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ACESSE AQUI ESTE 
MATERIAL DIGITAL!
CARMEM MARQUES RODRIGUES
HISTÓRIA DO 
BRASIL 
COLONIAL
Coordenador(a) de Conteúdo 
Kátia Spinelli
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Alexandre Donzelli
Laura Janke
Lilian Andreia Hasse 
Design Educacional
Lucio Carlos Ferrarese
Curadoria
Cléber Rafael Lopes Lisboa
Revisão Textual
Cindy Mayumi Okamoto Luca
Érica Fernanda Ortega
Ilustração
André Luis Azevedo da Silva
Eduardo Aparecido Alves 
Welington Vainer Oliveira
Fotos
Shutterstock e Envato
Impresso por: 
Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.
Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Núcleo de Educação a Distância. RODRIGUES, Carmem Marques.
História do Brasil Colonial / Carmem Marques Rodrigues. - 
Florianópolis, SC: Arqué, 2023.
204 p.
ISBN papel 978-65-6083-107-0
ISBN digital 978-65-6083-108-7
“Graduação - EaD”. 
1. História 2. Brasil 3. Colonial 4. EaD. I. Título. 
CDD - 981 
EXPEDIENTE
Centro Universitário Leonardo da Vinci.C397
FICHA CATALOGRÁFICA
HIS29
RECURSOS DE IMERSÃO
Utilizado para temas, assuntos ou 
conceitos avançados, levando ao 
aprofundamento do que está sendo 
trabalhado naquele momento do texto. 
APROFUNDANDO
Uma dose extra de 
conhecimento é sempre 
bem-vinda. Aqui você 
terá indicações de filmes 
que se conectam com o 
tema do conteúdo.
INDICAÇÃO DE FILME
Uma dose extra de 
conhecimento é sempre 
bem-vinda. Aqui você terá 
indicações de livros que 
agregarão muito na sua 
vida profissional.
INDICAÇÃO DE LIVRO
Utilizado para desmistificar pontos 
que possam gerar confusão sobre o 
tema. Após o texto trazer a explicação, 
essa interlocução pode trazer pontos 
adicionais que contribuam para que o 
estudante não fique com dúvidas sobre 
o tema. 
ZOOM NO CONHECIMENTO
Este item corresponde a uma proposta 
de reflexão que pode ser apresentada por 
meio de uma frase, um trecho breve ou 
uma pergunta. 
PENSANDO JUNTOS
Utilizado para aprofundar o 
conhecimento em conteúdos 
relevantes utilizando uma 
linguagem audiovisual.
EM FOCO
Utilizado para agregar um 
conteúdo externo.
EU INDICO
Professores especialistas e 
convidados, ampliando as 
discussões sobre os temas por 
meio de fantásticos podcasts.
PLAY NO CONHECIMENTO
PRODUTOS AUDIOVISUAIS
Os elementos abaixo possuem recursos 
audiovisuais. Recursos de mídia 
disponíveis no conteúdo digital do 
ambiente virtual de aprendizagem.
4
139
7
73
5
SUMÁRIO
139 U N I D A D E 3
SOCIEDADE COLONIAL TARDIA E AS CONTRADIÇÕES 
DAS IDEIAS DE AUTONOMIA POLÍTICA 140
DA PERIFERIA PARA O CENTRO: O BRASIL COMO SEDE 
DO IMPÉRIO ULTRAMARINO PORTUGUÊS 164
UM PROJETO DE INDEPENDÊNCIA CONSERVADOR 186
7U N I D A D E 1
O BRASIL NO QUADRO DO IMPÉRIO ULTRAMARINO PORTUGUÊS 8
O BRASIL-COLÔNIA NO ATLÂNTICO SUL 30
OS POVOS ORIGINÁRIOS 52
73 U N I D A D E 2
MONTAGEM DA ECONOMIA TRANSATLÂNTICA NO BRASIL COLONIAL 74
A DIÁSPORA AFRICANA NO BRASIL 96
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE COLONIAL 118
UNIDADE 1
MINHAS METAS
O BRASIL NO QUADRO DO IMPÉRIO 
ULTRAMARINO PORTUGUÊS
Compreender os mecanismos que fundamentaram a relação do Brasil com o 
Império Português.
Refletir sobre as bases históricas da formação do Brasil dentro do contexto do 
Império Ultramarino.
Entender as principais características da relação centro versus periferia.
Conhecer as dinâmicas interpretativas sobre o Brasil Colonial em sua relação 
com o Império Português.
Identificar as características das correntes historiográficas que discutem a 
relação do Brasil com o Império Português.
Relacionar os fundamentos históricos do Império Global Português e o Brasil Colonial. 
Diferenciar as características dos conceitos dicotômicos em relação aos 
conceitos dialógicos.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 1
8
INICIE SUA JORNADA 
Como o Brasil entrou na rota para o Oriente e se transformou em um dos pila-
res do Império Português? Qual história vem em sua mente quando eu digo as 
palavras “Império Ultramarino” e “Brasil”?
No contexto da construção do Império Ultramarino Português, ao longo dos 
séculos XVI e XVII, o Brasil tinha um status de colônia periférica. A imensa 
frota comandada por Pedro Álvares Cabral (1467-1520), que saiu de Portugal 
em 1500 e aportou na América do Sul, mais especificamente nas terras que se 
transformaram no Brasil, poucos meses depois, tinha, como destino e objetivo 
principal, as Índias. Após atravessar a Linha do Equador, a frota utilizou “a técnica 
do ‘volta mar’, manobra conhecida pelos portugueses que consistia em descrever 
um largo arco para evitar a zona central de calmaria” (SCHWARCZ; STARLING, 
2015, p. 28). O foco no Oriente se fundamentava no valor lucrativo dos itens 
comercializados em várias cidades da costa do subcontinente indiano, o que 
inclui as especiarias, os metais e as pedras preciosas. 
Por isso, a atuação da Coroa Portuguesa no Brasil se concentrou basicamente 
na defesa do território contra invasões estrangeiras e na concessão da exploração 
da terra a particulares de forma extrativista, como a exploração do Pau-Brasil, ou 
pela agricultura exportadora. Entretanto, esse papel secundário não representava 
um descaso. Pelo contrário, os reis de Portugal estabeleceram penas severas para 
aqueles que contrabandeavam informações sigilosas sobre o Brasil, em especial, 
informações náuticas e geográficas. 
UNIASSELVI
9
TEMA DE APRENDIZAGEM 1
O cenário mudou a partir de 1690, com as primeiras descobertas consistentes 
de locais no interior do Brasil com ouro de aluvião. A rápida difusão da notícia de-
sencadeou uma corrida pelo ouro. Poucos anos depois, em 1720, a descoberta de 
diamantes transformou o Brasil no centro econômico do Império. As riquezas da 
exploração de metais e pedras preciosas foram a base de sustentação do opulento rei-
nado de D. João V (1706-1750), que, além de se espelhar no receituário absolutista, fez 
questão de demonstrar publicamente as próprias riqueza e ilustração, patrocinando 
construções magníficas, como o Convento de Mafra e o Aqueduto das Águas Livres, 
além da constituição da Biblioteca Joanina na Universidade de Coimbra. 
A centralidade cada vez mais evidente do Brasil foi politicamente confirmada 
com a chegada da família real ao Rio de Janeiro em 1808. Naquele momento, 
oficialmente, a capital do Império Ultramarino Português se deslocou para a 
capital da América portuguesa. 
A posição do Brasil dentro do Império Ultramarino Português mudou de forma 
consistente ao longo dos séculos, de acordo com determinadas circunstâncias polí-
ticas, econômicas e sociais. A princípio, os grandes paradigmas político e econômico 
desse período – a era moderna – eram o Absolutismo e o Mercantilismo, que apare-
cem mesclados na atuação do Estado. O rei, como uma figura política forte e central, 
usa o poder estatal, tanto por meio da força quanto por meio das leis, para propor-
cionar o desenvolvimento econômico. Nesse sentido, as colônias, enquanto entidades 
inferiores ao reino, são submetidas a um sistema despótico de exploração. 
Todavia, esses paradigmas vêm sendo problematizados desde a década de 
1980. Assim, novos conceitos e formas de entender a relação entre Metrópole e 
Colônia, Centro e Periferia, Brasil e o Império Ultramarino surgiram entre 
os historiadores. Vamos entender esse movimento?
VAMOS RECORDAR?
Aprenda mais sobre o processo e os mecanismos que estavam relacionados 
com a expansão ultramarina portuguesa, o movimento histórico fundamental 
para a constituição do Brasil e do ImpérioUltramarino Português. 
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual 
de aprendizagem.
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DESENVOLVA SEU POTENCIAL
O BRASIL NO QUADRO DO IMPÉRIO GLOBAL PORTUGUÊS
Uma verdadeira Babel: é assim que João Fragoso e Maria de Fátima Gouvêa 
(2009) sintetizam o Brasil Colonial. Isso, visto que, além da diversidade natural 
que existia entre os povos originários, a colônia recebeu uma gama vasta de afri-
canos de diferentes etnias e europeus de distintos reinos. No entanto, isso não foi 
um empecilho para a constituição de uma sociedade organizada. A pluralidade e 
a diversidade eram reflexos das conexões globais do Império Português. 
Foram essas características únicas que levaram o historiador Nuno Montei-
ro a formular o conceito de monarquia pluricontinental, sustentada em três 
particularidades do modo de governar português.
UNIDADE AUTOGOVERNO
A monarquia portuguesa tinha como base a ideia de unidade do reino. As outras 
unidades que faziam parte do reino não gozavam de autonomia, estando subme-
tidas a um único rei.
RENDAS ULTRAMARINAS
Os recursos oriundos das conquistas ultramarinas eram a renda fundamental do 
reino. Todos os gastos da monarquia dependiam dos recursos coloniais. Nesse 
sentido, o Império sustentava a monarquia.
AUTOGOVERNO
A efetivação do poder real central dependia do funcionamento de um sistema de 
autogoverno das comunidades políticas adjacentes. Destaca-se, aqui, a impor-
tância das câmaras municipais.
UNIASSELVI
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TEMA DE APRENDIZAGEM 1
De acordo com Monteiro (2010, p. 290), “a monarquia portu-
guesa tinha uma dimensão imperial única no contexto da Eu-
ropa dos séculos XVII e XVIII. Não apenas pela dependência 
financeira das receitas provenientes do Império atlântico”, mas 
pela experiência única de circulação que a própria elite aris-
tocrática possuía. Afinal, o rei recorria à nobreza para ocupar 
os postos-chave espalhados por todo o Império. Nesses locais 
distantes do centro, foi necessário desenvolver uma capacida-
de de atuação autônoma. Todas essas características “conferiam uma feição deci-
didamente pluricontinetal” (MONTEIRO, 2010, p. 290) à monarquia portuguesa. 
A América Lusa se transformou em uma sociedade espelhada nas normas do 
Antigo Regime e sustentada por uma economia de base escravista que alcançou 
um relativo sucesso. 
 “ Em outras palavras, a dita torre de Babel não foi engolida pela flo-
resta tropical nem virou comida de onças pintadas, de jiboias e nem 
dizimada por epidemias (FRAGOSO; GOUVÊA, 2009, p. 39). 
A colonização, que começou tímida, ameaçada por invasões de outras nações 
europeias, obteve, a partir de 1530, um crescimento exponencial até se trans-
formar em um verdadeiro pote de ouro do Império. Todavia, a lógica que guiava a 
relação entre Brasil e Portugal não se baseava exclusivamente na relação mercantil 
entre Colônia e Metrópole. 
A razão da monarquia pluricontinental de Antigo Regime estava assentada 
em alguns valores, como a defesa e a expansão do cristianismo, a manutenção do 
ethos aristocrático e a honradez do serviço ao príncipe. Nesse sentido, a fidalguia 
exerceu um papel fundamental, pois a América Portuguesa foi o seu destino 
principal. Os fidalgos de nobreza menor encontraram, na colônia, um espaço 
para crescerem na hierarquia nobiliárquica, já que os postos no Oriente eram 
reservados para a primeira nobreza.
 “ Ou seja: não uma situação colonial única, regida por um único pacto, 
mas uma pluralidade imensa de pactos, entre uma pluralidade imensa 
de instâncias, desembocando numa variabilidade imensa dos deveres 
e dos direitos, mutuamente invocáveis (HESPANHA, 2009, p. 50-51).
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1
VOCÊ SABE RESPONDER?
A partir do que você aprendeu até agora, quais características do Brasil Colonial 
vem a sua mente?
O Mapa-Múndi, ou planisfério, de autoria do cartógrafo Antonio Sanches, foi fi-
nalizado em 1623. É considerado um dos mais coloridos produtos da cartogra-
fia portuguesa. Foi feito para exibição, e não para uso prático, com o objetivo 
de propagandear a extensão e a riqueza do Império Ultramarino Ibérico (União 
Ibérica, 1580-1640) e, em especial, o poderio de seu patrono.
Tratava-se de Domingo Martins d’Orta, de quem pouco se sabe, somente que 
pertenceu a uma família rica e fortemente envolvida no comércio com a Améri-
ca espanhola e as Filipinas.
O mapa apresenta o mundo recheado por representações do imaginário por-
tuguês e cristão, como imagens de santos e de Cristo, além da presença das 
bandeiras e das armas nacionais de Portugal e Espanha, as quais são espalha-
das por todos os continentes e oceanos, sugerindo a suserania deles sobre a 
Ásia, a África e a América do Sul.
Figura 1 - Planisfério de Antonio Sanches, 1623
Descrição da Imagem: a figura exibe a representação, em um pergaminho com tinta colorida, do mundo 
conhecido até o ano de 1623. O mapa apresenta os quatro continentes conhecidos (América, África, 
Europa e Ásia), menos a Oceania e os três grandes oceanos: Atlântico, Índico e Pacífico. Há várias 
referências pictóricas de embarcações da época, rosas dos ventos, animais aquáticos imaginários, 
figuras religiosas e cenas da natureza de cada continente que também carregam os brasões de 
Portugal e Espanha.
UNIASSELVI
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TEMA DE APRENDIZAGEM 1
METRÓPOLE VERSUS COLÔNIA
O paradigma mercantilista
No contexto da transição do feudalismo para o capitalismo, a expansão marí-
tima esteve atrelada ao mercantilismo. Esse conjunto de práticas econômicas 
que vigorou na Europa entre os séculos XVI a XVIII utilizava diversas medidas 
de intervenção estatal, com o objetivo de fortalecer as economias dos estados 
nacionais que emergiam naquele momento. O comércio era uma pedra funda-
mental desse processo.
Elas eram fundamentais para a sobrevivência dos estados na concorrência co-
mercial internacional. Ter colônias significava deter áreas reservadas de comércio 
que poderiam fornecer itens primários para exportação, matérias-primas para 
manufaturas, além de metais e pedras preciosas. A constituição do sistema co-
lonial representava a execução das normas, que eram guiadas por concepções 
mercantilistas, que asseguravam a exclusividade metropolitana.
VOCÊ SABE RESPONDER?
A partir do que você estudou até aqui, qual seria a importância das colônias, se-
gundo o paradigma mercantilista? Qual seria a importância das colônias dentro 
da lógica mercantilista?
1
4
O historiador Fernando Novais (1989) aprofundou a ideia exposta com o con-
ceito de pacto colonial. As relações assimétricas de poder que se estabeleceram 
entre a colônia e a metrópole eram condicionadas pelo exclusivismo metropo-
litano, ou seja, um monopólio comercial que garantia à Portugal a condição 
de adquirir produtos coloniais por baixo valor e revendê-los com preços mais 
vantajosos, além de abastecer a colônia com manufaturados, garantindo o lucro 
e a acumulação primitiva de capital. 
O monopólio era o mecanismo por excelência do Antigo Sis-
tema Colonial. Era por meio dele que se operavam os mecanismos 
de transferência de riquezas, que buscavam maximizar os ganhos 
metropolitanos. Esse movimento foi essencial para a solidificação 
das bases do capitalismo. 
Nesse sentido, Caio Prado Júnior (1981) sustenta que a colonização do Brasil 
tinha um caráter de exploração. O que guiava os portugueses era a apropriação 
de recursos dentro da lógica comercial mercantil. Por isso, Portugal optou pela 
constituição de um sistema exploratório baseado na plantation.
Plantation é o nome dado ao sistema de produção agrícola baseado no latifún-
dio, na monocultura, na exportação e no trabalho escravo. 
APROFUNDANDO
Antigo 
Sistema 
Colonial
Quadro 1 – Estado Absolutista e Mercantilismo / Fonte: adaptado de Oliveira e Merlo (2015).
ESTADO ABSOLUTISTA
Mercantilismo
Meios
 • Barreiras alfandegárias
 • Estímulo à expansão marítima e comercial
 • Crescimento populacional
 • Incentivo às manufaturas nacionais
Objetivos
 • Reforço do poder do Estado nacional
 • Metalismo:acumulação de metais preciosos
 • Busca de balança comercial favorável (exportações 
> importações)
UNIASSELVI
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TEMA DE APRENDIZAGEM 1
A história do Brasil Colonial era vista de uma perspectiva dicotômica: senhores 
versus escravos, colônia versus metrópole, com um forte conteúdo econômico. Por 
isso, essa corrente interpretativa ficou conhecida como Antigo Sistema Colonial. 
Uma análise centrada em documentos oficiais tende a corroborar a ideia apresen-
tada. É por isso que Russel-Wood (1998, on-line) explica que, “à primeira vista, 
a administração do Império português aparenta ser altamente centralizada e 
hegemônica”. Todavia, essa visão rígida está sendo redefinida pela historiografia 
dos últimos 20 anos. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Diante daquilo que você estudou até o momento, quais outras relações consi-
deradas dicotômicas veem a sua mente quando você pensa no Brasil Colonial? 
Você sabia que a criação do Distrito Diamantino, em 1734, que, atualmente, cor-
responde ao município de Diamantina, em Minas Gerais, foi considerado, por Fer-
nando Novais (1989) e Raymundo Faoro (2021), como a expressão máxima do 
pacto colonial? Para controlar a extração de diamantes, a Coroa delimitou uma 
área de movimentação restrita dentro da Capitania de Minas Gerais, que respon-
deria diretamente a Lisboa. Entretanto, alguns estudos, tais como o de Júnia 
Furtado, redefiniram esse paradigma, ao mostrarem o funcionamento dos meca-
nismos de contrabando e mercado interno que existiam dentro da demarcação.
PENSANDO JUNTOS
Conheça este jogo para que você possa interagir e memorizar os conceitos. 
A perseguição do labirinto sobre conceitos do Brasil e do Antigo Sistema 
Colonial. Corra para a área de resposta correta, evitando os inimigos. Recur-
sos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de 
aprendizagem.
EU INDICO
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CENTRO VERSUS PERIFERIA
Novas tendências historiográficas: movimento interno
Duas novas tendências historiográficas sobre o Brasil Colonial surgem na década 
de 1990. O primeiro movimento, orientado pelos estudos de João Fragoso (1998) 
e Manolo Florentino (1997), concentra-se na análise das estruturas internas da 
colônia. As conclusões podem ser divididas em três aspectos.
BURGUESIA COLONIAL
Existia uma acumulação interna de capital promovida pelos comerciantes 
brasileiros.
TRAFICANTES NEGREIROS
Em determinado momento do século XVIII, o controle do tráfico de escravos 
passou para as mãos dos comerciantes do Rio de Janeiro, o que não apenas con-
feriu poder político a esse grupo, mas também poder econômico.
MERCADO INTERNO
Havia um rico mercado interno, de grandes dimensões, que conectava comer-
ciantes do litoral e do interior. A expansão colonial gerou uma rede de comércio 
interna que ia desde o rio da Prata até os sertões de Minas Gerais e do Nordeste.
UNIASSELVI
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TEMA DE APRENDIZAGEM 1
 “ Mais especificamente, seus autores discutem e analisam o “Brasil-Co-
lônia” enquanto parte constitutiva do império ultramarino português. 
Propõem-se, ainda, a compreender a sociedade colonial e escravista 
na América enquanto uma sociedade marcada por regras econômi-
cas, políticas e simbólicas de Antigo Regime (FRAGOSO; BICALHO; 
GOUVÊA, 2001, p. 21).
Novas tendências historiográficas: movimento global
Nesse mesmo período, a historiografia da história das ideias políticas passou por 
uma importante renovação de paradigmas, principalmente em relação aos Esta-
dos modernos e os respectivos impérios ultramarinos. A noção de absolutismo 
como sinônimo de poder absoluto dos reis começou a desmoronar com as novas 
interpretações capitaneadas por Quentin Skinner, John Elliot e António Manuel 
Hespanha. As monarquias começaram a ser interpretadas como sistemas políti-
cos negociados, pactuados, compósitos ou corporativistas. Cada qual relacionado 
a determinadas condições políticas e sociais. 
Nesse momento, o conceito de Império Português foi incorporado aos estu-
dos do Brasil Colonial como um de seus mecanismos explicativos fundamentais. 
O objetivo era ir além das discussões econômicas, como eram as centradas no 
pacto colonial, e relacionar os diversos aspectos políticos, sociais e culturais daquele 
momento específico da história do Brasil. Vejamos algumas dessas interpretações.
Segundo Maria de Fátima Gouvêa (2001), a relação entre Brasil e Império 
Português era guiada por uma economia política do privilégio. A expansão 
ultramarina promoveu a agregação de novos territórios e a criação do Império. 
Logo, para gerir essas áreas, a monarquia precisou distribuir cargos e ofícios, 
além de conceder privilégios comerciais a grupos e indivíduos. Essas concessões 
criaram uma rede de hierarquia que tinha o objetivo de assegurar os interesses 
metropolitanos e criar vínculos estratégicos com os vassalos no ultramar. 
As afirmações expostas jogaram por terra a argumentação que fundamentava a 
ideia de que o pacto colonial era a única relação possível entre colônia e metrópole. 
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8
Já para o historiador João Fragoso (2001), era a economia do bem comum 
que pautava essas relações. O sistema de distribuição de mercês, arraigado na 
sociedade lusa, foi transplantado para o Império. Essa prática, isto é, de distribui-
ção de títulos e privilégios àqueles que prestavam serviços à Coroa, alimentava o 
sistema de vassalagem e o controle do território do ultramar.
Nesse mesmo caminho, Maria Fernanda Bicalho (2003) identifica a formação 
de uma economia moral do dom. A distribuição de títulos e privilégios era 
fundamental para a construção de uma rede de poder ultramarino. Esse foi 
o modo de governar desenvolvido pelo Império português diante do principal 
desafio: controlar vastas áreas dispersas e distantes pelo planeta. 
 O Antigo Regime Nos Trópicos: 
A Dinâmica Imperial Portuguesa (Séculos XVI-XVII)
O livro traz uma coletânea de artigos de historiadores brasilei-
ros e portugueses sobre o sistema de colonização portuguesa. 
O império português aparece aqui como uma rede de relações 
econômicas, políticas, jurídicas e sociais capaz de articular so-
ciedades diversas e abrigar poderes autônomos e interesses 
comerciais conflitantes. Para além do domínio metropolitano, 
do pacto colonial e da escravidão, outros temas, antes negli-
genciados pelos estudiosos, ganham relevância. Abrem-se 
novas possibilidades e alternativas para a pesquisa. Antigos 
balizamentos cronológicos e recortes espaciais são questiona-
dos. Outros passam a ser inquiridos e discutidos.
INDICAÇÃO DE LIVRO
Dessa forma, o rei não poderia ser aquela figura despótica e tirânica. Simbolica-
mente, o monarca era visto como a cabeça do corpo político, logo, não poderia 
existir sozinho. Desse modo, era estabelecida uma relação de mão dupla: ao rei, 
era delegado, pelo corpo político, a capacidade de decidir. Em troca, deveria zelar 
pelos interesses e pela proteção de seus súditos. Foi assim que António Manuel 
Hespanha caracterizou a monarquia portuguesa: como uma sociedade corpo-
rativa e polissinodal. 
UNIASSELVI
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TEMA DE APRENDIZAGEM 1
O rei, como figura capaz de distribuir mercês, estabeleceu uma economia do 
dom, ou seja, a distribuição de riquezas materiais e simbólicas construía, no con-
junto da sociedade, o sentimento de pertencimento. 
A partir dessas interpretações, o Brasil Colonial começou a ser visto como 
uma comunidade política com capacidades próprias, o que construiu uma rela-
ção dialógica com o Império. 
As Vésperas do Leviathan: 
Instituições e Poder Político - Portugal - Séc. XVII
Este livro foi resultado da tese de doutorado do historiador 
português António Manuel Hespanha (1945-2019). Começou 
a ser mais citado e conhecido no Brasil em finais da década 
de 1990, ao ser incorporado à bibliografia de alguns progra-
mas de pós-graduação em História. Tornou-se um marco 
importante na história político-administrativa e do direito de 
Portugal do Antigo Regime, quando supera os marcos críti-
cos, categóricos, temáticos e de abordagem recorrentes deuma ainda presente abordagem positivista-oitocentista e 
liberal da história do direito e do poder político e instituições 
portuguesas anteriores ao século XIX.
INDICAÇÃO DE LIVRO
VOCÊ SABE RESPONDER?
Tendo em vista a historiografia que apresentei, quais relações dialógicas veem 
até a sua mente?
1
1
Foi por isso que, para garantir a soberania nos territórios ultramarinos, Portugal 
transferiu vários mecanismos administrativos e jurídicos para as próprias colô-
nias. O sistema de capitanias hereditárias, do padroado, as câmaras, o sistema de 
ouvidores. Todos esses elementos eram instrumentos político-sociais na mão do 
rei, que os usava no jogo de distribuição de mercês. 
Certamente, assim como afirma Russel-Wood (1998, on-line), “a Coroa ne-
gou-se a criar uma estrutura administrativa para o Brasil que refletisse prio-
ridades ou interesses coloniais”. Todavia, isso não impediu que os brasileiros 
usassem a estrutura vigente em seu favor. É vasta a documentação no Conselho 
Ultramarino, por exemplo, de cartas advindas das diversas regiões do Brasil com 
variados pedidos de mercês. Os colonos, como parte integrante da estrutura 
imperial, tentavam utilizar esses recursos em seu favor.
Evidentemente, nem todos os movimentos eram pacíficos. O período do 
Brasil Colonial é recheado por insurreições e revoltas que usaram a violência e 
foram reprimidas com igual crueldade. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
A partir da discussão feita até aqui, você seria capaz de pensar em revoltas do 
período colonial que poderiam ser relacionadas à distribuição de mercês?
Em 2021, o grupo de pesquisa Antigo Regime nos Trópicos, ligado ao Programa 
de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pro-
moveu o seminário on-line: “Antigo Regime nos Trópicos - 20 anos”. Os debates 
promovidos pelo seminário estão disponíveis no canal do grupo de pesquisa 
no YouTube e fornecem interessantes perspectivas sobre as novas tendências 
historiográficas promovidas pelos pesquisadores do grupo e convidados.
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual 
de aprendizagem.
EU INDICO
UNIASSELVI
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TEMA DE APRENDIZAGEM 1
De fato, a natureza pluricontinental do Império Português foi um dos fatores 
que enfraqueceu o estabelecimento de uma política mercantilista completa. O 
estabelecimento de um comércio interno – dentro do Brasil – e externo – entre 
as colônias portuguesas – é uma prova do limitado alcance do mercantilismo. 
Caminhos da colonização
Após o primeiro desembarque português no Brasil, em 1500, a Coroa enviou, 
durante as três décadas seguintes, várias expedições encarregadas de reconhe-
cer o litoral. Essas viagens tinham múltiplos objetivos: de reconhecimento, de 
exploração e, ainda, como expedições guarda-costas. Com elas, os portugueses 
promoveram o reconhecimento da geografia para fins cartográficos e de navega-
ção, a exploração de pau-brasil com o auxílio dos índios, a fundação de feitorias 
e defesa da costa contra a crescente presença dos franceses, rivais no comércio 
do pau-brasil.
VOCÊ SABE RESPONDER?
Considerando as especiarias e o respectivo comércio, você sabe o motivo pelo 
qual elas eram tão desejadas no mercado europeu?
O site Impressões Rebeldes, coordenado pelo professor Luciano Figueiredo, da 
Universidade Federal Fluminense, é uma plataforma colaborativa que reúne di-
versos conteúdos sobre a história das revoltas do Brasil entre os anos de 1500 
e 1825. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente 
virtual de aprendizagem.
EU INDICO
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O primeiro movimento consis-
tente foi feito com a instituição do 
sistema de capitanias hereditárias. 
Essa forma de administração foi 
replicada nos domínios atlânti-
cos portugueses, tais como nas 
ilhas próximas à costa africana, 
no Brasil e em Angola. O modelo 
era o antigo sistema de senhorio 
português, desenvolvido ainda na 
Idade Média, e consistia na concessão de terras a particulares, juntamente com 
os direitos, proventos e privilégios de soberania como a capacidade de nomear 
funcionários, cobrar impostos, administrar a justiça e fundar povoações.
A consolidação do território da América Portuguesa levaria três séculos para 
se concretizar. A União Ibérica, que unificou as duas Coroas de Portugal e Es-
panha e seus territórios coloniais entre 1580 e 1640, foi, por exemplo, decisiva 
para a movimentação dos paulistas pelo interior do continente, os exploradores 
responsáveis pelo encontro dos metais e pedras preciosas. 
Assim como afirmam os historiadores tributários da ideia de Antigo Regime 
nos Trópicos, o Brasil Colonial não pode ser resumido às questões econômicas 
relacionadas ao mercantilismo. Evidentemente, a economia e as respectivas ideias 
têm importância, mas as relações políticas, religiosas, sociais e administrativas 
se movimentavam por outros meios. 
Assim como o Brasil recebeu escravos da Guiné e de Benguela, também apor-
taram por aqui ex-militares da Índia ou negociantes de Angola. Essas relações em-
basaram o estabelecimento de um rico comércio entre as colônias. O fato marcante 
era que o pano de fundo dessa movimentação eram as regras do Antigo Regime. 
 “ Em suma, o Império não era tão-somente uma colcha de retalhos 
comerciais; ele dava vida, em graus distintos, às diversas sociedades 
que o constituíam (FRAGOSO; BICALHO; GOUVÊA, 2001, p. 22).
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TEMA DE APRENDIZAGEM 1
NOVOS DESAFIOS 
Diante das discussões que apresentei aqui, você entrou em contato com os princi-
pais conceitos utilizados para interpretar o Brasil Colonial no quadro do Império 
Ultramarino Português. Você também conheceu as principais diferenças e apro-
ximações entre essas correntes interpretativas. Além disso, tomou conhecimento 
dos bases históricas que fundamentam os conceitos dialógicos utilizados pela 
historiografia contemporânea.
Você deve ser capaz de compreender que a relação dicotômica Metrópole 
versus Colônia foi superada por uma visão dialógica. O rígido mecanismo eco-
nômico do pacto colonial, fundamentado no mercantilismo e no exclusivismo 
metropolitano, deixou de ser o paradigma interpretativo do Brasil Colonial. 
Você também deve reconhecer o papel da problematização dos paradigmas. 
A abertura a novas chaves interpretativas e a utilização de diferentes fontes his-
tóricas abriram espaço para a visão do Brasil Colonial do ponto de vista global, 
ou seja, integrado ao Império Ultramarino Português.
As características únicas da monarquia pluricontinental portuguesa aju-
daram a moldar o sistema colonial no Brasil. Entretanto, as idiossincrasias da 
América lusa proporcionaram o surgimento de mecanismos dialéticos que pro-
gressivamente fundamentaram a constituição de um Brasil independente. 
Para a sua atuação como professor(a), você deve assimilar a relação dialética 
centro versus periferia como substituta da visão dicotômica entre metrópole 
versus colônia. Isso permite uma abertura de temas para a exploração em sala 
de aula e instiga os alunos a verem os personagens históricos como sujeitos na 
história, abrindo o leque de práticas de ensino e propostas pedagógicas.
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VAMOS PRATICAR
1. O chamado achamento do Brasil não provocou nem de longe o entusiasmo desper-
tado pela chegada de Vasco da Gama à Índia. O Brasil aparece como uma terra cujas 
possibilidades de exploração e contornos geográficos eram desconhecidos. Por vários 
anos pensou-se que era uma grande ilha.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2008. p. 22.
Considerando a constituição do Império Ultramarino Português, assinale a alternativa correta:
a) O Brasil prontamente despertou o interesse português por suas riquezas minerais.
b) Nos dois primeiros séculos de colonização o Brasil possuía um status de colônia periférica.
c) Logo nos primeiros anos os portugueses promoveram a exploração agrícola da colônia. 
d) As invasões de outros povos europeus à costa do Brasil não preocupava a Coroa portuguesa.
e) A extração do Pau-Brasil foi promovida commão de obra escrava.
2. A forma pela qual, ao longo de alguns séculos, a Coroa portuguesa tratou de assegurar 
os maiores ganhos do empreendimento colonial relaciona-se com as concepções de 
política econômica vigentes na época, abrangidas pela expressão “mercantilismo”.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2008. p. 31.
Considerando a relação entre mercantilismo e expansão marítima portuguesa, analise 
as afirmativas a seguir:
I - A expansão marítima tinha como objetivo a busca por novos locais e rotas comerciais.
II - O pacto colonial era rígido e firmemente fiscalizado pela Coroa Portuguesa como a 
única relação possível entre metrópole e colônia.
III - O metalismo era um dos fundamentos do mercantilismo. Como os portugueses não 
encontraram riquezas minerais nas primeiras explorações da costa brasileira, eles 
tiveram que recorrer a outros mecanismos de exploração, como o monopólio da ex-
ploração do Pau-Brasil.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 1
3. A concepção definidora da colonização pela grande empresa monocultura escravista, 
adaptada aos interesses da Metrópole, é um modelo cujo valor consiste em dar as 
linhas básicas de entendimento de um sistema que caracterizou o Brasil na Colônia 
e deixou suas marcas após a Independência.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2008. p. 34.
O modelo de colonização baseado na exportação de itens primários obteve grande 
sucesso e, de fato, nunca foi completamente abandonado. Considerando o enunciado 
e os seus conhecimentos sobre o Brasil Colonial, assinale a alternativa correta:
a) A escravidão foi a forma de trabalho por excelência dos latifundios exportadores. 
Para isso, recorreu-se somente à mão-de-obra escrava africana.
b) De acordo com o exclusivismo metropolitano, os produtos de exportação brasileiros 
poderiam ser comercializados em toda a Europa.
c) O Brasil foi um dos países que menos recebeu escravizados africanos entre os 
séculos XVI a XIX.
d) A primeira experiência agroexportadora colonial de sucesso foi feita com a cana-
de-açúcar. 
e) Os interesses dos colonos e da metrópole eram sempre os mesmos. Por isso, o pacto 
colonial foi aplicado com sucesso no Brasil.
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REFERÊNCIAS
BICALHO, M. F. A cidade e o império: o Rio de Janeiro no século XVIII. Rio de Janeiro: Civili-
zação Brasileira, 2003. 
FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. São Paulo: Cia das 
Letras, 2021. 
FLORENTINO, M. Em costas negras. Uma história do tráfico de escravos entre a África e o 
Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). São Paulo: Cia das Letras, 1997.
FRAGOSO, J. A formação da economia colonial no Rio de Janeiro e de sua primeira elite 
senhorial (séculos XVI e XVII). In: FRAGOSO, J.; BICALHO, M. F. B.; GOUVÊA, M. de F. S. (org.). 
O antigo regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 287-315.
FRAGOSO, J. L. Homens de grossa aventura. Acumulação e hierarquia na praça mercantil 
do Rio de Janeiro (1790-1830). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.
FRAGOSO, J.; BICALHO, M. F. B.; GOUVÊA, M. de F. S. (org.). O antigo regime nos trópicos: a 
dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FRAGOSO, J.; GOUVÊA, M. de F. S. Monarquia pluricontinetal e repúblicas: algumas reflexões 
sobre a América Lusa nos séculos XVI-XVIII. Tempo, Niterói, v. 14, n. 27, p. 36-50, 2009. 
GOUVÊA, M. de F. S. Poder político e administração na formação do complexo atlântico por-
tuguês (1645 1808). In: FRAGOSO, J.; BICALHO, M. F. B.; GOUVÊA, M. de F. S. (org.). O antigo 
regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2001. p. 287-315.
HESPANHA, A. M. Porque é que foi “portuguesa” a expansão portuguesa? Ou o revisionismo 
nos trópicos. In: SOUZA, L. de M. e; FURTADO, J. F.; BICALHO, M. F. (org.). O governo dos 
povos. São Paulo: Alameda Editorial, 2009. p. 39-62.
MONTEIRO, N. G. A tragédia dos Távora. Parentesco, redes de poder e facções políticas na 
monarquia portuguesa em meados do século XVIII. In: FRAGOSO, J.; GOUVÊA, M. F. S. Na tra-
ma das redes. Política e negócios no império português. Séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2010. p. 274-296.
NOVAIS, F. A. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São 
Paulo: Hucitec, 1989.
OLIVEIRA, J. M. de; MERLO, P. M. S. Recortes e perspectivas sobre a história moderna. 
Vitória: UFES, 2015.
PRADO JÚNIOR, C. Formação do Brasil contemporâneo. Colônia. São Paulo: Brasiliense, 1981.
RUSSELL-WOOD, A. J. R. Centros e periferias no mundo luso-brasileiro, 1500-1808. Revista 
Brasileira de História, São Paulo, v. 18, n. 36, 1998.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015. 
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1. Opção B. 
