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Concurso de Crimes. Concurso de Crimes – Uma pessoa, pratica dois ou mais crimes. Aplicação das Penas - Dentro das quatro categorias do concurso de crimes existe duas maneiras de aplicação da pena. · Cumulum Material – Soma as penas · Concurso material · Concurso formal imperfeito ou impróprio · Exasperação - Significa pegar a pena do crime mais grave ou se iguais uma delas e aumentar a determinado valor estabelecido pelo texto de lei. Isso ocorre porque o art. 70 do CP determina que o valor das penas aumentadas por concurso de crimes jamais poderá extrapolar a soma dos crimes, ou seja, a pior coisa que pode acontecer para o agente que pratica dois ou mais crimes é soma dos crimes. · Concurso formal perfeito ou próprio. · Crime continuado QPP – No cumulum material deverá pegar a pena mais grave ou se iguais uma delas e aumentar a pena de 1/6 à ½? ERRADO, pois no cumulum material deverá se pegar todas as penas e somar, aonde deverá se pegar a pena mais grave ou se iguais uma delas e aumentar de 1/6 à ½ é no sistema da exasperação da pena. QPP – No concurso de crimes existem duas modalidades de aplicação de pena, sendo uma do cumulum material e outra do cumulum formal? ERRADO, pois as modalidades de aplicação de pena são cumulum material e exasperação. QPP – Aplicando-se a exasperação da pena no concurso de crimes, vindo a pena ficar maior do que no caso do cumulum material, o sistema da exasperação deverá persistir? ERRADO, pois a exasperação tem o objetivo de beneficiar o réu, uma vez que a soma (cumulum material) das penas for mais benéfico, será este sistema a ser aplicado. QPP – No concurso de crimes, a modalidade do cumulum material que é a soma das penas deverá ser aplicada tanto no concurso material e concurso formal próprio ou perfeito? ERRADO, pois se aplica o sistema do cumulum material ao concurso material e concurso formal impróprio ou imperfeito, onde se pegará todas as penas e as somam. QPP – Quando um mesmo agente comete um ou dois crimes, ocorrerá o concurso de crimes? ERRADO, é necessário que o agente cometa dois ou mais crimes, o que poderá ser um ou mais é a conduta. Concurso de Crimes – É voltado para dosimetria da pena, quando um mesmo agente comete dois ou mais crimes, podendo ser esse crime cometido por uma ou mais condutas (concurso material ou crime continuado) ou por meio de uma só conduta (concurso formal próprio ou impróprio). De acordo com a espécie de concurso de crime, será definida a forma de aplicação da pena. Normalmente é utilizado como tese subsidiária pois aqui não terá como pedir a absolvição, mas somente a diminuição da pena. As categorias de concurso de crimes são: · Concurso Material (cumulum material) (art. 69 do CP) – 2 ou mais condutas + 2 ou mais crimes. Trata-se da modalidade mais simples de concurso de crimes e ocorre quando o agente realiza vários crimes idênticos (concurso material homogêneo) ou diferentes (concurso material heterogêneo) por meio de várias condutas independentes, não havendo necessidade de qualquer relação entre os crimes, as vítimas, motivação etc. · Concurso material homogêneo – Crimes Iguais · Concurso material heterogêneo – Crimes diferentes. OBS: Se por um dos crimes tiver aplicada a PPL tendo o agente que cumprir, não sendo possível substituir por PRD (art. 44 do CP) ou suspensão condicional da pena (art. 77 do CP), para os demais crimes é incabível a substituição da pena para PRD (art. 69, § 1º do CP). OBS: Se o agente for condenado por todos os crimes com PRD, isso gerará a possibilidade excepcional do condenado cumprir simultaneamente as que forem compatíveis. Ex: O condenado poderá simultaneamente prestar o serviço comunitário e a perda de bens e valores tudo ao mesmo tempo. Concurso material benéfico (art. 70, parágrafo único do CP) - Importante lembrar que o aumento de pena jamais poderá ultrapassar o equivalente a soma das penas, ou seja, a aplicação da exasperação da pena jamais poderá ser pior do que a aplicação do cumulum material. O concurso continuará sendo o formal próprio, perfeito ou ideal (art. 70 do CP), vai prevalecer o critério o critério de aplicação da pena do cumulum material benéfico. Ainda que seja o caso em análise cabível a incidência