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2.2 TEORIA DO FATO TIPICO PARTE I - CONDUTA - SUJEITOS - DOLO E CULPA
ESTUDO DO FATO TÍPICO – CONDUTA; SUJEITOS; DOLO E CULPA 
1. CONDUTA NO DIREITO PENAL
A conduta humana é o ponto de partida de toda reação jurídico-penal e o objeto ao qual se agregam determinados predicados (tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade), que convertem essa conduta em delito. Nosso direito penal é um direito penal do ato e não do autor.
*Conduta cibernética: conduta voluntária, dominada pela vontade humana.
2. AUSÊNCIA DE CONDUTA (COMPORTAMENTOS QUE NÃO SE INCLUEM NO CONCEITO DE CONDUTA PENAL) 
Quando o movimento corporal do agente não for orientado pela consciência e vontade.
Há ausência de ação em três modelos de casos:
1 Coação física irresistível 
- Afasta a ação (componente volitivo)
- Não confundir coação física irresistível (afasta a tipicidade, a relevância da conduta), com coação moral irresistível (vis compulsivas - art. 22 do CP), que afasta a culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.
- Coação RESISTÍVEL constitui atenuante incidente na 2ª fase da dosimetria da pena (art. 65 III “c” do CP). 
2 Movimentos reflexos
- Não há vontade, são atos somáticos determinados por estímulos do sistema nervoso, traduzidos em estímulos externos sem intervenção da vontade. Ex.:ataque epilético ou convulsão epilética, excitação sensitiva (espirro, acesso de tosse), movimento repentino provocado por uma picada de abelha.
3 Estados de inconsciência 
- Constata-se a incompatibilidade com a vontade. Ex.: sonambulismo, embriaguez letárgica, hipnose.
- OBS: Nos estados de inconsciência, se o agente se coloca voluntariamente nesta condição, para delinquir, responderá pelo ato praticado, com base na TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA (ação livre no início da causa)
4. Caso fortuito - Parte da Doutrina
- Caracterizado pela imprevisibilidade do acontecimento. Decorre da atividade humana, ainda que o resultado se encontre fora da previsibilidade ou da possibilidade de ser previsto pelo agente.
- Não há dolo ou culpa – o resultado ocorre ainda que tenha o agente atuado com toda a perícia e diligência
- A força maior é marcada pela inevitabilidade do resultado, depende da natureza (v.g. inundação, terremoto) 
3. PRINCÍPIO NULLUM CRIMEN SINE CONDUCTA
- Princípio penal segundo o qual não há crime sem conduta humana.
4. SUJEITOS DA AÇÃO
- Regra - só o ser humano pode ser sujeito ativo. Há entendimento acerca da possibilidade de a PJ ser sujeito ativo. 
- Sujeito passivo - tanto PF quanto PJ. Ex.: Peculato - União, Estado, Município. Drogas - Coletividade.
4.1. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA
Aspecto histórico:
- Inglaterra século do XIX, tribunais passaram a admitir a responsabilidade penal da pessoa jurídica como exceção.
- Em seguida, surge a construção formal - Interpretation Act 1889. TEORIA DA IDENTIFICAÇÃO - a culpa da pessoa física pode ser imputada à pessoa jurídica, a vontade da pessoa física é a vontade do ente coletivo. Exige a presença de, pelo menos, um dirigente no centro do ente coletivo
- Bélgica e Suíça (sanções administrativas); 
- França (CP de 1994 - responsabilidade penal por ricochete, de empréstimo, subsequente ou por procuração); 
- Holanda (CP alterado em 1976 – possibilidade de dupla imputação); 
- Espanha (CP de 1995 reformado em 2010 - responsabilidade penal da pessoa jurídica); 
BRASIL:
- Sob o ângulo constitucional e legal - PJ responde penalmente, por crime ambiental - art. 225 § 3º CRFB e art. 3º Lei 9.605/98.
- Lei 9.605/98 condiciona a responsabilidade aos “casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”.
- Argumentos favoráveis à responsabilização da PJ sustentam a dinâmica da sociedade moderna, as transformações ocorridas com o desenvolvimento tecnológico, os novos riscos e, por consequência, as novas possibilidades de danos. PJ's são usadas para a concretização de ilícitos penais e por uma questão de política criminal, há necessidade de responsabilizá-las penalmente.