A alternativa A está incorreta, porque as riquezas minerais do Brasil só foram encon-
tradas pelos luso-brasileiros no final do século XVII, na década de 1690. A alternativa 
B está correta, já que, no contexto da construção do Império Ultramarino Português, 
ao longo dos séculos XVI e XVII, o Brasil possuía um status de colônia periférica, pois 
o foco lusitano encontra-se no Oriente, especificamente nas Índias. A alternativa C 
está incorreta, dado que a exploração agrícola da colônia só foi iniciada de forma 
sistemática a partir de 1530, com o estabelecimento do Governo Geral e a divisão 
das capitanias hereditárias. A alternativa D está incorreta, porque, apesar de seu 
status periférico, a Coroa Portuguesa fez várias incursões para expulsar invasores 
europeus dos territórios da costa brasileira. Um dos casos mais emblemáticos foi a 
luta para expulsar os franceses da região do Rio de Janeiro, onde haviam estabe-
lecido uma colônia, a França Antártica (1555-1560). A alternativa E está incorreta, 
dado que, nos primeiros anos da colonização, a exploração do Pau-Brasil era feita 
com apoio indígena a partir do escambo. Os grupos que estabeleceram relações 
amistosas com os portugueses eram “pagos” com objetos europeus variados pelo 
trabalho de derrubar as toras do Pau-Brasil. 
2. Opção C. 
A afirmativa I está correta, pois a expansão comercial era a base da política mer-
cantilista. A afirmativa II está incorreta, pois o pacto colonial foi implementado com 
falhas e incongruências. No plano ideal, deveria ser a única relação possível entre 
metrópole e colônia, porém, na prática, outras relações comerciais se estabelecer-
am, como o surgimento de um mercado interno no Brasil e de um comércio entre 
as colônias portuguesas ultramarinas. O metalismo, ou seja, o acúmulo de metais 
preciosos, era fundamental na lógica mercantilista. A riqueza de um reino era me-
dida pela riqueza em metais, pois todas as transações comerciais eram lastreadas 
em moedas de ouro ou prata. Como o Brasil, aparentemente, não se mostrou atra-
tivo nesse sentido, a Coroa buscou por outras alternativas, como a instituição do 
monopólio da exploração do Pau-Brasil, primeiramente concedido em 1501 à Fernão 
de Loronha. 
GABARITO
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3. Opção D. 
A alternativa A está incorreta, pois uma das primeiras tentativas de escravização sis-
temática dos indígenas brasileiros aconteceu durante a implementação dos primei-
ros engenhos de açúcar na colônia. Todavia, o fracasso da escravização indígena 
promoveu a busca pelos escravos de origem africana. A alternativa B está incorre-
ta, já que, de acordo com o exclusivismo metropolitano, somente Portugal poderia 
comercializar produtos oriundos do Brasil. A alternativa C está incorreta, porque o 
Brasil foi um dos países que mais recebeu escravizados de origem africana entre os 
séculos XVI a XIX. A alternativa D está correta, tendo em vista que a plantação em 
larga escala da cana-de-açúcar, de origem asiática, no Brasil, teve grande sucesso, 
promovendoa difusão de vários engenhos-de-açúcar pela colônia, principalmente 
no Nordeste. Nem sempre os interesses dos colonos eram os mesmos interesses 
da metrópole, por isso, o pacto colonial não era aplicado de forma rígida, surgindo 
espaço para outras formas de comércio. 
GABARITO
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MINHAS METAS
O BRASIL-COLÔNIA 
NO ATLÂNTICO SUL
Compreender o conceito de Matriz Espacial Colonial.
Refletir sobre as bases históricas da formação do Brasil Colonial inserido no espaço do 
Atlântico Sul.
Entender as principais características do escravismo dentro do espaço Atlântico Sul.
Conhecer as dinâmicas interpretativas do sistema colonial geohistórico.
Identificar as características das correntes historiográficas da “História do Atlântico Sul” e 
da “Atlantic History”.
Relacionar os fundamentos históricos da colonização brasileira e africana do ponto de 
vista global. 
Diferenciar as características dos conceitos de ciclos econômicos e de economia mundo.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 2
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INICIE SUA JORNADA 
Ainda no século XVII, o Padre Antônio Vieira (1608-1697), um dos mais influen-
tes intelectuais jesuítas que viveu na América Lusa, dizia que o Brasil parecia ter 
o corpo na América, mas a alma na África. O que ele queria dizer com isso?
Segundo o historiador Luís Felipe Alencastro (2020), o Padre Vieira já tinha 
percebido que a estrutura colonial portuguesa na América não se restringia ao 
espaço geográfico brasileiro. De fato, ia além, ao integrar, também, a costa ociden-
tal da África, de onde vinham os escravos, a grande força cultural e econômica 
que moldou o Brasil de 1530, quando o primeiro navio com escravos chegou a 
Salvador, até 1860, quando o último navio negreiro aportou no país. “É no espaço 
mais amplo do Atlântico Sul que a história da América portuguesa e a gênese do 
Império do Brasil tomam toda a sua dimensão” (ALENCASTRO, 2020, p. 28).
Portanto, a construção dos mecanismos de exploração do Brasil durante o 
período colonial está diretamente relacionada com a existência de um espaço de 
colonização luso-africana, ou seja, o Atlântico Sul. Essa abordagem proporciona 
uma visão geohistórica sobre a colonização. Assim como afirma Braudel, os 
homens são capazes de enquadrar a realidade, formando espaços a partir das 
próprias ações no tempo. Logo, criam outra geografia, que se relaciona com a 
realidade física, mas não se limita a ela. “Estabelecer os fatos históricos no espaço 
é a melhor forma de compreendê-los e de situar os verdadeiros problemas com 
maior precisão” (RIBEIRO, 2015, p. 619).
No caso da geohistória, você seria capaz de pensar em outras possibilidades 
para aplicação?
As particularidades do sistema geográfico do Atlântico Sul foram fundamen-
tais para a formação do espaço colonial luso-africano. O sistema de correntes 
marítimas e os fluxos de ventos no Oceano Atlântico, abaixo da linha do Equador, 
funcionam como um anticiclone, centrado na ilha de Santa Helena. Desse modo, 
os navios que partem da Europa, costeando o Norte da África, ao cruzarem o 
Equador, são empurrados pelos ventos e correntes em direção à costa do Brasil. 
De forma parecida, os navios da costa leste do Brasil são levados pelos ventos e 
pelas correntes em direção à costa ocidental africana. O fluxo contrário funciona 
na direção África-Brasil. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
Esse sistema foi rapidamente descoberto pelos marinheiros portugueses. Dessa 
maneira, a navegação entre Brasil e África era fácil e rápida. Por isso, Alberto da 
Costa e Silva (2022) fala de “um rio chamado Atlântico”. Contudo, essa ligação 
apenas acontecia entre a costa leste brasileira e a costa ocidental da África. O litoral 
norte do Brasil estava sob outro regime de ventos e correntes, o que o tornava muito 
Descrição da Imagem: a figura é composta pela 
representação dos continentes da América, da 
Antártica, da África, da Europa e da Groenlândia. 
No centro da imagem, estão o Oceano Atlântico 
e a representação, com setas, dos fluxos das cor-
rentes marítimas. No Atlântico Norte, a direção 
das correntes é no sentido horário, com uma seta 
negra surgindo da costa norte da África e indo 
para Cuba. Também há uma seta vermelha de 
Cuba passando pela costa americana até o meio 
do Oceano Atlântico Norte. Há uma seta negra que 
retorna para a costa da Espanha e vai para o norte 
e para o sul, e uma seta azul que passa pela costa 
norte da África; enquanto, no Atlântico Sul, o fluxo 
é anti-horário, com uma seta negra começando na 
costa sul da Argentina e indo para o leste até o 
Oceano Atlântico Sul próximo à costa sul da Áfri-
ca. Há uma seta azul subindo a costa Africana, 
terminando na costa central da África, uma seta 
negra indo para Oeste até a Costa Nordeste do 
Brasil, bifurcando-se para o Norte e para o Sul, e 
uma seta vermelha descendo a costa brasileira, 
retornando para a primeira seta negra do Sul. Exis-
tem, também, outras setas auxiliares: no Sul, uma 
seta negra reta e horizontal que corta os oceanos, 
entre os continentes americanos e africanos e a 
Antártica. No Equador, uma seta unilateral ver-
melha surge do Norte da costa brasileira para o 
interior das ilhas caribenhas, e uma seta unilateral 
negra vai das ilhas caribenhas para a costa central 
da África. No Norte, duas setas azuis descem do 
Polo Norte pelas costas da Groenlândia em dire-
ção à costa americana, e uma seta vermelha sur-
ge do ciclo em sentido horário do Atlântico Norte, 
iniciando nas ilhas britânicas e subindo a costa 
Norte da Europa até o Polo Norte.
Figura 1 – Correntes marítimas do Oceano Atlântico
Fonte: https://bit.ly/3On5HWP. 
Acesso em: 24 jul. 2023.
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mais próximo do Caribe e da Europa e distante do restante do Brasil e da África. 
Por exemplo, era muito fácil a navegação partindo do Rio de Janeiro até São Luís, 
no Maranhão. Todavia, fazer o caminho contrário era praticamente impossível. 
A perspectiva historiográfica defendida por Alencastro está diretamente relacio-
nada com a Escola dos Annales, principalmente com o conceito geohistórico 
de Fernand Braudel. Entretanto, essa não foi a única corrente que colocou o 
Atlântico como personagem principal: uma visão mais abrangente foi desen-
volvida por historiadores estadunidenses, conhecida como “Atlantic History” 
(História do Atlântico). Essas novas interpretações foram fundamentais para 
abrir um novo leque de dimensões sobre a história colonial do Brasil. Vamos 
entender esse movimento?
VAMOS RECORDAR?
Aprenda mais sobre o processo que constituiu o espaço 
Atlântico-Sul Colonial com essa animação que mostra a cir-
culação de navios negreiros entre os anos de 1545 a 1860. 
DESENVOLVA SEU POTENCIAL
MECANISMOS DO SISTEMA COLONIAL DO ATLÂNTICO-SUL
Quando uma nova área era conquistada por uma potência colonial, como Por-
tugal, Espanha ou Holanda, surgia um desafio: como explorar e se apropriar do 
excedente econômico da região apossada? A lógica do mercantilismo era transferir 
os excedentes de produção, ou seja, os lucros econômicos, diretamente para a me-
trópole. No entanto, estabelecer o exclusivismo metropolitano não era uma tarefa 
simples, especialmente se a nova região não possuía riquezas de fácil extração. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
Ao longo da história, duas estratégias podem ser identificadas como as principais 
utilizadas pelas metrópoles para concretizar o pacto colonial: o desvio de rotas 
comerciais e a criação de fluxos comerciais. 
No primeiro caso, a metrópole focava os esforços em promover o desvio das 
rotas comerciais já existentes, com o objetivo de captar para si aqueles lucros. Um 
grande exemplo foi a colonização portuguesa na África e na Ásia, especialmente 
nas Índias. Ali, o objetivo da Coroa era redirecionar os lucros do comércio de 
mercadorias entre Índia, China e Japão para Portugal. Por isso, utilizou, como 
estratégia de colonização, o estabelecimento de feitorias. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Tendo em vista o conceito de Mercantilismo,quais foram as formas de aplica-
ção dele no Brasil Colonial?
No segundo modelo, o trabalho da metrópole era mais complexo, pois exigia a cria-
ção de novos fluxos e rotas comerciais. Nesse caso, as commodities eram o sistema 
mais lucrativo. O maior exemplo foi o sistema açucareiro implantado no Brasil 
que se conectou com os objetivos lusos na África a partir do tráfico de escravos.
Portanto, a formação do Brasil até 1700, antes da descoberta do ouro, foi 
resultado da estrutura mercantilista estabelecida pela Coroa Portuguesa com o 
objetivo de capitalizar as riquezas de suas colônias no Atlântico Sul. O sistema 
açucareiro, baseado na mão de obra escrava africana, transformou-se na solução 
ideal para o projeto mercantilista luso. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Você sabe o que são feitorias? A partir do que você viu até aqui, quais seriam as 
características e os objetivos delas?
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Os mercadores lusos já tinham estabelecido as próprias feitorias na África, 
principalmente em Angola e no Golfo da Guiné, onde controlavam o tráfico ne-
greiro. O desenvolvimento do mercado brasileiro, com a demanda dos engenhos 
de açúcar, deu grande força à Coroa sobre todo o sistema, afinal, a expansão e a lu-
cratividade do açúcar dependiam da importação de “peças” da África, que estavam 
nas mãos dos comerciantes portugueses. A metrópole ganhava duplamente.
Além dos altos lucros do comércio do açúcar no mercado europeu, a Coroa 
também ganhava com os impostos que incidiam no comércio negreiro, tanto na 
África como no Brasil. Ao mesmo tempo, o sistema limitava a autonomia dos 
colonos ao criar laços de dependência.
 “ Portugal garantia as duas pontas do mercado: o provimento de mão 
de obra e o monopólio da cana. Mas quase nada permanecia no 
Novo Mundo: nem a cana, nem o lucro por ela produzido (STAR-
LING; SCHWARCZ, 2015, p. 65).
O sistema de feitorias africano
No momento em que os primeiros exploradores europeus chegaram ao con-
tinente africano, já havia diversas rotas de comércio estabelecidas. É bastante 
provável que isso se devesse à localização geográfica da África, que se encontra 
entre o Oriente e o Mediterrâneo, bem como ao avanço do Islã. Especialmente 
nas regiões Norte e Subsaariana, o continente africano era conhecido como uma 
área de passagem e interação entre pessoas e mercadorias. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
Figura 2 – Leste da África com Prestes João no trono
Fonte: https://bit.ly/3OkttDa. Acesso em: 24 jul. 2023.
Descrição da Imagem: a figura traz a representação, em pergaminho com tinta colorida, do Leste da 
África, do Oriente Médio e de parte da península indiana. Contém várias referências pictóricas de embar-
cações da época no Oceano Índico, rosas dos ventos e animais aquáticos imaginários. Cada continente 
carrega os brasões de Portugal. A cor predominante no mapa é um branco envelhecido de um pergaminho. 
Destaca-se a representação de Preste João sentado no trono à esquerda e um pouco acima do centro, 
no continente africano. Ele está com vestimentas de rei nas cores azul e vermelho e tem cabelo e barba 
longas e grisalhas. O trono em que está sentado tem aspecto de madeira e é toda trabalhada. Ele usa 
uma coroa dourada com alguns pontos coloridos. Além disso, segura um cetro na cor dourada em forma 
de cruz na mão esquerda. Ele está sentado com o rosto e o corpo voltados para o Oceano Índico e a mão 
direita aponta para o mesmo sentido. Outra figura de destaque é um elefante na cor marrom acima à 
direita. Ele está cercado por árvores de diferentes tipos e tamanhos.
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Destaca-se, no mapa, a figura de Prestes João. A lenda em torno desse person-
agem povoou o imaginário de boa parte da Europa, mas, em Portugal, ganhou 
um contorno diferente, como uma meta para os navegantes que começaram a 
desbravar o Atlântico a partir do século XV.
O surgimento do mito remonta a 1165, quando circulou pela Europa uma suposta 
carta de um grande rei do Oriente chamado Preste (ou presbítero) João. Era um 
rei cristão que governava um império vasto e perfeito, cuja missão era derrotar os 
muçulmanos e oferecer ajuda aos cruzados.
Os reis portugueses encararam a tarefa de encontrar o reino de Prestes João 
como um dos objetivos da expansão marítima, pois o reino dele não tinha somente 
riquezas materiais, mas principalmente imateriais, como a glória do cristianismo.
Não é surpreendente, portanto, que os portugueses 
tenham se deparado com várias comunidades comer-
ciantes e rotas de comércio já estabelecidas no conti-
nente africano. Por essa razão, assim como argumenta 
Alencastro (2020), a África do século XVI se asseme-
lhava muito mais à Ásia do que à América. Para a Co-
roa, a África se mostrava como uma oportunidade de 
desviar fluxos preexistentes.
Desde o início, o comércio de escravos africanos se mostrou como uma opor-
tunidade de fácil exploração para os mercadores lusitanos. Os portugueses pas-
saram a enxergar o continente como um vasto depósito de mercadorias vivas, 
prontas para serem capturadas ou compradas e revendidas no mercado global. 
Gradualmente, eles começaram a suplantar os genoveses no tráfico de escra-
vos para o mercado hispano-americano no final do século XVI, tornando-se os 
principais fornecedores de “peças” no Atlântico Sul. Com a conquista dos portos 
africanos na África Central e o estabelecimento de uma rede de feitorias, o co-
mércio de escravos deixou de ser apenas uma das várias atividades ultramarinas 
e se tornou o principal sustentáculo econômico do Império Português. 
a África se 
mostrava como 
uma oportunidade 
de desviar fluxos 
preexistentes
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
De acordo com estimativas de Alencastro (2020), ao longo de três séculos, foram 
realizadas cerca de 12 mil viagens entre os portos africanos e o Brasil, transpor-
tando aproximadamente 4 milhões de pessoas negras vivas. O Brasil recebeu, até 
o século XIX, cerca de 43% do total de escravizados africanos.
Após a restauração da monarquia portuguesa em 1640, o tráfico 
de escravos para as colônias hispânicas foi proibido, resultando em 
uma grande ociosidade para o sistema escravista português. No 
entanto, essa falta de demanda foi prontamente resolvida quando 
o mercado açucareiro brasileiro se conectou à rede de tráfico de escravos. A 
prosperidade da indústria açucareira exigia um fluxo maior de escravos, o que 
beneficiava os traficantes portugueses. Dessa forma, foi estabelecido o alicerce 
do sistema de exploração sul-atlântico. Esse é o espaço que constituiu a matriz 
espacial colonial, segundo Alencastro (2020).
Assim, o fluxo de comércio era essencialmente bipolar, entre Brasil e África, 
e não triangular, como comumente aparecem nos livros didáticos. Essa era uma 
característica do comércio no Atlântico Norte. Na parte Sul, os navios carregados 
Você sabia que a América Espanhola teve um papel fundamental na consoli-
dação do comércio negreiro por Portugal? O reino espanhol não desenvolveu 
uma logística especializada no comércio de escravos, porque recorreu à mão 
de obra indígena e se concentrou no transporte de metais, especialmente a 
prata. Entretanto, a força nativa não era suficiente para sustentar os trabalhos, 
por isso, a Espanha recorria aos comerciantes lusitanos para o fornecimento de 
“mercadoria viva”. 
PENSANDO JUNTOS
matriz 
espacial 
colonial
O site SlaveVoyages é uma iniciativa colaborativa que compila e torna acessí-
veis ao público registros sobre o tráfico de escravos. No site, você pode pesqui-
sar esses registros por local ou data e, assim, aprender as origens da realocação 
forçada de mais de 12 milhões de africanos. Recursos de mídia disponíveis 
no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.
EU INDICO
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de açúcar rumavam prioritariamente para Lisboa, enquanto os navios negreiros 
faziam a rota Brasil-África e África-Brasil, transportando não só escravos, como 
também produtos brasileiros e africanos. 
O senso comum cristalizou a ideia de que os povos originários eraminaptos 
para o trabalho, muitas vezes, preguiçosos e fugidios. Todavia, essa visão sim-
plista oculta várias relações sociais e econômicas históricas que os nativos ti-
nham antes da chegada dos portugueses e criaram após o início da colonização. 
Certamente, o principal fator que dificultou a escravização indígena no 
Brasil foi a fragilidade imunológica. Os povos originários eram extrema-
mente suscetíveis às doenças comuns entre os europeus e os africanos. Isso 
desencadeou um impacto avassalador entre essas populações. Além disso, os 
portugueses rapidamente perceberam que poderiam usar os nativos como 
uma força aliada contra as invasões estrangeiras e mesmo para coibir revoltas 
escravas. Por isso, a Coroa estabeleceu uma prática de boa vizinhança com 
uma série de nações que auxiliaram as forças lusitanas, por exemplo, na ex-
pulsão dos holandeses no Nordeste, na reconquista de Angola e na destruição 
do Quilombo de Palmares. 
Um Rio Chamado Atlântico
O livro reúne textos de Alberto da Costa e Silva, um dos maiores 
africanólogos em língua portuguesa. Os escritos versam sobre 
as relações históricas entre o Brasil e a África e sobre a África 
que moldou o Brasil e o Brasil que ficou na África. A obra é uma 
referência no que diz respeito ao tráfico de escravos no Atlântico.
INDICAÇÃO DE LIVRO
VOCÊ SABE RESPONDER?
Você sabe o motivo pelo qual se optou pela importação de mão de obra escra-
vizada do continente africano, se, no Brasil, os indígenas poderiam ser utiliza-
dos como mão de obra escrava? 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
Três outros fatores de natureza econômica contribuíram decisivamente para 
a inviabilidade da implementação de um amplo sistema de tráfico de indígenas 
na América Portuguesa. O primeiro fator está relacionado à grande dificuldade 
da navegação ao longo da costa norte-sul do Brasil. A direção dos ventos e das 
correntes transformava a tarefa de transportar indígenas pela navegação de cabo-
tagem em um feito praticamente impossível. Além disso, a falta de rotas terrestres 
agravava ainda mais esse obstáculo. Acrescente-se a isso a política da Coroa, que, 
intencionalmente, incentivava o isolamento entre as ocupações coloniais, proi-
bindo as rotas comerciais entre eles, com o objetivo de aumentar a dependência 
do comércio externo, especialmente o realizado com a metrópole.
De fato, o tráfico indígena estava na direção contrária do sistema colonial 
do Atlântico Sul. Ele não estava inserido no circuito comercial fechado entre 
Brasil e África. Por isso, somente os paulistas conseguiram estabelecer fluxos 
comerciais com a exploração indígena, porque, como estavam voltados para o 
continente, não faziam parte do fluxo atlântico. Somente com a descoberta do 
ouro e dos diamantes que os paulistas se inserem na matriz espacial colonial 
e, consequentemente, abandonam o apresamento de indígenas. 
 “ Mesmo não sendo impossível, a acumulação proporcionada pelo 
trato de escravos índios se mostrava incompatível com o sistema 
colonial (ALENCASTRO, 2020, p. 118).
No entanto, não se pode negar que o sistema que melhor trabalhou com a ex-
ploração da mão de obra nativa foi o implantado pelos jesuítas. As missões 
jesuítas se espalharam por todo o Brasil Colonial, especialmente no Sul do 
Brasil, na região do Rio de Janeiro, e no Norte, ao longo do rio Amazonas. Apa-
rentemente, o objetivo era 
proporcionar a salvação às 
“almas perdidas” dos nati-
vos. Contudo, as missões 
se mostraram verdadeiras 
obras de controle das po-
pulações originais. 
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Além disso, os jesuítas rapidamente começaram a usar a mão de obra dos indí-
genas aldeados em atividades econômicas. Ao Sul, cultivavam o mate e o gado 
e, ao Norte, exploravam as drogas do sertão. Na realidade, as organizações da 
Igreja Católica no Brasil foram fundamentais para o controle das populações 
indígenas e para a apropriação cultural das populações escravas. Afinal, todos 
eram obrigados ao batismo. 
 “ [...] as almas dos negros que poderiam ser remidos pela escravi-
dão na América se perderiam no paganismo dos sertões africanos 
(ALENCASTRO, 2020, p. 165).
SISTEMA DE FEITORIAS 
Com o objetivo de desviar os fluxos de comércio preexistentes, a monarquia lusa im-
plantou um sistema de feitorias na África que se especializou no trato de viventes. 
ROTAS DE COMÉRCIO
O sistema do Atlântico Sul uniu as diversas rotas comerciais dominadas pelos por-
tugueses. Na África, o Império Português se aproveitou do fluxo de viventes cati-
vos preexistentes e o redirecionou para as Américas Espanhola e Portuguesa. No 
Brasil, foi além, ao criar o fluxo comercial do açúcar.
MÃO DE OBRA INDÍGENA
A exploração da mão de obra indígena não se mostrou interessante. Os nativos 
tinham baixa resistência às doenças europeias e africanas. Eram mais úteis como 
aliados na guerra contra os invasores estrangeiros e as insurgências internas. 
CUMPLICIDADE DA IGREJA
Com a justificativa de espalhar a fé cristã e salvar as “almas perdidas”, as institu-
ições católicas no Brasil, especialmente os jesuítas, tiveram um papel fundamen-
tal na consolidação da matriz espacial colonial.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
O Atlântico Luso-Afro-Brasileiro
A partir da segunda metade do século XVI, o Atlântico Sul se transformou no cen-
tro gravitacional do sistema colonial português. O foco econômico gradativamente 
mudou do Oriente para o Ocidente, pois as possessões ultramarinas atlânticas 
começaram a despontar como a principal fonte de lucro do sistema colonial.
O desfazimento da União Ibérica em 1640 não garantiu a plena autonomia 
diante das pressões econômicas e comerciais advindas da Inglaterra e de outros 
países europeus, que ameaçavam as atividades comerciais portuguesas no Atlân-
tico. Por isso, para os historiadores da “Atlantic History”, a análise dessa história 
precisa ser considerada dentro do contexto internacional, com as interações 
entre os estados europeus e não europeus, para além do Cabo da Boa Esperança 
e do Estreito de Magalhães.
Durante esse período, a esfera de influência portuguesa no Atlântico se es-
tendia do Sul do Marrocos até Benguela, na África, e desde o Rio Amazonas até 
o Rio da Prata, na América do Sul. As possessões portuguesas abrangiam uma 
ampla diversidade geográfica e biológica, com características físicas e climáticas 
distintas. Cada região era única em sua própria natureza.
A característica dominante era, sem dúvida, o oceano. O Atlântico desem-
penhava um papel fundamental, ao estabelecer os ritmos do Império Português, 
influenciando a governança, as comunicações, o comércio, a migração e os in-
tercâmbios culturais. Rotas conectavam todos os pontos no Atlântico Português 
e facilitavam o intercâmbio entre as regiões da África e da América Portuguesa. 
Os arquipélagos portugueses serviam como 
pontos de articulação entre o Norte e o Sul, e 
entre o Leste e o Oeste, desempenhando um 
papel crucial nesse vasto espaço atlântico.
VOCÊ SABE RESPONDER?
A partir do que você aprendeu até agora, quais são as características do Brasil 
Colonial no Atlântico Sul?
o Atlântico desempenhava 
um papel fundamental, ao 
estabelecer os ritmos
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Nenhuma rota no Atlântico 
demandava mais do que três 
meses para ser percorrida de 
um porto a outro. Essa curta 
duração das viagens era um 
incentivo para os indiví-
duos, consórcios de comer-
ciantes e empreendedores coloniais. Essa era a real geografia colonial: Luanda 
estava mais próxima do Rio de Janeiro do que São Luís de Santos. 
Da mesma forma que as ferrovias foram corredores de conexão entre na-
ções e regiões no século XIX, e os automóveis e as rotas aéreas desempenham 
esse papel atualmente, no contexto colonial, os ventos, as correntes e os rios 
delimitavam os territórios. No caso do Sul do Atlântico, havia a presença de 
um anticiclone que desempenhava um papel fundamental em toda a formação 
colonial, atuando como uma verdadeira estrada colonial que guiava as rotas e 
as interações entre as diversas regiões. 
Esseesquema viveu o próprio momento áureo a partir do século XVIII, com a 
descoberta do ouro e dos diamantes em Minas Gerais. Os vários “brasis” que, antes, 
estavam direcionados para fluxos comerciais distintos, conectaram-se. O fluxo de 
riquezas advindos do Brasil era tanto que, já na década de 1730, o rei Dom João V 
era constantemente alertado por seus altos funcionários “de que a sobrevivência 
de Portugal dependia das riquezas brasileiras” (RUSSELL-WOOD, 1998, p. 45).
A transferência da capital do 
estado do Brasil de Salvador para 
o Rio de Janeiro, em 1763, foi o re-
conhecimento da importância do 
comércio Atlântico. Marquês de 
Pombal, na época, o principal mi-
nistro do rei Dom José I, também 
estabeleceu uma série de medidas, 
a fim de monitorar a qualidade das 
exportações, em especial, de açúcar 
e tabaco, e supervisionar as ques-
tões marítimas e os depósitos reais.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
Com o objetivo de estimular as 
exportações agrícolas brasileiras 
e garantir um fornecimento re-
gular de mão de obra africana, 
Pombal criou duas companhias 
comerciais monopolistas sedia-
das em Lisboa: a Companhia 
Geral de Comércio do Grão-Pará 
e Maranhão e a Companhia Ge-
ral de Comércio de Pernambuco 
e Paraíba. A meta dessas com-
panhias era integrar o Norte do 
Brasil ao comércio Atlântico, ou 
seja, ao tráfico de escravos. Nesse 
sentido, a Companhia de Jesus e as missões baseadas no 
trabalho indígena eram um entrave. Foi nesse contexto 
que Pombal expulsou os jesuítas do Brasil e estabeleceu 
o Diretório dos Índios, com o objetivo de integrá-los ao 
mercado de trabalho. 
Singularidades do Brasil
Alencastro (2020) chama a atenção para os perigos de se pensar a história colonial 
do Brasil como uma linearidade, um processo de continuidade entre a América 
Portuguesa e o Brasil Nação, caracterizada por ciclos econômicos. Na realidade, 
administrativamente, o território da América Portuguesa era dividido entre os 
Estados do Brasil e do Grão-Pará e Maranhão, totalmente independentes e dire-
tamente subordinados à Lisboa. 
A meta dessas 
companhias era 
integrar o Norte do 
Brasil ao comércio 
Atlântico
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O Trato dos Viventes
Em O Trato dos Viventes, o historiador Luiz Felipe de Alen-
castro mostra que a colonização portuguesa, baseada no es-
cravismo, deu lugar a um espaço econômico e social bipolar, 
englobando uma zona de produção escravista situada no lito-
ral da América do Sul e uma zona de reprodução de escravos 
centrada em Angola. Surge, então, um espaço aterritorial, um 
arquipélago lusófono composto pelos enclaves da América 
Portuguesa e pelas feitorias de Angola. O autor mostra como 
essas duas partes unidas pelo oceano se completam em um 
só sistema de exploração colonial, cuja singularidade ainda 
marca profundamente o Brasil contemporâneo.
INDICAÇÃO DE LIVRO
Além disso, Alencastro (2020) identifica que os grupos socioeconômicos domi-
nantes até o século XVII poderiam ser subdivididos em três, cada qual voltado 
para uma zona geohistórica específica. Os paulistas foram o grupo dominante 
do interior. Eles eram espacialmente muito distantes dos outros centros econô-
micos, por isso, estavam voltados às atividades relacionadas com a exploração 
do continente, dentre elas, o aprisionamento de índios. 
Já o grupo açucareiro, ou seja, composto pelos senhores de engenho e por to-
das as demais atividades relacionadas, estava próximo das cidades portuárias do 
Rio de Janeiro, Salvador e Recife e, assim, diretamente conectado com o espaço 
atlântico africano, onde, além de retirar a sua força de trabalho, os escravizados, 
também comercializava produtos, como cachaça e farinha de mandioca. 
O terceiro era o grupo amazônico, centralizado em São Luís, que explora-
va as chamadas “drogas do sertão”, comercializadas diretamente com a Europa. 
Recorrendo à mão de obra indígena, esse grupo negociava os produtos extraídos 
da floresta. Os jesuítas foram uma das forças sociais que melhor se ramificaram 
pela região do Grão-Pará e Maranhão. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 2
A integração entre esses grupos apenas começou no século XVIII, com a desco-
berta do ouro. A economia mineradora criou uma dinâmica que proporcionou a 
conexão entre os diferentes “brasis”. Ao mesmo tempo, confirmou a relação vital 
que a economia da América Portuguesa tinha com o escravismo.
Nesse sentido, a escravidão foi o ponto fundamental da história do Brasil 
Colonial, que impactou todos os demais aspectos da colonização. Por isso, Alen-
castro (2020) critica a ideia de ciclos econômicos e prefere a noção, devedora de 
Braudel, de centro da economia mundo. 
De acordo com Braudel (1998, p. 12), o que caracteriza uma economia mun-
do é capacidade de uma determinada área do planeta se tornar economicamente 
autônoma, ou seja, “bastar a si próprio e ao qual suas ligações e trocas internas 
conferem certa unidade orgânica”. 
A visão tradicional de que o Brasil vivenciou um ciclo do açúcar, depois, um 
ciclo do ouro e, depois, um ciclo do café, cria uma falsa noção de ruptura. Houve 
uma única e longa forma econômica que perdurou: o escravismo. 
NOVOS DESAFIOS 
Diante das discussões que apresentei até aqui, você entrou em contato com os 
principais conceitos utilizados para interpretar o Brasil Colonial dentro do sis-
tema Atlântico Sul. Você também conheceu as principais diferenças e aproxima-
ções entre as correntes da “História do Atlântico Sul” e a “Atlantic History”. Além 
disso, tomou conhecimento das bases históricas que fundamentam os conceitos 
utilizados pela historiografia contemporânea. A abertura a novas chaves inter-
GRUPOS SÓCIO-ECONÔMICOS
Paulistas Ligados ao interior do continente
Senhores de Engenho Conectados ao Atlântico sul
Mercadores do Norte Direcionados para a Europa
Quadro 1 – Grupos socioeconômicos do Brasil colonial até o século XVII / Fonte: a autora.
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pretativas e a utilização de diferentes fontes históricas abriu espaço para a visão 
do Brasil colonial do ponto de vista global, ou seja, integrado ao espaço atlântico.
Você deve ser capaz de compreender que as características geográficas únicas 
do Atlântico Sul foram fundamentais para o desenvolvimento do sistema colonial 
português. A preexistência de fluxos comerciais, de um lado, e a necessidade de 
criação de rotas comerciais, do outro lado, permitiram a união das atividades 
desenvolvidas pelas colônias portuguesas na África e no Brasil, o que gerou a 
matriz espacial colonial. 
Você também deve reconhecer o papel fundamental do escravismo. O co-
mércio de mercadorias vivas, ou seja, das pessoas escravizadas, foi o motor da 
lucratividade da máquina colonial do Império Português. Foi essa característica 
que assegurou ao Brasil o seu papel na economia mundo.
Para a sua atuação como professor(a), você deve assimilar o papel indis-
pensável do escravismo dentro da matriz espacial colonial. Isso permite uma 
abertura de temas para exploração em sala de aula, instiga os alunos a verem os 
personagens históricos como sujeitos na história, abrindo o leque de práticas de 
ensino e propostas pedagógicas.
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VAMOS PRATICAR
1. Nada de semelhante sucedeu neste lado do mar, onde as etnias americanas não ope-
raram tal forma de mudança social.
ALENCASTRO, L.F. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlân-
tico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2020. p. 109.
De acordo com o que você estudou neste tema de aprendizagem, de qual mudança social 
Alencastro está falando? Assinale a alternativa correta:
a) Trabalho livre dos índios.
b) Trabalho assalariado dos nativos.
c) Escravismo indígena.
d) Os povos originários foram totalmente respeitados pelos portugueses.
e) Os jesuítas apenas protegeram os nativos, sem interferir em sua cultura.
2. É no espaço mais amplo do Atlântico Sul que a história da América portuguesa e a 
gênese do Império do Brasil tomam toda a sua dimensão. A continuidade da história 
colonial não se confunde com a continuidade do território da Colônia.ALENCASTRO, L.F. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlân-
tico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2020. p. 18.
No fragmento exposto, Alencastro demonstra a própria tese: para compreender a ver-
dadeira dimensão da formação do Brasil, é preciso analisar a história no contexto do 
Atlântico Sul. Tendo em vista o que você aprendeu neste tema de aprendizagem analise 
as afirmativas a seguir:
I - As características geográficas únicas do Atlântico Sul foram essenciais para a forma-
ção do sistema colonial português na América e na África.
II - O escravismo foi o sistema de trabalho por excelência do Atlântico Sul Colonial.
III - O sistema de produção do açúcar implantado no Brasil dependia diretamente do 
fornecimento de escravos advindos da África, diretamente das feitorias portuguesas. 
Esse era o ciclo de dependência colonial desenvolvido pelo Império português no 
Atlântico Sul.
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VAMOS PRATICAR
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
3. O Brasil vive e se sustenta de Angola, podendo-se com muita razão dizer que o Brasil 
tem o corpo na América e a alma na África.
ALENCASTRO, L.F. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlân-
tico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2020. p. 218.
O aparente paradoxo da afirmação do Padre Antônio Vieira, na verdade, refletia uma rea-
lidade latente no Brasil Colonial. Diante disso, analise as afirmativas a seguir:
I - A principal força de trabalho do Brasil Colonial era composta por homens e mulheres 
naturais de outro continente.
II - A reprodução do sistema açucareiro dependia da importação de peças da África.
III - O controle sobre o tráfico negreiro dava à Coroa grande força sobre o sistema açu-
careiro.
IV - Nas distâncias coloniais, Angola está muito mais próxima do Rio de Janeiro do que 
do Maranhão e até do próprio Ceará.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
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REFERÊNCIAS
ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: 
Cia das Letras, 2020.
BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: o tempo do mundo. São Pau-
lo: Martins Fontes, 1998. v. 3. 
RIBEIRO, G. A arte de conjugar tempo e espaço: Fernand Braudel, a geo-história e a longa 
duração. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 605-639, 
abr.-jun. 2015.
RUSSELL-WOOD, A. J. R. Sulcando os mares: um historiador do império português enfrenta a 
“Atlantic History”. História, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 17-70, 1998.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015. 
SILVA, A. da C. e. Um rio chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na África. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 2022.
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1. Opção C.
A alternativa A está incorreta, porque, com os povos considerados amistosos, os 
portugueses estabeleceram relações cordiais de trabalho, porém não é sobre essa 
mudança que Alencastro está falando. A alternativa B está incorreta, já que o tra-
balho assalariado dos povos nativos apenas ganha relevo na segunda metade do 
século XVIII, após a instituição do Diretório dos Indígenas, mesmo assim de forma 
tímida. A alternativa C está correta, dado que a mudança social de que Alencastro 
fala é do escravismo indígena que teve grande importância na América Espanhola, 
mas foi aplicado em menor proporção na América portuguesa. A alternativa D está 
incorreta, porque os jesuítas desempenharam um papel fundamental no trato com 
os indígenas, porém nem sempre essa relação era de proteção. Na maioria das vez-
es, os jesuítas impunham o cristianismo e o trabalho forçado aos povos originários.
