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QUASE DA FAMÍLIA: PERSPECTIVAS INTERSECIONAIS DO EMPREGO DOMÉSTICO
OBJETIVOS DA REVISÃO INTEGRATIVA:
O objetivo geral da revisão bibliográfica é compreender de que maneira os marcadores sociais da diferença impactam na formação e atuação de psicólogas (os) no contexto brasileiro, mais especificamente: Conhecer as relações entre os marcadores sociais da diferença encontradas na literatura técnica; Entender as dimensões dos marcadores sociais da diferença na formação psicológica; Entender as dimensões dos marcadores sociais da diferença na atuação psicológica e Analisar a influência da interseccionalidade dos marcadores sociais da diferença no contexto brasileiro.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:]
FURTADO, O; CARVALHO, M. G; SANTOS, W. N. Quase da família: Perspectivas intersecionais do emprego doméstico. Psicologia Política. vol. 20. n.48. pp. 355-369. 2020.
 RESUMO DO ARTIGO:
No Brasil, o trabalho doméstico emprega 5,9 milhões de mulheres. Deste total, 66% são negras, residem em regiões periféricas e não dispõem de proteção trabalhista. Historicamente, as empregadas domésticas estiveram submetidas a uma série de aspectos excludentes, como baixa remuneração, contratações à margem da legalidade e discriminação de gênero e raça. O presente artigo discute teoricamente as articulações entre gênero, raça e classe presentes no trabalho doméstico brasileiro. Compreende-se tais questões a partir do conceito de nó proposto por Saffioti (2004) – que destacou o imbricamento das categorias patriarcado-racismo-capitalismo – e da perspectiva interseccional proposta por Lélia Gonzalez (2018) – que ressaltou a relação do racismo, patriarcalismo, opressões de classes e outros sistemas discriminatórios, reconhecendo estes como marcadores da desigualdade social no Brasil. Tais conceitos foram mobilizados a fim de se refletir a desvalorização social das empregadas domésticas. Por meio deste artigo, pretende-se evidenciar o modo como os sentidos relativos a gênero, classe e raça são articulados na produção de assimetrias sociais e na subalternização das trabalhadoras domésticas, contribuindo, também, para as resistências às alterações na legislação no que tange ao trabalho doméstico.
	CITAÇÃO
“Não se trata de insensibilidade ao discorrer sobre as populações historicamente estigmatizadas, mas sim do reconhecimento de que alguns cidadãos vivenciam, irremediavelmente, o abandono social e político; são indivíduos que vivem sob condições precarizadas, sendo diariamente responsabilizados por tais circunstâncias.” p. 4
	REFLEXÃO
O trecho faz uma crítica à tendência de culpabilizar as próprias trabalhadoras domésticas por suas condições precárias, em vez de reconhecer os sistemas de desigualdade estrutural que perpetuam essas injustiças. Ele aponta para a responsabilidade coletiva de reconhecer e enfrentar essas desigualdades, em vez de atribuir individualmente a culpa às pessoas que já estão em situações de vulnerabilidade. Essa reflexão destaca a importância de uma abordagem sensível, crítica e interseccional ao estudar e discutir questões relacionadas ao emprego doméstico e outras formas de trabalho precário, reconhecendo a humanidade e a dignidade das pessoas envolvidas e buscando formas de promover a justiça social e a igualdade. 
	
“No que concerne ao Brasil, o fator raça é constitutivo da história do país, da desigualdade social e da formação do mercado de trabalho.” p. 7
	É importante considerar como a história de escravidão e opressão racial no Brasil deixou marcas profundas e duradouras na estrutura social do país. A escravidão moldou não apenas as relações entre brancos e negros, mas também as estruturas econômicas, políticas e culturais, criando um sistema de hierarquia racial que persiste até os dias de hoje. Portanto, essa reflexão nos convida a reconhecer a importância de abordar a questão racial de maneira interseccional ao analisar as desigualdades sociais e as condições de trabalho, e a buscar formas de combater o racismo estrutural que perpetua essas injustiças.
	
