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Unidade III 6SIGMA, BSC e 5S Ferramentas da Qualidade Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria NARA MEDIANEIRA STEFANO AUTORIA Nara Medianeira Stefano Olá. Meu nome é Nara Medianeira Stefano. Tenho Pós-Doutorado em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, tenho Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Fiz Mestrado em Engenharia de Produção, com ênfase na área de Qualidade e Produtividade da Universidade Federal de Santa Maria. Graduação em Economia pela Universidade Federal de Santa Maria. Com experiência empresarial na área de Economia e Administração com ênfase em Economia Industrial, Métodos Quantitativos e Custos. Faço diversas assessorias e consultorias em empresas de serviços (pequeno e médio porte) com relação à gestão e implementação de métodos de custeio, principalmente o Activity Based Costing, com várias implantações desses sistemas. Atuo, principalmente, nos seguintes temas de pesquisa: melhoria da performance dos negócios utilizando inteligência artificial (lógica fuzzy) e avaliação do desempenho; avaliação e diagnóstico da aprendizagem tecnológica em incubadoras; evidenciação da Gestão do Conhecimento e Capital Intelectual em empresas de médio e grande porte; implantação de Planejamento Estratégico e Sistemas de Qualidade; Gestão de custos; Gestão em serviços; Análise multicriterial; Gestão da inovação e empreendedorismo. Tenho mais de 5 anos de experiência na elaboração de materiais para EaD, experiência em escrita e revisão de livros na área de Administração, Economia, Contabilidade, Logística e Engenharia de Produção. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Ferramentas para o controle e melhoria da qualidade .............. 10 Seis sigma e FMEA ......................................................................................................................... 10 A Balanced scorecard (BSC) ...................................................................................................22 Prêmio Nacional da qualidade ............................................................................................. 30 Programa 5S ........................................................................................................................................35 7 UNIDADE 03 Ferramentas da Qualidade 8 INTRODUÇÃO Você percebe que demorou um tempo considerável para transmitir aos funcionários das organizações e ao público em geral a importância da qualidade, seu gerenciamento e aprimoramento. Mesmo assim em muitas organizações falar de qualidade ainda é emblemático. Isso mesmo. Mas, também se pode argumentar que a qualidade não é uma moda passageira, mas que pode trazer muitos benefícios, principalmente econômicos e a satisfação dos clientes. Não é uma tarefa fácil, se falar já é difícil agora imagine manter a qualidade nas empresas. Para tanto existem ferramentas complexas que fazem uso de meios estatísticos para tanto. Pois é, o ‘movimento da qualidade’ deixou em seu rastro uma infraestrutura bastante expandida. Ou seja, uma adaptação parcial de uma variedade de metodologias de qualidade e um foco renovado em como servir melhor os clientes e como usar processos de negócios para melhorar o desempenho competitivo. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo das ferramentas da qualidade! Ferramentas da Qualidade 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Analisar as ferramentas Seis sigma e FMEA (Análise do Modo e do Efeito Falha). 2. Compreender o Balanced scorecard e suas respectivas perspectivas. 3. Conhecer o MEG (Modelo de Excelência em Gestão) da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade). 4. Verificar o que o programa 5S. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Ferramentas da Qualidade 10 Ferramentas para o controle e melhoria da qualidade Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que são ferramentas mais complexas que estão atreladas a melhoria da qualidade nas organizações. As pessoas que tentaram utilizar essas ferramentas sem a devida instrução tiveram problemas ao coloca-las em prática. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Seis sigma e FMEA Sigma (s) é ( ) a letra grega usada pelos estatísticos para indicar o desvio padrão de um conjunto de dados. O desvio padrão fornece uma estimativa da variação em um conjunto de dados medidos. Um nível de sigma, como o Six Sigma, é usado para descrever o quão bem a variação do processo atende aos requisitos do cliente. O Six Sigma (ou Seis Sigmas) é uma metodologia para melhoria dos processos e um conceito estatístico que busca definir a variação inerente a qualquer processo. A premissa abrangente do Seis sigma é que a variação em um processo leva a oportunidades de erros. Isso leva a riscos de defeitos do produto ou serviço, consequentemente levam à baixa satisfação do cliente. Ao trabalhar para reduzir a variação e as oportunidades de erro, o método Seis Sigma reduz os custos do processo e aumenta a satisfação do cliente. De acordo com Carpinetti (2016, p. 138): O Seis Sigma é um programa de melhoria surgido na Motorola nos anos 1980. Em 1987, a Motorola ganhou o prêmio Malcom Baldrige de excelência em qualidade por causa do programa Seis Sigma. Um engenheiro chamado Bill Smith, funcionário da Motorola, foi o grande responsável pelo desenvolvimento do programa Seis Sigma. Mais tarde, no início dos anos 1990, os ex-funcionários da Motorola Mikel Harry e Richard Schroeder, especialistas em qualidade, criaram a “Six Sigma Academy”, responsável pela difusão do Seis Sigma para outras empresas, que começaram a utilizá-la com sucesso para gerenciar seus negócios. O termo Seis Sigma é marca registrada da Motorola, que mantém um centro Ferramentas da Qualidade 11 de treinamento, a Motorola University, que oferece vários cursos e certificados de capacitação em Seis Sigma. Ao aplicar o Seis sigma (Figura 1), organizações, equipes e gerentes de projeto buscam implementar estratégias baseadas em medidas e métricas. Historicamente, muitos líderes de negócios tomavam decisões com base na intuição ou na experiência. Apesar de algumas crençascomuns em vários setores, o Seis sigma não elimina a necessidade de liderança e nem a importância da intuição em qualquer processo. Figura 1 – Seis sigma Fonte: Pixabay Em vez disso, o Seis sigma trabalha em conjunto com outras habilidades, experiência e conhecimento para fornecer uma base matemática e estatística para a tomada de decisões. A experiência pode dizer