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<p>Portfólio</p><p>Professora: ANA PAULA</p><p>Série: 1º ano</p><p>Disciplina: HUNANIDADES E CIENCUAS SOCIAIS</p><p>Bimestre: 2º Bimestre</p><p>– Saber é poder</p><p>– O DOMÍNIO DA CULTURA</p><p>A dúvida nos ajuda a praticar o pensamento crítico, isto é, aquele capaz de examinar cuidadosamente nossas vivências, nossas crenças, nossas ações, além de conteúdos e informações a que estamos constantemente expostos. O pensamento crítico verifica ainda se há boas razões para sustentá-los ou não. Isso explica por que a dúvida é usada em todas as ciências, na busca do conhecimento do mundo. A dúvida nos acompanha no cotidiano e quando fazemos escolhas, manifestando- -se de diversas maneiras e intensidades, como uma vontade de pensar, de aprender e de observar o mundo. O estado mental que nos conduz à dúvida é marcado por incerteza, hesitação ou desconfiança, dependendo do contexto. Ter dúvidas, mesmo que provisoriamente, é algo desejável para alcançar uma compreensão mais consistente sobre diferentes questões. Entramos assim no domínio do cognitivo, isto é, do conhecimento. Saber o que é mais adequado em determinada situação implica reunir informação, ter a capacidade de articulá-la, bem como verificar se essa informação que temos é verdadeira. Provavelmente, uma decisão tomada com base em um dado falso não será adequada. A dúvida, aliás, é a base do método científico. Na ciência, uma afirmação é aceita como correta somente depois de haver vencido várias etapas de estudo e validação pela comunidade de cientistas, passando pela observação, pela formulação de hipótese, pela experimentação e pela interpretação dos resultados para ver se se confirma ou não a hipótese. A dúvida permeia todo esse processo.</p><p>O CONHECIMENTO</p><p>“Máquinas” de fazer sentidos, de significar. Assim somos nós, os seres humanos. Basta uma experiência nova ou inesperada e irrompe em nossa mente essa necessidade quase irresistível de encontrar-lhe um sentido, de saber o que é e onde se encaixa na compreensão que temos da realidade. Dessa forma, aos poucos e de diversas maneiras, vamos formando as “historinhas” que contamos a nós mesmos, a cada instante, sobre o que acontece, quem somos, como são os outros e a realidade. Esse processo de significar, de dar sentido às coisas por meio de narrativas, iniciou- -se desde os primórdios da humanidade, traduzindo-se em diversas explicações sobre o mundo e a natureza, os seres humanos e a sociedade. Primeiro vieram os mitos e as religiões; depois as filosofias e as ciências, em tempos e espaços variados. Diversas são as formas de conhecer, ou seja, ter a consciência de algo ou a consciência do que algo realmente é. Alguns pescadores até hoje, por exemplo, guiam-se pelo céu, repetindo uma prática transmitida há muito tempo de geração em geração. Esse é um tipo de conhecimento. Cientistas, por outro lado, inventaram softwares que facilitam a navegação. Esse é outro tipo de conhecimento. Em geral, a ideia de conhecimento está ligada a compreensão e práticas adquiridas e transmitidas com o tempo; mas há especificidades na maneira pela qual cada tipo de conhecimento é produzido. Alguns estudiosos, como o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, consideram que o senso comum – saberes e práticas adquiridos com a experiência e a observação da realidade pela sociedade – e a ciência não podem ser vistos como opostos, pois isso inviabilizaria a aproximação entre ambos e a disseminação de cada um na sociedade. Se pensados como complementares, o senso comum estaria menos restrito em suas tradições; e o conhecimento científico estaria mais acessível à população, o que é um direito de todos. Por causa do seu método sistemático de investigar e validar, da possibilidade de ser corrigida, criticada e atualizada de maneira mais aberta (diferentemente de dogmas tradicionais), além do seu caráter mais plural, a ciência tende a ser o conhecimento mais aceito na sociedade em geral. Contudo, isso não invalida as demais formas de conhecimento. É o que veremos adiante.