. ➢ Acidose Metabólica • Anion gap normal • Anion gap aumentado • Láctica A e B • Cetoacidose alcoólica e diabética • Insuficiência Renal • Intoxicações Aí só pra pincelar um pouco eu coloquei só aqui da emergência de Insuficiência Renal Aguda.. na verdade é uma DRC agudizada. E isso é o que tem de mais importante pra gente e como têm acidose e a acidose foi um dos pontos da chegada da paciente a emergência com uma taquipneia sem uma dispneia só pra gente pincelar rapidinho lembrar que: Quando a gente tem um paciente com acidose metabólica a gente SEMPRE tem que olhar pro ânion gap, então você vai pegar o Na e vai subtrair Cl- e Bic, se o AG é alto e isso varia um pouco na literatura, no geral, > 15 é um GAP alto e abaixo é um AG normal. Então, quando o AG é normal a gente pode ter uma acidose metabólica secundária a perda de Bic.. no geral é um contexto de diarreia ou alguma tubulopatia. Se você tem um AG aumentado então você tem que pensar que tem uma produção de ácidos ou uma retenção de ácido, então, as principais causas são acidose láctica - que tem de tipo A e B, a tipo A que é secundária é hipoperfusão que é aquele paciente que está chocado, hipotenso e aumenta o lactato e a tipo B que são as miscelânias que são as outras causas – e as outras causas são as mitocondriais, mas que pode também ocorrer no contexto de Insuficiência hepática grave. A cetoacidoses alcoólicas e diabéticas com a produção de cetoácidos, a Insuficiência renal também pela retenção de ácidos que não consegue ser eliminados na urina e algumas intoxicações, principalmente, por metanol, etilenoglicol, propilenoglicol.. então lembrar desses diagnósticos diferenciais. Essa paciente não tinha muito pra onde correr então ela tinha Insuficiência Renal. ➢ Urgência Dialítica • Acidose refratária • Hipercalcemia refratária • Hipervolemia refratária • Síndrome Urêmica E, basicamente, sabendo disso, o que essa paciente precisa fazer? Ela precisa dialisar! Ela não é uma paciente que a gente pode mandar pra casa confeccionar uma fístula e mandar dialisar depois. Ela é uma paciente que a gente chama de URGÊNCIA DIALÍTICA. Ela tem que dialisar agora.. pelo menos nas próximas 24h. Pode até dá uma agilizada, fazendo algumas medidas conservadoras pra hipercalemia, mas ela tem que dialisar já.. o mais rápido possível. As indicações são basicamente o que: Acidose refratária, hipercalemia refratária, hipervolemia refratária e síndrome urêmica. A acidose refratária... na verdade a gente não sabe se ela tá refratária porque não foi feita nenhuma medida ainda. Se é hipercalemia refretária a gente também não sabe porque a gente não fez nenhuma medida ainda. Na hipervolemia refratária, embora ela esteja hipervolêmica não é uma hipervolemia grave com edema agudo de pulmão.. e também a gente não fez nenhuma medida ainda, mas não resta dúvida porque ela tem desorientação com flapping, então ela tem encefalopatia urêmica. Então ela tem uremia e síndrome urêmica, então é indicação de hemodiálise de urgência! Abordagem dos Distúrbios hidroeletrolíticos Caso 01: Dona Marinalva, 32 anos, admitida no HGF para uma histerectomia eletiva. HPP: sem peculiaridades. Paciente apresentou sangramento importante no intraoperatório. Infundido SF0,9% + glicose 125 mL/h, AINE e Fenergan para náusea. 6h após apresentava náuseas e 01 episódio de vômito – tto com Fenergan novamente. 24h após apresentou forte cefaleia e permanência das náuseas e vômitos. 36h após apresentou anisocoria, confusão mental; PA:160/90 e rigidez nucal. Laboratório: Na: 119; K: 3,8; Cl:84; PCO2: 48; Hb pós- sangramento: 8,2; Raio-X de tórax: edema agudo de pulmão (EAP) - O que chama atenção nesse caso? ▪ Fez 125ml/hora → é muito volume → edema agudo de pulmão; ▪ Provavelmente um edema agudo de pulmão neurogênico de causa central → devido ao sódio baixo ▪ EAP neurogênico: comum no sexo feminino e jovens que fazem alteração do sódio Distúrbios do sódio HIPONATREMIA • Na < 135; • Distúrbio comum e mais difícil na prática clínica; • É um distúrbio que tá ligado ao distúrbio da água Principais sintomas: • Sonolência • Rebaixamento do nível do sensório • Confusão mental • convulsão Tipos: Hiponatremia hiposmolar ▪ Grande maioria das hiponatremias(é a mais comum) ▪ Por definição, ao olharmos a fórmula da osmolaridade: ↓ sódio → temos ↓ osmolaridade Hiponatremia hiperosmolar ▪ Quando temos a glicose muito alta que vai falsear a fórmula. Exemplo: Paciente do sexo feminino, 18 anos, com rebaixamento do sensório, chega na UPA. Pede o sódio e vem Na: 121 → Será se realmente tem o sódio baixo? Pode ser a glicose aumentada causando isso. ▪ Por isso que na abordagem inicial deve-se fazer ABCDx até o G de gasometria ▪ Nesse caso, veio Dx HI = máquina não conseguiu calcular (> 500 provavelmente) → pedimos a glicose sérica → veio acima de 800 = rebaixada por uma cetoacidose diabética ▪ Osmolaridade dela muito alta = hiponatremia hiperosmolar devido a glicose alta. Pseudohiponatremia As duas grandes causas: • Pseudohiponatremia secundária a Hipertrigliceridemia • Pseudohiponatremia secundária a Paraproteinemia (Waldenstrom, mieloma, MGUS, POEMS) Hiponatremias – hiperosmolar - Hiperglicemia ▪ Essa é a grande causa!! ▪ SEMPRE que pegar paciente com o sódio baixo → obrigatoriamente pedir a glicemia ▪ SEMPRE que temos uma hiperglicemia precisamos corrigir o sódio do paciente para a glicemia dele. Na corrigido = Na medido + Variação da glicemia 1,6 para cada 100mg/dL de glicemia acima de 100. ▪ O normal da Dx = em torno de 100; Paciente do caso: se ela tem 800 de glicose e o normal é 100 → ela tá com 700 acima do normal → se para cada 100 de glicemia acima do normal tenho que aumentar o sódio em 1,6 → tenho que aumentar meu sódio 1,6 x 7 → que dá igual a 11,2. ▪ Dessa forma, o sódio da paciente que era 120, na verdade é cerca de 131. ▪ Então essa paciente não tá rebaixada devido o sódio, e sim devido a cetoacidose diabética. ▪ Não precisamos repor sódio pra ela. O sódio tá falsamente baixo devido a hiperglicemia. Exemplo: Senhora com hiperglicemia por estado hiperosmolar com sódio de 126. Dx = 400. Ela está 300 acima de 100 → tenho que aumentar 3 x 1,6 → dá 4,8. ▪ Então o sódio real dessa paciente é 130,8 (ainda é baixo, mas não nos preocupa) Sempre que tiver diante de uma hiponatremia vou ver a glicose!! Preciso corrigir a natremia de acordo com a glicose! Hiponatremias - hiposmolar As hiponatremias hiposmolar que se dividem em 3 grupos: Euvolêmico (a causa mais comum de todas): SIAH, síndrome cerebral perdedora de sal, hipotireoidismo, alteração adrenal, HIV, polidipsia... Hipovolêmico: são os pacientes com hiponatremia que estão desidratados. ▪ Podem estar perdendo pelo trato intestinal (TGI) ou gênito-urinário (TGU): − TGI: diarreia crônica, fístula intestinal, pólipos, vômitos; − TGU: a acidose tubular renal. ▪ Pedimos o sódio urinário → diferenciar no hipovolêmicos se o paciente está perdendo pelo intestino ou pelo rim. Hipervolêmico: é fácil de encontrarmos Ex1: Paciente com insuf cardíaca, com as pernas inchadas, anda cansado e sódio baixo → hiponatremia é fator de mau prognóstico para esses pacientes (quanto menor o sódio, pior o prognóstico) Ex2: Paciente cirrótico, na fila de transplante hepático, barriga enorme, pernas inchadas e com sódio baixo → também é fator de pior prognóstico. Calcula-se a fila do transplante pelo MELD-SÓDIO: menor sódio → pior o prognóstico → mais antecipadamente ele vai pra fila do transplante Ex3 gestante edemaciada com hiponatremia; Ex4: Síndrome nefrótica, síndrome nefrítica, IRA... → Diante de um paciente com hiponatremia perguntar: - Quais medicações o paciente faz uso crônica? ▪ É a causa mais comum de hiponatremia (principalmente nos consultórios, posto de saúde) Ex: check up em idoso, sem sinais ao exame físico que esta super bem e com sódio de 128. → é um exame sem sentido e sem necessidade → não vou tratar esse sódio, não tem sintomas! • Hidroclorotiazida (diurético tiazídico - o maior causador de hiponatremia); • Fluoxetina (ISRS – outro grande indutor de hiponatremia). →Trocar as medicações.troca a hidroclorotiazida por uma losartana (tira o efeito diurético perdedor de sódio) e a fluoxetina por um dual (que não é um ISRS). - Pode ser Hipotireoidismo? ▪ TSH é uma das causas da hiponatremia euvolêmica -Pode ser Insuficiência Adrenal? ▪ Pedir um cortisol, saber se o paciente fez uso de corticoide por muito tempo; São os pacientes edemaciados com sódio baixo. Pode ser transtorno psiquiátrico? ▪ Alteração psquiátrica: polidipsia - beber muita água por dia (30L) → hiponatremia dilucional pelo excesso gigantesco de água que o rim não consegue compensar → pode ser tão severa que pode convulsionar e ser intubado. - Hiponatremia aguda ou crônica? ▪ Só tratamos hiponatremia aguda e sintomática → os casos crônicos e assintomáticos não precisam tratar! - Tem sintomas? ▪ Justamente pra saber o tratamento → Então: ▪ Causa mais comum de hiponatremia no contexto ambulatorial = droga/medicação ▪ Causa mais comum de hiponatremia no contexto hospitalar = SIADH (Síndrome inapropriada DO ADH) SIADH • Hiponatremia euvolêmica – SIADH é a causa mais comum de hiponatremia dentro do contexto hospitalar • Função renal normal • Ácido úrico normal • Urina concentrada e hipertônica - Causas de SIADH: • Doença do SNC: hematoma subdural crônica, HSA, AVCi, AVCh, tumor cerebral / metástase cerebral / efeito de massa com hipertensão • Doença pulmonar: neoplasia pulmonar, sarcoidose, tuberculose, ventilação mecânica, abscessos bacterianos • Câncer: de várias formas, mas especialmente do pulmão e aquelas que causam metástase cerebral, mediastino, rim • Pós-operatório: principalmente em mulheres jovens. Tudo pode causar SIADH: Hiponatremia Saber: • Exames laboratoriais • Diferenciação entre SIADH e SCPS (sd cerebral perdedora de sal) →SCPS está relacionada normalmente as doenças neurocirúrgicas, PO neurocirúrgico, AVCh, a hemorragia subaracnoide. Não é tão comum quando SIADH e ela está incluída no grupo das hiponatremias hipovolêmicas. Tratamento hiponatremia é a fórmula de Androgue → é calcular a variação de 1l da solução para aquela fórmula de Na do paciente – Na da solução / água corporal total + 1 HIPERNATREMIAS • Na > 145; • Só tem 2 causas basicamente no nosso meio: a) Falta de acesso a água: vozinha com Alzheimer que não tem acesso a água; paciente que não ta comendo pq ta na UTI intubado, não estão dando água pela sonda e faz hipernatremia b) Diabetes insipidus: pode ser CENTRAL ou NEFROGÊNICA. A grande maioria é ou diabetes insipidus ou eu estou perdendo por algum canto (pelo suor, pela queimadura, pela diarreia, pela perda de urina, pelo aumento de consumo na rabdomiólise, na convulsão, no exercício intenso) ou por ingestão grande de sódio. Tratamento hipernatremia Formula do tratamento que é igual a formula de hiponatremia, eu só faço inverter o Na sérico com o Na da solução que nós vamos discutir isso na tutoria (voltou pra essa formula da hiponatremia e apontou pro Na solução e sérico fazendo a “troca” de lugares) Potássio Caso 01: Sr. Aristides, 47 anos, acompanhado no Hospital Mental de Messejana por quadro de potomonia refratária. Refere que há 03 dias iniciou quadro de gastroenterite, apresentando náusea e vômitos, além de diarreia, Há 24h com fraqueza muscular generalizada. É tratada por HAS com furosemida (Lasix) e captopril e usa Berotec de forma irregular para o tratamento da asma. • Potomania pode mexer com o sódio e ele tem também vários fatores que podem mexer com o Na e o K → mas a queixa dele não é de rebaixamento do Na (não rebaixou o sensório, não teve convulsão, não ficou sonolento) → ele teve fraqueza muscular generalizada → quem gera isso normalmente é o K. Foi iniciado hidratação venosa com SF0,9%. Exames laboratoriais: K: 2,5; Mg: 1,4; Bic: 29 • Tinha hipocalemia, hipomagnesemia e o BIC lembrandouma alcalose de retração. • O paciente estava perdendo K pelo intestino (pela náusea e vomito), em uso de furosemida (perde K) e berotec (joga o K pro intracelular) HIPOCALEMIA • Problema comum na pratica clinica • Fonte: oral ou venoso – posso repor das 2 formas • Armazenamento celular • Excreção urinária • Perdas: urina/ TGI/ suor Causas: • Renais: - Diuréticos: furosemida é uma das medicações que mais lavam o K → ela age na alça de Henle, então ela joga pra fora o K. - Hiperaldosteronismo: causa muita perda de K. • Não renais: - Gastrointestinais: gastroenterites de forma geral, náusea, vomito, diarreia mexem muito com o K. - Alterações transcelulares • Alterações ácido-base: - Alcalose metabólica - Acidose metabólica (pulou essa tabela aqui de baixo) • Aumento da entrada intracelular - medicações jogam o K para dentro da célula: - Insulina - Beta-adrenérgicos: o berotec da asma - Alcalose metabólica e respiratória: as doenças com alcalose metabólica e respiratória - Paralisia periódica hipocalêmica - Hipotermia • Perdas do TGI Lembrando que posso ter perdas tanto pelo TGI, como pelas perdas renais → 2 formas mais comuns de perder K no organismo - Perda TGI (superior): vômito - Perda TGI (inferior): diarreia • Perdas renais Grande parte induzida por adrenal ou por diurético, como o lasix que é a furosemida - Aumento da atividade mineralocorticoide - Aumento de sódio e água no tubo coletor - Diuréticos As principais causas de hipocalemia: vomito, diarreia, hipotermia, atividade adrenérgica, uso de beta agonista, intoxicação por cloroquina. Diuréticos, acidose tubular renal, anfotericina e hipomagnesemia que é uma das causas de hipocalemia refratária. Lembrar também daquelas síndromes raras de Barter e Gitelman. • Tratamento (pulou slide) • ECG na hipocalemia: quanto mais baixo eu tenho o meu K, mais aplanada fica minha onda T. - K = 2,5 → não vejo mais onda T // K = 2 → onda T invertida (simula IAM) // K= 1,7 → começo a não ter a onda T e começo a ter a onda U Hipocalemia = depressão do segmento ST e onda T aplainada → vou desaparecendo a onda T e começo a ter a onda U. • Hipocalemia – resumo - Distúrbio grave que pode ser fatal por causar arritmia ou aplanação da onda T e surgimento da onda U − K < 3,5 − Causas: as causas mais comuns são as drogas, os diuréticos e os remédios para asma inalatórios, diarreias e vômitos; alcalose metabólica; medicações – anfotericina B / diuréticos / insulina / NBZ; diarreia / vômitos; tireotoxicose; paralisia periódica hipocalemica − Exames complementares: ECG; Mg (posso ter uma hipocalemia refrataria se eu não corrigir o Mg); K urinário O que o K baixo causa → alcalose, pode deixar a excreção mais difícil, confusão, fraqueza muscular, arritmia, letargia, intestino parado (comum em PO de cirurgias abdominais, o íleo paralitico, e isso acontece muitas vezes pq o K ta baixo) HIPERCALEMIA Caso 02 - Dona Aparecida, 48 anos, internada por quadro de fadiga, adinamia, palpitações e "fraqueza”. Diagnóstico de DRC há 15 anos e há 08 anos dialisa. Refere ter faltado as últimas duas sessões de diálise, tendo piorado nos últimos dois dias e procurado hoje a emergência. - As causas mais comuns de complicação de quem falta a diálise é acidose metabólica e hipercalemia - A abordagem é a mesma de sempre → monitorizar a paciente, fazer o ABCD com Dx, gasometria (vejo acidose metabólica, distúrbio eletrolítico, K) Os exames de dona Aparecida: K: 7,7; Ur: 140; Cr: 6 (função renal alterada); BIC: 14 (acidose metabólica) - Como podemos iniciar o tto dessa paciente? o Sempre com um ECG Causas hipercalemia: • Pseudo: coleta, hemólise – hipercalemia pq a coleta foi feita errada → passei muito tempo com o garroteno braço → fiz hemólise; eu posso demorar muito pra leva pro laboratório e as hemácias hemolizaram • Rabdomiólise • Hipertermia maligna • Síndrome da lise tumoral – pacientes hematológicos • Síndrome neuroléptica maligna – com uso de haldol →Nos pacientes que tem o K muito alto é importante que eu tente o máximo tirar esse K do corpo ▪ O contrário do ECG da hipocalemia ▪ K = 6,5 → onda T apícula. ▪ K = 7 → em forma de tenda ▪ K = 8 - 9 → Torsades de Pointes: arritmia que pode ser fatal Tratamento hipercalemia: - Gluconato de cálcio: primeira coisa, usando o cálcio que ele não vai baixar em nada o K, ele vai só estabilizar a membrana. - Medicações que eu tiro o K da corrente sanguínea e jogo dentro da célula:eu escondo o K, dentro da minha célula → Glicoinsulina, Bicarbonato de sódio, os beta adrenérgicos: tudo que causa hipocalemia. - Medicações que tira o K do organismo → diuréticos tiazídicos, mas principalmente os diuréticos de alça, a furosemida; as resinas de troca, como sorcal e a diálise Então, eu tento estabilizar a minha membrana cardíaca com o gluconato de Ca para que o paciente não tenha uma arritmia; vou tirando o excesso de K extracelular e colocando dentro das outras cels do corpo com o berotec, glicoinsulina e bicarbonato enquanto as outras medicações que tiram K do corpo estão fazendo efeito, que é: - furosemida (lasix) → tira pela urina - sorcal que é a resina de troca → tira pelo TGI (fezes). Hipercalemia • K > 5,5 • Distúrbio grave • Causas – acidose metabólica, hemólise, medicações, doenças hematológicas por sd da lise tumoral / rabdomiólise, DRC / IRA/ insuficiência adrenal • Exames complementares – ECG com a onda T em tenda, função renal, gasometria, SU • Tratamento – com medicações que jogam o K para dentro da célula, medicações que tiram o K do corpo e diálise. Hipercalemia dá: − Câimbra − Tontura − Altera a PA − Da muita arritmia, que é o que causa morte − Pode estar ligado a diarreia e oligúria Questões - Lasix → causa hipocalemia (é tto da hipercalemia pq tira o K do corpo) - Insulina → joga K para dentro da célula, pode causar hipocalemia // Teofilina → mesma coisa, joga pra dentro da célula, é usado nos asmáticos. Resposta: amilorida é um poupador de K. Resposta: acidose tubular renal. - Lembrar que DRC é causa de HIPERcalemia, b-block tb pode aumentar o K, assim como a succinilcolina que é para induzir intubação. Resposta: exercício → tenho muita destruição celular no exercício mt intenso e quando eu destruo cél eu jogo K do intra pro extracelular e pode gerar um pouco de hipercalemia. Resposta: Nada! O gluconato não reduz nada de K, ele só estabiliza a membrana para evitar arritmia, mas ele não reduz em nada o K. Resposta: o sorcal, que é uma resina de troca que tira o K pelas fezes. - Berotec so joga o K do extra pro intracelular, glicoinsulina e BIC a mesma coisa. Abordagem dos distúrbios hidroeletrolíticos II Prof. Lucas Mustafa S2T1-A Valores de referência • Cálcio total: 8,5-10,5 mg/dL • Cálcio iônico: 1,17-1,3 mmol/L • Magnésio: 1,7-2,5 mg/dL Caso 1 • Paciente, 75 anos, sexo masculino, portador de mieloma múltiplo, compareceu a emergência com quadro de diminuição do nível de consciência, vômitos, distensão abdominal e constipação. • Diante do quadro, foram coletados exames laboratoriais, destacando-se um Cálcio total de 12,4 e uma albumina plasmática de 2,0. • Qual o distúrbio hidroeletrolítico responsável pela apresentação clínica do paciente? à Hipercalcemia. Quadro clínico • Distúrbios neuropsiquiátricos o Pode ter um quadro de delirium, encefalopatia (tóxica-metabólica) de um modo geral, com torpor, estupor, coma, ... inclusive distúrbios psiquiátricos, como alucinoses e depressão. • Alterações gastrointestinais o Náuseas, vômitos, distensão abdominal,pode mimetizar ou causar um íleo metabólico e ser causa de pancreatite aguda. • Manifestações renais o Insuficiência renal aguda (IRA) pela vasoconstricção e, lembrando, sempre, do diabetes insipidus nefrogênico, que vai ter poliuria, depleção de volume e uma hipernatremia associada. • Doenças cardiovasculares o Vasoconstricção periférica, causa de HAS secundária e pode ser uma HAS grave, podendo levar a um IAM, AVC, com vasoconstricção de coronárias e cerebral. • Sintomas musculoesquelético o Dor muscular difusa, ... É uma gama de sintomas que a hipercalcemia pode dar, bem variados. Propedêutica • O primeiro passo é sempre confirmar a hipercalcemia o Se você confia no laboratório, dosa o cálcio iônico, mas se não tem tanta certeza, dosa o cálcio total e corrige com a albumina. Na prática, geralmente, fazemos as duas coisas, pedimos o cálcio iônico e o cálcio total com a albumina para não ficar nenhuma dúvida. • Correção para albumina o O mais simples é entender que sempre que a albumina sérica diminui, você vai corrigir o cálcio total (cálcio iônico + cálcio carreado pela albumina), O quadro clássico do paciente com hipercalcemia, na verdade, é aquele paciente que chega sonolento, desorientado, nauseado, vomitando, com abdome distendido e sem flatular ou evacuar, urinando muito, já com a função renal alterada. incrementando um valor no cálcio medido. “Um paciente tem um cálcio total de 4, e, para cada unidade de albumina que diminuir, você incrementa 0,8 ao cálcio total. E o contrário, para cada aumento de uma unidade da albumina (em relação ao valor de referência), a gente diminui no cálcio, mas, em geral, usamos a correção mais para incrementar o valor do cálcio.” o Exemplo: Se o paciente tem uma albumina de 2,5 e um cálcio de 7,5, o cálcio corrigido será de 8,7. Para cada unidade de albumina que cai, vou somar 0,8 no cálcio total, se caiu 1,5 da albumina, vou somar 1,2 ao cálcio total (1,5x0,8). Muito importante, é uma das coisas que mais vamos usar na prática clínica, saber corrigir o cálcio total pela albumina. VR Albumina (usado pelo professor) ≥ 4 g/dL (valor que eu achei: 3,5-4,7 g/dL) Continuação • Repetida a dosagem de cálcio e confirmada a hipercalcemia • Cálcio corrigido 14mg/dL (hipercalcemia grave) o O cálcio total era 12,4 e a albumina era 2, ou seja, aumenta 1,6 no cálcio total e teremos o cálcio corrigido de 14 mg/dL. • E agora? o Temos que descobrir a causa da hipercalcemia e tratar, mas temos, também,uma urgência que é resolver a hipercalcemia grave e sintomática desse paciente. Propedêutica Paciente com CÁLCIO ALTO; 1º Passo = Confirma a hipercalcemia dosando cálcio total com albumina e/ou cálcio iônico; 2º passo: Dosa PTH (ver se é mediado ou não por ele) - Se o PTH vier alto = Hiperparatireoidismo primário - Se o PTH vier inapropriadamente normal = Hiperparatireoidismo primário ou Hipercalcemia hipocalciúrica familiar - Se o PTH vier supresso = Dosar 1,25 dihidroxivitamina D, 25 hidroxivitamina D e PTHrp - Se o PTHrp está alto = Pensa em hipercalcemia humoral maligna (câncer – carcinomas escamosos, espinocelulares e uroteliais) - Se 25 hidroxivitamina D vier alto = Intoxicação por vitamina D - Se 1,25 dihidroxivitamina D vier alta = Doenças granulomatosas e doenças linfoproliferativas - Se os três vierem normais à Pensar em lesões osteolíticas (investigar adenocarcinomas e miolema múltiplo) - Se descartou = Pensar em hipertireoidismo, intoxicação por vitamina A Hipercalcemia associada ao câncer (mecanismos fisopatológicos descritos para hipercalcemia associada ao câncer) • PTHrp (mais comum) - 80% dos casos o Hipercalcemia ou não maligna (foi o que eu entendi) o Produção do PTHrp pelas células tumorais o Carcinomas espinocelulares e uroteliais • Lesões osteolíticas - 20% dos casos o Principalmente nos adenocarcinomas e no mieloma múltiplo Os próximos dois são tão incomuns que somados da menos que 1% • 1,25-OH-vitamina D (a ativação macrofágica aumenta a conversão de 25 hidroxivitamina D para 1,25 dihidroxivitamina D) o Associada a doenças linfoproliferativas • PTH intacto o Mais rara de todas o Neoplasia maligna de paratireoide produzindo o PTH intacto ou quando tem uma produção ectópica de PTH intacto (câncer de pulmão de pequenas células) A única neoplasia que pode causar hipercalcemia pelos quatro mecanismos descritos = LINFOMA Sabe-se que a causa mais comum de hipercalcemia (ambulatorial) é o hiperparatireoidismo primário, em um paciente internado a causa mais comum já é o câncer: o Principalmente se for uma hipercalcemia mais elevada, mais sintomática, de rápida evolução, acaba preocupando se é ou não uma neoplasia Tratamento • Quando fazer? o Cálcio acima de 12 mg/dL o Presença de sintomas • Hidratação venosa vigorosa** (principalmente) o Manutenção bem elevada = 2/ 3L dias (paciente entre 30/40 ml/kg) o Importante ficar reavaliando o paciente (a cada 6 horas ver o balanço do paciente) o Ficar repondo o volume perdido (alíquotas) o Prefere soro fisiológico (pois o RL já vem cálcio) • Diurético de alça o Hipocalcemiante (ao contrário dos tiazídicos) o Furosemida EV o Só faz se o paciente estiver congesto • Calcitonina o Via subcutânea o Baixa em pequena quantidade o nível do cálcio o Porém baixa muito rápido (em poucas horas ele cai) à só que acaba subindo outra vez • Bifosfonados o Principalmente: Polidronato e o ácido alguma coisa (não entendi) o Usados no contexto de hipercalcemia associada a malignidade (câncer) o Ação demora mais (24-48 horas) • Glicocorticoide o Casos de doença linfoproliferativa e granulomatosa o Age no mecanismo da 1,25 dihidroxivitamina D • Calcimiméticos o Contexto de hiperparatireoidismo terciário o Mimetizar o cálcio para gerar um feedback negativo • Denosumab o Anticorpo monoclonal o Se o paciente tiver insuficiência renal • Diálise o Paciente refratário Caso 2 • Mulher, 42 anos, procura serviço de emergência com quadro de falta de ar • Paciente se encontra taquipneica, sem sinais objetivos de dispneia e com parestesias periorais e acrais • Exame físico pulmonar normal. Sinais de Trousseau e de Chvostek presentes • Gasometria arterial: pH 7,47 Bic 24 pCO2 30 pO2 104 • Qual o provável distúrbio hidroeletrolítico? • Cálcio iônico 0,8 à Hipocalcemia. Quadro clínico • Parestesias o Principalmente de extremidades acrais (mãos e pés) e periorais (pode ter de língua também) • Tetania o Redução do cálcio aumenta a permeabilidade de membrana, faz com que as substâncias entrem e saiam mais fáceis o Aumentando o contexto de tetania • Convulsões • Alterações cardiovasculares o Aumento do intervalo QT (famoso fenômeno do R sob T) • Papiledema • Manifestações psiquiátricas o Transtornos do humor (depressão) “Confirmada a hipocalcemia, qual o passo seguinte?” Propedêutica • PTH baixo o Hipoparatireoidismo • PTH elevado o Hiperparatireoidismo secundário Hipoparatireoidismo Motivos para o hipoparatireoidismo: • Doenças genéticas • Iatrogenia o Cirurgia de tireoide, cirurgia cervical (lesando a paratireoide) • Autoimune “Hidrata hidrata hidrata, se começou a ficar congesto à Diurético de alça; Se for refratário à Os de “primeira-linha”à Bisfosfonatos (nefrotóxico) e o Denosumab (pode usar em IR) Se for refratário a isso à Diálise” o Síndromes poliglandulares autoimunes • Doenças infiltrativas o Hemocromatose hereditária • HIV • Drogas • Hipomagnesemia Hiperparatireoidismo secundário Motivos para o hiperparatireoidismo secundário: • Hipovitaminose D • Pseudohipoparatireoidismo o Deficiência de receptor (produz o PTH, só que oreceptor não funciona) o Cálcio fica baixo pois o PTH, mesmo alto, não tem a sua ação • Doença renal crônica • Depleção extravascular o Perda de volume • Drogas • Hipomagnesemia Tratamento • Reposição de cálcio o Em bomba de infusão contínua (ideal) • Corrigir magnésio (sempre lembrar de corrigir!) • Tratar doença de base Tratamento: • Oral o Casos leves e assintomáticos o Cálcio corrigido < 8 (entre 7,5 e 8) – não chama tanta atenção – ou Cálcio iônico > 0,8 • Endovenoso o Sintomas o QT prolongado (importância de SEMPRE fazer um eletro nesses pacientes) o Cálcio corrigido abaixo de 7,5 ou Ca iônico abaixo de 0,8 Caso 3 • Gestante, internada com quadro de pré- eclâmpsia grave em tratamento evolui com bradipneia e hiporreflexia • Qual o distúrbio hidroeletrolítico provável? à Hipermagnesemia. “O que uma gestante com pré-eclâmpsia grave geralmente toma? Sulfato de magnésio. Com isso tem que monitorizar (após a administração): Reflexo aquileu, frequência respiratória e débito urinário à Já que a intoxicação por magnésio dá = Bradipneia e hiporreflexia” Quadro clínico • Efeitos musculares o Hiporreflexia (mais precoce na região do aquileu e do patelar) o Fraqueza muscular • Manifestações cardiovasculares o Alterações elétricas (arritmia, ...) • Bradipneia Etiologia • Insuficiência renal • Iatrogenias o Infusão de magnésio o Ingesta oral (muito exagerada) o Mar morto § O Mar morto é rico em magnésio, sendo este um contexto mais da região geográfica o Enemas com magnésio Tratamento • O principal é se antecipar o Perceber que o magnésio está aumentando, o paciente está evoluindo com disfunção renal • Suspender magnésio (logo em seguida) • Gluconato de cálcio o Se apresentar alguma alteração eletrocardiográfica o Hiporreflexia o Sinais de intoxicação o É o antídoto que vai resolver os sintomas mais graves • Diuréticos o De alça (tipo Furosemida) • Diálise o Se for refratário ou se o paciente não tiver diurese Caso 4 • Homem, 58 anos, internado em enfermaria com hipocalemia refratária • Qual distúrbio hidroeletrolítico deve ser checado? = Magnésio! à Hipomagnesemia. Quadro clínico • Manifestações neuromusculares o Fraqueza neuromuscular principalmente • Efeitos cardiovasculares o Alargando intervalo QT • Interferência com o metabolismo do cálcio • Hipocalemia Etiologia • Gastrointestinal o Diarreia o Vômitos o IBPs? à prejudicam a absorção de magnésio (controverso) • Renal o Tubulopatias o DM descompensado o Drogas Continuação • Mg 1,0 • ECG com QT alargado • E agora? Tratamento • Reposição oral o Causas mais leves (Mg de 1,5/1,4) o Paciente assintomático • Reposição endovenosa o Mais grave (Mg < 1) o Sintomático • Tratar a causa base CLINICA MÉDICA Febre de Origem Obscura (FOO) • Definição de Petersdorf e Beson: o Toral > 38,3 ou Tax>37,8 aferida em várias ocasiões o Duração mínima de 3 semanas o Impossibilidade de fazer diagnóstico apesar de uma semana de investigação hospitalar • Definição mais atual (3, 3, 3): febre (T oral > 38,3 ou Tax > 37,8) por pelo menos 3 semanas, num contexto ambulatorial, de pelo menos 3 consultas de investigação ou, num contexto hospitalar, pelo menos 3 dias de internação em investigação Avaliação do paciente com FOO • Anamnese + exame físico • Contagem de células sanguíneas, com diferenciais • Hemoculturas (3 locais diferentes com intervalo de horas entre cada coleta) • Química sérica de rotina (como enzimas hepáticas e bilirrubina) • Se alteração em exames hepáticos → sorologia hepatites A, B e C • Urinalise e urinocultura • Rx de tórax • Se sinais ou sintomas apontando para algum órgão ou sistema