se um processo não está funcionando, pois, as estatísticas provam que isso é verdade. A intuição, por exemplo, pode orientar um gerente de projeto a acreditar que uma determinada mudança pode melhorar a produção. As ferramentas do Seis sigma ajudam as organizações a validar essas suposições. O desempenho de uma empresa é medido pelo nível sigma de seus processos de negócios. Tradicionalmente, as empresas aceitavam três ou quatro níveis de desempenho sigma como norma, apesar de esses processos criarem entre 6.200 e 67.000 problemas por milhão de oportunidades. O Seis sigma conta com métodos testados e comprovados que existem há décadas. Ferramentas da Qualidade 12 IMPORTANTE: O método Seis sigma não oferecem uma solução mágica para as organizações. Mesmo com uso especializado de ferramentas, podem surgir problemas para as equipes à medida que implementam e mantêm soluções. É por isso que este método, também, fornece ferramentas de controle: uma vez que as equipes implementam alterações, elas podem controlar os processos por uma fração do custo dos métodos tradicionais de qualidade, continuando o uso das ferramentas e estatísticas do Seis sigma. De fato, o Seis sigma descarta grande parte da complexidade que caracterizou o Gerenciamento da Qualidade Total (ou Total Quality Management – TQM). Pois no TQM havia em média 400 ou mais ferramentas e técnicas. Já o Seis sigma utiliza vários métodos comprovados e treina um pequeno quadro de líderes internos, conhecidos como Black Belts, para um alto nível de proficiência na aplicação dessas técnicas. Certamente, alguns dos métodos usados pelos Black Belts são altamente avançados tecnologicamente. As organizações podem impactar seu nível de sigma, integrando princípios fundamentais da metodologia Seis sigma a estilos de liderança, gerenciamento de processos e esforços de melhoria. A ideia desses princípios é mostrada no Quadro 1. Ferramentas da Qualidade 13 Quadro 1: Princípios Seis sigmas Fonte: Elaborado pela autora (2019) Ferramentas da Qualidade 14 A metodologia Seis Sigma baseia-se em métrica. Os profissionais da metodologia medem e avaliam o desempenho do processo usam o DMAIC (Definir, Medir, Analisar, Melhorar, Controlar) para analisar processos. Isso com o objetivo de erradicar fontes de variação inaceitável e desenvolver alternativas para eliminar ou reduzir esses erros e variações. Uma vez implementadas as melhorias, controles são implementados para garantir resultados sustentados. O uso do DMAIC resulta em muitas melhorias significativas na qualidade e lucratividade dos produtos e serviços ao longo dos últimos anos. O Quadro 2 resume as etapas do DMAIC. Quadro 2: Etpas do DMAIC Fonte: Elaborado pela autora (2019) Ferramentas da Qualidade 15 A metodologia Seis Sigma é altamente estruturada e lógica. Ou seja, uma estrutura por cinco fases importantes – DMAIC. A saída de uma fase é tratada como entrada para a próxima fase, no final, os resultados são obtidos conforme as expectativas. Todas essas cinco fases - definir, medir, analisar, melhorar e controlar – formam uma cadeia de melhoria contínua. Portanto, o Seis sigma é uma jornada para melhorias, não termina alcançando um marco. Essa ferramenta de melhoria de processo pode ser usada incessantemente para obter melhorias contínuas. Por isso, levando à excelência. ´ SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no tema “Seis sigma”? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Identificação dos fatores de implantação do seis sigma em empresas no Brasil” (SILVA et al) acessível pelo link. Ainda a linha das ferramentas complexas para a melhoria da qualidade, também temos a análise FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) ou Análise do Modo e do Efeito Falha (Figura 2) inicialmente denominado FMECA (Failure Mode Effects and Criticality Analysis). A qual é um método sistemático de identificar e prevenir problemas de produtos e serviços e processos antes que eles aconteçam. A análise FMEA está focada na prevenção de defeitos, no aumento da segurança e no aumento da satisfação do cliente. Figura 2 – Análise do Modo e do Efeito Falha (FMEA) FMEA Fonte: Freepik (editado) Ferramentas da Qualidade https://periodicos.ufpe.br/revistas/gestaoorg/article/viewFile/22217/30021 16 Antes de irmos adiante no método FMEA, é importante esclarecer o conceito de falha. Uma falha, por definição estrita, é um desvio de um padrão ou especificação. No entanto, os critérios para definir uma falha são dependentes do contexto de uso e podem ser relativos a um determinado observador. Também pode ser difícil ou até impossível verificar se uma situação atende aos critérios de falha ou sucesso devido à definição ambígua ou mal definida desses critérios. Pois, encontrar critérios úteis e eficazes, para julgar o sucesso ou o fracasso de uma situação pode ser uma tarefa significativa. Essa tarefa depende de uma definição operacional clara, simples e concisa. Além de uma equipe que possua tanto conhecimento quanto alguma propriedade do sistema, subsistema ou componente em consideração. Dessa forma, nos casos em que há uma diferença de opinião sobre a falha, a equipe da análise FMEA deve decidir trata-la em discussão da maneira mais conservadora. Isso significa que a falha existe e precisa ser entendida por todas as partes interessadas, especialmente da perspectiva do cliente. Uma vez identificados os critérios de falha, a equipe está pronta para prosseguir com a análise, sempre lembrando que a falha pode ser percebida de maneira diferente dos pontos de vista dos avaliadores. Uma falha também pode ser no processo, embora a atividade seja concluída com êxito, uma pessoa ainda pode se sentir insatisfeita se o processo for percebido como abaixo do esperado. Ferramentas da Qualidade 17 EXPLICANDO MELHOR: O método é conduzido nos estágios de desenvolvimento do produto ou dos processos, embora a realização da análise FMEA em produtos e processos existentes também possa render benefícios substanciais. Um processo formal da FMEA deve fazer parte de um sistema abrangente de qualidade. Embora a análise FMEA possa ser efetivamente usada sozinha, uma empresa não obterá o máximo benefício sem sistemas para apoiar a sua realização e implementar melhorias resultantes do método. Por exemplo, um elemento de um sistema abrangente de qualidade é o uso eficaz de dados e informações. Sem dados confiáveis sobre produtos, serviços ou processos, FMEA se torna um jogo de adivinhação baseado em opiniões e não em fatos reais. O resultado pode ser que a equipe se