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<p>TEORIA E PRÁTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA</p><p>1</p><p>Sumário</p><p>UM OLHAR TEORICO ....................................................................................... 3</p><p>A Neuropsicopedagogia no Contexto Escolar .................................................... 3</p><p>Alfabetização Com Auxílio da NeuroPsicoPedagogia ........................................ 5</p><p>A Contribuição dos Pais na Aprendizagem de Alunos que Apresentaram Baixo</p><p>Rendimento Escolar ........................................................................................... 7</p><p>Neurociência: Compreendendo o Funcionamento do Sistema Nervoso .......... 10</p><p>UM OLHAR MAIS PRATICO A NEUROEDUCAÇÃO E SUAS CONTRIBUIÇÕES</p><p>ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS .................................. 13</p><p>SENTIDOS DA INTERVENÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA NAS</p><p>DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA PRÉ-ESCOLA ............................. 22</p><p>REFERÊNCIAS ..................................................................................... 39</p><p>2</p><p>NOSSA HISTÓRIA</p><p>A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de</p><p>empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de</p><p>Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como</p><p>entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.</p><p>A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a</p><p>participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua</p><p>formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,</p><p>científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o</p><p>saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma</p><p>confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base</p><p>profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições</p><p>modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,</p><p>excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.</p><p>3</p><p>UM OLHAR TEORICO</p><p>A Neuropsicopedagogia no Contexto Escolar</p><p>A Neuropsicopedagogia é um campo do conhecimento que interage de</p><p>modo coerente com outros conhecimentos e princípios de diferentes partes das</p><p>Ciências Humanas: Psicológicas, pedagógicas, sociológicas, antropológicas,</p><p>entre outras, desconstruindo o fracasso escolar, entendendo o erro apresentado</p><p>pelo indivíduo no processo de construção do seu conhecimento, da</p><p>aprendizagem significativa e suas interações como fator importante no</p><p>desenvolvimento das habilidades cognitivas.</p><p>Desta forma, o profissional da Neuropsicopedagogia assume papel de</p><p>importância na abordagem e solução do problema da dificuldade de</p><p>aprendizagem na fase de alfabetização. Como aprender a ler é para a criança</p><p>enfrentar novos desafios em relação ao conhecimento linguístico, esta tarefa se</p><p>torna complexa exigindo um trabalho de equipe multidisciplinar cujo objetivo é</p><p>identificar quais as causas das dificuldades de aprendizagem onde a etiologia da</p><p>problemática pode ser fundamentada nos vários tipos de transtornos biopsico e</p><p>sociofamiliar.</p><p>As dificuldades existentes neste processo são esperadas, pois a relação</p><p>do sucesso na aprendizagem da leitura e das habilidades intelectuais deve ser</p><p>considerada. Crianças que apresentam grandes habilidades intelectuais, com</p><p>certeza terão maiores facilidades para aprender a ler e escrever, ao</p><p>compararmos com as que têm menores habilidades.</p><p>Outro fator a ser considerado é a aprendizagem significativa onde os</p><p>novos conhecimentos que se adquirem relacionam-se com o conhecimento</p><p>prévio que o aluno possui, cabe ressaltar que este é um processo dinâmico em</p><p>que o novo conceito formado passa a ser um novo conhecimento que pode servir</p><p>de futuro ancoradouro para novas aprendizagens (AUSUBEL et al., 1980;</p><p>MOREIRA, 1999a, 1999b).</p><p>O conhecimento pré-existente na estrutura cognitiva do aluno, Ausubel</p><p>denominou subsunçor, ou seja, subsunçor é todo o conhecimento prévio do</p><p>https://psicologado.com/abordagens/psicologia-cognitiva/a-neuropsicopedagogia-no-contexto-escolar</p><p>4</p><p>aprendiz que pode servir de ancoragem para uma nova informação relevante</p><p>para o mesmo; desse modo, existindo uma relação substantiva entre os dois</p><p>temos a aprendizagem significativa, sem dúvida alguma, um procedimento</p><p>pedagógico eficaz a ser utilizado em educação. Alguns educadores defendem</p><p>que os alunos devem aprender significativamente.</p><p>O conhecimento de linguagem oral que a criança já trás consigo é</p><p>extremamente importante para seu aprendizado. Pesquisas bibliográficas</p><p>mostram que este conhecimento deve ser aproveitado pelo educador como</p><p>forma de interação verbal. O aprendizado deve acontecer nos três espaços da</p><p>criança: Escola, família e sociedade.</p><p>Muitas vezes, se supõe, que os problemas socioeconômicos da</p><p>atualidade e a desestrutura familiar (separação/divórcio) impede a presença</p><p>ativa dos pais na escola aumentando assim o índice de indisciplina, dificuldades</p><p>educacionais e, consequentemente a isso, a evasão escolar, problemas que</p><p>poderiam ser amenizados se a família interagisse mais na vida escolar dos filhos.</p><p>Comete-se um erro grave quando se pensa que a aprendizagem começa</p><p>na idade escolar; a verdade é que antes de entrar na escola a criança já</p><p>desenvolve hipóteses e tem certo conhecimento sobre o mundo, apresentando</p><p>assim um conteúdo significativo no contexto da aprendizagem.</p><p>Sabe-se que a influência familiar é fator determinante e decisivo na</p><p>aprendizagem dos alunos. Pais ausentes, que nunca se interessam pelo dia-a-</p><p>dia dos filhos, tanto no âmbito escolar como sociofamiliar, expõe estas crianças</p><p>a conviverem com sentimentos de desvalorização e carência afetiva, gerando</p><p>desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, e</p><p>consequentemente deixando marcas profundas nestes alunos, que futuramente</p><p>encontrarão mais dificuldades no processo pedagógico da aprendizagem</p><p>escolar.</p><p>5</p><p>A responsabilidade que a sociedade coloca na escola vem</p><p>desencadeando a inversão de valores. Muitos pais acham que a educação</p><p>familiar não tem relação com a educação escolar, quando na verdade é</p><p>justamente o contrário, ou seja, a educação escolar que é um complemento da</p><p>educação adquirida na família.</p><p>Alfabetização Com Auxílio da NeuroPsicoPedagogia</p><p>O processo da alfabetização engloba o desenvolvimento de um conjunto</p><p>de competências que farão fluir o ler e escrever, obedecendo a uma sequência</p><p>pré-estabelecida por um currículo de alfabetização, que direcionará o aprender</p><p>a aprender (metacognição).</p><p>Segundo Vygotsky, (1988), na etapa inicial da escolarização o aluno está</p><p>aprendendo a ler; a prioridade, a atenção e o esforço se concentram em quebrar,</p><p>decifrar o código alfabético, entender o que significam os sinais gráficos, e que</p><p>palavras querem representar, esta é a etapa do aprender a ler. Na segunda</p><p>etapa o aluno já decodifica as palavras sem esforço e é capaz de lê-las com</p><p>fluência, ele vai ler para aprender: aprender o significado das palavras, os</p><p>conceitos transmitidos num determinado texto, descobrindo novos horizontes. O</p><p>professor possui papel ativo, sendo capaz de desafiar o aluno para que este se</p><p>sinta cada vez mais hábil ao realizar uma tarefa considerada difícil.</p><p>Os educadores detêm o conhecimento, sendo preciso usar diferentes</p><p>estratégias (metodologias) para alcançar os objetivos propostos, pois os</p><p>educandos ao serem alfabetizados se diferenciam no que se refere ao tempo e</p><p>espaço.</p><p>O que Fazer com Alunos que Parecem não Aprender?</p><p>Autores renomados ensinam que vários aspectos merecem ser</p><p>considerados, mas um deles é fundamental: essas crianças precisam de</p><p>acompanhamento</p><p>problemas aparentemente simples, mas que podem ser</p><p>reinterpretados, conforme a criticidade e leitura de mundo inerente a cada leitor,</p><p>que ao realizar tal ação, gera novos posicionamentos.</p><p>O processo de ensino e aprendizagem a crianças com dificuldades de</p><p>aprendizagem na pré-escola deve estar pautado numa perspectiva de mudança,</p><p>de transformação social, no respeito as diversidade de raça, classe, gênero ou</p><p>qualquer outra distinção, como forma de legitimar um fazer pedagógico</p><p>democrático. O ensino como construção social, precisa contribuir para a</p><p>formação integral do ser humano, em seus aspectos físicos, motores, cognitivos,</p><p>psicológicos, entre outras dimensões.</p><p>A formação de novos valores deve partir do respeito às diferenças e do</p><p>aprender a conviver com o diferente. A igualdade não é o “normal”: todos somos</p><p>diferentes. Há necessidade de se ver a pessoa como um todo, respeitar suas</p><p>diferenças e utilizá-las para a construção de uma sociedade na qual o somatório</p><p>das diferenças resulte na construção de um todo mais harmonioso e feliz. Assim</p><p>sendo, todos têm a contribuir uns com os outros para a construção de um novo</p><p>homem (BRASIL, 2006, p. 12).</p><p>37</p><p>Apoiado neste fundamento apresentado pela Coleção “Educação infantil:</p><p>saberes e práticas da inclusão”, conclui-se, que a legitimidade dos processos de</p><p>ensino e aprendizagem na pré-escola deve pautar-se na ética e respeito, como</p><p>forma de levar o educando a interpretar o mundo em que vive, dando novos</p><p>rumos àquilo que vê, a partir do próprio pensamento e da linguagem; e a escola</p><p>deve ser o lugar para esta provocação e inquietação sobre os problemas sociais</p><p>que fazem parte e enriquecem a realidade de cada criança.</p><p>Quando detectada a dificuldade de aprendizagem da criança, o professor</p><p>precisa agir de maneira ética em relação ao caso, buscando criar estratégias</p><p>didático-pedagógicas que respondam com eficiência a dificuldade, que na</p><p>maioria das vezes, pode ser transitória, visto que a criança está em fase de</p><p>formação, ou seja, tudo ainda é muito indefinido.