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<p>REGIMES POLÍTICOS E</p><p>SISTEMAS DE GOVERNO</p><p>AULA 2</p><p>Prof. Carlos Alberto Simioni</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Anteriormente, vimos que a imprecisão de muitos conceitos das ciências</p><p>sociais pode tornar a análise confusa. Além disso, algumas ênfases são</p><p>deixadas em segundo plano em função de outras mais atrativas. É o caso das</p><p>muitas análises sobre a democracia, e as relativamente poucas sobre</p><p>autoritarismo. De fato, há menos pesquisas sobre regimes autoritários, suas</p><p>variações ou tipificações, como se tivessem poucas diferenças entre si. Da</p><p>mesma forma, entre os analistas há muito mais defensores do modelo</p><p>democrático. Mas a literatura política possui defensores senão de regimes</p><p>autoritários, ao menos do “autoritarismo provisório”. Alguns foram muito claros,</p><p>como Hobbes e os defensores do Absolutismo, em um período em que não se</p><p>cogitava regimes democráticos. Mais recentemente, no início do século XX,</p><p>cresceu o apoio ao pensamento autoritário conservador. O liberalismo europeu</p><p>desse período era autoritário em relação ao mundo. No marxismo, a autoritária</p><p>tese de uma ditadura do proletariado. Após a 2ª Guerra, em teoria, tal</p><p>pensamento não vingou, porém, é certo que orientou diversos regimes pelo</p><p>mundo. Hoje, apesar de um contexto democrático, há pelo menos um</p><p>recrudescimento de práticas políticas autoritárias. Nesta abordagem,</p><p>analisaremos os conceitos que indicam autoritarismo e possíveis diferenças</p><p>entre regimes autoritários.</p><p>Ao analisarmos o autoritarismo, o primeiro passo é verificar se nos</p><p>referimos aos mesmos significados para o termo ou suas variações. De início,</p><p>diferenciamos da palavra autoridade, pois essa possui, em princípio, um</p><p>significado positivo, ou seja, em termos sociológicos indica legitimidade</p><p>(aceitação social) de uma relação de poder, aceitação essa justificada pela</p><p>religião, natureza, hierarquia social, militar ou outra. Autoridade é o fator</p><p>essencial da dominação, conceito que para Weber indica exatamente a</p><p>legitimidade na relação de poder. Assim, o elo ordem e execução se dá na forma</p><p>de administração, “Toda dominação manifesta-se e funciona como</p><p>administração” (Weber, 2004, p. 193). E toda administração, por sua vez, precisa</p><p>que “certos poderes de mando se encontrem nas mãos de alguém” (p. 193).</p><p>Autoridade indica exatamente a aceitação desse processo.</p><p>Por outro lado, autoritário indica um exagero nessa relação, ultrapassando</p><p>os limites da autoridade dados socialmente. Autoritarismo, portanto, seria uma</p><p>3</p><p>condição geral em que imperam relações de poder além do limite socialmente</p><p>aceito. Pode se dizer que onde impera a “autoridade” há a aceitação das regras</p><p>e hierarquias sociais; onde prevalece uma relação autoritária, recorre-se a</p><p>coerção e violência para o cumprimento dessas. A raiz do termo é exposta por</p><p>Santos:</p><p>O adjetivo autoritário deriva de instituições do Direito Privado romano,</p><p>relativas ao termo auctoritatis. O sentido público da autoridade</p><p>indicava, inicialmente, a figura do criador ou fundador da cidade,</p><p>responsável pelo seu crescimento. O substantivo autoritarismo, por</p><p>sua vez, supõe atualmente a utilização ‘distorcida’ da ideia ‘legítima’ de</p><p>autoridade, na medida em que implica uma estrutura política</p><p>excessivamente hierárquica que concentra, em demasia, o poder</p><p>político, prescindindo de instituições liberal-democráticas ou opondo-</p><p>se diretamente ao seu funcionamento (Arendt, 1972 citado por Santos,</p><p>2007).</p><p>É importante ressaltar que autoridade e autoritarismo são fenômenos de</p><p>toda a vida humana, não apenas do campo político, conforme aponta Codato</p><p>(2005, p. 9):</p><p>Existe não apenas um autoritarismo político (sua face mais conhecida</p><p>e estudada), mas um autoritarismo social e outro ideológico, e os dois</p><p>últimos podem viger mesmo na ausência de um ‘regime autoritário’. O</p><p>autoritarismo social envolve valores e atitudes e o autoritarismo</p><p>ideológico, cultura (no sentido antropológico) e ideias (codificadas em</p><p>uma doutrina ou não, mas que sempre pretendem influenciar ou dirigir</p><p>práticas).</p><p>TEMA 1 – REGIMES AUTORITÁRIOS – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS</p><p>Toda sociedade cria determinadas hierarquias ou relações de mando, que</p><p>podem variar muito em cada grupo ou época. Elas conformam uma ordem social,</p><p>incluindo seus aspectos políticos, e são legítimas, aceitas socialmente, pelo</p><p>menos enquanto aquelas sociedades não passarem por mudanças drásticas, a</p><p>partir de razões internas ou externas (uma revolução ou invasão, por exemplo).</p><p>Por outro lado, se certos limites dessa ordem social – antes da queda dessa</p><p>ordem – forem ultrapassados, temos o autoritarismo. Nas sociedades modernas,</p><p>nas quais prevalece uma ordem social influenciada em maior ou menor grau por</p><p>ideais liberais, ir além da fronteira desse ideal indica situações como governos</p><p>com poucos limites, pouca divisão de poder, arbítrio, ações acima das leis. Os</p><p>cidadãos estão subjugados. Em tal contexto pode se ter um sistema específico,</p><p>um regime autoritário, conforme Stoppino (1998, p. 94):</p><p>Na tipologia dos sistemas políticos, são chamados de autoritários os</p><p>regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de</p><p>4</p><p>forma mais ou menos radical o consenso, concentrando o poder</p><p>político nas mãos de uma só pessoa ou de um só órgão e colocando</p><p>em posição secundária as instituições representativas [...] é</p><p>condicionada por uma estrutura política profundamente hierárquica,</p><p>por sua vez escorada numa visão de desigualdade entre os homens e</p><p>exclui ou reduz ao mínimo a participação do povo no poder.</p><p>Ao se analisar vários regimes autoritários ao longo da história recente –</p><p>século XX até hoje – observam-se algumas características específicas, que</p><p>podem existir simultaneamente ou não.</p><p>• Alta centralização administrativa e política: embora possa existir uma</p><p>política centralizada e administração descentralizada, via elites locais</p><p>submetidas a um poder político central, não havendo controle ou</p><p>interferência popular. É o caso do Absolutismo (Séculos XVI-XVIII) e/ou</p><p>das atuais monarquias do Oriente Médio;</p><p>• Falta de limites ao poder por parte do governante: tal fato resulta em</p><p>arbítrio, por exemplo, o desprezo por certas leis, ou uso dessas quando</p><p>convém; ou usando-as ou deturpando-as com objetivos políticos;</p><p>• Violência acima das regras sociais/leis: se a violência legítima é um</p><p>pressuposto do Estado Moderno, o abuso ou arbítrio resulta em um uso</p><p>desmedido da violência e do aparato de segurança, muitas vezes com</p><p>finalidade política (prisão de opositores, assassinatos, espionagem ilegal,</p><p>o judiciário usado como arma, com processos muitas vezes injustos ou</p><p>persecutórios;</p><p>• Polarização/Extremismo/Fundamentalismo religioso ou político: um dos</p><p>ideais da democracia moderna é o laicismo e a liberdade de oposição,</p><p>resultando em um Estado laico (sem interferência religiosa) e plural, ou</p><p>seja, com ampla possibilidade de exposição de ideias e debate.