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38 Unidade II Unidade II 1 FRAÇÕES Frações são pares ordenados de números naturais, com o segundo elemento diferente de 0. Exemplo: Qual a fração que representa a parte sombreada? Se dividirmos um retângulo em cinco partes e pintarmos duas destas partes, teremos, então: 2 partes pintadas de um total de 5. Portanto, será a fração 2 5 Figura 3 As frações são formadas por duas partes bem caracterizadas: a numerador b denominador De acordo com a relação entre os valores do numerador e do denominador, uma fração pode ser classificada como: I – Fração Própria: numerador < denominador II – Fração Imprópria: numerador > denominador III – Fração Aparente: numerador é múltiplo do denominador Exemplos: a) 2/5: trata-se de uma fração própria, pois o numerador (2) é menor que o denominador (5). b) 3/2: trata-se de uma fração imprópria, pois o numerador (3) é maior que o denominador (2). c) 8/2: trata-se de uma fração aparente, pois o numerador (8) é múltiplo do denominador (2). No caso, as frações aparentes podem dar origem a um número inteiro. No exemplo: 8/2 = 4. 39 MATEMÁTICA APLICADA Além dessa classificação, ainda podemos considerar outros dois grupos característicos de frações: Equivalentes e Decimais. Frações Equivalentes são aquelas que representam a mesma parcela do todo. Exemplo: 1/2 = 2/4 = 3/6 = 4/8 = 5/10. Frações Decimais são aquelas cujo denominador é um múltiplo de dez. Elas podem ser convertidas em valores decimais, sendo interessantes na resolução de equações em que frações e decimais estejam presentes. Exemplos: a) 2 10 = 0,2 b) 6 100 = 0,06 c) 3 1000 = 0,003 Lembrete As frações são lidas de forma diferente de acordo com a classificação. Vejamos. Frações Próprias e Impróprias, em que o denominador é menor que dez, por exemplo, 2/5 lê-se como dois quintos. Frações Próprias e Impróprias, em que o denominador é maior que dez, por exemplo, 1/20 lê-se como um vinte avos. Frações Decimais, por exemplo, 1/10 ou 2/100 leem-se respectivamente como um décimo e dois centésimos. Obs.: 1/1000 seria um milésimo. 1.1 Propriedade fundamental das frações I – Multiplicar o numerador e denominador por um mesmo número não provoca alteração em seu valor final: Exemplo: 3 4 3 4 6 8 3 4 x 2 x 2 = = → 3 4 3 4 6 8 3 4 x 2 x 2 = = → 40 Unidade II Mediante essa propriedade, pode-se inverter o sinal de qualquer um dos dois termos da fração algébrica ao se multiplicá-la por -1. Dessa forma, 3 4 3 4 3 4 x (-1) = -� � ou 3 4 3 4 3 4x (-1) - = -= II – Podemos escrever frações de denominador 1 ou numerador 0: 3 = 3 1 0 = 0 5 1.2 Classe de equivalência de números racionais Trata-se do conjunto de frações equivalentes a uma fração dada. Cada classe de equivalência é chamada de número racional. Por exemplo, a classe de equivalência para a fração 1/3 será: 1 3 2 6 3 9 4 12 5 15 6 18 , , , , , , ... 1.3 Redução de frações a um mesmo denominador Um grupo de frações com denominadores diferentes pode ser transformado em frações de mesmo denominador por meio do cálculo do denominador comum por mínimo múltiplo comum (m.m.c.). Exemplo de Aplicação Encontre o denominador comum para as frações 2/5, 3/8 e 4/9. a) 120. b) 320. c) 460. 41 MATEMÁTICA APLICADA d) 360. e) 720. Resolução: Devemos encontrar o m.m.c entre 5, 8 e 9. 5, 8, 9 5, 4, 9 5, 2, 9 5, 1, 9 5, 1, 3 5, 1, 1 2 2 2 3 3 5 1, 1, 1 2 x 2 x 2 x 3 x 3 x 5 = 360 Portanto, o denominador comum às três frações será 360. Para encontrar as frações de mesmo denominador, devemos dividir o m.m.c pelo denominador e multiplicar o resultado pelo numerador. Assim, as frações reduzidas a mesmo denominador ficarão: • para a fração 2 5 360 : 5 = 72 72 x 2 = 144 Portanto, 2 5 144 360 = . • para a fração 3 8 360 : 8 = 45 45 x 3= 135 Portanto, 2 5 135 360 = . • para a fração 4 9 360 : 9 = 40 40 x 4 = 160 42 Unidade II Portanto, 4 9 160 360 4 9 2 5 135 360 = = . Resposta: 144 360 135 360 160 360 , , 1.45.4 Comparação entre frações (números racionais) Para comparar de maneira eficiente duas frações, é necessário que estas contenham o mesmo denominador. Assim, a maior fração ou número racional será aquela com maior numerador. Exemplo de Aplicação Colocar em ordem decrescente as frações 6/12, 10/12 e 9/12. Estando as três com o mesmo denominador (12), é possível ordená-las apenas pelo numerador. Assim, 6 12 10 12 9 12 10 12 9 12 6 12 , > > , → 6 12 10 12 9 12 10 12 9 12 6 12 , > > , → . No caso de frações com denominadores diferentes, devem ser reduzidas ao menor denominador comum (m.m.c). 2. Colocar em ordem crescente as frações 3/4 e 7/10. Por apresentarem denominadores diferentes, deve-se, inicialmente, encontrar o m.m.c e transformar as duas frações a um mesmo denominador. 4, 10 2, 5 1, 5 2 2 5 1, 1 2 x 2 x 5 = 20 Portanto, 3 4 15 20 = 7 10 14 20 = Sendo 15 > 14, a ordem correta será: 7/10 < 3/4. 43 MATEMÁTICA APLICADA 1.5 Adição e subtração de frações (números racionais) Valem as seguintes propriedades aritméticas: Frações com mesmo denominador: mantém-se o denominador e somam-se ou subtraem-se os numeradores. Exemplo: 5 8 2 8 5 8 7 8 + + 2 = = Frações com denominadores diferentes: deve-se reduzir ao fator comum (m.m.c) antes da realização do cálculo. Exemplo: 1 2 2 5 5 10 4 10 5 4 10 1 10 - - = - = = 1.6 Multiplicação de frações (números racionais) O produto de duas frações é uma fração em que o numerador é o produto dos numeradores, e o denominador é o produto dos denominadores. Exemplo: 1 2 3 5 1 2 3 10 x = x 3 x 5 = 1.7 Divisão de frações (números racionais) Para efetuar a divisão entre frações, pode-se usar a técnica dos números inversos, em que uma inversão entre denominador e numerador em uma das frações transforma a divisão em multiplicação. Exemplo: 3 4 7 10 4 10 7 30 28 15 14 = 3 x = = ÷ 1.8 Potenciação de frações (números racionais) Para efetuar cálculo envolvendo potenciação de números racionais, especialmente quando frações estiverem presentes, devem ser aplicadas as seguintes regras: 44 Unidade II I – Para elevar uma fração à potência, devem-se elevar o numerador e o denominador a essa potência: Exemplo: 2 3 3 8 273 � � � � � � 3 3 = 2 = II – Potência de expoente 1 é igual à própria base: Exemplo: 2 3 3 2 31 � � � � � � 1 1 = 2 = III – Potência de expoente 0 é igual a 1: Exemplo: 2 3 3 1 1 0 0 0 � � � � � � = 2 = = 1 1.9 Radiciação de frações (números racionais) Para extrair a raiz de uma fração, deve-se extrair a raiz do numerador e do denominador. Exemplo: 4 9 4 9 2 3 = = Lembrete Existe relação direta entre potência e raiz, e esse recurso pode ser utilizado para simplificar expressões. Assim, o inverso da potência de expoente 1/2 será a raiz quadrada, assim como o inverso da potência de expoente 1/3 será a raiz cúbica. Ex: 5 4 5 4 5 4 5 2 1 2� � � � � � = = = 45 MATEMÁTICA APLICADA Você já deve ter percebido a relevância dessa matéria, uma vez que os cálculos aqui treinados fazem parte da rotina clínica, analítica e do planejamento em geral dentro de nossa área de atuação. Vamos agora nos aprofundar mais nas equações matemáticas e cálculos de diluição, proporção e fracionamento, tão comuns no ambiente laboratorial e hospitalar. 