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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/319649746 ESTUDO DOS FATORES CONDICIONANTES DO TOMBAMENTO DE BLOCOS EM TALUDE FERROVIÁRIO Thesis · December 2014 DOI: 10.13140/RG.2.2.20278.60489 CITATIONS 0 READS 5,914 1 author: Allan Erlikhman Medeiros Santos Universidade Federal de Ouro Preto 22 PUBLICATIONS 76 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Allan Erlikhman Medeiros Santos on 12 September 2017. 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Orientadora: Professora Doutora Milene Sabino Lana. Ouro Preto 2014 I AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus, por todo auxílio e por esta oportunidade! Agradeço à toda minha família, em especial a meus pais e minha irmã que sempre serão meus super-heróis, não tenho nem palavras. Agradeço à minha professora orientadora Milene Sabino Lana, por ter me condicionado todo o apoio e confiança necessária durante o trabalho, sem os quais o trabalho não seria possível. Além de tudo isso, agradeço a oportunidade da convivência durante esse tempo, nos campos, reuniões e aulas, muito obrigado Milene! Agradeço à Engenheira Geóloga Denise de Fátima, por todo carinho, apoio e compreensão, que foram fundamentais, além de todos os ensinamentos da geologia que são cruciais, muito obrigado! Agradeço à minha amiga e co-orientadora Engenheira de Minas Tatiana Barreto, por todos os campos, revisões, pesquisas, conselhos, conversa, paciência, em fim você foi uma pessoa singular nesse trabalho, muito obrigado, de verdade! Agradeço à Engenheira de Minas Larissa Silveira pelo auxílio e apoio nos campos, com suas observações sempre pertinentes. Agradeço à todos os colegas da Engenharia de Minas 10.1, em especial ao Adriano, Bruno, Cissa, Vitor, Victor e Tharley, pela amizade, companheirismo e ensinamentos. Agradeço ao Departamento de Engenharia de Minas da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, em especial a todos os professores que contribuíram muito na minha formação. Agradeço à todos meus amigos e companheiros do Grupo Espírita Evangelho de Cristo e do Grupo Assistencial Auta de Souza por toda amizade e união, em especial aos amigos César Teixeira e Virgílio Luna. Agradeço à Escola de Minas por me deixar fazer parte de sua gloriosa história. II RESUMO O trabalho teve por objetivo a análise dos fatores condicionantes no tombamento de blocos, utilizando a aplicação de classificações geomecânica para obtenção de parâmetros do maciço através do critério de Hoek Brown e aplicação do critério de Barton & Bandis (1982) na determinação de parâmetros de rugosidade. Assim possibilitou-se o estudo da estabilidade de blocos em um talude ferroviário da região de Ouro Preto. A análise foi feita a partir do Software Roctopple da Rocsicence, versão 1.0, que permite a análise de tombamento de blocos, com base no método proposto por Goodman & Bray (1976), onde a estabilidade é feita para cada bloco, e estes são classificados em condições de estabilidade, como blocos estáveis, em deslizamento ou tombamento. Para obtenção dos parâmetros de resistência necessários para o estudo de estabilidade do tombamento de blocos que ocorre no maciço foram utilizadas técnicas de classificação geomecânica, sendo elas o RMR e o Sistema Q. O maciço foi classificado como classe II, segundo o RMR e como classe V, segundo o sistema Q. O critério de resistência adotado foi o critério de Barton & Bandis (1982), devido à presença de rugosidade na superfície das descontinuidades. Foram medidos os valores de amplitude da rugosidade de cada família para determinação do JRC, sendo obtido um valor de JRC igual a 12 para as famílias. A análise foi feita a partir desses dados, sendo obtido um fator de segurança entre 1,56 a 1,76 para inclinação da superfície basal dentro da faixa proposta por Goodman & Bray (1976), 47° a 67°,o que reflete a situação em campo, onde não há registros de queda de blocos. III ABSTRACT The study aimed to analyze the factors that determine the tipping blocks, using the application of geomechanics ratings to obtain the massive parameters through the Hoek Brown criterion and applying the criterion of Barton & Bandis (1982) the determination of roughness parameters . Thus enabling the study of the stability of blocks on a railway embankment of Ouro Preto, using the RocTopple software. In addition to generating and database expansion on geotechnical and geomechanical of the Iron Quadrangle region. The analysis was made from the Rocsicence Roctopple software, version 1.0, which allows tipping analysis blocks based on the method proposed by Goodman and Bray (1976), where stability is made for each block, and these are classified in steady conditions, sliding or tipping. To obtain the necessary strength parameters for the study of stability of tipping occurs in massive blocks were used geomechanical classification techniques, and they RMR and the System Q. The mass was classified as class II, good rock, according to the RMR and as class V, regular rock, according to the system Q. the resistance adopted was the criterion of Barton & Bandis (1982) due to roughness of the discontinuities.The roughness of each family were measured amplitude values to determine the JRC, one being obtained JRC value of 12 to families. The analysis was made from this data being obtained, with tilt bottom surface within the range proposed by Goodman and Bray (1976), 47 ° to 67 °, the safety factor behaved uniformly, with variation from 1.564 to 1.764 , which reflects the situation on the ground where there is no falling blocks records. IV LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Vista do Talude ferroviário........................................................................................................1 Figura 1.2 - Localização do Quadrilátero Ferrífero.......................................................................................2 Figura 1.3 - Imagem mostrando a localização e via de acesso do maciço em estudo..................................2 Figura 1.4 - Formação de um bloco no maciço em estudo............................................................................3 Figura 2.1 - Representação de tipos de taludes em uma mina a céu aberto...................................................5 Figura 2.2 - Formas de ruptura dos taludes....................................................................................................6 Figura 2.3 - Ilustração de tipos comuns de tombamento ..............................................................................8 Figura 2.4 - Esquema para largura e altura de um bloco para análise de estabilidade..................................9 Figura 2.5 - Modelo para análise por equilíbrio limite de tombamento de blocos em base de degraus.........................................................................................................................................................10 Figura 2.6 - Dilatação em tombamento com plano de base coincidente com a base dos blocos em superfície em degraus..................................................................................................................................11 Figura 2.7 - Condições de equilíbrio limite no tombamento de blocos para bloco de ordem n: (a) forças atuantes no enésimo bloco; (b) tombamento do enésimo bloco; (c)deslizamento do enésimo bloco ......................................................................................................................................................................13 Figura 2.8 - Perfil de Rugosidade e Valor de JRC Correspondente............................................................28 Figura 2.9 - Estimativa do JRC....................................................................................................................29 Figura 2.10 – Classificação de blocos no software Roctopple, versão 1.0, Rocscience Inc........................30 Figura 3.1 – Fluxograma adotado para metodologia............................................................ .......................31 Figura 4.1 - Coluna estratigráfica da região do Quadrilátero Ferrífero, com indicação das idades de cristalização (rochas ígneas) e dos zircões detríticos mais jovens (unidades clásticas).......................................................................................................................................................34 Figura 4.2 - Mapa geológico da região de Ouro Preto.................................................................................35 Figura 5.1 - Tombamento de blocos no talude em estudo...........................................................................36 Figura 5.2 - Geometria de bloco formado na face do talude em estudo......................................................37 Figura 5.3 - Amostra do talude em estudo...................................................................................................38 V Figura 5.4 - Veio de quartzo, de escala centimétrica...................................................................................39 Figura 5.5 - Estrutura de xistosidade presente na amostra..........................................................................39 Figura 5.6 - Definição das famílias de descontinuidade no Dips................................................................41 Figura 5.7 - Probabilidade de ruptura por cunha.........................................................................................42 Figura 5.8 - Probabilidade de ruptura por tombamento de blocos...............................................................42 Figura 5.9 - Resultados dos ensaios com utilização do Esclerômetro de Schmidt......................................43 Figura 5.10 - Gráfico da tensão principal maior versus a tensão principal menor segundo o critério de Hoek & Brown.............................................................................................................................................47 Figura 5.11 - Obtenção das amplitudes das rugosidades da família que desliza.........................................50 Figura 5.12 - Frequência simples para as amplitudes..................................................................................50 Figura 5.13 - Modelo para estimativa do ângulo i.......................................................................................51 