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<p>Informativo Temático</p><p>Compilação dos Informativos STF 965 a 1002</p><p>O Informativo Temático apresenta resumos organizados por assuntos e ramos do Direito.</p><p>Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do</p><p>conteúdo, desde que citada a fonte.</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................... 14</p><p>1.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA ........................................................... 14</p><p>Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado e regime</p><p>jurídico - ADI 4247/RJ ....................................................................................... 14</p><p>1.2 AGENTES POLÍTICOS .......................................................................................... 14</p><p>LC 75/1993: auxílio-moradia e prazo de concessão - 2 - MS 26415/DF ............. 14</p><p>1.3 AGENTES PÚBLICOS ........................................................................................... 15</p><p>Aposentadoria e direito adquirido a regime jurídico - 2 - Rcl 37892 AgR/SP ..... 15</p><p>Aproveitamento de servidores da extinta Minas Caixa e princípio do concurso</p><p>público - 3 - ADI 1251/MG ................................................................................. 16</p><p>Julgamento de concessão de aposentadoria: prazo decadencial, contraditório e</p><p>ampla defesa - 3 - RE 636553/RS ....................................................................... 17</p><p>Servidor aposentado pelo RGPS e reintegração sem concurso - ARE 1234192</p><p>AgR/PR e ARE 1250903 AgR/PR ....................................................................... 18</p><p>1.4 CONCURSO PÚBLICO ......................................................................................... 18</p><p>Critério de desempate em concurso público que beneficia aquele que já é</p><p>servidor da unidade federativa - ADI 5358/PA ................................................... 18</p><p>1.5 CONTRATO ADMINISTRATIVO ......................................................................... 19</p><p>Prorrogação de contrato de concessão de ferrovia e serviço adequado - ADI 5991</p><p>MC/DF ............................................................................................................... 19</p><p>1.6 PODERES ADMINISTRATIVOS .......................................................................... 21</p><p>Pessoa jurídica de direito privado e sanção de polícia - RE 633782/MG ............ 21</p><p>1.7 PROCESSO ADMINISTRATIVO .......................................................................... 22</p><p>Servidor público e processo administrativo disciplinar - 2 - RMS 32357/DF ...... 22</p><p>1.8 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO ........................................................ 23</p><p>Covid-19 e responsabilização de agentes públicos - ADI 6421 MC/DF; ADI 6422</p><p>MC/DF; ADI 6424 MC/DF; ADI 6425 MC/DF; ADI 6427 MC/DF; ADI 6428</p><p>MC/DF e ADI 6431 MC/DF ............................................................................... 23</p><p>Responsabilidade civil do Estado e dever de fiscalizar - 3 - RE 136861/SP ........ 25</p><p>1.9 SERVIDORES PÚBLICOS..................................................................................... 26</p><p>ADI e “Reforma Constitucional da Previdência” - 7 - ADI 3133/DF; ADI</p><p>3143/DF e ADI 3184/DF .................................................................................... 26</p><p>Ascensão funcional e provimento derivado de cargos públicos (Tema 493 RG) -</p><p>RE 523086/MA ................................................................................................... 28</p><p>Atribuição de cargo em comissão e funções de direção, chefia e assessoramento -</p><p>RE 719870/MG ................................................................................................... 28</p><p>Inconstitucionalidade de sanções administrativas perpétuas - ADI 2975/DF ..... 29</p><p>Policiais civis: paridade e integralidade dos proventos de aposentadoria - ADI</p><p>5039/RO ............................................................................................................. 30</p><p>Presunção de inocência e eliminação de concurso público - 4 - RE 560900/DF 31</p><p>Procuradores estaduais: honorários de sucumbência, sistema de remuneração</p><p>por subsídio e teto constitucional - ADI 6135/GO; ADI 6160/AP; ADI 6161/AC;</p><p>ADI 6169/MS; ADI 6177/PR e ADI 6182/RO..................................................... 32</p><p>Servidor público estadual: remuneração de procurador legislativo e vinculação</p><p>ao subsídio dos ministros do STF - ADI 6436/DF .............................................. 33</p><p>Servidores públicos: equiparação remuneratória e lei estadual anterior à EC</p><p>19/1998 - ADPF 328/MA .................................................................................... 34</p><p>2. DIREITO CIVIL ....................................................................................................... 34</p><p>2.1 PESSOAS JURÍDICAS ........................................................................................... 34</p><p>Empresa individual de responsabilidade limitada e integralização do capital</p><p>social - ADI 4637/DF ......................................................................................... 35</p><p>2.2 RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................................................... 35</p><p>Responsabilidade civil objetiva e acidente de trabalho - RE 828040/DF ............ 35</p><p>3. DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................... 36</p><p>3.1 ADVOCACIA PÚBLICA ....................................................................................... 36</p><p>Cargo técnico com formação em Direito: autarquia estadual e atribuições de</p><p>procurador do estado - ADI 5109 ED-segundos/ES ........................................... 36</p><p>3.2 COMPETÊNCIA JURISDICIONAL ....................................................................... 37</p><p>Contribuições sindicais de servidores estatutários e competência jurisdicional</p><p>(Tema 994 RG) - RE 1089282/AM ..................................................................... 37</p><p>Foro por prerrogativa de função e ações de improbidade administrativa - ADI</p><p>4870/ES .............................................................................................................. 37</p><p>3.3 CONCURSO PÚBLICO ......................................................................................... 38</p><p>Concurso público: prazo de validade esgotado e direito à nomeação - RE</p><p>766304/RS .......................................................................................................... 38</p><p>3.4 CONFLITO FEDERATIVO .................................................................................... 39</p><p>Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza e amortização de dívida</p><p>pública - ACO 727/BA ........................................................................................ 39</p><p>Uso da Força Nacional de Segurança Pública por requerimento de Ministro de</p><p>Estado e autonomia estadual - ACO 3427 Ref-MC/BA ...................................... 39</p><p>3.5 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA ................................................................ 40</p><p>CNJ e revisão disciplinar - 2 - MS 30364/PA ..................................................... 40</p><p>3.6 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ....................................................... 41</p><p>ADI: órgão de segurança pública e repristinação - 3 - ADI 2575/PR ................. 41</p><p>Ampliação de pedido formulado por amicus curiae - ADPF 347 TPI-Ref/DF ... 42</p><p>Compra de votos de parlamentares e inconstitucionalidade formal de EC - ADI</p><p>4887/DF; ADI 4888/DF e ADI 4889/DF ............................................................ 43</p><p>Controle concentrado de constitucionalidade: suspeição e impedimento - ADI</p><p>6362/DF ............................................................................................................. 44</p><p>Imposição de obrigações às concessionárias de telefonia e competência privativa</p><p>da União -</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=f6ZgxZh-Mik&list=PLippyY19Z47toEVCtxHSQCtM4cikqFxAw</p><p>O Plenário, por maioria, indeferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada</p><p>contra os seguintes dispositivos: § 2º, do inciso II do art. 6º (1); §§ 1º, 3º, 4º e 5º do art. 25 (2); e o § 2º do</p><p>art. 30 (3), todos da Lei 13.448/2017.</p><p>A parte autora alega que os dispositivos impugnados contrariam o caput e o inciso XXI do art. 37</p><p>(4), e o parágrafo único e o inciso IV do art. 175 (5) da Constituição Federal (CF).</p><p>O Plenário afirmou que o art. 175, I, da CF (6) prevê que a lei disporá sobre as condições para a</p><p>prorrogação dos contratos de concessão.</p><p>Enfatizou que o inciso XII do art. 23 da Lei 8.987/1995 (7) estabelece que as condições para a</p><p>prorrogação devem ser disciplinadas no contrato de concessão, configurando-se como cláusula essencial,</p><p>marcada pela discricionariedade da Administração Pública e na supremacia do interesse público.</p><p>A norma dispõe sobre a contratação de termo predefinido, firmado a partir de licitação, cabendo à</p><p>Administração avaliar, excepcionalmente, com base nos parâmetros legais de atendimento ao interesse</p><p>público, a conveniência e a oportunidade da prorrogação.</p><p>Assinalou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece a prorrogação do</p><p>prazo contratual no espaço de discricionariedade da Administração Pública à qual cabe analisar e concluir</p><p>sobre a oportunidade e a conveniência da prorrogação.</p><p>A prorrogação indefinida do contrato, porém, configura burla às determinações legais e</p><p>constitucionais quanto à licitação obrigatória para adoção do regime de concessão e permissão para</p><p>exploração de serviços públicos.</p><p>A Lei 13.448/2017 estabelece diretrizes gerais para a prorrogação e relicitação dos contratos de</p><p>parceria qualificados no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), nos termos da Lei 13.303/2016,</p><p>para os setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário da Administração Pública federal.</p><p>Não procede a alegação da autora de que a exigência posta no § 2º do inciso II do art. 6º da Lei</p><p>13.448/2017 importa em ofensa à eficiência e favorecimento de interesses particulares em detrimento do</p><p>interesse público.</p><p>Conforme se prescreve na norma impugnada, além de outras condicionantes, deve-se comprovar a</p><p>prestação de serviço adequado, consistente no cumprimento, pelo período antecedente de cinco anos</p><p>contado da data da proposta de antecipação da prorrogação, das metas de produção e de segurança definidas</p><p>no contrato, por três anos, ou das metas de segurança definidas no contrato, por quatro anos.</p><p>A definição legal de serviço adequado (Lei 8.987/1995, art. 6º, § 1º) expõe ser ele “o que satisfaz as</p><p>condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua</p><p>prestação e modicidade das tarifas”. O serviço adequado é aquele que atende, quanto ao objeto contratado,</p><p>os índices de atendimento.</p><p>A prorrogação contratual ao termo final do contrato ou a prorrogação antecipada devem ser</p><p>submetidas a consulta pública.</p><p>Para tanto, após o encerramento da consulta pública, encaminham-se ao Tribunal de Contas da União</p><p>(TCU) o estudo prévio, os documentos que comprovem o cumprimento das exigências de serviço adequado</p><p>e o termo aditivo de prorrogação contratual para avaliação final quanto à legitimidade e economicidade da</p><p>solução aventada.</p><p>O colegiado frisou que o § 2º do art. 8º da lei impugnada prevê a exigência de avaliação prévia e</p><p>favorável do órgão competente sobre “a adequação dos serviços”.</p><p>A condicionante legal prevista nesse diploma não é fator isolado para o deferimento da prorrogação</p><p>antecipada da concessão. Não há impedimento legal que o concessionário seja atestado positivamente</p><p>quanto aos critérios do serviço adequado e não o seja quanto aos demais.</p><p>O parâmetro temporal estabelecido na lei para o cumprimento do serviço adequado é objetivo.</p><p>O parâmetro temporal e material estabelecido pela norma impugnada não compromete a análise do</p><p>serviço adequado para fins de prorrogação antecipada contratual.</p><p>Na formulação dos contratos de concessão atualmente vigentes, as empresas concessionárias</p><p>celebraram contratos de arrendamento de bens com a Rede Ferroviária Federal S/A criada em 1957, pela</p><p>Lei 3.115/1957, e incluída no Programa Nacional de Desestatização pelo Decreto federal 473/1992.</p><p>A extinção dos contratos de arrendamento resulta na transferência não onerosa dos bens móveis,</p><p>operacionais e não operacionais, ao concessionário, conferindo-lhe a possibilidade de deles dispor, geri-los</p><p>e substituí-los. Tais bens passam, portanto, a integrar o contrato de parceria firmado entre o Poder</p><p>concedente e as concessionárias.</p><p>As normas versam sobre o deslocamento do acervo patrimonial para o contrato de concessão com o</p><p>fim de concretizar as respectivas obrigações. Os valores atinentes à titularidade serão considerados para</p><p>preservar a equação econômico-financeira do contrato.</p><p>Nesse contexto, trata-se de matéria a ser disciplinada pela autoridade reguladora competente para</p><p>promover a extinção dos contratos de arrendamento e a incorporação dos bens ao contrato de concessão,</p><p>nos termos do § 3º do art. 25 da lei em referência.</p><p>O prévio inventário dos bens móveis operacionais e não operacionais, objeto de transferência aos</p><p>concessionários, atende aos princípios basilares do direito administrativo constitucional – supremacia e</p><p>indisponibilidade do interesse público.</p><p>Considerou, por fim, que a transferência dos bens imóveis e móveis operacionais ou não, nos termos</p><p>das normas impugnadas, deve ser precedida de inventário, no qual especificados e referentes aos extintos</p><p>contratos de arrendamento.</p><p>Vencidos os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio, que concederam a medida cautelar para</p><p>suspender a eficácia dos dispositivos impugnados. Consideraram que a redução do prazo e o abrandamento</p><p>dos requisitos para avaliação da adequação do contrato, pela lei impugnada, aparenta estar em confronto</p><p>com os princípios constitucionais do art. 37 da CF.</p><p>(1) Lei 12.448/2017: “Art. 6º. A prorrogação antecipada ocorrerá por meio da inclusão de investimentos não previstos no</p><p>instrumento contratual vigente, observado o disposto no art. 3º desta Lei. (...) § 2º. A prorrogação antecipada estará, ainda,</p><p>condicionada ao atendimento das seguintes exigências por parte do contratado: II – quanto à concessão ferroviária, a prestação de</p><p>serviço adequado, entendendo-se como tal o cumprimento, no período antecedente de 5 (cinco) anos, contado da data da proposta de</p><p>antecipação da prorrogação, das metas de produção e de segurança definidas no contrato, por 3 (três) anos, ou das metas de segurança</p><p>definidas no contrato, por 4 (quatro) anos.”</p><p>(2) Lei 12.448/2017: Art. 25. O órgão ou a entidade competente é autorizado a promover alterações nos contratos de parceria</p><p>no setor ferroviário a fim de solucionar questões operacionais e logísticas, inclusive por meio de prorrogações ou relicitações da</p><p>totalidade ou de parte dos empreendimentos contratados. § 1º O órgão ou a entidade competente poderá, de comum acordo com os</p><p>contratados, buscar soluções para todo o sistema e adotar medidas diferenciadas por contrato ou por trecho ferroviário que considerem</p><p>a reconfiguração de malhas, admitida a previsão de investimentos pelos contratados em malha própria ou naquelas de interesse da</p><p>administração pública. (...) § 3º Nos termos e prazos definidos em ato do Poder Executivo, as partes promoverão a extinção dos</p><p>contratos de arrendamento de bens vinculados aos contratos de parceria no setor ferroviário, preservando-se as obrigações financeiras</p><p>pagas e a pagar dos contratos de arrendamento extintos na equação econômico-financeira dos contratos de parceria. § 4º Os bens</p><p>operacionais e não operacionais relacionados aos contratos de arrendamento extintos serão transferidos de forma não onerosa ao</p><p>contratado e integrarão o contrato</p><p>de parceria adaptado, com exceção dos bens imóveis, que serão objeto de cessão de uso ao</p><p>contratado, observado o disposto no § 2º deste artigo e sem prejuízo de outras obrigações. § 5º Ao contratado caberá gerir, substituir,</p><p>dispor ou desfazer-se dos bens móveis operacionais e não operacionais já transferidos ou que venham a integrar os contratos de</p><p>parceria nos termos do § 3º deste artigo, observadas as condições relativas à capacidade de transporte e à qualidade dos serviços</p><p>pactuadas contratualmente.”</p><p>(3) Lei 12.448/2017: “Art. 30. São a União e os entes da administração pública federal indireta, em conjunto ou isoladamente,</p><p>autorizados a compensar haveres e deveres de natureza não tributária, incluindo multas, com os respectivos contratados, no âmbito</p><p>dos contratos nos setores rodoviário e ferroviário. (...) § 2º Os valores apurados com base no caput deste artigo poderão ser utilizados</p><p>para o investimento, diretamente pelos respectivos concessionários e subconcessionários, em malha própria ou naquelas de interesse</p><p>da administração pública”.</p><p>(4) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:</p><p>(...) XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante</p><p>processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações</p><p>de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação</p><p>técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”</p><p>(5) CF: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre</p><p>através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: (...) IV – a obrigação de manter serviço</p><p>adequado.”</p><p>(6) CF: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre</p><p>através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das empresas concessionárias</p><p>e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade,</p><p>fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;”</p><p>(7) Lei 8.987/1995: “Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas: (...) XII – às condições para</p><p>prorrogação do contrato;”</p><p>ADI 5991 MC/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 20.2.2020. (INF 967)</p><p>1.6 PODERES ADMINISTRATIVOS</p><p>Pessoa jurídica de direito privado e sanção de polícia - RE 633782/MG</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5522428</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4005451</p><p>É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito</p><p>privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público</p><p>que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não</p><p>concorrencial.</p><p>O fato de a pessoa jurídica integrante da Administração Pública indireta destinatária da delegação</p><p>da atividade de polícia administrativa ser constituída sob a roupagem do regime privado não a impede de</p><p>exercer a função pública de polícia administrativa.</p><p>O regime jurídico híbrido das estatais prestadoras de serviço público em regime de monopólio é</p><p>plenamente compatível com a delegação, nos mesmos termos em que se admite a constitucionalidade do</p><p>exercício delegado de atividade de polícia por entidades de regime jurídico de direito público. Isso porque</p><p>a incidência de normas de direito público em relação àquelas entidades da Administração indireta tem o</p><p>condão de as aproximar do regime de direito público, do regime fazendário e acabar por desempenhar</p><p>atividade própria do Estado.</p><p>O Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao desdobrar o ciclo de polícia, entende que somente os atos</p><p>relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção</p><p>derivam do poder de coerção do Poder Público. Segundo a teoria do ciclo de polícia, o atributo da</p><p>coercibilidade é identificado na fase de sanção de polícia e caracteriza-se pela aptidão que o ato de polícia</p><p>possui de criar unilateralmente uma obrigação a ser adimplida pelo seu destinatário.</p><p>Apesar da substancialidade da tese, verifica-se que, em relação às estatais prestadoras de serviço</p><p>público de atuação própria do Estado e em regime de monopólio, não há razão para o afastamento do</p><p>atributo da coercibilidade inerente ao exercício do poder de polícia, sob pena de esvaziamento da finalidade</p><p>para a qual aquelas entidades foram criadas.</p><p>A Constituição da República, ao autorizar a criação de empresas públicas e sociedades de economia</p><p>mista que tenham por objeto exclusivo a prestação de serviços públicos de atuação típica do Estado,</p><p>autoriza, consequentemente, a delegação dos meios necessários à realização do serviço público delegado,</p><p>sob pena de restar inviabilizada a atuação dessas entidades na prestação de serviços públicos.</p><p>Por outro lado, cumpre ressaltar a única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é</p><p>absolutamente indelegável: a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa. A competência legislativa é</p><p>restrita aos entes públicos previstos na Constituição da República, sendo vedada sua delegação, fora das</p><p>hipóteses expressamente autorizadas no tecido constitucional, a pessoas jurídicas de direito privado.</p><p>Em suma, os atos de consentimento, de fiscalização e de aplicação de sanções podem ser delegados</p><p>a estatais que possam ter um regime jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda Pública.</p><p>Na espécie, cuida-se de recurso extraordinário contra acórdão do STJ o qual prestigiou a tese de que</p><p>somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização seriam delegáveis.</p><p>Diante disso, o Tribunal, por maioria, ao apreciar o Tema 532 da repercussão geral, conheceu e deu</p><p>provimento a recurso extraordinário para reconhecer a compatibilidade constitucional da delegação da</p><p>atividade de policiamento de trânsito à empresa, nos limites da tese jurídica objetivamente fixada pelo</p><p>Pleno.</p><p>RE 633782/MG, rel. min. Luiz Fux, julgamento virtual finalizado em 23.10.2020. (INF 996)</p><p>1.7 PROCESSO ADMINISTRATIVO</p><p>Servidor público e processo administrativo disciplinar - 2 - RMS 32357/DF</p><p>Em conclusão de julgamento, a Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário em mandado</p><p>de segurança no qual se impugnava decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que manteve a demissão</p><p>do impetrante do cargo de auditor-fiscal da Receita Federal, em razão da prática de ilícito administrativo</p><p>(Informativo 766).</p><p>Na espécie, o recorrente reiterava o argumento de que o ato debatido estaria contaminado por vício</p><p>de forma que tornaria nulo o processo administrativo disciplinar. Aduzia que servidor em estágio probatório</p><p>não poderia compor comissão de inquérito, sob pena de descumprir-se o caput do art. 149 da Lei</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4005451</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9961.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4462941</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo766.htm#Servidor%20p%C3%BAblico%20e%20processo%20administrativo%20disciplinar</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f9989f52d40115acb98faa8/414d64bd03101276016b61fe793afeb7/RE_633782RG.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e789f0713ff5902bb218ddb/17e30c5b654a19d527593de38cd87520/Servidor_p%C3%BAblico_e_processo_administrativo_disciplinar_-_2.mp3</p><p>8.112/1990 (1). Sustentava, ainda, haver desproporcionalidade da pena administrativa aplicada, que não</p><p>teria levado em conta a absolvição na esfera criminal.</p><p>O colegiado destacou que, para o STJ, a exigência legal foi atendida, pois a estabilidade no serviço</p><p>público federal do integrante em estágio probatório foi adquirida em 1993, em outro cargo.</p><p>Complementou que a Administração, ao saber do questionamento, substituiu o referido servidor,</p><p>sem aproveitar qualquer ato decisório no processo disciplinar. Ausente a demonstração de prejuízo</p><p>concreto, a declaração de nulidade é desautorizada.</p><p>Quanto ao argumento de desproporcionalidade da pena em decorrência da absolvição na esfera</p><p>criminal, observou que competia ao administrador aplicar a penalidade prescrita na lei. Despiciendo</p><p>cogitar-se de razoabilidade ou proporcionalidade.</p><p>Além disso, a jurisprudência desta Corte reconhece a independência entre as esferas penal e</p><p>administrativa. A repercussão da primeira na segunda ocorre somente nos casos em que constatada a</p><p>inexistência material dos fatos ou a negativa de autoria, até porque a valoração na esfera administrativa não</p><p>é a mesma da penal.</p><p>Na situação em apreço, a improcedência do pedido condenatório na esfera penal decorreu de falta</p><p>de prova. No processo administrativo, a produção de prova foi suficiente para a formação do convencimento</p><p>condenatório disciplinar.</p><p>(1) Lei 8.112/1990: “Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis</p><p>designados pela autoridade competente, observado o disposto no § 3º do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que</p><p>deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.”</p><p>RMS 32357/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 17.3.2020. (INF 970)</p><p>1.8 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO</p><p>Covid-19 e responsabilização de agentes públicos - ADI 6421 MC/DF; ADI 6422 MC/DF; ADI</p><p>6424 MC/DF; ADI 6425 MC/DF; ADI 6427 MC/DF; ADI 6428 MC/DF e ADI 6431 MC/DF</p><p>Parte 1 -</p><p>Parte 2 -</p><p>O Plenário, em julgamento conjunto e por maioria, deferiu parcialmente medidas cautelares em</p><p>ações diretas de inconstitucionalidade, em que se discute a responsabilização de agentes públicos pela</p><p>prática de atos relacionados com as medidas de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e aos</p><p>efeitos econômicos e sociais dela decorrentes, para: a) conferir interpretação conforme à Constituição ao</p><p>art. 2º da Medida Provisória (MP) 966/2020 (1), no sentido de estabelecer que, na caracterização de erro</p><p>grosseiro, deve-se levar em consideração a observância, pelas autoridades: (i) de standards, normas e</p><p>critérios científicos e técnicos, tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e</p><p>nacionalmente conhecidas; bem como (ii) dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção; e b)</p><p>conferir, ainda, interpretação conforme à Constituição ao art. 1º da MP 966/2020 (2), para explicitar que,</p><p>para os fins de tal dispositivo, a autoridade à qual compete a decisão deve exigir que a opinião técnica trate</p><p>expressamente: (i) das normas e critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria, tal como estabelecidos</p><p>por organizações e entidades reconhecidas nacional e internacionalmente; (ii) da observância dos princípios</p><p>constitucionais da precaução e da prevenção.</p><p>Foram firmadas as seguintes teses: “1. Configura erro grosseiro o ato administrativo que ensejar</p><p>violação ao direito à vida, à saúde, ao meio ambiente equilibrado ou impactos adversos à economia, por</p><p>inobservância: (i) de normas e critérios científicos e técnicos; ou (ii) dos princípios constitucionais da</p><p>precaução e da prevenção. 2. A autoridade a quem compete decidir deve exigir que as opiniões técnicas em</p><p>que baseará sua decisão tratem expressamente: (i) das normas e critérios científicos e técnicos aplicáveis à</p><p>matéria, tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e nacionalmente reconhecidas;</p><p>e (ii) da observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção, sob pena de se tornarem</p><p>corresponsáveis por eventuais violações a direitos”.</p><p>Preliminarmente, o colegiado, por maioria, deliberou por proceder à análise das medidas</p><p>acauteladoras. Quanto a esse tópico, considerou que o tema tratado na MP é revestido de relevância e</p><p>urgência. No que se refere à plausibilidade do direito, observou que o novo coronavírus representa</p><p>problemas em várias dimensões. Na dimensão sanitária, trata-se de uma crise de saúde pública, pois a</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4462941</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo970.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912207</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912213</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912218</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912218</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912219</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912434</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5913301</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5915876</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ecc0d969993ed017ea00eaa/903df2e97ce23a8db81266121ed86a76/Covid-19_e_responsabiliza%C3%A7%C3%A3o_de_agentes_p%C3%BAblicos.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=puW5TMr7WnU&list=PLippyY19Z47tCNHemyHpOJHK3h9xP_i0k&index=1</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=OAW-N_0ussQ&list=PLippyY19Z47tzRvFYJwNZODLgcUKzV6im</p><p>doença se propagou sem que haja remédio eficaz ou vacina descoberta. A única medida preventiva eficaz</p><p>que as autoridades de saúde têm recomendado é o isolamento social em toda parte do mundo. Na dimensão</p><p>econômica, está ocorrendo uma recessão mundial. Na dimensão social, existe uma grande parcela da</p><p>população nacional que trabalha na informalidade; e/ou que não consta em qualquer tipo de cadastro oficial,</p><p>de modo que há grande dificuldade em encontrar essas pessoas e oferecer a ajuda necessária. Por fim, há a</p><p>dimensão fiscal da crise, que consiste na pressão existente sobre os cofres públicos para manter os serviços,</p><p>principalmente de saúde, em funcionamento. Vencido, no ponto, o ministro Marco Aurélio, que entendeu</p><p>inadequada a via eleita.</p><p>No mérito, explicitou que as ações diretas têm por objeto a MP 966/2020, o art. 28 do Decreto-Lei</p><p>4.657/2018 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro ou LINDB), com a redação dada pela Lei</p><p>13.655/2018 e, ainda, os arts. 12 e 14 do Decreto 9.830/2019, que regulamentam o referido art. 28.</p><p>No que se refere ao art. 28 da LINDB, o Plenário anotou que a lei é de 2018, portanto em vigor há</p><p>mais de dois anos, sem que se tenha detectado algum tipo de malefício ou de transtorno decorrente de sua</p><p>aplicação. É uma lei que contém normas gerais, de direito intertemporal, de Direito Internacional Privado,</p><p>de hermenêutica e de cooperação jurídica internacional. Assim, seu caráter abstrato, aliado à sua vigência</p><p>por tempo considerável, tornam inoportuna sua análise em medida acauteladora nesse momento. Por isso,</p><p>o colegiado se limitou a analisar, exclusivamente, a MP 966/2020, no que se refere especificamente à</p><p>responsabilidade civil e administrativa de agentes públicos no enfrentamento da pandemia e no combate a</p><p>seus efeitos econômicos.</p><p>O propósito dessa MP foi dar segurança aos agentes públicos que têm competências decisórias,</p><p>minimizando suas responsabilidades no tratamento da doença e no combate aos seus efeitos econômicos.</p><p>Entretanto, há razões pelas quais ela não eleva a segurança dos agentes públicos. Isso porque um dos</p><p>problemas do Brasil é que o controle dos atos da Administração Pública sobrevém muitos anos depois dos</p><p>fatos relevantes, quando, muitas vezes, já não se tem mais nenhum registro, na memória, da situação de</p><p>urgência, das incertezas</p><p>e indefinições que levaram o administrador a decidir.</p><p>Portanto, a segurança viria se existisse desde logo um monitoramento quanto à aplicação desses</p><p>recursos, por via idônea, no tempo real ou pouco tempo depois dos eventos. Não obstante, o que se previu</p><p>na MP não é o caso.</p><p>Situações como corrupção, superfaturamento ou favorecimentos indevidos são condutas ilegítimas</p><p>independentemente da situação de pandemia. A MP não trata de crime ou de ato ilícito. Assim, qualquer</p><p>interpretação do texto impugnado que dê imunidade a agentes públicos quanto a ato ilícito ou de</p><p>improbidade deve ser excluída. O alcance da MP é distinto.</p><p>No tocante à saúde e à proteção da vida, a jurisprudência do Tribunal se move por dois parâmetros:</p><p>o primeiro deles é o de que devem ser observados padrões técnicos e evidências científicas sobre a matéria.</p><p>O segundo é que essas questões se sujeitam ao princípio da prevenção e ao princípio da precaução, ou seja,</p><p>se existir alguma dúvida quanto aos efeitos de alguma medida, ela não deve ser aplicada, a Administração</p><p>deve se pautar pela autocontenção.</p><p>Feitas essas considerações, é preciso ponderar a existência de agentes públicos incorretos, que se</p><p>aproveitam da situação para obter vantagem apesar das mortes que vêm ocorrendo; e a de administradores</p><p>corretos que podem temer retaliações duras por causa de seus atos.</p><p>Nesse sentido, o texto impugnado limita corretamente a responsabilização do agente pelo erro</p><p>estritamente grosseiro. O problema é qualificar o que se entende por “grosseiro”. Para tanto, além de excluir</p><p>da incidência da norma a ocorrência de improbidade administrativa, que já é tratada em legislação própria,</p><p>é necessário estabelecer que, na análise do sentido e alcance do que isso signifique — erro “grosseiro” —,</p><p>deve se levar em consideração a observância pelas autoridades, pelos agentes públicos, daqueles dois</p><p>parâmetros: os standards, normas e critérios científicos e técnicos, tal como estabelecidos por organizações</p><p>e entidades médicas e sanitárias nacional e internacionalmente reconhecidas, bem como a observância dos</p><p>princípios constitucionais da precaução e da prevenção.</p><p>Além disso, a autoridade competente deve exigir que a opinião técnica, com base na qual decidirá,</p><p>trate expressamente das normas e critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria, tal como estabelecido</p><p>por organizações e entidades médicas e sanitárias, reconhecidas nacional e internacionalmente, e a</p><p>observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção.</p><p>Vencidos os ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia, que concederam a medida cautelar em</p><p>maior extensão, para suspender parcialmente a eficácia do art. 1º da MP 966/2020 e integralmente a eficácia</p><p>do inciso II desse artigo. Vencido, também, o ministro Marco Aurélio, que concedeu a medida acauteladora</p><p>para suspender integralmente a eficácia da MP 966/2020.</p><p>(1) MP 966/2020: “Art. 2º. Para fins do disposto nesta Medida Provisória, considera-se erro grosseiro o erro manifesto,</p><p>evidente e inescusável praticado com culpa grave, caracterizado por ação ou omissão com elevado grau de negligência, imprudência</p><p>ou imperícia.”</p><p>(2) MP 966/2020: “Art. 1º Os agentes públicos somente poderão ser responsabilizados nas esferas civil e administrativa se</p><p>agirem ou se omitirem com dolo ou erro grosseiro pela prática de atos relacionados, direta ou indiretamente, com as medidas de: I –</p><p>enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia da covid-19; e II – combate aos efeitos econômicos e sociais</p><p>decorrentes da pandemia da covid-19. § 1º A responsabilização pela opinião técnica não se estenderá de forma automática ao decisor</p><p>que a houver adotado como fundamento de decidir e somente se configurará: I – se estiverem presentes elementos suficientes para o</p><p>decisor aferir o dolo ou o erro grosseiro da opinião técnica; ou II – se houver conluio entre os agentes.”</p><p>ADI 6421 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)</p><p>ADI 6422 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)</p><p>ADI 6424 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)</p><p>ADI 6425 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)</p><p>ADI 6427 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)</p><p>ADI 6428 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)</p><p>ADI 6431 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)</p><p>Responsabilidade civil do Estado e dever de fiscalizar - 3 - RE 136861/SP</p><p>Parte 1 -</p><p>Parte 2 -</p><p>Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio</p><p>de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá</p><p>quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento</p><p>do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular.</p><p>Com essa tese de repercussão geral (Tema 366), o Plenário, em conclusão de julgamento e por</p><p>maioria, negou provimento a recurso extraordinário interposto de acórdão em que o tribunal de origem deu</p><p>provimento a recurso de apelação por considerar ausente o nexo causal entre as falhas noticiadas na</p><p>prestação de serviços públicos e a explosão havida em loja de fogos de artifício (Informativos 917 e 918).</p><p>Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes, no qual expôs que a Constituição Federal, no</p><p>art. 37, § 6º (1), adotou a responsabilidade objetiva do Estado pela teoria do risco administrativo, não pela</p><p>teoria do risco integral. Várias são as decisões do Supremo Tribunal Federal nesse sentido e a apontar a</p><p>impossibilidade de qualquer legislação, inclusive, ampliar isso e aceitar a teoria do risco integral.</p><p>A observância de requisitos mínimos, positivos e negativos, é necessária para a aplicação da</p><p>responsabilidade objetiva. Na situação dos autos, dois requisitos positivos exigíveis estão ausentes. Inexiste</p><p>conduta, comissiva ou omissiva, do poder público. Por conseguinte, o nexo causal não pode ser aferido.</p><p>A abertura de comércio de fogos com pólvora não é possível sem a perícia da Polícia Civil, órgão</p><p>do Estado-membro. É ela que pode realizar a vistoria, não o município. Ademais, a legislação da</p><p>municipalidade estabelecia o procedimento e previa a inspeção. Exigia, no protocolo, a comprovação do</p><p>seu pedido e o recolhimento da taxa na Polícia Civil para dar sequência ao procedimento.</p><p>Entretanto, protocolada a pretensão, faltou a comprovação de ter sido feito requerimento na Polícia</p><p>Civil. Logo, o procedimento administrativo ficou parado. A atuação do poder público municipal foi a</p><p>esperada: aguardar a complementação dos documentos pelos requerentes. Nada seria exigível da</p><p>municipalidade.</p><p>A atividade praticada pelos comerciantes era clandestina. Eles precisavam da licença para funcionar,</p><p>o que só poderia ser concedido com prévia vistoria. Dessa maneira, os proprietários começaram a</p><p>comercializar sem autorização.</p><p>Inclusive, a má-fé dos proprietários do imóvel foi reconhecida em outro processo relacionado a esta</p><p>causa. Naqueles autos, o magistrado acentuou que, no local, funcionava verdadeiro depósito clandestino de</p><p>pólvora, armazenada em quantidade tal que se fazia supor uma fábrica clandestina. Assim, existiu desvio</p><p>na utilização do imóvel.</p><p>Percebe-se que, além da ausência de requisitos positivos, incide a culpa exclusiva dos proprietários,</p><p>porque não aguardaram a necessária licença e estocaram pólvora.</p><p>O ministro Roberto Barroso pontuou que a discordância é sobre o nexo de causalidade. A omissão</p><p>específica no comércio de fogos de artifício ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912207</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912213</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912218</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912219</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912434</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5913301</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5915876</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1515920</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=366+++++++&numeroTemaFinal=366+++++++&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo917.htm</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo918.htm</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e712e37cc6964571ad9af03/4634813aa1f5c5478c7ab134215d3140/Responsabilidade_civil_do_Estado_e_dever_de_fiscalizar_-_3.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=8fAiIULuEfE&list=PLippyY19Z47t7sfSeDQBozqa-IC3jjUng</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=r36cBFuzzMk&list=PLippyY19Z47t7sfSeDQBozqa-IC3jjUng&index=2</p><p>sem as cautelas legais ou forem de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas</p><p>pelo particular. O simples requerimento de licença de instalação ou o recolhimento da taxa de</p><p>funcionamento não são suficientes para caracterizar o dever específico de agir.</p><p>Segundo o ministro Gilmar Mendes, a questão resume-se à responsabilidade por fato ilícito causado</p><p>por terceiro, que instalou clandestinamente loja sem obedecer a legislação municipal, estadual e federal.</p><p>O ministro Marco Aurélio sinalizou que a responsabilidade do Estado é objetiva, considerado ato</p><p>comissivo. A partir do momento em que se tem ato omissivo, a responsabilidade é subjetiva. Entendeu ser</p><p>o município diligente ao não expedir a licença e exigir a observância de requisitos normativos.</p><p>Vencidos os ministros Edson Fachin (relator), Luiz Fux, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Dias</p><p>Toffoli, que deram parcial provimento ao recurso extraordinário, a fim de restaurar as conclusões da</p><p>sentença.</p><p>O relator compreendeu ser objetiva a responsabilidade civil atribuível ao Estado também no caso de</p><p>condutas omissivas. Necessário conjugar a dispensabilidade da comprovação de culpa do agente ou falha</p><p>no serviço público com a imposição à Administração de um dever legal de agir. Ponderou que o município</p><p>inverteu o procedimento regulamentar, deixou de realizar a vistoria prévia no prazo de 24 horas e permitiu</p><p>a paralisação do processo administrativo. De igual modo, incorreu em violação de seu dever de exercício</p><p>do poder de polícia. Por sua omissão, possibilitou que o comércio funcionasse clandestinamente e ali</p><p>houvesse danos derivados de explosão.</p><p>O ministro Luiz Fux salientou que a responsabilidade municipal está em permitir que atividade de</p><p>alta periculosidade se realizasse em área próxima a residências. A ministra Cármen Lúcia enfatizou que o</p><p>município fora acionado; estava, portanto, ciente da instalação do que seria comércio de fogos de artifício.</p><p>Por sua vez, o ministro Celso de Mello destacou a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal.</p><p>(1) CF: “Art. 37. (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos</p><p>responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável</p><p>nos casos de dolo ou culpa.”</p><p>RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento</p><p>em 11.3.2020. (INF 969)</p><p>1.9 SERVIDORES PÚBLICOS</p><p>ADI e “Reforma Constitucional da Previdência” - 7 - ADI 3133/DF; ADI 3143/DF e ADI</p><p>3184/DF</p><p>O Plenário, por maioria e em conclusão de julgamento conjunto, considerou improcedentes os</p><p>pedidos formulados em três ações diretas de inconstitucionalidade no tocante: (i) ao art. 40, § 18, da</p><p>Constituição Federal (CF), na redação dada pelo art. 1º da Emenda Constitucional (EC) 41/2003 (1); e (ii)</p><p>ao art. 9º da EC 41/2003 (2), deduzido apenas na ADI 3184 (Informativos 640 e 641).</p><p>Por unanimidade, reconheceu a perda superveniente dos objetos das ações quanto à impugnação dos</p><p>incisos I e II do § 7º do art. 40 da CF, na redação dada pelo art. 1º da EC 41/2003, reputada improcedente</p><p>em assentada anterior pela ministra Cármen Lúcia (relatora) e pelo ministro Luiz Fux. Segundo o voto</p><p>reajustado da relatora, acompanhado pelos demais ministros, houve alteração substancial do § 7º do art. 40</p><p>em virtude da edição da EC 103/2019, o que tornou as ações prejudicadas nesse particular.</p><p>De igual modo, o colegiado não conheceu do pleito formalizado na ADI 3143 no que atinente ao</p><p>art. 5º da EC 41/2003, por inobservância do que exigido no art. 3º, I, da Lei 9.868/1999 (3).</p><p>Além disso, consignou o prejuízo parcial de algumas pretensões apresentadas nos feitos, uma vez</p><p>que as matérias já foram apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em outras ações diretas (ADI</p><p>3.105, ADI 3.128, ADI 3.138).</p><p>No mérito, a Corte julgou improcedentes pedidos de declaração de inconstitucionalidade do art. 40,</p><p>§ 18, da CF e do art. 9º da EC, este requerido apenas na ADI 3184.</p><p>Frisou que o STF, ao declarar a inconstitucionalidade dos percentuais estabelecidos nos incisos I e</p><p>II e no parágrafo único do art. 4º da EC 41/2003, afirmara o caráter geral do art. 40, § 18, da CF.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1515920</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1515920</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo969.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2201889</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2203035</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2212582</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2212582</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo640.htm#ADI%20e%20%E2%80%9CReforma%20Constitucional%20da%20Previd%C3%AAncia%E2%80%9D%20-%201</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo641.htm#ADI%20e%20%E2%80%9CReforma%20Constitucional%20da%20Previd%C3%AAncia%E2%80%9D%20-%203</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2192089</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2192089</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2199698</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2201913</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efcb37f6c8fdf159ecbb20c/6962f395c0d41b72af36212d71bee626/ADI_e_Reforma_Constitucional_da_Previd%C3%AAncia_%E2%80%93_7.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=9f_Ud40L0PI&list=PLippyY19Z47s0uKAHHQTH_9dqn8fFbcu9</p><p>Consignou que a discriminação determinada pela norma, segundo a qual incidirá contribuição</p><p>previdenciária sobre os proventos de aposentadorias e pensões que excederem o limite máximo estabelecido</p><p>para os benefícios do regime geral de previdência social, configura situação justificadamente favorável</p><p>àqueles que já recebiam benefícios quando do advento da EC 41/2003, incluídos no rol dos contribuintes.</p><p>Se por um lado, a contribuição devida pelos servidores da ativa seria calculada com base na</p><p>totalidade dos vencimentos percebidos, por outro, inativos e pensionistas teriam o valor de sua contribuição</p><p>fixado sobre base de cálculo inferior, pois dela seria extraído</p><p>valor equivalente ao teto dos benefícios pagos</p><p>no regime geral.</p><p>Desse modo, haveria proporcionalidade, visto que os inativos, por não poderem fruir do sistema da</p><p>mesma forma que os ativos, não seriam tributados com a mesma intensidade.</p><p>Vencido, no ponto, o ministro Marco Aurélio, que julgou o pedido procedente para declarar a</p><p>inconstitucionalidade do mencionado preceito. A seu ver, as situações assentadas segundo o regime anterior</p><p>não poderiam ser alcançadas pelo tributo. A previsão da incidência da contribuição somente em relação a</p><p>valores que superem os do regime geral não afastaria do cenário a incidência do dispositivo em situações</p><p>constituídas.</p><p>Noutro passo, o Plenário firmou a constitucionalidade do art. 9º da EC 41/2003, que se remete à</p><p>aplicação do art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) (4).