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Guia do Episódio de Cuidado Cetoacidose Diabética em Crianças e Adolescentes A cetoacidose é uma complicação do diabetes mellitus, sendo definida por glicemia > 200mg/dL , acidose metabólica (pH < 7,30 ou bicarbonato < 15,0) e/ou cetonúria/ cetonemia moderada a alta. Sim Cetoacidose Diabética (CAD) Com sinais de choque hipovolêmico Não SF 20 ml/Kg em bolus até resolução do choque 1ª hora: • SF 20 ml/kg • Realizar: glicemia capilar gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria 2ª hora: • SF 10 ml/kg/hora + K+ 20 a 40 mEq/l • Insulina regular EV contínua 0,1 U/Kg/hora ou insulina rápida 0,15U/kg SC a cada 2 horas. • Realizar: glicemia capilar gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria 3ª hora em diante: • SF 10 ml/kg/hora + K+ 20 a 40 mEq/l até resolução da CAD* • Ajustar Insulina regular EV contínua ou ultra rápida SC de acordo com queda da glicemia (80 a 100 mg/dL) • Realizar nas hotas 4 – 6 – 9 – 12 – 15 – 18 – 21- 24 : glicemia capilar gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria Resolução da CAD: • Iniciar reposição de perdas 1,5 vez a manutenção (regra de Holliday) em 24 – 48 horas • Iniciar insulina de longa ação 0,8 a 1 U/Kg/dia dividido em 6 tomadas Glicemia capilar 250 – 300 mg/dL sem resolução da CAD : • Manter insulina EV contínua ou ultra rápida SC • Iniciar infusão de glicose 2,5 a 5% 1. FLUXOGRAMA TRATAMENTO DA CETOACIDOSE DIABÉTICA *Resolução cetoacidose (pH > 7,3 e/ou bic > 15 mEq/L) 2. DIAGNÓSTICO Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial): Manifestações clínicas: • poliúria, polidipsia • desidratação, perda de peso • dor abdominal, vômitos • taquipneia, hálito cetônico, rubor facial • taquicardia, sinais de má perfusão, sonolência, letargia, coma ou outras alterações neurológicas decorrentes do edema cerebral. Confirmação diagnóstica laboratorial: • glicemia > 200mg/dL • acidose metabólica (pH < 7,30 ou bicarbonato < 15,0) e/ou • cetonúria/ cetonemia moderada a alta (> 2 mmOl/l) Outros exames : • sódio, potássio, cálcio iônico, magnésio, fósforo • hemocultura e PCR se suspeita de infecção • eletrocardiograma se alteração cardíaca, alteração dos níveis de potássio ou demora no resultado da dosagem de potássio • tomografia computadorizada de encéfalo em suspeita de edema cerebral (sonolência, coma, alteração comportamental ou outros déficits neurológicos) • RX tórax: suspeita de infecção Tratamento inicial 1ª hora de tratamento: • SF 10-20mL/kg/hora nas 2 primeiras horas (ou 20mL/kg em bolus se sinais de choque). • Glicemia capilar ou sérica, gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria (ou cetonemia) no início do tratamento e no final da 1ª hora da hidratação EV A partir da 2ª hora de tratamento: • insulina regular 0,1U/kg/hora IV contínua ou • insulina rápida (lispro ou aspart) 0,15U/kg SC a cada 2 horas. • SF 10 ml/kg/hora acrescido de potássio 20 meq/l a 40 mEq/l • bicarbonato de sódio 1 a 2mEq/hg em 1 hora se pH < 6,9, sinais de falência miocárdica ou hipercalemia grave • Glicemia capilar, gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria (ou cetonemia) nas horas 2 – 4 – 6 – 9 – 12 – 15 – 18 – 21- 24 do início do tratamento. Ajustar infusão da insulina de acordo com velocidade de queda da glicemia