específico, fazendo os exames específicos Etiologia • 3 causas mais comuns: o Infecção – 40% o Malignidade – 20-30% o Associada a doença reumatológica sistêmica – 15% Epidemiologia • O nº de não diagnósticos tem reduzido • TB extrapulmonar, tumores sólidos e abscesso abdominal tem reduzido a prevalência em virtude do diagnóstico precoce • Endocardite infecciosa, uma frequente causa de FOO, tem reduzido sua prevalência em virtude da melhoria das técnicas de isolamento do organismo • FOO verdadeira é incomum Classificação ➔ Durak e Street (1991): o FOO clássica o FOO hospitalar o FOO neutropênica o FOO associada ao HIV • Clássica o Febre em várias aferições o Duração mínima de 3 semanas o 3 consultas ambulatoriais ou 3 dias de internamento hospitalar sem elucidação diagnostica • Hospitalar o Febre em pacientes internados que não estejam em tratamento para alguma infecção já conhecida → ele estava internado por algum motivo e desenvolve febre o Pré-requisito mínimo de 3 dias de internação o Pelo menos 2 dias de incubação de culturas o AI Tem Coisa: ▪ A → Afecção → leucemia, linfoma, tumor sólido, doença de still, lúpus ▪ I → Infecção → rastrear infecção em pulmão e urina, principalmente – descartar pelo risco de desenvolver sepse ▪ T → terapêutica → medicação que esteja causando febre; Ex: hidantal, antibióticos ▪ C → complicação inerente ao internamento → Sonda nasoenteral ou nasogástrica; fenômenos tromboembólicos (TVP ou TEP); colite pseudomembranosa (clostridioides dificiles – febre pode surgir antes da diarreia); atelectasia • Neutropênica o Febre documentada o Neutrófilos < 500 ou perspectiva de queda para tal em 24-48h o Mais frequentemente relacionado a bacteremia o Necessário começar ATB imediatamente, com cobertura ampla para gram negativo e pseudomonas ▪ Neutropenia leve: 1000 – 1500 ▪ Neutropenia moderada: 500 – 1000 ▪ Neutropenia grave: < 500 • Associada ao HIV o Febre aferida em varias ocasiões o Paciente infectado pelo HIV o Reflete o grau de imunossupressão, melhor medido pela contagem de CD4 o Pensar em infecções oportunistas: tuberculose, Histoplasmose, pneumocistose Infecções mais associadas a FOO • Tuberculose • Abscessos – abdominais (frênico, hepático, perinefrético) e pélvicos o Prevalência maior em pacientes cirróticos, uso de esteroides ou imunossupressores, cirurgia recente, diabetes • Osteomielite • Endocardite bacteriana o Grupo HACEK: Haemophilus spp, Actinobacillus, Cardiobacterium, Eikenella e Kingella → necessita hemocultura incubada por 7 a 21 dias • Paracoccidioidomicose • Septicemia por Salmonella • Sinusite • Calazar Neoplasias mais associadas a FOO • Linfomas • Leucemias • Carcinoma de células renais • Carcinoma hepatocelular • Metástases hepáticas • Mixoma atrial Doenças inflamatórias não infecciosas mais associadas a FOO • Doença de Still • LES • Artrite reumatoide • Polimiosite • Arterite de células gigantes • Poliarterite nodosa • Arterite de Takayasu Miscelânea associada a FOO • Febre factícia • Febre medicamentosa • Hepatite alcoólica • Hematomas • Tireoidites • Insuficiência adrenal • Febres periódicas • Sarcoidose • Febre familiar do mediterrâneo Abordagem diagnóstica • Anamnese minuciosa o Histórico de viagens o Aspectos profissionais o Exposição a animais (pets, ocupacional, morar em fazenda) o Hábitos alimentares: ingestão de carnes e outros alimentos crus, leite não- pasteurizado o Abuso de drogas injetáveis e álcool o Investigar as endemias da região de origem do paciente (esquistossomose, malária, doença de Chagas, leishmaniose, paracoccidioidomicose) o Imunossupressão o Doenças pregressas o Histórico de medicamentos e toxinas – ATB, imunossupressores, AINE, anticonvulsivante o Sintomas localizatórios o Investigar aspectos psíquicos → febre factícia • Exame físico minucioso o Lesões cutâneas o Lesões na orofaringe o Linfadenomegalias o Massas abdominais ou pélvicas o Sopros cardíacos o Exame de fundode olho, boca, região anal e reto o Curva térmica • Exames complementares HEMATOLOGIA E BIOQUÍMICA SÉRICA: o Hemograma e esfregaço periférico o VHS e PCR o LDH o TGO, TGP, FA, bilirrubina o Ureia e creatinina o TSH e T4 livre o Eletroforese de proteínas séricas o CPK CULTURAS: o Hemoculturas – pelo menos 3 amostras de sítios diferentes com intervalos de 4 horas (de preferência coincidindo com picos febris) – se for usar ATB, dar após a coleta o Cultura de urina e fezes o Cultura de secreções corporais (escarro, lavado gástrico, líquor) URINA E FEZES: o Sumario de urina e urinocultura o Exame parasitológico de fezes o Pesquisa de sangue oculto nas fezes TESTES CUTÂNEOS: o Teste tuberculínico (PPD) – se negativo, realizar outros testes cutâneos para excluir anergia SOROLOGIA: o Antiestrptolisina (ASLO) o FAN o Fator reumatoide (FR) o ELISA para HIV e carga viral para pacientes de alto risco o VDRL, FTA-Abs o Sorologia para calazar o Anti – HbsAg, IgG e IgM, anti-HBC) o Ecocardiograma: ▪ Muito útil para endocardite o TC de abdome ▪ Substitui uma laparotomia exploratória e rx de abdome em busca de abscessos ou hematomas ocultos ▪ Linfadenopatia abdominal pode indicar linfoma ou processo granulomatoso ▪ RM é mais sensível em alguns casos, mas raramente feita na avaliação inicial o TC de tórax ▪ Adenopatia hilar ou mediastinal indica a realização de biópsia, buscando diagnosticar linfoma, histoplasmose ou sarcoidose - para a maioria destes testes, a taxa de falso positivo (levando a investigações desnecessárias) é semelhante a taxa de resultado útil • Medicina nuclear é geralmente reservada para os pacientes que a avaliação inicial continua negativa e é necessário um screening de todo o corpo o Screening de leucócitos marcados com Galio- 67 e Índio-111 → não específicos o Tomografia por emissão de pósitrons F- fluorodeoxiglucose (FDG-PET) o Contudo, a chance de um positivo ser falso positivo é a mesma de ser verdadeiro positivo • Testes específicos são necessários quando a história clínica, exames e imagem sugerem uma possível fonte o Sinais ou sintomas de SNC → punção lombar e imagem de crânio e/ou coluna vertebral o Histórico de viagem para o meio-oeste dos EUA ou desertos do ocidente → infecção fúngica? (histoplasmose e coccidiodomicose, respectivamente) → testes para o agente patogênico o Viagem para região endêmica de malária → esfregaço de sangue periférico o História de trauma, infecção adjacente ou uso de drogas IV → tromboflebite? → dupla imagem venosa • Biopsia não é necessária na avaliação primária o Contudo, a investigação diagnóstica pode sugerir um local apropriado para bx • Provas terapêuticas com antimicrobianos ou glicocorticoides raramente estabelece um diagnóstico o ATB pode suprimir, mas não curar, muitas infecções, assim como ocultar abscessos o 3 princípios básicos da prova terapêutica: ▪ Ser feita em monoterapia ▪ Medicação deve ser minimamente tóxica ▪ Medicação deve ter certa especificidade para a doença em que se está pensando e uma resposta rápida (24-72h) • Terapia empírica o Se suspeita de endocardite infecciosa, arterite temporal, TB de SNC e leptospirose → apressa os testes diagnósticos e inicia tratamento empírico o Antipiréticos: traz maior conforto e reduz cefaleia, mialgia, artralgia e fadiga. ▪ Contudo, os efeitos podem diminuir sinais e sintomas precoces de alguma doença especifica • Assim, evita-se prescrever paracetamol, AINES ou CE • Seguimento ambulatorial: o Pacientes estáveis e em bom estado geral • Seguimento hospitalar: o Estado geral comprometido o Incapacidade para o trabalho o Deterioração do quadro o Suspeita de doença grave Prognóstico • Depende do diagnóstico e das comorbidades do paciente • Crianças: 88% das FOO causadas por infecção permanece sem sequelas • A maioria dos adultos que permanece sem diagnostico ainda tem bom prognostico • 30 a 50% dos casos não identifica a etiologia Metabolismo do cálcio - Hipercalcemia e hipocalcemia Princípios de Nefrologia - Riella o A manutenção da homeostase do cálcio depende da regulação integrada que acontece no trato gastrointestinal, nos rins e nos ossos o A regulação fina do cálcio sérico faz-se pelo próprio cálcio, por meio de receptores nos órgãos- alvo, e por diversos hormônios, dos quais os mais importantes são o paratormônio (PTH) e a vitamina D Homeostase do cálcio o O esqueleto abriga mais de 99% do cálcio corporal total, predominantemente sob a forma de cristais de hidroxiapatita o Aproximadamente 1% do cálcio contido nos ossos é livre e rapidamente intercambiável com o líquido extracelular → O restante do cálcio corporal total está distribuído nos tecidos moles, nos dentes e no líquido extracelular o O cálcio sérico total é a soma de 3 componentes: cálcio livre; cálcio ligado a proteínas; e cálcio na forma de complexos o O cálcio livre (ou ionizado), que representa cerca de 50% do cálcio total, é a fração mais importante do ponto de vista biológico, pois desempenha o papel de íon regulador em muitos processos metabólicos → Sua concentração plasmática é de 5mg/dl o Aproximadamente 40% do cálcio plasmático está ligado de modo reversível a proteínas, principalmente à albumina → A diminuição em 1,0g/dl na concentração de albumina reduz a concentração de cálcio total em 0,8mg/dl o A ligação do cálcio à albumina é pH-dependente → Quando o pH aumenta, íons hidrogênio dissociam-se da albumina, o que favorece a ligação de cálcio à molécula = diminuição do cálcio livre → A variação de 0,1 unidade no pH sérico modifica a ligação albumina-cálcio em 0,12mg/dl, aproximadamente o 10% do cálcio total forma complexo com ânions, como bicarbonato, citrato, fosfato, lactato e sulfato Ingestão e absorção intestinal do cálcio o O cálcio é absorvido no intestino delgado, primordialmente no duodeno e jejuno proximal e, em menor quantidade, no íleo o Em torno de 70% do cálcio ingerido está ligado a compostos como sulfatos, fitatos, oxalatos e fosfatos, e não pode ser absorvido, sendo, então, excretado nas fezes o O cálcio é absorvido pelo trato digestivo por meio de transporte ativo e passivo: - Transporte do cálcio presente na luz intestinal para dentro da célula pelo canal epitelial de cálcio TRPV6 - Movimento intracelular no sentido apical- basolateral, conectado à proteína ligadora de cálcio calbindina D9k - Saída pela membrana basolateral no espaço extracelular, realizada principalmente pela bomba de membrana Ca2+ATPase, mas também pelo trocardo sódio-cálcio o A expressão do TRPV6, da calbindina D9k e da bomba Ca2+ ATPase é estimulada pela vitamina D o O aumento da demanda corporal por cálcio ativa ao máximo o transporte transcelular Metabolismo ósseo o Além de exercer uma função estrutural, de sustentação para o corpo humano, o esqueleto funciona como reservatório de cálcio o As principais células do tecido ósseo são os osteoblastos, osteócitos e os osteoclastos o Os osteoblastos localizam-se na superfície óssea e responsabilizam-se pela formação do osso, dando origem a novos cristais de hidroxiapatita o Os osteócitos constituem o estágio final de diferenciação dos osteoblastos, localizam-se no interior da matriz óssea e são responsáveis por traduzir a força mecânica imposta ao osso em sinais bioquímicos que regulam o remanejamento (turnover ósseo) o Os osteoclastos se localizam na superfície óssea e são responsáveis pela reabsorção óssea o Os precursores de osteoclastos apresentam, em sua superfície, o RANK → Os osteoblastos expressam o RANKL e a osteoprotegerina (OPG) o O sistema RANK-RANKL-OPG controla a diferenciação dos osteoclastos o O RANKL liga-se ao RANK e estimula a diferenciação dos precursores dos osteoclastos em osteoclastos maduros → A OPG funciona como um inibidorcompetitivo para o RANKL, impedindo a interação RANKL-RANK e a posterior maturação dos osteoclastos o O calcitriol estimula a expressão do RANKL e reprime a expressão da OPG; o PTH e algumas prostaglandinas também estimulam a expressão do RANKL Excreção renal de cálcio o Filtração glomerular → A fração ionizável (50%) e a fração “complexada” com vários sais (10%) são livremente filtradas - A maioria do cálcio filtrado é reabsorvida pelo néfron o Reabsorção tubular → A reabsorção do cálcio filtrado ocorre, passivamente, no túbulo contornado proximal e no ramo espesso ascendente da alça de Henle e, ativamente, no túbulo contornado distal e no túbulo coletor – estes dois últimos segmentos sofrem influência do PTH e da vitamina D - No túbulo contornado proximal, o cálcio segue a reabsorção ativa do sódio e 60% do cálcio filtrado é reabsorvido → Quando há expansão do volume extracelular, a excreção urinária de cálcio aumenta. Nos casos de depleção de volume extracelular, ocorre o oposto, com maior reabsorção - No ramo espesso ascendente da alça de Henle, outros 20 a 35% do cálcio filtrado são reabsorvidos → A reabsorção é paracelular, guiada pelo cotransportador Na-K-2Cl = Diuréticos de alça, como a furosemida, promovem maior excreção de cálcio ao diminuírem a voltagem luminal positiva criada por esse transportador - A reabsorção do cálcio regula-se nos túbulos contornado distal e coletor. A absorção ocorre em 3 passos: Transporte de cálcio luminal para o interior da célula por meio do canal epitelial de cálcio TRPV5 Movimento intracelular no sentido apical- basolateral ligado à calbindina D28k Extrusão pela membrana basolateral no espaço extracelular pelo trocador sódio-cálcio e pela bomba de membrana Ca2+ - ATPase Fatores que regulam a homeostase do cálcio VITAMINA D: o Colecalciferol ou vitamina D3 → Produzida na pele pela irradiação ultravioleta do 7-di- hidrocolesterol (7 DHC) o A exposição solar é responsável por 80 a 90% dos estoques de vitamina D o Peixes com alto teor de gordura, ovos e leite enriquecido constituem as principais fontes de vitamina D provenientes da dieta o Quando a vitamina D3 é formada na pele ou se ingere a vitamina D2, elas penetram na circulação, ligam-se a uma proteína transportadora específica (DPB) e são transportadas ao fígado o No fígado, a vitamina D é convertida em 25- hidroxivitamina D → Constitui a principal forma circulante da vitamina D o A 25(OH)D é transportada até os rins, onde é filtrada e liga-se, na membrana apical do túbulo proximal, ao complexo megalina-cubilina, que promove sua reabsorção o Nesse segmento tubular, a 25(OH)D é, então, convertida em 1,25-di-hidroxivitamina D, a forma ativa da vitamina D o As ações mais importantes da vitamina D são a regulação e a manutenção dos níveis plasmáticos de cálcio e fósforo, aumentando a captação intestinal, minimizando a perda renal e estimulando a reabsorção óssea, quando necessário PARATORMÔNIO (PTH): o Hormônio produzido pelas células principais das paratireoides, sua função principal é controlar os níveis séricos do cálcio o A meia-vida do PTH é curta e a excreção, realizada pelo rim o O PTH tem uma grande variedade de ações biológicas, relacionadas principalmente com a prevenção da hipocalcemia o No rim, apresenta 3 funções importantes: - Estimula a reabsorção de cálcio por via transcelular por meio do TRPV5 no túbulo distal - Inibe a reabsorção tubular de fósforo no túbulo proximal - No túbulo proximal, estimula a enzima 1alfa- hidroxilase e inibe a 24-hidroxilase, o que aumenta a formação da 1,25(OH)2D e reduz sua degradação → Como consequência, a absorção intestinal de cálcio e fósforo aumenta o No osso, o PTH aumenta a reabsorção óssea ao se ligar ao RANKL presente nos osteoblastos, indiretamente promovendo a formação de osteoclastos; além disso, diminui a produção de osteoprotegerina CALCITONINA: o É sintetizada nas células C da tireoide o Tem, na melhor das hipóteses, um papel secundário na regulação sérica do cálcio o Evidências mostram que estados crônicos de aumento de calcitonina (como no carcinoma medular de tireoide) ou de supressão da calcitonina (como na tireoidectomia total) não cursem com hipocalcemia o Além disso, a calcitonina não abaixo o cálcio sérico em indivíduos normocalcêmicos o Recomenda-se o uso médico da calcitonina quando existe hipercalcemia por excessiva reabsorção óssea, como acontece na doença de Paget óssea RECEPTOR SENSÍVEL DE CÁLCIO (CaSR): o O CaSR é considerado o “calciostato” do organismo, variando a secreção do PTH e a calciuria, para manter a calcemia dentro de valores rigidamente controlados o Nas paratireoides, o CaSR regula a secreção do PTH em resposta a alterações na calcemia. Também é fortemente expresso no rim, no qual regula a reabsorção de cálcio o Quando ativado, inibe a secreção do PTH e a reabsorção renal de cálcio HIPOCALCEMIA • Cálcio livre ou ionizado, habitualmente abaixo de 4,0mg/dl, o que corresponde a um cálcio total de 8,0mg/dl Causas de hipocalcemia: • Causas dependentes de PTH: ✓ Destruição das paratireoides: - Pós cirúrgico = forma mais comum de hipoparatireoidismo - Irradiação cervical - Infiltração das paratireoides = O hipoparatireoidismo pode advir de doenças de acúmulo de metal, como nos depósitos de ferro na hemocromatose ou em pacientes com talassemia, nos de cobre Na Doença de Wilson, ou, ainda, por infiltração granulomatosa (sarcoidose) ✓ Desenvolvimento deficiente das paratireoides: - Síndrome de DiGeorge = Manifestações clínicas incluem malformações cardíacas, aplasia tímica, anormalidade craniofacial, hipocalcemia (pela hipoplasia ou aplasia da paratireoide), fissura do palato ✓ Deficiência na secreção de PTH: - Hipo ou hipermagnesemia = A depleção ou excesso de magnésio podem causar hipocalcemia por induzirem hipoparatireoidismo funcional. A hipomagnesemia, geralmente em níveis menores que 1mg/dl, reduz a liberação de PTH e inibe a reabsorção óssea por ação direta ou de bloqueio da açaõ do PTH → A hipocalcemia só será corrigida com reposição de magnésio. Exemplos incluem o uso parenteral em terapia tocolítica, na eclampsia ou pré-eclâmpsia, ou quando o magnésio se acumula no plasma, em casos de insuficiência renal • Causas dependentes de vitamina D: ✓ Deficiência na produção ou absorção: - Diminuição da síntese cutânea = Estações do ano, latitude, hora do dia, idade, pigmentação da pele e uso de protetores solares - Diminuição da ingestão = Peixes com alto teor de gordura, ovos e leite enriquecido constituem suas principais fontes provenientes da dieta - Diminuição na absorção e aumento da perda = Por ser lipossolúvel, a vitamina D necessita formar micelas com sais biliares conjugados para manter-se em suspensão na luz intestinal. A absorção da vitamina D está prejudicada nas doenças que apresentam alterações do fluxo biliar (colestase hepática, cirrose biliar primária, doença do íleo terminal) e nas doenças com má absorção intestinal (doença celíaca, doença de Crohn) • Hipocalcemia do paciente criticamente enfermo: - A hipocalcemia é comum em pacientes que requerem internação em UTI - Vários mecanismos explicam a hipocalcemia no doente crítico: Excesso de catecolaminas circulantes Inibição da secreção do PTH Redistribuição intra e extracelular do cálcio • Medicações e outros agentes terapêuticos: - Agentes quimioterápicos, como cisplatina, leucovorina - Antibiótico gentamicina Quadro clínico: • A hipocalcemia crônica, leve a moderada, pode ser totalmente assintomática. Já a aguda em geral é sintomática • Neuromuscular: - Parestesias, especialmente das mãos, dos pés e periorais, são frequentes - Laringoespasmo, tetania e convulsões representam as manifestações mais graves - A tetania latente pode ser demonstradapelo sinal de Chvostek ao se percutir o nervo facial → O teste é positivo quando se observa contração da musculatura da hemiface ipsilateral ao estímulo - O sinal de Trousseau consiste no espasmo do carpo provocado por isquemia → Realiza-se a pesquisa insuflando-se o manguito de um esfigmomanômetro 10mmHg acima da pressão arterial sistólica por 3 a 10 min • Neuropsiquiátrico: - Eventualmente, observam-se irritabilidade, labilidade emocional, alucinações e depressão • Cardiovascular: - Hipotensão arterial e arritmias (prolongamento do intervalo QT e alterações de onda T na eletrocardiografia) • Gastrintestinal: - Constipação intestinal e dor abdominal Diagnóstico: • Baseia-se na medida do cálcio sérico • Pela relação variável do cálcio total com a albumina sérica e o pH, a dosagem do cálcio iônico é recomendada, sobretudo em pacientes criticamente enfermos • Nível de fósforo → A hiperfosfatemia sugere hipoparatireoidismo, pseudo – hipoparatireoidismo e insuficiência renal ou lise celular; Comumente, observa-se hipofosfatemia nos casos de hiperparatireoidismo secundário (diminuição na produção renal de calcitriol) e em outros distúrbios da vitamina D • Nível de magnésio →O magnésio deve também ser sempre pedido, pois valores muito baixos diminuem a secreção de PTH ou causam resistência óssea à ação do PTH • Creatinina → Doença renal crônica reduz a síntese de calcitriol e diminui a excreção de fósforo • Medida de PTH: o Pacientes com hipomagnesemia podem ter PTH elevado, normal ou baixo o No hipoparatireoidismo, o PTH é habitualmente diminuído e, no pseudo- hipoparatireoidismo, apresenta-se aumentado • Dosa-se 25 (OH)D: o Baixa ingestão, déficit de absorção e diminuição na produção cutânea causam deficiência de 25(OH)D Tratamento: • Deve-se tratar a hipocalcemia quando o valor corrigido de cálcio sérico total é inferior a 7mg/dl e naqueles pacientes cujos sintomas neuromusculares (tetania, parestesias, convulsões) estão presentes • Hipocalcemia aguda: o A abordagem inicial é a administração IV, em mais ou menos 10min, de 1 a 2g de gliconato de cálcio a 10% (100 a 200mg de cálcio elementar), com monitoramento clínico e eletrocardiográfico o Após o desaparecimento dos sintomas agudos, deve-se manter infusão de 0,5 a 1,5 mg/kg/h, até atingir concentração sérica de cálcio total ao redor de 8,0mg/dl HIPERCALCEMIA • Níveis de cálcio total maiores que 10,5mg/dl Causas de hipercalcemia: • Relacionadas com o PTH: ✓ Hiperparatireoidismo primário: - Aproximadamente 85% dos casos de HTP1° tem como causa principal o adenoma simples de uma das quatro glândulas da paratireoide - Irradiações prévias de cabeça e pescoço podem ser fatores predisponentes - Na presença de hipercalcemia, o PTH elevado fecha o diagnóstico de HPT1° - Outros achados laboratoriais que acompanham o HPT1° incluem hipofosfatemia (fósforo sérico inferior a 2,5mg/dl) e excreção urinária de cálcio e fósforo aumentada - A cirurgia com remoção do tecido anormal da paratireoide é o tratamento de escolha, indicada para todos os pacientes sintomáticos - Recomendações de paratireoidectomia para o HPT1° assintomático incluem: Idade menor que 50 anos Concentração sérica de cálcio acima de 1mg/dl do limite superior da normalidade Taxa de filtração glomerular < 60ml/min Densitometria óssea com T escore abaixo de -2,5 em qualquer sítio ✓ Carbonato de lítio: - Pode induzir aumento do limiar de supressão do PTH pelo cálcio na paratireoide, o que desvia o set point do PTH para a direita - Na maioria dos casos, a suspensão do medicamento faz com que haja retorno dos níveis de cálcio sérico aos valores normais ✓ Hipercalcemia hipocalciúrica familiar: - Patologia de herança autossômica dominante, caracteriza-se pela presença de hipercalcemia, níveis inapropriadamente normais de PTH e diminuição na excreção de cálcio - A maioria dos pacientes não requer tratamento • Relacionadas com a malignidade: ✓ Hipercalcemia osteolítica local: - Decorrente de intensa reabsorção óssea, é causada por fatores ativadores de osteoclastos - Associada principalmente a tumores de mama, pulmão e rim ✓ Hipercalcemia humoral da malignidade: - Responsável por 80% dos casos de hipercalcemia associados a neoplasia - Causada pela produção de PTHrp pelo tumor, que ocupa o receptor PTHR1 - Um terço dos casos está relacionado com carcinomas escamosos (pulmão, esôfago, cabeça e pescoço, cérvice) e o restante, com carcinoma renal, de mama, ovário, bexiga e pâncreas ✓ Hiperparatireoidismo ectópico: - Refere-se à produção de PTH por outros tumores que não os da paratireoide ✓ Produção de 1,25 (OH)2D pelo tumor: - Os linfomas Hodgkin ou não Hodgkin são mais envolvidos • Relacionadas com a vitamina D: ✓ Intoxicação por vitamina D: - A maior parte das ocorrências desenvolve-se durante o tratamento com vitamina D, em casos de hipoparatireoidismo, doenças ósseas ou tentativas de bloquear os efeitos dos corticoesteroides sobre o esqueleto ✓ Doenças granulomatosas: - Tuberculose, histoplasmose, candidíase e hanseníase, destaca-se a sarcoidose como principal causa de hipercalcemia - A hipercalcemia na sarcoidose tem origem por macrófagos presentes nos órgãos afetados, que produzem de modo autônomo a enzima 1alfa-hidroxilase → Com isso, adquirem a capacidade de converter o calcidiol em calcitriol, o que ocasiona aumento da absorção intestinal de cálcio e fósforo e supressão do PTH • Relacionadas com maior remanejamento ósseo: ✓ Hipertireoidismo: - Habitualmente hipercalcemia de grau leve - O hormônio tireoidiano age diretamente no osso, acelerando o turnover ósseo ✓ Imobilização: - A imobilização prolongada pode causar hipercalcemia e hipercalciúria em adultos, porém está habitualmente associada a outro distúrbio do remanejamento ósseo, como Doença de Paget - Em crianças, pode ocorrer isoladamente, após quadros de paraplegia ou quadriplegia - O mecanismo corresponde ao desequilíbrio entre o aumento da reabsorção óssea e a diminuição relativa da formação óssea, em virtude de menor estímulo gravitacional ✓ Intoxicação por vitamina A: - A vitamina A estimula a atividade osteoclástica - Um aspecto radiológico característico é a calcificação laminar periosteal, passível de visualização na radiografia das mãos • Relacionadas com insuficiência renal: ✓ Hiperparatireoidismo secundário grave: - Estado de função autônoma da paratireoide, caracterizado por hiperparatireoidismo hipercalcêmico - Em geral, representa o resultado de hiperparatireoidismo secundário de longa data, associado à doença renal crônica pré dialitica ou dialítica - Clinicamente, nota-se ausência de supressão do PTH aos níveis séricos de cálcio ou ao uso de análogos da vitamina D • Relacionadas com o uso de medicamentos: ✓ Tiazídicos: - A administração crônica desses medicamentos leva à hipercalcemia por redução da excreção de cálcio pela urina - Geralmente, a calcemia não é maior que 11mg/dl, sendo prontamente corrigida com a suspensão do tiazídico ✓ Estrógeno: - A administração de estrógenos pode levar à hipercalcemia grave em pacientes com câncer de mama e metástases ósseas Quadro clínico: • A hipercalcemia pode apresentar manifestações clínicas diversas, desde formas assintomáticas até graves crises hipercalcêmicas • Em geral, a necessidade de tratamento urgente se dá quando o nível de cálcio está acima de 12mg/dl • Geral: - Em sua forma leve, a hipercalcemia pode não apresentar sintomas - Entretanto, nos quadros mais graves são possíveis sintomas como anorexia, náuseas, vômitos, obnubilação, cefaleia, poliúria e noctúria • Neuropsiquiátrico: - Ansiedade, depressão, letargia e, em casos mais graves, confusão mental e coma • Cardiovascular: - Pode haver hipertensão arterial, principalmente por aumentoda reatividade vascular periférica - As alterações eletrocardiográficas mais comuns são: encurtamento do espaço PR e do QT; bloqueio AV de primeiro grau; e alterações da onda T • Gastrintestinal: - Constipação intestinal, anorexia, náuseas, vômitos e úlcera duodenal • Renal: - Polidipsia e poliúria, resultantes de diabetes insipido nefrogênico - Nefrolitíase - Nefrocalcinose Diagnóstico: • O HPT1° é a causa mais comum de hipercalcemia em pacientes ambulatoriais, enquanto a HHM representa a causa mais comum de hipercalcemia naqueles internados • Quando há hipercalcemia, a concentração sérica elevada de PTH praticamente fecha o diagnóstico de HPT1° o Em 85 a 90% dos pacientes portadores de HPT1°, os níveis de PTH estarão elevados • A HHM tem instalação abrupta e a neoplasia associada, na maioria das vezes, é clinicamente evidente o Os níveis de PTH estão muito baixos ou até mesmo indetectáveis o Apenas se necessita da dosagem de PTHrp circulante quando a origem da hipercalcemia não pode ser definida com base nos exames clínicos • A hipofosfatemia acompanha a elevação do PTH sérico, como no hiperparatireoidismo, ou do PTHrp, como na HHM, já que esses hormônios aumentam a excreção de fósforo pelos rins • A hiperfosfatemia estará associada à hipercalcemia nas outras situações, como nas doenças granulomatosas, na intoxicação por vitamina D, na tireotoxicose • A dosagem do cálcio urinário é um importante auxílio diagnóstico, principalmente na FHH, quando a dosagem de cálcio na urina menor que 100mg/g de creatinina possibilita o diagnóstico • Alterações radiológicas características da osteíte fibrosa, como reabsorção subperiosteal falangiana, lesões císticas claviculares e imagens em “sal e pimenta” no crânio, são observadas em menos de 10% dos casos de hiperparatireoidismo • O aumento da 25(OH)D sugere intoxicação por vitamina D, doenças granulomatosas, linfomas e produção renal aumentada no HPT1° Tratamento: • Direcionado principalmente aos pacientes sintomáticos • De modo geral, seus objetivos são: o Diminuição da absorção intestinal o Aumento na excreção urinária o Diminuição na reabsorção óssea o Quelação do cálcio ionizado • A crise hipercalcêmica, cursando com calcemias superiores a 14mg/dl, é uma emergência endócrina o O tratamento inicia-se por medidas de repleção do espaço extracelular, com hidratação oral e solução salina IV, com infusão de até 2500 a 4000ml/dia o Geralmente, necessita-se repor também magnésio e potássio o Em seguida, depois de corrigido o volume do espaço extracelular, pode-se iniciar a infusão intermitente de furosemida, que bloqueia a reabsorção tubular renal de cálcio e promove calciurese • A calcitonina é útil na estabilização da calcemia, pois causa inibição da atividade osteoclástica, com efeito máximo bastante rápido, logo após a administração da primeira dose o Seu uso contínuo, entretanto, leva ao fenômeno da taquifilaxia • O emprego de bisfosfonatos (pamidronato ou ácido zoledrônico) tem sido amplamente recomendado para o tratamento da hipercalcemia, por sua propriedade de inibição potente e prolongada da reabsorção óssea o O efeito máximo dos bisfosfonatos se dá entre o 2° e o 5° dia • Os corticosteroides são utilizados em pacientes com hipercalcemia causada por maior absorção de cálcio intestinal, como nos casos de excesso de atividade ou produção de vitamina D