concentre nos modos de falha incorretos, perdendo oportunidades significativas para melhorar os modos de falha que são os maiores problemas. Outro exemplo que suporta a necessidade de um sistema abrangente de qualidade é a documentação dos procedimentos. Isso é especialmente crítico com um processo FMEA. Na ausência de procedimentos documentados, as tarefas, procedimentos serão feitos de qualquer forma e a todo momento susceptíveis de mudança nos processos. A seguir serão destacados dois exemplos do uso da análise FMEA (Figura 3). Ferramentas da Qualidade 18 Figura 3 – Exemplos do uso da FMEA Exemplo 1 A Ford solicitou que um fabricante de carros conduzisse um FMEA de projeto/produto e um FMEA de processo. O fabricante estabeleceu três equipes de FMEA, cada uma encarregada de um aspecto diferente do processo/produto. Três líderes de equipe foram designados e foram responsáveis porgarantir que os esforços da equipe fossem coordenados. Exemplo 2 Um fabricante de motores de aeronaves conduziu uma FMEA em sua operação de montagem de motores. Foi formada uma equipe multifuncional que incluía indivíduos de fora do departamento de montagem, embora todos estivessem familiarizados com a montagem até certo ponto. Resultados • Os esforços combinados das equipes resultaram em uma diminuição de defeitos para 0,2 parte por milhão. • O tempo de atividade do equipamento aumentou de 74% para 89%. • As reclamações de clientes caíram de uma média de duas por ano para nenhuma. • A produtividade por hora de trabalho aumentou 22%. Resultados • A equipe identificou o maior risco de falha e o processo à prova de erros, a ponto de não haver chance de que ele se repita. • Foram eliminados problemas que existiam há anos, mas que não eram uma prioridade suficientemente alta. • Houve economia de custos na desmontagem do motor. Fonte: Elaborado pela autora com base em McDermott, Mikulak e Beauregard (2009) Ferramentas da Qualidade 19 A seguir são mostrados os passos para a elaboração da análise FMEA. Passo 1: Revise o processo ou o produto – a equipe deve revisar um plano do produto se estiver considerando FMEA de produto ou um fluxograma detalhado da operação se estiver conduzindo para processo. Isso ajudará a garantir que todos na equipe FMEA tenham o mesmo entendimento do produto ou processo que está sendo trabalhado. Passo 2: Brainstorm modos de falha em potencial – uma vez que todos da equipe entendam o processo (ou produto), os membros podem começar a pensar em possíveis modos de falha que podem afetar o processo de fabricação ou a qualidade do produto. Uma sessão de brainstorming colocará todas essas ideias em cima da mesa. Passo 3: Listar efeitos potenciais para cada modo de falha – com os modos de falha listados na planilha FMEA, a equipe analisa cada modo de falha e identifica os possíveis efeitos, caso ocorra. Para alguns modos de falha, pode haver apenas um efeito, enquanto para outros pode haver vários efeitos. Esta etapa deve ser completa, pois, essas informações contribuirão para a atribuição de classificações de risco para cada uma das falhas. Passo 4: Atribuindo gravidade, ocorrência e classificações de detecção – cada um desses três rankings é baseado em uma escala de 10 pontos, sendo 1 o mais baixo e 10 o mais alto (Quadro 3). É importante estabelecer descrições claras e concisas para os pontos em cada uma das escalas, para que todos os membros da equipe tenham a mesma compreensão dos rankings. Ferramentas da Qualidade 20 Quadro 3 – Exemplo de classificação da gravidade FMEA Fonte: Elaborado pela autora (2009)]] Passo 5: Atribua uma classificação de ocorrência para cada modo de falha – depois que as causas potenciais foram identificadas para todos Ferramentas da Qualidade 21 os modos de falha, uma classificação de ocorrência pode ser atribuída, mesmo que os dados da falha não existam. Passo 6: Atribua uma classificação de detecção para cada modo de falha ou efeito – o ranking de detecção analisa a probabilidade de detectar uma falha ou o efeito de uma falha. Iniciamos esta etapa identificando os controles atuais que podem detectar uma falha ou o efeito de uma falha. Se não houver controles atuais, a probabilidade de detecção será baixa e o item receberá uma classificação alta, como 9 ou 10. Passo 7: Calcular o número da prioridade de risco para cada modo de falha – o número de prioridade de risco (RPN) é calculado por: Número de prioridade do risco = Gravidade × Ocorrência × Detecção. Passo 8: Priorize os modos de falha para ação – os modos de falha agora podem ser priorizados, classificando-os em ordem, do número de prioridade de risco mais alto ao mais baixo. É provável que se descubra que a regra 80/20 (Pareto) se aplica aos RPNs, assim como ocorre com outras oportunidades de melhoria de qualidade. Passo 9: Tomar medidas para eliminar ou reduzir os modos de falha de alto risco – embora a eliminação total dos modos de falha seja o ideal, ela pode não ser alcançável em todos os casos. Quando isso acontece, é útil consultar as classificações de gravidade, ocorrência e detecção que a equipe atribuiu a cada item. Passo 10: Calcular o RPN resultante à medida que os modos de falha são reduzidos – depois que uma ação é tomada para melhorar o produto ou processo, novas classificações de gravidade, ocorrência e detecção devem ser determinadas e um RPN resultante calculado. Para os modos de falha em que a ação foi tomada, deve haver uma redução significativa no RPN. Caso contrário, isso significa que a ação não reduziu a gravidade, a probabilidade de ocorrência ou a detectabilidade. Portanto, um dos benefícios mais críticos, no entanto, é como o FMEA permite a identificação antecipada de pontos de falha únicos e problemas de interface do sistema que podem prejudicar o sucesso e afetar a segurança. Ferramentas da Qualidade 22 Mas a análise FMEA apresenta algumas limitações. por exemplo, o seu sucesso depende de tão bom for a equipe que irá trabalhar. É provável que problemas além do conhecimento dos membros da equipe sejam detectados ou resolvidos – constituindo como ‘desconhecidas’. Além disso, se a equipe esquecer de listar os modos de falha, eles serão ignorados. Em ambos os casos, o resultado é uma falha esperando para acontecer. Aplicar o método é um grande trabalho, e a equipe define uma linha tênue entre assumir um escopo maior e assumir um que é muito pequeno. Se não houver foco suficiente nesses detalhes, muitos modos de falha serão perdidos. Finalmente, uma das armadilhas mais perigosas é que muitas organizações deixam de reconhecer que a análise FMEA não é um modelo estático. Para um gerenciamento de risco bem-sucedido, ela deve ser atualizada regularmente à medida que novos modos de falha em potencial são identificados e planos de controle correspondentes são desenvolvidos. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no tema “FMEA”? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Aplicação do método FMEA ao processo de fabricação de caldeiras flamotubulares: proposta de ações” (BRANTES et al) acessível pelo link. A Balanced scorecard (BSC) Empresas, grandes e pequenas, podem falhar por vários motivos. Mas a causa mais significativa do fracasso não é a falta de estratégia, mas a incapacidade de executar uma estratégia equilibrada. Os criadores do Balanced Scorecard foram o professor Robert Kaplan, da Harvard Business School, e David Norton, consultor, que montaram uma pesquisa para avaliar e entender novos métodos para medir o desempenho. Eles reuniram organizações-chave para ajudá-los a formular esse entendimento. Pois de acordo com Costa (2008, p. 05): Ferramentas da Qualidade http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_tn_stp_135_861_17987.pdf 23 Essas experiências, além do mais, demonstraram a importância de se montar um conjunto de medidas que descrevesse a trajetória da estratégia da empresa e ajudasse a refinar o sistema de gerenciamento da estratégia. A prática mostrou que os gestores podiam utilizar o sistema não só́ para comunicar a estratégia, mas também para gerenciá- la. Kaplan então, registrou que o sistema de mensuração, que havia se transformado em sistema de comunicação e alinhamento estratégico, estava começando a ser explorado como um sistema de gerenciamento de estratégia. O sucesso com essa nova utilização permitiu que, posteriormente, Kaplan e Norton apresentassem o BSC como um sistema gerencial essencial. Cinco artigos e um livro, publicados no ano de 1996, expõem e consolidam uma expressiva mudança de enfoque O BSC é focado em descobrir os principais fatores não financeiros do negócio, juntamente com a situação econômica do negócio. O método mostra uma maneira de tornar a estratégiaacionável. Como estrutura de ação, ela pode ser atualizada e cria uma metodologia e estrutura renováveis. A Figura 4 ilustra as questões que envolvem uma estrutura estratégica de ação. Geralmente, os exercícios de planejamento estratégico buscam alinhar visão, missão, valores e estratégia. Eles também discutem itens como competências, pontos fortes, pontos fracos e oportunidades e ameaças. Figura 4 – Onde o BSC atua Lacuna IniciativasFinalidade ObjetivosÁreas estratégicas Metas Medidas Competências Missão, Visão, Valores Fonte: Elaborado pela autora (2009) Ferramentas da Qualidade 24 Fazer a estratégia funcionar nas organizações requer que se tire vantagem de todas as competências da organização e se articule a estratégia com várias perspectivas em mente para garantir que o equilíbrio seja mantido. Esse exercício geralmente cobre os desafios internos e externos que uma corporação está enfrentando e enfrentará, na tentativa de olhar adiante e encontrar a próxima grande novidade. Dessa forma, Kaplan e Norton articularam quatro perspectivas que podem guiar as empresas à medida que traduzem a estratégia em termos acionáveis. Entretanto, não argumentam que essas perspectivas sejam condições necessárias e suficientes para o sucesso. De fato, eles recomendam essas perspectivas, mas sugerem que as organizações adicionem perspectivas mais relevantes. As perspectivas do BSC são: 1. Financeira – Quais são as metas financeiras? O que impulsiona essas metas? Que tipo de lucro e receita alcançar? Em uma organização sem fins lucrativos, que orçamento o guia? 2. Clientes – Quem são os clientes? Como a empresa os agrada? Quais segmentos se deseja abordar? Quais objetivos que se deseja alcançar com as parcerias? Quais são os objetivos para o canal de distribuição? 3. Processos internos – Em quais processos devemos ser os melhores para conquistar clientes? Que atividades internas precisamos para sustentar competências? 4. Aprendizagem e crescimento – Em que devemos ser ótimos em desempenho e como treinamos nosso pessoal para chegar a esse nível? Que clima e cultura alimentam o crescimento? O que precisamos fazer no desenvolvimento e treinamento de nosso pessoal para alcançar os outros objetivos? A seguir vamos ver cada uma dessas perspectivas. A) Perspectiva financeira Em um negócio com fins lucrativos, essa perspectiva financeira é a mais utilizada e analisada. As receitas, recorrentes e novas, margens e despesas são muito importantes para uma organização que busca Ferramentas da Qualidade 25 atingir seus objetivos. Assim, um erro comum das organizações é que elas esquecem o vínculo entre as metas financeiras e a estratégia não financeira da empresa. NOTA: Esta perspectiva respeita o relacionamento entre as metas financeiras declaradas e outras que são importantes para criar o resultado. Dadas as organizações que buscam lucro, a perspectiva financeira é crítica, pois força o reconhecimento e a definição dos principais objetivos financeiros que a organização deve atingir. Nesta perspectiva é importante que se fique atento a: o principal objetivo dos negócios é a criação de riqueza, medida por uma série de metas financeiras alcançadas; o objetivo das metas financeiras é estimular as unidades operacionais para gerenciar a performance e obter competências para o sucesso futuro; é uma das muitas outras perspectivas, mas a que financia a missão e o objetivo da organização; e é um indicador de performance atrasado porque registra sucesso após o fato. B) Perspectiva clientes Quais objetivos centrados no cliente devem ser alcançados para atingir as áreas estratégicas? Essa perspectiva é o segundo conjunto de objetivos mais esquecidos ou incompreendidos nos negócios. Pois é, antes de definir metas usando essa perspectiva, responda às seguintes perguntas: qual é o nosso mercado alvo? quem são seus clientes? como atraímos nossos clientes? o que fazemos para conquistar o cliente? qual o valor percebido que o cliente vê na organização? se a organização desaparecesse, quem sentiria a nossa falta? o que eles farão? Os clientes de hoje podem não ser os clientes de amanhã. À medida que os clientes mudam, o que eles desejam na organização também muda. Então, o que nossos clientes valorizam? Mas o que é uma proposição de valor? Proposição de valor é um aspecto emocional, físico e simbólico proveniente de um cliente (Figura 5) quando esse indivíduo ou organização