</p><p>Ao rejeitar a alegação da associação autora de que afrontaria cláusula pétrea referente ao direito</p><p>adquirido, esclareceu não ser este o dispositivo que autoriza a cobrança da contribuição previdenciária de</p><p>inativos e pensionistas. Registrou que a constitucionalidade da cobrança já foi reconhecida por este</p><p>Tribunal.</p><p>Agregou que o STF tem afirmado, reiteradamente, a inexistência de direito adquirido a não ser</p><p>tributado.</p><p>O ministro Gilmar Mendes aduziu haver risco na declaração de inconstitucionalidade, sem</p><p>restrições, do art. 9º, porque poderia sinalizar a possibilidade de questionamentos em relação ao teto</p><p>remuneratório constitucional e envolver dúvidas sobre sua sistemática. De acordo com o ministro, a</p><p>remissão ao preceito do ADCT não simbolizaria sua restauração pelo constituinte derivado. O art. 9º é</p><p>norma expletiva, a enfatizar a existência do limite imposto pelo art. 37, XI, da CF (5) e evitar que o teto</p><p>seja superado.</p><p>O ministro Edson Fachin reportou-se ao julgamento do RE 609.381 (Tema 480 da repercussão geral)</p><p>e do RE 606.358 (Tema 257 da repercussão geral), com o intuito de salientar a desnecessidade de</p><p>interpretação conforme. Assinalou que, na redação originária da CF, o teto remuneratório não poderia ser</p><p>ultrapassado. Não há que se falar em direito adquirido à percepção de verbas em desacordo com o texto</p><p>constitucional.</p><p>Vencidos, no ponto, os ministros Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Ayres Britto, Celso de</p><p>Mello e Cezar Peluso, que julgaram a pretensão procedente. Compreenderam que o poder constituinte de</p><p>emenda não poderia ter determinado a aplicação do art. 17 do ADCT, que teria se exaurido, e asseveraram</p><p>a afronta ao art. 60, § 4º, IV, da CF (6). O ministro Cezar Peluso alertou haver perigo de a Administração</p><p>Pública utilizar o art. 17 do ADCT para desconhecer direitos adquiridos sob as garantias constitucionais</p><p>vigentes. Além disso, não entreviu risco na declaração de inconstitucionalidade, porquanto o redutor</p><p>incidiria por força de normas constitucionais permanentes vigentes, que não suscitam dúvidas.</p><p>(1) CF: “Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo</p><p>e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados</p><p>critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (...) § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e</p><p>pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral</p><p>de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.”</p><p>(2) EC 41/2003: “Art. 9º Aplica-se o disposto no art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias aos vencimentos,</p><p>remunerações e subsídios dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,</p><p>dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo</p><p>e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória percebidos cumulativamente ou não, incluídas</p><p>as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza.”</p><p>(3) Lei 9.868/1999: “Art. 3º A petição indicará: I – o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos</p><p>jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações;”</p><p>(4) ADCT: “Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria</p><p>que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se</p><p>admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.”</p><p>(5) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3843794</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=&numeroTemaFinal=&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=RE&numeroProcesso=609381++++&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3801073</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=&numeroTemaFinal=&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=RE&numeroProcesso=606358++++&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=</p><p>(...) XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e</p><p>fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de</p><p>mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente</p><p>ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos</p><p>Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito</p><p>Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito</p><p>do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos</p><p>por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este</p><p>limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;”</p><p>(6) CF: “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 4º Não será objeto de deliberação a proposta</p><p>de emenda tendente a abolir: (...) IV – os direitos e garantias individuais.”</p><p>ADI 3133/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24.6.2020. (INF 983)</p><p>ADI 3143/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24.6.2020. (INF 983)</p><p>ADI 3184/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24.6.2020. (INF 983)</p><p>Ascensão funcional e provimento derivado de cargos públicos (Tema 493 RG) - RE 523086/MA</p><p>RESUMO:</p><p>Não possui repercussão geral a discussão acerca da constitucionalidade da progressão</p><p>funcional prevista na Lei 6.110/1994 do Estado do Maranhão.</p><p>Diante da revogação integral da Lei 6.110/1994 do Estado do Maranhão, que gerou a</p><p>prejudicialidade da ADI 3.567, além da realização de acordo judicial entre o recorrente e os servidores</p><p>atingidos pelo diploma normativo impugnado, possível a revisão do reconhecimento da repercussão geral</p><p>do tema, nos termos do art.</p><p>323-B do Regimento Interno do STF, com redação conferida pela Emenda</p><p>Regimental 54/2020.</p><p>Com esse entendimento, o Plenário, em sessão virtual, ao negar seguimento ao recurso</p><p>extraordinário, assentou a inexistência de repercussão geral da questão objeto do Tema 493.</p><p>RE 523086/MA, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 (INF 1001)</p><p>Atribuição de cargo em comissão e funções de direção, chefia e assessoramento - RE</p><p>719870/MG</p><p>No julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta para questionar a validade</p><p>de leis que criam cargos em comissão, ao fundamento de que não se destinam a funções de direção,</p><p>chefia e assessoramento, o Tribunal deve analisar as atribuições previstas para os cargos.</p><p>Na fundamentação do julgamento, o Tribunal não está obrigado se pronunciar sobre a</p><p>constitucionalidade de cada cargo criado, individualmente.</p><p>Os cargos em comissão de livre nomeação, conforme preceitua a Constituição Federal (CF),</p><p>destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento (CF, art. 37, V) (1).</p><p>Somente após a apreciação das descrições das atividades dos cargos públicos na lei é que se poderá</p><p>afirmar sua compatibilidade com a norma constitucional (nacional ou estadual) que estabelece os casos e</p><p>as hipóteses de cargos em comissão.</p><p>Desse modo, instaurado o controle abstrato de constitucionalidade no âmbito de tribunal de justiça</p><p>para a análise da higidez constitucional de lei municipal que cria cargos em comissão, a corte local deve</p><p>examinar as atribuições dos cargos em comissão.</p><p>Além disso, ao apreciar o Tema 339 da repercussão geral, o Plenário definiu que o art. 93, IX, da</p><p>CF exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar,</p><p>contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas. Assim, a corte de origem não está</p><p>obrigada, na fundamentação do acórdão que julga a ação de inconstitucionalidade, a manifestar-se sobre</p><p>cada cargo, individualmente.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2201889</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2203035</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2212582</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2461862</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2318041</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2461862</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2461862</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2461862</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4323197</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4323197</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=3849248&numeroProcesso=791292&classeProcesso=AI&numeroTema=339</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fce968300063e79e9636f51/d39717cf91238dc0c29584038abfa86b/RE_523086.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f875fda384bf580f6b49817/6656352a06259b68b4212abdc659966f/RE_719870.mp3</p><p>No caso, trata-se de ação direta para verificação da compatibilidade, com dispositivos de</p><p>constituição estadual, de leis municipais que criaram cargos públicos de provimento em comissão, que, em</p><p>tese, não seriam destinados a funções de chefia, direção e assessoramento. O tribunal de justiça julgou</p><p>procedente em parte o pedido, afirmando, em suma, não ser possível a verificação das atribuições dos cargos</p><p>para se concluir no sentido da inconstitucionalidade das normas. O acórdão foi impugnado por meio de</p><p>embargos de declaração.</p><p>Com base nesse entendimento, o Plenário, ao apreciar o Tema 670 da repercussão geral, deu</p><p>provimento ao recurso extraordinário, em maior extensão, para que os autos retornem ao tribunal de origem,</p><p>para novo julgamento dos embargos de declaração.</p><p>(1) CF: “Art. 37. (...) V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os</p><p>cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,</p><p>destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;”</p><p>RE 719870/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento</p><p>virtual em 9.10.2020. (INF 994)</p><p>Inconstitucionalidade de sanções administrativas perpétuas - ADI 2975/DF</p><p>RESUMO:</p><p>É inconstitucional, por denotar sanção de caráter perpétuo, o parágrafo único do artigo 137</p><p>da Lei 8.112/1990 (1), o qual dispõe que não poderá retornar ao serviço público federal o servidor</p><p>que tiver sido demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, I (crimes</p><p>contra a administração pública), IV (atos de improbidade), VIII (aplicação irregular de recursos</p><p>públicos), X (lesão aos cofres públicos) e XI (corrupção) (2), da referida lei.</p><p>O conteúdo da norma impugnada viola o art. 5º, XLVII, b, da Constituição Federal (CF) (3) ao</p><p>impor pena de caráter perpétuo.</p><p>É importante ressaltar que, embora a norma constitucional encontre-se estabelecida enquanto</p><p>garantia à aplicação de sanções penais, viável sua extensão às sanções administrativas, em razão do vínculo</p><p>existente entre essas duas esferas do poder sancionatório estatal.</p><p>Critério razoável para a delimitação constitucional da atividade punitiva é a impossibilidade da</p><p>imposição de sanções administrativas mais graves que as penas aplicadas pela prática de crimes, já que os</p><p>conceitos de subsidiariedade e da intervenção penal mínima corroboram a afirmação de que o ilícito</p><p>administrativo seria um minus em relação às infrações penais. É nesse sentido que se conclui que a norma</p><p>constante do art. 5º, XLVII, b, da CF também se aplica às sanções administrativas.</p><p>Essa conclusão se aplica até mesmo para os ilícitos administrativos que também se enquadram como</p><p>infrações penais, como ocorre com o art. 132, I, IV, VIII, X e XI, da Lei 8.112/1990, já que a jurisprudência</p><p>da Corte (4) tem entendido pela possibilidade de aplicação das mesmas regras penais a esses ilícitos</p><p>administrativos no que se refere, por exemplo, ao prazo de prescrição.</p><p>Em sentido semelhante, a Corte possui jurisprudência no sentido da impossibilidade de aplicação da</p><p>penalidade administrativa de inabilitação permanente para o exercício de cargos de administração ou</p><p>gerência de instituição financeira (5).</p><p>Com base no entendimento acima exposto, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido</p><p>formulado em ação direta (ADI) para declarar a inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 137 da</p><p>Lei 8.112/1990 e determinou a comunicação do teor da decisão ao Congresso Nacional, para que delibere,</p><p>se assim entender pertinente, sobre o prazo de proibição de retorno ao serviço público nas hipóteses do art.</p><p>132, I, IV, VIII, X e XI, da Lei 8.112/1990.</p><p>(1) Lei 8.112/1990: “Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e</p><p>XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. Parágrafo único. Não</p><p>poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art.</p><p>132, incisos I, IV, VIII, X e XI.”</p><p>(2) Lei 8.112/1990: “Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: I - crime contra a administração pública; (...)</p><p>IV - improbidade administrativa; (...) VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; (...) X - lesão aos cofres públicos e dilapidação</p><p>do patrimônio nacional; XI - corrupção;”</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4323197&numeroProcesso=719870&classeProcesso=RE&numeroTema=670</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4323197</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4323197</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9942.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2159610</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fd0dd1225e9e90b7390805a/f3031f563ffddfed4249a96b4e2a4a87/ADI_2975.mp3</p><p>(3) CF: “Art. 5º. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e</p><p>aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos</p><p>seguintes: (...) XLVII - não haverá penas: (...) b) de caráter perpétuo;”</p><p>(4) MS 23.242/SP, rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 10.4.2002; MS 24.013/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 1º.7.2005.</p><p>(5) RE 154.134/SP, rel. Min. Sydney Sanches, DJ de 29.10.1999.</p><p>ADI 2975/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020. (INF 1001)</p><p>Policiais civis: paridade e integralidade dos proventos de aposentadoria - ADI 5039/RO</p><p>É inconstitucional norma que preveja a concessão de aposentadoria com paridade e</p><p>integralidade de proventos a policiais civis.</p><p>A Constituição Federal (CF) garantia, até o advento da Emenda Constitucional (EC) 41/2003, a</p><p>paridade entre servidores ativos e inativos, o que significava exatamente a revisão dos proventos de</p><p>aposentadoria, na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificasse a remuneração dos</p><p>servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e aos pensionistas quaisquer benefícios</p><p>ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade.</p><p>O § 8º do art. 40 da CF (1), na redação que lhe conferiu a EC 41/2003, substituiu a paridade pela</p><p>determinação quanto ao reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor</p><p>real, conforme critérios estabelecidos em lei.</p><p>De igual modo, a integralidade, que se traduz na possibilidade de o servidor aposentar-se ostentando</p><p>os mesmos valores da última remuneração percebida quando em exercício no cargo efetivo por ele</p><p>titularizado no momento da inativação, foi extinta pela mesma EC 41/2003.</p><p>É inconstitucional norma que preveja a concessão de “adicional de final de carreira” a policiais</p><p>civis.</p><p>O art. 40, § 2º, da CF, na redação dada pela EC 41/2003, dispõe que os proventos de aposentadoria</p><p>e as pensões, quando de sua concessão, “não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no</p><p>cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão”.</p><p>Assim, a remuneração do cargo efetivo no qual se der a aposentadoria é o limite para a fixação do valor dos</p><p>proventos.</p><p>Policiais civis e militares possuem regimes de previdência distintos e, portanto, o fato de alguns</p><p>deles conterem previsão quanto à possibilidade de aposentadoria dos militares em classe imediatamente</p><p>superior à que ocupava, quando em atividade, não é fundamento legal para a extensão dessa vantagem aos</p><p>policiais civis.</p><p>No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo governador do estado de</p><p>Rondônia em que se discutem as alterações legislativas promovidas pela Lei Complementar estadual</p><p>672/2012. Essa lei complementar estabeleceu regras próprias para a concessão e manutenção dos benefícios</p><p>previdenciários a serem concedidos para a categoria dos policiais civis.</p><p>Com o entendimento acima exposto, o Plenário, por maioria, declarou a inconstitucionalidade do §</p><p>12 do art. 45 (2) e dos §§ 1º, 4º, 5º e 6º do art. 91-A (3) da Lei Complementar estadual 432/2008, na redação</p><p>que lhes conferiu a LC 672/2012. Não houve modulação de efeitos da decisão, porquanto a manutenção</p><p>das aposentadorias concedidas com base na lei declarada inconstitucional resultaria em ofensa à isonomia</p><p>em relação aos demais servidores civis do estado de Rondônia não abrangidos pelas regras que lhes seriam</p><p>mais favoráveis.</p><p>(1) CF: “Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo</p><p>e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados</p><p>critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (...) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes,</p><p>em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.”</p><p>(2) LC 432/2008: “Art. 45. No cálculo dos proventos de aposentadoria dos servidores titulares de cargo efetivo, salvo as</p><p>hipóteses de aposentadoria dos artigos 46, 48 e 51, será considerada a média aritmética simples das maiores remunerações, utilizando</p><p>como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado, correspondente a 80% (oitenta por</p><p>cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela</p><p>competência. (...) § 12. Os proventos e outros direitos do Policial Civil do Estado Inativo e Pensionista serão calculados de acordo</p><p>com o disposto no artigo 91-A e seus parágrafos e artigo 30, inciso III e, revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que</p><p>se modificar a remuneração ou subsídio do Policial Civil da ativa.”</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=85929</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=86066</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=211762</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2159610</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1001.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4455383</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fac26ac2b0110732ede406d/356a9bec5db0e70e3dad8f9afec1305f/ADI_5039.mp3</p><p>(3) LC 432/2008 do estado de Rondônia: “Art. 91-A. Os benefícios previdenciários da Categoria da Polícia Civil, de</p><p>aposentadoria e pensão por morte aos seus dependentes, dar-se-ão em conformidade com o disposto no inciso II, do § 4o do artigo 40,</p><p>da Constituição Federal e o disposto na Lei Complementar Federal no 51, de 20 de dezembro de 1985. § 1º O Policial Civil do Estado</p><p>de Rondônia passará para a inatividade, voluntariamente, independente de idade mínima, com proventos integrais e paritários ao da</p><p>remuneração ou subsídio em que se der a aposentadoria, aos 30 (trinta) anos de contribuição, desde que conte com 20 (vinte) anos de</p><p>tempo efetivo de serviço público de natureza estritamente policial, a exceção da aposentadoria por compulsória que se dará aos 65</p><p>(sessenta e cinco) anos. (…) § 4º O Policial Civil do Estado de Rondônia fará jus a provento igual à remuneração ou subsídio integral</p><p>da classe imediatamente superior, ou remuneração normal acrescida de 20% (vinte por cento) para o Policial Civil do Estado na última</p><p>classe, nos últimos cinco anos que antecederam a passagem para a inatividade, considerando a data de seu ingresso na Categoria da</p><p>Polícia Civil e desde que: I – ao servidor da Categoria da Polícia Civil do Estado fazer opção formal na Instituição Previdenciária pela</p><p>contribuição sobre a respectiva verba de classe superior ou verbas transitórias, atendendo o prazo de carência efetiva a ser cumprida,</p><p>devendo ser comunicado a Coordenadoria Geral de Recursos Humanos – CGRH, para registro funcional na pasta do servidor, sendo</p><p>da obrigatoriedade do Instituto de Previdência do Estado de Rondônia – IPERON, o entabulamento dos cálculos dos valores a ter a</p><p>incidência do percentual previdenciário, conforme a opção do serventuário; e II – ao Instituto de Previdência do Estado de Rondônia</p><p>– IPERON incumbe a responsabilidade do cálculo do resíduo de contribuição eventualmente devido e a ser custeado para cumprimento</p><p>do interstício de 5 (cinco) anos de contribuição</p><p>incidente sobre a classe superior ou sobre as verbas de caráter transitório para possível</p><p>reflexo nos proventos de inatividade. § 5º Os proventos da aposentadoria de que trata este artigo terão, na data de sua concessão, o</p><p>valor da totalidade da última remuneração ou subsídio do cargo em que se der a aposentadoria e serão revistos na mesma proporção e</p><p>na mesma data, sempre que se modificar a remuneração ou subsídio dos servidores em atividade, considerando sempre a data de</p><p>ingresso do servidor na Categoria da Polícia Civil em virtude das variáveis regras de aposentação e da legislação em vigor. § 6º Serão</p><p>estendidos aos aposentados quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, incluídos os</p><p>casos de transformação ou reclassificação do cargo ou da função em que se deu a aposentadoria aos servidores da Categoria da Polícia</p><p>Civil que tenham paridade e extensão de benefícios de acordo com a legislação em vigor.”</p><p>ADI 5039/RO, rel. Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)</p><p>Presunção de inocência e eliminação de concurso público - 4 - RE 560900/DF</p><p>Parte 1 -</p><p>Parte 2 -</p><p>Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital</p><p>de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou</p><p>a ação penal.</p><p>Com essa tese de repercussão geral (Tema 22), o Plenário, em conclusão de julgamento e por</p><p>maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de se restringir a</p><p>participação em concurso público de candidato que respondia a processo criminal (Informativo 825).</p><p>Na espécie, foi inadmitida a participação de soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)</p><p>— acusado pela suposta prática do delito de falso testemunho — em seleção para o Curso de Formação de</p><p>Cabos no Quadro de Praças Policiais e Militares Combatentes (QPPMC). O ato de exclusão do candidato</p><p>foi fundamentado no edital de convocação do referido processo seletivo, que vedaria a participação de</p><p>concorrente “denunciado por crime de natureza dolosa”. Em sede de mandado de segurança, o magistrado</p><p>de piso assegurou a matrícula e a frequência do soldado no Curso de Formação. Posteriormente, a decisão</p><p>foi mantida pelo tribunal a quo no acórdão ora recorrido.</p><p>Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso (relator), que assentou a necessidade de ponderação</p><p>entre bens jurídicos constitucionais para a solução da controvérsia posta.</p><p>Assim, a questão não poderia ser solucionada a partir de um tradicional raciocínio silogístico, ou</p><p>dos critérios usuais para resolução de antinomias — hierárquico, de especialidade e cronológico —, haja</p><p>vista a existência de normas de mesma hierarquia indicando soluções diferentes.</p><p>Nessas situações, o raciocínio deve percorrer três etapas: a) identificar as normas que postulam</p><p>incidência na hipótese; b) identificar os fatos relevantes ou os contornos fáticos gerais do problema; e c)</p><p>harmonizar as normas contrapostas, calibrando o peso de cada qual e restringindo-as no grau mínimo</p><p>indispensável, de modo a fazer prevalecer a solução mais adequada à luz de todo o sistema jurídico.</p><p>Na espécie, de um lado, destaca-se o princípio da presunção de inocência [Constituição Federal</p><p>(CF), art. 5º, LVII], reforçado pelos princípios da liberdade profissional (CF, art. 5º, XIII) e da ampla</p><p>acessibilidade aos cargos públicos (CF, art. 37, I). De outro lado, ressalta-se o princípio da moralidade</p><p>administrativa (CF, art. 37, caput).</p><p>O ministro Roberto Barroso apresentou duas regras para a ponderação dos valores em jogo e a</p><p>determinação objetiva de idoneidade moral, quando aplicável ao ingresso no serviço público mediante</p><p>concurso. A primeira, apta a estabelecer parâmetro pelo qual se pode recusar a alguém a inscrição em</p><p>concurso público, é a necessidade de condenação por órgão colegiado ou de condenação definitiva. Há</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4455383</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9981.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2551965</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=&numeroTemaFinal=&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=RE&numeroProcesso=560900++++&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo825.htm</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e42a7e42a0ba45430c02697/c034a9010a06f294db1f4eb39771ec01/Presun%C3%A7%C3%A3o_de_inoc%C3%AAncia_e_elimina%C3%A7%C3%A3o_de_concurso_p%C3%BAblico_%E2%80%93_4.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=98sAvwzKVgA&list=PLippyY19Z47t8X6YfWSfqPF9fgHcdC6Xg</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=EuDb7Ul4EyA&list=PLippyY19Z47vbvd663vfkZfC9iY-nL7AB</p><p>analogia com a Lei da “Ficha Limpa” (LC 135/2010), critério que já foi aplicado mesmo fora da seara</p><p>penal.</p><p>A segunda regra é a necessidade de relação de incompatibilidade entre a natureza do crime e as</p><p>atribuições do cargo. Nem toda condenação penal deve ter por consequência direta e imediata impedir</p><p>alguém de se candidatar a concurso público.</p><p>Entretanto, para concorrer a determinados cargos públicos, pela natureza deles, é possível, por meio</p><p>de lei, a exigência de qualificações mais restritas e rígidas ao candidato. Por exemplo, as carreiras da</p><p>magistratura, das funções essenciais à justiça — Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria</p><p>Pública — e da segurança pública.</p><p>O relator concluiu que a solução mediante o emprego dessas regras satisfaz o princípio da</p><p>razoabilidade ou proporcionalidade, visto que é: a) adequada, pois a restrição imposta se mostra idônea</p><p>para proteger a moralidade administrativa; b) não excessiva, uma vez que, após a condenação em segundo</p><p>grau, a probabilidade de manutenção da condenação é muito grande e a exigência de relação entre a infração</p><p>e as atribuições do cargo mitiga a restrição; e c) proporcional em sentido estrito, na medida em que a</p><p>atenuação do princípio da presunção de inocência é compensada pela contrapartida em boa administração</p><p>e idoneidade dos servidores públicos.</p><p>Para ele, a negativa de provimento ao recurso é reforçada pelo fato de ter havido a suspensão</p><p>condicional do processo. Não fosse o longo período entre o oferecimento da denúncia e a audiência de</p><p>suspensão condicional, provavelmente o processo criminal não estaria em curso no momento em que o</p><p>recorrido foi excluído do aludido curso.</p><p>Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que deu provimento ao recurso para cassar a decisão do</p><p>tribunal a quo. A seu ver, o fato de se tratar de servidor público militar, submetido aos princípios da</p><p>hierarquia e da disciplina, demanda a análise diferenciada daquela cabível para a generalidade de situações</p><p>que envolvem concursos públicos. Além disso, não se cuida de vedação a acesso originário a cargo público,</p><p>e sim de procedimento interno de aferição de mérito funcional, de abrangência restrita, porquanto envolve</p><p>apenas o universo dos policiais militares da localidade.</p><p>O ministro salientou que a exigência de idoneidade moral, na carreira militar, é plenamente legítima</p><p>e consistente com o texto constitucional. O soldado deve acatamento integral da legislação que fundamenta</p><p>o organismo policial militar. Dessa maneira, o recorrido estava subordinado ao regulamento interno de</p><p>ascensão para cabo e, enquanto pendesse o processo, não poderia se inscrever no curso. Por fim, afirmou a</p><p>razoabilidade dessa previsão.</p><p>RE 560900/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 5 e 6.2.2020. (INF 965)</p><p>Procuradores estaduais: honorários de sucumbência, sistema de remuneração por subsídio e</p><p>teto constitucional</p><p>- ADI 6135/GO; ADI 6160/AP; ADI 6161/AC; ADI 6169/MS; ADI 6177/PR</p><p>e ADI 6182/RO</p><p>É constitucional a percepção de honorários de sucumbência por procuradores de estados-</p><p>membros, observado o teto previsto no art. 37, XI, da Constituição Federal (CF) (1) no somatório</p><p>total às demais verbas remuneratórias recebidas mensalmente.</p><p>Aplicam-se ao problema jurídico-constitucional os precedentes formados pelo Supremo Tribunal</p><p>Federal no julgamento de ações diretas de inconstitucionalidade acerca da validade de textos legais que</p><p>instituíram a percepção de honorários de sucumbência por advogados públicos, cujos conteúdos normativos</p><p>são semelhantes (ADI 6.053, ADI 6.165, ADI 6.178).</p><p>A natureza constitucional dos serviços prestados pelos advogados públicos possibilita o recebimento</p><p>da verba de honorários sucumbenciais, nos termos da lei, desde que submetido ao mencionado teto</p><p>remuneratório. Restaram definidas cinco razões de decidir: (i) os honorários de sucumbência constituem</p><p>vantagem de natureza remuneratória, por serviços prestados com eficiência no desempenho da função</p><p>pública; (ii) os titulares dos honorários sucumbenciais são os profissionais da advocacia, seja pública ou</p><p>privada; (iii) o art. 135 da CF (2), ao estabelecer que a remuneração dos procuradores estaduais se dá</p><p>mediante subsídio, é compatível com o regramento constitucional referente à advocacia pública; (iv) a CF</p><p>não institui incompatibilidade relevante que justifique vedação ao recebimento de honorários por</p><p>advogados públicos, à exceção da magistratura e do Ministério Público; e (v) a percepção cumulativa de</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2551965</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo965.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5695968</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5721406</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5721422</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5722384</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5723266</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5725082</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5613457</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5721550</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5723274</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f8f66e5a781fb7bb8e3a95a/601724ad93e61016efba9e2654f6917e/ADI_6135,_ADI_6160,_ADI_6161,_ADI_6169,_ADI_6177,_ADI_6182.mp3</p><p>honorários sucumbenciais com outras parcelas remuneratórias impõe a observância do teto remuneratório</p><p>estabelecido constitucionalmente no art. 37, XI.</p><p>No caso, trata-se de seis ações diretas de inconstitucionalidade apreciadas em conjunto, nas quais</p><p>houve a impugnação de atos normativos estaduais, expressões e preceitos de leis dos estados-membros que</p><p>dispunham, em suma, sobre o pagamento de honorários advocatícios de sucumbência a procuradores dos</p><p>respectivos entes públicos.</p><p>O Plenário, por maioria, declarou a constitucionalidade da percepção de honorários de sucumbência</p><p>e julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados nas ações para, conferindo às disposições</p><p>questionadas interpretação conforme à CF, estabelecer a observância do teto constitucional. O ministro</p><p>Roberto Barroso acompanhou as decisões da ministra Rosa Weber (relatora) com ressalvas. Vencido o</p><p>ministro Marco Aurélio. Ademais, na ADI 6.135, por arrastamento, o Tribunal atribuiu interpretação</p><p>conforme, nos mesmos termos, a outros dispositivos, a fim de evitar efeitos repristinatórios. Nela, além do</p><p>ministro Marco Aurélio, ficou vencido o ministro Gilmar Mendes. Este último, contudo, apenas em relação</p><p>a dois parágrafos da Lei Complementar goiana 58/2006, por ele considerados formalmente</p><p>inconstitucionais.</p><p>(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:</p><p>(...) XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e</p><p>fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de</p><p>mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente</p><p>ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos</p><p>Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito</p><p>Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito</p><p>do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos</p><p>por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este</p><p>limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;”</p><p>(2) CF: “Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados</p><p>na forma do art. 39, § 4º.”</p><p>ADI 6135/GO, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)</p><p>ADI 6160/AP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)</p><p>ADI 6161/AC, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)</p><p>ADI 6169/MS, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)</p><p>ADI 6177/PR, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)</p><p>ADI 6182/RO, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)</p><p>Servidor público estadual: remuneração de procurador legislativo e vinculação ao subsídio dos</p><p>ministros do STF - ADI 6436/DF</p><p>RESUMO</p><p>É inconstitucional lei que equipara, vincula ou referencia espécies remuneratórias devidas a</p><p>cargos e carreiras distintos, especialmente quando pretendida a vinculação ou a equiparação entre</p><p>servidores de Poderes e níveis federativos diferentes.</p><p>A norma impugnada, especialmente em seu § 1º, permite interpretação no sentido de que o subsídio</p><p>da carreira de procurador legislativo da assembleia legislativa estadual estaria atrelado, por um mecanismo</p><p>de vinculação automática, aos subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Há evidente</p><p>inconstitucionalidade, por ofensa ao art. 37, X e XIII, da CF (1). A vedação cabal à vinculação e à</p><p>equiparação de vencimentos, consagrada constitucionalmente, alcança quaisquer espécies remuneratórias.</p><p>Salienta-se que, em recente julgado (2), o STF rechaçou a hipótese de reajuste automático pela</p><p>vinculação de remuneração entre carreiras distintas. Além disso, a vinculação de vencimentos de agentes</p><p>públicos das esferas federal e estadual caracteriza afronta a autonomia federativa do estado-membro, que</p><p>detém a iniciativa de lei para dispor sobre a concessão de eventual reajuste dos subsídios dos aludidos</p><p>procuradores.</p><p>Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade em face do art. 1º, §§ 1º a 4º, da Lei 10.276/2015</p><p>do estado de Mato Grosso (3), que dispõe sobre a remuneração dos procuradores legislativos da Assembleia</p><p>Legislativa daquela unidade da Federação.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5695968</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5721406</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5721422</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>ADI 5040/PI ..................................................................................... 44</p><p>Indiciamento por autoridade policial e afastamento automático de servidor</p><p>público - ADI 4911/DF ....................................................................................... 45</p><p>Legitimidade para o ajuizamento das ações de controle concentrado de</p><p>constitucionalidade - ADI 6465 AgR/DF ............................................................ 46</p><p>Lei de Responsabilidade Fiscal - ADI 2238/DF.................................................. 46</p><p>Responsabilidade do Estado: direito à indenização e prisão por motivo político -</p><p>ADI 3738/ES ...................................................................................................... 49</p><p>Ultra-atividade das convenções e acordos coletivos de trabalho e CF/1988 - 2 -</p><p>ADI 2200/DF e ADI 2288/DF ............................................................................ 50</p><p>3.7 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .................................................................... 50</p><p>Roubo forjado e classificação jurídica - HC 147584/RJ ..................................... 50</p><p>3.8 DEFENSORIA PÚBLICA ...................................................................................... 51</p><p>Defensoria Pública: autonomia orçamentária e repasse de duodécimos - ADPF</p><p>384 Ref-MC/MG ................................................................................................. 51</p><p>3.9 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ..................................................... 52</p><p>Ato jurídico perfeito e retroatividade de índices de atualização de preços - 2 -</p><p>ADI 3005/DF ...................................................................................................... 52</p><p>Auditor independente e rotatividade - ADI 3033/RJ ........................................... 53</p><p>Contrato de plano de saúde: ato jurídico perfeito e retroatividade da lei nova -</p><p>RE 948634/RS .................................................................................................... 53</p><p>Covid -19: acordos individuais e participação sindical - ADI 6363 MC-Ref/DF 54</p><p>COVID-19: direito de acesso à informação e dever estatal de transparência na</p><p>divulgação dos dados referentes à pandemia - ADPF 690 MC-Ref/DF; ADPF</p><p>691 MC-Ref/DF e ADPF 692 MC-Ref/DF ......................................................... 55</p><p>Covid-19: empresas de telefonia e compartilhamento de informações com o</p><p>IBGE - ADI 6387 MC-Ref/DF; ADI 6388 MC-Ref/DF; ADI 6389 MC-Ref/DF;</p><p>ADI 6390 MC-Ref/DF e ADI 6393 MC-Ref/DF ................................................. 56</p><p>Covid-19 e pedidos de acesso à informação - ADI 6347 MC-Ref/DF; ADI 6351</p><p>MC-Ref/DF e ADI 6353 MC-Ref/DF ................................................................. 58</p><p>Covid-19 e povos indígenas - ADPF 709 Ref-MC/DF ........................................ 59</p><p>Escusa de consciência por motivo de crença religiosa e fixação de horários</p><p>alternativos para realização de certame público ou para o exercício de deveres</p><p>funcionais inerentes ao cargo público - RE 611874/DF e ARE 1099099/SP ...... 62</p><p>Inquérito para investigar “Fake News” e ameaças contra o STF:</p><p>constitucionalidade - 2 - ADPF 572 MC/DF ...................................................... 63</p><p>Leiloeiro e caução para o exercício da profissão - RE 1263641/RS .................... 65</p><p>Liberdade de expressão e restrição à difusão de produto audiovisual em</p><p>plataforma de “streaming” - Rcl 38782/RJ ........................................................ 66</p><p>Princípio da isonomia: pensão por morte e tratamento diferenciado entre homem</p><p>e mulher - RE 659424/RS ................................................................................... 67</p><p>Trabalhadores avulsos e direito ao adicional de risco portuário - 3 - RE</p><p>597124/PR .......................................................................................................... 67</p><p>Tribunal do Júri: autoria e materialidade e absolvição genérica - HC</p><p>178777/MG ......................................................................................................... 68</p><p>3.10 DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................. 68</p><p>Suspensão de habilitação e direito ao trabalho - RE 607107/MG ....................... 68</p><p>3.11 EXPULSÃO .......................................................................................................... 69</p><p>Estrangeiro e filho brasileiro nascido posteriormente à expulsão - 2 - RE</p><p>608898/DF.......................................................................................................... 69</p><p>3.12 FINANÇAS PÚBLICAS ....................................................................................... 70</p><p>Covid-19 e restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal - ADI 6357 MC-Ref/DF</p><p>........................................................................................................................... 70</p><p>3.13 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA .................................................................. 73</p><p>Ação de improbidade administrativa e atuação de procurador do estado - 2 -</p><p>ARE 1165456 AgR/SE ........................................................................................ 73</p><p>3.14 INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO ........................... 73</p><p>Tarifa bancária pela mera disponibilização de “cheque especial” - ADI 6407</p><p>MC-Ref /DF ....................................................................................................... 73</p><p>3.15 LEGITIMIDADE .................................................................................................. 74</p><p>Legitimidade de procuradores para interposição de recurso em ADI - RE</p><p>1126828 AgR/SP................................................................................................. 74</p><p>3.16 MEIO AMBIENTE ............................................................................................... 75</p><p>Medida cautelar em ADPF: resoluções do Conama e proibição do retrocesso</p><p>socioambiental - ADPF 747 MC-Ref/DF; ADPF 748 MC-Ref/DF e ADPF 749</p><p>MC-Ref/DF ........................................................................................................ 75</p><p>3.17 ORDEM SOCIAL ................................................................................................. 76</p><p>ADI: medicamento, autorização por lei e ausência de registro sanitário - ADI</p><p>5501/DF ............................................................................................................. 76</p><p>Benefício social e vinculação ao salário mínimo - ADI 4726/AP ....................... 77</p><p>Direito à saúde e dever de o Estado fornecer medicamento - 3 - RE 566471/RN 77</p><p>Verbas destinadas à educação e bloqueio judicial - ADPF 484/AP .................... 79</p><p>3.18 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................... 81</p><p>Empresa estatal e participação nos lucros ou resultados - ADI 5417/DF ........... 81</p><p>3.19 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ........................................................................... 82</p><p>Abin: Sistema Brasileiro de Inteligência e fornecimento de dados e de</p><p>conhecimentos específicos - ADI 6529 MC/DF .................................................. 82</p><p>Afastamento de norma e contrariedade à cláusula de reserva de plenário - RE</p><p>635088 AgR-segundo/DF ................................................................................... 85</p><p>Competência privativa da União e suspensão de obrigação financeira por lei</p><p>estadual - ADI 6495/RJ ...................................................................................... 85</p><p>Composição de órgão da Administração Pública estadual e participação de</p><p>representante de seccional da OAB - ADI 4579/RJ ............................................ 86</p><p>Covid-19: requisições administrativas de bens e serviços e federalismo</p><p>cooperativo .........................................................................................................</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5722384</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5723266</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5725082</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5918104</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc28e31824015195c07e731/97b9a15752874c912c9136ca65d0da1a/ADI_6436.mp3</p><p>O Plenário não conheceu do pedido formulado quanto ao § 3º do art. 1º da Lei 10.276/2015 do estado</p><p>de Mato Grosso, porque constatado o exaurimento de sua eficácia ao tempo do ajuizamento da ação. Na</p><p>parte conhecida, julgou parcialmente procedente a pretensão deduzida para declarar a inconstitucionalidade</p><p>dos §§ 1º, 2º e 4º do art. 1º da referida lei, mantido o caput do artigo, uma vez que apenas prevê a</p><p>remuneração por subsídio.</p><p>(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:</p><p>(...) X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados</p><p>por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção</p><p>de índices; (...) XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de</p><p>pessoal do serviço público;”</p><p>(2) ADI 4898/AP, rel. min. Cármen Lúcia, DJe de 21.10.2019.</p><p>(3) Lei 10.276/2015 do estado de Mato Grosso: “Art. 1º Os cargos de provimento efetivo da carreira de Procurador Legislativo</p><p>da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso serão remunerados por subsídio, nos termos desta lei. § 1º O subsídio do grau</p><p>máximo da carreira de Procurador Legislativo da Assembleia Legislativa corresponderá a 90,25% (noventa inteiros e vinte e cinco</p><p>centésimos por cento) da remuneração dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, nos termos da parte final do inciso XI do Art. 37</p><p>da Constituição da República e do § 3º do Art. 45-A da Constituição do Estado de Mato Grosso, escalonados conforme as respectivas</p><p>classes, sendo a diferença entre uma e outra de 5% (cinco por cento). § 2º A implementação financeira do disposto no parágrafo</p><p>anterior ocorrerá no mês de outubro de 2016. § 3º Até a concretização do disposto no § 1º, os efeitos financeiros serão graduados da</p><p>seguinte forma: I – no mês de maio de 2015, o subsídio dos Procuradores Legislativos de 1ª Classe corresponderá a 75% (setenta e</p><p>cinco por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; II – no mês de maio de 2015, o subsídio</p><p>dos Procuradores Legislativos de 2ª Classe corresponderá a 55% (cinquenta e cinco por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos</p><p>Ministros do Supremo Tribunal Federal; III – no mês de maio de 2015, o subsídio dos Procuradores Legislativos de 3ª Classe</p><p>corresponderá a 40% (quarenta por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; IV – no mês</p><p>de janeiro de 2016, o subsídio dos Procuradores Legislativos de 1ª Classe corresponderá a 85% (oitenta e cinco por cento) do subsídio</p><p>mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; V – no mês de janeiro de 2016, o subsídio dos Procuradores</p><p>Legislativos de 2ª Classe corresponderá a 70% (setenta por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal</p><p>Federal; VI – no mês de janeiro de 2016, o subsídio dos Procuradores Legislativos de 3ª Classe corresponderá a 60% (sessenta por</p><p>cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. § 4º Os subsídios fixados na forma do § 1º são</p><p>concedidos integralmente por intermédio da presente lei, ocorrendo apenas o diferimento dos efeitos financeiros na forma disposta no</p><p>§ 3º.”</p><p>ADI 6436/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF</p><p>1000)</p><p>Servidores públicos: equiparação remuneratória e lei estadual anterior à EC 19/1998 - ADPF</p><p>328/MA</p><p>A teor do disposto no art. 37, XIII, da Constituição Federal (CF) (1), é vedada a vinculação</p><p>remuneratória de seguimentos do serviço público.