“Federici (2017) aponta que a divisão sexual do trabalho é intrínseca ao capitalismo, de maneira que se encontra presente desde os seus primórdios, na forma como o sistema se organizou. Neste sentido, a autora destaca que a acumulação primitiva do trabalho, ao contrário do que havia proposto Marx, não se deu tão somente sob o ponto de vista do proletariado industrial assalariado, mas, foi também uma acumulação de diferenças e divisões dentro da classe trabalhadora, em que as hierarquias construídas sobre o gênero, assim como sobre a ‘raça’ e a idade, se tornaram constitutivas da dominação de classe e da formação do proletariad moderno. Ademais, a autora indica que, historicamente, a acumulação capitalista não representou uma libertação dos trabalhadores, sejam estes homens ou mulheres; ao contrário, sob a imagem de um pretenso progresso, o sistema estabeleceu medidas brutais e traiçoeiras, implantando “divisões profundas que servem para intensificar e ocultar a exploração” (Federici, 2017, p. 119). “ p.10
	 O trecho destacado apresenta as ideias de Silvia Federici sobre a relação entre a divisão sexual do trabalho e o capitalismo, ressaltando como essa divisão é intrínseca ao sistema econômico desde seus primórdios. A acumulação capitalista, longe de representar uma libertação para os trabalhadores, resultou na imposição de divisões profundas que servem para intensificar e ocultar a exploração. Nesse sentido, ao analisar o emprego doméstico sob uma perspectiva interseccional, é fundamental reconhecer como a exploração e a opressão de gênero estão intrinsecamente ligadas às relações de classe e raça. A invisibilidade e desvalorização do trabalho doméstico são reflexos dessas hierarquias de poder, que perpetuam a marginalização e a precarização das trabalhadoras domésticas, especialmente as mulheres negras. Assim, essa reflexão nos convida a repensar criticamente as estruturas sociais e econômicas que sustentam essas desigualdades e a lutar por formas mais justas e igualitárias de organização do trabalho e da sociedade como um todo.
	CATEGORIA
	QUANTIDADE
	Trabalho
	91
	Mulheres
	78
	Negra
	68
	Classe
	53
RESENHA:
O artigo "Quase da família: Perspectivas interseccionais do emprego doméstico" oferece uma análise aprofundada das experiências das trabalhadoras domésticas, explorando as complexas dinâmicas de poder, identidade e pertencimento que permeiam essa relação de trabalho.Os autores iniciam o artigo contextualizando o emprego doméstico como uma forma de trabalho historicamente associada à marginalização e exploração, especialmente no que diz respeito às mulheres, em particular às mulheres negras e migrantes. 
Destacam a importância de se adotar uma abordagem interseccional para entender as diferentes dimensões de opressão que afetam as trabalhadoras domésticas, considerando não apenas gênero, mas também raça, classe social e outras formas de identidade.Os autores exploram questões como a invisibilidade do trabalho doméstico, a desigualdade de poder entre empregadoras e trabalhadoras, e as tensões e ambiguidades em torno da noção de "família".
Uma das contribuições mais importantes do artigo é sua análise das implicações psicossociais do emprego doméstico para as trabalhadoras, especialmente no que diz respeito à construção de identidade e autoestima. Os autores destacam como as trabalhadoras domésticas frequentemente enfrentam estigma e discriminação devido à natureza de seu trabalho e à sua posição social e racial, o que pode afetar negativamente sua saúde mental e bem-estar.
CRITÉRIOS DE QUALIDADE DO ARTIGO:
· Título diretamente ligado à temática: 1 ponto / não ligado: 0,5
· Resumo completo (Introdução, metodologia e resultados): 2 pontos
· Discussão do artigo ter relação total com a pesquisa: 3 pontos
· Discussão do artigo ter relação parcial com a pesquisa: 2 pontos
	TÍTULO
	RESUMO
	DT
	DP
	DB
	DC
	Pontue 0 ou 0,5 Para cada artigo
	Pontue o valor do resumo do artigo
	Pontue o valor do artigo
	Pontue o valordo artigo
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	0,5
	2
	
	
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· Discussão do artigo ter relação mínima com a pesquisa: 1 pontos
· Discussão do artigo ter relação nenhuma com a pesquisa: 0 pontos
Valor do artigo: 3,5
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