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CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO CURSO SUPERIOR PEDAGOGIA ANDRÉA CRISTINA JARINA FÁTIMA CARVALHO VALDICLEI VITAL A SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA SURDA NA ESCOLA INCLUSIVA São Paulo 2018 ANDRÉA CRISTINA JARINA FÁTIMA CARVALHO VALDICLEI VITAL A SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA SURDA NA ESCOLA INCLUSIVA Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro Universitário Ítalo Brasileiro, como parte dos requisitos para Avaliação na disciplina de Pedagogia, sob a orientação do Prof. Dr. José Luiz Germano Martins e Profª Mestra Angélica Costalunga. São Paulo 2018 Aos nossos familiares pelo apoio e paciência durante a realização deste trabalho. A todos aqueles que passaram por nossas vidas e que de alguma forma contribuíram para o nosso crescimento. AGRADECIMENTOS Ao Professor Doutor José Luiz Germano Martins e à Professora Mestra Angélica Costalunga, que com dedicação nos ensinaram, incentivaram e orientaram neste trabalho de Conclusão de Curso com louvável dedicação. Aos demais docentes do Curso pelo conhecimento compartilhado e o apoio sempre constantes, dedicamos nossa admiração e respeito. Aos nossos colegas de classe, que são tantos que não poderíamos listar, pela troca e parceria. Enfim, agradecemos a todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para que pudéssemos concluir esta jornada. Há na educação inclusiva a introdução de um olhar. Uma maneira nova de se ver, ver os outros e ver a educação. Para incluir todas as pessoas, a sociedade dever ser modificada com base no entendimento de que é ela que precisa ser capaz de atender as necessidades de seus membros. Assim sendo, inclusão significa a modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e exercer sua cidadania. (FREITAS, 2006, p. 167). RESUMO O objetivo geral desse estudo é conhecer os processos de inclusão dos alunos surdos no ambiente da escola pública em que a maioria dos alunos são ouvintes com línguas distintas. São objetivos específicos: observar como ocorre a comunicação do surdo na escola, investigar como se dá o processo de interlocução entre os alunos surdos e alunos ouvintes, analisar como funciona nas adaptações curriculares voltadas para a questão linguística e pedagógica do aluno surdo, bem como conhecer como ocorre à relação professor-aluno, intérprete-professor. A problemática norteadora desta pesquisa é identificar quais os mecanismos necessários para a total interação social do aluno surdo na escola inclusiva? Como se dá a interação com colegas ouvintes e professores na integração didática e no ambiente escolar? E, havendo intérprete, como é sua interação e trabalho na sala de aula? Seguindo a metodologia de pesquisa exploratória bibliográfica descritiva de campo, foi realizado anteriormente um levantamento bibliográfico seguido de observação em duas escolas com crianças surdas. Concluiu-se que o educador deve lançar mão de todos os recursos possíveis para favorecer a interação social do aluno surdo na escola inclusiva. Um intérprete de libras na sala de aula é o ideal, mas, na impossibilidade deve buscar formas para favorecer a comunicação com recursos visuais e, dependendo do caso, recursos auditivos. Observou-se também que na escola com professor e intérprete a sintonia e interação dos profissionais é natural e favorece a aprendizagem da LIBRAS e da Língua Portuguesa igualmente, já que a primeira facilita a aprendizagem da segunda. Palavras-chave: surdo, escola, LIBRAS e educação inclusiva. ABSTRACT The general objective of this study is to know the processes of inclusion of deaf students in the public school environment in which the majority of students are listeners with different languages. There are specific objectives: to observe how the deaf person communicates in the school, to investigate how the process of interlocution between the deaf students and hearing students takes place, to analyze how more curricular adaptations turned to the linguistic and pedagogical issues of the deaf student, as well as to know as the teacher-student relationship, intérpreter- teacher occurs. The guiding problem of this research is to identify the mechanisms for total social interaction of the deaf student in the inclusive school? How do you interact with fellow listeners and teacher in didactic integration and in the school environment? And, having intérpreter, how is your interaction and work in the classroom? Following the descriptive exploratory bibliographic descriptive field methodology, a bibliographic survey was carried out previously followed by observation in two schools with deaf children. It was concluded that the educator must use all possible resources to favor the social interaction of the deaf student in the inclusive school. An intérpreter of pounds in the classroom is ideal, but in the impossibility should look for ways to favor communication with visual aids and, depending on the case, auditory resources. It was also observed that in the school with teacher and interpret the interaction and interaction of the professionals is natural and favors the learning of LIBRAS and the Portuguese Language equally, since the first facilitates the learning of the second. Keywords: deaf, school, LIBRAS and inclusive education. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 08 2 A ESCOLA INCLUSIVA NO BRASIL.................................................................. 11 2.1 A história da escola inclusiva......................................................................... 11 2.2 Inclusão............................................................................................................ 13 2.3 Integração......................................................................................................... 17 3 SURDEZ E PERDA AUDITIVA............................................................................ 20 3.1 Estudos clínicos sobre a surdez.................................................................... 20 3.2 Surdez e suas implicações clínicas e fisiológicas....................................... 22 3.2.1 Classificação de perdas auditivas: conceitos de tipo, grau, entre outros....... 23 3.3 Acões preventivas na escola.......................................................................... 26 4 LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E BILINGUISMO......................... 28 4.1 LIBRAS - Língua Brasileira de sinais na educação de alunos surdos...... 28 4.2 Bilinguismo na educação escolar.................................................................. 29 4.3 A aprendizagem da criança surda.................................................................. 29 4.3.1 Métodos de desenvolvimento de linguagem para surdos............................... 32 4.3.2 Especificidades dos alunos surdos na leitura e na escrita............................. 33 5 A ATUAÇÃO DO PROFESSOR E O INTÉRPRETE DE LIBRAS....................... 35 5.1 O professor....................................................................................................... 35 5.2 Intérprete de LIBRAS: aspectos situacionais............................................... 38 5.3 O intérprete Educacional (IE) ......................................................................... 40 6.PROCEDIMENTO DE PESQUISA....................................................................... 42 6.1 A pesquisa........................................................................................................42 7 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE.......................................................................... 45 7.1 Procedimento de observações....................................................................... 45 7.1.1 Há diferença na construção do planejamento pedagógico do aluno surdo oralizado e do aluno profundo? .............................................................................. 46 7.1.2 Há participação efetiva dos gestores, coordenadores professores e todos os funcionários na diversidade da escola quando há um aluno surdo? ...................... 49 7.1.3 Qual a estratégia adotada pelo professor no ensino da Língua Portuguesa segunda língua do aluno surdo? ............................................................................. 51 7.1.4 Qual a Interação do aluno surdo com os alunos ouvintes?............................ 53 7.1.5 Como é a relação do Professor e o Intérprete de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais no aprendizado do aluno em sala de aula? ............................................ 54 7.1.6 Como é a estrutura física?............................................................................. 55 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 57 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 65 8 1 INTRODUÇÃO O tema escolhido: escola inclusiva e o aluno com surdez está relacionado principalmente à “deficiência“ do sistema e a rotina da criança surda na escola inclusiva, isto é, o Brasil tem Leis elaboradas a respeito da educação inclusiva, mas não são desenvolvidas e respeitadas. Ao iniciar a pesquisa passamos a focar na socialização da criança surda determinando assim o título deste trabalho: “A socialização da criança surda na escola inclusiva”. O artigo 208 do capítulo III – Da educação, da Cultura e do Desporto da Constituição prescreve que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de “[...] atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Infelizmente, não é segredo que frequentemente as escolas não têm à sua disposição este atendimento educacional especializado e, quando o tem, é de modo insatisfatório, pontual. Não são disponibilizados intérpretes de libras nas escolas em que se matriculam alunos surdos e, quando tem, se trata de uma exceção. O primeiro acolhimento social e educacional é a escola e o professor tem o comprometimento para desenvolver a criança em sua totalidade e neste aspecto o intérprete de LIBRAS tem, ou teria um papel imensurável. A inclusão não é integração, é muito mais, não se trata de “favorecer apenas a aprendizagem (parcial) do surdo”, refere-se ainda a socialização dele com o grupo e do grupo com ele viabilizando se possível que todos os alunos possam ter acesso a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) sinalizando o compromisso da escola com práticas pedagógicas que superam as deficiências. Tal reflexão leva a uma série de inquietações que neste caso, desencadearam a problemática desta pesquisa através das seguintes questões: Quais os mecanismos para total interação social do aluno surdo na escola inclusiva? Como se dá a interação com colegas ouvintes e professor na integração didática e no ambiente escolar? Se há intérprete, como é sua interação e trabalho na sala de aula? Claro que a inclusão da criança surda na escola inclusiva apresenta diferentes perspectivas, por ser um assunto relevante também gera grandes desafios aos professores, já que precisam garantir a qualidade de ensino a esses alunos de maneira a colaborar com suas dificuldades e dessa forma abordando a 9 diversidade e a igualdade. Essa interação do alunado com surdez implica na inserção social e educacional no ambiente da escola. Inclusão requer compromisso do professor, para que não haja turmas homogêneas, é necessário que a escola também se comprometa com práticas pedagógicas indo além da deficiência. Conforme Sacks (1998), os estudos sobre surdos mostram-nos que boa parte do que é distintamente humano em nós – nossas capacidades de linguagem, pensamento, comunicação e cultura não se desenvolvem de uma forma automática, não se compõe apenas de funções biológicas, mas também tem origem social e histórica. Por esta origem social é que se julga necessário integrar no cotidiano da escola inclusiva a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), desde a formação do professor com mais responsabilidade, pois se trata de uma língua visual, e o conteúdo da língua para os alunos desde o ensino infantil. O processo, no entanto, é falho, não há incentivo governamental para que os professores na sua atuação busquem aperfeiçoamento em LIBRAS e obviamente, não há em todas as escolas intérprete de LIBRAS, as demais crianças (ouvintes) também não sabem a língua, sendo assim, continua a existir uma criança surda apática nos intervalos das escolas. É necessário se valer da Legislação, é imprescindível que as diretorias de ensino e seus profissionais invistam na inclusão social, pois a integração do professor ouvinte com o intérprete de LIBRAS, envolvendo inclusive, o planejamento de aula baseado em todos os alunos, permite que a escola se faça inclusiva. O objetivo geral dessa pesquisa é conhecer os processos de inclusão oferecidos aos alunos surdos no ambiente da escola pública, em que a maioria dos alunos são ouvintes com línguas distintas, mas que pertencem a todos. São objetivos específicos: observar como ocorre a comunicação do surdo na escola, investigar como se dá o processo de interlocução entre os alunos surdos e alunos ouvintes, analisar como funciona nas adaptações curriculares voltadas para a questão linguística e pedagógica do aluno surdo, bem como conhecer como ocorre à relação professor-aluno, intérprete-professor. Muitas outras questões influenciam as possibilidades de socialização do aluno surdo na escola inclusiva remetendo a própria incidência de surdez no Brasil, a falta de prevenção e informação por parte da sociedade. Este trabalho segue a metodologoia de pesquisa exploratória descritiva de 10 campo e bibliográfica, de modo que foram realizadas observações em uma escola com crianças surdas, além de levantamento bibliográfico do assunto. Posteriormente as observações registradas foram interpretadas com base no levantamento bibliográfico previamente realizado. O trabalho apresenta-se estruturado em 7 capítulos. Não ousando o esgotamento do tema, este trabalho almeja conhecer os processos de inclusão de alunos surdos no ambiente da escola pública em que a maioria dos alunos são ouvintes com línguas distintas, mas que pertencem a todos. 11 2 A ESCOLA INCLUSIVA NO BRASIL Faz se de suma importância nos debruçarmos sobre o viés histórico da escola inclusiva para compreender toda a complexidade de seus desdobramentos. Este capítulo aborda, portanto, o percurso histórico da escola inclusiva e da educação especial, possibilitando uma reflexão sobre seus avanços e ranços. O difícil quando nos relacionamos com uma pessoa com deficiência é a deficiência em nós, não nela. É claro que ele é o deficiente e a deficiência dele está assumida, em sua pele, em seu rosto, em sua cabeça. É claro que o deficiente é ele, mas é esse tipo de deficiência na relação que quero sublinhar aqui: o pior de uma deficiência é o gozo de uma superioridade sobre alguém, por uma razão, que muitas vezes vai valer por todos nós (MACEDO, 2005, p.27 apud ALBRES, 2010, p. 57). 