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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA DISCIPLINA: CUNICULTURA AULA 1 – INTRODUÇÃO A CUNICULTURA Profª. Drª. Francislene Silveira Sucupira 1 29/02/2024 Objetivos Introdução Origem e importância Histórico no Brasil Evolução no desempenho de coelhos INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 2 2 29/02/2024 Introdução “Ramo da Zootecnia que trata da criação produtiva, econômica e racional do coelho doméstico”. Objetivos da criação: - Produção de carne; - Artesanato, pele e pelos; - Melhoramento genético; - Animais de laboratório; - Animais de companhia. INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 3 3 29/02/2024 Introdução “Proporciona proteína animal em curto período de tempo e a custo mínimo”. Características: - Facilidade de manejo; - Alta prolificidade; - Baixo índice poluidor; - Carne de excelente qualidade. INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 4 4 29/02/2024 Origem dos coelhos Ancestral comum: Coelho europeu; Nome científico: Oryctolagus cuniculus; - Cuniculus - Passagens subterrâneas; - Proteção e reprodução. Vestígios – Ásia e Península Ibérica Origem: Peninsula Ibérica - Encontrados pelos fenícios; - Apelidaram o país de “I spash in”´- Hispain - “Espécie de Damão” – Mamífero roedor herbívoro INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 5 5 29/02/2024 Origem dos coelhos INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 6 Damão das montanhas - Israel Damão das árvores - África 6 29/02/2024 A cunicultura no mundo Século VI - Início da domesticação: Papa Gregório - Criação em áreas fechadas – “Garrene” Seleção dos animais: - Tamanho; - Cor; - Conformação corporal; - Pelo. Século XIV: – Criações na Inglaterra - Caça por entusiastas. Século XVI – Varias raças conhecidas INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 7 7 29/02/2024 A cunicultura no mundo Século XVI: Expedições marinhas: a) Ideal para longas viagens; b) Disseminação no mundo. - Abolição das gaiolas – criações controladas Século XVIII – Criações controladas no Egito, Grécia China - Introdução na Austrália – reprodução sem controle Século XIX: Difusão da criação em cativeiro em toda a Europa Século XX: Segunda Guerra mundial: Necessidade de produção de alimentos de forma rápida e eficiente - Aumento no efetivo mundial INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 8 8 29/02/2024 A cunicultura no mundo Década de 60: – Interesse x Pesquisas - Desenvolvimento de primeiras raças puras Década de 70: Desenvolvimento de Raças sintéticas Década de 80: - Tecnologia e melhoramento – GP de 40g PV/dia - Primeiras granjas especializadas Década de 90: - Híbridos zootécnicos: Machos gigantes X Fêmea NZB e CAL - Modificações fisiológicas – índices de desempenho reprodutivo INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 9 9 29/02/2024 A cunicultura no mundo INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 10 Área Produção (toneladas) Efetivo (cabeças) 2010 2020 2010 2020 Mundo 1.185,487 899,726 814,841 608,188 África 78,638 97,122 70,170 81,387 América 17,550 15,429 14,672 12,904 Ásia 828,586 634,025 570,261 401,248 Europa 260,673 153,150 159,738 112,650 Tabela 1. Produção de carne de coelho e efetivo mundial (toneladas) Fonte: FAOSTAT (2022) 10 29/02/2024 A cunicultura no mundo INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 11 País 2022 China 358.152 Coréia 142.800 Egito 71.510 Espanha 51.181 França 26.141 Rússia 18.364 Tabela 2. Produção mundial de carne de coelho (toneladas) Fonte: FAOSTAT (2023) 11 01/03/2024 A cunicultura no mundo INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 12 PRODUÇÃO MUNDIAL EM 2022 756,476 TONELADAS 12 29/02/2024 A cunicultura no mundo 13 Tabela 4. Consumo de carne de coelho no mundo Fonte: FAO (2022) CONSUMO ANUAL PER CAPITA 0,19 kg País Consumo Coréia 6,81 kg República Checa 3,74 kg Espanha 1,09 kg Itália 0,91 kg China 0,61 kg 13 01/03/2024 A cunicultura no mundo Características dos consumidores: – Consumo pouco frequente – 1 a 3 vezes ao ano; - Maiores consumidores - Homens e pessoas idosas; - Tradição – determinante na diferença entre os países; - Países da região mediterrânea – origem da cunicultura – maior consumo. Características sensoriais e apresentação: – Positivos: Textura e sabor da carne; Baixo teor de gordura; - Negativos: Apresentação de carcaça inteira – culturalx manuseio; Falta de conhecimento sobre valor nutricional; Baixa disponibilidade de cortes de carne de coelho; Alto custo. INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 14 14 01/03/2024 INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 15 A cunicultura no mundo Fonte: Siddiqui et al. (2023) 15 01/03/2024 Cunicultura no Brasil Década de 50: – Introdução do coelho Angorá no RS; - Criação para a produção de láparos – vacina de febre aftosa (SP e RJ) Década de 70: - Novas técnicas de fabricação de vacinas – dispensava o uso de animais vivos; - Impacto nas empresas – Redução drástica no efetivo; - Redirecionamento das criações – produção de carne (baixos índices zootécnicos) - Criação ANCC Década de 80: - Persistência de algumas empresas – Sul e Sudeste; - Investimento para produção de carne – Projeto “Nosso Coelho”; - Diversos objetivos. INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 16 16 29/02/2024 Cunicultura no Brasil Atualmente: – Poucos estabelecimentos trabalham exclusivamente com coelhos; - Atividade secundária; - Região Sudeste - aumento da procura por carne de coelho (SP); - Região Norte e Nordeste - dados escassos, produção inexpressiva; - Granjas de pequeno porte (20 a 100 matrizes); - Propriedades de pequeno tamanho (até 10 hectares); - Produção principal: carne e mercado pet; - Produção secundária: peles, adubo, animais para pesquisa/laboratório Cunicultura pet ou de companhia: - Mercado crescente – parcela significativa no mercado da produção de coelhos; - Geração de renda para pequenos produtores. INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 17 17 29/02/2024 Cunicultura no Brasil Tamanho do rebanho: 200.345 cabeças Maior produtor: Rio Grande do Sul Propriedades: 16.095 IBGE (2017) 18 18 29/02/2024 Cunicultura no Brasil 19 Estado Efetivo Rio Grande do Sul 58.344 Santa Catarina 37.478 Paraná 23.625 São Paulo 18.636 Rio de Janeiro 15.791 Minas Gerais 13.496 Bahia 5.614 Pernambuco 2.946 Sergipe 2.769 Tabela 4. Efeito de coelhos no Brasil (cabeças) Fonte: IBGE (2017) CEARÁ – 2.255 CABEÇAS 19 29/02/2024 Cunicultura no Brasil Oficializada em 1996; Afiliada a World Rabbit Science Association; Lançamento da Revista Brasileira de Cunicultura em 2011; Aproximação de criadores; Realização de eventos e divulgação de resultado de pesquisas. INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 20 20 29/02/2024 Cunicultura no Brasil INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 21 Vantagens Desvantagens Possível criar em espaços pequenos Falta de conhecimento do criador Animais dóceis e de fácil manejo Alto custo das rações disponíveis no mercado Transformação de alimentos de baixo valor biológico (forragens) em proteína essencial* Falta de marketing e divulgação Uso de fibra na alimentação como fonte de energia Tabu nacional acerca do consumo de coelho Carne de alta qualidade, alta digestibilidade e baixo nível de colesterol Falta de organização do setor Alta prolificidade, que permite o abate contínuo de animais Quadro 1. Vantagens e desvantagens da criação de coelhos. Fonte: Klinger e Toledo (2017) 21 29/02/2024 Cunicultura no Brasil 01/02/20XX Fonte: Siddiqui et al. (2023) 22 Eficiência de transformação da proteína alimentar em carne Frango Coelhos Suínos Bovinos 0.22 0.2 0.12 0.08 Classificação Zoológica FILO: Chordata SUBFILO: Vertebrata CLASSE: Mamalia ORDEM: Lagomorfa FAMÍLIA: Leporidae – lábio superior fendido (coelhos e lebres) GÊNERO: Oryctolagus – animais silvestres europeus ESPÉCIE: Oryctolagus cunículus – animais que vivem em galerias subterrâneas INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 23 23 29/02/2024 Anatomia e fisiologia do coelho Esqueleto – Cerca de 8% do PV; Dentição – 28 dentes (sem caninos); Dentes de leite – troca aos 21 dias; Elodontes - Crescimento contínuo dos dentes incisivos; Fórmula dentária: - C = 0/0, I = 4/2, PM = 6/4, M = 6/6. 