- Argumentos que contestam sustentam que somente o ser humano pode ser sujeito ativo de crime, capaz de realizar a ação, a conduta penal. Só o ser humano pode receber uma sanção penal em razão da conduta concretizada
DUAS TEORIAS PRINCIPAIS:
1 - Ficção (Savigny). Caracterizada por uma construção fictícia, irreal ou de pura abstração. - A PJ é um ser abstrato, cujas decisões derivam de seus representantes. Os delitos são praticados por seus membros ou diretores;
2 - Realidade ou personalidade real ou orgânica (Otto Gierke). PJ é um ente vivo e real com personalidade real, com vontade própria, com capacidade de praticar ilícitos penais;
Outras teorias – realidade análoga. PJ é uma realidade acidental, que somente não possui a substancialidade da personalidade.
CORRENTE MAJORITÁRIA –PJ possui realidade própria, não é uma ficção, mas também é uma realidade diversa das pessoas físicas.
Fernando Galvão defende a responsabilidade da pessoa jurídica:
1 - O legislador quis, é questão de política criminal, não cabe ao intérprete contestar;
2 - Deve-se dar uma conceituação específica à estrutura tradicional do delito para responsabilizar a pessoa jurídica, pois com a estrutura tradicional clássica não é possível;
3- A responsabilidade da pessoa jurídica é indireta por fato de outrem, semelhante à existente no direito civil.
4.2. RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA NA JURISPRUDÊNCIA
- Anteriormente - TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO OU IMPUTAÇÃO SIMULTÂNEA - a imputação da responsabilidade penal à PJ por crime ambiental se condicionava à imputação da responsabilidade penal da pessoa física, responsável pelo ato, na mesma peça acusatória, com a descrição do fato e da autoria, sob pena de inépcia da inicial. Até 2013
- Atualmente - STF - art. 225 § 3º da CRFB não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física, em tese, responsável no âmbito da empresa.
- A responsabilidade penal da pessoa jurídica não se subordina à imputação conjunta da pessoa física, MAS continua dependente de fato praticado por pessoa humana em seu benefício. Pode a PJ responder sozinha, mas a peça acusatória deverá narrar como se deu a prática do fato por agentes internos da pessoa jurídica em seu benefício, sem prejuízo de continuar a investigação para comprovar, também, os requisitos necessários para a imputação da pessoa natural.
5. OMISSÃO PUNÍVEL
- A desobediência às normas imperativas (mandamentais) constitui a razão de ser do crime omissivo.
5.1. CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS
- Possuem o verbo omitir na descrição típica. Consumação dispensa qualquer resultado naturalístico.
Características dos crimes omissivos próprios:
• Previsão legal na Parte Especial ou na Legislação Especial, não necessitam de norma de extensão;
• Dever de agir;
• Regra, não se fala em dever de evitar o resultado;
• Mera conduta;
• Não admitem tentativa, em razão da forma unissubsistente da fase executória.
- Para majorar ou qualificar pelo resultado ocorrido, é necessário a comprovação do nexo de causalidade, indagando-se: a ação omitida teria evitado o resultado? Frisa-se que a obrigação do agente era de agir e não de evitar o resultado.
5.2. CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO OU OMISSÃO QUALIFICADA
- Deixa de evitar o resultado quando podia e devia agir;
- Consumam-se com a ocorrência do resultado naturalístico, há crime material.
- Posição de garante - O CP adotou o CRITÉRIO DAS FONTES FORMAIS do dever de garantidor, em detrimento da TEORIA DAS FUNÇÕES DE ARMIN KAUFMANN - defendia que, para ser garantidor, bastava ter uma relação estreita com a vítima, mesmo que não existisse qualquer obrigação legal. Não há previsão de posição de garantidor em razão da intimidade do garante com o garantido.
CRITÉRIO DAS FONTES LEGAIS/FORMAIS - adotada CP - Para ser garante deve o agente se enquadrar em uma das definições:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existênciado crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
- Duas características essenciais, NÃO presentes nos omissivos próprios: estão referenciados a uma norma proibitiva e mandamental, ao mesmo tempo, e se condicionam a qualidades específicas do sujeito, em face de sua posição de garantidor.
- Omissivos impróprios admitem tanto a forma culposa, quanto a dolosa 
BITENCOURT aponta 3 pressupostos para configuração do crime omissivo impróprio:
1 - Poder agir - Não basta o dever de agir para imputar um crime omissivo impróprio a um agente, é necessário que, além do dever, haja também a possibilidade física de agir, ainda que diante de um risco pessoal.