</p><p>O trabalho do professor da pré-escola deve está voltado para a efetiva</p><p>construção de aprendizagens, que tenha sentido e significado para o sujeito que</p><p>aprende. No caso das crianças com dificuldades de aprendizagem, as situações</p><p>de aprendizagem devem ser diversificadas, adaptadas às especificidades do</p><p>aluno, construindo assim, um modo heterogêneo de facilitar a aprendizagem.</p><p>A proposta que se impõe é a igualdade de possibilidades, como forma de</p><p>promover a inclusão de todos e em todos os setores sociais, pensando na</p><p>formação de um homem capaz de apreender o mundo em que vive em condições</p><p>de transformá-lo e não somente de reproduzi-lo, e essa formação perpassa pela</p><p>obtenção de habilidades, atitudes e valores, que são oferecidas pelo professor,</p><p>por isso é tão importante o seu processo contínuo de formação.</p><p>Em vias das leituras fomentadoras desta escrita, aponta-se para a</p><p>importância da intervenção neuropsicopedagógica nas dificuldades de</p><p>aprendizagem na pré-escola, considerando a criança como um ser social,</p><p>histórico e psicológico, e que o trabalho pedagógico nesta etapa deve basear-se</p><p>numa teoria construtivista, que conceba sua cultura adjacente, articulando-a com</p><p>os saberes teóricos da escola, como ponto principal para a construção de uma</p><p>educação democrática e transformadora da realidade do educando.</p><p>38</p><p>O fazer docente deve considerar as particularidades e as razões que</p><p>causam algum déficit na aprendizagem da criança na pré-escola, fase tão</p><p>importante e determinante na vida estudantil, buscando desenvolver estratégias</p><p>que deem sentido a aprendizagem, conduzindo o aprendiz pelo caminho da</p><p>descoberta de novos rumos do saber e potencialidades.</p><p>As breves e ainda tímidas referências sobre a atuação do</p><p>neuropsicopedagogo dão, portanto, um direcionamento para sua importância no</p><p>processo de ensino e aprendizagem. Reconhecida a sua relevância para a</p><p>compreensão dos problemas e dificuldades de aprendizagem escolar, vislumbra-</p><p>se cada vez mais, um investimento na valorização e legitimação deste</p><p>profissional no âmago das ciências educativas, pois que, educar é um processo</p><p>sensível e complexo, que envolve a interface de saberes múltiplos e a (des)</p><p>construção de modelos pré-construídos ao longo do domínio de um sistema de</p><p>ensino linear, burocrático e unilateral, e requer a participação das diferentes</p><p>cadeias sociais. Este pensamento vai de encontro há uma “necessidade de</p><p>passar a visão centrada só nos problemas (e, portanto, nas dificuldades) de</p><p>aprendizagem às dificuldades de ensino, centrando a reflexão nos contextos</p><p>para modificar objetivos e estratégias de nossa maneira de trabalhar”</p><p>(ALBERTINI, 2012, p. 1), perspectiva que cunha lugar nos discursos</p><p>educacionais contemporâneos.</p><p>Deste modo, é fundamental a adesão a novos conceitos e propostas de</p><p>ensino e aprendizagem, com foco no atendimento as crianças com dificuldades</p><p>de aprendizagem na pré-escola. É preciso superar um modelo de ensino</p><p>autoritário, baseado em metodologias mecânicas e tradicionais e buscar</p><p>transformar as práticas pedagógicas em caminhos livres e potencializadores,</p><p>para que as crianças possam manifestar suas reais condições de aprendizagem,</p><p>apoiadas em princípios e valores comprometidos com a formação integral.</p><p>39</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BLAKEMORE, S. J.; FRITH, U. O cérebro que aprende. Lisboa: Gradiva,</p><p>2009.</p><p>CONSEZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociência e Educação: como o</p><p>cérebro aprende. Porto Alegre-RS: Artmed, 2011.</p><p>ESPINOSA. T. N. The scientifically substantiated art of teaching: a study</p><p>in the development of standards in the new academic field of neuroeducation</p><p>(mind, brain, and education science). Tese de Doutorado, Programa de Pós-</p><p>Graduação em Educação, Capella University, Mineápolis, Minesota. 2008</p><p>GUERRA, L. O diálogo entre a neurociência e a educação: da euforia aos</p><p>desafios e possibilidades. Revista Interlocução. 4(4), p. 3-12, 2011. Disponível</p><p>em < http://interlocucao.loyola.g12.br/index.php/revista/article/viewArticle/91>.</p><p>Acesso em 09 de março de 16.</p><p>BRASIL. BOLETIM DE EDUCAÇÃO. Um salto para o futuro. 1998. p. 22-</p><p>42.</p><p>______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica.</p><p>Resolução n. 2, de 11 de setembro de 2001. Institui Diretrizes Nacionais para a</p><p>Educação Especial na Educação Básica. Brasília, DF, 2001. Disponível em: <</p><p>http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/CEB0201.pdf >. Acesso em: 26 mai.</p><p>2015.</p><p>______. Decreto n. 6.571/2008. Dispõe sobre o Atendimento Educacional</p><p>Especializado, regulamenta o parágrafo único do artigo 60 da lei n. 9.394, de 20</p><p>de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao decreto n. 6.253, de 13 de</p><p>novembro de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 set. 2008. 1 p.</p><p>______. Educação infantil: saberes e práticas da inclusão: Introdução. 4.</p><p>ed. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. (Coleção Educação</p><p>Infantil: saberes e práticas da inclusão).</p><p>40</p><p>______. Ministério de Educação e do Desporto. Secretaria de Educação</p><p>Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília,</p><p>DF: MEC, 2006a, 2v.</p><p>CORREIA, Luís de Miranda. Problematização das Dificuldades de</p><p>Aprendizagem nas Necessidades Educativas Especiais. In: Instituto de Estudos</p><p>da Criança, Universidade do Moinho, 2004.</p><p>______; MARTINS, A. P. Dificuldades de aprendizagem: que são? Como</p><p>entendê-las? Porto: Porto Editora, 2006.</p><p>FONSECA, Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto</p><p>Alegre: ArtMed, 1995.</p><p>FORTES, M. F. A. Juventude e escola. DOXA - Revista Sem. do Unileste-</p><p>MG, n. 9, jan./jun. 2003.</p><p>FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática</p><p>educativa. 27. ed, São Paulo: Paz e Terra, 2003.</p><p>FREINET. C. Uma escola ativa e cooperativa. São Paulo.</p><p>2002.</p><p>Disponível em: < http://www.novaescola.abril.com.br >. Acesso em 24 abr. 2015.</p><p>MALUF, Maria Irene. Entenda mais sobre a Dificuldade de Aprendizagem</p><p>em crianças. Publicado em 27 de fevereiro de 2011. Disponível em: <</p><p>http://www.anitamulher.com.br/anita/entenda-mais-sobre-a-dificuldade-</p><p>de-aprendizagem-em-criancas/>. Acesso em: 24 mai. 2015.</p><p>PORTO, Olívia. Psicopedagogia Institucional: teoria, prática e</p><p>assessoramento pedagógico. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2007.</p><p>diferenciado e próximo. Mesmo que contem com a ajuda dos</p><p>colegas nas propostas em duplas, é indispensável a intervenção direta e</p><p>constante do professor. O apoio será importante, em certos momentos, para</p><p>incentivá-los a continuar manifestando suas ideias. A relação que se estabelece</p><p>6</p><p>com a criança e com o que ela produz é fundamental para que ela se sinta capaz</p><p>de aprender. Em outros momentos, porém, cabem intervenções mais explícitas</p><p>para que fiquem atentas às características do sistema de escrita.</p><p>A escola como modo de socialização específico e como lugar onde se</p><p>estabelecem as formas específicas de relações sociais; ao mesmo tempo que</p><p>transmite os saberes, os conhecimentos, está fundamentalmente ligada as</p><p>formas de exercício do poder. Isto não é somente verdade da escola: todo modo</p><p>de socialização, toda forma de relação social implica ao mesmo tempo na</p><p>apropriação de saberes (constituídos ou não como tais como saberes</p><p>objetivados, explícitos, sistematizados, codificados) e a aprendizagem de</p><p>relações de poder. (Vincent, 1994, p.14)</p><p>Ainda segundo Gimeno Sacristán (2000, p.211), (...) um método se caracteriza pelas</p><p>tarefas dominantes que propõe a professores e alunos. Um modelo de ensino, quando se</p><p>realiza dentro de um sistema educativo se concretiza numa gama particular de tarefas que</p><p>tem um significado determinado. Uma jornada escolar ou qualquer período de horário diário</p><p>é uma concatenação singular de tarefas dos alunos e do professor.</p><p>Por essa óptica, afirma o autor, o número, a variedade e a sequência de</p><p>tarefas, bem como as peculiaridades na sua aplicação e no sentido que elas</p><p>assumem para professores e alunos, junto com sua coerência dentro da filosofia</p><p>educativa adaptada, definem a singularidade metodológica que se pratica em</p><p>classe.</p><p>Jogos Educativos</p><p>Por que utilizar jogos educativos no processo ensino</p><p>aprendizagem? Piaget e Vygotsky são unânimes em suas teorias sobre a</p><p>importância da utilização dos jogos no processo de ensino aprendizagem.</p><p>Para Piaget (1978, p. 370) os jogos têm dupla função:</p><p>Consolidam as estruturas já formadas (aprendizagens significativas)</p><p>7</p><p>Dão prazer e/ou equilíbrio emocional à criança. Ele classifica os jogos em várias</p><p>fases de acordo com as estruturas mentais. As crianças do Ensino Fundamental I (6 a 10</p><p>anos) se encontram nas fases pré-operatório e operatório concreto, tornando-se</p><p>imprescindível o contato com o objeto de aprendizagem o que é favorecido através da</p><p>utilização de jogos.</p><p>Vygotsky (2001, p. 59-83 e p. 119-142), realça a influência do lúdico no</p><p>desenvolvimento infantil, por meio deles as crianças aprendem a agir, tem a</p><p>curiosidade estimulada e adquirem iniciativa e autoconfiança, proporcionando o</p><p>desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.</p><p>O processo de compreensão da natureza alfabética do sistema de escrita</p><p>desenvolve nas crianças mecanismos de leitura e de escrita de palavras. Apesar</p><p>de muitas delas aprenderem esses mecanismos com relativa facilidade, o</p><p>desenvolvimento das habilidades relacionadas à leitura e à escrita de palavras</p><p>leva tempo e requer treino por parte das crianças. Para isso, um conjunto de</p><p>atividades de leitura e escrita de palavras e frases deve fazer parte do</p><p>planejamento pedagógico das professoras desde o primeiro ano do Ensino</p><p>Fundamental.