</p><p>O ser consciente</p><p>Podemos dizer que todas essas construções culturais nasceram de nossa necessidade básica de entender as coisas, incluindo questões existenciais como “quem somos”, “de onde viemos (nosso passado ou origem)” e “para onde vamos (nosso futuro)”. Essa necessidade, por sua vez, seria o resultado de uma característica fundamental do ser humano, embora não exclusiva: a consciência. A consciência é um fenômeno ligado à mente. Nesta ocorrem diversos processos: pensamentos, imaginações, emoções, memórias, entre outros – e especialmente o processo de conhecer. No experimento que fizemos no boxe “Foco na imagem”, na página anterior, quando você observava o que ocorria em sua mente, as ideias que formulava e o que sentia, era a sua consciência que “observava” esses processos. É ela que nos permite estar no mundo com algum saber, isto é, “com-ciência” dos outros, das coisas e de si mesmo. Como assinalou o paleontólogo e filósofo francês Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955): O animal sabe, bem entendido. Mas, certamente, ele não sabe que sabe: de outro modo, teria há muito tempo multiplicado invenções e desenvolvido um sistema de construções internas que poderiam escapar à nossa observação. Consequentemente, permanece fechado para ele todo um domínio do Real, no qual nós nos movemos [...]. CHARDIN, Pierre Teilhard de. O fenômeno humano. São Paulo: Cultrix, 2005. p. 187. Em virtude dessa diferença específica entre o ser humano e os outros animais, nossa espécie – classificada biologicamente como Homo sapiens, “ser que sabe” (ver Unidade 2, no tópico “O que as ciências dizem?”) – foi designada por alguns estudiosos como Homo sapiens sapiens: o ser que sabe que sabe. Isso quer dizer que somos capazes de fazer nossa mente debruçar-se sobre si mesma para tomar posse de seu próprio saber, avaliando sua consistência, seu limite e seu valor. Inclusive, essa capacidade seria a base – pelos menos em boa parte – das grandes criações humanas, como a ética, o direito, as artes, as ciências e a filosofia. Sem consciência, não haveria nada disso. Você experimenta diariamente a consciência, mas, apesar disso, será capaz de defini-la? Não é simples conhecer nem explicar o que é a consciência, pois dependemos justamente dela para realizar essa tarefa. Existe uma recursividade em saber que se sabe, em sentir que se sente; enfim, em ser consciente de que se é consciente. Por isso, vamos decompor nosso problema em várias partes, aproveitando a contribuição de estudiosos das diversas ciências.</p><p>Consciência de si e identidade</p><p>Esse é o primeiro passo da experiência de estar consciente, correspondente ao nível mais básico do processo de conhecer. Como afirma Damásio, essa experiência constitui um fenômeno biológico simples, vinculado ao sistema nervoso, e não é exclusivo dos seres humanos; ou seja, um cão ou um gato também são conscientes nesse sentido. No entanto, essa consciência nuclear, básica, quando se insere em determinado ponto da história de um ser que é capaz de estabelecer relações entre o passado e o futuro – como nós, os humanos – em um fluxo contínuo, torna-se uma percepção de si mais elaborada. É assim que surge a consciência do eu, da própria identidade. Em outras palavras, a percepção de um conjunto de caracteres próprios que se mantêm no tempo e no espaço do corpo físico, constituindo o si mesmo, por oposição ao outromo tempo que recebe as pressões das esferas inconscientes</p><p>Consciência coletiva</p><p>Vimos até aqui a consciência como um fenômeno íntimo e individual. No entanto, é possível identificá-la também como um fenômeno intersubjetivo (desenvolvido entre sujeitos), como o fez o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917). Para ele, a coesão social dependeria de “certa conformidade” das consciências particulares à consciência coletiva, a qual se expressa principalmente por meio das normas morais e das normas jurídicas (costumes, leis, regulamentos, acordos etc.). Durkheim concebe, portanto, a existência de uma consciência coletiva como uma realidade distinta do indivíduo. Ela pertence</p><p>a um ou outro grupo social ou à sociedade inteira e passa de geração em geração, podendo ser estudada como um fenômeno específico. No entanto, como a consciência coletiva é absorvida por nós e opera também dentro de nossa mente, ela passa a ser nossa consciência também. Existem em cada uma de nossas consciências [...] duas consciências: uma é comum com o nosso grupo inteiro e, por conseguinte, não somos nós mesmos, mas a sociedade vivendo e agindo dentro de nós. A outra representa, ao contrário, o que temos de pessoal e distinto, o que faz de nós um indivíduo. [...]