Figura 5.14 - Obtenção de JRC com utilização do ábaco de Barton & Bandis (1982)................................53 Figura 5.15 - Critério de resistência de Patton (1966) para descontinuidades rugosas...............................55 Figura 5.16 - Análise da influência da inclinação da superfície basal no fator de segurança......................58 Figura 5.17 - Resultado para inclinação da superfície basal de 47°............................................................58 VI LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 - Equações de correlação entre R e σc (σc em MPa e ρ em g/cm 3 )...........................................17 Tabela 2.2 - Classificação geomecânica RMR (Bieniawski, 1989).............................................................19 Tabela 2.3 - Determinação do valor do parâmetro associado à condição das descontinuidades avaliados separadamente e valor do parâmetro associado à condição descontinuidades avaliados separadamente..............................................................................................................................................20 Tabela 2.4 - Determinação do parâmetro associado à orientação das descontinuidades.............................20 Tabela 2.5 - Classificação segundo o Rock Mass Rating............................................................................21 Tabela 2.6 - Correlação entre as classes definidas pelo RMR e parâmetros de resistência do maciço rochoso............................................................................................... ..........................................................21 Tabela 2.7 - Valores de Jn no sistema-Q.....................................................................................................22 Tabela 2.8 - Valores de Jr no sistema-Q......................................................................................................23 Tabela 2.9 - Valores de Ja no sistema-Q......................................................................................................24 Tabela 2.10 - Valores de Jw no sistema-Q..................................................................................................25 Tabela 2.11 - Valores de SRF no sistema-Q................................................................................................25 Tabela 2.12 - Classificação segundo o sistema-Q.......................................................................................26 Tabela 5.1 - Atitudes médias para as famílias ............................................................................................40 Tabela 5.2 - Resultado classificação RMR..................................................................................................45Tabela 5.3 - Classificação Sistema Q..........................................................................................................49 Tabela 5.4 - Valores de amplitude, distancia e dilatância, para familia de descontinuidade 1 (plano basal)............................................................................................................................................................51 Tabela 5.5 - Valores de amplitudes, distância e dilatância, para família de descontinuidade 3..................52 Tabela 5.6 - Resultados para JRC das descontinuidades.............................................................................54 Tabela 5.7 - Resumo dos parâmetros de resistência da superfície de descontinuidades.............................56 Tabela 5.8 - Parâmetros de Entrada para Geometria do Talude..................................................................57 VII LISTA DE SÍMBOLOS i: Ângulo de dilatância da Rugosidade da Superfície de Descontinuidade Ja: Fator de alteração das juntas (sistema-Q) Jn: Fator do número de famílias de juntas (sistema-Q) Jr: Fator de rugosidade das juntas (sistema-Q) Jv: Contagem volumétrica de juntas Jw: Fator de pressão de água nas juntas (sistema-Q) Ln: Pontos de aplicação da força normal Pn na face inferior m , s: Constantes dependentes das propriedades da rocha (critério de Hoek-Brown) mi: Constante dependente das propriedades da rocha intacta Mn: Pontos de aplicação da força normal Pn na face superior R: Número de rebotes do Esclerômetro de Schmidt Rn e Sn: Forças normais de cisalhamento que atuam na base do bloco n Wn: Peso do bloco n xn: largura do bloco n yn: altura do bloco n λ: Frequência de juntas σ1,σ2,σ3: Tensões principais (σ1>σ2>σ3) σc: Resistência à compressão uniaxial da rocha intacta ϕr: Ângulo de atrito residual da rocha intacta com a descontinuidade ψb: Mergulho da Superfície Basal de Ruptura ψf: Mergulho da Face do Talude VIII ψi: Mergulho da Interseção de Duas Famílias de Descontinuidade ψp: Mergulho da Família de Descontinuidade IX NOMECLATURAS E ABREVIAÇÕES FS: Fator de Segurança ISRM: International Society of Rock Mechanics JCS: Resistência à Compressão das Paredes JRC: Coeficiente de Rugosidade das Juntas RMR: Rock Mass Rating RQD: Rock Quality Designation SRF: Stress Reduction Factor (sistema-Q) 1 1. Introdução 1.1. Considerações iniciais O presente trabalho versa sobre o estudo dos fatores que condicionam o mecanismo de tombamento de blocos de um talude ferroviário localizado na linha férrea que liga os municípios de Ouro Preto a Mariana. A Figura 1.1 mostra o talude do estudo. Figura 1.1 – Vista do talude ferroviário O maciço que constitui o talude está localizado no Grupo Sabará do Supergrupo Minas, um dos grupos mais novos da série estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero. A Figura 1.2 mostra a localização do Quadrilátero Ferrífero no Brasil. A Figura 1.3 mostra o acesso ao talude em estudo, com referência ao prédio do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. 2 Figura 1.2 – Localização do Quadrilátero Ferrífero Figura 1.3 – Imagem mostrando a localização e via de acesso do maciço em estudo, destacando o Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. Retirada do programa GoogleMaps, https://maps.google.com/ acessado em 27/10/2014. O Quadrilátero Ferrífero possui riquezas que vão além do potencial econômico de sua província mineral, riquezas no sentindo estrutural dos maciços que o compõem. Todos os eventos geológicos que culminaram em sua formação forneceram um 3 ambiente rico e extremamente didático para os estudantes da geociências. O maciço em estudo se encontra entre essa diversidade do Quadrilátero Ferrífero sendo possível a identificação visual de alguns tombamentos de blocos e algumas cunhas isoladas ao longo do talude. O talude possui cerca de 9 metros de altura e está localizado na borda de uma linha férrea o que motivou o estudo por questões de segurança, além do fato da inexistência de um banco de dados geotécnicos sólido para essa região. A Figura 1.4 mostra a superfície que pode ter dado origem e formação de um bloco no passado. Figura 1.4 – Formação de um bloco no maciço em estudo. O mecanismo que envolve o tombamento de blocos, inicia-se quando colunas de rocha são divididas por juntas ortogonais espaçadas, provocando a individualização dos blocos. As pequenas colunas formadas abaixo no talude são empurradas pela ação das forças exercidas pelos blocos superiores e deslizam, permitindo o tombamento das colunas superiores. Um dos fatores condicionantes no tombamento de blocos é a superfície basal de ruptura, que nesse mecanismo possui a forma de escadaria. A determinação da superfície basal da ruptura não é um processo trivial, embora associada à descontinuidade basal, porém muito importante para análise da estabilidade do conjunto de blocos. O presente trabalho estudou a relação dessa superfície basal com a estabilidade dos blocos do maciço, a partir da utilização do software Roctopple da Rocscience, versão 1.0. 4 O estudo dos fatores condicionantes no tombamento de blocos deste maciço foi constituído de várias etapas, sendo elas o levantamento de parâmetros do maciço e descontinuidades e a simulação no software Roctopple. Para a etapa de levantamento de dados foram utilizados os métodos de classificação geomecânica, RMR e Sistema Q, além de levantamentos das características das rugosidades das descontinuidades presentes no maciço. Esses métodos forneceram parâmetros importantes para a análise do tombamento, como ângulo de atrito residual, grau de alteração, espaçamento e persistência das descontinuidades. A simulação do tombamento no software foi realizada no laboratório de planejamento de lavra do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. 1.2. Objetivos Estudo dos fatores condicionantes no tombamento de blocos que ocorre em um talude ferroviário na região de Ouro Preto; Aplicação de classificações geomecânicas e obtenção de parâmetros do maciço através do critério de Hoek Brown; Aplicação do critério de Barton & Bandis (1982) na determinação de parâmetros de rugosidade; Estudo da influência e relação da superfície basal na estabilidade de blocos em um tombamento de blocos, com utilização do software RocTopple; Geração de banco de dados relativo a estudos geotécnicos e geomecânicos da região do Quadrilátero Ferrífero. 5 2. Revisão Bibliográfica 2.1. Taludes Rochosos 2.1.1. Definição Sob o nome genérico de taludes compreende-se quaisquer superfícies inclinadas que limitam um maciço de terra, de rocha ou de terra e rocha. Podem ser naturais, casos das encostas, ou artificiais, como os taludes encontrados nas minerações. A Figura 2.1 ilustra os tipos de taludes em um projeto de mineração e a terminologia usualmente empregada. Figura 2.1 – Representação de tipos de taludes em uma mina a céu aberto. ( Adaptado de Sjöberg, 2000) 2.1.2. Descontinuidade Priest (1993) define as descontinuidades como sendo qualquer quebra mecânica ou fratura presente num maciço rochoso, sendo de origem natural, devido a origem geológica da rocha. A importância das descontinuidades assenta no fato de serem elas que governam em regra o comportamento mecânico do maciço pois são as estruturas menos resistentes, designadamente nas situações de ruptura relacionadas com deslizamentos verificados ao longo de superfícies de anisotropia bem definidas (Rocha, 1977). As principais características das descontinuidades com implicações no 6 comportamento geotécnico dos maciçosfraturados são, segundo a ISRM (1981), Priest (1993) e Hoek e Bray (1981), a orientação, o espaçamento, a persistência, a rugosidade, o preenchimento e a abertura. Além destas caracteristicas, existem também a questão da percolação nas descontinuidades e o estado de alteração das respetivas paredes, que influenciam significativamente as classificações geomecânicas. 