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FAP 1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS DIFERENTES TIPOS DE NECESSIDADES ESPECIAIS FAP 2 APRESENTAÇÃO Para que a educação seja realmente uma realidade no qual todos aprendam o verdadeiro sentido de se tornar um cidadão pleno, antes temos um ideal que é o de elevar o conhecimento cultural a todos, sem exceção. Isso inclui, é claro, os portadores de necessidades especiais. Mas, antes, temos que esclarecer o que é educação especial e educação inclusiva. A diferença entre os dois conceitos reside no termo ‘inclusão’. A educação especial atende apenas às crianças e discentes com deficiências ou altas habilidades. Já a educação inclusiva é uma proposta, agora no Brasil vigorado em lei, na qual as escolas devem disponibilizar o acesso de alunos e alunas com deficiências ou altas habilidades no ensino regular. A educação especial atua nas especificidades das deficiências e especificidades dos/das alunos/as no processo educacional passando a integrar a proposta pedagógica da escola regular, ou seja, relaciona-se com o ensino regular orientando o atendimento às necessidades educacionais dos/das alunos/as com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades. FAP 3 A ideia da inclusão é mais do que somente garantir o acesso à entrada de alunos e alunas nas instituições de ensino. O objetivo é eliminar obstáculos que limitam a aprendizagem e participação discente no processo educativo. A Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determina que os “sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.” (MEC/SEESP, 2001). A Educação Especial e Inclusiva são peças importantes de um mesmo processo educacional, no qual se coloca em foco a escolarização de alunos com deficiências. Independente de ser esta ou aquela, as duas primam pelo bem estar do alunado e o mais importante coloca os mesmos no seio da sociedade. A Educação Especial é o ramo da Educação que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas com deficiência, preferencialmente em escolas regulares, ou em ambientes especializados tais como escolas para surdos, escolas para cegos ou escolas para atender pessoas com deficiência intelectual. Dependendo do país, a educação especial é feita fora do sistema regular de ensino. Nessa abordagem, as demais necessidades educativas especiais que não se classificam como deficiência não estão incluídas. Não é o caso do Brasil, que tem uma Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e que inclui outros tipos de alunos, além dos que apresentam deficiências. FAP 4 A educação especial é uma educação organizada para atender especifica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas escolas dedicam- se apenas a um tipo de necessidade, enquanto outras se dedicam a vários. O ensino especial tem sido alvo de criticas por não promover o convívio entre as crianças especiais e as demais crianças. Por outro lado, a escola direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados. O sistema regular de ensino precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. O termo "educação especial" denomina tanto uma área de conhecimento quanto um campo de atuação profissional. De um modo geral, a educação especial lida com aqueles fenômenos de ensino e aprendizagem que não têm sido ocupação do sistema de educação regular, porém têm entrado na pauta nas últimas duas décadas, devido ao movimento de educação inclusiva. Historicamente, a educação especial vem lidando com a educação e aperfeiçoamento de indivíduos que não se beneficiaram dos métodos e procedimentos usados pela educação regular. Dentro de tal conceituação, no Brasil, inclui-se em educação especial desde o ensino de pessoas com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, passando pelo ensino de jovens e adultos, alunos do campo, quilombolas e indígenas, até mesmo o ensino de competências profissionais. FAP 5 Dentre os profissionais que trabalham ou atuam em educação especial, estão educador físico, professor, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, psicopedagogo, entre outros. Sendo assim, é necessário antes de tudo, tornar reais os requisitos para que a escola seja verdadeiramente inclusiva, e não excludente. CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma diferença no seu desenvolvimento, requerem certas modificações ou adaptações complementares ou suplementares no programa educacional, visando torná-las autônomas e capazes de serem mais independentes possíveis para que possam atingir todo seu potencial. As diferenças podem advir de condições visuais, auditivas, mentais, intelectuais ou motores singulares, de condições ambientais desfavoráveis, de condições de desenvolvimento neurológico, psicológico ou psiquiátrico específicos. Reuven Feuerstein afirma que a inteligência pode ser "ensinada". A Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, elaborada por ele, afirma que a inteligência pode ser FAP 6 estimulada em qualquer fase da vida, concedendo ao indivíduo (mesmo considerado inapto) a capacidade de aprender. Seu próprio neto (portador de síndrome de Down) foi auxiliado por seus métodos. No Brasil, muitas são as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais, dificuldades de acessibilidade e falta de tecnologias assistivas, principalmente nas escolas que estão realizando a inclusão de alunos com deficiências no ensino regular. Ser uma criança especial é ser uma criança diferente, e essa diferença esta também no professor atuante na área ou seja fazer e ser diferente. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE O Atendimento Educacional Especializado, ou AEE, é um serviço da Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva, de caráter complementar ou suplementar à formação dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação, considerando o seu necessidades específicas de forma a promover acesso, participação e interação nas atividades escolares no ensino regular. É realizado no turno inverso ao da sala de aula comum nas salas de recursos multifuncionais. O atendimento na sala de recursos multifuncionais não é um reforço escolar, visa desenvolver as habilidades FAP 7 dos alunos nas suas especificidades, sendo importante a realização de um plano de desenvolvimento individual (PDI). EDUCAÇÃO ESPECIAL Almeida (Abril-2002 Revista Pedagógica), nos da uma ideia da verdadeira educação especial, seguindo os referenciais teóricos e práticos da educação. Educação Especial é uma modalidade de ensino que visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de necessidades especiais, condutas típicas ou altas habilidades e, que abrange os diferentes níveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais teóricos e práticos compatíveis com as necessidades específicas de seu alunado. A educação especial se trata de uma educação voltada para os portadores de deficiências, como deficiências auditivas, visuais, intelectual, física, sensorial, surdo cegueira e as múltiplas deficiências. FAP 8 Para que esses educandos tão especiais possam ser educados e reabilitados, é deextrema importância a participação deles em escolas e instituições especializadas. E que eles disponham de tudo o que for necessário para o seu desenvolvimento cognitivo. A Classe Especial é uma sala de aula preferencialmente distribuída na educação infantil e ensino fundamental, organizada de forma a se constituir em ambiente próprio e adequado ao processo ensino/aprendizagem do educando portador de necessidades educacionais especiais. Na Classe Especial tentamos encontrar caminhos e meios facilitadores para a aprendizagem dos educandos com necessidades educacionais especiais, através de uma política de ação pedagógica, recursos educacionais mais individualizados e conta com o professor especializado. A educação especial faz parte de "um todo" que é a educação, e ter o seu valor reconhecido é de fundamental importância para que os educandos tenham seu crescimento e desempenho educacional satisfatório. O ensino especial tem sido alvo de criticas, por não promover o convívio entre as crianças especiais e as demais crianças. Por outro lado, a escola direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados. O sistema regular de ensino precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. FAP 9 EDUCAÇÃO INCLUSIVA O conceito de educação inclusiva surgiu a partir de 1994, com a Declaração de Salamanca. A ideia é que as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas em escolas de ensino regular. O objetivo da inclusão demonstra uma evolução da cultura ocidental, defendendo que nenhuma criança deve ser separada das outras por apresentar alguma espécie de deficiência. A educação inclusiva é uma educação voltada de TODOS PARA TODOS onde os ditos "normais" e os portadores de algum tipo de deficiência poderão aprender uns com os outros. Uma depende da outra para que realmente exista uma educação de qualidade. A educação inclusiva no Brasil é um desafio a todos os profissionais de educação. O CONCEITO DE INCLUSÃO É: - atender aos estudantes portadores de necessidades especiais na vizinhança da sua residência. FAP 10 - propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes regulares. - propiciar aos professores da classe regular um suporte técnico. - perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e processos diferentes. - levar os professores a estabelecer formas criativas de atuação com as crianças portadoras de deficiência. - propiciar um atendimento integrado ao professor de classe comum do ensino regular. O CONCEITO DE INCLUSÃO NÃO É: - levar crianças às classes comuns sem o acompanhamento do professor especializado. FAP 11 - ignorar as necessidades específicas da criança. - fazer as crianças seguirem um processo único de desenvolvimento, ao mesmo tempo e para todas as idades. - extinguir o atendimento de educação especial antes do tempo. - esperar que os professores de classe regular ensinem as crianças portadoras de necessidades especiais sem um suporte técnico. A educação inclusiva tem de atender esses educandos com qualidade, mas tem que dar condições e especializações aos profissionais, para que os objetivos e o desenvolvimento aconteçam. Percebemos ao longo da história e, também na atualidade, que a maioria dos profissionais envolvidos na educação não sabe ou desconhecem a importância e a diferença da educação especial e educação inclusiva. Primeiramente, quando descobrimos uma determinada deficiência em uma pessoa ela deveria ser encaminhada aos profissionais especializados: psicólogos, neuropediatras, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e pedagogos especializados, entre outros. Isso é de extrema importância para o desenvolvimento físico e também cognitivo desse educando tão especial. Segundo Sá (http://www.espacoacademico.com.br/ julho de 2002), a educação destas pessoas tem sido objeto de inquietações e constitui um sistema paralelo de instituições e FAP 12 serviços especializados no qual a inclusão escolar desponta como um ideal utópico e inviável. Para autora, o sujeito com deficiência é um "aluno especial", cujas necessidades específicas demandam recursos, equipamentos e níveis de especialização definidos de acordo com a condição física, sensorial ou intelectual. Mudando a postura e as concepções por parte de nós educadores, consideramos as diferenças como sendo atributos naturais da humanidade. DIFERENTES TIPOS DE NECESSIDADES ESPECIAIS Desde sempre, todas as sociedades têm recorrido a práticas reguladoras face à diferença. Neste contexto, as crianças com Necessidades Educativas Especiais não constituíram exceção. A História revela uma orientação para medidas extremas e desumanas no sentido de banir da sociedade estas crianças. Na Antiga Grécia, em Esparta, as crianças com deficiências físicas eram isoladas em montanhas, ao passo que na antiga Roma, eram atiradas aos rios. Durante a maior parte da história conhecida reinaram estas tendências resultantes de FAP 13 regimes absolutistas e ignorantes. É já no século XVIII que pela primeira vez se olha de um modo diferente para a criança deficiente, com o surgimento das teorias mais complacentes e humanistas de Locke e de Rousseau. As primeiras tentativas concretas de recuperação da criança com deficiências datam do século XIX. O objetivo primordial seria ajustar o indivíduo diferente à sociedade, com vista a ultrapassar preconceitos. Basicamente, tratava-se de um processo de socialização, que serviria o propósito de eliminar algumas das qualidades negativas, fossem elas reais ou imaginárias. Ainda no final do século XIX, médicos e indivíduos de outros campos científicos, ter-se-ão