o Na sarcoidose e em outras doenças granulomatosas, têm efeito direto sobre a atividade da doença o O efeito máximo é obtido em 7 a 10 dias • A hemodiálise está reservada àqueles pacientes que apresentem insuficiência cardíaca ou renal, nos quais haja contraindicação de infusão de grandes volumes de solução salina Hipernatremia MEDCURSO, Emergência USP ▪ Definida por uma concentração de sódio sérico > 145mEq/L ▪ Quase que invariavelmente, a hipernatremia é um distúrbio associado à perda de água, por perdas renais ou extrarrenais ▪ A hipernatremia é o parâmetro laboratorial que expressa e quantifica o estado hiperosmolar, já que o sódio é o principal elemento da osmolaridade extracelular ▪ Toda hipernatremia é hipertônica = sempre cursa com aumento da osmolaridade plasmática efetiva CAUSAS DE HIPERNATREMIA ▪ Para desenvolver hipernatremia, duas condições são necessárias: o Perda de água livre ou de fluidos hipotônicos o Incapacidade de ingerir ou ter acesso a líquidos ▪ Nos indivíduos que têm o centro da sede funcionante e são capazes de ter acesso à ingestão de líquidos, a hipernatremia não se mantém, pois a água consumida irá corrigir prontamente o distúrbio natrêmico → Por isso, enconcentramos hipernatremia geralmente em recém-natos, lactentes, idosos, pacientes intubados e indivíduos com rebaixamento da consciência ou pacientes gravemente enfermos e acamados, pois são justamente estes os pacientes que não têm livre acesso à água 1. Perda de água livre: o Aumento das perdas cutâneas: - Entre as causas mais comuns de hipernatremia - Exercícios físicos prolongados e extenuantes, febre alta diária, queimaduras = importantes causas de perda de água livre, com uma perda geralmente desprezível de eletrólitos o Perda respiratória: - Indivíduos com hiperpneia ou taquipneia perdem uma quantidade expressiva de água livre pela respiração o Diabetes Insipidus: - É a situação patológica de insuficiência do ADH, seja por déficit de produção do hormônio no hipotálamo ou de sua liberação na neuro- hipófise (DI central), seja por resistência à ação periférica (renal) deste hormônio (DI nefrogênico) - Se o paciente for ambulatorial e tiver o centro da sede preservado, não fará hipernatremia, pois a perda de água livre pela urina será compensada pelo aumento da sede e da ingestão de líquidos (polidipsia) - Queixa de poliúria e polidipsia → Diagnóstico diferencial com DM e polidipsia primária - Pode ocorrer em pacientes internados, comatosos e sem acesso espontâneo à água ou com disfunção do centro da sede → Estes pacientes podem desenvolver hipernatremia grave e fatal - A situação mais típica é o pós-operatório imediato de neurocirurgia, normalmente a ressecção de tumores cerebrais de localização hipotalâmica ou hipofisário = distúrbio transitório 2. Perda de fluidos hipotônicos: o Diarreia osmótica: - Presença em grande quantidade de uma substância alimentar não absorvível pelo trato gastrointestinal causa diarreia por efeito osmótico - O líquido diarreico contém baixas concentrações de sódio e potássio → A perda de água em excesso à perda de eletrólitos leva à hipernatremia - Causas: gastroenterites infecciosas (virais), uso de laxante (hidróxido de magnésio), sorbitol, lactulose, manitol o Diuréticos de Alça: - Como agem no segmento tubular responsável por gerar a hiperosmolaridade do interstício medular, estes diuréticos, ao contrário dos tiazídicos, reduzem o poder de concentração urinária, tornando a urina isosmolar (300 mOsm/L) - Exemplo: furosemida o Poliúria Osmótica: - A principal causa é o diabetes mellitus → Uma glicemia > 180mg/dl excede o limiar renal de reabsorção da glicose, gerando glicosúria - A glicose é uma substância osmótica que leva a água consigo. A urina, portanto, fica rica em glicose e água, mas pobre em sódio - Outros dois tipos de diurese osmótica são o uso de manitol (geralmente para tratamento do edema cerebral) e o aumento da ureia urinária, pela alimentação hiperproteica 3. Redução patológica da ingestão de água: o Hipodipsia hipotalâmica: - Alguns pacientes com lesão do hipotálamo, por tumor, doença infiltrativa (sarcoidose) ou doença cerebrovascular, possuem hipodipsia (diminuição da sensação de sede) e são cronicamente hipernatrêmicos 4. Ganho de sal ou soluções hipertônicas: o Ingestão de sal ou infusão hipertônica: - Infusão inadvertida de salina hipertônica, infusão de bicarbonato de sódio, ingestãoexcessiva de sal sem beber água, ingestão de água salgada, dieta enteral hiperosmolar, múltiplos clisteres salinos, diálise hipertônica o Hiperaldosteronismo primário: - Ocorre nos adenomas ou adenocarcinomas suprarrenais ou na hiperplasia suprarrenal idiopática - As principais consequências são hipertensão arterial sistêmica por hipervolemia crônica e hipocalemia + alcalose metabólica. Esses pacientes frequentemente possuem uma hipernatremia discreta (145-147 mEq/L) - Na Síndrome de Cushing, o excesso de cortisol pode ter efeito mineralocorticoide, provocando hipervolemia, hipocalemia, alcalose e hipernatremia DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO ▪ Diabetes insipidus: - Bioquímica urinária irá revelar uma osmolaridade < 250 mOsm/L e o EAS mostrará uma densidade urinária > 1.010, mesmo na vigência de hipernatremia - Teste de restrição hídrica: Para diferenciar de polidipsia primária → Deve ser feito com o paciente internado e está contraindicado na vigência de hipernatremia O paciente permanece algumas horas sem ingerir nenhum líquido e sem hidratação venosa, enquanto o débito urinário, a osmolaridade ou densidade urinária e a natremia são medidos a cada 1 h → Se a poliúria permanecer, a osmolaridade ou densidade urinária continuarem baixas e surgir hipernatremia = diabetes insipidus - Dosar ADH plasmático e administrar desmopressina (dDAVP): Diferenciar entre DI central e DI nefrogênico → No DI central ocorre aumento > 50% na osmolaridade urinária após a dose de desmopressina, e o ADH plasmático encontra-se reduzido No DI nefrogênico o aumento na osmolaridade urinária ou não ocorre ou é < 50%, e o ADH plasmático encontra-se aumentado ▪ Perdas não urinárias (Febre, hiperpneia, diarreia): - Paciente está necessariamente oligúrico e com urina hiperconcentrada (osmolaridade > 500 mOsm/L e densidade > 1025) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ▪ A hipernatremia aguda grave leva à desidratação neuronal e cerebral, provocando distúrbios neurológicos (Encefalopatia Hiperosmolar), especialmente quando excede 160 mEq/L: - Surge rebaixamento da consciência, chegando ao coma e crise convulsiva - Fraqueza e dor muscular são indícios de rabdomiólise hipernatrêmica ▪ A hipernatremia de instalação lenta e progressiva desencadeia um mecanismo protetor, caracterizado pela captura celular de substâncias osmóticas, tais como eletrólitos (Na, K, Cl-), aminoácidos e inositol → Com isso, as células ficam mais hiperosmolares, à semelhança do plasma, evitando uma desidratação celular acentuada Nesses pacientes, é perigosa a reposição rápida de água livre, corrigindo abruptamente a osmolaridade para níveis normais; o plasma se torna subitamente hiposmolar em relação aos neurônios, provocando edema cerebral agudo TRATAMENTO ▪ O tratamento da hipernatremia é a reposição de água livre ▪ A água deve ser oferecida de preferência pela via oral, pelo cateter enteral, ou por qualquer outro tipo de acesso ao tubo digestivo ▪ Se houver indicação de reposição intravenosa exclusiva (redução do nível de consciência, obstrução intestinal), a solução escolhida não poderá ser a água destilada, pois a infusão de grandes quantidades provoca hemólise ▪ Após calcular o déficit corporal de água, acrescenta-se a este montante a reposição das “perdas insensíveis” normais (cerca de 1500ml), pois tais perdas podem agravar ou dificultar a correção da hipernatremia ▪ Antes de iniciar a reposição, é importante determinar se a perda foi de água livre (perda cutânea, pela respiração, diabetes insipidus) ou de fluidos hipotônicos (diarreia, poliúria) o Água livre: Repor água livre “pura” (água potável pelo trato digestivo ou SG 5% pela via intravenosa) o Fluidos hipotônicos: Como geralmente há hipovolemia associada, temos que repor água livre + sódio ▪ Reposição de água livre: - Pela via oral ou enteral daremos água potável, e pela via parenteral utilizaremos soro glicosado a 5% ▪ Reposição de fluidos hipotônicos: - Se houver franca hipovolemia, inicialmente faremos SF 0,9% em bolus até a correção do volume circulante efetivo, mas na ausência de instabilidade hemodinâmica devemos evitar o soro fisiológico 0,9% - A solução de escolha é a salina hipotônica, que pode ser a 0,2% ou 0,45% ▪ O objetivo do tratamento da hipernatremia aguda sintomática é baixar a natremia a uma taxa máxima de 10mEq/L em 24h → Orivaldo falou que pode repor no máximo 12 mEq/L ▪ Reposição de água: ✓ Exemplo: Paciente 100kg, Na normal de 140, Na atual de 160 - Água corporal do paciente = Peso x 0,6 = 60L - Água atual = 60 x 140/ 160 - Água atual = 52,5L → Você tem 52,5L de água com um sódio de 160, mas seu volume de água normal é 60L, então para normalizar você tem que aumentar 7,5L de água - Porém 7,5L alteram 20mEq (140-160) e só pode alterar no máximo 12mEq, então faz uma regra de 3: 7,5 L --→ Alteram 20 mEq X → Alteram 12 mEq X = 4,5L - Ou seja, se eu fizer 4,5L em 24 horas, vou descer 12 mEq do sódio do paciente ✓ Exemplo: Paciente 62kg, Na normal de 140, Na atual de 150 - Água corporal da paciente = Peso x 0,5 = 31L - Água atual = 31 x 140/150 - Água atual = 28,9 → Você tem 28,9L de água com um sódio de 150, mas seu volume de água normal é 31L, então para normalizar você tem que aumentar 2,1L de água ▪ Tratamento do Diabetes Insipidus: - O DI Central deve ser tratado com reposição exógena de desmopressina - Além da reposição do dDAVP, devemos restringir a ingestão de sal e proteína na dieta, para diminuir a poliúria - No DI Nefrogênico, não adianta repor desmopressina → O tratamento se baseia na restrição de solutos da dieta (sal e proteína) - Se a poliúria ainda for acentuada, devemos associar diuréticos tiazídicos = tiazídicos reduzem a poliúria no diabetes insipidus → O mecanismo é o aumento da osmolaridade urinária, por agirem inibindo a reabsorção de NaCl nos segmentos diluidores da urina, além de reduzirem a volemia do paciente o suficiente para reduzir a excreção urinária de sal Hiponatremia Medicina de Emergência, AULA, MEDCURSO ▪ Concentração de Sódio < 135 mEq/L ▪ Os mecanismos da hiponatremia costumam estar mais associados a alterações do balanço hídrico do que propriamente ao sódio ▪ A osmolaridade plasmática depende do principal soluto do EC, sódio, enquanto a osmolaridade do IC depende do principal soluto deste compartimento, o potássio ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA ▪ A hiponatremia é na maioria das vezes causada por alteração do balanço hídrico com excesso de água corporal em relação ao sódio ▪ Um excesso de carga hídrica pode ser rapidamente eliminado pelo corpo humano por meio de diurese diluída ▪ Osmolaridade total = Concentração de todos os solutos em uma dada massa de água (mOsm/kg), independentemente de os osmóis poderem ou não se mover através das membranas biológicas ▪ Osmolaridade efetiva = Refere-se aos osmóis que contribuem para o movimento da água entre o compartimento intracelular e extracelular (apenas solutos efetivos criam gradientes osmóticos através das membranas celulares, ou seja, os solutos que não passam livremente pela membrana plasmática) → A ureia passa livremente pela membrana das células (lipossolúvel), por isso não contribui para a osmolaridade efetiva ▪ A tonicidade informa o número de substâncias osmoticamente ativas de uma solução → Na maioria dos casos, a hiponatremia reflete baixa osmolalidade efetiva (hipotonicidade) = degeneração hidrópica celular ▪ Osmolaridade = 2x (Na) + glicemia/ 18 + ureia/6 Osmolaridade efetiva = 2x (Na) + glicemia/18 Valor de referência = 275- 285 mOsm/kg ▪ Mudanças na osmolaridade podem causar alterações neurológicas com deslocamento de água para o cérebro = edema cerebral ▪ Os principais reguladores do metabolismo da água corporal são o mecanismo da sede e a vasopressina, secretada pelo hipotálamo ➢ Sede: - O centro da sedeé ativado por aumentos da osmolaridade sérica acima de 290 mOsm/L - A sede é o principal fator protetor contra a hiperosmolaridade, sendo ainda mais importante que o próprio ADH ➢ Hormônio antidiurético: - Produzido no hipotálamo e liberado pela neuro- hipófise - Uma queda da osmolaridade abaixo de 275 mOsm/L praticamente suprime a liberação do hormônio - Acima de 275 mOsm/L a produção e liberação do ADH aumentam proporcionalmente ao acréscimo da osmolaridade - Age no túbulo coletor, tornando a célula tubular altamente permeável à água → Consegue reabsorver água livre, produzindo uma urina concentrada - Uma redução maior ou igual a 8% no volume circulante efetivo também estimula a secreção de ADH, mediado por barorreceptores → Tentativa de restabelecer o enchimento vascular ▪ O ADH é produzido no hipotálamo e secretado pela hipófise posterior nas seguintes condições: o Osmolaridade sérica elevada o Volemia ou pressão arterial reduzidas ▪ Em condições fisiológicas, quando a osmolaridade sérica cai abaixo de 280 mOsm/l, o ADH é suprimido, fazendo com que o rim excrete água livre na tentativa de evitar maiores quedas da osmolaridade sérica ▪ A liberação de ADH costuma ser causada por uma diminuição do volume circulante efetivo, que pode ser gerada por hipovolemia (desidratação, diarreia, sangramento), por má distribuição dos fluidos corpóreos, com extravasamento do líquido intravascular (cirrose, síndrome nefrótica) ou ainda por diminuição da perfusão (insuficiência cardíaca) ▪ Além das causas fisiológicas de aumento da liberação do ADH, existe ainda a Síndrome de Secreção Inapropriada de ADH (SIADH) ▪ A hiponatremia verdadeira é necessariamente hipotônica ▪ Sempre que estiver diante de uma hiponatremia, vou ver a glicose → Precisa corrigir a natremia de acordo com a glicose HIPONATREMIA HIPERTÔNICA (> 295 mOsm/L) ▪ A maior causa desse tipo de hiponatremia são as grandes hiperglicemias ▪ A cada aumento de 100mg/dl na glicemia, o sódio sérico cai aproximadamente 1,6mEq/L Exemplo = Paciente tem 800 de glicemia; Na de 120 Na corrigido = Na medido + variação da glicemia Se essa moça tem 800 de glicose e o normal é 100, ela está com 700 acima do normal = 1,6 x 7 = 11,2 → Na corrigido é de 131 ▪ Pode ser causada ainda por infusão de soluções hipertônicas (manitol e glicose) ou intoxicação por álcoois HIPONATREMIA ISOTÔNICA (280- 295 mOsm/L) ▪ Pseudo- hiponatremias → Artefatos na medição do sódio ▪ Proteínas séricas (paraproteinemias como no mieloma, hiperbilirrubinemia, imunoglobulinas) ▪ Hipertrigliceridemia HIPONATREMIA HIPOTÔNICA (< 280 mOsm/L) ▪ São as hiponatremias verdadeiras ▪ São divididas conforme o estado volêmico do paciente em normovolêmico, hipovolêmico e hipervolêmico o Hiponatremia hipovolêmica com sódio urinário baixo: - Ocorre nas perdas extrarrenais de volemia, em decorrência de vômitos, diarreia e/ou hemorragias - O sódio urinário é < 20 mEq/L, graças à intensa reabsorção tubular de sódio mediada tanto pela queda da “natriurese pressórica” quanto pelo mecanismo aldosterona- dependente, que promove reabsorção de Na no túbulo coletor o Hiponatremia hipovolêmica com sódio urinário alto: - Diuréticos tiazídicos - Síndrome cerebral perdedora de sal: ocorre na primeira semana após uma lesão cerebral grave. Mecanismos são a hiperativação simpática (por desregulação do sistema nervoso autônomo), levando ao aumento da pressão arterial sistêmica com aumento da filtração glomerular e da natriurese; Secreção anômala de Peptídeo Natriurético Cerebral (BNP), que estimula diretamente a perda de sódio pelos túbulos renais - Hipoaldosteronismo: Deficiência de aldosterona gera déficit de reabsorção de sódio → Perda de sódio na urina induz hipovolemia → Estimula secreção de ADH → Retenção de água livre → Hiponatremia ▪ Uma das mais importantes etiologias de hiponatremia são o uso de medicações: o Diuréticos tiazídicos o Fenotiazinas (clorpromazina) o Antidepressivos tricíclicos o Inibidores seletivos da recaptação de serotonina o AINEs, nicotina, opiáceos, clorpropramida, fibratos, carbamazepina, ciclofosfamida ▪ Secreção Inapropriada de ADH (SIADH): o Osmolalidade sérica efetiva < 275mOsm/kg o Osmolalidade urinária > 100mOsm/kg em paciente com osmolaridade efetiva diminuida o Euvolemia clínica o Concentração de sódio urinário > 30mmol/L com ingesta normal de sal e água o Ausência de insuficiência adrenal, tireoidiana, hipofisária ou renal o Sem uso de agentes diuréticos o Causas: - Neoplasias malignas (carcinomas de pulmão, leucemia, linfoma) - Distúrbios do SNC (infecções, trauma, tumores) - Doenças pulmonares (tuberculose, pneumonia, infecções fúngicas, abscesso pulmonar, VM) - Medicações (antidepressivos, carbamazepina) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ▪ Hiponatremia: - Aguda: < 48 horas de instalação - Crônica: > 48 horas de instalação - Leve: 130-135 mEq/L - Moderada: 125 a 129 mEq/L - Grave: < 125 mEq/L ▪ Os pacientes, principalmente nas formas leves de hiponatremia, podem apresentar sintomas como mal estar e náuseas ▪ Pacientes com hiponatremia de maior gravidade podem apresentar cefaleia, letargia e obnubilação ▪ As formas graves de hiponatremia podem cursar com coma e convulsões ▪ Sintomas moderados: - Náuseas sem vômitos - Confusão mental - Cefaleia ▪ Sintomas graves: - Vômitos (se secundários a hiponatremia) - Desconforto respiratório - Sonolência anormal ou excessiva - Convulsões - Coma (escala de Glasgow < 8) EXAMES COMPLEMENTARES ▪ Mensuração do sódio ▪ Mensuração do potássio ▪ Avaliação da função renal – ureia e creatinina ▪ Em pacientes com hiponatremia hipovolêmica, a dosagem de sódio urinário pode orientar se as perdas de sódio são renais ou extrarrenais (sódio urinário > 30mEq/L indica perdas renais e valores inferiores indicam perdas extrarrenais) ▪ Em pacientes com hiponatremia hipervolêmica, as hipóteses diagnósticas incluem insuficiência cardíaca (IC), cirrose e síndrome nefrótica → Exames apropriados para essa patologia ▪ Pacientes com hiponatremia euvolêmica → Dosagem de cortisol (insuficiência adrenal), TSH (Hipotireoidismo) e exames para descartar SIADH DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA ▪ PASSO 1: o Solicitar aferição da glicemia capilar → Excluir hiponatremia hipertônica induzida por hiperglicemia o Perguntar sobre cirurgias recentes com uso de irrigação com soluções hipotônicas o Tratamentos recentes com manitol, glicerol ou imunoglobulina IV o Icterícia devido a síndrome colestática o Discrasia de células plasmocitárias o Aspecto lipêmico do soro na coleta sanguínea ▪ PASSO 2: o Uso de diuréticos tiazídicos o Disfunção renal avançada (ClCr < 15mL/min) o Avaliar se há edema e/ou ascite → Insuficiência cardíaca, cirrose e síndrome nefrótica o Sinais de hipovolemia: Hipotensão ortostática, turgor da pele reduzido e mucosas secas = Dosar sódio urinário: - Sódio urinário < 25-30mEq/L: sugere perdas extrarrenais de sódio, como gastrointestinais ou para o terceiro espaço - Sódio urinário > 40mEq/L: sugere perdas renais de sódio, como insuficiência adrenal, síndrome cerebral perdedora de sal e perdas por diuréticos o Pacientes euvolêmicos: Dosar sódio urinário e a osmolaridade urinária: - Sódio urinário < 25 mEq/L e osmolaridade urinária < 100 mEq/L sugerem que o paciente tem ADH adequadamente suprimido = Pesquisar ingesta intencional excessiva de água, como polidipsia primária, maratonistas ou uso de ecstasy - Sódio urinário > 40 mEq/L e osmolaridade urinária > 100 mOsm/L, deve-se realizar pesquisa para deficiência de glicocorticoide com cortisol sérico da manhã e teste da estimulação do ACTH, e para hipotireoidismo com TSH; Caso testes negativos, o diagnóstico de exclusão é de SIADH TRATAMENTO ▪ Hiponatremia hipovolêmica: o O tratamento é a reposiçãovolêmica com cristaloides, sendo o soro fisiológico 0,9% a solução de escolha o Na Síndrome Cerebral Perdedora de Sal, após normalização da volemia com SF 0,9% pode- se aumentar o aporte de sal na dieta do paciente, ou mesmo empregar uma droga que aumente a reabsorção tubular de sódio, como a fludrocortisona ▪ Hiponatremia crônica “assintomática”, normovolêmica ou hipervolêmica: o O professor disse que só tratamos hiponatremia aguda e sintomática o Medcurso: Trata, pois, estudos mostraram que hiponatremias crônicas, mesmo quando moderadas, se acompanham de déficits neurológicos discretos o Primeira coisa: Identificar fatores etiológicos removíveis – medicamentos- devem ser suspensos ou substituídos; insuficiência suprarrenal e hipotireoidismo devem receber reposição hormonal específica o Se o paciente estiver assintomático do ponto de vista neurológico, a conduta básica é a restrição hídrica → Perda diária de água livre deve ser maior que a ingesta ou infusão, gerando um balanço negativo de água e corrigindo a hiponatremia paulatinamente o Caso essa medida não seja suficiente, acrescentar furosemida oral para reduzir a osmolaridade urinária, o que permite maior excreção renal de água livre o Em pacientes com SIADH → restrição hídrica + dieta hipersódica. O acréscimo do diurético de alça deverá ser considerado quando não houver resposta. Outros tratamentos: adição de ureia na dieta; bloqueadores do receptor de vasopressina ▪ Hiponatremia aguda sintomática: o Reposição de sódio: ✓ Solução utilizada: Solução salina a 3% → Em 1000ml tem 513 mEq ✓ Riscos da reposição: Posso alterar no máximo, 12 mEqs em 24 horas, pelo risco de fazer desmielinização osmótica ✓ Fórmula da reposição: Na realidade, não usa o potássio, fica: Na infusão – Na sérico dividido pela água corporal total + 1 ✓ Exemplo: Paciente A, Na 113, 53 kg, quero repor 7 mEqs em 24 horas - Água corporal da paciente: 0,5 x peso (se fosse homem, era 0,6 x peso) = 0,5 x 53 = 26,5L - Fórmula: 513 (valor do sódio na solução salina) – 113 (sódio da paciente) / 26,5 + 1 = 14,5 mEq → Ou seja, 1 litro de soro a 3% vai subir 14,5 mEqs, eu quero alterar 7 mEqs ai faço a regra de 3: 14,5 ----- 1000ml 7 ------- x X = 482 ml de soro ✓ Exemplo: Paciente B, Na 115, 100kg, quero repor 10 mEq em 24 horas - Água corporal do paciente: 100 x 0,6 = 60L - Fórmula = 513 – 115 / 60 + 1 = 6,5 → Ou seja, 1 litro de soro a 3% vai subir 6,5 mEq, eu quero subir 10 mEq, aí eu faço a regra de 3: 6,5 ------ 1000ml 10 -------- x X = 1538 ml de soro Abordagem do paciente com fibromialgia Reumatologia Conceito atual o Trata-se de uma síndrome de amplificação dolorosa crônica, caracterizada por dor difusa pelo corpo. Em mais de 80% dos pacientes, a dor se acompanha de fadiga e distúrbios do sono e, em muitos casos, também de cefaleia, cólon irritado e alterações do humor como depressão e ansiedade - Na verdade, em última análise, é uma doença neurológica que a gente estuda na reumatologia, muito importante, pois vai vir como queixa de dores nas partes moles do corpo, principalmente, e articular também - Dor em toda parte do corpo - Esse é o conceito mais atual da fibromialgia, uma síndrome de amplificação dolorosa crônica, associado a distúrbios do sono, fadiga, cefaleia, cólon irritado e alterações do humor, como depressão e ansiedade Epidemiologia o Distribuição universal o É uma das mais frequentes síndromes reumatológicas o Prevalência: 0,2 a 5% da população mundial (muita gente!!); 2,0 a 2,5% no Brasil - Se considerar que artrite reumatoide que é uma doença comum, é 1% da população mundial, fibromialgia é pelo menos 2,5x mais o 8-9M : 1H (ambientes clínicos – ambulatórios de grandes hospitais) e 2-3M : 1H (populacionais) - Bem mais mulher que homem, até porque homem não vai muito a procura médica - A predominância feminina é indiscutível o 25-65 anos, com média de 49 anos – perimenopausa é o pico (também descrita em crianças e idosos) → Idade de início da doença - Os idosos, cada vez mais, conseguem ter mais tempo de vida útil, comum então, o paciente hoje com 70 anos parecer um de 50 anos, há 50 anos atrás, então tem mais fibromialgia também - Existe casos em crianças, inclusive são casos bem difíceis. Antigamente achava que não existia em criança, por isso tem essa observação o Mais prevalente em doentes crônicos - Vários trabalhos mostram que quando você já tem uma doença crônica que envolve dor, você tem maior risco para desenvolver fibromialgia. Exemplo é paciente que tem artrite reumatoide, a gente sabe que ele tem quase 50% de chance de, em algum momento da doença dele, desenvolver fibromialgia associada, pois ele já convive com dor quase que diariamente o 30% das consultas em ambulatório de reumatologia envolve fibromialgia - De cada 3 pacientes que você atende na reumatologia, 1 tem fibromialgia, é muito muito comum - A gente tem que estudar, pois esses pacientes vão estar em qualquer especialidade que a gente fizer → O problema da fibromialgia é a ignorância médica, a maioria dos médicos mesmo formados não entendem, não estudam e não sabem o que é fibromialgia Fisiopatologia o Genética: ▪ Polimorfismos do gen COMT; gens dos canais de sódio e potássio; gens de metabolismo de neurotransmissor (como serotonina, noradrenalina); proteínas organizadoras do SNC ▪ Agregação familiar (Parentes de primeiro grau = risco 8,5x maior de desenvolver) → Indiscutível ▪ Traço de personalidade perfeccionista e detalhista → Isso não é regra, mas muitos sim o Gatilhos periféricos: ▪ Estresse emocional ▪ Processos infecciosos (parvovírus B19, hepatite C) → Muito comum nas histórias dos pacientes, o estresse emocional e processos infecciosos desencadeando quadro de dor difusa. Nos EUA, tem muita parvovirose B19, é um dos vírus mais comuns lá que iniciam o processo infeccioso. Hepatite C também tem vários relatos, mas pode ser qualquer infecção, qualquer infecção pode servir de gatilho para iniciar a fibromialgia ▪ Traumas (repetidos) → Tanto físicos quanto emocionais ▪ Endocrinopatias (hipotiroidismo) → Sabemos que o hipotireoidismo pode ser um gatilho fundamental para despertar a fibromialgia no paciente geneticamente predisposto. Também é um dos principais diagnósticos diferenciais da fibromialgia, pois simula em tudo a fibromialgia quando está bem descompensado ▪ Estímulos imunes (doenças auto-imunes) → Você pode ter uma genética para fibromialgia, o individuo começou, por exemplo, a ter uma artrite reumatoide (AR) e isso serviu de estímulo lá para a genética da fibromialgia e ele vai desenvolver a fibromialgia também associada a AR, Lupus, Psoríase, isso é muito comum - Então, você tem que ter uma predisposição genética, como todas as doenças da reumatologia, e, em geral, você vai precisar de um gatilho para desenvolver a doença o Disfunções do sistema autônomo e hormonal o Anormalidades psicofisiológicas o Anormalidades da neurotransmissão e estruturação do SNC → Talvez seja a parte mais importante de todas, ou seja, por isso que a gente fala que na verdade é uma doença neurológica Só para representar: O estresse psicológico, estresse infeccioso, estresse imunológico, estresse físico repetitivo, podem, no individuo de genética para fibromialgia, servir como o ponto de partida para a percepção alterada da dor o Síndrome de Sensibilização Central = Resposta anormal e inadequada do SNC aos estímulos periféricos em decorrência de uma hiperexcitabilidade neuronal, causando, no caso da FM, dor inadequadamente amplificada - É um conceito mais novo, essa Síndrome de Sensibilização Central. Há várias doenças que são hoje entendidas como sensibilização central, e a fibromialgia é uma delas - É exatamente isso, síndrome de sensibilização central é quando os neurônios e as relações entre eles/ a conectividade deles, está anormal/ inadequada.Em geral, está hiperexcitada/ aumentada, causando os sintomas de dor difusa musculoesquelética Fisiopatogenia - O que vemos, que não sabíamos no passado e hoje está muito bem determinado, é que a fibromialgia é um conjunto de duas coisas, de uma nocicepção periférica, uma aferição de estímulos muito aumentados e o controle central de dor do SNC, aquele controle/ feedback que diminui a aferencia muito alta, controla esses estímulos dolorosos, está diminuído → Então, uma aferencia aumentada e um controle central diminuído, é o cenário perfeito para você ter o quadro de dor difusa, dor musculo esquelética muito importante o Amplificação da sensibilidade dolorosa pelo SNC o Limiar de dor rebaixado o Sensibilidade aumentada à palpação e à outros estímulos nociceptivos antes inócuos (alodinia difusa) o Sensibilidade aumentada aos estímulos comumente dolorosos (hiperalgesia) - Duas características muito importantes: Alodinia difusa, o professor gosta de brincar dizendo que doi até com o vento, pois não é normal o vento doer no corpo da pessoa, se você tem dor, então você deve ter uma alodinia difusa. Hiperalgesia, o professor brinca com eles dizendo que o beliscão no paciente fibromiálgico dói mais que no professor, se for dado com a mesma força, pela mesma pessoa o RMf ou RMe + análise bioquímica: - Só conseguimos compreender totalmente a fibromialgia devido a modernidade e a tecnologia, com o uso da Ressonância Magnética funcional e da Ressonância Magnética com espectroscopia. E com a análise bioquímica do líquor, em que foram feitas várias análises para descobrir as substâncias que estariam aumentadas ou diminuídas ▪ Fluxo sanguíneo talâmico anormal levando a dor - Já antes dessas duas técnicas, já tinha indícios que o fluxo sanguíneo talâmico era anormal nos pacientes com fibromialgia, isso era visto através de técnicas de tomografia com emissão de prótons. Isso já era a primeira prova que não era só uma doença com cunho psicológico/ psicossomático, tinha base orgânica. Isso só conseguimos descobrir no final dos anos 90 e início dos anos 2000, então aceitava-se conceitos errôneos da fibromialgia, como houve vários atrás. Mas hoje, 20 anos depois, quando você ouve um médico falando coisas absurdas da fibromialgia você precisa questionar, pois hoje esse conhecimento já é bem determinado ▪ Córtex sensorial primário – hipervigilância e catastrofização - Através dessas técnicas de imagem e análise bioquímica, eles viram que temos no fibromialgico um córtex sensorial primário extremamente hiperexcitado, aquela síndrome de sensibilização central, os neurônios têm uma conectividade