</p><p>Entretanto, embora não seja característica geral, quando há um contexto</p><p>de polarização política ou religiosa e determinado regime incorpora tal</p><p>polarização, o autoritarismo pode se agigantar. O problema em tais casos</p><p>não é a religião ou a ideologia em si, mas o fanatismo típico do</p><p>fundamentalismo. Extremismo significa uma radicalização religiosa ou nas</p><p>ideologias políticas, sugerindo ou usando da força bruta para se atingir</p><p>objetivos, como no caso do terrorismo de todos os matizes;</p><p>• Populismo: o fenômeno populismo não é característica só de regimes</p><p>políticos autoritários, por outro lado, é uma tendência do autoritarismo</p><p>contemporâneo. Quando em conjunto, autoritarismo e populismo dão uma</p><p>5</p><p>forma específica ao regime, como foi o caso do populismo típico dos anos</p><p>1930-1950 na América Latina (Ianni, 1975), facilitando a aproximação do</p><p>líder autoritário às massas;</p><p>• Elites opressoras: em contextos autoritários é comum que o líder ou</p><p>regime seja</p><p>apoiado ou represente determinada elite dominante. Tais</p><p>elites concentram a riqueza do país, interferindo nas decisões de Estado,</p><p>nas nomeações para cargos públicos e no próprio setor privado,</p><p>manipulando-o de acordo com seus interesses, gerando extrema</p><p>desigualdade, tensionando a sociedade.</p><p>1.1 O pensamento político autoritário</p><p>Em termos acadêmicos ou teóricos, os regimes políticos autoritários são</p><p>objetos de análise ou mesmo de defesa. Na ciência política costuma-se indicar</p><p>o pensamento político autoritário. Nesse, podemos visualizar ao menos duas</p><p>linhas. A defesa pura de um Estado forte e autoritário, como se observa na obra</p><p>do alemão Carl Schmitt (1888-1985), cuja teoria tem matriz hobbesiana</p><p>adaptada ao século XX democrático, ou seja, o Direito como legitimador do</p><p>estado de exceção, mecanismo básico para gerar ordem. Para Martins (1996),</p><p>“o político fundamenta-se sobre uma categoria própria: a distinção entre o amigo</p><p>e o inimigo” e soberania indica o poder de definir quem é o inimigo. A decisão</p><p>soberana é a que coloca ordem ao caos. A partir daí definem-se as condições</p><p>para um constitucionalismo antiliberal, via estado de exceção:</p><p>Dados a sua influência e o seu grau de detalhamento técnico, o modelo</p><p>schmittiano acabou por transformar-se no paradigma jurídico-</p><p>constitucional das ditaduras ocidentais do século XX. [...] Quando se</p><p>fala de constitucionalismo antiliberal, o elemento distintivo é a</p><p>possibilidade da suspensão do direito autorizada pelo próprio direito, o</p><p>que significa que esse constitucionalismo legitima a existência das</p><p>ditaduras. É deste modo que o Poder Executivo pode exercer a sua</p><p>vontade livre de restrições jurídicas. Esta engenharia constitucional,</p><p>que opera por instrumentos de exceção, justifica-se pela necessidade</p><p>dos fatos. (Santos, 2007).</p><p>Outra linha é o autoritarismo conservador, antiliberal, mas “provisório”, isto</p><p>é, em certos contextos a democracia não teria um terreno fértil, de forma que um</p><p>Estado forte conduziria a sociedade em sua direção. No Brasil, Oliveira Viana,</p><p>Alberto Torres e Francisco Campos defenderam tais ideias no início do século</p><p>XX, assim como apoiaram a ditadura do Estado Novo (1937-1945). Mas esse</p><p>“autoritarismo instrumental” permaneceu, inclusive entre os gestores do governo</p><p>6</p><p>militar iniciado em 1964 (Weffort, 2006, p. 259)1. A matriz desse pensamento</p><p>está em fontes diversas, inclusive no conservadorismo católico:</p><p>[...] o antiliberalismo, que vem da reação católica à Revolução</p><p>Francesa (De Maistre, Bonald e Donoso Cortés), desenvolve, nos anos</p><p>1920, outro fundamento à autoridade. A representação política</p><p>antiliberal, isto é, a relação entre povo e governo pode se estabelecer</p><p>tanto pela existência de corporações profissionais, como por uma elite</p><p>esclarecida ou através do plebiscito. Nesses casos, o Estado restringe</p><p>o parlamento às funções orçamentárias e/ou à legislação sobre</p><p>princípios gerais, a serem regulamentados pelo Poder Executivo.</p><p>(Santos, 2007).</p><p>Tais ideias estão hoje relegadas a um segundo plano, no entanto, não é</p><p>difícil encontrar semelhanças na forma política de diversos regimes autoritários</p><p>da atualidade ou da tentativa de certos governos em tornar o poder Executivo</p><p>predominante ou, então, governar via estado de exceção.</p><p>1.2 Medindo ou classificando o autoritarismo</p><p>Embora não muito comum, alguns analistas procuram classificar ou medir</p><p>o conceito ou os regimes políticos autoritários. Um dos primeiros autores a tentar</p><p>fazer tal classificação foi Adorno, expoente da Escola de Frankfurt, realizando</p><p>uma pesquisa nos Estados Unidos, anos 50, resultando na obra Estudos sobre</p><p>a personalidade autoritária (Editora da Unesp, 2019). Ele “mediu”, por meio de</p><p>alguns critérios, as atitudes antidemocráticas, resultando em uma escala de</p><p>autoritarismo. Apesar de seu método ter sido muito criticado, seu trabalho inovou</p><p>um campo de estudos até então pouco explorado. Como veremos no subtópico</p><p>3.2, o sociólogo espanhol Juan Linz diferencia autoritarismo e totalitarismo.</p><p>Hanna Arendt analisa profundamente o conceito “totalitarismo”.</p><p>De forma geral, contudo, a maioria dos autores foca nas características</p><p>da democracia, classificado aspectos como “critérios mínimos para a</p><p>democracia” ou “qualidade das instituições democráticas”, elencando aspectos</p><p>que a subvertem. Nesse caso, quando em conjunto, tais aspectos negativos</p><p>resultam em regimes autoritários. Tal ênfase pode ser vista em Mainwaring et al.</p><p>(2001) ao classificarem os regimes políticos da América Latina (anos 40 a 1999)</p><p>em “democráticos”, “semidemocráticos” e “autoritários”. Há autores que nem</p><p>1 Uma coletânea sobre este tema é a Revista Política Hoje, v. 27, 2018: Edição Especial -</p><p>Estado Novo, 1937-2017: Revisão do Pensamento Político Autoritário Brasileiro. Disponível em:</p><p><https://periodicos.ufpe.br/revistas/politicahoje/issue/view/2652>. Acesso em: 16 abr. 2024.</p><p>https://periodicos.ufpe.br/revistas/politicahoje/issue/view/2652</p><p>7</p><p>mesmo consideram a possibilidade de um regime político ser autoritário, como</p><p>Dallari (2018, p. 221), para quem tais regimes estão baseados na força, logo se</p><p>distanciam dos ideais da política, não devendo ser considerados como regimes.