2.1 A história da escola inclusiva Mantoan (2015) aponta que o modelo educacional no Brasil apresenta há algum tempo sinais de esgotamento e, nesse vazio de ideias que acompanha a crise paradigmática, surge o momento oportuno das transformações. Para a autora, um novo paradigmado conhecimento está emergindo das interfaces e das novas conexões que se formam entre saberes desconexos e dos encontros da subjetividade humana com o cotidiano, o social e o cultural. A velocidade das comunicações e informações proporciona o rompimento de fronteiras das disciplinas e estabelece novos marcos de concepção entre as pessoas do mundo em que vivemos. Diante dessas novidades, a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor, nem anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais formas e instrui os alunos; e; muito menos, desconhecer que aprender implica ser capaz de dar significado a objetos, fatos, fenômeno de forma singular. (MANTOAN, 2015). A ideia de que a educação é um processo social, um instrumento básico e efetivo de reconstrução social, teve sua origem nos trabalhos de Dewey. Para ele, a escola desempenha uma função criativa na formação dos indivíduos e, por 12 intermédio deles, na transformação da cultura. “A educação é uma prática social, universalmente caracterizada pela forma de agir coletiva, objetivando desenvolver, nas crianças e jovens, as habilidades e conhecimentos que facilitariam e entrosamento com o restante do grupo.” (CANDIDO, 1971, apud ALBRES, 2010, p. 61). Mantoan (2015), afirma que a inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernizar a natureza atual da maioria de nossas escolas. Essa ação acontece à medida que as instituições de ensino assumem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam, em grande parte, do modo como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida. Já de acordo com Coll (1984) o conceito integrar-se constituía em localizar no sujeito o foco da mudança, e as reais dificuldades encontradas no processo de busca de “normalização” da pessoa com deficiência. Este conceito considerava que as diferenças na realidade não se aniquilavam, mas que deveriam ser administradas no convívio social. Como se, ser considerado diferente fosse razão para determinar sua inferioridade enquanto ser humano e ser social. Para Ferreira (2006), o movimento de inclusão que se iniciou nos anos 1980, pressupõe mudanças na sociedade, mostra que a inclusão social não é um processo que envolva somente um lado, mas abrange duas direções, envolvendo atuação junto à pessoa com necessidades educacionais especiais (termo usado na época) e atos junto à sociedade. A autora recorda que na década de 90, com a política de “Educação para Todos”, na Conferência Mundial da UNESCO, o país comprometeu-se com uma reformulação intensiva do sistema educacional brasileiro, de maneira a acolher a todos, indiscriminadamente, com qualidade e legitimidade de direitos. Com a Declaração de Salamanca em 1994, foi determinada a construção de um sistema educacional inclusivo, prioritariamente no que se refere à população de alunos com necessidades educacionais especiais. Quatro anos depois, em 1998, houve a elaboração do documento: Adaptações Curriculares para Alunos com Necessidades Educacionais Especiais no Âmbito dos Parâmetros Curriculares Nacionais, uma mudança importante na história da educação especial. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1988). No final do século XX e início do século XXI, diversos estudiosos apresentaram com suas teorias, grandes contribuições à educação de surdos na 13 escola comum, enaltecendo a valorização da diversidade no contexto social para o surdo e reconhecimento do potencial de cada um. 2.2 Inclusão A inclusão é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade por meio de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos (espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos e utensílios, mobiliários e meios de transportes) e na mentalidade de todas as pessoas, portanto do próprio portador de necessidades especiais. O conceito de educação inclusiva surgiu a partir de1994, com a Declaração de Salamanca. A ideia é que as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas em escolas de ensino regular. O objetivo da inclusão demonstra uma evolução da cultura ocidental, defendendo que nenhuma criança deve ser separada das outras por apresentar alguma espécie de deficiência. Do ponto de vista pedagógico, esta integração assume a vantagem de existir interação entre crianças, procurando um desenvolvimento conjunto. No entanto, por vezes, surge uma imensa dificuldade por parte das escolas em conseguir integrar as crianças com necessidades especiais, devido à necessidade de criar as condições adequadas. Com a Declaração de Salamanca surgiu o termo necessidades educativas especiais, que veio substituir o termo “criança especial”, termo anteriormente utilizado para designar uma criança com deficiência. Com este novo termo não se refere apenas às pessoas com deficiência, este inclui todas e quaisquer necessidades consideradas “diferentes” e que necessitem de algum tipo de abordagem específica por parte das instituições de ensino. Num mundo cheio de incertezas, o homem está sempre à procura da sua identidade e, por vezes, chega mesmo a procurar integrar- se na sociedade que o rodeia, pois fica um pouco “perdido”. A educação inclusiva apoia os deficientes numa educação especial. A Educação Especial é o ramo da Educação, que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas deficientes, ou seja, de pessoas com necessidades 14 educativas especiais. Segundo Coll, Palácios e Marchesi (1984), a Educação Especial é uma educação organizada para atender específica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais (termo usado na época). Algumas escolas dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto que outras se dedicam a vários. O ensino especial é mais frequente em instituições destinadas a acolher deficientes, isto tem sido alvo de críticas, por não promoverem o convívio entre as crianças especiais e o restante das crianças. No entanto, é necessário admitir que a escola regular nem sempre está capacitada para oferecer uma resposta que atenda as diversas necessidades destas crianças. A Educação Especial consiste em fenômenos de ensino e aprendizagem diferentes da educação regular, são vários os profissionais que podem/devem trabalhar na educação especial, como por exemplo, o educador físico, professor, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional. Segundo Coll (1984), a escola direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados. O sistema regular de ensino precisa adaptar-se, caso deseje ser inclusivo. Hoje, é possível encontrarmos mais facilmente escolas adaptadas e que se tornaram inclusivas. A criança com necessidades educativas especiais ou a sua família já podem optar sobre onde pretende inserir o educando em questão. Dessa forma, há uma tendência em “centralizar a ação educativa na utilização de recursos comunicativos, deixando-se em segundo plano a prática pedagógica, que se transforma assim, em uma prática comunicativa” (COLL, 1984 p.38). Para Mantoan (2006), na escola tradicional, o aluno é necessariamente o mesmo, uma reprodução do sujeito da razão e da consciência, determinado por quadros de referência que o mantém estável no mundo escolar. O aluno da escola é outro sujeito, que não tem identidade fixa, permanente, essencial. Esse aluno contesta os dispositivos que regularizam a escola, que decretam e naturalizam as repetências, as exclusões, e legalizamos espaços marginais da educação, como é o caso do ensino especial e de outras modalidades que ainda se mantém na maior parte dos sistemas de ensino em todo o mundo. No entendimento da autora, infelizmente, ainda vigora a visão conservadora de que as escolas de qualidade são as que enchem as cabeças dos alunos com datas, fórmulas, conceitos justapostos e fragmentados. A qualidade desse ensino15 resulta do primeiro e da supervalorização do conteúdo acadêmico em todos os níveis. Persiste a ideia de que as escolas de qualidade são as que centram a aprendizagem no racional, no aspecto cognitivo do desenvolvimento, que avaliam os alunos pela quantificação das respostas padrão. Seus métodos e suas práticas preconizam a exposição oral, a repetição, a memorização, os treinamentos, os livrescos, a negação do valor do erro. São escolas que estão sempre preparando o aluno para o futuro, seja ela a próxima série a ser cursada, o nível de escolaridade posterior ou exames vestibulares. Ainda no ponto de vista da autora, são necessárias mudanças profundas no sistema educacional vigente a fim de garantir o cumprimento dos objetivos da inclusão. Cumpre então, considerar as inúmeras dificuldades vivenciadas por todos os participantes do cotidiano das escolas que tentam, de diferentes maneiras, viabilizar a educação inclusiva de acordo com suas possibilidades. Neste raciocínio, Mantoan (2006), complementa que superar o sistema tradicional de ensinar é um propósito que todos na educação têm que ter, e tem que se efetivar com toda urgência. Essa superação refere-se ao que e como se ensina os alunos, para que eles cresçam e se desenvolvam, sejam éticos, justos e cidadãos capazes. Tem-se um ensino de qualidade a partir de saberes e de relações de trabalho pedagógico que implicam formação de redes de saberes e de relações por caminhos imprevisíveis para chegar ao conhecimento; existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam pela solidariedade, pela colaboração e pelo compartilhamento do processo educativo com todos os que estão direta ou indiretamente envolvidos. Segundo Bueno (2001), a preocupação com a educação dos alunos com necessidades especiais (termo usado na época) tem se modificado ao longo da história, tendo caracterizado diferentes paradigmas nas relações das sociedades com essa população. No Brasil, as primeiras informações sobre a atenção para com as pessoas deficientes remontam a época do Império, seguindo o paradigma da institucionalização; ou seja, os deficientes permaneciam segregados em instituições para que fossem cuidados e protegidos. Em contrapartida, a inclusão reconhece que a escola atual não vem conseguindo dar conta das múltiplas diferenças de seus alunos, originários de suas condições pessoais, sociais e culturais. O autor afirma também, a necessidade de modificações estruturais na instituição escolar, para que esta seja capaz de prover 16 uma educação de qualidade a todas as crianças. O Brasil também tem definido políticas públicas e criado instrumentos legais que explicitam sua opção pela construção de uma sociedade para todos. Dentre eles, destacam-se: o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), a Política Nacional para a Integração de Pessoa Portadora de Deficiência (1999), o Plano Nacional de Educação (2001), a Convenção Interamericana para Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas com Deficiência (2001), as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, CNE. CEB nº 02/2001 (BRASIL, 2011). Omote (1999) aponta que com a inclusão, o foco deslocou-se do aluno para o meio, o que se busca é basicamente uma reformulação da escola, tornando-a capaz de gerar um ensino de qualidade a todos. Ao conceito de inclusão estão associados alguns pontos propiciadores de inovações, trazendo uma postura filosófica, um imperativo moral implicando transformações sociais. Mendes (2002), afirma que o processo de inserção escolar era possível somente para os alunos que conseguissem se adaptar à classe comum, portanto, não eram exigidas modificações no sistema, sendo que aqueles que não conseguissem acompanhar os demais alunos eram excluídos. Diante das críticas a esse processo, e com o movimento na história da atenção às pessoas com necessidades educacionais especiais, surgiu então a educação inclusiva, cuja ideia central é intervir diretamente sobre essas pessoas e reestruturar a sociedade para que seja possível a convivência dos diferentes. Na percepção de Mendes (2002), a educação, passou-se a defender um único sistema educacional de qualidade para todos os alunos, com ou sem deficiência. Segundo essa concepção, a escola atual tem provocado ou acentuado desigualdades associadas às diferenças de origem pessoal, social, cultural e política. E é nesse sentido que a inclusão afirma a necessidade de reestruturação do sistema educacional para prover uma educação de qualidade a todas as crianças. Mendes (2002), também afirma que a inclusão social implica na conquista de espaço social, por meio das interações que se estabelecem no interior dos grupos sociais e de participação ativa e produtiva da sociedade, tanto na escola, como no lazer e no trabalho. Trata-se, portanto, de uma condição almejada não apenas por pessoas com necessidades educacionais especiais, mas por todos aqueles que são 17 excluídos do direito à educação, saúde, moradia e lazer. No século XX, iniciam-se então, os movimentos sociais, e em 1948, os países participantes da Organização das Nações Unidas elaboram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento importante que desde então, tem norteado os movimentos e definições de políticas públicas nesses países (BRASIL, 2011). A década de 1960 caracterizou-se por intenso movimento mundial de defesa dos direitos das minorias, associado à crítica a institucionalização de pessoas com deficiência. Começaram a serem implantados então os serviços de Reabilitação 18 Profissional, especialmente voltados a essa população, visando prepará-la para a integração ou a reintegração na vida da comunidade (BRASIL, 2004). Em contrapartida, o conceito de inclusão social, apontado por Novaes e Balieiro (2004), traz consigo a noção de que a diversidade é parte da condição humana e que, portanto, o sujeito com deficiência é parte integrante da sociedade, devendo ter as mesmas oportunidades para se desenvolver. A sociedade deve, pois, se ajustar à sua condição, por meio do convívio, do respeito e da cooperação mútua. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998, v.1) aponta que a escola inclusiva é aquela que abre espaço para todas as crianças, abrangendo aquelas com necessidades especiais. O principal desafio é desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de educar a todas, sem discriminação, com respeito às suas diferenças; uma escola que dê conta da diversidade e ofereça respostas adequadas às características e necessidades de seus alunos, solicitando apoio de instituições e especialistas quando se fizer necessário. Trata-se de uma meta a ser atingida por todos que estão comprometidos com o fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e solidária. Os alunos inclusivos podem ser adequadamente educados em situações comuns de ensino ou ainda, requerer educação especial. De um modo ou de outro, a concretização de uma educação de melhor qualidade para o alunado depende, em grande parte, de seu devido equacionamento nas políticas educacionais. (MAZZOTA, 2011, p.205). 2.3 Integração 18 Para Mazzotta (2005), a ideia da integração implica como recurso principal à promoção de mudanças no indivíduo, no sentido de normalizá-lo. Enquanto que, a ideia da inclusão, antevê influências decisivas e assertivas, em ambos os lados da situação: no processo de desenvolvimento do sujeito e no processo de reajuste da realidade social. Com isso, atua no sentido de nelas causar as adequações e legitimações (físicas, materiais, humanas, sociais, etc.) indispensáveis para que a pessoa com necessidades educacionais especiais possa prontamente contrair condições de ingresso e acesso no cotidiano regular e na convivência na sociedade, com inserçãolegítima nos direitos humanos. Com a convivência na diversidade há a possibilidade de proporcionar a administração das diferenças no aprendizado das relações interpessoais, aspecto básico da democracia e da cidadania. Segundo Albres (2010, p.73), “embora muito difundida, a ideia de oportunidade, bem como escola para todos, muitas vezes não leva em conta a desigualdade de condições. A própria escola não tem condições de sanar todas as desigualdades”. Ainda de acordo com Albres (2010) as duas expressões – integração e inclusão -, ainda que tenham significados semelhantes, são empregados para propagar situações de inserção diferentes e fundamentam–se em posicionamentos teóricos – metodológicos diferentes. Os movimentos em favor da integração de crianças com deficiências surgiram nos países nórdicos em 1969, quando questionaram as práticas sociais e escolares de segregação. Sua ideia fundamental é o princípio de normalização, que, não sendo específico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestação e atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elas afetadas ou não por uma incapacidade, dificuldade ou inadaptação. O processo de integração ocorre dentro de uma estrutura educacional que oferece ao aluno a oportunidade de transitar no sistema escolar - da classe regular ao ensino especial – em todos os tipos de atendimento escolar especiais: classes especiais em escolas comuns, ensino itinerante, salas de recursos, ensino domiciliar e outros. Segundo Galvão e Miranda (apud Galvão Filho, 2012), trata–se de uma concepção de inserção parcial, porque os sistemas preveem serviços educacionais segregados. Na integração escolar, nem todos os alunos com deficiências cabem nas turmas de ensino comum, pois há uma seleção prévia dos que estão aptos á inserção. Para esses casos, são indicados: a individualização dos programas 19 escolares, currículo adaptados, avaliações especiais e redução dos objetivos educacionais para compensar as dificuldades de aprender. Em suma, a escola não muda como um todo, mas os alunos têm de mudar para se adaptar às suas exigências. “A distinção entre integração e inclusão é um bom começo para esclarecermos o processo de transformação das escolas, de modo que possam receber, indistintamente, todos os alunos, nas salas de aula comuns e em todos os níveis e etapas de ensino”. Segundo Galvão e Miranda (apud Galvão Filho, 2012, p. 23-24). Nas diretrizes é disposto que: Para aqueles alunos que apresentem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou de sinalização diferenciada dos demais alunos, demandem ajuda e apoio intenso e contínuo e cujas necessidades especiais não puderem ser atendidas em classes comuns, os sistemas de ensino poderão organizar, extraordinariamente, classes especiais, nas quais será realizado o atendimento em caráter transitório. (BRASIL, 1998) Ao discutir inclusão e integração, Bueno (2001) destaca que a diferença entre essas duas concepções de educação especial é produto de uma distinção básica em relação à situação da escola na sociedade atual. Para o autor, a integração deixava implícita uma visão acrítica da escola quando atribuía à dificuldade de incorporar crianças excepcionais nos ensinos regulares às características dessas crianças, isto é, considerava que de alguma forma, a escola vinha dando conta dos seus fins, pelo menos em relação aos alunos considerados “normais”. 