</p><p>Trata-se de ação do controle concentrado de constitucionalidade em face dos arts. 1º e 2º da Lei</p><p>4.983/1989 do estado do Maranhão, que estabelecem a isonomia de vencimentos entre diversas carreiras</p><p>jurídicas. No julgamento da ADI 304 — ocorrido antes do advento da Emenda Constitucional (EC) 19/1998</p><p>—, o Supremo Tribunal Federal, ao examinar a mesma lei, admitiu a equiparação remuneratória apenas das</p><p>carreiras de procurador de estado e de delegado de polícia, tendo em conta a redação então vigente de</p><p>dispositivos da CF. Nesta ADPF, a requerente argumentava, em suma, a não recepção dos mencionados</p><p>artigos pelo ordenamento jurídico constitucional posterior à EC 19/1998.</p><p>O Plenário julgou procedente pedido formalizado em arguição de descumprimento de preceito</p><p>fundamental para assentar não recepcionados, pela CF, os arts. 1º e 2º da Lei maranhense 4.983/1989.</p><p>(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:</p><p>(...) XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do</p><p>serviço público;”</p><p>ADPF 328/MA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 13.11.2020. (INF 999)</p><p>2. DIREITO CIVIL</p><p>2.1 PESSOAS JURÍDICAS</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5918104</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4646995</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4646995</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1501329</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4646995</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9991.pdf</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fb427407afd0488467bea9b/c333f17d0da6c04fb22b3ed24429a8da/ADPF.mp3</p><p>Empresa individual de responsabilidade limitada e integralização do capital social - ADI</p><p>4637/DF</p><p>RESUMO:</p><p>A exigência de integralização do capital social por empresas individuais de responsabilidade</p><p>limitada (EIRELI), no montante previsto no art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo art.</p><p>2º da Lei 12.441/2011 (1), não viola a regra constitucional que veda a vinculação do salário-mínimo</p><p>para qualquer fim (2), bem como não configura impedimento ao livre exercício da atividade</p><p>empresarial.</p><p>O art. 980-A do Código Civil não prevê forma de indexação nem qualquer vinculação que possa</p><p>interferir ou prejudicar os reajustes periódicos do salário-mínimo. O sentido da proibição do art. 7º, IV, da</p><p>Constituição Federal é proteger a integridade do salário-mínimo como direito fundamental do trabalhador.</p><p>Por isso, evitar a vinculação é uma tentativa de evitar o prejuízo dos reajustes ou de reduzir-lhe o poder de</p><p>compra real. No caso, a utilização do salário-mínimo é meramente referencial. O valor do salário-mínimo</p><p>serve tão somente como parâmetro para determinação do capital social a ser integralizado na constituição</p><p>da EIRELI.</p><p>Ademais,</p><p>a exigência de integralização de capital social não inferior a cem vezes o maior salário-</p><p>mínimo vigente no País não representa obstáculo à livre iniciativa. Isso porque a exigência de integralização</p><p>do capital social representa requisito para constituição de uma das formas de pessoas jurídicas, a EIRELI.</p><p>Não representa uma condição de acesso ao mercado ou à atividade empresarial. Trata-se de requisito para</p><p>limitação da responsabilidade patrimonial do empresário pessoa física. O empresário poderá empreender,</p><p>mesmo sem o capital mínimo exigido pela lei, mas não será beneficiado pela limitação de responsabilidade</p><p>que, de outra forma, a EIRELI proporciona.</p><p>A restrição/condição não é ao exercício da empresa, mas vincula-se a um certo regime jurídico ou</p><p>estrutura jurídica mais benéfica ao empresário individual. Tampouco o requisito se apresenta como</p><p>discriminatório ou desproporcional. Justifica-se, aliás, no quadro de experimentação institucional que</p><p>marca a introdução dessa forma de pessoa jurídica.</p><p>No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada com o objetivo de ver declarada a</p><p>inconstitucionalidade da parte final do caput do art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo art. 2º</p><p>da Lei 12.441/2011.</p><p>Com esse entendimento, o Plenário, em sessão virtual, julgou improcedente a ação direta de</p><p>inconstitucionalidade.</p><p>(1) Código Civil: “Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa</p><p>titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo</p><p>vigente no País.”</p><p>(2) CF: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IV -</p><p>salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com</p><p>moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe</p><p>preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;”</p><p>ADI 4637/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 (INF 1001)</p><p>2.2 RESPONSABILIDADE CIVIL</p><p>Responsabilidade civil objetiva e acidente de trabalho - RE 828040/DF</p><p>O art. 927, parágrafo único, do Código Civil (CC) (1) é compatível com o art. 7º, XXVIII, da</p><p>Constituição Federal (CF) (2), sendo constitucional a responsabilização objetiva do empregador por danos</p><p>decorrentes de acidentes de trabalho nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente</p><p>desenvolvida, por sua natureza, apresentar exposição habitual a risco especial, com potencialidade lesiva,</p><p>e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da coletividade.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4123688</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4123688</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4123688</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1001.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4608798</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fce9625a0d7455af962e962/9929dfa93955e854f02d1b8abc663434/ADI_4637.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e6bc1aecf6d202d1d6a47f8/475686b0ec3828884ff0ba7f2003fa15/Responsabilidade_civil_objetiva_e_acidente_de_trabalho.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=uWrF7Db-a2k&list=PLippyY19Z47uOb-QuqjmvGvEC03a6BNyg</p><p>Essa é a tese do Tema 932 da repercussão geral, fixada pelo Plenário, por maioria, ao negar</p><p>provimento a recurso extraordinário (Informativo 950).</p><p>Vencido o ministro Marco Aurélio.</p><p>(1) CC/2002: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo</p><p>único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade</p><p>normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”</p><p>(2) CF/1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição</p><p>social: (...) XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,</p><p>quando incorrer em dolo ou culpa;”</p><p>RE 828040/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 12.3.2020. (INF 969)</p><p>3. DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>3.1 ADVOCACIA PÚBLICA</p><p>Cargo técnico com formação em Direito: autarquia estadual e atribuições de procurador do</p><p>estado - ADI 5109 ED-segundos/ES</p><p>O Plenário, por maioria, deu parcial provimento a embargos de declaração em ação direta de</p><p>inconstitucionalidade a fim de, resguardada a validade dos atos já praticados: (i) incluir na declaração de</p><p>inconstitucionalidade, ao lado dos trechos anteriormente excluídos, também as expressões “apresentar</p><p>recursos em qualquer instância”, “comparecer às audiências e outros atos para defender os direitos do</p><p>órgão” e “promover medidas administrativas e judiciais para proteção dos bens e patrimônio do DETRAN-</p><p>ES”, dispostas no Anexo Único da Lei Complementar (LC) 734/2013 e no Anexo IV da LC 890/2018,</p><p>ambas do estado do Espírito Santo (ES); (ii) esclarecer que a declaração de inconstitucionalidade parcial</p><p>dos aludidos anexos alcança as atribuições jurídicas consultivas do cargo de Técnico Superior – Formação</p><p>Direito do Departamento Estadual de Trânsito do Estado do Espírito Santo (DETRAN-ES) privativas de</p><p>procurador do estado, de modo a conferir interpretação conforme o art. 132 da Constituição Federal (CF)</p><p>(1) às atribuições de “elaborar estudos de pareceres sobre questões jurídicas que envolvam as atividades do</p><p>DETRAN-ES; elaborar editais, contratos, convênios, acordos e ajustes celebrados pela autarquia, com a</p><p>emissão de parecer”, constantes dos referidos anexos, que devem ser exercidas sob supervisão de</p><p>procurador do estado do Espírito Santo.</p><p>Os embargos foram opostos da decisão em que o colegiado julgara parcialmente procedente o pedido</p><p>para declarar a inconstitucionalidade das seguintes expressões dos anexos adversados: “representar em</p><p>juízo ou fora dele nas ações em que haja interesse da autarquia” e “bem como a prática de todos os demais</p><p>atos de natureza judicial ou contenciosa, devendo, para tanto, exercer as suas funções profissionais e de</p><p>responsabilidade técnica regidas pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB”. Na ocasião, a validade dos</p><p>atos já praticados foi igualmente assentada (Informativo 927).</p><p>Na espécie, a embargante alegava ser devida a integração do acórdão recorrido, com o objetivo de</p><p>incluir a declaração de inconstitucionalidade de todas as atribuições de representação judicial e consultoria</p><p>jurídica exclusivas dos procuradores do estado.</p><p>Ao dar parcial provimento aos embargos, o Tribunal compreendeu que as atividades de</p><p>representação judicial e extrajudicial atribuídas ao cargo de Técnico Superior – Formação Direito do</p><p>DETRAN-ES não podem ser omitidas da declaração de inconstitucionalidade. No caso, as atribuições</p><p>jurídicas consultivas de seus ocupantes devem ser exercidas sob a supervisão de procurador do estado,</p><p>máxime por ser esta a interpretação que melhor prestigia o art. 132 da CF e a jurisprudência desta Corte.</p><p>Vencido o ministro Marco Aurélio, que não conheceu dos segundos embargos declaratórios, por</p><p>entender não ser o caso de admiti-los.</p><p>(1) CF: “Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá</p><p>de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerã o a</p><p>representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste</p><p>artigo é assegurada estabilidade</p><p>após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios,</p><p>após relatório circunstanciado das corregedorias.”</p><p>ADI 5109 ED-segundos/ES, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 4.6.2020. (INF 980)</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4608798&numeroProcesso=828040&classeProcesso=RE&numeroTema=932</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo950.htm#Responsabilidade%20civil%20objetiva%20e%20acidente%20de%20trabalho</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4608798</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo969.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4557488</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo927.htm#Procurador%20do%20Estado%20e%20atribui%C3%A7%C3%A3o%20de%20atividades%20exclusivas%20da%20advocacia%20a%20cargo%20t%C3%A9cnico%20de%20autarquia</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4557488</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ee0585034a57d7cc64da6fd/b238632e64441c73f4ef33f1220205af/Cargo_t%C3%A9cnico_com_forma%C3%A7%C3%A3o_em_Direito_-_autarquia_estadual_e_atribui%C3%A7%C3%B5es_de_procurador_do_estado.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=RKhAjOM52sg&list=PLippyY19Z47u7wu6Geklpvsc9gXvQg_jo</p><p>3.2 COMPETÊNCIA JURISDICIONAL</p><p>Contribuições sindicais de servidores estatutários e competência jurisdicional (Tema 994 RG)</p><p>- RE 1089282/AM</p><p>Tese fixada:</p><p>Compete à Justiça comum processar e julgar demandas em que se discute o recolhimento e o</p><p>repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo regime estatutário.</p><p>Resumo:</p><p>O art. 114, III, da Constituição Federal (CF) (1) deve ser interpretado em conjunto com o art.</p><p>114, I, da CF (2), de modo a excluir da competência da Justiça do Trabalho as causas instauradas</p><p>entre o Poder Público e os servidores a ele vinculados por típica relação estatutária ou de caráter</p><p>jurídico-administrativo.</p><p>No julgamento da ADI 3395, a Corte suspendeu toda e qualquer interpretação dada ao art. 114, I, da</p><p>CF que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o Poder</p><p>Público e os servidores a ele vinculados por típica relação estatutária ou de caráter jurídico-administrativo.</p><p>Assim, embora com a promulgação da EC 45/2004 tenha sido incluído nas atribuições jurisdicionais</p><p>da Justiça do Trabalho a competência para processar e julgar controvérsias pertinentes à representação de</p><p>entidades sindicais, entre sindicatos e empregados e ações entre sindicatos e empregadores, o art. 114, III,</p><p>da CF não pode ser interpretado de forma isolada, ao ser aplicado a demandas que digam respeito à</p><p>contribuição sindical de servidores estatutários.</p><p>O referido dispositivo, ao contrário, deve ser compreendido à luz da interpretação dada pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal (STF) ao art. 114, I, da CF e aos limites estabelecidos quanto à ampliação da</p><p>competência da Justiça do Trabalho, que não inclui as relações dos servidores públicos.</p><p>Com esses fundamentos, o Plenário, por unanimidade, deu provimento ao recurso extraordinário</p><p>(Tema 994 da repercussão geral) que impugnava acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas,</p><p>que decidira pela competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar demanda em que se buscava</p><p>o recolhimento e o repasse das contribuições sindicais dos servidores públicos daquela unidade federativa.</p><p>(1) CF: “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) III - as ações sobre representação sindical, entre</p><p>sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;”</p><p>(2) CF: “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos</p><p>os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios;”</p><p>RE 1089282/AM, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 (INF 1001)</p><p>Foro por prerrogativa de função e ações de improbidade administrativa - ADI 4870/ES</p><p>Resumo:</p><p>É incompatível com a Constituição Federal (CF) norma de Constituição estadual que disponha</p><p>sobre nova hipótese de foro por prerrogativa de função, em especial relativo a ações destinadas a</p><p>processar e julgar atos de improbidade administrativa.</p><p>O regramento referente ao foro por prerrogativa de função encontra-se plenamente disciplinado na</p><p>CF, inclusive, para os âmbitos estadual e municipal, não comportando qualquer tipo de ampliação. Em</p><p>outros termos, considera-se que a disciplina sobre a prerrogativa de foro encontra-se exaurida no âmbito da</p><p>CF, não havendo espaço para o exercício da autonomia dos estados nessa esfera.</p><p>Além disso, o constituinte derivado decorrente deve observar mínima equivalência com o modelo</p><p>federal existente – seja se atendo ao que está previsto na CF, seja legislando por simetria. Cabe lembrar que</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5300034</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=753145850</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5300034</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1001.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4319751</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fd0dcfcf2bd6572f647b041/9e7aa8e023401eadc342b1ca4e7aaca7/RE_1089282.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fd771fbc6764c4487cbfeeb/2d87b15c70fcf4f988b72a3da3eeffdc/ADI_4870.mp3</p><p>em nenhum momento a CF cogita de foro por prerrogativa de função para o julgamento de autoridades</p><p>processadas por ato de improbidade administrativa, sendo este um claro limite à competência dos estados</p><p>para disporem sobre o tema em suas constituições.</p><p>Ademais, conforme precedente da Corte sobre o tema (1), não é possível extrair da Constituição de</p><p>1988 a possibilidade de instituir foro por prerrogativa de função para os processos de natureza cível,</p><p>notadamente os de improbidade administrativa.</p><p>No caso, cuida-se de ação direta de inconstitucionalidade em face da Emenda Constitucional (EC)</p><p>85/2012, do Estado do Espírito Santo (2), que acrescentou a alínea h ao artigo 109, I, da Constituição</p><p>estadual, que determina que as mesmas autoridades julgadas pelo Tribunal de Justiça nos processos</p><p>criminais, sejam também julgadas por aquela Corte em ações que possam resultar na suspensão ou perda</p><p>de direitos políticos ou na perda de função pública ou de mandato eletivo.</p><p>Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, julgando procedente o pedido, declarou a</p><p>inconstitucionalidade do art. 109, I, h, da Constituição do Estado do Espírito Santo, com redação dada pela</p><p>EC 85/2012, e delimitou os efeitos da decisão, ressalvando de sua incidência os processos já transitados em</p><p>julgado, com fundamento na garantia da segurança jurídica.</p><p>(1) Pet 3240-Agr/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, rel. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, DJe de 22.8.2018.</p><p>(2) EC 85/2012: “Art. 1º O inciso I do artigo 109 da Constituição Estadual passa a vigorar acrescido da alínea ‘h’ com a</p><p>seguinte redação: ‘Art. 109. (...) I - (...) h - nas ações que possam resultar na suspensão ou perda dos direitos políticos ou na perda da</p><p>função pública ou de mandato eletivo, aqueles que tenham foro no Tribunal de Justiça por prerrogativa de função, previsto nesta</p><p>Constituição; (...).’ (NR)”</p><p>ADI 4870/ES, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 14.12.2020 (INF 1002)</p><p>3.3 CONCURSO PÚBLICO</p><p>Concurso público: prazo de validade esgotado e direito à nomeação - RE 766304/RS</p><p>O Plenário, ao apreciar o Tema 683 da repercussão geral, deu provimento a recurso extraordinário,</p><p>com julgamento iniciado em ambiente virtual, para restabelecer sentença que julgou improcedente pedido</p><p>de nomeação da recorrida para o cargo de professora da rede pública para o qual aprovada em concurso</p><p>público, cujo prazo de validade expirara antes do ajuizamento da ação.</p><p>Na espécie, a recorrida ficou em 10º lugar na classificação final do concurso. No período de validade</p><p>do certame, foi nomeado um professor e outros sete foram contratados a título precário. Após o</p><p>encerramento do prazo de validade, mais 24 profissionais foram contratados em regime temporário. O</p><p>acórdão recorrido reformou a sentença por concluir, tendo em vista a nomeação e as contratações</p><p>temporárias, haver 32 vagas disponíveis para o cargo, alcançada a colocação da recorrida e configurada</p><p>preterição, presente o princípio da razoabilidade. Aduziu que as contratações precárias implementadas</p><p>depois de esgotado o prazo de validade do concurso revelaram a necessidade de prorrogação, sendo</p><p>irrelevante o surgimento da 10ª vaga após decorridos os 2 anos de vigência previstos no edital.</p><p>Prevaleceu o voto do ministro Marco Aurélio (relator).</p><p>Considerou que a ação foi ajuizada quando já cessada a relação jurídica decorrente do concurso e da</p><p>inscrição efetivada. Segundo o ministro, a nomeação deve ser buscada, judicialmente, no prazo de validade</p><p>do concurso público. Ademais, ainda que se pudesse desprezar a decadência do direito de insurgir-se contra</p><p>ato praticado pelo Estado, presente o fato de haver expirado a validade do certame, não ocorreu, no período</p><p>no qual este último estava em vigor, preterição. Esclareceu que, embora substancial o número de vagas</p><p>ofertadas, o ente federado nomeou um único professor para a área de ensino fundamental, observando a</p><p>ordem de classificação. Registrou que o fenômeno bem revelou a crise existente no Estado e que</p><p>necessidade imperiosa conduziu à nomeação temporária, após o fim da validade do concurso, de sete</p><p>professores para o município, tendo sido a própria recorrida uma das contratadas mediante ajuste balizado</p><p>no tempo, com prazo determinado. Frisou que o reconhecimento do direito da recorrida à nomeação,</p><p>determinada pelo juízo a quo, implicaria desrespeito à ordem de classificação. Isso porque, antes da</p><p>recorrida, havia outros oito candidatos em situação preferencial.</p><p>Em seguida, o Tribunal deliberou fixar a tese em assentada posterior.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=315062116&ext=.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4319751</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1002.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4449480</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=683+++++++&numeroTemaFinal=683+++++++&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f68c6fd45bfc439db00eb68/098d6c04eed94aa8d8de9eb98217402e/RE_766304.wav</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=vpBGEvo9hf4&list=PLippyY19Z47uaOf7xoLADVKwU6MNi6D-P&index=3</p><p>RE 766304/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 17.9.2020. (INF 991)</p><p>3.4 CONFLITO FEDERATIVO</p><p>Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza e amortização de dívida pública - ACO</p><p>727/BA</p><p>As receitas provenientes do adicional criado pelo art. 82, § 1º, do ADCT (1) não podem ser</p><p>computadas para efeito de cálculo da amortização da dívida do Estado. Os recursos devem, no entanto, ser</p><p>considerados para efeito de cálculo do montante mínimo destinado à saúde e à educação.</p><p>Com base nesse entendimento, o Plenário julgou parcialmente procedente pedido formulado em</p><p>ação cível originária para condenar a União a ressarcir os valores pagos a maior a título de amortização da</p><p>dívida pública nos exercícios de 2002, 2003 e 2004, mediante compensação da diferença com débitos</p><p>futuros.</p><p>No caso, Estado-membro ajuizou ação cível originária, com base no art. 102, I, f, da Constituição</p><p>Federal (CF) (2), objetivando a não inclusão dos valores destinados constitucionalmente ao Fundo Estadual</p><p>de Combate e Erradicação da Pobreza (FECEP) na apuração da Receita Líquida Real (RLR), sobre a qual</p><p>é computado o total da dívida pública do estado com a União. Pretendia, ainda, a exclusão desses recursos</p><p>do cálculo do montante mínimo destinado à saúde e à educação.</p><p>Inicialmente, o Tribunal afastou a alegação de inconstitucionalidade formal das normas ordinárias</p><p>definidoras da RLR (Resolução do Senado Federal 69/1995 e Lei 9.496/1997), por não constituir matéria</p><p>sujeita à reserva de lei complementar.</p><p>Relativamente à inconstitucionalidade material, reputou relevante a articulação do Estado-membro,</p><p>notando-se a necessidade de observância do fundo criado, cuja base maior é a Constituição Federal. Frisou</p><p>que, ante dificuldades gerais, é comum desvirtuarem-se receitas, deixando-se de atender às finalidades</p><p>discriminadas em textos normativos, até mesmo de índole constitucional. A partir da tomada de empréstimo</p><p>de parcelas a compor o FECEP, chega-se ao comprometimento do arrecadado, tendo em conta a dívida</p><p>pública do estado e os valores a serem despendidos com saúde.</p><p>(1) ADCT: “Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de Combate á Pobreza, com os</p><p>recursos de que trata este artigo e outros que vierem a destinar, devendo os referidos Fundos ser geridos por entidades que contem</p><p>com a participação da sociedade civil. § 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado adicional de até</p><p>dois pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, sobre os produtos e serviços</p><p>supérfluos e nas condições definidas na lei complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da Constituição, não se aplicando, sobre</p><p>este percentual, o disposto no art. 158, IV, da Constituição.”</p><p>(2) CF: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I -</p><p>processar e julgar, originariamente: (...) f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre</p><p>uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;”</p><p>ACO 727/BA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13.2.2020. (INF 966)</p><p>Uso da Força Nacional de Segurança Pública por requerimento de Ministro de Estado e</p><p>autonomia estadual - ACO 3427 Ref-MC/BA</p><p>É plausível a alegação de que a norma inscrita no art. 4º do Decreto 5.289/2004 (1), naquilo em que</p><p>dispensa a anuência do governador de estado no emprego da Força Nacional de Segurança Pública, viole o</p><p>princípio da autonomia estadual.</p><p>Trata-se de referendo de decisão que concedeu medida cautelar em ação cível originária para ordenar</p><p>à União que retire dos municípios de Prado e Mucuri o contingente da Força Nacional de Segurança Pública</p><p>mobilizado pela Portaria 493/2020. A citada Portaria, expedida pelo Ministro de Estado da Justiça e</p><p>Segurança Pública, autorizou o emprego da Força Nacional naquelas localidades, em apoio ao Ministério</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4449480</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9911.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2227023</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2227023</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2227023</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6006876</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e4d9699e751626ce01aecd9/ceb9be9588eddd4fe3f9555cb6eb4909/Fundo_Estadual_de_Combate_e_Erradica%C3%A7%C3%A3o_da_Pobreza_e_amortiza%C3%A7%C3%A3o_de_d%C3%ADvida_p%C3%BAblica.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=OK3beM9AqY0&list=PLippyY19Z47uI8FS1ZQCdW4RlQ94qwgqk</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f72417dd8090b0cd597452e/a1dd538fdcb4fd9ce66059b98bfb6716/ACO_34277.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=0YfNKDE501A</p><p>da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sem que houvesse formal e expressa solicitação do governador</p><p>do estado da Bahia.</p><p>Há plausibilidade jurídica do direito evocado, porque pesam legítimas dúvidas sobre a</p><p>constitucionalidade do art. 4º do Decreto 5.289/2004, que, alterado pelo Decreto 7.957/2013, estendeu o</p><p>conteúdo semântico da norma e criou uma regra adicional ampliadora do rol dos legitimados a requerer o</p><p>emprego da Força Nacional. A autorização unilateral do emprego da Força Nacional, parece, em juízo de</p><p>delibação, contrariar as normas de escalão superior das quais deveria retirar sua validade. Nesse sentido, o</p><p>art. 241 da Constituição Federal (CF) se refere expressamente à celebração de convênios de cooperação ou</p><p>consórcios públicos entre os entes federados para assegurar a continuidade de serviços públicos. Além</p><p>disso, com exceção das hipóteses de intervenção federal, previstas no art. 34 da CF, não se identificam</p><p>dispositivos hábeis a contornar a autonomia dos estados, em sua integridade administrativa e territorial,</p><p>sem que se obedeça à exigência de exteriorização de vontade apta a ser elemento de suporte de fato jurídico.</p><p>Em análise típica de controle de legalidade, a validade do art. 4º do Decreto 5.289/2004 deve ser contrastada</p><p>com a Lei 11.473/2007, que dispõe sobre cooperação federativa no âmbito da segurança pública.</p><p>Presente, também, o requisito do perigo da demora. Em primeiro lugar, em razão da gravidade do</p><p>objeto em litígio, uma vez que o pacto federativo é essencial para o correto funcionamento das instituições</p><p>republicanas. A jurisprudência da Corte confere significativo peso argumentativo à autonomia dos Estados-</p><p>membros. Dessa forma, a mobilização de força de segurança pública em território estadual, ressalvado</p><p>ulterior juízo de mérito, implica grave ameaça ao equilíbrio da Federação. Em segundo lugar, a citada</p><p>gravidade é exacerbada por se tratar, justamente, de tópico referente à segurança pública. O horizonte</p><p>possível de emprego do uso da força apresenta risco que é da essência da própria atividade. Existe fundado</p><p>temor de que, ao final do curso natural do processo, o uso da violência monopolística do Estado se revele,</p><p>a um só tempo, ilegítimo e irreversível. Havendo vidas envolvidas, tanto da população local quanto dos</p><p>membros das forças de segurança, é razoável assumir que existe um risco elevado na demora do julgado.</p><p>Por fim, o objeto da demanda não ocorre em um vácuo histórico, mas durante a mais severa crise sanitária</p><p>dos últimos cem anos (decorrente da pandemia do Covid-19). Em razão disso, a mobilização do contingente</p><p>exógeno de forças de segurança inegavelmente apresenta riscos de contaminação para a população local.</p><p>O Plenário, por maioria, referendou a decisão concessiva da cautelar. Vencido o ministro Roberto</p><p>Barroso.</p><p>(1) Decreto 5.289/2004: “Art. 4º A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do</p><p>território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Ministro de Estado.”</p><p>ACO 3427 Ref-MC/BA, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 24.9.2020. (INF 992)</p><p>3.5 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA</p><p>CNJ e revisão disciplinar - 2 - MS 30364/PA</p><p>A Segunda Turma denegou a ordem de mandado de segurança impetrado em face de ato do Conselho</p><p>Nacional de Justiça (CNJ), que aplicou pena de disponibilidade com proventos proporcionais a magistrada</p><p>acusada de condicionar o resultado de medida liminar em processo sob sua responsabilidade a</p><p>favorecimento pessoal (Informativo 808).</p><p>Na espécie, o tribunal de justiça em que atuava a impetrante instaurou processo administrativo</p><p>disciplinar para a apuração da referida conduta, sendo-lhe imposta, ao fim da instrução processual, a pena</p><p>de censura.</p><p>Tendo em conta essa decisão, o Ministério Público estadual requereu ao CNJ a instauração de</p><p>revisão disciplinar — ao fundamento de ser desproporcional a pena aplicada em relação à gravidade da</p><p>infração disciplinar praticada —, que foi julgada procedente.</p><p>A Turma asseverou que não procedem as alegações de intempestividade e descabimento da revisão</p><p>disciplinar, tampouco de ilegitimidade ativa do Ministério Público para instaurá-la. A Constituição Federal</p><p>(CF) não estabelece prazo para julgamento de pedido de revisão pelo CNJ, apenas prazo para a instauração</p><p>da revisão (CF, art. 103-B, § 4º, V) (1).</p><p>O processo administrativo disciplinar instaurado contra a impetrante foi julgado pelo tribunal de</p><p>justiça em 17.12.2008 e o pedido de revisão disciplinar foi protocolizado no CNJ em menos de um ano</p><p>(15.12.2009), do que decorre sua tempestividade. Por outro lado, a CF e o Regimento Interno do CNJ</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6006876</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal992.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4029076</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo808.htm#CNJ%20e%20revis%C3%A3o%20disciplinar</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e7906c4d1a9f52d5fb6f0d4/3371712d000ea67d29715be28d8736cd/CNJ_e_revis%C3%A3o_disciplinar_-_2.mp3</p><p>conferem legitimidade universal para propositura da revisão disciplinar, a qual pode ser instaurada por</p><p>provocação de terceiros e até mesmo de ofício, o que demonstra a legitimidade do Ministério Público para</p><p>atuar na matéria em comento.</p><p>Ademais, a possibilidade de instauração da revisão disciplinar de ofício ou por provocação de</p><p>qualquer interessado, juntamente com o extenso prazo para sua apresentação e a previsão regimental de se</p><p>poder modificar a pena imposta, confirmam a assertiva de que a revisão não é recurso ou revisão</p><p>administrativa ordinária, menos ainda instrumento exclusivo da defesa.</p><p>Além disso, estão configurados, no caso, os pressupostos para instauração da revisão disciplinar,</p><p>dado que a decisão proferida pelo tribunal local é contrária à lei e às provas coligidas nos autos. Isso se dá</p><p>porque a pena aplicada não é condizente com a gravidade da conduta.</p><p>Assim, concluiu o CNJ que os fatos apurados evidenciam comportamento de acentuada</p><p>reprovabilidade, insusceptível de aplicação de pena de censura. Esta última incide, segundo a Lei Orgânica</p><p>da Magistratura (Loman), nas hipóteses de “reiterada negligência no cumprimento dos deveres do cargo,</p><p>ou no de procedimento incorreto, se a infração não justificar punição mais grave” (LC 35/1979, art. 44) (2).</p><p>Dessa forma, é possível constatar que a parte final do preceito é suficientemente clara, ao dispor que</p><p>o descumprimento dos deveres funcionais pode justificar a aplicação de pena mais grave. Disso decorre</p><p>que a manifesta inadequação da reprimenda aplicada diante da gravidade da conduta pode indicar a</p><p>necessidade de revisão disciplinar.</p><p>(1) CF: “Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos,</p><p>admitida 1 (uma) recondução, sendo: (...) § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder</p><p>Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo</p><p>Estatuto da Magistratura: (...) V– rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais</p><p>julgados há menos de um ano;”</p><p>(2) Loman: “Art. 44 – A pena de censura será aplicada reservadamente, por escrito, no caso de reiterada negligência no</p><p>cumprimento dos deveres do cargo, ou no de procedimento incorreto, se a infração não justificar punição mais grave.”</p><p>MS 30364/PA, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento</p><p>em 17.3.2020. (INF 970)</p><p>3.6 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE</p><p>ADI: órgão de segurança pública e repristinação - 3 - ADI 2575/PR</p><p>Em conclusão de julgamento, o Plenário julgou prejudicado pedido formulado em ação direta de</p><p>inconstitucionalidade (ADI) ajuizada em relação à Emenda Constitucional (EC) 10/2001 à Constituição do</p><p>estado do Paraná, que, ao alterar o art. 46 (1) da referida Constituição, inseriu a Polícia Científica no rol</p><p>dos órgãos de segurança pública. Na sequência, por maioria, julgou parcialmente procedente a ADI para</p><p>conferir interpretação conforme à expressão “Polícia Científica”, contida na redação originária do art. 50</p><p>da referida Constituição estadual (2), tão somente para afastar qualquer interpretação que confira ao referido</p><p>órgão o caráter de órgão de segurança pública (Informativo 768).</p><p>Quanto ao pedido de declaração de inconstitucionalidade da EC 10/2001, na parte em que alterou</p><p>os arts. 46 e 50 da aludida Constituição estadual, o Tribunal reconheceu a perda superveniente de objeto da</p><p>ADI no ponto, em razão da declaração de inconstitucionalidade da emenda no julgamento ADI 2.616.</p><p>No que se refere à constitucionalidade da redação originária do art. 50 da Constituição paranaense,</p><p>o colegiado adotou o entendimento firmado no julgamento da ADI 2.827, no sentido de que o rol de órgãos</p><p>encarregados do exercício da segurança pública, previsto no art. 144, I a V, da CF, é taxativo e de que esse</p><p>modelo federal deve ser observado pelos estados-membros e pelo Distrito Federal.</p><p>Destacou, ainda, que nada impede que a Polícia Científica, órgão responsável pelas perícias,</p><p>continue a existir e a desempenhar suas funções, sem estar, necessariamente, vinculada à Polícia Civil,</p><p>razão pela qual afastou a alegada inconstitucionalidade da redação originária do art. 50 da Constituição</p><p>paranaense. Contudo, reputou necessário, com vistas a evitar confusão pelo uso do termo “Polícia</p><p>Científica”, conferir-lhe interpretação conforme, para afastar qualquer interpretação que lhe outorgue</p><p>caráter de órgão de segurança pública.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4029076</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo970.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1985762</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo768.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1999612</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2087048</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efb753f901fa4353edb0947/610ddd38fdc41412d8c282c1bff72b3c/ADI_-_%C3%B3rg%C3%A3o_de_seguran%C3%A7a_p%C3%BAblica_e_repristina%C3%A7%C3%A3o_-_3.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=9f_Ud40L0PI&list=PLippyY19Z47s0uKAHHQTH_9dqn8fFbcu9</p><p>Vencidos os ministros Roberto Barroso e Luiz Fux, que julgaram integralmente procedente o pedido</p><p>remanescente. O ministro Roberto Barroso afirmou que a Polícia Científica pode e deve ser autônoma,</p><p>porém, dentro da estrutura da Polícia Civil.</p><p>Já para o ministro Luiz Fux, a redação originária do referido artigo padece de inconstitucionalidade</p><p>material, por violar o art. 144, I a V, § 4º, da Constituição Federal. Segundo ele, a Polícia Científica não</p><p>pode ostentar natureza de órgão autônomo de segurança pública e tampouco estar fora da estrutura da</p><p>Polícia Civil.</p><p>Vencidos, também, os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio, que julgaram totalmente</p><p>improcedente o pedido. O ministro Edson Fachin pontuou que não há como se declarar a</p><p>inconstitucionalidade da norma, nem mesmo se fazer interpretação conforme, pois os estados podem</p><p>garantir autonomia aos seus institutos de criminalística e podem integrá-los aos demais órgãos de segurança</p><p>pública, sem que isso importe ofensa material à Constituição, garantindo-se a autonomia das perícias.</p><p>Para o ministro Marco Aurélio, a não integração da Polícia Científica na segurança pública, já</p><p>ocorreu no julgamento da ADI 2.616 e não se coloca em dúvida esse pronunciamento. Ressaltou, por fim,</p><p>que para se declarar, principalmente no tocante à Constituição de um estado, um vício, a pecha de</p><p>inconstitucional, considerada a Constituição Federal, é preciso que se tenha conflito evidente e, no caso,</p><p>não há conflito.</p><p>(1) Constituição do estado do Paraná: “Art. 46 – A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos</p><p>é exercida para a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio, pelos seguintes órgãos: I – Polícia Civil;</p><p>II – Polícia Militar; III – Polícia Científica. Parágrafo único – O Corpo de Bombeiros é integrante da Polícia Militar”.</p><p>(2) Constituição do estado do Paraná: “Art. 50 – A Polícia Científica, com estrutura própria, incumbida das perícias de</p><p>criminalísticas e médico-legais, e de outras atividades técnicas congêneres, será dirigida por peritos de carreira da classe mais elevada,</p><p>na forma da lei”.</p><p>ADI 2575/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 24.6.2020. (INF 983)</p><p>Ampliação de pedido formulado por amicus curiae - ADPF 347 TPI-Ref/DF</p><p>O Plenário, preliminarmente, afastou a legitimidade de terceiro interessado e, por maioria, não</p><p>referendou medida cautelar implementada pelo ministro Marco Aurélio (relator) no sentido de conclamar</p><p>os juízos de execução a analisarem, ante o quadro de pandemia causado pelo coronavírus (COVID-19) e</p><p>tendo em conta orientação expedida pelo Ministério da Saúde (no sentido de segregação por 14 dias), a</p><p>possibilidade de aplicação das seguintes medidas processuais: (a) liberdade condicional a encarcerados com</p><p>idade igual ou superior a sessenta anos, nos termos do art. 1º da Lei 10.741/2003; (b) regime domiciliar aos</p><p>soropositivos para HIV, diabéticos, portadores de tuberculose, câncer, doenças respiratórias, cardíacas,</p><p>imunodepressoras ou outras suscetíveis de agravamento a partir do contágio pelo COVID-19; (c) regime</p><p>domiciliar às gestantes e lactantes, na forma da Lei 13.257/2016; (d) regime domiciliar a presos por crimes</p><p>cometidos sem violência ou grave ameaça; (e) substituição da prisão provisória por medida alternativa em</p><p>razão de delitos praticados sem violência ou grave ameaça; (f) medidas alternativas a presos em flagrante</p><p>ante o cometimento de crimes sem violência ou grave ameaça; (g) progressão de pena a quem, atendido o</p><p>critério temporal, aguarda exame criminológico; e (h) progressão antecipada de pena a submetidos ao</p><p>regime semiaberto.</p><p>O Tribunal afirmou que o amicus curiae, por não ter legitimidade para propositura de ação direta,</p><p>também não tem para pleitear medida cautelar.</p><p>Entendeu que houve, de ofício, ampliação do pedido da presente Arguição de Descumprimento de</p><p>Preceito Fundamental (ADPF).</p><p>Explicou que, no controle abstrato de constitucionalidade, a causa de pedir é aberta, mas o pedido é</p><p>específico.</p><p>Salientou que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou detalhadamente, em sessão ocorrida em</p><p>9.9.2015, todos os pedidos formulados na petição inicial e que as questões agora discutidas não estariam</p><p>relacionadas com aqueles pedidos.</p><p>Explicitou não ser possível a ampliação do pedido cautelar já apreciado anteriormente. A Corte está</p><p>limitada ao pedido. Aceitar a sua ampliação equivale a agir de ofício, sem observar a legitimidade</p><p>constitucional para propositura da ação.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1985762</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4783560</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e78f523fdaf1c3d1e828940/a4941e53f1e06bc71aeea1bb497d25a8/Amplia%C3%A7%C3%A3o_de_pedido_formulado_por_amicus_curie.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=5eqOJ1rtVzc&list=PLippyY19Z47vW1HSztJZjwpnYRPEdnAlf&index=4</p><p>Ademais, em que pese a preocupação de todos em relação ao Covid-19 nas penitenciárias, a medida</p><p>cautelar, ao conclamar os juízes de</p><p>execução, determina, fora do objeto da ADPF, a realização de</p><p>megaoperação para analisar detalhadamente, em um único momento, todas essas possibilidades e não caso</p><p>a caso, como recomenda o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).</p><p>Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Gilmar Mendes, que referendaram a medida</p><p>cautelar. O ministro Gilmar Mendes pontuou que a decisão do relator se enquadra no pedido da inicial, na</p><p>declaração de estado de coisa inconstitucional.</p><p>ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,</p><p>julgamento em 18.3.2020. (INF 970)</p><p>Compra de votos de parlamentares e inconstitucionalidade formal de EC - ADI 4887/DF; ADI</p><p>4888/DF e ADI 4889/DF</p><p>Em tese, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo constituinte</p><p>reformador quando eivada de vício a manifestação de vontade do parlamentar no curso do devido</p><p>processo constituinte derivado, pela prática de ilícitos que infirmam a moralidade, a probidade</p><p>administrativa e fragilizam a democracia representativa.</p><p>O devido processo constituinte reformador não tem apenas aquelas restrições expressas no art. 60</p><p>da Constituição Federal (CF) (1), submetendo-se também aos princípios que legitimam a atuação das casas</p><p>congressuais brasileiras.</p><p>Inclui-se, no devido processo legislativo, a observância dos princípios da moralidade e da probidade,</p><p>voltados a “impedir que os dispositivos constitucionais sejam objeto de alteração através do exercício de</p><p>um poder constituinte derivado distanciado das fontes de legitimidade situadas nos fóruns de uma esfera</p><p>pública que não se reduz ao Estado”.</p><p>Nesse sentido, o vício de corrupção da vontade do parlamentar e de seu compromisso com o interesse</p><p>público subverte o regime democrático e deliberativo adotado pela CF e ofende o devido processo</p><p>legislativo por contrariar o princípio da representação democrática que deve, obrigatoriamente, nortear a</p><p>produção de normas jurídicas.</p><p>Demonstrada a interferência ilícita na fase de votação pela prevalência de interesses individuais do</p><p>parlamentar, admite-se o reconhecimento de inconstitucionalidade formal de emenda constitucional ou</p><p>norma infraconstitucional.</p><p>Entretanto, de acordo com o princípio da presunção de inocência e da legitimidade dos atos</p><p>legislativos, há de se comprovar que a norma tida por inconstitucional não teria sido aprovada, se não</p><p>houvesse o grave vício a corromper o regime democrático pela “compra de votos”. Sem a demonstração</p><p>inequívoca de que sem os votos viciados pela ilicitude o resultado do processo constituinte reformador ou</p><p>legislativo teria sido outro, com a não aprovação da proposta de emenda constitucional ou com a rejeição</p><p>do projeto de lei, não se há declarar a inconstitucionalidade de emenda constitucional ou de lei promulgada.</p><p>Diante desses argumentos, não há inconstitucionalidade formal por vício de decoro parlamentar a</p><p>ser declarada, por não estar evidenciado que as Emendas Constitucionais 41/2003 e 47/2005 foram</p><p>aprovadas apenas em razão do ilícito “esquema de compra de votos” de alguns parlamentares no curso do</p><p>processo de reforma constitucional.</p><p>(1) CF: “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I – de um terço, no mínimo, dos membros da</p><p>Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II – do Presidente da República; III – de mais da metade das Assembleias Legislativas</p><p>das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º A Constituição não poderá</p><p>ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º A proposta será discutida e votada em</p><p>cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos</p><p>respectivos membros. § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,</p><p>com o respectivo número de ordem. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa</p><p>de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais. §</p><p>5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma</p><p>sessão legislativa.”</p><p>ADI 4887/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)</p><p>ADI 4888/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)</p><p>ADI 4889/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4783560</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4783560</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo970.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4340897</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4343516</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4343516</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4345096</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4340897</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4340897</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4343516</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4343516</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4345096</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4345096</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fabe4750915f5328ce2780e/19ed49625d308983881ebb2d78dbde39/ADIs_4887_4888_4889.mp3</p><p>Controle concentrado de constitucionalidade: suspeição e impedimento - ADI 6362/DF</p><p>Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos julgamentos de ações de controle concentrado,</p><p>exceto se o próprio ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não participação.</p><p>Essa foi a orientação fixada pela maioria do Plenário, ao resolver questão de ordem suscitada pelo</p><p>presidente, em ação direta de inconstitucionalidade, acerca da não aplicabilidade da regra, após o ministro</p><p>Marco Aurélio arguir a impossibilidade de sua participação no julgamento, considerado o Código de</p><p>Processo Civil (CPC) [art. 144, III, VIII e § 3º (1)].</p><p>O colegiado ratificou o posicionamento firmado em questão de ordem quando da apreciação da ADI</p><p>2.238, para que seja aplicado em todas as hipóteses de controle concentrado, nas quais se discute a validade</p><p>de normas ou de atos, como na ADPF, que dizem respeito ao controle em abstrato na via concentrada. De</p><p>igual modo, assegurou a possibilidade de ministro, por motivo de foro íntimo, não participar de julgamento.</p><p>O Tribunal observou que os institutos do impedimento e da suspeição se restringem ao plano dos</p><p>processos subjetivos, em cujo âmbito discutem-se situações individuais e interesses concretos, não se</p><p>estendendo, nem se aplicando, ordinariamente, no processo de fiscalização concreta de constitucionalidade,</p><p>que se define como típico processo de caráter objetivo destinado a viabilizar o exame não de uma situação</p><p>concreta, mas da constitucionalidade, ou não, in abstracto, de determinado ato normativo editado pelo</p><p>Poder Público.