muito mais alta e essa região do córtex sensorial primário, é a região responsável pela hipervigilância e catastrofização, então é por isso que o individuo está sempre estressado, pensando no pior ▪ Aumento glutamato no córtex posterior da ínsula - Existe também o aumento do glutamato, que é uma substância que participa muito aqui das alterações da fibromialgia, no córtex posterior da ínsula. O glutamato, em geral, está aumentado na fibromialgia e esse aumento da atividade hiperglutaminérgica, vai gerar várias consequências, principalmente nas respostas emocionais ▪ Hiperatividade da amígdala (região do cérebro responsável pelo grau de alerta a estímulos externos) ▪ Ínsula e amígdala = fazem a conexão da nocicepção + “circuito cerebral de emoções” - Por isso que tem tantos sintomas da parte emocional no paciente fibromialgico, tudo isso está alterado, hiperexcitado nessa região do cérebro ▪ Rede neural em modo padrão alterada (cognição alterada) - Temos uma região, um sistema cerebral que é como se fosse o stand by do cérebro, que é a rede neural em modo padrão - Quando a gente está em repouso, o cérebro meio que dá uma desligada, fica mais tranquilo, em stand by. Na fibromialgia isso está alterado e é por isso que muitas vezes você tem cognição alterada na fibromialgia, principalmente em termos de memória, atenção. É porque o indivíduo nunca está descansado, isso leva a um esgotamento do sistema e ele vai ter sintomas cognitivos ▪ SNC = diminuição da atividade inibitório normal dos estímulos nociceptivos - O que parece ser muito importante é essa diminuição da atividade inibitória normal dos estímulos nociceptivos → Poderíamos até ter grande aferência, como a gente realmente tem, mas se a gente conseguisse desligar isso, que seria o normal, tudo ficaria resolvido. Só que a via inibitória normal do SNC está diminuída na fibromialgia, isso já foi provado inclusive pelos baixos níveis de GABA, que é um neurotransmissor inibitório dessa via central ▪ Baixos níveis de GABA na ínsula = baixa ação da via inibitória central, sendo um dos motivos que a aferencia não é barrada a nível do SNC ▪ Medula = wind-up (receptores NMDA + aumento de glutamato) - Na medula tem o fenômeno de wind-up, que é na verdade uma potencialização dos estímulos nociceptivos que vem da medula e ao nível do corno posterior da medula, o gânglio posterior dorsal - Lá vamos ter os receptores NMDA, que são receptores que participam desse processo de wind-up e o aumento do glutamato, que está aqui a nível medular e também cerebral, ajudando nesses processos de potencialização de dor ▪ Líquor = subst. P e NGF - No líquor foi visto substância P muito aumentada, uma substância algogenica, que aumenta muito a dor do paciente e está aumentada em vários pacientes com fibromialgia no líquor - O fator de crescimento neuronal (NGF) também é outra que acompanha a substância P - Representando a aferencia muito aumentada dos estímulos, uma potencialização de wind-up ao nível do corno posterior da medula - Ao nível do líquor, a substância P e os fatores de crescimento neuronais amplificam essas áreas hipersensíveis o Fatores de modulação central: - A nível central, temos uma disfunção importante da modulação de dor central, principalmente a nível de neurotransmissores, por isso a genética é tão importante, quando tem aqueles polimorfismos dos genes que produzem esses neurotransmissores ▪ Há alteração em mecanismo central de controle da dor, que pode ser secundária a disfunção de neurotransmissores - Deficiência de neurotransmissores inibitórios em níveis espinhas ou supra – espinhais (serotonina, encefalina, noradrenalina e outros) = Redução da serotonina na fenda sináptica Não só a serotonina, mas o papel da noradrenalina é colocado como muito importante - Hiperatividade de neurotransmissores excitatórios (substância P, encefalina, bradicinina e outros) = Aumento da substância P Ou seja, temos serotonina baixa e substância P alta, as consequências disso serão: ▪ Fluxo sanguíneo cerebral diminuído no tálamo, núcleo caudado e regiões pré-frontais (a serotonina é vasodilatadora – quando ela está baixa, chega menos sangue e a substância P é vasoconstritora – diminui ainda mais a irrigação) ▪ Diminuição da serotonina → Aumento da substância P no córtex e na medula → Aumento da sensação dolorosa ▪ Diminuição da serotonina → Aumento da cicloxigenase-2 → Aumento produção de prostanoides → Aumento da síntese de IL-1 e IL-6 (algogênicas – causam dor) - É um processo muito complexo, mas que tem origem nas alterações dos neurotransmissores do SNC - Para mostrar a irrigação do tálamo, em SPECT (tomografia computadorizada com espectro de prótons), uma técnica mais antiga que a ressonância funcional, que já consegue mostrar isso ainda melhor - Isso apontado na seta é a irrigação do tálamo normal - No paciente com fibromialgia, a irrigação pode estar reduzida unilateralmente - A irrigação pode estar reduzida bilateralmente, tudo isso consequência dessas alterações que falamos do SNC e dos neurotransmissores ▪ Diminuição da secreção de somatomedina (IGF-1) → metabólito do hormônio do crescimento → Diminuição da capacidade reparadorado organismo → fadiga muscular e lesões tendinosas - A partir do eixo hipotálamo- hipófise- adrenal alterado, ele vai sair alterando vários outros hormônios, como o hormônio tireoidiano, adrenal e vários outros - Quando a gente faz uma atividade física extenuante, no outro dia a gente está cansado, mas no terceiro dia já está recuperado, pois temos somatomedina para recuperar esse desgaste. O fibromiálgico não, ele fica mais fadigado, tem muita fadiga muscular, lesiona tendão mais fácil, tem muita queixa de reumatismo de partes moles ▪ Eixo hipotálamo – hipófise- adrenal reage aos estímulos de maneira inadequada: resposta de estresse crônico - O eixo hipotálamo- hipófise- adrenal está sempre respondendo na fibromialgia como se estivesse sob estresse, por isso que as liberações de hormônios são sempre de forma inadequada - Se você fizer a dosagem do cortisol, você vai ter uma resposta de estresse crônico sempre ▪ Alterações dos estágios 2,3 e 4 do sono não-REM – “intrusão de ondas alfa no delta” - Alteração muito comum, decorrente principalmente do estado de dor musculo esquelética crônica, que vem da doença neurológica, acredita-se que altera muito o sono - A polissonografia foi um dos primeiros exames que se viu alterado nos pacientes com fibromialgia, nos estágios 2,3 e 4 do sono não-REM é um padrão de intrusão de ondas alfa e delta. Só que esse padrão não é exclusivo da fibromialgia, há vários distúrbios do sono que dão esse padrão, não é exame específico de fibromialgia, se não seria só fazer polissonografia e dá o diagnostico de fibromialgia pelo sono, mas não é assim, pois esse padrão é inespecífico, podendo ser encontrado também na apneia obstrutiva do sono Quadro clínico o Queixa de dor difusa referida nos ossos, articulações, músculo e tendões - Doi principalmente os músculos - É muito importante saber diferenciar uma dor difusa, da dor de um reumatismo de partes moles localizada e de uma dor articular o Na ausência de queixa de dor espontânea não pode ser feito o diagnóstico de fibromialgia - O sintoma principal é a dor difusa espontânea o Distúrbios do sono – 80% dos casos ▪ Sono não reparador → principal queixa. É aquele indivíduo que dorme, mas não descansa, pois não chega no sono profundo ▪ Apneia ▪ Pernas inquietas ▪ Insônia inicial ▪ Intrusão de ondas alfa de vigília no traçado de ondas delta durante o sono profundo – padrão alfa-delta o Fadiga (80% dos casos) → Aquela explicação da baixa somatomedina o Alterações do humor (depressão/ ansiedade/ irritabilidade/ tristeza) → Quase 50% dos pacientes tem, vem pela mesma genética, são genéticas muito similares, da depressão e da fibromialgia. Os distúrbios dos neurotransmissores também são muito similares o Dor musculo- esquelética localizada ou regional (síndromes miofasciais) o Rigidez matinal muscular e articular - Muito frequente na fibromialgia e esse foi um dos motivos que rigidez matinal saiu dos critérios antigos de AR, em 1987 e não aparece mais nos critérios novos de 2010, que, embora, a gente ainda veja rigidez matinal mais em doenças inflamatórias, como AR, Espondilite anquilosante, principalmente quando essa rigidez é maior que 30 minutos/ 1 hora, mas há muitos pacientes com fibromialgia que não há inflamação nenhuma identificada até hoje, que tem rigidez matinal, então é por isso que eles tiveram que retirar rigidez matinal dos critérios classificatórios de diagnostico de AR, que rigidez matinal não é mais especifico de doenças inflamatórias o Parestesias (sem padrão neuropático característico) - Muito comum o paciente ter queixas não só de dor, mas de parestesias na fibromialgia, ao redor dos membros ou de outra região do corpo - Nunca vai obedecer aos dermatomos, são parestesias com trajetos totalmente aberrantes → Dica que faz parte da fibromialgia o Sensação subjetiva de inchaço de extremidades - Na anamnese muitas vezes o paciente vai dizer: É doutor minhas juntas incham, meus músculos incham. Mas na verdade ele tem a sensação de inchaço por causa dessas alterações do sistema nervoso central, mas na verdade não está inchado. - Muitas vezes você da o antidepressivo, trata o paciente e ele volta daqui 1 mês dizendo: Olha aí doutor, o inchaço acabou. Mas na verdade, no exame físico você não tinha visto inchaço nenhum o Fenômeno de Raynaud o Boca seca/ olho seco o Tonturas o Palpitações o Precordialgia atípica - Essas outras queixas que não estão em negrito, são vários sintomas que podem levar o paciente a procurar várias outras especialidades: tonturas procurando o otorrino ou o neuro; palpitações e precordialgia atípica procurando o cardio; sensação de dispneia, muitas vezes, por transtorno de ansiedade pode procurar o pneumo; fenômeno de raynaud raramente, não tendo nada a ver com colagenoses; boca seca e olho seco pode acontecer o Alterações cognitivas (principais são dificuldade de concentração, memória e atenção) – o americano chama de “fibrofog” o Sintomas ou síndromes disfuncionais – acometendo outros órgãos - São síndromes que estão associadas a fibromialgia, pois também tem uma genética muito parecida - São todas síndromes de sensibilização central e que tem alteração de neurotransmissores ▪ Cefaleia tensional ▪ Enxaqueca ▪ Cólon irritável ▪ S uretral feminina - É aquela paciente que vive com sintomas de infecção urinária porem quando faz o exame de urina não da infecção (urinocultura por exemplo). Uma das causas que você tem que investigar é a fibromialgia ▪ Tensão pré-menstrual/ cólicas - Normalmente as pacientes fibromialgicas pioram na época da menstruação e são pacientes que, muitas vezes, já tem histórico de tensão pré- menstrual Critérios diagnósticos o Colégio Americano de Reumatologia (ACR) – 1990 – Wolfe, Smythe e Yunus 1. História de dor difusa, persistente por mais de 3 meses Dor difusa: à D e à E + acima e abaixo da cintura + um segmento do esqueleto axial (cervical, torácico ou lombosacro) → até hoje permanece essa definição de dor difusa 2. Dor em 11 dos 18 pontos dolorosos já estabelecidos (tender points – pontos que tem mais terminações nervosas), à palpação digital, realizada com uma pressão aproximada de 4kg.f - Existe um dolorímetro, no exterior a gente mede essa força assim. Mas aqui, a gente pode ver essa força através da unha/ leito ungueal → Quando você aperta o ponto, metade (50%) do seu leito ungueal tem que ficar branquinho, essa é a força de 4kg.f - Os pontos dolorosos da fibromialgia, os pontos principais (tender- points) são 18, sendo esses 9 pares de pontos - O problema desse critério é que eles viram ao longo do tempo que 30% dos pacientes não preenchiam o critério porque não tinham os 11 tender points. Então os pacientes tinham tudo para fibromialgia, mas não tinham os 11 tender points e assim ele precisou ser mudado e em 2010 foi mudado o Colégio Americano de Reumatologia (ACR) – 2010 – Wolfe et. Al - Em 2010, o critério foi mudado justamente para se tornar mais sensível, pegando os pacientes que tinham fibromialgia, mas não tinham os 11 tender points - Fizeram o Índice de Dor generalizada (IDG) e a Escala de Severidade de Sintomas (ESS) Fibromialgia = 3 condições 1. IDG > ou = 7 e ESS > ou = 5 ou IDG 3-6 e ESS > ou = 9 (na última semana) 2. Sintomas tem que estar presentes num nível similar por pelo menos 3 meses 3. O paciente não pode ter outra desordem que explique a dor - Esse item 3 causou muita confusão e já foi modificado numa atualizado feita em 2016 - É muito complicado pois vemos muitos pacientes com fibromialgia associada a outras doenças que envolvem dor, como AR. - O professor sempre interpretou que explique a dor difusa da fibromialgia, era só acrescentar a palavra difusa no final do item 3, que é diferente de uma dor de uma patologia articular - Com essa confusão, acabaram tirando o item 3 na atualização de 2016 - É check list, são 19 áreas de dor no corpoe você vai perguntando a paciente e checando quantos ela tem, se ela tiver maior ou = 7 ela está entrando no primeiro critério - A escala de gravidade de sintomas testa exatamente nos últimos 7 dias, os 4 domínios mais comuns da fibromialgia: a fadiga, o sono não reparador, os sintomas cognitivos de memória e concentração e os sintomas somáticos (dor abdominal ou pélvica, dor de cabeça e sintoma depressivo – esses são os sintomas somáticos que importam atualmente) → Tudo colocado de intensidade 0, em que o paciente não tinha nenhuma queixa, 1 leve, 2 moderado e 3 grave o Critérios Revisados 2016 - Em 2016 revisaram esses critérios e corrigiram os erros: Teria que ter dor generalizada, mas dividiram essas áreas de dor em 5 regiões e exigiram que você tivesse, pelo menos, 4 dessas 5 envolvidas na dor. Antes, você podia ter só 3 regiões de dor e não precisava ser, por exemplo, podia ter só em 1 região (não entendi isso, mas ele falou exatamente assim ). Aqui não, para ser dor difusa ela tem que estar mais espalhada, pelo menos 4 áreas Mudou o critério do índice de dor, ele continuou sendo maior ou igual a 7 com escala de gravidade dos sintomas > ou = 5 ou índice de dor entre 4 e 6 e escala de gravidade dos sintomas > ou = 9 → Foi a primeira mudança: tinha que ter pelo menos 4 das 6 regiões, não poderia ter 3 como era antigamente e a escala > ou = 9, já era assim Considerar mais a dor generalizada, ter 4 das 5 regiões Os sintomas precisavam ter há 3 meses, que já era O diagnostico de fibromialgia é válido, independente de outros diagnósticos, não exclui a presença de outras doenças que envolvam dor A outra alteração foi no último item da escala de severidade de sintomas, que ficou somente as 3 perguntas principais: dor de cabeça, dor abdominal e sintomas depressivos. Não ficou uma progressão de 0 a 3 e sim presença ou não, se está ausente 0, se está presente 1 Esse é o critério que está valendo, é o que está mais atualizado Exame físico o BEG, sem evidências de doenças sistêmicas o Sem artrites, atrofias musculares, alterações neurológicas - Tem parestesia, mas não tem dermátomo acometido - Tem dor muscular difusa, principalmente - Tem dor na articulação, mas não tem edema o Boa amplitude de movimentos e força muscular preservada o Dor à palpação dos “tender points” e dor difusa - Mesmo com os novos critérios, você pode usar os antigos, em que os tender points ajudam - Dor difusa principalmente na palpação do exame físico Diagnóstico diferencial o Hipotireoidismo - É o primeiro diagnóstico diferencial, é a doença que mais simula uma fibromialgia - Sempre tem que pedir TSH quando estiver vendo paciente com fibromialgia, pois pode ser um hipotireoidismo descompensado o Síndrome da fadiga crônica - Predomina a fadiga do que dor o Síndrome da dor miofascial o Miopatias inflamatórias da reumatologia→ Dermatomiosite, polimiosite - Esse é fácil de diferenciar porque você vai ter além da dor muscular, fraqueza muscular no exame físico, principalmente proximal no caso da polimiosite o Doenças neurológicas e neuromusculares - O exame neurológico vai ajudar a diferenciar o Artrite Reumatoide (AR), Lupus Eritematoso Sistemico (LES), Espondilite Anquilosante ( EA) - Tem padrão de dor diferente da fibromialgia, é uma dor mais articular, pode ter dor muscular, mas não é difusa como a fibromialgia Exames Laboratoriais o Hemograma, bioquímica (glicemia, ureia, creatinina, AST, ALT), VHS, PCR, TSH (+ T4L) - São exames bem simples, não precisa pedir uma sacola de exames - Ureia e creatinina, pois, você precisa saber a função renal dele, você vai dar remédio, assim como precisa saber função hepática - TSH tem que pedir como triagem de doença tireoidiana. Muitas vezes, no SUS, a gente já pede T4L também pois o exame demora muito → Pelo guideline, pedir só TSH já é aceitável o Outros exames somente para exclusão de diagnósticos alternativos o Evitar excesso de exames (alto custo e falso positivos com FR e FAN, por exemplo) - Por exemplo, fator reumatoide positivo, que você pode ter positivo pois o individuo tem uma hepatite crônica ou porque é idoso, uma parte dos idosos tem FR positivo, por erro laboratorial → Pedir FR se você não viu artrite no seu exame físico é um tiro no pé, pois se ele der positivo a paciente vai fazer você explicar, ela não vai entender que tem fibromialgia, porque ela tem FR reumatoide positivo e vai achar que tem AR - Só peça fator reumatoide se tiver artrite no exame físico, pois aí ela pode ter as duas coisas, artrite reumatoide e fibromialgia - Mesma coisa o FAN, tem gente que coloca FAN em toda triagem para fibromialgia, é um problemão, pois o FAN é muito fácil de dar positivo com a técnica atual, cada 5 pessoas, quase 20% das pessoas vão ter FAN positivo → Aí a paciente é fibromiálgica e vai te dizer que tem LES, e você não vai conseguir explicá- la - Então, só peça exames assim se você teve alguma coisa na anamnese ou no exame físico para você desconfiar de uma artrite reumatoide ou de LES, se não, basta os exames básicos Fizeram uma pergunta sobre a dificuldade de dar o diagnóstico da fibromialgia, pois a paciente pode abrir quadro com cefaleia e cólon irritável e você pensar em doença inflamatória intestinal e não em fibromialgia, e o professor esclareceu que isso acontece, mas no dia a dia fica mais fácil dar esse diagnóstico, já se conhece o paciente fibromialgico entrando na porta, é questão de prática. E que não adianta em nada sair pedindo vários exames, pois com a anamnese e exame físico, na maioria das vezes, você já sai convencido do diagnóstico, você só pede se tiver algum sinal de alerta, por exemplo, uma febre, fibromialgia não dá febre Exames de imagem o Na prática clínica: só se for para descartar diagnósticos alternativos o SPECT ou RMf = uso não é rotineiro (mais experimental), mas mostraria hipoperfusão talâmica e aumento da atividade cerebral em áreas processadoras da dor em pacientes com FM - Pode ser que no futuro tenha uma ressonância funcional para usar, mas isso vai encarecer muito um diagnostico que é eminentemente clínico. No momento atual, não usa Tratamento o Educação e informação do paciente: ▪ Informações sobre a doença, seu tratamento e prognóstico - Informar que o tratamento é a base de antidepressivo, para ele não ter preconceito, dizer que como ele tem uma doença que mexe com neurotransmissores, um dos únicos tipos de medicação que você consegue regular os neurotransmissores são os antidepressivos - Você não dá antidepressivo porque ele tem depressão, sim porque você tem que aumentar a serotonina dele na fenda e a noradrenalina e reduzir a substância P - Sobre o prognostico, dizer que o indivíduo não vai estar ótimo daqui 1 mês, a melhora é lenta e vai depender muito mais do paciente do que do médico ▪ Reduzir frustração dos pacientes pela incompreensão de cônjuges, familiares, amigos, empregadores - É muito comum os pacientes dizerem que os cônjuges não aceitam a doença deles, acham que é frescura, os amigos, os empregadores cobram exames que mostrem a doença - Falar que não é só ele que passa por isso, todo mundo que tem a doença passa por isso; pedir para trazer o cônjuge ou familiar na próxima consulta para conversar sobre a doença ▪ Educar familiares e amigos pode ajudar a reestabelecer vida social e laboral ▪ Postura ATIVA é necessária - O que mais faz diferença é a postura ativa do paciente, se o paciente for vítima, postura de planta, o paciente vai melhorar pouco. Mas se ele for ativo, realmente entender o tratamento, vai dar certo - O que mais faz diferença no tratamento é você educar e informar o paciente e a família o Terapia não medicamentosa: ▪ Atividade física aeróbica – 2-3x/ semana (solo ou água), graduais e individualizadas; treinamento de força individualizado pode ser liberado; pode-se associar pilates - Atividade física aeróbica é o principalda terapia não medicamentosa - Precisa ser um aumento de atividade gradual e individualizada, ter cuidado com o pessoal das academias que aumenta muito rápido - Não é proibido fazer treinamento em academia, mas o ideal é começar com aeróbico, depois que já tiver um bom condicionamento físico é que vai para treino de força → Nada proíbe fazer os dois juntos desde o começo, desde que o orientador do exercício de força tenha cuidado, faça gradual, se não o individuo vai ter muita dor muscular - Pilates pode ajudar também, comprovadamente ▪ Terapia cognitivo- comportamental melhora dor e funcionalidade dos pacientes ▪ Acompanhamento psiquiátrico deveria haver em 50% dos pacientes, porque 50% tem transtorno de ansiedade importante ou depressão mas, infelizmente, normalmente os pacientes não vão ao psiquiatra ▪ Acupuntura (?) - É difícil ter evidência cientifica, pois é difícil fazer placebo em trabalho com acupuntura, mas já tem alguma evidência, e o paciente que gosta de acupuntura, vale a pena como tratamento coadjuvante - Terapia não medicamentosa e medicamentosa, é 50% cada uma, se fizer só a medicamentosa ele não vai ter uma melhora completa o Terapia medicamentosa: ▪ AINE e CE → geralmente não funcional ▪ Usar analgésicos comuns (?), melhor usar tramadol ou associações ▪ Medicações ativas SNC: - Agentes tricíclicos – amitriptilina ou nortriptilina 12,5 – 50mg/dia - ciclobenzaprina 5-40mg/dia - Inibidores da recaptação da serotonina – fluoxetina 40mg/dia - Associação entre tricíclicos e inibidores de recap serotonina - Inibidores da recaptação da serotonina/nora – duloxetina 60-120mg/dia, venlafaxina 37,5 – 150 mg/dia - Gabapentinoides – pregabalina 150-300mg/dia; gabapentina 1200 – 2400 mg/dia - Clonazepam para a síndrome das pernas inquietas e mioclonias - Zolpidem 5-10 mg/dia (hipnótico não diazepínico) - O que precisamos saber do tratamento farmacológico: Anti- inflamatório e corticoide não vão funcionar, você so vai expor o paciente aos efeitos adversos dessas medicações, que não são poucos Analgésico comum a gente sempre usa no início, mas a eficácia deles é muito baixa na fibromialgia. A gente usa, pois, o indivíduo exige um analgésico, mas se é para você escolher, escolha um analgésico comum, como paracetamol e dipirona, principalmente no primeiro mês, enquanto as medicações ativas no sistema nervoso central fazem efeito. Quando os analgésicos comuns realmente não têm nenhuma eficácia naquele caso, você vai usar tramadol ou a associação de tramadol + paracetamol. Não tem nenhum problema de já começar com tramadol ou tramadol + paracetamol, a questão é que se você começa com analgésico comum e tem uma resposta razoável, assim você evita de aumentar o custo do tratamento, pois o tramadol é caro, e também, os efeitos adversos, que o tramadol gera náuseas, vômitos, tontura, risco de queda nos mais idosos. A gente sempre tenta os comuns, não deu certo, muda para o tramadol com associações O mais importante no tratamento são as medicações que mexem no SNC por conta da fisiopatologia: A nível de SUS, a gente usa principalmente os tricíclicos, como amitriptilina ou nortriptilina, com dose de 12,5- 50mg/dia, no geral, a gente começa com 25; e a ciclobenzaprina, que é um relaxante muscular, mas tem os anéis farmacológicos muito parecidos com tricíclico e pode usar de 5-40mg/dia → Esses remédios geralmente a gente usa a noite porque eles tem a capacidade de melhorar bastante o sono Pacientes que são obesos ou tem contraindicação a tricíclicos, a gente vai preferir inibidor de recaptação da serotonina que, de todos eles, entres os inibidores de recaptação seletivo de serotonina, o único que demonstrou eficácia na dor foi a fluoxetina. Os outros servem para ansiedade, depressão, mas não servem muito para dor No SUS faz tricíclico ou ISRS, quando não responde pode associar os dois Se o individuo tem mais condição financeira, usa as drogas mais modernas que são os duais, com ação tanto na serotonina como na noradrenalina: a duloxetina é uma excelente opção, com doses de 60-120mg/dia, começa com 30 na primeira semana, depois sobe para 60 e vai de 60-120; venlafaxina também pode ser usada e desvenlafaxina também Outro mecanismo que podemos usar são dos gabapentinoides, que tem a gabapentina, mas hoje usamos bem mais a pregabalina, com menores doses e menor custo. Pregabalina a gente sempre começa com 75 para o individuo se adaptar, mas depois as doses mais efetivas são de 150-300mg/dia → Não é uma medicação barata então também não dá muito para usar nos pacientes do SUS, mas pacientes de convenio ou particulares dá para usar Nos casos que não responde aos dois, pode fazer associação dos dois também Benzodiazepínico você deve evitar na fibromialgia porque dá ressaca/ fadiga no outro dia, em uma doença que já gera fadiga. Só vai usar o clonazepam quando você tem síndrome das pernas inquietas e mioclonias, pois aí não tem jeito e só melhora com esse benzodiazepínico, não melhora com ciclobenzaprina ou tricíclico Quando você está fazendo tudo certinho e não está melhorando o sono, você ainda pode usar o Zolpidem, que é um hipnótico não benzodiazepínico, de 5-10mg/dia e a vantagem dele é que não dá ressaca no outro, é simplesmente um indutor do sono e você pode associar com qualquer um desses antidepressivos - As grandes dificuldades da fibromialgia é o teorema de Claude Bernard, o individuo que está atendendo o paciente ali, muitas vezes, ele não sabe as informações que foram passadas nessa aula. - Ele está atendendo a fibromialgia na doida. Por isso que, muitas vezes, dificulta, ele não sabe o exame para pedir, não tem segurança para dar o diagnóstico com anamnese e exame físico, pede os exames errados, dá a receita do antidepressivo e o paciente chega em casa e não sabe porque vai usar antidepressivo e ele não usa o O tratamento farmacológico isolado é pouco eficiente o O tratamento multidisciplinar é obrigatório → Educador físico, fisioterapeuta, psicólogo, psiquiatra o O paciente deve ter participação ativa no seu tratamento - A educação do paciente é fundamental, você tem que dizer tudo isso para ele o Pontos- chaves no tratamento da fibromialgia ▪ Diagnóstico ▪ Boa relação médico- paciente → Fundamental, se você faz isso na primeira consulta vai facilitar tudo, o diagnóstico, discutir as opções de tratamento ▪ Educação e informação ▪ Oferecer várias opções de tratamento ▪ Metas realistas → Não adianta prometer que em uma semana vai estar boa, não vai ▪ Autossuficiência → Deixar claro que vai depender mais do paciente do que de você Espondiloartrites CLÍNICA As espondiloartrites (EAPs) são um grupo de doenças reumáticas crônicas, inflamatórias, que apresentam em comum aspectos clínicos, fisiopatológicos, radiológicos e genéticos. Atualmente, de acordo com critérios estabelecidos estão incluídos neste grupo a Espondilite Anquilosante (EA), Artrite Reativa (Are), Artrite Psoriásica (APs), Artropatia das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), Espondiloartrites Indiferenciadas (EAPsI) e Artrites Crônicas da Infância (ACI). As espondiloartrites apresentam as seguintes características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais comuns: 1. Acometimento das articulações sacroilíacas e da coluna vertebral. 2. Envolvimento articular periférico com maior frequência assimétrico, no qual há predomínio da artrite de grandes articulações 3. Frequente participação do processo inflamatório no nível das ênteses, sítios cartilaginosos onde tendões, ligamentos, cápsula articular e fáscia ligam-se ao osso. 4. Negatividade para a pesquisa do fator reumatoide pelos métodos convencionais. 5. Ausência de nódulos reumatoides subcutâneos. 6. A agregação familial é marcante nas espondiloartrites, sendo fator maior de risco a positividade para o HLA-B27. 7. Há notável tendência à sobreposição clínica entre as diversasenfermidades, inclusive quanto às manifestações extraarticulares. O tratamento inicialmente é realizado com anti-inflamatórios. Algumas vezes, medicamentos biológicos especiais podem ser necessários. Centro Universitário Christus Fortaleza, Ceará fcotheo@hotmail.com CRITÉRIOS ASAS (Assessment on SpondyloArthritis International Society) 2009 para espondiloartrite axial Pacientes com 3 meses ou mais de dor na região dorsal e idade < 45 anos do início da dor) - Sacroileite em exame por imagem # + 1 ou mais achados de Ep** ou HLA-B27 + outros 2 ou mais achados de EpA* *Achados de EpA - Dor inflamatória na região dorsal - Artrite - Entesite ( calcanhar) - Uveíte - Dactilite - Psoríase - Doença de Crohn /retocolite - Boa resposta ao AINH - História familiar de EpA - HLA-B27 - PCR elevada # Sacroileíte em exame por imagem: Inflamação ativa (aguda) em RNM sugestiva de sacroileite Sacroileíte definida radiograficamente segundo os critérios de NY modificados. REFERÊNCIAS CECIN, H. A.; XIMENES, A. C. Tratado Brasileiro de Reumatologia. São Paulo: Editora Atheneu, p. 633-657, 2015. Fibromialgia CLÍNICA A fibromialgia (FM) é uma condição que se caracteriza por dor muscular generalizada, crônica (dura mais que três meses), mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor. Afeta 2,5% da população mundial, sem diferenças entre nacionalidades ou condições socioeconômicas, sendo mais comum em mais mulheres, entre 30 a 50 anos. Ela é acompanhada de sintomas típicos, como sono não reparador (sono que não restaura a pessoa) e cansaço. Pode haver também distúrbios do humor como ansiedade e depressão, e muitos pacientes queixam-se de alterações da concentração e de memória. O diagnóstico de FM é eminentemente clínico, com a história, exame físico e exames laboratoriais auxiliando a afastar outras condições que podem causar sintomas semelhantes. O principal tratamento da FM é não-medicamentoso, incluindo exercício aeróbico, psicoterapia e acupuntura, sendo a terapia farmacológica através de Inibidores de Recaptação de serotonina (Fluoxetina), antidepressivos tricíclicos (amitirptilina), Inibidores duais de recaptação de serotonina e noradrenalina (Duloxetina, venlafaxina e milnaciprano) e os agentes gabaérgicos (pregabalina), havendo benefício de opioides fracos (tramadol) e miorrelaxantes (ciclobenzaprina e carisoprodol) para períodos de maior intensificação dos sintomas álgicos. CRITÉRIOS Colégio Americano de Reumatologia (ACR) – 1990 1. Dor difusa por mais de 3 meses 2. Presença de 11/18 pontos dolorosos com força de 4 kg/cm² (Tender points) Centro Universitário Christus Fortaleza, Ceará fcotheo@hotmail.com Critérios diagnósticos de fibromialgia pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) – 2010 REFERÊNCIAS VASCONCELOS, JTS. Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. 1ª edição. Barueri (SP): Manole, 2019. WOLFE, F.; CLAUW, D. J.; FITZCHARLES, M. A.; GOLDENBERG, D. L. et al. The American College of Rheumatology preliminary diagnostic criteria for fibromyalgia and measurement of symptom severity. Arthritis Care Res (Hoboken), 62, n. 5, p. 600-610, May 2010. Laboratório em Reumatologia VELOCIDADE DE HEMOSEDIMENTAÇÃO (VHS): A VHS é a sedimentação das hemácias anticoaguladas em um tubo milimetrado por uma hora. Ocorre devido a três forças naturais: a gravidade, a atração das massas e a carga elétrica das células. O valor de referência pela técnica de Westergren varia de 0 – 13 mm para homens e de 0 – 20 mm para mulheres. Reflete a constante dielétrica do plasma, formada pelas proteínas de fase aguda, principalmente, o fibrinogênio e as globulinas. Na presença de anemia a VHS não reflete o grau de inflamação do indivíduo. PROTEÍNA C REATIVA (PCR): A PCR é sintetizada primariamente no fígado após estímulo por antígenos, imunecomplexos, bactérias, fungos e traumas teciduais (entre quatro e seis horas após um dano). Esta última é sua principal função, sendo responsável pela remoção dos produtos de desintoxicação autólogos. Seu valor basal no plasma é de 0,47 mg/L. As diversas técnicas de dosagem (aglutinação por látex, hemaglutinação, turbidimetria, nefelometria, etc.) apresentam sensibilidade de 0, 15 mg/L, portanto, qualquer método pode ser usado na sua avaliação. O valor de referência na prática médica, para definir presença de inflamação é de até 6,00 mg/L (mais de 12 vezes o valor basal do sangue). É a prova mais sensível da reação inflamatória, aumentando de forma precoce e retornando ao normal rapidamente. A PRC não é afetada pela presença de anemia ou variação do fibrinogênio. Apresenta uma boa correlação com a VHS, sendo um sinal diagnóstico para distinguir infecções bacterianas das virais, onde a PCR não apresenta uma resposta exuberante. A PCR é o exame mais utilizado como indicador de atividade das doenças reumáticas, porém no LES a presença de anticorpo anti-PCR é frequente, não dosado na prática médica, podendo ocasionar erros diagnósticos para atividade lúpica e/ou a presença de infecção bacteriana. Embora inespecíficas, provas de atividade inflamatória devem ser solicitadas a pacientes com suspeita clínica de doenças reumatológicas. ANTIESTREPTOLISINA O (ASLO): Este anticorpo é produzido contra uma enzima liberada pelos estreptococos hemolíticos. Todos os métodos de pesquisa apresentam resultados homogêneos, muito bem padronizados. A determinação dos valores de referência deve ser realizada em cada população e para as diferentes faixas etárias. Os estudos epidemiológicos no Brasil revelaram um valor basal máximo de 250 U/ml. Os níveis de RN e adultos são semelhantes (100-166 U/ml), evidenciando passagem na barreira placentária. Com a maturação do sistema imune e os sucessivos contatos com as bactérias, os anticorpos ASLO vão sendo produzidos, atingindo valores mais elevados na idade escolar. Em um trabalho realizado na Itália com crianças entre seis e 12 anos foram encontrados níveis maiores do que 200 U/ml em 50 a 60% das amostras. A sensibilidade do teste referida na literatura é de 80% Centro Universitário Christus Fortaleza, Ceará fcotheo@hotmail.com nos casos de infecção da faringe e apenas 25% dos casos de infecção cutânea, como a piodermite estreptocócica. Na rotina diagnóstica de vários países, a determinação de ASLO ainda é tida como a principal ferramenta de investigação das infecções estreptocócicas, sendo muito útil nos estudos epidemiológicos. Na presença de um resultado de ASLO elevado pode-se suspeitar de infecção recente, porém se os níveis forem baixos, deve-se recomendar a repetição do teste após 15 dias. Os títulos sobem após a primeira semana de infecção, com valores máximos entre quatro e seis semanas. Os valores absolutos de ASLO não expressão atividade nem gravidade das infecções, eles variam individualmente. Após o início da terapêutica (precoce e correta) os níveis apresentam uma correlação com a cura no primeiro surto de infecção. Em reumatologia ASLO é importante em febre reumática, reumatismo subagudo ou estreptocócico, eritema nodoso com dor articular, artrite infecciosa, poliarterite nodosa e Púrpura de Henoch- Schönlein. ELETROFORESE DE PROTEÍNAS: Esta técnica separa as proteínas do soro em um campo elétrico, onde as partículas migram para os pólos negativo ou positivo, dependendo das suas cargas elétricas, do tamanho, da forma, da concentração, da força iônica, do pH do solvente, da temperatura, da viscosidade do meio e do caráter e intensidade do campo elétrico aplicado4. O método foi descrito em 1937, estando padronizado para leitura densitométrica desde 1975, com o padrão de referência do soro humano. Em reumatologia o padrão mais frequenteé de gamopatia policlonal. DOSAGENS DO COMPLEMENTO: o sistema complemento é composto por aproximadamente 25 componentes protéicos, a maioria são enzimas, correspondendo a 15% da fração β-globulina do plasma. O complemento faz parte da imunidade inata, sendo altamente conservado na cadeia animal, principalmente entre os mamíferos. As dosagens laboratoriais na prática médica são: exame CH50 ou CH100, C3 e C4. AUTOANTICORPOS: Imunoglobulinas capazes de reconhecer antígenos presentes nas células e órgãos do próprio indivíduo. Não somente nas doenças reumatológicas podem ser encontradas, mas também em infecções, neoplasias e indivíduos sadios (auto-Ac naturais). Patologia Autoanticorpo Artrite reumatoide Fator reumatoide, Anti-CCP Lupus Eritematoso Sistêmico Anti-Sm, Anti-DNA nativo, nucleossomos, P ribossomal, SSA, SSB Síndrome de Sjögren Anti-SSA, Anti-SSB Síndrome dos anticorpos antifosfolípides Anticardiolipina, anticoagulante lúpico, anti-B2-Glicoproteína 1 Miopatias inflamatórias ANti-Jo1, Anti-Mi2 Esclerose Sistêmica Anti-Scl70, Anti-centrômero Poliangíte Microscópica Anti-MPO Granulomatose Eosinofílica com Poliangiíte Anti-proteinase3 Granulomatose com Poliangiíte Anti-proteinase3 Doença de Goodpasture Anti-proteinase3, Anti-MBG ANTICORPOS ANTINUCLEARES: A denominação do exame não traduz a verdadeira localização dos antígenos que reagem com os autoanticorpos. No Brasil este exame ficou conhecido na prática médica como fator antinúcleo (FAN). A técnica ideal para sua pesquisa é a imunofluorescência indireta, usando como substrato a célula HEp-2. Esta célula neoplásica originou-se de um carcinoma humano de laringe, imortalizado em culturas e cultivado em monocamadas sobre lâminas de microscópio8. A célula HEp-2 aumentou a sensibilidade do teste (diminuiu os falsos negativos), diminuiu a especificidade (aumentou os falsos positivos) e ampliou a leitura dos padrões pontilhados e nucleolares. REFERÊNCIAS CECIN, H.A; XIMENES, A.C. Tratado brasileiro de reumatologia. 1ª edição. São Paulo : Editora Atheneu, 2015. p. 183-201. VASCONCELOS, JTS. Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. 1ª edição. Barueri (SP): Manole, 2019. REUMATOLOGIA Artropatias Infecciosas Caso Clínico I.S.C masculino, 38 anos, solteiro, caminhoneiro, refere quadro de dor, calor e edema em joelhos, tornozelo e mãos há 1 semana, associado a úlceras orais e lesões cutâneas em palmas das mãos e planta dos pés. Relata quadro diarreico 4 semanas antes do início dos sintomas. Nega patologias previas. Irmão com espondilite anquilosante. Relata relações sexuais desprotegidas, nega uso de drogas ilícitas. Exame físico: Artrite de joelhos e tornozelos. Presença de hiperemia ocular. Lesões maculares em região palmar e plantar. Alopecia. Exames laboratoriais: Hemograma, função renal e hepática normais. PCR 10 mg/dl (aumentado), VHS 40mm(aumentado), colprocultura positiva para campylobacter. VDRL 1:32 (positivo). FAN 1:80 (positivo) nuclear pontilhado fino e FR positivo • É um paciente jovem com FAN positivo com relações sexuais desprotegida em uma profissão considerada fator de risco para determinadas doenças sexualmente transmissíveis • Tem alopecia • Tem alterações articulares, as artrites com sinal de inflamação • Tem lesões nas palmas e plantas, sugestivas de algumas doenças infecciosas, podem ser lesões vasculiticas secundarias a infecção, doenças autoimunes... • Tem história familiar positiva de EA e FR positivo • Paciente que teve diarreia, colprocultura positiva que pode ter uma artrite reativa • Queixas articulares podem ser por doenças autoimunes e também uma gama de doenças... Nesta aula será abordado as artrites infecciosas Artrite Infecciosa • Interação de patógenos com o hospedeiro, resultando em uma resposta inflamatória sinovial • Emergência: pode cursar com destruição articular irreversível e aumento de mortalidade • Aguda: < 2 sem o Principalmente bacterianas → divide-se em: ▪ Gonocócica (GC) x não gonocócicas (NGC) o Pode ser viral também • Subaguda: 2- 6 semanas • Crônica: > 6 semanas o Geralmente organismos atípicos (micobactérias, fungos, espiroquetas) o Também pode ser por vírus (Hepatite B e retrovírus) e protozoários • O acometimento articular se dá por: o Infecção direta da articulação pela presença do microorganismo o Fenômeno imune → secundário a infecções sistêmicas → formação de imunocomplexos • Artrite séptica bacteriana é a forma mais rapidamente destrutiva de doença articular → paciente em uma semana, 10 dias, perde o movimento daquela articulação o Principais articulações acometidas: joelho, quadril Artrite infecciosa aguda • Acometimento sistêmico? (febre, hiporexia...) • Presença e magnitude da inflamação • Velocidade de instalação dos sintomas • Fatores de risco epidemiológicos (profissão de risco, exposição de risco) • Fatores de risco demográficos (raciais, familiares, idade) o Artrite GN é a artrite mais comum em jovens sexualmente ativos Anamnese e Exame Físico • Pode acontecer em qualquer idade o Neonatos e idosos → maior risco • Articulações previamente afetadas (AR, OA, gota) o Se o paciente já tinha uma articulação previamente acometida, provavelmente o patógeno vai acometer essa mesma articulação, pois facilita a chegada e fixação do microorganismo • Fatores de risco: DM, doença hepática crônica, doença renal crônica, neoplasias, alcoolismo, drogas IV, usuários de drogas, imunossupressores, QT para tratamento de neoplasia, relação sexual desprotegida • Viagens recentes (para região endêmica) • Acometimento extrarticular: o Sintomas sistêmicos (febre, mal estar, hiporexia) • As artrites bacterianas não gonocócicas geralmente têm um foco infeccioso a distância • Buscar foco infeccioso a distância: presente em 50% dos casos o Infecções cutâneas o Pneumonia o Pielonefrite, ITU o Endocardite o Abcesso hepático o A principal forma de disseminação é hematogênica Obs.: risco de complicação infecciosa após infiltração com corticoide: 0,0002% - há risco, mas é minimo Exames Complementares • Hemograma (ver leucócitos) o Se desvio → pensar mais em bactéria, fungos, germes atípicos • Provas inflamatórias: VHS, PCR • Ferritina • Exames específicos para excluir diagnósticos diferenciais • Outras culturas → SEMPRE PEDIR!! o Hemocultura ▪ Positiva: 50 – 70% das artrites NGC o Culturas: sinovial (sempre), pele, uretral, orofaringe, conjuntival (o que pedir depende da hipótese diagnóstica) • Exames de imagem o Pede mais de articulações profundas (sacroiliacas, coxo-femurais) o Tomografia Computadorizada o Rx geralmente não mostra alteração < 2 semanas o Se pensar em acometimento maior (osteomielite, infecção óssea...) → RM, cintilografia... o Muito importante pedir quando já tem acometimento prévio • Artrocentese: mandatória para diagnóstico o O mais precoce possível, mas não deve atrasar início de ATB o Tanto para diagnóstico quanto para alívio (podendo ser feita até diariamente) o O que analisar: ▪ Aspecto (cor, viscosidade) • Líquido hemorrágico → neoplasia óssea? Trauma? • Purulento → infecção bacteriana? ▪ Bacterioscopia (positiva em 30 – 50%) → é o GRAM • Já direciona o atb; GP é + comum (pp S. aureus) ▪ Cultura → sempre que pensar em artrite bacteriana • Germes piogênicos: artrite séptica NGC (70-90% é positivo); artrite GN (40-50% tem cultura positiva) o O GN demora a crescer e só cresce em meio específico (AGARCHOCOLATE) → por isso, se pensar em gonococo, coloca na solicitação a hipótese • Micobactéricas, fungos → principalmente nas crônicas ▪ Celularidade total e diferencial → sempre pedir • 30.000 – 100.000 cel/mm³ (neutrófilos) o Algumas causas inflamatórias, como AR e artrite gotosa, pode ter 50 – 70 mil céls, mas o mais comum é inflamatória ser abaixo de30 mil e infecciosa ficar entre 30 mil – 100 mil o Bacteriana geralmente fica de 70 a 100 mil com predomínio de polimorfonucleares • Quanto maior o nº de células, mais inflamação tem ali ▪ Pesquisa de cristais → para diagnóstico diferencial de gota • A pesquisa de cristais não exclui artrite infecciosa → pode ter os dois ▪ LDH ▪ Glicose → pode vim consumida Diagnóstico Diferencial • Artropatia por cristais o Gota (monoartrite) ▪ Lembrar que o paciente pode já ter gota e atualmente estar com gota + infecção o Artropatia por pirofosfato de cálcio ▪ Mais em mulheres entre peri e pós- menopausa • Artrite traumática o Às vezes o paciente nem lembra que teve trauma • Artrite relacionada a espondiloartropatias o Artrite reativa, espondilite anquilosante, doença inflamatória intestinal • Artrite por doenças autoimunes o LES, AR, Behçet, Sd de Sjogren o Geralmente quando vem com artrite aguda, é nos períodos de reativação o Sempre perguntar se queixas a distância, como úlceras orais (lembra Crohn, DII, Behçet), monoartrite + febre + fenômeno de Raynaud + alopecia • Artrite paraneoplásica o Idoso tem mais risco de neoplasia o Fatores de risco: grande tabagista, > 70 anos, perda ponderal... Artrite Séptica Não Gonocócica • Artrite aguda • Lembrar sempre porque destrói!! ➔ Epidemiologia • Incidência anual: o Países industrializados: 2- 10 casos / 100.000 hab ▪ < 15 anos e > 55 anos principalmente ▪ Extremos de idade são os de maior risco, mas não são os mais acometidos o AR e próteses prévias: incidência sobe para 30 - 60/ 100.000 hab o Br: não tem dados, mas é mais que 2-10 casos/100.000 hab • 1,5H:1M • Sem diferença entre raças ➔ Fatores de Risco • Dano articular prévio e uso de prótese → atentar ainda: o Motivo da prótese: AR, DM, DRC, obesidade, neoplasia? o Duração do procedimento, nº de pessoas na sala, inexperiência do cirurgião, idade > 80 anos o Complicações pós op (artroplastia de revisão: aumenta 5-10x o risco de infecção da articulação) o A infecção da artrite séptica pode acontecer: ▪ Precoce: até 3m do procedimento → pensar em inoculação direta de algum patógeno no ato cirúrgico ▪ Atrasada: 4-24m do procedimento ▪ Tardia: >2 anos do procedimento o Nem sempre infecção de prótese precisa trocar a prótese → a precoce até 1 mês pode fazer lavagem, abordagem e pode responder ao atb; a atrasada e tardia e precoce > 1 mês geralmente precisa trocar a prótese → Porque as bactérias fazem um biofilme na prótese, dificultando fagocitose e a infecção fica sendo perpetuada • Idade > 80 anos • DM • Doenças crônicas • Retrovírus • Alterações cutâneas (eczema, psoríase, ulceras) → alta chance de infecção, principalmente por contiguidade; ocorre perda da proteção cutânea, servindo de porta de entrada • Drogas IV • Doença hepática e renal crônicas (principalmente em hemodiálise) • Neoplasias e QT • Alcoolismo → pela imunossupressão • AIDS / transplantados • Doenças com comprometimento imunológico (doenças autoimunes, deficiência de complemento) • Corticoterapia e imunossupressão ➔ Origem • Disseminação hematogênica → 70% dos casos o É a principal origem o Bacteremia oculta → a sinóvia é altamente vascularizada e não tem muita proteção o Sempre procurar o sitio primário de infecção • Inoculação direta → procedimentos ou trauma • Contiguidade de infecções adjacentes (celulite, erisipela, abscesso cutâneo) ➔ Fisiopatologia • Patógeno atinge a articulação → ocorre proliferação bacteriana → aumento da atividade fagocítica → resulta em proliferação sinovial, fazendo com que a sinóvia cresca (degradação enzimática + neovascularização + tecido granulação) → degradação celular vai acumulando → aumenta a pressão intrarticular → dor, calor, rubor → tamponamento do fluxo sanguíneo → anóxia → necrose o Perde tecido e pode perder o movimento da articulação ➔ Etiologia: • Agente causador documentado em 70-90%: o S. Aureus (44-66%) → diplococo ▪ É possível documentá-lo em até 90% dos casos, seja por cultura do líquido (+ comum) ou por hemocultura o Estreptococo beta-hemolítico (18-28%) o Gram negativos (9-19%) → depende da faixa etária, fatores de risco, se é usuário de drogas... ▪ E coli, Klebsiella pneumoniae, Salmonella spp. e Pseudomonas spp ▪ Neonatos, doenças crônicas, idosos, usuários de drogas IV o Anaeróbios o Polimicrobianas (4%) • Prótese articular: S. epidermidis, S. aureus, bacilos GN ➔ Quadro Clinico • Monoarticular (>90%) o Mas pode ser oligoarticular (geralmente são articulações à distância) o Mais acometido é o joelho e depois o quadril • Súbito e doloroso • Derrame articular com limitação de movimentos ativos e passivos o Artrite séptica de quadril: muito típico o paciente chegar com a perna em flexão, abdução e rotação externa • Sintomas sistêmicos: febre (50%), calafrios, hiporexia ➔ Anamnese e Exame Físico • Qualquer articulação pode estar envolvida o Joelhos (40-50%) o Quadril (11%) → principalmente em crianças (em crianças fica quase igual a joelho em termos de acometimento) o Tornozelos / ombros (8%) o Punhos / cotovelos (6%) o Oligoarticular (10-19%) • Obs: usuários de drogas: pode acometer esternoclaviculares, sacroiiliaca, costocondrais, mas o mais comum é joelho e quadril ➔ Artrocentese • Liquido turvo/purulento • Leucocitose (> 50.000 cel/mm³; > 75% polimorfonucleares) • LDH elevado pela destruição de células • Glicose reduzida (<50% sérica) → quando a etiologia é bacteriana • Bacterioscopia (30-50%) (cocos gram positivos) o Bacterioscopia negativa não significa que não tem bactéria • Cultura (+ em 70-90%) ➔ Outros Exames • Hemocultura (+ em 50%) o Se S. aureus, enterococo e estreptococo → pensar em endocardite → ecocardiograma • Hemograma → leucocitose • Imagens → RX simples, TC ou RNM o Nem sempre precisa pedir o Permite ver acometimento articular e identificar o melhor local para punção ➔ Tratamento • Empírico e o mais precoce possível • Como decidir o atb: o Geralmente S. aureus → cobrir GP o Levar em consideração idade, quadro clinico, fatores de risco, parto recente (pensar em sífilis congênita), internação recente (germe hospitalar) • Oxacilina 4g EV 4-4h → GP • Ceftriaxona 2g EV 4-4h → se pensar em GN o Pode associar os dois atb • Duração: pelo menos 4 semanas o Sendo pelo menos 2 semanas IV o Atb oral por 2 semanas se: ▪ Melhora após 2 semanas de atb IV • Artrocenteses repetidas ou de drenagem cirúrgica o Pode ser feita em casos de infecção de articulação profunda (quadril, ombro), se tiver prótese articular, fluido espesso por muita inflamação, osteomielite associada, corpo estranho, trauma penetrante • Tratamento fisioterápico o O mais precocemente possível ➔ Complicações e prognóstico • Mortalidade: 10-20% o > 65 anos, imunossupressão, doenças coexistentes → mortalidade maior o Quadro poliarticular por S, aureus ou AR prévia: mortalidade de 50% • Obs: infecções relacionadas a próteses articulares: o Alta chance de complicar, pois tem produção bacteriana de glicocálix, que protege a bactéria da fagocitose) o Coleta de material o Antibioticoterapia com curso prolongado, debridamento / troca de prótese • Osteomielite: o Pode ser por invasão direta hematogênica o Pode acontecer também por foco contiguo (por uma celulite ou paniculite, por exemplo) o Pode ser ainda por inoculação direta (diante de trauma ou cirurgia) o Classificação: pelos exames de imagem: ▪ Aguda ▪ Crônica → osso mais acometido, com menos vascularização, com sequestro ósseo o Diagnóstico: isolamento do agente ▪ Nem sempre consegue isolar, então deve lançar mão dos exames de imagem: • Cintilografia óssea • TC >>> RX • RNM o Tratamento: ▪ Cuidados gerais para articulação e osso ▪ Antibioticoterapia → precoce e prolongada de 3 – 6 meses ▪ Intervenção ortopédica cirúrgicaquando necessário Imagem de osteomielite, com importante destruição óssea Artrite Séptica Gonocócica • Neisseria gonorhoeae o Diplococo gram-negativo ▪ Tem também o gram positivo → dependendo do gram, o tratamento é diferente o Infecção de superfícies mucosas (uretra, endocérvice, faringe, reto, conjuntiva do RN) o Geralmente assintomática (95%) o Sexualmente transmissível o Nem sempre a cultura dá positiva, mas na cultura de mucosa, consegue achar o gonococo em 70-80% dos casos o É a principal causa de artrite aguda em jovens sexualmente ativos ➔ Fisiopatologia • O gonococo age diretamente na mucosa e causa inflamação e infecção → penetra e vai pela corrente sanguínea e chega à articulação → acontece inflamação pela própria presença dele e vai ter proliferação bacteriana o Causa também a formação de imunocomplexos sistemicamente e, através de fenômenos imunes, perpetua a infecção → podemos chamar de artrite gonocócica ou doença gonocócica disseminada ou infecção gonocócica dissemina (IGD) ➔ Epidemiologia • Jovem saudável o 0,5-3% → infecção mucosa não tratada sintomática • 3M:1H o Menstruação, gravidez, puerpério predispõem ➔ Fatores de risco • Relações sexuais desprotegidas • Múltiplos parceiros sexuais • Uso de drogas IV • Baixo nível socioeconômico • Esplenectomia o Gonococo é germe capsulado, pacientes esplenectomizados tem maior predisposição a germes capsulados • Deficiência de complemento (principalmente, c5 a c9) → principalmente C6, C7 e C8 • Infecção gonocócica prévia → risco maior de ter outra ➔ Patogenia: • Depende de fatores específicos do hospedeiro x microbianos x imunológicos (produção de imunocomplexos, cascata de inflamação) o Propagação e disseminação • Depende também das cepas de gonococos (virulência, resistência antimicrobiana, risco de infecção disseminada) o Presença de pili sexual o Sorotipo porina-1ª → proteína de superfície que ajuda a penetrar o Necessidades nutricionais específicas → só cresce em determinado meio o Sensibilidade a antibióticos ➔ 2 fases: nem todos os pacientes apresentam estas fases • Fase bacteriêmica (48-72h): entra pela mucosa, ganha a circulação sistêmica e chega na articulação: o É uma fase precoce → 48 – 72h, podendo durar até 1 semana o Poliartralgia (aditiva ou migratória 70%) ▪ Principalmente grandes articulações (joelhos, tornozelos, punhos e cotovelos) o Tenossinovite (67%) de mãos e pés o Febre alta (60%) o Calafrios o Dermatite (75%) → rash maculopapular que pode ser pruriginoso ou não • Fase supurativa (50% dos pacientes) o É uma fase mais tardia o Monoartrite periférica de grandes articulações (ordem de acometimento: joelhos > punhos > tornozelos > cotovelos) o Pode em outras articulações: esternoclaviculares e temporomandibulares) o Pode vir como oligoartrite ➔ Doença gonocócica disseminada • Tríade: poliartrite + tenossinovite + dermatite • Sintomas geniturinários associados o Uretrite/cervicite (1 dia até semanas após o contato sexual) o 25% sintomático ou refere sintomas prévios • Dermatite (2/3 tem) o Rash maculopapular ou vesicular, pústulas e bolhas hemorrágicas, eritema multiforme ou vasculite cutânea o Extremidades e troncos, poupa a face e são assimétricas - lesões puntiformes com halo hiperemiado, geralmente indolor → Típico do gonococo Imagem acima: lesões puntiformes típicas do gonococo, com halo hiperemiado ➔ Padrão principal: • Aguda (fase bacteriêmica): poliartralgia ou poliartrite aditiva/migratória (joelhos, punhos, tornozelos e cotovelos) • Fase mais crônica (fase supurativa): monoartrite clássica e pode ter oligoartrite Imagem acima: lesão típica do gonococo, na palma da mão, podendo ser em superficie extensoras Imagem acima: lesão geralmente indolor; faz parte de lesão de dermatite da fase bacteriemica com halo hiperemiado ao redor Imagens acima: corrimento uretral e ureteral ➔ Manifestações graves (raras) • Endocardite / miocardite / pericardite • Defeitos de condução (alguns tipos de bloqueios) • Osteomielite • Piomiosite (infecção ou destruição muscular) • Hepatite (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis) - (perihepatite, geralmente secundária ao gonococo, mas também pode ser secundária a pseudômonas) Paciente refere dor no hipocôndrio direito → Lesões em corda de violino • Meningite • Síndrome de Waterhouse-Friderichsen → é uma adrenalite hemorrágica (pode ser causada também pelo meningococo) • Síndrome respiratória do adulto ➔ Exame físico • Sinais clássicos de artrite • Dor periarticular (tenossinovite) • Lesão clássica: pústula necrótica INDOLOR de base eritematosa ➔ Artrocentese • Líquido purulento/turvo; PMN > 50.000cel/mm³ • Diplococos GN (<25%) • Cultura do liquido (<50%) ➔ Hemocultura 30% (50% na fase bacteriemica) ➔ Leucocitose ➔ VHS e PCR elevados (provas de atividade inflamatória) ➔ Pesquisa de mucosas (secreção) • Cultura (>80%) ➔ Diagnóstico • Definitivo: N. gonorrhoeae (sangue, líquido ou tecido sinovial, lesão cutânea ou outro local que não seja mucoso) • Presuntivo: evidência microbiológica em mucosa (orofaringe, uretral, cérvix) + quadro clínico compatível → presumir que tem a doença, mas não um dx definitivo (porém já pode tratar) • Excluir artrite séptica por outros patógenos e artrite por cristais ➔ Tratamento • Ceftraixona 1g EV ou IM 24-24h + Azitromicina 1g VO dose única → faz azitromicina pois por ser uma IST, pode vir associada também com Clamídia • Resposta rápida (24-48h) / 7 -10 dias • Lembrar de tratar parceria • Cardite, meningite, osteomielite → se apresentar, tratar por mais tempo • Coinfecção com Clamydia trachomatia → MS recomenda associar Azitromicina (ou Doxiciclina 100 mg 12/12h de 7-10 dias se alergia a Azitro) e tratar parceiros (que tenha tido de forma desprotegida) em até 2 meses antes do quadro • Internação: nem sempre vai precisar internar, interna apenas se: o Dúvida diagnóstica o Artrite francamente purulenta sendo necessário punções de repetição o Sintomas proeminentes que não conseguem deambular e necessitam de analgésico venoso • Se tem 2 ou mais episódios: avaliar deficiência de complemento Artrite Hansênica • Doença infectocontagiosa endêmica no BR • Mycobacterium leprae o Intracelular obrigatório o 95% dos expostos são resistentes ▪ 5% pode manifestar (incubação 3-5 anos) o Homem: único reservatório natural do bacilo ▪ Bacilo não cultivável em meios artificiais • 2016: 12,2/100 mil hab • Magnitude e alto poder incapacidade • OMS: India > Brasil > Indonesia • Manifestações: cutâneas >>> nervos periféricos >>> artrite (reativa à bacilo na articulação) • Patogenia: o Pode ser pela presença do bacilo intrarticular ou uma artrite reativa pela presença do bacilo no organismo, mas não necessariamente dentro da articulação o Reação hansênica tipo 1 ou reação reversa ▪ Reação inflamatória intensa ▪ Muita produção de IL- 12 ▪ Resposta Th1 o Reação tipo 2 ou eritema nodoso hansênico (ENH) ▪ IL- 4 e 6 ▪ Resposta Th2 ▪ Tanto na reação hansênica tipo 1 ou 2 há a produção de TNF alfa → responsável pelo acometimento neurológico da hanseníase o Infiltração direta da membrana sinovial ▪ Pode ser pelas duas reações hansênicas ▪ Pode ter acometimento articular pela infiltração direta do patógeno na membrana sinovial o Neuropatia sensorial periférica (Artropatia de Charcot ou neuropática) ▪ Acometimento articular sequelar ▪ Secundário a neuropatia sensorial periférica ▪ Hiperprodução de inflamação (TNF alfa) → As células de Schwann são as principais células de suporte do sistema nervoso periférico, são o alvo preferencial do mycobacterium leprae = Paciente apresenta parestesia e trauma de repetição ➔ Quadro Clínico: • Depende da resposta imune desencadeada pelo bacilo: o Tuberculoide (TT): eficiente resposta imunecelular (forma mais branda) o Virchowiana (VV): grande multiplicação bacilar e disseminação da doença (sistema imune não muito bom / forma disseminada, com maior número de lesões) o Boderline (BB): variações de resistência ao bacilo ➔ Manifestações articulares • Abrange todas as formas clinicas • Prevalência: o Pacientes internados: até 77% (estados reacionais) Pode ser: • Artropatias neuropáticas ou de Charcot (extremidades) • Osteíte ou artrites sépticas (bacilo intra-articular) • Osteíte ou artrite séptica secundárias à infecção piogênica (úlceras cutâneas) • Artropatia inflamatória sistêmica • Associadas a estados reacionais: o Agudas (quadro mais gritante, mais dor) o Reações hansênicas: ▪ RR ou tipo 1 ▪ ENH ou tipo 2 o Todas as formas clinicas o Sem sequelas (geralmente) • Não associadas a estados reacionais o Artropatia de Charcot o Insidioso, crônico o Exacerbação e remissão o Todas as formas clinicas ▪ Mais comum na forma virchowiana ▪ Tenossinovite, SII, entensites o Persistentes o Erosiva, deformidade ➔ Exames complementares • VHS, PCR • Anticorpos: FAN, FR, ANCA, anti-DNA nativo, anti- CCP, anticardiolipina, anti-B2glicoproteina, anti- tireoglobulina o Pode positivar → hanseníase é a grande mimetizadora o Forma VV (muito anticorpos) o Forma TT (paucibacilar): menos anticorpos • Líquido sinovial: variável • Radiografia o Lesões