2 FUNÇÕES MATEMÁTICAS Equações são expressões matemáticas que buscam encontrar um valor desconhecido, tendo por base algumas informações. Exemplo: Um automóvel custa R$20.000,00. Parte do pagamento foi efetuada com uma entrada de R$15.000,00, e o restante, em 10 parcelas iguais. Qual o valor das parcelas? Entrada Prestação Total ↓ ↓ ↓ 15.000 + 10.X = 20.000 10 . X = 20.000– 15.000 10 . X = 5000 X = 5000 : 10 X = 500 (ou seja, R$500,00) Representaremos como função a expressão f(x), sendo x a incógnita, ou valor variávelda função. 2.1 Funções e equações de primeiro grau Também chamadas de função afim, são representadas pela forma f(x) = a . X + b, em que a e b são constantes reais, e X é a incógnita. Para que essa função e equação matemática sejam válidas, é necessário que o valor de a seja diferente de zero. Diversas situações dentro da área farmacêutica podem se configurar como função de primeiro grau. Por exemplo, situações em que dois parâmetros estão proporcionalmente relacionados podem ser discutidas como uma equação de primeiro grau. Da mesma forma, diversas técnicas instrumentais que utilizamos em laboratório são tratadas como equações ou sistemas de primeiro grau. Exemplo: a espectrofotometria, uma técnica muito empregada em análise clínica (dosagem de glicose, colesterol, entre outros), é baseada em um resultado lido no aparelho, que se chama absorbância. Por sua vez, essa absorbância é dada em função da concentração da substância analisada (glicose, colesterol etc). Essa relação é um entre muitos exemplos de uma função de primeiro grau. 46 Unidade II O termo a presente nas funções é chamado de coeficiente, enquanto o termo b é denominado de termo constante ou independente. Observação Especificamente para as funções de primeiro grau, o termo a pode ser chamado de coeficiente angular, e o termo b, de coeficiente linear da função. A igualdade mantém-se mesmo ao adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir um mesmo número em ambos os lados da equação de primeiro grau. Exemplo 1: f(x) = 2 . x + 3 Observando a equação, é possível obter o valor de a igual a +2 e o valor de b será correspondente a +3. Exemplo 2: f(x) = – 4 . x + 5 Analisando a equação, é possível obter o valor de a igual a -4 e o valor de b igual a +5. Exemplo 3: f(x) = - . x - 8 3 4 Observando a equação, é possível obter o valor de a igual a -3/4 e o valor de b igual a -8. Graficamente, qualquer função de primeiro grau, ou função afim, será representada por uma reta ascendente ou descendente em relação ao eixo das ordenadas (eixo Y, vertical). O eixo das ordenadas assume os valores de f(x), enquanto o eixo das abscissas assume os valores da incógnita “x”. Assim, qualquer função afim passa a ser representada pelos eixos X e Y do plano cartesiano: Exemplo 1: f(x) = 2 . x + 3 y = 2 . x + 3 Exemplo 2: f(x) = – 4 . x + 3 y = – 4 . x + 5 Exemplo 3: f(x) = - . x - 8 3 4 y = - . x - 8 3 4 47 MATEMÁTICA APLICADA O termo a, ou coeficiente angular de uma equação de primeiro grau, pode ser graficamente representado como a inclinação da reta em relação ao eixo X, sendo esta ascendente para valores positivos de coeficiente angular e descendente para valores negativos de coeficiente angular. O termo b, ou coeficiente linear, representa o valor da ordenada onde a reta corta o eixo Y. Para esse ponto, consideramos x = 0. Para representar graficamente uma equação de primeiro grau, são necessários, pelo menos, dois pontos bem caracterizados. A melhor maneira de fazer tal representação é escolhendo como primeiro ponto característico aquele em que a abscissa (x) seja zero e, como segundo ponto, aquele em que a ordenada (y) seja zero. Assim, a representação gráfica dos exemplos citados será: Exemplo 1: y = 2 . x + 3 Para x = 0: y = 2 . 0 + 3 y = 0 + 3 y = +3 Para y = 0: 0 = 2 . x + 3 – 3 = 2 . x – 3/2 = x (0, -3/2) (+3, 0) 0 y x Figura 4 Exemplo 2: y = – 4 . x + 5 – Para x = 0: y = -4 . 0 + 5 y = 0 + 5 y = +5 – Para y = 0: 0 = -4 . x + 5 -5 = -4 . x +5/4 = x 48 Unidade II (+5/4,0) (0, +5) x y 0 Figura 5 Exemplo 3: y = - . x - 8 3 4 – Para x = 0: y = -3/4 . 0 - 8 y = 0 – 8 y = –8 – Para y = 0: 0 = -3/4 . x – 8 +8 = -3/4 . x +8/(3/4) = x 8 . 4/3 = x 12/3 = x +4 = x (0 ,8) (+4 ,0) x y 0 Figura 6 Existem dois casos especiais de funções de primeiro grau: função linear e função constante. Função Linear: nesse caso, o termo independente (b) será igual a zero. f(x) = a . X Exemplos: 49 MATEMÁTICA APLICADA a) f(x) = 5 . x b) f(x) = – 4 . x c) f(x) = . x 2 3 Graficamente, a função linear pode ser representada por uma reta inclinada e de posição ascendente ou descendente em relação ao eixo das ordenadas (eixo Y, vertical). A principal característica, entretanto, para um gráfico de função linear é que ele cruzará sempre o eixo das ordenadas (eixo Y, vertical) e o eixo das abscissas (eixo X, horizontal) em zero. Assim, para esses exemplos, a representação gráfica será: a) f(x) = 5 . x 0, 0 x y Figura 7 b) f(x) = -4 . x 0, 0 x y Figura 8 c) f(x) = . x 2 3 50 Unidade II 0, 0 x y Figura 9 Lembrete A função linear cruza na coordenada (0,0) do plano cartesiano (ordenada zero e abscissa zero) devido à ausência do termo b na equação. Assim, tomando como exemplo a equação f(x) = 5 . x e buscando os dois pontos do gráfico, como ensinado anteriormente, teremos: – Para x = 0: y = 5 . 0 y = 0 – Para y = 0: 0 = 5 . x 0/5 = x 0 = x Função Constante: nesse caso, o termo constante (a) será igual a zero. Assim, o valor da função será sempre igual ao termo independente (b). Exemplos: a) f(x) = 5 b) f(x) = – 2 c) f(x) = - 2 3 Graficamente, uma função constante será sempre paralela ao eixo das abscissas, podendo coincidir com ela toda vez em que o termo independente (b) for igual a zero. Assim, para a função f(x) = 5, a representação gráfica será: 51 MATEMÁTICA APLICADA 0, 0 5 x y Figura 10 Observação O ponto central do plano cartesiano (0,0) ajuda a indicar o sinal dos valores nos eixos das ordenadas e abscissas. Assim, de maneira geral, temos: 0, 0 Ordenada: + Abscissa: + Ordenada: – Abscissa: + Ordenada: + Abscissa: – Ordenada: – Abscissa: – x y Figura 11 A resolução de uma função de primeiro grau passa pelo cálculo da chamada raiz ou zero da função de primeiro grau, o que acontece pela transformação da função em uma equação matemática (chamada de primeiro grau) ao se definir f(x) = 0. Exemplo de aplicação 1. Determine a raiz para a função y = 4 . x + 2, marcando em seguida a resposta correta. a) +4. b) -1. c) -0,25. d) +0,54. e) -0,5. 52 Unidade II Resolução: 0 = 4 . x + 2 É o mesmo que: 4 . x + 2 = 0 Deve-se isolar a incógnita x na igualdade: 4 . x = -2 (ao invertermos a posição do valor na igualdade, deve-se inverter o sinal). x = –2/4 x = -1/2 ou -0,5. 