</p><p>A Contribuição dos Pais na Aprendizagem de Alunos que</p><p>Apresentaram Baixo Rendimento Escolar</p><p>Sabendo que as dificuldades de aprendizagem e de comportamento vêm</p><p>crescendo assustadoramente nas escolas, muitos pesquisadores têm</p><p>direcionado as suas pesquisas para este tema, enfocando a importância da</p><p>família na aprendizagem escolar. Os resultados obtidos deixam claro que a</p><p>família tem uma influência muito grande no desempenho escolar dos filhos,</p><p>podendo intervir no sentido de motivar os alunos para frequentarem a escola,</p><p>bem como auxiliá-los no desenvolvimento de suas competências e habilidades,</p><p>através de um relacionamento amigável com os colegas e professores.</p><p>Segundo vários autores, os pais precisam estar envolvidos com os filhos</p><p>e com a escola, tendo conhecimento das dificuldades de aprendizagem</p><p>enfrentadas pelas crianças para poder ajudá-las visando um desenvolvimento</p><p>global, onde esteja incluída e educação escolar, a social e a formação intelectual</p><p>8</p><p>do aluno. FUNAYAMA (2005, p. 27-28) nos diz que existem pais que infantilizam</p><p>a criança e o problema, não se preocupando com as dificuldades dos filhos.</p><p>SMITH; STRICK (2001, p. 17) nos dizem ser extremamente importante</p><p>que o pai de crianças com dificuldades de aprendizagem se alie a escola, para</p><p>que possam trabalhar um plano de desenvolvimento apropriado, voltado para</p><p>estes alunos, no intuito de garantir as necessidades educacionais de seus filhos.</p><p>Acreditando que com o passar dos anos o problema se resolverá</p><p>automaticamente, esses pais só procuram ajuda especializada quando a</p><p>situação se agrava e o nível de conhecimento e aprendizagem se apresentam</p><p>muito abaixo do esperado, podendo ser obrigados a repetir o ano letivo. Os pais</p><p>precisam se conscientizar, que se a criança tem dificuldades para realizar suas</p><p>tarefas, precisando da ajuda ou da confirmação de outras pessoas, e se junto a</p><p>isso apresentar algum problema de relacionamento com os colegas, é</p><p>necessário que procurem ajuda, para que sejam analisados os motivos que</p><p>levam a este comportamento e assim evitar futuros problemas educacionais dos</p><p>filhos.</p><p>Os filhos só seguirão as regras se entenderem o motivo delas. Do mesmo</p><p>modo, só respeitarão os limites que conhecerem. Caso contrário, farão tudo a</p><p>seu modo. Por meio de regras claras e bem estabelecidas em casa, o filho</p><p>saberá exatamente qual é a forma correta de falar, de pensar, de raciocinar e de</p><p>agir em cada caso, isso dará a ele segurança e tranquilidade. Ter limites bem</p><p>definidos fará com que ele saiba até que ponto pode ir, e isso lhe trará</p><p>responsabilidade e caráter.</p><p>As autoras SMITH; STRICK (2001, p. 36) ainda nos dizem que as crianças</p><p>com dificuldades de aprendizagem, podem ser brilhantes, criativas e talentosas</p><p>em outras áreas, mas em nossa sociedade, onde se valoriza muito o</p><p>desempenho escolar, estas crianças sentem-se fracassadas, principalmente se</p><p>comparando com as crianças que apresentam um melhor desenvolvimento</p><p>cognitivo, criando assim um bloqueio cada vez mais acentuado no seu processo</p><p>9</p><p>de aprendizagem. Paralelo à sociedade, que busca cada vez mais o êxito</p><p>profissional e a competência a qualquer custo, a escola também segue esta</p><p>concepção. Aqueles que não conseguem responder às exigências da instituição</p><p>podem sofrer com um problema de aprendizagem. A busca incansável e</p><p>imediata pela perfeição leva à rotulação daqueles que não se encaixam nos</p><p>parâmetros impostos.</p><p>Para evitar que o aprendizado escolar se torne um paradoxo, os pais têm</p><p>a responsabilidade e o dever de traçar as regras e os limites, em casa, no intuito</p><p>de que seus filhos aprendam o respeito e cresçam conhecendo valores éticos e</p><p>morais. Assim, é preciso entender: há uma grande diferença entre criança “ativa”</p><p>e criança “mal-educada���. Crianças precisam ter vivacidade, devem brincar,</p><p>perguntar e até mesmo fazer bagunça. O problema surge quando essas atitudes</p><p>passam dos limites, quando o filho não respeita aquilo que os pais consideram</p><p>o mais correto para ele. Os pais têm o dever de educar os filhos. Isso significa,</p><p>inicialmente, impor as regras essenciais ao seu bom convívio em casa e, em</p><p>seguida, na sociedade como um todo. Estabelecer horários e agir de modo que</p><p>deixe claro para as crianças a existência de autoridade e de limites dentro de</p><p>casa, ajuda a desenvolver elementos fundamentais na formação do caráter.</p><p>TIBA, (2002, p.183) nos diz que se houver uma parceria entre família e</p><p>escola, se as duas partes falarem a mesma linguagem</p><p>e apresentarem valores</p><p>semelhantes a criança aprenderá sem grandes conflitos. É importante ressaltar</p><p>que o papel que a família representa na educação da criança é fator primordial</p><p>na formação da autoestima, e consequentemente na aprendizagem do</p><p>educando, oportunizando lhes o crescimento como sujeitos capazes de auxiliar</p><p>na construção de uma sociedade livre e democrática. Quando a família não</p><p>demonstra interesse nos filhos e na sua vida escolar, a criança não consegue</p><p>progredir nos estudos, portanto, as crianças aprendem a comportar-se em</p><p>sociedade ao conviver com outras pessoas, principalmente com os próprios pais.</p><p>A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio de imitação, da</p><p>experimentação e da invenção.</p><p>10</p><p>A criança precisa receber regras claras e objetivas, que premiam a boa</p><p>conduta e disciplinam a má, sem gritos nem agressões, apenas fazendo com</p><p>que as regras sejam respeitadas. Existe uma diferença entre castigo e disciplina.</p><p>Castigo é punição, agressão, enquanto disciplina é ensino. Educar é transmitir</p><p>vida. Fazer ameaças às crianças também não resolve, pois nem sempre os pais</p><p>as cumprem, o que acaba ocasionando perda de autoridade. Assumir a</p><p>autoridade não tem nada a ver com gritos ou uso de violência. Não é esse o</p><p>caminho para educar. É preciso ser firme no momento de mostrar os limites às</p><p>crianças, mas também ser amoroso na hora certa para que elas saibam que as</p><p>regras lhe estão sendo impostas porque você as ama.</p><p>Neurociência: Compreendendo o Funcionamento do</p><p>Sistema Nervoso</p><p>A Neurociência busca compreender o funcionamento do sistema nervoso,</p><p>integrando suas diversas funções (movimento, sensação, emoção, pensamento,</p><p>entre outras). Sabe-se que o sistema nervoso é plástico, ou seja, é capaz de se</p><p>modificar sob a ação de estímulos ambientais. Esse processo, denominado de</p><p>plasticidade do sistema nervoso, ocorre graças à formação de novos circuitos</p><p>neurais, à reconfiguração da árvore dendrítica e à alteração na atividade</p><p>sináptica de um determinado circuito ou grupo de neurônios. É essa</p><p>característica de constante transformação do sistema nervoso que nos permite</p><p>adquirir novas habilidades psicomotriciais, cognitivas e emocionais, e</p><p>aperfeiçoar as já existentes.</p><p>O Sistema Nervoso Central é constituído pelo encéfalo e pela medula</p><p>espinhal, tem um papel fundamental no controle dos sistemas do corpo. As</p><p>principais partes do encéfalo são: cérebro, tálamo, hipotálamo, mesencéfalo,</p><p>ponte, cerebelo e a medula oblonga. O cérebro é o centro de controle do sistema</p><p>nervoso, é a parte mais desenvolvida e a mais volumosa do encéfalo, ele recebe</p><p>aproximadamente 20% de todo o sangue que é bombeado pelo coração.</p><p>Apresenta duas substâncias diferentes: uma branca que ocupa o centro e outra</p><p>11</p><p>cinzenta, que forma o córtex cerebral. O córtex cerebral está dividido em mais</p><p>de 40 áreas funcionalmente distintas, sendo que cada uma delas controla uma</p><p>atividade específica. O cérebro se divide em duas metades, o hemisfério</p><p>esquerdo e o hemisfério direito. O lobo frontal é o responsável pela cognição, o</p><p>aprendizado.</p><p>Segundo a Psicopedagoga Maria Irene Maluf em entrevista a Direcional</p><p>Educador: "O estudo das neurociências deveria ser aplicado nos cursos de</p><p>especialização de professores". Defende que "não existe aprendizagem que não</p><p>passe pelo cérebro, a ciência a neurociência e a neuroaprendizagem, através de</p><p>neuroimagens, são elementos importantes para evitar o fracasso escolar".</p><p>Afirma que conhecer o funcionamento do cérebro e do Sistema Nervoso é</p><p>fundamental para entender o processo da aprendizagem.</p><p>Maluf, (2005), destaca a necessidade de ajustes às características etárias</p><p>especificas dos alunos para atingir o sucesso escolar. A plasticidade neural é</p><p>maior nas regiões cerebrais encarregadas da aprendizagem e as áreas do córtex</p><p>cerebral são simultaneamente ativadas durante a aprendizagem, fatores</p><p>importantes que devem ser conhecidos pelos profissionais da educação. Os</p><p>professores terão mais sucesso na arte de ensinar estudando como o cérebro</p><p>aprende e utilizando estes conhecimentos na educação (grifos da autora).</p><p>Maluf, (2005), defende que o sucesso escolar depende do apoio familiar</p><p>como sustentáculo biológico, social e emocional da criança. O apoio aos</p><p>professores e à escola é indispensável para ajudar no desenvolvimento da</p><p>capacidade de aprender e alcançar a condição de autonomia, objetivo maior da</p><p>educação.</p><p>Conhecer o funcionamento cerebral é fundamental para compreender como se dá a</p><p>aprendizagem de todas as pessoas, em todas as idades e situações, especialmente na</p><p>escola, frente à educação formal. Mas é importante ressaltar que como a Neurociência</p><p>cognitiva objetiva estudar e estabelecer relações entre cérebro e cognição principalmente</p><p>em áreas relevantes para a educação, o diagnóstico precoce de transtornos de</p><p>aprendizagem está entre as prioridades da Neuroaprendizagem, o que revelará também</p><p>melhores métodos pedagógicos de desenvolver a aquisição de informações e</p><p>conhecimentos em crianças com transtornos e dificuldades do aprender, assim como a</p><p>12</p><p>identificação de seus estilos individuais de aprendizagem no contexto escolar. Isso tudo se</p><p>deve primordialmente às descobertas neurocientíficas em torno de como se desenvolvem</p><p>a atenção, a memória, a linguagem, a emoção e cognição, o que traz valiosas contribuições</p><p>para se alcançar a educação. (MALUF, 2005).