específicas: ▪ Rarefação óssea ▪ Cistos únicos ou múltiplos ▪ Osteíte ▪ Deformidade em garra (bem típica e consegue ver no rx) o Lesões não especificas; ▪ Forma hipertrófica: • Esclerose óssea • Osteófitos (podem ser gigantes) ▪ Forma atrófica: • Reabsorção óssea - Osteopenia (mais preto onde a seta aponta), distalmente tem reabsorção óssea (NÃO ESPECÍFICA) e observa um pouco de cistos (ESPECÍFICA) ➔ Diagnósticos diferenciais • Doenças do colágeno • Erisipela • Vasculites • Sífilis • Linfoma cutâneo • Eritema polimorfo ➔ Tratamento • AINES em baixas doses • Talidomida → reações hansênicas e nos casos refratários • Metotrexato • CE em altas doses o Nos estados reacionais = neurite grave, acometimento ocular, orquiepdidimite • Sulfassalazina • Difosfato de cloroquina Com terapêutica adequada: remissão articular em 1- 2 semanas → exceto de articulação com sequela Manifestações articulares virais (HB, HC e HIV) • 1% das artrites agudas • Quadro viral x queixa articular → os quadros virais em geral podem dar artralgias, infecção aguda, mialgia e a gente sempre tem que associar as manifestações sistêmicas que os pacientes podem estar sentindo • Associado com manifestações sistêmicas • Como acontece: o Pode ser um tropismo do vírus pelo tecido sinovial: invasão direta o Pode ser pela formação de imunocomplexos que se depositam nas articulações, com consumo de complemento o Pode ser por mimetismo molecular → o ac que combate o vírus, acomete a articulação o Pode ser por autoimunidade → o paciente tem predisposição e a infecção viral é o “gatilho” o Pode ser por infecção direta de células do sistema imunológico, que pode causar um desbalanço ➔ Manifestações: • Sinovite com < 6 sem de duração • Simétrica, súbita • Membros inferiores geralmente; mas pode acometer os MMSS • Autolimitada • Geralmente na fase prodrômica da infecção o Mialgia, dor articular, antes de aparecer disfunção hepática, icterícia ➔ Isolamento do vírus na articulação é o principal método complementar diagnóstico ➔ Vírus B • Transmissão parenteral, sexual ou vertical • 5% dos expostos evoluem com infecção crônica • Lembrar da associação com poliarterite nodosa • Vírus DNA • Aguda: síndrome reumatoide-like o Pela produção de Imunocomplexos o 10-25% (poliartralgia/poliartrite) ▪ Aguda, simétrica, migratória ou aditiva de pequenas ou grandes articulações (mãos e joelhos) ▪ Fase prodrômica ▪ ¼ dos pacientes: FR +, queda de C3 e C4 ▪ Resolução após 2-3 semanas com tratamento de suporte • Crônica: poliartralgia o Difusa, sem muita artrite ➔ Virus C • Transmissão parenteral • 80% cronificam e desses, 20% evoluem para cirrose, e 10% para hepatocarcinoma • Produção de Imunocomplexos → Depositados no tecido sinovial • Vírus RNA • Poliartralgia/oligo ou poliartrites e mialgias (2- 20%) o Síndrome reumatoide-like (não erosiva) o Associada à crioglobulinemia mista essencial o A manifestação da artralgia pode ser diretamente relacionada ao vírus C na articulação • Positiva anticorpos: FR (45-60%), FAN (10%), crioglobulinas (40-55), antitireoideanos (<10%) → Se chegar um paciente com poliartrite simétrica, aditiva, de pequenas e grandes articulações, com FR positivo, isso é AR ou não: Antes de tratar AR, pede a sorologia para o vírus C, se positivo, faz o tratamento do vírus → se responder, era só o vírus C e o FR vai cair ➔ HIV • Modula a resposta imune → manifestações reumáticas diversas • Presença de algum anticorpo: em até 70% dos portadores • Geralmente acometimento oligoarticular, agudo, de curta duração e recorrente • Principais manifestações; o Artralgia o Mialgia o Artropatia soronegativa sem acometimento axial • Síndromes reumáticas associadas ao HIV: o Altralgia/mialgia o Fibromialgia o Artrite associada ao HIV o Artrite reativa o Artrite psoriasica o EA o Vasculites o AR o LES o Síndrome antifosfolipide o Síndrome de Sjogren o Artropatia pelo antirretroviral o OP Manifestações musculoesquéticas da febre Chikungunya • Arbovirose • Quadro febril agudo com artralgia intensa e incapacitante ➔ Fases: • Aguda: (7-14d) o Sintomática (80-97%) o Febre súbita + artralgia/artrite em quase 100% o Pode ter ainda astenia, mialgia, cefaleia, exantema, linfadenopatia generalizada ou não • Subaguda: (15d-3m) o 50% dos pacientes evolui p/ subaguda o Sintomas articulares (queixas inespecíficas, geralmente mais artralgia, pode ser artrite, mialgia e queixas incapacitantes) • Crônica: (>3m) o 20% dos pacientes evolui p/ crônica o Queixas persistentes ou recidivantes • Geralmente os casos graves (0,3%) são em pacientes > 65anos e com comorbidades → meningite, neurite e vasculite ➔ Diagnóstico • Fase aguda: clínico o Critério clínico epidemiológico (MS) caso suspeito: febre abrupta (>38,5) e artralgia/artrite intensa aguda, não explicada por outra condição em individuo que reside ou visitou área endêmica/epidêmica até 15 dias antes OU tem vínculo epidemiológico com caso confirmado ▪ Já notifica e trata o Caso confirmado: CHIKV por cultura ou PCR viral (<8dias) ou IgM específico ou aumento 4x IgG específico o A sorologia IgM positiva em 5-10 dias e IgG em 10 a 14 dias ➔ Tratamento • Fisioterapia • Aguda (até 14d): repouso e compressas frias o Dor musculo-esqueletica: analgésicos comuns e/ou opioides o Dor neuropática; tricíclicos e anticonvulsivantes, gabapentina o Evitar AINE • Subaguda (15d-3m): compressas mornas o Pode usar o que usou na anterior + AINES e corticoides em baixas doses o Artrite e tenossinovite: corticoide oral (10- 20mg) de prednisona / hidroxicloroquina • Crônica (>3m): o Metotrexato e/ou sulfassalazina o Imunobiológicos: anti TNF-alfa o Sempre diagnosticar diagnósticos diferenciais OBS: fisioterapia em todas as etapas = evitar morbidade ➔ Prognóstico • 30% evolui para forma crônica • Pior prognostico o Sexo feminino o > 40 anos o Artrite proeminente na fase aguda o Osteoartrite prévia o Diabetes melitus o PCR elevada o IgM persistente Manifestações articulares da sífilis • Espiroqueta Treponema pallidum • Pode ser aguda ou crônica • Por disseminação hematogênica • Mimetiza várias enfermidades • Adultos sexualmente ativos • Pode dar Artropatia neuropatia de Charcot ou tabética ➔ Manifestaões articulares da sífilis • Cancro sifilítico (incubação 3-4sem) • Sifilides (2-3m) → por imunocomplexos → alteração na palma dasmãos e planta dos pes, lesões cutâneas difusas o Pode ter artrites • Doença óssea: o Invasão vascular periosteal → canais de Harvers + osteíte e osteomielite o Lesões osteoliticas ou osteoblasticas (crânio, esterno, tíbia e clavícula) ➔ Estágios: • Primário: cancro-duro- protossifiloma o Geralmente não tem manifestação articular • Secundária: (sifilides) o Artralgia e periostite o Pode ter alopecia, madarose, uveite, febre, astenia e linfadenopatia • Terciário o Sinovite, espondilite, Artropatia de Charcot • Congênita o Depende muito se era precoce ou tardia o Pode ser deformidades, malformações... Artropatias Inflamatórias Reumatologia Caso Clínico 1: - Mulher, 43 anos, com dor em punhos, 2° e 3° MCF bilateral, iniciado há 8 semanas, pior ao amanhecer, melhorando com a movimentação, com ocasional despertar noturno. Relata que permanece com as articulações rígidas por até 2 horas após acordar. Melhorou parcialmente com prednisona prescrita por médico de atenção básica. - Tabagista de meia carteira por dia desde os 14 anos - Exame físico: artrite em punhos, 2° e 3° MCF bilateral, dor nas referias articulações • Poliartrite (>=5 articulações) crônica (> 6 semanas) simétrica de padrão inflamatório acometendo pequenas articulações, principalmente de mão → Melhora com a movimentação, tem rigidez articular, melhora com corticoide = Artrite reumatoide Perguntas que devem ser respondidas: • Acometimento articular/ periarticular • Mecânico ou inflamatório • Número de articulações (mono, oligo ou poliarticular) • Aguda ou crônica • Migratória/ aditiva/ intermitente • Grandes ou pequenas articulações • Simétrica/ assimétrico Artrite Reumatoide Introdução: - Enfermidade imunoinflamatória crônica, simétrica e sistêmica, acomete preferencialmente as articulações sinoviais - Incidência de 30 casos a cada 100.000 pessoas, prevalência de 1% - Maior frequência em mulheres, 35-55 anos (adulto- jovem) – Professor já fez diagnóstico de paciente com 80 anos, mas é raro Fisiopatologia: • Multifatorial → fatores genéticos, ambientais (infecções virais – COVID; qualquer infecção viral pode desencadear um processo autoimune e ser um “trigger” para a AR) • Dividida em 4 fases: o 1° fase → Susceptibilidade genética – genética associada ao HLA DRB1 o 2° fase → Assintomática e autoimune – indivíduo começa a produção de autoanticorpos sem doença definida (Essa fase de produção de autoanticorpos pode preceder a doença em até 10 anos) o 3° fase → Doença articular precoce – dor articular inflamatória o 4° fase → Fase propriamente dita da AR, com sinovite estabelecida • Ideal é buscar o diagnóstico precoce – Fase 3: • Principais fatores ambientais: o Cigarro → O paciente precisa interromper o tabagismo no momento do diagnóstico o Microbiota → Fator ambiental na AR, LES e espondiloartrites o Agente bacteriano → Ocasiona gengivite; porfiromona gengivales = periodontite + AR • Modificações e suscetibilidade genética → Indivíduo perde a tolerância autoimune através da inativação dos linfócitos T reguladores (T regs) o Exemplo na gravida → A mulher com AR quando engravida entra em remissão da doença = A gravida tem ativação dos linfócitos T reguladores justamente para não haver reação imunológica contra o feto • A carga inflamatória aumenta o risco de doença vascular, osteoporose, síndrome metabólica, sintomas cognitivos (depressão) e status socioeconômico (afastamento do trabalho) • Principal citocina envolvida na AR → Fator de necrose tumoral (TNF) • Ativação do autoantígeno → Expressão de TNF pelos linfócitos e macrófagos → TNF vai desencadear a cascata inflamatória com ativação de fibroblastos sinoviais e maior liberação de IL 1 e 6, que também são alvos de tratamento da AR Manifestações Clínicas – Articulares: - Artrite inflamatória de instalação insidiosa → Paciente sabe precisar em semanas/ meses, não sabe o dia exato que começou - Poliarticular simétrico, aditivo, acometimento inicial periférico (predomínio de mãos) - Quadro oligoarticular e monoarticular: raro - Principais articulações: Punhos, MCFs, IFPs, cotovelos, joelhos, pés e tornozelos - Poupa IFD!!!! → Diante de um paciente com acometimento de IFD, pode ser qualquer doença, MENOS AR • Doença de padrão inflamatório articular que acomete IFD = Artrite psoriásica → Buscar lesão cutânea Imagem 1: AR inicial. Sinovite é mais perceptível a palpação; 3° IFP está edemaciada; 2, 3 e 5° MCF também estão edemaciadas; Punho mais espessado Imagem 2: Várias deformidades da AR Imagem 3: 1° deformidade = Abotoador ou em botoeira → Flexão da IFP com extensão da IFD 2° deformidade = Pescoço de cisne → Extensão da IFP com flexão da IFD Imagem 4: Deformidade em dorso de camelo → Atrofia da musculatura do dorso da mão Imagem 5: AR extrema – geralmente pacientes tem, no mínimo, 10 anos de doença. Paciente tem todas as deformidades → abotoador, pescoço de cisne, dorso de camelo, desvio ulnar, alteração dos pés. Lembrar do impacto social dessa social Imagem 6: Locais de menor frequência de acometimento articular e sinovite. Ombro inflamado, edemaciado • Existe acometimento axial na AR: Se dá mais na parte superior, especificamente na articulação atlantoaxial o O processo odontoide pode ser bastante acometido nos pacientes com AR, normalmente pacientes Imagem 1 Imagem 2 Imagem 3 Imagem 4 Imagem 5 (duas) Imagem 6 com doença subtratada ou não tratada/ doença avançada • Envolvimento articular? Sorologia (Título alto é quando tem 3x o valor de referência)? Provas inflamatórias? Duração dos sintomas? • Dou o diagnóstico a partir de 6 ou mais pontos Manifestações Clínicas – Extra articulares: - Principais fatores de risco: doença grave poliarticular (principalmente erosiva), autoanticorpos positivos (anti CCP ou FR, se for em altos títulos ai sim é maior o risco), tabagismo e HLA-DRB1 → ATENÇÃO: HLA-DQB1 é mais comum na artrite psoriásica - Cutâneas - Oculares - Respiratórias - Cardiovasculares - Outras Manifestações Clínicas – Cutânea • Nódulo reumatoide → Manifestação extra articular mais comum • 30% dos pacientes com AR podem desenvolver; fator de mau prognóstico • 95% tem altos títulos de FR = Autoimunidade é importante no processo de manifestações extra articulares • Nódulos normalmente em superfícies extensoras, local mais comum é o cotovelo • Pode ter também no tornozelo, calcanhar, punho • Tende a regredir com o tratamento e a remissão da doença; geralmente regressão parcial • Pode ter também vasculite cutânea que cursa com necrose cutânea Manifestações Clínicas – Oculares • Ceratoconjuntivite sicca (olho seco) → 2° manifestação extra articular mais comum da AR • Episclerite → Inflamação da camada acima da esclera com vermelhidão ocular local; sem dor • Esclerite → Bastante dolorosa e se não tratada, pode evoluir para escleromalácia perfurante = necrose da esclera com extravasamento de líquido (humor vítreo), levando o paciente a cegueira Manifestações Clínicas – Pulmonares • 3° manifestação extra articular mais comum na AR é a pneumopatia • Manifestações pulmonares podem ser da própria doença (doença em atividade clínica persistente) ou do tratamento o Paciente usando medicações modificadoras da doença, em controle da doença, que evolui com quadro pulmonar = provável ser do tto o Paciente mesmo fazendo o tratamento, a doença está em atividade = provável ser da doença • Medicamentos como metotrexato ou leflunomida podem cursar com fibrose pulmonar, é raro • Alguns imunobiológicos podem cursar com bronquiolite obliterante com organização pneumônica • Existência de nódulos pulmonares (parenquimatosos ou da pleura), que podem romper e resultar em derrame pleural →Toracocentese de derrame pleural por AR, o líquido é verde e com glicose baixa • Síndrome de Caplan → Síndrome que tem sobreposição de AR com pneumoconiose (silicose) Manifestações Clínicas – Cardíacas - Pericardite assintomática – achado pós mortem - Aortite, lesão valvar: raros ~ podem ser descritas, mas são extremamente raras. - Manifestações extra-articulares, FR e/ou Anti- CCP positivos, doença por mais de 10 anos: maior risco cardiovascular Manifestações Clinicas - Outras - Gastrointestinais: xerostomia (boca seca), vasculite mesentérica (raro), dispepsia - Renais: acidose tubular renal - Hematológica: anemia (como toda doença crônica, pode cursar com anemia de doença crônica), trombocitose (é um marcador de inflamação crônica) - Neurológicas: Mielopatia cervical (principalmente naqueles com disfunção atlantoaxial), síndrome do túnel do carpo (há uma associação pelo espessamento do metacarpo) - Osteoporose – pela ativação do RANKL via TNF - Síndrome de Felty → Atividade inflamatória persistente → Ativação do sistema reticulo endotelial → Esplenomegalia com sequestro de neutrófilos ocasionando neutropenia ou pancitopenia associada a atividade da AR - Vasculite reumatoide → Acometimento cutâneo que pode ter acometimento também do sistema nervoso periférico do tipo mononeurite múltipla; geralmente ocorre em pacientes subtratados ou não tratados e que tenham > 5-10 anos de doença Exames laboratoriais: - Inflamação: VHS, PCR, Eletroforese de proteínas → A eletroforese de proteínas através do pico policlonal gama - Gerais: hemograma, TGO, TGP, Ur, Cr, TSH → Avaliar nível de atividade de doença e tratamento (drogas podem cursar com mielotoxicidade, hepatotoxicidade, intoxicação em pacientes com disfunção renal) - Sorologias virais (vírus B, C HIV, Chikv), VDRL, PPD → Importante para diagnóstico diferencial e antes de iniciar o imunobiológico (é obrigatório o rastreio infeccioso para hepatite Be C, HIV, sífilis e TB) - Fator reumatoide e anti-CCP → Para o diagnóstico Fator Reumatoide - FR é um Ac do tipo IgM contra fração Fc, que é a fração comum dos auto anticorpos atuando contra o IgG - Principais métodos para mensurar o FR: Imunodifusão, aglutinação, nefelometria e ELISA - FR é o anticorpo mais sensível para a doença - Presente em 70-90% dos pacientes com artrite reumatoide (AR), mais sensíveis - Altos títulos: maior probabilidade de AR e pior prognóstico Anti- CCP - (Anticorpos contra peptídeos citrulinados) ● Modificação pós-translação de arginina em citrulina ● Método: ELISA - Anticorpo mais específico para AR e é associado ao pior prognóstico Exames de Imagem: - Radiografia: • Método barato • Diagnóstico tardio → não é interessante para diagnóstico precoce • Útil para monitoramento da doença → Compara a imagem de um ano com outro; intuito de evitar a erosão óssea - Ultrassonografia com power doppler: • Joga um doppler na articulação → Se ficar vermelho, há inflamação visível; se ficar azul, não há inflamação visível • Serve para estimar inflamação e para guiar infiltração com glicocorticoide (pode fazer “as cegas”) - Ressonância nuclear magnética: • Importante para o diagnóstico precoce e é muito sensível, entretanto tem alto custo Imagem 1: Acometimento em mãos, na interfalangiana proximal do dedo indicador na foto da direita, ele aponta para uma descontinuidade do osso, isso é uma típica erosão óssea. No quarto dedo da imagem direita também se observa uma erosão óssea, e tem também no processo estiloide da ulna, que é o local mais precoce de acometimento. Imagem 2: Desvio ulnar por acometimento ligamentar. Na interfalangiana proximal do indicador da foto direita, ele aponta uma erosão "bonita", uma imagem bem ilustrativa. Osteopenia justa articular, bem como também a fusão óssea. Observem nos ossos do carpo (imagem do lado direito) que eles estão todos fundidos, não tem tanto espaço articular. Imagem 1 Imagem 2 Achados importantes na radiografia = osteopenia justa articular, erosão óssea, diminuição do espaço articular Imagem 3: Ressonância de punho. Paciente que não tem erosão óssea, mas tem um hipersinal (branco) do lado direito da imagem, isso é sinovite/ derrame articular/ inflamação articular Os pontos esbranquiçados (bem no meio da imagem) são chamados de edema ósseo. Então por isso que a RNM é o padrão ouro *de imagem* para o diagnóstico da Artrite Reumatóide. Fatores de mau prognóstico: Pacientes que precisam ir de forma precoce ao reumatologista; tem maior chance de precisar de imunobiológicos - Autoanticorpos em títulos elevados - Manifestações extra-articulares - Mais de 20 articulações acometidas - VHS e PCR persistentemente elevados, ou aqueles que ja chegam com o DAS28 elevado de maneira persistente - Erosão precoce com menos de 1 ano de doença, início antes de 30 anos - HAQ elevado (questionário que avalia a percepção de saúde, quanto maior, pior é a saúde), depressão associada - Tabagismo Tratamento: • Terapia de primeira linha: Anti inflamatório ou corticoide + Droga modificadora de doença reumática (DMARDS – Metotrexato, hidroxicloroquina/ cloroquina, sulfassalazina, leflunomida) → O corticoide e o AINE são as medicações para ter melhora rápida dos sintomas, enquanto os DEMARD são os medicamentos que vão modificar a evolução da doença • O de escolha é o metotrexato Imagem 3 • Você faz AINE ou Corticoide + Metotrexato por 3 meses: o Se ele responder = segue em frente o Se não teve melhora = combina outro DMARD → então fica, por exemplo = AINE ou corticoide + Metotrexato + leflunomida → aguarda mais 3 meses • Se depois de 6 meses continuar sem resposta = Imunobiológico (Anti TNF, Inibidor de IL6, Anti CD 20) • Não respondeu com o primeiro imunobiológico → Muda de imunobiológico (muda de classe ou para outro de mesma classe) DAS28 • É um índice de atividade de doença que você avalia o número de articulações dolorosas, edemaciadas, joga também o valor do VHS, da PCR e a escala analógica do paciente Continuação do Caso Clínico 1: Resumo: - Mulher, 43 anos, com dor em punhos, 2a e 3a MCF bilateral, iniciado há 8 semanas, pior ao amanhecer, melhorando com a movimentação, com ocasional despertar noturno. Relata que permanece com as articulações rígidas por até 2 horas após acordar. Melhorou parcialmente com prednisona prescrita por médico de atenção básica. - Tabagista de meia carteira por dia desde os 14 anos. - Exame físico: artrite em punhos, 2a e 3a MCF bilateral, dor nas referidas articulações Padrão da artrite: - Inflamatória - Poliarticular crônica - Aditiva - Simétrica - Periférica (mãos) - Ausência de sintomas sistêmicos Evolução: - Solicitada rotina laboratorial, com evidência de fator reumatoide e anti-ccp em altos títulos, PCR 5,68 mg/dl, VHS 72 mm - Mantido uso de prednisona 10 mg/dia, associado metotrexato 15 mg/sem e ácido fólico 5 mg/sem. Caso Clínico 2: - Mulher, 56 anos, refere dor articular e edema em mãos, punhos, IFPs, IFDs, ombros, joelhos e tornozelos, durante o dia todo, ao acordar e ao dormir, há aproximadamente 2 anos. Refere que a dor piora ao se movimentar, mas também quando fica muito tempo parada. - Refere mialgia, insônia, sono pouco reparador, dificuldade em se concentrar e irritação por conta da dor. - Hipertensa, diabética e dislipidêmica; tratamento para depressão no passado. - Exame físico: dor à palpação das referidas articulações; não visualizado edema. • Osteoartrite pode ser diferencial, mas o diagnóstico aqui é fibromialgia. FIBROMIALGIA • Diagnóstico diferencial das poliartrites - Dor musculoesquelética crônica GENERALIZADA, associada a rigidez, parestesia, distúrbio do sono e fatigabilidade - Prevalência: 0,7% a 5%, alcançando até 30% em serviços de reumatologia- Segunda doença reumática mais comum no Brasil - Proporção maior em mulheres (9:1) - Média de idade: 49 anos. Entre 40-60 anos - Prevalência maior em doenças crônicas: psiquiátricas, diabetes, insuficiência renal crônica e doenças autoimunes Síndrome Reumatoide → Diagnóstico Diferencial: • Patologias que simulam AR: - Doenças do colágeno: LES, Esclerose sistêmica, Miopatia inflamatória, Síndrome de Sjogren, DMTC - Doenças infecciosas: Chikungunya, Hepatite B, C, HIV, Sífilis - Artropatia por cristais, vasculites ANCA +, Sarcoidose, amiloidose - Espondiloartrites periféricas, artrite psoriásica - Hipotireoidismo - Paraneoplasias - Fibromialgia Caso Clínico 3 - E.C.B, sexo feminino, 32 anos - Há 2 meses, refere dor e rigidez em coluna lombar recorrente, principalmente ao acordar, perdurando por mais de uma hora, atribuída ao excesso de atividade física. - Dois episódios de uveíte anterior aguda nos últimos 8 meses, resolvidos com colírios • Caso de espondiloartrite: envolvimento de coluna lombar, associado a olho vermelho Diagnóstico Diferencial – MUITO IMPORTANTE • Sempre que estiver diante de um paciente com dor lombar e quiser diferenciar sintomas inflamatórios de mecânicos, entenda inflamatório como Espondiloartrite e mecânico como hérnia de disco ou osteoartrite de coluna ESPONDILOARTRITES Os critérios: Clínicos: - Dor inflamatória - Limitação da flexão da coluna e da lateralização - Limite da expansão torácica Radiológico - Sacroileíte bilateral, no mínimo grau 2 OU unilateral grau 3 ou 4 → Você precisa de UM critério clínico + UM radiológico • Sacroilíaca normal, com espaços bem preservados • Aqui, sacroileíte à esquerda é Grau 1, que é quando você nota uma alteração, mas não sabe precisar com tanta certeza qual é → É como uma impressão de uma sacroilíaca que não está normal. • A direita Grau 2, já vai ter esclerose óssea, observe que inferiormente tem um osso bem branco. • Lado esquerdo: Grau 3 já tem um acometimento do espaço, a fenda articular é diminuída, como vocês podem perceber comparando essa fenda esquerda toda irregular com a do outro lado • Grau 4 é quando já tem a fusão do sacro com o osso ilíaco, já tem a anquilose óssea. • Não existe mais espaço articular Espondiloartrites (Grupo de doenças que acometem a coluna de maneira inflamatória e estão, muitas vezes, associadas a alteração do HLAB27): - Espondilite anquilosante (principal delas) - Artrite reativa - Artrite psoriásica - Artrite juvenil (AIJ) *Tudo que for juvenil na reumatologia é <16 anos - Espondiloartrite enteropática *Associada a Retocolite ulcerativa e doença de Crohn - Forma indiferenciada * Quando não fechamos critério para outro subtipo - Uveíte anterior aguda com HLAB27 + *Que apesar de não ter o acometimento de coluna, ela faz parte desse grupo de espondiloartrites. Critérios classificatórios: Critérios ASAS de 2009: Espondiloartrite Axial Então se você tem um paciente com < 45 anos com dor lombar há mais de 3 meses OU esse paciente tem uma RNM+, ele só vai precisar de 1 critério desses cinzas para fechar critério OU HLAB27+ (sem RNM), vou precisar de 2 ou mais critérios cinzas Critérios cinzas: ● Dor inflamatória ● Artrite ● Entesite ● Uveite ● Dactilite (mais comum na psoríase ou na reativa) ● Lesão cutânea: Psoríase ● Diarreia crônica do tipo inflamatória intestinal - Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa ● Boa resposta anti-inflamatória ● História familiar de espondiloartrites ● HLAB27+ ● Atividade inflamatória Critérios ASAS de 2009: Espondiloartrite Periférica Não tem acometimento axial → Paciente tem artrite ou dactilite ou entesite + outros sintomas descritos abaixo Manifestações extrarticulares: Uveite anterior - Aguda - Unilateral - Anterior → Da íris para frente = iridociclite - Pode pegar músculo ciliar do olho = alteração do reflexo de acomodamento - Alteração da drenagem do humor vítreo, cursando com glaucoma caso o paciente evolua com sinequias - Remissão espontânea, pode ocorrer sequelas e fibrose - Recorrente e pode ser alternante → uma vez tem no olho direito e outra no olho esquerdo - Relacionado a HLA B27 Cutânea → Psoríase em placas em região de mão = Maior chance de evoluir para artrite psoriásica Keratoderma Blenorrhagicum • Pode ocorrer na artrite reativa ou psoriásica • Pode ocorrer Balanite Circinada = fenômeno parecido na glande Onicodistrofia • Comum nos pacientes com artrite psoriásica na sua forma distal Visualização de edema ósseo na sacroilíaca por RNM: • Sacroileíte ativa → Acometimento do osso sacro e do osso ilíaco; grau 2 de NY • Demonstra a importância e sensibilidade da RNM no diagnóstico das espondiloartrites • Paciente já com anquilose óssea → Espondilite anquilosante inicia na junção sacroilíaca e vai ascendendo • Paciente com diagnóstico há mais de 10 anos • Sacroileite grau 4 = osso fundido, esclerose e anquilose óssea • Calcificação do ligamento longitudinal anterior = branquinho central da imagem • Imagem típica de coluna em bambu = Achado de EA em casos bem avançados Tratamento • Em todas as fases → educação do paciente, atividade física, fisioterapias, ajudas com grupos de associações • Analgesia em caso de dor + TTO específico • NÃO ENVOLVE CORTICOIDE → Pode usar corticoide somente através de infiltração, pois vai agir dentro da articulação • Tratamento sistêmico é com AINE • Cirurgia em caso de anquilose coxofemoral com ausência de mobilidade da articulação do quadril = Cirurgia ortopédica para correção da deformidade Na AXIAL: • Inicia com AINE → Avalia por 3 meses, e se no curso desses 3 meses usando AINE ele não melhorar, muda a classe de AINE → Caso não melhore, já pode ir para o imunobiológico • AINE por 3 meses, não respondeu = Imunobiológico No PERIFÉRICO: • AINE ou AINE + DMARDS (sulfassalazina e metotrexato) inicialmente → Usa por 3 meses e não tem melhora = Droga imunobiológica Conclusão: - Artrite reumatoide e espondiloartrites: doenças multifatoriais com repercussões articulares e sistêmicas - Existência de critérios e ferramentas para diagnóstico precoce - Causa importante de limitação física - Principal fator limitante de resposta: tempo de diagnóstico Reumatismo de partes moles DEFINIÇÕES Enfermidades reumáticas de partes moles, também denominadas reumatismos extra-articulares, que englobam um grupo de moléstias cujo denominador comum é a dor musculoesquelética e rigidez articular. Faz parte desse grupo as doenças que acometem músculos, tendões, ligamentos, bursas, enteses, cápsulas, fáscias e nervos periféricos. O tratamento, de maneira generalizada, consiste no repouso do músculo ou articulação acometida, associada a terapia farmacológica (AINE, Dipirona, paracetamol, miorrelaxantes ou opioides fracos) e reabilitação fisioterápica. Em alguns casos, pode ser considerado infiltração articular com glicocorticoide. PRINCIPAIS PATOLOGIAS MANOBRA / SINAL Ombro Bursite subacromiodeltoideana Arco doloroso de Simmonds Tendinopatia do supraespinhal Neer, Jobe, Yocum, Hawkins- Kenedy Tendinopatia do subescapular Gerber Tendinopatia do infraespinhal e redondo menor Patte Tendinopatia do cabo longo do bíceps Yergason, Speed Capsulite adesiva Dor e restrição de movimentos glenoumerais fundamentais: elevação, rotação interna e externa Cotovelo Epicondilite medial Cozen e Mills Epicondilite lateral Dor a flexão do punho contra resistência Bursopatia olecraneana Lesão cística em olecrano Mão e punho Tenossinovite de Quervain Finkelstein Síndrome do túnel do carpo Tinel e Phalen Centro Universitário Christus Fortaleza, Ceará fcotheo@hotmail.comTenossinovite estenosante (dedo em gatilho) Restrição ao retornar dedo à posição neutra Contratura de Dupuytren Contratura em flexão dos dedos associado a espessamento Quadril Bursite trocantérica Dor profunda em região lateral do quadril, com possível irradiação para região glútea, lateral ou posterior do joelho Tendinopatia do glúteo médio/mínimo Dor à abdução do quadril contra resistência Síndrome do piriforme Dor durante abdução do quadril, contra resistência, fletido, em rotação interna Joelho Bursopatia prepatelar Sinais flogísticos anteriormente e superiormente à patela, doloroso à palpação, piora durante flexão do joelho Bursopatia poplítea (Cisto de baker) Palpação em região poplítea com joelho extendido; dor intensa à palpação de panturrilha em caso de ruptura Bursopatia anserina (pata de ganso) Dor em região anteromedial, piora com flexão Tendinopatia patelar Puddu Pé / Tornozelo Disfunção do tendão tibial posterior Redução do arco plantar (pé plano) Fasceíte plantar Dor em face plantar de calcanhar Neuroma de Morton Dor à compressão do interdígito com o polegar REFERÊNCIAS VASCONCELOS, JTS. Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. 