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Unidade 3 Investigação de acidentes e incidentes do trabalho Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS- Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ROSIVANY AUXILIADORA GOMES E IZADORA SOARES CARDOSO AUTORIA Rosivany Auxiliadora Gomes Olá. Sou uma profissional com sólida carreira na área de gestão Educacional, com experiência em pós-graduação, graduação e educação profissional, gestão de pessoas e educação a distância. Possuo mestrado em Biociências e Biotecnologia e atuo no SENAC RIO desde 2006 como oordenadora/instrutora no Pós-graduação MBA em SMS, curso técnico em Segurança do Trabalho. Além disso, sou bolsista voluntária no projeto de pesquisa pelo IFF no centro de Tecnologia da Informação com apoio do CNPQ, estudando sobre a recomendação de materiais didáticos baseada em estilos cognitivos de aprendizagem. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Izadora Soares Cardoso Olá. Sou doutoranda em Engenharia Elétrica pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Mestra em Engenharia Elétrica (2022) e Bacharel em Engenharia Elétrica (2019) pela mesma instituição. Técnica em Eletrotécnica pelo Instituto Federal de Alagoas - IFAL Campus Palmeira dos Índios (2012). Desenvolveu projetos de extensão em Eletrônica Básica para alunos do ensino médio da rede pública e projeto de iniciação científica pelo Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (PROCAD), nas áreas de instrumentação e telemetria de sistemas não tripulados. Desenvolvi estudos relacionados ao processo de Ensino e Aprendizagem no curso de graduação em Engenharia Elétrica da UFCG, além de videoaulas para alunos de graduação em temas relacionados à Engenharia Elétrica e Eletrônica. Desde 2013, sou colaboradora do Laboratório de Instrumentação e Metrologia Científicas (LIMC) da UFCG, no qual participei de diversos projetos de ensino, pesquisa e extensão. Atuei como Analista de Engenharia por mais de três anos no setor privado. Participo de Projetos de Ensino voltados ao desenvolvimento de material didático instrucional para o Curso de Engenharia Elétrica. Possuo experiência com desenvolvimento de material didático instrucional; elaboração de itens; criação de conteúdo e elaboração de aulas e avaliações para a educação técnica e superior. Tenho interesse em temas como: Ensino, Eletrônica Analógica e Digital, Processamento de Sinais, Desenvolvimento de material didático instrucional, Criação de conteúdo e Gestão de pessoas. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Investigação dos acidentes e incidentes de trabalho .................12 Investigação e notificação ........................................................................................................ 12 Conceituando acidentes e incidentes ............................................................................. 14 Avaliação dos acidentes e incidentes de trabalho .......................18 A padronização dos processos na cultura da segurança ................................ 20 A detecção das práticas inseguras ....................................................................................24 Teorias sobre acidentes .......................................................................... 27 Primeiras teorias ...............................................................................................................................27 As teorias multicausais................................................................................................................ 31 A teoria do erro humano ............................................................................................................34 Embargo e a interdição ............................................................................ 38 A NR 3 e a auditoria fiscal do trabalho ............................................................................ 38 9 UNIDADE 03 Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 10 INTRODUÇÃO Prezado aluno! Nesta unidade veremos como os estabelecimentos, em conjunto com os profissionais, podem trabalhar com segurança e qualidade, resguardando a saúde laboral dos trabalhadores sem perder a produtividade requerida pelo mercado. Serão abordados a legislação referente à saúde ocupacional, bem como os demais documentos normativos pertinentes e as ferramentas utilizadas na minimização dos riscos laborais e na proteção da saúde do trabalhador. Vamos lá! Bons estudos! Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Analisar a ocorrência dos acidentes no ambiente de trabalho. 2. Listar os acidentes de trabalho, suas causas e implicações. 