do concurso formal, quando a regra de exasperação imposta por este gerar ao apenado situação pior do que a que seria obtida pelo sistema de cumulum material, em vez de aumentar a pena mais grave de 1/6 a ½ (concurso formal perfeito ou próprio) ou 1/6 à 2/3 (crime continuado), será aqui melhor para o agente que seja utiliza o sistema do cumulum material onde ocorrerá a soma das penas por ser menor. OBS: Se na questão ou na peça da prova da OAB, for dado o tipo de concurso de crime, e também for correto o tipo de aplicação e pena, provavelmente deverá alegar concurso material benéfico. Ex: Agente com uma só conduta causa dois ou mais resultados, sendo um crime de homicídio com emprego de arma de fogo, e esse tiro transfixa a vítima e atinge terceiro, desejando somente um deles (concurso formal próprio, perfeito ou ideal), caso o crime mais grave seja um homicídio, o juiz pega a pena de 12 anos que é o crime mais grave e aumente em 1/6, ou seja, 12+2 = 14 anos de pena privativa de liberdade. Ocorre que o outro crime cometido pelo agente foi de lesão corporal cuja a pena mínima é de 03 meses, neste caso o agente possui uma pena pequena, verificando-se que o cumulum material será um sistema de aplicação de pena melhor que a exasperação para o réu, deverá ser aquele o sistema aplicado no concurso de crimes. QPP – Ocorrerá o concurso material benéfico quando o agente pratica uma conduta possuindo dois ou mais resultados, contudo um resultado era desejado e o outro ocorre como consequência não sendo este desejado, com isso deverá ser pego a pena mais grave e aumentada de 1/6 a 1/2? ERRADO, será aplicado o concurso material benéfico quando no caso da aplicação da exasperação da pena, verifica-se que a pena mais grave ou se iguais uma delas aumenta de 1/6 à ½ (concurso formal perfeito ou próprio) ou de 1/6 a 2/3 (crime continuado) for pior que aplicação do cumulum material. · Concurso formal perfeito, próprio ou ideal (Exasperação) (art.70, primeira parte do CP) - 1 conduta + 2 ou mais crimes. O agente age com uma conduta, e comete mais de um crime, mas desejava somente um resultado, os outros são consequência de sua atitude. Se as várias condutas do agente for culposa este será o concurso formal cabível. Ex: O agente desejando matar o seu desafeto atira contra o mesmo o atingindo, mas o projetil transfixa a vítima e atinge a um terceiro que não era o objetivo do agente. Ex: Agente entra em um restaurante onde lá se encontram vários clientes, anunciando um roubo, como este desejava roubar de todos mesmo que com dolo, não tinha consciência de quantas pessoas iria roubar, por ausência de desígnios autônomos o concurso será formal próprio ou perfeito. Pega-se o crime mais grave ou se iguais um deles e aumenta a pena em 1/6 a ½. · Concurso formal perfeito homogêneo – O agente pratica com uma só conduta pratica dois ou mais crimes iguais. · Concurso formal perfeito heterogêneo – O agente com uma só conduta pratica dois ou mais crimes diferentes. · Concurso formal imperfeito ou impróprio (cumulum material) – 1 conduta + 2 ou mais crimes. O agente age com somente uma conduta, mas desejava cometer dois ou mais crimes. Ex: Coloca enfileirado cinco pessoas, e com um tiro de fuzil mata todas as cinco vítimas, veja que o agente desejava matar as cinco pessoas. A isso é dado o nome pluralidade de desígnios autônomos. Ex: O agente percebe que dentro do carro existe um casal, ambos com os celulares, e anuncia o roubo, aqui devido a ter consciência do que irá roubar e quem são as vítimas, mediante vontade, pratica um só conduta com dois resultados, existindo os desígnios autônomos. · Desígnios autônomos – É quando o agente tem livre consciência e vontade para cada uma das infrações penais que ele cometeu. · Crime Continuado (Exasperação) (art. 71 do CP) – 2ou mais condutas + 2 ou mais crimes. Poderá a pena ser aumentada de 1/6 a 2/3. Por meio de várias condutas, o agente realiza inúmeros crimes, desde que todos sejam da mesma espécie (mesmo artigo – STF), e todos sejam realizados em circunstâncias de tempo, lugar e modo de execução semelhantes. Crime continuado não é uma classificação, mas sim uma forma como o agente comete crimes. Ex: Arrastão na praia, sujeito que rouba ônibus seguidamente. Ex: Agente xinga