2. Opção E.
O sistema de ventos e correntes marinhas do Atlântico Sul criou um ambiente per-
feito para o estabelecimento de uma rota direta entre as colônias portuguesas na 
América e na África. Em cada continente, o Império português desenvolveu siste-
mas de exploração mercantil que se completavam, criando laços de dependência, 
impedindo a autonomia das colônias e aumentando os lucros da metrópole. Esse 
foi o sistema escravista que dominou o Atlântico Sul Colonial, as grandes fazendas 
do Brasil e, posteriormente, os trabalhos de mineração, que dependiam do forneci-
mento de mão de obra escrava oriunda da África, que era embarcada para o Brasil 
nos portos dominados pelos portugueses. Por isso, a alternativa E está correta, pois 
todas as afirmativas confirmam essa relação.
3. Opção E. 
Todas as afirmativas estão corretas. O controle sobre o tráfico negreiro dava à Coroa 
grande força sobre o sistema açucareiro da colônia brasileira, porque a reprodução 
deste passava a depender da importação de peças da África. Tal fato limitava a au-
tonomia dos colonos, principalmente no quesito suprimento de mão de obra, que 
constituía o pilar do negócio açucareiro.da metrópole, por isso, o pacto colonial não 
era aplicado de forma rígida, surgindo espaço para outras formas de comércio.
GABARITO
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MINHAS METAS
OS POVOS ORIGINÁRIOS
Compreender como aconteceu o processo histórico de povoamento das Américas.
Refletir sobre as bases históricas das relações estabelecidas entre os povos originários e 
os invasores europeus.
Entender as principais características dos povos originários do território brasileiro.
Conhecer as dinâmicas interpretativas que monopolizaram os debates antropológicos e 
arqueológicos sobre os povos nativos.
Identificar as características das diferentes interpretações sobre a história dos povos originários.
Relacionar os fundamentos históricos do escravismo indígena com a história do Brasil Colonial.
Diferenciar as causas da substituição da mão de obra escrava indígena pela africana.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 3
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INICIE SUA JORNADA 
Os povos originários do território correspondente ao Brasil eram essencialmente 
caçadores-coletores, com relações políticas e sociais primitivas, incapazes de 
se adaptarem às mudanças promovidas pela colonização. 
Certamente, essas afirmações não são estranhas, pelo contrário, foram ampla-
mente difundidas por muitos anos entre a historiografia. Todavia, nos últimos 30 
anos, uma completa revisão desses pressupostos está em curso, tanto na história, 
como na antropologia e na arqueologia. Inclusive, um olhar atento às descrições 
feitas pelos cronistas do Brasil colonial oferece uma visão diversificada sobre os 
povos originários. 
De que forma as descrições registradas pelos cronistas durante o período 
do Brasil colonial ajudam a ampliar nossa compreensão sobre a diversidade dos 
povos originários?
Gabriel Soares de Sousa, por exemplo, em seu Tratado descritivo do Brasil 
em 1587 (2000) aponta que, enquanto alguns povos viviam nas matas do interior 
sem um assentamento fixo, a maioria dos povos possuía aldeias e extensas áreas 
de cultivo. As populações que habitavam a faixa litorânea detinham conheci-
mentos em agricultura e eram habilidosos na arte da navegação e da pesca. Isso 
se aplicava aos tupinambás, tupiniquins, tamoios, potiguaras e carijós (guaranis). 
Em sentido contrário, os aimorés, goitacazes e tapuias, que vinham do sertão, 
possuíam tradições e costumes completamente diferentes e ainda desconhecidos.
A ideia de que os indígenas eram incapazes para o trabalho é um estereótipo 
que contradiz os próprios registros coloniais do século XVI. Stuart Schwartz 
(1995), por exemplo, constatou que na última década do século XVI, na Bahia, 
cerca de três quartos da mão de obra escrava ainda era composta por indígenas. 
Portanto, as populações nativas desempenharam um papel fundamental como 
força de trabalho na extração do pau-brasil e no estabelecimento dos engenhos, 
incorporando novas ferramentas e adotando processos de trabalho.
O ponto central é que, após o século XVII, o trabalho indígena deixou de ser 
direcionado para a produção econômica e passou a ser utilizado em atividades com-
plementares, comoobras públicas, lavouras secundárias, criação de gado, expedi-
ções militares e exploratórias. Ou seja, de fato não houve uma substituição da mão 
de obra indígena pela africana, mas sim uma realocação do escravismo indígena. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 3
DESENVOLVA SEU POTENCIAL 
OS POVOS ORIGINÁRIOS
A história pré-cabralina dos povos que habitavam as terras do que hoje corres-
ponde ao Estado do Brasil ainda é objeto de discussão e de novas descobertas. 
Há um relativo consenso sobre a origem asiática das populações da América, 
porém quão antiga é essa ocupação e de que forma esses homens chegaram por 
aqui, ainda é motivo de debate.
A teoria tradicional e amplamente aceita defende que o último período glacial 
criou uma ligação terrestre entre a Ásia e a América no estreito de Bering. Dali 
essa nova população foi aos poucos ocupando as Américas no sentido norte-sul, 
o que teria acontecido nos últimos 12 mil anos.
Todavia, o encontro de vestígios mais antigos do que os datados no com-
plexo arqueológico de Clóvis, no Novo México/EUA, colocou em dúvida a 
explicação tradicional. O famoso 
crânio de Luzia, por exemplo, en-
contrado por Peter Lund em Lagoa 
Santa, Minas Gerais, foi datado de 
11 mil e 500 anos. Já os revolucio-
nários trabalhos de Niéde Guidon 
no sítio da Pedra Furada no Piauí, 
indicam uma ocupação de cerca de 
60 mil anos. 
VAMOS RECORDAR?
Assista o vídeo para conhecer com mais detalhes como foi feito o processo de 
reedição e restauração do Mapa Etno-histórico do Brasil e Regiões Adjacentes de 
Curt Nimuendajú. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do am-
biente virtual de aprendizagem.
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De fato, essas teorias convivem e devem ser analisadas criticamente. Cada uma 
delas contribuiu com uma chave de entendimento sobre a história da presença 
humana nas Américas. 
 “ Depois de pelo menos 13 mil anos de progressos isolados, as so-
ciedades americanas e eurasianas adiantadas encontraram-se final-
mente nos últimos mil anos (DIAMOND, 2017, p. 370).
Na década de 1940, o antropólogo estadunidense Julian Steward desenvolveu uma 
teoria sobre a evolução cultural das populações originárias americanas. Sua catego-
rização, baseada em quatro tipos, foi amplamente aceita e divulgada, tendo enorme 
influência nos estudos antropológicos e arqueológicos nas décadas seguintes.
TERRAS ALTAS
Nas terras altas da América, ao longo da Cordilheira dos Andes, floresceram socie-
dades centralizadas e complexas, que dominavam extensas áreas, como eram os 
Incas e os Astecas.
CACICADOS
Sociedades organizadas em agrupamentos tribais em que o Cacique ou Xamã era 
a figura política central. Essa era a característica principal dos povos das ilhas e 
do litoral do Caribe. Eram estruturas semiestatais que conseguiam estabelecer 
relações de poder para além da sua aldeia.
FLORESTA TROPICAL
Caracterizada por tribos seminômades que dominavam o ambiente da floresta 
tropical, ou seja, a Amazônia. Eram praticantes da agricultura de coivara e tinham 
na pesca sua principal fonte de proteína.
MARGINAIS
Eram as tribos nômades e simples que se estendiam pelas planícies da América do 
Sul e pelo litoral, eram essencialmente caçadores e coletores.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 3
Ao adotarem uma hierarquização com fundamento na reduzida complexidade 
social e, consequentemente, na crescente dissociação em relação ao contexto 
andino, Steward e todos os pesquisadores influenciados por sua categorização 
apenas reinterpretaram, utilizando sua própria terminologia, as descrições car-
regadas de ideologia feitas por cronistas e viajantes dos séculos XVI e XVII. As 
lentes com as quais esses homens enxergavam as estruturas nativas ainda eram 
essencialmente eurocêntricas.
Varnhagen, por exemplo, ao escrever a sua história do Brasil no século XIX, 
demonstrava grande interesse pelas culturas andinas, ao mesmo tempo em que 
criticava, pejorativamente, o primitivismo dos indígenas que habitavam o ter-
ritório brasileiro. Por isso, considerava sua contribuição para a construção da 
nação como insignificante. Para estes últimos, ele argumentava que não havia 
história, apenas etnografia.
A divisão dos povos originais do Brasil como povos indígenas da floresta tropical 
ou como tribos marginais reflete, de certa forma, a divisão entre os grupos tupis 
e tapuias, que permeou grande parte da produção historiográfica até o início do 
século XX. Ao enquadrar as diferenças culturais em termos de estágios evolu-
tivos, o discurso científico corroborou categorias que foram fundamentais para 
as políticas coloniais no Brasil, pois o evolucionismo cultural do século XX se 
assemelhava ao evolucionismo vitoriano, alinhando-se com a ideologia colonial.
VOCÊ SABE RESPONDER?
E você? Quais características dos povos originários do Brasil estão introjetadas 
em sua mente? A partir de agora, você consegue analisá-las de forma crítica?
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1
Figura 1 - Terra Brasilis / Fonte: https://bit.ly/3KsqB66. Acesso em: 12 jun. 2023.
Descrição da Imagem: a figura traz a representação em pergaminho antigo com tinta colorida das novas 
terras conquistadas por Portugal, já chamada de Brasil. O mapa contém uma representação do Brasil con-
tinental, predominantemente na cor verde, desde a foz do rio Amazonas até a foz do rio da Prata. O litoral 
foi pontilhado com cento e quarenta e seis topônimos com o objetivo de mostrar que os portugueses se 
faziam presentes e donos daquelas terras. O interior do Brasil foi ricamente ornado com representações 
de árvores de diferentes tamanhos, com grandes copas verdes e algumas delas com suas copas cortadas 
e suas toras no chão. Na copa das árvores e no chão ao lado delas, também foram desenhados pássaros 
que se parecem com papagaios, nas cores azul, vermelho e marrom. Também foram representados dois 
animais que se assemelham a macacos e um único animal místico, parecendo um dragão, foi desenhado 
no interior, na região centro-oeste. Oito figuras indígenas foram desenhadas no mapa. Três delas, que 
estão na região norte, parecem representar caciques, pois estão ricamente ornados com cocares e saias 
de penas de papagaios. Logo abaixo, na região central do mapa, estão quatro figuras de índios nus em 
posição de trabalho de extração de madeira. Na região sul, logo abaixo da foz do rio da Prata, aparece um 
único índio com cocar de penas em posição de adoração. Acima da foz do rio da Prata está a inscrição em 
uma faixa vermelha “terra brasilis”. No oceano Atlântico, o cartógrafo desenhou sete embarcações por-
tuguesas de diferentes tamanhos, quatro rosas dos ventos e dez brasões de Portugal. No canto superior 
esquerdo, há uma caixa de texto que traz uma breve descrição das terras do Brasil e de seus habitantes. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 3
A AMAZÔNIA ANTES DOS EUROPEUS
Até a década de 1980, a região amazônica era vista pelos ar-
queólogos como uma área pobre, ou seja, seus recursos es-
cassos estavam diretamente relacionados com as limitações 
das populações nativas amazônicas. Por isso, a Amazônia não 
poderia ter sido o palco para o desenvolvimento de civiliza-
ções avançadas e complexas.
Nas últimas décadas, novas abordagens teóricas e prá-
ticas, com grande auxílio de novas tecnologias para as escavações, como o ma-
peamento digital, mudaram o cenário sobre a história dos povos amazônicos. Os 
trabalhos da arqueóloga estadunidense Anna Roosevelt, por exemplo, foram 
pioneiros nesse sentido. As escavações comandadas por Roosevelt, que ficou co-
nhecida como a “arqueóloga da floresta”, comprovaram a antiguidade da ocupação 
humana no baixo amazonas por populações nômades, mas também sedentárias 
que desenvolveram suas próprias tecnologias para trabalhar a terra, para usar as 
pedras como artefatos e para criar elaboradas cerâmicas. 
O município de Monte Alegre, no noroeste do Pará, abriga um dos sítios 
arqueológicos mais antigos da Amazônia, a Serra da Lua. As datações de car-
bono feitas em alguns vestígios encontradosali marcam mais de 12 mil anos de 
história. Pesquisadores do Museu Emílio Goeldi e da Universidade Federal do 
Oeste do Pará descobriram vestígios e artefatos arqueológicos que remontam a 
uma ocupação longínqua e constante da área. 
A Terra Brasilis, de autoria de Lopo Homem, foi feita em 1519 para compor o Atlas 
Miller. Sua beleza e importância histórica estão não somente na representação 
geográfica, mas também nas representações iconográficas que, de fato, se trans-
formaram em uma síntese da relação que os portugueses estabeleceram com os 
povos nativos no primeiro século da colonização.
Enquanto o Oceano Atlântico é recheado de caravelas, rosas dos ventos e brasões 
da família real Avis, a terra do Brasil aparece deslumbrante e dinâmica, os indígenas 
parecem dispostos ao trabalho de exploração do pau-brasil. Todavia, a legenda no 
canto superior esquerdo do mapa chama a atenção que aquela gente era: “selvagem 
e crudelíssima, alimenta-se de carne humana”.
a região 
amazônica 
era vista pelos 
arqueólogos 
como uma 
área pobre
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Aparentemente, as populações antigas não viviam apenas como caçadores-co-
letores, houve um processo de sedentarização, datado de cerca de 4 mil anos, em 
que essas populações começaram a desenvolver técnicas de agricultura e domes-
ticação de animais. A variedade de vestígios cerâmicos, que muitas vezes corres-
pondem com traços característicos de povoações do Amapá e de Marajó, são uma 
comprovação da circulação que existia entre essas sociedades. 
Um dos fatores que contribuiu decisivamente para o florescimento das popu-
lações amazônicas foi a domesticação da mandioca. E a manipulação da terra 
para o plantio deixou marcas, que são chamadas pelos arqueólogos de “terra 
preta indígena”. Nos arredores da cidade de Santarém, no Pará, localiza-se a 
área mais vasta e conhecida da terra preta indígena. Não por acaso, a região foi 
dominada pelos Tuxauas que conquistaram todo o rio Tapajós e a Ilha de Marajó 
até o fim do século XVII.
História da Amazônia: 
do período pré-colombiano aos desafios do século XXI
A história da região amazônica ainda é cercada por enigmas, 
mitos e desconhecimentos. Combinando suas habilidades 
como sociólogo, historiador e crítico literário, Márcio Souza 
elaborou uma história completa da Amazônia, desde a chega-
da de Colombo até os desafios enfrentados no século XXI. Seu 
panorama, baseado nas últimas pesquisas históricas, arque-
ológicas e sociológicas, é uma ótima ferramenta para quem 
quer começar a entender melhor sobre a história da Amazônia.
INDICAÇÃO DE LIVRO
A Terra Preta Indígena (TPI) tem de duas a três vezes mais nutrientes do que o 
solo circundante, de baixa qualidade. É caracterizada pelo grande acúmulo de 
matéria orgânica e apresentam nutrientes como cálcio, magnésio, zinco, man-
ganês, fósforo e carbono, além de restos de cerâmica, artefatos líticos, carapa-
ças de tartarugas e ossos. 
APROFUNDANDO
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TEMA DE APRENDIZAGEM 3
Quando os primeiros europeus chegaram na Amazônia, no século XVI, encon-
traram uma floresta densamente povoada, habitada por sociedades complexas, 
urbanas e estratificadas. Tanto que os relatos são unânimes em destacar como as 
margens do rio Amazonas eram densamente povoadas. Além disso, essa diversi-
dade era latente na diversificação linguística, mais uma prova da complexidade 
daquele ambiente.
Uma característica interessante era que, normalmente, o indivíduo de uma 
determinada população conhecia o idioma de todas as outras tribos com as quais 
se relacionava. Ou seja, o multilinguismo era a norma e foi muito utilizado pelos 
europeus no processo de ocupação da Amazônia. 
 “ [...] três dos grandes troncos linguísticos da América do Sul estão 
representados lado a lado nesse complexo do Alto Xingu. Temos 
gente que fala aruak, como os Yawalapiti e os Waurá; grupos do 
tronco linguístico carib, como os Kalapalo e os Kuikuro (...); e duas 
etnias tupi, os Kamayurá e os Aweti. Isso sem falar nos Trumai, 
grupo de língua dita isolada [...] (LOPES, 2017, p. 145).
O que Márcio Souza (2019) aponta em História da Amazônia é que o atual 
estágio das populações indígenas brasileiras não pode ser utilizado como um 
retrato do que essas populações foram no passado. Nos últimos 523 anos, essas 
populações foram seriamente afetadas pelo encontro com os europeus, e isso 
deve ser levado em consideração quando analisamos hoje o seu estilo de vida. 
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VOCÊ SABE RESPONDER?
A partir do que você viu até aqui, quão antiga seria a ocupação da América do 
Sul? Como as novas descobertas arqueológicas impactaram as teorias sobre as 
populações nativas do Brasil?
Você sabia que a cerâmica marajoara é extremamente sofisticada, delicada, re-
sistente? Estima-se que tenha sido produzida pelos povos que habitavam a Ilha 
do Marajó entre os anos de 400 a 1400. Alguns vestígios desse tipo de cerâmica 
foram encontrados em sítios arqueológicos distantes como no Amapá e ao lon-
go do curso do Amazonas, o que pode sugerir um comércio entre as populações 
nativas. Esse tipo de cerâmica também utilizava cores que os indígenas extraí-
am da natureza como urucum, jenipapo e carvão.
PENSANDO JUNTOS
Como interpretar o passado por meio dos vestígios arqueológicos? Você sabe 
como é feita uma escavação arqueológica? E você já pensou como a história é 
essencial para o trabalho arqueológico?
A essência enigmática dos artefatos arqueológicos costuma ter o poder de abrir a 
imaginação! Principalmente porque as peças não narram suas próprias histórias. 
As informações sobre o passado não estão meramente gravadas nesses materi-
ais, sua compreensão requer um empenho que engloba a utilização de variadas 
abordagens e saberes. Além disso, o estado de conservação desses objetos de-
pende das condições ambientais às quais foram expostos ao longo de décadas ou 
até mesmo milênios. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 3
O impacto da colonização
O historiador John Hemming (2007), em um trabalho que 
analisou fontes coloniais e modelagem de fertilidade, che-
gou à estimativa de que em 1500 existiam 3,2 milhões de 
pessoas no território que se transformou no Brasil. O terri-
tório colonial não era despovoado e seus moradores esta-
beleceram vínculos únicos com o processo de colonização.
Na expedição de reconhecimento às novas terras encontradas por Cabral, 
liderada por Gonçalo Coelho em 1501, a primeira riqueza identificada foi o 
pau-brasil: uma árvore cuja pigmentação poderia ser utilizada como tinta na 
indústria têxtil e era abundante ao longo de toda a costa, porém, ao invés de 
transportá-la em seu estado natural, os portugueses perceberam que era mais 
vantajoso preparar a madeira antes de embarcá-la.
O despertar de tudo: uma nova história da humanidade
O livro apresenta uma abordagem inovadora sobre a história 
da humanidade. Baseado em pesquisas conduzidas por mais 
de dez anos pelo antropólogo David Graeber e o arqueólogo 
David Wengrow, a obra se propõe a oferecer uma nova pers-
pectiva de entendimento sobre as populações humanas anti-
gas, para isso faz duras críticas às teorias filosóficas do século 
XVIII, que consolidaram uma visão idílica e teleológica sobre a 
evolução das sociedades humanas.
INDICAÇÃO DE LIVRO
em 1500 
existiam 3,2 
milhões de 
pessoas no 
território
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A produção dependia de uma relação amigável com os indígenas, principalmente 
para garantir a derrubada das árvores em grande escala e sua preparação, o que 
exigia que os nativos adotassem ferramentas de metal e novas técnicas de trabalho. 
No entanto, os portugueses logo enfrentaram concorrência. Em 1504, a ex-
pedição de Binot Paulmier de Gonneville chegou ao Brasil enquanto se dirigia 
ao Oriente, e permaneceu por vários meses na costa do atual estado de Santa 
Catarina. Retornaram ao porto de Honfleur, na Normandia, em maio de 1505, a 
bordo estava Essomeric, filho do cacique carijó Arosca. Os relatos dos tripulantes 
sobre as pessoas e produtos da nova terra despertaram o interesse de comercian-tes da Normandia e da Bretanha que começaram a enviar seus próprios navios 
para obter pau-brasil diretamente na Terra de Santa Cruz, e não mais em Lisboa. 
Em 1530, a frota liderada por Martim Afonso de Souza chegou com o obje-
tivo de capturar as naus francesas encontradas na Costa do Pau-Brasil (entre a 
Paraíba e o Rio de Janeiro) e efetivar a colonização. A presença francesa era tanta 
que logo nos primeiros meses os navios de Martim Afonso enfrentaram três 
embarcações francesas na costa de Pernambuco, todas armadas com canhões e 
carregadas com pau-brasil. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Qual foi a principal mão de obra que os portugueses utilizaram para a extração 
do Pau-Brasil?
Você sabia que o estabelecimento da vila de São Vicente em 1532 não foi um 
empreendimento oficial? Foram os degredados lusos João Ramalho e Antonio 
Rodrigues que deram forma ao assentamento por meio da união estabelecida 
com caciques tupiniquins, de quem se tornaram genros.
PENSANDO JUNTOS
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TEMA DE APRENDIZAGEM 3
Em termos de colonização, a expedição de Martim Afon-
so de Sousa foi bastante tímida. No entanto, houve um 
grave conflito inicial com os nativos, resultado de uma 
expedição que se aventurou pelo interior. Toda a expe-
dição, composta por 400 escravos indígenas e 80 soldados, foi aniquilada pelos 
carijós no rio Iguape. Nos anos seguintes, uma guerra punitiva foi travada contra 
os índios agressores.
Ao longo da segunda metade do século XVI, as avaliações sobre os indígenas 
tornaram-se extremamente negativas. As narrativas enfatizavam a primitivida-
de, a rebeldia e o caráter traiçoeiro dos nativos. Nesses relatos, a tolerância era 
completamente ausente.
Cabe destacar que os relatos dos missionários, mesmo apresentando uma 
perspectiva diferente, não estavam concentrados em criticar ou reformular as 
avaliações negativas sobre os indígenas. As crônicas dos religiosos enfatizavam 
principalmente os costumes que diferenciavam drasticamente portugueses e 
nativos, reforçando a necessidade de conversão e tutela dos povos originários, 
valorizando assim o próprio empreendimento religioso. 
De fato, tanto os jesuítas quanto os colonos estavam envolvidos por uma 
mesma questão: a disputa pelo controle do trabalho indígena. A convergência 
desses interesses resultou em uma aparente uniformidade nas fontes históricas 
que caracterizam os indígenas como naturalmente resistentes ao trabalho, po-
tencialmente perigosos e, portanto, necessitados da tutela europeia. Isso ajuda a 
explicar a tendência nas pesquisas históricas de considerar o papel dos indígenas 
na formação nacional como secundário ou inexistente.
a tolerância era 
completamente 
ausente
A heresia dos índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial
Neste livro, o historiador Ronaldo Vainfas explora um intri-
gante fenômeno de sincretismo religioso desenvolvido pelos 
tupis, conhecido como “santidade”. Utilizando a documenta-
ção inquisitorial, Vainfas reconstrói os mecanismos que for-
mavam esse culto indígena e como os religiosos portugueses 
tentaram proibi-lo.
INDICAÇÃO DE LIVRO
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Sem a participação e sem o trabalho dessas comunidades, o esforço de imple-
mentação da infraestrutura colonial teria sido em vão. Na construção da relação 
com os nativos, os principais mediadores foram os missionários, que em um 
primeiro momento tentaram viver em harmonia com os costumes dos indígenas, 
inclusive se transformaram em grandes conhecedores de seus costumes e de suas 
línguas. Mas em um segundo momento, não hesitaram em impor os valores e 
instituições portuguesas, estabelecendo povoações especificamente para o tra-
balho de civilização e conversão religiosa. 
Você sabe o que foi a “língua geral”? Os jesuítas como grandes intelectuais e os 
principais missionários responsáveis pelo trato com os índios, logo absorveram 
um vasto conhecimento sobre o tupi, o idioma dos Tupinambás. A partir dele, 
criaram uma gramática própria que ficou conhecida como “língua-geral” ou “lín-
gua brasílica”. Rapidamente, o novo idioma passou a ser largamente usado em 
quase todo o território colonial brasileiro, ultrapassando inclusive o português! 
Em 1727, a Coroa portuguesa proibiu o uso da “língua-geral”, que foi gradativa-
mente sendo esquecida.
PENSANDO JUNTOS
Apesar do considerável declínio populacional sofrido, os nativos da região cos-
teira não foram totalmente exterminados já no século XVI. Pesquisas realizadas 
por antropólogos na última década revelaram a existência de mais de 30 co-
munidades, somente na costa do Nordeste, que ainda hoje se identificam como 
indígenas das tribos potiguaras, tupinambás e tupiniquins, que foram os grupos 
que mais sofreram com a colonização. 
 “ Talvez seja interessante tentar compreender os povos indígenas no 
contexto das mudanças sofridas no entendimento das sociedades 
humanas a propósito do diferente [...] (SOUZA, 2019, p. 65–66).
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TEMA DE APRENDIZAGEM 3
NOVOS DESAFIOS 
Com as discussões que apresentei até aqui, você entrou em contato com as prin-
cipais teorias utilizadas para interpretar a formação e o desenvolvimento dos 
povos originários. Você também viu as principais diferenças e aproximações 
entre essas correntes interpretativas. Além disso, você tomou conhecimento das 
bases históricas que fundamentam os conceitos utilizados pela historiografia.
Você deve ser capaz de compreender que as populações nativas que habita-
vam o território que se transformou no Brasil não eram simplistas, diminutas ou 
primitivas. Suas idiossincrasias devem ser compreendidas para se evitar falsas 
comparações com outros povos.
Você também deve reconhecer o papel dos povos originários como agentes 
da história do Brasil e não meros espectadores com importância secundária. 
Essas populações desempenharam um papel ativo ao longo da história, tive-
ram a sua mão de obra explorada, so-
freram com a imposição de uma nova 
cultura, suas terras tradicionais foram 
usurpadas, suas línguas esquecidas. Ao 
mesmo tempo buscaram oferecer várias 
formas de resistência ao invasor através 
da fuga, da luta ou da mistura.
Para sua atuação como professor, 
você deve compreender o papel dos 
povos originários, com toda a sua mul-
tiplicidade, como agentes no encontro 
colonial. Isso permite uma abertura 
de temas para exploração em sala de 
aula, instiga os alunos a verem os per-
sonagens históricos como sujeitos na 
história, abrindo o leque de práticas de 
ensino e propostas pedagógicas.
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VAMOS PRATICAR
1. “ [...] Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, 
ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem 
senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e 
as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos 
nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos”.
“A cultura da floresta tropical é um sistema social baseado na agricultura intensiva 
de tubérculos [...]. Portanto, levando em consideração as afinidades entre os diversos 
povos, a cultura da floresta tropical é, pode-se dizer, a cultura da mandioca” (SOUZA, 
2019, p. 49).
Fonte: Trecho da Carta Pero Vaz de Caminha. 
SOUZA, M. História da Amazônia: do período pré-colombiano 
aos desafios do século XXI. São Paulo: Record, 2019.
Com base na comparação dos trechos fornecidos, avalie as afirmativas a seguir:
I - Os índios alimentavam-se principalmente de inhames e dos frutos da terra.
II - A cultura da floresta tropical é caracterizada pela agricultura intensiva de tubérculos, 
com destaque para a mandioca.
III - A cultura da floresta tropical engloba a criação de animais silvestres de grande porte.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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VAMOS PRATICAR
2. “Os índios brasileiros não deixaram monumentos porque seus únicos materiais de 
construção eram a madeira, o cipó e o capim, que são encontrados em grande abun-dância, mas se deterioram com muita rapidez devido ao clima tropical e ao ataque de 
cupins e de uma miríade de outros insetos que infestam o Brasil” (BETHEL, 1999, p. 104).
Fonte: BETHEL, L. (org.) História da América Latina. São 
Paulo: EDUSP/Fundação Alexandre de Gusmão, Crítica, 1999.
Quais são as dificuldades de reconstrução da história indígena mencionadas no trecho? 
Selecione a alternativa correta que descreve corretamente essas as dificuldades:
a) A falta de interesse dos indígenas em deixar monumentos dificulta a reconstrução 
de sua história.
b) A ausência de materiais duráveis para a construção de monumentos torna difícil a 
preservação da história indígena.
c) A escassez de materiais de construção impede que sejam erguidos monumentos 
indígenas no Brasil.
d) O clima tropical e a presença de insetos no Brasil contribuem para a rápida deterio-
ração dos monumentos indígenas.
e) Os indígenas preferiam registrar sua história por meio de tradições orais, o que dificulta 
sua reconstrução.
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VAMOS PRATICAR
3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: CALIXTO, B. Anchieta e Nóbrega na cabana de Pindobuçu, 
1927. Acervo da Fundação Reginaldo e Beth Bertholino, São Paulo.
Os missionários desempenharam um importante papel no empreendimento colonial. A partir 
dessa afirmação, analise as assertivas a seguir tendo em vista o quadro de Benedito Calixto:
I - Os nativos aceitaram de bom grado a intervenção religiosa dos missionários.
II - Os jesuítas foram os principais responsáveis pelo processo de cristianização das po-
pulações originárias.
III - Os missionários viam os índios como almas perdidas que precisavam da salvação em 
Cristo para se redimir.
IV - Os indígenas não aceitaram de forma alguma a proposta civilizacional trazida pelos 
missionários.
É correto o que se afirma em:
a) I e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) II, III e IV, apenas.
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REFERÊNCIAS
DIAMOND, J. Armas, germes e aço. Rio de Janeiro: Record, 2017. 
HEMMING, J. Ouro vermelho. A conquista dos índios brasileiros. São Paulo: Edusp, 2007.
LOPES, R. 1499: o Brasil antes de Cabral. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2017. 
SCHWARTZ, S. B. Segredos internos. Engenhos e escravos na sociedade colonial 1550-
1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
SOUZA, G. S. de. Tratado descritivo do Brasil em 1587. Recife: Fundação Joaquim Nabu-
co/Massangana, 2000.
SOUZA, M. História da Amazônia. Do período pré-colombiano aos desafios do século XXI. 
Rio de Janeiro: Record, 2019.
STEWARD, J. H. “The native population of South America”. In: STEWARD, J. H. (ed.). Han-
dbook of South American Indians. Washington: Bureau of American Ethnology & Smith-
sonian Institution, 1949. p. 655–668.
VARNHAGEN, F. A. de. História geral do Brasil antes de sua separação e independência 
de Portugal. São Paulo: Melhoramentos, 1978 [1854]. 3 vs.
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1. Opção C. 
I - Correta. Os índios em questão não praticam atividades de lavra ou criação de animais. Eles 
se alimentam principalmente de inhame, no caso a mandioca, e dos frutos que a terra e as 
árvores produzem. 
II - Correta. A cultura da floresta tropical é baseada na agricultura intensiva de tubérculos, 
destacando especialmente a mandioca. 
III - Incorreta. Apesar de indícios indicarem que os índios poderiam ter domesticado alguns ani-
mais, eles eram de pequeno porte. Nesse sentido, os povos originais não mantinham rebanhos.
2. Opção D.
A - Incorreta, pois é falsa a afirmação de que os índios não tinham interesse em construir 
monumentos. Os sambaquis, por exemplo, são construções indígenas milenares.
B - Incorreta, pois a história indígena pode ser resgatada por outras fontes, como as imateriais. 
Além disso, os índios não deixavam de construir algo por conta da durabilidade dos materiais.
C - Incorreta, os arqueólogos já encontraram inúmeros vestígios de construções dos mais 
variados tipos e tamanhos espalhados por todo o território nacional. 
D - Correta, pois o clima tropical com grande umidade e muitos insetos, como cupins, é um 
agente deteriorante dos monumentos históricos, principalmente daqueles construídos com 
materiais orgânicos, como a madeira.
E - Incorreta. Os povos originários possuem nas tradições orais uma grande fonte de conhe-
cimento histórico, mas essa não é a única fonte. A terra preta indígena, por exemplo, é um 
importante material histórico.
3. Opção B.
I - Incorreta. Houve muita resistência nativa frente às violências impetradas em nome da fé.
II - Correta. O empreendimento colonial não foi somente econômico ou político, também foi 
religioso, de expansão da fé cristã. 
III - Correta. O principal objetivo dos jesuítas era promover o cristianismo e oferecer a salvação para 
os índios, que eram considerados seres de alma pura e inocente, por isso poderiam ser salvos. 
IV - Incorreta. Certamente houve resistência das populações nativas ao projeto missionário 
dos jesuítas, mas muitas populações acabaram aceitando a proteção que as Missões ofereci-
am frente a violência dos colonizadores.
GABARITO
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UNIDADE 2
MINHAS METAS
MONTAGEM DA ECONOMIA 
TRANSATLÂNTICA NO BRASIL 
COLONIAL
Compreender o processo de montagem da economia transatlântica no Brasil colonial.
Refletir sobre as bases históricas da formação da economia transatlântica do Brasil colonial.
Entender as principais características do desenvolvimento econômico da América portuguesa.
Conhecer as dinâmicas interpretativas sobre a economia colonial.
Identificar as características das dinâmicas econômicas do Brasil no período colonial.
Relacionar a montagem da economia colonial na América portuguesa com as dinâmicas 
inter e intracoloniais.
Diferenciar as características entre os conceitos de ciclos econômicos e economia de 
Antigo Regime.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 4
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INICIE SUA JORNADA 
Açúcar do sânscrito çarkara ou sukkar para os Árabes, 
saccharum em latim, zucchero em italiano, seker para os 
turcos, zucker para os alemães, sugar em inglês e sucre em 
francês. Extraído da cana-de-açúcar, o açúcar em grãos se 
transformou em um produto global e o Brasil foi peça 
central dessa operação.
Qual é a importância do estudo da economia para compreender o processo 
de desenvolvimento da América portuguesa durante o período colonial?
Para compreender o processo de desenvolvimento da América portuguesa 
durante o período colonial, é essencial o estudo das suas estruturas econômicas. 
A economia é a produção que sustenta as sociedades humanas, logo desempenha 
uma influência fundamental em todos os aspectos da sociedade.
Foi com isso em mente que Stuart Schwartz (1988) escolheu uma passagem 
de O Capital, de Karl Marx, para ser a epígrafe de seu livro Segredos Internos, 
dedicado à análise socioeconômica do Brasil colonial. Na passagem, o filósofo 
alemão defende que o “segredo profundo, a base oculta de todo o arcabouço 
social” (MARX, 2017, p. 852) está na relação entre os detentores dos meios de 
produção e os produtores diretos, ou seja, a chave de entendimento sobre a eco-
nomia está na relação entre os donos dos meios de produção e os trabalhadores. 
Pensando especificamente no Brasil, de 1500 até 1888 o seu processo eco-
nômico teve como base a escravidão. Dessa forma, a construção e o desenvol-
vimento da economia colonial foram intensamente perpassados de escravidão, 
tanto a escravidão negra africana como a dos povos originários. Logo, não po-
demos estudar a economia colonial sem levar isso em consideração.
Tradicionalmente, os estudos sobre a economia colonial são divididos em 
ciclos: ciclo do pau-brasil, ciclo do açúcar, ciclo do ouro, ciclo do café. Apesar de 
esta ser uma perspectiva muito didática, seus pressupostos são simplistas, pois 
ignoram outras atividades econômicas e passam a falsa impressão de que um 
ciclo supera o outro. 
A economia 
é a produção 
que sustenta 
as sociedades 
humanas
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TEMA DE APRENDIZAGEM 4
A economia do Antigo Regime tinhasuas especificidades e complexidades. 
Assim como hoje sabemos que a economia está entrelaçada com a política, a 
sociedade e a cultura, no passado não era diferente. A montagem das estruturas 
econômicas de exploração do pau-brasil, do açúcar e do ouro, por exemplo, eram 
complexas e existiram mutuamente por muitos séculos. Se inicialmente elas fo-
ram montadas com o intuito de maximizar os lucros da Coroa portuguesa, elas 
também acabaram gestando interesses internos e intracoloniais.
DESENVOLVA SEU POTENCIAL
A CONSTRUÇÃO DA ECONOMIA LUSO-BRASILEIRA
A expansão geográfica promovida por espanhóis e por-
tugueses transformou os padrões do comércio europeu. 
A abertura de rotas marítimas de longa distância teve 
um efeito enorme e certamente representou um ponto 
de virada do desenvolvimento econômico, abrindo as 
portas para a industrialização.
Esse novo fato promoveu uma mudança “no foco do pensamento econô-
mico” (BACKHOUSE, 2007, p. 86). Os novos problemas suscitados pela co-
lonização portuguesa na América, a expansão do comércio e das atividades 
financeiras, levaram a um distanciamento da tradição econômica medieval, 
centrada no discurso moral, e abriram as portas para um novo pensamento 
econômico moderno e liberal.
VAMOS RECORDAR?
Aprenda mais sobre a estrutura e os processos envolvidos na produção do açú-
car conhecendo as antigas fazendas de engenho que ainda estão preservadas. 
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual 
de aprendizagem.
representou um 
ponto de virada do 
desenvolvimento 
econômico
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ECONOMIA DO PAU-BRASIL
A extração do pau-brasil foi a primeira atividade econômica desenvolvida pelos 
portugueses na nova colônia. A exploração da madeira dependia da colaboração 
indígena e despertou o interesse de nações rivais. Foi uma atividade de longa du-
ração, existindo ao longo de todo o período colonial.
ECONOMIA DO AÇÚCAR
A introdução do plantio de cana-de-açúcar e o estabelecimento dos engenhos cria-
ram uma economia exportadora de enorme sucesso. O Brasil rapidamente se trans-
formou no maior produtor de açúcar do mundo e a demanda por trabalhadores nos 
engenhos deu início ao tráfico de escravos africanos para a América portuguesa.
ECONOMIA DO OURO E DIAMANTES
A descoberta de ouro e diamantes nos sertões da colônia, no atual estado de Minas 
Gerais, desencadeou a primeira corrida da era moderna pelo ouro. A lucratividade 
da mineração sustentou o luxuoso reinado de D. João V e promoveu a integração 
do mercado interno na colônia.