compra o produto ou serviço por um determinado preço. Ferramentas da Qualidade 26 Figura 5 – Clientes a peça-chave das organizações Fonte: Freepik Portanto, a perspectiva do cliente é um conjunto de objetivos que a organização deve alcançar para obter a aquisição, aceitação e perpetuação do cliente. Os objetivos são os resultados das hipóteses feitas sobre os clientes e seus hábitos, dos mercados que representam e o valor que eles percebem no relacionamento com a organização. C) Perspectiva processos internos As empresas raramente fracassam porque têm uma estratégia errada. Falham porque não possuem os métodos para alcançar as táticas que cercam uma estratégia. Esta perspectiva lembra que os trabalhos em segundo plano, orientados por objetivos e metas, devem estar em vigor para garantir que os objetivos financeiros e do cliente sejam alcançados. Ferramentas da Qualidade 27 No entanto, processos internos, costumes, culturas e procedimentos em todos os departamentos e unidades de negócios suportam a proposta de valor para os segmentos de mercado alvo. Geralmente, as organizações têm hábitos desafiadores para quebrar ou mudar essas perspectivas. Isto é, seus comportamentos internos muitas vezes prejudicam a capacidade de encontrar metas para a perspectiva cliente e a financeira. Por outro lado, se uma organização puder identificar essas características internas e definir maneiras de elimina-las ou minimizar, poderá ter exito para conquistar os clientes e se tornar mais concorrente. D) Perspectiva aprendizagem e crescimento O treinamento e o desenvolvimento são os primeiros a serem removidos de qualquer orçamento que esteja diminuindo. Em período de crise, o aumento das capacidades de uma organização é geralmente removido. Ao longo da história, as organizações se comportaram de maneira a curto prazo, diminuindo quando os tempos são difíceis e crescendo quando os tempos melhoram. A perspectiva aprendizagem e crescimento é a base para todas as outras e serve para lembrar ao profissional que a base para todos os resultados nas demais perspectivas é encontrada no aprendizado e no crescimento das pessoas. REFLITA: Mas, a aprendizagem, não é ditada pela maneira como é ensinada, porém pela maneira como as pessoas absorvem novas ideias e as transformam em ação. Muitas vezes, é mais do que apenas aprender e agir, é a velocidade com que o aprendizado é transformado em ação (ou seja, um tempo médio entre aprender a medir a ação. Ferramentas da Qualidade 28 Na realidade o aprendizado e crescimento formam a base para as capacidades da organização. No entanto, o aprendizado e crescimento, não são as atividades encontradas em várias organizações. Pois, isso é mensurável e está ligado a outras medidas de produtividade. Assim, essas medidas de aprendizado e crescimento para os objetivos estão alinhadas com os principais resultados nas demais perspectivas. Além disso, essa perspectiva mostra a relevância dos objetivos de aprendizado e crescimento contínuos e como eles afetam a competitividade contínua da organização. Quando falamos de BSC não podemos esquecer dos mapas estratégicos, o qual é o responsável pelos entendimentos entre todas as perspectivas. O mapa estratégico é uma técnica de desenhar os relacionamentos de causa e efeito entre todas as perspectivas e suas partes contribuintes. O mapa estratégico baseia-se em quatro ou mais perspectivas quelembram a organização dos elementos-chave para a eficácia operacional e a tradução da estratégia. Também mostra os relacionamentos (pelas setas) que documentam a hierarquia ou a rede de influências e dependências para o alcance da estratégia. Essa estrutura pode ser ajustada regularmente e atualizada se as variáveis estratégicas forem alteradas. A Figura 7, mostra um exemplo de mapa estratégico utilizado da Justiça Federal (2010-2014), em n aparte acima percebemos a sua missão e visão. Depois seguidas pelas perspectivas (adaptadas) e seguidas metas para alcançá-las. Ferramentas da Qualidade 29 Figura 6 – Exemplo de mapa estratégico do BSC: Justiça Federal (2010-2014) Alinhamento e integração Gestão de pessoas Acesso à justiça Orçamento Orçamento Eficiência operacional Missão: Garantir à sociedade uma prestação jurisdicional acessível, rápida e efetiva Visão: Consolidar-se, perante a sociedade, como modelo de efetividade, transparência e seguranca jurídica Assegurar a prestação jurisdicional acessível, rápida e efetiva Assegurar a atuação sistêmica na Justiça Federal Desenvolver as competências necessárias para o alcance da estratégia Fortalecer o clima organizacional e o bem estar dos magistrados e servidores Facilitar o acesso à justiça Assegurar recursos orçamentários e priorizar sua execução na estratégia Garantir soluções tecnológicas efetivas Prover estruturas e meios de segurança adequadas Agilizar os trâmites judiciais Aprimorar o sistema de gestão judiciária e administrativa Promover a conciliação Aprimorar a estrutura e o funcionamento das turmas recursais S o c ie d a d e P ro c e ss o s in te rn o s R e c u rs o s Fonte: Ávila (2015) A capacidade de ajustar esse mapa aos impulsos estratégicos cria uma organização resiliente, capaz de mudar e se adaptar, à medida que os objetivos são desafiados por forças internas e externas. Portanto para o BSC ‘funcionar’ adequadamente requer as seguintes etapas: Ferramentas da Qualidade 30 I. identificar o objetivo da organização com a missão, visão e valores; II. esclarecer a estratégia sempre observando as competências que a organização possui ou pode atingir; III. dividir a estratégia em temas-chave para que a organização possa absorver; IV. desenhar nos mapas de estratégicos para entender as relações de causa e efeito entre as quatro perspectivas; V. desenvolver medidas de desempenho dentro de cada perspectiva, mas também entre perspectivas, mostrando um equilíbrio de medidas; VI. criar scorecards importantes em torno de cada objetivo, sub- objetivo e iniciativa; VII. conectar esses objetivos e iniciativas com medidas organizadas em todos os níveis da organização, para serem usadas, compartilhadas e avaliadas em intervalos regulares. Portanto, cada perspectiva do BSC está relacionada as demais por causa e efeito por meio de um mapa estratégico, o qual mostra as relações entre as várias perspectivas. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no tema “BSC”? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “Aprendizagem e competências organizacionais sob a perspectiva do Balanced Scorecard” (FERNANDES et al) acessível pelo link. Prêmio Nacional da qualidade No Brasil, a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade, hoje apenas Fundação Nacional da Qualidade, foi criada em 1991 com os mesmos propósitos da fundação europeia e do prêmio americano. O prêmio brasileiro é inspirado nos prêmios americano (Prêmio Malcom Baldrige ou Ferramentas da Qualidade https://periodicos.uniarp.edu.br/https://scorm.onilearning.com.br/item-trilha.php?Componente=9e44b7fd708619b7a9c10efa960f14d0&sessao=a6s4dvaskn4ls3h5jik0n56632&aberto=true/visao/article/view/1281 31 Malcolm Baldrige National Quality Award – MBNQA) e europeu (Prêmio da Fundação Europeia de Gestão da Qualidade ou EFQM Excellence Model). O MBNQA é um prêmio estabelecido pelo Congresso dos Estados unidos (EUA) em 1987 para aumentar a conscientização sobre o gerenciamento da qualidade e reconhecer as empresas americanas implementaram sistemas de gerenciamento de qualidade bem- sucedidos. O prêmio é a maior honra presidencial do país por excelência em desempenho. No Prêmio Malcom Baldrige (ou Malcolm Baldrige National Quality Award – MBNQA) as organizações que se candidatam são julgadas por uma banca examinadora independente. Os membros são selecionados com base na conquista e aprimoramento em sete áreas, conhecidas como Critérios Baldrige para Excelência em Desempenho: 1. Liderança: como a alta gerência lidera a organização e como a organização atua dentro da comunidade. 2. Estratégia: como a organização estabelece e planeja implementar orientações estratégicas. 3. Clientes: como a organização constrói e mantém relacionamentos fortes e duradouros com os clientes. 4. Medição, análise e gerenciamento de conhecimento: como a organização usa os dados para apoiar os principais processos e gerenciar a performance. 5. Força de trabalho: como a organização capacita e envolve sua força de trabalho. 6. Operações: como a organização projeta, gerencia e aprimora os principais processos. 7. Resultados: como a organização atua na satisfação do cliente, finanças, recursos humanos, desempenho de fornecedores e parceiros, operações, governança e responsabilidade social, e como a organização se compara (benchmarking) aos seus concorrentes. Ferramentas da Qualidade 32 O Modelo EFQM é baseado em um conjunto de valores europeus, expressos pela primeira vez na Convenção Europeia dos Direitos Humanos (1953) e na Carta Social Europeia (revisada em 1996). Independentemente do setor, tamanho, estrutura ou maturidade, as organizações precisam estabelecer uma estrutura de gerenciamento apropriada para obter sucesso. O Modelo de Excelência EFQM é uma estrutura prática e não prescritiva que permite às organizações (EFQM, 2012): • avaliar onde eles estão no caminho da excelência; ajudando-os a entender seus principais pontos fortes e possíveis lacunas em relação à sua visão e missão declaradas; • fornecer um vocabulário comum e uma maneira de pensar sobre a organização que facilite a comunicação eficaz de ideias, dentro e fora da organização; • integrar iniciativas existentes e planejadas, removendo a duplicação e identificando lacunas; • fornecer uma estrutura básica para o sistema de gerenciamento da organização. Os critérios do EFQN são: 1. Liderança – as organizações excelentes têm líderes que moldam o futuro e o fazem acontecer. Esses líderes e inspiram confiança em todos os momentos; eles são flexíveis, permitindo que a organização antecipe e reaja em tempo hábil para garantir o sucesso contínuo da organização. 2. Estratégia - organizações excelentes implementam sua missão e visão desenvolvendo uma estratégia focada nas partes interessadas. Políticas, planos, objetivos e processos são desenvolvidos e implementados para entregar a estratégia. 3. Pessoas – organizações excelentes valorizam seu pessoal e criam uma cultura que permite a conquista mutuamente benéfica de objetivos organizacionais e pessoais. 4. Parcerias e recursos - organizações excelentes planejam e gerenciam parcerias externas, fornecedores e recursos internos, Ferramentas da Qualidade 33 a fim de apoiar sua estratégia, políticas e o funcionamento eficaz dos processos. Elas garantem que gerenciam efetivamente seus impactos ambientais e sociais. 5. Processo, produtos e serviço – organizações excelentes projetam, gerenciam e aprimoram processos, produtos e serviços para gerar valor crescente para clientes e outras partes interessadas. 6. Resultados de clientes – organizações excelentes alcançam e sustentam excelentes resultados que atendem ou superam as necessidades e expectativas de seus clientes. 7. Resultados de pessoas – organizações excelentes alcançam e sustentam excelentesresultados que atendem ou superam as necessidades e expectativas de seus funcionários. 8. Resultados de sociedade – organizações excelentes alcançam e sustentam excelentes resultados que atendem ou superam as necessidades e expectativas das partes interessadas relevantes na sociedade. 9. Resultado de negócios – organizações excelentes alcançam e sustentam excelentes resultados que atendem ou superam as necessidades e expectativas de seus stakeholders de negócios. O Modelo de Excelência em Gestão (MEG®) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), incita e apoia as organizações brasileiras no desenvolvimento e na evolução de sua gestão, ou seja, um nível de excelência. O MEG, segundo o FNQ (2019, p. 01): Antes de ser consolidado como MEG, a FNQ adotava outras metodologias internacionais. De 1992 a 1996, era utilizado o modelo americano da Fundação Baldridge da Gestão Qualidade Total. Algumas mudanças foram feitas no modelo a partir de 1995, mas sempre acompanhando a estrutura do Malcolm Baldridge National Quality Award, até 2000, quando foi lançada a primeira versão do MEG, o primeiro modelo genuinamente brasileiro de gestão. A Figura 7 mostra a evolução do MEG. A FNQ regulamenta e revisa o MEG, com o objetivo de facilitar seu entendimento e consequentemente disseminá-lo cada vez mais. Ferramentas da Qualidade 34 Figura 7 – Evolução do MEG Responsabilidade Social Logística como Diferencial Poder da Distribuição Cadeia de Valor Linear Migração de Capitais Velocidade Conectividade Volatilidade financeira Imprevisibilidade Complexidade 2012 Insustentabilidade Escassez de Recursos Crise de ética e corrupção Força das redes 1992 Globalização Uniformização Tecnológica Gestão da Qualidade Total Expansão das Comunicações 1992 - 1996 Baldrige EUA Gestão pela Qualidade Total 1997 - 2000 Baldrige EUA Business Excellence Model Evolução do MEG 2001- 2002 Controle & Aprendizado Proc. Gerenciais 2003- 2012 Sustentabilidade Integração de Processos Gerenciais 2013 Sustentabilidade Flexibilidade Fonte: FNQ (2019) De acordo com o FNQ (2019) o Diagrama do MEG é constituido pelo Tangram, antigo quebra-cabeça chinês, que proporciona formar mais de 5000 figuras diferentes. Dessa forma, o Tangram agrupa os oito fundamentos da gestão para excelência. As cores do diagrama representam as etapas do ciclo PDCL (Plan (planejamento); Do (realizar); Check (verificação); Learn (aprendizado)) que podem ser ligadas a cada fundamento. Seguir ter-se-á a breve descrição dos oito fundamentos da qualidade do MEG. 1. Pensamento sistêmico – compreensão e tratamento das afinidades, dependência e interdependência e suas consequências entre os vários elementos que formam a organização, bem como entre estes e o ambiente com o qual se relacionam. 