1ª edição. Barueri (SP): Manole, 2019. REUMATOLOGIA: Exame Físico do Paciente Reumatológico • Exame Físico Geral • Exame Físico Musculoesquelético Exame Físico Musculoesquelético • Exploração morfológica e funcional do aparelho musculoesquelético. • Técnicas: inspeção, palpação e avaliação dos movimentos (ADM). • Ordem de ações: observe, palpe (principal do exame físico reumatológico) e movimente (avaliar limitação do movimento). Inspeção Geral • Marcha, postura (trapézio contraído na fibromialgia), fáscies, a presença de deformidades (mão reumatoide), amputações ou ausência de segmentos corporais ➔ Marcha o É muito importante observar a pisada do paciente → deve pisar primeiro com o calcâneo, depois o pé todo e depois com a cabeça dos metatarsos ▪ Às vezes é importante até pedir pro paciente acelerar a marcha, porque muitas vezes ele anda “forçadamente” normal, mas quando anda mais rápido, ele “anda errado” o Observar também que quando o paciente faz uma “virada” com o corpo, tende a colocar o peso do corpo no membro melhor • Normal = Atípica • Alterada por patologia reumatológica = normalmente antálgica (osteoartrite de joelho, bursite) • Alterações de marcha neurológicas o Marcha hemiparética = sequela de AVC o Marcha Parkinsoniana: muda o centro de gravidade, anda em bloco, tremor de repouso, ausência de dor articular, pode ter rigidez articular Inspeção Segmentar • Analisa a integridade morfológica do esqueleto axial e apendicular. • Posição mais recomendada: ortostase. • Avalia-se forma, volume, contornos, relevos musculares, comprimento, alinhamento, simetria dos segmentos funcionais do SME. Inspeção da Coluna Vertebral • Curvaturas fisiológicas no perfil o Cifose torácica e sacral o Lordose cervical e lombar • Procura-se acentuação (hipercifose torácica pode ser devido a uma osteoporose importante, ocorrendo redução das vértebras ou fraturas) ou retificação/diminuição das curvaturas • Retificação lombar → na imagem é um adulto com EA • Escoliose o Se posiciona no dorso do paciente o Pode pedir pro paciente inclinar o tronco para a frente, como se fosse pegar algo no chão → Teste de Adams Inspeção de MMSS • Observar relevos, assimetrias • Sempre de proximal para distal (ombro, cotovelo, punho, mãos) • Procurar nódulos nas articulações, atrofia dos interósseos, desvio ulnar dos dedos, aumento de partes moles → mão reumatoide • Aumento ósseo das articulações interfalangeanas proximais e distais, formando nódulos ósseos → osteoartrite com nódulos de Bouchard e Heberden; inflamação local • Psoríase gosta de interfalangiana distal • Procurar edema o Edema articular é mais no início do dia e melhora com a movimentação; edema vascular é mais no final do dia Inspeção de MMII • Observar assimetrias (cristas ilíacas), nódulos • Edema nos pés → Que horas é pior? De manhã ao acordar ou no fim do dia = Doença articular, de manhã geralmente está mais rígido, inchado e melhora com o movimento; Patologia vascular piora ao fim do dia • Valgo = Vértice da articulação aproximado da linha média do corpo • Podagra = Artrite da primeira metatarso falangiana = Gota Palpação • MAIS IMPORTANTE • Exploração tátil do aparelho ME. • Pesquisa-se pontos dolorosos, sinais flogísticos (principalmente edema), crepitações (desgaste articular na osteoartrite)... • Pesquisa de calor se faz com dorso das mãos. • Palpação de Coluna Vertebral: Começa pelo eixo axial, vai palpando os processos espinhosos da cervical ao cóccix; palpa musculatura paravertebral - Dor difusa, alteração do sono, palpo e doi a coluna toda (parte óssea e contratura muscular, principalmente trapézio) = Fibromialgia - Idoso, perdendo peso, síndrome consumptiva, muita dor na coluna, dor localizada = mieloma múltiplo, metástase na coluna por metástase de próstata - Hérnia de disco, osteoartrite • Palpação de MMSS o Tem que palpar as pequenas articulações da mão e do punho, preferencialmente usando 4 dedos • Palpação de MMII o A palpação do quadril é um pouco pobre pela quantidade de músculos o A palpação do joelho é rica, permitindo diferenciar uma artrite de joelho de uma bursite patelar • Avaliação da mobilidade articular (ADM) o Testar movimentos ativos, passivos e contra resistência. ▪ Quando a patologia é articular, a movimentação ativa ou passiva é igualmente dolorosa ▪ Mas quando é periarticular, o ativo dói mais, como no caso de uma bursite pré patelar, o movimento ativo dói mais porque contrai o musculo estriado, puxa o tendão patelar e machuca a Bursa, fazendo doer mais ▪ Testar contrarresistência no contexto de doença neurológica, fazendo diagnóstico diferencial, por exemplo, miastenia graves, esclerose múltipla, alterando a força motora do paciente • Amplitude de movimento (ADM) o Importante na ortopedia, por exemplo, o indivíduo vai operar o joelho e ele não consegue fazer os 90° de flexão, antes da cirurgia está 60, mas depois da cirurgia e fisioterapia ele tem que melhorar. Se depois da cirurgia ele ficou com 40, a cirurgia não deu certo, ele fez foi piorar o Em patologias articulares, a ADM diminui em várias “direções”, diferente das periarticulares, que só diminui a amplitude nos movimentos que forçam a estrutura acometida (determinado tendão) o ADM da coluna vertebral ▪ Coluna Cervical • Rotação D e E (70º). • Flexão (45º) / Extensão (55º). • Flexão lateral ou Lateralização D e E (40º). ▪ Coluna Lombar • Flexão (75º) / Extensão (30º) • Flexão (ou inclinação) lateral D e E (35º) • Rotação D e E (30º) ▪ Ombro • Elevação (imagem E) • Rotação interna (imagem D) ▪ Punhos e Cotovelos: • Extensão e flexão ▪ Dedos das mãos: • Fechar e abrir ▪ Quadril: sempre avaliar a cabeça do fêmur, se ela está jogando a cabeça do fêmur para fora, é rotação externa • Rotação interna (imagem B lá debaixo) e externa (imagem C) Testes Especiais • Teste de Compressão de Spurling o Paciente sentado; inclina a cabeça para o lado da irradiação da dor e faz uma compressão crânio caudal. o Positivo: aumento da dor do membro afetado o Indicação: discopatia cervical e radiculopatias o O paciente chega com queixa de cervicobraquialgia (dor começa no pescoço e desce para o braço) Paciente com duas hérnias discais extrusas, pressionando a saída da raiz • Teste de Distração Cervical o Paciente sentado apoia-se uma mão na mandíbula e a outra no occipital. Faz-se então elevação da cabeça. o Positivo: redução ou desaparecimento da dor o Indicação: cervicalgia por compressão de raiz nervosapor hérnia discal • Teste de Adson o Palpa o pulso radial e eleva o membro rotacionando externamente, eventualmente o pulso radial vai sumir quando o “problema” (como a costela extra) comprimir a subclávia o Positivo: pulso radial some o Paciente com dor/ parestesia nos MMII por problemas na irrigação do MS, pode ser uma costela a mais, comprimindo a subclávia... o Síndrome do desfiladeiro torácico • Teste de Schober modificado o Muito usado na EA o Faz um ponto 0 entre as cristas ilíacas posterosuperiores e outro +10cm para cima. Pede pro paciente flexionar o quadril para frente sem flexionar os joelhos. O normal é aumentar pelo menos 5 cm na distância entre os dois pontos. o Positivo: se a distância entre os dois pontos aumentar menos de 5 cm → pode indicar inflamação crônica da lombar, anquilose e pode ser usado para acompanhamento da evolução da EA • Teste de Lasegue o Muito usado no diagnóstico de radiculopatias lombares o Paciente em decúbito dorsal e faz a extensão da perna. Vai ter dor irradiada no dermatomo da raiz nervosa entre 30 e 70º se for positivo ▪ Se a dor for antes de 30º, pensar em diagnósticos diferenciais (encurtamento muscular do membro) ou possível simulação de dor pelo paciente. ▪ Acima de 70º é normal ter dor • Teste de Lasegue Cruzado o Faz-se a manobra de Lasegue no membro oposto ao da irradiação da dor. o Positivo: dor na perna afetada. o Pode usar para descartar um simulador, pois ele vai referir dor na perna elevada (saudável) • Sinal de Bragard o Feito após o Lasegue. Se o paciente teve dor no 40º, volta uns 5-10º, até passar a dor, e aí faz uma dorsiflexão passiva do pé. o Positivo: dor pela irritação da raiz nervosa o Também é uma técnica de eliminar os simuladores. o Sinal de Bragard e Sinal de Lasegue positivo é muito comum em radiculopatias ➔ Revisando anatomia do ombro: • 4 tendões do manguito rotador: supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor Tendão do supraespinhal é o mais acometido dos 4 = é o que passa mais próximo da ponta do acrômio; e o redondo menor é o menos acometido, ele é o que passa mais longe • Teste de Neer o Faz uma rotação interna da mão com elevação passiva do ombro. o Positivo: dor ou interrupção do movimento entre 60 e 120º → sugestivo de síndrome do impacto, principalmente no supraespinhal o Indicação: ruptura do manguito rotador • Manobra de Hawkins o O examinador coloca um braço para servir de alavanca e faz uma rotação interna passiva forçada o Membro superior fletido, apoia-se uma mão no ombro do paciente e a outra no cotovelo do mesmo lado e eleva-se o membro o Positivo: dor no ombro • Teste Yocum o Passiva o Ativa: paciente põe a mão no ombro contralateral, e médico faz movimentação de elevação do cotovelo o Indicação: degeneração acromioclavicular • Testes de Jobe o Você faz a resistência e o indivíduo vai elevar os braços o Dá diagnóstico de síndrome do impacto e pode te aferir, não com 100% de certeza, se aquele tendão do ombro está só inflamado, parcialmente rompido ou totalmente rompido → Quando o indivíduo tem só dor, mas com uma boa força no braço, imagina que tem apenas inflamação do tendão ou Bursa; quando tem fraqueza de um lado (geralmente assimétrica, lado mais desgastado), você pode ter ruptura parcial e quando o indivíduo não consegue resistir a força do examinador pode ser uma ruptura total, caso até cirúrgico o Paciente com braços abertos e polegar para baixo; faz movimento de abdução contra- resistência o Indicação: tendinite do supraespinhoso • Teste de Patte o O paciente faz uma rotação externa e o examinador faz força contra resistência o Avalia o infraespinhal, segundo tendão mais acometido • Teste de Gerber (atual) o O paciente encosta o dorso da mão na lombar e tenta afastar a mão o Positivo: não consegue afastar pela dor o Avalia o subescapular, terceiro tendão mais acometido • Teste de Yergason o O paciente com o cotovelo a 90º, faz o movimento de supinação e pronação do punho contra resistência o Positivo: dor na cabeça longa do bíceps o Indicação: tendinite da cabeça longa do bíceps • Palm-up test (Teste de Speed) o O indivíduo faz o movimento de elevação do braço com a palma da mão para cima contra resistência do avaliador o Positivo: dor o Avalia a cabeça longa do bíceps → tendinite • Teste da Instabilidade Glenoumeral (teste da apreensão) o Paciente em decúbito dorsal faz a extensão com rotação externa forçada e o indivíduo sente o ombro saindo o Positivo: dor o Indivíduo luxador do ombro • Teste da epicondilite lateral de cotovelo – Teste de Cozen o O examinador palpa o epicôndilo lateral que tem dor, o paciente faz supinação do antebraço com extensão do punho contra resistência o Positivo: dor no epicôndilo lateral • Teste de Tinel o Faz percussão do nervo mediano, reproduzindo o sintoma de dor ou parestesia o Positivo: dor ou parestesia do 1º à metade lateral do 4º dedo = metade medial e 5° dedo são inervados pelo ulnar o Indicação: síndrome do túnel do carpo → neuropatia compressiva periférica mais comum • Teste de Phalen o Faz a flexão do punho e conta 60 segundos. o Positivo: aumento da dor • Manobra de Finkelstein o Coloca o polegar dentro dos dedos e faz uma abdução forçada o Positivo: dor o Indicação: tendinite de DeQuervain • Teste de Patrick (FABERE) o Flexão com abdução do quadril e rotação externa (FABERE). Uma mão do examinador segura a sacroilíaca e a outra aperta o joelho contra a maca o Positivo: dor na sacroilíaca contralateral ao joelho, ou seja, a que está a mão o Avalia sacroiliíte – espondilite, artrite psoriásica o ATENÇÃO: Dor na coxofemoral ipsilateral não é teste positivo para sacroileíte • Teste da Tecla o Examinador traz a mão esquerda, fazendo expressão da coxa até a base da patela, fazendo elevação da patela. Então o avaliador consegue “apertar” a patela como uma tecla • Teste de McMurray o Faz extensão e flexão passiva do joelho com rotação do pé o Avalia meniscopatia • Teste de Appley o Em decúbito ventral, primeiro eleva a perna para soltar os ligamentos e depois empurra a perna para baixo, empurrando o pé de um lado para o outro, testando o respectivo menisco o Avalia meniscopatia • Teste para ligamento colateral lateral o Faz um estresse em varo – vértice da articulação afasta da linha média o Positivo: dor • Teste para ligamento colateral medial o Faz um estresse em valgo o Positivo: dor • Teste para ligamento cruzado anterior – Teste de Lachman o É um teste de triagem o Paciente em decúbito supino, joelho fletido a 15°. Examinador estabiliza o terço distal do fêmur com uma mão, enquanto traciona anteriormente a região posterior da tíbia com a outra o Se positivo: faz a gaveta anterior • Teste de ligamento cruzado anterior (gaveta anterior) o Paciente em decúbito supino, quadril fletido a 45° e joelho fletido a 80-90° com o pé apoiado na maca. Examinador empurra a região proximal da tíbia em direção anterior o Positivo: deslocamento anormal da tibia • Teste de ligamento cruzado posterior o Paciente em decúbito supino, quadril fletido a 45° e joelho fletido a 80-90° com o pé apoiado na maca. Examinador empurra a região proximal da tíbia em direção posterior o Positivo: deslocamento anormal da tibia • Teste para condromalácia o O examinador aperta a patela contra o fêmur o Positivo: dor Abordagem dos reumatismos de partes moles S1T1 B- Dr. Leonardo Cavalcante É um capítulo muito importante na reumatologia e na medicina como um todo (na ortopedia, na medicina geral) porque são patologias muito frequentes e procuram muito os médicos, seja no posto de saúde, sejanos consultórios de clínica médica, de reumatologia, de ortopedia. REUMATISMO DE PARTES MOLES Primeira coisa que a gente vai ver é o conceito: – Afecções reumáticas que afetam os tecidos periarticulares→ então o que a gente chama de partes moles aqui na reumatologia é tudo que está em volta da articulação e que não é articulação. – Inclui mais de 150 distúrbios músculo- esqueléticos dolorosos e incapacitantes→ é por isso que é tão frequente a procura do médico ou queixas nessa parte. –Principal motivo de consulta reumatológica→ veja bem: não é a doença mais frequente, é o conjunto de doenças mais frequentes. A doença mais frequente isoladamente realmente é osteoartrite e da parte dos não-articulares, é a fibromialgia. Mas o grupo de doenças mais comuns (até porque envolve mais de 150 distúrbios) é esse do reumatismo de partes moles. Então vamos começar falando dos reumatismos de partes moles localizados, aqueles que são localizados em alguma porção do corpo humano. (na segunda parte da aula a gente vai ver sobre fibromialgia, que seria uma doença envolvendo dores em partes moles, mas difusas) PARTES MOLES: ➔ Primeiro de tudo identificar para vocês o que são as partes moles, isso é meio óbvio, mas talvez alguém tenha um pouco de dúvida, então vale à pena a gente passar. Parte mole é tudo aquilo que está ao redor da articulação e que não é articulação. Então a gente tem a pele e o subcutâneo, que não está em negrito, porque a gente deixa as patologias dessa parte pro dermatologista. ➔ Mas quando falar de partes moles na reumatologia, você vai pensar em quê? Nos músculos (aqui o ventre do músculo), nos tendões (a parte de tecido conectivo que vai do músculo até a inserção nas superfícies ósseas), a exata inserção é chamada de êntese e isso tem muita importância na reumatologia, porque existem doenças que adoram inflamar as enteses, um exemplo: as espondiloartrites (a psoríase, por exemplo), mas nós não vamos falar disso hoje. As bursas, que são espécies de bolsinhas que servem como amortecedores do corpo humano, elas têm um espaço virtual dentro delas e quando tá inflamada, ela vai se encher de líquido, porque ela vai servir de amortecedor entre um tendão e uma superfície óssea ou entre o tendão e a pele, em locais em que há muito atrito ou entre tendões... várias possibilidades podem, mas em geral entre tendão e superfície óssea é onde a gente mais vê essas bursas. As fáscias né, tecido conectivo que envolve tudo isso e os nervos ao longo dos músculos, dos tendões e das próprias articulações a gente tem nervos periféricos que podem ser comprimidos e podem ser origem do problema e entram aí nesse grupo de reumatismos de partes moles. • Pele • Subcutâneo: – Gordura – Vasos • Músculos • Tendões • Ênteses • Bursas • Fáscias • Nervos ➔ Os próximos 2 slides são muito importantes, então quem ainda está sonolento ai, pf ACORDE. É fundamental vc saber diferenciar numa história e num exame físico o que é articular do que é periarticular. O que for articular o problema é da articulação, o que for periarticular normalmente é um reumatismo de partes moles. Articular • História ➔ Então o que vai ser a história de um problema articular – Dor na articulação ou em sua área de referência→ vai ser uma dor na própria articulação ou na área de referência daquela articulação (aquela área que está ali acima da articulação) – Dor em todas as direções do movimento→ isso é óbvio né pessoal, se tá inflamado por exemplo a articulação, é inflamação interna então vai doer para todos os movimentos que vc fizer, para todas as direções. • Exame físico – Dor e edema (no caso se for uma artrite) de toda a linha interóssea→vai ser em toda a linha que forma a articulação – ADM limitada/dolorosa em todas as direções→ amplitude de movimento dolorosa, como eu já falei na anamnese, vai ser confirmado que ela vai doer em todas as direções. – Dor no movimento ativo = movimento passivo→ a grande pista é essa daqui: a dor no movimento ativo é igual à do movimento passivo. Claro, se nós estamos falando de uma patologia articular, a inflamação é interna da articulação, então tanto faz vc fazer a contratura muscular no movimento ativo ou não, a dor é a mesma porque o problema está na articulação. Porém, isso muda quando a gente for falar dos problemas periarticulares. (que é o próximo slide, que é tão importante quanto esse anterior) Periarticular ➔ Então qual é a história clínica de um problema periarticular, um problema de partes moles né: • História – Dor próximo da articulação→ ela não é exatamente na área da articulação. – Dor em algumas direções do movimento→ ela normalmente não vai doer em todas as direções como na articulação (que é uma inflamação mais interna). Aqui ela é uma inflamação mais externa, de tendões ou músculos por exemplo, que passam por cima da articulação. Então vc só vai ter dor naquela direção de movimento que força aquele tendão, como no corpo humano a gente tem sempre tendões com funções opostas (por exemplo: nós temos no antebraço os extensores na região dorsal e os flexores na região ventral do antebraço), então se eu to com problema nos extensores dos dedos não vai ser todas as direções que vai doer, vai doer quando eu forçar esses extensores. • Exame físico ➔ No exame físico eu vou evidenciar exatamente isso: – Dor e edema sobre uma parte da articulação; pode se estender além da articulação. --> vou ter dor ou a dor e o inchaço, porque nem tudo que incha é articulação. Você pode ter um edema do tendão, pode ter um edema do músculo principalmente. Numa parte da articulação, porque é aquela parte em que o tendão tá passando por cima ou o músculo tá passando por cima, mas não em toda (como é o caso de uma artrite). e pode se estender além da articulação, porque logicamente essas partes moles se estendem para fora da articulação, essa é a grande pista do exame físico... é diferente de uma patologia articular, que o problema está na articulação. – ADM dolorosa/limitada em algumas direções→ a amplitude de movimento, como a gente já falou, vai ser dolorido só nas direções que forçam aquelas partes moles ali que estão atingidas, e a outra grande pista é que: – Dor com movimento ativo > movimento passivo→ a dor no movimento ativo é maior do que no movimento passivo. Por que isso acontece? Numa patologia articular, tanto faz vc contrair ou não a musculatura estriada, a dor vai ser igual porque a inflamação está dentro da articulação, mas numa parte mole, quando vc contrai o músculo estriado vc vai puxar tendão, vc vai puxar bainha de tendão (que é aquela sinovite, bainha sinovial do tendão), vc vai puxar o próprio músculo que pode estar acometido de uma maneira muito mais forte. E é por isso que a dor no movimento ativo é maior que a dor no movimento passivo VIA DE REGRA, claro que têm exceções, porque tudo na reumatologia tem exceção, mas vcs tem que se preocupar agr com a regra. Dito isso, vcs tem condição de, no exame físico e na história, conseguir já diferenciar essas duas coisas e isso ajuda muito quando vc vai estudar os reumatismos de partes moles. 10:26- alguém perguntou sobre as exceções... ➔ “Algumas exceções são essas daqui, do ombro. A gente tem: Tendinopatias do manguito rotador→ podem doer com movimento ativo da mesma forma que no movimento passivo e são ainda reumatismos de partes moles. É o melhor exemplo, são algumas tendinites do manguito rotador. Então no manguito rotador nem sempre a dor do movimento passivo vai ser menor do que a dor no ativo. Mas é principalmente essas exceções do manguito rotador, as demais, a maioria das vezes a dor do movimento passivo vai ser menor do que no movimento ativo no reumatismo de partes moles. (mas isso é mais coisa do especialista)” Ombro ➔ Vamo falar agora de cada parte do corpo, vendo reumatismos de partes moles localizados. Temos as tendinites do manguito rotador e depois vamos falar sobrea tendinite do bicciptal. • Tendinopatias do manguito rotador • Tendinite biciptal. Ombro – Manguito Rotador ➔ Para falar do manguito rotador, vc têm que lembrar da anatomia, não dá tempo ver com detalhe aqui, então dps vcs têm que pegar o livro de anatomia e rever. Então no manguito rotador do ombro a gente tem 4 tendões: – POR CIMA • Tendão do m. Supra-espinhal – PELA FRENTE • Tendão do m. Subescapular – POR TRÁS • Tendão do m. Infra-espinhal • Tendão do m. Redondo Menor ➔ (falou mostrando as fotos abaixo) É bem simples essa anatomia. O supraespinhal ganha esse nome porque nasce acima da espinha da escápula, o infra logicamente abaixo (essa é a visão posterior da escápula), e aqui o redondo menor. E na parte anterior da fossa supraescapular, a gente tem o subescapular. ➔ Bom, qual é a relevância dessa anatomia? É que o supraespinhal (esse que nasce aqui atrás) o tendão dele sai do posterior e passa pra frente bem aqui ó, mais próximo possível da ponta do acrômio, então isso explica porque o tendão do supraespinhal é o mais acometido (é porque ele ta mais próximo da ponta do acrômio na região anterior), certo? Depois o do infraespinhal, subescapular e por último do redondo menor, que é o que ta mais longe. Depois vcs vão dar uma revisada nessa anatomia ➔ (sobre a foto ao lado) Outra coisa importante é o que a gente chama de sd do impacto. Por que sd do impacto? Essas tendinites do manguito rotador, o problema começa é o indivíduo que já tem uma predisposição, já tem tendão um pouco mais frágil, já predisposto, mas devido a fazer movimento repetido ou ter a ponta do acrômio muito proeminente ele começa a impactar o tendão (quando vc eleva o ombro), esse tendão aqui seria o do supraespinhal, mais próximo do acrômio. Quando ele impacta a Bursa, que é um amortecedor como eu falei né, ela se enche de líquido, para aliviar esse impacto, daí ele vai ter dor tanto pela bursite subacromial (abaixo do acrômio), como pela tendinite do manguito rotador (no caso aqui do supraespinhal, que é o principal). Teste de Neer ➔ Como eu falei na aula de exame físico, a gente tem vários testes para manguito rotador do ombro e aqui é a exceção, mariana, como eu falei, vc vê que no movimento passivo ele já tem bastante dor. Muitas vezes não fica claro que o movimento passivo dói menos do que o ativo aqui no ombro, por isso que é uma exceção. Mas no movimento passivo já tem bastante dor. ➔ Esse teste de neer vcs tem que saber, porque é o mais conhecido: é a elevação passiva do membro superior, em rotação interna com o examinador colocando a mão esquerda na escápula para que o indivíduo não roube com a musculatura do dorso. E num ângulo entre 60 e 120 graus o indivíduo vai impactar lá aquele tendão na ponta do acrômio e vai ter dor. ➔ Então esse é um reumatismo de parte mole talvez mais comum do ombro. Ombro - Tendinite bicciptal ➔ Existem algumas pegadinhas... exemplo, se a tendinite bicciptal cair em prova de residência NÃO faz parte do manguito rotador do ombro. manguito rotador são só aqueles 4 tendões, mas na maioria dos livros de reumatologia e ortopedia está sendo estudada essa tendinite junto no capítulo de ombro, porque é muito comum ela se associar às tendinites de manguito rotador também Essa cabeça longa do bíceps (circulada na foto) vai dar problema próximo do ombro no sulco intertubercular, é onde passa o tendão da cabeça longa do bíceps. E ai também outro teste, que nós já mostramos na outra aula, vcs só têm que revisar: Palm-up test ➔ É o indivíduo fazer a elevação do membro superior usando a força do bíceps, ele vai ter dor exatamente aqui na ponta da caneta (na cabeça longa do bíceps). ➔ Então essa é a tendinite bicciptal, que também é um reumatismo de parte mole próximo à região do ombro. Cotovelo ➔ No cotovelo, o que é mais importante: • Bursite olecraniana→ é a Bursa que tá ali no olecrano, ela não tá amortecendo o tendão ali, mas ela amortece a própria superfície óssea, porque o olécrano é uma das superfícies do corpo humano que a gente mais atrita... atrita no computador, atrita na mesa para estudar, de todas as formas. • Epicondilite lateral e medial→ as epicondilites são exatamente a inflamação daquela ponta óssea mais lateral e mais medial do cotovelo, e essa ponta óssea inflama logicamente ali na êntese, é onde os tendões grudam no osso. Então o epicôndilo é exatamente isso, epicondilite é uma entesite, inflamação da ponta do tendão e ali da pontinha do osso onde ele gruda. • Neuropatias compressivas do cotovelo (mediano, ulnar ou interósseo posterior)→ são os 3 nervos que passam ali ao nível do cotovelo. Esses são um pouco mais raros, para isso acontecer vc precisa ter uma proeminência óssea, um tumor ósseo ou uma sequela de fratura, ou então uma artrite muito volumosa que possa pressionar um nervo desses, ou não só de doenças reumáticas, mas também de doenças infecciosas (como é o caso da hanseníase, por exemplo). Mas esses não são os mais frequentes. Os mais frequentes realmente são: bursite do olecrano e a epicondilite lateral e medial (principalmente a lateral) ➔ Na foto acima(esquerda) para mostrar a região da Bursa do olecrano: ela é virtual no indivíduo que não tá inflamado, mas no idoso que a pele é menos elástica, a gente já consegue ver aqui a Bursa um pouquinho. E quando tá inflamada a gente vê bastante a Bursa (foto acima direita). Várias coisas podem inflamar essa bursa, como eu disse: o atrito vc usando o pc, atrito em qualquer outra atividade e inflamações próximo do cotovelo podem gerar bursite também aqui. Epicondilites ➔ Muito importante pois é considerada a causa principal de dor no cotovelo é a epicondilite lateral, que é a origem comum dos extensores dos dedos que surgem aqui e vão pro antebraço. O epicôndilo medial é a origem comum dos flexores dos dedos, então não precisa ser muito esperto para saber que quando a gente força os extensores vai atingir o epicôndilo lateral. Quando a gente força os flexores vai atingir o epicôndilo medial. ➔ (foto ao lado) : essa epicondilite é muito comum (lateral), é a chamada epicondilite do tenista. “ah mas não vou atender mt tenista”, td bem, mas vc vai atender gente que martela, gente que pesca (esse movimento repetido, muitas vezes, vai fazer uma epicondilite lateral). Então é uma das causas mais comuns de dor no cotovelo. Então ta aqui a representação da êntese (de como é o pontinho que o tendão gruda no osso, se essa inflamação for crônica vai degenerando o osso aqui na região da êntese) ➔ (foto ao lado): famoso teste de “cozen”: o indivíduo faz a extensão do punho e supinação contra a resistência e vai ter dor exatamente aqui no epicôndilo lateral→ é clássico da epicondilite lateral. Punhos ➔ Nos punhos temos 3 coisas que quero chamar a atenção de vcs: • Cistos gangliônicos → tbm chamados de cistos sinoviais • Tenossinovites → jaja vou explicar quando usa o termo tenossinovite e tendinite, são muito parecidos. • Síndrome do Túnel do Carpo→ que é importantíssima, é a neuropatia periférica COMPRESSIVA mais comum do ser humano. Cistos Gangliônicos ➔ A gente vê muito a nível do punho, tanto na região flexora, quanto na região dorsal. Em uma turma de alunos de medicina sempre tem alguém que tem um cistinho desse de estimação. Ele é formado por essas sinóvias que envolvem os tendões que passam nessa região (flexora e dorsal do punho). ➔ Também é formado (claro que tem que ter uma predisposição genética), mas é desencadeado por atrito/por movimentos que gerem atritos nessa região. ➔ Não é maligno, ele é totalmente benigno. Em geral não dói. Vai doer quando estiver inflamado ou quando estiver comprimindo uma estrutura nobre, como um nervo. Em geral responde bem ao tto clínico (a maioria deles), aqueles que não respondem vc vai ter que partir pro tto cirúrgico, mas mais por estética ou quando eleestiver muito grande comprimindo estrutura nobre Tenossinovites ➔ Então vcs têm que lembrar de novo da anatomia. Esses tendões (foto ao lado), essa representação é dos flexores dos dedos aqui da mão. Vc vê tanto os flexores, mas tbm os extensores são tendões aqui ao nível dos punhos das mãos que tem essa bainha de sinóvia. Então essa é a diferença de uma tendinite simples para uma tenossinovite. Tenossinovite em geral é mais dolorosa porque ela não inflama só o tendão, inflama na bainha de sinóvia, é como se fosse uma capa de espada que existe em alguns tendões ➔ Então essa é a diferença entre tenossinovite para a tendinite. E aqui nas mãos e nos punhos, a gente em geral tem tenossinovites porque tem muita sinóvia aqui ao redor dos tendões e essas mesmas sinóvias que formam os cistos gangliônicos tbm. Dedo em gatilho ➔ Então nos flexores, nos tendões dos flexores a