20 3 SURDEZ CLÍNICA Este capítulo centra a atenção na questão da surdez, suas características e peculiaridades. Inicia-se apresentando estudos clínicos sobre a surdez, passando num segundo momento para suas implicações clínicas e fisiológicas. O capítulo explica e também classifica as perdas auditivas e as ações que podem prevenir a surdez na escola. Um modelo no qual o déficit auditivo não cumpra nenhum papel relevante, um modelo que se origine e se justifique nas interações normais e habituais dos surdos entre si, no qual a língua de sinais seja o traço fundamental de identificação sociocultural (SKLIAR, 1997, p. 140). 3.1 Estudos clínicos sobre a surdez Em função da busca pelas condições ótimas de educação, com vistas ao progresso do sujeito aprendiz, ao final do século XVIII, o corpo e a higiene do estudante surdo-mudo passam a ser o centro das atenções. As administrações da instituição parisiense (INJS) instalaram banheiras e duchas e criam um local público para os banhos, transformando a mesma numa das primeiras escolas francesas a ter uma piscina. Essa utilização da água se aproxima dos ritos de regeneração e renascimento; a água dissolve as impurezas, reduz as deformações e as enfermidades, e permite um retorno ao estado natural (SEGUILLON, 1994, p. 21, apud SKLIAR 2010, p.37). De acordo com Skliar (2011), ao longo do século XIX, a busca da salubridade e de limpeza faz parte do currículo escolar assim como a supervisão do regime alimentar. A alimentação era considerada essencial para o tratamento das doenças e para o desenvolvimento físico e intelectual dos estudantes, passam a serem objetos de estudo periódicos. O mesmo ocorre com a educação da fala, apresentada como um elemento de higiene para os estudantes surdos – mudo (o termo surdo-mudo ainda era utilizado nesta época). Em 1818, a ginástica é introduzida no instituto Nacional de Paris e o currículo passa incorporar o treinamento físico para fortifica os corpos, regular a formação moral e reprimir os 21 desvios sexuais. A ginástica faz uso do canto, preparando a educação da voz e da fala. Conforme Skliar (2011), na primeira metade do século XIX, as investigações sobre o ouvido e a audição não passavam de uma antologia de atos científicos. Em 1822, na França, a medicina otológica nasce como “Tratado de doenças do ouvido do Dr.Jean Itard”. Porém, essa especialidade médica ainda não passava de uma “bricolagem cientifica”. As experimentações com seres humanos duraram pouco tempo e as crianças do INJS, que forneciam materiais “de algum proveito para a ciência”, ficavam cobertas de bolhas, inchaços e cicatrizes em volta das orelhas (GRÉMION, 1991, p, 190). Gremion (1991) aponta que o Dr.Blancher, ao assumir o posto de médico da instituição de Paris, investe na reeducação do ouvido por meio de uma emissão de sons em crescente intensidade e por uma excitação dos “nervos da sensibilidade geral”. Ao expor suas pesquisas no tratado Fisiológico e médico da surdez-mudez, em 1853, provoca violenta polêmica pela extravagância de seus métodos: abertura do crânio e colocação de um perfurador, cortes de bisturi no ouvido médio, entre outros procedimentos empíricos. (idem, p.191). De acordo com Skliar (2011), pessoas ouvintes demonstram funcionamento normal à audição pela habilidade nos atos de ouvir e do falar. As pessoas surdas, cujos problemas com a parte fisiológica resultam uma dificuldade com o falar e ouvir evidencia-se, em relação à norma, por uma fala truncada, de difícil compreensão e um suporte gestual acentuado no ato da comunicação. Aquele que não ouve tão bem, ou não percebe algumas manifestações sonoras na medida em que deveria, em regra, passa ser distinguida com alguém com uma perda, com uma carência, com uma deficiência e também como pessoa portadora de uma especialidade. Essa nomenclatura cria uma circunscrição abalizada pela inferioridade, pela deficiência, aprisionando aquele que diz e aquele do qual se diz. O sentido fisiológico, o ouvir, impõe-se como uma norma positiva, para uma comunicação, falar e ouvir. Mas, nem sempre aquele quem ouve escuta. Podemos ouvir sem prestar atenção, sem uma compreensão do que está sendo dito, sem aceitarmos a posição do outro. Sklliar (2011) afirma que, a ciência biomédica, tomando como centro do problema da maior e menor capacidade auditiva, encarrega- se de traduzir em diagnósticos os níveisdéficit, e gerar uma série de providências para correção, reabilitação e a normalização do indivíduo avaliado. Várias dessas práticas são 22 materializadas pela medicina, pela fonoaudiologia, pela psicologia e pela pedagogia. Um diagnóstico médico, um diagnóstico psicológico, um diagnóstico pedagógico e fonoaudiológico, criam fronteiras e nomeiam pacientes e médicos, deficientes auditivos e instrutores especiais, estudantes surdos e educadores ouvintes, etc. 3.2 Surdez e suas implicações clínicas e fisiológicas. O ouvido capta vibrações do ar (sons) e as transforma em impulso nervoso que o cérebro “ouve”. O ouvido externo é composto pelo pavilhão e pelo canal auditivo. A entrada do canal auditivo é coberta de pelos e cera que ajudam a mantê- lo limpo (MEC, 1997). Conforme Ceschin e Roslyn-Jensen (2002) todos os órgãos do sentido e suas formas de tratamento com o mundo exterior, são responsáveis pelo equilíbrio e pela audição, a grande importância da audição no desenvolvimento intelectual e na integração social do indivíduo é que tanto audição como a linguagem, são funções essenciais à comunicação oral entre os homens. É pela audição que se originam os processos e mecanismos da formação e desenvolvimento da linguagem. Os autores apontam que como esta integração social é necessária, torna-se evidente que o dano causado por um distúrbio auditivo representa muito mais que uma simples redução da capacidade de ouvir, por isso grande valor que se deve ser dado à capacidade auditiva na educação, tendo em vista não só a criança surda, que não adquire espontaneamente a audição, mas também a criança hipoacústica, com perdas moderadas e leves de audição, que lhe podem acarretar desajustamentos, distúrbios de linguagem e escrita, mau aproveitamento escolar e ainda, sem razão, o qualitativo de “retardada”. Adquirir a linguagem é ser bombardeado constantemente pelos sons da língua, é aprender que os desejos e pessoas têm nomes, que são constituídos de sons específicos que se seguem em sequencia. A criança que escuta, inconscientemente, adquire estrutura da gramática de sua língua e pode combinar e recombinar os elementos linguísticos indefinidamente, sem ter tido nem um treino anterior, vai entrar na escola com 5 anos madura e apta para aprendizados mais complexos, contudo a criança surda profunda não pode aprender a linguagem naturalmente e se não for exposta a treino 23 intenso pode até ficar sem saber que as palavras existem e que as coisas têm um significado a ser exteriorizado. A linguagem será sempre um obstáculo à aprendizagem e essa terá que ser feita com esforço. Os sons sempre chegarão à criança de forma filtrada e distorcida, mesmo que ela tenha uma inteligência criativa, seu desenvolvimento será bloqueado pelas limitações da comunicação. Figura 1: aparelho auditivo. Fonte: http://www.infoescola.com/audicao/ouvido/ Ceschin e Roslyn-Jensen (2002) afirmam que a orelha humana se divide em três partes: (1) orelha externa, que corresponde ao pavilhão auricular e ao meato acústico externo; (2) orelha média, onde encontramos a membrana timpânica e os três ossículos: martelo, bigorna e estribo; (3) orelha interna, onde encontramos a cóclea e os canais semicirculares, nesta última região, além da função auditiva, também temos a função do equilíbrio corporal (vestíbulo e canais semicirculares). 3.2.1 Classificação das perdas auditivas: conceito de tipo e grau entre outros As perdas auditivas são classificadas em 4 aspectos: quanto ao tipo, grau, ao http://www.infoescola.com/audicao/ouvido/ 24 tempo de aquisição e ao lado. Quanto ao tipo a perda auditiva pode ser condutiva, neurossensorial, mista e central. Denomina-se perda auditiva condutiva quando a alteração está localizada na orelha externa e/ ou na orelha média. As principais causas podem ser: malformação de orelha, otites externa e de orelha média. A perda auditiva condutiva é passível de tratamento, sendo assim, recomenda-se procurar o médico especialista em ouvido, ou seja, o otorrinolaringologista. A perda auditiva neurossensorial é assim denominada pela alteração auditiva ocorrer na orelha interna, órgão de Corti (cóclea) ou nas fibras do nervo auditivo. Principais causas desta perda: fatores genéticos, doenças adquiridas pela mãe durante da gestação (rubéola, citomega-lovirose e toxoplasmose) baixo peso ao nascer, anóxia, traumas no momento do parto, doenças adquiridas pelo bebê/criança (meningite, caxumba, icterícia), uso de medicamentos ototóxicos. Esse tipo de perda auditiva é irreversível, ou seja, não é possível curar; porém, mesmo assim deve-se manter o auxílio do médico otorrinolaringologista. Denomina-se perda auditiva mista a alteração auditiva que envolve duas ou três partes do ouvido. Já a perda auditiva central comum que a audição do indivíduo se apresente normal, no entanto, há uma grande dificuldade em processar a mensagem recebida. Principais causas: alterações congênitas do Sistema Nervoso (SNC) uso de drogas pela mãe durante a gestação, abnóxia ao nascer, parto de fórceps, alterações vasculares cerebrais, doenças que afetam o SNC e traumas cranianos. A perda auditiva independente do tipo apresenta também diferentes graus. O grau pode variar de leve até a ausência total de resposta. Um grau leve de perda auditiva representa uma pequena alteração auditiva. A criança acometida por este grau apresenta dificuldade de compreender a fala em baixa intensidade e em ambientes mais ruidosos. Pode apresentar dificuldades escolares devido à perda. Desta feita, um grau moderado de perda representa alteração média auditiva. A criança neste caso apresenta maior dificuldade em compreender a fala. Necessita de lugar preferencial na sala de aula e das pistas visuais para facilitar a compreensão. Necessita ampliação sonora com ajuda de prótese auditiva. Uma criança com grau severo de perda auditiva tem uma alteração avançada. 25 A fala precisa ser expressa em intensidade mais forte para ser compreendida. É preciso falar bem perto da orelha. Necessita de amplificação sonora com ajuda da prótese auditiva. Já no caso de grau profundo de perda auditiva representa que quase não existe audição, há somente alguns aniquilamentos auditivos que podem ser melhorados com a prótese auditiva. A criança busca por outros meios a comunicação quando não há amplificação sonora. Vale ressaltar que a anacusia representa a ausência total de respostas. Não há nenhuma audição. Determina-se, usualmente, o tempo de aquisição da perda auditiva, definindo: perda pré-natal, a que ocorre antes do nascimento (ainda na barriga da mãe); perda perinatal, a que ocorre no decorrer do parto (nascimento); perda pós-natal, a que decorre de problemas e/ou doenças adquiridas durante o seu desenvolvimento. É importante observar que as perdas podem acometer ambos os ouvidos (bilateralmente) ou apenas um: unilateralmente. Para Ceschin e Roslyn-Jensen (2002), a criança que apresenta surdez, independente do seu grau, sente a perda desse sentido; ela busca por ela mesma, meios de compensá-la. Desde pequena, sozinha, ela descobre que é preciso se comunicar de alguma forma e busca meios que facilitem a comunicação, tais como a leitura labial e a comunicação gestual. Os autores destacam que por meio da perda auditiva, há uma dificuldade no desenvolvimento da compreensão, nos atos sociais e na sua relação com o meio (quando está longe da mãe), acarretando dificuldades no aprendizado e no próprio crescimento deste ser. A perda ou diminuição da audição implica perda de parâmetros da vida, gera conflitos e, muitas vezes, leva ao afastamento na relação com outras pessoas. Desenvolver a linguagem e aprender a se comunicar é fundamental para o ser humano. A linguagem é o instrumento mais econômico que o ser humano possui. É a pedra fundamentalpara contínua aquisição de informações e conhecimentos de uma existência – uma vez adquirida permanece por toda vida. Um dos temas principais na obra de Foucault, e um dos fios centrais que permitiram percorrer a maior parte da obra é justamente o tema da visibilidade. E a visibilidade é, para Foucault, qualquer forma de sensibilidade, qualquer dispositivo de percepção. O ouvido e o tato na medicina, o exame na pedagogia, a observação sistemática e sistematizada em qualquer aparato disciplinar, a disposição dos corpos nos rituais penais, etc.(...). Poderíamos formular o problema de Foucault, como o determinar, em um mesmo movimento, o que é visível e o olho que vê o sujeito 26 e objetivo do olhar. Um regime de visibilidade, composto por um conjunto específico de máquinas óticas abre o objeto ao olhar e abre, ao mesmo tempo, o que o olho observa. Determina aquilo que se vê, ou se faz ver, e o alguém que vê, que faz ver. Por isso o sujeito é uma função da visibilidade, e dos dispositivos que o fazem ver e orientam seu olhar. E esses são históricos e contingentes (LAROSSA, 1994, p.60-61 apud SKLIAR, 2011, p.45). Ceschin e Roslyn-Jensen (2002), discorrem sobre a falsa ideia de que todo surdo é mudo. Os autores ressaltam que para alguém ser mudo, ou seja, não ser capaz de produzir sons oralmente, é necessário que ele tenha ausência das pregas vocais (corda vocal) ou deformidade de laringe. Se a criança apresenta regularmente as estruturas, ela é capaz de emitir sons, mesmo aparentemente sem significado, o que faz com não seja muda. A emissão com significado pode e deve ser trabalhada com fonoaudiologia (sessões), em que a criança aprenderá que cada som que ela produz tem um significado e é compreendido pelo outro. Devemos apagar essa imagem equivocada sobre o mudismo, e perguntar aos familiares desses indivíduos se este não foi estimulado a falar ou não recebeu orientações como fazer para desenvolver a fala, pois o ato de falar abrange uma série de coisas: é preciso ter condições anatômicas, emocionais, intelectuais e capacidade. Para os autores, não basta apenas querer que o surdo fale, é preciso conhecer a capacidade deste indivíduo para desenvolver a fala. Além disso, não podemos afirmar com toda a certeza do mundo que todo ser que é estimulado é capaz de falar com significado, porque depende também da sua capacidade, que é inata para desenvolver essa habilidade. Cada ser é único e desenvolve-se em seu próprio ritmo, cada criança com surdez tem seu tempo e isso deve ficar extremamente claro. Portanto, não devemos forçar a comunicação ou rotular de “preguiçosos” aqueles que demoram a falar. Ainda Ceschin e Roslyn-Jensen (2002), afirmam que é comum que ao receberem o diagnostico que aponta perda auditiva ou surdez de um filho, muitos pais se sentem culpados, desamparados e perdidos. Tais sentimentos são muito comuns, são doloridos e custam a passar, uma das alternativas é ouvir outros pais e buscar grupos de apoio. A troca permite que a culpa desapareça ou diminua e que os pais possam lidar com o temido preconceito. 