2.1.3. Tipos de Ruptura Segundo Guidicini e Nieble (1983), a ruptura de um talude em rocha pode ocorrer de diversas formas, sendo caracterizada, na maioria das vezes, pela presença de descontinuidades preexistentes. Hoek e Londe (1974) ilustram as formas de ruptura em taludes rochosos, representadas na Figura 2.2, sendo a ruptura circular, planar, em cunha e o tombamento flexural. Figura 2.2 - Formas de ruptura dos taludes (Hoek e Londe, 1974). Rupturas circulares ocorrem em maciços rochosos extremamente fraturados, onde existe uma intensa saturação de fraturas apresentando orientação aleatória, em solos ou maciços rochosos muito alterados, de baixa resistência, pouco competentes, apresentando um comportamento isotrópico onde a ruptura não é controlada por 7 eventuais planos de descontinuidade. Segundo Hoek (1987) um conjunto de descontinuidades pouco espaçadas, com pressões intersticiais suficientemente elevadas, assim como um grau de alteração intenso no caso dos maciços rochosos, pode causar este tipo de movimento. A ruptura planar acontece segundo descontinuidades predominantes e/ou contínuas, cuja direção é paralela à face do talude, mergulhando no mesmo sentido do mergulho do talude e com mergulho menor que o mergulho da face do talude. A ruptura em cunha é formada por dois planos de descontinuidades com direções divergentes que, ao se interceptarem, formam um bloco em forma de cunha. Caracteriza uma forma de ruptura típica em maciços rochosos com várias famílias de descontinuidades, cujas orientações, espaçamentos e persistências vão determinar a forma e volume da cunha. A ruptura por tombamento resulta da rotação de colunas ou blocos de rocha sobre uma base fixa, com a ocorrência de uma família de descontinuidades paralela ou subparalela à face do talude (desvio máximo de 30º entre ambas as direções, segundo Goodman, 1976), mergulhando com inclinação contrária à do talude, para que se dê o tombamento para diante da face do talude. O tombamento pode originar também deslizamentos, podendo algumas vezes existir uma inclinação progressiva do talude sem existir colapso (Varnes, 1978). O material rocha que se desprende do talude, desloca-se para a frente do mesmo, movimentando-se rapidamente pela face do talude, podendo fraturar-se, rolar e deslizar. Este movimento está relacionado com as ações da força da gravidade, forças exercidas por blocos adjacentes, pela ação da coluna de água no interior das descontinuidades abertas ou pela atuação de forças tectônicas. 2.2. Tombamento de Blocos 2.2.1. Classe de Tombamentos No campo podem ser encontrados basicamente três tipos de tombamentos. Goodman e Bray (1976) descreveram esses três tipos de tombamentos como sendo o tombamento de blocos, tombamento flexural e tombamento bloco-flexural. Importante ressaltar que existem outros tipos de ruptura por tombamento, porém não são aplicados ao presente trabalho. 8 O tombamento de blocos ocorre quando colunas individuais são formadas por famílias de descontinuidades que mergulham fortemente na face do talude, em conjunto com uma segunda família de descontinuidades ortogonais amplamente espaçadas, que definem assim a altura das colunas (Wyllie & Mah, 2004). As pequenas colunas formadas no pé do talude são empurradas para frente devido a ação das cargas das colunas adjacentes e superiores, este escorregamento ajuda no desenvolvimento do tombamento das colunas superiores, caracterizando assim o tombamento de blocos. O tombamento bloco-flexural ocorre devido à existência de uma flexão pseudo- contínua das colunas que são divididas por juntas transversais, segundo Wyllie & Mah (2004). A combinação de escorregamento e tombamento dos blocos caracterizam o mecanismo presente no tombamento bloco-flexural. Wyllie & Mah (2004) descrevem o processo do tombamento flexural sendo marcado por colunas contínuas de rochas separadas por descontinuidades com alto ângulo de mergulho, de modo que ocorre a flexão das colunas para a frente da face do talude. Este tipo de tombamento pode ser condicionado pelo tipo de maciço, devido a características da rocha propriamente dita, como o caso dos filitos do Quadrilátero Ferrífero. A Figura 2.3 ilustra os tipos de tombamentos descritos, sendo (a) tombamento de blocos, (b) tombamento flexural e (c) tombamento bloco-flexural. Figura 2.3 - Ilustração de tipos comuns de tombamento (Goodman & Bray 1976). 9 2.2.2. Análise Cinemática do Tombamento de blocos A mecânica básica da estabilidade do bloco neste método está ilustrado na Figura 2.4. Este diagrama mostra as diferentes condições de estabilidade, deslizamento e tombamento de blocos com altura y e largura Δx sobre um plano com inclinação ψp. Se o ângulo de atrito entre a base do bloco e o plano é ϕp, então o bloco vai estar estável ao deslizamento quando o mergulho do plano da base for menor que o ângulo de atrito, ou seja, quando: (1) o tombamento ocorre quando a força resultante do bloco encontra-se fora do centro de gravidade do mesmo, ou seja, quando: (2) Figura 2.4 – Esquema para largura e altura de um bloco para análise de estabilidade. A outra condição cinemática para o tombamento de blocos é que os planos que formam os blocos devem possuir um mergulho aproximadamente paralelo à face do talude de modo que cada face é “livre” para tombar com poucas restrições de camadas adjacentes. Essa restrição é chamada de janela cinemática, e a diferença entre a direção dos mergulhos das famílias de descontinuidade que formam o bloco e a direção de mergulho da face do talude deve estar entre 30°, segundo Goodman & Bray (1976). 10 2.2.3. Análise por equilíbrio limite do tombamento de blocos A análise por equilíbrio limite estudada neste tópico é baseada na análise de Goodman & Bray (1976), embora este método esteja limitado a casos simples de tombamento de blocos a partir dele é possível entender os fatores básicos que são importantes neste mecanismo. A análise de estabilidade envolve um processo iterativo no qual as dimensões de todos os blocos e as forças que atuam sobre eles são calculadas, e em seguida, a estabilidade de cada um é examinada a partir do equilíbrio de forças e momentos. Cada bloco pode ser classificado como estável ou instável, neste caso com tendência ao tombamento ou deslizamento. A face do talude será considerada instável se o bloco mais baixo, ao longo da face, for instável. Um requisito básico nesta análise é o ângulo de atrito na base de cada bloco, que no caso deve ser maior que o ângulo de mergulho da face de modo a impossibilitar o deslizamento ao longo da face na ausência de forças externas. Figura 2.5 – Modelo para análise por equilíbrio limite de tombamento de blocos em base de degraus (Adaptado de Goodman and Bray, 1976). 2.2.3.1. Cálculo da Geometria dos Blocos O primeiro passo na análise de tombamento de blocos é o cálculo da dimensão de cada bloco individualizado (Wyllie & Mah, 2004). Considerando uma geometria 11 regular de blocos como mostrado na Figura 2.5 na qual os blocos são retangulares com largura Δx e altura yn. O mergulho da base dos blocos é ψp e o mergulho do plano ortogonal formado pela face dos blocos é ψd (ψd = 90 - ψp), sendo que o fato de serem ortogonais é uma simplificação do modelo. A altura do talude é H, e a face apresenta um ângulo de ψf enquanto a crista do talude apresenta uma inclinação de ψs. No método de Goodman &Bray (1976) a superfície basal é tomada em forma de escadaria (em degraus), sendo que o ângulo de inclinação dessa superfície é diferente do ângulo de inclinação da base dos blocos, como é mostrado na Figura 2.5, ou seja o mergulho da superfície basal é ψb. Este parâmetro é muito importante na análise de estabilidade ao tombamento de blocos. Segundo Wyllie & Mah (2004) quanto menos inclinado for o plano basal maior a possibilidade de tombamento aos blocos com maior altura, aumentando a instabilidade do talude. Se o ângulo da base dos blocos coincidir com o ângulo da superfície basal, (ou seja, ψb = ψp), a geometria do tombamento vai requerer uma dilatação δ nos blocos ao longo do plano da base cortando a face dos blocos como mostra a Figura 2.6. Figura 2.6 – Dilatação em tombamento com plano de base coincidente com a base dos blocos em superfície em degraus. (Zanbak, 1983). Estudos em relação a superfície basal a partir de modelos físicos e numéricos (Goodman and Bray, 1976; Pritchard and Savigny, 1991; Adhikary et al.,1997) mostram 12 que a superfície basal tende a ser em forma de escadaria, sendo o mergulho aproximadamente de: ( ) (3) Baseado na geometria do talude da Figura 2.10 o número de blocos n pode ser encontrado pela equação: * ( ) + (4) Os blocos são numerados de forma ascendente, ou seja o bloco no pé do talude será o número 1 e o bloco acima de todos os outros blocos será o bloco n. Neste modelo a altura yn do enésimo bloco, na posição abaixo da crista do talude é dada por: (5) enquanto que acima da crista a altura do bloco será: (6) As três constantes a1,a2 e b são definidas a partir da geometria dos blocos e talude, sendo dada pelas equações 10 a 12, abaixo: (7) (8) (9) 2.2.3.2. Estabilidade do Bloco A Figura 2.5 mostra o sistema de estabilidade de blocos sujeitos ao tombamento, na qual é possível distinguir grupos de blocos de acordo com seu comportamento, (a) Um conjunto de blocos estáveis na parte superior do talude, em que o ângulo de atrito da base é maior que o ângulo de mergulho do plano (ϕp>ψp) e a altura é tal que a força resultante situa-se no centro de gravidade do bloco (y/Δx<tan ψp). (b) Um conjunto intermediário de blocos em tombamento, sendo que o primeiro bloco que tomba é definido quando é obedecido. 