2 - Evitabilidade do resultado - juízo de valoração, indagando se o agente não tivesse se omitido o resultadoteria ocorrido ou não?
3 - Dever de impedir o resultado - decorre da previsão legal, que manda agir em determinadas situações, sob pena de o agente responder como se tivesse praticado– de maneira comissiva– o fato. O agente é garantidor da NÃO ocorrência do resultado. São as hipóteses contidas nas alíneas do §2o do art. 13 do CP:
• “a” (lei) ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância - Ex.: bombeiro, médico, policial, etc.
• “b” (contrato) de outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado - EX.: Vizinha, babá, etc.
• “c” (ingerência) com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado. - Ex.: empurra amigo em psicina e este não sabe nadar.
5.3 CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS SOBRE A OMISSÃO (ABORDAGEM RARA NOS LIVROS DE PARTE GERAL)
- Classificação tripartida dos crimes omissivos: delitos de mera omissão (delitos omissivos próprios); os delitos de omissão e resultado; e os delitos omissivos impróprios;
Critérios de diferenciação entre omissão própria (crimes omissivos próprios) e omissão imprópria (crimes omissivos impróprios):
- Quanto ao sujeito:
* Omissivos próprios não individualizam o sujeito, cuidam de um dever geral dirigido a todas as pessoas. Ex.: omissão de socorro do art. 135 do CP. 
* Omissivos impróprios - sujeitos são individualizados com a delimitação dos autores. Essa diferenciação está presente no modelo finalista ao definir os crimes omissivos impróprios como delitos especiais;
- Quanto à previsão legal (Armin Kaufmann) – 
“No crime omissivo próprio, a lei penal descreve a própria modalidade de omissão".
Omissivo impróprio, não existe uma tipificação específica, a construção depende da junção da figura de extensão prevista na Parte Geral do CP com um dispositivo da Parte Especial ou da Legislação Especial. 
- Quanto ao resultado
*Omissivos próprios, são crimes de mera atividade, há o dever de agir e não o dever o de evitar o resultado. 
*Omissivos impróprios, há tanto o dever de agir quanto o dever de evitar o resultado. 
6. FORMAÇÃO DO TIPO DOLOSO E FORMAÇÃO DO TIPO CULPOSO
- O dolo e a culpa são elementos subjetivos e psicológicos que fazem para da conduta na Teoria Finalista, adotada no CP;
- Na teoria causalista (clássica e neoclássica), o dolo e a culpa faziam parte da culpabilidade.
- O CP adotou a TEORIA PSICOLÓGICA DO DOLO, segundo a qual dolo é a consciência e a vontade de concretizar os elementos do tipo penal. Classificado como natural na teoria finalista, ou seja, formado por um elemento vo- litivo (vontade) e um elemento intelectual (consciência ou representação do resultado).
- A teoria finalista adotou a teoria normativa pura da culpabilidade (imputabilidade; potencial consciência da ilicitude; exigibilidade de conduta diversa) e transportou o dolo da culpabilidade para o fato típico (dolo natural). O dolo no finalismo é natural (vontade + consciência ou representação do resultado)
6.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O DOLO
- Dolo é a consciência e vontade de realizar os elementos des- critos no tipo objetivo;
- Diz-se o crime doloso quando o agente quis o resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual).
- Formado por um ELEMENTO INTELECTUAL (consciência no sentido de representação psíquica) e por um ELEMENTO VOLITIVO (vontade; decisão de agir; querer realizar os elementos objetivos do tipo,).
- Tanto o dolo quanto a culpa fazem parte do tipo subjetivo. 
- O tipo subjetivo doloso, além do dolo, pode possuir elemento subjetivo especial ou elementar subjetiva especial, que era denominada pelos neokantistas de dolo específico. 
Ex.: no crime de falasidade ideológica do art. 299, também existe uma finalidade especial, ou seja, “com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”. 
Quando, em tais casos, faltar a elementar subjetiva especial (dolo específico), não haverá a adequação típica, a conclusão será: desclassificação para outra conduta típica (atipia relativa); ou reconhecimento de uma atipicidade (atipia absoluta).