</p><p>A questão foi apresentada para fins, inclusive, de coordenação dos trabalhos. A forma de</p><p>composição do Supremo Tribunal Federal (STF) está escrita na Constituição Federal (CF). Levados em</p><p>conta os dispositivos do CPC, que ampliaram casos de impedimento e suspeição, poder-se-ia chegar à</p><p>situação da inexistência de quórum necessário para o pregão de processo do controle concentrado e</p><p>objetivo, bem assim para a modulações de efeitos, por exemplo.</p><p>Por oportuno, o ministro Marco Aurélio externou compreensão no sentido da impossibilidade de</p><p>haver, pelo CPC, o afastamento de integrante do STF dos processos objetivos.</p><p>Vencido o ministro Edson Fachin, que não acolheu a proposição. Relembrou ter sido questionada a</p><p>constitucionalidade</p><p>do art. 144, VIII, do Código de Processo Civil, na ADI 5.953, cujo julgamento não foi</p><p>concluído. Avaliou não ser possível que os magistrados do STF se coloquem à parte do dispositivo legal,</p><p>diante da presunção de constitucionalidade da regra.</p><p>(1) CPC: “Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: (...) III – quando nele</p><p>estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer</p><p>parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; (...) VIII – em que figure como parte cliente</p><p>do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro</p><p>grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; (...) § 3º O impedimento previsto no inciso III também se</p><p>verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente</p><p>ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.”</p><p>ADI 6362/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 2.9.2020. (INF 989)</p><p>Imposição de obrigações às concessionárias de telefonia e competência privativa da União -</p><p>ADI 5040/PI</p><p>São inconstitucionais normas estaduais que imponham obrigações de compartilhamento de</p><p>dados com órgãos de segurança pública às concessionárias de telefonia, por configurar ofensa à</p><p>competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações [Constituição Federal (CF),</p><p>arts. 21, XI, e 22, IV (1)].</p><p>Consagrado, na Carta de 1988, o monopólio da União sobre os serviços públicos de</p><p>telecomunicações — ainda que a atividade seja delegada a particulares mediante autorização, concessão ou</p><p>permissão — somente a ela cabe dispor acerca do seu regime de exploração. A matéria foi disciplinada pela</p><p>União nos arts. 3º, V, VI, IX e XII, e 72 da Lei 9.472/1997.</p><p>No caso, mesmo sendo necessária e importante a devida instrumentação dos órgãos de segurança</p><p>pública para viabilizarem a repressão de atos ilícitos, a definição de obrigações e procedimentos, no âmbito</p><p>da prestação de serviços públicos, não se pode dar de forma não integrada, desvinculada do sistema como</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5886574</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1829732</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1829732</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5481637</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5886574</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9891.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4461936</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f5aac5dd5556b3f8d2d1975/bf9ca32bdac3563c3c7cb1312003d016/Covid-19_requisi%C3%A7%C3%B5es_administrativas_de_bens_e_servi%C3%A7os_e_federalismo_cooperativo_adi_6362.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fa2aead901d660c5aee8588/7587e817eb0c35346a1082a17b17dec6/ADI_5040.mp3</p><p>um todo. Nesses termos, inclusive medidas bem-intencionadas, ao desconsiderarem o funcionamento do</p><p>sistema no nível mais amplo, se revelam ineficazes e, também, verdadeiramente contraproducentes na</p><p>consecução dos fins a que se propõem.</p><p>Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra a Lei 6.336/2013, do estado do</p><p>Piauí, que impõe às operadoras de telefonia móvel que operam naquela unidade federativa a obrigação de</p><p>fornecer aos órgãos de segurança pública os dados necessários para a localização de telefones celulares e</p><p>cartões “SIM” que tenham sido furtados, roubados, obtidos por latrocínio ou utilizados em atividades</p><p>criminosas.</p><p>Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação.</p><p>(1) CF: “Art. 21. Compete à União: (...) XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os</p><p>serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e</p><p>outros aspectos institucionais; (...) Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IV – águas, energia, informática,</p><p>telecomunicações e radiodifusão;”</p><p>ADI 5040/PI, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020. (INF 997)</p><p>Indiciamento por autoridade policial e afastamento automático de servidor público - ADI</p><p>4911/DF</p><p>Resumo:</p><p>É inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público indiciado</p><p>em inquérito policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos</p><p>e valores.</p><p>O afastamento do servidor, em caso de necessidade para a investigação ou instrução processual,</p><p>somente se justifica quando demonstrado nos autos o risco da continuidade do desempenho de suas funções</p><p>e a medida ser eficaz e proporcional à tutela da investigação e da própria Administração Pública,</p><p>circunstâncias a serem apreciadas pelo Poder Judiciário.</p><p>Reputa-se violado o princípio da proporcionalidade quando não se observar a necessidade concreta</p><p>da norma para tutelar o bem jurídico a que se destina, já que o afastamento do servidor pode ocorrer a partir</p><p>de representação da autoridade policial ou do Ministério Público, na forma de medida cautelar diversa da</p><p>prisão, conforme os arts. 282, § 2º, e 319, VI, ambos do Código de Processo Penal (CPP) (1).</p><p>Ademais, a presunção de inocência exige que a imposição de medidas coercitivas ou constritivas</p><p>aos direitos dos acusados, no decorrer de inquérito ou processo penal, seja amparada em requisitos</p><p>concretos que sustentam a fundamentação da decisão judicial impositiva, não se admitindo efeitos</p><p>cautelares automáticos ou desprovidos de fundamentação idônea.</p><p>Por fim, sendo o indiciamento ato dispensável para o ajuizamento de ação penal, a norma que</p><p>determina o afastamento automático de servidores públicos, por força da opinio delicti da autoridade</p><p>policial, quebra a isonomia entre acusados indiciados e não indiciados, ainda que denunciados nas mesmas</p><p>circunstâncias.</p><p>Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra o art. 17-D da Lei 9.613/1998, com</p><p>redação conferida pela Lei 12.683/2012 (2), que prevê o afastamento automático de servidor público em</p><p>decorrência do indiciamento policial em inquérito instaurado para apurar crimes de lavagem ou ocultação</p><p>de bens, direitos e valores.</p><p>Com base no entendimento exposto, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado.</p><p>Vencidos os ministros Edson Fachin (relator) e Cármen Lúcia e, em parte, o ministro Marco Aurélio.</p><p>(1) CPP: “Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: (...) § 2º As medidas</p><p>cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da</p><p>autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (...) Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (...) VI</p><p>– suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua</p><p>utilização para a prática de infrações penais;”</p><p>(2) Lei 9.613/1998: “Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração</p><p>e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno.”</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4461936</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9971.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4366589</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4366589</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fbbe037565f5d7c26c3fa58/e1083cf980655fc5b537cca1d4664a9a/ADI_4911.mp3</p><p>ADI 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento</p><p>virtual finalizado em 20.11.2020 (INF 1000)</p><p>Legitimidade para o ajuizamento das ações de controle concentrado de constitucionalidade -</p><p>ADI 6465 AgR/DF</p><p>A entidade que não representa a totalidade de sua categoria profissional não possui</p><p>legitimidade ativa para ajuizamento de ações de controle concentrado de constitucionalidade.</p><p>A Constituição Federal (CF) estabelece, em seu art. 103, o rol de legitimados para a propositura de</p><p>ações de controle concentrado de constitucionalidade, dentre os quais estão as confederações sindicais e</p><p>entidades de classe [CF, art. 103, IX (1)].</p><p>O Supremo Tribunal Federal consolidou entendimento de que a legitimidade para o ajuizamento das</p><p>ações de controle concentrado de constitucionalidade por parte de confederações sindicais e entidades de</p><p>classe pressupõe: (a) a caracterização como entidade de classe ou sindical, decorrente da representação de</p><p>categoria empresarial ou profissional; (b) a abrangência ampla desse vínculo de representação, exigindo-se</p><p>que a entidade represente toda a respectiva categoria, e não apenas fração dela; (c) o caráter nacional da</p><p>representatividade, aferida pela demonstração da presença da entidade em pelo menos 9 (nove) estados</p><p>brasileiros; e (d) a pertinência temática entre as finalidades institucionais da entidade e o objeto da</p><p>impugnação.</p><p>À vista disso, o Plenário, por maioria, conheceu do agravo regimental e negou-lhe provimento por</p><p>entender que a entidade não representa toda a respectiva categoria profissional e, dessa forma, carece de</p><p>legitimidade ativa para propositura da ação.</p><p>(1) CF: “Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (...) IX</p><p>– confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.”</p><p>ADI 6465 AgR/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020.</p><p>(INF 995)</p><p>Lei de Responsabilidade Fiscal - ADI 2238/DF</p><p>O Plenário, em conclusão, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta de</p><p>inconstitucionalidade ajuizada contra diversos dispositivos da Lei Complementar (LC) 101/2000 (Lei de</p><p>Responsabilidade Fiscal - LRF), que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a</p><p>responsabilidade na gestão fiscal, e da Medida Provisória 1980-18/2000, que dispõe sobre as relações</p><p>financeiras entre a União e o Banco Central do Brasil.</p><p>Preliminarmente, o colegiado não conheceu da ação quanto aos arts. 7º, §§ 2º e 3º, da LRF e aos</p><p>arts. 3º, II, e 4º da Medida Provisória 1980-18/2000. Asseverou a total ausência de paradigma constitucional</p><p>invocado. Além disso, observou que a medida provisória impugnada foi reeditada diversas vezes, sem que</p><p>as novas edições houvessem sido acompanhadas de pedido de aditamento da petição inicial. Não conheceu</p><p>da ação também quanto ao art. 15 da LRF, por ausência de impugnação de todo o complexo normativo</p><p>necessário. Julgou a ação prejudicada quanto aos arts. 30, I, e 72 da LRF, por exaurimento da eficácia das</p><p>normas. Reforçou motivos já apresentados no julgamento da medida cautelar (Informativos 204, 206, 218,</p><p>267, 297 e 475).</p><p>No que tange ao mérito, a Corte julgou improcedente a alegação da inconstitucionalidade formal da</p><p>LRF. Isso porque houve respeito ao devido processo legislativo. Além disso, o fato de ter se referido à lei</p><p>complementar no singular, e não no plural, não significa que todas as matérias elencadas nos incisos do art.</p><p>163 da Constituição Federal (CF) devessem ser disciplinadas por um mesmo diploma legislativo, mas sim</p><p>a imposição constitucional de uma espécie normativa específica para regulamentar as matérias previstas</p><p>nesse artigo.</p><p>O Tribunal julgou improcedente, também, a apontada inconstitucionalidade material dos arts. 4º, §</p><p>2º, II, e § 4º; 7º, caput e § 1º; 11, parágrafo único; 14, II; 17, §§ 1º a 7º; 18, § 1º; 20; 24; 26, § 1º; 28, § 2º;</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4366589</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4366589</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5941437</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5941437</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1829732</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp101.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp101.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas/1980-18.htm</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo204.htm#Lei%20de%20Responsabilidade%20Fiscal%20-%201</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo206.htm#Lei%20de%20Responsabilidade%20Fiscal%20-%203</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo218.htm#Lei%20de%20Responsabilidade%20Fiscal%20-%204</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo267.htm#Lei%20de%20Responsabilidade%20Fiscal%20-%205</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo297.htm#Lei%20de%20Responsabilidade%20Fiscal%20-%2016%20a%2025</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo475.htm#Lei%20de%20Responsabilidade%20Fiscal%20-%2026</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f903729e8f886269aacd42d/e017fcec3e408da943a9f2d7f7dbbc7a/ADI_6465.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efc0a54fe16554d3a1cf6ad/b83783d20e15a9e2c4f0ac372a3fa1ef/Lei_de_Responsabilidade_Fiscal_-_parte_1.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efc0a54fe16554d3a1cf6ad/ec148211325ac4483decf4b744eab398/Lei_de_Responsabilidade_Fiscal_-_parte_2.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=9f_Ud40L0PI&list=PLippyY19Z47s0uKAHHQTH_9dqn8fFbcu9</p><p>29, I, e § 2º; 39; 59, § 1º, IV; 60 e 68, caput, da LRF. Ficaram vencidos os ministros Edson Fachin e Rosa</p><p>Weber apenas no tocante à alínea d do inciso I do art. 20.</p><p>Afirmou que a exigência prevista no art. 4º, § 2º, II, em relação aos entes subnacionais, de</p><p>demonstração de sincronia entre diretrizes orçamentárias e metas e previsões fiscais macroeconômicas</p><p>definidas pela União não esvazia a autonomia daqueles, mas é absolutamente consentânea com as normas</p><p>da Constituição Federal e com o fortalecimento do federalismo fiscal responsável. Da mesma forma, a</p><p>exigência adicional do processo legislativo orçamentário estipulada no art. 4º, § 4º, não implica nenhum</p><p>risco de descumprimento do art. 165, § 2º, da CF.</p><p>Afastou a apontada violação ao art. 167, VII, da CF pelo art. 7º, caput e § 1º. A previsão de</p><p>transferência de resultados do Banco Central do Brasil (BCB) para o Tesouro Nacional é uma dinâmica que</p><p>encontra previsão em outros dispositivos estranhos à LRF (arts. 4º, XXVII; e 8º, parágrafo único, da Lei</p><p>4.595/1964; e art. 6º, II, da Lei 11.803/2008). O dispositivo em questão não concede crédito algum, apenas</p><p>determina uma consignação obrigatória a ser feita na lei orçamentária de cada ano, o que está longe de</p><p>significar autorização para gastos ilimitados. Além disso, a norma não trata de despesas de funcionalismo</p><p>ou de custeio do BCB. Essas são registradas no orçamento geral da União como as de qualquer outra</p><p>autarquia, como decorre do art. 5º, § 6º, da própria LRF. O que justifica a transmissão de resultados do</p><p>BCB diretamente para o Tesouro Nacional não são essas despesas, mas aquelas decorrentes da atuação</p><p>institucional dessa autarquia especial na sua atividade-fim, que corresponde à execução das políticas</p><p>monetária e cambial (art. 164 da CF).</p><p>Já a mensagem normativa do parágrafo único do art. 11, de instigação ao exercício pleno das</p><p>competências impositivas fiscais tributárias dos entes locais, não conflita com a Constituição Federal, mas</p><p>traduz-se</p><p>como fundamento de subsidiariedade, que é congruente com o princípio federativo, e desincentiva</p><p>a dependência de transferências voluntárias. Com efeito, não é saudável para a Federação que determinadas</p><p>entidades federativas não exerçam suas competências constitucionais tributárias, aguardando</p><p>compensações não obrigatórias da União.</p><p>Compreendeu que o art. 14 se destina a organizar estratégia, dentro do processo legislativo, de tal</p><p>modo que os impactos fiscais de projetos de concessão de benefícios tributários sejam melhor</p><p>quantificados, avaliados e assimilados em termos orçamentários. A democratização do processo de criação</p><p>de gastos tributários pelo incremento da transparência constitui forma de reforço do papel de estados e</p><p>municípios e da cidadania fiscal. O inciso II do art. 14 funciona como uma cláusula de incentivo à</p><p>conciliação entre as deliberações gerais do processo orçamentário e aquelas relativas à criação de novos</p><p>benefícios fiscais. Não é possível extrair do seu comando qualquer atentado à autonomia federativa.</p><p>Nessa mesma linha, os arts. 17, e parágrafos, e 24 representam atenção ao equilíbrio fiscal. A rigidez</p><p>e a permanência das despesas obrigatórias de caráter continuado as tornam fenômeno financeiro público</p><p>diferenciado, devendo ser consideradas de modo destacado pelos instrumentos de planejamento estatal. A</p><p>internalização de medidas compensatórias, conforme enunciadas pelos dispositivos, no processo legislativo</p><p>é parte de projeto de amadurecimento fiscal do Estado, de superação da cultura do desaviso e da</p><p>inconsequência fiscal, administrativa e gerencial. A prudência fiscal é um objetivo expressamente</p><p>consagrado pelo art. 165, § 2º, da CF.</p><p>Frisou que o art. 18, § 1º, ao se referir a contratos de terceirização de mão de obra, não sugere</p><p>qualquer burla aos postulados da licitação e do concurso público. Impede apenas expedientes de</p><p>substituição de servidores via contratação terceirizada em contorno ao teto de gastos com pessoal.</p><p>No que diz respeito ao art. 20, reputou que a definição de um teto de gastos particularizado, segundo</p><p>os respectivos Poderes ou órgãos afetados, não representa intromissão na autonomia financeira dos entes</p><p>subnacionais. Reforça, antes, a autoridade jurídica da norma do art. 169 da CF, no propósito,</p><p>federativamente legítimo, de afastar dinâmicas de relacionamento predatório entre os entes componentes</p><p>da Federação. Rejeitou, em seguida, a alegação de que a autonomia do Ministério Público da União (MPU)</p><p>teria sido afetada pela estipulação, na alínea c do inciso I do art. 20, de limite diferenciado para gastos com</p><p>pessoal na esfera do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT). Asseverou que a</p><p>LRF seguiu o modelo orçamentário tradicional para o MPDFT, estabelecendo os limites de despesa com</p><p>seu pessoal de maneira especial, de modo a se ajustar a uma realidade de financiamento atípica, criada pela</p><p>própria Constituição Federal, cujo art. 21, XIII, atribui à União o encargo de manter o MPDFT. Manteve-</p><p>se, portanto, o vínculo orçamentário desse órgão com o Poder Executivo federal, não sobrecarregando e</p><p>tampouco comprometendo a chefia do MPU no encaminhamento de seu próprio orçamento, respeitado o</p><p>respectivo limite global relativo a todos os demais ramos. No ponto, divergiram os ministros Edson Fachin</p><p>e a ministra Rosa Weber. Para eles, o MPDFT encontra-se abarcado pelo limite de gastos com pessoal do</p><p>MPU, nos termos do art. 20, I, d, da LRF.</p><p>Relativamente aos arts. 26, § 1º; 28, § 2º; 29, I, e § 2º; 39, reiterou a fundamentação utilizada quando</p><p>da análise da constitucionalidade formal da LRF, uma vez que a inconstitucionalidade formal arguida pelos</p><p>requerentes se confunde com a inconstitucionalidade material.</p><p>O Tribunal também entendeu ser constitucional o art. 59, § 1º, IV. O art. 169, caput, da CF</p><p>encomenda à legislação complementar os limites de despesa com pessoal ativo e inativo. A norma apenas</p><p>estipula um mecanismo de articulação administrativa, informando Poderes e órgãos autônomos sobre uma</p><p>situação presumidamente temerária.</p><p>Quanto ao art. 60, considerou que a possibilidade de fixação por estados e municípios de limites de</p><p>endividamento abaixo daqueles nacionalmente exigíveis não compromete competências do Senado Federal.</p><p>Ao contrário, materializa prerrogativa que decorre naturalmente da autonomia política e financeira de cada</p><p>ente federado.</p><p>Rejeitou, ainda, a alegada inconstitucionalidade do art. 68. O art. 250 da CF não exige que a criação</p><p>do fundo por ele mencionado seja necessariamente veiculada em lei ordinária, nem impede que os recursos</p><p>constitutivos sejam provenientes de imposição tributária.</p><p>O Plenário julgou o pedido procedente com relação aos arts. 9º, § 3º (1); 56, caput (2); 57, caput</p><p>(3); parcialmente procedente para dar interpretação conforme, com relação aos arts. 12, § 2º (4), e 21, II</p><p>(5); e procedente para declarar a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, do parágrafo 1º do</p><p>art. 23, e a inconstitucionalidade do parágrafo 2º do mesmo artigo (6), todos da LRF.</p><p>Relativamente ao parágrafo 3º do art. 9º, entendeu, por maioria, que a norma prevista não guarda</p><p>pertinência com o modelo de freios e contrapesos estabelecido constitucionalmente para assegurar o</p><p>exercício responsável da autonomia financeira por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário e do</p><p>Ministério Público. Isso porque o dispositivo estabelece inconstitucional hierarquização subserviente em</p><p>relação ao Executivo, permitindo que, unilateralmente, limite os valores financeiros segundo os critérios</p><p>fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias no caso daqueles outros dois Poderes e instituição não</p><p>promoverem a limitação no prazo fixado no caput. A defesa de um Estado Democrático de Direito exige o</p><p>afastamento de normas legais que repudiam o sistema de organização liberal, em especial, na presente</p><p>hipótese, o desrespeito à separação das funções do Poder e suas autonomias constitucionais. Ficaram</p><p>vencidos, no ponto, os Ministros Dias Toffoli (presidente), Edson Fachin, Roberto Barroso, Gilmar Mendes</p><p>e Marco Aurélio, que julgaram o pleito parcialmente procedente para fixar interpretação conforme no</p><p>sentido de que a limitação dos valores financeiros pelo Executivo dar-se-á no limite do orçamento realizado</p><p>no ente federativo respectivo e observada a exigência de desconto linear e uniforme da Receita Corrente</p><p>Líquida prevista na lei orçamentária, com a possibilidade de arresto nas contas do ente federativo respectivo</p><p>no caso de desrespeito à regra prevista no art. 168 da CF (repasse até o dia 20 de cada mês).</p><p>Quanto aos arts. 56, caput, e 57, caput, o Tribunal, também por votação majoritária, considerou que</p><p>houve um desvirtuamento do modelo previsto nos arts. 71 e seguintes da CF. A Constituição determina que</p><p>as contas do Poder Executivo englobarão todas as contas, receberão um parecer conjunto do Tribunal de</p><p>Contas, e serão julgadas pelo Congresso. No caso do Judiciário, do Ministério Público e do Legislativo, o</p><p>Tribunal de Contas julga as contas, e não dá um parecer prévio. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que,</p><p>em relação ao art. 56, deu interpretação conforme no sentido de que as contas, submetidas ao Congresso,</p><p>são as do Executivo, e não as do Ministério Público, do Poder Judiciário e do Poder Legislativo; e, quanto</p><p>ao art. 57, julgou improcedente a ação.</p><p>O colegiado deu interpretação conforme ao art. 12, § 2º, para o fim de explicitar que a proibição de</p><p>que trata o artigo não abrange operações de crédito autorizadas mediante créditos suplementares ou</p><p>especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. A previsão de</p><p>limite textualmente diverso da regra do art. 167, III, da CF enseja interpretações distorcidas do teto a ser</p><p>aplicado às receitas decorrentes de operações de crédito.</p><p>De igual modo, deu interpretação conforme ao art. 21, II, no sentido de</p><p>86</p><p>Covid-19: saúde pública e competência concorrente - ADI 6341 MC-Ref/DF ... 89</p><p>Covid-19: transporte intermunicipal e interestadual e competência - 2 - ADI</p><p>6343 MC-Ref/DF ................................................................................................ 91</p><p>Direito do Consumidor e normas sobre a exposição de produtos orgânicos - ADI</p><p>5166/SP .............................................................................................................. 92</p><p>Distribuição de competência legislativa: serviço de telefonia e extrato detalhado</p><p>de planos pré-pagos - ADI 5724/PI..................................................................... 92</p><p>Energia nuclear e competência legislativa dos entes federados - ADI 330/RS.... 93</p><p>Loterias e competência administrativa dos estados-membros - ADPF 492/RJ;</p><p>ADPF 493/DF e ADI 4986/MT .......................................................................... 93</p><p>Postagem de boleto de cobrança e competência legislativa concorrente - ARE</p><p>649379/RJ .......................................................................................................... 95</p><p>Relatório de segurança e investigação sigilosa de servidores públicos - ADPF</p><p>722 MC/DF ........................................................................................................ 96</p><p>Rotulagem de produtos transgênicos e competência legislativa dos entes</p><p>federados - ADI 4619/SP .................................................................................... 97</p><p>Titularidade de terras devolutas: ônus da prova e segurança jurídica - ACO</p><p>158/SP ................................................................................................................ 99</p><p>3.20 ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ..................................................................... 101</p><p>ADI: Poder Legislativo estadual e participação em nomeações - 2 - ADI 2167/RR</p><p>......................................................................................................................... 101</p><p>Atuação de advogado como testemunha e sigilo profissional - Rcl 37235/RR .. 102</p><p>CNJ e CNMP: competência do STF e art. 106 do RICNJ - Pet 4770 AgR/DF; Rcl</p><p>33459 AgR/PE e ADI 4412/DF......................................................................... 103</p><p>Covid-19: direito do trabalho e pandemia do novo Coronavírus - 2 - ADI 6342</p><p>Ref-MC/DF; ADI 6344 Ref-MC/DF; ADI 6346 Ref-MC/DF; ADI 6348 Ref-</p><p>MC/DF; ADI 6349 Ref-MC/DF; ADI 6352 Ref-MC/DF e ADI 6354 Ref-MC/DF</p><p>......................................................................................................................... 105</p><p>Prerrogativa de foro: defensor público e procurador de estado - ADI 6501 Ref-</p><p>MC/PA; ADI 6508 Ref-MC/RO; ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516 Ref-MC/AL</p><p>......................................................................................................................... 106</p><p>3.21 PARTIDO POLÍTICO ......................................................................................... 107</p><p>Partidos políticos: apoiamento de eleitores não filiados e limites para criação,</p><p>fusão e incorporação - ADI 5311/DF ............................................................... 107</p><p>3.22 PODER JUDICIÁRIO ......................................................................................... 109</p><p>CF, art. 37, XI e § 12º: magistratura estadual, subteto remuneratório e</p><p>inconstitucionalidade do tratamento diferenciado - ADI 3854/DF e ADI 4014/DF</p><p>......................................................................................................................... 109</p><p>Competência jurisdicional e fase pré-contratual de seleção e de admissão de</p><p>pessoal - RE 960429/RN ................................................................................... 110</p><p>Justiça competente: arquivamento de inquérito e crime eleitoral - Rcl 34805</p><p>AgR/DF ............................................................................................................ 111</p><p>Magistratura e limite etário para ingresso na carreira - ADI 5329/DF ............ 112</p><p>Tribunal de justiça: eleição de órgão diretivo - ADI 3976/SP e MS 32451/DF . 112</p><p>3.23 PRECATÓRIO .................................................................................................... 113</p><p>Precatório: juros de mora e período compreendido entre a data da expedição e o</p><p>efetivo pagamento - RE 594892 AgR-ED-EDv/RS ........................................... 113</p><p>3.24 PROCESSO LEGISLATIVO .............................................................................. 114</p><p>Medida provisória e controle judicial - ADI 5599/DF ...................................... 114</p><p>3.25 RECLAMAÇÃO ................................................................................................. 114</p><p>Desautorização de entrevista com preso e censura prévia - Rcl 32052 AgR/MS</p><p>......................................................................................................................... 114</p><p>3.26 SEGURIDADE SOCIAL .................................................................................... 115</p><p>Conflito Federativo: corte de benefício do Bolsa Família e isonomia - ACO 3359</p><p>Ref-MC/DF ...................................................................................................... 115</p><p>Covid-19: ADO e fixação de renda temporária mínima - ADO 56/DF ............. 116</p><p>3.27 SEPARAÇÃO DE PODERES ............................................................................. 117</p><p>Criação de conselho de representantes e fiscalização de ações do Executivo - RE</p><p>626946/SP ........................................................................................................ 117</p><p>Petrobras: criação de subsidiárias e alienação de ativos - Rcl 42576 MC/DF .. 118</p><p>3.28 SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS ............................................................ 118</p><p>Bloqueio de verbas públicas e pagamento de débitos de natureza trabalhista -</p><p>ADPF 485/AP................................................................................................... 118</p><p>3.29 SERVIDORES PÚBLICOS ................................................................................. 119</p><p>Teto remuneratório e incidência sobre somatório de remuneração ou provento e</p><p>pensão - RE 602584/DF ................................................................................... 119</p><p>3.30 SIMETRIA FEDERATIVA ................................................................................. 120</p><p>Tribunal de contas e autonomia municipal - 2 - ADI 346/SP e ADI 4776/SP .. 120</p><p>3.31 TRIBUTOS ......................................................................................................... 121</p><p>COFINS: ampliação da base de cálculo e majoração de alíquota - 2 - RE</p><p>570122/RS ........................................................................................................ 121</p><p>4. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE................................................ 121</p><p>4.1 PROFISSIONALIZAÇÃO E TRABALHO ........................................................... 121</p><p>CF, art. 7º, XXXIII: EC 20/1998 e idade mínima para o trabalho - ADI 2096/DF</p><p>......................................................................................................................... 121</p><p>5. DIREITO ELEITORAL ......................................................................................... 122</p><p>5.1 ELEIÇÃO ............................................................................................................. 122</p><p>Identificação do eleitor: título de eleitor e documento com foto - ADI 4467/DF</p><p>......................................................................................................................... 122</p><p>Indeferimento de registro, cassação de diploma ou mandato e novas eleições -</p><p>RE 1096029/MG ............................................................................................... 123</p><p>Inelegibilidade: configuração de ato doloso de improbidade administrativa</p><p>que se entenda como limite</p><p>legal nele citado o previsto em lei complementar. Observou que o art. 169, caput, da CF remete à legislação</p><p>complementar a definição de limites de despesa com pessoal ativo e inativo.</p><p>A Corte, por maioria, nos termos do voto do ministro Edson Fachin, declarou a inconstitucionalidade</p><p>parcial, sem redução de texto, do art. 23, § 1º, de modo a obstar interpretação segundo a qual é possível</p><p>reduzir valores de função ou cargo que estiver provido. Quanto ao parágrafo 2º do art. 23, declarou a sua</p><p>inconstitucionalidade, ratificando a medida cautelar. Salientou que, por mais inquietante e urgente que seja</p><p>a necessidade de realização de ajustes nas contas públicas estaduais, a ordem constitucional vincula a todos,</p><p>independentemente dos ânimos econômicos ou políticos. Portanto, caso se considere conveniente e</p><p>oportuna a redução das despesas com folha salarial no funcionalismo público como legítima política de</p><p>gestão da Administração Pública, deve-se observar o que está fixado na Constituição (art. 169, §§ 3º e 4º).</p><p>Não cabe flexibilizar mandamento constitucional para gerar alternativas menos onerosas, do ponto de vista</p><p>político, aos líderes públicos eleitos. De acordo com a jurisprudência do Tribunal, o art. 37, XV, da CF</p><p>impossibilita que a retenção salarial seja utilizada como meio de redução de gastos com pessoal com a</p><p>finalidade de adequação aos limites legais ou constitucionais. A irredutibilidade do estipêndio funcional é</p><p>garantia constitucional voltada a qualificar prerrogativa de caráter jurídico-social instituída em favor dos</p><p>agentes públicos. A redução da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária</p><p>é medida inconstitucional. Aduziu, por fim, que a irredutibilidade de vencimentos dos servidores também</p><p>alcança aqueles que não possuem vínculo efetivo com a Administração Pública. No que se refere aos</p><p>parágrafos 1º e 2º do art. 23, ficaram vencidos integralmente os Ministros Alexandre de Moraes (relator),</p><p>Roberto Barroso e Gilmar Mendes, que julgaram improcedente a ação, com a cassação da medida cautelar</p><p>concedida. Segundo eles, em suma, não seria razoável afastar a possibilidade de temporariamente o servidor</p><p>público estável ter relativizada sua irredutibilidade de vencimentos, com diminuição proporcional às horas</p><p>trabalhadas, com a finalidade de preservar seu cargo e a própria estabilidade. A temporariedade da medida</p><p>destinada a auxiliar o ajuste fiscal e a recuperação das finanças públicas, a proporcionalidade da redução</p><p>remuneratória com a consequente diminuição das horas trabalhadas e a finalidade maior de preservação do</p><p>cargo, com a manutenção da estabilidade do servidor estariam em absoluta consonância com o princípio da</p><p>razoabilidade e da eficiência, pois, ao preservar o interesse maior do servidor na manutenção de seu cargo,</p><p>também se evitaria a cessação da prestação de eventuais serviços públicos. No ponto, a Ministra Cármen</p><p>Lúcia ficou vencida parcialmente, por divergir do ministro Edson Fachin apenas em relação à locução</p><p>“quanto pela redução dos valores a eles atribuídos”. Para ela, é possível a redução da jornada, mas não dos</p><p>valores. Vencido parcialmente, ainda, o presidente, que acompanhou o relator quanto ao parágrafo 1º do</p><p>art. 23 e, quanto ao parágrafo 2º, julgou parcialmente procedente a ação para fixar interpretação conforme</p><p>no sentido de que o referido dispositivo deve observar a gradação constitucional estabelecida no art. 169, §</p><p>3º, da CF, de modo que somente será passível de aplicação quando já adotadas as medidas exigidas pelo</p><p>art. 169, § 3º, I, da CF, e a utilização da faculdade nele prevista se fará primeiramente aos servidores não</p><p>estáveis e, somente se persistir a necessidade de adequação ao limite com despesas de pessoal, a faculdade</p><p>se apresentará relativamente ao servidor estável.</p><p>(1) LC 101/2000: “Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o</p><p>cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público</p><p>promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação</p><p>financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (...) § 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e</p><p>o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores</p><p>financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.”</p><p>(2) LC 101/2000: “Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos</p><p>Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão</p><p>parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.”</p><p>(3) LC 101/2000: “Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta</p><p>dias do recebimento, se outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.”</p><p>(4) LC 101/2000: “Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das</p><p>alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão</p><p>acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem,</p><p>e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. § 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser</p><p>superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.”</p><p>(5) LC 101/2000: “Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda: II – o</p><p>limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.”</p><p>(6) LC 101/2000: “Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites</p><p>definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois</p><p>quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4º</p><p>do art. 169 da Constituição. § 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela</p><p>extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. § 2º É facultada a redução temporária da jornada de</p><p>trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária.”</p><p>ADI 2238/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 24.6.2020. (INF 983)</p><p>Responsabilidade do Estado: direito à indenização e prisão por motivo político - ADI 3738/ES</p><p>É constitucional a Lei 5.751/1998 do estado do Espírito Santo, de iniciativa parlamentar, que</p><p>versa sobre a responsabilidade do ente público por danos físicos e psicológicos causados a pessoas</p><p>detidas por motivos políticos.</p><p>Isso porque a norma impugnada está em consonância com o disposto no art. 37, § 6º (1), da</p><p>Constituição Federal (CF), que prevê a responsabilidade do Estado por danos decorrentes da prestação de</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1829732</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2384611</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fa1dd1fc6842e459f3e11ba/8c54648d58547c7b62ac37da7a68238e/ADI_3738.mp3</p><p>serviços públicos. Além disso, por não se tratar de matéria de iniciativa exclusiva do Poder Executivo (CF,</p><p>arts. 61, § 1º, e 165), não caracterizada a ocorrência de vício formal.</p><p>No caso, a norma questionada dispõe sobre o pagamento de indenização a pessoas presas ou detidas</p><p>por motivos políticos, ou que tenham</p><p>sofrido maus tratos, que acarretaram danos físicos ou psicológicos,</p><p>quando se encontravam sob a guarda e responsabilidade ou sob poder de coação de órgãos ou agentes</p><p>públicos estaduais. A norma estabelece, ainda, o pagamento de pensão especial a pessoas que tenham</p><p>perdido a sua capacidade laborativa nas mesmas circunstâncias.</p><p>O Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado em ação direta.</p><p>(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:</p><p>(...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que</p><p>seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”</p><p>ADI 3738/ES, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020. (INF 997)</p><p>Ultra-atividade das convenções e acordos coletivos de trabalho e CF/1988 - 2 - ADI 2200/DF e</p><p>ADI 2288/DF</p><p>O Plenário, em conclusão e por maioria, julgou prejudicadas, por perda superveniente de objeto,</p><p>ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas em face do art. 19 da Medida Provisória 1.950-62/2000,</p><p>convertida no art. 18 da Lei 10.192/2001, na parte em que revogou os §§ 1º e 2º do art. 1º da Lei 8.542/1992</p><p>(1) (Informativo 848).</p><p>O Tribunal afirmou que a Lei 13.497/2017 (Lei da Reforma Trabalhista) alterou o § 3º do art. 614</p><p>da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (2) e vedou expressamente a ultra-atividade das normas</p><p>coletivas no ordenamento jurídico brasileiro.</p><p>A nova lei, portanto, determinou um regime jurídico completamente diferente do previsto no § 1º</p><p>do art. 1º da Lei 8.542/1992, que estabelecia a ultra-atividade e era o objeto das ações diretas. Assim, ainda</p><p>que se declarasse a inconstitucionalidade da lei revogadora, a lei revogada não poderia voltar a ter vigência,</p><p>em razão de norma expressa que é taxativa quanto à impossibilidade da ultra-atividade.</p><p>Vencidos o ministro Edson Fachin, que julgou procedentes os pedidos formulados nas ações diretas,</p><p>para declarar a inconstitucionalidade do art. 18 da Lei 10.192/2001, e, em menor extensão, o ministro Teori</p><p>Zavascki.</p><p>Os ministros Roberto Barroso, Marco Aurélio e Cármen Lúcia (relatora) reajustaram os seus</p><p>respectivos votos.</p><p>(1) Lei 8.542/1992: “Art. 1º A política nacional de salários, respeitado o princípio da irredutibilidade, tem por fundamento a</p><p>livre negociação coletiva e reger-se-á pelas normas estabelecidas nesta lei. § 1º As cláusulas dos acordos, convenções ou contratos</p><p>coletivos de trabalho integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser reduzidas ou suprimidas por posterior</p><p>acordo, convenção ou contrato coletivo de trabalho. § 2º As condições de trabalho, bem como as cláusulas salariais, inclusive os</p><p>aumentos reais, ganhos de produtividade do trabalho e pisos salariais proporcionais à extensão e à complexidade do trabalho, serão</p><p>fixados em contrato, convenção ou acordo coletivo de trabalho, laudo arbitral ou sentença normativa, observados, dentre outros fatores,</p><p>a produtividade e a lucratividade do setor ou da empresa.”</p><p>(2) CLT: “Art. 614 - Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro</p><p>de 8 (oito) dias da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no</p><p>Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do</p><p>Ministério do Trabalho e Previdência Social, nos demais casos. (...) § 3º Não será permitido estipular duração de convenção coletiva</p><p>ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade.”</p><p>ADI 2200/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 4.6.2020. (INF 980)</p><p>ADI 2288/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 4.6.2020. (INF 980)</p><p>3.7 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO</p><p>Roubo forjado e classificação jurídica - HC 147584/RJ</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2384611</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9971.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1820340</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1838028</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo848.htm#Ultra-atividade%20das%20conven%C3%A7%C3%B5es%20e%20acordos%20coletivos%20de%20trabalho%20e%20CF/1988</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1820340</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1838028</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5258974</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5edfe2badae2af16a68d76ba/61f5aff9e222887701b8f3128442df00/Ultra-atividade_das_conven%C3%A7%C3%B5es_e_acordos_coletivos_de_trabalho_e_constitui%C3%A7%C3%A3o_federal_de_1988_-_2.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=RKhAjOM52sg&list=PLippyY19Z47u7wu6Geklpvsc9gXvQg_jo</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ede83a302940f79a97f5f1e/bfaf2bcfac8d0421e9ded1246f41aa76/Roubo_forjado_e_classifica%C3%A7%C3%A3o_jur%C3%ADdica.mp3</p><p>A Primeira Turma, por maioria, indeferiu a ordem em habeas corpus impetrado em favor de</p><p>condenado pela prática do crime de roubo em concurso de agentes. No caso, o paciente, funcionário de uma</p><p>empresa, tinha a atribuição de movimentar quantias em dinheiro. O corréu, mediante grave ameaça,</p><p>simulando portar arma de fogo, exigiu a entrega dos valores que estavam em seu poder e no de outra pessoa,</p><p>na ocasião, e o paciente, fingindo ser vítima, previamente ajustado com o suposto assaltante, entregou a</p><p>quantia.</p><p>A defesa alegou nulidade processual, consistente em suposto desrespeito ao art. 402 do Código de</p><p>Processo Penal (CPP) (1), pois não teve a oportunidade de requerer diligências ao término da instrução.</p><p>Ademais, considerou inadequada a classificação jurídica dos fatos, que consubstanciariam estelionato e não</p><p>roubo.</p><p>A Turma, inicialmente, afastou a suposta nulidade. Afirmou que a falta de abertura de prazo, após o</p><p>encerramento da instrução, para manifestação das partes acerca do interesse na feitura de diligências</p><p>complementares constitui nulidade relativa, cujo reconhecimento pressupõe seja o inconformismo</p><p>veiculado em momento oportuno, ou seja, quando da apresentação de alegações finais. No caso, a defesa</p><p>deixou de se insurgir nas alegações finais e nas razões de apelação. Além disso, a impetração sequer apontou</p><p>quais diligências seriam requeridas.</p><p>Ademais, o enquadramento dos fatos no tipo penal alusivo ao roubo mostrou-se adequado. Trata-se</p><p>de crime complexo, cuja estrutura típica exige a realização da subtração patrimonial mediante violência ou</p><p>grave ameaça à pessoa.</p><p>O fato de o assalto envolver situação forjada entre o paciente e o corréu não viabiliza a ocorrência</p><p>de estelionato, pois a caracterização do roubo não pressupõe a efetiva intenção do agente de realizar o mal</p><p>prometido. Basta que a forma utilizada para a subtração da coisa alheia móvel seja revestida de aptidão a</p><p>causar fundado temor ao ofendido. Nesse sentido, a ameaça praticada pela simulação do porte de arma de</p><p>fogo constitui meio idôneo a aterrorizar.</p><p>Por sua vez, a circunstância de não ter o paciente feito grave ameaça contra a vítima não é relevante,</p><p>porquanto a vinculação subjetiva com o corréu, a configurar o concurso de agentes, legitima sejam os fatos,</p><p>em relação a ambos os acusados, enquadrados no tipo de penal de roubo, observado o art. 29 do Código</p><p>Penal</p><p>(CP) (2).</p><p>Vencido o ministro Luiz Fux, que deferiu a ordem.</p><p>(1) CPP/1941: “Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a</p><p>seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.”</p><p>(2) CP/1940: “Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de</p><p>sua culpabilidade.”</p><p>HC 147584/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2.6.2020. (INF 980)</p><p>3.8 DEFENSORIA PÚBLICA</p><p>Defensoria Pública: autonomia orçamentária e repasse de duodécimos - ADPF 384 Ref-</p><p>MC/MG</p><p>O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em arguição de descumprimento de</p><p>preceito fundamental (ADPF) para determinar ao Governador do estado de Minas Gerais que proceda ao</p><p>repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês, da integralidade dos recursos orçamentários</p><p>destinados à Defensoria Pública estadual pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício</p><p>financeiro de 2016, inclusive quanto às parcelas já vencidas, assim também em relação a eventuais créditos</p><p>adicionais destinados à instituição.