2. Determine a raiz para a função y = 9 . x – 3, indicando, em seguida, a resposta correta: a) +0,333. b) +0,999. c) -3. d) -3/9. e) -1. Resolução: 0 = 9 . x – 3 É o mesmo que: 9 . x – 3 = 0 Deve-se isolar a incógnita x na igualdade: 9 . x = + 3 (ao invertermos a posição do valor na igualdade, devemos inverter o sinal). x = +3/9 x = +1/3 ou +0,333... (dízima periódica) Observação Em cálculos com resultados positivos, o sinal positivo faz-se desnecessário. Portanto, reportando-nos ao exemplo, podemos considerar x = 1/3 ou 0,333... 3. Determine a raiz para a função y = 2 . x + 6, assinalando a alternativa de resposta correta. 53 MATEMÁTICA APLICADA a) -3. b) -2. c) 0. d) +3. e) -5. Resolução: 0 = 2 . x + 6 É o mesmo que: 2 . x + 6 = 0. Deve-se isolar a incógnita “x” na igualdade: 2 . x = –6 (ao invertermos a posição do valor na igualdade, devemos inverter o sinal). x = –6/2 x = –3 2.2 Inequações de primeiro grau Trata-se de funções matemáticas de primeiro grau caracterizadas por uma desigualdade de forma a desejar resultados maiores (>) ou menores (<) relacionados à equação. A resolução pode ser alcançada isolando-se os termos que possuem a incógnita em questão (x) em um dos lados da desigualdade, enquanto os termos que não possuem a incógnita (“números puros”) ficam no outro lado. Exemplo de aplicação 1. Resolva a inequação 5 . x – 8 < 3 . x + 12, marcando em seguida a alternativa de resposta correta. a) x > 10. b) x < 10. c) x > 5. d) x < 0. e) x > -7. Resolução: Isolam-se os termos com incógnita em um lado da inequação: 5 . x – 3 . x < 12 + 8 54 Unidade II 2 . x < 20x < 20/2 x < 10 2. Resolva a inequação 12 . x + 4 – 2 . x > –4 . x + 20, indicando em seguida a alternativa de resposta correta. a) x > 1,14. b) x > 11,4. c) x > 42,1. d) x > -2. e) x > 0,24. Resolução: Isolam-se os termos com incógnita em um lado da inequação: 12 . x – 2 . x + 4 . x > 20 – 4 (12 – 2 + 4) . x > 16 14 . x > 16 x > 16/14 x > 1,14 2.3 Sistemas de equações de primeiro grau Diversas situações dentro da área farmacêutica podem representar casos nos quais se aplicam resoluções de sistemas de equações de primeiro grau. Tais sistemas são possíveis quando duas funções de primeiro grau estão relacionadas entre si. Nesse caso, o sistema conterá duas incógnitas, geralmente expressas por x e y. A melhor forma de resolução para um sistema de equações é pelo método da substituição. Lembrete Método da Substituição: consiste em isolar uma das incógnitas na primeira equação e substituí-la na segunda equação. 55 MATEMÁTICA APLICADA Exemplo de aplicação 1. Resolva o sistema de equações a seguir, encontrando os valores das raízes de x e y. x + 2 . y = 4 2 . x – 6 . y = 3 a) x = 4 e y = -1. b) x = 3 e y = -1/2. c) x = 4 e y = 1/2. d) x = 1 e y = -1. e) x = 2 e y = -4. Resolução: Devemos isolar o x na primeira equação: x = 4 – 2 . y Em seguida, devemos substituir o x da segunda equação: 2 . x – 6 . y = 3 2 . (4 – 2 . y) – 6 . y = 3 Aplicando a regra da multiplicação distributiva: 8 – 4 . y – 6 . y = 3 Isolando os termos que contêm a incógnita y: –4 . y – 6 . y = 3 – 8 (lembrando que, ao trocar a posição de algum dos termos da equação na igualdade, devemos inverter o sinal). –10 . y = –5 y = -5/-10 (lembrando que, pela regra de sinais, a divisão entre dois números negativos gera resultado positivo, assim como em multiplicações). y = +1/2 ou +0,5 (lembrando que números positivos não precisam ter o sinal indicado). 56 Unidade II Então, y = 1/2 ou 0,5. Para encontrarmos a raiz de x, devemos retornar à primeira equação e substituirmos o valor encontrado de y: x = 4 – 2 . y x = 4 – 2 . (0,5) x = 4 – 1 x = 3 2. Resolva o sistema de equações a seguir, encontrando os valores das raízes de x e y. +3 . y – 4 = 12 2 . x + 4 . y = 24 a) x = 2 e y = 2. b) x = 3 e y = -1. c) x = -2 e y = 4. d) x = 4 e y = 4. e) x = 0 e y = 0,5. Resolução: Isolando x na primeira equação: x = 12 + 4 – 3 . y x = 16 – 3 . y Substituindo o x na segunda equação: 2 . (16 – 3 . y) + 4 . y = 24 32 – 6 . y + 4 . y = 24 –6 . y + 4 . y = 24 – 32 –2 . y = –8 57 MATEMÁTICA APLICADA y = –8/–2 y = +4 ou, simplesmente, y = 4 Retornando com o valor de y na primeira equação: x = 16 – 3 . y x = 16 – 3 . (4) x = 16 – 12 x = 4 2.4 Funções quadráticas e equações de segundo grau As funções quadráticas (também conhecidas por funções polinomiais de segundo grau) são toda e qualquer função dentro do conjunto dos números reais (R), que é dado por uma lei na forma f(x) = a.x2 + b.x + c, em que a, b e c são constantes reais e x é a incógnita. Em toda função quadrática, o termo constante a assume o valor que multiplica a incógnita x elevada ao quadrado, o termo constante b assume o valor que multiplica a incógnita x e o termo constante c é aquele não multiplicado pela constante x. O sinal de cada uma dessas constantes deve ser observado para que não ocorra erro durante a resolução da equação ou interpretação do gráfico da função. Exemplos: f(x) = 2 . x2 – 3 . x + 4 em que a = 2, b = –3 e c = 4. f(x) = -4 . x2 + 12 . x – 8 em que a = –4, b = 12 e c = –8. f(x) = 1/2 . x2 – 6 . x + 5 em que a = 1/2, b = –6 e c = 5. Graficamente, toda função quadrática é representada perfeitamente por uma parábola, cuja definição matemática é a de um conjunto de pontos equidistantes em relação a um ponto qualquer chamado foco. Pode-se dizer, assim, que a distância de qualquer ponto de uma parábola em relação ao foco desta será sempre constante. As parábolas geradas pelas equações de segundo grau podem ter 58 Unidade II sua concavidade voltada para cima (ocorre quando a constante a é positiva) ou para baixo (quando a constante a é negativa). Exemplo: a) f(x) = a.x2 + b . x + c x y Figura 12 b) f(x) = –a . x2 + b . x + c x y Figura 13 A resolução de uma função quadrática dá-se pela determinação de seus “zeros” ou “raízes”. As raízes de uma função quadrática representam os valores da incógnita x, onde a função f(x) é nula (ou seja, igual a zero). As raízes de qualquer função quadrática são obtidas a partir da fórmula de Bháskara: x = -b 2 . a � � Sendo ∆ = b2 – 4 . a . c 59 MATEMÁTICA APLICADA Exemplo de aplicação Encontre as raízes da função quadrática e esboce a parábola resultante para a função. 1) f(x) = 2 . x2 + 3 . x + 1 a) -1 e -0,5. b) +1 e -0,5. c) +1. d) 0. e) Não tem raiz. Resolução: a = 2 b = 3 c = 1 Substituindo na fórmula do ∆: ∆ = (3)2 – 4 . (2) . (1) ∆ = 9 – 8 ∆ = 1 Substituindo na fórmula de Bháskara: x = -b 2 . a � � x = -3 2 . 2 ± 1 x = -3 ±1 4 60 Unidade II Teremos duas raízes: Raiz x1: x = -3 + 1 1 4 x = -2 1 4 x = -1 1 2 , ou -0,5. Raiz x2: x = -3 - 1 2 4 x = -4 2 4 x2 = –1 Graficamente, a parábola resultante terá sua concavidade voltada para cima (a constante a é positiva) e cruzará o eixo x em dois pontos (-1/2, 0) e (-1, 0). Lembrando que as raízes encontradas são os pontos onde a função é nula; y, portanto, é igual a 0. (– 1 ,0) (- 0,5 ,0) 0 ,0 x y Figura 14 2) f(x) = 4 . x2 + 4 . x + 1 a) -1 e -0,5. 61 MATEMÁTICA APLICADA b) +1 e -0,5. c) +1. e) -0,5. f) Não tem raiz. Resolução: a = 4 b = 4 c = 1 Substituindo na fórmula do ∆: ∆ = (4) . 2 – 4 . (4) . (1) ∆ = 16 – 16 ∆ = 0 Substituindo na fórmula de Bháskara: x = -b . a � � 2 x = -4 . 4 ± 0 2 x = -4 ± 0 8 Essa função apresenta apenas uma raiz real: x = -4 8 x = –1/2, ou -0,5. 