mobilizado para o estudo desses indivíduos inadaptados e diferentes - os deficientes, como na altura eram chamados. Itard, muitas vezes rotulado de “pai da educação Especial”, foi o primeiro a sistematizar as necessidades educativas de crianças afetadas por esta problemática, ao ter dedicado a sua vida à recuperação de Victor, uma criança encontrada numa floresta francesa e que padecia de uma deficiência mental profunda. No início do século XX, a teoria psicanalítica de Freud e os testes de Galton para a medição da capacidade intelectual a partir da realização de tarefas sensório-motoras, contribuíram de modo significativo para a expansão do conhecimento. Surge o conceito de “idade mental” e os testes de inteligência de Binet e Simon, ferramentas que possibilitariam a identificação de situações de atrasos mentais. FAP 14 Como resultado dessa identificação, verifica-se uma tendência para criar escolas especiais, destinadas a crianças que não estariam a tirar benefícios do sistema educativo normal. A esta altura, verificava-se globalmente uma política segregacionista, que remetia a criança com Necessidades Educativas Especiais para “instituições especiais”, asilos, isolando- as assim do grupo maioritário da sociedade. Mesmo nas situações em que as escolas públicas assumiam alguma responsabilidade na educação da criança com NEE, a exclusão manter-se-ia, sendo criadas “classes especiais”, que funcionariam à margem das “classes regulares”. Estas tendências só começariam a ser invertida já na segunda metade do século XX, consequência das grandes transformações sociais e intelectuais que tomaram lugar a esta altura da História. A crescente expansão dos conceitos de liberdade, justiça e igualdade vai desencadear reações de contestação por parte das famílias de crianças com NEE, no que toca às políticas de exclusão ou à falta de programas educativos adequados. Estas convulsões sociais resultariam numareconstrução do conceito de Educação Especial, através de toda uma série de medidas legais de atualmente visam assegurar um princípio à partida bastante simples: a escola encontra-se à disposição de todas as crianças em uniformidade de circunstâncias, e cabe à comunidade assegurar a existência de programas adequados a qualquer necessidade. FAP 15 TIPOS DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS Segundo Brennan (in Correia, 1999, p. 48) ”Há uma necessidade educativa especial quando um problema físico, sensorial, intelectual, emocional ou social (…) afeta a aprendizagem ao ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo (…) para que o aluno possa receber uma educação apropriada.” As Necessidades Educativas podem ser de dois tipos: permanentes ou temporárias. As permanentes exigem uma modificação generalizada do currículo, que se mantém durante todo ou grande parte do percurso escolar do aluno. Neste grupo inserem-se as crianças e adolescentes cujas alterações significativas no seu desenvolvimento foram provocadas por problemas orgânicos, funcionais, ou por défices socioculturais e económicos graves. Uma Necessidade Educativa Especial temporária exige uma modificação parcial do currículo de acordo com as características do aluno, que se mantém durante determinada fase do seu percurso escolar. Podem traduzir-se em problemas de leitura, escrita ou cálculo ou em dificuldades ao nível do desenvolvimento motor, perceptivo, linguístico ou socioemocional. FAP 16 Segundo Luís de Miranda Correia (Correia, 1999, p.51) as Necessidades Educativas Especiais podem ser de: • CARÁCTER INTELECTUAL: enquadram-se neste grupo alunos com deficiência mental, que manifestam problemas globais de aprendizagem, bem como os indivíduos dotados e sobre dotados, cujo potencial de aprendizagem é superior à média. • CARÁCTER PROCESSOLÓGICO: abrange crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem relacionadas com a recepção, organização e expressão de informação. Estes alunos caracterizam-se por um desempenho abaixo da média em apenas algumas áreas académicas, e não em todas, como no caso anterior. • CARÁCTER EMOCIONAL: Neste grupo encontram-se os alunos com perturbações emocionais ou comportamentais graves (ex: psicoses) que põe em causa o sucesso escolar e a segurança dos que o rodeiam. FAP 17 • CARÁCTER MOTOR: Esta categoria abarca crianças e adolescentes cujas capacidades físicas foram alteradas por um problema de origem orgânica ou ambiental, que lhes provocou incapacidades do tipo manual e/ou de mobilidade. Podemos citar a paralisia cerebral, a espinha bífida, a distrofia muscular, amputações, poliomielite e acidentes que afetam a mobilidade. • CARÁCTER SENSORIAL: Este grupo abrange crianças e adolescentes cujas capacidades visuais ou auditivas estão afetadas. Quanto aos problemas de visão podemos considerar os cegos (não lhes é possível ler, e por isso utilizam o sistema Braille) e os amblíopes (são capazes de ler dependendo do tamanho das letras). Relativamente aos problemas de audição, temos os surdos (cuja perda auditiva é maior ou igual a 90 decibéis) e os hipoacústicos (cuja perda auditiva se situa entre os 26 e os 89 decibéis). Para além destes grupos podemos ainda indicar as crianças e adolescentes com problemas de saúde (que podem estar na origem dificuldades de aprendizagem - diabetes, asma, hemofilia, SIDA), com problemas provocados por traumatismo craniano e os autistas. De modo facilitar a comunicação entre aqueles que lidam com estas crianças, agrupam- se geralmente as Necessidades Educativas Especiais nas seguintes categorias: FAP 18 Problemas motores Dificuldades de aprendizagem Cegos-surdos Deficiência mental Deficiência auditiva o Perturbações emocionais graves Problemas de comunicação Deficiência visual Multideficiência Dotados e sobredotados Autismo Traumatismo craniano FAP 19 Outros problemas de saúde. ATENDIMENTO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS Segundo Piaget, Bruner e Hunt o desenvolvimento das crianças e adolescentes com necessidades educativas especiais processa-se através de uma sequência de estádios idêntica à dos alunos “normais”. Contudo, este desenvolvimento dá- se a um ritmo mais lento nas áreas de aprendizagem em estas crianças e adolescentes apresentam problemas. Segundo estes autores o seu desenvolvimento será favorecido por um ambiente de aprendizagem ativo e está