</p><p>O Tribunal, preliminarmente, converteu o julgamento do referendo em cautelar em julgamento</p><p>definitivo de mérito.</p><p>Afirmou que a omissão do Poder Executivo estadual em realizar o repasse de dotação orçamentária</p><p>da Defensoria Pública na forma de duodécimos afronta os arts. 134, § 2º (1), e 168 (2) da Constituição</p><p>Federal (CF).</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5258974</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4919374</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4919374</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f31a0890e028e84d69ea9a9/b4cfd0868c04a8fd732ab3979bf85aa2/Defensoria_P%C3%BAblica_-_autonomia_or%C3%A7ament%C3%A1ria_e_repasse_de_duod%C3%A9cimos.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=OuUk62CU7QM&list=PLippyY19Z47sW7JAYyw75LwQ9Lx-YRy5c</p><p>Salientou que há, no caso sob exame, inadimplemento estatal relacionado a dever constitucional</p><p>imposto ao Executivo do estado-membro em questão. Isso porque há patente abusividade no exercício de</p><p>uma competência financeira, justamente por parte de quem detém posição de primazia no tocante à</p><p>execução orçamentária, nos termos do modelo presidencialista.</p><p>Concluiu que houve clara ofensa aos preceitos fundamentais de acesso à Justiça e de assistência</p><p>jurídica integral e gratuita, porquanto a retenção injusta de duodécimos referentes à dotação orçamentária</p><p>do órgão representa, em concreto, um óbice ao pleno exercício de função essencial à Justiça.</p><p>Vencidos os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Dias Toffoli, que julgaram parcialmente</p><p>procedente o pedido formulado na ADPF, para determinar que, no caso de frustação de receitas líquidas</p><p>pelo estado, deve-se seguir, a partir da data deste julgamento, os critérios previstos na respectiva LDO para</p><p>fins de contingenciamento de receitas. Nas situações em que a LDO preveja critérios a serem utilizados</p><p>para fins de contingenciamento em casos de frustação de receita, o corte deve ser realizado pelo Poder</p><p>Executivo de forma objetiva, sempre na hipótese de haver impasse institucional e depois da omissão do</p><p>Poder ou órgão com autonomia constitucional.</p><p>(1) CF: “Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-</p><p>lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos</p><p>e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados,</p><p>na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição. (...) § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia</p><p>funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias</p><p>e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.”</p><p>(2) CF: “Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e</p><p>especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser -lhes-ão</p><p>entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.”</p><p>ADPF 384 Ref-MC/MG, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 6.8.2020. (INF 985)</p><p>3.9 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS</p><p>Ato jurídico perfeito e retroatividade de índices de atualização de preços - 2 - ADI 3005/DF</p><p>Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta de</p><p>inconstitucionalidade (ADI), ajuizada em face do art. 26 da Lei 8.177/1991, que determina que as operações</p><p>de crédito rural, contratadas junto a instituições financeiras, com recursos oriundos de depósitos à vista e</p><p>com cláusula de atualização pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), sejam atualizadas pela Taxa</p><p>Referencial de Juros (TR) (Informativo 934).</p><p>O Tribunal entendeu que o dispositivo impugnado, ao permitir a incidência da TR em substituição</p><p>ao IPC nos contratos celebrados antes do início de sua vigência, se afigura incompatível com a garantia</p><p>fundamental de proteção ao ato jurídico perfeito, previsto no inciso XXXVI do art. 5º da Constituição</p><p>Federal (CF) (1).</p><p>Observou, ademais, que o fato de o Banco Central do Brasil (BCB) ter admitido não aplicar o</p><p>dispositivo retroativamente, e de a Advocacia-Geral da União ter-se manifestado pela inconstitucionalidade</p><p>da aplicação retroativa da norma não implicam na prejudicialidade da ADI.</p><p>Vencido o ministro Roberto Barroso, que considerou que a revisão judicial de índices de correção</p><p>monetária editados pelo legislador requer uma postura de autocontenção judicial, seja em respeito à</p><p>investidura popular que caracteriza o Poder Legislativo, seja em respeito à complexidade técnica inerente</p><p>ao tema. Isso porque o Poder Judiciário não tem capacidade institucional para avaliar os efeitos de eventuais</p><p>mudanças dos índices de correção monetária na economia.</p><p>O ministro ponderou, ainda, que, ao utilizar a TR como critério de correção, o legislador curvou-se</p><p>à dinâmica do mercado, o que constitui uma escolha que a ele cabe e que se mostra legítima. Como decidido</p><p>na ADI 493, a TR reflete, com propriedade, a dinâmica presente no mercado do dinheiro e as suas</p><p>peculiaridades, sendo muito mais apropriada para a operação de crédito rural do que qualquer índice de</p><p>preços que mensure o fenômeno inflacionário. É razoável que se exija do Estado a correção de suas dívidas</p><p>por índice oficial de preços, uma vez que o sistema de pagamento por precatórios é obrigatório e</p><p>regulamenta a forma de pagamento dos débitos da Fazenda com seus cidadãos. No entanto, a situação é</p><p>distinta em operações de crédito rural, nas quais as partes, voluntariamente, aderem às condições de</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4919374</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal985.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2170985</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo934.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1519857</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f0348daa357282dcf58b1fd/2198583152531580463f29675610d19d/Ato_jur%C3%ADdico_perfeito_e_retroatividade_de_%C3%ADndices_de_atualiza%C3%A7%C3%A3o_de_pre%C3%A7os_-_2.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=4uywrxApmaM&list=PLippyY19Z47vq4uImVGBgscghlcA4frmM</p><p>financiamento impostas pela lei e demais regulações dos órgãos administrativos, como o BCB.</p><p>(1) CF: “Art. 5º (...): XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido,</p><p>o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”</p><p>ADI 3005/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1.7.2020. (INF 984)</p><p>Auditor independente e rotatividade - ADI 3033/RJ</p><p>São constitucionais as restrições impostas aos auditores independentes pelo art. 31 da</p><p>Instrução 308/1999 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (1).</p><p>A rotatividade dos auditores independentes, prevista pelo art. 31 da Instrução 308/1999 da CVM,</p><p>não inviabiliza o exercício profissional, mas o regula com base em decisão técnica, adequada à atividade</p><p>econômica por ela regulamentada, mostrando-se medida adequada para resguardar a própria idoneidade do</p><p>auditor, resguardando a imparcialidade do trabalho de auditoria e protegendo os interesses dos investidores,</p><p>do mercado de capitais e da ordem econômica.</p><p>A competência atribuída à CVM pela legislação de regência, especialmente no que tange ao</p><p>exercício do poder de polícia, legitima a restrição, promovida pelo referido art. 31, a direitos fundamentais</p><p>referentes à livre iniciativa, à livre concorrência e ao exercício profissional.</p><p>Ademais, a prestação de serviços de auditoria para um mesmo cliente, por um prazo longo, pode</p><p>comprometer a qualidade desse serviço ou mesmo a independência do auditor na visão do público externo.</p><p>No caso, trata-se de ação direta proposta em face do aludido art. 31 da Instrução 308/1999 da CVM,</p><p>que restringe a atividade profissional dos auditores independentes, de forma a vedar a prestação de serviços</p><p>para um mesmo cliente, por prazo superior a cinco anos consecutivos, exigindo um intervalo mínimo de</p><p>três anos para a sua recontratação.</p><p>Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido.</p><p>(1) IN 308/1999 da CVM: “Art. 31 – O Auditor Independente — Pessoa Física e o Auditor Independente — Pessoa Jurídica</p><p>não podem prestar serviços para um mesmo cliente, por prazo superior a cinco anos consecutivos, contados a partir da data desta</p><p>Instrução, exigindo-se um intervalo mínimo de três anos para a sua recontratação.”</p><p>ADI 3033/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)</p><p>Contrato de plano de saúde: ato jurídico perfeito e retroatividade da lei nova - RE 948634/RS</p><p>As disposições da Lei 9.656/1998, à luz do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal (CF),</p><p>somente incidem sobre os contratos celebrados a partir de sua vigência, bem como sobre os contratos</p><p>que, firmados anteriormente, foram adaptados ao seu regime, sendo as respectivas disposições</p><p>inaplicáveis aos beneficiários que, exercendo sua autonomia de vontade, optaram por manter os</p><p>planos antigos inalterados.</p><p>Isso porque as relações jurídicas livremente pactuadas, com o uso da autonomia da vontade, devem</p><p>dar valor à segurança jurídica, conferindo-se estabilidade aos direitos subjetivos e, mais ainda,</p><p>conhecimento inequívoco das regras às quais todos estão vinculados, bem como a tão importante</p><p>previsibilidade das consequências de suas respectivas condutas. Nesses termos, dentro do debate sobre a</p><p>possibilidade de retroatividade da Lei 9.656/1998 a negócios jurídicos anteriores à sua vigência, serão</p><p>aplicáveis previsões constitucionais a preservar o ato jurídico perfeito, a segurança jurídica e, por sua</p><p>relevância, a autonomia da vontade e a liberdade de contratar.</p><p>Além disso, o entendimento que tem sido consolidado no Supremo Tribunal Federal (STF) ao longo</p><p>dos anos é contrário à possibilidade da retroatividade da lei nova, assegurando a máxima efetividade da</p><p>norma constitucional carreada pelo art. 5º, XXXVI, da CF, ressalvada a aplicação da chamada</p><p>retroatividade mínima, em situações excepcionais, a permitir sejam temperadas para o futuro algumas</p><p>relações jurídicas constituídas no passado. Desse modo, os contratos de planos de saúde firmados antes do</p><p>advento da Lei 9.656/1998 podem ser considerados atos jurídicos perfeitos, e, como regra geral, estão</p><p>blindados às mudanças supervenientes das regras vinculantes.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2170985</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal984.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2178395</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2178395</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9981.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4928717</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5faab1a924abc58e84dabd1c/d00e65e94577ea4a3830638d1076a764/ADI_3033.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f8f396d705e165c38c54143/acb66bafc9d22f41fddcba44baf5b4ae/RE_948634.mp3</p><p>Ademais, nos termos do art. 35 da Lei 9.656/1998, assegurou-se, aos beneficiários dos contratos</p><p>celebrados anteriormente ao início de sua vigência, a possibilidade de opção pelas novas regras, tendo o</p><p>parágrafo 4° do mencionado dispositivo proibido que a migração fosse feita unilateralmente pela operadora.</p><p>Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 123 da repercussão geral,</p><p>deu provimento a recurso extraordinário para julgar improcedente o pedido inicial.</p><p>RE 948634/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF</p><p>995)</p><p>Covid -19: acordos individuais e participação sindical - ADI 6363 MC-Ref/DF</p><p>Parte 1 -</p><p>Parte 2 -</p><p>O Plenário, por maioria, não referendou medida cautelar concedida em ação direta de</p><p>inconstitucionalidade e manteve a eficácia da Medida Provisória 936/2020, que autoriza a redução da</p><p>jornada de trabalho e do salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos</p><p>individuais em razão da pandemia do novo coronavírus, independentemente de anuência sindical.</p><p>Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes. Entendeu ser necessário definir se, durante o</p><p>estado de calamidade pública, o acordo de redução proporcional tanto da jornada de trabalho quanto do</p><p>salário, escrito entre empregado e empregador, é um ato jurídico perfeito e acabado; ou se a comunicação</p><p>ao sindicato, no prazo de dez dias, transfere à organização sindical a possibilidade, tal qual uma verdadeira</p><p>condição resolutiva, de corroborar o acordo individual, afastá-lo ou alterá-lo, mediante uma negociação</p><p>coletiva.</p><p>Anotou que, nos termos da medida provisória, uma vez assinado o acordo escrito de redução</p><p>proporcional de salário e de jornada de trabalho, há uma complementação por parte do Poder Público. Um</p><p>cálculo é feito à semelhança do seguro-desemprego. Assim, se o sindicato tiver o poder de alterar os termos</p><p>desse acordo, pode haver um descompasso entre essa alteração e o abono pago pelos cofres públicos.</p><p>A medida provisória em análise tem o intuito de equilibrar as desigualdades sociais provocadas pela</p><p>pandemia, e deve ser interpretada de acordo com diversos vetores constitucionais: a dignidade da pessoa</p><p>humana, o trabalho, a livre iniciativa, o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e</p><p>marginalização e a redução das desigualdades. Nesse sentido, a garantia de irredutibilidade salarial apenas</p><p>faz sentido se existir o direito ao trabalho em primeiro lugar.</p><p>A situação de pandemia vem trazendo de forma crescente efeitos econômicos e sociais, como o</p><p>desemprego e a falta de renda. Nesse contexto, a finalidade da medida provisória é a manutenção do</p><p>emprego. Diversas empresas, como consequência do panorama atual, provocaram demissões em massa, e</p><p>a medida provisória procura oferecer uma opção garantidora do trabalho, proporcional entre empregado e</p><p>empregador.</p><p>Salientou que a medida provisória é específica ao definir sua eficácia durante o estado de calamidade</p><p>(90 dias), período no qual o empregado terá a garantia de manutenção do seu emprego (um total de 24,5</p><p>milhões de postos de trabalho), mesmo que com uma redução salarial proporcional à redução</p><p>de horas</p><p>trabalhadas. Além disso, haverá complementação de renda por parte do Estado, no valor estimado de 51,2</p><p>bilhões de reais.</p><p>Por outro lado, a medida provisória também permite a manutenção de diversas empresas, que</p><p>permanecerão com empregados durante o período e continuarão funcionando futuramente.</p><p>Ademais, o empregado tem a opção de não aceitar essa redução, juntamente como auxílio</p><p>emergencial proporcional. Nesse caso, se houver demissão, ele receberá o auxílio-desemprego.</p><p>Assim, a medida provisória não tem o objetivo simples de legalizar a redução salarial, mas sim de</p><p>estabelecer mecanismos emergenciais de preservação de emprego e de renda. Não se trata de conflito entre</p><p>empregado e empregador e da definição salarial como resultado desse embate, que é a situação normal na</p><p>qual se exige a participação sindical para equilibrar as forças.</p><p>A situação atual não exige conflito, mas convergência para a sobrevivência da empresa</p><p>(especialmente a micro e a pequena), do empregador e do empregado, com o auxílio do governo. Se não</p><p>houver pacto entre empregadores e empregados, o resultado da pandemia pode ser o dobro de</p><p>desempregados no país, situação inadmissível que gerará enorme conflito social.</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=2596820&numeroProcesso=578801&classeProcesso=RE&numeroTema=123</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4928717</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5886604</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e9f0a9ae9c934471bbc8bcf/5c0a003afe2848528a20084fa6cded71/Covid19_-_acordos_individuais_e_participa%C3%A7%C3%A3o_sindical.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=hWVcam3KGdE&list=PLippyY19Z47s9D2gEQqtrN-PBZaI1DP7n</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=ONpu8U3zM_4&list=PLippyY19Z47vLyRfwspxHnf-FOhwBHnFh</p><p>Nesse quadro, possibilitar aos sindicatos que “referendem” os acordos traz três desfechos possíveis:</p><p>a discordância total, parcial, ou a concordância. E a última hipótese é a única que não afetará a segurança</p><p>jurídica e a boa-fé dos acordos.</p><p>Isso não significa, entretanto, que os sindicatos ficarão totalmente alheios a esses acordos. Nos</p><p>termos da medida provisória, eles serão comunicados, para verificar a necessidade de estender os termos</p><p>de determinado acordo a outros trabalhadores da categoria, ou para indicar a anulação dos acordos, se</p><p>houver algum vício. O que o texto legal não fez foi exigir a anuência sindical para que o acordo se torne</p><p>ato jurídico perfeito, o que diminuiria sensivelmente a eficácia da medida emergencial.</p><p>Vencidos os ministros Ricardo Lewandowski (relator), que deferiu a medida cautelar em parte, no</p><p>sentido de dar interpretação conforme à Constituição à medida provisória, de maneira a assentar que os</p><p>acordos deverão ser comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato no prazo de até dez dias, para</p><p>que este inicie a negociação coletiva se desejar; e os ministros Edson Fachin e Rosa Weber, que a deferiram</p><p>integralmente, para afastar o uso de acordo individual para dispor sobre as medidas tratadas no texto</p><p>impugnado.</p><p>ADI 6363 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de</p><p>Moraes, julgamento em 16 e 17.4.2020. (INF 973)</p><p>COVID-19: direito de acesso à informação e dever estatal de transparência na divulgação dos</p><p>dados referentes à pandemia - ADPF 690 MC-Ref/DF; ADPF 691 MC-Ref/DF e ADPF 692</p><p>MC-Ref/DF</p><p>ODSs 3 e 16</p><p>Resumo:</p><p>A redução da transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-19 representa</p><p>violação a preceitos fundamentais da Constituição Federal (CF), nomeadamente o acesso à</p><p>informação, os princípios da publicidade e transparência da Administração Pública e o direito à</p><p>saúde.</p><p>A CF consagrou expressamente o princípio da publicidade como um dos vetores imprescindíveis à</p><p>Administração Pública, conferindo-lhe absoluta prioridade na gestão administrativa e garantindo pleno</p><p>acesso às informações a toda a sociedade.</p><p>À consagração constitucional de publicidade e transparência corresponde a obrigatoriedade do</p><p>Estado em fornecer as informações necessárias à sociedade. O acesso às informações consubstancia-se em</p><p>verdadeira garantia instrumental ao pleno exercício do princípio democrático.</p><p>Assim, salvo situações excepcionais, a Administração Pública tem o dever de absoluta transparência</p><p>na condução dos negócios públicos, sob pena de desrespeito aos arts. 37, caput (1), e 5º, XXXIII e LXXII,</p><p>da CF (1), pois “o modelo político-jurídico, plasmado na nova ordem constitucional, rejeita o poder que</p><p>oculta e o poder que se oculta”.</p><p>Ademais, cumpre ressaltar que a República Federativa do Brasil é signatária de tratados e regras</p><p>internacionais relacionados à divulgação de dados epidemiológicos, tais como o Regulamento Sanitário</p><p>Internacional aprovado pela 58ª Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 23 de</p><p>maio de 2005, promulgado no Brasil pelo Decreto Legislativo 395/2009 (3).</p><p>No caso, trata-se de três Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental, tendo por objeto</p><p>atos do Poder Executivo que teriam restringido a publicidade de dados relacionados à pandemia de Covid-</p><p>19.</p><p>Com esse entendimento, o Plenário referendou a medida cautelar concedida, para determinar que:</p><p>(a) o Ministério da Saúde mantenha, em sua integralidade, a divulgação diária dos dados epidemiológicos</p><p>relativos à pandemia (COVID-19), inclusive no sítio do Ministério da Saúde e com os números acumulados</p><p>de ocorrências, exatamente conforme realizado até o último dia 4 de junho de 2020; e (b) o Governo do</p><p>Distrito Federal se abstenha de utilizar nova metodologia de contabilidade dos casos e óbitos decorrentes</p><p>da pandemia da COVID-19, retomando, imediatamente, a divulgação dos dados na forma como veiculada</p><p>até o dia 18 de agosto de 2020.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5886604</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5886604</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo973.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5931727</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933076</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933080</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933080</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fbd46adc86832406299b29f/858efb34f472b16c180e1b0c988db987/ADPFs_690,_691_e_692.mp3</p><p>(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao</p><p>seguinte: (...).”</p><p>(2) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos</p><p>estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos</p><p>seguintes: (...) XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse</p><p>coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível</p><p>à segurança da sociedade e do Estado; (...) LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações</p><p>relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b)</p><p>para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;”</p><p>(3) Decreto Legislativo 395/2009: “Artigo 6º. Notificação. 1. Cada Estado Parte avaliará</p><p>os eventos que ocorrerem dentro de</p><p>seu território, utilizando o instrumento de decisão do Anexo 2. Cada Estado Parte notificará a OMS, pelos mais eficientes meios de</p><p>comunicação disponíveis, por meio do Ponto Focal Nacional para o RSI, e dentro de 24 horas a contar da avaliação de informações</p><p>de saúde pública, sobre todos os eventos em seu território que possam se constituir numa emergência de saúde pública de impor tância</p><p>internacional, segundo o instrumento de decisão, bem como de qualquer medida de saúde implementada em resposta a tal evento. Se</p><p>a notificação recebida pela OMS envolver a competência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a OMS notificará</p><p>imediatamente essa Agência. 2. Após uma notificação, o Estado Parte continuará a comunicar à OMS as informações de saúde pública</p><p>de que dispõe sobre o evento notificado, de maneira oportuna, precisa e em nível suficiente de detalhamento, incluindo, sempre que</p><p>possível, definições de caso, resultados laboratoriais, fonte e tipo de risco, número de casos e de óbitos, condições que afetam a</p><p>propagação da doença; e as medidas de saúde empregadas, informando, quando necessário, as dificuldades confrontadas e o apoio</p><p>necessário para responder à possível emergência de saúde pública de importância internacional. Artigo 7º. Compartilhamento de</p><p>informações durante eventos sanitários inesperados ou incomuns. Caso um Estado Parte tiver evidências de um evento de saúde</p><p>pública inesperado ou incomum dentro de seu território, independentemente de sua origem ou fonte, que possa constituir uma</p><p>emergência de saúde pública de importância internacional, ele fornecerá todas as informações de saúde pública relevantes à OMS.</p><p>Nesse caso, aplicam-se na íntegra as disposições do Artigo 6º. (...) Artigo 19. Obrigações Gerais. Além das demais obrigações previstas</p><p>no presente Regulamento, os Estados Partes deverão: (...) (c) fornecer à OMS, na medida do possível, quando solicitado em resposta</p><p>a um possível risco à saúde pública específico, dados relevantes referentes a fontes de infecção ou contaminação, inclusive vetores e</p><p>reservatórios, em seus pontos de entrada, que possam resultar na propagação internacional de doenças. (...) Artigo 44. Colaboração e</p><p>assistência. 1. Os Estados Partes comprometem-se a colaborar entre SI na medida do possível: (a) para a detecção e avaliação dos</p><p>eventos contemplados neste Regulamento, bem como para a resposta aos mesmos;”</p><p>ADPF 690 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em</p><p>20.11.2020 (INF 1000)</p><p>ADPF 691 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em</p><p>20.11.2020 (INF 1000)</p><p>ADPF 692 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em</p><p>20.11.2020 (INF 1000)</p><p>Covid-19: empresas de telefonia e compartilhamento de informações com o IBGE - ADI 6387</p><p>MC-Ref/DF; ADI 6388 MC-Ref/DF; ADI 6389 MC-Ref/DF; ADI 6390 MC-Ref/DF e ADI</p><p>6393 MC-Ref/DF</p><p>Parte 1 -</p><p>Parte 2 -</p><p>O Plenário, por maioria, referendou medida cautelar em ações diretas de inconstitucionalidade para</p><p>suspender a eficácia da Medida Provisória 954/2020 (1), que dispõe sobre o compartilhamento de dados</p><p>por empresas de telecomunicações prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) e de Serviço</p><p>Móvel Pessoal (SMP) com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para fins de</p><p>suporte à produção estatística oficial durante a situação de emergência de saúde pública de importância</p><p>internacional decorrente do Coronavírus (Covid-19).</p><p>O Tribunal esclareceu que as condições em que se dá a manipulação de dados pessoais digitalizados,</p><p>por agentes públicos ou privados, consiste em um dos maiores desafios contemporâneos do direito à</p><p>privacidade. A Constituição Federal (CF) confere especial proteção à intimidade, à vida privada, à honra e</p><p>à imagem das pessoas ao qualificá-las como invioláveis, enquanto direitos fundamentais da personalidade,</p><p>assegurando indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (art. 5º, X). O assim</p><p>chamado direito à privacidade e os seus consectários direitos à intimidade, à honra e à imagem emanam do</p><p>reconhecimento de que a personalidade individual merece ser protegida em todas as suas manifestações.</p><p>A fim de instrumentalizar tais direitos, a CF prevê, no art. 5º, XII, a inviolabilidade do sigilo da</p><p>correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no</p><p>último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação</p><p>criminal ou instrução penal.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5931727</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5931727</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933076</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933076</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933080</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933080</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895165</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895165</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895166</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895168</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895176</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5896399</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5896399</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5eb81266ec6e761b0fefcc30/881f572610566b1e38bafdae32f3a11e/Covid19_-_empresas_de_telefonia_e_compartilhamento_de_informa%C3%A7%C3%B5es_com_o_IBGE.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=qnU5UV5wmkE&list=PLippyY19Z47u9XZoXCFAeSH7A5UObWhfq</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=t15mesEgqSU&list=PLippyY19Z47uBC9XVQrOGIs-MGIGwY4IV</p><p>O art. 2º da MP 954/2020 impõe às empresas prestadoras do STFC e do SMP o compartilhamento,</p><p>com o IBGE, da relação de nomes, números de telefone e endereços de seus consumidores, pessoas físicas</p><p>ou jurídicas.</p><p>Tais informações, relacionadas à identificação – efetiva ou potencial – de pessoa natural, configuram</p><p>dados pessoais e integram o âmbito de proteção das cláusulas constitucionais assecuratórias da liberdade</p><p>individual (art. 5º, caput), da privacidade e do livre desenvolvimento da personalidade (art. 5º, X e XII).</p><p>Sua manipulação e seu tratamento, desse modo, devem observar, sob pena de lesão a esses direitos, os</p><p>limites delineados pela proteção constitucional.</p><p>Decorrências dos direitos da personalidade, o respeito à privacidade e à autodeterminação</p><p>informativa foram positivados, no art. 2º, I e II, da Lei 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados</p><p>Pessoais), como fundamentos específicos da disciplina da proteção de dados pessoais.</p><p>O colegiado observou que o único dispositivo da MP 954/2020 a dispor sobre a finalidade e o modo</p><p>de utilização dos dados objeto da norma é o § 1º do seu art. 2º. E esse limita-se a enunciar que os dados em</p><p>questão serão utilizados exclusivamente pelo IBGE para a produção estatística oficial, com o objetivo de</p><p>realizar entrevistas em caráter não presencial no âmbito de pesquisas domiciliares. Não delimita o objeto</p><p>da estatística a ser produzida, nem a finalidade específica, tampouco sua amplitude. Igualmente não</p><p>esclarece a necessidade de disponibilização dos dados nem como serão efetivamente utilizados.</p><p>O art. 1º, parágrafo único, da MP 954/2020 apenas dispõe que o ato normativo terá aplicação durante</p><p>a situação de emergência de saúde pública decorrente do Covid-19. Ainda que se possa associar, por</p><p>inferência, que a estatística a ser produzida</p><p>tenha relação com a pandemia invocada como justificativa da</p><p>edição da MP, tal ilação não se extrai de seu texto.</p><p>Assim, não emerge da MP 954/2020, nos termos em que posta, interesse público legítimo no</p><p>compartilhamento dos dados pessoais dos usuários dos serviços de telefonia, consideradas a necessidade, a</p><p>adequação e a proporcionalidade da medida.</p><p>Ao não definir apropriadamente como e para que serão utilizados os dados coletados, a MP 954/2020</p><p>não oferece condições para avaliação da sua adequação e necessidade, assim entendidas como a</p><p>compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas e sua limitação ao mínimo necessário para</p><p>alcançar suas finalidades. Desatende, assim, a garantia do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV), em sua</p><p>dimensão substantiva.</p><p>De outra parte, o art. 3º, I e II, da MP 954/2020 dispõe que os dados compartilhados “terão caráter</p><p>sigiloso” e “serão utilizados exclusivamente para a finalidade prevista no § 1º do art. 2º”, e o art. 3º, § 1º,</p><p>veda ao IBGE compartilhar os dados disponibilizados com outros entes, públicos ou privados. Nada</p><p>obstante, a MP 954/2020 não apresenta mecanismo técnico ou administrativo apto a proteger os dados</p><p>pessoais de acessos não autorizados, vazamentos acidentais ou utilização indevida, seja na sua transmissão,</p><p>seja no seu tratamento. Limita-se a delegar a ato do presidente do IBGE o procedimento para</p><p>compartilhamento dos dados, sem oferecer proteção suficiente aos relevantes direitos fundamentais em</p><p>jogo.</p><p>Ao não prever exigência alguma quanto a mecanismos e procedimentos para assegurar o sigilo, a</p><p>higidez e, quando o caso, o anonimato dos dados compartilhados, a MP 954/2020 não satisfaz as exigências</p><p>que exsurgem do texto constitucional no tocante à efetiva proteção de direitos fundamentais dos brasileiros.</p><p>A ausência de garantias de tratamento adequado e seguro dos dados compartilhados é agravada pela</p><p>circunstância de que, embora aprovada, ainda não está em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais</p><p>(Lei 13.709/2018), definidora dos critérios para a responsabilização dos agentes por eventuais danos</p><p>ocorridos em virtude do tratamento de dados pessoais.</p><p>Ademais, o IBGE noticiou em seu sítio eletrônico ter dado início, em parceria com o Ministério da</p><p>Saúde, à “PNAD Covid”, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD</p><p>Contínua) voltada à quantificação do alastramento da pandemia da Covid-19 e seus impactos no mercado</p><p>de trabalho brasileiro.</p><p>Para definir a amostra da nova pesquisa, o IBGE utilizou a base de 211 mil domicílios que</p><p>participaram da PNAD Contínua no primeiro trimestre de 2019 e selecionou aqueles com número de</p><p>telefone cadastrado. Esse fato seria suficiente por si só para evidenciar a desnecessidade e o excesso do</p><p>compartilhamento de dados tal como disciplinado na MP 954/2020.</p><p>Nesse contexto, não bastasse a coleta de dados se revelar excessiva, ao permitir que, pelo prazo de</p><p>trinta dias após a decretação do fim da situação de emergência de saúde pública, os dados coletados ainda</p><p>sejam utilizados para a produção estatística oficial, o art. 4º, parágrafo único, da MP 954/2020 permite a</p><p>conservação dos dados pessoais, pelo ente público, por tempo manifestamente excedente ao estritamente</p><p>necessário para o atendimento da sua finalidade declarada, que é a de dar suporte à produção estatística</p><p>oficial durante a situação de emergência de saúde pública decorrente do Covid-19.</p><p>Vencido o ministro Marco Aurélio, que não referendou a medida cautelar e manteve hígida a medida</p><p>provisória.</p><p>Pontuou que a medida provisória surgiu diante da dificuldade de se colher dados, devido à</p><p>impossibilidade de ter-se pessoas circulando, visitando os domicílios e residências.</p><p>A sociedade perde com o isolamento do IBGE, pois o levantamento de dados é necessário ao</p><p>implemento de políticas públicas.</p><p>Afirmou que a ação direta de inconstitucionalidade foi ajuizada contra ato precário e efêmero, que</p><p>fica, uma vez formalizado pelo Executivo, submetido a condição resolutiva do Congresso Nacional, que</p><p>tem prazo para pronunciar-se a respeito. Ao analisar a medida provisória, o Congresso Nacional aprecia</p><p>sua harmonia ou não com a CF, bem como a conveniência e a oportunidade da normatização da matéria.</p><p>Afastou a concepção segundo a qual existiria verdadeira conspiração por trás dessa medida</p><p>provisória. Destacou que não se pode presumir o excepcional ou extravagante.</p><p>(1) MP 954/2020: “Art. 1º Esta Medida Provisória dispõe sobre o compartilhamento de dados por empresas de</p><p>telecomunicações prestadoras do Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC e do Serviço Móvel Pessoal - SMP com a Fundação</p><p>Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória se aplica durante a situação</p><p>de emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19), de que trata a Lei nº 13.979, de 6</p><p>de fevereiro de 2020. Art. 2º As empresas de telecomunicação prestadoras do STFC e do SMP deverão disponibilizar à Fundação</p><p>IBGE, em meio eletrônico, a relação dos nomes, dos números de telefone e dos endereços de seus consumidores, pessoas físicas ou</p><p>jurídicas. § 1º Os dados de que trata o caput serão utilizados direta e exclusivamente pela Fundação IBGE para a produção estatística</p><p>oficial, com o objetivo de realizar entrevistas em caráter não presencial no âmbito de pesquisas domiciliares. § 2º Ato do Presidente</p><p>da Fundação IBGE, ouvida a Agência Nacional de Telecomunicações, disporá, no prazo de três dias, contado da data de publicação</p><p>desta Medida Provisória, sobre o procedimento para a disponibilização dos dados de que trata o caput. § 3º Os dados deverão ser</p><p>disponibilizados no prazo de: I – sete dias, contado da data de publicação do ato de que trata o § 2º; e II – quatorze dias, contado da</p><p>data da solicitação, para as solicitações subsequentes. Art. 3º Os dados compartilhados: I - terão caráter sigiloso; II – serão usados</p><p>exclusivamente para a finalidade prevista no § 1º do art. 2º; e III – não serão utilizados como objeto de certidão ou meio de prova em</p><p>processo administrativo, fiscal ou judicial, nos termos do disposto na Lei nº 5.534, de 14 de novembro de 1968. § 1º É vedado à</p><p>Fundação IBGE disponibilizar os dados a que se refere o caput do art. 2º a quaisquer empresas públicas ou privadas ou a órgãos ou</p><p>entidades da administração pública direta ou indireta de quaisquer dos entes federativos. § 2º A Fundação IBGE informará, em seu</p><p>sítio eletrônico, as situações em que os dados referidos no caput do art. 2º foram utilizados e divulgará relatório de impacto à proteção</p><p>de dados pessoais, nos termos do disposto na Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Art. 4º Superada a situação de emergência de</p><p>saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19), nos termos do disposto na Lei nº 13.979, de 2020,</p><p>as informações compartilhadas na forma prevista no caput do art. 2º ou no art. 3º serão eliminadas das bases de dados da Fundação</p><p>IBGE. Parágrafo único. Na hipótese de necessidade de conclusão de produção estatística oficial, a Fundação IBGE poderá utilizar os</p><p>dados pelo prazo de trinta dias, contado do fim da situação de emergência de saúde pública de importância internacional. Art. 5º Esta</p><p>Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.”</p><p>ADI 6387 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)</p><p>ADI 6388 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)</p><p>ADI 6389 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)</p><p>ADI 6390 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)</p><p>ADI 6393 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)</p><p>Covid-19 e pedidos de acesso à informação - ADI 6347 MC-Ref/DF; ADI 6351 MC-Ref/DF e</p><p>ADI 6353 MC-Ref/DF</p><p>O Plenário referendou medida cautelar</p><p>em ações diretas de inconstitucionalidade para suspender a</p><p>eficácia do art. 6º-B da Lei 13.979/2020 (1), incluído pelo art. 1º da Medida Provisória (MP) 928/2020,</p><p>atos normativos que dispõem sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de</p><p>importância internacional decorrente do novo coronavírus (Covid-19).</p><p>O colegiado esclareceu que a Constituição Federal de 1988 (CF) consagrou expressamente o</p><p>princípio da publicidade como um dos vetores imprescindíveis à Administração Pública no âmbito dos três</p><p>Poderes.</p><p>À consagração constitucional de publicidade e transparência corresponde a obrigatoriedade do</p><p>Estado em fornecer as informações solicitadas, sob pena de responsabilização política, civil e criminal.</p><p>Observou que o princípio da transparência e o da publicidade são corolários da participação política</p><p>dos cidadãos em uma democracia representativa. Essa participação somente se fortalece em um ambiente</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895165</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895166</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895168</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895176</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5896399</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5881595</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5881853</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5882447</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5eb2c3c7733b234bbf51ad51/84cc61380dc6a5c1dd02da35b2c9fb2b/Covid-19_e_pedidos_de_acesso_%C3%A0_informa%C3%A7%C3%A3o.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=q98iWne_mjM&list=PLippyY19Z47vH1lUKHUp1ROP_N66VP8dN</p><p>de total visibilidade e possibilidade de exposição crítica das diversas opiniões sobre as políticas públicas</p><p>adotadas pelos governantes. A publicidade e a transparência são absolutamente necessárias para a</p><p>fiscalização dos órgãos governamentais.</p><p>O Tribunal entreviu ser obrigação dos gestores prestar melhor ainda as informações num momento</p><p>em que as licitações não são exigidas para a compra de inúmeros materiais, em virtude do estado de</p><p>calamidade.</p><p>Realçou que o acesso a informações consubstancia verdadeira garantia instrumental ao pleno</p><p>exercício do princípio democrático, que abrange debater assuntos públicos de forma irrestrita, robusta e</p><p>aberta.</p><p>Dessa maneira, a publicidade específica de determinada informação somente poderá ser</p><p>excepcionada quando o interesse público assim determinar. Salvo situações excepcionais, a Administração</p><p>Pública tem o dever de absoluta transparência na condução dos negócios públicos, sob pena de desrespeito</p><p>aos arts. 5º, XXXIII e LXXII, e 37, caput, da CF (2).</p><p>Em sede de cognição sumária, o Plenário concluiu que o dispositivo em debate transformou a regra</p><p>constitucional de publicidade e transparência em exceção, invertendo a finalidade da proteção</p><p>constitucional ao livre acesso de informações a toda sociedade. Pretendeu-se restringir o livre acesso do</p><p>cidadão a informações que a CF consagra.</p><p>O ministro Roberto Barroso acrescentou que, na Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação),</p><p>existem válvulas de escape para situações emergenciais. Estão descritas no art. 11, notadamente no inciso</p><p>II, que permite, na hipótese de impossibilidade fática, justificativa pela qual a informação não foi prestada.</p><p>(1) Lei 13.979/2020: “Art. 6º-B. Serão atendidos prioritariamente os pedidos de acesso à informação, de que trata a Lei</p><p>12.527, de 2011, relacionados com medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública de que trata esta Lei. § 1º Ficarão</p><p>suspensos os prazos de resposta a pedidos de acesso à informação nos órgãos ou nas entidades da administração pública cujos</p><p>servidores estejam sujeitos a regime de quarentena, teletrabalho ou equivalentes e que, necessariamente, dependam de: I – acesso</p><p>presencial de agentes públicos encarregados da resposta; ou II – agente público ou setor prioritariamente envolvido com as medidas</p><p>de enfrentamento da situação de emergência de que trata esta Lei. § 2º Os pedidos de acesso à informação pendentes de resposta com</p><p>fundamento no disposto no § 1º deverão ser reiterados no prazo de dez dias, contado da data em que for encerrado o prazo de</p><p>reconhecimento de calamidade pública a que se refere o Decreto Legislativo 6, de 20 de março de 2020. § 3º Não serão conhecidos</p><p>os recursos interpostos contra negativa de resposta a pedido de informação negados com fundamento no disposto no § 1º. § 4º Durante</p><p>a vigência desta Lei, o meio legítimo de apresentação de pedido de acesso a informações de que trata o art. 10 da Lei 12.527, de 2011,</p><p>será exclusivamente o sistema disponível na internet. § 5º Fica suspenso o atendimento presencial a requerentes relativos aos pedidos</p><p>de acesso à informação de que trata a Lei 12.527, de 2011.”</p><p>(2) CF: “Art. 5º (...) XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de</p><p>interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja</p><p>imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (...) LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de</p><p>informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter</p><p>público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; (...) Art. 37. A</p><p>administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá</p><p>aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)”</p><p>ADI 6347 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 30.4.2020. (INF 975)</p><p>ADI 6351 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 30.4.2020. (INF 975)</p><p>ADI 6353 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 30.4.2020. (INF 975)</p><p>Covid-19 e povos indígenas - ADPF 709 Ref-MC/DF</p><p>Parte 1 -</p><p>Parte 2 -</p><p>O Plenário, por maioria, referendou cautelar deferida parcialmente em ação de descumprimento de</p><p>preceito fundamental na qual se questiona um conjunto de atos comissivos e omissivos do Poder Público,</p><p>relacionados ao combate à pandemia por Covid-19, que implicariam alto risco de contágio e de extermínio</p><p>de diversos povos indígenas.</p><p>A cautelar foi deferida pelo Min. Roberto Barroso (relator) nos seguintes termos: “III. SÍNTESE</p><p>DAS CAUTELARES DEFERIDAS 62. Diante do exposto, são as seguintes as medidas cautelares deferidas</p><p>por este Relator: III.1. QUANTO AOS POVOS INDÍGENAS EM ISOLAMENTO OU POVOS</p><p>INDÍGENAS DE RECENTE CONTATO: 1. Criação de barreiras sanitárias, que impeçam o ingresso de</p><p>terceiros em seus territórios, conforme plano a ser apresentado pela União, ouvidos os membros da Sala de</p><p>Situação (infra), no prazo de 10 dias, contados da ciência desta decisão. 2. Criação de Sala de Situação,</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5881595</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo975.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5881853</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo975.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5882447</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo975.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5952986</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f334a914c76c4892abbab53/1e53db1c16748711af8b1062da3ce7ae/Covid19_e_povos_ind%C3%ADgenas.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=eVjnJzNvpz0</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=EbuPsk4HvUU&list=PLippyY19Z47tM-_odQkNiwFR3E--4UjGE</p><p>para gestão de ações de combate à pandemia quanto aos Povos Indígenas em Isolamento e de Contato</p><p>Recente, nos seguintes termos: (i) composição pelas autoridades que a União entender pertinentes, bem</p><p>como por membro da Procuradoria-Geral da República, da Defensoria Pública da União e por</p><p>representantes indígenas indicados pela APIB; (ii) indicação de membros pelas respectivas entidades, no</p><p>prazo de 72 horas a contar da ciência desta decisão, apontando-se seus respectivos nomes, qualificações,</p><p>correios eletrônicos e telefones de contato, por meio de petição ao presente juízo; (iii) convocação da</p><p>primeira reunião da Sala de Situação, pela União, no prazo de 72 horas, a contar da indicação de todos os</p><p>representantes, por correio eletrônico com aviso de recebimento encaminhado a todos eles, bem como por</p><p>petição ao presente juízo; (iv) designação e realização da primeira reunião, no prazo de até 72 horas da</p><p>convocação, anexada a respectiva ata ao processo, para ciência do juízo. III.2. QUANTO A POVOS</p><p>INDÍGENAS EM GERAL 1. Inclusão, no Plano de Enfrentamento e Monitoramento da Covid-19 para os</p><p>Povos Indígenas (infra), de medida emergencial de contenção e isolamento dos invasores em relação às</p><p>comunidades indígenas ou providência alternativa, apta a evitar o contato. 2. Imediata extensão dos serviços</p><p>do Subsistema Indígena de Saúde aos povos aldeados situados em terras não homologadas. 3. Extensão dos</p><p>serviços do Subsistema Indígena de Saúde aos povos indígenas não aldeados, exclusivamente, por ora,</p><p>quando verificada barreira de acesso ao SUS geral. 4. Elaboração e monitoramento de um Plano de</p><p>Enfrentamento da COVID-19 para os Povos Indígenas Brasileiros pela União, no prazo de 30 dias contados</p><p>da ciência desta decisão, com a participação do Conselho Nacional de Direitos Humanos e dos</p><p>representantes das comunidades indígenas, nas seguintes condições: (i) indicação dos representantes das</p><p>comunidades indígenas, tal como postulado pelos requerentes, no prazo de 72 horas, contados da ciência</p><p>dessa decisão, com respectivos nomes, qualificações, correios eletrônicos e telefones de contatos, por meio</p><p>de petição ao presente juízo; (ii) apoio técnico da Fundação Oswaldo Cruz e do Grupo de Trabalho de</p><p>Saúde Indígena da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO, cujos representantes deverão ser</p><p>indicados pelos requerentes, no prazo de 72 horas a contar da ciência desta decisão, com respectivos nomes,</p><p>qualificações, correios eletrônicos e telefones de contato; (iii) indicação pela União das demais autoridades</p><p>e órgãos que julgar conveniente envolver na tarefa, com indicação dos mesmos elementos. 