</p><p>Mainwaring et al. (2001) consideram insuficiente concluir que um regime</p><p>é democrático por simplesmente existir eleições e competição partidária. Seria o</p><p>caso da África do Sul durante o Apartheid ou a situação de certos países da</p><p>América Central onde oligarquias dominantes ou os militares dominaram o</p><p>cenário político por décadas. Vejamos as características de regimes autoritários</p><p>e semidemocráticos de acordo com a classificação proposta por esses autores,</p><p>em que são expostas as possíveis violações da democracia que, em casos</p><p>graves ou em conjunto, podem representar um regime autoritário. Em casos</p><p>isolados ou violações parciais, representam regimes semidemocráticos e</p><p>“avaliam o grau de violação a partir de quatro critérios que definem uma</p><p>democracia” (Mainwaring et al., 2001), a saber:</p><p>- Eleições para o Legislativo e o Executivo: violação grave a) o chefe</p><p>de governo ou os membros do Legislativo não são eleitos; b) o governo</p><p>lança mão de certos recursos políticos (patronagem, repressão, ou</p><p>uma combinação dos dois) para assegurar a vitória eleitoral [...]</p><p>violação parcial quando: a) há queixas sistemáticas sobre fraudes</p><p>eleitorais e/ou perseguições à oposição, mas, apesar disso, existe uma</p><p>margem de incerteza quanto aos resultados das eleições e o governo</p><p>não consegue formar amplas maiorias no Legislativo; ou b) os militares</p><p>[ou outras elites] vetam alguns candidatos presidenciais tidos como</p><p>"inaceitáveis", mas importantes (por exemplo, Argentina 1958-66);</p><p>quando a fraude influi mas não distorce completamente os resultados</p><p>eleitorais ou as eleições se realizam em condições substancialmente</p><p>desiguais (é o caso, por exemplo, da Nicarágua em 1984, quando os</p><p>sandinistas dominavam a mídia e coagiam os grupos oposicionistas, e</p><p>de El Salvador, durante os anos 80, quando a esquerda foi</p><p>pesadamente reprimida).</p><p>- O direito de voto é inclusivo? violação grave desse princípio</p><p>democrático quando uma grande parcela da população adulta é</p><p>privada do direito de voto por motivos étnicos, de classe, de gênero ou</p><p>de nível de instrução, em condições que: a) podem impedir a obtenção</p><p>de resultados eleitorais muito diferentes (ou assim se pensa); ou b) são</p><p>excepcionalmente excludentes para aquele período histórico; ou c)</p><p>deflagram protestos sociais de massa.</p><p>- As liberdades civis são respeitadas? Há violação grave desse</p><p>princípio democrático quando: a) violações flagrantes dos direitos</p><p>humanos ou a censura aos meios de comunicação de massa</p><p>controlados pela oposição ocorrem sistematicamente; ou b) os partidos</p><p>políticos não têm liberdade de organização, isto é, a maioria dos</p><p>principais partidos é banida; somente se permite a existência de um</p><p>único partido ou de um punhado de partidos</p><p>rigidamente controlados</p><p>pelo governo (por exemplo, Panamá 1968-80, Paraguai 1947-59, Brasil</p><p>1965-79).</p><p>Há violação parcial desse princípio democrático quando: a) as</p><p>violações dos direitos humanos são menos generalizadas, mas ainda</p><p>assim afetam a capacidade de organização da oposição em algumas</p><p>regiões geográficas e setores sociais; ou b) há censura intermitente</p><p>8</p><p>aos meios de comunicação de massa ou interdição eventual de um</p><p>partido ou candidato importante.</p><p>- As autoridades eleitas têm reais condições de exercer o governo? Há</p><p>uma violação grave desse princípio democrático quando: a) os líderes</p><p>militares ou os militares como instituição [ou outras elites] dominam</p><p>abertamente áreas de políticas públicas não relacionadas estritamente</p><p>com as Forças Armadas; ou b) o chefe de governo eleito é um fantoche,</p><p>de modo que o processo eleitoral não determina realmente quem</p><p>governa.</p><p>Há violação parcial quando os líderes militares ou as Forças Armadas</p><p>como instituição têm poder de veto sobre políticas importantes em</p><p>algumas áreas não relacionadas com questões propriamente militares.</p><p>(Equador 1961-62).</p><p>É certo que outros critérios podem ser estabelecidos, Mainwaring et al.</p><p>(2001) comentam esse aspecto. Para nosso caso, tal classificação serve como</p><p>exemplo de possíveis classificações ou modulações de regimes políticos</p><p>autoritários.</p><p>TEMA 2 – CONCEITOS ATRELADOS AO AUTORITARISMO</p><p>Na literatura científica (ciências humanas em geral) há diversos conceitos</p><p>vinculados ao autoritarismo, apesar da imprecisão no seu uso, podendo variar</p><p>de autor para autor. Vejamos alguns desses conceitos.</p><p>2.1 Tirania</p><p>Os gregos antigos usavam o conceito para designar um poder ilegal e</p><p>ilegítimo, usurpado ou obtido sem consentimento. Em uma tirania, o senhor</p><p>domina “sobre melhores e iguais”, portanto, “contra a vontade dos súditos, já que</p><p>nenhum homem livre suportaria um domínio assim” (Aristóteles, 1295a citado</p><p>por Bobbio, 1998, p. 341). Outros pensadores acompanharam o princípio grego,</p><p>incluindo autores medievais e os contratualistas. A tirania, portanto, seria um</p><p>desvirtuamento de outras formas de governo. Atualmente, o termo é pouco</p><p>utilizado para se referir a realidades políticas autoritárias.</p><p>2.2 Ditadura</p><p>Termo muito usado na ciência política moderna, possui significados</p><p>díspares se compararmos com sua origem na antiguidade. A raiz da palavra é</p><p>exposta por Lacerda Neto (2015, p. 240-241): o “verbo ‘dictare’ latino originou o</p><p>verbo ditar, ato de enunciar palavras que alguém escreve e, por analogia, o de</p><p>prescrever, ordenar, impor um mandamento”. Nesse sentido, afirma o analista,</p><p>9</p><p>todo governante, democrático ou autoritário, seria um “ditador”. A Ditadura</p><p>romana era uma “ditadura constitucional”, ou seja, provisória, decretada a partir</p><p>de legislação específica, em função de fatos bem tipificados (uma emergência,</p><p>um perigo ao Estado, semelhante ao moderno conceito de estado de exceção,</p><p>conforme veremos em conteúdos posteriores). Na Roma republicana, antes de</p><p>se tornar império,</p><p>Excepcionalmente, os cônsules eram substituídos por um ditador,</p><p>também designado como pretor máximo, dotado de poderes totais.</p><p>Era, usualmente, indicado por um dos cônsules, como recurso para o</p><p>restabelecimento da paz e para a salvação do Estado [...] A ditadura</p><p>romana existia dentro do quadro normal das instituições político-</p><p>administrativas da república, em que se investia, regularmente, alguém</p><p>como ditador, sob emergências sociais. Ela não apresentava nenhum</p><p>caráter pejorativo, não se associava ao despotismo nem à ilegitimidade</p><p>da investidura do seu titular (Lacerda Neto, 2015, p. 234-235).</p><p>Após a Revolução Francesa, o conceito designou um regime provisório a</p><p>substituir o Antigo Regime (Lacerda Neto, 2015, p. 237) e no século XIX duas</p><p>abordagens usaram o conceito: Ditadura Republicana, usado por A. Comte na</p><p>teoria Positivista, sem o teor negativo do significado atual (p. 240). E Ditadura do</p><p>Proletariado (marxismo), cujo objetivo era assegurar o domínio dos</p><p>trabalhadores na fase inicial de uma hipotética revolução. Na atualidade, ao</p><p>contrário, o termo ditadura se refere genericamente a governos autocráticos, em</p><p>geral ilegítimos, a regimes políticos autoritários, a tiranos ensandecidos ou</p><p>exóticos.