</p><p>Diante desse complexo sistema neural é que a estrutura pedagógica</p><p>escolar deve apresentar seu conteúdo programático, sua dinâmica de grupo com</p><p>a classe e sua dinâmica individual com alunos que apresentam diversidade</p><p>cognitiva à maioria dos alunos. A didática deve ser direcionada e seletiva</p><p>procurando compreender se a dificuldade de aprendizagem tem alguma ligação</p><p>com o ambiente sociofamiliar ou trata-se de um fator de distúrbio neurológico.</p><p>Considerando a teoria e a dinâmica pedagógica apresentada pelas obras</p><p>literárias dos autores consultados, cresce a necessidade de reconhecer a</p><p>importância e incorporar o conhecimento do funcionamento do sistema nervoso</p><p>e seu desenvolvimento, na prática pedagógica do educador. Analisar a utilização</p><p>dos recursos Neurocientíficos da Neuropsicopedagogia como fator de</p><p>identificação das dificuldades na aprendizagem escolar, verificando junto aos</p><p>professores e coordenadores a estruturação pedagógica, material e</p><p>metodológica, respeitando o desenvolvimento e as diferenças cognitivas dos</p><p>alunos.</p><p>Nessa perspectiva, as experiências, saberes e conhecimentos</p><p>construídos na educação infantil, supõe-se, sobretudo, servir de parâmetro para</p><p>as práticas e as intervenções pedagógicas que se pretende construir no novo</p><p>Ensino Fundamental. Uma questão a ser considerada refere-se ao respeito a</p><p>essa criança e a seu tempo de vida. Segundo os autores consultados, a</p><p>escolarização obrigatória não pode dar excessiva centralidade aos conteúdos</p><p>pedagógicos em detrimento do sujeito e de suas formas de socialização. Essa</p><p>proposição ganha especial destaque, principalmente se considerarmos as</p><p>características das sociedades contemporâneas onde a aprendizagem</p><p>significativa (subsunções) propicia maior desenvolvimento cognitivo.</p><p>13</p><p>Por outro lado, não podemos perder de vista o direito desse segmento da</p><p>população ao conhecimento, em particular, o direito de acesso à linguagem</p><p>escrita. A criança é um sujeito que interage com outros grupos sociais e com</p><p>suas produções simbólicas, e a linguagem escrita é uma dessas produções com</p><p>as quais as crianças têm, desde muito pequenas, uma familiaridade e uma</p><p>curiosidade para conhecer e dela se apropriar.</p><p>Entretanto, as famílias e os profissionais da educação sabem que</p><p>assegurar o aprendizado da leitura e da escrita tem sido um dos maiores</p><p>desafios para a escola, principalmente considerando que a educação</p><p>integral</p><p>deve acontecer nos três espaços da criança: escola, família e sociedade.</p><p>UM OLHAR MAIS PRATICO</p><p>A NEUROEDUCAÇÃO E SUAS CONTRIBUIÇÕES ÀS</p><p>PRÁTICAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS</p><p>A tarefa de educar dentro da modernidade tem exigido de seus</p><p>educadores cada vez mais esforços para atender a demanda que lhe é proposta,</p><p>desde uma boa preparação teórica, ou seja, sua formação, até a incessante</p><p>busca de atualização profissional e dedicação ao seu respectivo trabalho.</p><p>O processo de aprendizagem é imprescindível em qualquer etapa na vida</p><p>do ser humano, bem como, vem se desenvolvendo desde os primórdios de sua</p><p>vida. A neurociência tem demonstrado o quão promissora pode ser uma parceria</p><p>com a educação, trazendo todo o seu conjunto de saberes sobre o Sistema</p><p>Nervoso Central, local onde tudo acontece, desde os comportamentos,</p><p>pensamentos, emoções e movimentos, e é a partir dos conhecimentos desta</p><p>área que a educação pode ter um salto quando se fala em efetividade e eficácia,</p><p>levando em consideração que a partir do surgimento e avanço da neurociência</p><p>foi possível fornecer melhorias na qualidade de vida da sociedade atual,</p><p>disponibilizando tratamentos efetivos para variados distúrbios neurológicos, ou</p><p>seja, contribuiu e tem contribuído significativamente para o desenvolvimento de</p><p>14</p><p>soluções de diversos transtornos e doenças, incluindo os problemas</p><p>educacionais.</p><p>Diante dos avanços tecnológicos e o aumento das pesquisas em</p><p>neurociência cognitiva, os pesquisadores têm feito descobertas promissoras de</p><p>como são feitas as conexões neurais que possibilitam o processo de</p><p>aprendizagem, trazendo também conceitos de plasticidade cerebral que é</p><p>inerente a este processo, como afirma Rotta (2007), a aprendizagem modifica o</p><p>sistema nervoso central, e isso nos faz pensar em plasticidade cerebral que é</p><p>um processo adaptativo dando ao indivíduo possibilidades de aprender, mesmo</p><p>frente às novas situações ambientais; o que, além disso, tem trazido</p><p>contribuições de como a mesma pode ser estimulada de forma mais efetiva</p><p>dentro da educação.</p><p>Em suma, o princípio básico que rege o neurocientista é a compreensão</p><p>da maneira como se desenvolvem, a partir de estímulos externos, os</p><p>mecanismos cerebrais, provendo o desenvolvimento de novas potencialidades.</p><p>Em geral, esse profissional investiga a dinâmica de integração do sujeito ao</p><p>ambiente externo, observando e detectando os processos bioquímicos e</p><p>moleculares internos resultantes desta relação, e as respostas decorrentes disto.</p><p>Mediante a emergência da neuroeducação na atualidade, o estudo foi</p><p>realizado como meio de constatar se a mesma pode direcionar de forma eficaz</p><p>a aprendizagem infantil, tendo também em vista a necessidade de refletir sobre</p><p>a urgência de disseminar suas potencialidades, fundamentando a pesquisa</p><p>educacional baseada em metodologia científica. Objetivou-se apontar quais</p><p>contribuições que a neuroeducação pode oferecer para os processos de ensino-</p><p>aprendizagem, não como uma forma mágica de acabar com todos os problemas</p><p>relacionados a educação, mas como uma ferramenta útil que traga o</p><p>embasamento teórico-científico que possa melhorar o aprendizado, assim como,</p><p>estimular de forma adequada e diferenciada as potencialidades da criança que</p><p>cada dia se transforma dentro da modernidade a qual está inserida.</p><p>15</p><p>A pesquisa foi realizada a partir de uma análise sistemática de livros e</p><p>periódicos publicados na base de dados Scielo com as palavras chaves:</p><p>neuroeducação, neurociências e psicologia educacional, sendo de caráter</p><p>qualitativo, pois acreditamos que através da análise e compreensão dos estudos</p><p>realizados em livros e periódicos que tratam deste tema, proporcionaremos um</p><p>esclarecimento maior sobre a questão, de modo a oferecer melhorias no</p><p>desempenho profissional.</p><p>FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA</p><p>Com as transformações percebidas ao longo dos anos, como a</p><p>diversidade de alunos com diferentes crenças e etnias; as mudanças culturais;</p><p>os avanços tecnológicos; as mudanças na estrutura familiar, as quais podem</p><p>promover ou não para um bom desempenho cognitivo, poder-se-ia perceber</p><p>desde então os reflexos dessas transformações dentro do âmbito escolar, e</p><p>consequentemente a necessidade de atualização das práticas educacionais,</p><p>tanto para que a aprendizagem fosse de fato efetiva dentro das salas de aula,</p><p>como para preparar estes alunos para as transformações dentro da</p><p>contemporaneidade.</p><p>A psicologia foi uma das ciências que começou a contribuir para o</p><p>processo educacional de aprendizagem, trazendo seu rico arcabouço teórico</p><p>sobre o comportamento humano, aspectos motivacionais, emocionais, afetivos,</p><p>e a importância da formação de vínculos, entre outros processos envolvidos na</p><p>aprendizagem.</p><p>Quando a psicologia estabeleceu pontes com as neurociências, trazendo</p><p>abordagens diferenciadas, tanto a pedagogia, como as outras áreas envolvidas</p><p>no processo educacional, percebendo a necessidade de reanalisar os processos</p><p>educacionais, começaram a pensar no ser humano a partir de um olhar</p><p>sistêmico. As áreas que antes agiam independentes uma das outras,</p><p>começaram a fazer ricas interlocuções, formando uma interdisciplinaridade que</p><p>mais tarde adquiriu o nome de neuroeducação.</p><p>A Neuroeducação começa a ganhar corpo, se caracterizando como um</p><p>campo multi e interdisciplinar, que oferece novas possibilidades tanto à</p><p>16</p><p>docência, como a pesquisa educacional com a finalidade de abordar o</p><p>conhecimento e a inteligência, integrando três áreas: a Psicologia, a Educação</p><p>e as Neurociências, incluindo as áreas que se formaram com a junção dos</p><p>campos, como a: Neuropsicopedagogia, Neuropsicologia e Psicopedagogia.</p><p>A NEUROEDUCAÇÃO COMO INTERVENÇÃO</p><p>A compreensão de como se dá o processo de construção do</p><p>conhecimento oferece a possibilidade de ações que promovam o</p><p>desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Entender todos os mecanismos</p><p>envolvidos neste processo, significa se implicar em uma tarefa que por vezes,</p><p>não é fácil, mas produtiva e gratificante. Para que a aprendizagem seja possível,</p><p>é necessário ter bem estabelecidos e estimulados mecanismos de atenção,</p><p>memória e esquecimento, linguagem, ter uma boa alimentação e sono de</p><p>qualidade, entre outros, esse movimento leva em consideração todos os</p><p>aspectos do indivíduo, o biológico, social, psicológico, cognitivo. A psicologia</p><p>cognitiva desde seus primórdios vem tratando destes conceitos, avançando em</p><p>pesquisas que investigam suas variações e como podem ser estimuladas. A</p><p>compreensão dos mecanismos do cérebro que estão na base da aprendizagem</p><p>e da memória, e dos efeitos da genética, do ambiente, das emoções e da idade</p><p>em que se aprende, pode ser transformada em estratégias educacionais</p><p>(BLAKEMORE; FRITH, 2009, p. 11).</p><p>[...] enquanto milhares de estudos foram devotados para explicar vários</p><p>aspectos da neurociência (como animais, incluindo humanos, aprendem),</p><p>apenas uns poucos estudos neurocientíficos tentaram explicar como os</p><p>humanos deveriam ser ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das</p><p>centenas de dissertações devotadas ao ‘ensino baseado no cérebro’, ou</p><p>‘métodos neurocientíficos de aprendizado’, nos últimos cinco anos, a maioria</p><p>documentou a aplicação destas técnicas, ao invés de justificá-las” (ESPINOSA,</p><p>2008, p. 117).