62 Unidade II (-1/2, 0) 0 ,0 x Figura 15 3) f(x) = 2 . x2 + 5 . x + 7 a) -1. b) +1 e - 0,5. c) -2. d) 0. e) Não tem raiz. Resolução: a = 2 b = 5 c = 7 Substituindo na fórmula do ∆: ∆ = (5)2 – 4 . (2) . (7) ∆ = 25 – 56 ∆ = –31 Substituindo na fórmula de Bháskara: x = -b . a � � 2 63 MATEMÁTICA APLICADA x = -5 -31 . 2 ± 2 Essa função não apresenta raiz real e, portanto, não terá nenhum ponto onde a função seja nula e a parábola cruze com o eixo x. Como o valor da constante a é positivo, a parábola terá concavidade voltada para cima. x y 0 ,0 Figura 16 2.5 Funções exponenciais e equações exponenciais Diversas situações dentro da área químico-farmacêutica seguem, matematicamente, o modelo de uma função exponencial. A equação exponencial pode ser descrita como aquela em que a incógnita encontra-se no expoente de pelo menos uma potência (rever o capítulo 2: Potenciação). Exemplos: a) 2x = 14 b) 3 5 � � � � � � x = 84 c) 3x+1 – 42x+1 = 16 Para qualquer função exponencial, temos duas situações possíveis, a depender do valor da base da potência (a): Considerando y = ax, para a > 1, a função exponencial será crescente: 64 Unidade II x y Figura 17 Para 0 < a < 1, a função exponencial será decrescente: x y Figura 18 O fenômeno da radioatividade, em que um núcleo atômico muito energético (átomo radioativo) tende à estabilidade pela liberação de energia na forma de partículas ou ondas (radiações), é tipicamente representado por um modelo de função exponencial chamado de decaimento radioativo ou meia-vida. Graficamente, a meia-vida de um átomo radioativo pode ser representada como a seguir: 65 MATEMÁTICA APLICADA Meia-vida Número de átomos radioativos Figura 19 Outros exemplos de situações em nossa área em que a função exponencial explica um fenômeno são: morte celular em processos de esterilização, degradação de uma série de substâncias químicas, entre outros. Saiba mais Para aumentar seu conhecimento a respeito da meia-vida dos elementos radioativos, tão importantes na área de radiofarmácia, consulte: OKUNO. E; CALDAS, I.L.; CHOW, C. Físicapara ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harper e Row do Brasil, 1982. 2.6 Funções modulares Existem situações em que as funções são definidas por mais de uma sentença ou equação matemática. Exemplo de aplicação Uma função f(x) é válida para as seguintes condições: f(x) = 3 . x + 4, se x ≤ 2 f(x) = 2 . x + 3, se x > 2 Encontre os valores de x para f(4) e f(1). • f(4) Nesse caso, encontrar o resultado para a função dependerá do valor de x analisado. Para o caso de f(4), o valor de x a ser considerado é 4. 66 Unidade II Para x = 4 usaremos a segunda sentença da função (uma vez que, 4 é maior que 2, satisfazendo a segunda sentença). f(x) = 2 . x + 3 f(4) = 2 . 4 + 3 f(4) = 8 + 3 f(4) = 11 • f(1) Para o caso de f(1), o valor de x a ser considerado é 1. Para x = 1, usaremos a primeira sentença da função (uma vez que 1 é menor que 2, satisfazendo a primeira sentença). (x) = 3 . x + 4 f(1) = 3 . 1 + 4 f(1) = 3 + 4 f(1) = 7 Um número x qualquer será chamado de módulo ou valor absoluto quando satisfizer uma situação específica de função com várias sentenças, como o caso que acabamos de estudar. Todo módulo de x é simbolizado por |x|, sendo um número real não negativo, tal que: |x| = x, se x 0 ou -x, se x < 0 �� � � � � Assim, o módulo de um número real será sempre maior ou igual a zero. Exemplos: a) |3| = 3 67 MATEMÁTICA APLICADA b) |–6| = 6 c) |0,5 – 0,8| = |–0,3| = 0,3 Graficamente, as funções modulares apresentam-se como equações de primeiro e segundo graus sempre com valores de f(x) maiores que zero, portanto, positivos. Para tanto, serão considerados apenas os valores de x e –x que resultem em f(x) > 0. Exemplo: f(x) = |x| + 1 Como uma reta pode ser caracterizada por dois pontos, podemos encontrar: Para x = 0 f(x) = 0 + 1 f(x) = 1 Para x = -1 (módulo de -1 será sempre 1) f(x) = 1 + 1 = 2 Para x = +1 (módulo de +1 será sempre 1) f(x) = 1 + 1 = 2 Graficamente: +2 –1 +1 (1, 0) Figura 20 3 RAZÃO, PROPORÇÃO E CÁLCULO DE FRACIONAMENTO Em diferentes situações dentro da área farmacêutica, nos vemos obrigados a trabalhar matematicamente com a relação entre dois parâmetros diferentes. Em geral, essas questões podem ser facilmente resolvidas por meio da famosa Regra de Três ou pelas regras de razão e proporção. 68 Unidade II Exemplo: Foram prescritos 80 mg de um analgésico após a realização de uma cirurgia em um paciente. Sabendo-se que o fármaco está disponível na formulação de 100 mg/mL, qual deve ser o volume de dose fornecido a esse paciente? Nessa questão rotineira dentro da área hospitalar, temos dois parâmetros relacionados (dose de princípio ativo e volume da formulação). Para resolvê-la é necessário trabalharmos com os conceitos de razão e proporção. 3.1 Razão A razão entre dois valores (a e b) será o quociente entre os dois: a b a primeiro termo ou antecendente b segundo termo ou consequente Costuma-se representar uma razão como a : b. Para que uma razão seja válida, é necessário que o termo b seja sempre diferente de zero. A razão inversa é o quociente que mantém invertidas as posições do termo antecedente e consequente. Portanto, por regra geral, a razão inversa de a : b será b a . Exemplos: A razão entre 3 e 2 será: 3 : 2 ou 3 2 . b) A razão inversa entre 4 e 10 será: 10 : 4 ou 10 4 . 3.2 Proporção A proporção é a comparação por meio de igualdade entre duas razões numéricas. Assim, por regra geral, dizemos que os números a, b, c e d formam uma proporção quando a razão entre a e b for igual à razão entre c e d (considerando-se b e d ≠ 0). Assim, a proporção será: a b c d = Exemplo: 69 MATEMÁTICA APLICADA a) A razão entre 4 e 2 é proporcional à razão entre 10 e 5. 4 2 10 20 = 2→ b) A razão entre 2 e 8 é inversamente proporcional à razão entre 20 e 5. 2 8 5 20 1 4 = → 3.3 Propriedades das proporções Para todo cálculo envolvendo proporções, existem quatro propriedades básicas a serem observadas: I – Propriedade Fundamental: a multiplicação entre os termos antecedentes de uma das razões com os termos consequentes da outra mantém a proporção. a b c d = a . d = b . c↔ II – Segunda Propriedade: a soma dos termos antecedente e consequente da razão, dividida pelo termo consequente, mantém a proporção. a b c d a c = + b b = + d d ↔ III – Terceira Propriedade: a soma dos termos antecedentes, dividida pela soma dos termos consequentes das duas razões, terá resultado igual a qualquer uma das razões utilizadas na proporção. a b c d a a b c d = + c b + d = = ↔ IV – Quarta Propriedade: a multiplicação dos dois termos antecedentes da proporção, dividida pela multiplicação dos dois termos consequentes da proporção, será sempre igual a qualquer uma das razões elevada ao quadrado. a b c d a a b c d = . c b . d = = ↔ 2 2 2 2 70 Unidade II 3.4 Grandezas diretamente proporcionais Duas grandezas A e B serão consideradas diretamente proporcionais quando a razão entre elas for mantida constante. Exemplo de aplicação 1. A relação entre distância percorrida e tempo pode ser considerada diretamente proporcional, caso seja mantida constante a velocidade aplicada. Assim, podemos estabelecer uma proporção para a seguinte tabela: Tabela 2 Distância (km) 80 160 x Tempo (h) 1 2 3 a) 120. b) 240. c) 360. d) 480. e) 500. Resolução: considerando diretamente proporcionais os dois parâmetros, a razão entre distância e tempo ficará: 80 1 160 2 3 = = x Pela aplicação da regra fundamental da proporção, temos: 160 . 