outra pessoa de safado, vagabundo tudo no mesmo dia (2x injúria), e complementa dizendo que o mesmo traiu a sua esposa (1x difamação – fato concreto desonroso), sendo os atos praticados por meio de um único e-mail. Contudo, se os crimes ocorreram em tempo, lugar ou modo de execução diferente, neste caso já não mais seria crime continuado, mas sim concurso material. · Crime continuado específico (art. 71, parágrafo único) – Poderá o aumento da pena ser até o triplo. Os requisitos são: · Requisitos objetivos do crime continuado – Apesar do CP ter adotada um critério objetivo, não importante o dolo do agente, ou seja, não leva em consideração uma animo de continuidade, o lado subjetivo da conduta do agente, contudo o STJ adotou um critério misto. Além dos elementos objetivos, e necessário o elemento subjetivo · Mesmo Espécie – Mesmo tipo penal. (STJ/STF). · 1ª Exceção - Existe uma corrente doutrinária do RJ que alega que crime da mesma espécie protege o mesmo bem jurídico. Ex: Poderia se alegar crime continuado entre um roubo (art. 157 do CP) e o crime de extorsão (art. 158 do CP), pois ambos protegem o mesmo bem jurídico (corrente minoritária). · 2ª Exceção – Crime de roubo e latrocínio, apesar de ambos estarem no mesmo tipo penal, entendeu não ser possível a aplicação do crime continuado, uma vez que o crime de roubo não se objetiva a proteção do bem jurídico, mas também a proteção a vida. · Mesma condições de tempo · Mesmo Lugar · Mesma maneira de execução · Elemento Subjetivo - Para a caracterização da continuidade delitiva é imprescindível o preenchimento de requisitos de ordem objetiva - mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução - e de ordem subjetiva - unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos (Teoria Mista ou Objetivo-subjetiva). OBS: A continuidade delitiva, em regra, não pode ser reconhecida quando se tratarem de delitos praticados em período superior a 30 (trinta) dias. Crime continuado qualificado (art. 71, parágrafo único do CP) – Os requisitos são cumulativos e podendo o juiz elevar a pena até o tripo. · Além dos requisitos já existente no crime continuado (art. 71 do CP). · Contra vítimas diferentes. · Cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. QPP – No concurso de crimes havendo duas ou mais condutas com dois ou mais resultado será o caso do concurso material e concurso formal imperfeito? ERRADO, pois aonde o agente possui duas ou mais condutas e dois ou mais resultados, é no caso do concurso material e no crime continuado. QPP – No concurso de crimes as modalidades aonde o agente com uma conduta produz dois ou mais resultados é no crime continuado e no concurso formal perfeito ou próprio? ERRADO, pois somente com uma conduta o agente produz dois ou mais resultados é no concurso formal próprio ou perfeito e no concurso formal impróprio ou imperfeito. Pena de multa no concurso de crimes (art. 72 do CP) – Cada uma das penas de multas será aplicada distintamente e integralmente. A multa não exaspera. · Pena de multa no concurso de crime continuado – Existe tese do STF dizendo que no crime continuado como existe uma unidade do crime, deverá a pena de multa também ser aplicada pelo sistema a exasperação. Teses defensivas para concurso de crimes – Existem duas teses defensivas para hipótese de concurso de crimes na peça e nas questões da prova da OAB. · Do concurso de crimes para o crime único – Alega-se crime único, com isso não há que se falar em concurso de crimes, deverá requerer o afastamento do concurso de crimes, ou seja, não poderá ocorrer a soma e nem a exasperação das penas e deverá ser aplicada a pena única pela conduta delitiva praticada pelo agente. Ex: Agente pratica contra a mesma vítima a conjunção carnal e ato libidinoso (art. 213 do CP), ocorre que com a entrada em vigor da lei 12.015/2009 ambos os atos estão previstos no mesmo tipo penal, se tratando de um crime misto alternativa, logo deverá ser afastado o concurso de crimes, sendo aplica do crime único. Ex: O agente é parado pela polícia e dentro de seu veículo e encontrado várias armas, o MP oferece a denúncia nos crimes do art. 14 da lei 10826/2003 (porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) c/c art. 69 do CP (concurso material). Ocorre que o