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<p>Universidade Federal do Rio Grande do Sul</p><p>Faculdade de Ciências Econômicas</p><p>Departamento de Economia e Relações Internacionais</p><p>Disciplina: Comércio Internacional</p><p>Professor: Carlos Schonerwald</p><p>Aluna: Luiza Pecis Valenti</p><p>TRABALHO II</p><p>Os avanços tecnológicos recentes têm impulsionado uma transformação substancial na dinâmica do comércio internacional, com a inteligência artificial (IA) desempenhando um papel crucial nesse processo de mudança. Dois artigos da Harvard Business Review oferecem análises detalhadas sobre como a IA está revolucionando as operações comerciais e redefinindo as estratégias empresariais em um contexto global. Esses estudos destacam a maneira pela qual a IA não só otimiza processos logísticos e operacionais, mas também reconfigura as abordagens estratégicas das empresas, promovendo uma nova era de eficiência e inovação no comércio internacional.</p><p>No artigo "Artificial Intelligence for Transforming Business Operations", publicado em abril de 2024, Philipp Kandal, Chief Product Officer da Grab, detalha como esse app líder no Sudeste Asiático utiliza a IA para otimizar suas operações de entrega. A discussão centra-se nas estratégias inovadoras e nas tecnologias de IA que a empresa emprega para aprimorar a eficiência e a satisfação do cliente. Kandal explica que a Grab integra algoritmos de machine learning para prever a demanda de entrega, o que possibilita a otimização das rotas e uma gestão logística mais eficaz. Este uso da IA não apenas melhora a eficiência operacional, mas também garante entregas mais rápidas e satisfatórias.</p><p>Além disso, Kandal aborda os desafios inerentes à implementação da IA, como a necessidade de mudanças substanciais nos processos empresariais e o treinamento contínuo dos funcionários. A Grab, por exemplo, teve que adaptar suas operações para incorporar a IA de forma eficaz, demonstrando que a adoção de tecnologias emergentes exige uma reavaliação profunda das práticas organizacionais tradicionais. A capacidade da IA de prever a demanda permite uma alocação de recursos mais eficiente, otimizando as rotas de entrega e reduzindo custos operacionais.</p><p>Como principais conclusões do artigo, entende-se que a IA contribui para a redução do tempo de entrega e melhora a experiência do cliente, fatores cruciais para o sucesso no comércio eletrônico. A integração bem-sucedida da IA requer uma transformação organizacional significativa e um investimento contínuo em treinamento e desenvolvimento de habilidades.</p><p>Danielle Kost, no artigo "6 Ways That Emerging Technology Is Disrupting Business Strategy", publicado em fevereiro de 2020, explora como as tecnologias emergentes, incluindo IA, análise de dados e a Internet das Coisas (IoT), estão redefinindo a estratégia empresarial. O artigo reúne opiniões de diversos professores da Harvard Business School sobre como essas tecnologias disruptivas estão mudando as regras da competição e criando novas oportunidades estratégicas.</p><p>Kost argumenta que a disponibilidade de dados e talentos tecnológicos tornou-se mais crítica do que nunca para as empresas que buscam manter uma vantagem competitiva. A adoção de IA e algoritmos de precificação, por exemplo, está revolucionando o mercado ao permitir que as empresas ajustem seus preços de maneira mais precisa e competitiva. Além disso, a transformação digital está incentivando empresas a adotarem novos modelos de negócios baseados em plataformas, que oferecem valor significativo aos clientes por meio da inovação e da monetização diferenciada.</p><p>Como principais conclusões do artigo, Kost defende que empresas que aproveitam dados de usuários e talentos tecnológicos como principais motores de vantagem competitiva tendem a se destacar no mercado global. A adoção de novas tecnologias muitas vezes exige mudanças substanciais nos clientes atendidos, nas habilidades empregadas e nas estruturas organizacionais, resultando em maiores retornos a longo prazo. Além disso, tecnologias emergentes estão permitindo que empresas explorem novos modelos de negócios, criando valor significativo para os clientes através da inovação.