3.3 Ações preventivas na escola 27 Segundo Vieira et al, (2000), a comunicação humana pode ser entendida como um processo de transmissão e recepção de mensagens (trocas), por meio da linguagem falada e da escrita. O desenvolvimento deste processo permite a integração individual e social da criança e faz parte do processo de educação. Faz- se necessário uma ação interativa e integrativa entre a escola e as instituições prestadoras de serviços de saúde, com uma programação de atividades que objetivem facilitar e melhor desenvolver a atenção à saúde do escolar por um lado e, por outro, subsidiar a atuação dos professores. Mendes e Vianna (In Vieira et al, 2000, p. 76) afirmam que “o distúrbio de audição e/ou da comunicação pode aumentar as dificuldades de uma criança em desenvolvimento, esses distúrbios detectados precocemente facilitam a conduta dos pais e professores na orientação do processo de aprendizado.” Mendes e Vianna (In Vieira et al, 2000, p. 76) ainda explicam que o objetivo da Educação em Saúde é promover, manter e melhorar a saúde do indivíduo e da comunidade por meio do processo educativo. Em sua prática, o educador de Saúde Pública preocupa-se essencialmente para que as pessoas consigam, em consenso, definir suas necessidades e problemas, estabeleçam prioridades e, por meio das participações criem e estabeleçam soluções adequadas e assumam responsabilidades compatíveis com seu alcance. 28 4 LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E BILINGUISMO Esta pesquisa não estaria completa se não abordasse a comunicação e aprendizagem do surdo. São abordadas neste capítulo as formas de linguagem, para surdos, as especificidades no ensino da leitura e escrita, e, consequentemente, a Língua Brasileira de Sinais e Bilinguismo. Nas palavras de Albres (2010): “A LIBRAS é essencial para o desenvolvimento cognitivo linguístico e psicossocial do sujeito surdo” (2010, p.36). 4.1 LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais na educação de surdos Albres (2010) afirma que os surdos conquistaram, após muita luta, o reconhecimento das LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais; contudo, isso não garante a mudança de posicionamento dos familiares e educadores o que indica o dualismo entre oralidade dos familiares e educadores, o dualismo entre oralidade e Língua de Sinais permanece. Para Pereira e Nakasato (apud SANTANA, 2004), entre outros pesquisadores, ao analisar o uso da Língua Brasileira de Sinais por crianças surdas na faixa de cinco anos de idade, expostas a esta língua desde os três anos na interação com surdos adultos, em uma escola especial para surdos, constataram o uso pelas crianças não só de sinais e expressões faciais, mas também de recursos como o uso do espaço, o olhar e o movimento do corpo na articulação dos eventos. Em seus estudos, Pereira e Nakasato (apud SANTANA, 2004) ressaltam a importância de se garantir a exposição à Língua Brasileira de Sinais desde o mais cedo possível, possibilitando, assim, a aquisição de uma língua. A Língua de sinais preenche as mesmas funções que a Língua Portuguesa falada desempenha para os ouvintes e deve ser adquirida, preferencialmente, na interação com adultos surdos que, ao usarem e interpretarem os movimentos e enunciados das crianças surdas na Língua Brasileira de Sinais as insiram no 29 funcionamento Linguístico – discursivo dessa língua. Para isso, a língua de sinais não deve ser apresentada como uma lista de vocabulário isolada, mas em atividades discursivas. A importância da língua de sinais na educação de crianças surdas é destacada também por Tovar (2000, apud PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2007), para quem a exposição das crianças surdas à língua de sinais vai possibilitar o desenvolvimento da sua capacidade de linguagem, que permitirá não só a socialização, a construção da realidade, o enriquecimento das suas experiências, o desenvolvimento cognitivo e acadêmico, mas também o crescimento da sua autoestima, tanto individual como coletiva, identificando-se como surda e como cidadão capaz. 4.2 Bilinguismo na educação escolar A abordagem bilíngue pretende que ambas as línguas – os sinais (LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais) e a oral (português) – sejam ensinadas e usadas sem que uma interfira ou prejudique a outra. De acordo com Santana (2004), este bilinguismo abordagem surgiu na década de oitenta. A intenção inicial era favorecer o contato da criança o mais precocemente possível à língua de sinais para que através desta aprenda a segunda linha. Contudo, atualmente muitos teóricos apoiam que a aprendizagem de ambas as línguas sejam simultâneas. Ainda segundo Santana (2004), idealmente as LIBRAS (L1, primeira língua) seriam ensinadas e apresentadaspor um adulto surdo no processo de interação destes enquanto a modalidade oral, no Brasil A Língua Portuguesa, segunda língua, (l2,) seria ensinada por um adulto ouvinte. A intenção deste formato de aprendizagem supracitado é favorecer um desenvolvimento linguístico- cognitivo paralelo ao observado nas crianças ouvintes. Com acesso a ambas as línguas a criança surda socializaria melhor com a “comunidade ouvinte”. De acordo com Quadros (2004), a maior parte das propostas educacionais estrutura-se a partir do Decreto nº 5626/05 que regulamentou Lei nº. 10436, de 24 de abril de 2002, chamada de Lei de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Marco 30 legal importantíssimo na história da educação especial e na educação de surdos, pois estes passaram a ter a linguagem de LIBRAS como linguagem oficial para se comunicar, ficando à língua portuguesa no lugar de segunda língua destinada as modalidades escritas e somente se assim desejar oralmente. A educação dos surdos passou com a aprovação desta lei a ser bilíngue. Seguindo seu entendimento, postula Quadros (2004): Quando ele se refere ao bilinguismo, não está estabelecendo uma dicotomia, mas sim reconhecendo as línguas envolvidas no cotidiano dos surdos, ou seja, a Língua Brasileira de Sinais e o Português no contexto mais comum do Brasil (QUADROS, 2004, p. 54). Para Quadros (2004) seguem atualmente, certas divergências relacionadas à inclusão dos alunos surdos, visto que, para muitos, a escola especial tem caráter segrega dor. Na visão destes autores, os resultados obtidos em escolas especiais não seriam bons e a socialização de surdos e ouvintes prejudicada. Outros autores, entretanto, acreditam que as escolas especiais acabem por enaltecer a comunidade surda, sua cultura e sua identidade, nesta perspectiva, ter um espaço próprio para aquisição de uma língua efetiva favorece o desenvolvimento cognitivo da criança e a sensação de pertença. Havendo a interação entre as duas línguas, a criança se desenvolverá cognitivamente, linguisticamente, afetivamente, e politicamente, independente do espaço educacional em que estará inserida. Faz se neste entendimento urgente reconhecer a singularidade linguística do surdo e seu direito de acesso a uma educação específica. O ideal, é que a criança adquira primeiro a língua de sinais e, depois, a língua portuguesa para que facilite a sua compreensão, uma vez que o aprendiz da segunda língua utiliza a primeira como estratégia da aprendizagem. Stokoe (1960 apud QUADROS, 2004), desenvolveu os primeiros estudos linguísticos sobre a língua americana de sinais, ao perceber que não se tratavam apenas de gestos, pois já apresentavam certa estrutura. O autor e outros estudiosos passaram a pesquisar e observar as línguas de sinais usadas pelas comunidades surdas em diferentes países europeus e americanos. A adoção da língua de sinais na educação de surdos no Brasil caminha a passos lentos e enfrenta ainda muita resistência, mas, tem crescido o número de adeptos e defensores do seu uso. Mais do que gestos e mímicas, línguas de sinais como as LIBRAS possuem estruturas gramaticais próprias. Ao contrário do que se 31 imagina, não são universais, são nacionais, diferentes em cada nação sofrendo as influências da cultura de seu país, com expressões e gírias diferindo em cada região legitimando-a em sua versátil característica de regionalidade, cada vez mais como língua. As línguas de sinais viabilizam o acesso dos surdos aos conceitos e aos conhecimentos existentes na sociedade em que ele vive. A LIBRAS (língua brasileira de sinais) é a língua materna dos surdos brasileiros regulamentada por lei, a datilologia é um recurso usado pelos surdos para expressar alguma palavra nova, ou nome próprio que ainda não tenha um sinal, em que cada sinal corresponde a uma letra. É chamada de datilologia a maneira de soletrar as palavras com as mãos, usando um alfabeto manual. A criação das palavras mediante o alfabeto datilológico faz parte das línguas de sinais. Para Skliar (2004) a linguagem de sinais é denominada facilitadora, ao constituir-se como conhecimento do mundo facilitando que a criança adquira a capacidade de ler e escrever de forma contextualizada e não como mera decodificadora de uma língua que não entende. O âmbito escolar tem ignorado as especificidades dos alunos surdos, oferecendo uma educação homogênea, descontextualizada sem levar em conta suas singularidades submetendo-os a um processo de ensino de língua escrita por meio de uma prática engessada, conservadora, inflexível, sem sentido e significado que não os representa e nem alcança, resultando numa aprendizagem restrita, estereotipada e parcial de vocabulário. Que há dificuldade para solução de problemas para os quais já há tecnologia disponível. Com isso retarda-se ou impede-se a melhoria das condições de vida da maioria da população e em especial daqueles que dependeriam de maiores investimentos para sua inserção social (BIANCHETTI, 1998, p.48 apud ALBRES, 2010, p. 39). 4.3 A aprendizagem da criança surda Oliveira, Omote e Giroto (2008), afirmam que o objetivo central da educação infantil é favorecer o desenvolvimento físico, motor, emocional, cognitivo e social de 32 todas as crianças – ouvintes ou surdas. As experiências e os conhecimentos são promovidos e ampliados, por meio de jogos e brincadeiras, bem como do convívio com outras crianças e outros adultos, fora do alcance doméstico. Assim a socialização, que se inicia antes dos 3 anos vai se consolidando aos 4 e aos 6 anos de idade. A criança escolhe com quem quer brincar e conversar, de quem quer ser amiga. Segundo Telford e Sawrey (1988), existem dois tipos de surdos, o surdo e o duro de ouvido, e ambos os problemas influenciam na educação dos alunos. Para o autor, os duros de ouvido são definidos como aqueles que adquirem fala útil e a capacidade de entender antes da sua perda auditiva e que continuaram usando aquelas aptidões. De acordo com os mesmos autores, a criança profundamente surda adquire a fala oral aprendendo a reproduzir o quê vê nos lábios e no rosto das pessoas que lhe falam. Pode orientar a sua própria fala unicamente mediante as sensações cutâneas e sinestésicas, as oriundas de seu aparelho vocal. A criança dura de ouvido necessita de adestramento auditivo, a fim de aumentar o uso de sua audição residual para que possa desenvolver um sistema perceptual visual e auditivo conjugado. Excetuando os processos pelos quais adquirem suas aptidões de comunicação, a educação da criança profundamente surda e da dura de ouvido não é significativamente diferente. Para Oliveira, Omote e Giroto (2008), as crianças surdas têm possibilidades de adquirir e desenvolver a linguagem oral, utilizando a fala para se comunicar. Outras, por características pessoais e também em decorrência do ambiente familiar em que cresceram, apresentam linguagens orais mínimas, que devem ser completadas com outras formas de comunicação (escrita por sinais). Segundo os mesmos autores, a criança também pode desenvolver a leitura orofacial, isto é, a leitura labial e a fisionômica, capacidade de ler lábios e a expressão facial de quem fala. Mesmo quando usam um aparelho auditivo adequadamente, os deficientes auditivos em geral também fazem a leitura labial, para compreender melhor a fala do outro. 4.3.1 Métodos de desenvolvimento de linguagem para surdos 33 Segundo o que foi exposto acima por Oliveira, Omote e Giroto (2008, p.26): “[...] a leitura labial é suma capacidade inata em todas as pessoas, mas apenas aquelas que têm perda auditiva desenvolvem esta habilidade”. De acordo com Oliveira, Omote e Giroto (2008) há vários métodos para o desenvolvimento da linguagem de deficientes auditivos empregados no Brasil. O método oral une a capacidade sensorial: usa apenas a pistaauditiva. Por meio do aparelho auditivo, integra a audição a personalidade da criança com parada auditiva; não enfatiza a leitura labial, nem utiliza a língua de sinais. O método oral multissensorial usa todos os sentidos: audição com apoio de aparelhos auditivos, visão com apoio da leitura labial, tato, etc.; também não utiliza a língua de sinais. Já o método de comunicação total corresponde a uma filosofia, não simplesmente outro método, cuja premissa básica é utilizar tudo o que seja necessário para o indivíduo com deficiência auditiva como meio de comunicação, como por exemplo: oralização, prótese auditiva, gestos naturais, linguagens de sinais expressão facial, alfabeto digital labial, leitura escrita e tudo aquilo que sirva de meio para ajudar a desenvolver o vocabulário, linguagem e conceito de ideias do surdo. 4.3.2 Especificidades dos alunos surdos na leitura e na escrita Ainda de Acordo com o documento PMSP (2007), alunos surdos, quando entram na escola e são inseridos no trabalho de leitura e escrita, não dispõem dos mesmos recursos linguísticos que os ouvintes, alguns, filhos de pais surdos, podem ter adquirido a Língua de Sinais, mas a maioria conta apenas com alguns fragmentos dela, e a grande maioria conta apenas com a Língua Portuguesa oral, usada pela família (PMSP, 2007). O documento frisa que mesmo que tenham adquirido linguagem oral na interação com os familiares, dificilmente, as crianças surdas chegam à escola com conhecimento da Língua Portuguesa no qual possam se basear para o aprendizado da leitura e da escrita. Neste sentido, pode-se afirmar que, para a maior parte das 34 crianças surdas, aprender a ler e a escrever significa aprender uma língua. Com base nesta concepção de língua, visando o aprendizado da Língua Portuguesa pelos alunos surdos, é comum que o professor inicie o ensino de palavras e prossiga com utilização destas palavras em estruturas frasais, primeiramente simples e, depois, cada vez mais longas e morfossintaticamente mais complexas. Por meio de exercícios de substituição de repetição, espera-se que os alunos memorizem as estruturas frasais trabalhadas e as usem (PMSP, 2007, BRASIL, 2002). 