13 (c) Um conjunto de blocos na região do pé do talude que são empurrados pelos blocos em tombamento que se encontram logo acima. Dependendo de sua geometria e do equilíbrio de forças e momentos, estes blocos podem estar estáveis ou propícios ao tombamento ou deslizamento. A Figura 2.7 demonstra os termos usados para definir as dimensões dos blocos, posição e direção de forças que atuam sobre o mesmo, em situações de tombamento e deslizamento. A Figura 2.12(a) mostra um típico bloco (n) com as forças normais e de cisalhamento atuando na base (Rn, Sn) e nas interfaces com os blocos adjacentes (Pn, Qn, Pn-1, Qn-1). A Figura 2.12(b) mostra o ponto de atuação das forças para um conjunto de blocos que tendem ao tombamento. O ponto de aplicação da força normal Pn são Mn e Ln, nas faces superior e inferior respectivamente, e são dadas nas equações 13 a 18. Figura 2.7 – Condições de equilíbrio limite no tombamento de blocos para bloco de ordem n: (a) forças atuantes no enésimo bloco; (b) tombamento do enésimo bloco; (c)deslizamento do enésimo bloco (Goodman & Bray, 1976). Se o bloco de ordem n está abaixo da crista do talude, então, (10) (11) Se o bloco de ordem n está na crista do talude, então, (12) 14 (13) Se o bloco de ordem n está acima da crista do talude, então, (14) (15) Para um arranjo irregular de blocos , e podem ser calculados a partir de medidas de campo, segundo Wyllie & Mah (2004). Deve se tomar cuidado com a determinação do ângulo de atrito, pois o ângulo de atrito da base pode ser diferente do ângulo de atrito das laterais dos blocos, pois são duas descontinuidades diferentes, podendo as vezes ser igual, mas nem sempre isso é possível. Para limitar o atrito nos lados dos blocos, tem-se que: (16) (17) Analisando perpendicularmente e paralelamente a base de um bloco com peso Wn, as forças normal e cisalhante atuando na base do bloco n são, respectivamente, (18) (19) Considerando o equilíbrio de momento, a força Pn-1 necessária para impedir o tombamento pode ser determinada a partir da equação: [ ⁄ ( )] (20) Quando o bloco em questão faz parte do conjunto de blocos deslizantes, como mostrado na Figura 2.12(c), tem-se que: (21) No entanto, a magnitude das forças Qn-1, Pn-1 e Rn aplicadas aos lados dos blocos e seus respectivos pontos de aplicação Ln e Kn são desconhecidos. Embora o problema 15 seja indeterminado, a força Pn-1 necessária para prevenir o deslizamento do bloco n pode ser determinada, considerando que . Então em seguida a força de cisalhamento necessária para prevenir o deslizamento é tal que, [ ( )] ( ) (22) 2.2.3.3. Cálculo de Estabilidade em Tombamento de Blocos Wyllie & Mah propuseram um procedimento para o cálculo de estabilidade de tombamento de blocos de acordo com o modelo de Goodman e Bray (1976), descrito em seguida, (a) Cálculo da dimensão e número de blocos, a partir das equações já mostradas e explicadas anteriormente, equações 4 a 9. (b) Valores de ângulos de atritos da base e lateral dos blocos são dados obtidos a partir de ensaios de laboratório, literatura ou estimativas baseadas em métodos empíricos (como classificações geomecânicas), sendo eles e . O ângulo de atrito na base do bloco deve ser maior que o mergulho da base a fim de evitar o deslizamento. (c) Começando dos blocos de topo, a equação 2 é usada para identificar se ocorre tombamento, ou seja, quando ⁄ . (d) Começando com o bloco superior, determine as forças laterais Pn-1,t do conjunto de blocos requerida para prevenir o tombamento, e Pn-1,s para prevenir deslizamentos. Se Pn-1,t>Pn-1,s o bloco tomba e Pn-1 é igual a Pn-1,t, ou se Pn-1,s>Pn- 1,t, o bloco desliza e Pn-1 é igual a Pn-1,s. Além disso, é feita uma verificação de que existe uma força R normal na base do bloco, e para que o deslizamento não ocorra na base tem-se que: (23) (| | ) (24) (e) As forças calculadas no item (d) são novamente calculadas para o próximo bloco inferior e todos os demais blocos inferiores sucessivamente. 2.2.3.4. Fator de Segurança para Análise por Equilíbrio Limite em Tombamentos de Bloco 16 O fator de segurança para tombamento de blocos pode ser calculado encontrando o ângulo de atrito para o equilíbrio limite. O ângulo de atrito do equilíbrio limite é determinado como ângulo de atrito requerido para a estabilidade, enquanto o ângulo de atrito real da superfície do bloco é denominado ângulo de atrito disponível. O fator de segurança para o tombamento pode ser definido pela divisão da tangente do ângulo de atrito disponível pela tangente do ângulo de atrito requerido (Wyllie & Mah, 2004). (25) 2.3. Classificação Geomecânica A análise de estabilidade de blocos requer dados de entrada que são obtidos através dos sistemas de classificação de maciços rochosos. Estes sistemas fornecem uma base de dados para estimar algumas propriedades mecânicas, como adeformabilidade e a resistência dos maciços rochosos, além de quantificarem a qualidade do maciço. No presente trabalho foram utilizados os sistemas de classificação Rock Mass Rating (RMR), Rock Mass Quality (Q) e Rock Mass Index (RMi). O RMR, desenvolvido por Bieniawski em 1973, considera a resistência à compressão uniaxial da rocha, o índice de qualidade da rocha, os espaçamentos entre as descontinuidades, condição das descontinuidades, condições da água subterrânea e orientação das descontinuidades. O sistema Q foi desenvolvido por Barton em 1974 considerando o índice de qualidade da rocha, o número de famílias de descontinuidades, a rugosidade das descontinuidades, o grau de alteração das descontinuidades, o fator de redução de água e o estado de tensão no maciço. O RMi desenvolvido por Palmström em 1995, avalia a resistência a compressão uniaxial da rocha, densidade, rugosidade, alteração e persistência das descontinuidades. 2.3.1. Rock Mass Rating (RMR) A classificação RMR tem por objetivo uma caracterização dos parâmetros, citados anteriormente, que são condicionantes do comportamento dos maciços rochosos (Bieniawski, 1989). O sistema considera seis parâmetros para caracterização, onde através de tabelas, serão atribuídos pesos, no final o somatório destes pesos estabelece a classificação do maciço. 17 Um dos parâmetros é conhecido como resistência à compressão uniaxial da rocha (σc) que é determinado por ensaios de compressão simples ou através de ensaios de compressão puntiforme em equipamentos específicos. Em casos de impossibilidade de realização de ensaios este parâmetro pode ser estimado de diversas maneiras, como a utilização do Esclerômetro de Schmidt. No caso de utilização do Esclerômetro de Schmidt existem diversas formulas para se obter o valor através da relação do número de rebotes R do equipamento a Tabela 2.1 mostra esse conjunto de relações. Tabela 2.1 – Equações de correlação entre R e σc (σc em MPa e ρ em g/cm 3 ). Equação Litologia Referência 3 tipos de rocha Deere & Miller (1966) 25 litologias Aufmuth (1973) 20 litologias Beverly et al. (1979) Carvão Kidybinski (1981) Rochas Sedimentares Singh et al. (1983) 20 litologias Shorey et al. (1984) 10 litologias Haramy & DeMarco (1985) Carvão Ghose & Chakraborti (1986) Arenito, siltito, calcário, anidrito O’Rourke (1989) 33 litologias Sachpazis (1990) Gabro, basalto Aggistalis (1996) Marga Gökçeoglu (1996) 10 litologias Kahraman (1996) 7 tipos de rocha Katz et al. (2000) Várias Rochas Kahraman (2001) Gypso Yilmaz & Sendir (2002) Rochas Ígneas Dinçer et al. (2004) Fonte: Ávila (2012). Outro parâmetro é o índice de qualidade da rocha (RQD), que é tradicionalmente obtido a partir de testemunhos de sondagens, porém na ausência de testemunhos pode ser obtido através das equações proposta por Hudson & Harrison (1997) e Palmström (1982), que estabelecem correlação entre a frequência das descontinuidades e o RDQ. As equações de obtenção do RQD propostas, respectivamente, são: (26) 18 (27) onde f é o número de descontinuidades por unidade de comprimento e Jv é a contador volumétrico de juntas. O espaçamento das descontinuidades é obtido em campo. O contador volumétrico de juntas é uma medida para o número de juntas dentro de uma unidade de volume do maciço rochoso, definida pela equação: ∑ (28) onde Si é o espaçamento das juntas em metros para a referida família de juntas. Os pesos associados aos parâmetros citados estão representados na Tabela 2.2. Já o parâmetro referente à condição das descontinuidades é obtido através de observações em campo, pela avaliação da rugosidade, separação, preenchimento e alteração da parede das descontinuidades, sendo que esta avaliação pode ser geral como apresentado na Tabela 2.2 ou mais aprofundada como apresentado na Tabela 2.3 onde são avaliados os fatores separadamente, obtendo-se o valor de P4. A presença de água não é computada quando se quer estimar a resistência do maciço. O peso relacionando a esse parâmetro se encontra na Tabela 2.2. 19 Tabela 2.2 – Classificação geomecânica RMR (Adaptada de Bieniawski, 1989) Parâmetros Valores 1 Resistenc ia da rocha intacta Compressão puntiforme > 10 MPa 4-10 MPa 2-4 MPa 1-2 MPa Ver compressão uniaxial Compressã o uniaxial > 250 MPa 100-250 MPa 50-100 MPa 25-50 MPa 5-25 MPa 1-5 MPa <1 MPa Pesos (P1) 15 12 7 4 2 1 0 2 RQD 90- 100% 75-90% 50-75% 25-50% <25% Pesos (P2) 20 17 13 8 3 3 Espaçamento das descontinuidades >2m 0,6-2m 200- 600mm 60-200mm <60mm Pesos (P3) 20 15 10 8 5 4 Condição das descontinuidades Superfí cies muito rugosas, sem separaç ão, paredes de rocha não alterada s Superfíc ies ligeiram ente rugosas, separaçã o <1mm paredes ligeiram ente alterada s Superfíc ies ligeiram ente rugosas, separaçã o <1mm, paredes muito alterada s Superfície polidas ou enchimento com espessura <5mm ou juntas contínuas com separação 1-5mm Enchimento mole com espessura >5mm ou juntas continuas com separação >5mm Pesos (P4) 30 25 20 10 0 5 Presença de água Influxo por 10m no comprimento do túnel (1/m) Nenhu m < 10 L/min 10-25 L/min 25-125 L/min > 125 L/min Pressão de água na junta/σ principal maior 0 <0,1 0,1-0,2 0,2-0,5 > 0,5 Condições gerais Completamente seco Água intersticial Úmido Escorregamentos Entrada de água Pesos (P5) 15 10 7 4 0 Fonte: Bieniawski Z .T . (1989) 20 Tabela 2.3 – Determinação do valor dos parâmetros associados à condição das descontinuidades avaliados separadamente. Parâmetro Valor Persistência 1m 1m-3m 3m-10m 10m-20m >20m 6 4 2 1 0 Abertura nenhuma <0,1mm 0,1mm– 1,0mm 1mm – 5mm >5mm 6 5 4 1 0 Rugosidade Muito rugosa rugosa Ligeiramente rugosa Lisa Estriada 6 5 3 1 0 Preenchimento Preenchimento duro Preenchimento macio Nenhum <5mm >5mm <5mm >5mm 6 4 2 2 0 Alteração Não alterada Ligeiramente alterada Moderadamente alterada Muito alterada Decomposta 6 5 3 1 0 Valor (P4) Somatório das pontuações Fonte: Bieniawski (1989) O sexto parâmetro é um parâmetro de ajuste que considera a orientação das descontinuidades em relação à orientação do talude. O parâmetro que leva em consideração a orientação das