6.3. CONCEITO E ELEMENTOS (pulei 6.2 - origens do dolo)
- Na teoria finalista (CP), o dolo é natural, composto de dois elementos: vontade (elemento volitivo) e representação (consciência) do resultado (elemento intelectual).
- Foi abandonada a ideia de dolo normativo, presente no causalismo clássico e neoclássico (vontade, consciência do resultado e consciência da ilicitude.)
6.4. TEORIAS DO DOLO - Luís Regis Prado as classifica da seguinte forma: caiu questão na apostila
· Vontade - dolo significa vontade dirigida ao resultado; 
· Assentimento ou consentimento ou assunção de aprovação – o dolo ocorre quando o agente consente na causação do resultado e o considera como possível; 
· Representação ou possibilidade - o dolo consiste na previsão do resultado como certo, provável ou possível na perspectiva do agente. Dito de outro modo, para a teoria da representação, basta a previsão do resultado, sua representação subjetiva.
Crítica: Confunde dolo eventual com culpa consciente. 
· Probabilidade - se o agente considera o resultado provável, ocorre dolo eventual; se o considera possível, ocorre culpa consciente. 
Outras teorias sobre o dolo (Luís Regis Prado): caiu questão na apostila
- Evitabilidade – há dolo eventual quando a vontade do agente estiver dirigida no sentido de impedir o resultado; 
- Risco – o dolo depende do conhecimento, por parte do agente, do risco indevido (tipificado) na realização de um comportamento ilícito; 
- Perigo a descoberto – “fundamenta-se apenas no tipo objetivo. Perigo a descoberto vem a ser a situação na qual a ocorrência do resultado lesivo subordina-se à sorte ou ao acaso” 
- Teoria da indiferença ou do sentimento – a indiferença do agente em relação ao resultado, por ele representado, significa a existência de dolo em sua conduta. 
O CP ADOTA (ART. 18):
• a TEORIA DA VONTADE (DOLO DIRETO) 
• a TEORIA DO CONSENTIMENTO (DOLO EVENTUAL)
TEORIAS QUE BUSCAM EXPLICAR O DOLO EVENTUAL E A IMPRUDÊNCIA (CULPA) CONSCIENTE (JUAREZ CIRINO DOS SANTOS):
a) Proposta do projeto alternativo de reforma penal alemã não incorporado. 
O dolo eventual “se caracteriza, no nível intelectual, por LEVAR A SÉRIO a possível produção do resultado típico e, no nível da atitude emocional, por conformar-se com a eventual produção desse resultado – às vezes, com variação para as situações respectivas de contar com o resultado típico possível, cuja eventual produção o autor aceita”. 
A imprudência consciente “se caracteriza, no nível intelectual, pela representação da possível produção do resultado típico e, no nível da atitude emocional, pela leviana confiança na ausência ou evitação desse resultado, por força da habilidade, atenção, cuidado etc. na realização concreta da ação”b) Critério de diferenciação na Alemanha - TEORIA DE LEVAR A SÉRIO. 
O dolo eventual, sob o aspecto intelectual, consiste em levar a sério a possível produção do resultado típico e, no aspecto da atitude emocional, se caracteriza quando o agente se conforma com a eventual produção desse resultado.
A culpa consciente consiste, no aspecto intelectual, na representação da possível produção do resultado típico e, no aspecto da atitude emocional, é constatada na leviana confiança na ausência ou evitação desse resultado, por acreditar, o agente, na sua habilidade na realização concreta da ação 
[...] X e Y decidem praticar roubo contra Z, apertando um cinto de couro no pescoço da vítima para fazê-la desmaiar e cessar a resistência, mas a representação da possível morte de Z com o emprego desse meio leva à substituição do cinto de couro por um pequeno saco de areia, em tecido de pano e forma cilíndrica, com que pretendem golpear a cabeça de Z, com o mesmo objetivo. Na execução do plano alternativo rompe-se o saco de areia e, por isso, os autores retomam o plano original (o cinto de couro), fazendo cessar a resistência da vítima e subtraindo os valores. Então, desafivelam o cinto do pescoço da vítima e tentam reanimá-la, sem êxito: como previsto, a vítima está morta.
[...] o retorno ao plano original indica que [...] se os autores executam o plano, apesar de levarem a sério a possibilidade do resultado típico, então conformam-se com (ou aceitam) sua eventual produção, decidindo-se pela possível lesão do bem jurídico, que marca o dolo eventual. 
