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<p>Modernismo – 2ª Fase</p><p>(1930 a 1945)</p><p>Prosa Regionalista</p><p>Prof. ADRIAN0</p><p>Cândido Portinari</p><p>Principais características:</p><p>Consciência do subdesenvolvimento;</p><p>Neorrealismo;</p><p>Radicalização Ideológica;</p><p>Predomínio da Narrativa Regional;</p><p>Denúncia Social;</p><p>Romance Psicológico.</p><p>Contexto Histórico:</p><p>Crise de 1929: Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque;</p><p>Crise cafeeira;</p><p>Modernização dos engenhos => Usinas</p><p>Ascensão do Nazifascismo;</p><p>Combate ao Socialismo;</p><p>Características da prosa neorrealista:</p><p>Romances caracterizados pela denúncia social;</p><p>Verdadeiro documento da realidade brasileira;</p><p>O regionalismo ganha força – busca do homem brasileiro nas diversas regiões;</p><p>Os romances tratam do surgimento da realidade capitalista, a exploração das pessoas, movimentos migratórios, miséria, fome, a seca, entre outros temas.</p><p>Prosadores Modernistas</p><p>Geração de 30.</p><p>Primeiro Romance Publicado:</p><p>A Bagaceira (1928) , de José Américo de Almeida.</p><p>Quebrou uma tradição ao tornar-se a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.</p><p>A prosa regionalista de Rachel de Queiroz retrata, numa linguagem enxuta e viva, o Nordeste, mais precisamente o Ceará.</p><p>A autora consegue aliar a preocupação social (flagelo da seca e coronelismo) à preocupação com os traços psicológicos das personagens.</p><p>Rachel de Queiroz (1910-2003)</p><p>6</p><p>Graciliano Ramos</p><p>CARACTERÍSTICAS</p><p>► Estilo conciso, linguagem despojada e seca;</p><p>► Regionalismo universal;</p><p>► O homem e a sociedade em constante desequilíbrio;</p><p>► Análise social e psicológica das personagens;</p><p>► Animalização do homem versus a humanização dos animais (Vidas Secas);</p><p>► Fidelidade ao real.</p><p>Enem 2007</p><p>Texto I</p><p>"Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo."</p><p>(Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23.ª ed., 1969, p. 75.)</p><p>Texto II</p><p>Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.</p><p>(Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.° 2, 2001, p. 254.)</p><p>A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das informações do texto II, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas.</p><p>O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30.</p><p>A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares.</p><p>Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade nacional.</p><p>É correto apenas o que se afirma em:</p><p>(A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.</p><p>10</p><p>No texto II, verifica-se que o autor utiliza</p><p>a) linguagem predominantemente formal para problematizar, na composição de Vidas Secas, a relação entre o escritor e o personagem popular.</p><p>b) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.</p><p>c) linguagem coloquial para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca.</p><p>d) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa para analisar determinado momento da literatura brasileira.</p><p>e) linguagem regionalista para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo para facilitar o entendimento do texto.</p><p>Jorge Amado (1912- 2001)</p><p>Regionalismo baiano, zonas rurais do cacau e zona urbana de Salvador;</p><p>mostrando a desgraça e a opressão do negro, do pobre e do trabalhador, nas zonas cacaueiras e urbanas da Bahia.</p><p>Tipos marginalizados;</p><p>Análise da sociedade;</p><p>lirismo poético e documento em sua narrativa, cuja linguagem explicita o falar de um povo e cuja ideologia se sobrepõe na forma de uma necessidade premente de justiça social;</p><p>Valorização da figura</p><p>Romances Proletários: mostram a vida em Salvador com um retrato social - Suor, O País do Carnaval e Capitães da Areia.</p><p>Ciclo do Cacau: a vida nas fazendas nas regiões de Ilhéus e Itabuna => Cacau, Terras do Sem-Fim, São Jorge dos Ilhéus.</p><p>Crônicas de Costumes e depoimentos líricos: novelas, romances com temáticas amorosas => Mar Morto, Gabriela Cravo e Canela, A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água.</p><p>Texto I</p><p>Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações...</p><p>AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).</p><p>Texto II</p><p>À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do mercado.</p><p>TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).</p><p>Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,</p><p>A) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.</p><p>B) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens.</p><p>C) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.</p><p>D) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.</p><p>E) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.