</p><p>2.3 Cesarismo/Bonapartismo</p><p>Conceitos próximos à autocracia – governo de um só, centralizando ou ao</p><p>menos influenciando fortemente todas as decisões de Estado. Em tais casos, os</p><p>líderes podem ser aclamados ou eleitos e em seguida tomam medidas</p><p>autoritárias. Cesarismo deriva da Roma antiga, em referência a Júlio Cesar,</p><p>designando “um poder forte, que soubesse desvincular-se dos interesses dos</p><p>grupos e dos indivíduos e aliar-se estreitamente ao exército com o fim de articular</p><p>uma política equilibrada que correspondesse mais aos interesses globais da</p><p>comunidade” (Guarnieri citado por Bobbio, 1998, p. 160). Bonapartismo tem um</p><p>sentido um pouco diferente, é um conceito gestado por Marx, que analisa a</p><p>[...] situação política francesa, entre os anos de 1848 e 1852, que</p><p>culminaram com a subida de Luís Bonaparte, ou Napoleão III, ao trono</p><p>da França (Marx, 2002). Neste texto clássico, Marx analisa como que,</p><p>10</p><p>em uma dada conjuntura de crise, em que nenhum grupo, classe, ou</p><p>fração de classe consegue impor seu programa político, pode ocorrer</p><p>que um indivíduo “carismático” consiga se apresentar como liderança</p><p>de todo um país, de modo a alterar o regime político, centralizando o</p><p>poder no Executivo. (Gomes, 2019).</p><p>Bonapartismo, portanto, ainda que seja uma forma de preservar o domínio</p><p>burguês, é um desvirtuamento de valores democráticos de fundo liberal, ao</p><p>transformar o regime, sufocando o Legislativo “dirigido por um grande</p><p>personagem carismático, que se apresenta como representante direto da nação,</p><p>como garante da ordem pública e como árbitro imparcial diante dos interesses</p><p>contrastantes das classes” (Pistone, 1998, p. 118). Na atualidade, alguns autores</p><p>marxistas retomaram o uso dos conceitos para se referir à tendência em alguns</p><p>países de se dar maiores poderes ao Executivo.</p><p>TEMA 3 – CONCEITOS QUE INDICAM UM AUTORITARISMO RADICAL</p><p>O autoritarismo pode ter um grau máximo, como vemos a seguir.</p><p>3.1 Despotismo</p><p>Despotismo foi um conceito muito utilizado nos séculos XVIII e XIX, em</p><p>especial, como crítica ao Absolutismo. Hoje é pouco utilizado na política. Para</p><p>Bobbio (1998, p. 340), no despotismo o governante estabelece a mesma relação</p><p>[...] que o senhor (em grego ‘despotes ‘) tem para com os escravos que</p><p>lhe pertencem. [...] Aristóteles distingue, desde as primeiras páginas</p><p>de Política, três tipos de relação de domínio: o conjugal, ou do marido</p><p>sobre a mulher; o paterno, ou do pai sobre os filhos; e o patronal ou</p><p>despósitos, que é o do senhor sobre os escravos. Com base nesta</p><p>distinção, desde a Antiguidade se vem chamando despótica a forma</p><p>de Governo em que a relação entre governantes e governados pode</p><p>ser comparada à existente entre senhor e escravos.</p><p>Modernamente, porém, despotismo é usado com muita imprecisão,</p><p>significados e intenções variadas, “sendo muitas vezes sinônimo de tirania,</p><p>ditadura, autocracia, absolutismo e outras formas semelhantes” (Bobbio, 1998,</p><p>p. 340). Despotismo, em seu significado antigo, não é necessariamente</p><p>considerado algo negativo. Para Aristóteles (citado por Bobbio, 1998, p. 341),</p><p>era considerado uma forma de governo comum a muitos reinos, em geral</p><p>monarquias do oriente (Ásia), portanto, uma forma legítima de exercício do</p><p>poder, já que baseada nos costumes e na hereditariedade e aceita pelos súditos.</p><p>11</p><p>Mesmo na modernidade foi usado para indicar uma “característica oriental” como</p><p>vemos a seguir.</p><p>3.1.1 Despotismo oriental</p><p>A expressão arcaica designa formas de exercício do poder “típicas” do</p><p>médio oriente (Egito, Pérsia, Babilônia, Império Otomano e outros) ou oriental</p><p>(China, Índia, Mongólia). Em contraposição ao modelo</p><p>grego e romano ou</p><p>ocidental moderno, aqueles seriam sistemas políticos cruéis, arbitrários, terríveis</p><p>para seu próprio povo. Na modernidade essa oposição “nós” (ocidente), “eles”</p><p>(oriente) tomou novo significado a partir da expansão europeia pelo globo. Mas</p><p>o dualismo é antigo. Maquiavel se referiu ao “despótico” Império turco (Bobbio,</p><p>1998, p. 342). Os autores iluministas absorveram tal leitura, a exemplo de</p><p>Montesquieu em sua classificação de formas de governo: monarquia, república,</p><p>despotismo, onde esse é visto como o governo em que “um só, sem leis nem</p><p>freios, arrasta tudo e todos atrás dos seus desejos e caprichos” (Bobbio, 1998,</p><p>p. 343). O governo despótico, característico de povos do oriente, seria regido</p><p>pelo medo, enquanto na Europa o monárquico se guiaria pela honra e o</p><p>republicano pela virtude. Para Montesquieu, contudo, apesar de característico</p><p>do oriente, o despotismo poderia atingir governos do ocidente. Da mesma forma,</p><p>a teoria marxista incorporou o termo ao “modo de produção asiático”, em que um</p><p>estilo imperial onipotente e violento, senhor real de todas as terras, resultaria no</p><p>monopólio público dos meios de produção (Lichthein, 1963).</p><p>A relação despotismo/oriente é uma leitura preconceituosa ocidental,</p><p>indicando uma visão estereotipada de povos tidos como “naturalmente</p><p>escravos”, “característica de povos bárbaros”, ou seja, que aceitariam ou se</p><p>submeteriam voluntariamente à relação senhor/escravo de forma natural.</p><p>Portanto, é uma expressão com forte raiz etnocêntrica.</p><p>3.2 Fascismo</p><p>Apesar de ser um movimento de massa ocorrido nos anos 30 e 40 em</p><p>diversos países, a começar pela Itália, há autores que afirmam existir</p><p>semelhança com movimentos extremistas de direita da atualidade. O termo</p><p>fascismo deriva da palavra italiana fascio, algo como “feixe” em português, ou</p><p>seja, um conjunto de objetos unidos em um só corpo. Apesar de simplório, essa</p><p>12</p><p>imagem de união representa o ideal político de uma sociedade extremamente</p><p>unida, apesar de suas diferenças. É o ideal corporativista, orgânico (a ideia da</p><p>sociedade como um corpo monolítico).</p><p>O escritor Umberto Eco (1932-2016) viveu seus primeiros 14 anos sob o</p><p>fascismo italiano e sintetiza as características básicas do fascismo antigo ou</p><p>moderno. Ao contrário de regimes totalitários (incluindo o nazismo), o fascismo</p><p>não tinha uma ideologia sólida e se caracterizava por inúmeras contradições e</p><p>misturas de aspectos de diferentes regimes ou sistemas políticos,</p><p>[...] o fascismo de Mussolini baseava-se na ideia de um líder</p><p>carismático, no corporativismo, na utopia do ‘destino fatal de Roma’,</p><p>em uma vontade imperialista de conquistar novas terras, em um</p><p>nacionalismo exacerbado, no ideal de uma nação inteira</p><p>arregimentada sob a camisa negra, na recusa da democracia</p><p>parlamentar, no antissemitismo.