O Pau-Brasil
Ao chegar ao Brasil em 1549, Tomé 
de Souza deparou-se com uma si-
tuação precária. De um lado a real 
ameaça dos franceses, seus barcos 
eram presença constante na costa da 
América do Sul, pois cada vez mais 
se aventuravam no comércio do 
pau-brasil. Por outro lado, os por-
tugueses enfrentavam a resistência 
nativa, resultado da sua generaliza-
da escravização.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 4
Do ponto de vista da Coroa portuguesa, a situação en-
contrada era complexa de solucionar: para impulsionar 
o desenvolvimento da costa, era imprescindível utilizar 
a mão de obra indígena. No entanto, para garantir a 
posse dos territórios americanos contra as pretensões dos franceses e apaziguar 
os ataques de grupos nativos, era essencial consolidar a aliança com os indígenas 
“amigos”.
Inicialmente, a colonização foi transferida para a iniciativa privada. Em 
1502, D. Manuel I (1469–1521) concedeu o arrendamento da Terra de Santa Cruz 
a uma associação de mercadores liderada por Fernão de Loronha.
Com o aumento do interesse francês e buscando expandir as iniciativas comer-
ciais na colônia, Portugal autorizou o livre acesso dos mercadores à nova colônia, 
mediante o pagamento do quinto.
No entanto, a política portuguesa para o Brasil não se limitava a um único mo-
delo, variando de acordo com as circunstâncias e, principalmente, com as ame-
aças representadas, principalmente, pelos franceses e espanhóis à supremacia 
portuguesa na região.
APROFUNDANDO
A fragilidade da presença portuguesa no Brasil era evidente, sendo fortemente 
limitada pelos conflitos com os indígenas e a concorrência comercial dos france-
ses. Diante disso, foi estabelecida uma estrutura governamental mais centralizada 
Você sabe o que era o quinto? O quinto era uma instituição tributária antiga 
que tem suas origens no direito feudal ibérico. Sua incidência era sobre itens 
diversos, não somente sobre metais. De fato, o quinto era um direito real, logo 
sua cobrança recaía sobre tudo que era considerado propriedade do monarca.
PENSANDO JUNTOS
era imprescindível 
utilizar a mão de 
obra indígena
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Desmundo
Ano: 2003 
Sinopse: baseado no livro homônimo de Ana Miranda, o filme 
Desmundo (2003) narra a história de órfãs portuguesas que, 
em 1570, foram enviadas ao Brasil para se casarem com os 
colonizadores. Na trama, dirigida por Alain Fresnot, as órfãs 
enfrentam várias dificuldades de adaptação ao Novo Mundo.
Comentário: o filme é uma tentativa de retratar como era a co-
lônia portuguesa na América no século XVI. As dificuldades de 
adaptação ao clima e às línguas do Novo Mundo, a subjugação 
da mulher, a escravização dos indígenas, a instalação dos pri-
meiros engenhos de açúcar. O filme é uma excelente forma de 
visualizar como foi aquele período.
INDICAÇÃO DE FILME
De fato, a exploração do pau-brasil foi um negócio lucrativo ao longo de todo o pe-
ríodo colonial. A madeira transformou-se em um artigo muito valioso no comércio 
internacional, pois tinha mercado garantido nas manufaturas pré-industriais do 
norte europeu. Em 1762, por exemplo, o or-
çamento da Coroa portuguesa apontava que 
4% das rendas reais vinham do monopólio de 
exploração do pau-brasil. 
a exploração do pau-brasil 
foi um negócio lucrativo
para a colônia, com capacidade de intervir nos conflitos locais e diretamente 
subordinada à Coroa.
Com o objetivo de tentar controlar a exploração indiscriminada do pau-bra-
sil, a Coroa portuguesa adotou medidas mais sistemáticas e centralizadoras. O 
regimento entregue ao governador-geral Tomé de Souza, por exemplo, reafirma-
va a propriedade e o monopólio real sobre a madeira, e estabelecia a competência 
governamental para garantir a efetivação das concessões concedidas para esse 
fim. Nesse sentido, cabia ao governador subordinar todos os agentes coloniais in-
teressados no negócio, transformando-os em representantes do soberano. Dessa 
forma, procurava-se estabelecer uma suposta ordem para evitar a manipulação 
dos preços na comercialização do pau-brasil. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 4
A empresa açucareira
Os portugueses já conheciam o sistema de produção e beneficiamento da ca-
na-de-açúcar desde o século XV, quando a planta foi introduzida nas ilhas da 
Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde e São Tomé. O transporte dessa cultura 
para o Brasil foi uma alternativa para implantar uma atividade econômica na 
nova colônia que, além de render lucros, garantisse o domínio daquelas terras. 
E o que era uma aposta transformou-se 
em um grande sucesso. “Entre 1550 e 1670, 
o Brasil tornou-se o principal produtor de 
açúcar do mundo atlântico” (SCHWARTZ, 
2017, p. 301). As terras da América portu-
guesa, especialmente o litoral, apresentavam 
condições ideais para a produção canaviei-
ra. O Recôncavo Baiano e as terras alagáveis 
de Pernambuco, por exemplo, possuem so-
los férteis, recortados por grandes rios, que 
eram essenciais para o fornecimento de água 
e de força motriz para os engenhos. Além 
disso, os rios também eram utilizados como 
estradas até os portos marítimos.
Portanto, de 1530 até 1550, a Coroa portuguesa incenti-
vou direta e indiretamente a constituição dos engenhos 
de açúcar. Vale destacar que esse incentivo não era con-
centrado somente para os senhores de engenho, mas 
também para os pequenos lavradores de cana. Em mui-
tos engenhos, os senhores estabeleceram um sistema de 
Você sabia que as terras da América portuguesa eram ideais para acana-de-açúcar? 
O Brasil oferecia uma combinação única de localização, clima, solos, água e florestas 
para obtenção de lenha e outros suprimentos. 
PENSANDO JUNTOS
incentivou direta 
e indiretamente 
a constituição 
dos engenhos 
de açúcar
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parceria com pequenos lavradores, inclusive alguns desses produtores menores 
conseguiram aumentar suas terras chegando ao status de senhores de engenhos, 
porém tal caminho podia demorar de duas a três gerações para se concretizar.
De 1570 a 1630, o Brasil viveu a “era de ouro” dos engenhos de açúcar. Os 
custos relativamente baixos impulsionaram a expansão das plantações. Segundo 
Stuart Schwartz, em 1570 havia 70 engenhos distribuídos entre as capitanias da 
Bahia e Pernambuco, poucos anos depois, em 1585, esse número já era de 120 
engenhos. O crescimento continuou nos anos seguintes, em 1612 eram 195 e em 
1629 eram surpreendentes 346 engenhos em toda a colônia.
A era de ouro dos engenhos de açúcar se baseou na crescente demanda eu-
ropeia, na baixa concorrência e nas cotações favoráveis. Algumas inovações 
tecnológicas também ajudaram na expansão e no aumento da lucratividade. 
Uma delas foi o engenho de três paus, que tornava mais eficiente a tritu-
ração da cana. 
Outra iniciativa foi o gradativo aumento do uso da mão de obra escrava de 
origem africana. O professor Tiago Krause, por exemplo, aponta que foi o exce-
dente gerado pela lucratividade do açúcar que estimulou os senhores de engenho 
a adquirirem a mão de obra escrava vinda da África. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
A partir do que você viu até agora, você sabe qual foi a importância dos enge-
nhos de açúcar na consolidação da colonização portuguesa no Brasil?
A Universidade de São Paulo (USP), por meio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão 
Universitária, realizou um trabalho de revitalização e pesquisa do sítio arqueológico 
Engenho São Jorge dos Erasmos em Santos/SP.Recursos de mídia disponíveis 
no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.
EU INDICO
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TEMA DE APRENDIZAGEM 4
Todavia, a economia açucareira era vulnerável ao cenário 
político europeu. O início da Guerra dos Trintas Anos 
em 1618 e as crescentes hostilidades dos holandeses com 
a Espanha e Portugal (que na época estavam unidos di-
nasticamente na União Ibérica), afetaram seriamente a 
lucratividade da produção açucareira no Brasil. 
A depressão econômica provocada pela guerra aumentou os estoques de 
açúcar no velho continente, fazendo o preço do açúcar cair. Enquanto isso, os 
holandeses acirraram a pirataria contra os navios mercantes lusos, abarrotados 
de açúcar, capturando dezenas deles. E foram mais longe, aventurando-se em 
uma conquista das terras coloniais lusas produtoras de açúcar, a primeira tenta-
tiva de conquista aconteceu em 1624, com a dominação da cidade de Salvador, 
que durou apenas um ano. Uma nova tentativa foi feita em 1630 e dessa vez 
conquistou grandes áreas da capitania de Pernambuco, no que ficou conhecido 
como Brasil Holandês. 
O Brasil como ator em uma disputa global
Por 25 anos (1630–1655), os holandeses ocuparam extensas áreas do nordeste 
da América portuguesa. Os seus domínios compreendiam partes das capitanias 
de Sergipe, Pernambuco, Itamaracá, Paraíba, Rio Grande, Ceará e Maranhão. 
Entretanto, a conquista teve um custo alto, pois foi uma prática comum a des-
truição de engenhos e plantação de cana para prejudicar os holandeses ou os 
luso-brasileiros.
Casa Grande & Senzala
Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre transformou-se em 
um grande clássico da historiografia brasileira sobre a socio-
economia do açúcar e o papel do escravo africano. No livro, 
Freyre defende a tese de que o sucesso da colonização por-
tuguesa na América do Sul se baseou na miscigenação, no 
latifúndio e na escravidão.
INDICAÇÃO DE LIVRO
a economia 
açucareira era 
vulnerável ao 
cenário político 
europeu
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Por trás da invasão holandesa, estavam os interesses comerciais e políticos 
da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (Westindische Compagnie, 
sigla WIC). Criada em 1621, seu objetivo era expandir a presença comercial dos 
Países Baixos no comércio colonial no Ocidente, especialmente nos pontos mais 
lucrativos: a produção de açúcar e o comércio de escravos. 
Por isso, o embate entre os portugueses e os holandeses se transformou em 
uma disputa global, pois a Companhia organizou invasões em áreas coloniais 
na América e na África. Os enfrentamentos também aconteceram em algumas 
colônias lusas no Oriente, como nas Ilhas Molucas, sob organização da Compa-
nhia Holandesa das Índias Orientais.
Além disso, politicamente, o propósito também era atingir as áreas frágeis 
do domínio Habsburgo, pois as Províncias Unidas dos Países Baixos estavam 
em guerra com essa dinastia. Foi nesse cenário que o Brasil e especialmente as 
capitanias da região nordeste entraram na mira da WIC. Os navios neerlandeses 
eram os principais transportadores do açúcar brasileiro para os mercados euro-
peus, e foram especialmente prejudicados por sua exclusão desse comércio pelos 
Habsburgos a partir de 1605.
Após assumir o controle de Pernambuco e outras capitanias, a WIC buscou revi-
talizar e promover a economia açucareira. Essa iniciativa teve um sucesso parcial, 
especialmente durante o mandato (1637–1644) do governador Johan Maurits van 
Nassau-Siegen ou Maurício de Nassau (1604–1679). Ele adotou medidas como a ga-
rantia da tolerância religiosa e a aproximação com os luso-brasileiros locais, a fim de 
mantê-los envolvidos na indústria açucareira. Além disso, a WIC oferecia créditos 
aos plantadores, sejam eles portugueses que permaneceram na região ou holandeses 
que adquiriram engenhos, como forma de estimular a indústria açucareira.
Pesquisadores brasileiros e espanhóis se uniram na construção do site BRASI-
LHIS DATABASE, um enorme repositório de informações documentais e imagé-
ticas do período da União Ibérica (1580–1640). Recursos de mídia disponíveis 
no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 4
No entanto, a saída de Nassau em 1644 agravou as tensões políticas. A pressão 
da WIC pelo aumento dos impostos e a cobrança das dívidas dos senhores de 
engenho acirrou o sentimento de revolta entre os luso-brasileiros. A WIC não foi 
tão bem-sucedida como a Companhia das Índias Orientais e acabou entrando 
em falência. Ao mesmo tempo, Portugal tinha reconquistado sua independência 
em 1640, e começou a auxiliar a resistência à invasão holandesa. Em 1645, os 
neerlandeses perderam o controle de grande parte de suas posses no Nordeste, 
ficando concentrados em Pernambuco. 
Figura 1 - Os holandeses capturam Olinda, 1630 / Fonte: https://bit.ly/3DSzSjO. Acesso em: 20 jul. 2023.
Descrição da Imagem: o mapa retrata a batalha naval de fevereiro de 1630, ilustrando o ataque holandês à 
cidade de Olinda, controlada pelos portugueses. À esquerda, os navios holandeses enfrentam as fortificações 
portuguesas na foz do rio, enquanto à direita de Olinda, uma grande força de desembarque de soldados de infan-
taria desembarca e segue em direção à cidade mal protegida de Olinda. No centro do mapa, na parte inferior, o 
cartógrafo desenhou um nativo segurando um escudo com a vinheta da Companhia das Índias Ocidentais, abaixo 
uma caixa de texto que traz uma dedicatória ao almirante Hendrick Corneliszoon Lonck, e ao comandante oficial 
nas incursões bem-sucedidas da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais na costa do Brasil controlada pelos 
portugueses. No canto superior direito, há um detalhe ilustrativo sobre o funcionamento do engenho de açúcar. A 
imagem é composta por negros exercendo diversas atividades do engenho como a separação da cana, a moagem, 
a fervura e a separação do açúcar. No canto superior esquerdo, há um mapa do litoral do Nordeste, das capitanias 
de Pernambuco e da Paraíba, desenhado em uma moldura que parece um pergaminho antigo desenrolado.
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As batalhas de Guararapes, travadas em1648 e 1649, foram decisivas no en-
fraquecimento das forças holandesas em Pernambuco. A conjuntura europeia 
também auxiliou as forças luso-brasileiras, pois a eclosão de uma guerra entre os 
Países Baixos e a Inglaterra enfraqueceu ainda mais os suprimentos para as forças 
holandesas no Brasil. A invasão teve fim em 1654, quando as forças luso-brasi-
leiras cercaram o Recife e expulsaram definitivamente os holandeses.
Todavia, a partir de 1640 surgiram outras economias açucareiras que co-
meçaram a concorrer diretamente com o açúcar brasileiro. A colônia inglesa de 
Barbados e posteriormente as regiões caribenhas sob controle holandês e francês 
experimentaram um incremento da produção açucareira. A título de exemplo, 
em 1630 o açúcar brasileiro supria cerca de 80% da demanda em Londres, essa 
quantidade diminuiu pela metade em 1670. 
Cabe ressaltar que a produção de açúcar no Brasil nunca foi abandonada, 
porém, a partir de 1680, deixou de ser a principal atividade econômica da colônia.
Você sabia que os luso-brasileiros desempenharam um papel decisivo na re-
conquista da colônia de Angola? Em 1641, a Companhia das Índias Ocidentais 
também investiu na conquista de Luanda, um dos principais portos escravistas 
do Império português. Logo, os comerciantes brasileiros direta e indiretamente 
envolvidos no comércio de escravos africanos foram seriamente afetados pela 
invasão. Com o objetivo de reconquistar a importante praça de Luanda, Sal-
vador Correira de Sá e Benevides, governador da capitania do Rio de Janeiro, 
organizou uma expedição de reconquista que expulsou os holandeses em 1648.
PENSANDO JUNTOS
A Diversidade da Periferia
Ao mesmo tempo em que a economia açucareira se desenvolvia, principalmente no 
litoral do Nordeste e no Rio de Janeiro, uma outra economia se propagava no inte-
rior da colônia. A atividade motora dessa expansão foi a pecuária e a agricultura.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 4
É importante destacar como o 
desenvolvimento da pecuária e da 
agricultura estavam diretamente 
relacionados com a formação de 
um mercado interno na colônia. 
Por volta de 1700, o padre jesuíta 
Jacobo Cocleo fez um grande mapa 
do Brasil e nele anotou as fazendas, 
engenhos, vilas e arraiais conhecidos. É impressionante a quantidade de fazen-
das espalhadas pelo interior, todas, obviamente, instaladas próximas de grandes 
cursos d’água, pois era por eles que a produção era escoada. 
Figura 2 - Detalhe do Mapa do Padre Cocleo / Fonte: adaptada de Moraes (2007).
Descrição da Imagem: a imagem é um recorte do Mapa da maior parte da costa e sertão do Brasil extraído do 
original do Pe. Cocleo, com datação aproximada de 1699–1702. O original está bastante gasto com muitas marcas 
do tempo e escurecido em um tom marrom avermelhado. O detalhe apresenta um recorte de parte do Brasil, do 
litoral de Salvador, na Bahia, até Guarapari, no Espírito Santo, e do interior da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. 
Os pontos destacados foram digitalmente inseridos no mapa. Os traços amarelos representam os caminhos e os 
pontos brancos, as fazendas. São inúmeras fazendas localizadas ao longo do curso do rio São Francisco, do rio 
das Velhas, do rio Verde, próximas às vilas do litoral e dos rios nas proximidades de Salvador.
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Até o século XVII, as fazendas abasteciam as demandas dos poucos aglomera-
dos urbanos e dos engenhos. Além disso, também auxiliaram na constituição 
dos caminhos terrestres pelo interior, pois se transformaram em pousos para os 
viajantes. Antonio Sampaio (2017) também encontrou exemplos de agricultores 
de frutas e verduras nas proximidades da cidade do Rio de Janeiro, que tinham 
como principais consumidores os navios que atracavam no porto. A partir do 
século XVIII, com a corrida do ouro e o consequente desenvolvimento urbano, 
o mercado interno se fortaleceu. 
Na capitania de São Paulo, o sistema agrícola assumiu 
características peculiares. Inicialmente, as principais roças 
eram de mandioca e milho, mas a partir de 1620, o cultivo 
do trigo começou a se destacar. A mão de obra fundamental 
era o nativo escravizado. O mercado principal era a cidade 
do Rio de Janeiro, mas os paulistas também estabeleceram 
contatos comerciais com mercadores na Bahia, em Pernam-
buco e até na Angola. 
Portanto, a produção de alimentos no período colonial não foi apenas um 
complemento da produção açucareira, mas possuía uma considerável autonomia 
em relação a ela. Isso significa que o setor alimentício não dependia exclusiva-
mente do setor açucareiro para se desenvolver. Pelo contrário, era a capacidade 
dos setores não relacionados ao açúcar de fornecer alimentos para os engenhos 
e trabalhadores da cana-de-açúcar que permitia sua especialização. Além disso, 
o setor alimentício atendia a toda a sociedade colonial, não se limitando apenas 
aos engenhos. Populações urbanas, tripulações de navios, a própria população 
rural, escravos recentemente trazidos e até mesmo populações de outros conti-
nentes (como no caso da exportação de farinha de mandioca para Angola) eram 
abastecidos por essa produção.
A mão de obra 
fundamental 
era o nativo 
escravizado
VAMOS RECORDAR?
Você sabe qual foi a característica marcante do desenvolvimento do mercado 
interno no Brasil colonial?
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TEMA DE APRENDIZAGEM 4
Outra produção importante foi o tabaco. Seu consumo rapidamente se disse-
minou, transformando-o em um produto global. Além disso, também era larga-
mente utilizado como moeda de troca, tornando-se uma mercadoria-chave no 
comércio global do Império português. Era utilizado nas trocas comerciais na 
Ásia e especialmente na África e o seu cultivo artesanal, seu crescimento rápido 
e o fácil trato da lavoura disseminaram as plantações por toda a colônia. 
Mineração, Diversificação e Integração
A descoberta dos primeiros veios consistentes de ouro no sertão da América por-
tuguesa desencadeou a primeira corrida do ouro do mundo moderno (WILC-
KEN, 2004). As notícias correram de forma rápida e, tanto dentro do Brasil como 
em Portugal, jovens, adultos, velhos e famílias largaram tudo para se aventurar 
na busca pelo ouro. Por isso os primeiros anos da mineração foram caóticos, de 
desordem e carestia. Com a consolidação do sistema administrativo régio nas 
Minas do Ouro, a situação se estabilizou e uma vasta rede urbana começou a se 
desenvolver nos arredores das minas de ouro e diamantes, um processo chamado 
por Maria Odila Dias de “interiorização da metrópole” (2005, p. 31).
A produção de ouro também teve um forte impacto na demanda por escra-
vos. De acordo com Antonil (2022), no final da primeira década do século XVIII, 
a população local nas Minas Gerais já chegava a cerca de 30 mil habitantes. Além 
de se transformar em um importante mercado consumidor de bens em geral, os 
mineiros aqueceram a demanda por mão de obra escrava africana. Consequen-
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temente, o número de escravos desembarcados aumentou de cerca de 11.890 por 
ano, no final do século XVII para 20.220 na primeira metade do século XVIII, 
um aumento de 70%. Por isso, o porto do Rio de Janeiro foi paulatinamente se 
transformando no principal porto negreiro do Brasil. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Você sabe qual foi o impacto da mineração do ouro e dos diamantes no tráfico 
de escravos africanos para o Brasil?
O ouro também floresceu nos circuitos de contrabando dentro do Império por-
tuguês. Nesse sentido, a Colônia do Sacramento, localizada no extremo sul, na 
foz do rio da Prata, era um dos principais pontos de apoio para o contrabando 
do ouro brasileiro pela prata espanhola. 
A dinâmica dos navios que faziam a Carreira da Índia também foi afetada 
pela mineração. Desde a segunda metade do século XVII, os portos de Salvador 
e do Rio de Janeiro eram importantes pontos de apoio para os mercadores que 
seguiam para o Oriente. A riqueza do ouro passou a atrair ainda mais esses na-
vios, especialmente para o porto do Rio de Janeiro, pois um verdadeiro comércio 
de luxo se desenvolveunas vilas e arraiais mais ricos das Minas Gerais.
No entanto, é incontestável que o destino principal do ouro era Portugal. 
Ou, de forma mais abrangente, a Europa como um todo. O porto de Lisboa de-
sempenhava, principalmente, o papel de um entreposto comercial, conectando 
mercadorias provenientes de diferentes partes do Velho Continente, por um 
lado, e o ouro e outras mercadorias coloniais destinadas a atender à demanda 
do continente europeu, por outro.
 “ Do ponto de vista da economia europeia em seu conjunto, o ouro 
do Brasil teve efeito tanto mais positivo quanto o estímulo por ele 
criado se concentrou no país mais bem aparelhado para dele tirar 
o máximo proveito (FURTADO, 2007, p. 129).
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TEMA DE APRENDIZAGEM 4
NOVOS DESAFIOS 
Com as discussões que apresentei até aqui, você entrou em contato com os prin-
cipais conceitos utilizados para interpretar o desenvolvimento da economia tran-
satlântica no Brasil colonial. Além disso, você tomou conhecimento das bases 
históricas que fundamentam o processo histórico de formação da economia 
colonial do Brasil no período colonial. 
Você deve ser capaz de compreender que a visão tradicional dos ciclos eco-
nômicos não é capaz de expressar toda a complexidade da economia colonial. 
Como um império de dimensões globais, Portugal buscou desenvolver em sua 
colônia na América do Sul uma economia que atendesse seus interesses. Entre-
tanto, a dinâmica econômica é complexa e autônoma, ou seja, a economia do 
Brasil colonial se desenvolveu no sentido de sanar os interesses portugueses, mas 
também gestou seus próprios caminhos. 
Você também deve ser capaz de reconhecer o papel da problematização dos 
paradigmas. A abertura a novas chaves interpretativas e a utilização de diferen-
tes fontes históricas abriu espaço para a visão da economia no Brasil colonial 
do ponto de vista global, ou seja, integrado ao Império Ultramarino Português, 
especialmente ao espaço Atlântico.
Para sua atuação como professor, você deve compreender a complexidade da 
dinâmica econômica para além das relações metropolitanas, levando também 
em consideração a mecânica interna e intracolonial. Isso permite uma abertura 
de temas para exploração em sala de aula, instiga os alunos a verem os persona-
gens históricos como sujeitos na história, abrindo o leque de práticas de ensino 
e propostas pedagógicas.
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VAMOS PRATICAR
1. “Brasil [...] é mais rico e dá mais rendimento para a fazenda de Sua Majestade de que 
são todas essas Índias Orientais” (BRANDÃO, 1618, p. 159).
Fonte: BRANDÃO, A. F. Diálogo das Grandezas do Brasil. 
[S. l.: s. n.], 1618, p. 159.
Com base no que você aprendeu nesta unidade e na afirmação de Ambrósio, disserte 
sobre a formação da economia do Brasil colonial e sua relação com Portugal. Justifique 
como os lucros da economia colonial foram importantes para o Império português.
2. A concepção definidora da colonização pela grande empresa monocultura escravista, 
adaptada aos interesses da Metrópole, é um modelo cujo valor consiste em dar as 
linhas básicas de entendimento de um sistema que caracterizou o Brasil na Colônia 
e deixou suas marcas após a Independência (FAUSTO, 1996).
Fonte: FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996, p. 34. 
De acordo com Boris Fausto, a monocultura escravista exportadora desempenhou um 
impacto definitivo na história do Brasil. A partir do trecho do historiador e com o que 
você aprendeu nesta unidade, analise as afirmativas a seguir:
I - A visão de Boris Fausto está ultrapassada, pois a monocultura não foi tão importante 
na economia colonial.
II - A Coroa portuguesa só se interessou verdadeiramente pelo Brasil com a descoberta 
das minas.
III - O Brasil foi pioneiro na implantação, dentro do sistema colonial, da monocultura 
escravista. Esse modelo foi posteriormente replicado, principalmente no Caribe.
IV - Apesar de a economia colonial ter sido diversificada e complexa, é inegável o pa-
pel fundamental da monocultura escravista como o modelo principal de atividade 
agropecuária. 
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
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VAMOS PRATICAR
3. Não é exato falar de um ciclo histórico da produção açucareira, como foi tradicional 
entre os historiadores. “Ciclo” dá ideia de surgimento, ascensão e fim de uma atividade 
econômica, o que certamente não foi o caso do açúcar ou de outros produtos, como 
o café (FAUSTO, 1996).
Fonte: FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996, p. 49. 
Com base nas informações apresentadas, avalie as asserções a seguir e a relação pro-
posta entre elas:
I. O conceito de ciclos econômicos está ultrapassado. 
PORQUE
II. A economia colonial era bastante diversificada e complexa, com atividades que per-
duraram por séculos.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:
a) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são falsas.
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REFERÊNCIAS
ANTONIL, A. J. Pelas minas do ouro: trechos selecionados de Cultura e Opulência do Brasil. 
Rio de Janeiro: Pop Stories, 2022.
BACKHOUSE, R. E. História da economia mundial. São Paulo: Estação Liberdade, 2007. 
DIAS, M. O. L. S. A interiorização da metrópole e outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005. 
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 2007. 
MARX, K. O capital: crítica da economia política. Livro III – O processo global da produção 
capitalista. São Paulo: Boitempo, 2017.
MORAES, F. B. De arraiais, vilas e caminhos: a rede urbana das Minas coloniais. In: RESENDE, 
M. E. L.; VILLALTA, L. C. História de Minas Gerais. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. v. 1, p. 67.
SAMPAIO, A. C. J. Fluxos e refluxos mercantis: centro, periferias e diversidade regional. In: 
FRAGOSO, J.; GOUVEA, M. F. (orgs.) O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2017. v. 2, p. 271-300. 
SCHWARTZ, S. Segredos internos. São Paulo: Cia das Letras, 1988.
SCHWARTZ, S. O Nordeste açucareiro no Brasil colônia. In: FRAGOSO, J.; GOUVEA, M. 
F.(orgs.).O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017. v. 2, p. 300-337.
WILCKEN, P. Império à deriva. A corte portuguesa no Rio de Janeiro, 1808-1821. Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2004. 
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1
1. Nesta questão o aluno deve ser capaz de formular um pequeno texto que conte sobre os 
momentos chaves do desenvolvimento da economia colonial. Deve ter a capacidade de 
explicar as primeiras medidas econômicas tomadas por Portugal relacionadas ao pau-brasil 
e as plantações de cana-de-açúcar. Posteriormente, deve falar sobre os interesses que 
essas atividades despertaram em outras nações europeias como na França e Holanda. 
Também deve dissertar sobre o momento mais lucrativo para a Coroa portuguesa, a 
descoberta do ouro.
2. Opção C. 
Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. Como afirma o professor Thiago Krause, a Améri-
ca portuguesa foi pioneira na implantação do sistema de plantation escravista, o que serviu 
de modelo para o desenvolvimento das fazendas de cana-de-açúcar nas ilhas do Caribe ao 
longo do século XVIII. Além disso, a monocultura escravista não foi apenas o modelo para a 
produção de açúcar, também serviu para outras plantações voltadas para a exportação, como 
foi o café ao longo do século XIX.
As alternativas I e II estão incorretas porque a afirmação de Boris Fausto está incorreta ou 
ultrapassada. A historiografia atual considera que não houve apenas a monocultura escravis-
ta, a economia era diversificada, mas não nega sua existência. E o Brasil sempre se mostrou 
importante para Portugal, principalmente por seu potencial econômico, mesmo antes da de-
scoberta das minas.
3. Opção A. 
O conceitode ciclo econômico, apesar de muito difundido nos livros didáticos, não abarca 
toda a complexidade e as permanências que caracterizam a economia colonial. Por isso, é 
considerado hoje pelos historiadores como uma visão ultrapassada.
GABARITO
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MINHAS ANOTAÇÕES
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MINHAS METAS
A DIÁSPORA AFRICANA 
NO BRASIL
Compreender a importância da escravidão negra africana para a formação do Brasil.
Refletir sobre as bases históricas do tráfico de africanos escravizados.
Entender as principais características da dinâmica do tráfico de escravos no Atlântico.
Conhecer as dinâmicas interpretativas da historiografia atual sobre a diáspora africana 
para o Brasil.
Identificar as características das correntes historiográficas tradicionalista e contemporânea.
Relacionar os fundamentos históricos do desenvolvimento econômico do Brasil Colonial e 
do tráfico de escravizados.
Diferenciar as características de diáspora e de escravo.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 5
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INICIE SUA JORNADA 
Escravo: aquele que se vive privado de liberdade, em absoluta sujeição a um 
senhor ao qual pertence como propriedade. Assim o Dicionário Michaelis da 
Língua Portuguesa define a palavra “escravo”.
Infelizmente, a prática da escravidão foi amplamente 
difundida entre a maioria dos povos do mundo, sendo uma 
prática não apenas cultural, mas legalmente regulamenta-
da. Ainda hoje, apesar da completa proibição, é comum 
encontrarmos notícias nos jornais sobre o resgate de tra-
balhadores mantidos em condições análogas à escravidão. 
A escravidão, principalmente a de origem africana, foi fundamental para a 
formação do Brasil como colônia e como nação independente. Essa constatação 
é reiteradamente afirmada pelos cronistas da época colonial, como Antonil, que 
dizia que os escravizados eram as mãos e os pés dos senhores, porque, sem eles, 
não era possível fazer, conservar ou aumentar nenhum tipo de trabalho (SCH-
WARCZ; STARLING, 2015).
Você sabe por que os escravizados africanos foram fundamentais na 
constituição do Brasil?
Os portugueses já conheciam e utilizavam o comércio africano de escravos 
desde o século XV, tanto que, “em meados do XVI, Lisboa (ao lado de Sevilha) 
era a cidade europeia que mais possuía escravos negros” (SCHWARCZ; STAR-
LING, 2015, p. 80). Inicialmente, o trabalho escravo era direcionado para tarefas 
especializadas ou domésticas, mas a exploração das ilhas do Atlântico, próximas 
à costa africana, instigou os lusos a usarem os escravizados na agricultura.
A primeira experiência colonial com os escravizados aconteceu nas ilhas 
atlânticas de Cabo Verde, São Tomé e Madeira. Estima-se que cerca de 87% da 
população desses locais era de escravos. 
O cenário mudou radicalmente a partir de 1550. A colonização espanhola 
nas Américas, o crescimento das plantações de cana-de-açúcar no Brasil e as 
feitorias portuguesas na África subsaariana foram fundamentais para o estabe-
lecimento de uma nova forma de servidão forçada: a mercantilização do tráfico 
de africanos negros escravizados. 
a prática da 
escravidão foi 
amplamente 
difundida 
entre a maioria
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TEMA DE APRENDIZAGEM 5
Estima-se que cerca de 12,5 milhões de pessoas foram 
forçadamente retiradas da África e levadas para o novo 
mundo. Só o Brasil recebeu cerca de 4,5 milhões de escra-
vos. Os cálculos são feitos a partir de projeções baseadas 
em cerca de 35 mil viagens de navios negreiros. Essas in-
formações foram resgatadas em arquivos da América, da Europa e da África e 
estão disponíveis no site colaborativo Slave Voyages, Trans-Atlantic Slave Trade 
Database. Atualmente, ele é o melhor e maior banco de dados sobre o tráfico, 
pois reúne informações sobre todo o tráfico de escravizados no mundo Atlântico. 
Claro, ainda é um trabalho em andamento e muito estudo ainda precisa ser feito. 
Nos últimos 20 anos, especialmente, no Brasil, com a Lei nº 10.639, de 2003, 
que obrigou o ensino de história e cultura afro-brasileira no Ensino Fundamental 
e no Ensino Médio, as pesquisas sobre a África e a escravidão se diversificaram. 
Além de problematizar uma série de preconceitos e fundamentos eurocêntricos 
sobre a questão, a historiografia atual está contribuindo para que o brasileiro 
possa entender melhor a própria relação histórica com a África e o papel dos 
escravizados na formação nacional. 
Só o Brasil 
recebeu cerca 
de 4,5 milhões 
de escravos
VAMOS RECORDAR?
Aprenda mais sobre a diáspora africana no Brasil por meio do documentário 
Escravidão no Brasil. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital 
do ambiente virtual de aprendizagem.
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DESENVOLVA SEU POTENCIAL
O BRASIL E O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO DE AFRICANOS 
ESCRAVIZADOS
A formação de uma sociedade baseada na escravidão desempenhou um papel 
fundamental na constituição do Brasil Colonial. Foi a empresa colonial expor-
tadora que impulsionou a mercantilização do tráfico de viventes. 
 “ Os fazendeiros do Novo Mundo conseguiram o que queriam, e os 
negros foram roubados na África, como disse o historiador antilha-
no Eric Williams, para trabalhar nas terras roubadas dos índios na 
América (MELTZER, 2004, p. 271). 
A compreensão do sistema escravista moderno requer uma análise da inter-
ligação entre o estabelecimento de colônias ultramarinas e o funcionamento 
delas como grandes unidades de produção voltadas para o mercado interna-
cional. A agricultura em larga escala, baseada em um único tipo de cultura, 
demandava uma quantidade significativa de trabalhadores, que deveriam se 
submeter a uma rotina árdua, desprovida de lucro ou motivação pessoal. Dessa 
forma, a escravidão foi recriada em novos moldes, utilizando uma mão de 
obra compulsória que, pelo menos, na teoria, era desprovida de origem, liber-
dade e capacidade autônoma. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Você sabe por que o comércio de escravizados africanos é, hoje, entendido 
como uma diáspora? 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 5
A escravidão é um tema histórico amplamente estudado. Entretanto, foi abordado 
de maneira distinta pela historiografia ao longo do tempo. Nos últimos 40 anos, por 
exemplo, os historiadores especializados vêm questionando a visão prevalecente 
nas décadas de 1960 e 1970, que interpretava a escravidão como um instrumento 
da acumulação capitalista e da dominação das elites coloniais. Essa perspectiva 
atribuía o fim da escravidão às contradições internas do sistema capitalista, que 
necessitava de mão de obra livre e assalariada. Contudo, a compreensão mais com-
pleta desse fenômeno requer uma análise que considere tanto os aspectos globais 
quanto as nuances locais e as especificidades históricas ao longo do tempo.
A partir da década de 1980, o debate sobre a escravidão se deslocou para 
abordar as dinâmicas culturais, sociais e políticas desse fenômeno. Nesse 
contexto, novas considerações ganham espaço, incluindo a mobilidade socioe-
conômica dos ex-escravos. A obra Negociação e conflito: a resistência negra no 
Brasil escravista, de João José Reis e Eduardo Silva, é um marco importante nessa 
renovação historiográfica. Os autores revelaram como os escravizados buscaram 
melhorar as próprias condições diárias, mesmo que minimamente, enquanto 
os proprietários visavam evitar 
revoltas e aumentar a produtivi-
dade, por exemplo. 
A atual perspectiva revela 
o período escravista como um 
processo em constante evolução, 
com possibilidades e descontinui-
dades, distanciando-se das inter-
pretações estruturais e estáticas 
das abordagens anteriores.
Você sabe o que é diáspora? Por que utilizamos a expressão “diáspora africa-
na”? O conceito de diáspora está relacionado à dispersão e se refere ao deslo-
camento de um povo pelo mundo, seja por vontade própria, seja por imposição. 
A diáspora africana é o termo usado para descrever um fenômeno da migração 
forçada de africanos durante o tráfico transatlântico de escravizados.
PENSANDO JUNTOS
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Nesse sentido, cabe ressaltar que a escravidão era uma prática comum na 
África.As negociações em torno da troca ou da compra de escravos, por exem-
plo, passavam, na maioria das vezes, por chefes de Estado ou reis, que exigiam 
o pagamento de tributos e a troca de escravizados por produtos manufaturados, 
armas de fogo, ouro e tecidos finos. 
Por isso, os produtos brasileiros, como tabaco, melaço, cachaça e ouro, rapida-
mente despertaram o interesse dos agentes africanos. Assim, houve o casamento 
entre a demanda do Brasil por escravizados e a demanda africana por produtos e 
ouro, o que se traduziu no estabelecimento da rota Atlântica Brasil-África. 
 “ O fato de as embarcações utilizadas para o tráfico serem geralmen-
te menores e desenhadas para abrigar a “carga humana” em seus 
porões põe abaixo outra versão corrente, a de que os europeus trian-
gulavam seu comércio (SCHWARCZ; STARLING, 2015, p. 83).