</p><p>Ambos os artigos ressaltam a importância da adaptação organizacional e do investimento em talentos e tecnologia para explorar plenamente os benefícios da IA. Kandal, ao discutir a implementação prática da IA na Grab, destaca os desafios de transformação organizacional, como a necessidade de um treinamento extensivo dos funcionários e a modificação dos processos empresariais existentes para integrar eficazmente as novas tecnologias. Esse enfoque prático ilustra como a IA pode ser utilizada para resolver problemas logísticos complexos, otimizar a alocação de recursos e melhorar a experiência do cliente, mas também enfatiza a importância de um compromisso contínuo com a inovação tecnológica e a formação de habilidades específicas dentro da organização.</p><p>Por outro lado, Danielle Kost aborda a IA de uma perspectiva estratégica mais ampla, discutindo como tecnologias emergentes estão redefinindo as regras da competição global e criando novas oportunidades para as empresas. Kost explora como a IA permite a adoção de algoritmos de precificação que não apenas ajustam os preços de maneira mais precisa, mas também alteram fundamentalmente a dinâmica competitiva dos mercados online, exigindo que as empresas invistam em infraestrutura de TI robusta e adaptem suas decisões de produção. Além disso, ela destaca que a IA e outras tecnologias emergentes estão possibilitando a criação de novos modelos de negócios baseados em plataformas, que oferecem valor significativo aos clientes por meio da inovação disruptiva.</p><p>Esses modelos de negócios não apenas capturam valor de maneiras inéditas, mas também promovem uma reconfiguração das estruturas organizacionais e das estratégias de monetização, evidenciando como a adoção de IA e a transformação digital são cruciais para sustentar a competitividade e promover o crescimento no mercado global contemporâneo. Dessa forma, ambos os artigos juntos elucidam como a IA está não apenas otimizando operações específicas, como as de entrega da Grab, mas também transformando estratégias empresariais de forma holística, incentivando inovações e criando novas oportunidades de vantagem competitiva no comércio internacional.</p><p>Esses avanços tecnológicos podem ser contextualizados e analisados à luz das teorias e práticas descritas em "O Exportador" de Nicola Minervini (2013), "Gestão de Negócios Internacionais" de Marco Antonio Vasconcellos e Simão Silber (2006), e "International Business" de Daniels, Radebaugh e Sullivan (2015). Minervini (2013) sublinha a importância do planejamento estratégico, da análise de mercado detalhada e da gestão eficiente da cadeia de suprimentos para o sucesso no comércio internacional. A implementação de IA na Grab, descrita por Kandal, exemplifica como essas tecnologias podem otimizar essas práticas tradicionais. A IA permite previsões precisas de demanda e otimização de rotas de entrega, resultando em maior eficiência operacional e redução de custos. Essas capacidades estão alinhadas com os princípios de eficiência e inovação discutidos por Minervini, mostrando como a IA pode transformar práticas clássicas de exportação ao oferecer uma resposta mais ágil às flutuações do mercado.</p><p>Vasconcellos e Silber (2006) exploram a gestão internacional com ênfase na análise de ambientes econômicos, estratégias de entrada no mercado e a necessidade de uma abordagem estratégica robusta. Os insights de Kost (2020) sobre como a IA e outras tecnologias emergentes estão redefinindo a estratégia empresarial complementam essas ideias, mostrando como as empresas podem usar algoritmos de precificação e modelos de negócios baseados em plataformas para obter vantagens competitivas significativas. A capacidade de ajustar preços com precisão e inovar em modelos de negócios reflete a adaptação e inovação contínuas que Vasconcellos e Silber defendem para competir no cenário global.