</p><p>17</p><p>São postulados por Espinosa (2008) 14 princípios da neuroeducação, nos</p><p>quais articulariam diretrizes das respectivas áreas estruturadoras, psicologia,</p><p>neurociências e educação:</p><p>[...] estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que</p><p>quando não têm motivação; stress impacta aprendizado; ansiedade bloqueia</p><p>oportunidades de aprendizado; estados depressivos podem impedir</p><p>aprendizado; o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro</p><p>como ameaçador ou não-ameaçador; as faces</p><p>das pessoas são julgadas quase</p><p>que instantaneamente (i.e., intenções boas ou más); feedback é importante para</p><p>o aprendizado; emoções têm papel-chave no aprendizado; movimento pode</p><p>potencializar o aprendizado; humor pode potencializar as oportunidades de</p><p>aprendizado; nutrição impacta o aprendizado; sono impacta consolidação de</p><p>memória; estilos de aprendizado (preferências cognitivas) são devidas à</p><p>estrutura única do cérebro de cada indivíduo; diferenciação nas práticas de sala</p><p>de aula são justificadas pelas diferentes inteligências dos alunos (ESPINOSA,</p><p>2008, p. 78).</p><p>Para Seixas (2014) uma clarificação sobre os processos, fases,</p><p>mecanismos de como realmente acontece o desenvolvimento cerebral e os</p><p>processos diretamente envolvidos na aprendizagem, ou seja, as descrições dos</p><p>principais estágios de desenvolvimento cerebral, incluindo as fases da formação</p><p>(neogênese) e migração neuronal, da proliferação dos axónios e dendritos, da</p><p>sinaptogênese (que permite a comunicação entre neurónios), da mielinização</p><p>(que permite agilizar a comunicação entre os neurónios), da poda sináptica</p><p>(onde, face ao excesso de sinapses inicial, as sinapses inúteis são,</p><p>posteriormente, “podadas”) e, por fim, da apoptose (conhecida como morte</p><p>celular), se fazem imprescindíveis (SEIXAS, 2004). Guerra (2011) centrada nos</p><p>desafios e possibilidades de articulação entre as neurociências e a educação, e</p><p>realçando os avanços na produção de conhecimento ao nível do funcionamento</p><p>do sistema nervoso, defende que uma prática pedagógica que respeita a forma</p><p>como o cérebro funciona, se evidencia mais eficiente.</p><p>18</p><p>A partir dos estudos pôde-se tomar conhecimento do que passou a ser</p><p>chamados períodos sensíveis, ou janelas de oportunidades, ou seja, são épocas</p><p>em que o cérebro está orientado para aprendizagem, há um favorecimento para</p><p>o estabelecimento de conexões entre as distintas áreas cerebrais, imbricadas</p><p>nos processos cognitivos. O conhecimento destes períodos e exploração de</p><p>suas respectivas habilidades podem ter resultados surpreendentes a curto,</p><p>médio e longo prazo.</p><p>Bartoszeck (2009) ressalta que o termo janelas de oportunidades em</p><p>muitas mídias tem aparecido de maneira inadequada, sendo consideradas</p><p>janelas que poderiam se fechar caso não fossem tomadas medidas urgentes</p><p>nestes períodos ou que não haveria mais possibilidade de ocorrer o aprendizado.</p><p>Esse período ao qual foi disseminada a ideia errônea em que o cérebro só</p><p>poderia ser estimulado naquela fase de vida, era denominado período crítico do</p><p>desenvolvimento. Quando a habilidade não é estimulada no período sensível,</p><p>não significa dizer que isso não será mais possível, mas sim que será necessário</p><p>mais empenho para o desenvolvimento da respectiva capacidade.</p><p>O cérebro adulto não tem a mesma capacidade que o cérebro das</p><p>crianças, no entanto, estudo da plasticidade neural demonstrou que mesmo</p><p>diminuída, a capacidade de aprendizagem se mantém pela vida inteira</p><p>(CONSENZA E GUERRA, 2011). Bartoszeck (2007), pautado nos estudos de</p><p>Doherty (1997), apresenta as seguintes funções que podem ser estimuladas em</p><p>determinadas faixas etárias.</p><p>Peruzzolo e Costa (2015) destacam como algumas estratégias essenciais</p><p>a serem alcançadas nos períodos sensíveis são:</p><p>A representação de entretenimentos e jogos que promovam a motivação</p><p>e interesse da criança a participar de forma ativa; conter elementos de</p><p>diferenciação que possam prender a atenção da criança durante o processo;</p><p>possibilitar a estimulação das áreas mais comprometidas da criança, utilizando-</p><p>19</p><p>se das mais desenvolvidas a fim de tornar a intervenção mais completa possível;</p><p>eliminação de fatores inibitórios que possam bloquear a estimulação programada</p><p>(PERUZZOLO; COSTA, 2015, p.7).</p><p>Estratégias que promovam em sala de aula atividades que desenvolvam</p><p>o Sistema nervoso central, por meio de estímulos externos, a fim de facilitar as</p><p>sinapses como o uso de jogos e de músicas em sala de aula, que estimulem</p><p>várias funções mentais, frisando que atividades prazerosas, lúdicas e</p><p>desafiadoras também fortalecem as sinapses.</p><p>Existem ainda alguns empasses no que concerne a uma boa interlocução</p><p>entre os campos que integram a neuroeducação, ou seja, as neurociências e a</p><p>educação, e um dos problemas que impedem a comunicação das distintas áreas</p><p>é a linguagem utilizada por ambas Seixas (2014, p. 51) afirma, “enquanto que a</p><p>teoria e os dados da educação se referem à esfera comportamental, os dados e</p><p>a teoria das neurociências assumem diferentes características, condicionadas</p><p>pela própria natureza do sistema nervoso (elétrica, química, espacial, temporal,</p><p>etc.)”.</p><p>Por fim, tem se visto cada vez mais a necessidade de renovação das</p><p>práticas pedagógicas, pesquisas e mais pesquisas revelando a dificuldade de</p><p>aprendizagem dos alunos. Educadores que frequentemente tem resultados</p><p>negativos em relação as suas práticas em sala, o que se constata imprescindível</p><p>conhecer o funcionamento cerebral normal, para que assim seja possível</p><p>entender o que está acontecendo com o cérebro lesado, assim como,</p><p>aperfeiçoar as técnicas para com o cérebro saudável, observando as formas e o</p><p>momento mais pertinente de estimulação.</p><p>Dentro de todo o contexto mencionado ressalta-se a importância do</p><p>respeito da singularidade de cada indivíduo, sua respectiva forma de aprender,</p><p>levando em consideração suas condições neuroanatomias, fisiológicas,</p><p>emocionas e cognitivas, que indicarão o melhor e mais adequado caminho a ser</p><p>trilhado, o que permite ver o indivíduo ali presente como único, e que mesmo</p><p>com uma dinâmica de funcionamento diferente, seu aprendizado se faz possível</p><p>com formas alternativas e mais adequadas de abordagem.</p><p>20</p><p>Sendo assim, percebe-se que a neuroeducação pode trazer variadas</p><p>contribuições para educação, por exemplo: a formulação e aplicação de</p><p>programas educacionais como a implementação de atividades e demais projetos</p><p>de intervenção mais efetivos, na medida em que se demonstram mais focais e</p><p>interventivos naquilo em que se propõem; provisões para indivíduos com</p><p>necessidades educacionais especiais de natureza física e/ou sensorial,</p><p>oferecendo possibilidades de intervenções precoces que visem o</p><p>desenvolvimento pleno das capacidades cognitivas e emocionais; orientações e</p><p>entendimento do papel da alimentação no sucesso educacional, orientando</p><p>como uma nutrição adequada aumenta o potencial de nossa capacidade</p><p>cognitiva, e como uma inadequada traz limitações e até prejuízos cognitivos;</p><p>esclarecimento quanto aos neuromitos disseminados pela mídia e demais meios</p><p>de comunicação, que são equívocos quanto aos conhecimentos das</p><p>neurociências, informações errôneas que infelizmente ainda circulam</p><p>constantemente dentro da sociedade e frequentemente no próprio âmbito</p><p>educacional; prescrições para indivíduos com necessidades educacionais</p><p>especiais de natureza comportamental e/ou emocional e a investigação inicial</p><p>para apontar problemas de aprendizagem; a apreensão de técnicas de</p><p>reforçamento para alunos “difíceis de lidar”, cuja aprendizagem se faz</p><p>comprometida; o entendimento dos processos motivacionais envolvidos dentro</p><p>do ensino-aprendizagem, o que está diretamente ligado a liberação de</p><p>neurotransmissores, a sistemas específicos como o de recompensa e límbico e</p><p>regiões hipocampos.</p><p>O surgimento deste campo de conhecimento traz consigo um leque</p><p>imenso de possibilidades, principalmente quando se fala em educação inclusiva,</p><p>e que por vezes não é tão inclusiva quanto se fala. Não se trata de afirmar que</p><p>tudo estará “salvo” a partir disso, mas é o começo de um novo tempo em que</p><p>caminhos alternativos poderão ser tomados com base científica de efetividade,</p><p>crianças que possuem empasses em sua constituição cognitiva poderão ter as</p><p>21</p><p>chances de alcançar níveis intelectuais</p><p>que até então não era possível se</p><p>chegar, segundo Cosenza e Guerra (2011, p.139):</p><p>As neurociências não propõem uma nova pedagogia e nem prometem</p><p>solução para as dificuldades da aprendizagem, mas ajudam a fundamentar a</p><p>prática pedagógica que já se realiza com sucesso e orientam ideias para</p><p>intervenções, demonstrando que estratégias de ensino que respeitam a forma</p><p>como o cérebro funciona tendem a ser mais eficientes.</p><p>Algumas pesquisas afirmam sobre uma grande receptividade por parte</p><p>dos educadores quanto a inserção dos conhecimentos neurocientíficos, e a</p><p>implementação de suas intervenções, no entanto é necessária uma estruturação</p><p>mais concreta para que estas práticas sejam inseridas desde a formação do</p><p>educador, onde o mesmo será capaz de considerar o aluno em sua</p><p>individualidade, percebendo suas dificuldades, a causa delas e como agir sobre</p><p>elas. Neste sentido Cosenza (2011, p. 136) aponta que:</p><p>Os avanços das neurociências possibilitam uma abordagem mais</p><p>científica do processo ensino-aprendizagem, fundamentada na compreensão</p><p>dos processos cognitivos envolvidos. Devemos ser cautelosos, ainda que</p><p>otimistas em relação às contribuições recíprocas entre neurociências e</p><p>educação[...]descobertas em neurociências não autorizam sua aplicação direta</p><p>e imediata no contexto escolar, pois é preciso lembrar que o conhecimento</p><p>neurocientífico contribui com apenas parte do contexto em que ocorre a</p><p>aprendizagem. Embora ele seja muito importante, é mais um fator em uma</p><p>conjuntura cultural bem mais ampla.</p><p>Ainda se sabe que o caminho para a perfeição está longe, e talvez nunca</p><p>chegue, mas o essencial é a persistência e engajamento para que “voos”</p><p>maiores sejam alcançados.