Não havia, nesse sistema, uma rota triangular, assim como era comum nas co-
lônias britânicas. A rota do comércio era bilateral, com navios que saíam dos 
portos do Rio de Janeiro e Salvador diretamente para os portos de Luanda e do 
Golfo de Benim. 
As fases do tráfico de escravizados africanos
Em relação ao Brasil no período colonial, o desenvolvimento do tráfico de escra-
vos pode ser dividido em quatro fases. Analisaremos cada uma delas. 
O site Slave Voyages é um banco de dados sobre o tráfico de escravos transa-
tlântico. Trata-se de um trabalho de várias décadas de pesquisas independen-
tes e colaborativas, com base em dados encontrados em bibliotecas e arquivos 
de todo o mundo atlântico. Navegue pelo site para ver mapas, informações es-
tatísticas e sugestões de planos de aula. Recursos de mídia disponíveis no 
conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem.
EU INDICO
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TEMA DE APRENDIZAGEM 5
 O início do tráfico: entre 1550 e 1610, 
aconteceu a primeira fase do tráfico 
de africanos escravizados, caracteri-
zada pelo predomínio dos comercian-
tes portugueses. 
 Disputas comerciais: entre 1610 e 
1690, desenvolveu-se a segunda fase 
do tráfico de africanos escravizados, 
com destaque para o crescimento 
dos engenhos de açúcar no Brasil.
 Boom do tráfico: entre 1690 e 1790, 
sobreveio a terceira fase do tráfico de 
africanos escravizados, com o predo-
mínio da demanda da mineração em 
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
 Agonia final: entre 1790 e 1850, ocor-
reu a quarta e última fase do tráfico de 
africanos escravizados, fundamenta-
da na monocultura exportadora.
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O início do tráfico de viventes moderno: a primeira fase
A partir da década de 1530, a Coroa Portuguesa incentivou a criação de unida-
des de produção de açúcar no Brasil. Todavia, até os anos de 1570, os colonos 
enfrentaram grandes dificuldades para estabelecer uma rede sólida de engenhos. 
Os problemas eram os mais diversos, como o recrutamento de mão de obra e 
a falta de capital para financiar a montagem dos engenhos. Para superar esses 
problemas, a mão de obra escrava foi fundamental.
Inicialmente, a mão de obra utilizada na construção dos engenhos de açúcar 
era principalmente composta por indígenas. Os primeiros africanos escraviza-
dos começaram a ser importados no Brasil a partir de 1550, porém eram em-
pregados, principalmente em atividades especializadas nos engenhos. Por esse 
motivo, os africanos eram consideravelmente mais caros do que os indígenas: um 
escravo africano custava cerca de três vezes mais do que um escravo indígena na 
segunda metade do século XVI. 
A partir de 1560, diversas epidemias, como o sarampo e a varíola, assolaram 
o litoral brasileiro, resultando em um número alarmante de mortes entre os es-
cravos indígenas. Isso exigiu uma reposição constante da força de trabalho nos 
engenhos. Ao mesmo tempo, os portugueses aperfeiçoaram o funcionamento 
do tráfico transatlântico de escravos africanos, especialmente após a conquista 
definitiva de Angola no final do século XVI. 
O navio negreiro
Marcus Rediker é um dos maiores especialistas em tráfico tran-
satlântico da atualidade. Usando uma vasta documentação, re-
colhida em arquivos espalhados pelos Estados Unidos e Euro-
pa, Rediker detalha como eram os navios negreiros, quem eram 
os tripulantes, como os escravos eram tratados ao longo das 
viagens, além de outras informações sobre o funcionamento, o 
gerenciamento e a construção dos navios. Trata-se de um ex-
celente livro sobre a história social do tráfico de escravos.
INDICAÇÃO DE LIVRO
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TEMA DE APRENDIZAGEM 5
Os números do tráfico demonstram isso. Entre 1576 e 1600, aproximadamente 40 
mil africanos escravizados desembarcaram nos portos brasileiros. Já entre 1601 e 
1625, esse número mais do que triplicou, chegando a cerca de 150 mil africanos 
que foram trazidos como escravos para a América Portuguesa, sendo a maioria 
deles destinada ao trabalho nas plantações de cana-de-açúcar e nos engenhos. 
A disputa comercial pelo domínio do tráfico de escravizados: 
a segunda fase
O século XVII assistiu à entrada de novos atores no comércio de escravos do 
Atlântico. Em especial ingleses e holandeses que tinham se especializado na arte 
da pirataria no século anterior se aventuraram em voos maiores, conquistando 
as próprias feitorias na África e as próprias colônias nas Américas e no Caribe. 
O êxito da indústria açucareira escravista na América Portuguesa rapida-
mente despertou o interesse de outras potências coloniais europeias. As invasões 
holandesas na Bahia (1624) e em Pernambuco (1630) foram, em grande parte, 
motivadas pela próspera economia açucareira dessas regiões.
Os invasores logo perceberam a estreita interligação geoeconômica entre a 
África e as plantações exportadoras na América. As possessões brasileiras se-
riam inúteis se não conquistassem os locais que forneciam escravos do outro 
lado do Atlântico. Desse modo, sob 
o comando de Maurício de Nassau, 
a Companhia Holandesa das Índias 
Ocidentais (WIC) promoveu a con-
quista do entreposto português de 
São Jorge da Mina em 1638 e invadiu 
a Angola em 1641.
Em 1645, iniciou-se a revolta dos 
colonos luso-brasileiros, resultando 
na expulsão definitiva dos holande-
ses da América Portuguesa em 1654. 
Antes disso, em 1648, os colonos do 
Rio de Janeiro foram diretamente 
responsáveis por expulsar os holan-
deses de Angola. 
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O boom do tráfico de escravos: a terceira fase
O século XVIII marcou o auge do comércio de escravos pelo Atlântico. Nas 
terras do Sul das treze colônias, na América do Norte, o boom da produção de 
algodão, que abastecia a emergente Revolução Industrial no continente euro-
peu, fez explodir a demanda por escravos. Enquanto isso, no Brasil, a demanda 
por escravizados aumentou devido à extração de ouro em Minas Gerais. Nas 
ilhas do Caribe, a indústria açucareira alcançou um alto nível de desenvolvi-
mento e produção nesse mesmo período, que também demandava um grande 
número de escravos. 
Fluxo e refluxo
A obra do etnólogo francês Pierre Verger é considerada um 
clássico da historiografia sobre o tráfico de escravos. Assim 
como o próprio Verger relata no prefácio, foi por acaso que 
ele encontrou 112 cartas pertencentes ao comerciante de es-
cravos José Francisco dos Santos, também conhecido como 
Alfaiate, uma profissão que ele exercera na Bahia antes de se 
estabelecer na costa africana. O enredo do livro se estrutura a 
partir dessa documentação, que embasa a reconstrução mi-
nuciosa da rota de compra e venda de escravos entre a Bahia 
e o Golfo do Benim durante o período da colonização portu-
guesa, resgatando, assim, os desdobramentos culturais pro-
venientes dessa intensa relação comercial.
INDICAÇÃO DE LIVRO
Você sabia que os holandeses foram os principais responsáveis pela transmis-
são das técnicas utilizadas nos engenhos brasileiros aos colonos ingleses em 
Barbados e aos franceses em Martinica e em Guadalupe? A partir da década de 
1660, a produção de açúcar com o uso de escravos nas ilhas inglesas e france-
sas cresceu significativamente e os comerciantes desses dois países seenvol-
veram diretamente no tráfico de escravos transatlântico.
PENSANDO JUNTOS
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TEMA DE APRENDIZAGEM 5
Todos esses movimentos funcionavam como uma engrenagem que consumia 
incessantemente a mão de obra africana. Estima-se que cinco milhões e seiscen-
tos mil africanos foram desembarcados nas Américas ao longo do século XVIII, 
em comparação com cerca de um milhão e meio no século anterior.
De fato, devido às condições específicas da atividade de mineração, os escravos 
tiveram maiores oportunidades de exercer a própria autonomia e resistir ao con-
trole dos senhores. A dispersão geográfica das minas de ouro e a possibilidade de 
os trabalhadores se apropriarem de parte dos resultados da extração (os negros 
de ganho) ampliaram consideravelmente a autonomia dos escravos. Por essas 
razões, os senhores frequentemente recorriam a métodos não coercitivos para 
garantir a regularidade da extração, o que, por sua vez, facilitava a acumulação 
de dinheiro e a compra da liberdade pelos escravos.
Nesse sentido, Minas Gerais registrou a existência de numerosos quilombos, 
que, frequentemente, mantinham intensas trocas econômicas com a sociedade 
ao redor. Existiram, pelo menos, dois quilombos de grande magnitude, com po-
pulações na casa dos milhares: o Quilombo do Ambrósio, destruído em 1746, e 
o Quilombo Grande, que foi vencido em 1759.
A Diáspora Mina
Nesta obra, diversos pesquisadores abordam, a partir de distin-
tas perspectivas, o conceito dos negros “mina”. De modo ge-
ral, esse termo englobava um grupo de africanos escravizados 
provenientes da Costa do Benim. No entanto, o livro se dedica 
a responder o motivo pelo qual esses indivíduos foram especi-
ficamente designados como “mina” e quais eram as caracterís-
ticas distintivas deles. Mediante um diálogo com a historiografia 
contemporânea e uma abordagem diaspórica, a obra busca 
oferecer uma visão plural sobre o tráfico de escravos nessa re-
gião e a conexão dele com o Brasil. Dessa forma, são exploradas 
diversas questões relacionadas a essa história, proporcionando 
uma compreensão mais abrangente sobre a experiência dos 
africanos escravizados envolvidos nesse comércio transatlânti-
co e as interações com a sociedade brasileira da época.
INDICAÇÃO DE LIVRO
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A agonia final: a quarta fase
No final do século XVIII e início do século XIX, a América Portuguesa apresenta-
va uma configuração demográfica singular dentro do contexto das sociedades 
coloniais do Novo Mundo.
VOCÊ SABE RESPONDER?
Você sabe por que os escravos africanos foram fundamentais na constituição 
do Brasil?
O que a tornava distinta era a significativa presença de uma população ne-
gra livre ou de ascendência mestiça africana que convivia com um número 
substancial de brancos. Todavia, a maioria da população era de escravizados, 
composta principalmente por africanos e, em menor número, por crioulos e 
pardos nascidos na América. 
Embora houvesse variações de acordo com cada capitania e incertezas nos 
dados demográficos disponíveis, de acordo com Rafael Marquese (2006), a po-
pulação colonial brasileira no início do século XIX apresentava as seguintes pro-
porções: 28% de brancos, 27,8% de negros e mulatos livres, 38,5% de negros e 
mulatos escravizados e 5,7% de indígenas.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 5
A formação dessa extensa população livre 
de negros e mulatos foi essencialmente um 
resultado da interação entre o tráfico transa-
tlântico de escravos e o processo de alforria. 
A escravização dos africanos, o transporte deles para o Brasil, as diferentes ativi-
dades que desempenharam como escravos, a reconstrução dos laços familiares 
e culturais, a procriação e a perspectiva de liberdade em uma ou mais gerações 
são fatores que faziam parte de um processo institucional em larga escala de 
transformação de status.
Os grupos provenientes da Costa da Mina, com diferentes identidades étnicas e 
religiosas (Nagô, Hauçá, Jeje, Tapa, Malê – originado do termo “imale”, que signifi-
ca “muçulmano” no idioma iorubá), desencadearam o maior ciclo de revoltas de 
escravizados africanos registrado na história do Brasil. Entre 1807 e 1835, a Bahia 
passou por um período de rebeliões constantes por parte dos escravos africanos, 
culminando na Revolta dos Malês, que foi o levante mais sério de escravos ur-
banos ocorrido nas Américas.
Para garantir a perpetuação da sociedade escravista brasileira ao longo do tempo, 
baseada na constante chegada de estrangeiros, era crucial estabelecer mecanis-
mos de segurança que evitassem uma situação social tensa como a encontrada 
nas colônias caribenhas britânicas e francesas. A libertação gradual dos descen-
dentes dos africanos escravizados, que já não eram mais estrangeiros, mas sim 
brasileiros, foi o principal desses mecanismos. A prova definitiva da eficácia dessa 
estratégia é a associação dos negros e mulatos libertos e livres com o sistema 
escravista: esses grupos almejavam, tanto economicamente quanto socialmente, 
tornar-se senhores de escravos, ou seja, adquirir escravos para si.
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VISÕES SOBRE A ÁFRICA
É importante notar que a escravidão também existia no continente africano, coe-
xistindo com sistemas de linhagem e parentesco. Desde o século VII, caravanas 
percorriam longas rotas pelo interior do Deserto do Saara, onde os mercadores 
islâmicos desempenhavam o papel de traficantes de pessoas. A rota principal do 
comércio de escravos era a partir do Norte da África, seguida pelo comércio ao 
longo do Mar Vermelho.
A chegada dos portugueses à costa atlântica da África Subsaariana no século 
XV teve um impacto profundo nas formas do comércio de pessoas na região, 
tanto em termos de escala quanto em relação ao aumento do uso da violência. 
A nova conquista também modificou as dinâmicas internas de guerra e as redes 
de relacionamento dentro dos estados africanos.
Xica da Silva 
Ano: 1976
Sinopse: na segunda metade do século XVIII, a escrava negra 
Xica da Silva (Zezé Motta) se torna o centro das atenções no 
Distrito Diamantino, onde estão as minas mais ricas da colô-
nia. O contratador dos diamantes João Fernandes de Olivei-
ra (Walmor Chagas) se apaixona por Xica e a transforma na 
rainha dos diamantes, satisfazendo todos os desejos dela. O 
romance proibido desperta a ira dos representantes da Coroa 
Portuguesa, que fazem de tudo para impedir a união.
Comentário: um clássico do cinema brasileiro, Xica da Silva, 
lançado em 1976, é uma comédia satírica sobre os preconcei-
tos e os costumes do período colonial. O filme retrata como 
os negros escravos eram vistos pela sociedade e, ao mesmo 
tempo, como, assim que alcançavam a liberdade e certo sta-
tus, procuravam imitar o comportamento preconceituoso e 
opressivo dos portugueses.
INDICAÇÃO DE FILME
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TEMA DE APRENDIZAGEM 5
 “ A África conheceu impérios e superestados; vários existiam quan-
do os navios do príncipe Henrique, o Navegador, atingiram pela 
primeira vez a costa ocidental da África no século XV. Bem antes 
da chegada dos europeus, os Estados africanos haviam atingido 
grandes proporções em termos de tamanho, população e poder 
(MELTZER, 2004, p. 229).
O tráfico de escravos era, em parte, impulsionado pelas guerras travadas entre 
os impérios africanos. Os mais poderosos exigiam tributos na forma de escravos 
dos mais fracos. Os africanos, assim como outros povos ao redor do mundo, 
praticavam a escravidão desde os tempos pré-históricos. Eles capturavam pri-
sioneiros de guerra e os obrigavam a trabalhar para eles, assim como faziam com 
seus criminosos. 
Todavia, nas sociedades africanas, a escravidão não implicava a anulação dos 
direitos humanos ou a negação da personalidade humana. Os escravizados, na 
região subsaariana, eram reintegrados à sociedade que os recebiam.
Assim como assevera Hebe Mattos (2001), o domínio português e, poste-
riormente, luso-brasileiro sobre o sistema escravista no Atlântico tinha, como 
alicerce, a presença prévia da escravidão e do comércio no África.Esse fato foi 
rapidamente incorporado ao sistema de antigo regime português, que dialogava 
com os “antigos regimes” dos estados africanos. Foi o sucesso do sistema de plan-
tation no Brasil, o qual, depois, foi expandido para outras colônias na América, 
que levou a uma verdadeira revolução no sistema escravista, transformando-o 
em um mercado vultoso, eficiente e desastroso para as populações afetadas. 
NOVOS DESAFIOS 
Diante das discussões que apresentei até aqui, você entrou em contato com os 
principais conceitos utilizados para interpretar a diáspora africana no Brasil 
Colonial. Você também viu os conceitos e as ideias que são considerados ultra-
passados e as novas chaves interpretativas utilizadas nos estudos atuais. Além 
disso, tomou conhecimento das bases históricas que fundamentam os conceitos 
dialógicos utilizados pela historiografia contemporânea.
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Você deve ser capaz de compreender que a interpretação do escravismo afri-
cano foi superada por uma visão decolonial. A visão eurocêntrica sobre a África, 
que não enxergava a diversidade da história da região, inclusive, em sua relação 
com a escravidão, deixou de ser o paradigma interpretativo sobre a diáspora 
africana no Brasil Colonial. 
Você também deve reconhecer o papel da problematização dos paradigmas. 
A abertura a novas chaves interpretativas e a utilização de diferentes fontes his-
tóricas abriram espaço para a visão decolonial da escravidão, além de integrá-la 
como parte essencial do Império Atlântico Português.
As características únicas da escravidão no Brasil Colonial estão ligadas ao 
desenvolvimento das estruturas econômica e social. Entretanto, as idiossincrasias 
da América Lusa proporcionaram o surgimento de mecanismos dialéticos que 
progressivamente fundamentaram a constituição de um Brasil independente. 
Para a sua atuação como professor(a), você deve ser capaz de compreender o 
conceito de diáspora e a relação fundamental da escravidão no desenvolvimento 
do Brasil Colonial. Isso possibilita uma abertura de temas para exploração em 
sala de aula e instiga os alunos a verem os personagens históricos como sujeitos 
na história, abrindo o leque de práticas de ensino e propostas pedagógicas.
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VAMOS PRATICAR
1. Os fazendeiros do Novo Mundo conseguiram o que queriam, e os negros foram rou-
bados na África, como disse o historiador antilhano Eric Williams, para trabalhar nas 
terras roubadas dos índios na América.
MELTZER, M. História ilustrada da escravidão. Rio de Janeiro: Edi-
ouro, 2004. p. 271.
Com base no enunciado fornecido, discorra sobre a relação entre a exploração dos negros 
africanos e o processo de apropriação de terras dos povos indígenas na América, eviden-
ciando as motivações e as consequências desse processo histórico. Para tanto, desenvol-
va um texto argumentativo usando exemplos e fundamentos históricos, destacando as 
motivações por trás desse fenômeno e as consequências resultantes dessa conjuntura.
2. O fato de as embarcações utilizadas para o tráfico serem geralmente menores e dese-
nhadas para abrigar a ‘carga humana’ em seus porões põe abaixo outra versão corrente, 
a de que os europeus triangulavam seu comércio.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São 
Paulo: Cia das Letras, 2015. p. 83.
Considerando o fluxo do tráfico de escravos no Atlântico Sul, assinale a alternativa correta:
a) As embarcações precisavam passar primeiro em Portugal, para, depois, seguirem para 
o Brasil com os escravos
b) Os navios eram especialmente projetados para fazer o comércio triangular.
c) Os porões eram extremamente reduzidos para economizar na construção das embarcações.
d) As embarcações tinham que ser enormes para comportar muitos escravos e mercadorias.
e) Os comerciantes luso-brasileiros desenvolveram embarcações específicas para o 
transporte de humanos.
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VAMOS PRATICAR
3. As razões da opção pelo escravo africano foram muitas. É melhor não falar em causas, 
mas em um conjunto de fatores.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 28. 
Considerando a escolha pelo escravo africano no contexto da escravidão no Brasil Colo-
nial, analise as afirmativas a seguir:
I - A opção pelo escravo africano foi motivada exclusivamente por questões econômicas.
II - A escolha do escravo africano foi um resultado de um conjunto de fatores socioeconômicos.
III - As causas da opção pelo escravo africano são múltiplas.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
4. O historiador americano Stuart Schwartz calcula que, durante a primeira metade do 
século XVII, nos anos de apogeu da economia do açúcar, o custo de aquisição de um 
escravo negro era amortizado entre treze e dezesseis meses de trabalho e, mesmo 
depois de uma forte alta nos preços de compra de cativos após 1700, um escravo se 
pagava em trinta meses.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 29.
Considerando a economia do açúcar e a escravidão, assinale a alternativa correta:
a) O custo de aquisição de um escravo negro era amortizado entre treze e dezesseis 
meses de trabalho durante o apogeu da economia do açúcar.
b) Após 1700, os preços de compra de cativos sofreram uma forte queda.
c) Um escravo se pagava em trinta meses durante a primeira metade do século XVII.
d) O custo de aquisição de um escravo negro era amortizado em trinta meses até 1700.
e) Os escravos não tinham valor econômico para os proprietários de plantações de açúcar.
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VAMOS PRATICAR
5. Autor do memorial que convenceu Filipe II a inaugurar os Asientos, o sertanista portu-
guês Duarte Lopes concebia a África Central como uma imensa reserva de escravos, e 
via no tráfico negreiro o instrumento da conquista portuguesa de Angola.
ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes: formação do Brasil no 
Atlântico Sul. São Paulo: Cia das Letras, 2020. p. 72.
Considerando o sertanista português Duarte Lopes e o tráfico negreiro, assinale a alter-
nativa correta:
a) Duarte Lopes foi o responsável pela abolição do tráfico negreiro em Angola.
b) O memorial de Duarte Lopes dissuadiu Filipe II a inaugurar os Asientos.
c) Duarte Lopes concebia a África Central como uma reserva de escravos e defendia a 
conquista portuguesa de Angola.
d) O tráfico negreiro foi abolido durante o período de atuação de Duarte Lopes.
e) Duarte Lopes era um líder africano que lutou contra a escravidão no Brasil.
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REFERÊNCIAS
MARQUESE, R. de B. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alfor-
rias, séculos XVII a XIX. Novos Estudos, v. 74, p. 107-123, 2006.
MATTOS, H. M. A escravidão moderna nos quadros do Império Português: o Antigo Regi-
me em perspectiva atlântica. In: FRAGOSO, J. L.; BICALHO, M. F.; GOUVÊA, M. de F. (org.). O 
Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 141-162.
MELTZER, M. História ilustrada da escravidão. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. 
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015.
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1. A exploração dos negros africanos e a apropriação das terras dos nativos na América foram 
elementos interligados no contexto da colonização do Novo Mundo. As motivações por 
trás dessa relação estão fundamentadas tanto na busca por riqueza quanto no controle 
e na dominação dos territórios recém-descobertos. Os colonizadores europeus, ao se 
depararem com vastas extensões de terras nas Américas, necessitavam de uma força de 
trabalho para explorar esses recursos. A opção pela escravidão africana foi um resultado 
de diversos fatores, como a disponibilidade de mão de obra no continente africano e a 
experiência prévia dos europeus no tráfico de escravos africanos. Ao mesmo tempo, a 
apropriação das terras dos povos indígenas era fundamental para a efetiva colonização 
das Américas. Os colonizadores expulsaram, subjugaram e até mesmo exterminaram as 
populações indígenas,usurpando os territórios para estabelecer grandes propriedades 
agrícolas, os latifúndios. Essas terras férteis foram exploradas com a utilização da mão 
de obra escrava africana, que garantia o suprimento necessário para a produção de 
culturas comerciais, como açúcar, tabaco e algodão. As consequências desse processo 
histórico foram devastadoras tanto para os povos africanos quanto para os indígenas. Os 
africanos foram arrancados das próprias terras, separados das famílias e transportados 
em condições desumanas para as Américas, onde enfrentaram uma vida de trabalho 
forçado, violência e opressão. A cultura e os laços sociais dos africanos foram severa-
mente afetados, resultando em um legado de desigualdade e discriminação que ainda 
persiste na atualidade.
2. Opção E. 
A alternativa A está incorreta, porque a rota do tráfico de escravos era bilateral entre Brasil e 
África. A alternativa B está incorreta, já que o comércio do tráfico de escravos para o Brasil 
era bilateral. A alternativa C está incorreta, dado que os porões eram desenhados com certo 
espaço para acomodar os escravos. O intuito era diminuir a mortalidade do trajeto. A alterna-
tiva D está incorreta, porque as embarcações eram pequenas para serem ágeis no trajeto. A 
alternativa E está correta, uma vez que, como o comércio era bilateral entre Brasil e África, os 
comerciantes luso-brasileiros desenvolveram embarcações específicas para essa rota, que 
otimizassem o espaço para as mercadorias viventes. 
GABARITO
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3. Opção D. 
A afirmativa I está incorreta, porque a opção pela escravidão negra não foi somente econômica, 
afinal, os escravos africanos eram muito mais caros que os escravos indígenas. As afirmativas II 
e III estão corretas, visto que vários fatores influenciaram a opção pela escravidão africana, den-
tre elas, o desenvolvimento econômico do Brasil e as relações sociais preexistentes na África. 
4. Opção A. 
A alternativa A está correta, pois, assim como afirma Schwartz, o custo de aquisição de um 
escravo negro era amortizado entre treze e dezesseis meses de trabalho, durante o auge 
da produção de açúcar. A alternativa B está incorreta, porque, após 1700, com a descoberta 
das minas de ouro e dos diamantes, os preços dos cativos disparam. A alternativa C está 
incorreta, já que, segundo Schwartz, esse era o prazo de amortização no século seguinte. A 
alternativa D está incorreta, porque, segundo Schwartz, esse era o prazo de amortização no 
século XVIII. A alternativa E está incorreta, pois os escravos africanos eram uma mão de obra 
muito valorizada pelos senhores de engenho. 
5. Opção C. 
A alternativa A está incorreta, dado que o português era um árduo defensor da escravidão. A 
alternativa B está incorreta, já que foi com o memorial de Duarte Lopes que Felipe II tomou a 
decisão sobre os Asientos. A alternativa C está correta, uma vez que o sertanista via a África 
como um grande depósito de mão de obra escrava. Por isso, Portugal precisava ter conquis-
tas naquele continente. A alternativa D está incorreta, visto que o tráfico de escravos no Brasil 
só foi abolido em 1850. A alternativa E está incorreta, já que Duarte Lopes era português.
GABARITO
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MINHAS METAS
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE 
COLONIAL
Compreender o papel de determinados grupos sociais na formação da sociedade.
Refletir sobre as bases históricas que moldaram a sociedade colonial brasileira.
Entender as principais características das interpretações históricas sobre a sociedade 
colonial.
Conhecer as dinâmicas interpretativas dos historiadores clássicos.
Identificar as características das correntes historiográficas contemporâneas.
Relacionar os fundamentos históricos da escravidão à constituição da sociedade colonial.
Diferenciar os conceitos de miscigenação étnica e cultural.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 6
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INICIE SUA JORNADA 
A sociedade colonial, de forma geral, era constituída por uma diminuta elite branca, 
em sua maioria, composta por portugueses ou descendentes, que ocupavam os 
principais postos administrativos, econômicos e políticos. Outra pequena parcela 
era de homens e mulheres livres ou libertos (ex-escravizados que foram alforriados). 
A maioria da população era composta por escravizados, tanto negros africanos e 
os respectivos decendentes quanto povos indígenas e os respectivos sucessores.
Portanto, os escravizados formavam um contingente numericamente significativo, 
constituindo a maioria da população. Todavia, enfrentaram condições de mobilidade 
social diferentes em cada região do Brasil Colonial. Nas áreas predominantemente 
agrárias, como no Nordeste, as possibilidades de conquistar a liberdade eram reduzidas. 
Em contraste, em Minas Gerais, por exemplo, ocorreu um aumento no número de 
alforrias, coartações (a compra da liberdade em parcelas) e uma intensa miscigenação. 
Parte dessa nova camada de negros e mulatos libertos encontrou espaço entre as elites, 
identificando-se e mesclando-se com elas. Contudo, outra parcela, não menos relevante, 
juntou-se à população livre e pobre, que vivia à margem do sistema em uma situação 
que a historiadora Laura de Mello e Souza (2004) chamou de desclassificação social.
Nessa perspectiva, a sociedade colonial apresentou uma diversidade e uma 
miscigenação muito maiores do que as sociedades escravistas das regiões lito-
râneas do Brasil, do Caribe e do Sul dos Estados Unidos. Nessas áreas, a ampla 
adoção das plantações agrícolas acentuou a divisão entre o mundo dos livres, do-
minado pelos brancos, e o dos escravos, composto majoritariamente por negros. 
Nesse sentido, analisaremos algumas interpretações tradicionais e con-
temporâneas acerca da miscigenação e o papel dela na formação da sociedade 
colonial. Vejamos!
VAMOS RECORDAR?
Os hábitos e os costumes familiares no Brasil Colonial eram muito diferentes 
daqueles que temos hoje? Assista ao vídeo sobre o Museu da Família Colonial 
para descobrir! Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do am-
biente virtual de aprendizagem
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
DESENVOLVA SEU POTENCIAL
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE COLONIAL
Como se formou a sociedade brasileira? Certamente, a constituição da so-
ciedade brasileira surgiu do extraordinário encontro de povos promovido pela 
colonização, efetuada pelos portugueses. Todavia, essa não foi uma convergên-
cia totalmente amistosa. Em sua maioria, as populações que se encontraram no 
Brasil viveram intensos conflitos, os quais eram marcados pela violência e pela 
tragédia. As agressões sofridas pelos povos originários e escravos africanos retra-
tadas em pinturas, ilustrações, documentos e crônicas da época são um exemplo.
Por outro lado, a colonização colocou em contato culturas radicalmente dis-
tintas, oriundas de continentes diferentes. Dessa 
mistura, surgiram valores, códigos de comporta-
mento e sistemas de crenças típicos: uma mescla 
especificamente brasileira, originada da misci-
genação étnica.
Desde os primeiros passos da historiografia nacional, a problemática acerca 
da mescla cultural ganhou destaque. Ironicamente, foi um alemão, Karl von 
Martius, o primeiro pensador que elencou a questão relativa à mistura de povos 
como a fundadora da sociedade brasileira. 
mescla especificamente 
brasileira, originada da 
miscigenação étnica
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O livro de Martius, intitulado Como se deve escrever a história do Brasil, publi-
cado em 1845, propunha que a chave para se compreender a história brasileira 
residia no estudo do cruzamento das três raças formadoras da sociedade nacio-
nal: a branca, a indígena e a negra. 
Criado em 1838, uma das primeiras ações do Instituto Histórico e Geográfico 
Brasileiro (IHGB) foi promover um concurso de dissertações sobre como deveria 
ser escrita a História do Brasil. O intuito era incentivar a produção histórica sobre 
as identidades cultural, social e política do Brasil.
APROFUNDANDO
Figura 1 – Uma mameluca e uma cafuza da província de São Paulo,1823 / Fonte: https://bit.ly/45LlHt8. Acesso em: 24 jul. 2023.
Descrição da Imagem: a figura 
apresenta duas mulheres mes-
tiças. À esquerda, há uma mu-
lher mameluca, fruto da mistura 
entre europeus e indígenas. Ela 
possui os cabelos lisos e presos 
em um coque com uma tiara. 
Aparenta ter bócio, uma doença 
comum na época, porque o pes-
coço forma uma bola avantajada 
e grande. Usa um terço como co-
lar, um vestido longo que cobre 
os braços até o cotovelo e as 
pernas até os tornozelos, com 
os pés descalços. Ela segura, na 
mão esquerda, um chumaço de 
algodão que está fiando e enro-
lando no carretel, segurado pela 
mão direita. À direita, está uma 
mulher cafusa, oriunda da rela-
ção entre negros e indígenas. 
Possui cabelos grandes e cres-
pos, fuma um longo cachimbo 
e as roupas são simples: uma 
blusa que cobre parcialmente o 
busto e os braços até o cotovelo 
e uma saia que cobre as pernas 
até a canela. Também está com 
os pés descalços.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
Entretanto, como um naturalista ilustrado, o raciocínio de Martius seguia uma 
lógica científica. Em outras palavras, Martius pensava o hibridismo racial do 
mesmo modo como pensava o cruzamento de plantas ou animais, em que as 
características evolutivas, de melhor adaptação ao meio, sobrepunham-se. Por 
isso, acabou priorizando a contribuição portuguesa, o povo tido como “mais 
evoluído”, em detrimento dos afrodescendentes e dos povos originários. 
Apesar disso, a proposta de Martius era inovadora. Talvez, por isso, perma-
neceu silenciada no restante do século XIX. Apenas seria retomada no século XX, 
com o nascimento da República Brasileira e o ressurgimento da necessidade de 
se pensar sobre a história da sociedade nacional. 
Interpretações clássicas sobre a sociedade brasileira
O primeiro grande historiador do Brasil republicano foi Capistrano de Abreu. 
A obra do estudioso intitulada Capítulos de história colonial e publicada em 
1907 inovou em diversos aspectos a interpretação da história colonial do Brasil. 
Primeiramente, foi a responsável por incluir os povos originários como os pri-
meiros habitantes da América do Sul, tratando da história desses povos antes da 
chegada dos portugueses. Além disso, tratou da diversidade territorial da Amé-
rica Portuguesa e da disputa que Portugal travou com outras nações europeias 
para consolidar a própria presença nas terras brasileiras. 
Com Capistrano de Abreu, ocorreu o deslocamento do objeto de investigação 
da história do Brasil e da colonização portuguesa, incluindo as instituições e as 
motivações para a colônia, caracterizando a sociedade colonial com todos os 
desequilíbrios e contrastes.
No entanto, Capistrano de Abreu, como um homem do próprio tempo, via 
a mestiçagem como um perigo para as civilizações. A mescla entre portugueses, 
índios e africanos era entendida como um fenômeno que atrapalhou o desen-
volvimento do Brasil. Essa visão depreciativa sobre a miscigenação mudaria ra-
dicalmente a partir da década de 1930, com as obras de três grandes pensadores 
sociais brasileiros. 
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 Karl Friedrich Phillipp von Martius (1794-1868): 
foi um eminente médico, botânico, antropólogo e 
um dos mais destacados pesquisadores alemães a 
se dedicar ao estudo do Brasil, com especial ênfase 
para a fauna e a flora.
 João Capistrano Honório de Abreu (1853-1927): 
foi um dos primeiros grandes estudiosos da história 
do Brasil. Também desenvolveu trabalhos relevan-
tes nas áreas da etnografia e da linguística. A obra 
do estudioso é notável por uma minuciosa inves-
tigação das fontes e uma abordagem crítica dos 
eventos históricos.
 Gilberto de Mello Freyre (1900-1987): foi um re-
nomado escritor que se dedicou à ensaística para 
interpretar o Brasil sob diversas perspectivas, in-
cluindo a sociologia, a antropologia e a história. É 
amplamente reconhecido como um dos mais im-
portantes sociólogos brasileiros do século XX. A 
obra de Freyre teve um impacto significativo no 
estudo e na compreensão da sociedade brasileira.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
O livro Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, publicado em 1933, produ-
ziu uma verdadeira inflexão no modo de tratar a miscigenação. Freyre inovou 
ao adotar o conceito de cultura oriundo dos estudos em antropologia cultura-
lista com Franz Boas, nos Estados Unidos. Com isso, foi além da miscigenação 
de um ponto de vista sexual e incluiu a mescla cultural como uma marca da 
sociedade brasileira.
Por outro lado, a ideia de Freyre de que não havia preconceito racial entre os 
portugueses e que eles, pela miscibilidade, mobilidade e adaptabilidade, eram 
colonizadores excelentes, foi duramente criticada pela historiografia a partir dos 
anos de 1980. Uma falsa ideia de democracia racial se desenvolveu com a obra 
de Freyre, o que esconde os preconceitos e as violências sociais originados no 
período colonial e que perduram até hoje.
 Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982): foi um 
dos principais intelectuais brasileiros do século XX, 
com vasta produção acadêmica e literária. Atuou 
como professor universitário em diversas universi-
dades no Brasil, nos Estados Unidos, na Itália e na 
América do Sul.
 Caio da Silva Prado Júnior (1907-1990): foi um 
dos grandes intelectuais marxistas do Brasil, sendo 
o responsável pela criação da tradição historiográfi-
ca nesse campo. Foi militante do Partido Comunis-
ta Brasileiro e, por isso, sofreu com a perseguição 
política, especialmente durante a Ditadura Militar.
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De fato, Freyre foi o primeiro a explorar de forma consistente a fusão dos po-
vos e das culturas portuguesa, indígena e africana na 
formação do Brasil. O historiador Sérgio Buarque de 
Holanda foi mais contido na análise sobre a miscige-
nação. A grande obra de Holanda é Raízes do Brasil, 
publicado em 1936. 
Raízes do Brasil
No livro, Sérgio Buarque de Holanda explora as características 
da colonização portuguesa, comparando-a com outras formas 
de colonização, criando, assim, tipos de ideias para explicar es-
sas diferenças. A obra é um clássico e de leitura obrigatória para 
se entender a história da formação da sociedade brasileira.
INDICAÇÃO DE LIVRO
primeiro a explorar 
de forma consistente 
a fusão dos povos e 
das culturas
Assim como Freyre, Holanda descreveu os portugueses como um povo aberto 
à mistura e tolerante etnicamente. Por isso, a miscigenação não era vista como 
um problema. Afinal, a colonização foi encabeçada essencialmente por homens, 
logo, o relacionamento com índias e negras foi fundamental para a formação da 
população. Dessa mistura, surgiu o homem cordial, o tipo social desenvolvido 
por Holanda para explicar as características típicas da sociedade brasileira. 
O último grande intérprete do Brasil desse período foi Caio Prado Jr. Em 
Formação do Brasil contemporâneo, publicado em 1942, o pesquisador mar-
xista fez uma denúncia expondo as mazelas da escravidão, sobretudo, o aspecto 
exploratório e o racismo que existiam na sociedade colonial.
Em 1987, foi criada a Fundação Gilberto Freyre, em Recife, Pernambuco. O 
intuito é preservar e disponibilizar o vasto acervo pessoal e intelectual do 
escritor, além de incentivar estudos e pesquisas relacionados às temáticas 
freirianas. As atividades da Fundação estão disponíveis para consulta no site 
https://fgf.org.br/. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do 
ambiente virtual de aprendizagem.
EU INDICO
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
Por outro lado, a visão de Caio Prado Jr., que era extremamente focada nos aspec-
tos econômicos, leu a contribuição dos afrodescendentes e dos povos originários 
apenas do ponto de vista do trabalho.