descontinuidades não é quantitativo, mas por meio de descrições qualitativas como mostrado na tabela 2.4. Tabela 2.4 – Determinação do parâmetro associado à orientação das descontinuidades. Orientações da direção e mergulho Muito favorável Favorável Razoável Desfavorável Muito desfavorável Valor Túneis e Minas 0 -2 -5 -10 -12 Fundações 0 -2 -7 -15 -25 Taludes 0 -5 -25 -50 Fonte: Bieniawski (1989) 21 Para determinação do RMR básico são somados os cinco pesos relacionados aos parâmetros determinados acima, P1, P2, P3, P4 e P5. Para classificação geomecânica com objetivo de determinação de parâmetros de resistência da rocha é utilizado este RMR básico, que pode ser classificado segundo a Tabela 2.5. Tabela 2.5 – Classificação segundo o Rock Mass Rating. Classificação do maciço rochoso determinada a partir dos valores totais Valor 100-81 80-61 60-41 40-21 < 21 Classe I II III IV V Descrição da rocha Muito boa Boa Razoável Pobre Muito pobre Fonte: Bieniawski Z .T . (1989) O RMR pode ser utilizado para a determinação depropriedades mecânicas da rocha como a deformabilidade in situ, além de estimar valores de coesão e de ângulo de atrito do maciço rochoso. A tabela 2.6 apresenta a correlação estabelecida entre as classes e os valores de coesão e ângulo de atrito. Tabela 2.6 – Correlação entre as classes definidas pelo RMR e parâmetros de resistência do maciço rochoso. Classe nº I II III IV V Coesão do maciço rochoso (KPa) >400 300-400 200-300 100-200 <100 Ângulo de atrito do maciço rochoso (°) >45 35-45 25-35 15-25 <15 Fonte: Bieniawski (1989) 22 2.3.2. Rock Mass Quality (Sistema-Q) O sistema-Q (Rock Tunnelling Quality Index) do Instituto Geotécnico da Noruega foi proposto por Barton et. al. (1974) e leva em consideração parâmetros como o RQD, número de famílias de descontinuidades (Jn), rugosidade (Jr), alteração das descontinuidades (Ja), fluxo de água nas juntas (Jw), estado de tensão do maciço (SRF). O valor numérico do índice Q varia em uma escala logarítmica de 0,001 até o máximo de 1000, sendo definido pela equação abaixo: (29) onde, RQD - índice de designação da qualidade da rocha; Jn - índice para o número de famílias de descontinuidades; Jr - índice para a rugosidade das paredes das descontinuidades; Ja - índice para a alteração das paredes das descontinuidades; Jw - índice que avalia a pressão de água; SRF - índice para o estado de tensões no maciço e no entorno da cavidade (Stress Reduction Factory). As próximas tabelas, Tabela 2.7 a 2.11 mostram a determinação dos valores dos índices Jn, Jr, Ja e Jw. Tabela 2.7 – Valores de Jn no sistema-Q. Condições de compartimentação do maciço Valores de Jn Fraturas esparsas ou ausentes 0,5-1,0 Uma família de fraturas 2 Uma família, mais fraturas esparsas 3 Duas famílias de fraturas 4 Duas famílias,mais fraturas esparsas 6 Três famílias de fraturas 9 23 Três famílias,mais fraturas esparsas 12 Quatro ou mais famílias de fraturas 15 Rocha triturada (completamente fragmentada) 20 Fonte: Barton, et al. (1974) Tabela 2.8 – Valores de Jr no sistema-Q. a-Fraturas sem deslocamento relativo. Contato rocha-rocha entre as paredes das fraturas b- Fraturas com deslocamento relativo (menos de 10 cm). Contato rocha- rocha entre as paredes das fraturas Condições de rugosidade das paredes Valores de Jr A- Fraturas não-persistentes 4 B- Fraturas rugosas ou irregulares, onduladas 3 C- Fraturas lisas, onduladas 2 D- Fraturas polidas, onduladas 1,5 E- Fraturas rugosas ou irregulares, planas 1,5 Fraturas lisas, planas 1 G- Fraturas polidas ou estriadas, planas 0,5 c- Fraturas com deslocamento relativo. Não há contato rocha-rocha entre as paredes das fraturas H- Fraturas com minerais argilosos 1 I- Zonas esmagadas 1 Fonte: Barton, et al. (1974) 24 Tabela 2.9 – Valores de Ja no sistema-Q. a-Fraturas sem deslocamento relativo. Há contato rocha-rocha entre paredes das fraturas Condição de alteração das paredes Valores de Ja A- Paredes duras, compactas, preenchimentos impermeáveis (quartzo ou epidoto) 0,75 B- Paredes sem alteração, somente leve descoloração φr=25-30° 1 C- Paredes levemente alteradas, com partículas arenosas e rochas desintegradas não argilosas φ=20-25° 2 D- Paredes com películas siltosas ou areno-argilosas φ=20-25° 3 E- Paredes com películas de materias moles ou com baixo ângulo de atrito (caolinita, clorita, talco, grafita, etc) e pequena quantidade de minerais expansivos φ=8-16° 4 b- Fraturas com deslocamento relativo (menos de 10 cm). Há contato rocha-rocha entre as paredes das fraturas F- Paredes com partículas de areia e rochas desintegradas, sem argila φ=25- 35° 4 G- Fraturas com preenchimento argiloso sobreconsolidado (espessura < 5 mm) φ=16-24° 6 H- Fraturas com preenchimento argiloso subconsolidado(espessura < 5 mm φ=12-16° 8 I- Fraturas com preenchimento argiloso expansivo (espessura < 5 mm) φ=12- 16° 8 a 12 c- Fraturas com deslocamento relativo. Não há contato rocha-rocha entre as paredes das fraturas J,K,L- Zonas com rochas trituradas ou esmagadas, com argila (ver G, H, I para condições do material argiloso) φ=6-24° 6 a 8 ou 8 a 12 M- Zonas siltosas ou areno-argilosas com pequena quantidade de argila 5 N,O,P- Zonas ou bandas contínuas de argila (ver g, h, i para condições de material argiloso) φr=6-24° 10 a 13 ou 13 a 20 Fonte: Barton, et al. (1974) 25 Tabela 2.10 – Valores de Jw no sistema-Q. Condição de água Jw Pressão de água (Kg/cm 2 ) A-Escavação a seco ou com pequena afluência de água (<51/m) 1,0 <1 B-Afluência média da água com lavagem ocasional do preenchimento das fraturas 0,66 1,0-2,5 C-Afluência elevada em rochas competentes, sem preenchimento das descontinuidades 0,5 2,5-10 D-Afluência elevada com considerável lavagem do preenchimento das fraturas 0,33 2,5-10 E-Afluência excepcionalmente elevada (ou jatos de pressão), decaindo com o tempo 0,2-0,1 >10 F-Afluência excepcionalmente elevada (ou jatos de pressão), sem decaimento com o tempo 0,1-0,05 >10 Fonte: Barton, et al. (1974) Tabela 2.11 – Valores de SRF no sistema-Q. a-Zonas alteradas Condições das tensões dos maciços SRF A-Ocorrêcia de múltiplas zonas alteradas contendo argila ou rocha quimicamente desintegrada (profundidade qualquer) 10 B- Zona alterada contendo argila ou rocha quimicamente desintegrada (profundidade da escavação <= 50m) 5 C- Zona alterada contendo argila ou rocha quimicamente desintegrada (profundidade da escavação > 50m) 2,5 D- Múltiplas zonas esmagadas em rocha competente, sem argila (profundidade qualquer) 7,5 E- Zona esmagada em rocha competente, sem argila 5 26 (profundidade da escavação <= 50m) F- Zona esmagada em rocha competente, sem argila (profundidade da escavação > 50m) 2,5 G- Fraturas abertas, fraturamento muito inteso (profundidade qualquer) 5 b-Rocha competente, problemas de tensões de rochas H- Tensões baixas, próximas à superfície (σc/σl < 200) 2,5 I-Tensões médias (σc/σl = 200 a 10) 1 J- Tensões altas (σc/σl < 10 a 5) 0,5 – 2,0 K- Explosões moderadas de rochas (σc/σl < 5 a 2,5) 5 - 10 L- Explosões intensas de rochas (σc/σl < 2,5) 10 - 20 c-Rochas incompetentes (comportamento plástico devido aos tipos de deformações) M- Tensões moderadas 5 – 10 N- Tensões elevadas 10 – 20 d- Rochas expansivas (atividade expansiva na presença de água) O- Pressão de expansão moderada 5 – 10 P- Pressão de expansão elevada 10 - 15 Fonte: Barton, et al. (1974) Em casos de utilização com objetivo de estimar parâmetros com o Sistema Q, os fatores Jw e SRF não são incluídos no cálculo. Logo o valor de Q pode ser obtido pela seguinte equação: (30) Com o valor de Q é possível classificar o maciço segundo o sistema Q, através da Tabela 2.12. Tabela 2.12 – Classificação segundo o sistema-Q. Classe Padrão geomecânico do maciço Valores de Q IX Péssimo 0,0001 a 0,01 27 VIII Extremamente ruim 0,01 a 0,1 VII Muito ruim 0,1 a 1,0 VI Ruim 1,0 a 4,0 V Regular 4,0 a 10,0 IV Bom 10,0 a 40,0 III Muito Bom 40,0 a 100,0 II Ótimo 100,0 a 400,0 I Excelente >400,0 Fonte: Barton, et al. (1974) Existem diversas aplicações para o sistema Q, como: Estimativa da resistência ao cisalhamento aparente das descontinuidades; Estimativa do módulo de deformabilidade do maciço; Obtenção do ângulo de atrito da descontinuidade. A obtenção do ângulo de atrito básico da descontinuidade é feita segundo Palmström (2001), que apresentou a seguinte equação que relaciona Jr, Ja e : (31) 2.4. Critérios para determinação de parâmetros de resistência 2.4.1.Critério de Barton & Bandis O critério de Barton & Bandis (1982) propõe uma linha de abordagem para o problema de determinação da resistência ao cisalhamento de juntas rugosas por meio de uma equação empírica para resistência ao cisalhamento de pico de juntas, expressa pela seguinte equação 32, ⁄ (32) onde, τ = resistência ao cisalhamento σ = tensão normal ϕ = ângulo de atrito básico da rocha intacta 28 JRC = coeficiente de rugosidade da junta JCS = resistência à compressão uniaxial da rocha intacta O critério de Barton & Bandis é uma aplicação para casos quando a superfície de descontinuidade apresenta rugosidade. Logo com os valores de amplitudes das rugosidades pode se obter o valor de JRC a partir do ábaco de Barton (1982), como mostrado na Figura 2.9. 2.4.2. Estimativa do Coeficiente de Rugosidade da Junta O coeficiente de rugosidade da junta é um número que pode ser estimado pela comparação da aparência de uma superfície de descontinuidade com perfis padrão publicados por Barton & Choubey (1977). A Figura 2.8 mostra um perfil comparativo proposto por Barton &Choubey, 1977. Um método alternativo para se estimar o valor de JRC está apresentado na Figura 2.9, onde os parâmetros de entrada são a amplitude da rugosidade da descontinuidade e o comprimento de observação. Figura 2.8 – Perfil de Rugosidade e Valor de JRC Correspondente (Modificado de Barton & Choubey 1977) 29 Figura 2.9 – Estimativa do JRC (Barton & Bandis, 1982). 2.4.3. Estimativa da Resistência à Compressão das Paredes (JCS) No caso de um maciço com baixo grau de alteração, para a estimativa do JCS, pode se utilizar a expressão, conforme o critério de Mohr-Coulomb, dado pela equação 33, (33) sendo que os valores dos parâmetros de resistência podem ser obtidos através de classificação geomecânica, a partir do critério de Hoek & Brown sendo (c) a coesão e (ϕ) o ângulo de atrito interno. 