Além da TEORIA DO LEVAR A SÉRIO, dominante na alemanha contemporânea, outras teorias buscam apresentar soluções para a distinção entre dolo eventual e culpa consciente
c) Teorias FUNDADAS NA VONTADE que buscam explicar o dolo eventual e a culpa consciente:
c1 – Consentimento (Mezger) – atitude de aprovação do resultado, contido no tipo, que deve agradar o autor. 
Crítica: a aprovação do resultado é própria do dolo direto;
c2 – Indiferença (Engisch) – “indiferença do agente quanto a possíveis resultados colaterais típicos, excluídos os resultados indesejados”. 
Crítica: “a indesejabilidade do resultado não exclui o dolo eventual”;
c3 – Não comprovada vontade de evitação do resultado ou teoria da objetivação da vontade de evitação do resultado (Armin Kaufmann) – O agente age com dolo eventual quando não ativa contra-fatores para evitar o resultado 
Crítica: a não ativação de contra-fatores também pode existir na culpa consciente;
d) Teorias FUNDADAS NA REPRESENTAÇÃO que buscam explicar o dolo eventual e a culpa consciente: 
d1 – Possibilidade - possibilidade de conhecimento do resultado, representar o resultado na conduta já constitui dolo - TEORIA DA POSSIBILIDADE
Crítica: reduz o dolo ao componente intelectual;
d2 – Probabilidade - “representação de um perigo para o bem jurídico (JOERDEN), ou pela consciência de um quantum de fatores causais produtor de sério risco do resultado (SCHUMANN), ou pelo reconhecimento de um perigo qualificado para o bem jurídico (PUPPE)” 
Crítica: concepção com prognose intelectual de difícil compreensão nos crimes praticados com emoções, por exemplo;
d3 – Risco (FRISCH) – dolo é o conhecimento da conduta típica. 
Crítica: ausência do elemento volitivo, inaceitável um dolo sem conhecimento do resultado;
d4 – Perigo Desprotegido (Herzberg) – dolo sem elemento volitivo. A distinção entre dolo eventual e culpa consciente se baseia na natureza do perigo, o qual pode ser protegido (evitação do possível resultado mediante cuidado e atenção do autor, caracteriza a culpa consciente); desprotegido (dependente de sorte-azar, caracteriza dolo eventual); e desprotegido distante (semelhante ao protegido). 
Crítica: não está claro que um perigo protegido afasta o desprotegido. 
e) Teorias igualitárias (ESER e WEIGEND)
Buscam uma relação de identidade entre o dolo eventual e a culpa consciente. Teorias igualitárias – buscam unificação do dolo eventual e da culpa consciente em uma terceira categoria subjetiva, que estaria situada entre o dolo e a culpa.
6.5. ESPÉCIES DE DOLO
- Dolo Direto de primeiro grau ou imediato ou dolo de propósito ou de intenção: o agente busca diretamente determinado resultado. Há predomínio do elemento volitivo (vontade).
- Dolo Direto de segundo grau ou mediato ou de consequências necessárias: aceita as consequências inevitáveis (certas) oriundas de sua conduta. Há predomínio do elemento cognitivo. Ex.: João instala um explosivo em um veículo que será suficiente para matar Caio e, como efeito colateral, matar o motorista. Dolo de 1º para Caio e de segundo grau para o motorista
- Dolo direto de terceiro grau: João quer matar seu inimigo José e ministra veneno em coquetel servido a todos de uma festa, matando-os. Uma convidada estava grávida, de maneira que da sua morte decorreu necessariamente o aborto. Marcelo André de Azevedo - tendo João consciência da gravidez = dolo direto de terceiro grau”. Único autor a utilizar tal expressão
- Dolo indireto (indeterminado): a vontade do agente não se dirige a um resultado determinado. Divide-se em-dolo eventual e dolo alternativo:
+ Dolo eventual (dolo de consequências possíveis): o agente não quer o resultado, mas, representando como possível a sua produção, não deixa de agir, assumindo o risco de produzi-lo. FODA-SE
+ Dolo Alternativo: o agente quer um ou outro resultado - responde pelo crime mais grave, pelo resultado (consumado ou tentado) do dolo do crime mais grave. ex.: arremessa um paralelepípedo contra a cabeça da vítima, com dolo de matar ou de lesionar. Se morre, responde por homicídio consumado. Se não morre por circunstancias alheias à vontade do agente, apesar de ter sido gravemente lesionada, responde por homicídio tentado. 