3. Explicar as teorias causais dos incidentes e acidentes. 4. Explicar o embargo e a interdição. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 12 Investigação dos Acidentes e Incidentes de Trabalho OBJETIVO: Ao concluirmos esta unidade você será capaz de investigar a ocorrência de incidentes e acidentes no ambiente de trabalho, suas causas e implicações para os trabalhadores e as empresas, além de propor medidas corretivas e preventivas de segurança. Preparados? Vamos lá! Investigação e Notificação A notificação dos incidentes e acidentes ocupacionais tradicionalmente foca nas lesões e doenças relacionadas ao trabalho, principalmente devido às demandas legais ocasionadas pelo cumprimento da legislação que compõe os sistemas de segurança (WENNERSTEN, 2000). NOTA: Assim somente os incidentes e acidentes que efetivamente afetam os trabalhadores acabam sendo notificados. Busca-se atualmente a crescente conscientização das empresas sobre a necessidade de implementação de ferramentas de notificações mais gerais para os registros dos incidentes e acidentes, minimizando as subnotificações (WENNERSTEN, 2000). IMPORTANTE: A metodologia de investigação dos acidentes de trabalho deve incluir diversasferramentas, como entrevistas, análise de documentos, fotografias, observação e estudo das condições do trabalho nas empresas (VILELA; MENDES; GONÇALVES, 2007). Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 13 Essas devem, ainda, investigar a ocorrência dos acidentes, utilizando-se de uma abordagem ampliada do fato, fugindo de explicações simplistas de suas causas que resultam na simples culpabilização das próprias vítimas dos eventos, minimizando, desse modo, a importância da identificação dos aspectos organizacionais, equipamentos, dentre outros fatores que, se devidamente analisados, levariam à real maximização da segurança e confiabilidade dos sistemas de segurança ocupacional implantados pelas empresas (VILELA; MENDES; GONÇALVES, 2007). Figura 1: Os acidentes de trabalho ocorrem de forma inesperada. Fonte: @pixabay Evidencia-se a necessidade de alterações culturais na área da segurança ocupacional, principalmente no que tange a investimentos permanentes em capacitação e difusão dos preceitos de acidentes e diretrizes de segurança junto a todos os atores envolvidos. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 14 Conceituando Acidentes e Incidentes De acordo com o art. 19 da Lei nº 8.213/91: DEFINIÇÃO: acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991). Além dos acidentes de trabalho típicos expressos pela legislação, as doenças profissionais e/ou ocupacionais equiparam-se a acidentes de trabalho como podemos ver pelos incisos do art. 20 da Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991); • doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; • doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais, em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. O art. 21 da Lei nº 8.213/91 caracteriza também como acidente de trabalho (BRASIL, 1991): I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 15 a. ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b. ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c. ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d. ato de pessoa privada do uso da razão; e. desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; Figura 2: Diversos são os danos gerados pela ocorrência de acidentes de trabalho. Fonte: @freepik IV - o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho: a. na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 16 b. na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c. em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d. no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. IMPORTANTE: Nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. Os acidentes de trabalho não apresentam somente impactos jurídicos. Em caso de ocorrência de acidentes menos graves, por exemplo, o empregado acaba se ausentando do trabalho por períodos de até quinze dias. Desse modo, o empregador perde temporariamente sua mão de obra e produtividade, tendo que arcar com o ônus de seu afastamento (BRASIL, 1991). IMPORTANTE: Os acidentes de trabalho geram custos também para o Estado, uma vez que cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) prover a prestação de benefícios, tais como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação profissional e pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por morte (WENNERSTEN, 2000). Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 17 Figura 3: Os acidentes do trabalho possuem impactos jurídicos e econômicos. Fonte: @freepik DEFINIÇÃO: O acidente é visto como fenômeno complexo e multicausal. A partir da lesão, busca-se recompor a situação de trabalho que deu origem ao acidente, identificando aí fatores causais situados na sua origem. A correta investigação possibilita visualizar as medidas preventivas que devem ser adotadas para prevenção de fenômenos semelhantes (VILELA; MENDES; GONÇALVES, 2007, p. 30). Já o conceito de incidente relaciona-se a uma ocorrência não planejada e que poderia levar a um acidente. Logo, trata-se de uma situação em que quase ocorreu um acidente, não tendo esse ocorrido e com danos menores ou inexistentes, mas que merecem interesse por parte da organização para fins de aplicação de medidas preventivas. Quando um profissional de uma farmácia hospitalar tropeça em uma escada e apenas derruba uma caixa de ampolas de vidro no chão, sem que ocorra danos físicos a ele, trata-se de um incidente de trabalho. Agora, se o profissional cai sobre os cacos de vidro das ampolas quebradas e se machuca, levando nesse caso à lesão física, ocorre o acidente de trabalho. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 18 Avaliação dos Acidentes e Incidentes de Trabalho OBJETIVO: A evolução do campo das investigações de acidentes do trabalho levou à sua ampliação conceitual. Cada vez mais os conceitos envolvem o entendimento dos acidentes sob a ótica da origem multicausal (VILELA; MENDES; GONÇALVES, 2007). Os fundamentos dessas ciências ficaram conhecidos como “concepções de acidentes”. Tradicionalmente, essas concepções teorizam sobre o erro humano ou atos inseguros. No passado as correntes teóricas apresentavam o modelo unicausal, considerando o ser humano o único responsável pelos acidentes, ou seja, controlando-se a conduta dos trabalhadores por meio de premiações e punições, estariam resolvidos os problemas da ocorrência de acidentes de trabalho (ALMEIDA, 2006). REFLITA: Vários estudos em diferentes épocas demonstraram que os acidentes são causados por descuidos, falta de atenção, erros humanos ou atos inseguros, mas que o ambiente ocupacional apresenta grande parcela de responsabilidade sobre os riscos de acidentes (ALMEIDA, 2006). As causas dos acidentes ainda acabam sendo relacionadas aos trabalhadores, porém o comportamento inseguro é visto de uma forma diferente na nova “cultura da segurança”, que se baseia na participação e na educação muito mais do que na aplicação de punições e sanções (VILELA; MENDES; GONÇALVES, 2007). Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 19 EXPLICANDO MELHOR: Essa cultura da segurança faz com que os trabalhadores sejam seus próprios fiscalizadores (MENDES, 2006). Figura 4: Os trabalhadores devem ser fiscalizadores do seu próprio trabalho. Fonte: @freepikCooper (2005 apud VILELA; MENDES; GONÇALVES, 2007, p. 31) defende que o medo das punições pode afastar o trabalhador do programa de prevenção em segurança, portanto as melhores estratégias são as que eles mesmos se vigiem e reportem o comportamento inseguro do colega. O denunciado deverá passar por programa de conscientização dos riscos, já aqueles que mantiverem comportamentos seguros deverão ser premiados. NOTA: Hoje busca-se a segurança comportamental utilizando- se de ferramentas de treinamento e na proteção dos trabalhadores. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 20 Uma ferramenta efetiva, tanta na educação quanto na execução das tarefas e que minimiza os riscos de acidentes de trabalho é o respeito a normas e procedimentos padronizados que consideram padrões de segurança na sua elaboração. Esses documentos são conhecidos como Manual de Normas e Rotinas e Procedimentos Operacionais padronizados (POP). A Padronização dos Processos na Cultura da Segurança A padronização dos processos é realizada de diferentes maneiras: por meio de documentos regulatórios, da previsão de procedimentos operacionais padrão, de protocolos e manuais de normas e de rotinas. NOTA: Ela permite a normatização de protocolos já testados e validados, proporcionando segurança na realização de atividades, mesmo as mais básicas do cotidiano profissional. A padronização também é conhecida como normalização e representará o processo pelo qual se busca o desenvolvimento e a implementação das normas técnicas das atividades realizadas no cotidiano dos serviços, de maneira correta e segura. IMPORTANTE: A padronização tem por objetivo definir especificações que visem à segurança, à qualidade e à reprodutibilidade dos processos, produtos e serviços. Essa padronização é apresentada em documentos normativos internos, denominados Manuais de Normas e Rotinas, Protocolos e Procedimentos Operacionais