2. Aprendizado organizacional e inovação – busca novos conhecimentos para elevar os patamares das competências presentes na organização. Tornando, o ambiente favorável a aprendizagem e principalmente, nova ideias, inovações e consequente ganhos para todos os envolvidos. Ferramentas da Qualidade 35 3. Liderança transformadora – atuação de líderes com postura ética, que inspire confiança que sejam exemplares e comprometidos com a organização e com as partes interessadas (seja no curto e no longo prazo). Lideres que sensibilizam as pessoas em torno dos valores, princípios e objetivos da organização. 4. Compromisso com as partes interessadas – firmação de acordos com as partes interessadas e suas articulações com as estratégias e processos, considerando um panorama de curto e longo prazos. 5. Adaptabilidade – versatilidade e capacidade de transformações em tempo hábil, para realizar as novas demandas das partes interessadas e modificações no contexto. 6. Desenvolvimento sustentável – a organização deve ter o compromisso ético e transparente em assumir e responder por suas atividades e impactos ao meio ambiente e contribuir para a melhoria desse ambiente. 7. Orientação por processos – a organização dever ser conduzida por meio da gestão dos processos. Para tanto organização deve ser compreendida como um conjunto de processos os quais precisam ser totalmente entendidos. Isso com o objetivo de ter a eficiência e eficácia nas atividades e tarefas da organização e visando agregar valor para as partes interessadas. 8. Geração de valor – o objetivo de toda organização é geral valor para as partes interessadas (econômicos, sociais e ambientais). SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no tema “MEG”? Site: Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Site: “Fundação Nacional da Qualidade” acessível pelo link. Programa 5S O 5S a abreviaturas de termos japoneses com 5 iniciais de S (ou os 5 sensos). estes são (i) Seiri – senso de utilização; (ii) Seiton – senso Ferramentas da Qualidade http://www.fnq.org.br/ 36 de organização; (iii) Seiso – senso de limpeza; (iv) Seiketsu – senso de padronização; e (v) Shitsuke – senso de disciplina. A aplicação do 5S ajuda a organizar o ambiente de trabalho a partir do ambiente físico até os aspectos funcionais. A aplicação do 5S simplifica as atividades por meio da redução de desperdícios e atividades improdutivas ou desnecessárias. Também é útil para melhorar a qualidade, eficiência e segurança. O 5S é, portanto, a atividade chave no caminho para o Kaizen e alcançar o TQM (Total Quality Management). O Quadro 4 mostra o significado das palavras do 5S. Quadro 4 – Significado das palavras do 5S. Fonte: Carpinetti (2016, p. 102)]] A seguir vamos ver cada um dos sensos. Ferramentas da Qualidade 37 A) Seiri O 5S começa com a etapa utilização/seleção que ajudará a empresa se livrar de problemas como: ferramentas e materiais que impedem o fluxo de trabalho; perda de tempo procurando peças, ferramentas e produtos; armazenamento de estoque desnecessário e caro; e riscos de segurança resultantes de desordem. O objetivo do Seiri é eliminar todas as ferramentas e materiais desnecessários e criar um espaço livre de desordem. Isso permite um fluxo de trabalho livre de distrações. Deixe apenas as coisas necessárias para realizar o trabalho. Isso inclui ferramentas, materiais e máquinas. Por exemplo, a utilização de etiquetas coloridas (no caso vermelha) é algo interessante de ser utilizado. Na etiqueta indique que ação deve ser tomada, ou seja: deixe o item onde está; realoque o item; descarte o item; recicle o item; coloque em “área de retenção de etiqueta vermelha”. B) Seiton A fase de ordenação somente começa quando a fase do Seiri estiver concluída. Essa fase será inútil se houver confusão desnecessária no espaço de trabalho. A chave aqui é a padronização, pois o usuário deve desenvolver esse sistema com base na frequência com que as ferramentas e materiais são acessados e nos processos em que são utilizadas. Algumas diretrizes a serem consideradas: se os itens forem usados juntos, guarde-os juntos; coloque os itens usados com frequência mais próximos do usuário; se possível, crie um sistema de liberação em que as ferramentas sejam conectadas a um cabo retrátil e volte automaticamente à posição armazenada; coloque os itens para que o usuário não precise dobrar ou torcer muito para acessá-los; e organize ferramentas e materiais em ordem de uso. Ferramentas da Qualidade 38 IMPORTANTE: Assim, um elemento essencial para qualquer programa organizacional, é a rotulagem uma maneira fácil e rápida de identificar e visualizar o posicionamento adequado de ferramentas, materiais e equipamentos. Por exemplo, gavetas de ferramentas podem ser rotuladas com seu conteúdo para que os funcionários possam encontrar facilmente o que precisam. O piso pode até ser rotulado indicando onde as latas de lixo, máquinas e outros equipamentos devem ser colocados, para que essas coisas sempre retornem ao local a que pertencem. Também, cartazes, banners e pôsteresmaiores podem ser usados para transmitir mensagens de organização ou segurança, incluindo lembretes do 5S. Grandes sinais podem ser postados acima das áreas de armazenamento para facilitar a limpeza no final dos turnos. Linhas pintadas ou gravadas são associadas à segurança (caminhos de pedestres, empilhadeiras e equipamentos, etc.), mas são muito úteis para marcar áreas de trabalho, bem como locais para matérias-primas, produtos acabados, remessas e demais locais. C) Seiso Quando esta etapa é implementada os funcionários vão gostar de vir trabalhar em um ambiente limpo e provavelmente terá menos lesões e menos falhas no equipamento. Isso significa maior