35 36 5. ATUAÇÃO DO PROFESSOR E O INTÉRPRETE DE LIBRAS Neste capitulo discute-se o papel dos possíveis agentes do processo de ensino aprendizagem do indivíduo surdo: o professor, o intérprete de Libras e o Intérprete Educacional. Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não eternizam (FREIRE, 2011). 5. 1 O professor Segundo Mantoan (2015, p.78), “aquele que se dispõe a ensinar a turma deixa de lado o falar, o copiar e o ditar como recursos didático-pedagógicos”. No entendimento de Freire (2011), a tarefa coerente do educador que pensa certo é exercer como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica, a quem se comunica, a produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. “Não há inteligibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não funde a dialogicidade. O pensar certo, por isso, é dialógico e não polêmico”. (FREIRE, 2011, p. 39). Em concordância a Freire, Vygotsky (2000) afirma que “o aprendizado é mais do que aquisição de capacidade para pensar; é aquisição de muitas capacidades especializadas para pensar sobre várias coisas” (2000, p.108). Mantoan (2011) afirma que o professor é o componente que participa da caminhada do saber com os alunos, consegue entender melhor as dificuldades e possibilidades de cada um. A necessidade de promover situações ao ensinar a classe tecendo fios coloridos de conhecimento, expressam diferentes possibilidades de interpretação e de entendimento de um grupo de pessoas que atuam cooperativamente, investindo na singularidade de cada um, na riqueza de um ambiente que confronta significados, desejos e experiências, o professor deve garantir a liberdade e a diversidade das opiniões dos alunados. Becker (2004, p. 297) afirma “o professor deve, pedagógica, portanto 37 didaticamente falando, contemporizar com o aluno”. Dessa forma, o professor é visto como facilitador no processo de busca de conhecimento que deve partir do aluno. De acordo com MEC (1996), Cabe ao professor organizar e coordenar as situações de aprendizagem, adaptando suas ações às características individuais dos alunos, para desenvolver suas capacidades e habilidades intelectuais. Para Mantoan (2015), professor inclusivo não procura eliminar a diferença em favor de uma suposta igualdade do alunado tão almejada pelos ao que expressam a homogeneidade das salas de aula, está sempre atento aos diferentes tons de vozes que compõem a turma, promovendo a harmonia, o diálogo, contrapondo-as, completando-as. Mantoan (2015) afirma que os professores em sua formação à prática inclusiva em aula, fazem parte de uma pedagogia da diferença, pois estão habituados a aprender de forma fragmentada e instrucional, isto é, grande parte desses profissionais concebe a formação com mais um curso de extensão, de especialização, com uma terminalidade e um certificado que convalida sua capacidade de ser professor inclusivo. Formar um professor na perspectiva da educação inclusiva implica ressignificar o seu papel, o da escola, o da educação e o das práticas pedagógicas usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os níveis. FREIRE (2011, p.96) afirma “a educação é a forma de intervenção no mundo”. Tornar realidade a educação inclusiva, por sua vez, não se efetuará por decreto, sem que se avaliem as reais condições que possibilitem a inclusão planejada, gradativa e contínua de alunos com necessidades educacionais especiais nos sistemas de ensino. De acordo com MEC (2000, P.30) a inclusão, deve ser gradativa, por ser necessário que tanto a educação especial como o ensino regular possam ir se adequando a nova realidade educacional, construindo políticas, práticas institucionais e pedagógicas que garantam o incremento da qualidade do ensino, que envolve alunos com ou sem necessidades educacionais especiais. Para Albres (2010, p. 65), o professor de classe regular comum precisa perceber as necessidades afetivas e sociais dos alunos e valorizar a educação inclusiva como meta para convivência igualitária na qual a pluralidade é à base dos desenvolvimentos das relações humanas. Neste sentido, Mantoan (2015) afirma que o exercício constante e sistemático de compartilhamento de ideias, sentimentos e ações entre professores, 38 diretores e coordenadores da escola é uma das saídas para obter o sucesso almejado na formação emergencial da inclusão. Albres (2010) afirma que o artigo 3º do Decreto prevê a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores. Todos os cursos de licenciatura e de pedagogia devem oferecer a disciplina. A medida é extensiva aos cursos de fonoaudiologia e especialização em Educação Especial. A intenção é que os profissionais que possivelmente venham atuar com pessoas surdas tenham acesso a um conhecimento básico da LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais e concomitante a isso a cultura. Dessa maneira, é possível melhorar a qualidade de vida dos surdos e ampliar os conceitos inclusivos no âmbito da educação. Albres (2010) ainda afirma que as orientações dentro da perspectiva da educação preveem os professores capacitados e especializados. Diante da legislação vigente, Lei Federal 9.394, de 20/12/1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, especificamenteseu art. 59, destaca-se: III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores de ensino regular capacitados para integração desses educandos de classes comuns (MEC, 2002, p. 61 apud ALBRES, 2010, p. 64). Para Mantoan (2015), espera-se que o ensino comum se defina inteiramente pela inclusão e que políticas públicas possam orientar como o faz a educação especial, a reviravolta que se espera da escola e da formação inicial e continuada de professores, tornando o ensino acessível a todos os alunos. De acordo com a Lei 13.146, art. 8o é dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico (BRASIL, 2015). Albres (2010) propõe características e habilidades necessárias ao professor 39 de alunos surdos, para o funcionamento de uma proposta bilíngue: Comunicar-se fluente com as crianças surdas (cursos com ênfase comunicativa de no mínimo de 510 horas). Atuar como modelo linguístico para a criança surda. Ter habilidade de analisar a Língua de Sinais das crianças surdas e de outras pessoas. Além disso, o professor deve ter conhecimento das variações da Língua de Sinais, bem como o uso dessa e conhecimento da cultura surda e história dos surdos. (Quadros, 1997, p.82 apud Albres, 2010, p.69). 5. 2 Intérprete de LIBRAS: aspectos situacionais. “A intercomunicação é fundamental não apenas na apreensão de conteúdo, mas igualmente na constituição do afetivo, do emocional e da cognição” (PALANGANA, 1995, p. 23 apud LACERDA, 2002, p.5). É necessário também o conhecimento das peculiaridades da surdez e a compreensão de outro significado do termo língua, que é muito mais que um meio de comunicação. Em sua ação a língua/linguagem é fundamental para a construção dos processos cognitivos além do estabelecimento e manutenção das relações sociais. A linguagem é responsável pela regulação da atividade psíquica humana, pois é ela quem permeia a estruturação dos processos cognitivos e que constitui o sujeito, pois possibilita interações fundamentais para a construção do conhecimento (VYGOTSKY, 1989). Lacerda (2009) afirma que o trabalho do intérprete tradutor será o de dar uma nova forma ao sentido percebido, garantindo os seguintes aspectos: toda mensagem original deve ser contemplada inclusive em seus detalhes e neste trabalho as características da língua de chagada precisam ser respeitadas. O processo de tradução e interpretação não pode estar focalizado apenas no nível linguístico, mas precisa levar em conta aspectos culturais, e situacionais, e é por isso que a ênfase deve estar na passagem dos sentidos. Para Pagura (2003, p. 223 apud LACERDA, 2009, p.16), o propósito principal tanto da tradução quanto da interpretação é fazer com que uma mensagem expressa um determinado idioma seja transposta para outro, a fim de compreendida por uma comunidade que não fale o idioma em que essa mensagem foi 40 originalmente concebida. Ainda Lacerda (2009), afirma que é possível considerar que o tradutor e o intérprete são profissionais pontes, ou seja, favorecem que uma mensagem cruze a “barreira linguística” entre duas comunidades. Desse modo, tradução e interpretação tem muito em comum, pois são dois modos de alcançar esse mesmo objetivo. Outro aspecto comum é que ambas as atividades são fundamentais para dominar os idiomas envolvidos, sendo que o tradutor precisa ter domínio da forma escrita da forma oral. Muitas vezes nasceram traduções relativamente boas feitas de línguas que os tradutores não falavam. Muitas vezes estes têm da língua de partida apenas um estudo livresco, sem conhecerem o país onde ela é falada. [...] E no caso de obras gregas e latinas, o conhecimento da língua-fonte, por mais sólido que seja é quase sempre apenas passivo. (LACERDA, 2009, p.17) Albres (2010), afirma que para intermediar a comunicação em sala de aula dos alunos surdos e surdos-cegos matriculados desde o ensino fundamental até a universidade é essencial a presença de um tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais, bem como da Língua Portuguesa, o professor tem que dominar as línguas envolvidas no processo de tradução e interpretação. Ao intérprete de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais cabe atualizar-se constantemente, consciente de que, como outras línguas, a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais aumenta seu vocabulário com novos sinais introduzidos pela comunidade surda em razão da mudança cultural e técnica, a pesquisa é um dos instrumentos de trabalho desse profissional. Importante lembrar que desde 2005, o Brasil conta com o Decreto 5.625/2005 que prevê sobre a formação do tradutor intérprete de LIBRAS. No documento observa-se no Art. 4o disposições sobre a formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental é tratada no Art. 5o que dispõe que a formação deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a 41 formação bilíngue. (BRASIL, 2005). 5. 3 O Intérprete Educacional (IE) A função pedagógica que o intérprete educacional assume deve ser objeto permanente de análise pela equipe pedagógica em conjunto com o próprio intérprete, na medida em que este deve ser considerado como membro da equipe educacional, a fim de colaborar com o processo de aprendizagem dos alunos surdos, sem ocupar o lugar do professor, que é a figura central no processo educacional (LACERDA, 2006). Bakhtin (1992), afirma que o homem só existe após a interação social, como integrante da sociedade na qual participa de uma realidade histórica. Ele defende a concepção da linguagem como reflexo social e desenvolve duas noções fundamentais para o estudo do discurso: a polifonia e a dialoga, importantíssimas para uma visão mais ampla do processo de ensino e aprendizagem de línguas num contexto cultural e dialógico. Segundo Lacerda (2009) também que a presença do IE não garante que o espaço sócio educacional seja adequado, pois a criança surda poderá permanecer às margens da vida escolar, usando uma língua restrita a sua relação com o intérprete escolar. O IE tem uma tarefa importante no espaço escolar junto ao professor regente da classe: É fundamental que o IE esteja inserido na equipe educacional, ficando claro qual é o papel de cada profissional frente à integração de aprendizagem da criança surda, e estes papéis precisam ser sempre discutidos, porque a sala de aula é sempre dinâmica. Os pontos de vista do IE são tão importantes quanto os de qualquer outro profissional que atua no espaço escolar, por conhecer a criança surda e a língua de sinais construindo a prática pedagógica. Quando há na sala a presença do IE, a realidade, embora continue com barreiras, sofre algumas alterações podendotrazer benefícios ao aluno surdo, pois esse intérprete não traduz apenas o conteúdo da sala de aula, mas também os comentários dos alunos ouvintes e do professor, tornando assim o ambiente escolar acessível ao aluno surdo. 42 É importante que o professor regente da classe conheça a língua de sinais, não deixando toda a responsabilidade da comunicação com os alunos surdos para o intérprete, visto que seu papel principal é interpretar. A responsabilidade é do professor. A ausência de uma língua comum entre o professor ouvinte e o aluno surdo traz dificuldades para o aluno em relação a seu desempenho e participação em sala de aula, não se relacionando com o professor compromete a proposta bilíngue. Lacerda (2009) afirma que a sala de aula tradicionalmente se constitui como um lugar no qual o professor ensina e a criança aprende, com a entrada do IE no espaço educacional, acrescenta-se um terceiro elemento que estará lá não só para interpretar a LIBRAS para o português e do português para LIBRAS, mas também para mediar os processos discursivos entre professor e aluno almejando sempre a aprendizagem. Há de se ter cuidado para que a aprendizagem da LIBRAS não seja vista como conhecimento a ser incorporado pelo professor em sala de aula regular quando ministra suas aulas, por isso implicaria de comunicação bimodal, na qual sinais são usados na estrutura da língua portuguesa desrespeitando-se, assim, a língua de sinais, como ocorreu no passado, com sérios prejuízos para educação dos surdos (LACERDA, 1996 apud LACERDA, 2009, p.37). Cabe ao diretor cumprir e fazer cumprir a legislação vigente maior, a fim de garantir a efetivação da matrícula da pessoa surda na escola regular. Além disso, criar procedimentos mais flexíveis de gestão para eliminação de barreiras nas comunicações, mobilizando os demais administradores da comunidade local na agilização e solidificação de recursos e materiais específicos para os alunos (ALBRES, 2010, p. 65). Lacerda (2009) afirma que uma prática bilíngue sem a presença do intérprete só poderia ser desenvolvida por instituições de ensino para surdos ou em classe cuja língua de instrução será a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, voltada preferencialmente para alunos surdos, o ensino será realizado por meio da LIBRAS. Há um considerável aumento de profissionais que atuam nessa área, e essa procura irá determinar o aumento de cursos de formação, melhoria na capacitação, debates e reflexões na área, cada vez mais acirrados, buscando compreender o papel, as funções e as necessidades desse profissional (LACERDA, 2009). 43 6.PROCEDIMENTO DE PESQUISA As características desta pesquisa, tais como: público, instrumento de pesquisa, metodologia científica e, claro, passos da investigação realizada são apresentados neste capítulo. 6.1 A pesquisa Segundo Severino (2007) há diferentes modalidades e metodologias de pesquisa em Ciências Humanas. Quanto à modalidade, a pesquisa pode ser quantitativa, qualitativa, etnográfica, participante, pesquisa-ação, estudo de caso e análise de conteúdo. Quanto à natureza das fontes de pesquisa, o autor distingue quatro modalidades: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa experimental e de campo. Quanto aos procedimentos operacionais que servem como mediadores da ação de coleta de dados caracteriza o trabalho por meio de: documentação, entrevistas de diferentes tipos, observação e questionários. Este autor (SEVERINO, 2007, p. 122) conceitua: A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registradas. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos. Severino diferencia a pesquisa bibliográfica da pesquisa documental, considerando que esta última tem como fonte documentos no sentido amplo, não só os impressos, mas também fotos, filmes, gravações. Para execução deste estudo adotou-se a metodologia de pesquisa exploratória bibliográfica descritiva de campo. Trata-se de uma pesquisa exploratória ao passo que se utilizou de extensa pesquisa bibliográfica e posterior análise da mesma e de descritiva, pois, procurando justificar e melhor compatibilizar os objetivos, efetuaram-se observações em duas escolas da rede regular de ensino, apurando respostas referentes à socialização da criança surda. No levantamento bibliográfico, dentre os referenciais teóricos utilizados destacam-se: Albres (2010), Lacerda (2009), Macedo (2005), Mantoan (2006, 2015), 44 Mazzota (2011), Quadros (2004), Skiliar (2011), entre outros. Tendo-se em vista o tema: a socialização da criança surda na escola inclusiva e o problema: Quais os mecanismos para total interação social do aluno surdo na escola inclusiva? Como se dá a interação com colegas ouvintes e professor na integração didática e no ambiente escolar? Se há intérprete, como é sua interação e trabalho na sala de aula? Faz-se necessário mostrar a metodologia usada para o desenvolvimento deste estudo. É importante o enquadramento do mesmo nas categorias de pesquisas definidas pelo método científico, no sentido de controlar o desenvolvimento deste estudo na direção dos objetivos pretendidos. Desta feita, cabe esclarecer que o objetivo geral dessa pesquisa é conhecer os processos de inclusão aos alunos surdos no ambiente da escola pública em que a maioria dos alunos são ouvintes com línguas distintas, mas que pertencem a todos. De acordo com Lakatos e Marconi (2016), a finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de fatos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter interpretativo, no que se refere aos dados obtidos. Segundo as autoras, a pesquisa é um “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo de conhecimento”. A pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Para Lakatos e Marconi (2016), a pesquisa propicia à ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, enriquecimento de vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras. As autoras ainda acrescentam para ajudar nos estudos em face dos conhecimentos técnicos e atualizados que contém ou oferecer subsídios para a elaboração de trabalhos científicos, incluindo seminários, trabalhos escolares e monografias. O conhecimento vem, segundo Lakatos e Marconi (2016), por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir, os elementos mais importantes dos secundários e, optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los como fonte de novas ideias e do saber por meio dos processos de busca, assimilação, retenção, crítica, comparação, verificação, e integração do 45 conhecimento. A análise de um texto, de acordo com as autoras, refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade e implica o exame sistemático dos elementos. É a análise que vai nos permitir observar os componentes de um conjunto e perceber suas possíveis relações. Para Lakatos e Marconi (2016), a pesquisa aponta problemas, para qual se deve encontrar solução. Definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e exatos, depende da importância dos objetivos e da eficácia das alternativas. Para as autoras há a necessidade a formulação de hipóteses quepoderão ser comprovadas ou rejeitadas, mas servirá como material de investigação, pois proporciona a orientação e a busca de outras informações. Portanto, toda pesquisa implica o levantamento de dados, com métodos e técnicas empregadas, trazendo conhecimentos que servem para o campo de interesse. Levanta hipóteses e orienta para fontes de coleta. A pesquisa recolhe informações prévias levantando dados. 46 7 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE As escolas inclusivas no Brasil ainda percorrem um grande caminho na realização de fato na inserção dos alunos inclusivos. O aluno surdo que possui a língua de LIBRAS nem sempre consegue utilizar esta linguagem por desconhecimento de seus colegas e professores. Mais do que ofertar o ensino de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais é preciso favorecer a aprendizagem da mesma por toda a comunidade escolar e, em especial, para colegas, familiares e professores do aluno surdo, promovendo assim sua real inclusão e socialização, principalmente no ambiente escolar que é o propósito do nosso tema. Tendo-se em vista o tema: a importância da socialização da criança surda em escolas inclusivas, foram realizados vários movimentos investigatórios, já que se trata de uma pesquisa exploratória e descritiva, como descrito no capítulo anterior. Após a pesquisa bibliográfica, sob a supervisão de nossa orientadora foram elaboradas questões norteadoras para observação da comunidade docente e discente de duas escolas regulares de ensino que se identificam como inclusivas. Atuamos como mediadores atentos, registrando nossa abordagem sem interferir nas atividades e buscando também interferir minimamente na rotina de aulas preservando assim a idoneidade do processo de análise do universo dos surdos em sala de aula na escola regular. 7.1 Procedimentos de observações Para desenvolver uma observação científica foram propostas seis questões norteadoras. Cada questão direcionou a um olhar investigativo dos observadores para um determinado aspecto, de modo a apurar a realidade de cada situação e registrá-la corretamente em cada uma das duas escolas selecionadas. As questões norteadoras utilizadas foram: Há diferença na construção do planejamento pedagógico do aluno surdo oralizado e do aluno profundo? Há participação efetiva dos gestores, coordenadores professores e todos os funcionários na diversidade da escola quando há um aluno surdo? Qual a estratégia 47 adotada pelo professor no ensino da Língua Portuguesa segunda língua do aluno surdo? Qual a Interação do aluno surdo com os alunos ouvintes? Como é a relação do Professor e o Intérprete de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais no aprendizado do aluno em sala de aula? Como é a estrutura física das escolas? Em cada escola foi dado enfoque a um aluno surdo de modo a preservar a integridade da pesquisa. Na Escola 1 foi observada a socialização, aprendizagem e rotina de ACM, na Escola 2, o aluno TGB. 7.1.1 Há diferença na construção do planejamento pedagógico do aluno surdo oralizado e do aluno profundo? Observadora Andréa Cristina Jarina: Escola 1 - ACM é um aluno oralizado, usa aparelho coclear e a professora usa um microfone na borda de seu jaleco para que sua voz chegue mais alta somente ao seu ouvido. A escola atende de forma ativa os alunos inclusivos, a interação em sala de aula com alunos ouvintes é intensa, 100% de aproveitamento. O aluno já está alfabetizado. Observei na reunião de pais nas palavras da mãe do aluno que a mesma faz questão que o menino seja oralizado e não tenha a língua de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, nos seus comentários enfatiza a busca de novas tecnologias para que o menino tenha autonomia. Constatei que os professores da escola atuam no Planejamento Escolar com intervenções lúdicas, jogos pedagógicos (como: caça palavras, jogo da velha, bingo) para motivação dos alunos em sala de aula se tornando prazeroso, e envolvendo a participação de todos. O olhar do professor em inúmeras atividades busca a socialização das crianças, e visualização da afinidade do universo de cada aluno ou aluna. A aula de informática também faz parte desta mediação (jogos de quebra cabeça, matemática, língua portuguesa, etc.) as crianças sempre estão em duplas e essas duplas são alternadas para o convívio de todos. Atentei-me ao número de crianças em sala de aula (24 alunos) e o aluno ACM se destaca participando ativamente em sala de aula. Escola 2 - TGB criança surda no ensino fundamental I, a escola é bilíngue 48 há alunos ouvintes e surdos (em sala de aula alunos que tenham outras deficiências - Autismo e Surdez, Síndrome de Down e Surdez) todos os alunos interagem em havendo alguns alunos que acabam protegendo o outro aluno. Na sala de aula o Professor e Intérprete falam LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. As intervenções são lúdicas o professor desenha na lousa e as crianças participam. Há uma característica inusitada em sala de aula: os alunos surdos participam muito e não é ruim ou importuno o aluno se expressar no momento que o professor está explicando. As metodologias da escola bilíngue e planejamento são diferenciados, como por exemplo, nas provas, os alunos são separados, pois, o aluno neste ciclo ainda não tem o domínio da Língua Portuguesa, sua escrita é mais lenta e precisa de mais tempo, assim não prejudica nenhum aluno (ouvinte ou surdo). Observadora Fátima Carvalho: Escola 1- ACM encontra-se matriculado na escola pública do estado de São Paulo no período vespertino, primeiro ano do ensino fundamental I. A sala de aula possui 24 alunos e um deles é surdo (implante coclear). O aluno é oralizado e não faz uso da LIBRAS -Língua Brasileira de Sinais. ACM é alfabetizado e faz uso da Língua Portuguesa se destacando em sala de aula, com participação e interação efetiva com os demais alunos. A mediação entre professor e aluno ocorre por meio de um aparelho que capta o som da voz da professora e o aluno ACM ouve com mais exatidão sua voz. Observei que o aluno oralizado e as metodologias aplicadas contribuem para o perfil do aluno, pois não há outro aluno surdo na escola, sendo assim é notório que o aluno surdo oralizado tem um diferencial na condução de seu aprendizado. Escola 2- TGB está matriculado em escola Bilíngue da prefeitura de São Paulo capital, é alfabetizado com sua língua materna LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Nesta escola em sala de aula há o Professor Ouvinte (a professora também fala LIBRAS. TGB é aluno ensino fundamental I, e a escola alfabetiza ensinando a LIBRAS e a Língua Portuguesa, para que o aluno ao chegar no ensino fundamental II já esteja apto a acompanhar as aulas usando a língua materna e a língua pátria. A mediação da aula foi executada com desenhos na lousa feito pelo Intérprete e os alunos escreviam os nomes no caderno, é necessário citar que o conteúdo era de Língua Portuguesa. Neste caso a professora em sala de aula 49 participava somente para dúvidas imediatas de cada aluno de forma individual se aproximando de carteira em carteira. O currículo adotado pela escola promove que o aluno surdo tenha autonomia, pois há intérpretes em sala de aula. Constatei também que no ensino fundamental II há alunos ouvintes em grande parte e alunos surdos e mesmo o aluno oralizado aprende LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Observadora Valdiclei Vital: Escola 1 - Observei que o aluno ACM tem surdez profunda e usa o aparelho coclear, além disso é oralizado e a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais não é sua língua. O aluno tem dificuldade na escrita da Língua Portuguesa, mas é alfabetizado. O aluno participa da aula e mesmo com sua deficiência tem total interação com os outros alunos. Observei também que o planejamento de conteúdo em classe não tem nenhum diferencial, o alunoACM acompanha com alunos ouvintes. Nesta escola não há Intérprete, pois o aluno é oralizado. Escola 2 - Observei que em sala de aula há 10 (dez) alunos surdos e a maioria não são oralizados, o Professor é ouvinte e o Intérprete é surdo ambos falam LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Observei que o método usado pelo professor e intérprete em sala de aula reflete para todos os alunos (ouvintes e surdos) como, por exemplo, foi usado um filme - e na execução foi usado o som, a legenda, e a interpretação em LIBRAS, houve a participação dos alunos surdos com frequência. Observei que na escola bilíngue o formato das aulas é diferente, usa-se o formato visual, abordados com textos e colagem. Para ampliar minha observação estive em sala de aula no fundamental II e visualizei que nesta faixa etária as aulas são diferenciadas e o planejamento também, o conteúdo é efetuado em slides, o Professor é ouvinte (não sabe LIBRAS) e o Intérprete é ouvinte. Embasamento teórico Alunos surdos quando entram na escola e são inseridos no trabalho de leitura e escrita, não dispõem dos mesmos recursos linguísticos que os ouvintes, alguns, filhos de país surdos, podem ter adquirido a Língua de Sinais, mas, a maioria, conta com apenas com alguns fragmentos dela, e a grande maioria conta apenas com a Língua Portuguesa oral, usada pela família (PMSP, 2009). Mesmo que tenha adquirido linguagem oral na interação com os familiares, dificilmente as crianças surdas chegam à escola com conhecimento da Língua 50 Portuguesa no qual possam se basear para o aprendizado da leitura e da escrita. Neste sentido, pode se afirmar que para maior parte das crianças surdas, aprender a ler e a escrever significa aprender uma língua (PMSP, 2009). 7.1.2 Há participação efetiva dos gestores, coordenadores professores e todos os funcionários na diversidade da escola quando há um aluno surdo? Observadora Andréa Jarina: Escola 1 - Observei que desde a entrada na escola todos os alunos são recebidos com sorrisos e abraços por um profissional. Há outros alunos PCDs - pessoas com deficiência como cadeirantes e deficiência intelectual. O aluno ACM chega sorrindo e abraçando a todos, por ser oralizado consegue se comunicar com todos, na subida até a classe encontramos com duas faxineiras que ele fez questão de cumprimentar acenando. No refeitório, não fugiu a regra, sorrisos e muitas conversas. Analisei que a todo o momento a diretora está andando pela escola e no intervalo principalmente acenando para os alunos e ACM sempre interagindo. Escola 2 - Observei que a coordenadora está sempre se movimentando pela escola os alunos surdos e ouvintes sempre param para abraçá-la. Constatei que esse perfil é de todos os funcionários, há também outro detalhe os funcionários falam LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais e todas as dúvidas que o aluno tenha fora da sala de aula é sanada. Observadora Fátima Carvalho: Escola 1 - Na escola do ACM há também alunos com outros tipos de deficiência como: cadeirantes, deficientes intelectuais e autistas. Observei que a participação de todos os funcionários da escola proporciona para o aluno entusiasmo, pois todos são recebidos com sorrisos e abraços logo na entrada. Na hora do intervalo, as merendeiras fazem questão que todos sejam tratados com respeito, isto é, o aluno inclusivo não tem regalias, a fila é de todos e não há privilégios para quem apresenta uma deficiência. Os gestores estão sempre aptos a receberem os pais no momento e dia necessário. Há a preocupação da 51 gestão em relação ao estado de saúde e laudos dos alunos PCD`s - Pessoas com Deficiência. Escola 2 - Sim, os gestores, professores e funcionários falam LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, para que haja a participação efetiva de todos. Os cursos de LIBRAS são oferecidos gratuitamente pela escola caso tenha funcionário que seja transferido de outra escola. Observadora Valdiclei Vital: Escola 1 – Sim, pois a participação dos profissionais na escola faz com que haja melhorias para os alunos surdos. Os gestores, professores e funcionários fazem a diferença nessa escola, trazendo até cursos de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais para as crianças e pais se comunicarem com os surdos. Observei que os profissionais recebem os alunados com toda a dedicação, são recebidos com sorrisos e cordialidade. Escola 2 – Sim, observei que a participação dos gestores, professores, coordenadores e funcionários são concretas, pois eles interagem com os alunos surdos e ouvintes e os profissionais (professores são ouvintes e surdos) para a melhoria e para adaptação desses alunos na escola, fazendo com que eles se socializem. Embasamento teórico Para Mantoan (2006) um ensino de qualidade se faz a partir de saberes e de relações de trabalho pedagógico que implicam formação de redes de saberes e de relações por caminhos imprevisíveis para chegar ao conhecimento; existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam pela solidariedade, pela colaboração e pelo compartilhamento do processo educativo com todos os que estão direta ou indiretamente envolvidos. Cabe ao diretor cumprir e fazer cumprir a legislação vigente maior, a Fim de garantir a efetivação da matrícula da pessoa surda na escola regular. Além disso, criar procedimentos mais flexíveis de gestão para eliminação de barreiras nas comunicações, mobilizando os demais administradores da comunidade local na agilização e solidificação de recursos e materiais específicos para os alunos (ALBRES, 2010, p.65). 