condicionado pelo tipo de interação com o meio que a rodeia. Piaget defende ainda que deve existir um ajustamento construtivo entre o estádio de desenvolvimento da criança e o ambiente de aprendizagem, através de uma prática educativa cuidada designada por “processo de equilibração”. Os estudos desenvolvidos por Harold Skeels ou pelo Programa Perry para a Pré- escolar indicam que o funcionamento intelectual e o desenvolvimento geral das crianças com NEE podem ser influenciados por um ambiente rico e estimulante que induz aumentos consideráveis FAP 20 no funcionamento cognitivo destas crianças. Assim, os objetivos educativos para as crianças com Necessidades Educativas Especiais devem ser semelhantes aos objetivos educacionais das outras crianças, ou seja: melhorar a cognição e a capacidade de resolução de problemas. A INTEGRAÇÃO E O PRINCÍPIO DA INCLUSÃO A Educação integrada é entendida como o atendimento educativo específico prestado a crianças e adolescentes com NEE no meio familiar, no pré-escolar, na escola regular ou noutras estruturas em que a criança ou o adolescente estejam inseridos (Correia, 1999, p.19). Neste contexto, a escola surge como espaço educativo aberto e diversificado apto a proporcionar respostas adequadas à individualidade e à diferença das crianças com Necessidades Educativas Especiais. Deste modo e segundo a filosofia de integração só se deverá recorrer às classes especiais quando as necessidades da criança não são satisfeitas FAP 21 num meio que inclua crianças normais, mesmo na presença de apoios de serviços suplementares. Na década de 80 surge nos Estados Unidos da América o conceito de Inclusão, que defende a inserção do aluno com qualquer tipo de Necessidade Educativa Especial na classe regular, independentemente dos seus níveis académico e social, com o apoio dos serviços de educação especial. Segundo esta perspectiva, desde que a escola regular forneça os serviços adequados e apoios suplementares, o aluno com Necessidades Educativas Especiais (incluindo aquele com NEE moderada e severa) pode atingir os objetivos que lhe foram traçados de acordo com as suas características. A óptica da inclusão assume que a heterogeneidade existente entre os alunos é um fator positivo, que maximiza o potencial do aluno com NEE. O conceito de inclusão advoga uma educação adequada e apropriada, que respeite as características e necessidades específicas dos alunos. A INTEGRAÇÃO DE ALUNOS SURDOS CARACTERIZAÇÃO DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA A deficiência auditiva é a incapacidade total ou parcial de audição. Se a incapacidade for FAP 22 total o indivíduo designa-se como surdo, podendo ser classificado como pré-linguístico (quando perde audição antes dos três anos e assim não consegue desenvolver a fala) ou como pós- linguístico (quando perde audição depois dos três anos e ainda conseguiu desenvolver a fala). Um indivíduo designa-se por hipoacústico se a sua audição, ainda que deficiente é funcional no seu dia a dia, com ou sem aparelho auditivo. Existem quatro tipos de deficiência auditiva: o Deficiênciade condução, em que há uma dificuldade ou impedimento na passagem de vibrações sonoras para o ouvido. o Deficiência sensório-motora, que tem origem no ouvido interno e é consequência de doenças ou malformações de origem hereditária. Também pode ser provocada por fatores tóxicos, traumas ou excessiva exposição do ouvido a níveis elevados de poluição sonora. Normalmente também é designada como surdez de percepção, nervosa ou de ouvido interno. Deficiência mista, em que o ouvido médio ou interno sofre lesões ou alterações que lhes estão associadas. Deficiência central, que tem origem numa disfunção ou mal desenvolvimento das vias auditivas do sistema nervoso central. FAP 23 A deficiência auditiva pode ser de dois tipos: congénita ou adquirida. A surdez congénita pode ser consequência de fatores hereditários (devido unicamente a características transmitidas pelos genes), fatores pré-natais (devido a situações que ocorrem durante a gravidez, como resultado por exemplo de doenças que afetam a mãe - rubéola, taxoplasmose, etc.), e factores peri-natais (consequência de alterações durante o parto ou até às primeiras horas de vida do bebé, como por exemplo falta de oxigénio no cérebro, peso reduzido, etc.). A surdez adquirida é aquela que afeta as crianças com audição normal à nascença e que pode ser provocada por lesões, como por exemplo traumas acústicos devido a pancadas nos ouvidos, infecções virais (otites) ou então devido a toxicidade farmacológica, como por exemplo Ototoxitose (utilização prolongada de antibióticos). Existem diferentes graus de surdez e como tal a surdez pode ser considerada leve, moderada, severa ou profunda. Existem muitas diferenças entre uma criança que nasce a ouvir corretamente e a que nasce com deficiência auditiva. Uma criança sem problemas auditivos desde muito cedo começa a reagir aos ruídos sonoros que a rodeiam. Esta relação com o meio vai evoluindo e aos três/quatro meses a FAP 24 criança já demonstra determinadas reações face a sons específicos. Aos cinco meses inicia um processo de interação com a mãe, isto é compreende e reage aos diferentes sons que a mão emite. Com a criança que nasce surda todo este processo decorre de outra forma. A criança desenvolve uma sequência evolutiva na aquisição da sua própria linguagem: a língua gestual. No primeiro ano de vida, uma criança surda tem um comportamento igual ao de uma criança que ouve. Reflecte somente as suas necessidades e a satisfação dos seus desejos. Contudo, a partir do segundo ano de vida esta situação altera-se e muitos surdos podem torna-se rebeldes e agressivos, isto porque geralmente não conseguem dizer aos outros o que estão a sentir ou a pensar, ou então porque não percebem os que os outros lhes tentam dizer, sentindo-se assim discriminados. É nesta altura que a rápida detecção da capacidade auditiva é fundamental, para que se facilite e favoreça deste muito cedo o desenvolvimento cognitivo da criança com deficiência auditiva. FAP 25 A educação é crucial no crescimento da pessoa. A educação da criança surda é um direito, faz parte da sua condição como ser humano, e o dever de educar é uma exigência da pessoa adulta, do pai e do educador. Para a criança surda, tal como para a criança ouvinte, o pleno