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Dolo eventual: o agente, na sua conduta, se conforma com a possível ocorrência do resultado. (FODA-SE)
É culpa ou dolo eventual a velocidade excessiva cumulada com embriaguez e consequente atropelamento na direção de veículo automotor? R: Caso a caso, deve-se avaliar a conduta do agente em relação ao resultado.
TEORIAS DO DOLO 
Luís Regis Prado as classifica da seguinte forma: 
· Vontade - dolo significa vontade dirigida ao resultado; 
· Assentimento ou consentimento ou assunção de aprovação – o dolo ocorre quando o agente consente na causação do resultado e o considera como possível; 
· Representação ou possibilidade - o dolo consiste na previsão do resultado como certo, provável ou possível na perspectiva do agente. Dito de outro modo, para a teoria da representação, basta a previsão do resultado, sua representação subjetiva.
Crítica: Confunde dolo eventual com culpa consciente. 
· Probabilidade - se o agente considera o resultado provável, ocorre dolo eventual; se o considera possível, ocorre culpa consciente. 
Outras teorias sobre o dolo (Luís Regis Prado - 2011, p. 411): 
- Evitabilidade – há dolo eventual quando a vontade do agente estiver dirigida no sentido de impedir o resultado; 
- Risco – o dolo depende do conhecimento, por parte do agente, do risco indevido (tipificado) na realização de um comportamento ilícito; 
- Perigo a descoberto – “fundamenta-se apenas no tipo objetivo. Perigo a descoberto vem a ser a situação na qual a ocorrência do resultado lesivo subordina-se à sorte ou ao acaso” 
- Teoria da indiferença ou do sentimento – a indiferença do agente em relação ao resultado, por ele representado, significa a existência de dolo em sua conduta. 
O CP ADOTA (ART. 18):
· a TEORIA DA VONTADE (DOLO DIRETO) 
· a TEORIA DO CONSENTIMENTO (DOLO EVENTUAL)
Teorias que buscam explicar o dolo eventual e a imprudência (culpa) consciente (Juarez Cirino dos Santos):
a) Proposta do projeto alternativo de reforma penal alemã não incorporado. 
O dolo eventual “se caracteriza, no nível intelectual, por levar a sério a possível produção do resultado típico e, no nível da atitude emocional, por conformar-se com a eventual produção desse resultado – às vezes, com variação para as situações respectivas de contar com o resultado típico possível, cuja eventual produção o autor aceita”. 
A imprudência consciente “se caracteriza, no nível intelectual, pela representação da possível produção do resultado típico e, no nível da atitude emocional, pela leviana confiança na ausência ou evitação desse resultado, por força da habilidade, atenção, cuidado etc. na realização concreta da ação” 
b) Critério de diferenciação na Alemanha - teoria de levar a sério. 
O dolo eventual, sob o aspecto intelectual, consiste em levar a sério a possível produção do resultado típico e, no aspecto da atitude emocional, se caracteriza quando o agente se conforma com a eventual produção desse resultado.
A culpa consciente consiste, no aspecto intelectual, na representação da possível produção do resultado típico e, no aspecto da atitude emocional, é constatada na leviana confiança na ausência ou evitação desse resultado, por acreditar, o agente, na sua habilidade na realização concreta da ação 
[...] X e Y decidem praticar roubo contra Z, apertando um cinto de couro no pescoço da vítima para fazê-la desmaiar e cessar a resistência, mas a representação da possível morte de Z com o emprego desse meio leva à substituição do cinto de couro por um pequeno saco de areia, em tecido de pano e forma cilíndrica, com que pretendem golpear a cabeça de Z, com o mesmo objetivo. Na execução do plano alternativo rompe-se o saco de areia e, por isso, os autores retomam o plano original (o cinto de couro), fazendo cessar a resistência da vítima e subtraindo os valores. Então, desafivelam o cinto do pescoço da vítima e tentam reanimá-la, sem êxito: como previsto, a vítima está morta.
[...] o retorno ao plano original indica que [...] se os autores executam o plano, apesar de levarem a sério a possibilidade do resultado típico, então conformam-se com (ou aceitam) sua eventual produção, decidindo-se pela possível lesão do bem jurídico, que marca o dolo eventual. 
Além da teoria do levar a sério, dominante na jurisprudência e doutrina alemã contemporâneas, outras teorias buscam apresentar soluções para a distinção entre dolo eventual e culpa consciente
c) Teorias fundadas na vontade que buscam explicar o dolo eventual e a culpa consciente:
c1 – Consentimento (Mezger) – atitude de aprovação do resultado, contido no tipo, que deve agradar o autor. 
Crítica: a aprovação do resultado é própria do dolo direto;
c2 – Indiferença (Engisch) – “indiferença do agente quanto a possíveis resultados colaterais típicos, excluídos os resultados indesejados”. 
Crítica: “a indesejabilidade do resultado não exclui o dolo eventual”;
c3 – Não comprovada vontade de evitação do resultado ou teoria da objetivação da vontade de evitação do resultado (Armin Kaufmann) – O agente age com dolo eventual quando não ativa contra-fatores para evitar o resultado 
Crítica: a não ativação de contra-fatores também pode existir na culpa consciente;
d) Teorias fundadas na representação que buscam explicar o dolo eventual e a culpa consciente: 
d1 – Possibilidade - possibilidade de conhecimento do resultado, ou seja, representar o resultado na conduta já constitui dolo 
Crítica: reduz o dolo ao componente intelectual;
d2 – Probabilidade - “representação de um perigo para o bem jurídico (JOERDEN), ou pela consciência de um quantum de fatores causais produtor de sério risco do resultado (SCHUMANN), ou pelo reconhecimento de um perigo qualificado para o bem jurídico (PUPPE)” 
Crítica: concepção com prognose intelectual de difícil compreensão nos crimes praticados com emoções, por exemplo;
d3 – Risco (FRISCH) – dolo é o conhecimento da conduta típica. 
Crítica: ausência do elemento volitivo, inaceitável um dolo sem conhecimento do resultado;
d4 – Perigo Desprotegido (Herzberg) – dolo sem elemento volitivo. A distinção entre dolo eventual e culpa consciente se baseia na natureza do perigo, o qual pode ser protegido (evitação do possível resultado mediante cuidado e atenção do autor, caracteriza a culpa consciente); desprotegido (dependente de sorte-azar, caracteriza dolo eventual); e desprotegido distante (semelhante ao protegido). 
Crítica: não está claro que um perigo protegido afasta o desprotegido. 
e) Teorias igualitárias 
Buscam uma relação de identidade entre o dolo eventual e a culpa consciente. Teorias igualitárias (ESER e WEIGEND) – proposta e unificação do dolo eventual e da culpa consciente em uma terceira categoria subjetiva, que estaria situada entre o dolo e a culpa.

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