</p><p>“Só Gabriela parecia não sentir a caminhada, seus pés como que deslizando pela picada muitas vezes aberta na hora a golpes de facão, na mata virgem. Como se não existissem as pedras, os tocos, os cipós emaranhados. A poeira dos caminhos da caatinga</p><p>a cobrira tão por completo que era impossível distinguir seus traços. Nos cabelos já não penetrava o pedaço de pente, tanto pó se acumulara. Parecia uma demente perdida nos caminhos. Mas Clemente sabia como ela era deveras e o sabia em cada partícula de seu ser, na ponta dos dedos e na pele do peito. Quando os dois grupos se encontraram, no começo da viagem, a cor do rosto de Gabriela e de suas pernas era ainda visível e os cabelos rolavam sobre o cangote espalhando perfume. Ainda agora, através da sujeira a envolvê-la, ele a enxergava como a vira no primeiro dia, encostada numa árvore, o corpo esguio, o rosto sorridente, mordendo uma goiaba”.</p><p>AMADO, Jorge. Gabriela Cravo e Canela.</p><p>Em relação ao trecho da obra, pode-se afirmar que</p><p>Por ser carregada de marcas regionalistas, Gabriela Cravo e Canela é uma das obras precursoras do Modernismo.</p><p>b) A obra pertence ao romance de 30, uma vez que investiga a influência do espaço nordestino sobre o ser, que no trecho seria Gabriela.</p><p>c) A descrição da protagonista feita no romance segue os padrões românticos, apesar de ser modernista, pois é possível notar que a imagem de Gabriela é idealizada pelo narrador.</p><p>d) É uma das principais obras de Jorge Amado, fazendo parte da 3ª fase do Modernismo brasileiro.</p><p>e) A descrição de Gabriela é feita de maneira objetiva e não-idealizada, não tornando a protagonista muito menos bela aos olhos do personagem Clemente.</p><p>José Lins do Rego (1901- 1957)</p><p>► Decadência dos engenhos de cana-de-açúcar;</p><p>► Ciclo da cana-de-açúcar: sua vivência no engenho;</p><p>► O narrador de Menino de Engenho, Carlinhos, é o reflexo do próprio autor em alguns momentos;</p><p>► Fogo Morto (1943) sintetiza o ciclo e conta a história de um engenho chamado Santa Fé.</p><p>A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada. (…) andava léguas e léguas a pé, de engenho a engenho, como uma edição viva das histórias de Mil e Uma Noites (…) era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio. Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas. (…) Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e</p><p>adivinhações. O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. (…) Os rios e as florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com o Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.</p><p>(José Lins do Rego. Menino de engenho)</p><p>A cor local que a personagem velha Totonha colocava em suas histórias é ilustrada, pelo autor, na seguinte passagem:</p><p>A) “O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco”.</p><p>B) “Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações”.</p><p>C) “Era uma grande artista para dramatizar. Tinha uma memória de prodígio”.</p><p>D) “Andava léguas e léguas a pé, como uma edição viva das Mil e Uma Noites”.</p><p>E) “Recitava contos inteiros em versos, intercalando pedaços de prosa, como notas explicativas”.</p><p>Érico Veríssimo (1905-1975)</p><p>CARACTERÍSTICAS</p><p>Sempre com o objetivo de facilitar o entendimento para o leitor médio, sem perder de vista a busca de "autenticidade“;</p><p>A composição de seu trabalho, após 1930, é "um meio termo entre a crônica de costumes e a notação intimista“;</p><p>"a linguagem com que resolveu esse compromisso é discretamente impressionista, caminhando por períodos breves, justaposições de sintaxe, palavras comuns e, forçosamente, lugares comuns da psicologia do cotidiano"</p><p>Cada fase de Érico Veríssimo registra uma forma de caracterização de suas obras correspondentes ao período. Assim, temos em cada fase, as seguintes delimitações:</p><p>A primeira fase: visão lírica e otimista provinda da burguesia. Com linguagem tradicional, Veríssimo não deixa de lado o seu olhar crítico sob a pequena moderna aristocracia;</p><p>A segunda fase: mais investigação, história, exploração e denúncias do patriarcado. Uma grande crítica a formatação social do Rio Grande do Sul;</p><p>A terceira fase: escrita durante a ditadura militar, retratava uma denúncia do autoritarismo. Além disso, denunciava-se também a violação aos direitos humanos do período;</p><p>Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor.</p><p>Lembro-me de que certa noite eu teria uns quatorze anos, quando muito encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam carneado. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.</p><p>VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.</p><p>Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura,</p><p>(A) criar a fantasia.</p><p>(B) permitir o sonho.</p><p>(C) denunciar o real.</p><p>(D) criar o belo.</p><p>(E) fugir da náusea.</p><p>Dionélio Machado</p><p>Retrata em suas obras os aspectos sociais e a dimensão subjetiva de maneira equilibrada;</p><p>Dyonélio Machado participa da linhagem que, na esteira do romance de 30, alterna o ponto de vista sobre a sociedade e a narrativa psicológica para analisar a vida de personagens pobres no interior do Brasil;</p><p>o autor alia a preocupação estética ao interesse por personagens marginalizados, o que em termos linguísticos se concretiza na sintaxe entrecortada e na apropriação da oralidade;.</p><p>Os enredos priorizam o enfoque da miséria humana;</p><p>image2.jpg</p><p>image3.png</p><p>image1.png</p>