DIVERSIDADE SOCIAL
Os homens de grosso trato e a arraia-miúda
Os intérpretes do Brasil das décadas de 1930 e 1940 ajudaram a consolidar o con-
senso econômico sobre o período colonial, concentrado no latifúndio escravista 
orientado para a exportação, liderado por uma aristocracia de fazendeirosque 
determinava de várias formas a vida social.
Na década de 1990, o historiador João Fragoso (1992) começou a publicar 
uma série de trabalhos que contestavam a visão tradicional. Para Fragoso, visuali-
zar a sociedade apenas pela ótica dos fazendeiros constitui um erro (FRAGOSO; 
FLORENTINO, 1993).
O professor Fernando Novais, da Universidade de São Paulo (USP), é conside-
rado um dos discípulos de Caio Prado Jr. Nesta aula, ministrada no Instituto 
de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o professor 
Novais discute os principais aspectos do pensamento de Caio Prado Jr. Re-
cursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de 
aprendizagem.
EU INDICO
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Fragoso sustenta que os antigos pesquisadores da economia colonial se equi-
vocaram em duas dimensões. Em primeiro lugar, ao se fixarem na perspectiva 
da economia baseada em grandes propriedades e na monocultura, acabaram 
ampliando em demasia a ênfase na orientação exportadora e negligenciaram 
a magnitude e a relevância da economia doméstica. Essa abordagem os levou 
a destacar os proprietários de terra como a elite econômica e social dominante 
na colônia. 
O que Fragoso aponta é que, em regiões, como a capitania do Rio de Janei-
ro, os chamados homens de grosso trato envolvidos nos comércios externo e 
interno eram o grupo mais dinâmico e socialmente poderoso. Por outro lado, 
para esses homens, investir em terras e escravos representava um ativo de segu-
rança, ao mesmo tempo em que lhes fornecia status e vantagens típicas de uma 
sociedade de Antigo Regime. 
Entretanto, a colônia não era composta apenas por senhores de terras, comer-
ciantes, religiosos, escravos ou índios. Existiam, também, e em grande número, 
a chamada arraia-miúda, a população que não era proprietária. Segundo Iraci 
del Nero Costa, no final do século XVIII, na capitania de São Paulo, cerca de 3/4 
das casas não possuíam escravos. 
Por outro lado, um censo feito em 1774 no arraial do Tejuco apontou que 48% 
das casas eram chefiadas por mulheres africanas libertas e a parte delas possuía 
pelo menos um escravo (FURTADO, 2001). Esses dados apontam que não era 
imprescindível que todos fossem detentores de escravos para que a escravidão se 
configurasse como a principal modalidade de trabalho na sociedade. 
O fato de um considerável contingente de brasileiros, incluindo camponeses 
e ex-escravos, poderem adquirir cativos, comprova a disseminação da escravidão 
na colônia e a ampla influência dela na vida sociocultural dos habitantes. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Qual era a principal característica da sociedade colonial?
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
Figura 2 – Lavadeiras do Rio de Janeiro, 1835 
Fonte: https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/19988. Acesso em: 25 jul. 2023. 
Descrição da Imagem: trata-se de uma gravura a qual retrata um conjunto de sete mulheres negras. Uma delas 
está carregando um filho nas costas. Outra mulher de pele clara está em volta de um pequeno córrego lavando 
roupas. Todas estão fazendo ações relacionadas ao trabalho de limpeza das roupas. À esquerda, encontra-se 
uma mulher negra sentada com roupas maltrapilhas ao lado de um cesto fechado de roupas. Ela aparenta estar 
conversando com as outras pessoas. Ao lado dela, em primeiro plano, encontra-se uma mulher negra fumando 
um cachimbo e segurando um cesto de roupas na cabeça. Ela usa um vestido longo com uma fita na cintura, um 
lenço no ombro direito, um colar e brincos. Atrás dela, há outra negra que usa blusa de manga comprida e calça. 
Ela segura um cajado na mão esquerda e também leva um cesto de roupa na cabeça. Ao lado delas, sentada em 
uma pedra, está uma mulher de pele clara usando um vestido longo e um véu que cobre a cabeça. Ela esquenta 
água em uma panela de cobre em um fogareiro ao lado do riacho. Ao lado dela, está uma mulher negra que leva 
um filho amarrado em panos nas costas, enquanto lava um pano. Em pé, no centro da imagem, está uma negra. 
Ela usa apenas caças. Está com o busto descoberto, usa um colar e segura um barril em cima de uma pedra. Ao 
lado dela, está outra negra que usa somente saia. Ela está com a parte de cima do corpo descoberta, usa um 
colar e bate roupas com a ajuda de um pau. Ao lado dela, está a última mulher da cena. Ela usa somente saia 
com a parte de cima do corpo descoberta e está apoiada sobre a roupa que lava em uma pedra ao lado do riacho.
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O feminino no Brasil Colonial
A partir da década de 1980, parte da historiografia 
brasileira, sob a influência dos historiadores fran-
ceses da escola dos Annales, passou a examinar 
as estruturas mentais, a cultura popular e a esfera 
doméstica do passado colonial. Seguindo esse ca-
minho, a historiadora Mary del Priore inovou ao 
estudar o feminino no Brasil Colonial. 
A obra de Del Priore Ao sul do corpo: con-
dição feminina, maternidade e mentalidades 
no Brasil colônia analisa os corpos femininos 
no Brasil Colonial como campos de confron-
to, tendo em vista que eles se chocavam com 
a ideologia oficial, as ações populares e os projetos do Estado. Nesse cenário, o 
pano de fundo principal era o papel que se esperava das mulheres: serem boas 
esposas e mães, com numerosa prole. 
Ao se aprofundar na documentação religiosa, inquisitorial e médica, Del 
Priori encontrou uma ideologia que retratava a mulher como a “santa mãe”. Logo, 
não havia espaço para o florescimento da sexualidade ou da autonomia feminina. 
As mulheres que contestavam esse caminho eram taxadas de pecadoras e, inques-
tionavelmente, eram associadas a doenças de todo tipo. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Qual era o papel reservado às mulheres na sociedade colonial?
Todavia, várias mulheres excepcionais conseguiram se destacar na esfera social 
durante o período colonial. O historiador Luiz Mott explora uma dessas mulheres 
em Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
No livro, Luiz Mott narra a vida de uma notável jovem africana que foi trazida 
ao Brasil como escrava no início do século XVIII. Ela enfrentou inúmeras adver-
sidades, incluindo o abuso por parte do próprio senhor e a exploração forçada 
na prostituição. No entanto, por uma inspiração divina, ela conseguiu modificar 
completamente a própria vida, transformando-se em uma beata e mística. 
Apesar de enfrentar perseguições e punições das autoridades eclesiásticas, a 
figura de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz foi amplamente reverenciada pela 
população do Rio de Janeiro no século XVIII. Além de fundar uma casa de re-
colhimento para mulheres, ela também escreveu um tratado teológico intitulado 
Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas. Entretanto, foi presa 
pela inquisição e enviada para Lisboa, onde morreu em 1771.
O interessante é que Luiz Mott usa a história de vida de Rosa Egipcíaca como 
um meio para discutir a sociedade e as estruturas mentais coloniais, dialogando 
com o sistema escravista e multirracial do Brasil. 
A África na formação da sociedade brasileira
A iniciativa governamental que incentivou o ensino sobre a História da África e 
da Cultura Afrobrasileira nas escolas promoveu uma revalorização dos estudos 
sobre a escravidão e da formação da cultura brasileira.
A partir dos anos 2000, a historiografia brasileira tem destacado a problemá-
tica dos hibridismos culturais, o que aprofundou o conceito de miscigenação, 
ao introduzir as noções de intermediários culturais e o fenômeno de mesti-
çagem cultural. Esses conceitos proporcionaram avanços na análise étnica dos 
encontros e conflitos típicos da colonização brasileira, revelando as recriações 
culturais e sociais da diáspora. 
Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil
o livro narra a história de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz 
desde a chegada dela no Brasil, como escrava, ainda criança, 
até o processo de iluminação espiritual, quando a figura dela 
passa a ser cultuada principalmente no Rio de Janeiro.
INDICAÇÃO DE LIVRO
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Nessesentido, Charles Boxer (1981), por exemplo, apontou a existência de 
um conceito de raça entre os portugueses. Fortemente ligado à ideia de genealogia 
e ascendência familiar, esse conceito foi consagrado nos estatutos ibéricos como 
a limpeza de sangue. Originalmente, era destinado para eliminar ou limitar a 
participação dos judeus na sociedade, assim como de outras raças consideradas 
impuras (mouriscos e ciganos, por exemplo). Depois, nas colônias, estendeu-se 
aos negros e aos nativos.
A revalorização da questão racial na história da colonização portuguesa do Brasil 
proporciona uma oportunidade para discutir aspectos de extrema importância e 
relacionados à estratificação social e às respectivas representações nos primeiros 
séculos da história do país. 
No Brasil Colonial, os indivíduos eram 
classificados com base na própria ascendên-
cia: mamelucos, pardos, mulatos, crioulos 
(negros escravizados nascidos na colônia), 
boçais (africanos escravizados recém-chega-
dos), mouriscos, cristãos novos, dentre outros. 
A ancestralidade sanguínea, mais do que a cor 
da pele, desempenhava um papel crucial na 
vida cotidiana da colônia. Essas classificações 
e diferenciações étnicas tiveram um impacto 
profundo na estrutura social e nas interações 
cotidianas do Brasil Colonial.
O sociólogo Jessé de Souza é um grande estudioso da formação da sociedade 
brasileira. Um dos temas de estudo de Souza é a herança da escravidão, prin-
cipalmente da escravização dos negros de origem africana. Nesse curto vídeo, 
você poderá conhecer a análise que Jessé de Souza realiza sobre as mazelas 
geradas pela escravidão que ainda permanecem vivas na sociedade brasileira. 
Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual 
de aprendizagem.
EU INDICO
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
NOVOS DESAFIOS 
Com as discussões que apresentei até aqui, você entrou em contato com os prin-
cipais conceitos usados para interpretar a formação da sociedade colonial. Você 
também estudou as principais diferenças e aproximações entre as correntes inter-
pretativas. Além disso, tomou conhecimento das bases históricas que fundamen-
tam os conceitos dialógicos utilizados pela historiografia contemporânea.
Você deve ser capaz de compreender que a sociedade colonial era diversi-
ficada e composta por diferentes camadas sociais com origens e características 
específicas. Entretanto, como uma sociedade do Antigo Regime, havia um mo-
delo estratificado e rígido de organização e controle social. 
Você também precisa reconhecer o papel da problematização da miscigenação. 
A abertura a novas chaves interpretativas e a utilização de diferentes fontes históricas 
abriu espaço para a visão da formação da sociedade colonial sob novas óticas, o que 
inclui a história das mulheres, das pessoas comuns, dos comerciantes e dos escravos.
As características únicas da sociedade colonial foram formadas a partir da 
miscigenação étnica e cultural. Entretanto, o hibridismo que nasceu dessa mistu-
ra nem sempre foi visto como positivo. Por muito tempo, houve um deliberado 
processo de branqueamento da sociedade e da história do Brasil. 
Para a sua atuação como professor(a), você 
deve ser capaz de assimilar a complexidade e a 
diversidade da sociedade colonial, fruto da mis-
cigenação única. Isso permite 
uma abertura de temas para 
exploração em sala de aula e 
instiga os alunos a verem os 
personagens históricos como 
sujeitos na história, abrindo o 
leque de práticas de ensino e 
propostas pedagógicas.
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VAMOS PRATICAR
1. Tradicionalmente, sobretudo por influência dos estudos de Gilberto Freyre, quando 
falávamos em família na Colônia logo vinha à mente o modelo patriarcal: o de uma 
família extensiva, constituída por parentes de sangue e afins, agregados e protegi-
dos, sob a chefia indiscutível de uma figura masculina. A família patriarcal teve grande 
importância, marcando inclusive, como logo veremos, as relações entre sociedade e 
Estado. Mas ela foi característica da classe dominante, mais exatamente da classe 
dominante do Nordeste. Entre a gente de condição social inferior, a família extensiva 
não existiu, e as mulheres tenderam a ter maior independência, quando não tinham 
marido ou companheiro. Em Ouro Preto de 1804, por exemplo, considerando-se 203 
unidades domésticas, apenas 93 eram encabeçadas por homens.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 43.
A partir do que você estudou neste tema de aprendizagem e do texto de Boris Fausto, 
elabore um pequeno texto respondendo à seguinte questão: quais eram as principais 
características da sociedade colonial brasileira? Justifique a sua resposta. 
2. Mas Estado e sociedade não são dois mundos estranhos. Pelo contrário, há um duplo 
movimento do Estado em direção à sociedade e desta em direção ao Estado. Esse 
movimento se caracteriza pela indefinição dos espaços público e privado.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 45.
Uma das características da sociedade colonial era a mescla entre as esferas públicas e 
privadas. Considerando o conteúdo estudado, assinale a alternativa correta:
a) De fato, havia uma separação rígida entre os espaços público e privado.
b) Não existia uma interação entre Estado e sociedade colonial.
c) Havia uma definição clara dos limites do Estado e da sociedade.
d) Havia um movimento de mão dupla, uma relação dialética entre Estado e sociedade.
e) Havia uma ausência completa de relações.
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VAMOS PRATICAR
3. Se os séculos XVI e XVII foram marcados pela gestação e consolidação de uma elite senho-
rial baseada na ocupação dos cargos da república e na participação nas principais ativida-
des econômicas, o século XVIII verá o surgimento de uma nova elite colonial: a mercantil.
SAMPAIO, A. C. J. A curva do tempo: as transformações na economia 
e na sociedade do estado do Brasil no século XVIII. In: FRAGOSO, J.; 
GOUVEIA, M. F. (org.). O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2017. v. 3. p. 290.
Considerando a formação da elite colonial no Brasil durante o século XVIII, analise as 
afirmativas a seguir:
I - O século XVIII foi marcado pela gestação e consolidação de uma elite senhorial ba-
seada na participação dos comércios interno e externo.
II - Durante os séculos XVI e XVII, a elite colonial se formou, ocupando, sobretudo, cargos 
políticos e exercendo atividades agroexportadoras, enquanto o século XVIII observou 
o surgimento de uma elite mercantil.
III - A elite mercantil, que surgiu no século XVIII, baseava-se exclusivamente na ocupação 
dos cargos da república para consolidar o próprio poder.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas. 
b) III, apenas. 
c) I e II, apenas. 
d) II e III, apenas. 
e) I, II e III.
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REFERÊNCIAS
BOXER, C. O Império Colonial Português (1515-1825). Lisboa: Edições 70, 1981. 
FRAGOSO, J. L. R. Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na Praça Mercantil 
do Rio de Janeiro, 1790-1830. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1992. 
FRAGOSO, J. L. R.; FLORENTINO, M. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade 
agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro, c. 1790-1840. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993.
FURTADO, J. F. Família e relações de gênero no Tejuco: o caso de Chica da Silva. Varia His-
toria, Belo Horizonte, n. 24, p. 33-74, 2001. 
SOUZA, L. de M. e. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. São Paulo: 
Graal, 2004.
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1. A sociedade colonial era bastante diversificada e complexa, porém algumas características 
podem ser destacadas pelo(a) aluno(a) na resposta. Ele(a) deve ser capaz de identificar que 
a exploração econômica baseada no trabalho escravo desempenhou um importante papel 
na formação da sociedade. Nesse aspecto, o(a) aluno(a) pode destacar o papel dos escra-
vos africanos e indígenas. Também pode frisar que aquela era uma sociedade de Antigo 
Regime, portanto, era bastante estratificada, ou seja, havia uma estrutura social rígida. 
Vale ressaltar que a mobilidadeexistia, apesar de não ser a norma do sistema. Finalmente, 
é possível ressaltar os papéis da miscigenação, do sincretismo e do hibridismo cultural.
2. Opção D. 
Esta interpenetração se dá, por exemplo, pelo apadrinhamento dos amigos do rei, fruto 
da herança do Estado patrimonial português. Assim, tomando, por base, a solidariedade 
familiar das classes dominantes, elas buscam abrir caminho na máquina estatal ou receber 
graças dos governantes em prol dos seus. Resulta disso um governo que é exercido não 
de acordo com os padrões de impessoalidade e respeito à lei, mas segundo critérios de 
lealdade. As outras alternativas estão incorretas, pois afirmam que Estado e sociedade 
não mantinham relações ou que elas não existiam, o que é inverossímil.
3. Opção C.
As afirmativas I e II estão corretas, pois dissertam sobre a formação de uma elite comercial 
no Brasil baseada nos comércios interno e externo. A afirmativa III está incorreta, pois 
confere poder exclusivamente à ocupação de cargos, excluindo o papel do comércio 
interno no enriquecimento da elite colonial.
GABARITO
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MINHAS ANOTAÇÕES
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UNIDADE 3
MINHAS METAS
SOCIEDADE COLONIAL TARDIA E 
AS CONTRADIÇÕES DAS IDEIAS DE 
AUTONOMIA POLÍTICA
Compreender o contexto histórico do século XVIII e as transformações sociopolíticas e econômicas 
do Império Português.
Refletir sobre as bases históricas das medidas de modernização e reestruturação dos sistemas colo-
nial e imperial promovidas pelo Marquês de Pombal.
Entender as principais características das políticas de reforma implementadas no Brasil Colonial.
Conhecer as dinâmicas interpretativas que envolvem os processos de conscientização e mobilização 
de grupos sociais coloniais.
Identificar as características das correntes historiográficas que analisam as transformações coloniais.
Relacionar os fundamentos históricos dos movimentos insurgentes com as mudanças socioeco-
nômicas e culturais da época.
Diferenciar os conceitos de autonomia política, nacionalismo e consciência nacional.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 6
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INICIE SUA JORNADA
A história do Brasil Colonial é marcada por uma série de transformações so-
ciais, econômicas e políticas que moldaram o desenvolvimento do país ao 
longo dos séculos. Desde as reformas implementadas no século XVIII até os 
movimentos de resistência que eclodiram no final desse período, o Brasil foi palco 
de uma interação complexa entre as demandas da metrópole, as aspirações das 
elites locais e as lutas das classes populares. 
Tiradentes é, hoje, considerado um herói nacional e a Inconfidência Mineira se 
tornou sinônimo de republicanismo e independência. Contudo, você sabe qual 
foi o verdadeiro papel de Tiradentes na organização do movimento? Ouça o pod-
cast e acompanhe como a trama da Inconfidência Mineira aconteceu e o motivo 
pelo qual Tiradentes acabou sendo o mártir do movimento. Recursos de mídia 
disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem 
PLAY NO CONHECIMENTO
As tentativas de modernização da estrutura do Im-
pério Português promovidas na segunda metade do 
século XVIII trouxeram desafios e oportunidades 
para o Brasil Colonial. Nesse cenário, o protago-
nismo de Marquês de Pombal, com políticas re-
formistas, tornou-se evidente. As ações de Pombal objetivavam fortalecer a relação 
metrópole-colônia e reorganizar a estrutura econômica, promovendo a exploração 
dos recursos brasileiros e o estímulo à produção agrícola e manufatureira. 
A ascensão ao trono de D. José I e o governo de Pombal foram fundamentais 
para essas transformações. As riquezas minerais do Brasil desempenharam um 
papel crucial na geopolítica internacional, principalmente na relação entre Ingla-
terra e Portugal. As medidas econômicas pombalinas, tais como as companhias 
monopolistas de comércio, buscavam reverter o declínio econômico e consolidar 
os interesses mercantis portugueses, equilibrando a relação comercial anglolusitana. 
Entretanto, essas mudanças também geraram tensões particulares. A socie-
dade colonial começou a perceber a própria identidade distinta, surgindo gra-
Entretanto, essas 
mudanças também 
geraram tensões 
particulares
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
dualmente a consciência de ser brasileiro. A Conjuração Mineira (1789) e a 
Conjuração dos Alfaiates (1798) representaram manifestações dessa busca pela 
autonomia e envolveram diferentes grupos sociais, tais como a elite, os militares 
e os negros libertos. Esses movimentos refletiam insatisfações com a opressão 
colonial, além de se relacionarem com acontecimentos externos, como a Revo-
lução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789-1799). 
Esses episódios de resistência e reivindicação de direitos apontam para a com-
plexidade do período colonial brasileiro, dado que as transformações econômicas e 
políticas, muitas vezes, entraram em conflito com as aspirações das diferentes cama-
das da sociedade. O Brasil Colonial testemunhou a interseção de interesses locais e 
globais, culminando em movimentos de contestação que contribuíram para a for-
mação da identidade nacional e o início de um novo capítulo na história brasileira.
VAMOS RECORDAR?
Acompanhe o podcast Mitos Nacionais: da chegada de Cabral ao Brasil Con-
temporâneo para entender melhor o processo de transformação dos mitos 
nacionais, principalmente dos personagens ligados ao período colonial. Re-
cursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de 
aprendizagem 
DESENVOLVA SEU POTENCIAL
UM PANORAMA DAS RELAÇÕES ENTRE BRASIL E PORTUGAL 
(1750 A 1808)
No século XVIII, as nações ibéricas, em detrimento da pequena estatura geopo-
lítica, enfrentaram um desafio premente: modernizar-se para garantir influência 
em um mundo cada vez mais competitivo. Tanto a Espanha quanto Portugal per-
ceberam a necessidade de aprimorar a eficiência governamental e consolidar os 
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impérios para alcançar essa meta. Foi nesse contexto que a ascensão de D. José I 
(1714-1777) ao trono, em 1750, trouxe consigo um personagem crucial: Sebastião 
José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal (1699-1782). As políticas dele 
desempenharam um papel decisivo ao longo do reinado, promovendo mudanças 
significativas no relacionamento entre Metrópole e Colônia. 
Ainda no governo de D. João 
V (1689-1750), Pombal serviu 
como ministro plenipotenciá-
rio de Portugal na Inglaterra. 
Nesse contexto, Pombal apro-
veitou para estudar de maneira 
aprofundada as razões que sus-
tentavam a superioridade naval 
e comercial britânica. Foi nesse 
momento que Pombal come-
çou a perceber o papel crucial 
desempenhado pelo Brasil.
Uma das observações mais impactantes de Pombal foi a de que a maior 
parte do capital gerado pelas minas de ouro do Brasil estava sendo direcio-
nada para a Inglaterra, o que a proporcionava os meios para desenvolver a 
poderosa marinha e as indústrias dela. 
A análise de Pombal revelou uma verdade: a prosperidade de Portugal estava 
diretamente ligada às flutuações da economia colonial. O ouro, o fumo e o açúcar 
brasileiros constituíam a base do complexo sistema comercial do Atlântico Sul. O 
açúcar e o fumo eram elementos lucrativos, sendo reexportados para a Espanha, 
enquanto o ouro desempenhava um papel crucial no equilíbrio do comércio e 
no financiamento de importações essenciais. 
Começou a perceber 
o papel crucial 
desempenhado pelo 
Brasil 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
Nesse cenário, o Tratado de Methuen, estabelecido em 1703, era demasiadamente 
vantajoso para a Inglaterra. Com o passar do tempo, esse acordo começou a favorecer 
desproporcionalmente a Inglaterra. Além disso, a entrada maciça de ouro e diamantes 
brasileiros exacerbou ainda mais o desequilíbrio do comércio entre os dois países.
Você sabe o que foi o Tratado de Methuen? Também conhecido como Tratado 
de Panos e Vinhos, o tratado regulamentou as relações comerciais entre Por-
tugal e Inglaterra, permitindo o comércio de panos ingleses em Portugale de 
vinhos portugueses na Inglaterra. Esse acordo foi parte das negociações que 
levaram Portugal à Grande Aliança na Guerra de Sucessão Espanhola. O nome 
advém de John Methuen, o negociador inglês do tratado.
PENSANDO JUNTOS
Novas prioridades do reinado de D. José I 
O reinado de D. José I trouxe consigo uma série de transformações que mol-
daram as prioridades do governo português em relação às próprias colônias, 
especialmente o Brasil. Uma das primeiras medidas da nova administração foi 
a reestruturação dos métodos de fiscalização da produção aurífera no Brasil. 
A coroa acolheu a proposta, originada em 1734 pelas câmaras municipais 
de Minas Gerais, que estabelecia uma contribuição mínima de 100 arrobas 
de ouro por ano. Esse recolhimento seria assegurado pelas próprias câmaras 
municipais, responsáveis pelo lançamento de um tributo local per capita 
chamado derrama, a fim de cobrir eventuais déficits. 
Para concretizar essa reforma, foram estabelecidas as Casas de Fundi-
ção, que passaram a recolher o ouro. O decreto real que introduziu esse novo 
sistema foi precedido por medidas vigorosas de controle do contrabando, ao 
mesmo tempo em que incentivava a colaboração das autoridades locais. Em 
1752, as Casas de Fundição já estavam em pleno funcionamento e, ao longo 
da década seguinte, essa reforma na coleta do quinto rendeu à Fazenda uma 
média anual de 104 arrobas de ouro. 
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Paralelamente, o governo passou a focar na proteção do comércio e dos pro-
dutores dos principais itens de exportação brasileiros: o fumo e o açúcar. Essa 
abordagem visava não apenas garantir o fluxo desses produtos, mas também 
fortalecer a economia colonial como um todo. 
Neste vídeo, Paulo Rezzutti faz um apanhado sobre as histórias do fumo e do 
café e a relação desses itens com a história do Brasil. Recursos de mídia dis-
poníveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
Os produtos essenciais para o sistema comercial luso-brasileiro (açúcar, fumo e 
ouro) foram protegidos por regulamentações legais e os interesses já estabelecidos 
foram defendidos. Além disso, casas de inspeção foram criadas para controlar os 
preços dos produtos fundamentais na colônia.
O novo papel dos povos indígenas e o conflito com os 
jesuítas
A administração pombalina foi a responsável pelo estabelecimento de um conceito 
fundamental para o futuro do território da América Portuguesa: a segurança da co-
lônia deveria ser assegurada por meio da libertação e da europeização dos indígenas. 
Todavia, a assimilação e a europeização pacífica dos índios, especialmente a 
dos missioneiros, aqueles mantidos nas missões jesuíticas, mostraram-se uma 
empreitada desafiadora.
VOCÊ SABE RESPONDER?
Por que a assimilação dos povos indígenas era fundamental para a manutenção 
das fronteiras do Brasil Colonial?
O conflito com os jesuítas era quase inevitável, dado o esforço do governo em 
povoar e explorar o vasto território do Brasil utilizando os povos indígenas como 
agentes colonizadores. A posição estratégica das missões jesuítas nos rios Ama-
zonas, Uruguai e Paraguai, pontos cruciais do sistema imperial, colocava-os em 
rota de colisão com as prioridades imperiais do momento. 
Uma das medidas mais controversas da administração de Pombal foi a expulsão 
dos jesuítas de Portugal e dos respectivos domínios em 1759, acompanhada pelo 
confisco de bens. Essa ação se alinhava com o esforço de centralizar a adminis-
tração portuguesa e evitar que ordens religiosas atuassem de forma autônoma, 
com objetivos divergentes da Coroa. 
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Para Pombal, a prosperidade na Amazônia, por exemplo, exigia a privação dos jesuítas 
do controle absoluto sobre a mão de obra indígena. Para atingir isso, uma estratégia 
era a criação de uma companhia monopolista que fornecesse mão de obra africana, 
reduzindo a dependência da escravidão indígena e diminuindo a influência jesuíta. 
O Diretório dos Índios, implementado a partir de 1757, transformou os 
aldeamentos indígenas em vilas administradas por agentes públicos, e não mais 
por religiosos. Essa medida emancipou os índios aldeados, equiparando-os aos 
outros habitantes do Brasil. A política buscava integrar os indígenas à sociedade 
colonial, incentivando a mestiçagem e a adoção de padrões de trabalho europeus. 
Por outro lado, proibia o uso das línguas nativas deles. 
Um interessante resumo sobre o Diretório dos Índios pode ser visto no site 
Memória da Administração Pública Brasileira, do Arquivo Nacional. Além do re-
sumo, você pode consultar documentos históricos diretamente ligados a esse 
período. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente 
virtual de aprendizagem 
EU INDICO
As medidas de Pombal contra as ordens religiosas faziam parte de uma estratégia 
de subordinação da Igreja ao Estado português, sem provocar conflitos diretos 
com o Papa. A Igreja, por sua vez, aceitou a expulsão dos jesuítas e, em 1773, o 
Papa Clemente XIV extinguiu a Companhia de Jesus. 
As companhias monopolistas de comércio
A criação da Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, em 7 de 
junho de 1755, introduziu o monopólio de navegação e do tráfico de escraviza-
dos. Essa medida não apenas atendia às necessidades estratégicas delineadas por 
Pombal, mas também lançava as bases para uma transformação mais profunda 
no papel dos indígenas e das relações comerciais entre a colônia e a metrópole.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
A introdução da companhia monopolista provocou reações intensas por parte 
dos negociantes ingleses em Lisboa, que viam sua influência e vantagens amea-
çadas por essa nova configuração comercial. 
Nessa mesma direção, Pombal criou a Companhia de Comércio de Per-
nambuco e Paraíba, que tinha como objetivo impulsionar o progresso dos en-
genhos de açúcar. Essa medida visava não apenas estimular o desenvolvimento 
econômico local, mas também fortalecer a posição do comércio interno. 
Você pode consultar diretamente o documento de instituição da Companhia 
Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, pertencente ao acervo da Biblio-
teca Nacional do Brasil. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital 
do ambiente virtual de aprendizagem 
EU INDICO
COMPANHIAS MONOPOLISTAS
São empresas detentoras do privilégio exclusivo de determinadas atividades 
comerciais, mercadorias ou produtos de determinada região.
GRÃO-PARÁ E MARANHÃO
A Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão foi criada em 1755 com 
o monopólio do comércio de escravizados e do transporte marítimo de produtos.
PERNAMBUCO E PARAÍBA
A Companhia de Comércio de Pernambuco e Paraíba, entre 1759 e 1780, deteve 
o monopólio das operações comerciais transatlânticas entre a capitania de Per-
nambuco e as áreas circunvizinhas.
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A participação dos membros da plutocracia colonial nos órgãos administrativos, 
fiscais e nas companhias de comércio foi um traço característico das reformas 
promovidas por Pombal no Brasil. Essa inclusão visava trazer a elite comercial 
para mais perto do poder e envolvê-la diretamente na implementação das polí-
ticas governamentais, fortalecendo, assim, a relação entre o Estado e os setores 
econômicos mais influentes. 
Cenário internacional 
O programa econômico implementado por Pombal, apesar das intenções 
ambiciosas, encontrou dificuldades significativas devido a uma série de fa-
tores internos e externos. 
A crise do açúcar e a subsequente queda na produção de ouro a partir de 
1760 foram os principais catalisadores da depressão econômica do Brasil. O im-
pacto dessas crises foi agravado pelas despesas extraordinárias da Metrópole, ne-
cessárias para reconstruir Lisboa após o devastador terremoto de 1755 e sustentar 
conflitos armados contra a Espanha pela posse da vasta região que se estendia do 
Sul de São Paulo até o Rio da Prata. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 6
Figura 1 – Retrato do Marquês de Pombal e a cidade de Lisboa 
Fonte: http://acervo.museudelisboa.pt/multimediaNET/EGEAC/2019/09/web/114082.jpg.Acesso em: 
26 set. 2023. 
Descrição da Imagem: trata-se de um óleo sobre tela que apresenta Marquês de Pombal em primeiro plano. 
Pombal é um senhor na faixa dos sessenta anos com rosto fino e esguio. Ele tem a pele muito branca e está 
sentado em uma poltrona com trajes típicos dos nobres do século XVIII. Além disso, tem cabelos grandes, enro-
lados e brancos. Veste uma blusa branca por baixo de um casaco cinza, calças até os joelhos, meiões brancos e 
sapatos sociais pretos com detalhes brilhantes. No peito carrega a Ordem de Cristo na cor vermelha. Na sala em 
que Pombal está, encontram-se vários planos, desenhos, estudos e plantas de edifícios reconstruídos por causa 
do Terremoto de Lisboa e novos projetos, como o Real Colégio dos Nobres. Ao lado esquerdo de Pombal, no fundo 
da sala, está uma maquete da estátua equestre de Dom José I. A sala se abre para um grão vão, que mostra o rio 
Tejo, cheio de pequenas e grandes embarcações, com pessoas embarcando e desembarcando dos navios. Também 
há um retrato do fluxo naval do rio. No lado direito da cena de fundo, está a Torre de Belém, que protege a foz 
do rio Tejo, e o Mosteiro dos Jerônimos. 
As ações das potências europeias em diferentes partes do mundo impactaram 
diretamente as Américas, sublinhando a importância de uma diplomacia habi-
lidosa e de uma posição forte para proteger os interesses coloniais. Em última 
análise, o cenário internacional exerceu uma influência significativa sobre as 
políticas e as circunstâncias nas Américas Portuguesas durante esse período.
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As tensões do sistema colonial
O declínio abrupto na produção mineral teve implicações profundas e desesta-
bilizadoras para o sistema colonial. Por outro lado, esse cenário econômico abriu 
um terreno fértil para o desenvolvimento industrial. 
O impacto foi sentido na balança comercial com os ingleses, resultando em um 
comércio mais equilibrado entre as duas nações. Além disso, a crescente reexpor-
tação de algodão reconfigurou os termos do intercâmbio comercial com outros 
países europeus, notadamente, a França. 
Esse momento proporcionou o florescimento de uma elite mercantil e indus-
trial que não ficou contida na metrópole. A Companhia do Grão-Pará e Mara-
nhão, por exemplo, mantinha uma fábrica de tecidos no Pará, exemplificando a 
expansão dos empreendimentos industriais na colônia. 
Na capitania de Minas 
Gerais, o governador Antônio 
de Noronha, em carta para o 
Conselho Ultramarino, em 
1775, apontou o notável cres-
cimento de muitos estabeleci-
mentos fabris. Esse fato, dizia o 
governador, poderia até amea-
çar o pacto colonial, afinal, as 
manufaturas promoviam a 
independência dos habitantes 
em relação aos produtos euro-
peus (MAXWELL, 2005).
Reformas e tensões na era pós-pombalina
Entre 1777 e 1808, a Coroa Portuguesa persistiu em suas tentativas de pro-
mover reformas, buscando se adaptar às novas circunstâncias e preservar o 
sistema colonial mercantilista. 
O reinado de Dona Maria I (1734-1816) e do Príncipe Regente Dom 
João (1767-1826) contrastou com o período anterior, pois se beneficiou de 
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um contexto propício à revitalização das atividades agrícolas na Colônia. A 
produção de açúcar, valorizada e ampliada devido à insurgência de escravos na 
ilha caribenha de São Domingos, ganhou destaque nesse período. Além disso, o 
cultivo do algodão floresceu, impulsionado pela companhia de comércio pom-
balina, e houve a quebra da produção das trezes colônias, por conta da guerra 
de independência dos Estados Unidos. 
D. MARIA I
Sinopse: o livro é uma biografia da rainha D. Maria I, que ficou 
conhecida como “a louca”. A historiadora Mary del Priori faz 
um interessante resgate da vida da monarca, desde a infância 
até a morte dela, que aconteceu no Brasil em 1816. Tentando 
desconstruir mitos em torno da figura da monarca, o livro traz 
uma leitura histórica profunda e humana de Dona Maria. 
INDICAÇÃO DE LIVRO
Enquanto isso, na década de 1780, as tensões internas dentro do sistema colonial 
começaram a aumentar, gerando divergências crescentes. A política colonial, cada 
vez mais rígida e caracterizada por um neomercantilismo, entrou em conflito 
com o crescente entusiasmo dos brasileiros pelo exemplo vitorioso da revolução 
colonial norte-americana. Essa conjuntura reduziu consideravelmente as possi-
bilidades de evitar uma crise nas relações entre a metrópole e a colônia.
As décadas que antecederam o século XIX foram marcadas por um jogo 
complexo de interesses e conflitos, à medida que o sistema colonial enfrentava 
desafios internos e externos. As aspirações dos brasileiros por maior autonomia 
e uma política colonial mais flexível se chocaram com a postura rígida e neomer-
cantilista da Coroa Portuguesa, delineando um período crucial que pavimentou 
o caminho para os eventos transformadores que estavam por vir.
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UM BRASIL INDEPENDENTE?
Contradições das ideias de autonomia política 
Os eventos relacionados às várias conspirações do século XVIII, como a 
Inconfidência Mineira (1788-89) e a Baiana (1798), sugerem uma sequência 
de conscientização e radicalismo crescente, os quais são refletidos nas propos-
tas e nos discursos dos protagonistas, além da ampliação dos grupos sociais 
envolvidos (FURTADO, 2006).
De fato, a interação e a circulação de ideias entre esses eventos foram 
bastante limitadas, assim como a mobilidade dos indivíduos envolvidos e a 
diversidade de agentes participantes. 
As diferenças entre mineiros e baianos, por exemplo, são mais acentuadas do 
que as semelhanças. Enquanto a maioria dos mineiros defendia positivamente 
as instituições do Antigo Regime português, desde que moderados os excessos 
do absolutismo, os baianos pareciam se inspirar nas transformações recentes que 
estavam ocorrendo na França. 
Cabe lembrar que, no século XVIII, a dinâmica entre elite e povo não se desenvol-
via da mesma maneira como nas democracias modernas. Na realidade do Antigo 
Regime do século XVIII, o povo era um conjunto relativamente heterogêneo e in-
definido, em que ricos e pobres, por vezes, uniam-se contra o Estado e a nobreza, 
especialmente em relação aos excessivos impostos. Nesses casos, era comum 
que os pobres buscassem a liderança e a proteção simbólica dos ricos. 
A formação da consciência nacional brasileira foi um processo complexo, influen-
ciado por fatores sociais, políticos e culturais diversos, e não pode ser reduzida a uma 
única causa ou evento. O surgimento gradual dessa consciência reflete a complexida-
de das relações coloniais e a evolução das percepções identitárias ao longo do tempo.
Os colonos começam a tomar consciência das oposições de interesse, a assimilar 
ideias revolucionárias que conduzem a atitudes não só de inovação, mas até aber-
tamente de contestação (NOVAIS, 1986).