24 24 29/02/2024 Anatomia e fisiologia do coelho Aparelho circulatório – frequência cardíaca de 120 a 150 batimentos/minuto; Aparelho respiratório – frequência respiratória varia de 50 a 60 respirações/minuto; Aparelho excretor – excreção de Ca pela urina; Aparelho reprodutor - Dois ovários, dois ovidutos ou trompas, duas cérvices, vagina e vulva; Sistema digestório – Estômago simples e ceco de tamanho avantajado; Produção de cecótrofos.25 25 29/02/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura Carne – excelente qualidade e elevado valor proteico; Pele - Agasalhos, colchas, artesanatos; Couro – Bolsas, sapatos e carteiras; Pêlos – Tecidos finos, feltros; Cérebro – tromboplastina, reagente para teste de pezinho; Sangue – laboratório para testes sorológicos (teste de coagulose). INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 26 26 29/02/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 27 Esterco; Reprodutores – Prolificidade x taxa de reprodução; Urina – fixação de perfume; Patas, caudas e orelhas – Amuletos, petiscos para cães; Vísceras – Alimentação animal. 27 29/02/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 28 Espécie animal Componente % de proteína % de gordura Colesterol (mg/100g) Coelho 21,0 8,0 50 Frango (peito sem pele) 18,6 4,9 90 Bovino 17,4 25,1 140 Carneiro 16,5 21,0 - Tabela 5. Composição de carne de coelho comparada a demais espécies Fonte: Klinger e Toledo (2017) 28 29/02/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 29 Nutrientes Parte dianteira Parte traseira Proteína (%) 21,8 22,1 Umidade (%) 79,1 79,3 Gordura (%) 8,8 3,7 Energia bruta (kcal/100 g) 161,3 118,9 Colesterol (mg/100g) 103,4 120,3 LDL (mg/100g) 26,5 78,4 HDL (mg/100g) 32,7 35,7 Tabela 6. Composição de diferentes partes da carne de coelho. Fonte: Fadlilah et al. (2020); Rasinska et al. (2018); Dal Bosco et al. (2013); Forrester-Anderson et al. (2016) 29 01/03/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 30 Vitaminas (unid) Qtde/100 g de carne Vitaminas (unid) Qtde/100 g de carne Vitamina A (μg) Traços Ácido Pantotênico B5 (mg) 0,60 Vitamina E (mg) 0,186 Piridoxina B6 (μg) 0,34 Tiamina B1 (mg) 0,082 Biotina B8 (μg) 0,70 Riboflavina B2 (mg) 0,125 Ácido fólico (μg) 5,00 Niacina B3 (mg) 9,60 Cobalamina B12 (μg) 6,85 Tabela 7. Vitaminas na carne de coelho (qtde/100 g de carne) Fonte: Scapinello et al. (2019) 30 29/02/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 31 Vitaminas (unid) Qtde/100 g de carne C 10:0 (Cáprico) 3,19 ± 1,01 C 12:0 (Láurico) 6,27 ± 0,68 C 14:0 (Mirístico) 67,10 ± 2,82 C 16:0 (Palmítico) 712 ± 24,6 C 16:1 (Palmítoleico) 78 ± 5,16 C 18:0 (Estéárico) 185 ± 5,88 C 18:2 (Linoléico) 777 ± 33,2 C 18:3 (Linolênico) 81,2 ± 4,81 C 20:1 (Eicosaenóico) 9,96 ± 0,73 Tabela 8. Ácidos graxos em carne de coelhos (mg/100 g de carne) Fonte: Scapinello et al. (2019) 31 29/02/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 32 Espécie animal Nutriente Nitrogênio (%) Fósforo (%) Potássio (%) Coelho 1,5 – 2,5 1,4 – 1,8 0,5 – 0,8 Frango 1,5 1,25 0,85 Suíno 0,5 – 0,8 0,3 – 0,5 0,3 – 0,5 Bovino 0,3 – 0,7 0,2 – 0,5 0,2 – 0,6 Tabela 9. Composição do esterco de coelho comparada a demais espécies Fonte: Vieira (1987) 32 29/02/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 33 MÉDIA DE PREÇO - PORTUGAL 33 01/03/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 34 MÉDIA DE PREÇO – SÃO PAULO 34 01/03/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 35 MÉDIA DE PREÇO – SÃO PAULO R$ 79,97 / kg – Agosto 2022 35 01/03/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 36 MÉDIA DE PREÇO – BELO HORIZONTE R$ 69,90 / kg – Agosto 2022 36 01/03/2024 Produtos e subprodutos da cunicultura INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 37 MÉDIA DE PREÇO – PETRÓPOLIS R$ 40,00 / kg – Agosto 2022 37 01/03/2024 Produtos e subprodutos da cuniculturaINTRODUÇÃO A CUNICULTURA 38 Pequena quantidade de abatedouros no Brasil Fonte: Machado (2012) 38 01/03/2024 Desempenho dos coelhos INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 39 Variáveis Década 50 60 70 90 2000 2010 Peso de abate (kg) 1,7 1,7 1,7 2 2 2 – 2,5 Idade de abate (dias) - - 90 80 75 75 Ganho de peso (g/dia) 20 25 30 40 40 40 Conversão alimentar 7:1 7:1 6:1 4:1 3:1 2,7:1 Produtividade (láparos/fêmea/ano) 20 30 45 60 60 80 Tabela 10. Evolução no desempenho dos coelhos entre 1950 a 2010 Fonte: Klinger e Toledo (2017) 39 01/03/2024 OBRIGADA INTRODUÇÃO A CUNICULTURA 40 40 01/03/2024 image1.jpeg image2.png image3.png image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.png image8.emf image9.emf image10.jpeg image11.emf image12.png image13.png image14.png image15.png Microsoft_Excel_Worksheet.xlsx Planilha1 Eficiência de transformação da proteína alimentar em carne Frango 22% Coelhos 20% Suínos 12% Bovinos 8% image22.png image23.png image24.png image25.png image26.jpeg image27.jpeg image28.jpeg image29.jpeg image30.jpeg