30 2.5. Considerações sobre o Software Roctopple O software Roctopple, versão 1.0, Rocscience Inc, é baseado no método de análise de estabilidade de Goodman & Bray (1976). Dentre os métodos para obter a geometria dos blocos foi utilizado o método das “Áreas iguais”, onde a altura do primeiro bloco é gerada de tal modo que sua superfície superior intercepta o ponto médio da linha de inclinação do talude, este método assegura que o volume da fatia é conservada. O RocTopple classifica os blocos em três tipos: "individual", "bloco do pé" e "bloco de grupo". Esta classificação parte do princípio de que na maioria dos casos, um bloco está em contato com os blocos acima e abaixo. Um bloco em contato com outros blocos é um bloco classificado como "bloco de grupo". O bloco inferior ao conjunto dos blocos “de grupo” é classificado como "bloco do pé". Há exceções na geometria onde um bloco não tem contato com outros blocos, ou seja, a altura do degrau (b) é maior do que a altura do bloco, neste caso este tipo de bloco é classificado como bloco "individual". A Figura 5.16 ilustra a situação dos diferentes tipos de blocos. Figura 2.10 – Classificação de blocos no software Roctopple, versão 1.0, Rocscience Inc. Fonte: (site www.rocscience.com) http://www.rocscience.com/ 31 3. Metodologia A metodologia utilizada no presente trabalho consistiu de quatro fases distintas, sendo elas o estudo prévio da área e dos métodos que seriam utilizados, levantamento de dados em campo, aplicação do software e discussão dos resultados. A Figura 3.1 mostra as etapas da metodologia. Figura 3.1 – Fluxograma adotado para metodologia Etapa 1 - Escolha do talude e dedução em campo do modo de ruptura esperado Etapa 2 - Mapeamento geológico-geotécnico do maciço para determinação dos índices geomecânicos, JRC e JCS. 32 As atitudes das descontinuidades foram medidas com o auxilio de bússolas brunton, e os espaçamentos e as persistências referentes as descontinuidades foram medidos em campo com réguas e trenas. Para obter o valor da resistência a compressão uniaxial da rocha foi utilizado o Esclerômetro de Schmidt e posteriormente a fórmula de Shorey et al. 1984 que faz a relação entre o número de rebotes e o valor da resistência da rocha. Para aplicação do esclerômetro foram escolhidos locais no afloramento de rocha sã, além lixar o local antes da aplicação. Através das equações de Hudson & Harrison (1997) e de Palmström (1996) é possível obter o índice de qualidade da rocha, que depende da frequência de juntas e contagem volumétrica de juntas (Jv) A amplitude de rugosidade presente ao longo das descontinuidades foram medidas com régua, obtendo a amplitude máxima para um dado comprimento de rugosidade, em seguida com a utilização do ábaco de Barton & Bandis (1982) é possível estimar um valor de JRC para a família em estudo. A estimativa da dilatância das rugosidades foi feita com base em relações trigonométricas, a partir de medidas do início da rugosidade até a amplitude máxima, ou seja, as medidas de amplitude e distância foram tomadas comitantemente, assim obtendo o ângulo de dilatância. Etapa 3 - Análise cinemática –Software Dips, versão 6.0, Rocscience Inc. Os resultados das medidas de atitudes em campo foram tratados no software Software Dips, versão 6.0, Rocscience Inc., sendo possível a identificação e separação das famílias. Etapa 4 - Critério de Hoek-Brown/Mohr-Coulomb Para obter a coesão e o ângulo de atrito do maciço rochoso foi utilizado o Software RockLab, versão 1.0, Rocscience Inc. Os parâmetros de entrada no programa são a resistência à compressão uniaxial da rocha, o GSI, mi, D, peso específico do maciço e altura do talude. 33 Etapa 5 – Análise de tombamento de blocos - Software Roctopple, versão 1.0, Rocscience Inc. A aplicação do software Roctopple foi feita com base nos dados obtidos em campo, utilizando o critério de Barton & Bandis (1982). 34 4. Caracterização Geológica A ocorrência de ouro na região de Ouro Preto, no século XVIII, levou ao descobrimento do Quadrilátero Ferrífero. Porém, os primeiros estudos sistemáticos são do século XIX, realizados por Von Eschwege com a publicação de uma carta petrográfica em 1818 (Saraiva, 2012). Desde então vários estudos foram feitos na região com intuito de se estabelecer séries estratigráficas de forma a mapear a diversidade de ocorrência de rochas da região. Dentre todos os estudos destacam-se os que ocorreram entre as décadas de 70 e 80 nas áreas da Petrologia, Geoquímica e Geologia Estrutural do Quadrilátero Ferrífero, sendo que a maioria desses estudos ocorreram devido ao convênio entre a Universidade de Ouro Preto e a Universidade de Clausthal da Alemanha; Alguns desses trabalhos visaram a proposição de modelos integrados de evolução tectônica, destacando-se Ladeira e Viveiros (1984) e Alkmim et al. (1988). Saraiva (2012) destaca que os estudos posteriores a 90 foram marcados pelas publicações de Chemale et al (1994) Noce (1995), Renger et al (1995), Endo (1997), Alkmim e Marshak (1998) e Baltazar e Zucchetti (2007). A Figura 4.1 mostra a coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero, resultado do trabalho de Alkmim & Marshak, et al 1998. Figura 4.1 – Coluna estratigráfica da região do Quadrilátero Ferrífero, com indicação das idades de cristalização (rochas ígneas) e dos zircões detríticos mais jovens (unidades clásticas). (Modificada de Alkmim & Marshak 1998). 35 O talude em estudo está localizado no Grupo Sabará do Supergrupo Minas, um dos grupos mais novos da série estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero, onde a litologia básica é composta por rochas metavulcânicas, xisto verde, clorita xisto, filito e quartzito, com lentes de conglomerado, rochas alumino-ferruginosas e formaçõesferríferas. A litologia predominante no talude analisado é composta por xisto, que é bem comum neste trecho da linha férrea que compreende o primeiro túnel sentido Mariana. A Figura 4.2 mostra o mapa geológico da região, em destaque no retângulo posicionado no mapa está a localização do talude em estudo. Figura 4.2 – Mapa geológico da região de Ouro Preto modificado de CODEMIG (2005). 36 5. Resultados e Discussão 5.1. Modos de ruptura presente no maciço Os modos de ruptura identificados em campo são o mecanismo de tombamento de blocos e algumas cunhas isoladas já formadas ao longo da face, porém menos frequentes do que o tombamento de blocos. A Figura 5.1 mostra a combinação da xistosidade com a descontinuidade que tomba formando um mecanismo que pode resultar em um tombamento de blocos. A Figura 5.2 mostra o que seria um bloco formado nessa face, porém por se tratar de um talude ferroviário não há blocos no pé do talude por questões de segurança. Figura 5.1 – Tombamento de blocos no talude em estudo. 37 Figura 5.2 – Geometria de bloco formado na face do talude em estudo. 5.2. Descrição Petrográfica A descrição petrográfica da rocha foi feita com base em observações da mineralogia, estrutura, textura, densidade, coloração e tamanho de grãos, a partir de amostras retiradas do talude em estudo. A Figura 5.3 apresenta a amostra que foi descrita. 38 Figura 5.3 – Amostra do talude em estudo. Em relação a mineralogia foram observados minerais de quartzo, muscovita, clorita e um veio de quartzo, de escala centimétrica, ver Figura 5.4. O tamanho dos grãos é de granulação fina a média. A textura da rocha foi classificada como granolepidoblástica, sendo que as micas (clorita e muscovita) possuem textura lepidoblastica e o quartzo granoloblástica, logo a rocha possui textura granolepidoblastica. A estrutura presente ao longo de toda a amostra é a xistosidade, como mostra a Figura 5.5. A rocha possui alta densidade com coloração em tons de roxo, laranja e vermelho. A rocha é metassedimentar com protólito pelítico, e foi nomeada como Quartzo-clorita-muscovita-xisto. 39 Figura 5.4 – Veio de quartzo, de escala centimétrica. Figura 5.5 – Xistosidade na amostra. 40 5.3. Caracterização Geotécnica Em campo foram feitas as leituras das atitudes de todas as descontinuidades presentes na porção do maciço estudada e com auxilio do software Dips, versão 6.0, da Rocscience Inc, foi possível a definição de três famílias, sendo umas delas a xistosidade.Também foram feitas leituras de atitude da face do talude que, por se tratar de um corte de ferrovia, possui um ângulo de mergulho muito alto, quase vertical. No software Dips, versão 6.0 foram determinadas as atitudes médias de cada uma da famílias (Tabela 5.1). A Figura 5.6 mostra a distribuição dos pólos das famílias de descontinuidade. Tabela 5.1 – Atitudes médias das famílias. Família Posição da família em relação ao talude Atitude Média 1 (xistosidade) Descontinuidade basal 37/194 2 - 44/139 3 Descontinuidade que tomba 48/040 Face talude - 88/259 41 Figura 5.6 – Definição das famílias de descontinuidade no Dips. O ângulo de atrito das descontinuidades foi estimado a partir de parâmetros encontrados na classificação geomecânica do maciço, descritos mais adiante no trabalho. Foram obtidos três ângulos de atrito básico para o maciço pela classificação geomecânica, relativo as três famílias de descontinuidade, logo optou-se pelo menor ângulo, 35°, de modo a ser mais conservador, estabelecendo a situação mais crítica. Utilizando o software Dips, versão 6.0, Rocscience Inc, as probabilidades de ruptura por cunha e tombamento de blocos foram calculadas, fornecendo valores de 15,75% e 32,26%, respectivamente. As Figuras 5.7 e 5.8 mostram o cálculo dessas probabilidades no software Dips. Posto estes resultados o trabalho focou-se na analise de tombamento de blocos, devido a alta probabilidade associada a esse mecanismo. 42 Figura 5.7 – Probabilidade de ruptura por cunha. Figura 5.8 – Probabilidade de ruptura por tombamento de blocos. 43 5.4. Classificação segundo o RMR Para a classificação do RMR básico é necessário ter conhecimento dos seguintes parâmetros: resistência à compressão uniaxial da rocha, RQD, espaçamento entre as descontinuidades, condição das descontinuidades e condição de água. 5.4.1. Resistência a compressão uniaxial Para se determinar a resistência a compressão uniaxial da rocha foi utilizado o Esclerômetro de Schmidt. O calculo da resistência à compressão uniaxial se baseou na formula de Shorey et al. (1984). Os resultados dos ensaios com o esclerômetro estão mostrados na Figura 5.9, com uma tabela de resultados e um gráfico de validação de ensaios fornecido pelo software Minitab, onde o número de ensaios necessários para a validação dos ensaios fornecido pelo software é inferior ao número de ensaios executados, o que reflete que os dados são válidos estatisticamente. Os p valores para tendência e agrupamento foram menores que 0,5 o que mostra que o gráfico não é tendencioso e que os valores não estão agrupados. Figura 5.9 – Resultados dos ensaios com utilização do Esclerômetro de Schmidt. 