desenvolvimento das suas capacidades linguísticas, emocionais e sociais é uma condição imprescindível para o seu desenvolvimento. É por meio dos relacionamentos sociais que descobrimos o que é necessário para viver na sociedade. O primeiro contato social da criança é no meio familiar. Segundo Santana e Bergamo (2005),os surdos foram durante muito tempo condenados por sua condição, considerados doentes, pela falta da comunicação oral e escondidos da sociedade pela sua família. A língua de sinais era proibida. Recentemente, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) [4] foi reconhecida como língua materna dos surdos, através da Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002, o que proporcionou aos mesmos um reconhecimento perante a sociedade.O Decreto Federal n° 5.626[5], de 22 de dezembro de 2005, estabelece que os alunos com deficiência auditiva tenha direito a educação da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a língua portuguesa como sua segunda língua; logo as crianças devem ter acesso a língua especial o mais cedo possível, o que em geral acontece nas escolas. No ano de 2006 e 2009, o ministério da educação (MEC) certificou mais de 5.000 interpretes da língua de sinais. Mais de 7,6 mil cursos superiores como pedagogia, fonoaudiologia e letras oferecem a disciplina, porém o número para atender a demanda das FAP 26 escolas é muito pequeno. São Paulo contém apenas 19 interpretes para atender mais de 200 alunos; Estimasse que no Brasil exista 230 interpretes capacitados em sala de aula. A inclusão das Libras no cotidiano da sociedade, principalmente nas escolas, seria indispensável para o desenvolvimento social do surdo. É importante para os surdos que as pessoas consigam comunicar-se com eles através das Libras. Serviços básicos como saúde, educação e comércio em geral muitas vezes não possuem pessoas qualificadas para o atendimento ao surdo, fazendo com que ele se sinta ainda mais excluído. Nas escolas é fundamental os recursos visuais para ajudar o desenvolvimento dos surdos, sempre com materiais pedagógicos ilustrados e com maior quantidade possível de referências que possam ajudar como: caderno de vocabulário, dicionário, manuais em libras, etc, devem também oferecer apoio no contra turno. A utilização de Libras nas escolas deve ser obrigada, as crianças com deficiência têm a necessidade de aprender o quanto antes, o aprendizado da língua deve ser incentivado tornando a educação dos surdos facilitada e incluída na educação brasileira. A aprendizagem social ou educacional precisa de contribuições desde o nascimento da criança, sendo compreendida pelas suas características. O relacionamento interpessoal familiar, faz diferença no modo como essa criança irá se identificar enquanto parte das relações sociais. FAP 27 RELAÇÃO COM A FAMÍLIA Os pais dos alunos com deficiência auditiva interagem positivamente com a unidade, visitando com frequência a escola e preocupando-se com tudo o que diz respeito aos seus filhos e à evolução que demonstram. A escola proporciona aos pais a aprendizagem da língua gestual, para que assim eles se possam sentir mais próximos dos seus filhos e também para facilitar a comunicação familiar. INTEGRAÇÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL CONGÉNITA CARACTERIZAÇÃO DA DEFICIÊNCIA MENTAL CONGÉNITA Segundo a AAMR (Associação Americana de Deficiência Mental) entende-se por deficiência mental o estado de redução notável do funcionamento intelectual associado a limitações em pelo menos em dois aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação, FAP 28 cuidados pessoais, competências domésticas, habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho. A deficiência mental é caracterizada por um quociente de inteligência (QI) inferior a 70, ou por um desfasamento cognitivo em relação às respostas esperadas para a idade e realidade sociocultural, segundo provas e escalas, durante o desenvolvimento infantil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, até 1976 essas pessoas eram classificadas como portadoras de deficiência mental leve, moderada, severa e profunda. Contudo, atualmente estamos perante uma tendência que procura não enquadrar a pessoa com deficiência mental numa categoria baseada em generalizações de comportamentos previstos para determinada faixa etária. Pensa-se que o nível de desenvolvimento que o indivíduo podealcançar depende não só do grau de da deficiência mental, mas também da sua história de vida, com relevância para o apoio familiar. CAUSAS DA DEFICIÊNCIA MENTAL Segundo a Organização Mundial de Saúde, nos países em desenvolvimento 5% da população é portadora de deficiência mental. Apesar de ser difícil definir com precisão as causas da deficiência mental, podemos FAP 29 agrupá-las em 3 categorias: • Causas Pré-Natais, que tem lugar desde a concepção até o início do trabalho de parto. Como exemplos podemos citar: Desnutrição materna Má assistência à mãe Doenças infecciosas como a sífilis, rubéola ou toxoplasmose Toxicidade derivada do alcoolismo, consumo de drogas, efeitos secundários de medicamentos, poluição ambiental ou tabagismo Motivos genéticos tais como alterações cromossómicas (como o Síndrome de Down e o Síndrome de Matin Bell) ou alterações génicas (como Síndrome de Williams ou esclerose tuberosa). • Causas Peri–Natais, que tem lugar desde o início do trabalho de parto até o 30.º dia de vida do bebé. Podem ser: FAP 30 Má assistência e traumas de parto o hipóxia ou anóxia (oxigenação cerebral insuficiente) Prematuridade e baixo peso o Icterícia grave do recém-nascido – kernicterus (incompatibilidade RH/ABO) • Causas Pós-Natais, que vão incidir desde 30.