</p><p>O conceito de ideologia nos ajuda a refletir sobre o assunto. Cunhado pelo filósofo francês Destutt de Tracy (1754-1836), ideologia se referiria, originalmente, à “ciência das ideias”, compreendendo o estudo de sua origem e seu desenvolvimento. O termo generalizou-se e passou a se referir a um conjunto de ideias de determinado grupo social (político, econômico, religioso etc.). Assim, podemos falar em “ideologia liberal ou neoliberal”, “ideologia de direita” ou “ideologia de esquerda” etc. Nesse sentido, deduzimos que, em qualquer esfera da vida social, sempre há uma ou mais ideologias operando. Nas sociedades democráticas, deve haver a coexistência de diferentes ideologias, o que enriquece o pensamento crítico e a pluralidade cultural. Logo, não haveria, por exemplo, uma política sem ideologia. É como defender uma política sem ideias, o que não é possível.</p><p>• Anterioridade: a ideologia funciona como um conjunto de ideias, normas e valores destinados a fixar e prescrever, de antemão, os modos de pensar, sentire agir das pessoas. Em razão de sua anterioridade, predetermina o pensamento e a ação, desprezando a história e a prática na qual cada pessoa se insere, vive e produz.</p><p>• Generalização: a ideologia tem como finalidade produzir um consenso, um senso comum ou uma aceitação geral em torno de certas teses e valores. Com isso, generaliza para toda a sociedade aquilo que corresponde aos interesses específicos dos grupos ou das classes dominantes, como se estes fossem o “bem comum”. Além disso, a generalização visa ocultar a origem dos interesses sociais específicos e a divisão da sociedade em classes.</p><p>• Lacuna: a ideologia desenvolve-se dentro de uma lógica construída à base de lacunas, de omissões, de saltos e de silêncios. A eficiência de uma ideologia depende de sua capacidade para ocultar sua origem, sua lacuna e sua finalidade. Suas “verdades” devem parecer naturais, plenamente justificadas, válidas para todos os seres humanos e para todo o sempre. Nessa perspectiva, ideologia seria como um “cimento” capaz de garantir a coesão social, sendo um elemento essencial para as relações sociais, assim como a cultura</p><p>Foco no texto 1.</p><p>Na sua opinião, a existência social condiciona nossa consciência ou nossa consciência constrói a existência social? Justifique.</p><p>2. Reúna-se com os colegas e pesquisem sobre situações (históricas ou pessoais) em que:</p><p>a) a prevalência da consciência individual possa significar (ou significou) uma ameaça à coletividade;</p><p>b) a prevalência da consciência coletiva possa implicar (ou implicou) a impossibilidade de busca da felicidade por um indivíduo ou minoria.</p><p>Propósito Todo pensamento reflete uma intenção ou propósito.</p><p>— Qual é o propósito ou a meta dessa conversação?</p><p>— O que se quer alcançar quando se diz isso?</p><p>2. Pergunta Todo pensamento responde a um problema principal, que pode ser traduzido em uma pergunta. A identificação dessa pergunta nos ajuda a desdobrar o problema. — A qual pergunta ou dúvida estamos respondendo aqui? — Podemos reformular a pergunta para torná-la mais clara?</p><p>3. Informações Todo pensamento parte de uma base de informação. Podem ser dados, fatos, experiências, evidências, conhecimentos. — Que tipo de informação se utiliza na questão proposta? — Que informação se necessita para responder a ela? — As informações empregadas são suficientes e de qualidade?</p><p>4. Conceitos Todo pensamento envolve a utilização de conceitos-chave, ideias básicas que o definem e dão forma. — Qual é o conceito ou a ideia central do pensamento? — Compreendo bem esse conceito? — Há algum problema ou discussão em torno desse conceito?</p><p>5. Pressuposições Todo pensamento traz implícitas pressuposições, isto é, suposições prévias que a pessoa assume como certas sem se dar conta ou questionar-se (sistemas de crenças, ideologias e visões de mundo). — O que esse pensamento toma como certo? — Que suposições sustentam esse pensamento? — Há algo errado com essas suposições?</p><p>6. Inferência Todo pensamento busca inferir, isto é, chegar a conclusões e significados a partir dos elementos que dispõe. — Qual é a conclusão desse pensamento? — Como se chegou a essa conclusão? — Essa conclusão é lógica?</p><p>7. Ponto de vista Todo pensamento se expressa a partir de um ponto de vista ou perspectiva. É como se observa a questão. — A partir de que ponto de vista se aborda a questão? — Há outras perspectivas razoáveis possíveis?</p><p>8. Implicações Todo pensamento pode ter implicações e consequências não consideradas diretamente na questão. — O que pode ocorrer se esse raciocínio estiver correto? — Que consequências práticas podemos esperar dessa decisão?</p><p>image2.png</p><p>image1.jpg</p>