3 = 2 . x 480 = 3 . x 480/2 = x 240 = x Portanto, em 3 horas, terão sido percorridos 240 km. 2. Foram prescritos 80 mg de um analgésico após a realização de uma cirurgia em um paciente. Sabendo que o fármaco está disponível na formulação de 100 mg/mL, qual deve ser o volume de dose fornecido a esse paciente? 71 MATEMÁTICA APLICADA a) 1,6 mL. b) 0,8 mL. c) 2,4 mL. d) 10 mL. e) 8 mL. Resolução: considerando diretamente proporcionais os parâmetros de dose de princípio ativo e volume da formulação, teremos: 100 1 80 = x Pela aplicação da regra fundamental da proporção, temos: 100 . x = 80 . 1 100 . x = 80 X = 80/100 X = 0,8 mL Portanto, deve-se fornecer 0,80 mL do medicamento. 3. Sabendo que a relação entre a quantidade de um nutriente A está diretamente relacionada com a quantidade de metabólito B produzido no organismo, determine os valores de x e y na tabela: Tabela 3 Nutriente (mg) 6 x 15 Metabólito (ng) 2 3 y a) 9 mg e 5 ng. b) 12 mg e 10 ng. c) 24 mg e 12 ng. d) 5 ng e 9 mg. e) 0,9 mg e 0,5 ng. Resolução: considerando diretamente proporcionais os dois parâmetros, teremos: 6 2 3 15 = = x y 72 Unidade II Para encontrar o valor de x, usaremos as duas primeiras razões: 6 2 3 = x 2 . x = 6 . 3 2 . x = 18 X = 18/2 X = 9 mg Para encontrar o valor de y, usaremos as duas últimas razões: x y3 15 = 9 3 15 = y 9 . y = 15 . 3 9 . y = 45 y = 45/9 y = 5 ng 3.5 Grandezas inversamente proporcionais Duas grandezas, A e B, serão inversamente proporcionais quando o produto entre os termos ascendente e consequente forem constantes para todas as razões formadas por essas grandezas. Assim, para a seguinte tabela relacionando A e B, inversamente proporcionais, Tabela 4 A a1 a2 a3 B b1 b2 b3 73 MATEMÁTICA APLICADA teremos a seguinte proporção: a1 . b1 = a2 . b2 = a3 . b3 Exemplo de aplicação 1. A relação entre a duração de uma viagem de trem (horas) e a velocidade desenvolvida por ele (km/h) é considerada inversamente proporcional. Sabendo que, ao desenvolver uma velocidade média de 50 km/h, o trem demora 4h para chegar ao destino, qual deverá ser a velocidade a ser desenvolvida por ele para que alcance o destino em 3h? a) 72 km/h. b) 66,7 km/h. c) 120 km/h. d) 214 km/h. e) 27 km/h. Resolução: Sendo a primeira razão descrita como 50 : 4 e a segunda razão x : 3, pertencentes a grandezas inversamente proporcionais, é possível montar a seguinte equação:50 . 4 = x . 3 200 = x . 3 200 / 3 = x 66,7 = x Portanto, para que o trem chegue ao destino em 3h, será necessário que a velocidade desenvolvida seja de 66,7 Km/h. 2. Tendo duas séries representando as grandezas A e B, inversamente proporcionais, encontre os valores de x e y. A = (x, 2, 6) B = (3, y, 24) a) x = 48 e y = 72. b) x = 24 e y = 32. c) x = 40 e y = 80. d) x = 12 e y = 32. e) x = 68 e y = 72. 74 Unidade II Resolução: Por se tratar de grandezas inversamente proporcionais, a resolução passa pela montagem da relação de igualdade: x . 3 = 2 . y = 6 . 24 Portanto, x . 3 = 2 . y = 144 Selecionando os dois últimos termos da igualdade, conseguiremos encontrar o valor de y: 2 . y = 144 y = 144/2 y = 72 Selecionando os dois primeiros termos da igualdade e já conhecendo o valor de y, será possível determinar o valor de x: x . 3 = 2 . y x . 3 = 2 . 72 x . 3 = 144 x = 144/3 x = 48 3.6 Regra de Três Simples Método prático para resoluções em que temos dois valores para uma grandeza e apenas um valor para a outra grandeza relacionada. Essa regra baseia-se na multiplicação em cruz característica da aplicação da regra fundamental da proporção. a1 b1 x b2 Figura 21 75 MATEMÁTICA APLICADA Observe que, para a montagem da Regra de Três, os termos de mesma grandeza devem ser posicionados um abaixo do outro. A resolução deve ser efetuada por meio de uma multiplicação em cruz. Exemplo de aplicação 1. Sabendo que 1 mL de ácido sulfúrico corresponde a 1,84 g, determine qual o volume necessário para termos 12 g de ácido sulfúrico em um frasco. a) 6,5 mL. b) 12,7 mL. c) 3,3 mL. d) 8,9 mL. e) 18 mL. Resolução: As duas grandezas em questão são massa e volume. Portanto, para a montagem da Regra de Três, devemos manter os dados de massa em um lado e os dados de volume no outro lado da relação. Assim, 1 mL ----------------------------------- 1,84 g X mL ----------------------------------- 12 g Portanto, X . 1,84 = 1 . 12 X . 1,84 = 12 X = 12 / 1,84 (lembre-se de que, ao inverter o lado do termo, inverte-se a função matemática; logo, quem multiplica à esquerda dividirá à direita da igualdade) X = 6,5 mL 3.7 Regra de Três Composta Para os casos envolvendo mais de duas grandezas proporcionais, é necessário construir a chamada Regra de Três Composta, de forma a construir a seguinte relação: a1 b1 c1 x b2 c2 Figura 22 76 Unidade II Pela regra geral, é possível construir uma Regra de Três Composta toda vez que uma determinada grandeza A for proporcional, simultaneamente, a duas outras grandezas (B e C). Para a resolução desse tipo de cálculo, é necessário montar a seguinte igualdade: a x b b c c 1 1 2 1 2 = x Exemplo de aplicação Um tanque de 500 m3 de capacidade leva 3 h para ser cheio ao se utilizarem duas torneiras. Outro tanque de 800 m3 de capacidade levará quanto tempo para ser cheio, sendo que ele terá 5 torneiras para a adição do líquido? a) 2,45 h. b) 8,94 h. c) 1,92 h. d) 13,4 h. e) 14,6 h. Resolução: neste exercício, temos três grandezas presentes, volume do tanque, tempo e número de torneiras. Entretanto, o volume de líquido adicionado dependerá do tempo e do número de torneiras. Tal relação entre os três parâmetros permite que a resolução se desenvolva por meio da Regra de Três Composta. Assim, 500 m3 ---------------------–3 h ---------------------–2 torneiras 800 m3 ---------------------–x h --------------------–5 torneiras 500 800 3 2 5 500 800 6 5 = x = . x x 5 . x . 500 = 6800 x . 2500 = 4800 x = 4800 2500 x = 1,92h 77 MATEMÁTICA APLICADA 3.8 Percentagem e cálculos de percentagem Os cálculos envolvendo percentagem (ou porcentagem) podem ser considerados como casos especiais abrangendo razão e proporção. Considera-se a porcentagem como uma razão envolvendo termos consequentes de base 10. Por regra geral, entende-se que a razão percentual será: x x % = 100 Assim, todo cálculo de percentagem pode ser resolvido por um sistema de grandezas direta ou inversamente proporcionais. Exemplo de aplicação Em uma cidade de 230.000 habitantes, cerca de 50.000 possuem menos de 30 anos. Qual será a percentagem da população com mais de 30 anos? a) 21,7%. b) 78,3%. c) 52,4%. d) 25,8% e) 32,3%. Resolução: deseja-se saber a percentagem de habitantes com mais de 30 anos, entretanto, o dado disponível é o número de habitantes de idade inferior a esta. Assim, em primeiro lugar, devemos calcular o número de habitantes com mais de 30 anos na cidade (chamaremos de N): N = 230.000 – 50.000 = 180.000 (portanto, 180.000 habitantes da cidade possuem mais de 30 anos). Sabendo que a relação de percentagem é para um termo consequente igual a 100, a Regra de Três a ser montada será: 180.000 hab. ------------------------------------ 230.000 hab. X hab. ------------------------------------ 100 hab. Portanto, X . 