agente praticou um único crime, devendo ser afastado o concurso material de crimes onde se aplica o cumulum material somando-se as penas para ser aplicado o crime único. · Concurso de crimes somando as penas para a modalidade de exasperação das penas - Manter o concurso de crimes requerendo o afastamento da modalidade que manda somar as penas (cumulum material) para a aplicação da modalidade (exasperação), onde determina aplicação da pena mais grave, e se iguais uma delas, aumentando-se no percentual descrita em lei. · Concurso Forma próprio, perfeito ou ideal – Aumentar no percentual de 1/6 a ½. · Crime continuado – Aumentar a pena no percentual de 1/6 a 2/3. Houve na peça da OAB um caso em que o agente cometia o crime de estupro por meio da copula vaginal e também pela copula anal com grave ameaça, o MP somou as penas como se tivesse cometido dois crimes de estupros, com isso dizia que haveria ocorrido o concurso material de crimes (art. 69 do CP) onde somam-se as penas. No caso em análise o advogado de defesa deveria sustentar a tese de crime único, porque este é o entendimento da jurisprudência majoritária. De acordo com a nova lei o crime de estupro e o de atentado violento ao puder (art. 213 e 214 do CP da lei anterior), se fundiram em um único tipo penal, ou seja, hoje a copula vaginal ou qualquer outro tipo de ato sexual (copula anal, copula oral ou atos de natureza libidinosa [masturbação, beijo lascivo, toque em partes íntimas] se ocorrer mediante grave ameaça ou violência tudo entra na categoria estupro do art. 213 do CP. Entende-se que se dentro do mesmo tipo penal existe a previsão dos atos sexuais completos, a prática reiterada, sucessiva de atos de natureza sexual contra mesma vítima configura somente um ato sexual, ou seja, houve somente uma violência sexual que foi decomposta em vários atos, e com isso teria ocorrido Crime Único, devendo ser afastado o concurso de crimes material. Caberia nesta questão falar subsidiariamente se caso não entende-se pela tese do crime único, a modalidade de concurso de crimes estaria errada, porque não deveria ser o concurso material (somar as penas – cumulum material), mas sim o crime continuado (exasperação), porque no caso em análise, tinham duas condutas isoladas, praticadas em uma mesma circunstância de tempo lugar e modo de execução, o que caracteriza o crime continuado, com isso se aplicaria a pena do crime mais grave ou se iguais de um único estupro com a pena aumenta de 1/6 a 2/3, além disso como foi somente um estupro a pena deverá ser aumentar no mínimo possível sendo 1/6. Ex: Foi condenado a 6 anos de pena + 1/6, deveria a pena ser fixada no total de 7 anos de reclusão. OBS: O cumprimento de pena restritiva de liberdade não poderá ser superior a 40 anos de uma única condenação, caso o agente no meio do cumprimento da pena venha cometer outro crime, essa nova condenação poderá ser acumulada no limite de 40 anos. Ex: O agente teve uma pena de 40 anos de privativa de liberdade, mas já cumpriu 10 anos, vindo este a cometer um novo crime e sendo agora condenado a 50 anos, o máximo de pena que este poderá novamente ter, é o limite máximo de cumprimento de pena entre os dois crimes julgados em sentenças diferentes por 40 anos novamente. 40 – 10 = 30 + 40 = 70, só poderá cumprir 40 anos de pena privativa de liberdade(art. 75 do CP). O objetivo de buscar diminuição da pena mesmo que esta fique acima dos 40 anos de privativa de liberdade, é para conseguir a progressão de regimes, uma vez que a esta é tem como base a pena total da condenação, devendo verificar qual o percentual que será necessário para cumprimento de pena para a concessão da progressão de regime menos gravoso. Máximo de Cumprimento de Pena (art. 75 do CP) – Será de 40 anos. QPP – O cumprimento máximo de uma pena poderá ser até 40 anos, ainda que o agente tenha mais de uma condenação? Correto, pois o prazo de 40 anos de cumprimento de pena é por cada condenação, vindo o agente ser condenado a pena de 40 anos, e após ter cumprido 10 anos voltar a ter uma nova condenação por um novo crime, este poderá novamente ter a pena no período máximo de 40 anos de cumprimento. Competência para unificação do concurso de crimes – Será do Juiz da VEP. image1.png image2.png image3.png