63. Observa-se,</p><p>por fim, que todos os prazos acima devem ser contados em dias corridos e correrão durante o recesso. O</p><p>término do recesso coincidirá aproximadamente com a conclusão da elaboração dos planos e seu exame</p><p>pelo juízo, de modo que não há risco de concretização de medidas irreversíveis antes do retorno do Supremo</p><p>Tribunal Federal a pleno funcionamento, ressalvadas novas situações emergenciais que possam ocorrer no</p><p>período e que demandem interferência imediata. 64. A implementação das cautelares não prejudica que se</p><p>dê continuidade a todas as ações de saúde já em curso e planejadas em favor das comunidades indígenas,</p><p>que não devem ser interrompidas. CONCLUSÃO 65. Por todo o exposto, defiro parcialmente as cautelares</p><p>postuladas pelos requerentes, nos termos e condições previstos acima (item III)”.</p><p>Reconheceu-se a presença dos requisitos autorizadores da concessão parcial da cautelar, ressaltando-</p><p>se a existência de indícios de expansão acelerada do contágio pelo Covid-19 nas comunidades indígenas e</p><p>a insuficiência das ações promovidas pela União para sua contenção.</p><p>O relator salientou, inicialmente, as três diretrizes que embasaram sua decisão: 1) os princípios da</p><p>precaução e da prevenção, no que respeita à proteção à vida e à saúde; 2) a necessidade de diálogo</p><p>institucional entre o Judiciário e o Poder Executivo, em matéria de políticas públicas decorrentes da</p><p>Constituição Federal (CF); e 3) a imprescindibilidade de diálogo intercultural, em toda questão que envolva</p><p>os direitos de povos indígenas.</p><p>Quanto à primeira diretriz, asseverou a preocupação concernente ao risco de extinção de etnias se a</p><p>doença se espalhar de forma descontrolada. O objetivo é o de salvar o maior número de vidas possível e de</p><p>preservar essas etnias. No que se refere à segunda, afirmou que a concretização das políticas públicas</p><p>necessárias depende diretamente da atuação do Ministério da Saúde e das Forças Armadas. Registrou, no</p><p>ponto, que as Forças Armadas já vêm atuando nesse sentido, mediante a entrega de cestas básicas e</p><p>suprimentos e materiais de saúde a diversas comunidades indígenas, e, em parceria com o Ministério da</p><p>Saúde, por meio de atenção médica a tais povos. As medidas requeridas implicam a mobilização de</p><p>múltiplas instituições e agentes, com expertise técnica e experiência em suas respectivas áreas de atuação.</p><p>Demandam a tomada de posição sobre temas a respeito dos quais as capacidades institucionais do Supremo</p><p>Tribunal Federal podem ser limitadas. Portanto, é imprescindível que se estabeleça uma interlocução entre</p><p>os distintos órgãos do Poder Executivo e o Poder Judiciário, para que se busque, tanto quanto possível, uma</p><p>solução consensual para o problema sob exame. Relativamente à terceira, observou que cada comunidade</p><p>possui particularidades, circunstâncias e cultura próprias. É preciso permitir que esses povos expressem</p><p>suas necessidades e auxiliar o Estado na busca de soluções cabíveis. Por essa razão, toda e qualquer decisão</p><p>que envolva povos indígenas deve assegurar também um diálogo intercultural. Existe, inclusive, tratado de</p><p>direito internacional ratificado e internalizado pelo Brasil que determina que decisões acerca da proteção</p><p>da vida, da saúde e do meio ambiente que envolvam povos indígenas devem necessariamente ser tomadas</p><p>com a sua participação (Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho - OIT).</p><p>Esclareceu terem sido formulados, na ação, pedidos específicos em relação aos povos indígenas em</p><p>isolamento ou de contato recente, bem como pedidos que se destinam aos povos indígenas em geral. Não</p><p>obstante tenha reputado todos os pedidos relevantes e pertinentes, entendeu que nem todos poderiam ser</p><p>integralmente acolhidos no âmbito precário de uma decisão cautelar ou satisfeitos por simples ato de</p><p>vontade, por exigirem planejamento adequado e diálogo institucional entre os Poderes.</p><p>No que respeita ao pedido de criação de barreiras sanitárias formulado em favor dos povos indígenas</p><p>em isolamento ou de contato recente, considerou que a opção pelo não contato decorre de direito desses</p><p>povos à autodeterminação e constitui uma forma de preservar a sua identidade cultural e as suas próprias</p><p>organizações, usos, costumes e tradições. Por isso, o ingresso de qualquer membro exógeno à comunidade,</p><p>sem a sua autorização, constitui um ilícito. Tais povos têm direito ao isolamento e o Estado tem o dever de</p><p>assegurá-lo. Ademais, na atual situação, com uma pandemia em curso, os povos em isolamento e de contato</p><p>recente são os mais expostos ao risco de contágio e de extinção. Isso decorre das condições de</p><p>vulnerabilidade imunológica e sociocultural. De acordo com diretrizes internacionais da Organização das</p><p>Nações Unidas (ONU) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a medida protetiva</p><p>mais eficaz a ser tomada em favor de tais povos é assegurar-lhes o isolamento da sociedade envolvente, por</p><p>meio de barreiras ou cordões sanitários que impeçam — inclusive com o uso da força, se necessário — o</p><p>acesso de estranhos às suas terras. No ponto, reconheceu a presença de perigo na demora, dado que há risco</p><p>iminente de contágio, caso não se</p><p>criem mecanismos de contenção do ingresso nessas terras. Afirmou que</p><p>os recursos materiais e de pessoal a serem utilizados nas barreiras, sua localização, os protocolos sanitários</p><p>a serem empregados pelos agentes do Estado e demais especificações devem ser determinados pela União,</p><p>por meio da elaboração de um plano, ouvidos os membros integrantes da Sala de Situação.</p><p>Com base nos princípios da precaução e da prevenção, o relator reconheceu, também, a</p><p>verossimilhança do direito à criação de uma Sala de Situação e perigo na demora. A criação dessa Sala de</p><p>Situação para a gestão da epidemia, no que respeita a povos indígenas e de recente contato, é prevista em</p><p>norma federal expedida pelo Ministério da Saúde (Portaria Conjunta 4.094/2018, do Ministério da Saúde e</p><p>da Fundação Nacional do Índio - FUNAI). Portanto, não há que se falar em interferência do Judiciário sobre</p><p>Políticas Públicas, mas em mera implementação judicial de norma federal que não está sendo observada</p><p>pelo Poder Executivo. Deferiu, nessa mesma linha, o pleito de participação indígena na Sala de Situação,</p><p>haja vista o seu respaldo pela Convenção 169 da OIT. A Convenção prevê, ainda, que o Poder Público deve</p><p>assegurar os meios necessários para que as instituições responsáveis pela administração de programas no</p><p>interesse dessas comunidades funcionem adequadamente. Essa norma acolhe o pleito de participação da</p><p>Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal, que poderão apoiar os representantes dos</p><p>povos indígenas. A Defensoria por seu papel na defesa dos necessitados (CF, art. 134) e o Ministério</p><p>Público por seu papel de defesa dos direitos e interesses das populações indígenas (CF, art. 129, V).</p><p>No que tange ao pedido, dirigido aos povos indígenas em geral, de retirada de invasores das terras</p><p>indígenas indicadas, julgou presente a verossimilhança do direito alegado. A presença desses grupos em</p><p>terras indígenas constitui violação do direito de tais povos ao seu território, à sua cultura e ameaça à sua</p><p>vida e saúde. Observou que essas invasões se deram para o cometimento de crimes, como o desmatamento,</p><p>a extração ilegal de madeira e o garimpo ilegal. A remoção, portanto, é medida imperativa, imprescindível</p><p>e dever da União, sendo inaceitável a inação do governo federal em relação a esse fato. No entanto, admitiu</p><p>que a situação não é nova e não guarda relação com a pandemia. Trata-se de problema social gravíssimo,</p><p>que ocorre em diversas terras indígenas e unidades de conservação, de difícil resolução, dado o grande</p><p>contingente de pessoas (mais de 20.000 invasores em apenas uma das áreas) e o elevado risco de conflito</p><p>armado. Não há como equacionar e solucionar esse problema nos limites de uma medida cautelar. Porém,</p><p>a União deve se organizar para enfrentar o problema, que só faz crescer, e formular um plano de desintrusão.</p><p>Acrescentou que cria risco de contágio o ingresso de pessoas estranhas às comunidades indígenas, inclusive</p><p>de equipes médicas do Ministério da Saúde e das Forças Armadas. Há, portanto, considerável periculum</p><p>in mora inverso na determinação da retirada como postulada, já que implicaria o ingresso de forças</p><p>militares e policiais em terra indígena, com risco de conflito armado durante a pandemia e, por conseguinte,</p><p>poderia agravar a ameaça já existente à vida de tais povos. Assim, julgou recomendável que se considere,</p><p>por ora, medida emergencial de contenção e isolamento dos invasores em relação às comunidades indígenas</p><p>ou providência alternativa apta a evitar o contato.</p><p>O relator também vislumbrou verossimilhança do direito alegado e perigo da demora, relativamente</p><p>ao pleito de extensão do Subsistema de Saúde Indígena também aos indígenas urbanos (não aldeados) e aos</p><p>indígenas aldeados, residentes em terras indígenas, cuja demarcação e homologação ainda não foram</p><p>concluídas pelo Poder Público. Salientou que a Secretaria Especial de Saúde Indígena - SESAI e da FUNAI</p><p>limitaram o atendimento por esse subsistema apenas aos indígenas aldeados, residentes em terras indígenas</p><p>homologadas. Esclareceu que, no tocante aos indígenas aldeados residentes em terras não homologadas, a</p><p>alegação de que podem recorrer ao SUS geral é de viabilidade duvidosa, já que se trata de povos situados</p><p>em locais de difícil acesso, sem capilaridade de postos de saúde e hospitais, e com práticas culturais, idioma</p><p>e eventuais particularidades que o SUS geral não está habilitado a atender. Portanto, o acesso ao citado</p><p>subsistema deve ser imediato. Quanto aos indígenas urbanos não aldeados, observou que são remetidos ao</p><p>SUS normal, o qual, no entanto, é desconhecedor das suas necessidades específicas e peculiaridades</p><p>culturais. Entretanto, tendo em conta que o subsistema precisará passar por uma considerável readequação,</p><p>que tende a absorver parte significativa da sua capacidade institucional ao passar a atender, de imediato, os</p><p>indígenas aldeados localizados em terras não homologadas, que não eram alcançados por seus serviços, o</p><p>relator entendeu haver perigo na demora inverso no deferimento imediato da cautelar em face da eventual</p><p>sobrecarga do subsistema. Por essa razão, determinou a extensão dos serviços do subsistema aos povos</p><p>indígenas não aldeados, por ora, quando verificada barreira de acesso ao SUS geral.</p><p>O ministro Roberto Barroso concluiu pela necessidade da elaboração e do monitoramento de um</p><p>plano de enfrentamento da pandemia para os povos indígenas brasileiros com a participação dos</p><p>representantes dessas comunidades. Salientou que, a fim de assegurar o diálogo institucional e intercultural,</p><p>por um lado, e de observar os princípios da precaução e da prevenção de outro, cabe à União a formulação</p><p>do referido plano, com a participação do Conselho de Direitos Humanos, dos representantes dos povos</p><p>indígenas e demais consultores ad hoc.</p><p>Vencidos, parcialmente, o ministro Edson Fachin, que deferia a liminar em maior amplitude, e o</p><p>ministro Ricardo Lewandowski, que acompanhava o relator, mas estabelecia prazos.</p><p>ADPF 709 Ref-MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 3 e 5.8.2020. (INF 985)</p><p>Escusa de consciência por motivo de crença religiosa e fixação de horários alternativos para</p><p>realização de certame público ou para o exercício de deveres funcionais inerentes ao cargo</p><p>público - RE 611874/DF e ARE 1099099/SP</p><p>Parte 1 -</p><p>Parte 2 -</p><p>Tese fixada:</p><p>Nos termos do artigo 5º, VIII (1), da Constituição Federal é possível a realização de etapas de</p><p>concurso público em datas e horários distintos dos previstos em edital, por candidato que invoca</p><p>escusa de consciência por motivo de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da</p><p>alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus</p><p>desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada (Tema 386).</p><p>Nos termos do artigo 5º, VIII, da Constituição Federal é possível à Administração Pública,</p><p>inclusive durante o estágio probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício dos</p><p>deveres funcionais inerentes aos cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de</p><p>consciência por motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, não se</p><p>caracterize o desvirtuamento do exercício de suas funções e não acarrete ônus desproporcional à</p><p>Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada (Tema 1.021).</p><p>Resumo:</p><p>É possível a fixação de obrigações alternativas a candidatos em concursos públicos e a</p><p>servidores em estágio probatório, que se escusem de cumprir as obrigações legais originalmente</p><p>fixadas por motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a</p><p>preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à</p><p>Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada.</p><p>A fixação de obrigações alternativas para a realização de</p><p>e fato</p><p>superveniente - ARE 1197808 AgR-segundo e terceiro/SP ............................... 123</p><p>5.2 SISTEMA ELEITORAL ....................................................................................... 125</p><p>Cláusula de desempenho individual e constitucionalidade - ADI 5920/DF ...... 125</p><p>Covid-19: suspensão de prazos para filiação partidária, comprovação de</p><p>domicílio eleitoral e desincompatibilização de função pública - ADI 6359 Ref-</p><p>MC/DF ............................................................................................................. 126</p><p>Dispensa da exigência de votação mínima e distribuição das vagas</p><p>remanescentes - ADI 5947/DF ......................................................................... 127</p><p>Sistema de representação proporcional e distribuição das vagas remanescentes -</p><p>ADI 5420/DF .................................................................................................... 128</p><p>6. DIREITO FINANCEIRO ....................................................................................... 129</p><p>6.1 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL ............................................................. 129</p><p>COVID-19: limites da despesa total com pessoal e regime extraordinário fiscal e</p><p>financeiro - ADI 6394/AC ................................................................................ 129</p><p>7. DIREITO PENAL ................................................................................................... 129</p><p>7.1 CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO ............................................................. 130</p><p>Crime de fuga e direito à não autoincriminação - ADC 35/DF ........................ 130</p><p>7.2 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E LEGISLAÇÃO PENAL</p><p>ESPECIAL ................................................................................................................. 130</p><p>Corrupção passiva e danos morais coletivos - AP 1002/DF .............................. 130</p><p>7.3 CRIMES CONTRA A HONRA ............................................................................ 132</p><p>Ação penal privada: difamação, vídeo com conteúdo fraudulento e divulgação</p><p>em rede social de parlamentar - AP 1021/DF ................................................... 132</p><p>Discurso de parlamentar e crime contra honra - PET 7174/DF ....................... 134</p><p>7.4 CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO</p><p>EM GERAL ................................................................................................................ 134</p><p>Crime de desobediência: ato atentatório à dignidade da Justiça e tipicidade - 2 -</p><p>HC 169417/SP .................................................................................................. 134</p><p>7.5 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ........................................................................ 135</p><p>Prescrição penal e natureza constitucional - RE 1241683 AgR/RS .................. 135</p><p>7.6 LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL ..................................................................... 135</p><p>Execução provisória da pena: filho menor e prisão domiciliar - 2 - HC 154694</p><p>AgR/SP ............................................................................................................. 135</p><p>7.7 PENA.................................................................................................................... 136</p><p>Causa de diminuição: pagamento do principal e arrependimento posterior - HC</p><p>165312/SP ........................................................................................................ 136</p><p>7.8 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................... 137</p><p>Paciente reincidente e absolvição pelo princípio da insignificância - RHC</p><p>174784/MS ....................................................................................................... 137</p><p>Princípio da insignificância: reincidência e furto cometido no período noturno -</p><p>HC 181389 AgR/SP .......................................................................................... 137</p><p>7.9 REINCIDÊNCIA .................................................................................................. 138</p><p>Comprovação da reincidência – Inexistência de forma específica - HC 162548</p><p>AgR/SP ............................................................................................................. 138</p><p>8. DIREITO PREVIDENCIÁRIO .............................................................................. 138</p><p>8.1 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS .................................................................... 138</p><p>Art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991: “desaposentação” e “reaposentação” - RE</p><p>381367 ED/RS e RE 827833 ED/SC ................................................................. 138</p><p>9. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .......................................................................... 139</p><p>9.1 AÇÃO RESCISÓRIA ........................................................................................... 139</p><p>Omissão no julgado e ação rescisória - AR 2107/SP ........................................ 139</p><p>9.2 “AMICUS CURIAE” ............................................................................................ 140</p><p>Indeferimento de ingresso de “amicus curiae” e recorribilidade - 4 - ADI 3396</p><p>AgR/DF ............................................................................................................ 140</p><p>9.3 AUXILIARES DA JUSTIÇA ................................................................................ 141</p><p>Atribuições dos oficiais de justiça - ADI 4853/MA ........................................... 141</p><p>9.4 DEPÓSITOS JUDICIAIS ...................................................................................... 141</p><p>Fundo especial do Poder Judiciário e fontes de receitas - ADI 4981/RR .......... 141</p><p>9.5 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ....................................................................... 142</p><p>Embargos de declaração e jurisprudência superveniente - Rcl 15724 AgR-ED/PR</p><p>......................................................................................................................... 142</p><p>9.6 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ....................................................................... 143</p><p>Honorários advocatícios e recursos do Fundef - 2 - ARE 1107296 AgR/PE .... 143</p><p>9.7 LEGITIMIDADE .................................................................................................. 144</p><p>Procurador municipal e interposição de recurso extraordinário - RE 1068600</p><p>AgR-ED-EDv/RN ............................................................................................. 144</p><p>9.8 PROCESSO EM GERAL ...................................................................................... 144</p><p>Sustentação oral e julgamento iniciado no Plenário Virtual - ADI 4735/DF ... 144</p><p>9.9 RECLAMAÇÃO ................................................................................................... 145</p><p>Reclamação: sistemática da repercussão geral e julgamento de REsp pelo STJ - 3</p><p>- Rcl 24810 AgR/MG ........................................................................................ 145</p><p>9.10 RECURSOS ........................................................................................................ 146</p><p>Recurso extraordinário com agravo e decisão em ADI - ARE 1179455 AgR/PI</p><p>......................................................................................................................... 146</p><p>10. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO ......................................... 147</p><p>10.1 EXECUÇÃO ....................................................................................................... 147</p><p>Reclamação: Tema 253 da repercussão geral, Metrô-DF e execução - Rcl 29637</p><p>AgR/DF ............................................................................................................ 147</p><p>11. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ......................................................... 148</p><p>11.1 RECURSOS ........................................................................................................</p><p>certame público ou para aprovação em</p><p>estágio probatório, em razão de convicções religiosas, não significa privilégio, mas sim permissão ao</p><p>exercício da liberdade de crença sem indevida interferência estatal nos cultos e nos ritos [CF, art. 5º, VI</p><p>(2)].</p><p>O fato de o Estado ser laico [CF, art. 19, I (3)] não lhe impõe uma conduta negativa diante da</p><p>proteção religiosa. A separação entre o Estado brasileiro e a religião não é absoluta. O Estado deve proteger</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5952986</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal985.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3861938</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5326615</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc1b8c8b8194614178e9026/29285f3030752f590b2a6b4cd95dad8f/RE_611874_e_ARE_1099099.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=4qXgiG_iXvI</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=mgEBUKrG9ps</p><p>a diversidade em sua mais ampla dimensão, dentre as quais se inclua a liberdade religiosa e o direito de</p><p>culto.</p><p>Nesse sentido, o papel da autoridade estatal não é o de remover a tensão por meio da exclusão ou</p><p>limitação do pluralismo, mas sim assegurar que os grupos se tolerem mutuamente, principalmente quando</p><p>em jogo interesses individuais ou coletivos de um grupo minoritário.</p><p>A separação entre religião e Estado, portanto, não pode implicar o isolamento daqueles que guardam</p><p>uma religião à sua esfera privada. O princípio da laicidade não se confunde com laicismo. O princípio da</p><p>laicidade, em verdade, veda que o Estado assuma como válida apenas uma crença religiosa.</p><p>Nessa medida, ninguém deve ser privado de seus direitos em razão de sua crença ou descrença</p><p>religiosa, salvo se a invocar para se eximir de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir</p><p>prestação alternativa (CF, art. 5º, VIII).</p><p>No caso, trata-se de dois temas de repercussão geral, apregoados em conjunto e que se referem às</p><p>relações entre Estado e religião. No RE 611.874 (Tema 386 da repercussão geral), discute-se a possibilidade</p><p>de realização de etapas de concurso em datas e locais diferentes dos previstos em edital por motivo de</p><p>crença religiosa do candidato. Já no ARE 1.099.099 (Tema 1.021 da repercussão geral), discute-se o dever,</p><p>ou não, de o administrador público disponibilizar obrigação alternativa para servidora, em estágio</p><p>probatório, cumprir deveres funcionais, a que está impossibilitada em virtude de sua crença religiosa.</p><p>Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o RE 611.874 (Tema 386 da</p><p>repercussão geral), negou provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do min. Edson Fachin,</p><p>redator para o acórdão. Na mesma sessão de julgamento, ao julgar o ARE 1.099.099 (Tema 1.021 da</p><p>repercussão geral), o Plenário, por maioria, deu provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto</p><p>do relator.</p><p>(1) CF: “Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos</p><p>estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos</p><p>seguintes: (...) VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se</p><p>as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;”</p><p>(2) CF: “Art. 5º. (...) VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos</p><p>religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”</p><p>(3) CF: “Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou</p><p>igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou</p><p>aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;”</p><p>RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 19.11,</p><p>25.11 e 26.11.2020 (INF 1000)</p><p>ARE 1099099/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 19.11, 25.11 e 26.11.2020 (INF 1000)</p><p>Inquérito para investigar “Fake News” e ameaças contra o STF: constitucionalidade - 2 -</p><p>ADPF 572 MC/DF</p><p>Parte 1 -</p><p>Parte 2 -</p><p>O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em arguição de descumprimento de</p><p>preceito fundamental (ADPF), em que se discutia a constitucionalidade da instauração de inquérito pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal (STF), realizada com o intuito de apurar a existência de notícias fraudulentas</p><p>(fake news), denunciações caluniosas, ameaças e atos que podem configurar crimes contra a honra e atingir</p><p>a honorabilidade e a segurança do STF, de seus membros e familiares. Por conseguinte, a Corte declarou a</p><p>constitucionalidade da Portaria GP 69/2019, que instaurou o referido inquérito, e a constitucionalidade do</p><p>art. 43 (1) do Regimento Interno do STF (RISTF), que lhe serviu de fundamento legal (Informativo 981).</p><p>Preliminarmente, o Tribunal conheceu da ADPF e converteu o julgamento da medida acauteladora</p><p>em julgamento definitivo de mérito.</p><p>Quanto ao mérito, assentou condicionantes no sentido de que o procedimento investigatório: (a) seja</p><p>acompanhado pelo Ministério Público (MP); (b) seja integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula</p><p>Vinculante; (c) limite o objeto do inquérito a manifestações que, denotando risco efetivo à independência</p><p>do Poder Judiciário (CF, art. 2º), pela via da ameaça aos membros do STF e a seus familiares, atentam</p><p>contra os Poderes instituídos, contra o Estado de Direito e contra a democracia; e (d) observe a proteção da</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=623839</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=749328166</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3861938</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3861938</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5326615</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5658808</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo.htm#Inqu%C3%A9rito%20para%20investigar%20%E2%80%9CFake%20News%E2%80%9D%20e%20amea%C3%A7as%20contra%20o%20STF:%20constitucionalidade</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ef37eb42a2f17129dfc3646/4c05cd0ae4c4aca6643fb8d7da61d40e/Inqu%C3%A9rito_para_investigar_%E2%80%9CFake_News%E2%80%9D_e_amea%C3%A7as_contra_o_STF_-_constitucionalidade_%E2%80%93_2.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=efoDqGroaF0&list=PLippyY19Z47ts_lO80EmjFL_GBmGTFZmv</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=xf89nxcHUY8&list=PLippyY19Z47sg2UnPH2D5Z2-mwxuhWyY_</p><p>liberdade de expressão e de imprensa nos termos da Constituição, excluindo do escopo do inquérito</p><p>matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras manifestações (inclusive pessoais) na</p><p>internet, feitas anonimamente ou não, desde que não integrem esquemas de financiamento e divulgação</p><p>em massa nas redes sociais.</p><p>Nesse contexto, o colegiado afirmou que o art. 43 do RISTF pode dar ensejo à abertura de inquérito,</p><p>contudo, não é e nem pode ser uma espécie de salvo conduto genérico, tornando-se necessário delimitar</p><p>seu significado. Isso porque a referida regra regimental trata de hipótese de investigação, e deve ser lida</p><p>sob o prisma do devido processo legal; da dignidade da pessoa humana; da prevalência dos direitos</p><p>humanos; da submissão à lei; e da impossibilidade de existir juiz ou tribunal de exceção. Além disso, deve</p><p>ser observado o princípio da separação de Poderes, uma vez que, via de regra, aquele que julga não deve</p><p>investigar ou</p><p>acusar. Ao fazê-lo, como permite a norma regimental, esse exercício excepcional submete-se</p><p>a um elevado grau de justificação e a condições de possibilidade sem as quais não se sustenta.</p><p>A Corte rememorou, ainda, o sentido do Enunciado 14 da Súmula Vinculante. Explicou que, num</p><p>Estado de Direito, a total transparência dos atos do poder público é a regra. Restrições pontuais à</p><p>publicidade devem estar fundadas na defesa da intimidade e do interesse social. O referido verbete tem o</p><p>objetivo de equilibrar esses valores.</p><p>Em seguida, enumerou diversos dispositivos constitucionais e de direito internacional voltados à</p><p>proteção da liberdade de expressão e concluiu que seu regime jurídico garante, por um lado, a</p><p>impossibilidade de censura prévia, e, por outro, a possibilidade de responsabilização civil e penal posterior.</p><p>Além disso, a jurisprudência do STF é farta sobre o tema e contempla decisões que protegem a livre</p><p>circulação de ideias e de manifestações. O STF reconhece que a liberdade de expressão compreende o</p><p>direito de informar, de buscar informação, de opinar e de criticar.</p><p>Ressaltou que, atualmente, existe o problema relativo às fake news, disseminadas especialmente</p><p>pelas mídias sociais. Nesse contexto, não há mais propriamente sujeitos de direito, mas algoritmos que</p><p>espalham algum tipo de informação. Portanto, mesmo com a preponderância que a liberdade de expressão</p><p>assume, e de sua posição preferencial, seu uso em casos concretos pode se tornar abusivo. É por essa razão</p><p>que o exercício legítimo da liberdade de expressão pode estar agregado a alguns condicionantes que balizam</p><p>a aferição de responsabilidades civis e penais.</p><p>A esse respeito, a restrição à liberdade de expressão deve ser permeada por alguns subprincípios.</p><p>Assim, por exemplo, esse direito pode ser limitado se o agente dele se utilizar para o cometimento de crimes</p><p>ou para a disseminação dolosa de informação falsa.</p><p>Especificamente no que diz respeito à ameaça, exige-se seriedade, gravidade e verossimilhança,</p><p>sendo indispensável que o ofendido se sinta ameaçado e acredite que algo de mal lhe pode acontecer.</p><p>Quando a vítima é agente público, essa exigência é mais rigorosa, pois a submissão à crítica é inerente à</p><p>sua atividade. A liberdade de expressão, nesse contexto, atua como exercício de direitos políticos e de</p><p>controle da coisa pública. Isso porque não pode haver privilégios ou tratamentos desiguais com o escopo</p><p>de beneficiar agentes públicos que exercem o poder em nome do povo. A proibição do dissenso equivale a</p><p>impor um mandado de conformidade, condicionando a sociedade à informação oficial, ou um efeito</p><p>dissuasório, culminando com a aniquilação do próprio ato individual de reflexão.</p><p>Portanto, as exceções à liberdade de expressão são restritas, e seus limites estão na alteridade e na</p><p>democracia. Nesse sentido, são vedados discursos racistas, de ódio, supressores de direitos e tendentes a</p><p>excluir determinadas pessoas da sociedade.</p><p>O Tribunal teceu considerações acerca do sistema investigatório. Ordinariamente, compete ao MP</p><p>promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. Dentro do sistema constitucional, a regra</p><p>é: a autoridade policial investiga, o MP acusa e o juiz julga, e nesse ambiente interagem a advocacia e as</p><p>defensorias como funções essenciais.</p><p>O MP não tem exclusividade na investigação preliminar. Em regra, é a polícia judiciária quem</p><p>conduz a investigação, acompanhada pelo MP, titular da acusação. Segundo a Lei 8.038/1990, o MP</p><p>oferecerá denúncia ou pedirá arquivamento do inquérito ou das peças informativas.</p><p>O Plenário discorreu, ainda, sobre a proteção do Estado de Direito e dos Poderes instituídos. Sob</p><p>esse aspecto, nenhuma disposição constitucional pode ser interpretada ou praticada no sentido de permitir</p><p>a grupos ou pessoas suprimirem o exercício dos direitos e garantias fundamentais. Assim, por exemplo, um</p><p>partido político, cujos líderes incitam a violência, defendem políticas que não respeitam a democracia e</p><p>tentam destrui-la, não pode invocar a proteção contra penalidades impostas por atos praticados com essas</p><p>finalidades.</p><p>Não há ordem democrática sem respeito a decisões judiciais. Não há direito que justifique o</p><p>descumprimento de uma decisão da última instância do Poder Judiciário. Afinal, é o Poder Judiciário o</p><p>órgão responsável por afastar, mesmo contra maiorias, medidas que suprimam os direitos constitucionais.</p><p>São inadmissíveis, portanto, a defesa da ditadura, do fechamento do Congresso ou do STF. Não há liberdade</p><p>de expressão que ampare a defesa desses atos.</p><p>Por essa razão, o equilíbrio e a estabilidade entre os Poderes e a preservação da supremacia da</p><p>Constituição estão ameaçados. Nesse contexto, ausente a atuação dos órgãos de controle com o fim de</p><p>apurar o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Judiciário e o Estado de Direito,</p><p>incide o art. 43 do RISTF.</p><p>Esse dispositivo é regra excepcional que confere ao Judiciário função atípica na seara da</p><p>investigação, de modo que seu emprego depende de rígido escrutínio. É um instrumento de defesa da</p><p>própria Constituição, utilizado se houver inércia ou omissão dos órgãos de controle. Ainda que sentidos e</p><p>práticas à luz desse artigo possam ser inconstitucionais, há uma interpretação constitucional.</p><p>Nesse quadro, a apuração inaugurada com fundamento nesse dispositivo regimental destina-se a</p><p>reunir elementos que subsidiarão a representação ou encaminhamento ao MP. Os elementos reunidos pelo</p><p>STF justificam a propositura da ação penal mediante o encaminhamento ao MP dos elementos necessários</p><p>para essa finalidade. As informações equivalem às que são coligidas em um inquérito. Como as ofensas são</p><p>em massa e difusas, o inquérito se justifica para coligir esses elementos.</p><p>Ademais, o STF pode, diante da ciência da ocorrência em tese de um crime, determinar a instauração</p><p>de inquérito, mesmo que não envolva autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição. Muito embora o</p><p>dispositivo regimental exija que os fatos apurados ocorram na sede ou dependência do próprio STF, o</p><p>caráter difuso dos crimes cometidos por meio da internet permite estender o conceito de “sede”, uma vez</p><p>que o STF exerce jurisdição em todo o território nacional. Logo, os crimes objeto do inquérito, contra a</p><p>honra e, portanto, formais, cometidos em ambiente virtual, podem ser considerados como cometidos na</p><p>sede ou dependência do STF.</p><p>A instauração do inquérito justifica-se, desse modo, para preservar a etapa de coleta de provas,</p><p>evitando que matérias próprias do STF sejam submetidas a jurisdições incompetentes; e para impedir que</p><p>suas ordens, autoridade e honorabilidade sejam desobedecidas ou ignoradas.</p><p>Por sua vez, é imprescindível a obediência ao juiz natural. De acordo com a regra regimental, o</p><p>ministro competente para presidir o inquérito é o presidente da Corte, ou seu delegatário. Nesse caso, a</p><p>delegação pode afastar a distribuição por sorteio, embora esta também seja uma via legítima.</p><p>No tocante aos atos já praticados no curso do inquérito, sua eficácia deve ser preservada até a data</p><p>desse julgamento. Ao MP competirá, derradeiramente, diante dos elementos colhidos, propor eventual ação</p><p>penal ou promover o arquivamento respectivo.</p><p>O colegiado concluiu no sentido de que as investigações não têm como objeto qualquer ofensa ao</p><p>agente público, mas devem se limitar às manifestações que denotam risco efetivo à independência do</p><p>Judiciário, pela via da ameaça a seus membros e, assim, risco aos Poderes instituídos, ao Estado de Direito</p><p>e à democracia. Atos atentatórios contra o STF, que incitem seu fechamento, a morte e a prisão de seus</p><p>membros, a desobediência a seus atos, o vazamento de informações sigilosas, não são manifestações</p><p>protegidas pela liberdade de expressão. O dissenso intolerável é aquele que visa a impor com violência o</p><p>consenso.</p><p>Vencido o ministro Marco Aurélio, que julgou procedente o pedido</p><p>formulado na ADPF para</p><p>fulminar o inquérito. Segundo o ministro, o inquérito resultou de ato individual do presidente do STF e não</p><p>passou pelo crivo do colegiado. Além disso, o relator do inquérito foi escolhido a dedo, sem a observância</p><p>do sistema democrático de distribuição. Ademais, a portaria foi editada com base no art. 43 do RISTF.</p><p>Ocorre que a Constituição Federal de 1988, ao consagrar sistema acusatório, não recepcionou o referido</p><p>artigo do RISTF. Pontuou que, em Direito, o meio justifica o fim, jamais o fim justifica o meio utilizado.</p><p>(1) RISTF: “Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito,</p><p>se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro Ministro.”</p><p>ADPF 572 MC/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 17 e 18.6.2020. (INF 982)</p><p>Leiloeiro e caução para o exercício da profissão - RE 1263641/RS</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5658808</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal982.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5878467</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f8486cc359de30246e29e9a/6f8b5c0ac00c0bac5ec413d7de11e375/RE_1263641.mp3</p><p>A exigência de garantia para o exercício da profissão de leiloeiro, prevista nos artigos 6º a 8º</p><p>do Decreto 21.981/1932, é compatível com o art. 5º, XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF) (1).</p><p>O art. 5º, XIII, da CF é norma constitucional de eficácia contida. Por isso, o legislador ordinário</p><p>pode restringir o alcance da liberdade de exercício de qualquer trabalho nela prevista, a fim de disciplinar</p><p>certas atividades cuja prestação possa, por falta de técnica, atingir negativamente a esfera de outros</p><p>indivíduos ou de valores ou interesses da própria sociedade.</p><p>Entretanto, a legitimidade da atuação legislativa no campo do exercício do trabalho deve ser limitada</p><p>ao indispensável para viabilizar a proteção de outros bens jurídicos de interesse público igualmente</p><p>resguardados pela própria Constituição, como a segurança, a saúde, a ordem pública, a incolumidade das</p><p>pessoas e do patrimônio, a proteção especial da infância e outros.</p><p>No caso, o leiloeiro lida diariamente com o patrimônio de terceiros, de forma que a prestação de</p><p>fiança como condição para o exercício de sua profissão busca reduzir o risco de dano ao proprietário, o que</p><p>reforça o interesse social da norma protetiva, bem como justifica a limitação para o exercício da profissão.</p><p>Com esse entendimento, ao apreciar o Tema 455 da repercussão geral, o Plenário, por maioria, negou</p><p>provimento a recurso extraordinário.</p><p>(1) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos</p><p>estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos</p><p>seguintes: (...) XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei</p><p>estabelecer;”</p><p>RE 1263641/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento</p><p>virtual em 9.10.2020. (INF 994)</p><p>Liberdade de expressão e restrição à difusão de produto audiovisual em plataforma de</p><p>“streaming” - Rcl 38782/RJ</p><p>Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming”</p><p>apenas porque seu conteúdo desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra</p><p>fundamento em uma sociedade democrática e pluralista como a brasileira.</p><p>Por se tratar de conteúdo veiculado em plataforma de transmissão particular, na qual o acesso é</p><p>voluntário e controlado pelo próprio usuário, é possível optar-se por não assistir ao conteúdo</p><p>disponibilizado, bem como é viável decidir-se pelo cancelamento da assinatura contratada.</p><p>Além disso, é de se destacar a importância da liberdade de circulação de ideias e o fato de que deve</p><p>ser assegurada à sociedade brasileira, na medida do possível, o livre debate sobre todas as temáticas,</p><p>permitindo-se que cada indivíduo forme suas próprias convicções, a partir de informações que escolha</p><p>obter.</p><p>Há diversas formas de indicar descontentamento com determinada opinião e de manifestar-se contra</p><p>ideais com os quais não se concorda — o que, em verdade, nada mais é do que a dinâmica do chamado</p><p>“mercado livre de ideias”. A censura, com a definição de qual conteúdo pode ou não ser divulgado, deve-</p><p>se dar em situações excepcionais, para que seja evitada, inclusive, a ocorrência de verdadeira imposição de</p><p>determinada visão de mundo.</p><p>Nesse contexto, atos estatais de quaisquer de suas esferas de Poder praticados sob o manto da moral</p><p>e dos bons costumes ou do politicamente correto apenas servem para inflamar o sentimento de dissenso, de</p><p>ódio ou de preconceito, afastando-se da aproximação e da convivência harmônica.</p><p>No caso, trata-se de reclamação constitucional contra julgados do Tribunal de Justiça do Rio de</p><p>Janeiro que, ao restringirem a difusão de conteúdo audiovisual em que formuladas sátiras a elementos</p><p>religiosos inerentes ao Cristianismo, teriam ofendido o decidido por esta Corte na ADPF 130 e na ADI</p><p>2.404.</p><p>Com esse o entendimento, a Turma julgou procedente a reclamação para cassar as decisões</p><p>reclamadas.</p><p>Rcl 38782/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.11.2020. (INF 998)</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=5878467&numeroProcesso=1263641&classeProcesso=RE&numeroTema=455</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5878467</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5878467</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9942.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5841915</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=12837</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1902202</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1902202</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5841915</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9981.pdf</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5faad60414b39a8edf201125/915aebfa2174db9573906ed4ff0a3e49/Rcl_38782.mp3</p><p>Princípio da isonomia: pensão por morte e tratamento diferenciado entre homem e mulher -</p><p>RE 659424/RS</p><p>É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e mulheres</p><p>[Constituição Federal (CF), art. 5º, I], a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de</p><p>outorga de pensão por morte de ex-servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges ou</p><p>companheiros/companheiras (CF, art. 201, V).</p><p>Portanto, contraria o referido postulado constitucional exigir, para concessão da pensão por morte</p><p>ao cônjuge varão supérstite, a comprovação de invalidez e de dependência econômica não exigidos à mulher</p><p>ou companheira. Isso porque estudos recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelam</p><p>a importância das mulheres como “chefes de família”, o que torna completamente ultrapassada a presunção</p><p>de dependência econômica da mulher em relação a seu cônjuge ou companheiro a justificar a mencionada</p><p>discriminação.</p><p>No caso, a atual lei que disciplina o regime de previdência social dos servidores públicos do estado</p><p>do Rio Grande do Sul (Lei Complementar estadual 15.142/2018) revogou expressamente a Lei estadual</p><p>7.672/1982, que exigia essa comprovação de invalidez e de dependência econômica do cônjuge varão para</p><p>o recebimento de pensão por morte. Assim, eliminou qualquer fator de discriminação entre homens e</p><p>mulheres e consagrou, de maneira explícita, a presunção de dependência econômica do cônjuge ou</p><p>companheiro/companheira, sem nenhuma ressalva concernente</p><p>ao gênero do beneficiário.</p><p>Ademais, não há ofensa ao princípio da fonte de custeio, eis que o argumento relativo à necessária</p><p>indicação de contrapartida — como condição para fazer cumprir o princípio constitucional da igualdade —</p><p>não se justifica, por tratar-se de benefício já instituído, sem que a ele corresponda aumento do valor pago.</p><p>As contribuições previdenciárias continuam a ser adimplidas pelos respectivos segurados,</p><p>independentemente do gênero a que pertencem, alimentadas por alíquotas estáveis e com idêntico índice</p><p>percentual, sem que se registre aumento no valor ou no quantum do respectivo benefício de ordem</p><p>previdenciária.</p><p>O art. 201, V, da CF é preceito autoaplicável, revestido de aplicabilidade direta, imediata e integral,</p><p>qualificando-se como estrutura jurídica dotada de suficiente densidade normativa, a tornar prescindível</p><p>qualquer mediação legislativa concretizadora.</p><p>Com base nesse entendimento, o Plenário, ao apreciar o Tema 457 da repercussão geral, negou</p><p>provimento a recurso extraordinário.</p><p>RE 659424/RS, rel. Min. Celso de Mello, julgamento virtual em 9.10.2020. (INF 994)</p><p>Trabalhadores avulsos e direito ao adicional de risco portuário - 3 - RE 597124/PR</p><p>Sempre que for pago ao trabalhador com vínculo permanente, o adicional de riscos é devido, nos</p><p>mesmos termos, ao trabalhador portuário avulso. Com esse entendimento, o Plenário, em conclusão e por</p><p>maioria, ao apreciar o Tema 222 da repercussão geral, negou provimento a recurso extraordinário em que</p><p>discutida a possibilidade de estender aos trabalhadores portuários avulsos o adicional de riscos, previsto no</p><p>art. 14 da Lei 4.860/1965 (1) e pago aos trabalhadores portuários com vínculo permanente (Informativos</p><p>923 e 924).</p><p>O colegiado entendeu que a regulação da atividade portuária por meio de legislação específica se</p><p>deu para garantir aos trabalhadores que prestam serviços nas instalações portuárias direitos inerentes ao</p><p>exercício de atividades notoriamente peculiares. Até 1990, havia, basicamente, duas formas de prestação</p><p>de trabalho na área portuária: os serviços de capatazia eram realizados por servidores públicos vinculados</p><p>às Companhias Docas; e as demais atividades, pelos trabalhadores avulsos.