230.000 = 180.000 . 100 X . 230.000 = 18.000.000 X = 78,3% 78 Unidade II 4 CÁLCULOS DE DILUIÇÃO E FRACIONAMENTO 4.1 Unidades de medida principais Sem dúvida alguma, as duas medidas mais importantes dentro da área farmacêutica estão relacionadas à massa e volume. Portanto, é necessário saber a conversão básica entre subunidades de massa e volume para o cálculo correto de dosagens e fracionamentos. Sempre é bom lembrar que: a) grama (g): unidade de medida de massa ou quantidade. b) miligrama (mg): milésima parte da unidade grama. 1 g = 1000 mg c) litro (l ou L): unidade de volume ou capacidade. d) mililitro (ml ou mL): milésima parte da unidade litro. 1 L = 1000 mL Outras subunidades importantes: 1 g = 10 dg = 100 cg = 1000 mg = 106 mg = 109 ng ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ Decigrama Centigrama Miligrama Micrograma Nanograma Essas mesmas subunidades podem ser empregadas para qualquer outra grandeza (ex.: volume, comprimento etc). Exemplo de aplicação 1. Um rótulo informa que existem 120 mg de princípio ativo por 100 mL de formulação. Qual será essa quantidade em gramas e microgramas? a) 0,24 g e 240 mg. b) 0,12 g e 120.000 mg. c) 0,10 g e 0,00010 mg. d) 1,20 g e 0,12 mg. e) 2,40 g e 24.000 mg. Resolução: 1 g ----------------------– 1000 mg X g ----------------------– 120 mg 79 MATEMÁTICA APLICADA x . 1000 = 1 . 120 x = 120/1000 x = 0,12 g 1000 mg ----------------------– 106 mg 120 mg ----------------------– x mg x . 1000 = 106 . 120 x = 120 . 106 / 1.000 x = 120.000 mg 2. Um procedimento laboratorial solicita que se colete 0,080 L de uma solução. Sabendo-se que a vidraria a ser utilizada para coleta está em escala de mililitros (mL), qual deverá ser a marca observada na vidraria? a) 80 mL. b) 160 mL. c) 120 mL. d) 48 mL. e) 8 mL. Resolução: 1 L 0,080 L ----------------------– ----------------------– 1000 mL x mL x . 1 = 1000 . 0,080 x = 80 mL 4.2 Cálculos de concentração Ao se trabalhar com soluções, a forma mais indicada de estabelecer uma proporção entre a quantidade de soluto (ex.: princípio ativo) e a solução como um todo é pelo cálculo da concentração dessa solução. De maneira geral, a concentração pode ser definida como a forma como uma substância (de menor quantidade, a que chamaremos de soluto) distribui-se em outra (maior quantidade e a que chamaremos de solvente). As soluções são, portanto, a soma da quantidade de soluto e solvente presente na formulação ou reagente preparado. 80 Unidade II No caso específico das soluções, a concentração será a razão entre quantidade (massa) de soluto e capacidade (volume) total da solução. c m v = 1 em que: m1 = massa do soluto V = volume da solução Principais unidades: g.L-1 (grama por litro) mg.L-1 (miligrama por litro) Exemplo de aplicação 1. Uma solução foi preparada pela adição de 20 g de hidróxido de cálcio em 900 mL de água. Indique qual será a concentração em g.L-1. a) 2,22. b) 22,2. c) 12,2. d) 1,22. e) 0,322. Resolução: para que se obtenha a concentração em grama por litro é primeiro necessário converteros 900 mL para litro. Como visto anteriormente, essa conversão resultará em 0,9 L. c L g = = 22,2g . L-120 0 9, 2. Para dispensar corretamente uma formulação, você deve coletar um volume correspondente a 40 mg de princípio ativo de uma formulação na concentração 0,18 g.L-1. Qual deverá ser o volume coletado dessa solução? a) 0,22 L. b) 0,44 L. c) 1,22 L. d) 22 L. e) 4,4 L. 81 MATEMÁTICA APLICADA Resolução: para efetuar esse cálculo, é necessário que a massa esteja em grama e o volume em litros. Portanto, primeiro, converteremos os 40 mg do soluto em grama. 1 g ----------------– 1.000 mg X g ---------------–- 40 mg X = 0,04 g Para obter o volume de solução a ser coletado, podemos substituir na fórmula de concentração: c m v v = = 1 0 18 0 04 , , 0,18 . v = 0,04 v = = 0,22 L 0 04 0 18 , , 4.3 Cálculos de diluição Diluição é a redução da concentração de uma solução pela adição de solvente. Trata-se de um cálculo envolvendo grandezas inversamente proporcionais e, portanto, pode ser resolvido de acordo com a propriedade fundamental das grandezas inversamente proporcionais: Ca . Va = Cb . Vb Em que: C = concentração e V = volume. A forma de representação correta de uma diluição segue a mesma adotada para uma razão convencional. Assim, diluição A : B pode ser descrita como a diluição da condição A para a condição B. Exemplo de aplicação 1. Deseja-se diluir uma solução de glicose 5%, de forma a obter 25 mL de uma solução 2%. Como proceder? Indique, em seguida aos cálculos, a alternativa de resposta correta. a) 12 mL. b) 10 mL. 82 Unidade II c) 14 mL. d) 1,5 mL. e) 50 mL. Resolução: ao relacionarmos as duas grandezas (concentração e volume) nas duas condições estudadas (diluída e concentrada), teremos: 5% ----------------------------– x mL 2% ----------------------------– 25 mL 5 . x = 25 . 2 5 . x = 50 X = 50/5 X = 10 mL Portanto, coletaremos 10 mL da solução 5%, transferiremos a outro frasco e completaremos até 25 mL com água para obtermos a solução 2%. 2. Um analista preparou uma solução 6 g.L-1 de glicose utilizando 20 mL de uma solução 18 g.L-1. Qual o volume final da solução diluída? a) 6 mL. b) 12 mL. c) 40 mL. d) 60 mL. e) 120 mL. Resolução: ao relacionarmos as duas grandezas (concentração e volume) nas duas condições estudadas (diluída e concentrada), teremos: x mL --------------------------------–- 6 g . L-1 20 mL ------------------------------–--- 18 g . L-1 Assim, 6 . x = 18 . 20 6 . x = 360 83 MATEMÁTICA APLICADA X = 360/6 X = 60 mL Portanto, conseguiremos 60 mL da solução diluída ao empregarmos 20 mL de uma solução de 18 g . L-1 para obtermos outra de concentração 6 g . L-1. Saiba mais Uma das principais técnicas de análise química empregada na área química e farmacêutica é a titrimetria, também chamada de titulação, que envolve a determinação da concentração real em uma amostra a partir da adição controlada de um reagente de concentração conhecida. Após atingir o final da análise, no chamado ponto de equivalência, é possível descobrir a concentração na amostra pela mesma forma empregada no cálculo de diluição aqui aprendido: CAmostra x VAmostra = CReagente X VReagente Procure ler a respeito dessa técnica em livros de Química Geral e Inorgânica e observe como o cálculo de diluição está presente mesmo nas técnicas mais importantes dentro do controle de qualidade farmacêutico. Indicamos este: USBERCO, J.; SALVADOR, E. Química. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. v. 1. 