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INCONFIDÊNCIA MINEIRA
A Inconfidência Mineira foi diretamente influenciada pelas características da 
sociedade regional e pelos agravamentos dos respectivos problemas nos últimos 
vinte anos do século XVIII. 
 “ [...] por todo o século XVIII, as Minas se viram às voltas com levantes e 
sedições e sua formação social densa mantinha os governantes e os pode-
rosos em constante sobressalto. Com o avançar do século, a insatisfação 
se enraizou no cotidiano, manifestando-se na proliferação dos quilom-
bos e nas andanças desordenadas de desocupados (SOUZA, 1989, p. 35).
Nesse período, a sociedade de Minas Gerais havia entrado em um período de 
declínio, marcado pela contínua queda na produção de ouro e pelas medidas 
implementadas pela Coroa Portuguesa para assegurar a arrecadação do quinto. 
Ao examinarmos mais detalhadamente a história pessoal dos inconfidentes, per-
cebemos que eles tinham razões particulares para o descontentamento. 
A maioria dos inconfidentes fazia parte da elite colonial, composta por mi-
neradores, fazendeiros, padres envolvidos em negócios, funcionários, advogados 
respeitados e atéum alto oficial militar, o comandante dos Dragões, Francisco de 
Paula Freire de Andrade. Todos esses indivíduos possuíam ligações com as autori-
dades coloniais na capitania e, em alguns casos, ocupavam cargos na magistratura. 
José Joaquim da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, era, em parte, uma 
exceção. Ele teve uma vida marcada por desvantagens, perdendo propriedades 
devido a dívidas e falhando em suas tentativas comerciais. Em 1775, ele entrou na 
carreira militar no posto inicial de alferes e, nas horas vagas, praticava a profissão 
de dentista, o que lhe rendeu o apelido de “Tiradentes”. 
Em 1788, uma conspiração começou a tomar forma, impulsionada pela ex-
pectativa do lançamento da derrama: um imposto a ser pago por cada habitante 
da capitania para completar a arrecadação do quinto. No entanto, esse plano não 
chegou a ser colocado em prática. Em março de 1789, o governador Visconde 
de Barbacena suspendeu a derrama, enquanto Silvério dos Reis denunciava os 
conspiradores. Silvério, que também devia à Coroa, decidiu trair os próprios 
colegas para escapar dos próprios problemas. 
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A partir desse ponto, a Coroa iniciou uma encenação para demonstrar a auto-
ridade e desencorajar as futuras rebeliões. Uma carta de clemência da rainha D. 
Maria I transformou todas as penas em banimento, exceto para Tiradentes. Em 
21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado, seguindo um ritual típico das exe-
cuções do Antigo Regime. O corpo de Tiradentes foi retalhado e a cabeça dele 
foi exposta na praça principal de Vila Rica. 
Conjuração dos Alfaiates ou Inconfidência Baiana
A Conjuração dos Alfaiates foi um movimento de resistência organizado na Bahia, 
em 1798, protagonizado por indivíduos das classes sociais marcadas pela cor e pela 
condição social, como mulatos e negros livres ou libertos. A maioria deles estava 
envolvida em profissões urbanas, como artesãos e soldados, sendo destacados vários 
alfaiates, que deram nome à conspiração. Mesmo entre os brancos envolvidos, a ori-
gem popular predominava, com exceção notável do médico Cipriano Barata. 
VOCÊ SABE RESPONDER?
Você sabe quais eram as motivações dos inconfidentes mineiros? Por que eles 
estavam descontentes com as medidas das autoridades reais?
Ser Republicano no Brasil. 
Sinopse: a historiadora Heloísa Starling faz um incrível apanhado 
da tradição republicana na história do Brasil Colonial. Com uma 
densa obra de história intelectual, Starling resgata inúmeras re-
voltas que dialogam com os conceitos republicanos, dentre elas, 
a Conjuração Baiana, que ela chama de República Bahiense.
INDICAÇÃO DE LIVRO
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O contexto da conspiração está ligado ao cenário geral de rebeliões que surgiram 
no final do século XVIII, relacionando-se também com as difíceis condições de 
vida da população em Salvador. A escassez de alimentos e os altos preços geraram 
diversos motins na cidade entre 1797 e 1798. 
Os conspiradores almejavam a proclamação de uma República, o fim da es-
cravidão, o livre comércio, o aumento dos salários dos militares e a punição de 
padres contrários à liberdade. Embora o movimento não tenha sido concretizado, 
além de alguns panfletos lançados e várias articulações, o governo iniciou prisões 
e obtenção de delações. Quatro dos líderes foram enforcados e esquartejados, 
enquanto os outros receberam penas de prisão ou banimento. 
A severidade das punições foi desproporcional à gravidade das ações e às 
chances de sucesso dos conspiradores. Essa dureza pode ser explicada pela ori-
gem social dos acusados e por diversas circunstâncias, incluindo o temor de 
rebeliões de negros e mulatos. A insurreição de escravizados na ilha de São Do-
mingos, colônia francesa nas Antilhas, iniciada em 1791 (que só terminaria em 
1801, com a criação do Estado independente do Haiti), estava em pleno curso. 
Além disso, a Bahia enfrentava crescentes motins de negros, uma situação 
alarmante tanto para a Coroa quanto para a elite colonial, considerando que a 
população de cor (negros e mulatos) correspondia à maioria da população da 
capitania. A Conjuração dos Alfaiates representou um episódio significativo de 
resistência popular e um reflexo das tensões sociais e políticas da época.
Assista ao vídeo preparado para você saber mais sobre a sociedade colonial 
tardia e as contradições das ideias de autonomia política. Recursos de mídia 
disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem 
EM FOCO
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NOVOS DESAFIOS
Com as discussões que apresentei até aqui, você entrou em contato com os princi-
pais conceitos utilizados para interpretar a sociedade colonial tardia e as contra-
dições das ideias de autonomia política. Além disso, você tomou conhecimento 
das bases históricas que fundamentam os conceitos de reformas pombalinas, 
insurgências, como a Inconfidência Mineira e a Conjuração dos Alfaiates, e as di-
nâmicas de transformação econômica e social que permearam o cenário colonial. 
Você deve ser capaz de compreender que as mudanças políticas e econômicas 
do século XVIII, impulsionadas por figuras, como Marquês de Pombal, provoca-
ram tensões e questionamentos sobre a relação entre as colônias e a metrópole. 
Essas tensões se refletiram nas insurgências e nos movimentos que buscavam 
maior autonomia política e econômica. 
Você também deve reconhecer o papel da problematização das bases do 
sistema colonial, em que os anseios de liberdade, igualdade e autonomia con-
trastavam com a manutenção de estruturas sociais e econômicas desiguais e 
opressivas. As características das diferentes revoltas, como a Inconfidência 
Mineira e a Conjuração dos Alfaiates, refletem a diversidade de contextos e 
interesses presentes na sociedade colonial. 
Entretanto, as idiossincrasias da América Lusa proporcionaram o sur-
gimento de mecanismos dialéticos que progressivamente fundamentaram 
a constituição de um Brasil independente. A luta por autonomia política e a 
contestação das práticas coloniais plantaram sementes que floresceriam no 
processo de independência do Brasil. 
Para a sua atuação como professor(a), você deve explorar esses temas em 
sala de aula, fomentando o debate e a reflexão crítica dos estudantes. Isso 
permite uma abertura de temas para a exploração em sala de aula e instiga os 
alunos a verem os personagens históricos como sujeitos na história, abrindo 
o leque de práticas de ensino e propostas pedagógicas. 
Ao abordar as nuances e as contradições do período colonial, você estará 
capacitado(a) a despertar o interesse dos alunos pelo estudo da história e a 
incentivá-los a refletir sobre as transformações que moldaram o Brasil e a 
respectiva identidade como nação.
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VAMOS PRATICAR
1. No Brasil, a consolidação do domínio português nas fronteiras do Norte e do Sul pas-
sava, segundo Pombal, pela integração dos índios à civilização portuguesa. Se não se 
contasse com uma população nascida no Brasil identificada com os objetivos lusos, 
seria inviável assegurar o controle de vastas regiões semi despovoadas.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 69.
Tendo, como base, o enunciado e o que você aprendeu, qual foi a medida que regulamen-
tou a introdução dos povos originários como membros efetivos do Império português? 
Assinale a alternativa correta:
a) A expulsão dos Jesuítas em 1759.
b) O apresamento de índios.
c) O estímulo às missões.
d) O Diretório dos Índios de 1757.
e) A Guerra Justa contra os indígenas.
2. Nas três últimas décadas do século XVIII, um punhado de colonos, especialmente em 
Minas e na Bahia, fixou o uso desse termo em definitivo e tratou de alterar a natureza 
e o papel das revoltas que protagonizou. Esses colonos transformaram a ambição pela 
autonomia e o desejo de autogoverno em um novo tipo de rebelião, ao qual deram o 
nome de Conjuração: forma específica de conspiração política em que os participantes 
estão dispostos a contestar o poder do rei e a autoridade da Coroa.
SCHWARCZ,L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015.
Considerando a modernização e os movimentos de resistência no Brasil Colonial, analise 
as afirmativas a seguir:
I - As políticas reformistas de Pombal visavam consolidar o domínio absoluto da Coroa 
Portuguesa sobre as colônias, restringindo qualquer forma de autonomia local.
II - A Conjuração dos Alfaiates na Bahia, em 1798, envolveu principalmente a elite co-
lonial, que buscava o estabelecimento de uma monarquia absolutista independente 
de Portugal.
III - Os movimentos de resistência no Brasil Colonial, como a Conjuração Mineira, foram 
influenciados pelas transformações políticas externas, como a Revolução Americana, 
que inspirou a busca por autonomia e identidade própria.
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VAMOS PRATICAR
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
3. O novo reinado e a proeminência do futuro Marquês de Pombal tinham-se revelado 
um cauteloso e constante desafio à influência e ao domínio ingleses, visando estabe-
lecer um relacionamento mais equilibrado entre os dois aliados. Carvalho e Melo, com 
diversas técnicas, tentou corrigir a posição semicolonial em que Portugal se situara 
em relação à Inglaterra. 
MAXWELL, K. A devassa da devassa. A Inconfidência Mineira: Brasil e Portugal 1750-
1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. p. 45.
Qual foi o principal objetivo das políticas reformistas de Marquês de Pombal no Brasil 
Colonial durante o século XVIII? Assinale a alternativa correta:
a) Promover a independência das colônias americanas.
b) Expandir o território colonial a partir de conquistas militares.
c) Fortalecer os laços culturais entre Portugal e as respectivas colônias.
d) Reorganizar a estrutura econômica e fortalecer a exploração dos recursos brasileiros.
e) Estabelecer um sistema de governo democrático nas colônias.
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REFERÊNCIAS
FURTADO, J. P. Das múltiplas utilidades das revoltas: movimentos sediciosos do último quar-
tel do século XVIII e sua apropriação no processo de construção da nação. In: MALERBA, J. 
(org.). A independência brasileira: novas dimensões. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p. 99-121.
MAXWELL, K. A devassa da devassa. A Inconfidência Mineira: Brasil e Portugal 1750-1808. 
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
NOVAIS, F. A. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). São 
Paulo: Hucitec, 1986.
SOUZA, L. de M. e. Ricos, os pobres e a revolta nas minas do séc. XVIII (1707-1789). Análise & 
Conjuntura, Belo Horizonte, v. 4, 1989.
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1. D . 
Em 1757, entrou em vigor o Diretório dos Índios, que continha a legislação elaborada pela 
Coroa Portuguesa para integrar os indígenas na sociedade colonial, diminuir o poder je-
suíta e estimular o aumento populacional. As demais alternativas estão incorretas, pois 
apresentam movimentos agressivos em relação aos povos originários, como a Guerra 
Justa e o apresamento. As missões eram aldeamentos chefiados pelos jesuítas que foram 
abolidas durante o reinado de D. José I, que também expulsou essa ordem religiosa de 
todos os domínios de Portugal, em 1759. Nesse ponto, a questão indígena era apenas uma 
das outras questões que envolviam o trabalho dos jesuítas no Império. 
2. B . 
A afirmativa I está incorreta, pois as políticas reformistas de Pombal buscavam reorganizar 
a economia e fortalecer a exploração dos recursos brasileiros, mas não necessariamente 
consolidar o domínio absoluto da Coroa. A afirmativa II está incorreta, pois a Conjuração 
dos Alfaiates envolveu principalmente grupos sociais, como mulatos, negros livres ou 
libertos e alguns escravos, e não apenas a elite colonial. A afirmativa III está correta, pois 
os movimentos de resistência foram influenciados por transformações políticas externas, 
como a Revolução Americana, que inspirou a busca por autonomia e identidade própria.
3. D . 
A alternativa D é a correta, pois descreve corretamente o objetivo das reformas de Marquês 
de Pombal, que visavam reorganizar a economia colonial e fortalecer a exploração dos 
recursos brasileiros para beneficiar a metrópole. De forma alguma o governo de Pombal 
tentou promover um governo democrático ou incentivar a independência das colônias, 
assim como afirmam as alternativas A e E. Certamente, o objetivo das reformas do go-
verno de Pombal era fortalecer os laços coloniais, mas não com objetivos culturais, assim 
como afirma a alternativa C.
GABARITO
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MINHAS ANOTAÇÕES
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MINHAS ANOTAÇÕES
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MINHAS METAS
DA PERIFERIA PARA O CENTRO: O 
BRASIL COMO SEDE DO IMPÉRIO 
ULTRAMARINO PORTUGUÊS
Compreender a mudança da Corte Portuguesa para o Brasil. 
Refletir sobre a transferência da Corte, incluindo as Guerras Napoleônicas e a fragilidade 
do Império português.
Entender as transformações surgidas a partir da família real, incluindo as mudanças políti-
cas e econômicas.
Conhecer as dinâmicas interpretativas desse momento, os diferentes pontos de vista e a 
análise dessa fase por diferentes historiadores.
Identificar as características das correntes historiográficas sobre a transferência da Corte, 
destacando o papel da Grã-Bretanha, as mudanças econômicas e os impactos socioculturais.
Relacionar os fundamentos históricos da transferência da Corte com os contextos 
internacionais.
Definir o papel da influência britânica no Brasil e entender como isso moldou a relação 
entre os dois impérios.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 8
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INICIE SUA JORNADA
No tumultuado cenário do início do século XIX, uma decisão de proporções 
monumentais mudaria, de forma decisiva, as relações entre Brasil e Portugal. O 
motor dessa virada histórica foi a ambição territorial de Napoleão , que almejava 
redesenhar o mapa europeu sob os desígnios franceses. Diante do desastre da 
batalha de Trafalgar (1805), em que os britânicos conseguiram repelir a marinha 
francesa, destruindo-a, Napoleão optou por continuar a guerra contra a Inglaterra 
pela via comercial. Em 1806, decretou o bloqueio continental ao comércio 
inglês e Portugal se viu encurralado entre a pressão francesa e a aliança política 
e comercial com os britânicos .
O dilema de Portugal desencadeou uma série de tratados, alianças e peque-
nos conflitos, frutos da tentativa portuguesa de manter o status de país neutro. 
Internamente, ministros e conselheiros reais debatiam o apoio à França ou à In-
glaterra. Em agosto de 1807, Napoleão enviou um ultimato ao príncipe regente D. 
João, exigindo a adesão ao bloqueio, a declaração de guerra contra os ingleses e o 
confisco dos bens e a prisão dos britânicos em solo lusitano. O não cumprimento 
resultaria na invasão francesa e na queda da dinastia de Bragança.
Diante do dilema existencial, D. João recorreu ao próprio Conselho de Estado, 
em que as facções opostas se enfrentaram. O “partido francês”, liderado por Antônio 
de Araújo e Azevedo, o Conde da Barca, apoiava uma aliança com Napoleão, 
aos moldes do que a Espanha de Carlos IV tinha feito. O lado “inglês”, liderado 
por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, o Conde de Linhares, defendia a guerra de 
resistência e a mudança da corte para o Brasil. 
Você sabe o que foi a Convenção Secreta assinada em 1807 entre Portugal e In-
glaterra? Esse foi o documento que concretizou a transferência da família real para 
o Brasil. Ouça o podcast para descobrir o contexto e os principais pontos dessa 
convenção que mudou radicalmente a posição do Brasil na geopolítica mundi-
al. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de 
aprendizagem.
PLAY NO CONHECIMENTO
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TEMA DE APRENDIZAGEM 8
Com a invasão francesa iminente, a transferência da família real se cristalizou como a 
única opção. Na madrugada de 29 de novembro de 1807, a corte partiu para o Brasil, 
poucas horas antes de as tropas francesas, lideradas pelo general Junot, alcançarem Lis-
boa. O evento dramático, no entanto, carregava uma complexidade maior. A transferên-
ciada corte era fruto de uma intrincada história de interesses e conexões transatlânticas .
A chegada da corte à cidade do Rio de Janeiro foi um evento histórico sem 
precedentes. Pela primeira vez, o centro do poder monárquico foi transferido para 
a colônia . Isso trouxe profundas implicações para a 
política e a estrutura do Império Luso-Brasileiro. A 
inversão brasileira é vista como um divisor de águas 
político e institucional fundamental para entender a 
busca pela autonomia e independência do Brasil. 
“Com efeito, a vinda da Corte provocou a subversão dos papéis. A Terra de 
Santa Cruz transmutou-se de colônia em metrópole, fenômeno histórico que Sílvio 
Romero denominou inversão brasileira” (GUIMARÃES, 2011, p. 129, grifo nosso).
O Rio de Janeiro emergiu como um novo epicentro de poder. Essa mudança 
levanta uma questão crucial: até que ponto essa nova estrutura representou uma 
ruptura com o passado colonial? A nova autoridade central instaurada no Rio 
de Janeiro permitiu o desenvolvimento da autonomia dos domínios coloniais, 
estabelecendo um novo paradigma político, jurídico e institucional.
A partida da Corte Portuguesa para o Brasil não apenas marcou um ponto de virada 
na relação entre a metrópole e a colônia, mas também inaugurou uma nova fase de 
redefinição de poder e autonomia . Esse evento complexo 
continua a ecoar nas narrativas históricas, iluminando as 
nuances do processo de construção da nação brasileira e 
do relacionamento dela com a geopolítica global. 
Inaugurou uma 
nova fase de 
redefinição de poder 
e autonomia 
O centro do poder 
monárquico foi 
transferido para a 
colônia 
VAMOS RECORDAR?
Para aprofundar a sua compreensão sobre os papéis de Portugal e de D. João VI no 
intricado jogo geopolítico que levou à transferência da Corte para o Brasil, assista à 
conferência do professor José Jobson de Andrade Arruda, intitulada Sob a tutela inglesa. 
https://youtu.be/hquutX6LbVM 
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A DELICADA POSIÇÃO DE PORTUGAL NO TEATRO EUROPEU
O ano de 1806 marcou o acirramento da luta de Napoleão contra a Inglaterra 
com a assinatura do Decreto de Berlim, que impunha um bloqueio às ilhas 
britânicas, incluindo qualquer contato, comercial, ou não. Essa decisão desenca-
deou uma luta pelo controle dos últimos portos neutros e das frotas ancoradas. 
O Decreto de Berlim, promulgado por Napoleão Bonaparte em 21 de novembro 
de 1806, introduziu a política conhecida como Bloqueio Continental durante o 
reinado. Essa diretriz tinha como principal objetivo proibir a entrada de navios 
provenientes da Grã-Bretanha e da Irlanda nos portos das nações sob o domí-
nio do Primeiro Império Francês (1804-1814). Dessa forma, Napoleão almejava en-
fraquecer a economia britânica e isolar a própria influência, consolidando o poder 
da França na Europa continental.
APROFUNDANDO
Os países que ainda mantinham um status de neutralidade eram Portugal, Suécia 
e Dinamarca. Dos três, os mais importantes eram Portugal e Dinamarca. Por isso, 
em 1807, os ingleses fizeram um ataque preventivo ao porto de Copenhague, 
destruindo a infraestrutura e capturando a frota dele (ARRUDA, 2022).
Com o conflito entre as grandes potências em efervescência, os olhos do 
mundo se voltaram para Lisboa, um porto estratégico no Atlântico que se mostrava 
crucial para a navegação mercante britânica.
VOCÊ SABE RESPONDER?
Você sabe o motivo pelo qual o porto de Lisboa era estratégico para o comércio 
marítimo inglês?
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TEMA DE APRENDIZAGEM 8
Portugal se viu em uma posição delicada. Os portos marítimos eram estrategi-
camente situados para o comércio atlântico e desempenhavam um papel vital 
para os britânicos como ponto de acesso à Europa, 
além de serem um ponto-chave do Império portu-
guês , um centro de compensação para o comércio 
brasileiro, do qual a Grã-Bretanha se beneficiava 
grandemente.
Por outro lado, a posição geográfica privilegiada de Lisboa a tornava vul-
nerável. Para Napoleão, Portugal era uma incômoda brecha em seu Sistema 
Continental e sua frota era cobiçada pelo imperador, que precisava reconstruir 
a marinha francesa. 
Estrategicamente 
situados para o 
comércio atlântico 
Segundo o historiador José Jobson A. Arruda (2022, p. 21), “o Sistema Continental 
era um conjunto mais amplo de medidas de caráter político-institucional imposto 
aos países subjugados por Napoleão como parte de sua estratégia de dominar o 
mercado europeu. Essencialmente, essa estratégia envolveu o fechamento total 
das rotas de acesso das mercadorias britânicas ao continente, o que incluiu o blo-
queio dos portos suecos, dinamarqueses e portugueses”.
APROFUNDANDO
Enquanto isso, rumores circulavam sobre atividades incomuns nas docas do cais 
de Belém. De fato, ações estavam sendo realizadas em sigilo. Reparos na frota 
portuguesa foram acelerados, e autoridades de alto escalão supervisionavam 
pessoalmente os trabalhos. Grandes engradados de mercadorias eram carregados 
nos navios de carreira.
Por fim, a decisão foi tomada: não apenas a família real, mas também a Corte, 
o governo e a elite portuguesa partiriam para o Rio de Janeiro . Os britânicos, há 
tempos, vinham sugerindo essa alternativa, oferecendo escolta na travessia do 
Atlântico em troca do status de parceiro comercial preferencial do Brasil. 
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Carlota Joaquina Princesa do Brazil
Sinopse: o filme é uma comédia que aborda, de forma satíri-
ca, a vida da princesa Carlota Joaquina (Marieta Severo), es-
posa do príncipe regente de Portugal D. João (Marco Nanini). A 
princesa se sentiu tremendamente contrariada quando a Corte 
Portuguesa veio para o Brasil, tendo uma grande sensação de 
alívio quando foi embora.
Comentário: apesar de reforçar os estereótipos sobre os per-
sonagens históricos e o processo de transferência da Corte, o 
filme é um retrato da mitologia que se formou sobre esse mo-
mento da história brasileira. 
INDICAÇÃO DE FILME
Para D. João, a fuga representava uma oportunidade para recomeçar, apagando 
as adversidades europeias. D. João era o segundo filho da rainha D. Maria I e 
enfrentou uma tarefa espinhosa ao assumir a regência oficialmente em 1799. D. 
João não tinha sido preparado para ser rei, mas a morte precoce do irmão, D. 
José, e a demência da mãe, acabaram colocando-o no centro do poder. 
Todavia, D. João resistiu a enganos diplomáticos e incertezas, liderando Portugal 
por um período complexo, sobrevivendo, enquanto outros monarcas eram derrubados.
Em retrospecto, a transferência estratégica da corte para o Brasil não apenas 
revelou as nuances das relações internacionais da época, mas também marcou o 
início de um capítulo crucial nas histórias de Brasil e Portugal. Não apenas aba-
lou o equilíbrio de poder, mas também plantou sementes de uma mudança que 
ecoaria nos anos seguintes. Além disso, a transferência revelou as complexidades 
das alianças internacionais e das lutas pelo controle das rotas comerciais. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 8
A CHEGADA HISTÓRICA
A Família Real no Brasil
Em 22 de janeiro de 1808, a família real pisou em solo brasileiro pela primeira 
vez, na cidade de Salvador. Esse foi um acontecimento singular na história do 
colonialismo europeu. Até então, nenhum monarca no poder havia atravessado 
o oceano para chegar às Américas , muito menos para estabelecer uma Corte ali. 
Após as cerimônias de boas-vindas, D. João, seu filho, Pedro, e sua mãe, a 
rainha Maria I, desembarcaram para uma semana de descanso no palácio do 
governador. No entanto, D. João se deparou com um problema: o porto de Sal-
vador estava lotado de navios aguardando a partida, carregados de mercadorias 
destinadas à Europa. Os armazéns abarrotados de produtos agrícolas começavam 
a apodrecer, e o comércio estava paralisado desde a tomada de Lisboa pelas tropas 
de Junot (WILCKEN, 2005).
De fato, a solução já havia sido estipulada em um acordo secreto com a Grã-Bre-
tanha: a abertura dos portos do Brasil à navegação de todas as nações amigas. Foi isso 
o que D. João fez logoem 28 de janeiro de 1808. 
Planos para o Brasil Porojetos para o Muno
Sinopse: a obra do professor José Jobson A. Arruda mergulha 
em um período decisivo para as histórias de Brasil e Portugal. 
Ao desvendar os meandros da Convenção Secreta, o histori-
ador esclarece o papel do Brasil no novo projeto imperialista 
inglês.
INDICAÇÃO DE LIVRO
A abertura aos países “amigos” essencialmente beneficiava a Grã-Bretanha, a 
única potência marítima que não estava aliada a Napoleão. Por outro lado, eliminou 
um ônus econômico colonial. Contudo, essa notícia não agradou a todos: o 
decreto enfrentou a resistência dos agentes da frota mercante luso-brasileira, que 
viram os próprios privilégios em cheque. 
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Após um mês de descanso em Salva-
dor, a família real ainda estava longe de 
entender a extensão da empreitada que 
haviam iniciado. Transportar milhares 
de pessoas, toneladas de documentos e 
o Tesouro Real pelo oceano Atlântico foi 
uma tarefa épica diante do cenário tur-
bulento da época. As guerras revolucio-
nárias e a expansão de Napoleão haviam 
sacudido a ordem europeia, e as cortes 
enfrentavam desafios extremos para so-
breviver à agitação global. A chegada da família real marcaria o início de uma 
nova fase nas histórias de Brasil e Portugal.
A terra prometida ou a solução estratégica
Há tempos, os conselheiros reais da corte de Lisboa enxergavam o Brasil como 
a terra prometida, uma utopia de que eles próprios poderiam um dia habitar. 
Inicialmente embasada em um viés religioso e milenarista, essa ideia logo se 
transformou em uma análise pragmática da relação entre Portugal e as respec-
tivas colônias. 
 ■ Essa mudança representou uma solução para o dilema intrínseco a um 
Império em declínio: Portugal era o ponto fraco desse império e a con-
dição dele de Estado frágil e constantemente ameaçado pelos rivais eu-
ropeus colocava em risco toda a rede global de colônias que o sustentava.
 ■ “Ir para o Brasil e aí estabelecer um grandioso império não foi uma ideia 
nova. Aliás, o translado da família real para cá era uma possibilidade 
acalentada havia tempos, sempre ventilada nos momentos em que a rea-
leza se sentia ameaçada em sua soberania” (SCHWARCZ; STARLING, 
2015, p. 156).
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TEMA DE APRENDIZAGEM 8
Figuras importantes de Portugal, como o padre Antônio Vieira e os diplomatas 
D. Luís da Cunha e D. Rodrigo de Sousa Coutinho, foram defensores da reorde-
nação do Império Luso, defendendo o Brasil como centro por sua importância 
estratégica e econômica .
A instabilidade política provocada pela expansão territorial do Império Fran-
cês, sob o comando de Napoleão, deixou Portugal vulnerável. Foi nesse contexto 
que a ideia de transferir a corte para o Brasil, com o Rio de Janeiro emergindo 
como o destino mais provável, ganhou força. 
Por outro lado, essa opção não era uma válvula de escape exclusiva dos inte-
resses portugueses. Também estava alinhada aos interesses britânicos, que viam, 
na quebra do exclusivismo metropolitano, uma oportunidade única de conquis-
tar o mercado brasileiro. 
A vinda da família real para o Brasil em 1808 ocorreu por conta da delicada posição 
de Portugal na conjuntura política e militar na Europa. Por muito tempo, a trans-
ferência da Corte foi retratada em livros, filmes e minisséries de forma caricata, 
como uma fuga feita às pressas enquanto as tropas de Napoleão invadiam Lisboa. 
Entretanto, trabalhos de historiadores, como José Jobson Arruda, Rafael Cariello 
e Thales Z. Pereira, buscam compreender esse momento à luz do jogo geopolíti-
co, mostrando como essa travessia, na verdade, fez parte de um plano elaborado 
entre Inglaterra e Portugal, que tinha como objetivo garantir a sobrevivência do 
Império Português. 
PENSANDO JUNTOS
Chegada triunfal no Rio de Janeiro
Em 1808, a cidade do Rio de Janeiro já contava com cerca de 60 mil habitantes, 
uma população considerável para os padrões da época (WILCKEN, 2005). Em-
bora o porto fosse movimentado e viesse a se tornar uma importante porta inter-
nacional após as Guerras Napoleônicas, a cidade permanecia isolada por terra.
A chegada repentina de milhares de portugueses representou um aumento 
substancial na população do Rio de Janeiro e teve um impacto imediato nos 
habitantes da cidade. Algumas medidas drásticas foram necessárias para acomo-
dar os recém-chegados. Antes mesmo da chegada da frota, o vice-rei do Brasil, 
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D. Marcos de Noronha e Brito, o Conde Arcos, invocou uma lei que autorizava a 
Coroa a confiscar casas particulares. Assim, funcionários governamentais percor-
riam a cidade, selecionando as casas mais adequadas para os padrões da Corte.
As primeiras semanas foram marcadas por um senso iminente de urgência, 
com os membros da corte empenhados em reestabelecer a normalidade gover-
namental . Apenas três dias após desembarcar no Rio de Janeiro, D. João tomou 
a iniciativa de nomear um novo Ministério: Rodrigo de Sousa Coutinho foi es-
colhido para liderar o novo governo.
A Corte no Exílio
Sinopse: o grande destaque do livro do historiador Jurandir 
Malerba é a abordagem sobre as mudanças vividas pela elite 
colonial, tanto nas práticas sociais quanto políticas, provocadas 
pela transferência da corte. Essas modificações teriam reflexo 
direto no processo de independência do Brasil.
INDICAÇÃO DE LIVRO
O volume de trabalho era imenso, afinal, incontáveis caixotes repletos de arqui-
vos, documentos estatais, correspondências ministeriais e livros, que haviam 
viajado na frota, precisavam ser organizados em suas devidas posições. 
Era urgente o movimento de solidificação da estrutura institucional. 
 “ De um modo geral, o conjunto dos instrumentos legais emitidos 
ainda em 1808 demonstra que se delineava um amplo programa 
de organização e estruturação política, econômica e institucional 
que iria atingir todas as áreas do governo (MARTINS, 2017, p. 613).
D. João também instaurou um sistema de concessão de honrarias que deu origem 
à nobreza brasileira. Fazendeiros, proprietários de escravos e prósperos comer-
ciantes foram agraciados com os títulos de marquês, conde, barão e cavaleiro, 
fortalecendo ainda mais a popularidade do príncipe regente. 
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TEMA DE APRENDIZAGEM 8
EU INDICO
O processo de representação imagética da realeza possui uma importância 
simbólica vital para as monarquias. Foi por isso que D. João VI trouxe para o Brasil 
a missão artística francesa. No artigo A representação da realeza no Brasil: uma 
análise dos retratos de D. João VI e D. Pedro I, de Jean-Baptiste Debret, Eliane Dias 
analisa alguns retratos, com o intuito de demonstrar as características simbólicas 
das representações dos monarcas e seus descendentes. 
https://www.scielo.br/j/anaismp/a/DWMYBjVng46nfMpzjf7P3nB/ 
A instauração de uma nobreza brasileira por meio das concessões de títulos não 
apenas reforçou a influência de D. João, mas também criou uma elite que estava 
alinhada com os interesses da Coroa . Os títulos aristocráticos serviam como 
um reconhecimento público daqueles que haviam contribuído para o bem-estar 
do reino e da metrópole, estabelecendo uma ligação mais profunda entre a elite 
colonial, que, agora, fazia parte do poder central.
Outra questão fundamental era a readequação do Rio de Janeiro ao status 
de sede imperial. Essa tarefa ficou a cargo do brasileiro Paulo Fernandes Viana. 
Enquanto o Rio de Janeiro passava por uma transformação significativa, as 
fundações da governança também estavam sendo reestabelecidas. Sob a liderança 
de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, o novo governo trabalhava para restaurar a 
estabilidade e a funcionalidade . A mudança não foi apenas simbólica, um esforço 
real estava sendo feito para criar uma estrutura institucional que pudesse atender 
às necessidades da Corte e da população em geral.
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O plano comercial britânico
Enquanto isso, a Grã-Bretanha estava determinada a estabelecer um comércio 
estratégico com o Brasil , visando transformá-lo em um centro para os produtosbritânicos, destinados a toda a América do Sul. A intenção era induzir os co-
merciantes britânicos a fazerem do Brasil um ponto central para os próprios 
negócios na região.
Foi por isso que o Lorde Strangford, Percy Clinton Sydney Smythe, seguiu 
para o Rio de Janeiro, poucos meses depois da partida da família real. O objetivo 
de Lorde Strangford, como diplomata britânico, era a promoção de um tratado 
comercial, de acordo com o projeto elaborado pelo próprio George Canning, 
ministro das relações exteriores, em Londres. O tratado buscava transferir para o 
Brasil os privilégios comerciais que a Grã-Bretanha havia desfrutado em Portugal. 
A abertura dos portos foi o primeiro passo. Rapidamente, os portos brasi-
leiros, especialmente o cais do Rio de Janeiro, ficaram abarrotados de produtos 
britânicos. Inúmeros comerciantes britânicos se estabeleceram no Brasil. Os britâ-
nicos não apenas dominaram a alfândega, regulando o comércio, mas também 
se tornaram os principais credores do tráfico de escravos .
VOCÊ SABE RESPONDER?
Por que os britânicos desejavam dominar o mercado brasileiro?
Após várias reuniões, Strangford conseguiu convencer D. João a aceitar os ter-
mos propostos por Canning. O tratado comercial assinado em 1810 reforçou 
a influência britânica e decretou a morte do exclusivismo metropolitano. Os 
comerciantes britânicos receberam o direito de ter os próprios representantes 
judiciais e os navios de guerra britânicos teriam acesso ilimitado às águas bra-
sileiras. Eles teriam liberdade de culto e poderiam negociar e ter propriedades 
sem restrições. Além disso, os níveis tarifários estipulados para os comerciantes 
britânicos eram ligeiramente mais baixos do que os concedidos aos próprios 
portugueses e brasileiros.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 8
A proibição britânica sobre a importação de escravos para as colônias criou um 
dilema complexo. O Brasil dependia fortemente do tráfico de escravos. Embora a 
Grã-Bretanha estivesse pressionando pela proibição completa desse comércio, D. 
João foi hábil em se esquivar desse problema ao prometer que retomaria a questão 
no devido tempo. Enquanto isso, os comerciantes britânicos sediados no Brasil 
lucravam com o comércio de escravos. 
Uma Corte brasileira
Enquanto D. João reconstruía a Corte no Rio de Janeiro, as tropas luso-britânicas 
conseguiram expulsar os soldados franceses e espanhóis de Portugal. O confronto 
perdurou por quase quatro anos, terminando com a expulsão definitiva dos fran-
ceses em 1811, após a batalha do Buçaco, liderada pelo general inglês Wellesley, 
o Duque de Wellington. 
No entanto, o impacto da guerra foi profundo. A economia foi abalada, a agri-
cultura e a indústria estavam em ruínas. O reino português estava à deriva. Por 
séculos, o sustentáculo da economia portuguesa foi o exclusivismo colonial, mas, 
quando o príncipe D. João chegou ao Brasil, em 1808, e abriu os portos ao comércio 
internacional, esse ciclo encontrou seu fim. 
Um dilema surgiu para a monarquia portuguesa: era hora de voltar para a 
Europa? 
Após o fim da guerra e a derrota definitiva de Napoleão em 1815, as potên-
cias europeias, como Áustria, Prússia, Rússia e Grã-Bretanha, organizaram um 
encontro internacional em Viena, conhecido como o Congresso de Viena, onde 
os representantes das nações se reuniriam para reorganizar o mapa geográfico e 
político da Europa pós-guerra. A convite das potências vitoriosas, França, Suécia, 
Portugal e Espanha também participaram.
Portugal, por sua vez, encontrava-se em uma situação problemática, sendo 
um reino sem rei. As vicissitudes das invasões, a transferência da Corte para o 
Brasil e as mudanças geopolíticas após a derrota de Napoleão haviam deixado o 
país em uma encruzilhada.
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EU INDICO
Este documentário da TV Brasil aborda a trajetória de D. João VI com destaque 
para as ações que tomou para transformar o Rio de Janeiro na capital do Império 
português. 
https://www.youtube.com/watch?v=BHK9oMJ6tUo&ab_channel=TVBrasil 
Foi nesse contexto que o embaixador britânico Lord Strangford levou uma carta 
ao príncipe regente expressando o desejo inglês de organizar a volta da família 
real a Portugal (WILCKEN, 2005).
Todavia, D. João optou por permanecer no Brasil. Assim, para solucionar os 
problemas políticos, inclusive, sobre o papel do Brasil no novo arranjo do Império 
português, foi proclamado, em 1815, o Reino Unido de Portugal, Brasil e 
Algarve, com capital no Rio de Janeiro.
Assista ao vídeo preparado para você saber mais: Da periferia para o centro: o Brasil 
como sede do Império Ultramarino Português.