</p><p>Opositores políticos eram ‘[...] assassinados, a liberdade de imprensa</p><p>suspensa, os sindicatos desmantelados, os dissidentes políticos</p><p>confinados em ilhas remotas, o poder legislativo tornou-se pura ficção</p><p>e o executivo (que controlava o judiciário, assim como a mídia)</p><p>emanava diretamente as novas leis, entre as quais a da defesa da</p><p>raça’. (Eco, 2018)</p><p>Para Eco, o termo fascismo adapta-se a diversas características e a</p><p>movimentos sociais variados, de maneira que, nos anos 30, pôde se referir aos</p><p>regimes da Itália, Espanha (Franco) e Portugal (Salazar), de países do leste</p><p>europeu, ao imperialismo britânico e outros. Apesar da distância no tempo,</p><p>alguns ideais daquele período são comuns aos de certos grupos na atualidade,</p><p>portanto, possibilitando a análise de certas tendências políticas atuais. Para Eco,</p><p>todo movimento fascista é estimulado pelos fatores: culto à tradição, mesmo que</p><p>essa implique algum grau de misticismo e de junção de ideologias/crenças</p><p>antagônicas. O resultado é a recusa da modernidade: se em relação à indústria</p><p>e ao meio militar as novidades são bem-vindas, em outras áreas, o moderno é</p><p>sempre visto com suspeição por afrontar o tradicional.</p><p>Por isso, “O iluminismo e a idade da Razão eram vistos como o início da</p><p>depravação moderna” (Eco, 2018). Deriva disso, o que Eco chama de</p><p>“irracionalismo”, ou seja, a cultura, a ciência e o meio universitário são sempre</p><p>desprezados pelo fascismo. O espírito crítico, típico de ambientes científicos,</p><p>não pode ser cultivado, pois gera desacordo, o que gera a traição ao ideal</p><p>organicista da sociedade (um só corpo). Esse corpo monolítico – o povo, a nação</p><p>– gera o nacionalismo exacerbado, criando uma identidade, apesar das</p><p>desigualdades. Por isso teme o diferente, por isso a aversão a outros povos, aos</p><p>13</p><p>imigrantes, o apelo à raça, ao grupo étnico nacional. A xenofobia é a</p><p>consequência imediata. Teorias da conspiração ajudam a exacerbar tais</p><p>crenças, como hipotéticas associações internacionais interferindo no “nacional”.</p><p>Além disso, o indivíduo típico mais vulnerável a essas ideias seria a</p><p>pequena classe média ou “classe média frustrada”, que adere facilmente ao</p><p>discurso belicista (guerras, armas, militarismo, culto à morte heroica) e à</p><p>linguagem popularesca. Em termos políticos, o povo é visto como entidade única,</p><p>e o líder é seu porta-voz. Há um desprezo por instituições democráticas, “Uma</p><p>das primeiras frases pronunciadas por Mussolini no Parlamento italiano foi: ‘Eu</p><p>poderia ter transformado esta assembleia surda e cinza em um acampamento</p><p>para meus regimentos” (Eco, 2018).</p><p>3.3 Totalitarismo</p><p>O grau máximo de autoritarismo político é o totalitarismo, tese defendida</p><p>por Hannah Arendt na obra O sistema totalitário (1978), em que são expostos os</p><p>dois exemplos reais de sociedades com tais características, a Alemanha nazista</p><p>(1933-45) e a URSS durante o Stalinismo (1924-53).</p><p>Totalitarismo é um conceito moderno, distinto de despotismo e</p><p>absolutismo, pois pressupõe todos os aspectos do autoritarismo vistos nos</p><p>tópicos 2 e 3, mas também sociedades com tecnologia avançada e moderna</p><p>burocracia, de forma que esses elementos são usados para o controle político</p><p>total. Em função desses aspectos, em regimes totalitários há um controle</p><p>policialesco total, forte militarização do Estado. Lealdade e obediência total ao</p><p>regime são condições básicas, o que implica ausência completa de oposição. Os</p><p>funcionários do Estado não são movidos pela impessoalidade, antes, são</p><p>movidos pela devoção ao líder, ao partido ou ao regime. A racionalidade do</p><p>sistema é dirigida ao controle.</p><p>O conceito “Regime totalitário” possui diferenças em relação ao regime</p><p>autoritário, pois seria uma dominação total, amparada pelas leis, pelo aparato</p><p>burocrático estatal e pela força bruta, mediados por uma ideologia oficial, com</p><p>aspectos místicos ou milenaristas Linz (1979, p. 320). O líder é visto como um</p><p>quase divino. É comum que regimes totalitários sejam amparados por um partido</p><p>político único, propagador da ideologia. Há controle completo dos meios de</p><p>comunicação. As forças de segurança são controladas pelo líder ou partido e</p><p>14</p><p>usadas por esses em um ambiente policialesco geral, perseguindo criminosos,</p><p>adversários ou simples cidadãos (Lins, 1979, p. 320).</p><p>Em um regime autoritário são permitidas certas liberdades, alguma</p><p>oposição – um pluralismo controlado, sufocado –, como foi o caso do governo</p><p>militar no Brasil (1964-84), quando é certo que houve repressão e violência. Por</p><p>outro lado, havia certas liberdades, como algumas possibilidades de associação,</p><p>mídia com alguma liberdade, alguma oposição (o bipartidarismo é um exemplo).</p><p>Em tal contexto, pode existir alguma coisa de estado de direito, em que leis,</p><p>associações civis e os demais poderes podem, eventualmente, interferir no</p><p>combate ao arbítrio, como nas várias ditaduras latino-americanas nos anos 70.</p><p>Em termos reais, além do nazismo e do stalinismo, é difícil apontar</p><p>experiências totalitárias. Atualmente, a Coreia do Norte é o regime que mais se</p><p>aproxima e o desconhecido</p><p>Turcomenistão2. Na literatura é mais comum, como</p><p>as distopias3 retratadas em obras como 1984, de G. Orwell ou Admirável mundo</p><p>novo, de A. Huxlley; ou no cinema, Brazil, o filme (1985).</p><p>TEMA 4 – REGIMES AUTORITÁRIOS NA ATUALIDADE</p><p>Após a 2ª Guerra Mundial, o modelo democrático prevaleceu progressiva</p><p>e globalmente, apesar de muitas contradições e objetivos não atingidos, mas os</p><p>regimes autoritários – ou traços desses – estiveram sempre presentes no</p><p>cenário. Neste tópico, a partir das considerações expostas anteriormente,</p><p>indicamos alguns atuais regimes políticos autoritários seculares (para a</p><p>influência religiosa, ver tópico 5). Não consideramos aqui o aspecto</p><p>antropológico, ou seja, se determinados regimes não democráticos resultam de</p><p>culturas específicas, como certos países exóticos ou países islâmicos.</p><p>Consideramos o modelo liberal como global e até certo ponto impositivo.</p><p>Ao classificar regimes como autoritários é certo que ensejaremos um</p><p>debate, pois, além dos significados diversos para democracia, o fator ideológico</p><p>interfere nesse debate, por exemplo, se os países comunistas são autoritários</p><p>ou não. Ou se em certos países liberais a aparência de democracia não esconde</p><p>2 Sobre o Turcomenistão, ver: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2024/02/06/a-</p><p>vida-sem-redes-sociais-no-turcomenistao.htm>;</p><p><https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/02/ditador-do-turcomenistao-diz-que-deixara-</p><p>cargo-e-filho-concorrera-em-eleicao-de-fachada.shtml>.</p><p>3 Distopia é o contrário de utopia, ou seja, sociedades imaginárias, futuristas, onde as condições</p><p>de vida, sociais e políticas são terríveis.