4.4 Cálculos de doses orais e fracionamento de dose Os cálculos envolvendo fracionamento de dose podem ser facilmente solucionados, se obedecermos as regras de razão e proporção descritas anteriormente. Observação Os mesmos cálculos de fracionamento podem ser realizados pelo uso da seguinte fórmula: DP DD x Q = x em que: DP = dose prescrita; DD = dose disponível; Q = quantidade; x = dose a ser administrada. 84 Unidade II Saiba mais Em unidades de terapia intensiva, as doses são prescritas em função da concentração do princípio ativo, e o profissional responsável deve efetuar cálculos visando manter um ou mais parâmetros (ex.: pressão arterial). Para mais informações sobre os cálculos de doses em infusões intravenosas e outros casos específicos relacionados a cálculos de dose, é interessante buscar livros de preparação de medicamentos como o da autora Mary Jo Boyer: Cálculo de dosagem e preparação de medicamentos. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. Exemplo de aplicação Exemplo 1 Simplifique a expressão 10 . a . x 15 . a . x 2 3 , identificando, em seguida, a resposta correta. A) 2 . x 3 . a2 B) x 3 C) 2 . x 3 . a D) x a2 E) 2 3 . a2 Resolução: = 15 . a2 10 . x = 2 3 . a2 . x Resposta correta: alternativa A. 85 MATEMÁTICA APLICADA Exemplo 2 Simplifique a expressão x - y x + y - 1 x - y x + y + 1 � � � � � � � � � � � � � . Em seguida, indique a alternativa de resposta correta. A) -y x � �� � �� B) -1 x � �� � �� C) -2y x � �� � �� D) -3y 4x � �� � �� E) y x � �� � �� Resolução: = x - y - 1 . (x + y) x + y x - y + 1 . (x + y) x + � � � � � � � yy � � � � � � = x - y - x - y x + y x - y + x + y x + y � � � � � � � � � � � � � = -2 . y x + y 2 . x x + y � � � � � � � � � � � � � Aplicando a propriedade do quociente e produto em frações: = -2 . y x + y x + y 2 . x � � � � � � � �� � �� x 86 Unidade II Cancelando os termos x+y: = -2 . y 2 . x � �� � �� = -y x � �� � �� Resposta correta: alternativa A. Exemplo 3 Simplifique a fração = a . b + a . c b - c2 2 � � � � � � , marcando, em seguida, a alternativa de resposta correta. A) a b B) a c C) 3 2 a b( )- c D) a b( )2 - 2c E) a b( )- c Resolução: Nesse caso, mostra-se conveniente fatorar os termos: = a . (b + c) (b + c) . (b - c) = a (b - c) Resposta correta: alternativa E. Exemplo 4 Um paciente deverá utilizar uma determinada medicação de via oral por 5 dias, fazendo uso, a cada 8 h, de 200 mg de princípio ativo. Sabendo que cada frasco do medicamento contém 100 mL e 87 MATEMÁTICA APLICADA que o rótulo indica que a cada 60 mL de medicamento há 900 mg de princípio ativo, qual o número de frascos necessários para completar este tratamento? A) 2 B) 3 C) 4 D) 5 E) 6 Resolução: Primeiro, devemos descobrir a dose total em miligramas do princípio ativo que o paciente deverá utilizar: 8h ----------------------------- 200 mg 24h (1 dia) -------------------–--------- x mg X = 600 mg (por dia) Como o tratamento inteiro durará 5 dias: 600 . 5 = 3000 mg O paciente utilizará 3000 mg de princípio ativo durante todo o tratamento. Para sabermos o número de frascos necessário, teremos de converter o teor em massa para o volume de formulação correspondente: 60 mL formulação ----------------------------– 900 mg de princípio ativo X mL ----------------------------- 3000 mg X = 200 mL O paciente deverá utilizar um total de 200 mL de formulação. Como cada frasco contém 100 mL, conclui-se que serão necessários 2 frascos durante todo o tratamento. Resposta correta: alternativa A. Exemplo 5 Um paciente de 60 kg deve receber 40 mg de fentanila contido em 250 mL de SG (solução glicofisiológica, 0,9% de sal e 5% de glicose) mantendo velocidade de infusão de 2 mg . kg-1. min-1. Indique qual a velocidade a ser ajustada na bomba de infusão eletrônica em mL . h-1. 88 Unidade II A) 45 mL/h B) 120 mL/h C) 0,45 mL/h D) 1,20 mL/h E) 7,2 mL/h Resolução: Primeiro, devemos individualizar a informação para o paciente em questão: A dose de infusão deve, a cada minuto, ser de: 2 mg --------------------------–- 1 kg de massa corpórea X mg -------------------------–-- 60 kg X = 120 mg por minuto de infusão Como a bomba deve ser ajustada em mililitro por hora, é necessário efetuar a conversão de minutos para a hora de infusão: 120 mg ---------------------– 1 min y mg ---------------------–60 min (1 hora) y = 7200 mg por hora = 7,2 mg por hora Como a formulação contém 40 mg do princípio ativo em 250 mL: 40 mg ------------–----- 250 mL 7,2 mg ---–-------------- z mL z = 45 mL por hora Resposta correta: alternativa A. Exemplo 6 Foram prescritas 800 mg de dipirona sódica por via oral de 6/6 h. Quantos mL deverão ser administrados a cada 6h ao paciente e quantas gotas devem ser administradas, sabendo que, no rótulo do medicamento, está indicado que se trata de um frasco de 10 mL, cuja concentração presente é de 0,5 g/mL de dipirona sódica e que, a cada 20 gotas, se tem dose equivalente a 500 mg do princípio ativo? 89 MATEMÁTICA APLICADA A) 1,6 mL ou 32 gotas B) 3,2 mL ou 32 gotas C) 12 mL ou 100 gotas D) 4,8 mL ou 54 gotas E) 5,6 mL ou 67 gotas Resolução: 0,5 g ------------> 500 mg -------------------------– 1 mL 800 mg -------------------------– x mL 500 . x = 800 . 1 X = 800/500 X = 1,6 mL Deverá ser, então, administrada a dose de 1,6 mL de dipirona sódica a cada 6h. Para transformarmos para a dose em número de gotas, usaremos a relação descrita no rótulo: 20 gotas --------------------------------------– 500 mg X gotas --------------------------------------– 800 mg 500 . x = 20 . 800 X = 16000/500 X = 32 gotas. Resposta correta: alternativa A. Exemplo 7 Administre 500 mg de um fármaco 2 vezes/dia. Ele está disponível em comprimidos de 250 mg. Quantos comprimidos devem ser administrados por dia? A) 2 B) 4 C) 6 D) 8 E) 12. 90 Unidade II Resolução: Substituindo na fórmula: DP DD x Q = x 500 250 x 2 = x X = 4. Portanto, serão administrados 4 comprimidos no total ou 2 comprimidos a cada 12h. Resposta correta: alternativa B. Resumo Em frações, é possível multiplicar o numerador e o denominador por um mesmo número sem que se provoque alteração do valor final. Ao mesmo tempo, podemos igualar o denominador de diferentes frações, encontrando um denominador comum pelo cálculo de seu m.m.c. Essa redução ao mesmo denominador mostra-se importante para conseguir identificar a maior ou menor fração entre diferentes valores apresentados, assim como em toda vez que se desejar efetuar uma soma ou subtração de frações. Os cálculos envolvendo multiplicações podem ser efetuados apenas multiplicando, separadamente, os numeradores e os denominadores das frações. Enquanto isso, os cálculos de divisão de frações podem ser mais bem solucionados, transformando-se a divisão em multiplicação, ou seja, invertendo o numerador e denominador em uma das duas frações envolvidas na divisão. Equações são expressões matemáticas que buscam encontrar um valor desconhecido, tendo por base algumas informações. As funções matemáticas mais importantes são as de primeiro e segundo grau, exponenciais e logarítmicas. As funções de primeiro grau são também chamadas de função afim, sendo representadas sob a forma f(x) = a. X + b, em que a e b são constantes reais e X é a incógnita. Especificamente para as funções de primeiro grau, o termo a” pode ser chamado de coeficiente angular, e o termo b, de coeficiente linear da função, enquanto, graficamente, qualquer função de primeiro grau é representada por uma reta ascendente ou descendente em relação ao eixo das ordenadas (eixo Y, vertical). 