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<p>JNOTE. JNOTE. JNOTE.</p><p>Ex-pacientes relembram sofrimentos vividos em antigo hospício de Barbacena Mestrando em Saúde Mental Discente: Reinaldo Aparecido da Silva Junior A conversa sobre o passado no hospício é rapidamente substituída pelas lembranças mais recentes, que também são as mais felizes. Na década de 90, o hospício de Barbacena começou a se adequar às novas regras propostas pela reforma psiquiátrica brasileira. Tratamentos antigos como o eletrochoque e o isolamento de pacientes deram lugar a técnicas mais modernas e humanizadas. Aos poucos, as enfermarias foram transformadas em casas no terreno do hospital. Os portões da instituição foram abertos. Os internos ganharam o direito de circular pela cidade. Em 1994, havia 600 pacientes internados no hospital. Hoje são apenas 215. Muitos foram transferidos para as residências terapêuticas, casas comuns no meio da cidade, em que ex- pacientes vivem sob os cuidados do Estado. Hoje, mesmo com problemas mentais, eles não estão mais internados no hospício. Há alguns anos, os três vivem em residências terapêuticas na cidade mineira, com outros ex-pacientes do hospital psiquiátrico. Apesar disso, não conseguem se esquecer das décadas de abandono e dos maus- tratos sofridos dentro da instituição. A gente sofria muito. Os Ipacientes ficavam nas celas, que tinham até rato. Tinha aquelas injeções grossas e a gente ficava impregnado [sob efeito de drogas]. A gente não saía, ficava só lá no pátio. Tinha também os choques conta Elza Campos.</p>