</p><p>https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2024/02/06/a-vida-sem-redes-sociais-no-turcomenistao.htm</p><p>https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2024/02/06/a-vida-sem-redes-sociais-no-turcomenistao.htm</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/02/ditador-do-turcomenistao-diz-que-deixara-cargo-e-filho-concorrera-em-eleicao-de-fachada.shtml</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/02/ditador-do-turcomenistao-diz-que-deixara-cargo-e-filho-concorrera-em-eleicao-de-fachada.shtml</p><p>15</p><p>traços de autoritarismo ou injustiças sociais. Evitamos tal debate. Se um regime</p><p>é bom ou ruim é outra discussão. Apesar disso, se concordarmos com os</p><p>argumentos de autores que definem critérios mínimos para a democracia, a partir</p><p>de majoritários critérios do liberalismo, podemos fazer tal classificação, ainda</p><p>que outras sejam possíveis. Alguns exemplos, a seguir.</p><p>Durante a Guerra Fria os países comunistas viviam sob duro regime</p><p>autoritário, com pequenas variações de país a país. A partir de um forte aparato</p><p>repressivo, os meios de comunicação eram rigidamente controlados. Não havia</p><p>possibilidade de oposição ao Partido único (comunista). Havia eleições diretas</p><p>para o legislativo, distrital, mas com candidaturas únicas. O partido controlava</p><p>todo o processo, incluindo a formação dos quadros e quem concorreria.</p><p>Atualmente, os cinco países assumidamente comunistas possuem estrutura</p><p>semelhante, porém com menos repressão e maior abertura. Na China, existem</p><p>nove partidos4, mas os meios de comunicação não têm a mesma liberdade que</p><p>em outros países. Em Cuba, Laos e no Vietnã também ocorreu certa abertura,</p><p>mas tímidas5. Na Coreia do Norte, permanece o mesmo modelo típico da Guerra</p><p>Fria.</p><p>Há casos em que cabe a alternativa de Mainwaring et al. (1998) para</p><p>semidemocráticos ou, como veremos em conteúdos posteriores, regimes</p><p>“iliberais”. É o caso de Israel, democrático para sua população e tirano para com</p><p>os palestinos dos territórios ocupados. Venezuela, Nicarágua, Rússia e Belarus</p><p>com seus líderes autocráticos só aparentemente são regimes democráticos. Em</p><p>certos países, apesar do processo de “democratização”, permanece o domínio</p><p>de oligarquias rurais, industriais ou militares. É o caso do Paraguai, onde a</p><p>mesma elite que dominou o país durante a ditadura militar continua a dominar,</p><p>incluindo a prevalência do mesmo partido e a forte influência das forças armadas</p><p>(Rojas; Simioni, 2018). Ou o Haiti dominado por oligarquias, com um golpe</p><p>ocorrido em 20216 e o então Presidente assassinado na sequência. No Oriente</p><p>Médio, antes da Primavera Árabe (2011), tinha-se um domínio de elites e então</p><p>4 Ver: <https://china.org.br/enfoque-sistema-de-partidos-politicos-da-china-prospera-na-ultima-</p><p>decada/>.</p><p>5 Ver: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/como-funcionam-as-eleicoes-</p><p>nos-paises-comunistas-urss-china-cuba-vietna.phtml>.</p><p>6 Ver: <https://outraspalavras.net/outrasmidias/sete-pontos-para-entender-o-golpe-no-haiti/>;</p><p><https://www.brasildefato.com.br/2024/02/07/haiti-manifestantes-atacam-sede-do-governo-e-</p><p>exigem-renuncia-do-premie-ariel-henry>.</p><p>https://china.org.br/enfoque-sistema-de-partidos-politicos-da-china-prospera-na-ultima-decada/</p><p>https://china.org.br/enfoque-sistema-de-partidos-politicos-da-china-prospera-na-ultima-decada/</p><p>https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/como-funcionam-as-eleicoes-nos-paises-comunistas-urss-china-cuba-vietna.phtml</p><p>https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/como-funcionam-as-eleicoes-nos-paises-comunistas-urss-china-cuba-vietna.phtml</p><p>https://outraspalavras.net/outrasmidias/sete-pontos-para-entender-o-golpe-no-haiti/</p><p>https://www.brasildefato.com.br/2024/02/07/haiti-manifestantes-atacam-sede-do-governo-e-exigem-renuncia-do-premie-ariel-henry</p><p>https://www.brasildefato.com.br/2024/02/07/haiti-manifestantes-atacam-sede-do-governo-e-exigem-renuncia-do-premie-ariel-henry</p><p>16</p><p>muitos líderes foram derrubados. Contudo, essas elites não foram alijadas do</p><p>poder ou foram substituídas por outras.</p><p>Os militares continuam com forte presença na política global. Em</p><p>Myanmar, assumiram o poder após um golpe em 2021. A Tailândia, teoricamente</p><p>uma Monarquia Constitucional, foi governada de 2014 a 2023 por um militar, que</p><p>assumiu após um golpe. Na África, em 2023 havia países governados por ex-</p><p>militares ou por militares, como o Egito, a partir de um golpe militar em 2013. Sob</p><p>justificativas diversas – combate ao jihadismo (grupos radicais islâmicos), evitar</p><p>a corrupção ou o autoritarismo de governantes eleitos ou crises econômicas, luta</p><p>contra a influência ocidental –, países efetivaram ou tentaram golpes militares.</p><p>De 2020 para cá, os militares assumiram o poder em diversos países</p><p>do continente africano: Mali, Guiné, Burkina Faso, Níger e, mais</p><p>recentemente, no Gabão [...]. No Chade, após a morte do presidente</p><p>em batalha contra os rebeldes em 2021, os militares ignoraram a</p><p>Constituição e, simplesmente, transferiram o poder para seu filho.</p><p>Também em 2021, os militares do Sudão destituíram o primeiro-</p><p>ministro – que eles próprios haviam indicado – e decidiram liderar o</p><p>país de forma independente. Diversos outros países africanos</p><p>presenciaram tentativas de golpe fracassadas (Gâmbia, Guiné-Bissau</p><p>e São Tomé e Príncipe). Em Serra Leoa, houve uma conspiração</p><p>militar que não teve sucesso. (Erman, 2023)</p><p>Na América Latina e Caribe tem sido corrente o termo bukelização, em</p><p>referência ao cada vez mais claro “padrão Carl Schmitt” de governo (tema 1),</p><p>Nayib Bukele, presidente de El Salvador que, de um lado direciona seu governo</p><p>no feroz combate ao crime organizado (o inimigo). De outro lado, implode as</p><p>instituições democráticas, a partir de propostas típicas da extrema direita, como</p><p>políticas “linha dura” aos diversos problemas nacionais, em especial a segurança</p><p>pública. Para combater a violência e o domínio de gangues, implementa-se o</p><p>estado de exceção, total ou parcial. Em 2023, El Salvador, Honduras, Equador,</p><p>Jamaica, Haiti usavam tal expediente, enquanto diversos líderes em outros</p><p>países desejam o mesmo (Arcanjo; Barbon, 2023).</p><p>TEMA 5 – REGIMES FUNDAMENTALISTAS OU COM FORTE INFLUÊNCIA</p><p>RELIGIOSA</p><p>Da mesma forma que diferenciamos regimes autoritários e totalitários,</p><p>separamos regimes fundamentalistas religiosos de regimes autoritários</p><p>com</p><p>forte influência religiosa. Acrescente-se que uma sociedade com tal influência</p><p>não indica necessariamente autoritarismo político. É o caso da Turquia, um país</p><p>17</p><p>islâmico com tradição política secular há mais de 100 anos. O Egito é um país</p><p>laico e autoritário, com população muçulmana, assim como a Argélia. O passado</p><p>europeu caracterizou-se, não raras vezes, por autoritarismo ou fundamentalismo</p><p>católico ou protestante. E o fundamentalismo não é um fenômeno apenas</p><p>religioso – pode-se atingir grupos políticos de direita ou de esquerda.