52 7.1.3 Qual a estratégia adotada pelo professor no ensino da Língua Portuguesa segunda língua do aluno surdo? Observadora Andréa Jarina: Escola 1 - Como foi constatado nas observações acima o aluno ACM não tem a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais sua primeira língua, significa que a Língua Portuguesa na qual foi alfabetizado é sua primeira e única língua até agora. Escola 2 - TGB estuda em escola bilíngue e a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais é sua primeira língua, observei que a Língua Portuguesa faz parte do currículo desde o Ensino Fundamental l, constatei com a experiência em sala de vídeo na reprodução de filme é usado a metodologia de Interpretação de sinais nas falas do filme, legenda e som para que os alunos tenham as mediações necessárias para o entendimento. Participei também na observação em sala de aula no Ensino Fundamental II e a mediação é efetuada de forma visual, há apresentação de slides no conteúdo do ensino do Professor, pois o surdo é visual e o aluno ouvinte também aprende com esse formato, observei também que se caso o surdo tenha dificuldade na interpretação do estudo na Língua Portuguesa o professor entrega textos e papéis, às vezes com colagem ou textos relacionados ao teor da aula para a ampliação de vocabulário na Língua Portuguesa. Observadora Fátima Carvalho: Escola 1 - ACM tem a Língua Portuguesa como primeira língua que não dificultou em nada no seu aprendizado. Escola 2 - TGB na escola Bilíngue é alfabetizado com a LIBRAS e a Língua Portuguesa, a mediação é feita pela interpretação lúdica com desenhos e os alunos escrevem os respectivos nomes em Língua Portuguesa. Há também a sala de vídeo, os filmes são interpretados com LIBRAS, legendados na Língua Portuguesa e o áudio, todos esses recursos são usados para que os alunos surdos, D.A. e ouvintes tenham a participação plena nas línguas. Observadora Valdiclei Vital: Escola 1- Observei que o aluno ACM não conhece LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa como primeira língua.. 53 Escola 2- O professor e intérprete trabalham juntos para ensinar a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais, trazendo lúdico e brincadeiras que despertem o interesse dos surdos proporcionando que eles brinquem e aprendam ao mesmo tempo. Embasamentoteórico De acordo com Oliveira, Omote e Giroto (2008), há vários métodos empregados no Brasil para o desenvolvimento da linguagem de deficientes auditivos. No capítulo 4 deste trabalho explicitamos três destes: método oral, método oral multisenssorial e o método comunicação total que transcende a metodologia de linguagem configurando-se numa filosofia. Na abordagem de comunicação total se pretende que ambas as línguas – os sinais (LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais) e a oral (português) – sejam ensinadas e usadas sem que uma interfira ou prejudique a outra. Elas se destinariam a situações diferentes. De acordo com Skiliar (2004), adquirida a língua de sinais, será favorecida a compreensão significativa de uma segunda língua ultrapassando a mera decodificação da escrita. 7.1.4 Qual a Interação do aluno surdo com os alunos ouvintes? Observadora Andréa Jarina: Escola 1 - Observei que o aluno ACM tem total interação com os alunos ouvintes na sala de aula, inclusive, na hora do intervalo. Constatei que a comunicação entre eles principalmente nas atividades lúdicas é transparente e animada. Escola 2 - TGB estuda em classe do Ensino Fundamental I observei que nesta fase os alunos interagem de forma distinta. Observei que as disposições das carteiras em sala de aula contribuem para a distância na interação, pois os alunos surdos permanecem sempre à frente de todos os alunos, mas constatei que essa estratégia é usada em todas as salas de surdos para que o Intérprete de LIBRAS possa transmitir de forma concisa os sinais. No Ensino Fundamental II observei que como estão mais velhos os surdos 54 procuram se interagir com os surdos, sempre se comunicando com a LIBRAS como me comunico com a LIBRAS observei que suas falas sempre se remetem a sua “tribo”, na sala de aula a interação é análoga, pois há muito conteúdo e sala de aula e há pouca conversa. Observadora Fátima Carvalho: Escola 1 - Observei que a interação é efetiva. A docente não usa nenhuma estratégia diferenciada para alcançar os seus objetivos no processo de ensino e aprendizagem com o aluno, pois ele é oralizado. O discente interage com os demais colegas em todas as atividades propostas pela professora sem qualquer dificuldade. A interação acontece em sala de aula, no intervalo, nas aulas de informática, na brinquedoteca e nas aulas de atividades lúdicas. As atividades são mediadas pela educadora quase sempre em grupos. Revezando os discentes de forma que uns interajam com os outros para que haja socialização. Escola 2 - Observei que tanto no ensino fundamental I, como no ensino fundamental II embora os alunos ouvintes tenham interesse pela Língua Materna dos alunos surdos não houve Interação em sala de aula. Percebi que alunos ouvintes falavam a L1 (Língua Brasileira de Sinais) apenas entre eles. Os alunos surdos sentam se na primeira fileira, ou no meio de frente para o intérprete para facilitar a comunicação entre a tríade que por consequência acaba dificultando a interação entre os alunos. No intervalo os discentes surdos sentam se separados dos ouvintes. Houve pouquíssima interação dentro do ambiente escolar entre alunos surdos e ouvintes. Observadora Valdiclei Vital: Escola 1- Observei ACM nas atividades lúdicas, tem boa interação com os ouvintes, brincam, dividem os brinquedos, tem vários amiguinhos ouvintes se socializam bem com os outros. Escola 2- TGB não interage muito com os ouvintes, eles ficam separados e conversam entre si mais focados na intérprete e na material. Embasamento teórico Oliveira, Omote e Giroto (2008), afirmam que o objetivo central da educação infantil é favorecer o desenvolvimento físico, motor, emocional, cognitivo e social de 55 todas as 29 crianças – ouvintes ou surdas. As experiências e os conhecimentos são promovidos e ampliados, por meio de jogos e brincadeiras, bem como do convívio com outras crianças e outros adultos, fora do alcance doméstico. Assim a socialização, que se inicia antes dos 3 anos, vai se consolidando aos 4 e aos 6 anos de idade. A criança escolhe com quem quer brincar e conversar, de quem quer ser amiga. Para Santana (2004), a língua de sinais (L1, primeira língua) deve ser adquirida por meio da interação entre a criança e o adulto surdo, e a língua na modalidade oral seria fornecida à criança pelo adulto ouvinte, surgindo como segunda língua, (L2, teoricamente baseada nas habilidades linguísticas já desenvolvidas pela primeira língua). Dessa forma, o surdo pode apresentar um desenvolvimento linguístico-cognitivo paralelo ao verificado na criança ouvinte. Além disso, pode haver a interação harmoniosa entre ouvintes e surdos, havendo acesso ás duas línguas: a de sinais e a da “comunidade ouvinte” (SANTANA, 2004). 7.1.5 Como é a relação do Professor e o Intérprete de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais no aprendizado do aluno em sala de aula? Observadora Andréa Jarina: Escola 1 - O aluno é oralizado e não possui Intérprete de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Escola 2 - Observei que a interação entre o Intérprete de Libras (Professor Surdo) e o Professor sempre estão em sintonia, ambos participam em comunhão com os alunos. Os Professores são ouvintes e dominam a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Constatei em visita às salas além do aluno TGB, que todas possuem os dois professores. A comunicação é efetiva e observei que sempre estão discutindo sobre o que será aplicado em sala de aula. Observadora Fátima Carvalho: Escola 1 - ACM é oralizado e não há Intérprete de LIBRAS em sala de aula. Escola 2 - A escola tem como metodologia a interação efetiva dos professores e intérpretes. Ambos discutem o planejamento e atuação em sala de 56 aula com atenção para as dúvidas de todos, isto é, surdos ou ouvintes. Observadora Valdiclei Vital: Escola 1 - Não há Intérprete de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Escola 2 - Observei que não há integração e sim interação entre os professores a toda hora, eles se comunicam fazendo com que as aulas sejam construtivas para os alunos surdos e ouvintes. Embasamento teórico Lacerda (2009) afirma que o trabalho do intérprete tradutor será o de dar uma nova forma ao sentido percebido, garantindo os seguintes aspectos: toda mensagem original deve ser contemplada inclusive em seus detalhes e neste trabalho as características da língua de chegada precisam ser respeitadas. O processo de tradução e interpretação não pode estar focalizado apenas no nível linguístico, mas precisa levar em conta aspectos culturais, e situacionais, e é por isso que a ênfase deve estar na passagem dos sentidos. O propósito principal tanto da tradução quanto da interpretação é fazer com que uma mensagem expressa um determinado idioma seja transposta para outro, a fim de compreendida por uma comunidade que não fale o idioma em que essa mensagem foi originalmente concebida (PAGURA, 2003, p. 223 apud LACERDA, 2009, p. 16). 7.1. 6 Como é a estrutura física? Observadora Andréa Jarina: Escola 1 - A escola tem 3 andares (térreo + 2 andares),as salas de aula estão disponibilizadas no andares acima, elevador, refeitório amplo e ventilado, brinquedoteca, sala de informática, em todos os andares há banheiros e banheiros acessíveis, sala de recurso, sala de vídeo, os quadros brancos são escritos com pincéis, as carteiras tem ótima qualidade, quadra poliesportiva. Escola 2 - A escola tem espaço arborizado, 2 andares( térreo + 1 andar), banheiros acessíveis e banheiros em grande número, a diretoria e secretária estão localizadas em lugar estratégico logo na entrada, os quadros são brancos a escrita é 57 com pincéis, as carteiras são de ótima qualidade, o refeitório é amplo com duas entradas uma com escada e a outra piso de acesso (térreo), e o pátio também é espaçoso, sala de vídeo, salade leitura, sala recurso, sala de informática com computadores novos. As salas de aula estão divididas nos dois andares. A parte externa tem duas piscinas e teatro também com banheiros acessíveis e banheiros, quadras poliesportivas, rampas e escadas em todas as entradas/saídas, garagem para carros dos professores. Observadora Fátima Carvalho: Escola 1 - A estrutura física é ampla e atende as necessidades dos alunos. Com banheiros adaptados, elevadores, sala de recursos, biblioteca, brinquedoteca, sala de informática, sala de vídeo. Escola 2 – Apresenta 2 andares e atende as necessidades dos alunos. Escola ampla, banheiros, secretaria, varias salas de aula, pátio, refeitório, sala de vídeo, sala de informática, sala de leitura, sala multiuso. Observadora Valdiclei Vital: Escola 1 - Escola ampla com 2 andares. O espaço atende as necessidades dos alunos. Na parte térrea tem a secretaria, a diretoria, a sala dos professores, o refeitório, a brinquedoteca, o pátio de entrada dos alunos e o elevador. Nos andares acima (2 andares) há salas de aula, banheiros adaptados, banheiros comuns, sala de informática , sala de vídeo e biblioteca. Escola 2 - São 2 andares que atendem as necessidades dos alunos. A escola é ampla, banheiros, secretaria, várias salas de aula, pátio, refeitório, sala de vídeo, sala de informática, sala de leitura e sala multiuso. 58 CONCLUSÃO No capítulo 1 deste trabalho buscou-se introduzir o tema deste trabalho no contexto educacional que vivemos. Após breve apresentação do tema justificou-se sua escolha pelo fato do ensino brasileiro ainda não oferecer satisfatoriamente escolas inclusivas para a socialização de crianças surdas. A inquietação inicial do tema levou a seguinte problemática: Quais os mecanismos para total interação social do aluno surdo na escola inclusiva? Como se dá a interação com colegas ouvintes e professor na integração didática e no ambiente escolar? Se há intérprete, como é sua interação e trabalho na sala de aula? Entendendo a importância do tema delineou-se o objetivo geral dessa pesquisa: Conhecer os processos de inclusão aos alunos surdos no ambiente da escola pública em que a maioria dos alunos são ouvintes com línguas distintas, mas que pertencem a todos. Foram definidos como objetivos específicos: observar como ocorre a comunicação do surdo na escola, investigar como se dá o processo de interlocução entre os alunos surdos e alunos ouvintes, analisar como funciona, mas adaptações curriculares voltadas para a questão linguística e pedagógica do aluno surdo, bem como conhecer como ocorre à relação professor-aluno, intérprete- professor. Ao final do capítulo foi apresentada a linha de pesquisa como pesquisa exploratória descritiva de campo e bibliográfica. O capítulo 2 buscou explorar o conceito de escola inclusiva, a começar pela história da escola inclusiva. Durante a pesquisa deste capítulo, com o auxilio de autores como Albres (2010) e Ferreira (2006) apurou-se que o movimento de inclusão se iniciou nos anos oitenta. Mas, o pontapé inicial pode ser atribuído à Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, elaborada pelos países participantes da Organização das Nações Unidas a fim de nortear os movimentos e definições de políticas públicas nesses países (BRASIL, 2011). Já na década de noventa, com a política de “Educação para Todos”, na Conferência Mundial da UNESCO, nosso país comprometeu-se com uma reformulação intensiva do sistema educacional brasileiro, de maneira a acolher a todos, indiscriminadamente, com qualidade e legitimidade de direitos. Em 1990 o Brasil deu seus primeiros passos garantindo igualdade de direitos às crianças com necessidades especiais no o Estatuto da Criança e do Adolescente. Em 1994 com a Declaração de Salamanca, 59 foi determinada a construção de um sistema educacional inclusivo, prioritariamente no que se refere à população de alunos com necessidades educacionais especiais. No entendimento desta Declaração o Brasil promulgou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e em 1998, houve a elaboração do documento: Adaptações Curriculares para Alunos com Necessidades Educacionais Especiais no Âmbito dos Parâmetros Curriculares Nacionais, uma mudança importante na história da educação especial. No Brasil foi estabelecida a Política Nacional para a Integração de Pessoa Portadora de Deficiência (1999), o Plano Nacional de Educação (2001), a Convenção Interamericana para Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas com Deficiência (2001), as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, CNE. CEB nº 02/2001 (BRASIL, 2011). Ainda no capítulo 2, autores como Mazzotta (2005), Mendes (2002) e Novaes e Balieiro (2004), discutiram as discrepâncias entre integração e inclusão concluindo que a ideia da integração implica numa ideia de mudanças no indivíduo, no sentido de normalizá-lo. Enquanto que, a ideia da inclusão, se pauta no respeito à diversidade, no processo de desenvolvimento do sujeito e no processo de reajuste da realidade social. Para estes autores, infelizmente a educação, passou-se a defender um único sistema educacional de qualidade para todos os alunos, com ou sem deficiência, negligenciando o fato de que a diversidade é parte da condição humana e que, portanto, o sujeito com deficiência é parte integrante da sociedade. Autores como Coll, Palácios e Marchesi (1984), Mantoan (2015), Mendes (2002) e Omote (1999), trataram da educação especial e da escola inclusiva. Na visão destes autores a escola não pode continuar ignorando, anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais formam e instruem os alunos. Estes autores ainda no presente capítulo alertam que a inclusão é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade por meio de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, portanto