Padrão (POP). As normas relacionadas às rotinas das tarefas são fatores de segurança dos trabalhadores. Reunidas no Manual de Normas e Rotinas, Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 21 apresentam desde processos simples, como serviços administrativos, até procedimentos complexos que envolvem máquinas pesadas ou alta tecnologia. Hirata e Mancini Júnior (2002, p. 12) definem que a padronização das tarefas deve maximizar a segurança ocupacional. Deve apresentar o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes à execução das tarefas que podem comprometer a saúde, o meio ambiente e a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Exemplo: Um exemplo é apresentado por Oppermann e Pires (2003), que defende que a segurança biológica na prestação de serviços de saúde consiste na utilização correta de cuidados e equipamentos capazes de impedir a contaminação tanto dos profissionais de saúde quanto dos pacientes e do ambiente laboral. Chama-se de “precauções padrão” o conjunto desses cuidados e equipamentos. É preconizado que todos os procedimentos realizados nas empresas sejam descritos em um instrutivo denominado “Manual de Normas e Rotinas”. Esse manual é um compêndio de todos os procedimentos operacionais padrão (POP), no qual se encontram o passo a passo das atividades executadas no cotidiano profissional, com a descrição, as orientações metodológicas, as técnicas, as recomendações e a legislação aplicada. O manual, além de orientar os serviços profissionais, é obrigatório perante a legislação que rege o funcionamento de empresas de diversos setores, como, por exemplo, saúde (prestação de serviços, produção de medicamentos, dentre outros). NOTA: Cabe ressaltar que esse manual é composto pela reunião dos procedimentos operacionais padrão. Entre os documentos normativos internos temos os procedimentos operacionais padrão (POP), individuais para cada processo e atividade realizada nas empresas. O conjunto de todos os POP é contido no Manual de Normas e Rotinas. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 22 O procedimento operacional padrão é definido como o “conjunto de normas de operação padronizadas e de conhecimento para aplicação por todos os membros do grupo — equipe de trabalho” (BRASIL, 2001, p. 30). Figura 5: Os POP devem apresentar orientações sobre a execução dos processos internos. Fonte: @freepik Sua finalidade é garantir que haja similitude na execução das mesmas atividades por diferentes componentes de uma equipe de trabalho. O emprego de uma metodologia comum possibilita a padronização e uniformização do desempenho das atividades de setores diversos dentro de uma unidade. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 23 IMPORTANTE: O treinamento é indispensável para que se alcance a uniformidade na execução do procedimento operacional padrão, cuja confecção deve ficar a cargo de técnicos que possuem conhecimento sobre a metodologia empregada e sobre aquilo que se passa no cotidiano do setor. O procedimento operacional padrão é confeccionado de modo que o profissional possua orientações para a realização de atividades cotidianas. São embasados na legislação aplicada e nos protocolos e fluxogramas, também padronizados. Os protocolos são documentos normativos que estabelecem critérios e padronizam a realização de atividades-fim, podendo englobar desde a recepção de clientes até a realização de tarefas complexas, garantindo a qualidade e a segurança na execução dos processos. IMPORTANTE: Os protocolos orientam a confecção dos POP e dos Manuais de Normas e Rotinas, por reunirem a legislação e a bibliografia atualizada a respeito dos temas sobre os quais versam. Considerando todo o fluxo dos clientes, fornecedores, trabalhadores, de sua entrada à sua saída das empresas, os protocolos são visualizados por meio de fluxogramas, ferramentas importantes na sistematização dos documentos instrutivos. O ideal é que todos os processos sejam padronizados e transformados em documentos normativos internos, obedecendo à legislação e às características do estabelecimento. Os documentos devem estar impressos e presentes no setor de trabalho para consulta, sempre que necessária, caracterizando, assim, uma ferramenta de promoção da segurança do trabalhador. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 24 A Detecção das Práticas Inseguras A detecção é o momento em que se evidencia o incidente, acidente ou situação de risco, importante etapa do gerenciamento de riscos e perigos à saúde dos trabalhadores. DEFINIÇÃO: A detecção será a ação ou mesmo a circunstância que proporciona a descoberta da ocorrência de um problema ocorrido ou potencial. Temos como ferramentas de detecção os processos de conferência, checagem ou mesmo alarmes gerados quando máquinas e equipamentos se encontram fora dos padrões de funcionamento normal e se tornam fontes potenciais de risco de acidente ocupacional. Os fatores que causam aumento do risco de ocorrência de um incidente ou acidente podem ser as circunstâncias, condutas e ações, sendo que todas elas demandam de uma postura interventiva no sentido da prevenção por parte das empresas e seus funcionários. NOTA: Os fatores causais de incidentes podem ser internos ou externos. Todos eles devem ser detectados e trabalhados de forma preventiva. Exemplo: Um fator externo pode ser queda de energia, gerando desligamento de aparelhos, tempestades, descargas elétricas e desabamentos, por exemplo. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 25 Figura 6: A avaliação das práticas inseguras e os riscos ambientais é foco da gestão de riscos e perigos à saúde. Fonte: @freepik Desse modo, assim que detectado um problema e elencadas várias fontes potenciais de risco, um plano de ação deve ser elaborado e executado no sentido da prevenção da efetivação dos acidentes. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 26 RESUMINDO: As açõesexecutadas para a minimização de riscos terão por objetivo a redução, o gerenciamento ou controle da probabilidade de ocorrência futura de um acidente, considerando os potenciais danos que podem ser causados aos trabalhadores. Obviamente que o foco do gerenciamento de risco é a segurança e prezar pela saúde dos trabalhadores. Não podemos, todavia, nos esquecer de que as empresas precisam zelar pelo seu bom nome e manter a sua credibilidade em sua área de atuação. Outro fator importante é o impacto financeiro e social nas empresas, no Estado e na sociedade. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 27 Teorias sobre acidentes OBJETIVO: Os acidentes são definidos como ocorrência, sim, previstas, que acabam por resultar em ferimentos, mortes, perda de produtividade ou mesmo danos à propriedade ou bens. A prevenção da ocorrência de acidentes torna-se complexa devido à sua multicausalidade. Por esse motivo, algumas teorias sobre acidentes foram desenvolvidas e procuram auxiliar a identificar, isolar e eliminar os fatores de risco de causas de acidentes (CASTRO, 2007). Primeiras Teorias A Teoria da Propensão ao Acidente foi desenvolvida inicialmente em 1919 por Greenwold e Woods, após análise dos acidentes ocorridos em uma fábrica inglesa de munição. Os dados demonstraram que um grupo particular de indivíduos era responsável por grande parte dos acidentes (FISHER, 2005). IMPORTANTE: Essa teoria defende que em um determinado grupo de trabalhadores existe um subconjunto daqueles que são mais suscetíveis de se envolverem em acidentes de trabalho, por possuírem características natas que os tornam mais propensos (GANDRA; RAMALHO MARQUES, 2004). Dessa teoria desenvolveu-se a Teoria da Propensão Tendenciosa ou Teoria da Causa do Acidente, proposta por Farmer e Chambers em 1939, que considera que um trabalhador envolvido anteriormente em um acidente possui chances maiores ou menores de reincidência. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 28 Enquanto um subgrupo de trabalhadores, vítimas de acidentes que poderão melhorar suas habilidades e competências, sendo mais cuidadosos em novas situações (FISHER, 2005), outros se mostrarão mais suscetíveis à outros acidentes ainda, devido à características natas que possuem (ALMEIDA, 2012); a ocorrência de acidentes também pode estar vinculada à ciclos da vida, ligados principalmente à idade e à experiência (FISHER, 2005). NOTA: Heinrich, em 1926, descreveu que grande parte dos acidentes é resultante de atos e condições inseguras. Ele considerou que 88% dos acidentes são causados por ato inseguro dos trabalhadores, 10% por condições inseguras do ambiente e apenas 2% pelo acaso (causas fortuitas ou imprevisíveis) (ALMEIDA, 2006). A sua teoria apresenta cinco fatores de risco, em que cada elemento aciona o passo seguinte no fluxo do acidente como em um efeito dominó. A sua teoria é conhecida como Teoria dos Dominós e apresenta o acidente como uma sequência linear de eventos, em forma de um fluxo, pois quando um dos dominós cai, ele aciona a próxima pedra e assim sucessivamente em uma sequência a saber (ALMEIDA, 2006): 1. Ancestralidade e o meio social: relaciona-se a características físicas e psicológicas do indivíduo determinadas pela hereditariedade, todavia o comportamento individual é influenciado pelo ambiente social de cada um; 2. Causa pessoal: diz respeito ao conjunto de conhecimentos e habilidades