º dia de vida até o final da adolescência. Podem ser derivadas de: Desnutrição, desidratação grave, carência de estimulação global Infecções como meningoencefalites e sarampo Intoxicações exógenas (envenenamento) por medicamentos, inseticidas ou produtos químicos como o chumbo ou o mercúrio Acidentes como por exemplo choque eléctrico, asfixia ou quedas o Infestações como a neurocisticircose (larva da Taenia Solium). FAP 31 TECNOLOGIAS ESPECIAIS PARA CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS A Educação Especial desenvolve-se em torno da igualdade de oportunidades, em que todos os indivíduos, independentemente das suas diferenças, deverão ter acesso a uma educação com qualidade, capaz de responder a todas as suas necessidades. Desta forma, a educação deve-se desenvolver de forma especial, numa tentativa de atender às diferenças individuais de cada criança, através de uma adaptação do sistema educativo. A evolução das tecnologias permite cada vez mais a integração de crianças com necessidades especiais nas nossas escolas, facilitando todo o seu processo educacional e visando a sua formação integral. No fundo, surge como uma resposta fundamental à inclusão de crianças com necessidades educativas especiais num ambiente educativo. Como uma das respostas a estas necessidades surge a utilização da tecnologia, com o desenvolvimento da Informática veio a se abrir um novo mundo recheado de possibilidades comunicativas e de acesso à informação, manifestando-se como um auxílio a pessoas com necessidades educativas especiais. Partindo do pressuposto que aprender é fazer, a tecnologia deve ser encarada como um elemento cognitivo capaz de facilitar a estruturação de um trabalho viabilizando a descoberta, garantindo condições propícias para a construção do conhecimento. Na verdade são inúmeras FAP 32 as vantagens que advêm do uso das tecnologias no campo do ensino – aprendizagem no que diz respeito a crianças especiais. Assim, o uso da tecnologia pode despertar em crianças especiais um interesse e a motivação pela descoberta do conhecimento tendo em base as necessidades e interesses das crianças. A deficiência deve ser encarada não como uma impossibilidade, mas como uma força, onde o uso das tecnologias desempenha um papel significativo. VANTAGENS O uso das tecnologias no campo do ensino-aprendizagem traz inúmeras vantagens no que respeita às crianças com necessidades especiais, permitindo: Alargar horizontes levando o mundo para dentro da sala de aula; Aprender fazendo; Melhorar capacidades intelectuais, tais como a criatividade e a eficácia; Permitir que um professor ensine simultaneamente em mais de um local; Permitir vários ritmos de aprendizagem numa mesma turma; Motivar o aluno a aprender continuamente, pois utiliza um meio com que ele se identifica; FAP 33 Proporcionar ao aluno os conhecimentos tecnológicos necessários para ocupar o seu lugar no mundo do trabalho; Aliviar a carga administrativa do professor, deixando mais tempo livre para dedicar ao ensino e à ajuda a nível individual; Estabelecer a ponte entre a comunidade e a sala de aula. A ADAPTAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO A adaptação do sistema educativo a crianças com necessidades especiais deve procurar: Incentivar e promover a aplicação das tecnologias da informação e comunicação ao sistema de ensino. Promover a utilização de computadores pelas crianças e jovens com necessidades especiais integrados no ensino regular, criar áreas curriculares específicas para crianças e jovens de fraca incidência e aplicar o tele ensino dirigido a crianças e jovens impossibilitados de frequentar o ensino regular. Adaptar o ensino das novas tecnologias às crianças com necessidades especiais, preparando as escolas com os equipamentos necessários e promovendo a adaptação FAP 34 dos programas escolares às novas funcionalidades disponibilizadas por estes equipamentos. Promover a criação de um programa de formação sobre a utilização das tecnologias da informação no apoio às crianças com necessidades especiais, destinados a médicos, terapeutas, professores, auxiliares e outros agentes envolvidos na adequação da tecnologia às necessidades das crianças. PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Estas perspectivas históricas levam em conta a evolução do pensamento acerca das necessidades educativas especiais ao longo dos últimos cinquenta anos. No entanto, elas não se desenvolvem simultaneamente em todos os países, e consequentemente retrata uma visão histórica global que não corresponde ao mesmo estágio evolutivo de cada sociedade. Estas perspectivas são descritas por Peter Clough. O LEGADO PSICOMÉDICO: (predominou na década de 50) vê o indivíduo como tendo de algum modo um déficit, e por sua vez, defende a necessidade de uma educação especial para aqueles indivíduos. FAP 35 A RESPOSTA SOCIOLÓGICA: (predominou na década de 60) representa a crítica ao legado psicomédico, e defende uma construção social de necessidades educativas especiais. ABORDAGENS CURRICULARES: (predominou na década de 70) enfatiza o papel do currículo na solução - e, para alguns escritores, eficazmente criando - dificuldades de aprendizagem. ESTRATÉGIAS DE MELHORIA DA ESCOLA: (predominou na década de 80) enfatiza a importância da organização sistêmica detalhada na busca de educar verdadeiramente. CRÍTICA AOS ESTUDOS DA DEFICIÊNCIA: (predominou na década de 90) frequentemente elaborada por agentes externos à educação, elabora uma resposta política aos efeitos do modelo exclusionista do legado psicomédico. FAP 36 PERSPECTIVA ATUAL CONVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA Um acordo foi celebrado em 25 de agosto de 2006 em Nova Iorque, por diversos Estados em uma convenção preliminar das Nações Unidas sobre os direitos da pessoa com deficiência, o qual realça, no artigo 24, a Educação inclusiva como um direito de todos. O artigo foi substancialmente revisado e fortalecido durante as negociações que começaram há cinco anos. Em estágio avançado das negociações, a opção de educação especial (segregada do ensino regular) foi removida da convenção, e entre 14 e 25 agosto de 2006, esforços perduraram até os últimos dias para remover um outro textoque poderia justificar a segregação de estudantes com deficiência. Após longas negociações, o objetivo da inclusão plena foi finalmente alcançado e a nova redação do parágrafo 2, do artigo 24 foi definida sem objeção. Cerca de sessenta delegações de Estado e a Liga Internacional da Deficiência (International Disability Caucus), que representa cerca de 70 organizações não governamentais (ONGs), apoiaram uma emenda proposta pelo Panamá que obriga os governos a assegurar que: as medidas efetivas de apoio individualizado sejam garantidas nos estabelecimentos que priorizam o desenvolvimento acadêmico e social, FAP 37 em sintonia com o objetivo da inclusão plena. A Convenção preliminar antecede a assembleia geral da ONU para sua adoção, que se realizará no final deste ano. A convenção