do próprio portador de necessidades especiais. É uma inovação que implica um esforço de modernizar a natureza atual da maioria de nossas escolas. Explicam que dar atendimento a uma criança com necessidades especiais é diferente de fornecer educação especial, pois a educação especial é uma educação organizada para atender específica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais, consistindo em fenômenos de ensino e 60 aprendizagem diferentes da educação regular, são vários os profissionais que podem/devem trabalhar na educação especial, como por exemplo, o educador físico, professor, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional. Uma escola direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados e conforme Coll (1994) se o sistema regular de ensino quer ser inclusivo precisa adaptar-se. No capítulo 3 foi abordada a surdez clinica, tipologia e classificações de perdas auditivas. Autores como Skliar (2011), Gremion (1991) e Ceschin e Roslyn- Jensen (2002) buscaram apresentar o aparelho auditivo, seu funcionamento e a importância do sentido da audição. Os autores destacaram apontam que o distúrbio auditivo acarreta dificuldades na comunicação e socialização, distúrbios de linguagem e escrita, mau aproveitamento escolar e ainda, sem razão, o qualitativo de “retardada” abordando os rótulos pejorativos atribuídos a criança com perda auditiva, bem como a falsa ideia de que todo surdo é mudo. Também foi explicitado que as perdas auditivas são classificadas em 4 tipos: condutiva, neurossensorial, mista e central. Além disto, entre outras singularidades e causas podem ter diferentes graus: leve, moderado, severo, profundo e a anacusia que representa a ausência total de respostas. Não há nenhuma audição. Foi abordada ainda neste capítulo a importância da identificação precoce da dificuldadeauditiva e a atenção que a escola deve ter na prevenção. O capítulo 4 ocupou-se de discutir a aprendizagem e metodologias de ensino para o aluno surdo ou com perda auditiva. Iniciou-se explicando a origem e funcionamento da LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais e a importância de se garantir a exposição à Língua Brasileira de Sinais desde o mais cedo possível à criança surda, possibilitando, assim, a aquisição de uma língua. O bilingüismo abordado num segundo momento deste capitulo propõe que ambas as línguas – os sinais (LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais) e a oral (português) – sejam ensinados e usadas sem que uma interfira ou prejudique a outra. Elas se destinariam a situações diferentes. Santana (2004) traz considerações sobre seu surgimento deixando claro que devemos conceber a língua de sinais como (L1) primeira língua, que deve ser adquirida por meio da interação entre a criança e o adulto surdo, e a língua na modalidade oral seria fornecida à criança pelo adulto ouvinte, surgindo como segunda língua, (L2) teoricamente baseada nas habilidades linguísticas já desenvolvidas pela primeira língua. Esta abordagem educacional visa 61 capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas, o que segundo Quadros (2004), passa a ser assegurado no Decreto nº 5626/05 que regulamentou a Lei de Libras (Língua Brasileira de Sinais). O autor tece algumas criticas ao uso somente de LIBRAS, ressaltando que sem o enfoque do bilinguismo muitas crianças surdas acabam tendo uma aprendizagem segregada (isolada). Em contrapartida, ou talvez por esta razão, muitos pais são contrários a aprendizagem de LIBRAS na equivocada tentativa de normatizar a criança surda. Vale ressaltar que a LIBRAS é a língua materna dos surdos brasileiros e foi aprovada pela Lei nº. 10436, de 24 de abril de 2002. Outros métodos de comunicação são apresentados por Oliveira, Omote e Giroto (2008), neste capitulo como a datilologia (recurso usado soletrando as palavras com as mãos, usando um alfabeto manual) e a leitura labial e o método oral (quando a perda auditiva em grau menor permite que amplificando o som a criança escute). Destaque se dá ao método e filosofia de comunicação total, cuja premissa básica é utilizar tudo o que seja necessário para o indivíduo com deficiência auditiva como meio de comunicação: oralização, prótese auditiva, gestos naturais, linguagens de sinais expressão facial, alfabeto digital labial, leitura escrita, enfim, tudo aquilo que sirva de meio para ajudar a desenvolver o vocabulário, linguagem e conceito de ideias do surdo. No capítulo 5, abordou-se a atuação do professor e o intérprete de libras, focou-se n a importância do comprometimento e dialogicidade entre os profissionais. Com base nos estudos de Becker (2004), Mantoan (2011 - 2015), Freire (2011), Vygotsky (2000) discutiu-se o sentido da aprendizagem e do trabalho docente, a importância de uma postura inclusiva não fragmentada e instrucional e a valorização da educação inclusiva. O trabalho do intérprete de Libras deve estar vinculado e sintonizado ao do professor. É importante que o professor regente da classe se esforce para conhecer a língua de sinais e favoreça a aprendizagem dos demais alunos da sala para que o aluno surdo possa se socializar; não deixando toda a responsabilidade da comunicação com os alunos surdos para o intérprete, visto que seu papel principal é interpretar. A responsabilidade é do professor. A ausência de uma língua comum entre o professor ouvinte e o aluno surdo traz dificuldades para o aluno em relação a seu desempenho e participação em sala de aula, não se relacionando com o professor compromete a proposta bilíngüe. O capítulo 6, o mais breve deste trabalho ocupou-se de tratar do procedimento de pesquisa explicando seu caráter e importância. Segundo Severino 62 (2007), Lakatos e Marconi (2016) e Michel (2009), a finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de fatos levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter interpretativo, no que se refere aos dados obtidos daí à importância neste trabalho de um levantamento bibliográfico. Para os autores a pesquisa é um procedimento reflexivo e crítico, que propicia a ampliação de conhecimentos, enriquecimento de vocabulário, melhor compreensão dos assuntos e consequentemente a abertura de novos horizontes. Finalmente no capítulo 7 apresentou–se o procedimento de análise, procedimento de observações e consequentemente as observações registradas pelas alunas e observadoras. Explicou–se que após a pesquisa bibliográfica, sob a supervisão de nossa orientadora foram elaboradas seis questões norteadoras para observação da comunidade docente e discente de duas escolas regulares de ensino que se identificam como inclusivas. Atuamos como mediadoras atentas, registrando nossa abordagem sem interferir nas atividades e buscando também interferir minimamente na rotina de aulas preservando assim a idoneidade do processo de análise do universo dos surdos em sala de aula na escola regular. Em cada escola foi dado enfoque a um aluno surdo de modo a preservar a integridade da pesquisa. Na Escola 1, escola pública de São Paulo foi observada a socialização, aprendizagem e rotina de ACM numa sala com 24 alunos e sem intérprete de Libras, na Escola 2, uma escola bilíngue foi observado o aluno TGB e de modo geral demais crianças com perda auditiva no mesmo período de ensino fundamental I e também no ensino fundamental II. Sobre a primeira questão se há diferença na construção do planejamento pedagógico do aluno surdo oralizado e do aluno profundo? Na Escola 1 as três alunas observadoras concluíram que não há diferença na construção do planejamento pedagógico e que por sinal o mesmo apresenta muitas intervenções lúdicas e jogos pedagógicos. Relataram que o aluno (já alfabetizado) usa aparelho coclear e a professora usa um microfone na borda de seu jaleco para que sua voz chegue mais alta somente ao seu ouvido. A escola favorece encontros e reuniões e o aluno em questão interage bem com todos da sala, Andrea Jarina observou que a mãe do aluno é terminantemente contra seu filho aprender LIBRAS. Na Escola 2 as observadoras repararam que por atender alunos surdos e ouvintes tanto professor como intérpretes falam em LIBRAS. Embora apenas comparados a um único aluno da escola 2 chamou a atenção das observadoras que todos os alunos surdos 63 participam mais ativamente das aulas, a todo o momento. O planejamento é diferenciado. A professora de modo geral abusa de recursos visuais e lúdicos na explicação dos conteúdos, mas, já nas avaliações os alunos são separados, pois, o aluno neste ciclo ainda não tem o domínio da Língua Portuguesa, sua escrita é mais lenta e precisa de mais tempo, assim não prejudica nenhum aluno (ouvinte ou surdo). O aluno TGB de acordo com relato da observadora Fátima é alfabetizado com sua língua materna LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais e o currículo adotado pela escola promove que o aluno surdo tenha autonomia pois há intérpretes em sala de aula. Fátima constatou que no ensino fundamental II há alunos ouvintes e mesmo o aluno oralizado aprende LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais em sala. Também a observadora Valdiclei buscou observar uma sala de aula do fundamental II, na qual havia 10 (dez) alunos surdos e a maioria não são oralizados, nesta faixa etária, aponta Valdiclei o conteúdo é efetuado em slides e mesmo quando são exibidos filmes são utilizados recursos de áudio, legenda e interpretação de LIBRAS. A segunda questão buscou responder se há participação efetiva dos gestores, coordenadores professores e todos os funcionários na diversidade da escola quando há um aluno surdo. Na Escola 1 Andrea, Fátima e Valdiclei observaram que todos os funcionários participam e interagem com os alunos, incluindo ACM. As observadorasrelatam que desde a entrada há um profissional com postura acolhedora inclusive com alunos PCDs (com deficiência como cadeirante e deficiência intelectual). Desde as faxineiras ás merendeiras todas acenam e se comunicam com os alunos. A diretora transita pela escola interagindo com todos, inclusive nos intervalos. Na Escola 2 os funcionários também interagem com todos os alunos com o diferencial de que todos os funcionários falam LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais e todas as dúvidas que o aluno tenha fora da sala de aula é sanada. Andrea Jarina observou que a coordenadora muito carinhosa transita pela escola abraçando a todos. Fátima pontuou que os cursos de LIBRAS são oferecidos gratuitamente pela escola caso tenha funcionário que seja transferido de outra escola. Na terceira questão buscou–se responder qual a estratégia adotada pelo professor no ensino da Língua Portuguesa segunda língua do aluno surdo? As três observadoras concluíram que na Escola 1 o aluno ACM não tem a LIBRAS sendo a Língua Portuguesa sua primeira e única língua. Na escola 2 foi observado que a LIBRAS é a primeira língua de TGB, mas professor e intérprete trabalham juntos em 64 sintonia. A Língua portuguesa é concomitantemente empregada, a professora emprega vídeos, slides, desenhos e legendas nos filmes, a mediação com a língua portuguesa é feita de acordo com a observadora Fátima através da interpretação lúdica. Andrea Jarina destaca a Língua Portuguesa é presente também no ensino fundamental II e o professor entrega textos e papéis, às vezes com colagem ou textos relacionados ao teor da aula para a ampliação de vocabulário na Língua Portuguesa. Na quarta questão norteadora as observadoras tentaram identificar qual a Interação do aluno surdo com os alunos ouvintes. Na escola 1 foi observado que a interação é frequente e a comunicação transparente até porque ACM é oralizado. Já na escola 2 os alunos surdos tendem a formar grupos distintos dos ouvintes. Andrea Jarina repara que as disposições das carteiras em sala de aula contribuem para a distância na interação, pois os alunos surdos permanecem sempre à frente de todos. Já no Ensino Fundamental II observou que os surdos procuram se interagir com os surdos, sempre se comunicando com a LIBRAS como me comunico com a LIBRAS observei que suas falas sempre se remetem a sua “tribo”, na sala de aula a interação é análoga, pois há muito conteúdo e sala de aula e há pouca conversa. Fátima observa ainda que no intervalo os discentes surdos se sentam separados dos ouvintes. Houve pouquíssima interação dentro do ambiente escolar entre alunos surdos e ouvintes A quinta questão refere-se a como é a relação do Professor e o Intérprete de LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais no aprendizado do aluno em sala de aula. Na escola 1 como não há intérprete de Libras a resposta foi nula. Na escola 2 observou- se parceria, comunhão e sintonia entre as profissionais em todas as atividades, sempre discutindo planejamento e o conteúdo a ser trabalhado, lembrando que todos professores sabem LIBRAS. A sexta e ultima questão buscou responder como é a estrutura física das escolas. Andrea Jarina, Fátima Carvalho e Valdiclei Vital observaram que a Escola 1 possui 3 andares (térreo + 2 andares),as salas de aula estão disponibilizadas no andares acima, elevador, biblioteca, sala de informática, em todos os andares há banheiros e banheiros acessíveis, sala de recurso, sala de vídeo, além de ter quadros brancos no lugar de lousas e as carteiras tem ótima qualidade. No térreo também conta com um elevador, refeitório amplo com pátio acoplado e ventilado, diretoria, secretaria, pátio de entrada e a brinquedoteca. A Escola 2 destaca-se pelas 65 observadoras por ser arborizada. Possui 2 andares( térreo + 1 andar), banheiros acessíveis e banheiros em grande número, a diretoria e secretária estão localizadas em lugar estratégico logo na entrada, os quadros são brancos, as carteiras como na escola 1 também são de ótima qualidade, o refeitório é amplo com duas entradas uma com escada e a outra piso de acesso (térreo), e o pátio também é espaçoso, sala de vídeo, sala de leitura, sala recurso, sala de informática com computadores novos. Há salas de aula distribuídas nos dois andares. A parte externa tem duas piscinas e teatro também com banheiros acessíveis e banheiros, quadras poliesportivas, rampas e escadas em todas as entradas/saídas, garagem para carros dos professores. Sobre a problemática que norteou este trabalho, concluiu-se que o educador deve lançar mão de todos os recursos possíveis para favorecer a interação social do aluno surdo na escola inclusiva. Um intérprete de libras na sala de aula é o ideal, mas, na impossibilidade devem buscar formas para favorecer a comunicação com recursos visuais e em perda auditiva não tão severa recursos auditivos. Observou-se também que na escola com professor e intérprete a sintonia e interação dos profissionais é natural e favorece a aprendizagem da LIBRAS e da Língua Portuguesa igualmente. Se o aluno é surdo e ainda não oralizado, as LIBRAS tendem a facilitar a aprendizagem da língua portuguesa, mas, para que isto não ocorra de modo segregativo é importante envolver a todos da sala. A aprendizagem de LIBRAS só terá a acrescentar aos alunos ouvintes, por ter caráter concreto e trabalhar inclusive a coordenação motora. 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, T.W. – Educação e Emancipação, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. ALBRES, N.A. Surdos & Inclusão Educacional, 2. Ed. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2010. BECKER, F. A Epistemologia do Professor, Rio de Janeiro: Vozes, 2004. BIANCHETTI, Lucídio; FREIRE, Ida Mara. Um olhar sobre a diferença: Interação, trabalho e cidadania. Campinas, SP: Papirus, 1998. (Série Educação Especial). In ALBRES, N.A. Surdos & Inclusão Educacional, 2. Ed. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2010. BRASIL, Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília. MEC/SEESP, 2001. ________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Ensino de Língua Portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC/SEESP, 2002. ________. Ministério da Educação e do Desporto. 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