- Dolo Natural: teoria finalista da ação - critério subjetivo (psicológico) - composto por dois elementos: vontade (elemento volitivo) e representação do resultado (elemento intelectual). Faz parte da conduta.
- Dolo Normativo: nas teorias causalistas - composto de três elementos: vontade; representação (consciência) do resultado; e consciência da ilicitude. Faz parte da culpabilidade nos sistemas causais das teorias do delito.
- Dolo genérico: Presente nos crimes dolosos. É o dolo de matar no homicídio; dolo de subtrair no furto etc.
- Dolo geral: crença falsa em um resultado que não ocorreu da forma imaginada pelo agente. Refere-se ao erro no processo causal, quando o agente responde na forma dolosa.
Diferença entre aberratio causae (erro no processo causal) e o dolo geral (erro sucessivo): Cleber Masson: Naquele há um único ato; neste, dois atos distintos (ex.: A atira em B, que cai ao solo. Como ele acredita na morte da vítima, lança o corpo ao mar para ocultar o cadáver, mas se constata que a morte foi produzida pelo afogamento, e não pelo disparo).
- Dolo específico: expressão do passado, referes-e ao elemento subjetivo especial.
- Dolo antecedente: presente no momento da conduta, antes da posse da coisa ou da obtenção da vantagem. Ex.: estelionato.
- Dolo subsequente: ocorre na apropriação indébita - depois que o agente tem posse lícita da coisa, atua com o dolo da apropriação, inverte o seu animus.
OBS: O DOLO EVENTUAL E DOLO DIRETO DE 2º GRAU. No primeiro, o agente não tem certeza da ocorrência do resultado, mas aceita a sua possível ocorrência, leva a sério a sua ocorrência e se conforma. No segundo, o agente tem certeza dos efeitos colaterais de sua conduta.
6.6 CULPA
- Direito romano = negligência ou imprudência.
- Depois incorporada pelo Direito canônico e desenvolvida pelos praxistas italianos do Direito medieval como quasedelictum, com três formas diferentes: lata ou magna, leve e levíssima”
6.7. CONCEITO DE CULPA E DE DELITO CULPOSO e 6.8. ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO
- O agente pratica conduta dirigida a um fim irrelevante ou lícito
- Não se divide em tipo objetivo e tipo subjetivo.
- Art. 18, II,CP - diz-se culposo quando o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia
6 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO:
1. Conduta voluntária ativa ou omissiva - dirigida a um fim irrelevante ou lícito
2. Inobservância de um dever objetivo de cuidado (elemento normativo de valoração jurídica). Mediante imprudência (conduta culposa comissiva), negligência (conduta culposa omissiva) e imperícia (violação de regra técnica de profissão, arte ou ofício, da qual tem conhecimento);
OBS: Culpa gravíssima = Culpa temerária - "antiga culpa lata latina, à Leichtfertigkeit alemã, à imprudência grave espanhola e à culpa grave italiana, representa um tipo de culpa substancialmente elevado, determinante de uma moldura penal agravada"
O CP não faz distinção entre culpa leve, grave e gravíssima. O juiz deve levar em consideração no momento da aplicação da pena.
3. Resultado naturalístico involuntário - O resultado deve ser objetivamente previsível na culpa comum (inconsciente). um resultado lesivo desejado ou assumido pelo agente. REGRA: o resultado é naturalístico. Ex.: homicídio culposo. Todavia, na expansão do direito penal para tutela preventiva de bens jurídicos coletivos, observa-se a construção de crimes culposos de perigo, que não exigem resultado naturalístico, Ex.: já existe tipificação culposa sem resultado naturalístico, na forma de perigo - LEI 9605/98:
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:
§ 3ºSe o crime é culposo:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
4. Nexo de causal. Liame entre a conduta e o resultado naturalístico.
5. Previsibilidade objetiva do resultado - previsível, o agente não prevê aquilo que lhe era previsível (NÃO é Previsto = que se previu). Vale na culpa inconsciente ou culpa comum, pois, na culpa consciente, o agente prevê o resultado, mas confia que ele não vai ocorrer. Se o fato não for, ao menos, previsível ao agente, o resultado só pode ser atribuído ao caso fortuito ou força maior. 