</p><p>A principal finalidade da Educação é o pleno desenvolvimento do ser</p><p>humano em sua dimensão social. Define-se como sendo o veículo das culturas</p><p>e dos valores, como construção de um espaço de socialização e consolidador</p><p>de um projeto comum. A educação tem como missão permitir a todos, sem</p><p>exceção, a frutificação dos talentos e da capacidade de criação, o que implica a</p><p>22</p><p>responsabilização individual por si mesmo e a realização de seu próprio projeto</p><p>pessoal (DELORS, 1996, apud ZABALA & ARNAU, 2010, p.60).</p><p>Diante de tudo o que foi mencionado, abraçar as possibilidades de avanço</p><p>é fundamental para que a educação na contemporaneidade se torne cada vez</p><p>mais produtiva e digna de orgulho na sociedade.</p><p>SENTIDOS DA INTERVENÇÃO</p><p>NEUROPSICOPEDAGÓGICA NAS DIFICULDADES DE</p><p>APRENDIZAGEM NA PRÉ-ESCOLA</p><p>“Não devemos ter medo dos confrontos Até os planetas se chocam e do</p><p>caos nascem as estrelas”. (Charles Chaplin)</p><p>A escola da contemporaneidade é o espaço da diferença e da confluência</p><p>de culturas e da diversidade. Sob este quadro social, a ampliação e redimensão</p><p>dos saberes e das práticas educativas com vistas à identificação dos problemas</p><p>de aprendizagem escolar na pré-escola e as possíveis intervenções</p><p>especializadas, que levem a recuperação de aprendizagens fragilizadas e evitem</p><p>um fracasso escolar nas séries futuras, configuram-se como questões</p><p>fundamentais nas discussões epistemológicas da educação.</p><p>No campo interventivo, a neuropsicopedagogia desponta como campo</p><p>epistemológico do saber, advindo da leitura integrada entre pedagogia,</p><p>psicologia, neuropsicologia psicopedagogia e trabalho clínico. Sua contribuição</p><p>se dá pela relação estabelecida entre o cérebro e a aprendizagem, como vias</p><p>dúbias no processo cognitivo. Seus estudos abrangem um vasto conhecimento</p><p>das bases neurológicas da aprendizagem e do comportamento humano, por</p><p>meio de estímulos contextuais que deem respostas positivas ao processo de</p><p>formação do indivíduo, tomando como foco as relações intrínsecas entre</p><p>atenção, funções motoras, linguagem, memória, cognição e aspectos</p><p>emocionais, psicológicos e cerebrais. Ela busca ainda, compreender o processo</p><p>23</p><p>cognitivo do sujeito aprendente, desde os primeiros anos de vida, seus impasses</p><p>e as principais implicações na aprendizagem humana.</p><p>A natureza do ser humano é marcada pela individualidade e “cada criança</p><p>é diferente, mas se detectada precocemente e devidamente ajudada, pode vir a</p><p>ser um adulto sem problemas” (CORREIA; MARTINS, 2006, p. 01). Partindo</p><p>desta realidade, entende-se que todos os alunos são diferentes, tanto em</p><p>capacidades, quanto em motivações, interesses, ritmos evolutivos e estilos de</p><p>aprendizagem; e todas as dificuldades de aprendizagem são em si mesmas,</p><p>contextuais e relativas, por isso é necessário intervir no processo de ensino e</p><p>aprendizagem, considerando que a criança constrói seu conhecimento através</p><p>de estímulos e o professor é um dos responsáveis em proporcionar meios</p><p>interventivos que venham sanar as dificuldades que possam surgir no processo</p><p>de aprendizagem.</p><p>Nesta perspectiva, este estudo objetiva analisar as dificuldades de</p><p>aprendizagem que surgem o processo educativo da pré-escola, avaliando a</p><p>importância da prática docente e da intervenção neuropsicopedagógica, como</p><p>fator preponderante no desenvolvimento da criança na faixa etária entre quatro</p><p>e cinco anos, nos aspectos cognitivo, afetivo, social e físico.</p><p>Este estudo justifica-se pela relevância dada ao trabalho docente e às</p><p>dificuldades de aprendizagem na pré-escola, buscando construir um referencial</p><p>teórico-reflexivo para o pensar e o repensar às práticas e ações neste âmbito,</p><p>contribuindo, assim, para que as intervenções neuropsicopedagógicas sejam</p><p>compreendidas, planejadas, articuladas e desenvolvidas, como fator positivo no</p><p>desenvolvimento integral da criança atendida por esse segmento da Educação</p><p>Infantil, pois segundo Smith; Strick (2001, p. 30), “as condições [...] na escola, na</p><p>verdade, podem fazer a diferença entre uma leve deficiência e um problema</p><p>verdadeiramente incapacitante”.</p><p>O esclarecimento sobre esta temática é favorável ao trabalho do professor</p><p>(pedagogo, principalmente), com formação em neuropsicopedagogia, na medida</p><p>em que seu olhar deve ser criterioso e sistêmico, consciente de sua</p><p>responsabilidade na mediação de situações intencionais, analisando quais</p><p>24</p><p>metodologias devem ser adotadas, como forma de contribuir positivamente para</p><p>a superação das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças.</p><p>A estrutura textual deste estudo atende a seguinte ordem: primeiro,</p><p>caracteriza-se a pré-escola como espaço que se constrói entre o cuidar, o brincar</p><p>e o educar; segundo, contextualiza-se a questão das dificuldades de</p><p>aprendizagem na pré-escola, apontando para aquelas de maior incidência;</p><p>terceiro, aponta-se para a importância da intervenção neuropsicopedagógica nas</p><p>dificuldades de aprendizagem, com foco nos processos metodológicos e os</p><p>reflexos na aprendizagem das crianças; quarto, conclui-se reforçando a</p><p>importância da intervenção na superação das dificuldades de aprendizagens</p><p>como questão de preocupação coletiva no âmbito da Educação Infantil.</p><p>Pré-escola: aprendizagem entre o cuidar, o brincar e o educar</p><p>A pré-escola caracteriza-se como um espaço de motivação, de desafios</p><p>e construção de aprendizagens que levem a criança a perceber o contexto</p><p>escolar como possibilidade de criação, de oportunidades e crescimento pessoal</p><p>no mundo que a cerca. Constitui-se como uma fase repleta de descobertas e</p><p>adaptações, tanto para as crianças, quanto para os pais, pois significa o</p><p>rompimento com um ciclo: o familiar; e o ingresso em outro: a vida escolar, em</p><p>que a criança vivenciará novas dinâmicas e experiências, com o intuito de</p><p>desenvolver suas habilidades básicas para a alfabetização formal e a interação</p><p>social.</p><p>A educação de crianças baseia-se no princípio teórico de uma</p><p>aprendizagem ativa, como elemento fundamental para o desenvolvimento pleno</p><p>do potencial humano e que essa aprendizagem ocorre mais efetivamente, em</p><p>ambientes que promovam oportunidades apropriadas ao desenvolvimento.</p><p>Entende-se por aprendizagem ativa, o processo dinâmico e interativo da criança</p><p>com o mundo, garantindo-lhe a apropriação de conhecimentos e estratégias</p><p>adaptativas, a partir de suas iniciativas e interesses e dos estímulos que recebe</p><p>25</p><p>de seu meio social. Portanto, o principal objetivo da educação é o de estabelecer</p><p>um modelo operacional flexível, com uma estrutura aberta, que garanta o suporte</p><p>a uma aprendizagem significativa no desenvolvimento da criança, em qualquer</p><p>ambiente em que ela esteja.</p><p>Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil</p><p>(BRASIL, 2006a), apontam a caracterização específica dos ciclos básicos de</p><p>formação do indivíduo: creche, pré-escola e escola. Porém, a principal diferença</p><p>está no sujeito, no objeto e nas relações estabelecidas por estes:</p><p>Enquanto a escola tem como sujeito o aluno, e como objeto fundamental</p><p>o ensino nas diferentes áreas através da aula; a creche e a pré-escola têm como</p><p>objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem</p><p>como sujeito a criança de 0 até 6 anos de idade (BRASIL, 2006a, p.17)</p><p>O documento ainda aponta para a importância de respeitar as</p><p>singularidades e individualidades de cada criança: diferenças sociais, cognitivas,</p><p>econômicas, culturais, étnicas e religiosas; no processo de cuidar, brincar e</p><p>educar, que é o alicerce da Educação Infantil:</p><p>Assim, “educar” significa propiciar situações de cuidado, brincadeiras e</p><p>aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o</p><p>desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar</p><p>com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito, confiança, e o</p><p>acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e</p><p>cultural. “Cuidar” significa ajudar o outro a se desenvolver como ser humano,</p><p>valorizar e ajudar a desenvolver capacidades (BRASIL, 1998, p. 23).</p><p>A pré-escola é, portanto, um dos primeiros espaços sociais</p><p>sistematizados que a criança convive fora do ambiente familiar, por isso a</p><p>preocupação deve está centrada na interação, socialização e aprendizado, de</p><p>forma dinâmica e criativa. A ação da escola precisa objetivar a promoção do</p><p>desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo, através de situações que</p><p>promovam autonomia, confiança e segurança para comunicar-se e expressar-se</p><p>no meio em que vive e para que a criança se sinta livre e espontânea em seu</p><p>26</p><p>processo de crescimento, ao invés de apresentar-se como barreira de excesso</p><p>de disciplina e práticas exaustivas e metódicas.</p><p>Em linhas gerais, espera-se que a escola, enquanto instituição</p><p>sistematizadora do saber, e neste caso, a pré-escola, cumpra com a função</p><p>básica de oportunizar a criança, situações de acesso à aprendizagem de</p><p>maneira formal, institucionalizada e apoiada nos referenciais de ética, cidadania</p><p>e dignidade, ampliando a cultura trazida pelo aluno e a própria cultura da</p><p>instituição escolar.</p><p>Dificuldades de aprendizagem na pré-escola: contextualizando o</p><p>tema</p><p>As dificuldades de aprendizagem apresentam-se como um sintoma</p><p>constante e real no quadro da educação brasileira e toma cada vez maiores</p><p>dimensões e acentuadas discussões nas pautas de reuniões e planejamentos</p><p>de ações educativas e escolares. A sociedade precisa estar atenta e acolher,</p><p>com respeito e maturidade, esta realidade socioeducativa que se apresenta. Isto</p><p>só será possível, mediante práticas pedagógicas interventivas e eficientes, que</p><p>tornem o ensino uma proposta nova e inovadora, com sentido e significado social</p><p>na vida das crianças que apresentam alguma dificuldade.