estará então aberta para assinatura e ratificação por todos os países membros, necessitando de 20 ratificações para ser validada. A Convenção da Deficiência é o primeiro tratado dos direitos humanos do Século XXI e é amplamente reconhecida como tendo uma participação da sociedade civil sem precedentes na história, particularmente de organizações de pessoas com deficiência. ELEMENTOS SIGNIFICATIVOS DO ARTIGO 24 DA INSTRUÇÃO DO ESBOÇO Nenhuma exclusão do sistema de ensino regular por motivo de deficiência Acesso para estudantes com deficiência à educação inclusiva em suas comunidades locais Acomodação razoável das exigências individuais O suporte necessário dentro do sistema de ensino regular para possibilitar a aprendizagem, inclusive medidas eficazes de apoio individualizado FAP 38 INCLUSÃO Entendemos por Inclusão o ato ou efeito de incluir. O conceito de educação inclusiva ganhou maior notoriedade a partir de 1994, com a Declaração de Salamanca. No que diz respeito às escolas, a ideia é de que as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas em escolas de ensino regular e para isto todo o sistema regular de ensino precisa ser revisto, de modo a atender as demandas individuais de todos os estudantes. O objetivo da inclusão demonstra uma evolução da cultura ocidental, defendendo que nenhuma criança deve ser separada das outras por apresentar alguma diferença ou necessidade especial. Do ponto de vista pedagógico esta integração assume a vantagem de existir interação entre crianças, procurando um desenvolvimento conjunto, com igualdade de oportunidades para todos e respeito à diversidade humana e cultural. No entanto, a inclusão tem encontrado imensa dificuldade de avançar, especialmente devido as resistências por parte das escolas regulares, em se adaptarem de modo a conseguirem integrar as crianças com necessidades especiais, devido principalmente aos altos custos para se criar as condições adequadas. Além disto, alguns educadores resistem a este novo paradigma, que exige destes uma formação mais ampla e uma atuação profissional diferente da que têm experiência. Durante diversas etapas da história da educação, foram os educadores FAP 39 especiais que defenderam a integração de seus alunos em sistemas regulares, porém, o movimento ganhou corpo quando a educação regular passou a aceitar sua responsabilidade nesse processo, e iniciativas inclusivistas começaram a história da educação inclusiva ao redor do mundo. Tais crianças deverão fazer atividades no contra turno escolar. Hoje as pessoas especiais têm seus direitos garantidos por várias leis, basta estar cientes delas. Não são mais consideradas "doidas", e sim pessoas especiais. Elas estão sendo incluídas na sociedade e no trabalho. Nos concursos têm direito a 5% das vagas, em moradia, novelas, em escolas, etc. O mundo está adaptando a essas pessoas os ônibus, calçadas, escolas, etc. FAP 40 LEGISLAÇÃO QUE REGULAMENTA A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL Constituição Federal de 1988 - Educação Especial Lei nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBN - Educação Especial Lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - Educação Especial Lei nº 8859/94 - Estágio Lei nº 10.098/94 - Acessibilidade Lei nº 10.436/02 - Libras Lei nº 7.853/89 - CORDE - Apoio às pessoas portadoras de deficiência Lei n.º 8.899, de 29 de junho de 1994 - Passe Livre Lei nº 9424 de 24 de dezembro de 1996 - FUNDEF Lei nº 10.845, de 5 de março de 2004 - Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência Lei nº 10.216 de 4 de junho de 2001 - Direitos e proteção às pessoas acometidas de transtorno mental FAP 41 Plano Nacional de Educação - Educação Especial CONCLUSÃO Atualmente é proporcionada aos alunos com Necessidades Educativas Especiais uma educação mais adequada às suas características individuais. Em contato com esta realidade e como frequentamos um curso de ensino, consideramos importante desenvolver estratégias de ensino capazes de motivar e ajudar os alunos com Necessidades Educativas Especiais. O professor deve ser capaz de incrementar atividades de ensino individualizado, acompanhar eficazmente os outros elementos da turma e promover a interação entre todos os alunos. Contudo, o professor, não sendo especializado em NEEs, desconhece muitas vezes as implicações destas problemáticas na aprendizagem e não consegue prestar o apoio apropriado a estes alunos. Deverá então existir um esforço por parte da comunidade escolar, em especial FAP 42 por parte dos docentes na promoção da integração das crianças e adolescentes com Necessidades Educativas Especiais no ensino regular para que esta se processe de um modo salutar. Aquando da inserção destes alunos na classe regular os seus direitos devem ser salvaguardados e as suas características e necessidades individuais respeitadas. Também na escola regular as crianças e adolescentes com NEEs desenvolvem relações interpessoais com a comunidade e aprendem a viver integrados. Assim, a integração também pode trazer vantagens para a comunidade educativa na medida em que se aprende a viver com a diferença e a aceitá-la. [Digite texto] FAP 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KANNER, L. Psiquiatria infantil. Buenos Aires: Paidos, 1971. MAHLER, M. As psicoses infantis e outros estudos. In: FACION, J. R. Transtornos invasivos do desenvolvimento associados a graves problemas do comportamento: reflexões sobre um modelo integrativo. Brasília: Ministério da Justiça, 2002. FACION, J. R. Transtornos invasivos do desenvolvimento associados a graves problemas do comportamento: reflexões sobre um modelo integrativo. Brasília: Ministério da Justiça, 2002. MAHLER, M. As psicoses infantis e outros estudos. Porto Alegre: 'Artes Médicas, 1983. TUSTIN, F. Autismo e psicose infantil. Rio de Janeiro: Imago, 1975. GAUDERER, Ch. (Org.). Autismo e outros atrasos do desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1997. CID-10. Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais [Digite texto] FAP 44 e de comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. DSM-IV-TR™. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Trad. C. Dornelles. 4. ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2003. ROHDE, L. A.; BENCZIK, E. Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade: O que é? Como ajudar? Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. CYPEL, S. A criança com déficit de atenção e hiperatividade. São Paulo: Lemos, 2000. HOLMES, D. S. Psicologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. HACK, L. E. et al. Transtorno de comportamento disruptivo. Trabalho apresentado para a disciplina de Psicopatologia, sob a coordenação de J. R. Facion, Cursode Psicologia, Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba CORREIA, L.; “Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes regulares.”; Porto Editora; Porto, 1999. o FREIRE, CÉSAR; “Escola inclusiva: Percursos para a sua concretização” [Digite texto] FAP 45 http://cie.fc.ul.pt/membros/mcesar/textos%202001/Escola%20inclusiva.pdf (consulta em Maio de 2006) o http://www.granvox.com.br/informativo.htm (consulta em Junho de 2006) o http://www.eps-cruz-pau.rcts.pt/index.htm (consulta em Maio de 2006) o http://www.biosound.com.br/informacoes_causasdasurdez.htm (consulta em Maio de 2006) o http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?402 (consulta em Maio de 2006) o http://www.entreamigos.com.br/textos/defmenta/defmetnova.htm (consulta em Junho de 2006) o http://www.geocities.com/oribes/defimental.htm (consulta em Junho de 2006) o http://www.efdeportes.com/efd54/integra.htm (consulta em Maio de 2006) o http://www.educare.pt/NEDESP/N_artigosnees.asp (consulta em Maio de 2006) o http://www.educare.pt/NEDESP/N_artigosnees.asp?fich=NED_20050323_ 2642 (consulta em Maio de 2006) o http://www.educare.pt/NEDESP/N_artigosnees.asp?fich=NED_20050921_ 2644 (consulta em Maio de 2006) o http://www.educare.pt/pdf/Estruturacaoprogramaseducativos.pdf (consulta em Maio de 2006) [Digite texto] FAP 46 EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS DIFERENTES TIPOS DE NECESSIDADES ESPECIAIS Cursista :_________________________________________________________________ Assinatura : ______________________________________________________________ RG:_________________________ Órgão/Estado:_____________ Nota:_________________ Data:_______________ Após responder as atividades favor enviar o cartão resposta preenchido e assinado: Cartão resposta Questão 01 (A) (B) (C) (D) Questão 02 (A) (B) (C) (D) Questão 03 (A) (B) (C) (D) Questão 04 (A) (B) (C) (D) Questão 05 (A) (B) (C) (D) Questão 06 (A) (B) (C) (D) Questão 07 (A) (B) (C) (D) Questão 08 (A) (B) (C) (D) Questão 09 (A) (B) (C) (D) Questão 10 (A) (B) (C) (D) Observações: ________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ [Digite texto] FAP 47 Atividades: Os exercícios a seguir, são de múltipla escolha. Assinale a alternativa correta. Em seguida, preencha corretamente o Cartão Resposta. Boa Sorte! 1- A educação especial atende apenas: ( A ) Crianças com altas habilidades. ( B ) Às crianças e discentes com deficiências ou altas habilidades. ( C ) Crianças com baixa estima. ( D ) Todas as alternativas acima estão corretas. 2 - Já a educação inclusiva é uma proposta, agora no Brasil vigorado em lei, na qual as escolas devem disponibilizar: ( A ) O não acesso de alunos e alunas com deficiências ou altas habilidades no ensino regular. ( B ) O acesso de alunos e alunas com deficiências nas escolas. ( C ) O acesso de alunos e alunas com deficiências ou altas habilidades no ensino regular. ( D ) Todas as alternativas acima estão erradas. [Digite texto] FAP 48 3 - A Classe Especial é uma sala de aula preferencialmente distribuída na educação infantil e ensino fundamental, organizada de forma a se constituir em ambiente próprio e adequado: ( A ) Ao processo ensino/aprendizagem do educando portador de necessidades educacionais especiais. ( B ) Ao processo ensino/aprendizagem do educando portador de cegueira. ( C ) Ao processo ensino/aprendizagem do educando portador de Síndrome de Down. ( D ) Todas as alternativas acima estão corretas. . 4 – Segundo Brennan (in Correia, 1999, p. 48) ”Há uma necessidade educativa especial quando um problema físico, sensorial, intelectual, emocional ou social (…)”: ( A ) Afeta a aprendizagem ao ponto de serem necessários acessos intermediários ao currículo. ( B ) Afeta a aprendizagem ao ponto de serem necessárias intervenções. ( C ) Afeta a aprendizagem ao ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo. ( D ) Prejudica o educando. 5 – A deficiência auditiva pode ser de dois tipos: [Digite texto] FAP 49 ( A ) Natural ou patológica. ( B ) Congênita ou adquirida. ( C ) Disforme ou normal. ( D ) Todas as alternativas acima estão erradas. 6 - Segundo a Organização Mundial de Saúde, nos países em desenvolvimento: ( A ) 15% da população é portadora de deficiência mental. ( B ) 25% da população é portadora de deficiência mental. ( C ) 5% da população é portadora de deficiência mental. ( D ) 2% da população é portadora de deficiência mental. 7 - A Educação Especial desenvolve-se em torno da igualdade de oportunidades, em que todos os indivíduos, independentemente das suas diferenças: ( A ) Não deverão ter acesso a uma educação com qualidade, capaz de responder a todas as suas necessidades. ( B ) Deverão ter acesso a uma educação sem qualidade, capaz de responder a todas as suas necessidades. ( C ) Deverão ter acesso a uma educação com qualidade, incapaz de responder a todas as suas necessidades. ( D ) Deverão ter acesso a uma educação com qualidade, capaz de responder a todas as suas necessidades. 8 – Segundo Peter Clough, O Legado Psicomédico: [Digite texto] FAP 50 ( A ) Vê o indivíduo como tendo de algum modo um problema. ( B ) Vê o grupo como tendo de algum modo um déficit. ( C ) Vê o indivíduo como tendo de algum modo um déficit. ( D ) Não consegue analisar patologicamente o indivíduo. 9 – O conceito de educação inclusiva ganhou maior notoriedade a partir de 1994, com: ( A ) A Declaração de Inclusão. ( B ) A Declaração de Salamanca. ( C ) Lei da Inclusão. ( D ) Todas as alternativas acima estão corretas. 10 – O professor que trabalha com inclusão, deve ser capaz de incrementar atividades de ensino individualizado, e: ( A ) Acompanhar eficazmente os outros elementos da turma e promover a interação entre todos os alunos. ( B ) Acompanhar, com pouca eficácia, os outros elementos da turma e promover a interação entre todos os alunos. ( C ) Além de contribuir para deixar o ambiente escolar mais indisciplinado, favorecer a aprendizagem. ( D ) Promover a aprendizagem.