IMP!!! Para fins de tipicidade, a previsibilidade é considerada de acordo com o homem médio (previsibilidade objetiva) em detrimento da capacidade individual do agente (previsibilidade subjetiva). A previsibilidade subjetiva consiste na análise (valoração) da capacidade, habilidade, do próprio agente, conforme as suas características pessoais de evitar a ação e o resultado, que deve ser examinada na culpabilidade do crime culposo.
A previsibilidade subjetiva é objeto de análise no campo da culpabilidade. Ou seja, se restar demonstrado que o resultado não era previsível pelo agente, apesar de ser previsível para o homem médio, não haverá juízo de reprovação, excluindo-se a culpabilidade.
6. Tipicidade - Adequação do fato com a lei penal. Em regra, os crimes são dolosos. o tipo penal culposo deve estar expressamente previsto na lei. Art.18, parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente
6.10. CULPA E O PROBLEMA DO TIPO ABERTO (pulei o 6.9)
- REGRA são tipos abertos - não há como prever todas as condutas. exemplo de tipo culposo fechado - receptação culposa - o legislador explicitou a violação do dever objetivo de cuidado
- Welzel - cabe ao juiz completá-lo no caso concreto. 
- Muñoz Conde - não há ofensa ao princípio da legalidade pela complementação ser via judicial ou doutrinária, pois não é possível haver exatidão na lei com relação a todos os comportamentos negligentes.
6.11. CLASSIFICAÇÃO DO CRIME CULPOSO
· Culpa inconsciente ou comum, stricto sensu, propriamente dita - o agente não prevê o resultado que era previsível. “A lesão ao dever objetivo de cuidado lhe é desconhecida, embora conhecível. Ex.:dirigir com imprudência, em alta velocidade, incompatível com o local, colidindo gravemente uma pessoa;
· Culpa consciente: resultado é previsto pelo agente que confia na sua não ocorrência, com leviana confiança na sua habilidade de evitá-lo. 
“A culpa inconsciente é a culpa sem previsão e a culpa consciente é a culpa com previsão”
· Culpa imprópria, por equiparação, por assimilação - decore de um erro evitável (inescusável) sobre pressuposto fático de uma excludente de ilicitude, parte final do §1o do art. 20 do CP. É MODALIDADE DE ERRO!
REGRA, o crime culposo não convive com a forma tentada, mas somente com a forma consumada do delito. Todavia, a culpa imprópria ADMITE a figura tentada, ou seja, EXISTE EXCEPCIONALMENTE CRIME CULPOSO NA FORMA TENTADA. O agente responderá pela pena do crime culposo consumado com redução - art. 14 parágrafo único do CP.
6.12. COMPENSAÇÃO E CONCORRÊNCIA DE CULPAS
- NÃO HÁ compensação de culpas ou compensação de responsabilidades penais. ex.: Lesões corporais recíprocas - cada um responde por sua conduta (espécie de autoria colateral) = havendo concorrência de culpas 
6.14. PONTOS PARA DISCUSSÃO
É culpa ou dolo eventual a velocidade excessiva cumulada com embriaguez e consequente atropelamento na direção de veículo automotor? 
Deve-se provar que o agente agiu com indiferença no tocante ao resultado, não basta a mera previsão do resultado, há necessidade de aceitação desse resultado no dolo eventual.
Em qual momento se analisa o dolo? 
O dolo deve ser atual, simultâneo à realização da conduta típica. O dolo compreende o fim visado pelo agente, os meios usados e as consequências originadas da relação meio-fim (dolo de consequências necessárias), bem como a possibilidade de influir no nexo causal.
Como se analisa a previsibilidade objetiva? 
Correlacionada à ideia do homem médio (doutrina comum) numa substituição hipotética. Se o homem médio estivesse no lugar do agente, teria atuado de maneira diferente e, desse modo, o resultado teria sido evitado.
Existe dolo sem vontade? 
O dolo corresponde à soma de vontade e consciência no sentido de realizar a conduta prevista no tipo penal. A ideia de dolo sem vontade aparece também na teoria de Günther Jakobs, o qual compreende certos institutos dogmáticos da seguinte forma: dolo é o conhecimento do risco, enquanto a culpa é a cognoscibilidade do mesmo; autoria e participação possuem diferença quantitativa e não qualitativa.
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