</p><p>A causa das dificuldades de aprendizagem (Das) costuma ser atribuída a</p><p>condições intrínsecas a pessoa, como: a herança, a disfunção cerebral mínima,</p><p>ou os atrasos maturativos; circunstâncias ambientais nas quais se dá o</p><p>desenvolvimento e/ou a aprendizagem, ambientes familiares e educativos,</p><p>projetos instrucionais inadequados; a combinação das anteriores em que as</p><p>condições pessoais são influenciadas de forma positiva ou negativa, pelas</p><p>circunstâncias ambientais, entre outras.</p><p>Desse modo, é possível identificar as diferentes formas de entender as</p><p>dificuldades de aprendizagem. As explicações mais comuns, afirmam que a</p><p>27</p><p>causa é nada mais que o resultado da influência entre a pessoa e o ambiente.</p><p>De acordo com Fonseca (1995, p. 71):</p><p>Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo</p><p>heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na</p><p>aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e</p><p>do raciocínio matemático.</p><p>Na pré-escola, as dificuldades de aprendizagem evidenciam-se pelas</p><p>alterações comportamentais, psicológicas e linguísticas, que podem se</p><p>manifestar através de dificuldades nos conteúdos pedagógicos, na relação com</p><p>o professor e com os colegas de turma e em uma menor participação nas</p><p>atividades escolares, o que poderá inclusive, se transformar em um fracasso</p><p>escolar nas séries seguintes, caso não haja uma intervenção eficiente, pode</p><p>gerar uma exclusão social, visto que o próprio sistema social do mundo</p><p>capitalista de hoje,</p><p>[...] busca cada vez mais o êxito profissional, a competência a qualquer</p><p>custo e a escola segue esta concepção. Aqueles que não conseguem responder</p><p>às exigências da instituição podem sofrer com um problema de aprendizagem.</p><p>A busca incansável e imediata pela perfeição leva à rotulação daqueles que não</p><p>se encaixam nos parâmetros impostos (BOSSA, 1992 apud PORTO, 2007, p.</p><p>16).</p><p>Evitar o agravamento de tal quadro, requer a participação e apoio da</p><p>família, daí a importância de sua presença na infância e no desenvolvimento da</p><p>criança, pois ela continua sendo a principal instituição no processo de</p><p>socialização e indispensável no desenvolvimento e equilíbrio de seus membros,</p><p>principalmente no acompanhamento as crianças com dificuldades de</p><p>aprendizagem na fase da pré-escola, período de especial cuidado e atenção</p><p>para o desenvolvimento das habilidades cognitivas.</p><p>O trabalho com crianças com dificuldades de aprendizagem ou</p><p>necessidades educativas especiais é tarefa dúbia: da família e da escola, pois</p><p>“as condições em casa e na escola, na verdade, podem fazer a diferença entre</p><p>28</p><p>uma leve deficiência e um problema verdadeiramente incapacitante” (SMITH;</p><p>STRICK, 2001, p. 30).</p><p>A parceria família e escola favorece o sucesso no processo de ensino e</p><p>aprendizagem das crianças, como uma interface dialógica, um trabalho de</p><p>parceria, compromisso e responsabilidade para o desenvolvimento de</p><p>competências e habilidades, na busca por estratégias e condições favoráveis,</p><p>que minimizem as dificuldades e favoreçam uma aprendizagem significativa.</p><p>Em qualquer nível de ensino, as dificuldades de aprendizagem precisam</p><p>ser enxergadas, levadas em consideração, não como fracassos, mas como</p><p>oportunidades desafiadoras e instigantes de serem enfrentadas por todos, na</p><p>busca, não apenas de um ensino melhor, mas da qualidade de vida de cada</p><p>criança, promovendo condições para que elas possam ser independentes e</p><p>protagonistas de suas histórias de vida, pois para Freire (2003), o espaço</p><p>pedagógico é como um texto, que deve ser constantemente “lido”, interpretado,</p><p>“escrito” e “reescrito”, e nesta leitura, deve haver espaço também, para uma</p><p>releitura da questão das dificuldades de aprendizagem.</p><p>A escola não pode ser um mecanismo de construção de insucesso,</p><p>fracassados, mas de expectativas, esperanças, que precisam contagiar as</p><p>crianças, através do amor, do carinho e do respeito, pois do contrário, as</p><p>dificuldades só aumentarão e serão determinantes para uma trajetória de</p><p>fracasso do aluno. Não se deve pensar em culpados, pois ao se procurar os</p><p>culpados por não conseguir sanar as dificuldades de aprendizagem, a família e</p><p>a</p><p>escola não percebem que os únicos que não têm culpa nenhuma, são as</p><p>próprias crianças, as quais ficam na expectativa de aprender mais e melhor.</p><p>Uma dificuldade de aprendizagem não pode ser considerada uma</p><p>deficiência, pois há um potencial para o aprender, necessitando apenas de uma</p><p>intervenção adequada. Essa diferença é explicitada por uma definição publicada</p><p>pela Learning Disabilitties Association of Ontário, Canadá, (2000, p. 01 apud</p><p>29</p><p>CORREIA, 2004): “As dificuldades de aprendizagem são discapacidades</p><p>específicas e não discapacidades globais e, como tal, são distintas da deficiência</p><p>mental”.</p><p>Conforme Fortes (2003, p. 12), “isoladas por altos muros e grades, ao</p><p>invés de se tornarem espaço de cooperação entre as pessoas, de construção de</p><p>identidades, de respeito ao pluralismo e às especificidades culturais, as escolas</p><p>por vezes se transformam em espaço alheios à comunidade e aos alunos”. De</p><p>modo que, se não houver uma intervenção eficaz, ainda na pré-escola, este</p><p>quadro pode representar um abismo para a criança, que se sente alheia e</p><p>resistente ao novo modelo de vida social que lhe é apresentado, gerando assim</p><p>conflitos e dificuldades em seu processo de interação social e aprendizagem.</p><p>Portanto, as dificuldades de aprendizagem podem ser reconhecidas e</p><p>identificadas como uma maneira diferenciada da criança comportar-se diante do</p><p>meio no qual interage. As causas para que isso aconteça são muitas, e podem</p><p>está associadas a diversos fatores, o que suscita o investimento em práticas</p><p>pedagógicas interventivas e especializadas, de forma a compreender e buscar</p><p>alternativas para sanar as possíveis dificuldades apresentadas pelas crianças da</p><p>pré-escola, fase crucial no desenvolvimento saudável de toda a vida escolar.</p><p>Principais dificuldades de aprendizagem identificadas na pré-escola</p><p>As crianças que apresentam dificuldades da aprendizagem na pré-escola</p><p>têm características próprias, que requerem um estudo e intervenção diferenciada</p><p>das crianças maiores, que já frequentam os níveis mais avançados da educação</p><p>básica, de forma a compreender suas causas, as “raízes” do problema, que</p><p>desvelarão os rumos e as prioridades de ações a serem tomadas para, então,</p><p>melhorar o processo de ensino e aprendizagem.</p><p>Na pré-escola, as dificuldades se acentuam pela expressão singular de</p><p>cada criança, em sua forma de ser, estar e relacionar-se com o mundo. Cada</p><p>uma em situação de dificuldade de aprendizagem requer um olhar e uma</p><p>atenção mais apurada, que valorize e respeite seu tempo de aprendizagem,</p><p>como sujeito sociocultural e determinado pelo contexto em que vive.</p><p>30</p><p>Em via desta realidade, o Ministério da Educação (MEC), tem promovido</p><p>nas últimas décadas, políticas de educação especial, que buscam atender às</p><p>demandas da realidade de alunos com necessidades educativas especiais, por</p><p>apresentarem alguma dificuldade de aprendizagem. A resolução nº. 2/2001</p><p>(BRASIL, 2001, p. 2), aponta os grupos que constituem a categoria de</p><p>necessidades especiais, de acordo com as características e dificuldades de</p><p>aprendizagem observadas pela escola no desenvolvimento de suas atividades:</p><p>Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os</p><p>que, durante o processo educacional, apresentarem:</p><p>I – Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo</p><p>de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades</p><p>curriculares, compreendidas em dois grupos:</p><p>a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;</p><p>b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou</p><p>deficiências;</p><p>II – Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais</p><p>alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;</p><p>III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem</p><p>que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.</p><p>Esta definição ampliada de necessidades educacionais especiais é</p><p>reformulada e adota-se uma ainda mais restrita, que delimita apenas a “alunos</p><p>com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas</p><p>habilidades/superdotação” (BRASIL, 2008, p. 1; 2009, p. 1).</p><p>Segundo Correia e Martins (2006), as dificuldades de aprendizagem</p><p>podem ser explicadas por duas vias: uma focada nos aspectos orgânicos e outra</p><p>nos aspectos educacionais. A primeira explicação é entendida como desordens</p><p>neurológicas que interferem no desenvolvimento, como recepção, integração ou</p><p>31</p><p>extensão da informação, caracterizando-se, em geral, por uma discrepância</p><p>significativa no potencial estimado do aluno e aquilo que ele realmente consegue</p><p>realizar. A segunda, relacionada aos aspectos mais educacionais, diz respeito a</p><p>uma incapacidade ou impedimento para as habilidades de leitura, de escrita, de</p><p>cálculo ou aptidões e interações sociais diversas. O conceito em uma concepção</p><p>mais objetiva e aceita internacionalmente, é assim expresso pelos autores:</p><p>Dificuldades de aprendizagem específica significa uma perturbação num</p><p>ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou</p><p>utilização da linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se por uma</p><p>aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever, soletrar, ou fazer cálculos</p><p>matemáticos. O termo inclui condições como problemas perceptivos, lesão</p><p>cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afazia de desenvolvimento. O</p><p>termo não engloba as crianças que têm problemas de aprendizagem resultantes</p><p>principalmente de deficiências visuais, auditivas ou motoras, de deficiência</p><p>mental, de perturbação emocional ou de desvantagem ambientais, culturais ou</p><p>econômicas (CORREIA; MARTINS, 2006, p. 65).