gente tem uma patologia muito comum que é o dedo em gatilho, o nome técnico é a tenossinovite de um tendão flexor dos dedos. Então vc tem aqui bem próximo das polias, normalmente próximo das cabeças dos metacarpos, vc vai ter as polias e essa tendinite do tendão flexor, tenossinovite, porque aqui sempre tem bainha, vai ficando crônico, vai repetindo repetindo, ela vai formando nódulos e esse nódulos vão inflamando e crescendo cada vez mais, até o ponto em que ele não consegue mais passar pela polia de forma adequada. Então o indivíduo flexiona o dedo, como aqui nessa foto abaixo, mas ele não consegue estender novamente por causa desse nódulo. Ai vc tem que puxar o dedo, é por isso que parece um gatilho, por isso que vem o nome popular desse problema, que é o dedo em gatilho. ➔ então essa é a tenossinovite dos flexores dos dedos: muito comum. → aqui (foto) nós temos os tendões extensores e, da mesma forma, a gente tem muita bainha de sinóvia aqui, então também em geral temos sinovites. Então vcs têm que revisar essa anatomia. Então vou lembrar vcs aqui, até para responder à pergunta da mariana: o primeiro compartimento extensor (que é o abdutor longo do polegar e o extensor curto do polegar) quando ele inflama, a gente vai ter a tenossinovite do primeiro compartimento de extensor, que é a tenossinovite DeQuervain ➔ O segundo compartimento é o extensor radial longo e curto do carpo. ➔ O terceiro é o extensor longo do polegar ➔ O quarto: extensor comum dos dedos e extensor do index ➔ O quinto: extensor do dedo mínimo ➔ Sexto: extensor ulnar do carpo ➔ Caaada uma delas tem uma característica. O primeiro aqui dá uma tenossinovite muito dolorida, provocada por movimentos repetidos dos punhos e das mãos. Também é muito comum do quarto compartimento e do sexto (muito comum associado à artrite reumatoide, porque além da articulação, pacientes com AR inflamam esse tendão do sexto compartimento). Então dps revisem essa anatomia, muito importante vcs saberem de cabeça. Tenossinovite de DeQuervain ➔ (respondendo alguma duvida no chat): aqui, mariana, há tenossinovite de dequervain, que é exatamente a tenossinovite estenosante do primeiro compartimento extensor. (foto abaixo) observem que aqui tá bem mais edemaciado. Teste de Finkelstein ➔ A gente vai fazer a manobra de finkelstein, essa é uma manobra que eu tenho até dó dos pcts quando a gente faz, porque é exatamente colocando o polegar entre os outros dedos das mãos e fazendo essa abdução forçada aqui do punho, vai ter muita dor nesses tendões do primeiro compartimento. Síndrome do túnel do carpo ➔ Tem que saber sd do túnel do carpo, tem que estudar isso!! • Compressão do nervo mediano no punho – uma das causas mais comuns de dor na mão. • História é soberana!!! → o dx é clínico História ➔ O que é? É aquele paciente que tem dor e parestesias no trajeto do nervo mediano, principalmente à noite e isso faz ele acordar às vezes no meio da madrugada com essa dor e essa parestesia. ➔ Por que à noite? Porque à noite todo mundo dorme com o punho assim ou assim em geral (min 27:54, eu entendi que ele mostrou o punho fechado no vídeo, mas confiram, não deu p ver 100%) e isso aumenta a pressão intra-carpal e quando vc já tem um nervo que já está sofrendo ali por falta de espaço, o aumento da pressão intracarpal vai gerar ainda mais essa dor, essa inflamação do nervo/esse sofrimento do nervo. ➔ Ai o indivíduo acorda com muita dor e com muita parestesia no trajeto do nervo mediano e começa a chacoalhar as mãos à noite e isso faz aliviar um pouco, porque diminui a pressão intracarpal da posição que ele está. • Amortecimento noturno ou quando acorda. • Chacoalhar as mãos de noite → vcs têm que saber esse trajeto do nervo mediano, ele vai pegar a área sensitiva do primeiro até a parte mais lateral do quarto dedo, a parte medial e o quinto dedo são do ulnar. Mas prestem atenção, vou dar uma dica para vcs que gostam das exceções: alguns pcts não vão ter tipicamente aqui só os 3 primeiros dedos e a parte lateral do quarto, alguns pacientes vão sentir a queixa em 5 dedos e isso não descarta sd do túnel do carpo. Existe uma ligação entre o mediano e o ulnar que pode transferir os sintomas também para o quarto e quinto dedo, so que em menor intensidade. Sempre que vcs virem nos 5 dedos, perguntem pro pct e eles vão dizer a vcs que aqui no quarto e no quinto é em menor intensidade. Mas o clássico é isso aqui: do primeiro à parte lateral do quarto, que é justamente a área de inervação do n. mediano. ➔ Foto ao lado: Observem aqui o túnel do carpo, entre os ossos uma série de estruturas dos tendões, aqui ainda tem os tendões que passam aqui mais externamente e qualquer coisa que crescer aqui vai pressionar o nervo, se o osso cresceu por uma artrose ou por por acromegalia vai pressionar o nervo, se o tendão cresceu porque inflamou/teve uma tenossinovite vai pressionar o nervo, se a sinóvia aqui da articulação próxima cresceu por uma AR ou por uma hanseníase ou por movimentos repetitivos mesmo vai pressionar o nervo. Então tem mil e uma causas de sd do túnel do carpo. A gravidez retem líquido aqui, então vai pressionar o nervo; o diabetes descompensado começa a depositar glicídios aqui e vai pressionar o nervo; hipotireoidismo acumula líquido e vai pressionar o nervo. Então tem milhares de causas de sd do túnel do carpo, porém a mais comum é o movimento repetitivo. ➔ Aqui de novo só para mostrar a inervação do mediano, que é a mais clássica, e a do ulnar. Sinal de Tinnel ➔ No exame físico a gente vai ter o sinal de Tinnel, que é vc fazer a percussão da região onde passa o n. ulnar e vai desencadear a dor e a parestesia ao nível dos quirodáctilos, no local onde inerva o n. mediano. ➔ Obs.: respondendo a uma duvida: obesidade é fator de risco sim para sd de túnel do carpo, a gordura aumenta ali naquela região e vai pressionar o nervo. Sinal de Phalen ➔ Aqui é o sinal de Phalen. A foto não ta muito boa, aqui ele ta se preparando para fazer, mas o ideal é que vc encoste os dois dorsos dos punhos aqui na hora que vc for começar a manobra. E vc mede 60s depois que vc encosta aqui os dois e o indivíduo vai ter/ vai reproduzir a dor e a parestesia no trajeto do n. mediano dentro dos 60s e isso vai ser a manobra positiva. ➔ Bom, a sd do túnel do carpo é mais sensitiva nos primeiros anos, as queixas vao ser nos primeiros meses a anos. Vão ser mais: dor e parestesia, mas ela tem que ser diagnosticada e tratada porque a complicação à longo prazo é essa aqui: a atrofia tenar, ela começa a dar um sintoma motor depois de muito tempo de agravamento da patologia. ➔ A região tenar é muito importante para o ser humano, na evolução é isso que faz vc conseguir escrever, comer com talheres, a própria higiene pessoal do ser humano, então essa musculatura tenar faz muita falta e quando ela atrofia é quase que uma sequela da sd, não tem muito como recuperar. Então a gente tem que dar o dx no tempo certo para que trate, ese não conseguir melhora com o tto clínico, que vc peça a cirurgia para descomprimir o nervo antes de chegar nessa fase da atrofia tenar. Felizmente isso aqui demora bastante, dá tempo demais de vc fazer o dx e o tto Bursite trocantérica ➔ Já falamos de MMSS, agora vamos para membros inferiores, começar pela região do quadril, o principal reumatismo de parte mole aqui é a bursite trocantérica do fêmur, que são essas bolsas na lateral do fêmur bem próximo do trocânter maior do fêmur. Essas bursas amortecem os tendões do glúteo, então vc tem essas musculaturas do glúteo e ele é amortecido por essas bursas. ➔ É muito interessante porque uma das causas de bursite trocantérica é a fraqueza dos glúteos e o imobilismo, por exemplo, pct idoso que fica bastante tempo acamado quando ele vai voltar a andar sente bastante dor nessa região aqui lateral do fêmur, porque as vezes até o impede de andar devido a essa bursite ser bastante intensa, mesmo o indivíduo jovem que cai de uma moto, por exemplo, vcs vão ver nas enfermarias do ijf o indivíduo cai de uma moto, tem 20 e poucos anos é operado por fratura no fêmur ou na perna grave (na tíbia), fica lá parado com aquele fixador externo/ aquela gaiola, fica as vezes mais de um mês deitado e quando ele vai receber alta o glúteo está bastante hipotrofiado e ele pode ter essas dores da bursite trocantérica. ➔ Então é uma das causas mais importantes de dor ai na região do quadril é a bursite trocantérica do fêmur. Bursites do joelho Bursites ➔ A mais clássica é a bursite pré-patelar, ela ta aqui à frente da patela. É importante diferenciar uma bursite pré-patelar de uma artrite de joelho. A artrite o edema é geral, principalmente na região supra- patelar pq o líquido tá na articulação e quando não tem mais pra onde ele ir, ele sobe aqui vai para a região poplítea, formando tbm um cisto de baker. Quando o edema for localizado assim na região pré- patelar, e aqui obedece bem direitinho a regra, quando vc vai fazer o movimento passivo aqui ele dói menos que o ativo, porque o ativo vc vai ta puxando a musculatura do quadríceps e ai vai doer mais, então é bem típico aqui de reumatismo de parte mole e ai vc consegue diferenciar pela localização, pela inspeção que não é inspeção de uma artrite e sim de uma bursite, e principalmente pela movimentação que o passivo vai doer menos do que o ativo aqui. Então o problema não é dentro da junta, tá fora. ➔ (foto da esquerda) temos ainda uma bursa pequenininha aqui na região inferior ao tendão patelar, mas inflama raramente. A mais comum é realmente a bursite pré-patelar, que é a bursite da empregada doméstica que trabalha ajoelhando. E o leigo ou o médico menos experiente pode achar que é uma artrite de joelho, mas na verdade é uma periartrite ou um reumatismo de parte mole. ➔ Então é a mesma bursite também das freiras né, que ficam rezando, dos mulçumanos que ajoelham muito. BURSITE PRÉ-PATELAR CISTO DE BAKER ➔ Também temos bursites na região posterior do joelho, que são as bursas do sóleo e do gastrocnêmio e se unem aqui formando o que a gente chama de cisto de baker, ou cisto poplíteo. Essas bursas normalmente incham, elas têm uma comunicação com a articulação do joelho, então por qualquer causa que vc inchar um joelho, depois que ele for desinchando o líquido migra para essas bursas. Então são complicações frequentes, por exemplo, de pcts que têm osteoartrite de joelho e vivem tendo crises de inchaço do joelho, no final quando eles ficam bem, o líquido migra ai normalmente para essas bursas e o indivíduo fica bom daquela crise de osteoartrite do joelho, mas o cisto de baker permanece, então é muito comum em idoso. Isso aqui vc vai ter que fazer fisioterapia pra ele ir desmanchando devagarzinho. ➔ Então aqui é um reumatismo de parte mole, ele tá fora da articulação, embora ele receba líquido da articulação. E é um mecanismo unidirecional, o líquido passa da articulação pra cá mas ele não volta. Por isso que o cisto fica mesmo dps que a artrite do joelho tá resolvida. Isso é causa de dor e em casos de cistos muito grandes, eles podem simular uma tvp, podem dissecar a musculatura da panturrilha e simular uma tvp, mas que é facilmente diferenciado com o exame físico de um reumatologista ou de um ortopedista experiente ou se ficar muito ná dúvida, com us. BURSITE “PATA DE GANSO” ou bursite anserina ➔ Outra Bursa importante em MMII. Essa pata de ganso é o formato da inserção desses 3 tendões que lembram uma pata de ganso. São os tendões do: • Tendão pata anserina: – Sartório – Grácil – Semitendinoso ➔ De novo: revisem essa anatomia, não vai dar tempo a gente revisar tudo. E eles aqui na inserção ao nível proximal né, medial da tíbia, é onde vc vai ter mais dor. Só que essa patologia ás vezes a Bursa cresce tanto que já começa a doer aqui na região medial do joelho, então é um dx diferencial de dor na região medial do joelho. Dx diferencial com meniscopatia medial, com lesão ligamentar do colateral medial do joelho. Mas uma pista é quando vc vai examinar ela pode até começar na região medial do joelho, mas o ponto de dor maior vai ser realmente na inserção da pata de ganso ➔ É uma causa comum de dor. A tendinite da pata de ganso, clinicamente eles praticamente são iguais, vc não consegue muito diferenciar, mesmo na us na maioria das vezes eles estão associados, vcs vão encontrar os 2 no mesmo tempo. • Medial tíbia Fasciíte plantar ➔ Nos pés um reumatismo de parte mole importante é a fasceíte plantar. Aquela dor no calcâneo onde começa a fascia, na inserção do calcâneo, irradiando para os dedos. Essa dor é muito comum no obeso, aquele obeso que não faz muito exercício, principalmente aqueles que tem o pé planta, que não corrige a pisada... ele vai ter muita dor quando pisa pela manhã no chão. E um dos tratamentos é, além de perder peso, usar o calçado adequado, fazer alongamento dessa fascia plantar. ➔ Eu to dando o exemplo do obeso porque é bem comum e não envolve outras patologias inflamatórias, mas têm várias patologias inflamatórias que também se associam à fasceite plantar, como a psoríase e as espondiloartrites, tem vários outros que gostam de inflamar essa parte mole também dentro do contexto de algumas doenças. ➔ Então fasceíte plantar é quando vc aperta/ quando vc pisa de manhã e vai ter muita dor (principalmente de manhã quando vc ta em repouso, mas pode doer a qualquer hora) e no exame físico vc aperta a região anterior do calcâneo e a dor vai irradiar à região anterior do pé, muitas vezes até os dedos Lesões no Tendão Calcâneo ➔ Também são reumatismos de partes moles, vc pode ter desde a tendinite do tendão do aquileu (do tendão calcâneo) até as bursites subcutâneas do calcâneo que estão aqui coladas no tendão, elas existem justamente para amortecer o impacto do osso do calcâneo com o tendão, porque essa é uma região que impacta muito. ➔ Se vc tiver tendinites de repetição, bursites e até entesites na pontinha do tendão com o osso vc vai depois... tudo que inflama demais no nosso corpo por muito tempo e repetidas vezes vai calcificar e vc vai ter o esporão do calcâneo (foto rx). Ele pode acontecer aqui, classicamente no tendão aquileu, que é o posterior, a gente as vezes tem também aqui no inferior aqui ao nível da fascia também. Reumatismo de partes moles – exames diagnósticos ➔ Os reumatismos de partes moles, a gente deu uma passada geral ai neles, os que a gente chama de localizados são esses que estão localizados em várias partes do corpo, normalmente o dx é clínico: anamnese e exame físico e vc já parte para tto na hora que vc ta ali já na sua consulta. Vc só vai pedir exames diagnósticos quando vc desconfia, por exemplo, de doenças sistêmicas associadas. Exemplo: toda vez que eu pego um pct no consultório que tem um dedo em gatilho eu sempre pergunto “ a sra é diabética?”ou “a sra tem hipotireoidismo?” são doenças que se associam muito ao dedo em gatilho, assim como a sd do túnel do carpo também. Então eu já fiz vários dx de diabetes atendendo pcts com dedo em gatilho... então as vezes eu peço nesse sentido, quando eu desconfio que possa ter doença sistêmica, ai a gente pede: glicemia, tsh e dependendo do que vc desconfiar. Se eu tenho uma sd do túnel do carpo (acontece as vezes) pct vem, ta sendo tratado pelo ortopedista, já fez fisioterapia, ta usando anti-inflamatorio, já parou de usar o pc, eu chego lá e quando vou examiná-la eu vejo que tem algumas artrites e sinovites pequenas nas mãos, que me lembram AR, que pode ser a causa da sd do túnel do carpo dela, então vou pedir exames para investigar isso. ➔ Então eu quero que vcs fiquem com essa ideia de que no reumatismo de partes moles a gente vai sempre dx: anamnese e exame físico. Isso é o principal. Agora vc vai pedir exames laboratoriais quando vc desconfia de dças sistêmicas que possam estar relacionadas àquele reumatismo • laboratoriais em DS (doenças sistêmicas) • radiografias→ vc só vai precisar para descartar outras coisas. Exemplo: eu to atendendo pct que tá com dor aqui na... bursite da pata anserina, mas ele tbm teve uma história de trauma, então fico preocupado se n tem ali uma fratura por trás, mesmo que seja mínima, então vc vai radiografar, se vc tem essa história vc tem uma justificativa para radiografar. Pergunta: seria interessante pesquisar vhs e pcr nos exames laboratoriais? Em geral, reumatismos de partes moles não alteram muito vhs e pcr, as dças articulares alteram mt mais, mas pode ser interessante se vc tiver suspeitando de uma dça sistêmica que altere vhs e pcr. Exemplo (que ele já disse la atrás) da sd de túnel do carpo que pct não faz movimento repetitivo, não é gordo, n tem dm, hipotireoidismo e vc, ao examinar, encontrou algumas artrites não só nos punhos como em outras articulações, vc vai ter que investigar artrite reumatoide. Aí pede não só vhs e pcr, mas tbm hemograma, ver se não tem anemia. Pede função renal porque provavelmente vai ter que usar drogas que precisa saber da função renal e hepática. Falando de função renal, uma insuficiência renal, por exemplo crônica, ela pode ser causa de sd do túnel do carpo, indivíduo pode estar mais inchado e ir acumulando líquido. Mas reumatismo de parte mole sozinho (tendinite de DeQuervain) não é para alterar muito esse vhs e pcr, no máximo alteram um pouquinho • ultrassonografias→ melhor exame de todos para reumatismo de partes moles, pq vê muito bem partes moles, muito bem mesmo. Então seria com um indivíduo treinando, considerando com o us é exame operador- dependente, mas no individuo treinado seria o melhor exame para vc pedir. Se tivesse que pedir só um exame seria esse, quando vc tá na dúvida no seu exame físico. Ou quando vc precisa de um exame que confirme, para que o indivíduo possa levar, por exemplo, numa perícia médica muitos pcts precisam de uma confirmação com exame para se afastar do trabalho por mais tempo em pcts que lidam com profissões de movimento repetitivo, como telemarketing. MAS vc não precisa desses exames para começar dx e tto. Ou então num quadro mais grave que não responde ao tto, vc pede lá o us para ver oq ta acontecendo. • RNM→ é claro que vê muito bem partes moles, até com mais detalhes que o us, mas pelo alto custo dela a gente não sai pedindo de rotina. Pedimos em algumas situações quando a coisa não tá andando bem no tto ou quando na tendinite do manguito rotador, por exemplo, já tentou de tudo e não melhora, vc fez us e mostra que pode haver ruptura de tendão, ai vc pede RM para indicar cirurgia. Então rnm não é exame para pedir no início, ao contrário do que muitos colegas fazem: nem examinam o pct e já pedem a rnm. • ENMG→ a eletroneuromiografia tbm são indicações bem particulares, quando vc tem por exemplo uma sd do túnel do carpo e não melhora om nada e vc precisa da eletroneuromiografia para indicar uma cirurgia e demonstrar que é um caso grave que precisa de descompressão cirúrgica, confirmando isso até pro convênio e tudo mais. ➔ Então vc não precisa dos exames laboratoriais para dar o dx, mas as vezes vc precisa deles para dar o dx de doenças que possam estar na etiologia daquele reumatismo de parte mole ➔ Confesso para vcs que toda vez que eu vejo um dedo em gatilho ou uma sd do túnel do carpo, eu sempre peço glicemia e tsh. E seu encontrei artrite nele de qualquer forma, mesmo que ele não queixe, que seja pequenininha em algum lugar, eu vou pedir hemograma, função renal, tgo e tgp, vhs e pcr, FR e se possível até o anti- ccp. ➔ O que tem que ficar na cabeça, até pra nível de prova, é que vc não precisa de exame laboratorial para dar dx de reumatismo de partes moles. E se vc for escolher um exame desses aqui, é o US o exame mais adequado para confirmar um dx que vc tá ali na dúvida. Reumatismo de partes moles – princípios de tratamento ➔ Como são reumatismos muitas vezes associados a atritos ou movimentos repetidos, a gente tem: • Órteses→ para isolar, para diminuir o esforço repetitivo naquele local inflamado. Para diminuir a carga dos movimentos naquele local. ➔ Perguntaram se o esporão de calcâneo causa fasceite plantar ou fasceite plantar causa o esporão: em geral são patologias diferentes. O esporão mais comum é aquele posterior (do tendão de aquiles), não tem nada a ver com a fasceite plantar, mas eu acho que vc ta se referindo ao inferior, então ali normalmente é a fasceite plantar de repetição, que vai inflamando inflamando e dificultando a pisada, que pode calcificar e formar o esporão inferior. A lógica maior é essa, do que o esporão causando a fasceite. Pode acontecer, pq na reumato tudo pode acontecer, mas o mais comum é a fasceite dps de muito tempo inflamando causar o esporão. Mas sempre vai ter uma exceção. • Fisioterapia→ sempre é muito bem-vinda, porque ela ajuda na analgesia primeiro. • Calor / gelo no local→ pode usar. Discutir ai quem é melhor, quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha. Isso é muito sem consenso. O que eu faço: se houve história de trauma, o gelo realmente é superior nas primeiras 48h-72h. quando a doença é mais crônica o calor é muito mais bem-tolerado, pelo menos nos idosos. Então eu ajo dessa forma. Há pessoas que se dão muito bem com os dois, então um lado muito legal é vc perguntar o que o indivíduo gosta, o que ele se dá. Eu já vi pct com 90 anos que detesta calor, só gosta de gelo. • AINH→ cuidado só com as contraindicações: pcts idosos por causa do risco renal, cardíaco e gastrointestinal. Mas em pcts mais jovens (e mesmo em idosos) usar pouco tempo por segurança... protegendo o estômago, podem ser usados. • Infiltração local → com corticoide também pode ser usado. Atentar ai que como são reumatismos de partes moles vc vai ter q usar corticoides que possam ter contato com tendões, com músculos, que não sejam corrosivos. Geralmente a gente usa as betametasonas. Nunca a triancinolona, por exemplo, que é um corticoide de maior potência. ➔ Essa informação não vai ter muita relevância pra vcs agora, é mais pro reumato e pro ortopedista, mas so para vcs terem noção que a gente tbm escolhe o corticoide adequado. • Repouso relativo→ hoje quase nenhuma patologia a gente deixa o cara de repouso absoluto, na vdd o repouso é sempre relativo, proibindo mais aqueles movimentos que estão prejudicando mais → aqui é para mostrar a infiltração sub-acromial para tratar tendinite do manguito rotador refratária a aine, fisioterapia. Usa com glicocorticoide, principalmente com a betametasona, que é a que gente usa hoje que não tem tanto problema de contato ai com os tendões. A gente não faz isso toda consulta, logicamente, há um limite de 2 a 3x por ano. E quando a coisa fica mt refratária vc vai ter que pedir imagens e ver porque que isso tá refratário e se for mt grave/tiver ruptura de tendão, vc encaminha pro tto cirúrgico. ➔ Dúvidaem relação ao tempo do anti-inflamatório: em geral de 7 a 14 dias. Então o indivíduo é mais jovem e o processo inflamatório ali ta mt intenso, faz 10 a 14 dias. O ind é mais idoso, tem mais riscos, o processo não ta tão intenso, faz 7 dias. Os anti-inflamatórios em si, vcs sabem que em termos de risco não muda muita coisa, o risco renal por exemplo todos tem, risco cardíaco alguns têm menos que outros, mas pro jovem isso não vai ter muito problema, a preocupação vai ser mais no idoso, em que vc vai preferir usar por menos tempo, protegendo o estômago com ibp. Há trabalhos que mostram que o risco cardíaco é menor com naproxeno, ibuprofeno dentre os convencionais e dos cox-2 com o celecoxibe. Então são esses que vc acaba preferindo ai no idoso. No jovem isso não vai fazer muita diferença, principalmente com uso agudo. Basicamente é isso e o anti-inflamatório vc vai ganhando mão quando vai atendendo muitos casos. →aqui aquela tenossinovite ou tendinite da cabeça longa do bíceps, que eu mostrei lá o palm-up test, exatamente no sulco intertubercular do úmero. E essa ft é boa pra mostrar que na verdade vc não infiltra o tendão, vc infiltra a BAINHA do tendão, ali naquela sinovite do tendão, a bainha sinovial do tendão, que é justamente onde tá inflamado, onde tá doendo. Vc vê que a agulha não entra no tendão, se vc injetar corticoide no tendão vc estoura ele. Existem algumas técnicas para vc fazer isso sem ser guiado por us. Vc coloca a agulha, pede pro indivíduo fazer movimento respectivo do tendão, se a agulha não mexer é pq tá só na bainha, se ela mexer é porque tá no tendão e vc tem que voltar a agulha. E um jeito muito simples hj é vc guiar por us e fica muito fácil ver onde tá a ponta da agulha. • Órteses → Algumas orteses que são muito importantes no tratamento de reumatismo de partes moles. Essa (foto ao lado) é para epicondilite lateral do cotovelo, tem muito tenista usando essa ortese para melhorar da dor no epicondilo lateral • Existe um processo inflamatório no epicondilo lateral, uma entesite, no caso aqui chamada de epicondilite, e as células inflamatorias vao chegando aqui e a dor vai aumentando • Essa órtese é usada 1,5-2 abaixo/ mais distalmente da região dolorosa. Vai diminuir a chegada de mais células inflamatórias e deixar o braço mais confiante em relação a dor • Ajuda aqui no tratamento, além da fisioterapia, do AINE e, se necessário, a infiltração também com glicocorticoide • Injeção de glicocorticoide → Essa figura não foi feliz, ela mostra como se você estivesse infiltrando o tendão, mas na verdade, você infiltra próximo da êntese, você não injeta dentro do tendão • Dedos em gatilho → Tendinite ou tenossinovite dos flexores dos dedos, forma primeiro os nódulos e o nódulo para aqui na polia formando o dedo em gatilho • Voce também pode infiltrar isso, de novo, não se infiltra o tendão, essa foto está bem legal. Você infiltra a bainha sinovial do tendão, quando infiltra a bainha, desinflama e solta mais o tendão, aquele nodulo que se formou • É uma boa terapeutica também para os dedos em gatilho • Quando não resolve de jeito nenhum, aí você vai ter que partir para o tratamento cirúrgico. Em geral, depois que você opera o dedo em gatilho, dificilmente você vai ter problema novamente naquele dedo, que o cirurgião já desfaz esse nó, já deixa a bainha mais folgada naquele dedo • Você pode ate ter dedo em gatilho em outros tendões, mas nesse é difícil ter novamente • A gente só faz logicamente quando não responde de jeito nenhum ao tratamento clínico • Órtese muito usada para síndrome do tunel do carpo → Ortese curta para punho com tala, tem que ter uma tala para ele não rodar o punho, não flexionar, nem estender, nem rodar. Como já falou, a síndrome do tunel do carpo piora a noite pois o individuo dorme com o punho flexionado ou estendido ou, as vezes, rodado • A função da órtese é justamente isso, impedir esses movimentos através da tala → Os dedos ficam livres para você pegar qualquer coisa, fazer suas coisas. O ideal é que o paciente durma c essa órtese, porque é a noite que mais aumenta a pressão intracarpal, mas é claro que também pode usar ao longo do dia em alguns momentos, quando estiver mais suscetivel a alguns movimentos que possam estar irritando a compressão do nervo mediano • Não pode ficar 24 horas com a órtese porque começa a atrofiar a musculatura do antibraço → Então voce escolhe um periodo do dia para passar e outro para tirar • Também é possivel fazer infiltração com glicocorticoide aqui na sindrome do tunel do carpo • Quando não resolve de jeito nenhum, para evitar a atrofia da musculatura tenar, não resolveu com AINE, órtese, fisioterapia com descompressão manual, eletroacupuntura, você já identificou se não tem nenhuma doença sistêmica, como AR, DM, obeso, doença tireoidiana já tratou tudo e não resolveu → Você tem que partir para o cirúrgico mesmo para não chegar naquela atrofia tenar que é o que a gente mais teme na síndrome do túnel do carpo • Infltração da bursite trocanterica do femur → É muito simples, não tem risco, voce coloca o individuo em decúbito lateral e não vai ter risco, pois se a agulha passar da bursa ela bate no osso, não tem estrutura nobre nenhuma, sendo muito tranquila e tem bons resultados, individuo melhora bastante Dor regional – Dor Miofascial • É uma entidade encontrada em alguns capítulos também de reumatismo de partes moles, que na verdade, são contraturas importantes, trigger points ligados a contraturas dolorosas, ligados por pontos como se fossem pontos gatilhos, são os trigger points. • Você pode ter esse ponto em qualquer grupo muscular do corpo, mas os mais comuns são do trapézio, do esternocleidomastoideo, em vários níveis, escalenos, até nos glúteos, em várias áreas • Esses locais vermelhos são os triggers points, ponto onde você ligaria a dor, você aperta lá e a dor vai ser desencadeada • Tratamento: - Fisioterapia - Relaxando o músculo - Quando nada dá jeito, você vai para a infiltração, que não é com corticoide, é com anestésico mesmo e agulhamento. Pode ser feito até com agulha de acupuntura sem anestésico também, mas a maior parte da experiência é com anestésico. O efeito anestésico vai durar só 3 horas, não dura muito tempo. Mas no intervalo de 2 a 5 dias, até porque você fez agulhamento no ponto, isso vai soltar aquele ponto contraído e a dor deve melhorar, não só pelo efeito anestésico, mas principalmente por você ter tentado desfazer esse ponto doloroso (trigger point) - A redução da dor no local, os trabalhos mostram que pode reduzir por 3-16 semanas, fazendo essa técnica de injeção nos triggers points - Também pode ser feito agulhamento a seco, pessoal da fisioterapia faz e da acupuntura também - Qualquer agulhamento a seco, se você acertar o ponto e souber fazer a técnica, vai funcionar. Com o anestésico as vezes é mais cômodo para o paciente, ele fica ali 3 horas com efeito anestésico, não vai sentir muita dor. Experiencia com acupuntura também é muito boa, sem anestésico nenhum, é bem tranquilo • Aqui só queria mostrar para vocês, o nosso próximo assunto da aula que é a fibromialgia, algumas diferenças entre os triggers points, da síndrome miofascial, e os tender points, da fibromialgia • Os triggers points são: - Focais, assimétricos. Uma das pistas para você diferenciar é que você não vai ter, por exemplo, no trapézio dos dois lados, em geral é assimétrico, de um lado só que vai ter o trigger lá. Mesmo que tenha nos dois, não serão nos mesmos locais. - Mesma frequência entre homens e mulheres - A irradiação é a característica do trigger point, quando você aperta o ponto ele vai irradiar - A dor não é maior no ponto, e sim na banda palpável que o ponto liga, é o chamado fenômeno de switch. Switch