44 Dentre as diversas equações que correlacionam o número de rebotes do esclerômetro com a resistência à compressão uniaxial da rocha a equação de Shorey (1984) apresentou o resultado mais coerente com as resistências de xistos encontradas na literatura, como as de Pinto (2003) que propõem um valor de 7,6MPa, e de Santos (2014) que propõem um valor de 7,25MPa; logo aplicando a equação de Shorey (1984), têm-se Embora o valor obtido para resistência a compressão uniaxial esteja abaixo do esperado para a maciço, utilizou-se este valor na classificação geomecânica devido a restrição de equipamentos e ensaios mais indicados para essas situações. 5.4.2. Espaçamento das descontinuidades Os espaçamentos foram medidos com auxílio de trenas e réguas, sendo medidos os espaçamentos das famílias 1, 2 e 3. A tomada de dados da família 2 foi um pouco complicada devido a dificuldade do posicionamento para medida em relação talude, pois o talude é muito íngreme e alto. Porém é possível visualizar em campo que as famílias 2 e 3 possuem um comportamento similar em relação a espaçamento e persistência, sendo ambos diferentes quando comparados a xistosidade. Os resultados médios obtidos em campo foram de 42 cm, 44,67 cm e 30,06 cm para as famílias 2, 3 e xistosidade respectivamente. 5.4.3. RQD Para obtenção do RQD utilizou-se a fórmula proposta por Palmström (1996), onde a contagem volumétrica de juntas foi determinada a partir dos espaçamentos médios de cada família, ou seja, ∑ 45 5.4.4. Condição das descontinuidades Este parâmetro engloba a persistência, abertura, rugosidade, preenchimento e alteração das descontinuidades. Devido à altura e verticalidade do talude em estudo houve certa dificuldade na medida da persistência, logo foi estimado uma faixa para a persistência das famílias 2, 3 e xistosidade, sendo que o comportamento entre a família 2 e 3 são semelhantes, em cerca de 10 metros, e a xistosidade com cerca de 15 metros. Em relação a abertura, as famílias 2 e 3 apresentaram um valor muito pequeno sempre menor que 1mm, e não foram observadas aberturas na xistosidade. A rugosidade presente nas famílias 2 e 3 são classificadas com ligeiramente rugosa e no caso da xistosidade foi observada uma condição de lisa. Não houve observação de preenchimento nas descontinuidades. Em relação ao grau de alteração todo o maciço foi classificado como moderadamente alterado,pois o maciço preserva a coloração original e o maciço possui uma resistência alta. 5.4.5. Condição de água Para condição de água foi determinado o talude como completamente seco, para determinação do RMR básico. 5.4.6. Cálculo do índice RMR A Tabela 5.2 mostra a classificação final para o maciço segundo o RMR Tabela 5.2 – Resultado classificação RMR. Classificação geomecânica do maciço rochoso através do sistema RMR Local: Talude do túnel ferroviário da linha Ouro Preto - Mariana Data: abril/maio de 2014 Família Parâmetros xistosidade RQD: 88,43 % Resistência da rocha intacta (MPa): 6,48 Valor (P2): 17 Valor (P1): 2 Espaçamento (cm) Valor (P3) Faixa 60 - 20 10 Condição das descontinuidades Valor (P4) Tabela 2.3 17 Condição de água subterrânea Valor (P5) Seca 15 Família 2 e 3 RQD: 88,43 % Resistência da rocha intacta (MPa): 6,48 46 Valor (P2): 17 Valor (P1): 2 Espaçamento (cm) Valor (P3) Faixa 60 - 20 10 Condição das descontinuidades Valor (P4) Tabela 2.3 17 Condição de água subterrânea Valor (P5) Seca 15 Classificação do maciço rochoso Valor Classe Descrição da rocha 61 II Boa Os resultados estão apresentados separados por famílias, devido ao diferente padrão de rugosidade apresentado por elas, as famílias 2 e 3 são semelhantes, porém a xistosidade apresenta um padrão diferente. Porém o somatório final dos itens da Tabela 5.2 deu o mesmo para as 3 famílias de descontinuidade o que reflete em um mesmo RMR. 5.5. Aplicações do Rock Mass Rating na obtenção de parâmetros de resistência do maciço rochoso - Estimação da resistência do maciço pelo critério de Hoek-Brown Segundo Bieniawski (1989) valor de mi para xisto é de 9 a 15, sendo que o valor a ser utilizado será o valor médio de 12. Logo, sabe-se que, 0,0075 ( ) ( ) 0,5037 Aplicando na equação de Hoek-Brown: 47 Logo, a resistência à compressão uniaxial do maciço rochoso pelo Critério de Hoek-Brown, quando σ3 = 0 é σc = 0,56MPa. A Figura 5.10 apresenta um gráfico da tensão principal maior versus a tensão principal menor. Figura 5.10 - Gráfico da tensão principal maior versus a tensão principal menor segundo o critério de Hoek e Brown (2002). Fonte: Rocscience Inc. 2005, RocData Version 4.0 - Rock, Soil and Discontinuity Strength Analysis. 5.6. Classificação segundo o Sistema Q Para a classificação segundo o Sistema Q é necessário ter conhecimento dos seguintes parâmetros: RQD, número de descontinuidades (Jn), rugosidade (Jr) e grau de alteração da parede das descontinuidades (Ja). 48 5.6.1. Índice de qualidade da rocha (RQD) O índice de qualidade da rocha é mesmo, independente do método de classificação aplicado, ou seja, este já foi calculado para a classificação segundo o RMR, logo o valor é de 88,77%. 5.6.2. Número de famílias de descontinuidades (Jn) As famílias identificadas em campo foram duas juntas e uma xistosidade, ou seja, três famílias identificadas. 5.6.3. Rugosidade (Jr) Não foi observado deslocamento relativo nas famílias de descontinuidades. Para a família 2 e 3 foi observado certo grau de rugosidade, obtendo um valor de Jr de 1,5. Para a xistosidade a parede é lisa e plana, com um grau muito pequeno de rugosidade, logo o valor de Jr foi de 1,0. 5.6.4. Alteração da parede das descontinuidades As paredes de todas as famílias que compõem o afloramento do maciço apresentam baixo grau de alteração apenas uma leve descoloração, logo o valode de Ja para as famílias é de 1,0. 5.6.5. Cálculo do índice Q O cálculo para o Sistema Q foi feito a partir dos resultados obtidos, descritos anteriormente, logo, Para as famílias 2 e 3, Para a xistosidade, A Tabela 5.3 resume os valores encontrados para a classificação segundo o Sistema Q. 49 Tabela 5.3 – Classificação Sistema Q Classificação geomecânica do maciço rochoso através do sistema-Q Local: Talude do túnel ferroviário da linha Ouro Preto - Mariana Data: abril/maio de 2014 Família Parâmetros Xistosidade RQD: 88,77% Número de descontinuidades (Jn) Três famílias de fraturas 9 Rugosidade (Jr) Valor Fraturas lisas, planas 1,0 Alteração das paredes das descontinuidades (Ja) Valor - Paredes sem alteração, somente leve descolaração 1,0 Valor de Q Classe Padrão geomecânico do maciço 9,86 V Regular Família 2 e 3 Parâmetros RQD: 88,77% Número de descontinuidades (Jn) Três famílias de fraturas 9 Rugosidade (Jr) Valor - Fraturas rugosas ou irregulares, planas 1,5 Alteração das paredes das descontinuidades (Ja) Valor - Paredes sem alteração, somente leve descolaração 1,0 Valor de Q Classe Padrão geomecânico do maciço 14,79 IV Bom A classificação segundo o Sistema Q foi diferente para o conjunto de descontinuidades, sendo para a xistosidade classe V e para as famílias 2 e 3 classe IV, logo classifica-se o maciço pela classe V, o menor valor para o índice Q, afim de manter a classificação mais conservadora. A classificação do sistema Q possibilitou a obtenção da resistência ao cisalhamento das descontinuidades, descritos mais adiante no trabalho. 5.7. Aplicação do Critério de Barton & Bandis (1982) O escolha do critério de Barton & Bandis (1982) se deu a partir da rugosidade presente nas descontinuidades do maciço. Para aplicação do critério de Barton & Bandis 50 (1982) foram determinadas as amplitudes das ondulações das superfícies de descontinuidade para o calculo do JRC (Coeficiente de Rugosidade das Juntas) das superfícies de deslizamento e tombamento. 5.7.1. Caracterização das Amplitudes das Ondulações A forma de obtenção das amplitudes está mostrada na Figura 5.11, onde são utilizados réguas e escalímetros, instrumentos básicos de medida. Foram levantadas no total cerca de 40 medidas de amplitudes. Os resultados destas medidas estão mostrados na Figura 5.12, por meio de um gráfico de frequência simples, onde é possível visualizar a frequência das medidas obtidas. As médias obtidas para as famílias foram de 0,71cm e 0,58cm, para a xistosidade e a família de descontinuidade 3. Figura 5.11 – Obtenção das amplitudes das rugosidades da família que desliza. Figura 5.12 – Frequência simples para as amplitudes. 51 5.7.2. Estimativa do Ângulo de Dilatância das Rugosidades A estimativa do ângulo de dilatância da rugosidade foi feita a partir de medidas em campo da distância da amplitude da rugosidade em relação ao inicio da ondulação, essa medida foi designada como distancia x, sendo que estas medidas foram tomadas em campo junto às amplitudes. O modelo da Figura 5.13 exemplifica o esquema da distância x, amplitude A e o ângulo de dilatância i. Figura 5.13 – Modelo para estimativa do ângulo i. A partir dos resultados obtidos em campo para a distância x e amplitude A foi obtido por simples cálculos trigonométricos o valor para o ângulo de dilatância i. Estes resultados estão nas Tabelas 5.4 e 5.5, sendo que a média para o ângulo foi de 7° e 12° para a descontinuidade 1 e 3 respectivamente. Tabela 5.4 – Valores de amplitude, distancia e dilatância, para a família de descontinuidade 1 (plano basal). Xistosidade Medidas Amplitude - (A) Distância - (X) Dilatância - (°) 1 0,30 3,50 5 2 0,80 6,40 7 3 0,85 8,30 6 4 1,70 6,20 15 5 0,55 2,50 12 6 0,80 5,90 8 7 0,60 4,70 7 8 0,45 4,70 5 9 0,50 6,50 4 10 0,35 4,80 4 11 0,85 7,20 7 12 1,15 4,35 15 13 1,00 5,60 10 52 14 1,15 9,00 7 15 0,50 4,30 7 16 0,60 6,20 6 17 0,50 6,00 5 18 0,55 6,90 5 19 0,25 6,60 220 0,80 5,40 8 Tabela 5.5 – Valores de amplitude, distancia e dilatância, para a família de descontinuidade 3. Descontinuidade que tomba Medidas Amplitude - (A) Distância - (X) Dilatância - (°) 1 0,50 4,80 6 2 1,00 3,70 15 3 0,80 4,60 10 4 0,60 7,80 4 5 0,20 7,50 2 6 0,40 4,45 5 7 0,45 3,50 7 8 0,55 2,40 13 9 0,20 1,40 8 10 0,20 1,40 8 11 0,60 3,20 11 12 0,50 2,00 14 13 1,20 3,90 17 14 0,50 2,80 10 15 0,60 2,80 12 16 0,60 2,30 15 17 0,65 5,00 7 18 0,50 3,40 8 19 0,80 2,40 18 20 0,60 1,60 21 21 0,80 1,40 30 Os ângulos de dilatância obtidos para a família 3, apresenta uma ampla variação, obtendo valores de 2° a 30°, isto é devido a distância X. Observa-se que em comparação a amplitude, a distância X possui variação maior. Esta relação está também relacionada com o padrão de rugosidade da família 3 e pode ser confirmado em campo. 