Prévia do material em texto
Centro Universitário de João Pessoa Curso de Medicina Componente Curricular: Morfofisiologia Humana VI Sistema Digestório Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Introdução Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 1. Digestão dos carboidratos: Fontes da dieta: Sacarose Lactose Amidos Celulose (não é considerado alimento) Dissacarídeos Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão de carboidratos na boca e no estômago: Saliva:ptialina (amido – maltose, maltotriose e α – dextrinas). A digestão do amido: continua no corpo e fundo do estômago por até 1h antes do alimento ser misturado com as secreções gástricas. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal A atividade da amilase salivar é bloqueada pelo ácido das secreções gástricas, por causa do pH. A saliva tem pH entre 6,0 e 7,0. É favorável à ação da ptialina. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão de carboidratos no intestino delgado: Amilase pancreática: 15 a 30 minutos depois do quimo ser transferido do estômago para o duodeno e se misturar com o suco pancreático, praticamente todos os carboidratos terão sido digeridos. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Em geral os carboidratos são convertidos em maltose e/ou outros pequenos polímeros de glicose antes de passar além do duodeno ou do jejuno superior. Nos enterócitos (borda em escova) → enzimas hidrolisam oligossacarídios a glicose Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Maltose Lactose Sacarose Glicose + Glicose Galactose + Glicose Frutose + Glicose Maltase Lactase Sacarase O amido deve ser transformado em maltose, α - dextrina e em polímeros de glicose (ação da α -dextrinase e maltase). No Intestino delgado Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 2. Digestão de Proteínas: Digestão das proteínas no estômago: pepsina A pepsina digere a proteína colágeno (tecido conjuntivo da carne) – importante para a ação de outras enzimas proteícas. Promove 10 a 20% do processo de digestão total das proteínas. A pepsina não é essencial para a digestão das proteínas. O pH ideal para a pepsina = entre 1 e 3. Mas no pH > 5 não tem quase nenhuma atividade proteolítica. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão das proteínas no intestino A maior parte da digestão de proteínas resulta da ação das enzimas proteolíticas pancreáticas: Duodeno e jejuno: Tripsina e quimiotripsina; Carboxipolipeptidase (aminoácidos individuais); Elastase (digestão da elastina). Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Fase final de digestão das proteínas: nos enterócitos. Vilosidades e microvilosidades: existem muitas peptidases. Exemplos: aminopeptidases e dipeptidases. No interior dos enterócitos: outras peptidases agem, facilitando a absorção dos aminoácidos para o sangue. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 3. Digestão de gorduras: Gorduras na dieta: Gorduras neutras: triglicerídeos (glicerol + ácidos graxos); Fosfolipídios; Ésteres de colesterol; Colesterol (apesar de não exibir ácido graxo). Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão de gorduras no estômago: A mistura fragmenta os lipídios em gotículas para aumentar a área de superfície para a digestão pelas enzimas pancreáticas. Ação insignificante da lipase lingual (secretada pelas glândulas linguais e deglutida com a saliva) e da lipase gástrica = 10%. Triglicerídios → monoglicerídios e ácidos graxos Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão de gorduras no intestino: Bile: Ocorre a emulsificação da gordura pela ação da bile. Torna os glóbulos gordurosos rapidamente fragmentáveis. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Os triglicerídeos são digeridos pela lipase pancreática: Os produtos finais da digestão de gordura são ácidos graxos livres. Os sais biliares formam micelas que aceleram a digestão de gorduras. Os fosfolipídios são hidrolisados pela fosfolipase A2 e o éster de colesterol é hidrolisado pela hidrolase do éster de colesterol. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4. Princípios básicos da absorção gastrointestinal: Bases anatômicas da absorção: No estômago ocorre pouca absorção: ausência das vilosidades e as junções entre as células epiteliais têm baixa permeabilidade. Mas, substâncias muito lipossolúveis (álcool e alguns fármacos – aspirina), são absorvidas em pequenas quantidades. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal As Pregas de Kerckring, Vilosidades e Microvilosidades: A mucosa absortiva do intestino delgado: Várias pregas chamadas de válvulas coniventes ou Pregas de Kerckring: são especialmente desenvolvidas no duodeno e no jejuno. Vilosidades: em maior quantidade no intestino superior do que no intestino delgado distal. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Cada célula epitelial intestinal, nas vilosidades, é caracterizada por borda em escova – até 1000 microvilosidades, projetando-se para o lúmen intestinal. Válvulas coniventes – aumenta a absorção 3x Vilosidades – recobrem as válvulas coniventes / aumenta a absorção 10x Cada célula epitelial: apresenta microvilosidades – aumenta a absorção 20x Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Organização Geral da Vilosidade: Sistema vascular vantajoso para absorver líquido e material dissolvido para o sangue porta. Vasos linfáticos para absorção da linfa. Pequenas quantidades de substâncias são absorvidas por pinocitose. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=BohKmV1gntWOpM&tbnid=Aoh1PRWbhqTliM:&ved=0CAUQjRw&url=http://avo-ostomizados.blogspot.com/2012_01_01_archive.html&ei=Yed6UvjlONPqkQfklYGIAw&bvm=bv.55980276,d.eW0&psig=AFQjCNFAADRycjlBahlydLiLBpX8HIhUGg&ust=1383872541516977 Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Absorção no intestino delgado: Diariamente: Centenas de carboidratos; 100 g ou mais de gordura; 50 a 100g de aminoácidos; 50 a 100g de íons; 7 a 8 l de água. Pode: Muitos Kg de carboidratos; 500 g de gordura; 500 a 700g de proteínas; 20 l de água. O intestino grosso pode absorver, ainda mais, água e íons, porém poucos nutrientes. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4.1 Absorção de água por osmose: É secundária à absorção de solutos. Quando o quimo está suficientemente diluído, a água é absorvida, através da mucosa intestinal, pelo sangue das vilosidades. Quando soluções hiperosmóticas são lançadas do estômago para o duodeno. A água é transportada do plasma para o quimo → Tornar o quimo isosmótico ao plasma. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4.2 Absorção do sódio: O sódio é passivamente transportado através da membrana luminal (intestinal), por vários mecanismos: Difusão passiva: através dos canais de sódio. O sódio se move do quimo para o citoplasma da célula epitelial, através da borda em escova. eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal É cotransportado por várias proteínas: Cotransportador de sódio-glicose. Cotransportador de sódio-aminoácido. Cotransportador de sódio-cloreto. É contransportado: Trocador de sódio-hidrogênio. Ação da Bomba de Na+ e K+ = membrana basolateral. Essas proteínas fornecem absorção ativa secundária de glicose e aminoácidos. eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce São os cotransportadores, que é uma proteína de membrana eu Realce Garante as concentraçõesadequadas de sódio dentro da célula Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal No cólon, a aldosterona intensifica muito a absorção de sódio e a secreção de potássio: semelhança com ação renal (túbulo distal). Secretada em casos de desidratação. Promove o aumento da absorção de sódio → aumenta absorção dos íons de cloreto, água e de outras substâncias. Efeito importante no cólon → praticamente não permite a perda de cloreto de sódio nas fezes e nem há perda hídrica. eu Realce eu Realce eu Realce Ao absorver o sódio não deixa de perder água. Porém parte dela ainda vai ser eliminada pelas fezes e pela urina. eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4.3 Absorção de potássio: É absorvido no intestino delgado por difusão passiva. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4.4 Absorção de íons cloreto acompanha a do sódio em todo o TGI através: Difusão passiva por uma via paracelular. Cotransporte de sódio-cloreto. Troca de cloreto e bicarbonato. eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Ocorre absorção pela membrana da borda em escova de partes do íleo e do intestino grosso: através do trocador de cloreto-bicarbonato (o cloreto é absorvido e o bicarbonato secretado). O cloreto sai da célula epitelial através dos canais. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4.5 Absorção de íons bicarbonato no duodeno e no jejuno: Ocorre no intestino delgado superior: devido a quantidade secretada pelo pâncreas e vesícula biliar. A absorção ocorre de forma indireta. eu Realce eu Realce Vai ocorrer uma reabsorção por meio do pâncreas Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Absorção ativa de íons bicarbonato: originado do suco pancreático. Sódio é reabsorvido, hidrogênio é secretado = hidrogênio se combina com o bicarbonato = ácido carbônico que se dissocia formando água e dióxido de carbono. A água permanece como parte do quimo e o dióxido de carbono é expirado. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal O Na+ é reabsorvido, hidrogênio é secretado = hidrogênio se combina com o bicarbonato vindo do pâncreas = ácido carbônico que se dissocia formando água e dióxido de carbono. Secreção de potássio - cólon Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4.6 Secreção do bicarbonato pelas vilosidades do íleo e pelo intestino grosso. Ocorre a secreção de bicarbonato , em troca dos íons cloreto, que são reabsorvidos (Trocador de cloreto e bicarbonato). Isso garante a neutralização dos produtos ácidos, formados pelas bactérias no intestino grosso. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Cotransportador NKCC Trocador de cloreto e bicarbonato Obs.: Ocorre a secreção de NaCl nas criptas - Cotransportador NKCC, canais CFTR , sódio e água por via paracelular. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4.7 Absorção ativa de cálcio, ferro, potássio, magnésio e fosfato: Cálcio: grande parte no duodeno. De acordo com a necessidade corporal diária. Relação com o PTH, vitamina D e calbindina Ferro: formação da hemoglobina. Potássio, magnésio e fosfato: necessidade diária. eu Realce eu Realce paratormônio eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce É uma proteína transportadora de cálcio. O paratormônio ativa a vit. D para que ocorra a absorção de Ca através dessas calbindinas. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal 4.8 Absorção de nutrientes: Os carboidratos são absorvidos como monossacarídios A glicose é transportada por mecanismo de cotransporte com o sódio (SGLT1): Na ausência do transporte de sódio através da membrana intestinal ou luminal, quase nenhuma glicose é absorvida. eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal O Na+ é transportado a favor do gradiente e o açúcar contra o gradiente. São transportadas das células para o sangue por difusão facilitada (GLUT 2). Bomba de Na+ e K+ na membrana basolateral, mantém a [Na+] intracelular baixa, conservando o gradiente de Na+ através da membrana luminal. eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal A absorção da galactose ocorre exatamente como a da glicose. Intolerância a lactose → Resulta da ausência da lactase na borda em escova → Incapacidade de hidrolisar a lactose a glicose e galactose para absorção → A lactose e a água permanecem no lúmen causando diarreia osmótica. eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal O transporte da frutose ocorre exclusivamente por difusão facilitada. NÃO pode ser absorvida contra um gradiente de concentração. Membrana luminal ou apical (GLUT 5) e na membrana basolateral (GLUT 2). eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal eu Realce GLUT 2 eu Realce SGLT Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Absorção de proteínas como aminoácidos, dipeptídios e tripeptídios. Ocorre cotransporte com o sódio semelhante a glicose (quando são aminoácidos). Alguns aminoácidos não utilizam o cotransporte com o sódio, mas são transportados por proteínas transportadoras da membrana, como ocorre com a frutose. eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Ocorre cotransporte de dipeptídios e tripeptídios dependente de H+ (PepT1), que são hidrolisados a aminoácidos no interior na célula intestinal (ação das peptidases citoplasmáticas). Os aminoácidos são transportados das células para o sangue por difusão facilitada (membrana basolateral). Alguns oligopeptídios que não são digeridos, são transportados intactos através da membrana basolateral por um trocador dependente de H+. eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Pepsina, Tripsina e Quimotripsina Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Oligopeptídios que não são digeridos são transportados intactos por um trocador dependente de H+. eu Realce TROCADO DE H+ (CONTRATRASNPORTADOR) eu Realce COTRANSPORTADOR DE H+ Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Absorção de gorduras: Os monoglicerídeos e os ácidos graxos livres, sofrem ação dos sais biliares. São carreados para a borda em escova das células intestinais. Se difundem das micelas para as membranas das células epiteliais, pois os lipídios são solúveis na membrana epitelial. eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce lipossolúveis Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal As micelas dos sais biliares continuam no quimo (reutilizadas). As micelas realizam função “carreadora”. Os ácidos graxos de cadeia curta são difundidos diretamente para o sangue: são mais hidrossolúveis. eu Realce proteína carreadora Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal No retículo endoplasmático das células intestinais, os produtos da digestão dos lípídios são reesterificados a triglicerídeos, éster de colesterol e fosfolipídios e, com apoproteínas, formam quilomícrons. Estes, são transportados para fora das células intestinais por exocitose → para os lactíferos (vasos linfáticos) das vilosidades e daí para o sangue circulante através do ducto linfático torácico. eu Realce eu Realce cadeias longas eu Realce eu Nota Os ácidos graxos de cadeia curta vão diretamente para o sangue. O s de cadeia longa são reesterificados em quilomícrons que são jogados nos vasos linfáticos. Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal A colipase = cofator proteicosecretado pelo pâncreas. Desloca alguns sais biliares → permite que a lipase acesse a gordura localizada dentro da cobertura de sais biliares. eu Realce afasta os sais biliares para lipase agir eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Absorção de vitaminas: As lipossolúveis (A,D,E e K): são incorporadas em micelas e absorvidas juntamente com outros lipídios. As hidrossolúveis: cotransporte dependente de sódio. A cobalamina (vitamina B12): é absorvida no íleo e exige a presença do fator intrínseco. eu Realce eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Absorção no intestino grosso: formação de fezes Maior absorção: cólon proximal / cólon absortivo. Menor absorção: cólon distal / cólon de armazenamento. Grande capacidade de absorver sódio, consequentemente o cloreto. eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal A mucosa secreta bicarbonato. Composição das fezes: ¾ de água e ¼ de matéria sólida → bactérias mortas, gordura, matéria inorgânica, proteínas e restos indegeridos. A cor: estercobilina e urobilina derivadas da bilirrubina. O odor: produtos da ação bacteriana. eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce eu Realce Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal Bibliografia CONSTANZO, L.S. Fisiologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. SILVERTHORN, D.U. et al. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2010. Centro Universitário de João Pessoa Curso de Medicina Componente Curricular: Morfofisiologia Humana VI Sistema Digestório Digestão e Absorção no Trato Gastrointestinal