</p><p>5.1 Regimes fundamentalistas religiosos</p><p>Fundamentalismo significa um apego extremo a certos textos escritos ou</p><p>indicados por líderes políticos ou espirituais. Certos textos ou doutrinas são</p><p>considerados sagrados ou irrefutáveis. A interpretação é literal, não há</p><p>contextualização. No caso do fundamentalismo religioso, as regras e normas</p><p>sociais são estabelecidas a partir da interpretação do livro sagrado da religião</p><p>oficial. Não há separação entre o religioso e o secular – as coisas do mundo –,</p><p>incluindo a política. O Estado não é laico e as leis e o acesso ao campo político</p><p>são dominados por clérigos. O caso do Afeganistão é conhecido, inclusive,</p><p>porque o grupo fundamentalista Talibã voltou ao poder em 2021 e impôs</p><p>novamente a lei islâmica (Sharia), como tinha feito nos anos 90. Também o</p><p>pequeno país Brunei, incrustrado na Malásia, possui um governo tido como</p><p>“absoluto”. O sultão (designação para monarca), a maior autoridade muçulmana</p><p>do país, há quatro décadas em estado de emergência, exerce as funções de</p><p>chefe de Estado, de governo, de ministro da Defesa e das Finanças. Em 2014</p><p>foi implantada a sharia, o sistema legal islâmico, usado parcialmente em muitos</p><p>países muçulmanos, mas só os fundamentalistas a usam integralmente7.</p><p>5.1.1 Regimes mistos seculares e religiosos</p><p>Em outros países há um misto de religião e secularismo, incluindo</p><p>aspectos da democracia liberal, em maior ou menor grau. Tais casos podem</p><p>ocorrer em monarquias ou repúblicas, em sistemas presidencialistas ou</p><p>parlamentarista. Pode haver eleições para níveis diversos, o regime pode ser</p><p>autoritário ou semidemocrático. Vejamos alguns exemplos.</p><p>O Irã é um país republicano que elege seu Presidente, porém o Chefe de</p><p>Estado é um Aiatolá, um clérigo xiita escolhido por outros aiatolás e esses</p><p>7 Sobre Brunei, ver: https://www.dw.com/pt-br/as-novas-leis-do-sult%C3%A3o-de-brunei/a-</p><p>17630514 e https://rsf.org/pt-br/pais/brunei>.</p><p>https://www.dw.com/pt-br/as-novas-leis-do-sult%C3%A3o-de-brunei/a-17630514</p><p>https://www.dw.com/pt-br/as-novas-leis-do-sult%C3%A3o-de-brunei/a-17630514</p><p>https://rsf.org/pt-br/pais/brunei</p><p>18</p><p>escolhidos pelo voto popular. Para adentrar no campo político local só com a</p><p>aprovação do Conselho de Guardiães, uma espécie de supremo tribunal</p><p>eclesiástico e jurídico (Milani, 2006). Para as eleições legislativas de 2024, o</p><p>Conselho desqualificou ao menos um terço dos candidatos8. E no Irã nem todos</p><p>tem os mesmos direitos políticos, a começar pelo papel secundário e subalterno</p><p>das mulheres, mas também as minorias étnicas têm direitos reduzidos. Quem</p><p>não for muçulmano do ramo xiita tem poucas chances de ascensão política.</p><p>Os Emirados Árabes Unidos (EAU) formam um inusitado modelo político,</p><p>a começar pela estabilidade em um ambiente conflituoso como o Oriente Médio.</p><p>De acordo com Correa (2014, p. 8, n. 6), antes da independência em 1971</p><p>[...] os EAU eram compostos por sete emirados independentes entre</p><p>si, a saber: Abu Dhabi – o maior e mais rico e que possui a maior parte</p><p>das reservas petrolíferas do país - Ajman, Dubai, Fujairah, Ras al</p><p>Kaimah, Sharjah e Umm al-Qayawayn. Com a independência, esses</p><p>emirados se uniram sob uma federação. Mesmo assim, cada um dos</p><p>emirados ainda é governado por um monarca, que, pelos termos da</p><p>constituição, elegem entre si o Presidente da Federação. Entretanto,</p><p>na prática, o cargo de Presidente é vitaliciamente ocupado pelo Emir</p><p>de Abu Dhabi, enquanto o Emir de Dubai serve como Vice-Presidente.</p><p>Como estratégia de legitimação de tal regime, entre outros fatores,</p><p>procurou-se “realçar o processo de islamização da legislação nacional,</p><p>importante exemplo de como o governo passou a se apropriar de iniciativas</p><p>islâmicas para se legitimar” (Correia, 2014, p. 38). Tal vinculação com a religião</p><p>é um processo muito comum em países com forte influência religiosa.</p><p>Em outros países o autoritarismo é maior, caso de cinco países onde o</p><p>monarca, xeique ou emir, é o governante absoluto sem controle parlamentar ou</p><p>jurídico. É o caso do Brunei, Oman, Catar, Arábia Saudita e Essuatini. Esses são</p><p>casos de monarquias tradicionais – consideradas por alguns como absolutistas</p><p>–, cujo monarca governa efetivamente, ainda que alguns elementos</p><p>democráticos existam, como eleições para um parlamento sem tanto poder.</p><p>Há, porém, ambientes políticos mais amenos, apesar da forte influência</p><p>religiosa na sociedade. É o caso do Marrocos, onde o Rei está sujeito à</p><p>Constituição. O Kwait possui um parlamento com muito poder (Correia, 2014, p.</p><p>53) e a Malásia é um país com forte influência islâmica, mas uma Monarquia</p><p>8 Ver: <https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2024/01/16/maratona-eleitoral-de-</p><p>2024-recorde-de-pleitos-campanhas-toxicas-e-ataques-a-democracia.ghtml>.</p><p>https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2024/01/16/maratona-eleitoral-de-2024-recorde-de-pleitos-campanhas-toxicas-e-ataques-a-democracia.ghtml</p><p>https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2024/01/16/maratona-eleitoral-de-2024-recorde-de-pleitos-campanhas-toxicas-e-ataques-a-democracia.ghtml</p><p>19</p><p>Constitucional parlamentarista9. Tais casos demonstram que ambientes com</p><p>forte influência religiosa não são necessariamente autoritários.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Um dos regimes políticos mais exóticos é o do Vaticano e até certo ponto</p><p>autoritário, ao menos para os padrões liberais de democracia – por exemplo, o</p><p>Papa é eleito só por homens. Considerado o menor país do mundo, com 0,44</p><p>Km² encravado em Roma, sua população de cerca de 800 habitantes é composta</p><p>por religiosos mais a guarda suíça, tradicionais guardiães do Vaticano. Esses</p><p>mantêm sua nacionalidade original. A Santa Sé é responsável pelos assuntos</p><p>eclesiásticos e o Estado do Vaticano a sede temporal da igreja católica,</p><p>tornando-se independente em 1929. Mas lembremos que até o período</p><p>absolutista o papado interferia diretamente nos assuntos internacionais, sendo</p><p>um mediador e, em certos casos, um ator internacional reconhecido. O Estado é</p><p>chefiado pelo Papa, portanto, é um cargo vitalício e o pontífice nomeia os</p><p>auxiliares que exercerão funções administrativas e diplomáticas.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Vimos, nesta abordagem, algumas possíveis diferenças entre conceitos</p><p>que definem algum grau de regimes políticos autoritários, assim como suas</p><p>diferentes formas. E exemplificamos com certos detalhes políticos de países em</p><p>que tal regime é evidente.</p><p>9 Ver: <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/11/malasia-nomeia-como-premie-anwar-</p><p>ibrahim-que-havia-30-anos-tentava-chegar-ao-poder.shtml>.