produtividade e menos custos. No 5S, a limpeza é responsabilidade de todos, embora se possa usar uma equipe de zeladoria para realizar trabalhos grandes, a limpeza detalhada será feita pelos funcionários. Assim, é preciso padronizar o programa de limpeza para obter melhores resultados, isso pode ser realizado da seguinte forma: treinar os funcionários para fazê-lo corretamente; verificar se eles sabem pelo que são responsáveis e proporcione as ferramentas para fazer o trabalho, utilizar listas de verificação e diagramas para obter consistência. Ferramentas da Qualidade 39 Porém a limpeza não é a única coisa a se fazer, pois deve ser incluído inspeção e manutenção dessa rotina. Ou seja, os funcionários devem inspecionar ferramentas e máquinas quanto a danos, mas garanta que isso seja feito. D) Seiketsu A padronização utiliza um conjunto de listas de verificação que podem ser facilmente seguidas, para que cada etapa do 5S seja realizada exatamente da mesma maneira todos os dias. Dessa forma, cada funcionário sabe o que precisa fazer, quando precisa e exatamente como fazê-lo. Não há espaço para incertezas. A padronização usa três etapas para garantir que os pilares 5S estejam sendo executados de maneira consistente e correta: 1. Verificar se cada funcionário conhece suas responsabilidades – se os funcionários não sabem exatamente o que se espera deles, como podem fazê-lo? Suas responsabilidades devem ser claramente escritas em uma lista de verificação ou em um gráfico, para que possam ser acessadas facilmente ao longo do dia. 2. Fazer parte da sua rotina diária – se os funcionários forem corretamente treinados, eles executarão as etapas do 5S sem sequer pensar nisso. Nenhum pensamento extra é necessário; os funcionários fluem em sua rotina diária porque podem ver que isso faz sentido. 3. Avaliação periódica – uma vez implementadas as etapas, a assim, será preciso de um sistema para garantir que as tarefas sejam realizadas de maneira consistente. A padronização é essencial para o sucesso da implementação do 5S. Se a equipe tiver procedimentos a seguir para concluir as etapas, isso garantirá o sucesso a longo prazo e colherá todas as recompensas do 5S. E) Shitsuke O quinto pilar, foi projetado para manter a equipe motivada e no caminho certo. Aqui é importante tomar medidas concretas para garantir que o 5S não caia no esquecimento, ou seja: Ferramentas da Qualidade 40 • Dar tempo à equipe para executar as etapas corretamente. Por exemplo, designar os quinze minutos antes do almoço e o final do turno como “tempo da limpeza”. Durante esse período, o foco principal é limpar e organizar de acordo com as listas de verificação. • Toda a organização deve estar presente se o 5S funcionar a longo prazo. Se os funcionários perceberem que a gerência não está seguindo as etapas, será que eles continuarão a fazê-lo? • Fazer competições amigáveis entre departamentos todos os meses e recompensar o vencedor. Comprar o almoço, deixar os funcionários ir cedo um dia ou dar a eles estacionamento prioritário. É somente mostrar a eles a gratidão por um trabalho bem feito. • Formar um comitê composto por funcionários e supervisores de diferentes departamentos. O trabalho deles será supervisionar a implementação do 5S por um período fixo, talvez seis meses. • Cartazes, banners e boletins podem ser um lembrete constante da importância do 5S. Portanto, o 5S é um sistema, uma filosofia e uma cultura. O verdadeiro efeito do 5S se revela quando toda a organização adota seus ideais e seus funcionários percebem que a empresa está se transformando. O modelo 5S para eficiência e organização no local de trabalho é eficiente, eficaz e simples. Tem o potencial de transformar a empresa, um armazém, fábrica ou escritório em um local seguro e produtivo. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar no tema “Programa 5S”? Artigo: Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Site: “Implantação do programa 5S através da metodologia DMAIC” acessível pelo link. Ferramentas da Qualidade https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/https://scorm.onilearning.com.br/item-trilha.php?Componente=9e44b7fd708619b7a9c10efa960f14d0&sessao=a6s4dvaskn4ls3h5jik0n56632&aberto=true/BRJD/article/view/245/204 41 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Vimos que o Seis sigma é uma ferramenta complexa que exige preparado por parte de quem for aplica-la. A mesma ressalva serve para FMEA que aparentemente parece ser fácil, mas que na realidade trás detalhes que precisam ser bem realizados para que dê certo. Caso contrário a aplicação dessas ferramentas, sem devido conhecimento, pode ser um total desastre. Também vimos que tais ferramentas precisam ser continuamente revisadas e atualizadas, conforme a organização vai mudando. Conhecemos o Balanced scorecard com as suas quatro perspectivas (financeira, clientes, processos internos, aprendizagem e crescimento). Também, verificamos o MEG que é o modelo de gestão da Fundação Nacional da qualidade o qual é formado por oito elementos (pensamento sistêmico, aprendizado organizacional e inovação, liderança transformadora, compromisso com as partes interessadas, adaptabilidade, desenvolvimento sustentável, orientação por processos e geração de valor) os quais proporcionam a busca da excelência nas organizações. Por fim, vimos o que é o Programa 5s o qual se propõe organizar o ambiente de trabalho tanto nos aspectos físicos e funcionais. Ferramentas da Qualidade 42 REFERÊNCIAS Ávila, Rafael. Mapa estratégico do BSC. 2015. Disponível em: <https://blog.luz.vc/como-fazer/mapa-estrategico-bsc/> Acesso em 31 de ago. 2019. CARPINETTI, Luiz Cezar Ribeiro. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2016. COSTA, Ana Paula Paulino da. Balanced Scorecard: conceitos e guia de implementação. 1 ed., São Paulo: Atlas, 2008. EFQN. EFQM Excellence Model. 2012. Disponível em: <https://www. qualityscotland.co.uk/sites/default/files/efqm/EFQM%20Excellence%20 Model%20Book%202013.pdf>. Acesso em 01 de set. de 2019. FNQ. Fundação Nacional da Qualidade. um guia de referência da gestão para excelência. 2019. Disponível em: <https://fnq.org.br/ aprenda/metodologia-meg/modelo-de-excelencia-da-gestao>. Acesso em 01 de set. de 2019. MCDERMOTT, Robin E.; MIKULAK, Raymond J.; BEAUREGARD, Michael R. The basics of FMEA. 2nd Edition, New York: CRC, Taylor & Francis Group, 2009. Ferramentas da Qualidade Ferramentas para o controle e melhoria da qualidade Seis sigma e FMEA A Balanced scorecard (BSC) Prêmio Nacional da qualidade Programa 5S