</p><p>A Constituição de 1988 trouxe importante regulação das relações de trabalho em geral e, no inciso</p><p>XXXIV do art. 7º, previu “igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente</p><p>e o trabalhador avulso”. Constata-se que essa cláusula de isonomia se sagrou reforçada com o advento da</p><p>Lei 8.630/1993, quando novos atores sociais foram expressamente incorporados às relações portuárias,</p><p>entre os quais se destacam os órgãos gestores de mão de obra — entidades com finalidade pública, sem fins</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4149442</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4149442&numeroProcesso=659424&classeProcesso=RE&numeroTema=457</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4149442</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9942.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2661702</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=2661702&numeroProcesso=597124&classeProcesso=RE&numeroTema=222</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo923.htm#Trabalhadores%20portu%C3%A1rios%20avulsos%20e%20direito%20ao%20adicional%20de%20risco%20portu%C3%A1rio</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo924.htm#Trabalhadores%20portu%C3%A1rios%20avulsos%20e%20direito%20ao%20adicional%20de%20riscos%20portu%C3%A1rio%20%E2%80%93%202</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f870e72ed38664c025a6c3a/67741d125fcbfe192f51add1faf0f1e8/RE659424.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ede64bcd8a96d355b8a4673/aba0a9008ec3b16609eb6e5287771eaa/Trabalhadores_avulsos_e_direito_ao_adicional_de_risco_portu%C3%A1rio_-_3.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=UAsw7KriZuM&list=PLippyY19Z47tPvV1EKOpudTcVcu1xQRtk</p><p>lucrativos, cujo objetivo principal é centralizar e administrar a prestação de serviços nos portos organizados</p><p>do Brasil —; os operadores portuários; e os trabalhadores portuários, ainda distinguidos entre contratados</p><p>com vínculo permanente (servidores e empregados) e avulsos.</p><p>A mudança levada a efeito pela Lei 8.630/1993 não se restringiu à seara legislativa, uma vez que</p><p>inaugurou modelo regulatório das relações de trabalho no campo portuário muito diferente daquele vigente</p><p>até então, mas mantendo algumas normas do regime anterior. Prova disso são os arts. 75 e 76 da Lei</p><p>8.630/1993. Apesar de terem revogado diversas normas esparsas, optaram por não revogar aquela que</p><p>previa o direito a adicional de riscos para os trabalhadores portuários. O argumento pela impossibilidade</p><p>de se estender o mencionado direito tem como fundamento interpretação equivocada de que o art. 19 da</p><p>Lei 4.860/1965 excluiria os trabalhadores avulsos do seu âmbito de incidência normativa.</p><p>Ademais, a leitura adequada da legislação a respeito, considerados os paradigmas constitucionais, é</p><p>a de que não calha como excludente o fato de os trabalhadores avulsos sujeitarem-se a regime diferenciado</p><p>daqueles com vínculo permanente. Implementadas as condições legais específicas, é devido o adicional de</p><p>riscos, previsto no art. 14 da Lei 4.860/1965, ao trabalhador portuário avulso.</p><p>A disposição constitucional tem nítido caráter protetivo da igualdade material. Se há o pagamento</p><p>do adicional de riscos como direito do trabalhador portuário com vínculo permanente que labora em</p><p>condições adversas, essa previsão também deve ser reconhecida aos trabalhadores portuários avulsos</p><p>submetidos às mesmas condições.</p><p>Vencido o ministro Marco Aurélio, que deu provimento ao recurso.</p><p>(1) Lei 4.860/1965: “Art 14. A fim de remunerar os riscos relativos à insalubridade, periculosidade e outros porventura</p><p>existentes, fica instituído o ‘adicional de riscos’ de 40% (quarenta por cento) que incidirá sobre o valor do salário-hora ordinário do</p><p>período diurno e substituirá todos aqueles que, com sentido ou caráter idêntico, vinham sendo pagos.”</p><p>RE 597124/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 3.6.2020. (INF 980)</p><p>Tribunal do Júri: autoria e materialidade e absolvição genérica - HC 178777/MG</p><p>A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto no art. 483, § 2º,</p><p>do Código de Processo Penal [CPP (1)], independe de elementos probatórios ou de teses veiculadas</p><p>pela defesa, considerada a livre convicção dos jurados.</p><p>Em razão da norma constitucional que consagra a soberania dos veredictos, a sentença absolutória</p><p>de Tribunal do Júri, fundada no quesito genérico de absolvição, não implica nulidade da decisão a ensejar</p><p>apelação da acusação. Os jurados podem absolver o réu com base na livre convicção e independentemente</p><p>das teses veiculadas, considerados elementos não jurídicos e extraprocessuais.</p><p>No caso, o paciente foi pronunciado ante a prática de crime previsto no art. 121, § 2º, II, IV e VI,</p><p>combinado com o art. 14, II (tentativa de homicídio qualificado), do Código Penal (CP). Submetido a</p><p>julgamento, o Conselho de Sentença respondeu afirmativamente aos quesitos alusivos à materialidade e</p><p>autoria. Na sequência, indagados os jurados se absolviam o acusado, a resposta foi positiva, encerrando-se</p><p>a votação. Após, o tribunal de justiça proveu apelação interposta pelo Parquet para determinar a realização</p><p>de novo Júri, por considerar que a decisão absolutória foi contrária às provas do processo.</p><p>Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, deferiu a ordem de habeas corpus,</p><p>para reestabelecer decisão absolutória.</p><p>(1) CPP: “Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: I – a materialidade do fato;</p><p>II – a</p><p>autoria ou participação; III – se o acusado deve ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; V – se</p><p>existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram</p><p>admissível a acusação. (...) § 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II</p><p>do caput deste artigo será formulado quesito com a seguinte redação: O jurado absolve o acusado?”</p><p>HC 178777/MG, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 29.9.2020. (INF 993)</p><p>3.10 DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>Suspensão de habilitação e direito ao trabalho - RE 607107/MG</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2661702</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5819308</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5819308</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9931.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3810647</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f764bde66ae364555a3bd21/93370cedd7af23ebe74ed3ef80055a28/HC_178777.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e46e216b770dc379e60bcd9/893f974ea3eb9851f5af0450a32f26f4/Suspens%C3%A3o_de_habilita%C3%A7%C3%A3o_e_direito_ao_trabalho.mp3</p><p>É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao</p><p>motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.</p><p>Essa foi a tese de repercussão geral (Tema 486) fixada pelo Plenário ao dar provimento a recurso</p><p>extraordinário interposto contra acórdão que afastou a pena de suspensão de habilitação, prevista no art.</p><p>302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) (1), aplicada em desfavor do recorrido. O tribunal a quo</p><p>reputou que a aplicação dessa sanção ao condenado que exerce profissionalmente a atividade de motorista</p><p>seria inconstitucional, por violar o seu direito ao trabalho.</p><p>O colegiado asseverou que inexiste direito absoluto ao exercício de atividade profissionais (CF, art.</p><p>5º, XIII), sendo possível que haja restrição imposta pelo legislador, desde que razoável, como no caso.</p><p>Além disso, a medida é coerente com o princípio da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI) e,</p><p>também, respeita o princípio da proporcionalidade. A suspensão do direito de dirigir não impossibilita o</p><p>motorista profissional de extrair seu sustento de qualquer outra atividade econômica.</p><p>(1) CTB: “Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas – detenção, de dois a quatro anos, e</p><p>suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1º No homicídio culposo cometido</p><p>na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: (...) IV - no exercício de sua profissão</p><p>ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.”</p><p>RE 607107/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 12.2.2020. (INF 966)</p><p>3.11 EXPULSÃO</p><p>Estrangeiro e filho brasileiro nascido posteriormente à expulsão - 2 - RE 608898/DF</p><p>O § 1º do art. 75 da Lei 6.815/1980 (1) não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 (CF),</p><p>sendo vedada a expulsão de estrangeiro cujo filho brasileiro foi reconhecido ou adotado posteriormente ao</p><p>fato ensejador do ato expulsório, uma vez comprovado estar a criança sob a guarda do estrangeiro e deste</p><p>depender economicamente.</p><p>Com essa tese de repercussão geral (Tema 373), o Plenário, em conclusão de julgamento, negou</p><p>provimento a recurso extraordinário interposto de acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferido</p><p>em sede de habeas corpus (Informativo 924).</p><p>Na decisão recorrida, o STJ assentou que a proibição de expulsão de estrangeiro quando tiver prole</p><p>brasileira objetiva proteger os interesses da criança à assistência material, à garantia dos direitos à</p><p>identidade, à convivência familiar e à assistência pelos pais.</p><p>A União sustentava que, coexistentes a proteção dos direitos da família e da criança e a defesa da</p><p>soberania e do território nacional, a Lei 6.815/1980 previa a impossibilidade de expulsão somente quando</p><p>a prole brasileira fosse anterior ao fato motivador da expulsão. Aludia ao poder discricionário, conferido</p><p>ao chefe do Poder Executivo pelo art. 66 do referido diploma legal (2), de expulsar estrangeiro com conduta</p><p>nociva aos interesses nacionais.</p><p>O colegiado, por maioria, rejeitou a preliminar de ilegitimidade da recorrente. Entendeu ser caso de</p><p>superação da preliminar ante a relevância da tese e o fato de estar-se em discussão não só o direito de ir e</p><p>vir do paciente, mas também prerrogativa do chefe do Poder Executivo. Ademais, esta seria a única</p><p>possibilidade de a União contestar a decisão do STJ e discutir a matéria.</p><p>Vencido, no ponto, o ministro Marco Aurélio (relator). O ministro salientou que a União não foi</p><p>parte na ação apreciada no STJ. Ademais, por ser o habeas corpus via impugnativa exclusiva da defesa,</p><p>descabe a sua utilização para tutela de interesse da acusação ou de terceiros.</p><p>No mérito, prevaleceu o voto do relator, segundo o qual o § 1º do art. 75 da Lei 6.815/1980 não foi</p><p>recepcionado pela CF, sendo vedada a expulsão, uma vez comprovado estar a criança sob a guarda do</p><p>estrangeiro e deste depender economicamente.</p><p>O ministro registrou a presença de valores constitucionais como a soberania nacional, com a</p><p>manutenção de estrangeiro no País, e a proteção à família, ante a existência de filho brasileiro.</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=3810647&numeroProcesso=607107&classeProcesso=RE&numeroTema=486</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3810647</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3838306</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?PesquisaEm=tema&PesquisaEm=controversia&PesquisaEm=ambos&situacaoRG=TODAS&situacaoAtual=S&txtTituloTema=&numeroTemaInicial=373+++++++&numeroTemaFinal=373+++++++&acao=pesquisarProcesso&dataInicialJulgPV=&dataFinalJulgPV=&classeProcesso=&numeroProcesso=&ministro=&txtRamoDireito=&ordenacao=asc&botao=</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo924.htm#Estrangeiro%20e%20filho%20brasileiro%20nascido%20posteriormente%20%C3%A0%20expuls%C3%A3o</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=qvjzdxjAUms&list=PLippyY19Z47ti_ze7600VuNE-_1MI502t</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efba5e22242ed8a1005a5d8/e2b84312ff848fc7f24a84b5519e4c4b/Estrangeiro_e_filho_brasileiro_nascido_posteriormente_%C3%A0_expuls%C3%A3o_-_2.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=1lnf79U7Zxo&list=PLippyY19Z47sS0YD6Cwt8gEGBUZ2c-YYb</p><p>Lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF), diversas vezes, decidiu no sentido de que a</p><p>existência de filhos nascidos após o fato criminoso não seria oponível à expulsão. No entanto, as questões</p><p>relativas aos requisitos para expulsão foram reiteradamente examinadas somente com fulcro na</p><p>interpretação isolada do art. 75 da Lei 6.815/1980.</p><p>Assim, compreendeu ser necessário aprofundar a evolução no tratamento da matéria, atentando para</p><p>a CF, que define a família como base da sociedade e estabelece o direito da criança à convivência familiar</p><p>[arts. 226, caput, e 227, caput, (3)].</p><p>Esclareceu que a CF de 1988 inaugurou nova quadra no tocante ao patamar e à intensidade da tutela</p><p>da família e da criança, assegurando-lhes cuidado especial, concretizado, pelo legislador, na edição do</p><p>Estatuto da Criança e do Adolescente. O sistema foi direcionado para a absoluta prioridade dos menores e</p><p>adolescentes, como pressuposto inafastável de sociedade livre, justa e solidária.</p><p>Por</p><p>isso, é impróprio articular com a noção de interesse nacional inerente à expulsão de estrangeiro</p><p>quando essa atuação estatal alcança a situação da criança, sob os ângulos econômico e psicossocial. O § 1º</p><p>do art. 75 da Lei 6.815/1980 encerra a quebra da relação familiar, independentemente da situação</p><p>econômica do menor e dos vínculos socioafetivos desenvolvidos. A família, respaldo maior da sociedade e</p><p>da criança, é colocada em segundo plano, superada pelo interesse coletivo em retirar do convívio nacional</p><p>estrangeiro nocivo, embora muitas vezes ressocializado.</p><p>A seu ver, priva-se perpetuamente a criança do convívio familiar, da conformação da identidade.</p><p>Dificulta-se o acesso aos meios necessários à subsistência, haja vista os obstáculos que decorrem da</p><p>cobrança de pensão alimentícia de indivíduo domiciliado ou residente em outro País. Dessa maneira, impõe-</p><p>se à criança ruptura e desamparo, cujos efeitos repercutem nos mais diversos planos da existência, em</p><p>colisão não apenas com a proteção especial conferida a ela, mas também com o âmago do princípio da</p><p>proteção à dignidade da pessoa humana.</p><p>Além disso, o preceito da Lei 6.815/1980 afronta o princípio da isonomia, ao estabelecer tratamento</p><p>discriminatório entre filhos havidos antes e após o fato ensejador da expulsão.</p><p>O relator ressaltou que os prejuízos associados à expulsão de genitor independem da data do</p><p>nascimento ou da adoção, muito menos do marco aleatório representado pela prática da conduta motivadora</p><p>da expulsão. Se o interesse da criança deve ser priorizado, é de menor importância o momento da adoção</p><p>ou da concepção.</p><p>Esse entendimento não esvazia a soberania nacional. O estrangeiro continua obrigado a comprovar</p><p>ter filho brasileiro sob a própria guarda e dependente economicamente. Ou seja, exige-se do estrangeiro a</p><p>demonstração de vínculo qualificado com o País, apto a autorizar, dentro das balizas legais, a sua</p><p>permanência em território nacional.</p><p>Por fim, o ministro observou que a Lei 6.815/1980, regedora da espécie, foi suplantada pela nova</p><p>Lei de Migração (Lei 13.445/2017), que não repetiu o contido no preceito em debate.</p><p>(1) Lei 6.815/1980: “Art. 75. Não se procederá à expulsão: (...) § 1º Não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o</p><p>reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar.”</p><p>(2) Lei 6.815/1980: “Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a</p><p>oportunidade da expulsão ou de sua revogação. Parágrafo único. A medida expulsória ou a sua revogação far-se-á por decreto.”</p><p>(3) CF: “Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) Art. 227. É dever da família, da</p><p>sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,</p><p>à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além</p><p>de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”</p><p>RE 608898/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 25.6.2020. (INF 983)</p><p>3.12 FINANÇAS PÚBLICAS</p><p>Covid-19 e restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal - ADI 6357 MC-Ref/DF</p><p>O Plenário, por maioria, referendou a medida cautelar anteriormente deferida e extinguiu a ação</p><p>direta de inconstitucionalidade por perda superveniente de objeto.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3838306</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5883343</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ec581a70b7b2c598d2f4360/b8620e334499293c327d3406ef69e573/Covid-19_e_restri%C3%A7%C3%B5es_da_Lei_de_Responsabilidade_Fiscal.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=_xzraTczEEU&list=PLippyY19Z47vJxmhz2o-lzr-VdFptesni</p><p>A cautelar referendada concedeu interpretação conforme à Constituição Federal (CF) aos arts. 14,</p><p>16, 17 e 24 da Lei Complementar 101/2000 (1) — Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) — e 114, caput</p><p>(2) e § 14 (3), da Lei 13.898/2019 — Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2020 (LDO/2020) —, para,</p><p>durante a emergência em saúde pública de importância nacional e o estado de calamidade pública</p><p>decorrente do novo coronavírus (Covid-19), afastar a exigência de demonstração de adequação e</p><p>compensação orçamentárias em relação à criação/expansão de programas públicos destinados ao</p><p>enfrentamento do contexto de calamidade gerado pela disseminação de Covid-19. Além disso, a medida se</p><p>aplicou a todos os entes federativos que, nos termos constitucionais e legais, tivessem decretado estado de</p><p>calamidade pública decorrente da pandemia de Covid-19.</p><p>O autor da ação direta argumentava que o estabelecimento de novas despesas necessárias em virtude</p><p>da pandemia acabaria sendo passível de responsabilização se não houvesse a interpretação conforme.</p><p>Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes (relator), que referendou a liminar para garantir</p><p>maior segurança jurídica.</p><p>Com relação à LDO/2020, explicitou que o art. 114 foi alterado por lei posterior. O preceito passou</p><p>a estabelecer que, na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional e durante sua</p><p>vigência, fica dispensada a compensação tratada em seu caput (LDO/2020, art. 114, § 16).</p><p>O relator observou que, em suma, o pedido formulado na ação objetivou afastar a aplicabilidade de</p><p>restrições para fins de combate integral da pandemia na saúde pública e em seus reflexos, como a</p><p>manutenção de emprego e de empresas e a subsistência dos seres humanos.</p><p>Esclareceu que o afastamento não afetaria de forma alguma o mandamento constitucional de</p><p>transparência, de prudência fiscal, consubstanciado na LRF. Os dispositivos impugnados pretendem evitar</p><p>gastos não previstos, a improvisação nas finanças públicas, e não vedar gastos orçamentários absolutamente</p><p>necessários destinados à vida, à saúde, ao trabalho e à subsistência dos brasileiros.</p><p>Ademais, a única válvula de escape seria o art. 65 da LRF, que afasta alguns dispositivos. O</p><p>mencionado artigo estabelece regime emergencial para casos de reconhecimento de calamidade pública,</p><p>afasta a necessidade de contingenciamento de recursos e sanções pelo descumprimento de limites de gastos</p><p>com pessoal. Contudo, não prevê expressamente a possibilidade de criação de novas despesas emergenciais</p><p>e necessárias no combate a uma pandemia, sem que tenham sido previstas anteriormente no orçamento.</p><p>O ministro lembrou que o surgimento da pandemia do Covid-19 seria fato superveniente,</p><p>imprevisível, cujas consequências gravíssimas eram impossíveis de serem programadas e exigem a atuação</p><p>direta do Poder Público municipal, estadual e federal. Essa excepcionalidade foi considerada para a</p><p>suspensão dos dispositivos questionados. Do ponto de vista jurídico e lógico, seria impossível a previsão</p><p>dos efeitos econômicos quando aprovadas as leis orçamentárias.</p><p>Sublinhou que a interpretação conforme dada na cautelar se baseou nos princípios da razoabilidade</p><p>e da dignidade da pessoa humana, na valorização do emprego e na saúde pública. Esses preceitos e</p><p>princípios constitucionais seriam totalmente afastados se não houvesse a possibilidade de os entes</p><p>combaterem a pandemia, auxiliando a população, inclusive, com recursos públicos. Se os dispositivos</p><p>adversados fossem aplicados rigidamente, por exemplo, não seria possível a concessão do auxílio</p><p>emergencial de R$ 600,00 (seiscentos reais) durante a pandemia.</p><p>A respeito do art. 42 da LRF (4), o relator rejeitou o pedido formulado pelo amicus curiae no sentido</p><p>de que o dispositivo fosse abrangido pela cautelar, haja vista não ter sido impugnado pelo autor da ação.</p><p>Na ação direta de inconstitucionalidade, a causa de pedir é aberta, mas o pedido não. Portanto, eventual</p><p>análise</p><p>do art. 42 deve ser feita na via própria.</p><p>Noutro passo, o ministro Alexandre de Moraes julgou extinta a ação direta de inconstitucionalidade</p><p>em virtude da superveniência da Emenda Constitucional (EC) 106/2020, que instituiu regime extraordinário</p><p>fiscal, financeiro e de contratações para enfrentamento de calamidade pública nacional decorrente de</p><p>pandemia.</p><p>Sublinhou não ter havido, na EC do “Orçamento de Guerra”, constitucionalização superveniente, e</p><p>sim convalidação de atos praticados (EC 106/2020, art. 10).</p><p>O relator consignou o prejuízo da ação, porquanto presentes, no art. 3º da EC 106/2020 (5), os</p><p>requisitos que conduziram à concessão da liminar. Os gastos não devem implicar despesas permanentes e</p><p>objetivam enfrentar, durante a vigência da pandemia, a calamidade pública e as suas consequências.</p><p>Por fim, acentuou que o art. 3º da EC substitui o próprio entendimento da cautelar deferida, desde</p><p>que aplicado à União, aos Estados-membros e aos municípios. A perda de objeto se dá com a interpretação</p><p>de que o art. 3º vale para os três entes da Federação.</p><p>Em obiter dictum, o ministro Roberto Barroso sinalizou que a regra do art. 42 da LRF não deverá</p><p>ser aplicada aos prefeitos nos dois últimos quadrimestres, porque ainda coincidirão com a pandemia.</p><p>Vencidos o ministro Edson Fachin, que não extinguiu a ação, e o ministro Marco Aurélio, que não</p><p>referendou a cautelar.</p><p>O ministro Edson Fachin se ateve em ratificar a liminar e endossou o voto do relator no tocante ao</p><p>art. 42 da LRF. A respeito da perda de objeto, anotou que demandaria análise para verificar se há simetria</p><p>entre a EC 106/2020 e o objeto da cautelar. A medida anteriormente deferida cobre nitidamente os demais</p><p>entes federativos e o art. 3º da EC faz referência ao Poder Executivo no singular. Abrir-se-ia campo de</p><p>exame que, a rigor, não estaria pautado na ambiência do referendo. Ainda aduziu que a questão poderia ser</p><p>apreciada em momento posterior.</p><p>Por seu turno, o ministro Marco Aurélio assentou o prejuízo da ação direta. Enfatizou que o</p><p>enfrentamento da calamidade pública não é realizado apenas pela União, mas também é feito pelos estados</p><p>e municípios. No art. 2º da EC, há alusão a dispositivos observáveis nos três níveis. Dessa maneira, ter-se-</p><p>ia disciplina linear, que alcança União, estados e municípios. Além disso, rememorou que o legislador, a</p><p>quem cabia atuar, dispôs sobre a convalidação dos atos de gestão praticados a partir de 20 de março de</p><p>2020 (EC 106/2020, art. 10).</p><p>Segundo o ministro, há incongruência em extinguir-se a ação e referendar-se a cautelar. A seu ver,</p><p>os atos praticados com base na medida anteriormente deferida foram encampados pelos congressistas</p><p>mediante o art. 10 da EC 106/2020. Além disso, a interpretação conforme pressupõe preceito que contemple</p><p>duas interpretações e o legitimado para a ação não pode vir ao Supremo Tribunal Federal pedir carta em</p><p>branco para descumprir lei.</p><p>(1) Lei Complementar 101/2000: “Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual</p><p>decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva</p><p>iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes</p><p>condições: I – demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma</p><p>do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II – estar</p><p>acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação</p><p>de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 1º A renúncia compreende anistia,</p><p>remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de</p><p>cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento</p><p>diferenciado. § 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição</p><p>contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. § 3º O disposto</p><p>neste artigo não se aplica: I – às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição,</p><p>na forma do seu § 1º; II – ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança. (...) Art. 16.</p><p>A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I – estimativa</p><p>do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; II – declaração do ordenador</p><p>da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano</p><p>plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera -se: I – adequada com a lei</p><p>orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que</p><p>somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os</p><p>limites estabelecidos para o exercício; II – compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se</p><p>conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.</p><p>§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas. § 3º Ressalva-</p><p>se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. § 4º As</p><p>normas do caput constituem condição prévia para: I – empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;</p><p>II – desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição. (...) Art. 17. Considera -se obrigatória de</p><p>caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a</p><p>obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que</p><p>trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu</p><p>custeio. § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não</p><p>afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos</p><p>seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. § 3º Para efeito do § 2º ,</p><p>considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou</p><p>criação de tributo ou contribuição. § 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e</p><p>metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual</p><p>e da lei de diretrizes orçamentárias. § 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas</p><p>referidas no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. § 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas</p><p>ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. § 7º Considera-</p><p>se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado. (...) Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à</p><p>seguridade social</p><p>poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5º do art. 195</p><p>da Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17. § 1º É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumento de despesa</p><p>decorrente de: I – concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente; II – expansão</p><p>quantitativa do atendimento e dos serviços prestados; III –reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu</p><p>valor real. § 2º O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive os</p><p>destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.”</p><p>(2) Lei 13.898/2019: “Art. 114. As proposições legislativas e as suas emendas, conforme o art. 59 da Constituição, que, direta</p><p>ou indiretamente, importem ou autorizem diminuição de receita ou aumento de despesa da União, deverão estar acompanhadas de</p><p>estimativas desses efeitos no exercício em que entrarem em vigor e nos dois exercícios subsequentes, detalhando a memória de cálculo</p><p>respectiva e correspondente compensação para efeito de adequação orçamentária e financeira, e compatibilidade com as disposições</p><p>constitucionais e legais que regem a matéria.” (redação anterior à dada pela Lei 13.983/2020)</p><p>(3) Lei 13.898/2019: “Art. 114. (...) § 14. Considera-se atendida a compensação a que se refere o caput nas seguintes</p><p>situações: I – demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da Lei Orçamentária de 2020,</p><p>na forma do disposto no art. 12 da Lei Complementar nº 101, de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal, e de que não afetará as metas</p><p>de resultados fiscais previstas no Anexo IV; ou II – estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput,</p><p>por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo</p><p>ou contribuição.”</p><p>(4) Lei Complementar 101/2000: “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois</p><p>quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha</p><p>parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Parágrafo único. Na</p><p>determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.”</p><p>(5) EC 106/2020: “Art. 3º Desde que não impliquem despesa permanente, as proposições legislativas e os atos do Poder</p><p>Executivo com propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas consequências sociais e econômicas, com vigência e efeitos</p><p>restritos à sua duração, ficam dispensados da observância das limitações legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento</p><p>de ação governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão ou à ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária</p><p>da qual decorra renúncia de receita. Parágrafo único. Durante a vigência da calamidade pública nacional de que trata o art. 1º desta</p><p>Emenda Constitucional, não se aplica o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal.”</p><p>ADI 6357 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 13.5.2020. (INF 977)</p><p>3.13 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA</p><p>Ação de improbidade administrativa e atuação de procurador do estado - 2 - ARE 1165456</p><p>AgR/SE</p><p>A Primeira Turma, por maioria e em conclusão de julgamento, deu provimento a agravo interno e,</p><p>em voto médio, deu parcial provimento ao recurso extraordinário, a fim de declarar incompatível com a</p><p>Constituição Federal (CF) o entendimento de que o governador do estado deve autorizar a propositura de</p><p>ação de improbidade pela procuradoria. Determinou, ainda, o retorno dos autos ao juízo de origem, para</p><p>que prossiga o julgamento como entender de direito.</p><p>No acordão impugnado, o tribunal de origem compreendeu que procurador do estado de Sergipe não</p><p>pode ajuizar ação civil pública sem anuência do procurador-geral e autorização do governador daquela</p><p>unidade da Federação (Informativo 952).</p><p>Na Turma, prevaleceu o voto médio do ministro Roberto Barroso, que foi acompanhado pela</p><p>ministra Rosa Weber.</p><p>Em maior extensão, os ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux deram provimento integral ao</p><p>agravo e ao recurso extraordinário. Entenderam que a restrição imposta pelo tribunal a quo não encontra</p><p>respaldo na lei orgânica da procuradoria-geral — Lei Complementar sergipana 27/1996 — e ofende o art.</p><p>132 da CF (1). Logo, não poderia ser exigida a autorização do governador, tampouco a anuência do</p><p>procurador-geral nas ações de improbidade.</p><p>Já o ministro Marco Aurélio (relator) negou provimento ao agravo regimental e ao recurso</p><p>extraordinário. A seu ver, os autos versam matéria estritamente legal. O relator sublinhou que o</p><p>pronunciamento atacado mediante recurso extraordinário envolveu a interpretação de legislação local.</p><p>(1) CF: “Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá</p><p>de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerã o a</p><p>representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. parágrafo único. Aos procuradores referidos neste</p><p>artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios,</p><p>após relatório circunstanciado das corregedorias.”</p><p>ARE 1165456 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,</p><p>julgamento em 1º.9.2020. (INF 989)</p><p>3.14 INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO</p><p>Tarifa bancária pela mera disponibilização de “cheque especial” - ADI 6407 MC-Ref /DF</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5883343</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo977.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5557455</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5557455</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo952.htm#A%C3%A7%C3%A3o%20de%20improbidade%20administrativa%20e%20atua%C3%A7%C3%A3o%20de%20procurador%20do%20estado</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5557455</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5557455</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9891.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5901434</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f5813f2ecc49c1b89ff3db9/82d9b9768bf4c2a8fd7bdf2bf042beaf/A%C3%A7%C3%A3o_de_improbidade_administrativa_e_atua%C3%A7%C3%A3o_de_procurador_do_estado_ARE_1165456.mp3</p><p>Resumo:</p><p>Há indícios de contrariedade ao ordenamento jurídico-constitucional na permissão dada por</p><p>resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) às instituições financeiras para cobrarem tarifa</p><p>bancária pela mera disponibilização de crédito ao cliente na modalidade “cheque especial”.</p><p>Resolução do CMN não pode excluir ou limitar a proteção concedida ao consumidor pela</p><p>Constituição Federal (CF). A autorização de cobrança pela mera disponibilização do serviço coloca o</p><p>consumidor em situação de vulnerabilidade econômico-jurídica, em descumprimento ao mandamento</p><p>constitucional de proteção ao consumidor, previsto no art. 5º, XXXII (1), e no art. 170, V (2), da CF.</p><p>As instituições financeiras não podem cobrar por serviço de disponibilização e/ou manutenção</p><p>mensal de cheque especial, uma vez que a cobrança dos juros é permitida tão somente quando houver a</p><p>efetiva utilização e sempre proporcional ao valor e ao tempo usufruídos. Com efeito, a cobrança da “tarifa”</p><p>(pagamento pela simples disponibilização) camufla o adiantamento da cobrança pela remuneração do</p><p>capital</p><p>(juros), de maneira que há uma desnaturação da natureza jurídica da “tarifa bancária” para abarcar</p><p>todos aqueles que possuem a disponibilização do limite, inclusive, quem não utiliza o crédito efetivamente</p><p>na modalidade de “cheque especial”.</p><p>Trata-se, na espécie, de arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), com o</p><p>objetivo de ver declarada lesão a preceitos fundamentais decorrente da norma do art. 2º, § 1º, I e II, § 2º e</p><p>§ 3º, da Resolução 4.765/2019 do CNM (3), que admitia a cobrança de tarifa pela disponibilização de</p><p>cheque especial ao cliente.</p><p>Convertido o julgamento em ação direta de inconstitucionalidade por aplicação do princípio da</p><p>fungibilidade, e com base no entendimento acima exposto, o Plenário, por unanimidade, referendou a</p><p>medida cautelar concedida pelo ministro relator, a fim de suspender a eficácia da norma impugnada até o</p><p>julgamento de mérito da presente ação.</p><p>(1) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos</p><p>estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos</p><p>seguintes: (...) XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.</p><p>(2) CF: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar</p><p>a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) V – defesa do consumidor</p><p>(...) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de</p><p>órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.</p><p>(3) Resolução 4.765/20191, do Conselho Monetário Nacional (CMN): “Art. 2º. Admite-se a cobrança de tarifa pela</p><p>disponibilização de cheque especial ao cliente. § 1º. A cobrança da tarifa prevista no caput deve observar os seguintes limites máximos:</p><p>I – 0% (zero por cento), para limites de crédito de até R$ 500,00 (quinhentos reais); e II – 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento),</p><p>para limites de crédito superiores a R$ 500,00 (quinhentos reais), calculados sobre o valor do limite que exceder R$ 500,00 (quinhentos</p><p>reais). § 2º. A cobrança da tarifa deve ser efetuada no máximo uma vez por mês. § 3º. A cobrança da tarifa deve observar, no que</p><p>couber, as disposições da Resolução nº 3.919, de 25 de novembro de 2010, não se admitindo a inclusão do serviço de que trata o caput</p><p>em pacote de serviços vinculados a contas de depósito à vista”.</p><p>ADI 6407 MC-Ref /DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF</p><p>1000)</p><p>3.15 LEGITIMIDADE</p><p>Legitimidade de procuradores para interposição de recurso em ADI - RE 1126828 AgR/SP</p><p>A Segunda Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental para, ao dar seguimento a</p><p>recurso extraordinário, reconhecer a legitimidade de procuradores para interposição de recursos em ação</p><p>direta de inconstitucionalidade (ADI).</p><p>O colegiado entendeu que, por ser uma decisão política, somente os legitimados no art. 103 da</p><p>Constituição Federal (CF) (1), ou, por simetria, os que previstos em constituição estadual, podem propor</p><p>ações diretas de inconstitucionalidade. Ressaltou, entretanto, que os atos de natureza técnica, subsequentes</p><p>ao ajuizamento da ação, devem ser empreendidos pelos procuradores da parte legitimada. Citou precedente</p><p>do Supremo Tribunal Federal (STF), no sentido de que recursos em ação direta de inconstitucionalidade</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5901434</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1126828&classe=RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc23512c001f5363d286c00/173f6bbe8100df4cdd8e91cc035c9172/ADI_6407.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e41a5887874192d478b00c9/4d3cfc291b76fbe81b84e723aaf80b75/Legitimidade_de_procuradores_para_interposi%C3%A7%C3%A3o_de_recurso_em_ADI.mp3</p><p>podem até vir assinados pelo legitimado conjuntamente com o procurador, mas que seria essencial a</p><p>presença de advogado.</p><p>Vencido o ministro Edson Fachin (relator), que votou pelo não provimento do agravo por considerar</p><p>que se afigura inadmissível petição recursal assinada apenas por procuradores, sem que tenha sido subscrita</p><p>pela parte constitucionalmente legitimada.</p><p>(1) CF: “Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I – o</p><p>Presidente da República; II – a Mesa do Senado Federal; III – a Mesa da Câmara dos Deputados; IV – a Mesa de Assembleia</p><p>Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI – o Procurador-</p><p>Geral da República; VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII – partido político com representação no</p><p>Congresso Nacional; IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.”</p><p>RE 1126828 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em</p><p>4.2.2020. (INF 965)</p><p>3.16 MEIO AMBIENTE</p><p>Medida cautelar em ADPF: resoluções do Conama e proibição do retrocesso socioambiental -</p><p>ADPF 747 MC-Ref/DF; ADPF 748 MC-Ref/DF e ADPF 749 MC-Ref/DF</p><p>Resumo:</p><p>O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se configura como direito fundamental</p><p>da pessoa humana. A mera revogação de normas operacionais fixadoras de parâmetros mensuráveis</p><p>necessários ao cumprimento da legislação ambiental, sem sua substituição ou atualização, aparenta</p><p>comprometer a observância da Constituição Federal (CF), da legislação vigente e de compromissos</p><p>internacionais.</p><p>A Resolução 500/2020 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) revogou as Resoluções</p><p>284/2001, 302/2002 e 303/2002, do mesmo órgão, que dispõem respectivamente, sobre: (i) o licenciamento</p><p>de empreendimentos de irrigação; (ii) os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação</p><p>Permanente (APPs) de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno e (iii) os parâmetros, definições</p><p>e limites de APPs.</p><p>As resoluções editadas pelo mencionado órgão preservam a sua legitimidade quando cumprem o</p><p>conteúdo material da Constituição e da legislação ambiental. A revogação da Resolução Conama 284/2001</p><p>sinaliza dispensa de licenciamento para os empreendimentos de irrigação, mesmo que potencialmente</p><p>causadores de modificações ambientais significativas. Essa situação configura efetivo descumprimento,</p><p>pelo Poder Público, do seu dever de atuar no sentido de preservar os processos ecológicos essenciais e</p><p>prover o manejo ecológico dos ecossistemas. Também sugere estado de anomia regulatória, a evidenciar</p><p>graves e imediatos riscos para a preservação dos recursos hídricos, em prejuízo da qualidade de vida das</p><p>presentes e futuras gerações [CF, art. 225, caput e § 1º, I (1)].</p><p>Apesar de ter sido apontada a necessidade de ajustes na norma, a simples revogação da Resolução</p><p>Conama 302/2002 parece conduzir à intolerável situação de incompatibilidade com a ordem constitucional</p><p>em matéria de proteção do meio ambiente. A revogação dela, assim como a da Resolução 303/2002,</p><p>distancia-se dos objetivos definidos no art. 225 da CF, tais como explicitados na Política Nacional do Meio</p><p>Ambiente (Lei 6.938/1981), baliza material da atividade normativa do Conama.</p><p>Em juízo de delibação, há aparente estado de anomia e de descontrole regulatório, a configurar</p><p>material retrocesso no tocante à satisfação do dever de proteger e preservar o equilíbrio do meio ambiente,</p><p>incompatível com a ordem constitucional e o princípio da precaução. Portanto, demonstrado o fumus boni</p><p>juris.</p><p>Noutro</p><p>passo, o periculum in mora é evidenciado pelo elevado risco de degradação de ecossistemas</p><p>essenciais à preservação da vida sadia, comprometimento da integridade de processos ecológicos essenciais</p><p>e perda de biodiversidade, caso o ato normativo impugnado produza efeitos.</p><p>Já a Resolução Conama 499/2020 atende ao disposto no art. 225, § 1º, IV e V, da CF (2), ao</p><p>disciplinar condições, critérios, procedimentos e limites a serem observados no licenciamento de fornos</p><p>rotativos de produção de clínquer para a atividade de coprocessamento de resíduos. Os aludidos preceitos</p><p>constitucionais exigem estudo prévio de impacto ambiental para a instalação de atividade potencialmente</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1126828&classe=RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1126828&classe=RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo965.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6016616</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6018018</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6019001</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc2bcc2a6ddb76d4c214438/4cec7d17e08e782fb825bfd7907a31cb/ADPF_747,_748,_749.mp3</p><p>causadora de degradação do meio ambiente e impõem ao Poder Público o controle do emprego de técnicas,</p><p>métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. A</p><p>Resolução 499/2020 ainda se mostra consistente com o marco jurídico convencional e os critérios setoriais</p><p>de razoabilidade e proporcionalidade da Política Nacional de Resíduos Sólidos [Lei 12.305/2010, art. 6º,</p><p>XI (3)]. Logo, afastado o requisito do fumus boni juris.</p><p>Em face do exposto e de outras considerações, o Plenário referendou as medidas cautelares</p><p>concedidas em arguições de descumprimento de preceito fundamental, para suspender, até o julgamento de</p><p>mérito da ação, os efeitos da Resolução Conama 500/2020, com a imediata restauração da vigência e</p><p>eficácia das Resoluções Conama 284/2001, 302/2002 e 303/2002. De igual modo, indeferiu os pedidos de</p><p>suspensão da eficácia da Resolução Conama 499/2020. Ficaram prejudicados os agravos regimentais</p><p>interpostos.</p><p>(1) CF: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial</p><p>à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras</p><p>gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I – preservar e restaurar os processos ecológicos</p><p>essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;”</p><p>(2) CF: “Art. 225. (...) § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) IV – exigir, na forma</p><p>da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de</p><p>impacto ambiental, a que se dará publicidade; V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e</p><p>substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;”</p><p>(3) Lei 12.305/2010: “Art. 6º São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: (...) XI – a razoabilidade e a</p><p>proporcionalidade;”</p><p>ADPF 747 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF</p><p>1000)</p><p>ADPF 748 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF</p><p>1000)</p><p>ADPF 749 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF</p><p>1000)</p><p>3.17 ORDEM SOCIAL</p><p>ADI: medicamento, autorização por lei e ausência de registro sanitário - ADI 5501/DF</p><p>Ante o postulado da separação de Poderes, o Congresso Nacional não pode autorizar, atuando</p><p>de forma abstrata e genérica, a distribuição de medicamento.</p><p>Compete à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitir a distribuição de substâncias</p><p>químicas, segundo protocolos cientificamente validados. O controle dos medicamentos fornecidos à</p><p>população leva em conta a imprescindibilidade de aparato técnico especializado, supervisionado pelo Poder</p><p>Executivo.</p><p>A Constituição Federal (CF) reservou aos parlamentares instrumentos adequados à averiguação do</p><p>correto funcionamento das instituições pátrias, quais sejam, convocação de autoridade a fim de prestar</p><p>esclarecimentos e instauração de comissão parlamentar de inquérito. Porém, surge impróprio aos</p><p>parlamentares substituírem agência subordinada ao Poder Executivo.</p><p>O direito à saúde não será plenamente concretizado se o Estado deixar de cumprir a obrigação</p><p>de assegurar a qualidade de droga mediante rigoroso crivo científico, apto a afastar desengano,</p><p>charlatanismo e efeito prejudicial.</p><p>Ao elaborar a Lei 13.269/2016, o Congresso Nacional, permitindo a distribuição de remédio sem</p><p>controle prévio da viabilidade sanitária, omitiu-se no dever constitucional de tutelar a saúde da população.</p><p>A aprovação do produto no órgão do Ministério da Saúde é exigência para industrialização, comercialização</p><p>e importação com fins comerciais (Lei 6.360/1976, art. 12).</p><p>O diploma impugnado suprime, casuisticamente, o requisito de registro sanitário. Isso evidencia que</p><p>o legislador deixou em segundo plano a obrigação de implementar políticas públicas voltadas à garantia da</p><p>saúde. A oferta de medicamento, embora essencial à concretização do Estado Social de Direito, não pode</p><p>ser conduzida à margem do figurino constitucional, com atropelo dos pressupostos mínimos de segurança</p><p>visando o consumo, sob pena de esvaziar-se, por via transversa, o próprio conteúdo do direito fundamental</p><p>à saúde [CF, art. 196 (1)].</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6016616</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6018018</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6019001</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4966501</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f983dfce1fdf4681ba10605/e84b3aa66af132650311e56aeb82a946/ADI_5501.mp3</p><p>É no mínimo temerária e potencialmente danosa a liberação genérica do tratamento sem realização</p><p>dos estudos clínicos correspondentes, em razão da ausência de elementos técnicos assertivos da viabilidade</p><p>da substância para o bem-estar.