</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/11/malasia-nomeia-como-premie-anwar-ibrahim-que-havia-30-anos-tentava-chegar-ao-poder.shtml</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/11/malasia-nomeia-como-premie-anwar-ibrahim-que-havia-30-anos-tentava-chegar-ao-poder.shtml</p><p>20</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ADORNO, T. Estudos sobre a personalidade autoritária. São Paulo: Editora</p><p>da Unesp, 2019.</p><p>ARENDT, H. [1954]. Entre o Passado e o Futuro. Tradução de Mauro W.</p><p>Barbosa de Almeida. São Paulo: Perspectiva, 1972.</p><p>ARCANJO, D.; BARBON, J. 'Bukelismo' se espalha pela América Latina e dá gás</p><p>ao populismo punitivo. Folha de São Paulo, 5 ago. 2023. Disponível em:</p><p><https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/08/bukelismo-se-espalha-pela-</p><p>america-latina-e-da-gas-ao-populismo-punitivo.shtml>. Acesso em: 16 abr.</p><p>2024.</p><p>______. O</p><p>sistema totalitário. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1978.</p><p>BOBBIO, N. A teoria das formas de governo. 4. ed. Brasília: Editora UnB,</p><p>1985.</p><p>______. Verbete “Despotismo”. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO,</p><p>G. Dicionário de Política. Brasília: UnB, 1998.</p><p>BRAZIL. O Filme (Brazil) – Estados Unidos, Reino Unido, Direção de Terry</p><p>Gilliam. Produção: Michael Milchan. 1985.</p><p>CODATO, A. Dossiê ‘democracias’ e ‘autoritarismos’. Apresentação. Revista de</p><p>Sociologia e Política, [S.l.], n. 25, nov. 2005. Disponível em:</p><p><https://www.scielo.br/j/rsocp/a/JVbVG3NrLJj7KjzgfdtpPPy/?format=pdf>.</p><p>Acesso em: 16 abr. 2024.</p><p>CORREA, H. M. Legitimidade como estratégia: Legitimação política nos</p><p>Emirados Árabes Unidos (EAU). 2014. 68 f. Monografia (Bacharelado em</p><p>Relações Internacionais) – Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Disponível</p><p>em:</p><p><https://bdm.unb.br/bitstream/10483/8748/1/2014_HumbertoMayeseCorrea.pdf</p><p>>. Acesso em: 16 abr. 2024.</p><p>COSTA, P. R. N. O conceito de regime político na teoria da democracia.</p><p>Caderno CRH, v. 35, p. e022009, 2022. Disponível em:</p><p><https://www.scielo.br/j/ccrh/a/Pyw3xCKKtbtccKSF6gqDRJk/#>. Acesso em: 16</p><p>abr. 2024.</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/08/bukelismo-se-espalha-pela-america-latina-e-da-gas-ao-populismo-punitivo.shtml</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/08/bukelismo-se-espalha-pela-america-latina-e-da-gas-ao-populismo-punitivo.shtml</p><p>https://www.scielo.br/j/rsocp/a/JVbVG3NrLJj7KjzgfdtpPPy/?format=pdf</p><p>https://bdm.unb.br/bitstream/10483/8748/1/2014_HumbertoMayeseCorrea.pdf</p><p>https://bdm.unb.br/bitstream/10483/8748/1/2014_HumbertoMayeseCorrea.pdf</p><p>https://www.scielo.br/j/ccrh/a/Pyw3xCKKtbtccKSF6gqDRJk/</p><p>21</p><p>DEL ROIO, M. Montesquieu e o poder despótico. Qualis B3. AURORA, Unesp,</p><p>Marília, v. 10, p. 171-182, 2017. Disponível em:</p><p><https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/aurora/article/view/7657>. Acesso</p><p>em: 16 abr. 2024.</p><p>ECO, U. O fascismo eterno. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record,</p><p>2018.</p><p>Erman, G. ‘Efeito dominó’: como militares tomam conta da África enquanto o</p><p>ocidente perde sua influência. BBC, 2 set. 2023. Disponível em:</p><p><https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx8g95ery1do#:~:text=A%20recente</p><p>%20onda%20de%20golpes,%C3%BAltimo%20dia%2030%20de%20agosto>.</p><p>Acesso em: 16 abr. 2024.</p><p>GOMES, R. L. R. A questão do “cesarismo” nos Cadernos do cárcere de Antonio</p><p>Gramsci. Revista Virtual En_Fil - Encontros com a Filosofia, Niterói, a. 8, n.</p><p>10, p. 1-13, 2019.</p><p>IANNI, O. A formação do Estado Populista na américa Latina. Rio de Janeiro:</p><p>Civilização Brasileira, 1975.</p><p>LACERDA NETO, A. V. de. A ditadura romana e a ditadura republicana. IUS</p><p>GENTIUM, v. 12, n. 6, p. 231-248, 2015. Disponível em:</p><p><https://doi.org/10.21880/ius gentium.v12i6.180>. Acesso em: 16 abr. 2024.</p><p>LICHTHEIM, G. Marx e o Modo de produção asiático. In: BOTTOMORE, T. ‘Karl</p><p>Marx’. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.</p><p>LINZ, J. Um Regime Autoritário: Espanha. In: CARDOSO, F. H.; MARTINS, C.</p><p>E. Política e Sociedade. São Paulo: Ed. Nacional, 1979.</p><p>MAINWARING, S.; BRINKS, D.; PÉREZ-LIÑÁN, A. Classificando Regimes</p><p>Políticos na América Latina, 1945-1999. Dados, v. 44, n. 4, p. 645-687, 2001.</p><p>Disponível em:</p><p><https://www.scielo.br/j/dados/a/y74Qn63SLFh4FGkfsvZytHg/#>. Acesso em:</p><p>16 abr. 2024.</p><p>MARTINS, A. M. C. O pensamento político-constitucional de Carl Schmitt no</p><p>contexto histórico-político da república de Weimar. Dissertação (mestrado)</p><p>– UFSC, Centro de Ciências Jurídicas, 1996. Disponível em:</p><p><https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/76512>. Acesso em: 16 abr.</p><p>2024.</p><p>https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/aurora/article/view/7657</p><p>https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx8g95ery1do#:~:text=A%20recente%20onda%20de%20golpes,%C3%BAltimo%20dia%2030%20de%20agosto</p><p>https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx8g95ery1do#:~:text=A%20recente%20onda%20de%20golpes,%C3%BAltimo%20dia%2030%20de%20agosto</p><p>https://www.scielo.br/j/dados/a/y74Qn63SLFh4FGkfsvZytHg/</p><p>https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/76512</p><p>22</p><p>MILANI, A. Irã: um golpe em três etapas. 2006. Disponível em:</p><p><https://www.forbes.com/2009/06/15/iran-elections-khamenei-mousavi-</p><p>ahmadinejad-opinions-contributors-milani.html>. Acesso em: 16 abr. 2024.</p><p>PISTONE, S. Verbete “Bonapartismo”. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.;</p><p>PASQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: UnB, 1998.</p><p>ROJAS, L. L. L.; SIMIONI, C. A. Direitos Humanos no Paraguai Post Ditadura,</p><p>Como Indicativo do Grau De Consolidação Democrática. Casos do Março</p><p>Paraguaio (1999), 12.685 Na Cidh da Oea (2004) e Curuguaty (2012). Caderno</p><p>da Escola Superior de gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança, v. v.</p><p>1, p. 135-171, 2018. Disponível em:</p><p><https://www.cadernosuninter.com/index.php/ESGPPJS/article/view/719>.</p><p>Acesso em: 16 abr. 2024.</p><p>SANTOS, R. D. Dos. Francisco Campos e os fundamentos do constitucionalismo</p><p>antiliberal no Brasil. Dados, v. 50, n. 2, p. 281-323, 2007. Disponível em:</p><p><https://www.scielo.br/j/dados/a/Vqdd8pp6LvxYZsjKgRgt7rb/#>. Acesso em: 16</p><p>abr. 2024.</p><p>STOPPINO, M. Verbete: “Autoritarismo”. In: BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.;</p><p>PASQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: UnB, 1998.</p><p>WEBER, M. Economia e Sociedade. Brasília: Editora UNB, 2004. v. 2.</p><p>WEFFORT, F. Formação do Pensamento Político Brasileiro. São Paulo: Ática,</p><p>2006.</p><p>https://www.forbes.com/2009/06/15/iran-elections-khamenei-mousavi-ahmadinejad-opinions-contributors-milani.html</p><p>https://www.forbes.com/2009/06/15/iran-elections-khamenei-mousavi-ahmadinejad-opinions-contributors-milani.html</p><p>https://www.cadernosuninter.com/index.php/ESGPPJS/article/view/719</p><p>https://www.scielo.br/j/dados/a/Vqdd8pp6LvxYZsjKgRgt7rb/</p>