</p><p>De acordo com Maluf (2011, p. 2), na pré-escola existem alguns sintomas</p><p>que podem ajudar os profissionais da escola a identificarem as principais</p><p>dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças. A saber:</p><p>- Persistentes problemas na área da Linguagem: de articulação,</p><p>aquisição lenta de vocabulário, restrito interesse em ouvir histórias, dificuldade</p><p>em seguir instruções orais, soletração empobrecida, dificuldade em argumentar,</p><p>problemas em redigir e resumir, etc.;</p><p>- Problemas com a Memória: dificuldades na aprendizagem de</p><p>números, dos dias da semana, em recordar fatos, em adquirir novas habilidades,</p><p>em recordar conceitos, na memória imediata e de longo tempo, etc.;</p><p>- Atenção: dificuldade em concentrar-se em algo que não seja de seu</p><p>interesse pessoal, de planejar, de autocontrole, impulsividade, atenção</p><p>inconstante, etc.;</p><p>32</p><p>- Problemas com a Motricidade: problemas na aquisição de</p><p>comportamentos de autonomia (ex. amarrar os cordões do tênis);</p><p>relutância para desenhar; problemas grafo-motores da escrita (forma da</p><p>letra, pressão do traço, etc.); escrita ilegível, lenta ou inconsistente; relutância</p><p>em escrever;</p><p>- Lentidão na aquisição das noções de espaço e tempo, domínio pobre de</p><p>conceitos abstratos; dificuldade na planificação de tarefas; dificuldades na</p><p>realização de tarefas acadêmicas, provas, etc.; dificuldade de aquisição de de</p><p>novas aprendizagens cognitivas; problemas sociais.</p><p>A identificação destas características é responsabilidade de todos que</p><p>fazem parte da escola, mas geralmente é o professor que logo observa estes</p><p>comportamentos na criança, já que a relação docente e discente é mais próxima,</p><p>acontece na dinâmica do dia a dia, através das diferentes tarefas feitas na aula.</p><p>Ao perceber algum desses comportamentos, o docente deve procurar uma</p><p>orientação para saber como lidar. A equipe técnica e pedagógica precisa intervir,</p><p>buscando junto à família, o apoio de profissionais especializados de outras</p><p>áreas, para traçar um diagnóstico, quando necessário, de modo que a prática</p><p>pedagógica possa ser revista e readaptada a nova realidade.</p><p>Estas práticas devem centrar-se no trabalho individual e coletivo.</p><p>No</p><p>primeiro caso, onde a criança possa sozinha, desenvolver as atividades,</p><p>superando desafios e sentindo-se capaz e integrante do processo. No segundo</p><p>caso, a interação social e o convívio com os colegas é o principal objetivo, que</p><p>a fará compreender a dinâmica de aprendizagem coletiva e a convivência em</p><p>grupo, criando vínculos de respeito e cidadania, não apenas só para a criança</p><p>com dificuldade, mas para as demais, que aprenderão a conviver com a</p><p>diferença e diversidade cultural.</p><p>Visto as variáveis que interferem na própria delimitação do conceito de</p><p>dificuldades de aprendizagem e aquelas que têm maior incidência na fase da</p><p>33</p><p>pré-escola, destaca-se a importância do desenvolvimento de estratégias de</p><p>intervenções pedagógicas eficientes, que oportunize a todas as crianças o</p><p>brincar, o aprender e o desenvolver com dignidade e igualdade de</p><p>oportunidades, através da assimilação do real e da experiência vivida.</p><p>Intervenção neuropsicopedagógica às dificuldades de aprendizagem</p><p>A pesquisa das neurociências, em especial da neuropsicopedagogia, é de</p><p>fundamental importância na busca por entender os processos</p><p>neuropsicobiológicos, tomando o cérebro como a fonte do aprendizado humano,</p><p>todavia, mesmo em face disso, as formulações teóricas acerca da temática ainda</p><p>são escassas. Por isso, cabe ressaltar que a Neuropsicopedagogia, tanto Clínica</p><p>como institucional, é um conhecimento que se origina, principalmente da</p><p>Psicopedagogia, e agregando-se a esta, como uma ciência que atua em diversos</p><p>contextos sociais, buscando compreender o processo cognitivo do sujeito</p><p>aprendente, desde os primeiros anos de vida, seus impasses e as principais</p><p>implicações na aprendizagem humana.</p><p>Depois de identificadas as dificuldades enfrentadas pela criança na pré-</p><p>escola, uma intervenção deve ter como objetivos: prevenir e minimizar o fracasso</p><p>nas séries seguintes, considerando que o aluno não é culpado pela não</p><p>aprendizagem; e assim, fazendo um chamamento para que a escola repense</p><p>sua atuação, pois</p><p>Há o perigo de a Escola, diante de qualquer comportamento divergente</p><p>de seus alunos, encaminhar essas crianças para as classes especiais, sem</p><p>antes realizar uma reflexão profunda sobre as mesmas. Qualquer rotulação é</p><p>uma tendência reducionista, pois muitas vezes rotula-se a criança sem que</p><p>sejam pesquisadas as condições em que o problema ocorreu [...] não se pode,</p><p>portanto, colocar crianças em classes especiais, sem a indicação da equipe</p><p>multiprofissional, cuja orientação é imprescindível (BOLETIM DE EDUCAÇÃO,</p><p>1998, p. 12).</p><p>Por esse motivo é cada vez mais frequente o surgimento de “crianças</p><p>problemas”, rotuladas como incapazes e fracassadas, e esses problemas</p><p>passam a fazer parte do histórico de vida da criança, e estas passam a enfrentar</p><p>34</p><p>sérias dificuldades em qualquer ambiente em que se inseriram. Muitas vezes, as</p><p>crianças com necessidades especiais, passam a ser identificadas pela</p><p>característica especial, tendo assim sua identidade negada como sujeito.</p><p>Em relatório entregue ao Ministério da Educação, Correia (2006), da</p><p>Universidade do Minho, enfatiza que “os alunos que apresentam dificuldades de</p><p>aprendizagem são totalmente entregues à sua sorte, culminando o seu percurso</p><p>escolar num insucesso total”.</p><p>A prática pedagógica na pré-escola com crianças que apresentam</p><p>dificuldades de aprendizagem, envolvendo crianças entre quatro e cinco anos de</p><p>idade, deve ser diferenciada, adaptada ao tempo e espaço que cada um</p><p>aprende. Para tanto, é necessário que o professor tenha o conhecimento e</p><p>domínio de diferentes métodos e formas de ensinar, levando em consideração</p><p>as múltiplas dificuldades apresentadas em uma sala de aula heterogênea, em</p><p>que cada sujeito já traz consigo uma convivência de mundo - mundos diferentes.</p><p>Visto essa diversidade, cabe ao professor promover constantes atividades</p><p>de interação e respeito ao outro, que permitam o entrelaçamento entre</p><p>conteúdos didáticos e experiências de vida, fazendo com que a criança sinta-se</p><p>inserida e participante do processo de aprendizagem, pois a “interação entre o</p><p>mestre e o estudante é essencial para a aprendizagem, e o mestre consegue</p><p>essa sintonia, levando em consideração o conhecimento das crianças, fruto de</p><p>seu meio” (FREINET, 2002, p. 14).</p><p>O trabalho docente deve está voltado para as potencialidades de cada</p><p>criança, e não para as dificuldades, pois desta forma, acaba por rotular a criança,</p><p>numa fase em que isso é injustificável, visto que estas dificuldades podem ser</p><p>apenas transitórias, e se forem identificadas e houver um trabalho interventivo</p><p>eficiente, logo serão superadas, pois “o mais importante e bonito do mundo é</p><p>isto: que as pessoas não são sempre iguais, ainda não forma terminadas, mas</p><p>que vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior, é o que a vida</p><p>35</p><p>me ensinou”, poetiza João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas (2001,</p><p>p. 24-25).</p><p>Dentro do espaço escolar, o neuropsicopedagogo tem uma visão sobre</p><p>as relações entre aprendizagem e as estruturas cerebrais, que danificadas,</p><p>provocarão alguma dificuldade de aprendizagem. A priori, ele realiza as mesmas</p><p>atividades estabelecidas para o profissional da Psicopedagogia, mas como sua</p><p>formação vai além, ele busca intervir, através da compreensão das estruturas</p><p>cerebrais envolvidas na aprendizagem humana, percebendo de que forma o</p><p>cérebro gerencia a construção do saber humano, do comportamento emocional,</p><p>o mapeamento dos transtornos neuropsiquiátricos e estímulo a novas sinapses</p><p>para uma aprendizagem significativa.</p><p>A intervenção neuropsicopedagógica contribuirá para a melhoria na ação</p><p>do professor e na aprendizagem da criança. Ambas devem ser dinâmicas e</p><p>próximas da realidade, fazendo com que teoria e prática se firmem e tenha</p><p>sentido para o sujeito que aprende, de maneira articulada e simultânea,</p><p>buscando, através da exploração de diferentes atividades, desenvolver as</p><p>habilidades necessárias, promovendo a descoberta e a inserção da criança no</p><p>mundo, sem que sofra nenhuma marginalização social.</p><p>Uma intervenção eficiente deve levar em consideração, portanto, o nível</p><p>de aprendizagem em que o aluno está e as possíveis condições para uma</p><p>intervenção significativa, que deve ser feita coletivamente, por todos que fazem</p><p>parte da escola, através de ações pedagógicas investigativas e intencionais, de</p><p>modo que as situações de aprendizagem devam ser organizadas pela</p><p>construção de oficinas interativas, que atraiam a atenção das crianças às</p><p>múltiplas possibilidades dos conteúdos que estão sendo ensinados, fazendo</p><p>com que elas encontrem sentido, possibilidades e formas de atingirem o</p><p>conhecimento.</p><p>Processos metodológicos e mediação docente</p><p>O trabalho pedagógico na pré-escola requer muita competência e</p><p>compromisso por parte do professor. Exige a capacidade de instrumentalizar o</p><p>conteúdo, tornando-o acessível e coerente com a realidade do aluno, levando</p><p>36</p><p>em consideração as funções de brincar, cuidar e educar da Educação Infantil,</p><p>em que as crianças devem: “ser auxiliadas nas atividades que não puderem</p><p>realizar sozinhas: ser atendidas em suas necessidades básicas físicas e</p><p>psicológicas; ter atenção especial por parte do adulto em momentos peculiares</p><p>de sua vida” (BRASIL, 2006a, p.18).</p><p>A aprendizagem deve representar momentos de descoberta, riqueza e</p><p>alegria para criança, para que ela possa desenvolver-se de maneira livre e</p><p>espontânea. Aprender é um processo cultural construído pela interação e pelo</p><p>diálogo entre os integrantes do processo de ensinar e aprender (professor e</p><p>aluno), pois a construção do conhecimento não é transmissão ou reprodução de</p><p>informações prontas, mas a problematização destas, de maneira questionadora</p><p>e inquieta, levantando hipóteses, reformulando ideias, numa proposta de criar e</p><p>solucionar</p>