</p><p>Trata-se, na espécie, de ação direta de inconstitucionalidade apresentada pela Associação Médica</p><p>Brasileira em face da Lei 13.269/2016, que autorizava o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes</p><p>diagnosticados com neoplasia maligna.</p><p>O Plenário, por maioria, confirmou medida cautelar (Informativo 826) e julgou procedente o pedido</p><p>formulado para declarar a inconstitucionalidade da aludida lei. Vencidos os ministros Edson Fachin, Dias</p><p>Toffoli e Gilmar Mendes, que conferiram interpretação conforme à CF ao art. 2º da referida norma.</p><p>(1) CF: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem</p><p>à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção</p><p>e recuperação.”</p><p>ADI 5501/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 23.10.2020. (INF 996)</p><p>Benefício social</p><p>148</p><p>CLT, art. 896-A: recurso de revista, ausência de transcendência e repercussão</p><p>geral - Rcl 36958 AgR/SP e Rcl 40652 AgR/DF ............................................... 148</p><p>12. DIREITO PROCESSUAL PENAL ........................................................................ 149</p><p>12.1 AÇÃO PENAL ................................................................................................... 149</p><p>Estelionato: representação da vítima e retroatividade - HC 187341/SP ............ 149</p><p>12.2 COLABORAÇÃO PREMIADA .......................................................................... 149</p><p>Colaboração premiada: acesso a documentos e exercício do contraditório e da</p><p>ampla defesa - Pet 7494 AgR/DF...................................................................... 149</p><p>Colaboração premiada e exercício do direito de defesa - 2 - Rcl 30742 AgR/SP</p><p>......................................................................................................................... 151</p><p>12.3 COMPETÊNCIA ................................................................................................ 151</p><p>Delação premiada e fixação de competência - HC 181978 AgR/RJ.................. 151</p><p>Inquérito: declínio de competência e não encerramento de instrução processual -</p><p>2 - Pet 7716 AgR/DF ........................................................................................ 152</p><p>12.4.DOSIMETRIA DA PENA ................................................................................... 153</p><p>Ações penais em andamento e causa de diminuição da pena - HC 173806/MG</p><p>......................................................................................................................... 153</p><p>Lei de Drogas: causa de diminuição de pena e ações penais em andamento - HC</p><p>166385/MG ....................................................................................................... 153</p><p>12.5 EXECUÇÃO DA PENA ..................................................................................... 154</p><p>Falta grave no curso da execução penal e necessidade de trânsito em julgado</p><p>(Tema 758 RG) - RE 776823/RS....................................................................... 154</p><p>12.6 “HABEAS CORPUS” ......................................................................................... 155</p><p>Acordo de delação premiada e impugnação - 3 - HC 142205/PR e HC 143427/PR</p><p>......................................................................................................................... 155</p><p>Cabimento de habeas corpus e liberdade de ir e vir - HC 170735/RJ ............... 156</p><p>“Habeas corpus” e desentranhamento de termo de colaboração de corréu - HC</p><p>163943 AgR/PR ................................................................................................ 157</p><p>Prisão domiciliar: condenada com filho menor e decisão transitada em julgado -</p><p>HC 177164/PA.................................................................................................. 159</p><p>RHC: imparcialidade do julgador e produção de provas - RHC 144615 AgR/PR</p><p>......................................................................................................................... 159</p><p>12.7 JUIZADOS ESPECIAIS ..................................................................................... 162</p><p>Competência relativa dos juizados especiais para aplicação dos institutos da</p><p>transação penal e da composição dos danos civis na reunião de processos - ADI</p><p>5264/DF ........................................................................................................... 162</p><p>12.8 NULIDADES ...................................................................................................... 163</p><p>Nulidade e inquirição de perguntas realizadas diretamente pelo juiz - HC</p><p>161658/SP ........................................................................................................ 163</p><p>12.9 NULIDADES E RECURSOS EM GERAL ......................................................... 163</p><p>Duração de sustentação oral e nulidade - 2 - HC 164535 AgR/RJ ................... 163</p><p>12.10 PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES E LIBERDADE PROVISÓRIA ............. 164</p><p>Cuidado a menor e à pessoa com deficiência e substituição de prisão preventiva -</p><p>HC 165704/DF ................................................................................................. 164</p><p>12.11 PRISÃO PREVENTIVA ................................................................................... 164</p><p>Inobservância de prazo nonagesimal e revogação automática de prisão</p><p>preventiva - SL 1395 MC Ref/SP ...................................................................... 164</p><p>12.12 PROCESSO EM GERAL .................................................................................. 165</p><p>Audiência de custódia: prisão em flagrante e Lei 13.964/2019 - HC 188888/MG</p><p>......................................................................................................................... 165</p><p>Citação por edital (CPP, art. 366): suspensão do prazo prescricional e limitação</p><p>ao tempo da prescrição em abstrato (Tema 438 RG) - RE 600851/DF ............. 167</p><p>Prisão preventiva e Pacote Anticrime - HC 179859 AgR/RS ............................ 168</p><p>Tráfico de drogas: denúncia anônima e busca e apreensão - HC 180709/SP ... 169</p><p>12.13 PROCESSOS EM ESPÉCIE.............................................................................. 170</p><p>Julgamento de promotor de justiça e interrogatório - 2 - HC 178252/ES ......... 170</p><p>Tribunal do Júri: absolvição e decisão contrária à prova dos autos - 2 - RHC</p><p>170559/MT ....................................................................................................... 170</p><p>12.14 PROVA ............................................................................................................. 171</p><p>Crime de incêndio e fonte de prova - HC 136964/RS ........................................ 171</p><p>13. DIREITO TRIBUTÁRIO ....................................................................................... 172</p><p>13.1 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL ................................................................................ 172</p><p>PIS e Cofins: alíquota diferenciada e princípios da isonomia, da capacidade</p><p>contributiva e da livre concorrência - RE 633345/ES ....................................... 172</p><p>13.2 CONTRIBUIÇÕES ............................................................................................. 172</p><p>Contribuição ao PIS/Pasep e Cofins: legalidade tributária e anterioridade</p><p>nonagesimal (Tema 939 RG) - RE 1043313/RS e ADI 5277/DF ...................... 173</p><p>EC 33/2001: contribuição destinada ao Sebrae, à Apex e à ABDI e folha de</p><p>salários - 2 - RE 603624/SC.............................................................................. 174</p><p>13.3 GARANTIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ..................................................... 175</p><p>Medidas administrativas para garantia do crédito tributário - ADI 5881/DF; ADI</p><p>5886/DF e ADI 5890/DF; ADI 5925/DF; ADI 5931/DF e ADI 5932/DF ......... 175</p><p>13.4 LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR ...................................................... 176</p><p>Imunidade tributária e exportação indireta - 2 - ADI 4735/DF e RE 759244/SP</p><p>......................................................................................................................... 176</p><p>13.5 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE .................................................................. 177</p><p>Majoração indireta de tributo e incidência do princípio da anterioridade - RE</p><p>1253706 AgR/RS .............................................................................................. 178</p><p>13.6 REGIMES ESPECIAIS DE TRIBUTAÇÃO ....................................................... 178</p><p>Refis: exclusão de pessoa jurídica e necessidade de prévia notificação - RE</p><p>669196/DF........................................................................................................ 178</p><p>13.7 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA ..............................................................</p><p>e vinculação ao salário mínimo - ADI 4726/AP</p><p>É inconstitucional norma de iniciativa parlamentar que preveja a criação de órgão público e</p><p>organização administrativa.</p><p>Isso porque caracterizada afronta à iniciativa privativa do Chefe do Executivo, nos termos dos arts.</p><p>25 e 61, § 1º, II, b e e, da Constituição Federal (CF). Essa regra é linear e encerra observância ao princípio</p><p>da separação dos Poderes, aplicável, por simetria, aos estados.</p><p>O reconhecimento de vício formal dos dispositivos alusivos ao Conselho Gestor não inviabiliza a</p><p>consecução do programa social instituído. Nos termos do art. 18 da Lei 1.598/2011, do estado do Amapá,</p><p>compete ao governador a regulamentação, voltada à operacionalização do pagamento do benefício social,</p><p>sendo inviável cogitar-se de declaração de inconstitucionalidade por arrastamento.</p><p>Inviável atrelar-se ao salário mínimo o valor alusivo a benefício social e os respectivos critérios</p><p>de admissão.</p><p>No caso, contudo, é possível identificar, nos dispositivos impugnados, sentido que se coaduna com</p><p>a Carta da República. Visando resguardar a continuidade do programa social, cumpre adotar técnica de</p><p>controle a ensejar a declaração de insubsistência constitucional da norma apenas quanto a determinado</p><p>enfoque, emprestando ao preceito interpretação conforme à Lei Maior. Nesse sentido, é possível</p><p>compreender os preceitos para tomar-se o salário mínimo como parâmetro de fixação de valor unitário, em</p><p>pecúnia, no instante em que editada a lei, a fim de alcançar-se o montante referente ao benefício,</p><p>condicionados os reajustes futuros a disciplina própria.</p><p>A elogiável iniciativa do programa de transferência de renda a integrantes de classes sociais</p><p>desfavorecidas, no que observados o princípio da dignidade da pessoa humana e o objetivo maior de</p><p>erradicação da pobreza e da marginalização encerrado no artigo 3º, inciso III, da CF, dá concretude ao que</p><p>se pode denominar espírito da Carta de 1988.</p><p>Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face de dispositivos da Lei 1.598/2011,</p><p>do estado do Amapá, de iniciativa da assembleia legislativa, que instituiu o “Programa Renda para Viver</p><p>Melhor” objetivando reduzir desigualdades sociais e pobreza por meio da transferência de renda mínima a</p><p>cidadãos em situação de vulnerabilidade.</p><p>Com base nesse entendimento, o Plenário julgou parcialmente procedente o pedido para declarar a</p><p>inconstitucionalidade formal dos artigos 3º, 10 a 13 e 16 do referido diploma legal, bem como conferir</p><p>interpretação conforme à Constituição aos artigos 5º, c, 9º, e, 14 e 17, assentando a necessidade de serem</p><p>as alusões ao salário mínimo entendidas como reveladoras do valor vigente na data da publicação do</p><p>diploma, afastada vinculação futura.</p><p>ADI 4726/AP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)</p><p>Direito à saúde e dever de o Estado fornecer medicamento - 3 - RE 566471/RN</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo826.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4966501</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9961.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4203200</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4203200</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9981.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2565078</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5faaea033be2565fc3a58772/76583cb9f090f82261aa5d7d98f3d3c7/ADI_4726.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e71530e8c0dae50c3fba2d0/501a3f8bb8aa92527eaa9d59dba5c0f7/Direito_%C3%A0_sa%C3%BAde_e_dever_de_o_Estado_fornecer_medicamento_-_3.mp3</p><p>O Plenário, em conclusão e por maioria, ao apreciar o Tema 6 da repercussão geral, negou</p><p>provimento a recurso extraordinário em que se discutia o dever de o Estado fornecer medicamento de alto</p><p>custo a portador de doença grave sem condições financeiras para comprá-lo (Informativos 839 e 841).</p><p>No caso, estado-membro havia sido condenado a fornecer medicação para tratamento de doença</p><p>grave. Na decisão judicial atacada, o ente havia alegado que privilegiar o atendimento de um único</p><p>indivíduo comprometeria políticas de universalização do serviço de fornecimento de fármacos, em prejuízo</p><p>dos cidadãos em geral. Dessa forma, debilitaria investimentos nos demais serviços de saúde e em outras</p><p>áreas, como segurança e educação. Além disso, violaria a reserva do possível e a legalidade orçamentária.</p><p>O Tribunal entendeu que, em regra, o Estado não está obrigado a dispensar medicamento não</p><p>constante de lista do Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, no caso concreto, o medicamento foi</p><p>posteriormente incorporado à referida lista, o que atrai a negativa de provimento do recurso.</p><p>O ministro Marco Aurélio (relator) salientou que o reconhecimento do direito individual ao</p><p>fornecimento, pelo Estado, de medicamento de alto custo, não incluído em política nacional de</p><p>medicamentos ou em programa de medicamentos de dispensação em caráter excepcional, constante de rol</p><p>dos aprovados, depende da demonstração da imprescindibilidade (adequação e necessidade), da</p><p>impossibilidade de substituição e da incapacidade financeira do enfermo e dos membros da família</p><p>solidária, respeitadas as disposições sobre alimentos dos arts. 1.649 a 1.710 do Código Civil (CC) e</p><p>assegurado o direito de regresso.</p><p>De acordo com o ministro Roberto Barroso, para que seja, excepcionalmente, admitido o</p><p>fornecimento de medicamento não constante da lista do SUS, devem ser observados cinco requisitos</p><p>cumulativos: (a) incapacidade financeira de arcar com o custo correspondente; (b) demonstração de que a</p><p>não incorporação do medicamento não resultou de decisão expressa dos órgãos competentes; (c)</p><p>inexistência de substituto terapêutico incorporado pelo SUS; (d) comprovação de eficácia do medicamento</p><p>pleiteado à luz da medicina baseada em evidências; e (e) a propositura da demanda necessariamente em</p><p>face da União, responsável por decisão final sobre a incorporação ou não de medicamentos ao SUS.</p><p>Para o ministro Alexandre de Moraes, na hipótese de pleito judicial de medicamentos, não previsto</p><p>em listas oficiais e/ou Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs), independentemente do seu</p><p>alto custo, a tutela judicial será excepcional e exigirá, previamente, inclusive para a análise de medida</p><p>cautelar, os seguintes requisitos: (a) comprovação de hipossuficiência financeira do requerente para o</p><p>custeio; (b) existência de laudo médico comprovando a necessidade do medicamento e elaborado pelo</p><p>perito de confiança do magistrado e fundamentado na medicina de evidências; (c) certificação pela</p><p>Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) tanto da</p><p>existência de indeferimento da incorporação do medicamento pleiteado quanto da inexistência de substituto</p><p>terapêutico incorporado pelo SUS; e (d) atestado emitido pela Conitec no sentido da eficácia, segurança e</p><p>efetividade do medicamento para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde do</p><p>requerente, no prazo máximo de 180 dias.</p><p>A ministra Rosa Weber salientou que, no caso de litígio judicial por medicamentos não incorporado</p><p>pelo SUS, inclusive os de alto custo, o Estado terá a obrigação de fornecê-los, em caráter excepcional,</p><p>desde que comprovados, cumulativamente, os seguintes requisitos: (a) prévio requerimento administrativo,</p><p>que pode ser suprido pela oitiva do ofício do agente público por parte do julgador; (b) comprovação por</p><p>meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado, expedido por médico integrante da rede pública,</p><p>da imprescindibilidade ou da necessidade do medicamento, assim como da ineficácia para o tratamento da</p><p>moléstia dos fármacos fornecidos pelo SUS; (c) indicação</p><p>179</p><p>Responsabilidade tributária solidária de terceiros - ADI 4845/MT................... 179</p><p>13.8 TRIBUTOS ......................................................................................................... 179</p><p>ADCT, art. 91: ICMS, omissão legislativa, prorrogação de prazo e acordo em</p><p>âmbito federativo - ADO 25 QO/DF ................................................................. 179</p><p>Compra de óleo básico e incidência de ICMS - RE 642564 AgR/RJ ................ 181</p><p>ICMS: importação de gás natural e sujeito ativo - ACO 854/MS; ACO 1076/MS;</p><p>ACO 1093/MS .................................................................................................. 182</p><p>Substituição tributária e requerimento administrativo - 2 - ARE 1184956 AgR/SP</p><p>......................................................................................................................... 184</p><p>1. DIREITO ADMINISTRATIVO</p><p>1.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA</p><p>Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado e regime jurídico - ADI</p><p>4247/RJ</p><p>É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico celetista incide</p><p>sobre as relações de trabalho estabelecidas no âmbito de fundações públicas, com personalidade</p><p>jurídica de direito privado, destinadas à prestação de serviços de saúde (1).</p><p>A fundação pública, com personalidade jurídica de direito privado, é dotada de patrimônio e receitas</p><p>próprias, autonomia gerencial, orçamentária e financeira para o desempenho da atividade prevista em lei</p><p>[art. 1º da Lei Complementar (LC) 118/2007 do estado do Rio de Janeiro (2)]. Nessa configuração, o Estado</p><p>não toca serviço público na área da saúde. Ele se utiliza de pessoa interposta — de natureza privada — que,</p><p>então, adentra o mercado de trabalho e contrata.</p><p>Assim, havendo uma opção do legislador pelo regime jurídico de direito privado, é decorrência</p><p>lógica dessa opção que seja adotado para o pessoal das fundações autorizadas o regime celetista.</p><p>No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face da LC 118/2007, e do art.</p><p>22 da Lei 5.164/2007 (3), ambas do estado do Rio de Janeiro, que dispõem sobre a criação de fundações</p><p>públicas, com personalidade jurídica de direito privado, destinadas à prestação de serviços de saúde,</p><p>observado o regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).</p><p>Com esse entendimento, o Plenário julgou improcedente o pedido formalizado. Os ministros Dias</p><p>Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux e Ricardo</p><p>Lewandowski acompanharam o relator com ressalvas apenas para agregar fundamento específico acerca da</p><p>distinção entre fundação pública de direito público e fundação pública de direito privado, nos termos do</p><p>que decidido no RE 716.378, submetido à sistemática da repercussão geral.</p><p>(1) LC 118/2007 e Lei 5.164/2007 do estado do Rio de Janeiro.</p><p>(2) LC 118/2007: “Art. 1º. Fica a atividade de saúde enquadrada, para os fins do art. 37, inciso XIX, da Constituição Federal ,</p><p>como área de atuação passível de exercício por fundação pública de direito privado.”</p><p>(3) Lei 5.164/2007: “Art. 22. O regime jurídico que regerá as relações de trabalho das Fundações, mencionadas nesta Lei,</p><p>será o previsto na Consolidação das Leis de Trabalho, disciplinado no Decreto-lei 5.452, de 1º de maio de 1943 e demais normas</p><p>pertinentes.”</p><p>ADI 4247/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020. (INF 997)</p><p>1.2 AGENTES POLÍTICOS</p><p>LC 75/1993: auxílio-moradia e prazo de concessão - 2 - MS 26415/DF</p><p>A Segunda Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem em mandado de</p><p>segurança impetrado contra ato do Procurador-Geral da República (PGR), que, por entender expirado o</p><p>prazo máximo de pagamento de auxílio-moradia, indeferiu o pedido de pagamento retroativo do benefício</p><p>aos impetrantes, membros do Ministério Público da União (Informativo 801).</p><p>Em síntese, alegava-se, na impetração, que a Portaria PGR 465/1995 teria inovado a ordem jurídica,</p><p>pois teria criado indevida limitação temporal — de dois anos — para o respectivo pagamento, em vez de</p><p>apenas elencar as cidades brasileiras que se enquadrariam nas condições necessárias para a concessão do</p><p>auxílio. Logo, seria devido o pagamento retroativo de valores que deveriam ter sido recebidos entre</p><p>21.2.2006 — quando expirado o referido prazo e cessado, em razão disso, o pagamento do benefício — e</p><p>a edição da Portaria PGR 484/2006, que aumentara o prazo para cinco anos.</p><p>O colegiado rejeitou o argumento de que o art. 227, VIII, da Lei Complementar (LC) 75/1993 (1)</p><p>não deixaria espaço para que o regulamento impusesse outras restrições. Esclareceu que o mencionado</p><p>artigo constitui moldura de uma garantia institucional que permite ao PGR, em determinados casos,</p><p>estabelecer a razoabilidade na situação de fato. Entender que a estipulação de prazo de duração ofende o</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2680930</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2680930</p><p>http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/1dd40aed4fced2c5032564ff0062e425/4c64fa62d236a2a2832573af00583008?OpenDocument</p><p>http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/e9589b9aabd9cac8032564fe0065abb4/011272a6559efe00832573b5006c94c9?OpenDocument#:~:text=Lei%20Ordin%C3%A1ria&text=LEI%20N%C2%BA%205164%20DE%2017,%E2%80%9D%2C%20E%20D%C3%81%20OUTRAS%20PROVID%C3%8ANCIAS.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2680930</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9971.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2492727</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo801.htm#LC%2075/1993:%20aux%C3%ADlio-moradia%20e%20prazo%20de%20concess%C3%A3o</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fa1c6158c17256d6aee5e1c/9173e877f18f89abe564212c69c6cf4d/ADI_4247.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e7c01bad7b9b25c9150f92c/d1653cb6643b58a6de424b61435a9214/LC_75_de_1993_-_aux%C3%ADlio-moradia_e_prazo_de_concess%C3%A3o_%E2%80%93_2.mp3</p><p>princípio da legalidade resulta em flagrante violação ao disposto no regime de subsídio, em parcela única,</p><p>determinado pela Emenda Constitucional (EC) 19/1998.</p><p>Além disso, a Turma ponderou que a restrição atende ao princípio da razoabilidade, pois o auxílio-</p><p>moradia tem caráter provisório e precário, não devendo se dilatar eternamente no tempo. O recebimento do</p><p>aludido benefício sem limitação temporal configuraria verdadeira parcela remuneratória.</p><p>Enfatizou que o pagamento do auxílio-moradia por prazo certo constitui legítima atuação</p><p>discricionária do PGR, a fim de indenizar a despesa realizada com moradia pelos membros do Parquet que</p><p>optaram por residir e trabalhar nas localidades alcançadas pela vantagem. É uma forma de indenizar e de</p><p>incentivar o provimento inicial e imediato de vagas nos locais considerados de difícil acesso. Entretanto,</p><p>não há justificativa para a dilação indeterminada no recebimento do benefício.</p><p>Vencido o ministro Teori Zavascki (relator), que concedeu a ordem para restabelecer o pagamento</p><p>do auxílio-moradia. A seu ver, a LC 75/1993 previu o direito ao benefício nas localidades indicadas pelo</p><p>PGR, mas não atribuiu a ele o poder de estabelecer um prazo máximo de concessão.</p><p>(1) LC 75/1993: “Art. 227. Os membros do Ministério Público da União farão jus, ainda, às seguintes vantagens: (...) VIII –</p><p>auxílio-moradia, em caso de lotação em local cujas condições de moradia sejam particularmente difíceis ou onerosas, assim definido</p><p>em ato do Procurador-Geral da República;”</p><p>MS 26415/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em</p><p>17.3.2020. (INF 970)</p><p>1.3 AGENTES PÚBLICOS</p><p>Aposentadoria e direito adquirido a regime jurídico - 2 - Rcl 37892 AgR/SP</p><p>A Primeira Turma, em conclusão</p><p>de julgamento e por maioria, deu provimento a agravo regimental,</p><p>a fim de que seja reformado o ato recorrido e julgada improcedente a reclamação, na qual se alegava haver</p><p>desrespeito ao que decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADI 4.420 (Informativo 968).</p><p>O exame dos agravos regimentais interpostos nas reclamações 37.636 e 37.940 foi adiado por</p><p>indicação do ministro Roberto Barroso.</p><p>No caso, o reclamante, antigo titular do cargo de escrevente notarial do estado de São Paulo, teve</p><p>duas aposentadorias concedidas nos termos da Lei 10.393/1970 daquela unidade federativa.</p><p>Posteriormente, a norma foi revogada pela Lei estadual 14.016/2010, que alterou condições estabelecidas</p><p>à época da concessão dos benefícios. Em razão disso, ajuizou ação declaratória de revisão de aposentadoria,</p><p>que foi julgada improcedente.</p><p>Na reclamação, arguia ter sido estabelecido, no paradigma citado, que não poderiam ser alcançados</p><p>pelos efeitos da legislação de 2010 aqueles que estivessem em pleno gozo de suas aposentadorias, dentro</p><p>das regras da lei de 1970.</p><p>De início, o colegiado superou a questão da alegada nulidade do ato agravado decorrente da ausência</p><p>de citação do estado de São Paulo, beneficiário do acórdão reclamado, haja vista a improcedência da</p><p>reclamação [Código de Processo Civil (CPC), art. 282, § 2º (1)].</p><p>No mérito, considerou que a decisão reclamada não possui aderência estrita ao paradigma indicado.</p><p>Na ADI 4.420, o STF garantiu a situação jurídica de quem já tinha se aposentado ou preenchido os</p><p>requisitos para a obtenção do benefício. Não houve a intenção de se assegurar o direito à manutenção da</p><p>indexação de benefício de aposentadoria ao salário-mínimo ou impedir a majoração de alíquotas. O tema</p><p>em análise não foi ali discutido.</p><p>Ademais, a lei prevê novos critérios para reajustes futuros e inexiste direito adquirido à manutenção</p><p>de regime jurídico anterior.</p><p>O ministro Roberto Barroso agregou que a decisão reclamada não está em conflito com a</p><p>jurisprudência do STF ao compreender pela aplicabilidade da nova lei para a atualização do benefício da</p><p>aposentadoria. Igualmente, está correta na parte em que declarou a não recepção da Lei 10.393/1970. O</p><p>referido diploma indexou a aposentadoria ao valor do salário-mínimo, o que é expressamente vedado pela</p><p>Constituição Federal (art. 7º, IV). Compreensão ratificada pelo STF no Enunciado 4 da Súmula Vinculante</p><p>(2).</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2492727</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2492727</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo970.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5809833</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3889800</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo968.htm#Aposentadoria%20e%20direito%20adquirido%20a%20regime%20jur%C3%ADdico</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5800944</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5811450</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e7173f26f0531272e0e0493/baba591bda305c3965222da9134663ad/Aposentadoria_e_direito_adquirido_a_regime_jur%C3%ADdico_-_2.mp3</p><p>No tocante à alteração da alíquota da contribuição previdenciária, o ministro asseverou também</p><p>inexistir violação ao precedente mencionado. Além de não haver direito adquirido a regime jurídico, é</p><p>pacífico o entendimento do STF segundo o qual a contribuição previdenciária possui natureza jurídica</p><p>tributária. Complementou inexistir norma jurídica válida que confira o direito ao não recolhimento de</p><p>tributo.</p><p>Vencidos os ministros Alexandre de Moraes (relator) e Rosa Weber, que desproveram o agravo</p><p>interposto da decisão de procedência da reclamação. O relator registrou que a extinção da carteira de</p><p>previdência das serventias não oficializadas daquele ente federado, embora seja possível por lei estadual, e</p><p>operada pela lei de 2010, deve respeitar o direito adquirido dos participantes que teriam jus aos benefícios</p><p>à época da edição da nova lei. Concluiu que o reclamante foi indevidamente submetido às regras da lei de</p><p>2010, porque suas aposentadorias foram concretizadas no regime anterior.</p><p>(1) CPC: “Art. 282. (...) § 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o</p><p>juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.”</p><p>(2) Enunciado 4 da Súmula Vinculante: “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado</p><p>como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.”</p><p>Rcl 37892 AgR/SP, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento</p><p>em 10.3.2020. (INF 969)</p><p>Aproveitamento de servidores da extinta Minas Caixa e princípio do concurso público - 3 - ADI</p><p>1251/MG</p><p>Em conclusão de julgamento, o Plenário assentou a procedência de pedido formulado em ação direta</p><p>para declarar a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei 11.816/1995 do estado de Minas Gerais (1). Ademais,</p><p>em votação majoritária, modulou os efeitos da decisão para que a declaração de inconstitucionalidade da</p><p>norma retroaja à data do deferimento da medida cautelar (Informativo 524).</p><p>De início, o colegiado, por maioria, rejeitou preliminar de inadmissibilidade da ação, aduzida em</p><p>face de ter sido ajuizada após decorrido o prazo previsto na lei para os servidores públicos estaduais à</p><p>disposição do Tribunal de Contas mineiro requererem a integração ao Quadro Especial de Pessoal daquela</p><p>Corte de Contas.</p><p>Assinalou não ter ocorrido o pleno exaurimento da eficácia da norma impugnada que resultasse na</p><p>inadmissibilidade da ação direta. Trata-se de lei que fixa prazo para o exercício de um direito. Entretanto,</p><p>é uma lei de efeitos permanentes. Ao mesmo tempo em que estabelece o prazo de trinta dias para o</p><p>requerimento dos servidores, reconhece a eles, quando atendidos os requisitos estabelecidos, o direito de</p><p>integrar o quadro do Tribunal de Contas.</p><p>Sublinhou estar em discussão exatamente a hipótese de integração de servidores público àquele</p><p>quadro sem a realização de concurso público. Portanto, persiste a natureza abstrata da norma, apta a</p><p>desafiar, ainda hoje, sua análise em sede de controle concentrado de constitucionalidade.</p><p>Além disso, em situação análoga, o Supremo Tribunal Federal superou questão de ordem para</p><p>conhecer da ação. Na oportunidade, não reconheceu a existência de norma impregnada de eficácia</p><p>temporária, sujeitando-a ao controle abstrato de constitucionalidade (ADI 2.986 QO).</p><p>No ponto, vencido o ministro Marco Aurélio, que não admitiu a ação. Ante a vigência delimitada</p><p>no tempo, avaliou não se estar diante de ato normativo abstrato autônomo que ainda surta efeitos, mas a</p><p>examinar situações concretas dos servidores que optaram pela integração. Por isso, a inadequação do</p><p>instrumental.</p><p>O Plenário julgou procedente a pretensão, haja vista o dispositivo em exame afrontar o princípio do</p><p>concurso público [Constituição Federal (CF), art. 37, II (2)].</p><p>Ato contínuo, a decisão foi modulada com efeitos ex nunc. A declaração de inconstitucionalidade</p><p>do preceito impugnado retroagiu à data do deferimento da medida cautelar, em 30.6.1995, placitadas as</p><p>situações jurídicas dos funcionários que ingressaram no quadro do Tribunal de Contas antes de ser</p><p>concedida a medida.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5809833</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5809833</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo969.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1610670</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1610670</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo524.htm#Aproveitamento%20de%20Servidores%20da%20Extinta%20Minas%20Caixa%20e%20Princ%C3%ADpio%20do%20Concurso%20P%C3%BAblico%20-%201</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2164729</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f3450f83d5c1f12bae596bb/a7112ea1ad98d9491b34519c5ef71785/Aproveitamento_de_servidores_da_extinta_Minas_Caixa_e_princ%C3%ADpio_do_concurso_p%C3%BAblico_-_3.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=OuUk62CU7QM&list=PLippyY19Z47sW7JAYyw75LwQ9Lx-YRy5c</p><p>Vencido o ministro Marco Aurélio quanto à modulação dos efeitos. A seu ver, os servidores ou</p><p>optaram no prazo preceituado na lei ou não o fizeram. Logo, inexistiria campo para implementar-se a</p><p>modulação. Por fim, o ministro consignou ser contrário à denominada “inconstitucionalidade útil”.</p><p>(1) Lei 11.816/1995: “Art. 3º O servidor público estadual à disposição do Tribunal de Contas em 30 de novembro de 1994</p><p>poderá requerer sua integração ao Quadro Especial de Pessoal do referido Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da</p><p>publicação desta lei.”</p><p>(2) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:</p><p>(...) II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e</p><p>títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para</p><p>cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;”</p><p>ADI 1251/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 6.8.2020. (INF 985)</p><p>Julgamento de concessão de aposentadoria: prazo decadencial, contraditório e ampla defesa -</p><p>3 - RE 636553/RS</p><p>Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas</p><p>estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de</p><p>aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.</p><p>Com base nesse entendimento, o Plenário, em conclusão e por maioria, ao apreciar o Tema 445 da</p><p>repercussão geral, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia se o Tribunal de Contas</p><p>da União (TCU) deve observar o prazo decadencial de cinco anos, previsto no art. 54 da Lei 9.784/1999</p><p>(1), para julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria e a necessidade de</p><p>observância do contraditório e da ampla defesa (Informativos 955 e 966).</p><p>No caso, a aposentadoria foi concedida pelo órgão de origem em 1º.9.1995. Em 18.7.1996, o</p><p>processo administrativo chegou ao TCU. Em 4.11.2003, o TCU, ao analisar a legalidade da aposentadoria</p><p>do servidor público concedida há mais sete anos, constatou a existência de irregularidades e, por essa razão,</p><p>considerou ilegal o ato de concessão.</p><p>O Tribunal, seguindo sua jurisprudência dominante, considerou que a concessão de aposentadoria</p><p>ou pensão constitui ato administrativo complexo, que somente se aperfeiçoa após o julgamento de sua</p><p>legalidade pela Corte de Contas.</p><p>Nesses termos, por constituir exercício da competência constitucional (CF, art. 71, III) (2), tal ato</p><p>ocorre sem a participação dos interessados e, portanto, sem a observância do contraditório e da ampla</p><p>defesa.</p><p>Entretanto, por motivos de segurança jurídica e necessidade da estabilização das relações, é</p><p>necessário fixar-se um prazo para que a Corte de Contas exerça seu dever constitucional.</p><p>Diante da inexistência de norma que incida diretamente sobre a hipótese, aplica-se ao caso o disposto</p><p>no art. 4º do Decreto-lei 4.657/1942 (3), a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB).</p><p>Assim, tendo em vista o princípio da isonomia, seria correta a aplicação, por analogia, do Decreto</p><p>20.910/1932 (4).</p><p>Portanto, se o administrado tem o prazo de cinco anos para buscar qualquer direito contra a Fazenda</p><p>Pública, também deve-se considerar que o Poder Público, no exercício do controle externo, tem o mesmo</p><p>prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao administrado.</p><p>Desse modo, a fixação do prazo de cinco anos se afigura razoável para que o TCU proceda ao</p><p>registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o qual se considerarão</p><p>definitivamente registrados.</p><p>Por conseguinte, a discussão acerca da observância do contraditório e da ampla defesa após o</p><p>transcurso do prazo de cinco anos da chegada do processo ao TCU encontra-se prejudicada. Isso porque,</p><p>findo o referido prazo, o ato de aposentação considera-se registrado tacitamente, não havendo mais a</p><p>possibilidade de alteração pela Corte de Contas.</p><p>Os ministros Gilmar Mendes (relator) e Alexandre de Moraes reajustaram os seus votos.</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1610670</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal985.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4043019</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=4043019&numeroProcesso=636553&classeProcesso=RE&numeroTema=445</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo955.htm</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e56dd5ef0fdaf28d306bb18/d8b53d8e59749173e46ce7efd7d3f11d/Julgamento_de_concess%C3%A3o_de_aposentadoria_-_prazo_decadencial,_contradit%C3%B3rio_e_ampla_defesa_%E2%80%93_3.mp3</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=2S_JgGzPLNM&list=PLippyY19Z47sYhXMdb9wl9eMbF8O96Xh9&index=2</p><p>O ministro Edson Fachin acompanhou o relator quanto à parte dispositiva. Enfatizou, porém, que o</p><p>ato de concessão de aposentadoria é um ato simples e não complexo. Além disso, o prazo de cinco anos</p><p>inicia-se com a publicação do ato pelo órgão de origem e não da chegada do processo administrativo ao</p><p>TCU.</p><p>Vencido o ministro Marco Aurélio, que deu provimento ao recurso extraordinário. Salientou que o</p><p>ato de concessão de aposentadoria pelo órgão de origem do servidor não é ato jurídico perfeito e acabado,</p><p>de modo que a Administração Pública não decai da possibilidade de proceder à análise da higidez do ato.</p><p>(1) Lei 9.784/1999: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis</p><p>para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1º No caso de efeitos</p><p>patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. § 2º Considera-se exercício do direito</p><p>de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.”</p><p>(2) CF: “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da</p><p>União, ao qual compete: (...) III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na</p><p>administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo</p><p>de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores</p><p>que não alterem o fundamento legal do ato concessório;”</p><p>(3) Decreto-lei 4.654/1942: “Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e</p><p>os princípios gerais de direito”.</p><p>(4) Decreto 20.910/1932: “Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer</p><p>direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da</p><p>data do ato ou fato do qual se originarem”.</p><p>RE 636553/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 19.2.2020. (INF 967)</p><p>Servidor aposentado pelo RGPS e reintegração sem concurso - ARE 1234192 AgR/PR e ARE</p><p>1250903 AgR/PR</p><p>A Primeira</p><p>Turma, por maioria, deu provimento a agravos regimentais em recursos extraordinários</p><p>com agravo para julgar improcedentes pedidos formulados por servidores públicos municipais, que, depois</p><p>de se aposentarem voluntariamente, pretendiam ser reintegrados aos mesmos cargos que ocupavam</p><p>anteriormente.</p><p>Trata-se de servidores ocupantes de cargos de provimento efetivo, que requereram aposentadoria</p><p>perante o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pois o município não possui regime próprio de</p><p>previdência. Posteriormente, mediante ação judicial, postularam a aludida reintegração, ao fundamento de</p><p>que seria cabível a percepção simultânea de vencimentos de cargo público com proventos de aposentadoria,</p><p>pagos pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS).</p><p>A Turma considerou inadmissível que o servidor efetivo, depois de aposentado regularmente, seja</p><p>reconduzido ao mesmo cargo sem a realização de concurso público, com o intuito de cumular vencimentos</p><p>e proventos de aposentadoria. Se o servidor é aposentado pelo RGPS, a vacância do cargo respectivo não</p><p>implica direito à reintegração ao mesmo cargo sem a realização de concurso.</p><p>Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Rosa Weber, que negaram provimento aos agravos</p><p>ao fundamento de que a matéria implicaria análise de legislação infraconstitucional.</p><p>ARE 1234192 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,</p><p>julgamento em 16.6.2020. (INF 982)</p><p>ARE 1250903 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,</p><p>julgamento em 16.6.2020. (INF 982)</p><p>1.4 CONCURSO PÚBLICO</p><p>Critério de desempate em concurso público que beneficia aquele que já é servidor da unidade</p><p>federativa - ADI 5358/PA</p><p>TESE FIXADA</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4043019</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5773098</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5833801</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5833801</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5773098</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5773098</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal982.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5833801</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5833801</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal982.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4818260</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ef0ab9d1d9bc95538ff45ca/440395292f0f168f63a086d09fa6dfc9/Servidor_aposentado_pelo_RGPS_e_reintegra%C3%A7%C3%A3o_sem_concurso.mp3</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc243a5b66f355e2733e976/431d99d2edaf94bfeb40619e452f6cf0/ADI_5358.mp3</p><p>É inconstitucional a fixação de critério de desempate em concursos públicos que favoreça</p><p>candidatos que pertencem ao serviço público de um determinado ente federativo.</p><p>RESUMO</p><p>É incompatível com a Constituição Federal (CF) estabelecer preferência, na ordem de</p><p>classificação de concursos públicos, em favor de candidato já pertencente ao serviço público.</p><p>A CF prevê, expressamente, no art. 19, III (1), que “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito</p><p>Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si” e o ato normativo com</p><p>aquele conteúdo possui o nítido propósito de conferir tratamento mais favorável aos candidatos que já são</p><p>servidores da unidade federativa.</p><p>Na hipótese, a norma não assegura a seleção de candidatos mais experientes. Ao contrário,</p><p>possibilita que um candidato mais experiente, proveniente da administração pública federal, municipal ou,</p><p>ainda, da iniciativa privada, seja preterido em prol de um servidor estadual com pouco tempo de serviço,</p><p>desde que pertença aos quadros da unidade federativa. A medida, portanto, é inadequada para a seleção do</p><p>candidato mais experiente, viola a igualdade e a impessoalidade e não atende ao interesse público,</p><p>favorecendo injustificada e desproporcionalmente os servidores estaduais.</p><p>O art. 37, I e II, da CF (2) assegura ampla acessibilidade aos cargos e empregos públicos a todos os</p><p>brasileiros que preencham os requisitos legais, por meio de aprovação prévia em concurso público de provas</p><p>ou de provas e títulos, realizado de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego, ressalvada</p><p>a hipótese de nomeação para cargo em comissão de livre nomeação e exoneração.</p><p>A regra de acessibilidade a cargos e empregos públicos prevista no dispositivo visa conferir</p><p>efetividade aos princípios constitucionais da isonomia e da impessoalidade, de modo que a imposição legal</p><p>de critérios de distinção entre os candidatos é admitida tão somente quando acompanhada da devida</p><p>justificativa em razões de interesse público e/ou em decorrência da natureza e das atribuições do cargo ou</p><p>emprego a ser preenchido. No ponto, o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que é inconstitucional</p><p>o ato normativo que estabelece critérios de discriminação entre os candidatos de forma arbitrária ou</p><p>desproporcional (3).</p><p>Com esses fundamentos, o Plenário, por maioria, confirmou a medida cautelar e, convertendo o feito</p><p>em análise de mérito, julgou procedente o pedido formulado, para declarar a inconstitucionalidade do art.</p><p>10, §§ 1º e 2º, da Lei 5.810/1994 (4) do estado do Pará, o qual estabelecia preferência, na ordem de</p><p>classificação de concursos públicos, em favor de candidato já pertencente ao serviço público estadual</p><p>paraense. Vencido o ministro Marco Aurélio, que julgou o pedido improcedente.</p><p>(1) CF: “Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – criar distinções entre</p><p>brasileiros ou preferências entre si.”</p><p>(2) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:</p><p>I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim</p><p>como aos estrangeiros, na forma da lei; II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso</p><p>público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,</p><p>ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;”</p><p>(3) Precedente citado: ADI 3580, rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 3.8.2015.</p><p>(4) Lei 5.810/1994 do Estado do Pará: “Art. 10. A aprovação em concurso público gera o direito à nomeação, respeitada a</p><p>ordem de classificação dos candidatos habilitados. § 1º Terá preferência para a ordem de classificação o candidato já pertencente ao</p><p>serviço público estadual e, persistindo a igualdade, aquele que contar com maior tempo de serviço público ao Estado. § 2º Se ocorrer</p><p>empate de candidatos não pertencentes ao serviço público do Estado, decidir-se-á em favor do mais idoso.”</p><p>ADI 5358/PA, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF 1000)</p><p>1.5 CONTRATO ADMINISTRATIVO</p><p>Prorrogação de contrato de concessão de ferrovia e serviço adequado - ADI 5991 MC/DF</p><p>http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=630141</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4818260</p><p>http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf</p><p>http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5522428</p><p>https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e59615902599737cc037acb/7a915d300f8c33f646235ade7cd9fa02/Prorroga%C3%A7%C3%A3o_de_contrato_de_concess%C3%A3o_de_ferrovia_e_servi%C3%A7o_adequado.mp3</p>

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