que cada trabalhador precisa possuir para desempenhar uma tarefa. Observa-se que a probabilidade de ocorrência de acidentes aumenta quando as condições psicológicas estão abaladas por alguma situação social ou de saúde, ou quando não existem treinamentos suficientes e efetivos para sua execução; Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 29 3. Ato inseguro com risco físico e mecânico: relaciona-se às falhas materiais que possam existir no ambiente laboral. Pode ocorrer por diversos motivos, como maquinários perigosos, iluminação deficiente e ausência de manutenção preventiva de equipamentos, maximizando a possibilidade de ocorrência de acidentes pelo aumento dos riscos; 4. Acidente: uma vez que condições inseguras estejam presentes ou atos inseguros forem praticados, pode-se esperar a ocorrência de um acidente como consequência; 5. Danos ou ferimentos: sempre que um acidente ocorre, tem-se a possibilidade de lesões nos trabalhadores, encerrando a reação em cadeia. Os danos efetivos aos trabalhadores representam a última etapa (peça) no efeito dominó. A teoria do dominó apresenta-se como uma sequência unidimensional dos acontecimentos, desconsiderando sua característica multifatorial, que levou ao desenvolvimento do princípio da causalidade múltipla. Figura 7: A Teoria de Heinrich é conhecida como Teoria do Dominó. Fonte: @freepik A teoria das múltiplas causas surgiu como uma consequência da teoria dos dominós, porém focando na multicausalidade, considerando Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 30 diversos fatores contributivos vírgulas causas e subcausas que, devido à sua combinação, darão origem aos acidentes ponto final. Segundo a teoria das múltiplas causas, os fatores que contribuem para a ocorrência dos acidentes são agrupados em duas categorias (RAOUF, 1998): 1. Comportamental: categoria que inclui fatores individuais relacionados ao trabalhador, como conduta inadequada, falta de conhecimento ou habilidade e mesmo condições físicas e mentais para a realização da tarefa; 2. Ambiental: relaciona-se aos elementos de trabalho perigosos e à degradação de equipamentos por depreciação, aumentando a potencialidade de ocorrência dos acidentes ocupacionais. NOTA: Essa teoria é importante porque marcou a caracterização dos acidentes como resultado de várias causas ou ações. Já a teoria do acaso defende que todos os trabalhadores expostos ao mesmo tipo de perigo possuem o mesmo risco de se envolverem em acidentes. De acordo com essa teoria, não existem intervenções efetivas para prevenção de acidentes de trabalho (CORREA, 2007). O que se discute na atualidade é que o acidente não é um evento isolado. As análises dos acidentes de trabalho evidenciaram uma sequência de eventos fortemente interligados, complexos e multicausais. IMPORTANTE: Essa caracterização gerou um novo olhar para a segurança do trabalho, abandonando os modelos de causalidade centrados na culpabilização dos trabalhadores e focando em formas de gestão e organização do trabalho que minimizassem os riscos (GANDRA; RAMALHO MARQUES, 2004). Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 31 As Teorias Multicausais Como atualização da teoria do dominó, foi apresentada a Teoria de Bird e Loftus. Essa teoria multicausal introduziu dois novos conceitos (CORREA, 2007): 1. a influência da gestão e do erro de gestão; 2. perdas de produtividade, danos materiais, perdas de ativos e lesões, todos como resultados de um acidente ocupacional. O estudo de Heinrich, conhecido como Lei de Heinrich, apresentou o seguinte resultado, que foi apresentado na forma do modelo de pirâmide: Figura 8: Primeira pirâmide de Heinrich. Fonte: elaborada pelo autor, 2019 Já os estudos de Bird, conhecida como a Pirâmide de Bird apresentou proporções diferentes: para cada 1 lesão séria haveria 100 lesões menores e 500 acidentes sem lesões, mas com perdas patrimoniais (ALMEIDA, 2006). Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 32 Figura 9: Pirâmide de Bird. Fonte: elaborada pelo autor, 2019 Posteriormente, um novo estudo foi realizado por Bird e, considerando informação, investigação, análise e revisão do processo em diversas empresas, ele alterou o perfil de sua pirâmide. A nova pirâmide de Bird ficou assim definida (ALMEIDA, 2006): Figura 10: Nova pirâmide de Bird. Fonte: elaborado pelo autor, 2019 Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 33 Na década de 1990 foi desenvolvidaa Pirâmide de DuPont, ainda maior, e considerando os desvios na proporção 1–30–300–3.000–30.000 (ALMEIDA, 2006). Figura 11: Pirâmide de DuPont. Fonte: elaborada pelo autor, 2019 NOTA: Cada empresa deve realizar as notificações de todos os casos envolvendo incidentes e acidentes de trabalho e traçar o seu perfil de risco por meio dos modelos de pirâmide, por exemplo, para que possa conhecer a sua realidade. Já a Teoria de Perrow — ou Teoria da Normalidade dos Acidentes — sustenta que os acidentes são inevitáveis em sistemas tecnologicamente complexos e interligados como as grandes indústrias (GANDRA; RAMALHO MARQUES, 2004). Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 34 NOTA: O autor criou o termo “acidente normal” para explicar que as falhas são inevitáveis devido a características múltiplas e imprevistos dos sistemas de produção. Assim, o autor considera que é a interação de inúmeras falhas que gera o acidente e, por mais que esforços sejam aplicados no gerenciamento dos diversos subsistemas, reações não previstas em interação conduzem a um acidente ou uma catástrofe (GANDRA; RAMALHO MARQUES, 2004). Perrow concluiu que os acidentes são inevitáveis e acontecem o tempo todo: os mais sérios são inevitáveis, mas pouco frequentes; catástrofes são inevitáveis, mas extremamente raras (GANDRA; RAMALHO MARQUES, 2004). A Teoria do Erro Humano A segurança do trabalho planeja suas ações considerando a possibilidade potencial de acidentes. De acordo com a teoria do erro humano de James Reason, conhecida como “Modelo do Queijo Suíço”, os problemas são considerados pela sua dimensão sistêmica (DUARTE et al., 2015). Por essa teoria, o risco de acidentes e erros deve ser analisado sob duas óticas diferentes (DUARTE et al., 2015): • aproximação pessoal: relacionada aos atos inseguros realizados pelas pessoas; • aproximação do sistema: considera que os seres humanos sempre falharão e que os erros devem ser esperados. O fundamento do “Modelo do Queijo Suíço” considera que quando ocorre um evento adverso não se deve priorizar quem o cometeu, mas como e por que as defesas implantadas falharam (DUARTE et al., 2015). Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 35 IMPORTANTE: Todos os mecanismos de defesa devem estar íntegros, porém cada um deles possui falhas inofensivas individualmente, que, quando somadas, levam a um considerável aumento do potencial de ocorrência do evento perigoso. Figura 12: O “Modelo do Queijo Suíço” Fonte: Wikicomons Podemos ver na figura que os furos representam falhas que, somadas, tendem a gerar um evento adverso. Esses furos nas defesas podem ocorrer por: • falhas ativas: atos inseguros praticados (lapsos, erros, violações e desrespeito a protocolos). Um técnico de enfermagem deixa cair uma seringa agulhada que fere o seu pé. A funcionária estava calçando um calçado aberto, desrespeitando um protocolo de prevenção de acidentes internos. • condições latentes: são atos ou ações evitáveis que ocorrem no sistema, porém advindos da gestão. Considerando o exemplo acima, as falhas latentes seriam a falta de disponibilização de um EPI, ou manutenção de máquinas, ou mesmo treinamento, aumentando a potencial ocorrência de acidentes. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 36 O modelo de James Reason mostra como os buracos do queijo se comunicam, furando as barreiras de prevenção e atingindo o trabalhador. O autor considera ser impossível eliminar falhas humanas e técnicas, definindo o erro como “humano”, porém mecanismos podem ser implementados para minimizar esse problema, evitando o acidente e seus impactos (BRASIL, 2017). Brasil (2017) apresenta características de um sistema predisposto a acidentes: • incertezas e alta rotatividade de processos e pessoas; • fontes variadas de informação; • falha de comunicação; • não utilização ou utilização de indicadores indiretos; • estresse e sobrecarga profissional; • equipamentos obsoletos e sem a devida manutenção preventiva; • presença de diversos indivíduos com diferentes prioridades; • influência de grupos ou corporações sobre a realização dos processos; com intenções duvidosas, antiéticas e corporativistas. Já em Brasil (2014) encontramos as principais mudanças necessárias a um ambiente, que devem estar presentes para favorecer a cultura da segurança: • alteração da visão de que os acidentes são ocasionados por falhas individuais e passar e entendê-los como falhas do sistema; • mudar a cultura da punição para educação e justiça; • primar pela transparência; • focar na segurança ocupacional; • prezar pela equipe e o trabalho colaborativo. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 37 Figura 13: O trabalho colaborativo maximiza a segurança ocupacional. Fonte: @freepik Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 38 Embargo e Interdição OBJETIVO: A NR 3 trata do tema embrago e interdição (BRASIL, 2019). Publicada em 1978 e atualizada no ano de 2019, a NR 3 estabelece as diretrizes para caracterização do grave e iminente risco e os requisitos técnicos objetivos de embargo e interdição. A NR 3 e a Auditoria Fiscal do Trabalho O auditor fiscal do trabalho impõe o embargo ou a interdição de acordo com o resultado da sua auditoria no local de trabalho, que avalia situação de grave e iminente risco. NOTA: Ao levantar dados e informações sobre uma organização, o profissional que realiza uma auditoria, chamado de auditor, busca, por meio da análise de documentos, entrevistas, verificações e inspeções, interagir com a organização e sentir o que ela tem a expressar sobre a realização de seus processos internos. Essa auditoria realizada pelo fiscal do trabalho tem por objetivo avaliar o cumprimento, pela empresa, da legislação trabalhista e normas regulamentadoras. Essa caracterização de situação de grave e iminente risco é pautada na NR 3 e considera a consequência (resultado ou resultado potencial esperado de um evento) e a probabilidade (chance de o resultado ocorrer ou estar ocorrendo) (BRASIL, 2019). Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 39 DEFINIÇÃO: De acordo com Brasil (2019), embargo e interdição são medidas de urgência adotadas a partir da constatação de condição ou situação de trabalho que caracterize grave e iminente risco ao trabalhador. De acordo com o documento legal, considera-se grave e iminente risco toda condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou doença com lesão grave ao trabalhador. DEFINIÇÃO: O embargo implica a paralisação parcial ou total da obra. Já a interdição, por sua vez, implica a paralisação parcial ou total da atividade, da máquina ou equipamento, do setor de serviço ou mesmo do estabelecimento. Para que ocorra uma das sanções (o embargo ou a interdição), algumas condições e hipóteses são avaliadas (BRASIL, 2019): 1. Classificação das consequências: • morte: pode levar a óbito imediato ou que venha a ocorrer posteriormente; • severa: pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando lesão ou sequela permanentes; • significativa: pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando lesão que implique em incapacidade temporária por prazo superior a 15 (quinze) dias; • leve: pode prejudicar a integridade física e/ou a saúde, provocando lesão que implique em incapacidade temporária por prazo igual ou inferior a 15 (quinze) dias; • nenhuma: nenhuma lesão ou efeito à saúde. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 40 2. Classificação das probabilidades: • provável: medidas de prevenção inexistentes ou reconhecidamente inadequadas. Uma consequência é esperada, com grande probabilidade de que aconteça ou se realize; • possível: medidas de prevenção apresentam desvios ou problemas significativos. Não há garantias de que as medidas sejam mantidas. Uma consequência talvez aconteça, com possibilidadede que se efetive, concebível; • remota: medidas de prevenção adequadas, mas com pequenos desvios. Ainda que em funcionamento, não há garantias de que sejam mantidas sempre ou a longo prazo. Uma consequência é pouco provável que aconteça, quase improvável; • rara: medidas de prevenção adequadas e com garantia de continuidade dessa situação. Uma consequência não é esperada, não é comum sua ocorrência, extraordinária. Durante a paralisação do serviço em decorrência da interdição ou do embargo, os trabalhadores receberão os salários como se estivessem em efetivo exercício. (BRASIL, 2019). RESUMINDO: Nesta unidade estudamos a evolução das teorias causais dos acidentes de trabalho, aprendendo a diferenciar incidentes de acidentes. Também discutimos a investigação e a avaliação dos acidentes e riscos por meios da conduta profissional e de aspectos inerentes ao ambiente laboral. Analisamos a auditoria fiscal do trabalho e as consequências e probabilidade de ocorrência de eventos adversos aos trabalhadores para adotar o embargo ou a interdição. Importante destacar a importância dos treinamentos e da padronização dos procedimentos, agregados às condições do ambiente, para que se minimizem os riscos ocupacionais. Gerenciamento de Perigos e Riscos à Saúde (GPRS) 41 REFERÊNCIAS ALMEIDA, I. M. de. Trajetória da análise de acidentes: o paradigma tradicional e os primórdios da ampliação da análise. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 10, n. 19, p. 185–202, jun. 2006. Disponível em: http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832006000100013&lng=en &nrm=iso. Accesso em: 19 dez. 2019. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2017. 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