53 5.7.3. Estimativa do JRC O valor de JRC foi estimado em função dos valores de amplitude das ondulações das superfícies de descontinuidades do maciço em estudo, a partir do ábaco proposto por Barton (1982), como mostrado na Figura 5.14. O valor de JRCo para as famílias 3 e xistosidade foram iguais, mesmo com uma diferença nas amplitudes, sendo importante observar que o valor do ângulo de dilatância foi diferente, porém a diferença de amplitude se manteve dentro da mesma faixa de variação para o valor de JRC, logo os valores foram iguais. O valor obtido de JRCo para as famílias 3 e 1 foi de 12 e está mostrado na Figura 5.14 (a) para a xistosidade e (b) para a família 3. Figura 5.14 – Obtenção de JRC com utilização do ábaco de Barton (1982). 54 Os resultados estão apresentados na Tabela 5.6. Tabela 5.6 – Resultados para JRC das descontinuidades Família Lo (m) JRCo Família1/Xistosidade 0,20 12 Família 3 0,20 12 Importante ressaltar que não foram necessárias as correções de escala, pois a medida em campo já apresenta a escala necessária para os estudos. 5.7.4. Estimativa do JCS Por se tratar de um maciço com baixo grau de alteração, para a estimativa do JCS, utilizou-se a expressão, conforme o critério de Mohr-Coulomb, dado pela equação sendo que os valores dos parâmetros de resistência foram obtidos através da classificação geomecânica realizada e descrita anteriormente, pelo critério de Hoek & Brown, mostradas na Figura 5.9, sendo que o valores da coesão (c) e do ângulo de atrito interno (ϕ) foram iguais a 0,374MPa e 34º, respectivamente. Logo, tem-se: Assim os parâmetros de resistência encontrados para o maciço pelo modelo de Barton & Bandis (1982) estão resumidos na Tabela 5.7. 55 5.8. Aplicações do Sistema-Q na obtenção da resistência ao cisalhamento das descontinuidades A partir da equação de Palmström (2001) foi possível a obtenção do ângulo de atrito básico da descontinuidade, porém como se trata de descontinuidades rugosas para a obtenção do ângulo de atrito residual é necessário retirar o valor da dilatância, logo, Para a Xistosidade , o que implica em um valor de ϕb de 45°; Para as Famílias 2 e 3 , o que implica em um valor de ϕb de 56°. Porém como as famílias de descontinuidades apresentam rugosidade a estimativa do ângulo de atrito básico pela relação de Jr e Já não é aceitável, sendo necessário ver a questão do ângulo de dilatância das rugosidades. Logo observando a Figura 5.15 pode- se perceber que a estimativa de υb é somada ao ângulo de dilatância, logo para se obter o valor coerente de υb basta subtrair a dilatância obtida para cada família de descontinuidade. Figura 5.15 - Critério de resistência de Patton (1966) para descontinuidades rugosas. (Patton ,1966) 56 Assim os valores de dos ângulos de atrito ϕb para as famílias de descontinuidade 3 e xistosidade foram de 44° e 38°. A Tabela 5.7 mostra o resumo dos parâmetros estimados para cada família de descontinuidade. Tabela 5.7 – Resumo dos parâmetros de resistência da superfície de descontinuidades Família Mergulho JR C JCS Ângulo de Atrito interno (ϕ) Dilatância Ângulo de Atrito básico (ϕb) Xistosidade 37° 12 1,406 34° 7° 45°-7° = 38° Família 3 48° 12 1,406 34° 12° 56°-12° = 44° 5.9. Análise de Estabilidade O conjunto de dados adquiridos ao longo do trabalho descritos até o momento, foram reunidos e aplicados no software Roctopple, versão 1.0, Rocscience Inc. A aplicação do software é justificada devido a observação da superfície em forma de escadaria observada em campo, caracterizada pela xistosidade. 5.9.1. Parâmetros de Entrada no Software Roctopple - Geometria do Talude Os dados que compõem a geometria do talude são a altura e inclinação do talude, ângulo de topo do talude, espaçamento e mergulho referente a descontinuidade que tomba e a inclinação da descontinuidade que desliza. Sendo que todos estes parâmetros são fixos, com exceção da inclinação da superfície basal, visto que um dos objetivos das analises é estudar sua influência no fator de segurança do talude. A variação para o ângulo da superfície basal permitida pelo software está na faixa de 43° a 87°, para o talude em estudo, sendo que Goodman e Bray (1976) sugerem que a inclinação esteja na faixa aproximada de ψp+ 10° para ψp+ 30°, ou seja, com o plano basal (xistosidade), logo a faixa sugerida para o talude deste estudo é de 47° a 67°. A Tabela 5.8 mostra os parâmetros utilizados como entrada no software Roctopple. Importante comentar que a altura do talude é de cerca de 9 metros, porém a observação da formação e mecanismos de blocos ocorrem em uma faixa de 5 metros de altura a partir da superfície de acesso ao talude, logo a altura utilizada na análise será de 5 metros. 57 Tabela 5.8 – Parâmetros de Entrada para Geometria do Talude Geometria do Talude Talude Descontinuidade que tomba Altura 5.0 metros Espaçamento 0.44 metros Mergulho 88° Mergulho 48° Mergulho Plano de Topo 0° Inclinação Superficie Basal 47° - 67° (faixa para variação) 5.9.2. Resultados da Análise de Simulação da Inclinação da Superfície Basal Para o talude em estudo a faixa proposta por Goodman & Bray (1978) para a inclinação da superfície basal é de 47° a 67°, logo foram feitas análise para cada ângulo de inclinação dentro dessa faixa. A influência do ângulo de inclinação da superfície basal no fator de segurança foi feita a partir do resultado do fator de segurança para cada ângulo de inclinação, obtendo assim o gráfico da Figura 5.16 que possibilita a análise dessa influência. A observação da Figura 5.16 permite afirmar que a superfície basal influencia no aumento do fator de segurança, ou seja quanto maior a inclinação da superfície basal maior será o fator de segurança, devido ao fato dos blocos ficarem mais esbeltos. Para a faixa proposta por Goodman e Bray (1978), 47° a 67°, é possível observar um padrão uniforme para o fator de segurança, com exceção de três valores que se apresentaram fora do que seria normal dentro da faixa. Vale ressaltar que nesta faixa proposta por Goodman e Bray (1978) o fator de segurança obteve a menor variação sendo de 1,565 a 1,764, o que reflete uma boa estimativa para essa faixa de inclinação da superfície basal. 58 Figura 5.16 –Análise da influência da inclinação da superfície basal no fator de segurança. A Figura 5.17 mostra o esquema do talude com a superfície basal apresentando um ângulo de 47°, o primeiro ângulo permitido pela faixa de Goodman & Bray (1976). O conjunto de blocos apresenta um fator de segurança de 1,56, o que seria a situação mais crítica dentro da faixa proposta por Goodman & Bray (1976). Figura 5.17 –Resultado para inclinação da superfície basal de 47° Estes resultados estãode acordo com a situação vista em campo, pois o talude se apresenta estável e não existe evidencia de blocos ao longo da encosta. 1,000 1,200 1,400 1,600 1,800 2,000 47 52 57 62 67 Fa to r d e S e gu ra n ça Inclinação da Superfície Basal (°) - Faixa de Goodman and Bray (1978) Influência da Inclinação da Superficie Basal no Fator de Segurança Faixa Proposta por Goodman and Bray (1978) 59 6. Conclusões e Sugestões O trabalho mostrou que a classificação geomecânica é um recurso indispensável em análises de estabilidade em maciços rochosos, pois a partir da classificação pode-se obter todos os parâmetros necessários em um estudo de estabilidade. Assim é necessário certo rigor nos seus levantamentos, a fim de se obter parâmetros mais confiáveis nas análises. O maciço em estudo é classificado como xisto pertencente ao Grupo Sabará, o qual apresenta o mecanismos de ruptura, como o tombamentos de blocos e a ruptura em cunha. Este xisto se apresenta como uma rocha competente e com pouco grau de alteração. Os resultados das classificações geomecânicas aplicadas ao maciço, RMR e índice Q, estão dentro do esperado, pelas características da rocha vista em campo, sendo que o maciço foi classificado como classe II, segundo o RMR, e como classe V, segundo o sistema Q. Porém o resultado da resistência a compressão uniaxial, com utilização do Esclerômetro de Schmidt, se mostrou menor do que o esperado, pois se trata de uma rocha competente. Mesmo assim, o resultado foi utilizado devido à restrições de ensaios, podendo trazer alguma incerteza para o resultado. Devido a rugosidade presente nas descontinuidades, foi aplicado o critério de Barton & Bandis (1982) que se mostrou eficaz para medidas feitas em campo para valores das amplitudes das descontinuidades e posterior aplicação no ábaco proposto por Barton & Bandis (1982), a fim de determinar o JRC. Os valores esperados foram obtidos tanto na dilatância como para a amplitude. A faixa proposta por Goodman & Bray (1976) para a inclinação da superfície basal de ruptura, de 47° a 67°, é a faixa em que o fator de segurança tem a menor variação e apresenta um comportamento uniforme, entre 1,56 a 1,76 o que permite afirmar que a inclinação da superfície basal para o talude em estudo obedeça essa faixa proposta. Este resultado obtido para o fator de segurança do tombamento de blocos do maciço, confirma o comportamento em campo, pois o talude é estável e não há registro de blocos ao longo das margens do talude. 60 Para futuros trabalhos fica sugerido a estimativa da resistência a compressão uniaxial por ensaios ou por martelo de geólogo, visto que o Esclerômetro de Schmidt não apresentou um resultado confiável. Outra sugestão é a análise probabilística para o tombamento de blocos, com ajustes de distribuição de probabilidades para os parâmetros, o que reflete em uma análise mais profunda da situação. Existe também a possibilidade do estudo de ruptura por cunha que apresentou uma probabilidade considerável. 61 7. Referências Bibliográficas ADHIKARY, D. P., DYSKIN, A. V., JEWELL, R. J. and STEWART, D. P. (1997) A study of the mechanism of flexural toppling failures of rock slopes. J. Rock Mech. Rock Engng, 30(2), 75–93. ALKMIM F.F. & MARSHAK S. 1998. 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