que deve ser de 80 – 100 mg/dL em 1 hora • Se queda < 80 – 100 mg/dL aumentar insulina 0,05 U/Kg/ hora • Se queda > 80 – 100 mg/dL diminuir insulina 0,05 U/Kg/hora Se glicemia capilar entre 250 – 300 mg/dL sem resolução da cetoacidose (pH > 7,3 e/ou bic > 15 mEq/L): • Introduzir glicose 2,5 a 5% juntamente com a infusão contínua de insulina 3. TRATAMENTO 4. ESCORE DE RISCO A definição de gravidade pode ser realizada pelo pH sérico: • pH 7,2-7,3 = leve • pH 7,1-7,2 = moderado • pH 7,2-7,3 = grave 5. TRATAMENTO ❖ Tratamento inicial ❑ 1ª hora de tratamento: • SF 10-20mL/kg/hora nas 2 primeiras horas (ou 20mL/kg em bolus se sinais de choque). • Glicemia capilar ou sérica, gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria (ou cetonemia) no início do tratamento e no final da 1ª hora da hidratação EV ❑ A partir da 2ª hora de tratamento: • insulina regular 0,1U/kg/hora IV contínua ou • insulina rápida (lispro ou aspart) 0,15U/kg SC a cada 2 horas. • SF 10 ml/kg/hora acrescido de potássio 20 meq/l a 40 mEq/l • bicarbonato de sódio 1 a 2mEq/Kg em 1 hora se pH < 6,9, sinais de falência miocárdica ou hipercalemia grave • Glicemia capilar, gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria (ou cetonemia) nas horas 2 – 4 – 6 – 9 – 12 – 15 – 18 – 21- 24 do início do tratamento. ❑ Ajustar infusão da insulina de acordo com velocidade de queda da glicemia que deve ser de 80 – 100 mg/dL em 1 hora • Se queda < 80 – 100 mg/dL aumentar insulina 0,05 U/Kg/ hora • Se queda > 80 – 100 mg/dL diminuir insulina 0,05 U/Kg/hora ❑ Se glicemia capilar entre 250 – 300 mg/dL sem resolução da cetoacidose (pH > 7,3 e/ou bic > 15 mEq/L): • Introduzir glicose 2,5 a 5% juntamente com a infusão contínua de insulina ❖ Tratamento pós resolução cetoacidose diabética • Transicionar para insulina SC: • iniciar 0,1 U/Kg SC uma hora antes da suspensão da insulina EV contínua • Iniciar insulina de ação intermediária: • 0,8 a 1 U/Kg/dia dividida em 6 tomadas • Manter soro de manutenção com reposição por 24 a 48 horas: estimar 10% de perda de volume e iniciar com 1,5 vez o volume da manutenção, podendo considerar até 2,5 vezes a manutenção (Holliday simplificado) • Até 10 Kg: 4 ml/kg/hora • 11 a 20 kg: 40 + 2 ml/kg/hora • > 20 Kg: 60 + 1 ml/kg/hora para cada quilo que excede 20 • Iniciar a dieta para diabético assim que boa aceitação VO ❖ Critérios de alta • Resolução da cetoacidose* • ajuste dos níveis glicêmicos (dieta e insulina) • treinamento adequado da família para administração da medicação em ambiente domiciliar. Referências Peso corpóreo Volume manutenção em 24 horas CAD: manutenção + 5% do peso/24 horas 5 405 650 10 780 1280 15 1030 1780 20 1230 2230 26 1430 2730 30 1560 3060 36 1730 3460 40 1850 3700 45 1980 3960 50 2100 4220 55 2210 4420 60 2320 4640 65 2410 4820 70 2500 5000 75 2590 5180 80 2690 5380 VOLUME DO SORO DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO BASEADO NO PESO CORPÓREO E 10% DE DESIDRATAÇÃO [1] Pediatr Diabetes. 2018 Oct; 19 Suppl 27:155-177; [2] N Engl J Med. 2018 Jun 14;378(24):2336-233; [3] N Engl J Med. 2018 Jun 14;378(24):2275-2287 Código Documento: CPTW164.1 Elaborador: Milena de Paulis Revisor:or: Mauro Dirlando C de Oliveira Aprovador: Haggeas Da Silveira Fernandes Data de Elaboração: 02/11/2020 Data de Aprovação: 02/11/2020