91 MATEMÁTICA APLICADA As chamadas inequações de primeiro grau são funções matemáticas caracterizadas por uma desigualdade, de forma a desejar resultados maiores (>) ou menores (<) relacionados à equação. As funções quadráticas (também conhecidas por funções polinomiais de segundo grau) são toda e qualquer função dentro do conjunto dos números reais (R) que é dada por uma lei na forma f(x) = a . x2 + b . x + c, em que a, b e c são constantes reais e x é a incógnita. Para efetuar a resolução de qualquer cálculo de função quadrática, é necessário empregar a fórmula de Bháskara. Graficamente, toda função quadrática é representada por uma parábola. A proporção é a comparação por meio de igualdade entre duas razões numéricas. Assim, por regra geral, dizemos que os números a, b, c e d formam uma proporção quando a razão entre a e b for igual à razão entre c e d (considerando b e d ≠ 0). A principal regra da proporção leva em conta que a multiplicação entre os termos antecedentes de uma das razões, com os termos consequentes da outra, mantém a proporção. Duas grandezas A e B serão consideradas diretamente proporcionais quando a razão entre elas for mantida constante (a1 / b1 = a2 / b2 = a3 / b3), enquanto poderão ser consideradas inversamente proporcionais toda vez que o produto entre os termos ascendente e consequente forem constantes para todas as razões formadas por elas (a1 . b1 = a2 . b2 = a3 . b3). A Regra de Três é um método prático para resoluções, em que temos dois valores para uma grandeza e apenas um valor para a outra grandeza relacionada. Baseia-se na multiplicação em cruz característica da aplicação da regra fundamental da proporção, sendo que os termos de mesma grandeza devem ser posicionados um abaixo do outro. Os cálculos envolvendo percentagem (ou porcentagem) podem ser considerados como casos especiais envolvendo razão e proporção, em que a razão é sempre dada envolvendo termos consequentes de base dez e, com isso, gerando decimais entre 0 e 1. Assim, o valor 0,20 pode equivaler a 20%, e 0,56, equivaler a 56%. A concentração pode ser definida como a forma como uma substância (em menor quantidade, a que chamamos de soluto) distribui-se em outra (maior quantidade, a que chamamos de solvente). As soluções são, portanto, a soma da quantidade de soluto e solvente presente na formulação ou reagente preparado e seu cálculo será efetuado pela razão entre quantidade (massa) de soluto e capacidade (volume) total da solução. 92 Unidade II Exercícios Questão 1. Veja a figura a seguir: Figura Fonte: Pixabay. Os xaropes precisam ter a viscosidade muito bem controlada, tanto para a facilidade no bombeamento dentro das tubulações e envasamento quanto para a sua ingestão. A viscosidade de um xarope pode ser medida pela resistência ao escoamento, através de um viscosímetro rotacional. O viscosímetro tem uma mola com o torque conhecido que, ao rotacionar um sensor dentro do xarope, fará a mola se distender de acordo com a força de resistência do xarope. Um dado viscosímetro apresenta uma imprecisão de ±200cP (centiPoise). Ao distender totalmente (100%), a viscosidade é de 2000cP; se distender 80%, a viscosidade é de 1600cP. Dessa forma, pode-se fazer a seguinte tabela: Tabela Distensão % Viscosidade Incerteza Erro % 100 2000cP ±200cP 10 80 1600cP ±200cP 12,5 50 1000cP ±200cP 20 20 400cP ±200cP 50 10 200cP ±200cP 100 Qual das fórmulas a seguir foi usada para calcular o erro %? 93 MATEMÁTICA APLICADA A) erro = incerteza ÷ (distensão% ÷ 100 × 2000) × 100 B) erro = (incerteza ÷ distensão% ÷ 100 + 2000) ÷ 100 C) erro = (incerteza ÷ distensão% ÷ 100) × 2000 × 100 D) erro = incerteza × (distensão% ÷ 100) × 2000 ÷ 100 E) erro = incerteza ÷ distensão% ÷ 100 × 2000 × 100 Resposta correta: alternativa A. Análise da questão Os cálculos envolvendo percentagem (ou porcentagem) podem ser considerados como casos especiais abrangendo razão e proporção. Considera-se a porcentagem como uma razão envolvendo termos consequentes de base 10. Por regra geral, entende-se que a razão percentual será: x x % = 100 O erro é a relação entre a incerteza e o resultado obtido: incerteza erro viscosidade = Utilizando-se a regra de três, pode-se calcular a relação entre a viscosidade e a distensão: 100% 2000 distensão % viscosidade 2000 distensão % distensão% viscosidade 2000 100 100 = × = = × Substituindo no erro: = × incerteza erro distensão% 2000 100 O resultado é decimal. Temos que converter para percentual; portanto, multiplicar por 100: ( ) incerteza erro 100 distensão% 2000 100 erro incerteza distensão% 100 2000 100 = × × = ÷ ÷ × × 94 Unidade II Questão 2. Um paciente apresentava sintomasde “tosse brava”, um surto de infecção respiratória que estava assolando a região. Ele trouxe a seguinte receita: Figura O estoque do medicamento por via oral, devido ao surto, estava esgotado. O frasco do medicamento com a apresentação em suspensão oral contém 100 mL e o rótulo indica que a cada 60 mL há 1200 mg de princípio ativo. 95 MATEMÁTICA APLICADA Assinale a alternativa que apresenta a equação incorreta: A) 200mg 24h total do dia 6h × = B) 60ml total do dia 10dias total volume suspensão 1200mg × × = C) total do tratamento 200mg 4 10dias= × × D) volume do frasco total de frascos total do volume = E) 60ml 200mg 4 total volume suspensão dia 1200mg × × = Resposta correta: alternativa D. Análise da questão Inicialmente, o total de princípio ativo diário. Usando a regra de três: 6h 200mg 24h total do dia = Portanto: 200mg 24h total do dia 6h × = A equação da alternativa A está correta. Também é possível simplificar 24 por 6, desta forma: total do dia 200mg 4= × Assim, o total do tratamento será: total do tratamento 200mg 4 10dias= × × A equação da alternativa C está correta. Para converter o teor em massa para o volume de formulação correspondente, utilizando novamente a regra de 3: 96 Unidade II 60mL 1200mg Vol Suspensão massa Principio Ativo massa P.A. 1200mg Vol Suspensão 60mL = × = Podemos extrair duas informações: 60ml 200mg 4 total volume suspensão dia 1200mg × × = A equação da alternativa E está correta. 60ml total do dia 10dias total volume suspensão 1200mg × × = A equação da alternativa B está correta. A equação incorreta é a apresentada na alternativa D, pois a quantidade de frascos é: total do volume total de frascos volume do frasco = 97 REFERÊNCIAS BARBOSA, H. M; TORRES, B. B., FURLANETO, M. C. Microbiologia básica. São Paulo: Atheneu, 1999. BOYER, M. J. Cálculo de dosagem e preparação de medicamentos. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. GUELLI, O. Matemática. São Paulo: Ática, 2006. GIOVANNI, J. R.; CASTRUCCI, B. A conquista da matemática. São Paulo: FTD, 1985. IEZZI, G.; DOLCE, O; DEGENSZAJN, D.; PÉRIGO, R. Matemática. 5. ed. 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