</p><p>Daniels, Radebaugh e Sullivan (2015) em "International Business" oferecem uma perspectiva</p><p>ampla sobre as complexidades do comércio internacional, abordando temas como a globalização, as estratégias de mercado e as dinâmicas econômicas internacionais. A análise de Kost sobre a IA destaca como essas tecnologias emergentes estão mudando as regras da competição global, permitindo que as empresas testem e ajustem suas estratégias de forma mais eficaz. Isso se alinha com a ênfase dos autores na importância da adaptação estratégica em resposta às mudanças globais. Além disso, a capacidade de utilizar IA para prever demandas e gerenciar operações logísticas, como discutido por Kandal, reflete a necessidade de adaptação às condições de mercado dinâmicas, aspectos centrais das teorias de Daniels et al.</p><p>A integração dessas perspectivas mostra que a IA e outras tecnologias emergentes estão não apenas aprimorando práticas tradicionais de exportação e gestão internacional, mas também criando novas possibilidades estratégicas que transformam o comércio internacional de maneira fundamental. A capacidade de prever demandas, otimizar operações e inovar em modelos de negócios proporciona uma vantagem competitiva significativa, essencial para o sucesso no ambiente global contemporâneo. Assim, a aplicação da IA, conforme discutida nos artigos da HBS, oferece uma evolução prática e teórica dos conceitos apresentados por Minervini, Vasconcellos e Silber, e Daniels et al., evidenciando a interconexão entre tecnologia e estratégia no comércio internacional.</p><p>Ao considerar as implicações mais amplas dessas transformações, é evidente que a IA está desempenhando um papel crítico na transição para um mercado global mais interconectado e eficiente. As empresas que adotam essas tecnologias não apenas se beneficiam de melhorias operacionais, mas também se posicionam de maneira mais competitiva em um cenário internacional cada vez mais dinâmico e desafiador. Isso reflete uma mudança fundamental na maneira como os negócios são conduzidos globalmente, onde a capacidade de adaptação e inovação se torna um diferencial estratégico vital.</p><p>A adoção de IA e outras tecnologias emergentes também implica uma necessidade crescente de revisão das políticas e regulamentos que governam o comércio internacional. Governos e instituições internacionais devem considerar essas mudanças ao formular novas diretrizes que incentivem a inovação tecnológica enquanto garantem a equidade e a competitividade no mercado global. A harmonização de políticas que facilitem a integração de tecnologias avançadas nas operações comerciais pode acelerar ainda mais o progresso econômico e comercial global.</p><p>Adicionalmente, a formação de parcerias estratégicas entre empresas e instituições acadêmicas pode fomentar um ambiente de colaboração que impulsione o desenvolvimento de tecnologias emergentes. Essas parcerias podem facilitar a transferência de conhecimento e tecnologia, promovendo a inovação e a competitividade. Ao integrar esforços e recursos, tanto as empresas quanto as instituições acadêmicas podem beneficiar-se mutuamente, acelerando o progresso tecnológico e a implementação prática de novas soluções. Esse tipo de colaboração é fundamental para garantir que os avanços tecnológicos, como a IA, sejam continuamente aprimorados e aplicados de maneira eficaz em diversos setores, incluindo o comércio internacional. A sinergia entre o setor privado e o acadêmico não só promove o desenvolvimento de novas tecnologias, mas também fortalece a base de conhecimento e habilidades necessárias para enfrentar os desafios econômicos e comerciais do futuro.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>KANDAL, P. Artificial Intelligence for Transforming Business Operations. Harvard Business School, 18 abr. 2024. https://d3.harvard.edu/insight-how-to-radically-transform-business-operations-with-ai/</p><p>KOST, D. 6 Ways That Emerging Technology Is Disrupting Business Strategy. Harvard Business Review, 10 fev. 2020. https://hbswk.hbs.edu/item/6-ways-that-digital-technology-disrupts-business-strategy</p><p>MINERVINI, N. O Exportador. São Paulo: Pearson, 2013.</p><p>VASCONCELLOS, M. A.; SILBER, S. Gestão de Negócios Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2006.</p><p>DANIELS, J.; RADEBAUGH, L.; SULLIVAN, D. International Business. 15th ed. Pearson Education, 2015.</p>