EM FOCO
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TEMA DE APRENDIZAGEM 8
NOVOS DESAFIOS
Diante das discussões que apresentei até aqui, você entrou em contato com um 
período histórico crucial: a transferência da Corte Real Portuguesa para o Brasil 
no início do século XIX. Ao explorar os eventos e as complexas relações dessa 
época, você também conheceu as principais diferenças e aproximações entre as 
diferentes leituras feitas sobre esse período de transformações.
Além disso, você tomou conhecimento das bases históricas que fundamen-
tam essa fase, incluindo as Guerras Napoleônicas, as dinâmicas geopolíticas entre 
Portugal e a Grã-Bretanha, e as mudanças sociais e econômicas que ocorreram 
no Brasil.
Você deve ser capaz de compreender que a transferência da corte real para 
o Brasil não foi apenas um evento isolado, mas um marco que influenciou pro-
fundamente a história do país e as respectivas relações internacionais. A chega-
da da família real teve implicações políticas, sociais e econômicas duradouras, 
moldando o Brasil de formas que ainda podem ser percebidas nos dias de hoje.
Você também deve reconhecer o papel desempenhado pela Grã-Bretanha 
nesse contexto, desde a abertura dos portos até a influência na política e na econo-
mia brasileiras. O tratado comercial e as relações entre as duas nações deixaram 
um legado importante no desenvolvimento do Brasil como nação independente.
As características únicas desse período, tais como a transformação da cida-
de do Rio de Janeiro para receber a corte, as mudanças na dinâmica social e a 
influência britânica, oferecem oportunidades fascinantes que podem ser explo-
radas em sala de aula. Como professor(a), você deve aproveitar esses elementos 
para enriquecer as suas práticas de ensino , incentivando os alunos a verem os 
personagens históricos como sujeitos ativos na história, e não apenas figuras 
distantes.
Isso permite uma abertura de temas para exploração em sala de aula, instiga 
os alunos a compreenderem os contextos e as motivações por trás dos eventos 
históricos e abre um leque de práticas de ensino e propostas pedagógicas que 
tornam o aprendizado da história mais envolvente e significativo.
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1. A instalação da corte portuguesa no Brasil em 1808 provocou uma singular e profunda 
alteração na estrutura administrativa luso-brasileira, particularmente a partir da montagem 
de um vasto instrumental instrumental político-institucional que se criava com o objetivo de 
adaptar os domínios coloniais à nova conjuntura, mesmo considerando-se que se tratava de 
um processo já em curso desde o desenvolvimento da política pombalina, uma vez que a 
cidade do Rio de Janeiro era já a capital dos domínios portugueses na América, abrigando, 
desde 1763, a sede do governo e residência oficial dos vice-reis do Brasil.
MARTINS, M. F. V. Conduzindo a barca do estado em mares revoltos: 1808 e a transmi-
gração da Família Real Portuguesa. In: FRAGOSO, J.; GOUVÊA, M. de F. S. (org.). O Brasil 
colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017. p. 612.
A instalação da corte portuguesa no Brasil em 1808 teve um impacto significativo na estrutura 
administrativa luso-brasileira. Isso resultou na montagem de um amplo instrumental políti-
co-institucional, que buscou adaptar os domínios coloniais à nova conjuntura. Esse processo 
já vinha se desenvolvendo desde a política pombalina, considerando-se que a cidade doRio de Janeiro já era a capital dos domínios portugueses na América, abrigando a sede do 
governo e a residência oficial dos vice-reis do Brasil desde 1763. 
Considerando a temática apresentada, assinale a alternativa correta:
a) A transferência da corte para o Brasil em 1808 resultou em uma mudança significativa 
na estrutura administrativa, mas não teve impacto nas instituições políticas já existentes.
b) A instalação da corte no Rio de Janeiro impulsionou a adaptação das estruturas adminis-
trativas e políticas dos domínios coloniais às necessidades da nova conjuntura.
c) A política pombalina teve como objetivo principal a transferência da sede do governo de 
Portugal para o Brasil, visando fortalecer o poder colonial na América.
d) A cidade do Rio de Janeiro já era a capital dos domínios portugueses na América desde 
o início do século XIX, o que facilitou a transição da corte para essa cidade.
e) A instalação da corte no Brasil em 1808 teve um impacto limitado nas estruturas políticas 
e administrativas, uma vez que o governo colonial já estava bem estabelecido.
AUTOATIVIDADE
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2. Entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 a 15 mil pessoas embarcaram em navios 
portugueses rumo ao Brasil, sob a proteção da frota inglesa. Todo um aparelho burocrá-
tico vinha para a Colônia: ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários 
do Tesouro, patentes do exército e da marinha, membros do alto clero. Seguiam também 
o tesouro real, os arquivos do governo, uma máquina impressora e várias bibliotecas que 
seriam a base da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 75.
Em meio aos acontecimentos históricos que marcaram a transferência da corte portuguesa 
para o Brasil, destaca-se o período entre 25 e 27 de novembro de 1807, quando milhares de 
pessoas embarcaram em navios portugueses sob a proteção da frota inglesa. Além disso, 
um significativo grupo de autoridades e elementos burocráticos também se deslocou para 
a Colônia. Considerando o contexto apresentado, analise as afirmativas a seguir:
I - A transferência da corte para o Brasil em 1807 envolveu um grande número de pessoas, 
incluindo autoridades governamentais, militares e eclesiásticas.
II - O período de embarque rumo ao Brasil contou com a proteção da frota inglesa, demons-
trando a relação de colaboração entre Portugal e a Inglaterra nesse contexto.
III - Além das pessoas, importantes elementos culturais e intelectuais foram transferidos 
para o Brasil, contribuindo para a formação da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
3. Logo ao chegar, durante sua breve estada na Bahia, Dom João decretou a abertura dos 
portos do Brasil às nações amigas (28 de janeiro de 1808). Mesmo sabendo-se que naque-
le momento a expressão "nações amigas" era equivalente à Inglaterra, o ato punha fim a 
trezentos anos de sistema colonial.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. p. 76.
AUTOATIVIDADE
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A chegada de Dom João ao Brasil e a respectiva estada na Bahia resultaram em uma decisão 
de significativa importância para a estrutura colonial. O decreto de abertura dos portos do 
Brasil às "nações amigas" por D. João, em 28 de janeiro de 1808, teve um impacto relevante 
na medida em que:
a) Estabeleceu uma aliança comercial com diversas nações europeias, promovendo uma 
economia diversificada no Brasil Colonial.
b) Consolidou a independência do Brasil em relação a Portugal, permitindo a livre circulação 
de bens e pessoas entre as nações.
c) Marcou o início de uma política de protecionismo econômico, visando à valorização dos 
produtos manufaturados produzidos no Brasil.
d) Encerrou o monopólio comercial metropolitano, permitindo a entrada de produtos es-
trangeiros no Brasil e alterando a dinâmica econômica da colônia.
e) Estimulou a exploração de matérias-primas estratégicas para a indústria europeia, le-
vando ao crescimento da exploração mineral no Brasil colonial.
AUTOATIVIDADE
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REFERÊNCIAS
 ARRUDA, J. J. de A. Planos para o Brasil projetos para o mundo. O novo imperialismo britânico 
e o processo de independência (1800-1831). São Paulo: Alameda, 2022.
GUIMARÃES, L. M. P. A casa de Bragança nos seus domínios americanos: abordagens historio-
gráficas. In: BESSONE, T. et al. (org.). D. João VI e o oitocentismo. Rio de Janeiro: Faperj, 2011. p. 
127-140.
MARTINS, M. F. V. Conduzindo a barca do estado em mares revoltos: 1808 e a transmigração 
da Família Real Portuguesa. In: FRAGOSO, J.; GOUVÊA, M. de F. S. (org.). O Brasil colonial. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2017. v. 3. p. 604-641.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015. 
WILCKEN, P. O Império à deriva: a Família Real Portuguesa no Rio de Janeiro, 1808-1821. Rio de 
Janeiro: Objetiva, 2005. 
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1. B. 
A alternativa B é a correta. A instalação na corte no Rio de Janeiro provocou uma readequação 
da estrutura político, social e administrativa da colônia. A alternativa A está incorreta, pois 
houve mudanças significativas na estrutura política, como o próprio decreto que instituiu o 
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve. A alternativa C está incorreta, pois essa possibilida-
de chegou a ser ventilada por Pombal, mas não foi levada adiante. As reformas pombalinas 
se concentraram nas estruturas pré-existentes em Portugal e no Brasil. A alternativa D está 
incorreta, dado que a cidade do Rio de Janeiro era a capital do Estado do Brasil. A alternativa 
E está incorreta, visto que o impacto foi extenso e em todas as esferas.
2. E. 
Todas as três afirmativas estão corretas, pois destacam a quantidade de pessoas, de todas 
as esferas que formavam a Corte Portuguesa, que embarcaram para o Brasil. Além do mais, 
demarcam a importância da escolta feita pelos ingleses e do transporte de bens materiais 
que compunham o acervo real. 
3. D. 
A alternativa A está incorreta, porque a abertura dos portos foi feita somente às nações amigas, 
no caso somente a Inglaterra. A alternativa B está incorreta, visto que a abertura dos portos 
foi feita somente às nações amigas, no caso, a Inglaterra, e não para todas as nações sem 
distinção. A alternativa C está incorreta, pois, de fato, a abertura dos portos promoveu uma 
inundação de produtos estrangeiros, no caso, ingleses, nos portos brasileiros. Isso prejudi-
cava a já deficiente indústria nacional. A alternativa D está correta, uma vez que a abertura 
dos portos decretou o fim do exclusivismo comercial metropolitano. A alternativa E está 
incorreta, pois, no momento inicial, a abertura dos portos não teve reflexos no comércio e 
nas indústrias internas brasileiras. Esses pontos se iriam se desenvolver, consistentemente, 
no Brasil independente. 
GABARITO
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MINHAS ANOTAÇÕES
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MINHAS ANOTAÇÕES
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MINHAS METAS
UM PROJETO DE INDEPENDÊNCIA 
CONSERVADOR
Compreender o contexto histórico do Brasil no início do século XIX.
Refletir sobre as bases históricas que movimentaram as insatisfações sociais e políticas 
no Brasil e em Portugal.
Entender as principais características dos grupos envolvidos com a Independência do Brasil. 
Conhecer as dinâmicas interpretativas sobre a Independência do Brasil.
Identificar as características dos partidos português, brasileiro, democrata e liberal.
Relacionar os fundamentos históricos com as consequências políticas, sociais e culturais 
do processo de independência do Brasil.
Diferenciar as características dos conceitos de autonomia e subordinação.
T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 9
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INICIE SUA JORNADA
No amplo mosaico da história, alguns momentos são decisivos, definindo trajetó-
rias de nações inteiras. Entre eles, o processo de Independência do Brasil emerge 
como um capítulo marcante, permeado por complexas tramas políticas, sociais, 
econômicas e simbólicas. 
A presençada família real portuguesa no Brasil, em fuga das invasões napo-
leônicas, alterou as dinâmicas de funcionamento do Império Português. Nesse 
sentido, houve um reordenamento de forças que se traduziu no surgimento de 
facções políticas distintas. 
Conhecendo as características desses grupos, desde o partido português, 
que buscava a subordinação à metrópole, até o partido brasileiro, que almejava 
autonomia, podemos desvendar as tensões que impulsionaram as discussões em 
torno da independência. 
Ao mesmo tempo, não podemos deixar de refletir sobre as influências que 
atravessavam o Oceano Atlântico. Movimentos globais, como a Revolução 
Francesa e a Independência dos Estados Unidos, ecoavam em terras brasi-
leiras, acendendo as ideias e inspirando a busca por liberdade. 
Ao identificarmos as características das correntes historiográficas, percebemos 
como o olhar sobre a independência se multifacetou ao longo do tempo. A cons-
trução de narrativas sobre a Independência está diretamente ligada à construção 
da mitologia de uma nação. No ano de 2022, celebramos o bicentenário da Inde-
pendência do Brasil, uma ocasião crucial que nos convida a reavaliar os inúmeros 
aspectos históricos relacionados a esse marco significativo. 
A abertura a novas chaves interpretativas e o uso de diferentes fontes históri-
cas nos permitem enxergar o Brasil Colonial em uma rede global. As particulari-
dades da América lusa e suas idiossincrasias se cruzam com as marés dos eventos 
mundiais e, dessa dialética, emergem as sementes de um Brasil independente. 
A história nos instiga a questionar, a explorar e a desvendar os véus que en-
cobrem o passado. Ao compartilharmos esse conhecimento, abrimos portas para 
que as gerações futuras compreendam que a Independência do Brasil não foi um 
ato isolado, mas uma orquestração de elementos, um movimento complexo que 
nos conduziu ao país que somos hoje.
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TEMA DE APRENDIZAGEM 9
VAMOS RECORDAR?
Vamos relembrar alguns aspectos marcantes do processo de Independência 
do Brasil a partir desta entrevista feita com a historiadora Heloisa Starling e a 
antropóloga Lilia Schwarcz.
A NOVA CAPITAL DO IMPÉRIO: RIO DE JANEIRO
Desde a chegada da família real à nova capital do Império, o Rio de Janeiro presen-
ciou uma transformação espetacular. O aumento da população trouxe consigo uma 
miscelânea de raças, cores e tradições. As ruas, agora, eram palco de uma vibrante 
mistura de africanos, escravizados e pessoas de variados costumes e origens. 
Nesse cenário, os africanos, os afrobrasileiros e os escravizados desempenhavam 
um papel de destaque. As atividades desempenhadas por eles eram notavelmente di-
versas, abrangendo desde barbeiros até elegantes carregadores de liteiras. Os chamados 
“negros de ganho”, por exemplo, eram uma categoria significativa. Esses trabalhadores, 
geralmente, escravizados, eram alugados por curtos períodos e ofereciam uma gama 
de serviços, como venda de produtos alimentícios, marcenaria e transporte de carga. A 
regulação dessas atividades era supervisionada pelo Senado da Câmara, evidenciando 
o papel crucial desse grupo na economia e na vida cotidiana. 
A magnitude do enraizamento dessa mão de obra era impressionante. Na 
década de 1820, a corte abrigava cerca de 38 mil escravos em um contexto em 
que a população total era de aproximadamente 90 mil habitantes (SCHWARCZ; 
STARLING, 2015). Esses números destacam como os escravizados desempenha-
vam um papel fundamental na sociedade da época. 
O site Impressões Rebeldes, coordenado pelo professor Luciano Figueiredo, 
da O projeto Brasiliana Iconográfica é uma excelente fonte para explorar a 
iconografia do Brasil Colonial. O site reúne diversas fontes iconográficas, como 
desenhos, aquarelas, pinturas, gravuras e impressos. Há uma seção especial 
sobre os “negros de ganho”. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo 
digital do ambiente virtual de aprendizagem.
EU INDICO
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A entrada contínua de cativos africanos trouxe consigo uma crescente influência 
africana na paisagem urbana. A área próxima ao Paço, por exemplo, abrigava o 
Cais do Valongo, o principal porto negreiro do Brasil. Toda a região adjacente 
era conhecida como Pequena África.
Em 2011, durante uma reforma na zona portuária do Rio de Janeiro, os vestígios 
arqueológicos do Cais do Valongo foram descobertos. Em 2017, o Sítio Arque-
ológico do Cais do Valongo recebeu o título de Patrimônio Cultural da Huma-
nidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura (UNESCO) por seu valor como testemunha material do tráfico de escra-
vos para o Brasil. Pesquisadores estimam que, entre 1775 e 1830, cerca de 500 
mil a 900 mil africanos escravizados entraram no Brasil pelo Cais do Valongo 
(HONORATO, 2008).
APROFUNDANDO
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Curiosamente, a chegada da família real e a abertura dos portos, em vez de di-
minuírem o tráfico de escravos, o impulsionaram a níveis ainda mais elevados. 
A quantidade expressiva de africanos se tornou uma preocupação para as eli-
tes e a Coroa passou a incentivar políticas em prol do povoamento branco, dando 
incentivos para o estabelecimento de famílias açorianas no Brasil, por exemplo. 
Esse paradoxo ressalta a complexidade das interações entre os diferentes grupos 
sociais naquela época. 
Em síntese, o Rio de Janeiro, como a nova capital do Império, testemunhou 
uma fascinante transformação social, na qual a diversidade, a influência africana 
e as complexas dinâmicas entre as diferentes classes moldaram a identidade e a 
configuração da cidade.
O REINO UNIDO E O NOVO REI
Em 16 de dezembro de 1815, D. João tomou a decisão de elevar o Brasil à condi-
ção de Reino Unido junto a Portugal e Algarves, conferindo à colônia a posição 
de sede do Império Português. 
Essa medida carregava nuances políticas, econômicas e diplomáticas funda-
mentais. Ela facilitava o comércio, atendia às demandas britânicas e, de forma 
simultânea, buscava prevenir os tumultos revolucionários que haviam afetado as 
colônias inglesas na América e as colônias vizinhas da Espanha. 
Em resumo, a intenção era evitar o movimento de independência e o conse-
quente surgimento de repúblicas, assim como o caos associado à fragmentação. 
A situação se mostrava instável e repleta de incertezas, o que dava a D. João 
inúmeros motivos para hesitar em deixar o Brasil e voltar para Portugal. A deci-
são de elevar o Brasil a reino não apenas buscava manter a integridade territorial, 
mas também representava uma resposta coerente a uma série de dilemas. 
Por um lado, era claro que alguma forma de autonomia era necessária, dado que 
todas as transações comerciais, agora, eram centradas na colônia. Por outro lado, a 
medida de D. João foi recebida com cautela pelas potências aliadas, que instavam 
o príncipe a regressar a Portugal, uma vez que a paz geral havia sido alcançada. 
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Pouco menos de três meses após a elevação do Brasil a Reino Unido, em 20 de 
março de 1816, faleceu D. Maria I, que, há tempos, estava enfrentando problemas 
mentais avançados. De acordo com a tradição do Antigo Regime, foram prestadas 
as honras devidas à posição dela. Um ano inteiro de luto foi declarado em todo o 
país, enquanto as expectativas se voltavam para a aclamação do novo rei. 
A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA
O ano de 1817 testemunhou o estopim de um amplo movimento em Pernam-
buco que rapidamente se tornaria um obstáculo significativo para os interesses 
políticos de D. João VI. 
O estabelecimento da estrutura estatal imperial no Brasil resultou em custos subs-
tanciais para os colonos. Consequentemente, os impostos aumentaram, ampliando as 
disparidades regionais. A sensação predominante nas regiões distantes da corte era a 
de que o domínio simplesmente havia sido transferido de Lisboa para o Rio de Janeiro. 
Naquele momento, a capitania de Pernambuco enfrentava desafios conside-
ráveis que combinavam dois fatores prejudiciais: a queda contínua nos preços 
doaçúcar e do algodão junto ao constante aumento nos preços dos escravos. 
A outra Independência: Pernambuco, 1817- 1824
Autor: Evaldo Cabral de Mello 
Comentário: a grande contribuição de Evaldo Cabral de Mello, 
especialista na história de Pernambuco colonial, é oferecer um 
ponto de vista diferente sobre o processo de independência 
do Brasil, centrado em Pernambuco. 
INDICAÇÃO DE LIVRO
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O desenrolar do movimento e a repressão
As conjunturas econômica e climática aceleraram o curso do movimento. Uma 
recessão generalizada, causada pelas flutuações nos preços dos produtos expor-
tados, gerou um descontentamento coletivo. Além 
disso, uma intensa seca assolou o Nordeste, prejudi-
cando ainda mais a já insuficiente produção agrícola. 
O povo culpava a corte e os seus impostos pela crise. 
Essa insatisfação culminou na insurreição, unindo 
uma variedade de grupos sociais. 
Em 6 de março de 1817, os revolucionários tomaram Recife e estabeleceram 
um governo provisório que proclamou a República, a igualdade de direitos e a 
tolerância religiosa. No entanto, a reação do governo foi rápida, bloqueando a 
capital rebelde e os portos vizinhos. Reforços do Rio de Janeiro chegaram com 
uma grande força terrestre, minando a coesão dos revoltosos e provocando di-
visões internas insustentáveis. 
Em 19 de maio, as tropas lusas desembarcaram em Recife, encontrando a ci-
dade abandonada e sem liderança. A coroa exibiu seu poder com demonstrações 
públicas e simbólicas de força. A repressão foi brutal, com execuções exemplares 
em Recife, Salvador e na Paraíba. Por outro lado, a vitória do governo foi marcada 
por celebrações solenes, visando estabelecer harmonia entre o futuro rei e os res-
pectivos súditos. Os decretos de 6 de fevereiro de 1818, por exemplo, encerraram 
as investigações sobre os rebeldes pernambucanos, buscando restaurar a ordem 
e reafirmar a magnanimidade do soberano.
O reino em festa
A derrota dos revoltosos em Pernambuco serviu como um marco para a realeza, 
que, então, desengavetou projetos, como a aclamação de D. João e o casamento 
de D. Pedro e D. Leopoldina. 
O Ato de Aclamação de D. João VI no Brasil apresentou diversos elementos 
simbólicos e cerimoniais. Esse evento marcou a primeira celebração desse tipo 
no Novo Mundo, com o Largo do Paço sendo cuidadosamente preparado para 
sua realização, incluindo luminárias, celebrações gastronômicas, fogos de artifí-
cio, retratos reais e emblemas representativos das regiões da América e da Ásia.
O povo culpava 
a corte e os seus 
impostos pela crise 
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Antes da aclamação, a arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina, filha do 
Imperador da Áustria, Francisco, chegou ao Brasil. Leopoldina era reconhecida 
por sua educação, inteligência, adaptabilidade e diligência. Ela iniciou o estudo 
da língua portuguesa e se familiarizou com a história, a geografia e a economia do 
novo reino após a confirmação do contrato nupcial. Esse evento teve implicações 
significativas para a monarquia brasileira e refletiu a busca por uma integração 
bem-sucedida da futura princesa no contexto político e cultural do Brasil.
Figura 1 – O Bailado Histórico
Fonte: https://bitlybr.com/YfJWf. Acesso em: 3 out. 2023. 
Descrição da Imagem: a figura traz a representação alegórica do rei do Brasil e de Portugal, D. João VI, e da 
união de seu filho D. Pedro (futuro Pedro I, imperador do Brasil) e da arquiduquesa Maria Leopoldina, da Áustria. 
A figura de D. João VI ocupa o centro da imagem, em vestes reais e com a coroa na cabeça, usando o cetro real 
apoiado sobre a esfera armilar. O rei é sustentado por personificações das três partes do seu Império, Portugal 
(um guerreiro em armadura de ferro), Brasil (um guerreiro indígena) e Algarves (um guerreiro em trajes mouros). 
Abaixo desse grupo e em ambos os lados do altar, estão as figuras míticas ajoelhadas de Himeneu e Amor, carre-
gando os retratos dos noivos, o príncipe e a arquiduquesa, e as iniciais entrelaçadas do casal real. Abaixo disso, 
à direita, está Netuno, carregando seu tridente e a bandeira do Império unido, que cavalga sobre as águas com 
a carruagem puxada por dois cavalos e o Cupido. À esquerda, está a concha de Vênus, puxada por dois cisnes 
guiados pelo Cupido. Dentro da concha, estão as três graças que sustentam os escudos das duas nações unidas 
pelo casamento. Ao fundo da imagem, do lado esquerdo, está Zeus, sentado sobre uma águia, apontando para D. 
João VI. Do lado direito, está Atena, que surge entre as nuvens, sentada ao lado de um pavão. Ao fundo de D. João 
estão, em fileira, à esquerda e à direita do rei, encontram-se os outros deuses mitológicos da Antiguidade Clássica. 
Por entre as nuvens, que compõem toda a imagem, ainda aparecem pequenos cupidos segurando guirlandas e 
um anjo tocando a harpa. Todos olham para a cena central.
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Originalmente, a obra foi composta como o pano de boca (tela pintada que se-
parava o palco da plateia nos teatros) para encenação do drama O Himeneu, no 
Teatro Real São João, na cerimônia em homenagem à aclamação do rei. Pintado 
por Jean-Baptiste Debret, intitulado Cenário para o Bailado Histórico, a obra re-
trata D. João VI, no centro da tela, rodeado por inúmeras alegorias mitológicas, 
enquanto era escoltado por soldados envoltos na fumaça das nuvens. 
Toda a cena acontece sobre o mar, como se D. João VI estivesse “nascendo” 
das águas, conferindo ao rei uma atmosfera divina. 
Independência à vista
O ano de 1820 marcou um período de transformações políticas significativas no 
Brasil, delineando o caminho rumo à independência. A eclosão da Revolução 
Liberal do Porto , em Portugal, colocou em xeque a permanência da família 
real no Brasil.
Resultado da crise que atingiu o Estado Português, os revoltosos atribuíram 
a situação precária das finanças e do comércio lusitano à crescente autonomia 
do Brasil. Por isso, defendiam a construção de uma constituição para o Império 
e a volta imediata do rei para Portugal.
VOCÊ SABE RESPONDER?
Você sabe qual foi a principal repercussão da Revolução Liberal do Porto para 
o Brasil?
Os eventos se desenrolaram rapidamente, e, em fevereiro de 1821, D. João foi 
obrigado a jurar que respeitaria a Constituição. Pouco tempo depois, o governo 
de Lisboa não apenas determinou o retorno do rei a Portugal, com o prínci-
pe assumindo o Governo Provisório do Brasil, como também estabeleceu as 
instruções para a eleição dos deputados brasileiros que representariam o Brasil 
nas Cortes, organizadas para elaborar a Constituição. Em 26 de abril de 1821, a 
família real, com exceção de D. Pedro, começou a jornada de volta a Portugal. 
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Entre setembro e outubro de 1821, uma série de medidas ainda mais decisivas 
traçou os reais intentos das Cortes. A transferência das principais repartições 
instaladas no Brasil para Lisboa foi deliberada e novos contingentes de tropas 
foram enviados ao Rio de Janeiro. Em 29 de setembro, um decreto exigiu o re-
torno do príncipe regente, um ato que provocou uma reação imediata no Brasil.
Adeus, Senhor Portugal: crise do absolutismo e a 
independência do Brasil
Comentário: o grande destaque do livro é a abordagem de 
longa duração sobre o processo de Independência do Brasil, 
abarcando de 1808, com a chegada da família real, a 1831, com 
a abdicação de D. Pedro I. Nesse cenário, o papel da crise fiscal 
foi fundamental.
INDICAÇÃO DE LIVRO
Naquele momento, facções políticas diferentes disputavam os rumos que o Brasil 
deveria seguir. O partido português , composto principalmente por militares 
de alta patente, burocratas e comerciantes, apoiava o retorno à antiga estrutura 
colonial e a subordinação do Brasil à metrópole. Em oposição, o partido brasi-
leiro, formado por grandes proprietários rurais, financistas, militares, burocratas 
e juristas, opunha-se a essa perspectiva. Além desses grupos, havia, também, os 
democratas, que buscavam governos provinciais independentes,e os liberais, 
que se inspiraram nos movimentos revolucionários europeus. 
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PARTIDO PORTUGUÊS
Defensor da relação com o rei e a colonização, era favorável à recolonização do 
Brasil, já que, no geral, beneficiava-se da condição de colônia do país.
PARTIDO BRASILEIRO
O principal nome foi José Bonifácio de Andrada e Silva. Contava com o apoio da 
imprensa, da maçonaria e da maioria dos grandes proprietários de terras, princi-
palmente do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
DEMOCRATAS
Advogavam pela convocação de uma assembleia constituinte no Brasil composta 
por representantes de todas as províncias. Esse modelo garantiria a igualdade de 
representação e a expressão da vontade da maioria da sociedade. 
LIBERAIS
Formavam uma corrente política que defendia posições liberais, como as pratica-
das pelos Estados Unidos. Eram contra a participação dos ingleses na economia 
e defendiam a independência.
O grito do Ipiranga
Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro recebeu, no Paço, um requerimento conten-
do mais de 8 mil assinaturas, clamando para que ele não abandonasse o país. A 
resposta dele foi: "como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou 
pronto; diga ao povo que fico". Ainda que não haja confirmação definitiva de que 
ele tenha proferido essas palavras exatas, o gesto foi eloquente e ficou marcado 
na história do Brasil como “O dia do Fico”.
Enquanto isso, as cortes portuguesas foram informadas, por ofício datado de 
16 de fevereiro, de que D. Pedro decidira permanecer no Brasil . Ele deixou claro 
que o Brasil desejava ser tratado como irmão, não como filho.
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Em 28 de agosto, chegaram ao Rio de Janeiro notícias desfavoráveis de Lis-
boa. As cortes portuguesas ordenaram o retorno imediato de D. Pedro, o fim 
de medidas que eles consideravam como benefícios para o Brasil e acusaram os 
ministros do regente de traição. 
O sequestro da independência: uma história da construção 
do mito de Sete de Setembro
Comentário: o grito de independência de D. Pedro, às margens 
do rio Ipiranga, em sete de setembro de 1822, transformou-se 
no mito da fundação do Brasil como nação. Recorrendo à 
análise da cultura visual criada em torno desse momento, o 
livro faz uma verdadeira desconstrução da mitologia nacional. 
INDICAÇÃO DE LIVRO
NOVOS DESAFIOS
Com as discussões que apresentei até aqui, você entrou em contato com um 
momento crucial da História do Brasil, marcado por complexas transformações 
políticas, sociais e culturais. Você também viu as principais diferenças e apro-
ximações entre os diversos grupos envolvidos nas tensões políticas do período, 
como o partido português e o partido brasileiro, e o modo como essas divergên-
cias contribuíram para o desencadeamento de eventos significativos.
Além disso, você tomou conhecimento das bases históricas que fundamen-
tam a busca por autonomia do Brasil em relação a Portugal. A influência de mo-
vimentos externos, como a Revolução Francesa e a Independência dos Estados 
Unidos, desempenhou um papel crucial na formação das ideias e aspirações dos 
brasileiros.
Você deve ser capaz de compreender que o processo de independência do 
Brasil não foi uma jornada linear, mas um processo multifacetado, influenciado 
por fatores políticos, econômicos e culturais. A proclamação da independência 
por D. Pedro não foi um ato isolado, mas o resultado de um cenário complexo 
e em constante evolução.
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Você também deve reconhecer o papel de figuras-chave, como D. Pedro e José 
Bonifácio, na condução dos acontecimentos. As ações, motivações e influências 
desses atores foram determinantes para os rumos que o Brasil tomou naquela 
época de mudanças.
A abertura a novas chaves interpretativas e a utilização de diferentes fontes 
históricas abriram espaço para a visão do Brasil Colonial do ponto de vista glo-
bal, integrado ao Império Ultramarino Português. As características únicas da 
América Lusa, no entanto, propiciaram o surgimento de mecanismos dialéticos 
que gradualmente fundamentaram a construção de um Brasil independente.
Para a sua atuação, você deve explorar esses conhecimentos de maneira di-
nâmica e envolvente em sala de aula. Isso permitirá que os seus alunos vejam 
os personagens históricos como sujeitos ativos na história, capazes de moldar 
e influenciar os acontecimentos. Essa abordagem amplia o leque de práticas de 
ensino e propostas pedagógicas, abrindo espaço para debates, análises críticas e 
um entendimento mais profundo das complexidades desse período fundamental 
na construção da nação brasileira.
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VAMOS PRATICAR
1. Por volta de 1817, quem dissesse que, dentro de cinco anos, o Brasil se tornaria inde-
pendente, estaria fazendo uma previsão muito duvidosa. A Revolução Pernambucana, 
confinada ao Nordeste, fora derrotada. Por sua vez, a Coroa tomava medidas no sentido 
de integrar Portugal e Brasil como partes de um mesmo reino. A guerra terminara na 
Europa, em 1814, com a derrota de Napoleão. As razões da permanência da Corte no 
Brasil, aparentemente, já não existiam. Dom João decidiu, entretanto, permanecer na 
Colônia e, em dezembro de 1815, elevou o Brasil à condição de Reino Unido a Portugal 
e Algarves. Meses depois, após a morte da rainha, seria sagrado rei de Portugal, do 
Brasil e Algarves, com o título de Dom João VI.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.
Considerando o contexto histórico prévio à Independência do Brasil, analise as afirmativas 
a seguir:
I - A Revolução Pernambucana de 1817 teve um impacto significativo em todo o território 
brasileiro, unindo diferentes regiões em prol da independência.
II - As medidas tomadas pela Coroa no sentido de integrar Portugal e Brasil como partes 
de um mesmo reino indicavam uma tendência à submissão do Brasil em relação à 
metrópole.
III - A permanência de Dom João VI no Brasil após o término das razões que o levaram 
a se refugiar no país foi motivada pela intenção dele de lutar pela sobrevivência da 
monarquia portuguesa.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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VAMOS PRATICAR
2. Com motivos de sobra, montou-se, então, a insurreição, unindo setores dispersos: 
comerciantes, grandes proprietários, membros do clero, militares, juízes, artesãos e 
uma camada de homens livres que lhes conferiu um perfil mais radical e popular. Basta 
dizer que os revolucionários tomaram Recife em 6 de março de 1817 e implantaram um 
governo provisório baseado na lei orgânica que proclamou a República, estabelecendo 
a igualdade de direitos e a tolerância religiosa, sem tocar no espinhoso problema da 
escravidão.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 
2015.
A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817, foi um dos eventos que antecederam a 
Independência do Brasil e teve um impacto significativo no processo. Qual foi o papel da 
Revolução Pernambucana no contexto da independência do Brasil? Assinale a alternativa 
correta:
a) A Revolução Pernambucana teve um papel secundário e pouco relevante no processo 
de independência, não influenciando significativamente os eventos subsequentes.
b) A Revolução Pernambucana foi um movimento crucial, pois proclamou a República 
e estabeleceu a igualdade de direitos e a tolerância religiosa, tornando-se um marco 
dos movimentos sociais pré-independência do Brasil.
c) A Revolução Pernambucana foi liderada por D. João VI e tinha como objetivo conso-
lidar a presença portuguesa no Brasil, combatendo qualquer movimento pró-inde-
pendência.
d) A Revolução Pernambucana ocorreu após a Independência do Brasil ter sido declara-
da, não tendo relação direta com o processo de separação de Portugal.
e) A Revolução Pernambucana foi liderada pelos ingleses e tinha como objetivo esta-
belecer o controle britânico sobre a região, não tendo relação com a Independência 
do Brasil.
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VAMOS PRATICAR3. [...] Logo no dia 20, o mesmo jornal apresentava a situação com tintas diferentes: Inde-
pendência ou Morte! Eis o grito acorde de todos os brasileiros… O Brasil então acordou 
do seu letargo e resolveu na sua dignidade, sacudir o peso que o oprimia. Então o 
Perpétuo defensor do Brasil conheceu que eram justos os clamores do povo fiel, que 
preferia um inimigo declarado a um amigo traidor.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015.
O Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, é um dos momentos mais icônicos da 
história do Brasil, marcando a independência do país. Qual foi a importância do Grito do 
Ipiranga no processo de independência do Brasil? Assinale a alternativa correta:
a) O Grito do Ipiranga foi um evento simbólico sem importância real no processo de 
independência, não tendo impacto nas decisões políticas da época.
b) O Grito do Ipiranga foi liderado por grupos separatistas radicais, enfraquecendo a 
causa da independência.
c) O Grito do Ipiranga foi uma tentativa fracassada de D. Pedro I de reconciliação com 
Portugal, não tendo relação com a independência.
d) O Grito do Ipiranga representou a declaração formal da independência do Brasil em 
relação à Portugal, consolidando a separação política entre os dois países.
e) O Grito do Ipiranga foi um movimento militar liderado por D. Pedro I para reprimir re-
voltas internas no Brasil, não tendo relação com a independência.
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REFERÊNCIAS
HONORATO, C. P. Valongo: o mercado de escravos do Rio de Janeiro, 1758 a 1831. 2008. Dis-
sertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2008.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015. 
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1. B. 
A afirmativa I está incorreta. A Revolução Pernambucana de 1817, embora tenha ocorrido, 
não teve o impacto de unir diferentes regiões em prol da independência. Ela se restringiu 
ao Nordeste e foi rapidamente reprimida, não tendo um efeito de mobilização nacional. A 
afirmativa II está incorreta. As medidas tomadas pela Coroa, como a elevação do Brasil à 
condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, indicavam uma tendência à autonomia do 
Brasil em relação à metrópole. A afirmativa III está correta. A permanência de Dom João VI 
no Brasil após o término das razões que o levaram a se refugiar no país não foi motivada 
por uma intenção de consolidar uma relação estreita entre a colônia e a metrópole. Dom 
João VI permaneceu no Brasil, em parte, devido às complexidades políticas e à instabili-
dade na Europa após a derrota de Napoleão. Além disso, havia a preocupação de manter 
o domínio sobre o vasto Império Ultramarino Português e a sobrevivência da monarquia.
2. B. 
A alternativa B está correta, pois a Revolução Pernambucana teve um papel relevante no 
contexto da Independência do Brasil. Os organizadores dela proclamaram a República 
e estabeleceram princípios, como a igualdade de direitos e a tolerância religiosa, que 
influenciaram movimentos subsequentes e contribuíram para a luta pela independência. 
As demais alternativas são incorretas, pois a Revolução Pernambucana teve um papel 
significativo. Além disso, a Revolução Pernambucana não foi liderada por D. João VI e o 
objetivo era diferente. A Revolução Pernambucana ocorreu antes da Independência do 
Brasil. A Revolução Pernambucana não foi liderada pelos ingleses e não tinha o objetivo 
de estabelecer o controle britânico na região.
3. D. 
A alternativa D está correta, pois o Grito do Ipiranga representou a declaração formal 
da independência do Brasil em relação à Portugal. Foi nesse momento que D. Pedro I 
proclamou "Independência ou Morte!", consolidando a separação política entre os dois 
países. As demais alternativas são incorretas, pois: o Grito do Ipiranga teve importância 
real no processo de independência; o Grito do Ipiranga não contou com a participação 
de grupos separatistas; o Grito do Ipiranga não foi uma tentativa de reconciliação com 
Portugal; o Grito do Ipiranga não foi um movimento militar para reprimir revoltas internas, 
mas um ato de independência.
GABARITO
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MINHAS ANOTAÇÕES
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